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A JUSTIÇA DE DEUS – LIÇÃO 5 Introdução Nesta lição iremos estudar sobre a Justiça de Deus, "Justiça significa dar a cada um o que merece." A justiça de Deus é a retidão de sua natureza, aquilo pelo qual faz o que é reto e de igual medida. "E não pagará ele ao homem segundo as suas obras?" (Pv 24.12). Deus é um juiz imparcial. Ele julga a causa. Os homens geralmente julgam a pessoa, mas não a causa. Isso não é justiça, mas malícia. "Descerei e verei se, de fato, o que têm praticado corresponde a esse clamor que é vindo até mim" (Gn 18.21). Quando o Senhor está diante de um ato punitivo, pesa as coisas na balança, não pune de qualquer maneira; não age desordenadamente, mas de maneira lógica contra os ofensores. I. JUSTIÇA 1. O QUE É ISSO Conceito e Significado de Justiça: Justiça é a particularidade do que é justo e correto. II. A JUSTIÇA DE DEUS 1.Definição: O sentido de “justiça” no Antigo Testamento procede de dois termos hebraicos: tsedeq, cujo sentido primário é “ser retilíneo”, “ser reto”, “retidão” e, mishpat, traduzido por “justiça” e “juízo” (cf. 2 Cr 12.6; Ec 12.14; Sl 1.5; Sl 11.7). Estes descrevem tanto o caráter e a justiça divina quanto a fidelidade de Deus em sua Aliança para com os homens (Dt 32.4; Sl 31.1; 45.7; 119.137,144; Pv 16.33; Is 30.18). O Novo Testamento emprega a palavra dikaiosynē para designar os termos “justiça”, “retidão”, “justo”, “reto” e “justificação”. O tema da justiça de Deus inclui uma série de conceitos que abrangem: aprovar o que é bom em detrimento do que é mal (Êx 34.7; Ec 12.4; Hb 1.9); condenar o ímpio e justificar o justo (2 Cr 6.23); a fidelidade do Senhor em seus atos (Ne 9.3; Is 49.7; 2 Ts 3.3); a ira de Deus (Sl 7.11; Na 1.2,3; Mq 7.8-10); a imparcialidade do juízo divino (2 Cr 19.7; Na 1.3); os seus mandamentos (Mq 6.8) e, a relação entre justiça e salvação (Sl 98.2; Is 45.21; 51.5- 8; 56.1). A Bíblia afirma que a justiça e o juízo são a base do governo sempiterno de Deus (Sl 89.14; Hb 1.8). São esses, portanto, os fundamentos pelos quais os politeístas e monoteístas serão julgados (Rm 1.18-32: 2.17-29). O primeiro grupo são os sem lei, enquanto o segundo, aqueles a quem a lei foi dada, isto é, pagãos e judeus (Rm 2.12-29). JUSTIÇA No AT, várias palavras hebraicas estabelecem o conceito bíblico daquilo que é direito (q.v.). A palavra yashar denota o caminho “reto,

A Justiça de Deus

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A JUSTIA DE DEUS LIO 5

Introduo

Nesta lio iremos estudar sobre a Justia de Deus, "Justia significa dar a cada um o que merece." A justia de Deus a retido de sua natureza, aquilo pelo qual faz o que reto e de igual medida. "E no pagar ele ao homem segundo as suas obras?" (Pv 24.12). Deus um juiz imparcial. Ele julga a causa. Os homens geralmente julgam a pessoa, mas no a causa. Isso no justia, mas malcia. "Descerei e verei se, de fato, o que tm praticado corresponde a esse clamor que vindo at mim" (Gn 18.21). Quando o Senhor est diante de um ato punitivo, pesa as coisas na balana, no pune de qualquer maneira; no age desordenadamente, mas de maneira lgica contra os ofensores.

I. JUSTIA

1. O QUE ISSO

Conceito e Significado de Justia: Justia a particularidade do que justo e correto.

II. A JUSTIA DE DEUS

1.Definio: O sentido de justia no Antigo Testamentoprocede de dois termos hebraicos: tsedeq, cujo sentido primrio ser retilneo, ser reto, retido e, mishpat, traduzido por justia e juzo (cf. 2 Cr 12.6; Ec 12.14; Sl 1.5; Sl 11.7). Estes descrevem tanto o carter e a justia divina quanto a fidelidade de Deus em sua Aliana para com os homens (Dt 32.4; Sl 31.1; 45.7; 119.137,144; Pv 16.33; Is 30.18).

O Novo Testamentoemprega a palavra dikaiosyn para designar os termos justia, retido, justo, reto e justificao. O tema da justia de Deus inclui uma srie de conceitos que abrangem: aprovar o que bom em detrimento do que mal (x 34.7; Ec 12.4; Hb 1.9); condenar o mpio e justificar o justo (2 Cr 6.23); a fidelidade do Senhor em seus atos (Ne 9.3; Is 49.7; 2 Ts 3.3); a ira de Deus (Sl 7.11; Na 1.2,3; Mq 7.8-10); a imparcialidade do juzo divino (2 Cr 19.7; Na 1.3); os seus mandamentos (Mq 6.8) e, a relao entre justia e salvao (Sl 98.2; Is 45.21; 51.5-8; 56.1). A Bblia afirma que a justia e o juzo so a base do governo sempiterno de Deus (Sl 89.14; Hb 1.8). So esses, portanto, os fundamentos pelos quais os politestas e monotestas sero julgados (Rm 1.18-32: 2.17-29). O primeiro grupo so os sem lei, enquanto o segundo, aqueles a quem a lei foi dada, isto , pagos e judeus (Rm 2.12-29).

JUSTIA No AT, vrias palavras hebraicas estabelecem o conceito bblico daquilo que direito (q.v.). A palavra yashar denota o caminho reto, direito, suave (Pv 9.15; 15.21; Is 26.7), e aquilo que agradvel ou satisfatrio para Deus por ser direito (Dt 12.25,28). Aquele que segue esse caminho e pratica tais obras chamado de reto ou justo (J 1.1).

Nosso Deus Deus de justia (Is 30.18), e seria inconcebvel que Ele, como Juiz de toda a terra, no agisse corretamente ou no praticasse a justia (Gn 18.25). O Senhor exige que o homem, que foi criado sua imagem, tambm procure e pratique a justia (Is 1.17; 56.1; Mq 6.8).

Um terceiro termo, sedeq, designa o que justo, direito ou normal como pesos e medidas plenos e justos (Dt 25.15). Deus est sentado em seu trono julgando justamente ou retamente (SI 9.4), de modo que Davi mostrou confiana ao pedir que o Senhor ouvisse a sua justia ou a sua causa justa (SI 17.1). Os julgamentos de Deus so corretos ou justos, executados com fidelidade para o nosso supremo bem (SI 119.75).

AT como no NT a justia um conceito de relacionamento e que aquele que justo tem correspondido s exigncias que lhe foram impostas pelo relacionamento no qual est inserido.

A pessoa justa pratica o que direito, justo ou necessrio para sustentar relacionamentos harmoniosos dentro de sua famlia e da comunidade (por exemplo, Tamar, Gn 38.26).

Ela est preocupada com os direitos dos pobres (Pv 29.7), e fala a favor destes, procurando defender a sua causa (Pv 31.8,9). A justia est intimamente ligada ao atendimento aos pobres (SI 112.9; 2 Co 9.9,10). Os profetas advertiram continuamente sobre a falta de justia nos portes (onde os julgamentos eram geralmente realizados), pois os prprios fundamentos da vida comunitria estavam sendo destrudos (Is 29.21; 59.4,14; Amos 5.10,11,15; Hc 1.4). Portanto, um relacionamento justo com Deus inclua a obedincia e o amor sua lei (Dt 6.25; SI 1). Mas o elemento essencial desse relacionamento pactual era a confiana no Senhor e a submisso da vida das pessoas sua soberania.

2. As Caractersticas

A justia de Deus o modo de Deus agir. Amor a natureza de Deus, santidade a disposio de Deus e glria o prprio ser de Deus. Justia, no entanto, o proceder de Deus, Sua maneira e Seu mtodo. Uma vez que Deus justo, Ele no pode amar o homem meramente conforme o Seu amor. Ele no pode conceder graa ao homem meramente conforme Ele quer. Ele no pode salvar o homem meramente conforme o desejo do Seu corao. verdade que Deus salva o homem porque o ama. Mas Ele deve faz-lo de um modo que esteja de acordo com Sua justia, Seu proceder, Seu padro moral, Sua maneira, Seu mtodo, Sua dignidade e Sua majestade.

A baixo irei apresentar algumas caracterstica da Justia de Deus.

a.A justia de Deus santa

Deus s pode ser justo. Sua santidade a causa de sua justia. A santidade no permitir que faa outra coisa seno o que justo.

b.A justia de Deus o padro de justia

A vontade de Deus a suprema regra de justia; o padro de eqidade. Sua vontade sbia e boa. Deus deseja somente o que justo e, portanto, justo porque deseja ser.

c. A justia natural ao ser de Deus

Deus faz justia voluntariamente. A justia flui de sua natureza. Os homens podem agir injustamente, pois so forados ou subornados. A vontade de Deus nunca ser subornada, por causa de sua justia. No pode ser forado, por causa de seu poder. Ele pratica a justia por amor justia: "Amas a justia" (SI 45.7).

d.A justia de Deus perfeita

A justia a perfeio da natureza divina. Aristteles disse: "A justia engloba em si todas as virtudes". Dizer que Deus justo dizer que tudo o que h de excelente: as perfeies se encontram nele como linhas convergem para um centro. Ele no somente justo, mas a prpria justia.

III. OUTROS TIPOS DE JUSTIA

1. Justia originalDiz respeito a condio moral e Espiritual desfrutada pelo primeiro casal no jardim do denA verdade divina pela qual o homem ser julgado. A bondade e a misericrdia de Deus tm abenoado a humanidade inteira desde a criao dos cus e da Terra. Todos podemos usufruir do ar, gua, luz, fogo, vida, famlia, sade, sustento, ptria, vesturio, descanso, proteo, paz etc. Ver Sl 136.25; 145.16.

a) O homem natural.Em sua irracionalidade, no percebe que a mo de Deus que prov todas as coisas por sua longanimidade e graa. Vivendo em trevas, ele no enxerga os seus prprios pecados a menos que seja convencido pelo Esprito Santo (Jo 16.8). Os tais no sentem tristeza por pecarem contra Deus, nem se compungem em seu corao. Em nada lembram os que se converteram no dia de Pentecostes.

b) O pecador legalista.Julga e condena os outros, considerando-se inculpvel diante de Deus, conforme se v em Lc 18.9-14. Ele ser ru de maior juzo (Mt 23.14). Quanto ao hipcrita, pode enganar os homens ao freqentar a igreja, mas no a Deus (Mc 12.15; Mt 6.2).

No julgamento, o destino do hipcrita ser o mesmo do servo mau: o lago de fogo onde haver pranto e ranger de dentes (Mt 24.51).

c) Nos dias de Jesus.Devido sua cegueira espiritual, os moralistas, do tempo de Jesus, afirmavam que os criminosos e depravados estavam sob o juzo divino. Eles, porm, os moralistas, achavam-se completamente seguros, porquanto julgavam-se perfeitos (Mt 23.25-28).

d) Nos dias de Paulo.A maioria dos judeus, nos dias de Paulo, achava que podia ser justificada diante de Deus atravs de suas obras morais e religiosas. Se algum fracassasse na realizao destas, perderia parte de sua recompensa, mas, como descendente de Abrao, haveria de escapar do juzo divino.e). Nos dias atuais.Os moralistas de hoje professam a f crist sem viv-la. So religiosos? Sim. Todavia, sem salvao, pois no seguem o Salvador. Muitos vem no batismo a garantia da vida eterna; esquecem-se, contudo, do compromisso de fidelidade a Deus.

Apesar das boas obras realizadas, ningum pode obter a salvao sem primeiro reconhecer que um pecador incapaz de, por si prprio, alcanar a justia divina (Jo 14.6; 10.9; Tt 3.5). Paulo afirma que os tais esto sob condenao (Rm 3.9,23).

IV. O DEUS DA JUSTIA

A justia de Deus no e uma qualidade ou um atributo abstrato, mas o cumprimento de sua parte na aliana que Ele celebrou com o povo que escolheu (Ne 9.8,32,33; SI 103.6,7,17,18). O Senhor sustenta aquele que e correto, e ajuda aqueles que tem seu direito suprimido quando julga os inquos (SI 72.24; 94.14-23). Seus justos juzos so julgamentossalvadores(SI 36.6), Por ser um Deus justo, Ele e o Salvador (Is 45.12). A salvao do Deus de Israel e a sua justia, o cumprimento de sua parte na aliana que celebrou com essa nao .

Os atos de justia ou as justiasdo Senhor, os quais Samuel discutiu com todo o povo, eram os seus atos de libertao e de redeno quando retirou Israel do Egito (1Sm 12.7; cf, SI 65.5; Is 46.13; 51.5,6,8; 62.1). Ele continua a praticar o juzo a favor dos oprimidos, e a mostrar o seu amor pelos justos, cujos direitos haviam muitas vezes sido suprimidos em circunstancias desafortunadas (SI 146.7-9).Entretanto, o povo de Deus no correspondeu em termos nacionais e individuais. No existia ningum que fosse verdadeiramente justo: No h ningum que faca o bem (SI 14.1-3; cf. Rm 3.10-12; 7.18). No ha homem justo sobre a terra, que faca bem e nunca peque (Ec 7.20) e Isaias escreveu: Todos nos somos como o imundo, e todas as nossas justias, como trapo da imundcia (64.6).

Subsdio Teolgico

Trs meios pelos quais Deus julga os homens Essa trplice forma do juzo divino baseia-se no princpio da justia universal, que alcana todos os homens: judeus e gentios. Os judeus condenavam a pecaminosidade e a idolatria dos gentios, e por isso consideravam ter prerrogativa moral para julg-los, mas Paulo os coloca na mesma balana divina. Sabem fazer avaliaes e distines morais, mas no sabem aplic-las sua prpria experincia.

1. Deus julga atravs da verdade (2.2-5).Bem sabemos que o juzo de Deus segundo a verdade (2.2). Que podemos entender nessa declarao? O julgamento de Deus institudo aqui em razo dos pecados do paganismo gentio e do falho moralismo dos judeus em condenar os gentios. A questo do pecado uma s para todos. Uma vez que tenha pecado, qualquer um incorre na condenao de Deus. Paulo declara que os gentios pecaram (1.18-32) e os judeus tambm. (2.173.8)[...]

2. Deus julga conforme as obras de cada um (2.6-11).Deus retribuir a cada um segundo o seu procedimento. Esse princpio no novo, pois tanto o Antigo quanto o Novo Testamento esto repletos de referncias a esse princpio (Sl 62.12; Pv 24.12; Jr 10.10; Mt 16.27; 1 Co 3.8; Ap 2.23). Os judeus buscavam imunidade numa forma de defesa especial, baseada no privilgio racial. Porm, essa pretenso rejeitada pela perfeita justia divina que declara a sua culpabilidade. Deus imparcial em seu juzo sobre o pecador, e independe de privilgios ou outra razo qualquer, pois cada homem ser julgado por seus prprios atos. O homem moralmente responsvel, por isso deve ser julgado conforme suas obras pessoais.

3. Deus julga conforme a Lei (2.12-16).H dois tipos de leis que regem o julgamento dos homens segundo o contexto sugere [...]: todos os que pecaram sem lei (2.12), que diz respeito aos gentios que desconheciam a lei de Deus dada aos judeus; todos os que com lei pecaram (2.12), refere-se aos judeus [...].

Concluso

2.1-16 Como Deus julga? Ele julga com justia (v. 2), segundo as obras de cada pessoa (v. 6-10) e a partir do que cada uma conhece (v. 11-16). 2.1 Em Romanos 1.18-32, Paulo declarou que todas as pessoas injustas so inescusveis.

Aqui, ele demonstra que o farisasmo tambm inescusvel, e assim revela os padres pelos quais todo o mundo ser julgado. O julgamento ser: (1) de acordo com a verdade (v. 1-5); (2) de acordo com as obras (v. 6-11); e (3) de acordo com o conhecimento que se tinha da Lei (v. 12-16).2.2 A verdade, no sentido utilizado nesse versculo, distinta daquela apresentada em Romanos 1.18,25, onde Paulo recorre evidncia de Deus na criao.

Aqui, Paulo faz aluso verdadeira condio da humanidade. A expresso E tu, homem em Rm 2.30. Refere-se ao homem que conhece o certo e o errado, pratica o que errado, mas condena os outros pelos mesmos erros que ele tambm comete, pensando que os seus prprios pecados no sero julgados por Deus. a Palavra de Deus dirigida aos que se julgam isentos do justo juzo de Deus, considerando-se justificados por no terem uma vida explicitamente pecaminosa. Os que assim pensam subestimam a justia de Deus, tornando-se irreconciliveis.Os religiosos da poca de Jesus ostentavam sua autojustia, mas foram severamente reprovados pelo Mestre (Lc 18.18-22; Mt 5.20; 15.1-9).

No Juzo Final, no haver injustia, porque o Juiz infinitamente justo (Gn 18.25; Jr 11.20; 2 Tm 4.8); seu juzo segundo a verdade (Rm 2.2). Quanto mais conhecimento acerca da verdade tivermos, mais responsabilizados seremos diante de Deus. Um exemplo disso o caso das cidades da Galilia que, apesar de testemunharem um poderoso ministrio de ensino e de milagres de Jesus, rejeitaram-no como o Messias e Salvador (Mt 11.20-24)