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Cont. pág.2 jornal comunitário em Português - journal communautaire en Français - jornal comunitário em Português - journal communautaire en Français - jornal comunitário em Português www.facebook.com/museucombatente.oficial Num.90 - Ano 4 - 16 de Setembro - 16 sept 2017 24 de JUNHO 24 JUIN Visitez Le Portugal Salazar e a questão da Rodésia (Sobre Guerra em Moçambique) Em Novembro de 1965 eu tinha apenas 11 anos, acabados de fazer, mas acom- panhei com sofreguidão o evoluir dos acontecimentos. Vivia em Vila Pery, hoje Chimoio, mas muitas vezes ia à Beira e também muitas vezes visitava aquele território inglês com os meus pais. Admirava o estilo de vida que os “bifes” tinham trazido para ali, a Ordem, o Ri- gor, a sede de Cultura, com espectáculos semanais de ópera numa cidadezinha como Untali, com menos de 30 mil habitantes. Nesse fim de 1965, o governo inglês dirigido por Harold Wilson decidira entregar o governo da Rodésia do Sul à maioria negra como fizera na Rodésia do Norte (Zâmbia) e com a Nyassaland (Malaui). A população branca residente na Rodésia do Sul, cerca de 250 mil colonos, decidiu que Ian Smith seria o primeiro ministro de uma Rodésia independente, governada por brancos, à semelhança do que acontecia na África do Sul, país que imediatamente apoiou a iniciativa. Pouco tempo depois, o governo inglês enviou para o Índico uma task force cons- tituída por um porta-aviões, três fragatas e navios de apoio, num total de nove navios. A missão dessa força militar era desembarcar na Beira, porto marítimo e principal via de abastecimento e de escoamento de produtos da Rodésia, e de seguida rumar àquele território para impôr pela força a aceitação de um governo negro. Por essa altura os hotéis de Moçambique e da África do Sul encheram-se com as mulheres e crianças idas da Rodésia, onde apenas ficaram os homens, em armas e dispostos a tudo para manter o governo de Ian Smith. Salazar não hesitou. A entrega da Rodésia à maioria negra iria abrir uma nova frente de guerra no distrito de Manica e Sofala, bem como na fronteira sul de Tete. Sem pensar duas vezes, Salazar deu ordens às forças portugueses aquartela- das na Beira no sentido de impedir o desembarque dos ingleses. Nessa altura foi reactivada a bateria de costa da Beira, constituída por 3 peças fixas Krupps, se não estou em erro de 150mm, localizadas no bairro das Pal- meiras. Foram deslocadas para a foz do rio Pungué várias peças de artilharia móveis e o terraço do Grande Hotel serviu de base a diversas peças de artilharia anti-aérea. Em poucos dias a cidade da Beira fortificou-se, preparando-se sem hesitações para resistir a um ataque dos ingleses. A frota inglesa, mesmo assim entrou nas águas territoriais nacionais, supondo que os portugueses não lhes fariam frente. Saíram ao seu encontro 2 T-6 Harvard, que dispararam algumas rajadas de avi- so para a água, em frente à esquadra inglesa. Irma, nouvelle conséquence du changement climatique ? Irma est l’un des cinq ouragans les plus puissants jamais enregistrés dans l’Atlantique nord. En cause, l’élévation de la température de l’eau. Explications. Par Martin Dawance Un ouragan, lorsqu’il atteint l’Atlantique nord, se forme classiquement au niveau de l’Afrique de l’Ouest du fait d’un amas orageux, phénomène bien connu des marins sous le nom de Pot-au-Noir, désigné par les experts par le terme plus sérieux de «zone de convergence intertropicale». La formation d’un ouragan implique qu’il n’y ait que peu de variations de vent dans la zone en question et une certaine température de l’eau. L’ouragan va en effet puiser sa force dans la condensation d’une eau de mer qui doit dépasser les 25-26 °C sur 100 mètres de profondeur. Ces conditions réunies, la machine infernale est lancée. Irma répond à ces conditions. Mais il demeure beaucoup plus puissant que la moyenne. De catégorie 5, soit le plus haut niveau sur l’échelle Saffir-Simpson, ses vents d’une grande violence dépassent en rafale les 300 km/h et, « fait exceptionnel », explique Frédéric Nathan prévisionniste chez Météo-France, « il a été classé catégorie 5 avant même de toucher les Petites Antilles (Saint-Martin, Saint-Barthélemy), une première ! » Cette intensité peut notamment s’expliquer par « des anomalies dans la température de l’eau de mer », ajoute-t-il. Ce qui est certain, c’est que la température de l’océan Atlantique contribue largement à la formation d’un ouragan La faute du réchauffement climatique ? Le lien ne peut être établi scientifiquement de manière formelle, mais « intuitivement, on peut dire qu’il y a un lien de causalité », estime Jean Jouzel, ancien vice-président du GIEC et chercheur au laboratoire du climat et de l’environnement du CEA Saclay. En effet, on observe dans la région de l’Amérique du Nord une intensification de 20 % de la force des événements de ce type depuis maintenant un demi- siècle, selon le dernier rapport du GIEC. En clair, les ouragans ne sont pas plus nombreux, mais ils sont en effet plus intenses, un phénomène qui ne concerne que l’Atlantique nord. « Ce qui est certain, c’est que la température de l’océan Atlantique contribue largement à la formation d’un ouragan », confirme Jean Jouzel. « Pour l’ouragan Harvey, les températures du golfe du Mexique avoisinaient les 30 à 31 °C, par exemple ». L’océan, rappelle-t-il, est le principal réceptacle du réchauffement climatique. L’élévation globale de la température se traduit, dans l’océan, par une augmentation de la température sur 700 mètres de profondeur, explique le climatologue. Les conditions idéales pour le développement de tempêtes tropicales. Il n’y a donc aucune raison pour que ces événements dramatiques ne se reproduisent pas.

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Num.90 - Ano 4 - 16 de Setembro - 16 sept 2017

24 de JUNHO24 JUIN

Visitez Le Portugal

Salazar e a questão da Rodésia(Sobre Guerra em Moçambique)

Em Novembro de 1965 eu tinha apenas 11 anos, acabados de fazer, mas acom-panhei com sofreguidão o evoluir dos acontecimentos.

Vivia em Vila Pery, hoje Chimoio, mas muitas vezes ia à Beira e também muitas vezes visitava aquele território inglês com os meus pais.

Admirava o estilo de vida que os “bifes” tinham trazido para ali, a Ordem, o Ri-gor, a sede de Cultura, com espectáculos semanais de ópera numa cidadezinha como Untali, com menos de 30 mil habitantes.

Nesse fim de 1965, o governo inglês dirigido por Harold Wilson decidira entregar o governo da Rodésia do Sul à maioria negra como fizera na Rodésia do Norte (Zâmbia) e com a Nyassaland (Malaui).

A população branca residente na Rodésia do Sul, cerca de 250 mil colonos, decidiu que Ian Smith seria o primeiro ministro de uma Rodésia independente, governada por brancos, à semelhança do que acontecia na África do Sul, país que imediatamente apoiou a iniciativa.

Pouco tempo depois, o governo inglês enviou para o Índico uma task force cons-tituída por um porta-aviões, três fragatas e navios de apoio, num total de nove navios.

A missão dessa força militar era desembarcar na Beira, porto marítimo e principal via de abastecimento e de escoamento de produtos da Rodésia, e de seguida rumar àquele território para impôr pela força a aceitação de um governo negro.

Por essa altura os hotéis de Moçambique e da África do Sul encheram-se com as mulheres e crianças idas da Rodésia, onde apenas ficaram os homens, em armas e dispostos a tudo para manter o governo de Ian Smith.

Salazar não hesitou.

A entrega da Rodésia à maioria negra iria abrir uma nova frente de guerra no distrito de Manica e Sofala, bem como na fronteira sul de Tete.

Sem pensar duas vezes, Salazar deu ordens às forças portugueses aquartela-das na Beira no sentido de impedir o desembarque dos ingleses.

Nessa altura foi reactivada a bateria de costa da Beira, constituída por 3 peças fixas Krupps, se não estou em erro de 150mm, localizadas no bairro das Pal-meiras.

Foram deslocadas para a foz do rio Pungué várias peças de artilharia móveis e o terraço do Grande Hotel serviu de base a diversas peças de artilharia anti-aérea.

Em poucos dias a cidade da Beira fortificou-se, preparando-se sem hesitações para resistir a um ataque dos ingleses.

A frota inglesa, mesmo assim entrou nas águas territoriais nacionais, supondo que os portugueses não lhes fariam frente.

Saíram ao seu encontro 2 T-6 Harvard, que dispararam algumas rajadas de avi-so para a água, em frente à esquadra inglesa.

Irma, nouvelle conséquence du changement climatique ?Irma est l’un des cinq ouragans les plus puissants jamais enregistrés dans l’Atlantique nord. En cause, l’élévation de la température de l’eau. Explications.

Par Martin Dawance

Un ouragan, lorsqu’il atteint l’Atlantique nord, se forme classiquement au niveau de l’Afrique de l’Ouest du fait d’un amas orageux, phénomène bien connu des marins sous le nom de Pot-au-Noir, désigné par les experts par le terme plus sérieux de «zone de convergence intertropicale». La formation d’un ouragan implique qu’il n’y ait que peu de variations de vent dans la zone en question et une certaine température de l’eau.

L’ouragan va en effet puiser sa force dans la condensation d’une eau de mer qui doit dépasser les 25-26 °C sur 100 mètres de profondeur. Ces conditions réunies, la machine infernale est lancée.

Irma répond à ces conditions. Mais il demeure beaucoup plus puissant que la moyenne. De catégorie 5, soit le plus haut niveau sur l’échelle Saffir-Simpson, ses vents d’une grande violence dépassent en rafale les 300 km/h et, « fait exceptionnel », explique Frédéric Nathan prévisionniste chez Météo-France, « il a été classé catégorie 5 avant même de toucher les Petites Antilles (Saint-Martin, Saint-Barthélemy), une première ! » Cette intensité peut notamment s’expliquer par « des anomalies dans la température de l’eau de mer », ajoute-t-il.

Ce qui est certain, c’est que la température de l’océan Atlantique contribue largement à la formation d’un ouragan

La faute du réchauffement climatique ? Le lien ne peut être établi scientifiquement de manière formelle, mais « intuitivement, on peut dire qu’il y a un lien de causalité », estime Jean Jouzel, ancien vice-président du GIEC et chercheur au laboratoire du climat et de l’environnement du CEA Saclay.

En effet, on observe dans la région de l’Amérique du Nord une intensification de 20 % de la force des événements de ce type depuis maintenant un demi-siècle, selon le dernier rapport du GIEC. En clair, les ouragans ne sont pas plus nombreux, mais ils sont en effet plus intenses, un phénomène qui ne concerne que l’Atlantique nord. « Ce qui est certain, c’est que la température de l’océan Atlantique contribue largement à la formation d’un ouragan », confirme Jean Jouzel. « Pour l’ouragan Harvey, les températures du golfe du Mexique avoisinaient les 30 à 31 °C, par exemple ».

L’océan, rappelle-t-il, est le principal réceptacle du réchauffement climatique. L’élévation globale de la température se traduit, dans l’océan, par une augmentation de la température sur 700 mètres de profondeur, explique le climatologue. Les conditions idéales pour le développement de tempêtes tropicales. Il n’y a donc aucune raison pour que ces événements dramatiques ne se reproduisent pas.

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A Chuva e o Bom Tempo

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Cont. da pág. 1

Aí os ingleses perceberam que a ocupação da Beira, onde queriam estabelecer uma testa de ponte para atacar a Rodésia, não ia ser pacífica. Possuíam naque-le momento forças suficientes para derrotar os portugueses, quer em homens, quer em aviões, mais de meia centena de caças bombardeiros contra alguns T-6 Harvard e PV2 Harpoon, que seriam facilmente abatidos por serem aviões len-tos, quer em poder de fogo quer por parte das peças de artilharia das fragatas.

Apesar da desigualdade de forças, em momento nenhum os portugueses pensa-ram em virar as costas ao combate.

Várias pontes da estrada de 300 km que ligava a Beira à Rodésia foram arma-dilhadas pelas forças portuguesas, que tinham ordens para as destruir em caso de desembarque inglês.

Harold Wilson decidiu suspender o ataque que iria opor os aliados de séculos, percebendo que Salazar não permitiria o desembarque.

A frota inglesa regressou a águas internacionais onde iniciou um bloqueio naval a todo o tráfego que rumava à Beira.

Apenas passavam os navios com mercadorias de e para Moçambique.

Os que traziam abastecimentos para a Rodésia eram impedidos de entrar no porto da Beira.

Em pouco tempo o dispositivo militar foi reforçado em terra.

De Portugal e de Angola chegaram aviões de combate Fiat G91 e F84, para além de peças de artilharia.

A partir dessa altura havia um equilíbrio entre as forças portuguesas e as inglesas.

Deu-se então o episódio do petroleiro grego Ioana V, de 12.000 toneladas, car-regado de crude para a refinaria de Untali. Os ingleses tinham decidido paralisar a Rodésia de Ian Smith por falta de combustíveis.

Salazar mais uma vez decidiu “aborrecer” os ingleses.

Na Beira estava uma fragata (penso que era o antigo aviso Bartolomeu Dias) e um draga-minas.

Receberam ordens para zarpar e ir ao alto mar “buscar” o petroleiro bloqueado pela armada inglesa.

Os dois navios portugueses rumaram até ao local e colocaram-se um de cada lado do petroleiro, de modo que os ingleses se o quisessem impedir de rumar ao porto da Beira teriam de disparar sobre os dois vasos de guerra portugueses.

Receberam ordens de Londres para não abrir fogo, e o petroleiro grego “furou” o bloqueio inglês.

Percebendo que Salazar jamais permitiria que os ingleses impusessem na Ro-désia um governo de maioria negra, Harold Wilson ordenou a retirada da task--force, assumindo a derrota.

Dos furacões aos fogos…postos ou nãoDurante a dramática crise dos furacões que devastaram as ilhas francesas de St. Martin e St. Barthélemy, entre outros locais, passando depois — já com reduzida intensidade — para a costa da Florida, a imprensa internacional nunca desligou de introduzir em todos os noticiários escritos e televisivos, reportagens e imagens dos estragos feitos nas localidades atingidas, insistindo sobre os valores incomensuráveis dos custos previstos para as reconstruções, a fim de reparar os estragos causados e a moral dos cidadãos afectados.

Os furacões foram assim, motivo de informação, que por vezes cheirava a requentada, com as imagens e opiniões repetidas incessantemente.

Como em tudo quanto acontece, passados os primeiros dias de maior desassossego para os residentes, com a perda de força da Natureza a situação — longe de solucionada — acalmou também e agora, os jornais para venderem papel ou as suas publicações na net, procuram outras fontes de notícia a desenvolver.

Com a aproximação das eleições autárquicas no próximo 1 de Outubro, houve quem pensasse em procurar candidatos de todos os partidos, para inquerir das soluções que avançam para no futuro controlar, ou se possível eliminar, os fogos florestais.

De todos os candidatos ouvidos sobre o assunto, sejam eles — ou pretendam ser, representantes — de Pedrogão Grande, Góis, Castanheira de Pêra ou Figueiró dos Vinhos, uma constante emerge: o culpado é o eucalipto!

Sem pretender desmentir tantos conhecedores que já descortinaram o mesmo réu, acho apenas curioso que sendo Portugal um dos grandes produtores de eucaliptais há muitos anos já, nunca, ou quase nunca se verificaram tantos incêndios em locais afastados e, curiosamente, dir-se-ia que os fogos “sabiam” onde se activarem de modo a fazer arder a mata como uma queimada africana…

Quer dizer, foram vários os pontos onde eclodiram os fogos, de modo a propagarem-se sem possibilidades de contenção. Nada a fazer. Apenas ver arder.

Ora tempo quente sempre tivemos no Verão. As matas abandonadas à sua sorte, também não é novo. Bastará pensar na situação dos nossos pinhais. Sempre os vi cobertos de caruma, tremendamente inflamável, que em muitas casas era utilizada para activar a chama nos fogões.

Então o que é que se passa?

Ou será, como no caso de Tancos, que os fogos nunca existiram?

É evidente que o agricultor que vive da terra que tem à volta da casa, precisa do eucalipto para arredondar os fins dos meses. Para muitos, é a única receita que têm para equilibrar a pobre pensão que o Governo lhes paga. Eliminar o eucalipto — que parece ser a solução avançada pelos entendidos, até que surja no panorama político e agrário outro réu — é condenar à indigência gente honesta e trabalhadora que merece muito mais respeito de quem (des) governa Portugal.

Nota-se nas propostas avançadas pelos candidatos, a defesa no regresso de alguns programas municipais ou regionais, que protegiam ou monitorizavam as florestas que foram abandonados, e pedem mais apoios económicos para a prevenção ou combate à desertificação.

Procuram-se soluções novas para problemas velhos. Soluções para a incúria que prevaleceu em três ou quatro décadas dum eterno deixa andar, falando-se agora de reflorestar “com outras espécies, plantando árvores de crescimento lento, carvalho e castanheiro, deixando algumas áreas de eucaliptal para assegurar rendimentos aos proprietários rurais no médio prazo.”

De um modo geral os discursos andam é volta das mesmas hipóteses de solução, salientando-se que “não se pode abdicar de todo da plantação de eucaliptos” para não acentuar a tendência da desertificação.Tudo bem.

Apenas um comentário. Quando será que estes candidatos procurarão ir ao fundo do problema? Pôr de parte o tabu e insistir com os seus chefes de partidos para que forcem a entrega do combate a incêndios à Força Aérea Portuguesa e não a companhias privadas? Temos nesta força tudo quanto necessário pelo preço dos ordenados que já recebem. Trabalho bem feito a custo zero ou quase isso. Para além do mais, é muito possível que os fogos, aí sim, deixem de existir.

Para bem da Nação e da sua população.

Raul Mesquita

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Manuel do Nascimento / Paris

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Les émigrés français au Portugal, pendant la Révolution française de 1789Le 16 juillet 1789, deux jours après la prise de la Bastille, le comte d’Artois et ses deux enfants ; le prince de Comté, le duc de Bourbon ainsi que le duc d’Enghien et le prince de Conti, ont demandé au roi de France Louis XVI, l’autorisation de quitter la France. Ce sont les premiers émigrés français à quitter la France. Ils n’étaient pas considérés comme fugitifs, mais comme protestataires. Entre les 16 et 18 juillet, plus d’une vingtaine de personnes de la noblesse française quittent la France. Entre eux ; les princes de Vaudémont, de Lambesc, le maréchal de Broglie, et les duchesses de Polignac et de Guiche. La duchesse de La-Tour du Pin, elle aussi émigrée laisse dans ses mémoires : en France, la mode est ‘immigration’ et tout commence alors. En France avait alors, une propagande en faveur de l’immigration.

Les premiers émigrés au Portugal, motivés par la Révolution, ne sont pas considérés et comptabilisés qu’à partir de 1791. Antérieurement à cette date, il y avait la présence au Portugal de certains Français suspects, selon l’Intendant portugais, Pina Manique, qu’il faisait expulser. Le 22 août 1791, Vicente de Sousa, ambassadeur officiel du Portugal à Paris, informe son ministère au Portugal, d’avoir reçu une lettre anonyme, l’informant qui des gens de la noblesse française partait pour le Portugal et cite le nom du duc d’Orléans, mais qui ne peut pas confirmer. Par contre, en 1791, le duc de Coigny, un personnage de la cour française de Marie-Antoinette et de Louis XVI, est bien parti pour le Portugal, sans qu’on le sache les raisons de ce choix pour s’installer à Lisbonne. Il passe ensuite au service du Portugal, où il obtient le grade de capitaine général. En 1795, la comtesse de Châlons, aussi émigrée, veuve depuis 1794 de l’ambassadeur de France à Lisbonne depuis

1790, et la comtesse de Châlons, se remaria avec le duc de Coigny. La maison du duc de Coigny à Lisbonne était le point de rencontre des émigrés français. Il aurait obtenu du prince régente du Portugal, futur D. João VI, un subside secret au comte d’Artois, selon António de Araújo e Azevedo(1) dans le document 333, daté du 9 septembre 1795.

Encore dans la première phase des émigrés français, suite à la Révolution Française, il faut noter l’arrivée au Portugal de Madame Élisabeth, sœur de Louis XVI, Madame Roquefeuil, le comte Aymer de Gestes, protégés par la cour portugaise et embarquaient pour le Brésil, en 1807, lors de la première invasion française au Portugal par Junot.

Nicolas-Louis-Albert Delerive, artiste peintre français, arrivé à Lisbonne en 1792 où il est mort en 1818. En 1955, le Musée d’Art-Ancienne de Lisbonne a réalisé une exposition avec les œuvres de Nicolas-Louis-Albert Delerive.

Il faut aussi noter que Luis André Dupuy, dessinateur-graveur, a créé l’école de dessin et gravure à Lisbonne, au 5 rua de S. Francisco.

Les émigrés français au service de l’armée du Portugal : comte et vicomte de Vioménil, le vicomte Chalup, les comtes de Gondie, Alexandre d’Ollone, de Molien, de Lagondie, et de Chambars, de Novion, le Marquis et comte de La Rozière, le baron de Merle, le comte de Novion, le marquis de Jumilhac le marquis de Toustin, etc,etc..

Lorsque le duc d’Enghien fait la demande au prince régent du Portugal pour rentrer dans le cadre de l’armée portugaise, le prince régent portugais lui répond par lettre (2). La vie sociale des émigrés français au Portugal et la société portugaise : Les émigrés français au Portugal vivaient en trois groupes et séparés: Les nobles

vivaient complètement à part, mais sans domestiques, comme ils étaient habituées en France, tout cela par manque de ressources. Les militaires ou avec des missions politiques, ils étaient sous la protection de la cour portugaise. Les ecclésiastiques étaient dans l’enseignement chez la noblesse ou des gens plus aisés, et les autres émigrés n’ayant aucun titre, vivaient de leur travail, dans divers métiers, comme mécaniciens, coiffeurs, horlogers, hôteliers et serviteurs.

Madame la Marquise de Lage de Volude (dame de S.A.S. Madame la Princesse de Lamballe, 1792-1794) qui vivait à Lisbonne avait écrit dans son livre ‘’Souvenirs d’émigration de Madame la marquise de Lage de Volude’’ : il n’y a point de société ; les femmes vivent avec les commensaux de leur maison.

En 1800, il y a des informations, qu’il y a moins d’émigrés français au Portugal. Pour les artistes, ils sont encore nombreux à Lisbonne. Certaines femmes de la noblesse à Lisbonne, n’ayant pas les mêmes ressources qu’en France, se promènent à Lisbonne à dos d’âne sans dame de compagnie ni domestiques. D’autres comme le duc du Luxembourg se marie avec la fille du duc de Cadaval, une famille de la noblesse portugaise.

Quelques notes référencées : les premiers Français qui ont émigré le 15 juillet 1789, avec le prince de Condé, avaient reçu la veille et à leur domicile la liste de proscriptions, où ils étaient inscrits et on l’on promettait récompense à qui apporteraient leurs têtes au caveau du Palais-Royal (3). Le comte d’Haussonville disait ; l’émigration en France était alors fortement à la mode. Aux yeux de certains français, rester en France avec la famille Royale afin de partager ses dangers et de la défendre passait par une faiblesse, presque pour une trahison. Les rares dont mon père a eu le temps de prendre congé, les femmes surtout, sans excepter ses sœurs et sa mère, le félicitèrent de son départ d’un joyau événement (4). Des nobles Français quittèrent en foule leurs châteaux, abandonnant leurs femmes, leurs enfants, leurs propriétés à la merci de leurs ennemis, n’emportant même pas leur argent, leurs bijoux, leurs armes, et la plupart avec un seul habit et quelques chemises, croyant

que cet exil volontaire n’était pas un voyage de plaisir de cinq ou six semaines.

L’émigration en France désignée le départ des personnes hors du territoire français… certain pour combattre la Révolution de l’extérieur, d’autres pour se soustraire à ses rigueurs… Ces émigrés français, tenants de la monarchie et du pouvoir absolu, craignent l’effondrement de celui-ci.

(1) Premier comte de Barca, Ministre et secrétaire d’État des Affaires étrangères, poste de l’actuel Premier ministre.(2) Je Me serai fait un vrai plaisir de prendre à Mon Service l’officier que Votre Altesse Sérénissime a bien voulu Me recommander mais Je ne puis Me dispenser de Vous témoigner que le nombre d’officiers étrangers qui sont entrés à Mon service étant devenu considérable, je me suis déterminé à ne pont l’augmenter pour le moment, pourtant dès qu’une occasion se présentera, Je m’empresserais de Vous marquer combien je désire Vous être agréable. Je saisis cette occasion pour vous assurer de Mon attachement et considération. A Queluz, le 27 may 1803, Votre très affectionné, Jean (in page 59, .A Emigração Francesa em Portugal Durante a Revolução, 1984)(3) (in page 102, A Emigração Francesa em Portugal Durante a Revolução, 1984)(4) (in page 103, A Emigração Francesa em Portugal Durante a Revolução, 1984)

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A doutrina MedinaPor João César das Neves

Nas autarquias está o melhor e o pior da política portuguesa. O senhor presidente da Câmara de Lisboa, por exemplo, apesar do curto mandato, já prejudicou tanto a cidade que assusta preparar-se para ainda maiores estragos.

Na estrutura de base, ele é o clássico “político pato-bravo”, medindo o sucesso por obras adjudicadas, avaliando a carreira em toneladas de cimento. Lisboa tem inúmeros problemas, da pobreza ao crime, do desemprego ao envelhecimento, do ordenamento urbano à discriminação em guetos. Mas, aparentemente, tudo se resolve com ciclovias e betoneiras.

O método corta-fitas é tradicional e está em apoteose com os fundos estruturais; mas esperava-se algum comedimento após a calamidade de 2011. A fúria das auto-estradas, parques industriais e pavilhões polidesportivos esteve tão evidentemente ligada ao colapso financeiro que a lição é difícil de esquecer. Infelizmente muitos dirigentes, sobretudo autárquicos, com a necessidade de mostrar serviço e sem conseguirem ser úteis e produtivos, recorrem à segurança confortável da escavadora. Mover terras nunca falha.

Nestes dois anos de poder, Medina seguiu uma modalidade particular dessa orientação, a variante faraónica. Acha-se mesmo dono da cidade, que remodela a seu gosto. Com apenas meio mandato para se fazer valer, a edilidade atirou-se com fúria à transformação dos bairros, para deixar o seu cunho. E deixou: serão precisos anos para corrigir os danos nas ruas e nas contas da cidade.

Até aqui tudo é tristemente banal em autarcas por todo o país. O que torna este caso especial, além da falta de mandato explícito para mudar a cidade por não ter sido eleito para o cargo, é um traço muito especial, a que podemos chamar a “doutrina Medina”: ódio aos automobilistas. O elemento que perpassa grande número das intervenções desta câmara é estrago no trânsito.

Os condutores de automóveis são das classes mais perseguidas da actualidade. Multas, inspecções, regulamentos, exigências, limitações, poucos grupos têm sido mais atacados e restringidos. Nesta magna repressão, Medina utiliza um método especialmente radical e virulento: danificação de vias e pavimentos. Um pouco por toda a cidade assistimos a estreitamento de ruas, colocação de piso desigual, limitações à circulação. Pode dizer-se que Medina é o carrasco do trânsito. Pelo menos de carros, porque as árvores passaram a beneficiar de largas faixas de rodagem. Isto é feito com requintes de perversidade, usando os impostos dos próprios automobilistas para os prejudicar. Assim, ele é pior do que Sócrates, porque então as dívidas ao menos facilitavam a circulação. As auto-estradas arruinaram o país, mas sempre melhoram as viagens. Pelo contrário, bloquear Lisboa a crédito é particularmente malévolo.

Evidentemente que não é esse o propósito declarado. Todos os grandes disparates da história são sempre feitos com excelentes intenções. Neste caso o objectivo deve ser a defesa do ambiente e qualidade de vida. A intensa propaganda camarária está cheia de crianças, turistas, reformados e namorados gozando dos largos passeios, vastos arvoredos, enormes canteiros. Fernando Medina, que com todas as obras é um dos maiores poluidores da cidade, convence-se assim das suas virtudes ecológicas. O que ele realmente faz é desperdiçar dinheiro dos pobres em pistas e semáforos para bicicletas. Nunca se saberá o grau de utilização dos postos de carregamento eléctrico para carros híbridos; basta construí-los, desperdiçando lugares de estacionamento em veículos-fantasma, e o ambiente fica logo protegido.

Assim se conseguem belos efeitos, enquanto piora a vida real dos cidadãos. Porque, com o mesmo número de habitantes e automóveis, se aperta as ruas, aumentam os engarrafamentos, gerando mais poluição. Mas no jogo de sombras políticas o que realmente interessa não é o ambiente urbano, mas a quantidade de obras. É com elas que se enchem relatórios, discursos, exposições e fotografias, tendo sempre como protagonistas pessoas ociosas. Os outros, que insistam em viver e trabalhar em Lisboa, têm de chegar atrasados devido à tal “qualidade de vida”.

A isto junta-se o aproveitamento contabilístico. Todos estes movimentos de terras contam como investimento nacional, que anda bastante animado neste período de eleições autárquicas; só que alargar passeios não aumenta a produtividade, não dinamiza as empresas, não promove a capacidade produtiva. O impacto económico é sobretudo nas construtoras, enchendo os bolsos com a dívida camarária. Como todos esses canteiros, rotundas e áreas de lazer atrasam o trânsito e as comunicações, este investimento é nocivo para o desenvolvimento. Mas fica bem nas estatísticas.

Pior, como a oposição foi tacanha a ponto de concorrer dividida, existe a possibilidade de Medina ganhar eleições pela primeira vez. Se sem mandato sufragado já fez tantos estragos, imagine-se a pobre Lisboa após mais quatro anos desta doutrina!

15 países com melhor qualidade de vida. Portugal é líderO facto de sermos um país com muito Sol e uma atitude relaxante pode contribuir para a felicidade geral dos expatriados.

Dinheiro Vivo

Este é o quarto ano do Expat Insider, um dos maiores estudos do mundo que analisa o modo de vida dos expatriados. Este ano, foram entrevistadas mais de 12.500 pessoas que trabalham fora do seu país e que são de 166 nacionalidades, Portugal é o país que mais subiu neste ranking (13 lugares desde 2016), ocupando a quinta posição nos melhores países para se viver e a primeira posição no que diz respeito à qualidade de vida.

Os entrevistados foram questionados sobre várias categorias, opções de lazer, transportes, saúde e bem-estar, segurança e felicidade pessoal. Portugal surge no top 15 em todas elas, o que se traduz na liderança do índice de qualidade de vida.

Portugal lidera na qualidade de vida

O país asiático Taiwan, vencedor desta categoria em 2016, cedeu o lugar no topo deste ranking a Portugal. Com a Espanha a ocupar a terceira posição, outro país ibérico a conquistar o seu lugar no top três.

A popularidade entre os expatriados – pelo menos quando se trata de qualidade de vida – é em grande parte devido ao clima e às actividades de lazer amplamente disponíveis. Nas opções de lazer, Portugal ocupa a segunda posição neste ranking de 65 países. De todos os entrevistados, não existe uma única resposta que critique o clima português, quase dois terços (65%) classificou-o como excelente em comparação com 26% no resto do mundo.

O bom resultado na subcategoria de saúde e bem-estar – nona posição em todo o mundo – deve-se em grande parte à qualidade do ambiente em Portugal. Nove em cada dez entrevistados avaliaram o ambiente português de forma muito positiva (94%), a média mundial é de 64%.

No que diz respeito à subcategoria Segurança, o país surge na 11ª posição. Esta não é uma razão para preocupação: a tranquilidade é o factor mais bem classificado nesta categoria, com 77% dos entrevistados a considerarem Portugal um país muito pacífico – apenas a Finlândia tem resultados ligeiramente melhores (78%). Nem um único entrevistado está preocupado com a segurança pessoal – são preocupações persistentes sobre a estabilidade política que mantém esta classificação um pouco mais baixa.

Por último, 94% dos expatriados em Portugal estão satisfeitos com as oportunidades de viagem. No entanto, nem todos os que participaram nesta pesquisa estão satisfeitos com as infra-estruturas de transporte: um em cada 11 (9%) classifica este ponto como muito negativo.

No geral o facto de sermos um país com muito sol e uma atitude relaxante pode contribuir para a felicidade geral dos entrevistados: apenas 4% expressaram alguma insatisfação com a nova vida em Portugal. Um entrevistado resumiu todas estas qualidades da seguinte forma: “Esta é uma jóia de país escondido à vista de todos”.

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Rosa dos Ventos Rose des Vents

CovilhãEntre fleuves et montagnes, la ville de Covilhã est l’une des portes d’entrées de la Montagne d’Estrela.

Terre de bergers d’origine lusitanienne, elle fut prise aux maures par le roi D. Sancho I qui la protégea avec des murailles et elle devint ainsi un point stratégique au Moyen Âge, surtout avec le roi D. Dinis, quand ce dernier mis en pratique le renfort du territoire.

Cette ville royale, titre accordé par D. Manuel qui lui donna le nouveau ‘foral’ en 1510, fut également une terre de découvreurs. L’Infant D. Henrique le Navigateur, reçut de son père, le roi D. João I, le titre de Senhor de Covilhã, après avoir conquit Ceuta en 1415.

Ici naquit Pêro da Covilhã, explorateur que le roi D. João II envoya en Orient et dont les informations rendirent plus juste la découverte du chemin maritime vers l’Inde par Vasco da Gama.

Une des références obligatoires à Covilhã est l’art des lainages, lancé aussi au temps de D. Sancho I et développé par la communauté judaïque qui s’est installée depuis cette époque et demeura jusqu’au XVè siècle. L’industrie des textiles, qui produisit tous les uniformes de l’armée portugaise durant le règne de D. João V, prit un nouvel élan en 1763 sous l’action du Marquis de Pombal qui fonda ici la ‘Real Fábrica de Panos’, devenu le plus grand centre de lainages de tout le pays. La croissance économique qui en résultat fit qu’en 1870 Covilhã s’éleva au rang de ville.

Une visite au patrimoine ne dispense pas l’ancien Quartier Juif, avec ses rues étroites et ses fenêtres manuélines, la chapelle de São Martinho, la Chapelle de Santa Cruz et le Musée des Lainages.

À Covilhã et aux environs, découvrez la Terre des Châteaux, des villages Historiques, la Route de la Laine, la Route des Anciens Quartiers juifs et le Parc Naturel de la Montagne d›Estrela en faisant l›un des parcours qui vous permettent de découvrir le patrimoine naturel et culturel de cette région.

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Jerusalém, Cidade Santa para os Judeus, Cristãos e Muçulmanos

A cidade de Jerusalém deve ser a cidade mais falada do mundo, tal como deve ser, sem dúvida, a cidade mais estudada do planeta. Cidade Santa para três religiões, as chamadas “Religiões do Livro”, a sua magnífica simbologia e significado religioso muito teriam para tratar num quase infindável repositório de significados, tensões e sonhos.

Para o mundo judaico, Jerusalém é o centro dos centros, a base do quase-mítico reino de David e Salomão, o local onde se centrou o culto no Templo de Jerusalém, o local onde todas as instituições políticas e religiosas da sua cultura tiveram sede. Os judeus ortodoxos aguardam ali a vinda do Messias, para darem início à reconstrução do Templo.

Para os cristãos é a Cidade Santa, pois foi aqui que Cristo deixou a sua mensagem para a Humanidade. Mais, a cidade está ligada à Morte, à Ressurreição e à Ascensão do Salvador ao Céu, ponto culminante da sua funcionalidade religiosa e sua justificação teológica.

Os muçulmanos consideram Jerusalém como uma das suas principais Cidades Santas, a terceira, depois de Meca e Medina, pois foi aqui, no local de uma das suas magníficas mesquitas, que o Profeta foi elevado aos Céus.

Culturalmente, no último milénio e meio, todos estes monoteísmos tiveram peso demográfico e administrativo na cidade. É na passagem do século XIX para o XX que a maioria de população passa a ser judaica, em virtude do sionismo e das várias guerras que assolaram a região e a Europa na primeira metade do século passado.

Contudo, a história da cidade diz-nos que, apesar de ser considerada como sagrada, foi simultaneamente cidade de ódio, de desolação e de guerra. Esteve cercada mais de 50 vezes, conquistada por 36 ocasiões e destruída em 10 delas.Recuemos no tempo. A nível estratégico, a cidade de Jerusalém não indicia ter tido lugar de destaque na mais distante antiguidade. Não se trata de um local colocado na linha das ricas rotas de comércio entre o Egipto e a Ásia; não é uma cidade costeira que domine alguma plataforma comercial; não tem território agrícola rico; não detém poder sobre zonas metalúrgicas de monta.

Arqueologicamente, os mais antigos vestígios de ocupação humana parecem datar de meados do IV milénio a.C. e encontram-se na colina sudeste, por cima da única nascente perene da cidade, Guihon, o que foi essencial para a fixação inicial das populações. Até ao século VIII a.C. só essa colina terá sido habitada. Desta forma, a cidade seria bastante pequena, em especial se comparada com outras importantes cidades da época. Não ocuparia uma superfície superior a 12 ha, e a sua população nunca ultrapassaria em muito os 2.000 habitantes.

O seu nome poderá, segundo a hipótese mais adoptada, ser um nome teofórico (com base no nome de uma divindade) que significaria «fundação de Salém», sendo Salém uma divindade astral de Canaã (atestada na cidade de Ugarit nos séculos XIV-XIII a.C.), do campo funcional da Vénus latina. Biblicamente, o nome surge no Génesis, ligado ao percurso de Abraão: “Melquisedec, rei de Salém, trouxe pão e vinho e, como era sacerdote de Deus Altíssimo, abençoou Abraão” (Gén 14, 18).

À l´école, on apprend aux enfants le passé simple, ils feraient mieux de leur faire apprendre le futur compliqué

PARA QUE CONSTE, JÁ QUE A COMUNICAÇÃO SOCIAL NÃO FAZ CONSTAR. CASAMENTO HOMOSSEXUAL –ACÓRDÃO DO TRIBUNAL DE DIREITOS HUMANOS DE ESTRASBURGO – FRANÇA

Por unanimidade, o Tribunal líder mundial dos Direitos Humanos estabeleceu, textualmente, que “não existe o direito ao casamento homossexual”.

Os 47 juízes dos 47 países do Conselho da Europa, que integram o pleno do Tribunal de Estrasburgo (tribunal mais importante do mundo dos direitos humanos) emitiram uma declaração de grande relevância, que tem sido surpreendentemente silenciada pelo progressismo informativo e sua área de influência.

Na verdade, por unanimidade, os 47 juízes aprovaram o acórdão que estabelece que “não existe o direito ao casamento homossexual”.

A sentença foi baseada num sem número de considerandos filosóficos e antropológicos baseados na ordem natural, senso comum, relatórios científicos e, claro, no direito positivo.

Dentro deste último, principalmente, a sentença foi baseada no artigo n ° 12 da Convenção Europeia dos Direitos Humanos. Dito é equivalente aos artigos dos tratados de direitos humanos, como no caso do 17 do Pacto de San José e n.º 23 do Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos.

Nesta histórica, mas nada divulgada, Resolução, o Tribunal decidiu que a noção de família não só contempla “o conceito tradicional de casamento, ou seja, a união de um homem e uma mulher”, mas também que não devem ser impostas a governos a “obrigação de abrir o casamento a pessoas do mesmo sexo”.

Quanto ao princípio da não-discriminação, o Tribunal também acrescentou que não existe qualquer discriminação, já que “os Estados são livres de reservar o casamento apenas a casais heterossexuais.”

É importante e absolutamente necessário divulgar este tipo de notícia, porque os governos e simpatizantes de tais lobbies não vão querer que as pessoas saibam.Ajude a propagar, se assim o entender!

Obviamente, não interessa aos media dar divulgação a esta notícia.

Fonte: http://g1.globo.com/mundo/ noticia/2010/06/ convenção - europeia-dos-direitos-humanos- nao-inclui-casamento-gay.html

A Convenção Europeia dos Direitos Humanos (CEDH) não consagra o direito ao casamento homossexual e estabelece que cada Estado é livre para legislar como quiser na .http://www.anajure.org.br/ tribunal-europeu-diz-que- casamento-gay-não-é-um- direito-humano/

Além de imoral... Isto é ilegal !

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En Syrie, l’armée d’Assad à la reconquête de Deir ez-ZorSoutenu par Moscou, le régime syrien a pu devancer les rebelles face aux djihadistes qui assiègent cette ville de l’est du pays.

LE MONDE /Par Benjamin Barthe (Beyrouth, correspondant)

L’armée syrienne à Bir Qabaqib (Syrie), à une quarantaine de kilomètres à l’ouest de Deir ez-Zor, le 4 juillet.

Huit mois après avoir repris Alep aux rebelles, le régime Assad et ses alliés se lancent dans la reconquête d’une autre agglomération syrienne : Deir ez-Zor. Mardi 5 septembre, leurs forces ont brisé le siège imposé par l’organisation Etat islamique (EI), depuis près de trois ans, à cette ville de l’est syrien au bord de l’Euphrate. Les troupes pro-gouvernementales ont pénétré dans sa partie nord, l’un des deux secteurs, avec la zone de l’aéroport, où sont barricadés des éléments de l’armée, ainsi qu’environ 90 000 civils.

Cette jonction devrait permettre aux autorités syriennes d’acheminer des renforts vers l’enclave loyaliste et d’y secourir la population, en butte à des pénuries de nourriture et de médicaments, avant de partir à l’assaut des quartiers centraux tenus par les djihadistes.

C’est la baisse des violences dans l’ouest du pays, à la suite de la signature, début mai à Astana, d’un accord de désescalade entre la Russie, l’Iran et la Turquie, qui a permis au régime de mobiliser assez de troupes pour entamer cette offensive. Même si elle n’a pas le prestige et le poids économique d’Alep, la deuxième ville de Syrie, Deir ez-Zor, est proche des principaux champs pétroliers du pays.

La pression des djihadistes a augmenté en janvier, quand ils ont réussi à couper la route entre les quartiers d’Al-Joura et d’Al-Qoussour, au nord, où sont cantonnés les loyalistes, et l’aéroport, plus au sud, par où leur parvenait du ravitaillement. Pendant quelques semaines, le risque d’un effondrement des positions gouvernementales a plané sur la ville. Les parachutages de vivres des Nations unies, dont les avions ont effectué trois cents rotations depuis le début de l’année, ont aidé la population à tenir.

Marche arrière

Ce rapport de force a été bouleversé par la charge des pro-Assad à travers la Badiya, le désert de l’est syrien. En trois mois, progressant sur trois axes différents avec le soutien de l’aviation russe, ces forces ont repris le contrôle des étendues caillouteuses qui séparent les zones urbaines de l’ouest – la Syrie dite « utile » – de la vallée de l’Euphrate. Le recul de l’EI s’est accéléré au mois d’août, avec la chute successive des localités de Soukhna et d’Ouqayribat. Les combats ont fait de nombreuses victimes dans le camp loyaliste, notamment deux soldats russes, dont la mort a été annoncée lundi par Moscou.

Cette percée a pris de vitesse tous les concurrents de l’armée syrienne, qui espéraient lui ravir l’honneur de pénétrer en premier dans Deir ez-Zor. La désillusion est notamment grande parmi les rebelles positionnés à Al-Tanf, à la jonction des frontières entre Syrie, Irak et Jordanie. Au mois de mai, ces groupes armés avaient reçu des équipements de leurs parrains américain et britannique.Durant le printemps, l’aviation américaine avait même bombardé à plusieurs

reprises des convois de milices chiites faisant route vers les positions de leurs protégés. Les Etats-Unis semblaient alors décidés à empêcher la reconstitution du corridor Bagdad-Damas, permettant à l’Iran de ravitailler en armes non seulement son allié syrien, mais aussi le Hezbollah chiite libanais.

Mais durant l’été, face à l’incapacité des rebelles, trop peu nombreux, à barrer la route de Deir ez-Zor aux combattants pro-régime, et du fait de leur propre réticence à s’engager plus avant, les Américains ont fait marche arrière. Ils ont d’abord proposé aux rebelles de passer sous le commandement des Forces démocratiques syriennes (FDS), une alliance à dominante kurde, qui inclut des unités arabes, déployée dans le nord de la Syrie. Ce qu’ils ont refusé.

« Finalement, dimanche, les rebelles ont reçu un message de leurs contacts américains leur suggérant, avec insistance, de se replier en Jordanie », raconte Basel Al-Junaïdi, un analyste syrien, proche de l’opposition, basé à Gaziantep, dans le sud de la Turquie, qui ajoute : « Le lâchage est complet. Pour les Etats-Unis, le dossier syrien, mis à part l’EI, est désormais une affaire russe. »

Division du travail

Les FDS, de leur côté, sont trop occupées par la bataille de Rakka, la « capitale » de l’EI en Syrie, plus au nord, pour faire de l’ombre aux forces pro-gouvernementales. Le 25 août, les chefs kurdes ont annoncé qu’ils se lanceraient « très bientôt » à l’assaut de Deir ez-Zor, mais en précisant qu’ils entendaient par là la province et non la ville.

Une ligne de « déconfliction » a été tracée par les Américains, soutiens des FDS, et les Russes, protecteurs du régime, de part et d’autre de l’Euphrate, pour éviter les incidents entre leurs « clients » respectifs. Les premiers sont censés opérer au nord du fleuve, et les seconds au sud, zone qui inclut la ville de Deir ez- Zor.Mais cette division du travail est théorique. Si les combats de Rakka s’éternisent tandis que ceux de Deir ez-Zor progressent rapidement, les forces pro-Assad auront du mal à résister à la tentation de franchir l’Euphrate. Le régime ne fait d’ailleurs aucun mystère de sa volonté de récupérer la totalité du gouvernorat de Deir ez-Zor, notamment le gisement pétrolier d’Al-Omar, le plus important de Syrie, et les villes d’Al-Mayadin et d’Albou Kamal.

Une victoire sur l’EI, ennemi numéro un des capitales occidentales, aiderait le pouvoir syrien à redorer son blason sur la scène internationale. Et le redéploiement de troupes régulières à la frontière avec l’Irak constituerait un succès personnel pour Bachar Al-Assad, qui s’est toujours dit déterminé à reconstituer la Syrie d’avant 2011 qu’il a héritée de son père.

Dans les plages en Australie...

La réponse des femmes australiennes...

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jornal comunitário em Português - journal communautaire en Français abc portuscale jornal comunitário em Português - journal communautaire en FrançaisPolitique

La stratégie payante du désengagementL’approche de Stephen Harper face au gouvernement Marois a contribué à faire passer le paysage politique de l’axe fédéraliste-souverainiste à l’axe gauche-droite, selon son ancien conseiller Carl Vallée.

Comment gérer le délicat débat constitutionnel et l’enjeu de la souveraineté du Québec ? La question taraude tous les chefs fédéralistes à Ottawa depuis des décennies, particulièrement lorsque des élections approchent au Québec.

Au moment où s’installe un nouveau chef conservateur à la Chambre des communes, et où le NPD entre dans le dernier droit de sa course à la direction, il peut s’avérer utile de revenir sur la façon dont Stephen Harper, premier ministre pendant près de 10 ans, a navigué sur le terrain miné des relations Québec-Ottawa.

Comment un politicien anglophone de l’Ouest canadien a-t-il contribué à transformer de façon durable le paysage politique québécois ? Il y a là un enseignement qui peut servir les élus qui guident les partis à l’heure actuelle.

En septembre 2012, quelques jours après l’arrivée au pouvoir du Parti québécois de Pauline Marois, la question de la souveraineté du Québec et la rhétorique qu’allait utiliser le gouvernement péquiste occupaient les esprits dans les bureaux du gouvernement, à Ottawa. Je ne compte plus les mémos et les réunions où les fonctionnaires proposaient des idées pour contrer une montée de la fièvre souverainiste.

La fonction publique fédérale se préparait pour une crise d’unité canadienne et proposait des moyens pour montrer que « le Canada fonctionne » et pour « maximiser la présence et la pertinence du gouvernement fédéral au Québec ». Une approche promptement rejetée par le premier ministre Harper, ses ministres et ses conseillers québécois : une telle démarche rappellerait inévitablement le scandale des commandites.

Notre stratégie a plutôt été celle du désengagement constitutionnel. Malgré toutes les tentatives du gouvernement Marois d’embarquer Ottawa dans une traditionnelle querelle, comme il s’en faisait 10 ou 15 ans plus tôt, le gouvernement Harper a refusé d’entrer dans la danse, répétant à qui mieux mieux qu’il ne rouvrirait pas les vieilles chicanes. L’hameçon ne sera pas mordu, même si l’occasion se présentait pratiquement chaque semaine.

La meilleure illustration de cette approche est sans doute la controverse entourant la décision de Mme Marois de retirer l’unifolié du Salon rouge à l’Assemblée nationale, quelques semaines après sa victoire, à l’automne 2012, à temps pour l’assermentation de son gouvernement. Cette décision avait généré une couverture médiatique partout au pays.

M. Harper était de passage à Québec au même moment pour annoncer la reconstruction du manège militaire. Tant les médias que les observateurs de la scène fédérale s’attendaient à voir le premier ministre vilipender Mme Marois –

tradition fédérale oblige – et défendre l’honneur du drapeau canadien. Cela aurait inévitablement alimenté davantage la controverse et nourri l’option souverainiste.

Or, rien de tel ne s’est produit. M. Harper a plutôt haussé les épaules et affiché un air perplexe en déclarant : « Qu’est-ce que je peux dire ? ». Cela a fait rire l’audience et nous sommes immédiatement passés à un autre appel. Le ton était ainsi donné pour ce qui allait être 18 mois de règne péquiste à Québec.

Passer outre la logique du Oui et du Non

Pour comprendre la contribution de Stephen Harper au fédéralisme canadien – particulièrement au Québec –, il faut se replacer dans le contexte du début des années 2000. À l’époque, le Québec était encore pris dans le carcan du bipartisme à saveur fédéraliste-souverainiste, tant à Québec qu’à Ottawa. Le Bloc québécois et le Parti libéral du Canada régnaient sans partage au Québec. Sur la scène provinciale, l’Action démocratique du Québec était encore un joueur mineur avec une poignée de députés siégeant à l’Assemblée nationale, devant une hégémonie libéralo-péquiste qui durait depuis une génération.

Dès l’élection de 2005-2006, nous avons senti l’appétit des Québécois – et même de l’ensemble des Canadiens – de passer outre la logique du Oui et du Non. Le discours de M. Harper le 19 décembre 2005, dans lequel il a articulé un fédéralisme moins centralisateur, plus respectueux du Québec, et la promesse de gestes d’ouverture envers la province sans rouvrir la Constitution, a donné l’excuse que beaucoup de Québécois cherchaient pour tourner le dos à la dualité libérale-bloquiste. Ainsi, la région de Québec est passée du bleu bloquiste au bleu conservateur. Sans utiliser ces mots, Stephen Harper venait de promettre la paix constitutionnelle non seulement aux Québécois, mais à tous les Canadiens.L’approche du gouvernement Harper consistait à reconnaître la différence identitaire du Québec, tout en traitant les autres partenaires de la fédération avec équité, c’est-à-dire en respectant les champs de compétence de tous et chacun. Une telle approche était dictée par la logique conservatrice : nous pensions que c’était le meilleur moyen de faire fonctionner un pays aussi grand et diversifié avec des intérêts régionaux divergents.

Cette reconnaissance de la différence des Québécois s’est déclinée de plusieurs façons. Bien entendu, il y a eu la reconnaissance par la Chambre des communes que les Québécois forment une nation (au sein d’un Canada uni). Mais contrairement à la croyance populaire largement véhiculée dans les médias québécois, cette reconnaissance était plus que symbolique et s’est traduite par un impact réel dans les politiques publiques du gouvernement fédéral.

Par exemple, si le gouvernement Harper a consacré des sommes considérables pour célébrer le 400e anniversaire de la fondation de la ville de Québec, c’est parce que le premier ministre considérait la fondation de Québec et de la Nouvelle-France comme la fondation du Canada – un pays né en français, disait-il.

Aussi, saisissant la sensibilité historique des Québécois face à leur statut minoritaire, M. Harper a fait volte-face lors du redécoupage de la carte électorale et a finalement accordé au Québec trois sièges supplémentaires à la Chambre des communes afin de minimiser la diminution de son poids politique à Ottawa, tout en respectant sa promesse d’augmenter le nombre de sièges en Ontario, en Colombie-Britannique et en Alberta pour respecter leur croissance démographique.

À cela s’ajoutent le règlement du déséquilibre fiscal et le siège du Québec au sein de la délégation canadienne à l’UNESCO.

Un fédéralisme respectueux du Québec et de ses compétences donc, mais équitable envers les autres provinces. Pour illustrer cette philosophie, l’exemple de la taxe harmonisée est éloquent. À l’automne 2011, juste après avoir remporté un mandat majoritaire avec seulement cinq sièges au Québec, le premier ministre Harper s’est rendu à l’Assemblée nationale où il a annoncé, en compagnie du premier ministre Jean Charest, qu’ils étaient parvenus à une entente au sujet de la taxe de vente harmonisée. L’entente verrait le fédéral signer un chèque de 2,2 milliards de dollars à la province.

Dans son allocution livrée presque exclusivement en français, M. Harper a répété en anglais un élément qui est passé presque inaperçu : toutes les autres provinces, si elles le voulaient, auraient droit à la même entente avec les mêmes modalités. Garant de son passé réformiste, le premier ministre Harper était allergique à toute politique économique ou financière qui pourrait donner l’impression de favoriser une province au détriment des autres.

Le mythe de l’obsession monarchique

La relation Québec-Canada anglais est une quadrature du cercle très difficile à résoudre, particulièrement pour un gouvernement conservateur qui tente de reconnaître et célébrer les contributions historiques des peuples fondateurs. À ce sujet, un autre mythe largement véhiculé par les médias québécois était

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jornal comunitário em Português - journal communautaire en Français abc portuscale jornal comunitário em Português - journal communautaire en Françaiscelui de la supposée obsession du premier ministre Harper pour la monarchie britannique. Pour une certaine élite au Québec, il s’agissait d’un « narratif » utile afin de concrétiser l’image d’un politicien anglophone de l’Ouest et étranger à la culture québécoise.

Pourtant, cet attachement à la monarchie britannique n’était que l’envers de la médaille du type de (bi)nationalisme que prônait M. Harper : un Canada fier de son histoire, un Canada fondé en français par des Français, mais un Canada qui s’inscrit dans la continuité de ses institutions d’origine britannique. D’une part, M. Harper célébrait les origines françaises du Canada et reconnaissait la nation québécoise. De l’autre, il soulignait le jubilée de diamant de la reine Élizabeth II.On peut ne pas être d’accord avec l’un ou l’autre, mais on ne peut pas dire que l’exercice n’est pas cohérent. Comment réconcilier les nationalismes québécois et canadien-anglais autrement ? Chaque fois qu’un geste était posé en faveur de l’un, M. Harper payait un prix politique par l’autre. C’est à se demander si ces deux nationalismes sont réconciliables ou s’ils pourront l’être un jour.

Néanmoins, cette approche d’équité a créé une période de stabilité rarement observée dans la fédération canadienne depuis la naissance du mouvement souverainiste au Québec, dans les années 60. Une « paix constitutionnelle » – ou plutôt une « trêve constitutionnelle », puisque la signature de l’un de ses peuples fondateurs manque toujours au bas de la Constitution canadienne.

Certes, cette approche du fédéralisme ne s’est jamais traduite par un appui massif des Québécois envers le PCC, parce que le gouvernement Harper n’est jamais parvenu à « connecter » avec une grande proportion de Québécois. Mais il a certainement réussi à créer ce qu’on pourrait appeler une « harmonie opérationnelle ».

Une majorité de Québécois ne s’identifiaient pas aux politiques du gouvernement Harper, mais cette différence d’opinion n’était pas existentielle, contrairement aux débats qui ont fait rage avec les précédents gouvernements libéraux dans les années 90 et au début des années 2000. Pendant l’ère Harper, il s’agissait en fait de débats idéologiques normaux dans le cadre d’une fédération. Chacun s’occupe de ses champs de compétences, on n’est pas obligé d’être d’accord.

L’abolition du registre des armes d’épaule n’a pas plu aux élus de l’Assemblée nationale, mais elle ne remettait pas en cause les pouvoirs constitutionnels du Québec. Au contraire, le gouvernement du Québec était habilité à créer son propre registre en vertu des pouvoirs qui lui ont été conférés par la Constitution de 1867, et c’est exactement ce qu’il a fait. Et cela est sain dans une fédération.Il ne fait aucun doute que ce fédéralisme d’ouverture, pratiqué dans le respect des champs de juridictions des provinces, a contribué au déclin du mouvement souverainiste québécois. En l’absence de débats existentiels, la joute s’est plutôt transportée sur le terrain idéologique.

La trajectoire du Bloc québécois en est une des preuves les plus éloquentes. Forcé d’applaudir la reconnaissance de la nation québécoise et le règlement du déséquilibre fiscal, le chef Gilles Duceppe s’est vu forcé d’affronter le gouvernement Harper en invoquant les valeurs progressistes de beaucoup de Québécois. Il avait beau s’époumoner à affirmer que les politiques conservatrices heurtaient le Québec, la vérité était plutôt à l’effet que les politiques conservatrices heurtaient la gauche québécoise, au même titre qu’elles heurtaient la gauche canadienne-anglaise. Elles ne constituaient pas une menace existentielle au Québec même.En d’autres mots, le progressisme n’est pas une prémisse fondamentale du nationalisme québécois, tout comme le conservatisme n’en est pas une menace. Gilles Duceppe l’a appris à la dure en 2011 lorsque lui-même et son parti ont été victimes de la « vague orange » du NPD.

Une ère de trêve constitutionnelle

Tranquillement, le paysage politique québécois est passé de l’axe fédéraliste- souverainiste à l’axe gauche-droite. Une transformation qui est en partie attribuable à la façon dont Stephen Harper a géré les relations fédérales-provinciales. L’élection de 2015 a quelque sorte concrétisé ce nouvel état de fait, quatre partis ayant fait élire plusieurs députés au Québec, dont le Parti conservateur, qui n’a jamais connu autant de succès sans former le gouvernement depuis plus de cent ans dans la province.

Qui plus est, les Québécois auraient très bien pu donner une majorité au Parti québécois, en guise de rejet d’un Canada dirigé par Stephen Harper, en 2012 ou en 2014. Le fait qu’ils n’aient pas choisi cette voie est une preuve supplémentaire de la thèse que j’avance, c’est-à-dire que le fédéralisme tel que pratiqué par Stephen Harper a créé une période de stabilité constitutionnelle sans précédent dans l’ère moderne.

En fait, en 2012, notre impression était la suivante : les Québécois avaient élu le Parti québécois non pas en raison de sa position souverainiste, mais en dépit de celle-ci. L’élection du PQ avait été favorisée par l’alternance du pouvoir, après 9 ans de règne libéral. Malgré le contexte, le PQ n’a remporté l’élection que par quatre

Réforme du Code du travail : premier test social pour Emmanuel MacronLa manifestation parisienne a rassemblé mardi le 12 sept. 24 000 personnes, a déclaré la préfecture de police de Paris, contre 60 000 selon la CGT.

Par Le Point.fr

Ce qu’il faut retenir :

- Première manifestation et premier test pour le quinquennat Macron. La CGT, FSU, Solidaires et l’Unef ont lancé un appel à des grèves et à des manifestations partout en France ce mardi. Objectif : dénoncer la réforme du Code du travail portée par le gouvernement d’Édouard Philippe et qualifiée de «régression sociale».

- Le cortège parisien s’est élancé vers 14 h 20 de la place de la Bastille vers la place d’Italie, au son d’une fanfare animée par des forains, certains déguisés en clowns. Le cortège a été stoppé à plusieurs reprises par des heurts et les forces de l’ordre ont répliqué à des jets de projectiles en faisant usage de gaz lacrymogènes et d’un canon à eau.

- Selon la CGT, le nombre de manifestants a atteint 60 000 rien qu’à Paris. La préfecture de Paris évoque 24 000 personnes. «C’est une première qui s’annonce réussie», a dit le numéro un de la CGT, Philippe Martinez, au départ de la manifestation parisienne. Le leader syndical s’est félicité «de la très forte mobilisation déjà en province». En tout, selon la CGT, on comptait 400 000 manifestants sur tout le territoire. Selon le ministère de l’Intérieur, ils étaient 223 000.

sièges, dépassant le PLQ dans le vote populaire par un seul point de pourcentage.

Le 7 avril 2014, les Québécois ont massivement rejeté l’ambiguïté référendaire de Pauline Marois et du PQ. Ils ont également confirmé que le Québec était entré dans une ère de trêve constitutionnelle.

Au moment d’écrire ces lignes, le paysage politique est radicalement différent de celui que nous connaissions en 2006, lorsque Stephen Harper est devenu premier ministre. Au fédéral, le Québec est représenté au sein de quatre partis. Et au provincial, depuis l’élection de 2007, le Québec semble sorti de son bipartisme traditionnel avec la dislocation graduelle des nationalistes, qui sont désormais dispersés dans plusieurs partis, ne faisant plus tous de la souveraineté leur priorité. Cela pourrait indiquer un réalignement à venir. Même le chef du Parti québécois évite de parler d’un troisième référendum !

Et pour la première fois depuis l’élection du PQ en 1976, un tiers parti, la CAQ, a remporté suffisamment de sièges à l’Assemblée nationale lors de deux élections consécutives pour être un parti reconnu au Parlement. Un signe indéniable que les temps ont changé, et que les débats de l’avenir sur l’axe gauche-droite s’annoncent intéressants.**Carl Vallée a été attaché de presse et conseiller du premier ministre Stephen Harper de 2009 à 2015. Il est aujourd’hui associé au cabinet d’affaires publiques HATLEY, Conseillers en stratégie

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Vergonha do nome Por João Almeida Moreira

Pouca gente saberá quem é Brian William Stuart-Houston.

Natural de Patchogue, Long Island, nos EUA, Brian, hoje com 52 anos, é o mais novo dos quatro filhos de Phyllis Jean Jacques e William Patrick Stuart-Houston, ambos já falecidos.

William Patrick, nascido em Liverpool, Inglaterra, numa casa mais tarde destruída por um bombardeamento na segunda guerra mundial, emigrou para os EUA no final dos anos 30, a tempo de servir a marinha americana como ajudante de farmacêutico durante o conflito.

A mãe de William, portanto avó de Brian, era a irlandesa Bridget Dowling, nascida e criada em Dublin. O pai de William, logo avô de Brian, era um austríaco errante, de mil e uma profissões, que se separou de Bridget ainda nos anos 20 do século passado. Chamava-se Alois. Alois Hitler.

Foi o irmão mais novo de Alois – um tal de Adolf – que mandou bombardear Liverpool. E foi contra ele que William Patrick, que decidiu adoptar o fictício Stuart-Houston para preservar a família, lutou nos mares do Pacífico.

Brian William Stuart-Houston, que não tem filhos, tal como os seus três irmãos, é pois sobrinho-neto do ditador e o mais novo descendente de Hitler conhecido. Dos 18 motivos listados pelo governo dos EUA para mudanças do nome de família, além dos mais comuns por razões matrimoniais, há também trocas por herança, por transgenderismo, por motivações artísticas ou por questões religiosas – como Muhammad Ali, ex-Cassius Clay.

O costume é aliás bíblico: Jesus Cristo rebaptizou, para os renovar e responsabilizar, Levi como Mateus, Saulo de Tarso como Paulo e Simão como Pedro, o primeiro papa. E mesmo hoje ninguém trata os dois papas, o emérito Bento XVI e o de facto Francisco como José ou Jorge, os seus nomes de baptismo.

Mudar de nome não é, pois, pecado. Nem vergonha. Mas pode ser falta dela. É o caso da avalanche de mudanças de nomes na política brasileira.

Das quase três dezenas de partidos com assento parlamentar no Brasil, cerca de metade tem como objectivo – declarado e despudorado – infiltrar-se nas entranhas do estado e trocar cargos, honras e dinheiro pelo peso dos seus votos sem gota de motivação ideológica ou programática.

Como esse sistema, apodrecido mas longe de extirpado, ficou exposto em carne viva na Operação Lava-Jato, o povo ganhou aversão aos partidos – e à palavra partido.

Vai daí, as lideranças políticas de alguns desses partidos contrataram marqueteiros que transformaram o PTN em Podemos, o PSDC em DC, o PTdoB em Avante, o PSL em Livres e o PEN em Patriotas para as eleições de 2018. Até o PMDB, partido do presidente Michel Temer e paradigma do atraso brasileiro, cogita passar a MDB, a sua antiga denominação.

Cai o “p” de partido mas fica, inteirinha, a estrutura clientelista e oportunista de sempre.

Os pacatos e honrados Stuart-Houston mudaram de nome para romper com um passado sombrio a que são alheios. Os partidos brasileiros mudaram de nome para que o passado sombrio da política à brasileira de que são responsáveis se perpetue.

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Terra(s) de Sefarad. Bragança 2017 e a herança judaica

Por Paulo Mendes Pinto

Entre 15 e 18 de Junho, em Bragança procura-se fazer o reencontro com a memória, que é um trabalho de busca e de redescoberta de uma identidade que, enquanto colectivo, nos foi roubada.

Podíamos remeter o nosso pensamento para o ano de 1536, ano da instalação da Inquisição em Portugal. Mas poderia ser 1532, ano em que Portugal fora sacudido por mais um sismo, o acontecimento lido como sobrenatural e que dera o último fôlego, a última força ao desejo de instalar em Portugal esse tribunal religioso. Parafraseando Rui Zink, esse cataclismo viera “Instalar o Medo”, num quadro onde ele já grassava há mais de dois séculos. Agora estava montado como forma de gerir o quotidiano.

De facto, não sei como fazer nem como pontear uma genealogia do medo em Portugal. Mas ela foge a todas as racionalidades, tal como hoje. Temos excepcionais condições de segurança, de sociedade, mas vivemos enclausurados num qualquer jornal sensacionalista que nos cria um mundo pleno de violações, de homicídios, de pais que molestam filhas, entre tantas outras barbáries, fazendo com que os nossos mais idosos ou mais sugestionáveis percepcionem um mundo onde essa narrativa se torna mesmo verdade, apesar de a realidade afirmar o oposto.

Tanto é assim agora, como o era em 1532. Os judeus eram o bode-expiatório normal, comum numa cultura onde o popular, no seu sentido mais negativo, era a tónica comum. Já em 1506 uma pregação inflamada de um frade fizera com que morressem umas 4000 pessoas em Lisboa. Nesse ano de 1532 morrerão mais, em várias cidades onde as hordas, inflamadas por pregações radicais, saíram pelas ruas matando quem fosse visto como cristão-novo ou cripto-judeu. A lógica era a mais pré-cartesiana que possamos conceber, sem justificação lógica ou simples sentido humanista, sem qualquer patamar de crítica.

E foi neste quadro mental que se passaram os 300 anos seguintes, uma forma de estar que se afirmou como forma de ser, onde a calúnia se tornou inteligência social, onde a denúncia maldosa se afirmou como instrumento de sobrevivência, onde a acusação que levava à morte foi banal como ferramenta de acerto de contas.

Os cristãos-novos, os cripto-judeus, foram o grande alvo desta forma doentia de ser comunidade que os vários pedidos de perdão não destroem. Sim, Mário Soares fez esse gesto nobre e digno de pedir perdão pela perseguição aos

judeus. O Patriarca de Lisboa seguiu os seus passos. Mas a cultura popular, o quadro das mentalidades, essa ficou, e prospera neste cadinho de medos e verdades feitas de que é montada toda uma realidade de fake news onde parte da nossa população vive alheada dos verdadeiros problemas do seu mundo.

Nestes dias, entre 15 e 18 de Junho, em Bragança, o Terra(s) de Sefarad procura fazer este trabalho de reencontro com a memória, que é um trabalho de busca e de redescoberta de uma identidade que, enquanto colectivo, nos foi roubada; um direito a uma herança que foi escondida, obliterada, escamoteada e que, hoje, percebemos ser uma imensa realidade a que não podemos, nem devemos fugir.Em pleno Renascimento, com o impulso formidável dos Descobrimentos, conseguimos nagar o direito à liberdade religiosa aos judeus portugueses, primeiro, e depois convertê-los à fora ao cristianismo e, por fim, perseguir os que, não querendo ser cristãos, eram acusados de ser ainda “judaizantes”. Destes, muitos morreram, outros esconderam-se, e grande parte deles fugiu.

Eram portugueses que apenas tinham como marca distintiva o facto de terem outra religião. E “apenas” porque eram os mais cultos, os mais alfabetizados, os mais conhecedores nos campos das várias ciências da época. Foram estes, os nossos melhores, que perseguimos, definindo uma mediania, que é uma mediocridade, que ainda hoje nos persegue nas taxas de sucesso escolar e nos níveis culturais.

Conseguir, após estes séculos, regressar à temática sefardita, numa das cidades mais emblemáticas para este tema, é imagem de uma imensa coragem e de uma ainda maior visão da autarquia de Bragança.

Hoje, praticamente não há judeus em Bragança. No início do século XX, durante a I República, ainda se organiza uma comunidade de cidadãos brigantinos que, em liberdade, regressa à fé dos seus antepassados que tinham de manter escondida entre as paredes da privacidade.

Mas, seja pelo que o estudo do ADN já nos mostrou, seja pela cultura, seja pelo cosmopolitismo que marca a cultura judaica sefardita, hoje somos todos Terra(s) de Sefarad. Somos todos essa herança ligada à inovação, ao crescimento, à luta pela cultura e pela qualidade que marcou as comunidades de portugueses judeus.

Vivemos tempos marcantes em que a Liberdade Religiosa nos permite, em consciência, olhar para o passado e ver como ele nos pode ajudar na cidadania do futuro. Não só o diálogo e o respeito devem ser cada vez mais a norma, como a diferença precisa de ser valorizada como um património e uma riqueza que é de todos; dos judeus, mas também dos cristãos, dos ateus, entre tantos outros que hoje, como pessoas de boa vontade, procuram as ferramentas para uma cidadania consciente.

CIÊNCIA DAS RELIGIÕES

Coordenador da área de Ciência das Religiões da Universidade Lusófona. Embaixador do Parlamento Mundial das Religiões e fundador da European Academy of Religions. É especializado em História das Religiões Antigas (mitologia e literaturas comparadas), mas dedica parte dos seus trabalhos a questões relacionadas com a relação entre o Estado e as religiões. Na área da Ciência das Religiões, é o responsável por diversos projectos de investigação, especialmente na relação entre as Religiões e a escola, assim como no desenvolvimento de uma cultura sobre as religiões como componente de cidadania. É ainda investigador da Cátedra de Estudos Sefarditas «Alberto Benveniste» da Universidade de Lisboa. É Membro do Conselho Consultivo da Associação de Professores de História. É director da Revista Lusófona de Ciência das Religiões. Recebeu a Medalha de Ouro de Mérito Académico da Un. Lusófona em 2013.

Sinagoga de Belmonte

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Tudo para perceber como foi escolhido o SIRESP mais caroPORTUGAL

Por Pablo Blazquez Dominguez / GettyImages

A EADS, hoje Grupo Airbus, prometera um SIRESP seis vezes mais barato (€90 milhões em vez de €533 milhões), mas a proposta foi travada. Para a PJ, o então ministro Daniel Sanches tornou-se o principal suspeito de interferência no negócio, que envolvia a SLN

No final de Maio de 2001, Almiro de Oliveira – presidente do grupo de trabalho criado pelo governo de Guterres para estudar um sistema de telecomunicações e emergência – recebeu na sua secretária uma carta da EADS Defence & Security Networks, hoje Grupo Airbus e uma das principais especialistas em radiocomunicações digitais para a segurança pública. Nessa carta, a EADS oferecia uma tecnologia digital (a TETRAPOL) reconhecida pelo espaço Schengen, já operacional em 27 países, entre eles França e Espanha, e com capacidade para ser “uma infra-estrutura compartida” entre todas as forças de segurança e de emergência portuguesas. Prometia cobertura do território nacional em 95% do tempo e 90% do espaço, oferecia um sistema que permitiria aos bombeiros nunca deixarem de comunicar entre si quando estão fora da zona de cobertura. E o bónus para o Estado português é que a empresa estimava o custo para fornecimento destes “equipamentos e prestação de serviços associados” em apenas €90 milhões, cerca de seis vezes menos do que viria a custar o Sistema Integrado das Redes de Emergência e Segurança (SIRESP) adjudicado ao consórcio SLN/Motorola (€532,8 milhões na proposta inicial).

A EADS manteve os contactos com o grupo de trabalho liderado por Almiro de Oliveira e chegou a convidá-lo a conhecer as redes de emergência e comunicações que desenvolvera em Espanha e em França. Em Maio de 2003, a empresa foi uma das cinco contactadas oficialmente para apresentar uma proposta para um SIRESP – a par da Siemens, da Motorola, da Nokia e da OTE. A 11 de Julho desse ano, teve acesso ao caderno de encargos em que se definiam todas as condições do projeto.

No fim do prazo estipulado para apresentação de propostas, em Setembro de 2003, só o consórcio que integrava a Motorola, a SLN, a Esegur, a Datacomp e a PT Ventures tinha apresentado uma candidatura. Não que outros concorrentes não tivessem mostrado interesse. A meio do verão, os representantes da EADS pediram o alargamento do prazo, argumentando que, devido aos incêndios que lavraram em Portugal nesse período, não tinham conseguido visitar os locais onde deveriam ser instaladas as estações-base nas datas agendadas no programa de visitas, organizado pelo Gabinete de Estudos e de Planeamento de Instalações (GEPI). A 29 de Agosto, a Comissão de Avaliação negou o pedido da EADS, considerando-o “extemporâneo”, e alegando que o argumento dos incêndios florestais “carecia de fundamento” e de “razoabilidade”, pois todas as empresas convidadas tinham tido as mesmas oportunidades e imprevistos e mais nenhuma se tinha queixado ou pedido o adiamento. ERA PARA O EURO, MAS AFINAL...

Não conformada, a EADS interpôs um recurso hierárquico para o então ministro da Administração Interna, alegando estar em causa o princípio da concorrência. A 8 de Setembro de 2003, Figueiredo Lopes indeferiu o pedido, esclarecendo que o mesmo era “extemporâneo” porque “inoportuno” e “sem fundamento”.

A empresa, ainda assim, não se conformou, e a 15 de Setembro, data limite para apresentação de propostas (esse prazo tinha sido entretanto adiado de dia 1 para 15), voltou a protestar junto da Comissão de Avaliação do Ministério da Administração Interna (MAI), levantando pela primeira vez as suspeitas de que empresas concorrentes teriam tido acesso a informações privilegiadas sobre o concurso antes de receberem o caderno de encargos: “Face às atuais condições e com as informações que foi possível obter nas mencionadas circunstâncias, a EADS Telecom considera que não estão reunidas as condições necessárias para que nenhuma empresa, sem informação previamente adquirida, possa elaborar um estudo técnico-económico (…) e consequentemente proposta que venha a adequar-se aos interesses e objetivos estabelecidos pelo Estado português”.

A empresa reiterava que a sua tecnologia serviu eventos como o Mundial de Futebol de Paris, em 1998, e que todos os seus projectos tinham sido entregues dentro dos prazos. Porém, o prazo para o concurso português (cerca de um mês e meio, alargado depois para dois meses), alegava a EADS, não era suficiente para apresentação de uma proposta “adequada e fiável”.

Apesar de só ter sido apresentada uma proposta a tempo e horas, e de esta ter sido avaliada entre o “medíocre e o suficiente” pela Comissão de Avaliação – que pediu a sua reformulação –, o MAI não viu razões para alargar o prazo, permitindo que outros interessados apresentassem outros sistemas e preços mais competitivos.

A revolta da EADS por não ter conseguido apresentar um projecto não acabou ali. A 7 de Abril de 2004, a empresa voltou a contestar, escrevendo desta vez uma carta ao então primeiro-ministro, Durão Barroso. Onde estava afinal o sistema SIRESP – que, de acordo com o contracto, já devia estar prestes a entrar em funcionamento –, perguntavam os responsáveis da EADS. A questão era da maior importância porque um dos motivos para as empresas convidadas não terem participado foi precisamente a urgência: o Estado queria um sistema pronto a funcionar no Euro 2004. Mas o Europeu de Futebol estava à porta e não havia SIRESP. E isso, por si só, argumentava a EADS, era motivo suficiente para anular o contracto feito com a SLN/Motorola, para abrir um novo concurso e permitir que o Estado recebesse propostas mais “competitivas”.

“Deste modo”, alegou a EADS, “ficou Portugal privado da possibilidade de avaliação de propostas alternativas assentes em tecnologias experimentadas, com particular sucesso nos sistemas de comunicações de emergência e segurança de diversos países (…) e quiçá financeiramente mais vantajosas.”

Mais uma vez, nada aconteceu. O MAI argumentou até, em resposta ao gabinete do primeiro-ministro, que a urgência do SIRESP nada tinha a ver com o Euro 2004. Não era verdade. No despacho do próprio ministério, de Setembro de 2003, que indefere o recurso hierárquico interposto pela EADS, Figueiredo Lopes dera como exemplo da urgência da entrada em funcionamento do SIRESP a necessidade de segurança acrescida no campeonato de futebol organizado por Portugal. Os prazos para entrega das propostas não podiam ser dilatados porque a primeira fase de implementação do sistema teria de estar pronta “impreterivelmente” até ao final de abril de 2004, conforme constava do caderno de encargos.

O ARGUIDO QUE NUNCA O FOI

Todas estas reclamações e consequentes respostas constam do processo judicial que investigou a adjudicação do SIRESP, entretanto arquivado e que a VISÃO consultou. Os inspectores da Polícia Judiciária (PJ), que tomaram conta do caso quando ainda era apenas uma investigação preventiva, estranharam as respostas aos protestos da EADS e quiseram ouvir a empresa. Um vice-presidente e outro alto responsável da EADS deslocaram-se a Lisboa em Maio de 2005 para serem ouvidos: confirmaram que os prazos obrigatórios para apresentação das propostas, mesmo para uma empresa com aquela experiência, eram impossíveis de cumprir; defenderam que o lançamento de um novo concurso público teria deixado todos os concorrentes em posição de igualdade e ainda acrescentaram que, se o Estado português quisesse anular a adjudicação do SIRESP, continuavam disponíveis para apresentar uma alternativa. Dado o tempo decorrido, seria possível propor tecnologia mais avançada a um preço mais competitivo.

Ao analisar a cronologia das reuniões e da correspondência entre o MAI e o consórcio da Motorola sobre o Euro 2004, a PJ descobriu outro dado curioso: como o consórcio não conseguiu completar o SIRESP a tempo dos jogos do Europeu, ofereceu a determinada altura um sistema alternativo de cobertura mínima para os locais dos jogos com maiores níveis de risco. O MAI não reclamou por não estarem a ser cumpridos os requisitos do caderno de encargos – e ainda agradeceu ao consórcio por apresentar aquela alternativa. Que, afinal, ao que tudo indica, também não terá chegado a ser usada.

A PJ decidiu abrir uma averiguação preventiva a 23 de Março de 2005, dia em que o jornal Público noticiou que o SIRESP tinha sido adjudicado por um despacho conjunto dos então ministros das Finanças e da Administração Interna, Bagão Félix e Daniel Sanches. Não só com a agravante de o despacho ter sido

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assinado três dias após as eleições antecipadas – ou seja, com o governo em gestão – como também com o facto de Daniel Sanches ter ligações ao consórcio vencedor, do qual fazia parte a Sociedade Lusa de Negócios (SLN) – holding de que o ex-deputado do PSD Dias Loureiro era accionista e Oliveira e Costa, presidente.

O mais curioso do processo é que, apesar de Daniel Sanches nunca ter sido ouvido sequer na qualidade de testemunha, o seu nome ficou gravado na primeira página do primeiro volume do processo, no quadro onde se escrevem os nomes dos arguidos. Ou seja, Sanches foi o primeiro suspeito desde que nasceu o processo. Os inspectores da PJ construíram enormes organogramas para demonstrar as ligações entre o ex-ministro e as empresas que integravam o consórcio vencedor do contracto do SIRESP. Chegaram ao ponto de desmontar um direito de resposta que o antigo ministro, ex-director-adjunto da PJ e ex-director-geral do Serviço de Informações e Segurança (SIS), publicara no Público, a 28 de Abril de 2005.

Para começar, contestou a PJ, não era verdade que a proposta do consórcio SLN/Motorola tivesse sido admitida sem qualquer reclamação, como dizia Daniel Sanches. Afinal, a 15 de Setembro de 2003, a EADS protestara e levantara suspeitas de acesso privilegiado a informação. Também não era verdade que o SIRESP fosse inadiável devido a uma resolução do Conselho de Ministros que aprovava o plano de combate aos fogos florestais para 2005. Esse plano, constatou a PJ, falava do aperfeiçoamento da rede VHF em banda alta, mas não do SIRESP. Daniel Sanches insistiu na tecla de que o SIRESP não tinha sido pensado tendo em vista o Euro 2004. A PJ não precisou de pesquisar muito: uma resolução de Conselho de Ministros de 2003 definia que a primeira fase de implementação do projecto deveria estar concluída entre 2003 e 2004, precisamente nos locais onde se iria disputar o Europeu.

TRÁFICO DE INFLUÊNCIA?

Daniel Sanches ainda invocou não existir “qualquer incompatibilidade”, pois a adjudicação tinha sido feita a uma “entidade absolutamente nova, resultante de uma associação de empresas” em que não tinha capital e a cujos corpos sociais nunca pertencera. A PJ tinha outra opinião: no relatório e contas de 2003 do BPN, Daniel Sanches figurava como membro da assembleia-geral. O banco era detido a 100% pela SLN. Sanches tinha ainda sido administrador da Plêiade Investimentos e Participações, cargo a que renunciou em Julho de 2004 para tomar posse como ministro da Administração Interna do governo de Santana Lopes. No conselho de administração da Plêiade e da SLN estiveram também o ex-ministro Manuel Dias Loureiro e Lencastre Bernardo (que passara também pela administração das empresas VSegur e Serviplex, à semelhança de Daniel Sanches).

No final da primeira fase de investigação, a 27 de Maio de 2005, os inspectores pediram para ser aberto um inquérito. Tinham encontrado elementos que indiciavam “a prática de actos ilícitos” e uma “demonstração clara” de que o consórcio a quem havia sido adjudicado o SIRESP tivera “conhecimento antecipado e privilegiado sobre as condições em que o mesmo ia decorrer”, razão pela qual teriam tido reuniões em Dezembro de 2002 quando a apresentação oficial fora feita apenas em Maio de 2003. Por outro lado, era para os investigadores incompreensível a renegociação da proposta da Motorola quando já se sabia que os prazos não seriam cumpridos. Em causa estavam suspeitas de tráfico de influência e de participação económica em negócio.

O procurador José Maia consentiu e o processo transformou-se em inquérito. Entraram na investigação novos inspectores da PJ, fizeram-se buscas, foram ouvidos alguns concorrentes (não a EADS) e constituídos arguidos os representantes das empresas que compunham o consórcio vencedor. No final, o procurador do Ministério Público desvalorizou o acto de adjudicação de Daniel Sanches durante o governo em gestão, pois a votação do conselho consultivo da PGR, que considerou aquele acto nulo, não tinha sido unânime. Também não encontrou indícios de que Sanches quisera beneficiar aquelas empresas, ou de que daí tinha tirado qualquer proveito. Foi por falta desses indícios, explicou, que Daniel Sanches nunca foi ouvido no processo. Era preciso, dizia, dar “o benefício da dúvida”. Decorria o mês de Abril de 2008 quando o processo levou o carimbo “arquivado”.

Armas roubadas em Tancos afinal não existiam!!!

Segundo fonte próxima da investigação, as armas supostamente roubadas em Tancos nunca chegaram a existir. O alerta de roubo foi feito para confundir as investigações.

Em causa está a continuação da investigação da sobrefacturação das compras de Material de Guerra - este esquema permitiu a esta rede prejudicar o Estado, em proveito próprio, na ordem dos 100 milhões de euros.

Segundo a mesma fonte, o Material foi objecto de concurso público, adjudicado e pago pelo Estado, só que parte deste material nunca foi entregue embora as guias de remessa tenham sido assinadas e o material dado como conferido e entregue.

O paiol onde supostamente se encontrava o material ia ser objecto de uma inspecção e inventário no âmbito da investigação sobre “corrupção passiva e activa para acto ilícito, abuso de poder e falsificação de documentos”. Tendo a rede simulado este roubo para tentar dissimular os factos...

NDR: para o Governo, seremos nós «matumbos» ?...

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Ciclo “Carlos Seixas: O Esplendor do Barroco”

Retrato póstumo de Carlos Seixas – gravura realizada pelo francês Jean Daullé (1703-1763), a partir de desenho da autoria de Vieira Lusitano.

Nascido em Coimbra em 1704 [11 de Junho], José António Carlos de Seixas era filho do organista da Sé desta cidade Francisco Vaz, a quem sucedeu nesse lugar em 1718. Em 1720 foi admitido como organista e vice-mestre da Capela Real de Lisboa, tornando-se igualmente um professor de música bem cotado, como nos mostra a seguinte passagem do Diário do [...] 4.º Conde de Ericeira, escrita em 1731: «Os Viscondes de Barcarena deram ao músico Joseph Antonio para o seu casamento presentes que se afirma valerem 3 mil cruzados, porque este músico não leva dinheiro pelas lições que dá à Senhora Viscondessa, e a suas filhas». Tendo adquirido o ofício de contador do Mestrado da Ordem de Santiago, em 1738 consegue obter o hábito de cavaleiro da Ordem de Cristo, após nove anos de insistências e de dificuldades, relacionadas com o facto de ter um avô carniceiro e outro alfaiate, e de suas avós serem «mulheres de segunda condição». Vem a falecer em 1742 [25 de Agosto], com 38 anos apenas.

A vida de Carlos Seixas decorre durante uma importante época de viragem na História musical portuguesa, a qual, durante todo o século XVII, permanecera numa situação de quase total isolamento em relação à Europa transpirenaica e de dependência em relação à Espanha. Esse isolamento só se veio verdadeiramente a romper com a subida ao trono de D. João V, em 1706. A abertura à música italiana ocorrida a partir dessa altura foi uma das consequências artísticas da prosperidade financeira decorrente da descoberta do ouro do Brasil, e da utilização dessa prosperidade na prossecução de uma política de prestígio interno e internacional. A enorme importância e influência que a Igreja detinha na sociedade portuguesa da altura explica que D. João V tivesse investido essa nova prosperidade sobretudo no prestígio das instituições religiosas em geral e da sua própria Capela Real em particular, a qual conseguiu ver elevada a Sé Patriarcal logo no início do seu reinado. A reforma das instituições musicais e a importação de músicos italianos está directamente ligada à reforma dessa Capela. Em 1713 foi criado o Seminário da Patriarcal, que iria ser a principal escola de música em Portugal durante o século XVIII, e em 1729 outra escola para o ensino do canto capucho no Convento de S. Catarina de Ribamar, para cuja direcção foi contratado o mestre de capela de S. João de Latrão, Giovanni Giorgi. Com fundos da Patriarcal, D. João V mandou igualmente um certo número de bolseiros estudar música em Roma, entre eles Francisco António de Almeida, João Rodrigues Esteves, Joaquim do Vale Mexelim e António Teixeira.

O contacto preferencial com a música romana está também relacionado com a famosa embaixada do Marquês de Fontes ao Papa. Na embaixada de Portugal em Roma se cantaram nesta época diversas serenatas de Nicola Porpora, Alessandro e Domenico Scarlatti, e Francesco Gasparini. Ao mesmo tempo, entre 1717 e 1719 quatro cantores abandonaram a Cappella Giulia do Vaticano para virem para a Capela Real, e nesse último ano ou no seguinte chegou a Lisboa para ocupar o lugar de mestre desta Capela, o próprio mestre da Cappella Giulia, Domenico Scarlatti. À roda de 1730, havia já 26 cantores italianos na Capela Real e Patriarcal, assim como diversos instrumentistas italianos e de outras nacionalidades. Entre estes, devemos destacar o violinista e compositor genovês Pietro Giorgio Avondano, primeiro de uma longa linhagem de músicos da qual Pedro António Avondano foi o membro mais destacado, e os bolonheses Alessandro Paghetti, director da Academia da Trindade, o primeiro teatro de ópera existente em Lisboa, e Lodovico Filippo Laurenti, autor de um volume impresso de sonatas para violoncelo e baixo contínuo.

Ao contrário dos bolseiros acima citados, Carlos Seixas nunca saiu de Portugal. Mas sem dúvida que através do contacto diário com os seus colegas da Capela Real teve a oportunidade de se familiarizar perfeitamente com as novas correntes musicais italianas. Ao que sabemos, Seixas nunca terá sido chamado a compor nenhuma das serenatas que se cantaram na corte em celebração dos aniversários e festas onomásticas dos membros da família real, ou alguma das raras óperas que no seu tempo aí foram levadas à cena durante o Carnaval. Dele se conhecem somente diversas obras religiosas, uma sinfonia e uma abertura à francesa, um concerto para cravo e orquestra de cordas, e cinco sonatas para cravo, clavicórdio ou órgão, de um total de setecentas que lhe são atribuídas pelo seu contemporâneo Barbosa Machado, na sua Biblioteca Lusitana. Como autor de sonatas para tecla, Seixas ocupa um lugar cimeiro e isolado, no tempo e na importância, entre os nossos compositores do século XVIII. Podemos admitir que dessas sonatas, as mais complexas e virtuosísticas do ponto de vista formal e técnico fossem destinadas aos saraus musicais da corte, ou àqueles que as famílias da primeira nobreza, em imitação daquela, promoviam igualmente em suas casas. Estão neste caso, por exemplo, as sonatas n. °s 19 e 24. Além disso, enquanto organista da Capela Real e Patriarcal, ele terá tido de compor também sonatas ou tocatas para executar no início ou no fim da missa, assim como durante a comunhão ou outros momentos da liturgia que permitiam a execução de solos instrumentais.

Por outro lado, enquanto que Scarlatti teve uma discípula de eleição na pessoa da Princesa Maria de Bragança, uma parte importante das sonatas de Seixas terá sido escrita para alunos principiantes, ou para amadores. Quanto à possível influência de Scarlatti em Seixas, há que ter em conta por um lado que ignoramos totalmente que parte das sonatas de Scarlatti foram escritas durante a sua estadia em Portugal e por outro que se trata de duas sensibilidades musicais muito diferentes. Se bem que possivelmente apócrifa, vale a pena citar a propósito a seguinte anedota contada pelo violinista José Mazza no seu Dicionáno Biográfico, escrito nos finais do século XVIII:quis o Sereníssimo Senhor Infante D. António [irmão do rei D. João V] que o grande Escarlate, pois se achava em Lisboa no mesmo tempo, lhe desse alguma lição, regulando-se por aquela ideia errada de que os Portugueses por mais que façam nunca chegam a fazer o que fazem os estrangeiros, e o mandou ao dito; este apenas o viu pôr as mãos no Cravo, conhecendo o Gigante pelo dedo, lhe disse «Vossa Mercê é que me pode dar Lições!», e encontrando-se com aquele Senhor lhe disse «Vossa Alteza mandou-me examinar, pois saiba que aquele sujeito é dos maiores professores que eu tenho ouvido!».

O gosto de Carlos Seixas, como o do compositor espanhol Antonio Soler, por uma escrita repleta de motivos sumptuosos à maneira de sequências barrocas, numa floresta de modulações — processo de construção que Domenico Scarlatti não empregou — provém, segundo Santiago Kastner, do facto de eles se terem formado musicalmente no estudo dos tentos de Manuel Rodrigues Coelho, Francisco Correa de Araúxo, Juan Cabanilles, etc.. Seixas emprega mais frequentemente que Scarlatti as estruturas irregulares dos períodos musicais. Além disso ele dá grande importância ao aspecto arquitectónico da sonata ditemática nascente, expandindo consideravelmente a segunda parte de muitas das suas sonatas, onde um pequeno número de motivos é objecto de uma longa série de modulações ao longo de tonalidades mais ou menos afastadas da fundamental. A escrita é habitualmente menos densa e polifónica do que a de Scarlatti. De acordo com a prática do baixo contínuo, ela caracteriza-se frequentemente por uma melodia destinada à mão direita, e acompanhada por uma linha de baixo relativamente simples. Tal escrita, destinada sobretudo aos alunos principiantes, não exclui a possibilidade de o executante poder enriquecer harmonicamente a textura sonora, improvisando aqui e além alguns acordes. As suas linhas melódicas têm por vezes o sabor de uma cantilena lírica, prestando-se este tipo de escrita especialmente bem às possibilidades sonoras e expressivas do clavicórdio. A frequência com que, por outro lado, encontramos associado às sonatas de Seixas pelo menos um minuete, cujo tema é por vezes aparentado com o tema principal do andamento inicial da sonata, revela de que maneira a influência da moda e do gosto francês se faziam sentir em Portugal nesta época.

Manuel Carlos de Brito [texto publicado no álbum “Carlos Seixas: Sonatas para Cravo, por José Luis Uriol”, PortugalSom/Secrataria de Estado da Cultura, 1981]Em Março e Abril de 1992, por ocasião dos 250 anos da morte de Carlos Seixa Antena 2, então dirigida por Fernando Serejo, emitiu um interessantíssimo ciclo temático consagrado ao insigne compositor e ao período histórico em que decorreu a sua curta vida, a qual coincidiu com o período áureo do reinado de D. João V. A maioria desses programas foi reposta no espaço “Memória”, e por três vezes – em 2013, em 2014 e em 2015. É de louvar a iniciativa, mas lamenta-se que o ciclo – de inegável interesse, reafirmamos – não fosse resgatado na íntegra, pois, como abaixo de pode verificar, alguns programas foram ignorados.No dia em que se completam 275 anos sobre o falecimento de Carlos Seixas, destacamos o referido ciclo, aproveitando para deixar expresso o pedido de que sejam ainda resgatados os programas em falta. Um pedido que é extensivo a outros memoráveis ciclos temáticos como, por exemplo, um sobre Antero de Quental e outro dedicado a João Domingos Bomtempo.

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L’Ontario, maître de la course au NPDLa course à la direction du NPD n’a pas soulevé les passions, mais elle a surtout marqué un déplacement des membres vers l’Ouest, faisant du Québec un poids plume, explique Karl Bélanger.

Les candidats Jagmeet Singh, Charlie Angus, Niki Ashton et Guy Caron (La Presse canadienne)

Après des mois d’une course plus ou moins palpitante, 124 000 néo-démocrates pourront, dans moins de deux semaines, remplir un bulletin de vote pour choisir le prochain chef du NPD fédéral.

Ce nombre de membres – le triple des effectifs de 41 000 présents au départ de la course – démontre que le parti est somme toute en bonne santé, malgré la défaite crève-coeur de 2015 et la débâcle du congrès d’Edmonton qui a suivi. C’est à peine 4000 membres de moins qu’en 2012, alors que les néo-démocrates pouvaient non seulement choisir leur prochain chef, mais également le prochain chef de l’opposition officielle.

Mais la répartition démographique et géographique des membres est cependant fort différente. La ventilation régionale des membres, dévoilée par le parti la semaine dernière, montre que le NPD a des problèmes au Québec. Avec moins de 5000 membres – une baisse de 7000 comparativement à la course qui a couronné Thomas Mulcair – l’aile québécoise du parti ne représente plus que 4% de l’effectif total.

Un nombre décevant et surprenant, surtout qu’avec 16 députés dans la province, le NPD demeure la deuxième force politique fédérale en importance au Québec – une position confirmée par différents sondages.

Membres du NPD Ontario: 52 000 Colombie-Britannique: 30 000 Manitoba: 10 000 Québec: 5000

La chute démontre avant tout la faiblesse organisationnelle du NPD au Québec: le parti n’y a toujours pas de racines assez profondes. Gagner des sièges supplémentaires en 2019 sera un défi de taille, voire même conserver les sièges actuels. (Mais restons prudents : le parti avait encore moins de membres avant la campagne de 2011, ce qui n’a pas empêché la vague orange de déferler.)

Mais pour les candidats au leadership du NPD, ce n’est pas une excuse. Force est de constater qu’aucune de leurs campagnes n’a été en mesure d’enflammer les Québécois. D’ailleurs, un sondage Léger mené à la fin d’août démontre que 7 Québécois sur 10 ne sont pas intéressés par cette course: 58 % des électeurs sondés ne savent pas qui est leur favori parmi les quatre aspirants, et 22% les rejette tous d’emblée.La difficulté de recruter n’est pas exclusive au NPD. Tous les partis politiques ont du mal à recruter des membres au Québec, fédéraux comme provinciaux. Les scandales reliés au financement douteux des partis, exposés par les commissions Gomery et Charbonneau, ont échaudés les Québécois.

Selon le sondage, aucun des candidats n’obtient un meilleur résultat que le chef sortant Thomas Mulcair. Seul Guy Caron peut trouver matière à se réjouir un peu, lui qui est le seul à atteindre le seuil des 10%. Mais sans une forte base régionale au Québec, ses chances de gagner sont fortement diminuées.

N’empêche, Caron continue d’accumuler les appuis prestigieux, dont celui de l’ancienne chef Alexa McDonough, de l’ancien bras droit de Jack Layton, Brian Topp, et de l’ancien chef ontarien Howard Hampton, en plus de quatre de ses

collègues au caucus du NPD, tous québécois. La plupart des observateurs estiment que Caron serait le deuxième choix de la plupart des partisans des autres candidats. Pour en profiter, Caron devra en convertir plusieurs d’ici la tenue du scrutin. Sinon, il risque de se retrouver au dernier rang.

Pour les candidats au leadership, les données régionales sont révélatrices de leur force respective. Le candidat qui aurait recruté le plus de membres au Québec serait Jagmeet Singh, député provincial en Ontario. Considérant les chuchotements de certains députés en coulisses et les déclarations publiques d’autres néo-démocrates par rapport à un candidat portant des signes religieux ostentatoires, on se serait attendu à un effort d’organisation musclé pour lui bloquer la route.

Or, celui sur lequel misait les députés québécois pour arrêter Singh, le britanno-colombien Peter Julian, a jeté l’éponge au début du mois de juillet. Malgré l’appui de cinq élus (et de cinq anciens) du Québec, Julian n’a pas été en mesure de bâtir l’organisation et de rassembler le financement nécessaire à la victoire.

Avec plus de 10 000 membres, le Manitoba, province natale de la candidate Niki Ashton, revendique la quatrième concentration de membres du NPD, à quasi-égalité avec l’Alberta. Mais ce nombre est en partie gonflé par la course au leadership du NPD provincial, où le père d’Ashton est sur les rangs. Mais les couteaux volent bas au Manitoba, où Steve Ashton pourrait en sortir perdant – alors que le meneur Wab Kinew s’est rangé dans le camp Singh. Pour Niki Ashton, populaire auprès de l’aile radicale du parti et qui compte sur l’appui de trois députés du Québec, ce n’est pas bon signe.

Les véritables champs de bataille demeurent la Colombie-Britannique, avec plus de 30 000 membres gonflés à bloc par l’arrivée au pouvoir du gouvernement néo-démocrate, et l’Ontario, avec 52 000 membres. Ces deux provinces comptent, à elles seules, plus du deux tiers des membres du NPD.

Pour Jagmeet Singh, c’est une bonne nouvelle. Il se vante d’ailleurs d’avoir recruté plus de 47 000 nouveaux membres, principalement dans les grandes régions de Toronto (25 000) et de Vancouver (8 000), où les organisateurs sikhs ont travaillé sans relâche auprès de leurs communautés. À Surrey, où les Sikhs forment près du quart de la population, Singh aurait recruté plus de 3000 nouveaux membres. C’est un enthousiasme qui se comprend.

Cela laisse donc 36 000 nouveaux membres divisés entre les autres camps, et parmi eux, l’ex-président du caucus Charlie Angus est considéré comme ayant la meilleure organisation. Le député nord-ontarien semble actuellement celui qui a le plus de chances de coiffer Jagmeet Singh au final. Sous plusieurs conditions.Historiquement au Canada, à peine plus de la moitié des membres éligibles votent lors d’une course au leadership permettant à l’ensemble des membres de voter. En 2013, lorsque les libéraux ont élu Justin Trudeau, seulement 104 000 des 294 000 partisans ont voté, soit 35,5 %. Ce printemps, seul 55 % des 140 000 conservateurs éligibles ont participé à l’élection qui a couronné Andrew Scheer. Et pour remplacer Jack Layton à la tête du NPD en 2012, Thomas Mulcair a gagné un scrutin où seulement 65 000 membres sur 128 000 éligibles, soit 51 %, ont fait entendre leur voix.

C’est donc dire que si les 47 000 nouveaux membres recrutés par Singh votent en masse, il sera difficile à battre. Mais si la tendance se maintient et que seulement la moitié d’entre eux le font, la victoire est beaucoup moins évidente. Singh devra convaincre au moins le quart des membres de longue date de voter pour lui, c’est-à-dire environ 10 000 membres.

Des sondages récents effectués auprès de ces membres montrent que Singh se place cependant derrière tous les autres candidats, avec 14% d’appuis, alors qu’Angus est largement en avance, avec 42%.

Le résultat risque donc d’être serré à l’issu du premier tour, le 1er octobre. La clé, pour Angus, est d’obtenir l’appui des « Ashtonistas » et des « Caronistes » lors des deux tours subséquents. Le camp Singh, au contraire, fera tout en son pouvoir pour faire sortir son vote rapidement et tenter de l’emporter dès le premier tour, ses chances diminuant par la suite, comme ce fut le cas pour Maxime Bernier face à Andrew Scheer chez les conservateurs.

Deux stratégies, deux chemins vers la victoire, deux candidats forts différents. Mais une quasi-certitude: le prochain chef du NPD sera un Ontarien.

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Quand les féministes s’allient aux terroristes islamistes

par Majid RafizadehTraduction du texte original: When Feminists Join Islamist Terrorists

• Non seulement ces prétendues féministes ferment les yeux sur ces atro-cités, mais leur présence à ces événements soutient et légitimise ces dictateurs.

• Quand on pense à ces millions de femmes opprimées dans le monde entier - comme Asia Bibi, une mère chrétienne qui vit depuis sept ans dans le couloir de la mort au Pakistan pour un verre d’eau ; ou comme cette fille de 19 ans violée par son cousin sous la menace d’une arme à feu et ensuite condamnée à mort par lapidation pour « adultère » ; ou comme toutes ces femmes obligées de se marier avec leurs violeurs ; ou comme ces 12 000 mariages d’enfants qui ont lieu chaque jour ; ou comme ces femmes battues par leurs maris ou défigurées à l’acide en guise de punition ; ou comme ces femmes utilisées comme kamikazes.

•• Quand Mogherini sourit sous son hijab en Iran, elle poignarde dans le

dos ces mouvements de femmes qui luttent contre le hijab obligatoire et pour l’égalité des droits politiques, civiques et éducatifs. Elle cautionne

• la répression.•

Les sociaux-démocrates et toutes celles qui se disent féministes ont haussé le ton pour que le message passe sur tous les sujets qui comptent : égalité entre les sexes, libertés individuelles et défense des droits des femmes. Ces valeurs sont universelles affirment-ils ; chaque personne, et chaque femme en particulier, partout dans le monde, a des droits « inaliénables ». Des discours sont prononcés, des collectes de fonds ont lieu, et une armée de manifestants se lève pour la cause.

L’égalité est la règle et chacun a les mêmes droits. Les slogans, les discours mobilisateurs, la détermination affichée à l’occasion d’interviews télévisées et dans les pages des magazines, remplissent d’enthousiasme le cœur des militants. Mais derrière ces beaux discours, quelle est la réalité?

Aux côtés de dizaines de sociaux-démocrates, Federica Mogherini, haute représentante de l’Union européenne pour les affaires étrangères et la politique de sécurité, s’est rendue en voyage officiel en Iran pour assister à l’intronisation officielle du président du régime, Hassan Rouhani et aux cérémonies d’inauguration. Au lieu d’appliquer les normes qu’elle professe - comme le soutien au droit des femmes - elle s’est pliée aux règles de son environnement. Parmi les invités, on comptait les Nord-Coréens, les représentants du Hezbollah et les dirigeants du Hamas, trois groupes connus pour leur cruauté, leurs crimes contre les femmes et contre le reste de l’humanité.

Quand des sociaux-démocrates comme Mogherini participent à des cérémonies organisées par des États répressifs qui appliquent la loi islamique et la charia, ils cautionnent et apportent leur légitimité à ces régimes. Quand Mogherini s’affiche au coude à coude avec des hommes qui ont ordonné la mort de milliers de femmes (et d’hommes), elle répond aveuglément à leurs attentes. Au lieu de marquer sa différence, elle cautionne l’oppression qui frappe depuis si longtemps toutes les femmes qu’elle prétend représenter.

Par son attitude, Mogherini a durci la question du despotisme. Au lieu de se donner à voir comme une responsable politique qui tenterait d’infléchir ces leaders islamistes violents, elle a agi comme s’ils étaient ses amis. Elle a consenti fièrement aux selfies des parlementaires de ce régime répressif. Un évènement qui attiré l’attention des médias internationaux. Certains députés ont diffusé les selfies qu’ils ont pris de Mogherini pour étayer leur légitimité au sein de la communauté internationale ; d’autres ont fait imprimer des affiches d’eux-mêmes avec Mogherini portant le hijab obligatoire. Mogherini, une politicienne social-démocrate autrefois membre du parti communiste italien, censée défendre les droits des femmes, s’est fait un plaisir de se plier elle-même à la règle islamiste du hijab obligatoire. Cet acte de conformité envoie un message brutal et irrévocable. Les femmes dans ces sociétés islamistes sont soumises à des lois qui les condamnent à demeurer cachées et sont considérées comme la propriété de leur mari. Le hijab est le symbole de leur soumission. À l’inverse, quand les dirigeants iraniens visitent le pays de Mogherini, ils ne respectent pas les règles de l’Italie. Ils obligent l’Italie à se plier à leurs règles islamistes, ils obligent l’Italie à des gestes d’apaisements comme le voilement des statues dénudées et l’absence de vin à table.

Mogherini - il y a quelques années, elle s’était complaisamment laissée photographier aux côtés du défunt président de l’ Autorité palestinienne Yasser Arafat - a également joué un rôle crucial dans la conclusion de l’accord nucléaire avec le régime iranien et la levée des sanctions contre les dictateurs. Au lieu de punir ces despotes, elle a élargi leur champ d’action, les aidant à garder leur

peuple à genoux et aggravant sa souffrance.

Mogherini a ensuite tweeté : « C’était l’occasion de parler à Rouhani, au ministre des Affaires étrangères Javad Zarif et au conseiller de la politique étrangère du leader suprême Ali Akbar Velayati ».

Y avait-il vraiment lieu de pavaner et de se vanter ? Et de quoi leur a-t-elle parlé ?Pendant que Mogherini festoie aux côtés de leaders islamistes et se réjouit apparemment de poser à leurs côtés, a-t-elle jamais eu une pensée pour ces millions de femmes brutalement opprimées par ces régimes islamistes? Pense-t-elle parfois à ces femmes enfermées et gisant au sol, en larmes, après avoir été battues par leurs maris ? Est-elle effleurée parfois par l’image de ces centaines de citoyens – hommes et femmes – exécutés chaque année, à l’issue de simulacres de procès, sur la base des lois islamistes de ce pays ?

En voyage officiel en Iran en aout 2017, Federica Mogherini (à gauche), actuelle haute représentante de l’Union européenne pour les affaires étrangères et la politique de sécurité, a côtoyé des hommes qui ont ordonné la mort de milliers de femmes (et d’hommes). A-t-elle jamais eu une pensée pour ces centaines de personnes exécutées chaque année, à l’issue de simulacres de procès, en raison des lois islamistes de ce pays ?

(Source de l’image: Commission européenne)

Quand on serre les mains de ces hommes, il faut se rappeler que sous leur gouvernement, des fillettes de neuf ans sont « légalement » contraintes au mariage ?

Où sont les droits des femmes et toutes ces valeurs morales de gauche qu’elle-même et son parti défendent ? Ils n’étaient pas présents à la fête, et moins encore dans ces selfies.

En Iran et dans d’autres pays musulmans, les femmes sont déshumanisées, contraintes et traitées en inférieures au quotidien. Nombre d’entre-elles se mettent en danger de mort pour préserver au quotidien quelques bribes de droits. En général, le témoignage d’une femme devant les tribunaux équivaut à la moitié du témoignage d’un homme. Les femmes ont besoin de l’approbation de leur gardien mâle pour quitter le pays et en Arabie Saoudite pour quitter leur maison. Un passeport n’est délivré à une femme qu’avec le consentement de son tuteur. En Iran, un homme peut épouser chaque femme qu’il désire. Les hommes sont autorisés à avoir quatre femmes et un nombre illimité de mariages temporaires (mut’a), mais les femmes ne peuvent se marier qu’avec un musulman. Les crimes d’honneur continuent comme avant avec l’approbation tacite du pouvoir.

Selon le tamkin (la loi sur obéissance), les femmes doivent être totalement accessibles et disponibles sexuellement pour leur mari. L’article 1105 du Code civil islamique d’Iran stipule : « Dans les relations entre mari et femme, le rôle de chef de famille appartient exclusivement au mari ». L’article 1117 du Code civil islamiste de l’Iran précise aussi :

« Le mari peut empêcher sa femme d’avoir une occupation et d’exercer une profession qu’il jugerait incompatible avec les intérêts de la famille, sa dignité d’époux ou la dignité de sa femme ».

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Les hommes peuvent obtenir le divorce à leur seule demande. En matière d’héritage, les femmes ne reçoivent que la moitié de ce que les hommes obtiennent. Une femme n’hérite que du sixième des biens familiaux si, à la mort de son mari, elle a un fils. Si elle n’a qu’une fille, l’héritage ne revient pas automatiquement à la mère et à la fille. La famille de l’époux décédé - frères et sœurs et parents – peuvent faire valoir leurs droits. Les femmes ne peuvent pas devenir juges ... et la liste des brimades est interminable.

Des femmes comme Mogherini sont pleinement conscientes de ces atrocités et ces discriminations sont parfaitement documentées et signalées par les organisations de défense des droits de l’homme. Des femmes comme Mogherini utilisent même peut-être ces violences pour rassembler des fonds, organiser des fêtes et manifestations et éclabousser les médias d’images perturbantes. Aucun de ces leaders européens ne peut plaider l’ignorance.

Pourtant, des gens comme Mogherini s’affichent en train de serrer la main d’hommes qui bâillonnent les femmes et les privent de liberté.

Non seulement ces prétendues féministes détournent le regard des atrocités, mais leur présence à des événements officiels cautionnent et légitiment ces régimes dictatoriaux.

Des femmes comme Mogherini revendiquent leur droit à être membres de clubs exclusifs et à percevoir des salaires plus élevés parce que l’égalité est un droit. Mais si elles sont réellement les championnes et militantes d’avant-garde du droit des femmes comme elles le prétendent, comment osent-elles se montrer aussi complaisantes à l’égard des dictateurs qui terrorisent leur propre peuple?

Face à ces millions de femmes opprimées dans le monde– comme Asia Bibi, une mère de famille chrétienne qui depuis sept ans, vit dans le couloir de la mort au Pakistan pour un verre d’eau ; ou comme cette fille de 19 ans violée par son cousin sous la menace d’une arme à feu et ensuite condamnée à mort par lapidation pour « adultère » ; ou comme toutes ces femmes contraintes d’épouser leurs violeurs ; ou comme ces 12 000 mariages d’enfants célébrés chaque jour ; ou comme ces femmes battues par leurs maris ou volontairement défigurées à l’acide ; ou comme ces femmes utilisées comme kamikazes...-, là, des femmes comme Mogherini deviennent étrangement silencieuses. Elles n’ont que le plus parfait mépris pour les droits de ces femmes.

En apportant leur soutien à ces régimes et aux hommes qui en sont à la tête, des femmes comme Mogherini affaiblissent considérablement les mouvements locaux de défense des droits de l’homme, et sapent ces mêmes droits de l’homme dont elles affirment être les défenseurs.

Quand Mogherini sourit sous son hijab en Iran, elle poignarde dans le dos ces mouvements de femmes qui luttent contre le hijab obligatoire et réclament l’égalité des droits politiques, civiques et éducatifs. Elle cautionne la répression.Un véritable défenseur des droits de la personne et de la démocratie devrait donner l’exemple du courage. Des femmes comme Mogherini nourrissent l’oppression plutôt qu’elles n’aident à la détruire. Ceux qui légitiment les oppresseurs et les islamistes doivent être tenus pour responsables.

Mon message à des gens comme Mogherini et consorts est simple : avez-vous une conscience ou un quelconque sentiment de décence ? Est-ce que seul compte pour vous le pouvoir, l’argent, le narcissisme et les manipulations au prix des opprimés, y compris les femmes ? Pouvez-vous entendre le cri d’une petite fille ou vos oreilles sont-elles sourdes comme celles des hommes qui la font hurler ?

Le Dr. Majid Rafizadeh est président du Conseil international américain sur le Moyen-Orient. Il est iranien, spécialiste de sciences politiques et diplômé de

Harvard, homme d’affaires et écrivain. Il est l’auteur de « Peaceful Reformation in Iran’s Islam: A life story of struggle and poverty ». Il peut être contacté au

[email protected]

Les joyaux de la biennale des AntiquairesLa Biennale Paris a été rebaptisée ainsi depuis qu’elle est devenue annuelle. © DR

Par Fabrice Léonard| Le Point.fr

À l›occasion de la biennale des Antiquaires à Paris, une poignée de joailliers dévoilent leurs précieuses créations. Suivez le guide...

La nef du Grand Palais accueille jusqu’au 17 septembre des œuvres d’art primitif, ancien, moderne ou contemporain, à l’occasion de la Biennale Paris, rebaptisée ainsi depuis qu’elle est devenue annuelle. Nouveau nom, nouveau président, nouveau rythme. Malmenée par les affaires de faux meubles du XVIIIe siècle impliquant certains

anciens exposants, la cuvée 2016 avait cumulé les handicaps : hémorragie des grands marchands étrangers, défection des cadors de l’Art déco et des arts primitifs et, enfin, fréquentation en chute libre après l’attentat de Nice. Plus resserrée, l’édition 2017 compte 93 exposants, 32 de moins qu’en 2016. La voilure a été également réduite pour les joailliers exposants. Ils ne sont plus que cinq à dévoiler des créations qui brillent de mille carats.

Collier composé de diamants et d’émeraudes taille poire dont une de centre de 24,09 cts, Nirav Modi. © NMJPhotograpahy NMJPhotograpahy

Bague avec une émeraude de Zambie taille kite (17,07 cts), un diamant taille hexagonale D Color VS2 (3,24 cts) et des diamants taille brillants, Boghossian. © DR

Le joaillier indien Nirav Modi, qui a imaginé ses quatre propres tailles de diamant (Endless cut, Jasmine cut, Ainra cut et Mughal cut), surprend avec des pièces époustouflantes à l’image de ce collier issu de la ligne Emeraudes Regal créée avec une suite opulente d’émeraudes colombiennes identiques taille poire et ornées de diamants taille brillant.

Riche famille d’origine arménienne (passée par la Syrie et le Liban) basée entre Genève et Anvers, la maison Boghossian est reconnue pour ses gemmes rares et sa technique de tissage des pierres avec une intervention minimale du métal, fruit d’une innovation qui a nécessité quatre ans de recherche.

Bague Toi et Moi avec un diamant rose Fancy Intense Pink taille marquise (6, 54 cts) et un diamant bleu Natural Fancy Vivid VS2 taille marquise (4,34 cts), Moussaieff. © DRPendants d’oreille imaginés avec des rubis et des diamants, Glenn Spiro. © DR

Présente pour la première fois à la biennale, la dynastie Moussaieff, d’origine israélienne et basée à Londres depuis des décennies, est mondialement connue pour ses pierres de couleur exceptionnelles dont le poids de certaines donne le tournis. La créatrice chinoise Anna Hu livre sa propre interprétation des œuvres d’art en version bijoux comme le collier Waterlily, directement inspiré des Nymphéas de Monet. Quant à l’Anglais Glenn Spiro, les formes audacieuses et inattendues de ses créations témoignent d’un sens aigu de l’équilibre, à l’instar de ces pendants d’oreille ou d’une manchette centrée sur un diamant poire amovible de 40,51 carats.

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Colaboração Especial

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AS METRALHADORAS DA GRANDE GUERRA (1914-1918) NO MUSEU DO COMBATENTE

Primeira parteDe entre muitas variedades de armas no Museu do Combatente podemos salientar as metralhadoras Vickers, Lewis e a Browning Machine Gun M 1917 AI. RAP.

Em artigos próximos consideraremos as espingardas e as pistolas ou revólveres aqui existentes.

Comecemos então pela Vickers:

“ Vickers é a denominação normalmente atribuída à metralhadora arrefecida a água, de calibre .303 pol, produzida pela Vickers a partir do desenvolvimento da Metralhadora Maxim. A arma, normalmente, necessitava de uma guarnição de seis a oito militares para a operar: um apontador, um municiador e os restantes para auxiliarem no transporte da arma, das munições e das peças sobresselentes.Depois de absorver a Companhia Maxim em 1896, a Vickers pegou no projecto da Maxim e melhorou-o, reduzindo-lhe o peso e acrescentando-lhe um impulsionador

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de boca (dispositivo que usa os gases de saída da boca da arma, para aumentar o seu recuo).

A Metralhadora Vickers tinha uma reputação de grande solidez e confiabilidade, mostrando ser capaz de manter fogo sustentado durante longos períodos sem falhas nem interrupções.

Quando a Lewis foi adoptada como metralhadora ligeira e atribuída às unidades infantaria, as Vickers foram classificadas como metralhadoras pesadas e agrupadas no recém-formado Machine Gun Corps (Corpo de Metralhadoras). Depois do aparecimento da variante de calibre .50 pol, as Vickers de .303 pol foram reclassificadas como metralhadoras médias. Depois do final da guerra, o Machine Gun Corps foi extinto e as Metralhadoras Vickers voltaram para a Infantaria.

Era fabricada em Inglaterra e equipou tropas do exército e da marinha, na 1ª Guerra Mundial. Continuou em uso, com aperfeiçoamentos, durante toda a 2ª Guerra Mundial e também foram usadas pelos EUA, que chegaram a produzi-las sob licença.

O Exército Português adoptou a Vickers em 1917, para equipar as Baterias de Metralhadoras Pesadas do Corpo Expedicionário Português enviado para França, recebendo a denominação de Metralhadora Pesada 7,7 mm m/917. Depois da guerra, acabou por se tornar a metralhadora pesada padrão de todo o Exército, equipando os Grupos (depois Batalhões) de Metralhadoras e as Companhias de Metralhadoras Pesadas dos Regimentos de Infantaria. Foi substituída, depois da Segunda Guerra Mundial, pela Browning .50.(de Wikipédia)

“A 17 de Novembro de 1917 o CEP tem 207 Vickers. Destas 48 estão na Escola de Armas para Instrução e a maior parte (150) no depósito de metralhadoras à espera de serem entregues às unidades que se preparam par ocupar o sector português da frente. A fama de robustez e fiabilidade da Vickers capaz de aguentar longos minutos em fogo contínuo sem encravar ou aquecer em demasia, será confirmada por Portugal na Flandres.

No final de 1920 Braço de Prat produz um lote de metralhadoras pesadas mantendo o calibre original (as chamadas M/930). Em 1937 Braço de Prata fabrica um terceiro lote de Vickers que se mantém como a metralhadora – pesada padrão da infantaria (lote ainda de 7,7 mm). A partir de 1939 Braço de Prata irá converter um número indeterminado de Vickers para 7,9 mm (são s m/939), mas as armas de 7,7 mm continuam a ser usadas em paralelo.

A Vickers mantém-se em serviço até muito tarde, e ainda aparece nos anos iniciais da guerra de África, tendo sido gradualmente retirada do mercado quando aparece em Portugal a MG42” ((em Armamento do Exército Português vol. 1 – Armamento ligeiro – de Prof. António Telo e Major Mário Alves).

Metralhadora Browning Machine Gun M 1917 AI. RAP

Metralhadora pesada 697513, sobre tripé, calibre 7,3 mm, usada pelas forças expedicionárias dos Estados Unidos da América em França, guerra 1914-1918. Oferecida pelo Coronel Malcolm Jones, Adido Militar da Embaixada dos Estados Unidos em Lisboa.(no Museu do Combatente)

“ Quando os Estados Unidos entram na Primeira Guerra Mundial John Browning cria uma metralhadora refrigerada a água que será a arma-padrão do Exército americano e uma das oucas alternativas à Maxim e às suas variantes : a M1917.Em 1919 Browning, a pedido da cavalaria, desenvolve outra metralhadora que usa um mecanismo semelhante à M1917 mas que é leve e versátil, em larga medida por ser refrigerada a ar, a M1919, que se torna uma espécie de metralhadora universal com múltiplas variantes. (em Armamento do Exército Português vol. 1 – Armamento ligeiro – de Prof. António Telo e Major Mário Alves).

Metralhadora Lewis

A metralhadora Lewis (ou Metralhadora Automática Lewis) é uma metralhadora leve da época da Primeira Guerra Mundial, de desenho norte-americano e foi aperfeiçoada e amplamente usada pelo Império Britânico. Foi usada pela primeira vez em combate na Primeira Guerra Mundial, e continuou em serviço em inúmeras forças armadas até ao fim da Guerra da Coreia. Era visualmente distinta por causa do largo tubo de resfriamento ao redor do cano e um carregador do tipo tambor montado na parte superior da arma. Era frequentemente usada em aeronaves, quase sempre com o tubo de resfriamento removido, durante ambas as Guerras Mundiais.

A metralhadora Lewis foi inventada em 1911 pelo Coronel Isaac Newton Lewis, do Exército Norte-Americano, baseado no trabalho inicial de Samuel Maclean. Apesar de suas origens, a metralhadora Lewis não foi inicialmente adoptada pelos militares Norte-Americanos .

Ele deixou os EUA em 1913 e se dirigiu para a Bélgica (e logo depois, o Reino

Unido). Ele estabeleceu a companhia Armes Automatique Lewis em Liege, na Bélgica, para facilitar a produção comercial da arma. Lewis trabalhou de perto com a fábrica Britânica Birmingham Small Arms (BSA), em um esforço para superar algumas das dificuldades de produção da arma. Os Belgas rapidamente adotaram o projeto em 1913, usando o calibre .303 Britânico, e em 1914, a BSA comprou a licença para fabricar a metralhadora Lewis no Reino Unido, que resultou no Coronel Lewis recebendo pagamentos significativos de royalties e se tornando muito rico.

O início da Primeira Guerra Mundial aumentou a demanda pela metralhadora Lewis, e a BSA começou a produção (sob a designação modelo 1914). O projecto foi oficialmente aprovado para serviço em 15 de Outubro de 1915 sob a designação “metralhadora, Lewis, cal.303”. Nenhuma metralhadora Lewis foi produzida na Bélgica durante a Primeira Guerra Mundial; toda a fabricação foi realizada pela BSA no Reino Unido e a Savage Arms Company nos EUA.

Diferenças entre as metralhadoras Lewis Americana e Britânica;A metralhadora Lewis foi produzida somente pela BSA e a Savage Arms durante a Primeira Guerra Mundial, e apesar das duas armas serem muito parecidas havia diferenças suficientes para impedir que fossem completamente intercambiáveis. As armas produzidas pela BSA não eram completamente intercambiáveis com outras metralhadoras Lewis da mesma, contudo isso foi rectificado durante a Segunda Guerra Mundial.

A principal diferença entre os dois projectos era que as armas da BSA eram alimentadas por munição calibre .303 Britânica e as armas da Savage eram alimentadas por cartuchos .30-06, o qual necessitava alguma diferença no carregador junto ao mecanismo de alimentação, ferrolho, cano, extractores, e o sistema de operação a gás. A Savage não fabricou metralhadoras Lewis com o calibre .303 Britânico; o Modelo 1916 e o Modelo 1917 eram geralmente produzidos com o calibre .30-06, alguns exemplares dessas armas foram enviadas para o Reino Unido sobre o programa Empréstimo e Arrendamento durante a Segunda Guerra Mundial.A metralhadora Lewis utilizou dois carregadores do tipo tambor diferentes, um contendo 47 cartuchos, o outro 97. Diferente de outros modelos, o tambor da Lewis era acionado mecanicamente por um ressalto em cima do ferrolho o qual operava um mecanismo retentor por meio de uma alavanca.

Continua no próximo númeroIsabel Martins, 13 de Setembro de 2017

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Les Musulmans disent à l’Europe : « Un Jour, Tout Ça Sera à Nous »

par Giulio Meotti

Traduction du texte original: Muslims Tell Europe: “One Day All This Will Be Ours”

• Luc Ravel, nommé archevêque de Strasbourg par le pape François en février 2017, a déclaré : « les croyants musulmans le savent très bien que leur fécondité est telle qu’aujourd’hui, comment ils appellent ça ?... le Grand Remplacement, ils vous le disent de façon très calme, très posi

• tive, mais de toute façon, un jour tout ça, ça sera à nous... ».•• Le Premier ministre hongrois Viktor Orbán a mis en garde contre une «

Europe musulmane ». Pour lui, « la question des prochaines décennies est de savoir si l’Europe continuera à appartenir aux Européens ».

•• « Au cours des 30 prochaines années, la population africaine augmentera

de plus d›un milliard de personnes. Soit le double de la population de toute l´Union européenne ... La pression démographique sera énorme. L´année dernière, plus de 180 000 personnes ont embarqué au départ de la Libye sur des bateaux de fortune. Et ce n›est que le début. Selon le commissaire européen Avramopoulos, en ce moment même, 3 millions de migrants piaffent aux portes de l’Europe ». - Geert Wilders, député des Pays-Bas, et chef du Parti pour la liberté et la démocratie (PVV).

•Cette semaine, un nouvel attentat islamiste a frappé la ville espagnole de Barcelone. Comme à l’époque de la domination musulmane, comme en Israël, les islamistes pensent qu’ils disposent d’un droit au retour.

En même moment, loin de l’Espagne, des écoles primaires ont été fermées sur ordre de l’État, les enfants représentant moins de 10% du total de la population. Les bâtiments scolaires ont été convertis en maisons de retraite médicalisées pour les personnes âgées car dans ce pays, les 65 ans et plus représentent plus de 40% de la population. Il ne s’agit pas d’un roman de science-fiction, mais du Japon, la nation la plus ancienne et la plus stérile du monde, où il existe même une expression populaire qui parle de « civilisation fantôme ».

Selon l’Institut national de la recherche sur la démographie et la sécurité sociale du Japon, la démographie des petites villes chutera d’ici 2040, de trente à plus de cinquante pour cent. Cette réduction spectaculaire de la population a déjà placé de nombreux conseils municipaux japonais en faillite. Le nombre des restaurants est passé de 850 000 en 1990 à 350 000 aujourd’hui, ce qui représente une forme d’« assèchement de vitalité ». Les prévisionnistes pensent qu’au cours des 15 prochaines années, 20 millions de logements deviendront vacants au Japon.

Le Japon préfigure-t-il le destin de l’Europe ?

Certains experts en démographie ont appelé l’Europe « le nouveau Japon ». Mais contrairement à l’Europe, le Japon affronte cet effondrement démographique en comptant sur ses propres forces et en bannissant tout recourt à l’immigration musulmane.

Comme l’a noté le chercheur George Weigel, « l’Europe connait un suicide démographique ; l’historien britannique Niall Ferguson a comparé cette réduction systématique de population « à la Peste noire qui, au quatorzième siècle, a entraîné la plus vaste chute de population européenne jamais enregistrée ».

Les musulmans d’Europe rêvent de remplir ce vide. Luc Ravel, nommé archevêque de Strasbourg par le pape François en février, a récemment déclaré que « les croyants musulmans le savent très bien que leur fécondité est telle qu’aujourd’hui, comment ils appellent ça ?... le Grand Remplacement, ils vous le disent de façon très calme, très positive, ‘mais de toute façon, un jour tout ça, ça sera à nous’...».

Un récent rapport du Centro Machiavelli, un centre de recherche italien, révèle que si les tendances actuelles se poursuivent, en 2065, les immigrants de première et deuxième génération représenteront en Italie, une population de 22 millions de personnes, soit plus de 40% de la population totale. En Allemagne, 36% des enfants de moins de cinq ans sont issus de parents immigrés. Dans 13 des 28 pays membres de l’UE, le nombre des décès a été supérieur l’an dernier au nombre des naissances. Sans migrants, les populations d’Allemagne et de l’Italie chuteront respectivement de 18% et 16%.

C’est au sein de la « nouvelle Europe » - Pologne, Hongrie, Slovaquie... -, comme on nomme les pays de l’ancien bloc soviétique pour les distinguer de la « vieille Europe», - France, Allemagne.. – que l’impact démographique est le plus visible. Ces ex-pays de l’Est sont les plus exposés à la « bombe de la dépopulation », un effondrement du taux de natalité si dévastateur que Mark Steyn, analyste, l’a

qualifié « de plus gros problème de notre temps ».

Le New York Times s’est demandé pourquoi, « en dépit de la diminution de sa population, l’Europe de l’Est résiste aux migrants ». La réponse est dans la question : les natifs craignent d’être remplacés par les migrants. En outre, une grande partie de l’Europe de l’Est a vécu plusieurs siècles durant, sous le joug de l’Empire ottoman; ils savent le sort qui les attend en cas de récidive. Les pays vieillissants craignent que des valeurs contraires aux leurs ne finissent par leur être imposées si une population jeune et étrangère vient pallier le vieillissement de la population.

« Deux points de vue s›affrontent aujourd›hui en Europe [concernant le déclin et le vieillissement de la population] », a récemment déclaré le Premier ministre hongrois, Viktor Orbán . « Il y a ceux qui veulent régler les problèmes démographiques de l’Europe par l’immigration. Et il y a ceux qui, en Europe centrale - et, notamment en Hongrie - pensent que nous devons résoudre nos problèmes démographiques en comptant sur nos propres forces et en mobilisant nos propres réserves, et – n’hésitons pas à le proclamer - en nous renouvelant au plan spirituel ». Orbán a mis en garde contre une « Europe islamisée ». « La question des décennies à venir affirme-t-il , est de savoir si l’Europe continuera à appartenir aux Européens ».

Le Premier ministre hongrois, Viktor Orbán, a récemment déclaré : « Nous devons résoudre nos problèmes démographiques en comptant sur nos propres forces et en mobilisant nos propres réserves, et ... en nous renouvelant au plan spirituel ». (Source de l’image: David Plas / Wikimedia Commons)

A cet égard, l’Afrique représente pour l’Europe une bombe à retardement démographique. Selon le parlementaire néerlandais Geert Wilders :

« Au cours des 30 prochaines années, la population africaine augmentera de plus d’un milliard de personnes. Soit le double de la population de toute l’Union européenne ... La pression démographique sera énorme. Un tiers des Africains souhaite émigrer et la plupart songent à l’Europe. L’an dernier, plus de 180 000 personnes ont effectué la traversée au départ de la Libye sur des bateaux de fortune. Et ce n’est que le début. Selon le commissaire européen Avramopoulos, en ce moment même, 3 millions de migrants piaffent d’impatience aux portes de l’Europe ».

La dépopulation de l’Europe de l’Est ne va pas sans poser de redoutables problèmes de sécurité. L’armée et les services sociaux sont en butte à une crise de recrutement. Le président bulgare, Georgi Parvanov, a convoqué les membres du Comité consultatif national à une réunion entièrement dédiée aux questions de sécurité nationale. Auparavant, les pays d’Europe de l’Est craignaient les chars soviétiques ; désormais, ce sont les berceaux vides qui les menacent.

Les Nations Unies ont calculé que l’Europe de l’Est comptait 292 millions d’habitants l’an dernier, soit 18 millions de moins qu’au début des années 1990. C’est comme si la population des Pays-Bas avait entièrement disparu.

Le Financial Times a qualifié la situation démographique de l’Europe de l’Est comme étant « la plus grande réduction de population de l’histoire moderne ». Jamais auparavant, la population n’avait diminué de cette façon. Même la Seconde Guerre mondiale, avec ses massacres, ses déportations et ses mouvements de population, n’a pas creusé un tel abîme.

La voie Orbán – affronter le déclin démographique en comptant sur ses propres forces - est le seul moyen qu’à l’Europe d’éviter le « Grand Remplacement » prédit par l’archevêque français Ravel. L’immigration de masse va probablement combler les berceaux vides - mais l’Europe ne sera plus alors qu’une « civilisation fantôme » ; Il s’agit juste d’une forme différente de suicide.

Giulio Meotti, journaliste culturel à Il Foglio, est un journaliste et auteur italien.