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Instituto de Educação Ofélia Fonseca JUAN SANCHES BORTOLAI A LEGALIZAÇÃO DA MACONHA São Paulo 2018

A L E G A L I Z A Ç Ã O D A MA C O N H A

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Page 1: A L E G A L I Z A Ç Ã O D A MA C O N H A

Instituto de Educação Ofélia Fonseca

JUAN SANCHES BORTOLAI

A LEGALIZAÇÃO DA MACONHA

São Paulo

2018

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JUAN SANCHES BORTOLAI

A LEGALIZAÇÃO DA MACONHA

Trabalho de conclusão de curso do 3

ano do Ensino Médio Do Colégio

Ofélia Fonseca, realizado sob a

tutela do professor Luis Fernando

Massagardi

São Paulo

2018

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Dedicatória e Agradecimento

-Dedico ao filme “Y Tu mamá también”, filme que me motivou a escrever esta

monografia

-Agradeço ao meu professor Luís por me orientar neste trabalho

-Agradeço a Bob Marley e a banda Ponto de Equilíbrio por me dar inspiração com suas

músicas enquanto o trabalho era escrito

-Agradeço ao documentário quebrando o tabu e as palestras de Dartiu Xavier que

fundamentaram parte do meu pensamento

-Agradeço o Bento por tornar minha passagem pela escola mais agradável

-Agradeço ao Proerd, programa que realizei durante a 6 série na minha antiga instituição

escolar, pelo grande desserviço que prestam a população brasileira

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 4

1 - A CANNABIS 5 1.1 Conceito Biológico e Panorama Histórico 1.2 Espécies 5 1.3 Ação no corpo humano e efeitos 9

2- Formas de utilização 13 2.1 Emprego na Medicina - competição com indústria farmacêutica 13 2.2 Uso Cultural - Panorama cultural 19 2.3 Uso Recreativo 21

3- Legislação Sobre a maconha 22 3.1 Criminalização 22 3.2 Legalização 28

Conclusão 32

Referências Bibliográficas: 33

Anexos (Fundamentação) - 34

3

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INTRODUÇÃO A proibição da maconha prejudica a população brasileira de forma extensa

por vários fatores que serão apresentados neste trabalho de conclusão de curso. A

proibição da erva nega a todos os indivíduos dependentes de cannabis para

propósitos médicos como os portadores da esclerose múltipla o direito a receber um

tratamento que lhes propicie alívio e melhora nas condições de sua saúde, o que

tecnicamente vai contra a constituição federal que prevê o direito à vida e a saúde

como absolutos para o cidadão.

Atenta contra a liberdade cultural por criminalizar o uso de uma substância

que está inserida a séculos em determinadas culturas, o que na realidade não é

meramente uma criminalização de uma cultura em si , e sim de um povo que

partilha desta cultura, como é possível analisar no caso da proibição da maconha no

Brasil , que foi uma forma de criminalizar o próprio povo negro, o qual em grande

parte fazia uso cultural da Maconha, além de criminalizar culturas de origem

jamaicana que fazem uso desta planta, como o Rastafari.

Vai contra a liberdade Biopolítica do ser, quando se fala em uso recreativo já que o

estado interfere no que o indivíduo faz com o próprio corpo. Ressalvando que no

caso do uso de cannabis, como um fumo qualquer não prejudica ninguém além do

próprio usuário, e de acordo com os preceitos legislativos, não existe crime sem

vítima.

Ademais destes fatores, a criminalização da maconha gera um mercado

negro, que faz a venda da mesma para atender as demandas sociais. Este mercado

conhecido como Tráfico, é gerenciado por criminosos, o que torna o ambiente de

compra do produto um ambiente hostil para o usuário que corre riscos

desnecessários para comprar uma substância que deveria ser oferecida pelo estado

ou pelo menos que o indivíduo tivesse o direito de cultivar sua própria substância. O

tráfico financia o crime e causa problemas de segurança pública em todo país, afinal

o dinheiro ganho na venda de drogas é investido em armas e no crime organizado.

No Presente Trabalho de conclusão de curso, vários aspectos da Cannabis

serão abordados como o conceito biológico de cannabis, suas diferentes espécies,

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a ação no corpo humano e seus efeitos, ademais de diferentes formas de utilização

da mesma.

Estes aspectos serão abordados com o objetivo de esclarecer a questão da

Maconha para a desmistificar, e possibilitar um debate na sociedade acerca da

legalização da mesma, o que é imprescindível para uma sociedade democrática que

respeita o indivíduo e visa garantir a segurança pública e a saúde de seus

membros.

1 - A CANNABIS

1.1 Conceito Biológico e Panorama Histórico

Nome científico: Cannabis

Classificação: Gênero

Classificação superior: Cannabaceae

Reino: Plantae

Ordem: Rosales

Género: Cannabis; L. 1753

A cannabis, popularmente conhecida como “Maconha” no Brasil, nome que

provém do termo quimbundo ma'kaña(o qual significa: erva sagrada)(1), é uma

espécie de planta do gênero das angiospermas, nativa da ásia central e

meridional(2) e que encontra suas origens há mais de 2 000 anos (dois mil anos),

possuindo vestígios de seu uso antes de cristo.

Sementes carbonizadas de cannabis foram encontradas em um braseiro

utilizado para rituais em um cemitério, onde atualmente, se localiza a Romênia,

demonstrando evidências de seu uso no terceiro milênio antes de cristo. (3)

A erva também foi utilizada por povos da Índia e do Nepal a milhares de anos

como relatam estudos históricos, a planta era conhecida como “ganjika”, em

sânscrito (गांजा, ganja nas modernas línguas indo-arianas)(4) (5), a substância

ancestral denominada “Soma” mencionada no “Vedas”(6) (as quatro obras,

compostas em um idioma chamado Sânscrito védico, de onde se originou

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posteriormente o sânscrito clássico (7) ) foi muitas vezes relacionada a maconha,

levando em conta que os Vedas foram escritos estimadamente a 2000.ac(8), de

forma a que seu uso histórico é evidenciado.

Recentemente, uma cesta de couro contendo fragmentos de folhas e sementes de

cannabis foi achada em Xinjiang, no noroeste da china, do lado do corpo

mumificado de um xamã de 2500-2800 anos de idade, Isto ocorreu em 2003. (9)

A planta possui diversas partes com diferentes funções e utilidades, as fibras

do caule por exemplo são resistentes e podem ser utilizadas na fabricação de papel,

tecidos e fios para confecção de roupas. Das sementes da cannabis pode-se extrair

um óleo que pode ser utilizado na produção de sabão, tintas e mesmo óleo

comestível.

No entanto, suas principais substâncias químicas e seus princípios ativos se

concentram principalmente nas flores, possuindo menor concentração no caule e

nas folhas, as quais podem ser usadas na produção de Haxixe.

Estes componentes concentrados nas flores incluem cerca de 400 substâncias

químicas, sendo os principais princípios ativos o Tetrahidrocanabinol conhecido por

sua abreviatura, THC e o Canabidiol, também mais conhecido pela sua abreviatura,

CBD.

Ambos princípios ativos citados são conhecidos como Canabinóides, um

termo comum para nomear todos as substâncias que ativam os receptores

canabinóides, os quais ficam localizados nos neurônios, estas substâncias podem

ser tanto artificiais quanto naturais, afinal podem ser sintetizados em laboratório.

Enquanto o THC é responsável pelo efeito psicoativo, o CBD garante alguns

benefícios medicinais, a planta contém muitos outros princípios ativos importantes

como os terpenos, responsáveis principalmente pelo odor da planta. Os conceitos

serão posteriormente aprofundados em seus determinados capítulos.

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1.2 Espécies As espécies de cannabis se dividem em 3 principais famílias: Cannabis

Sativa, Cannabis Indica e Cannabis Ruderalis.

Cannabis Sativa

A cannabis sativa é a espécie mais popular e tem como origem regiões

equatoriais e tropicais,além disso, possui uma estatura mais alta que as demais.

Suas folhas têm características de aspecto fino e alongado, Pode ter um período

maior de floração, chegando até 12 semanas. Tem preferência por ambientes

abertos, arejados e espaçosos, tendo um melhor cultivo ao ar livre (outdoor).

Conhecida por promover efeitos mais “cerebrais”, como o estímulo da criatividade e

a concessão de energia.

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Cannabis Indica

A Cannabis Indica possui uma estatura baixa, além de folhas robustas e mais

largas. Suas flores são compactas e densas, e possuem um odor mais acentuado

que as sativas.

Responsáveis por efeitos mais “corporais”, conhecidas por seus efeitos relaxantes e

calmantes, tendo grande utilidade para combater sintomas como insônia, perda de

apetite e estresse. Possui período de floração mais curto que das sativas, variando

entre 8 e 10 semanas.

Cannabis Ruderalis

A palavra ruderalis vem de “ruderal”, termo aplicado a espécies de plantas

selvagens que são as primeiras a colonizar terras devastadas por atividade humana

ou natural. há grandes divergências entre os botânicos especialistas, sobre o fato da

cannabis ruderalis ser realmente um terceiro tipo de espécie, já que alguns

acreditam que a mesma é apenas uma variação das duas famílias anteriores.

Com provável surgimento na ásia central, a espécie ruderalis floresce muito mais

cedo que a sativa e a indica, por isso, é muito utilizada na confecção de sementes.

Híbridas

Com a modernização do cultivo de maconha pelo mundo, Diversos

cruzamentos de espécies foram feitos ao redor do mundo, obtendo como resultado,

uma gama de variações de espécies, uma infinidade de espécies com diferentes

efeitos, variando a concentração de seus terpenos e cannabidiols.

Como exemplificação, as híbridas incluem: Acapulco Gold, Lemon Haze, amnesia,

Berry white, Blue dream, entre muitas outras.

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1.3 Ação no corpo humano e efeitos

Os efeitos do uso da maconha de modo simplório ocorrem em questão de

minutos e podem durar até algumas horas, incluem sonolência/euforia , aumento da

sensibilidade em geral, incluindo aumento da sensibilidade das papilas gustativas, o

que caracteriza o estado popularmente conhecido como “larica”. Efeitos também

abrangem vermelhidão nos olhos pela dilatação dos vasos sanguíneos, em alguns

casos taquicardia, leve perda de noção do tempo/espaço, risos espontâneos,

sensação de bem estar e felicidade pelo estímulo de dopamina e serotonina,

hormônios responsáveis pelo prazer e bem estar.

Extremamente importante ressaltar que os efeitos são de ordem orgânica,

logo variam de organismo para organismo, por isso alguns efeitos parecem

antagônicos como sonolência/euforia, a realidade é que além dos efeitos variarem

de individuo para individuo, sua intensidade e duração também variam dependendo

do costume do indivíduo que está fazendo o uso. Ademais destes fatores, as drogas

em geral, incluindo a maconha tem seu efeito baseado em principalmente 3 fatores:

O humor da pessoa que está fazendo uso, o que pode caracterizar a intensidade ou

um efeito negativo/positivo (Os efeitos podem ser negativos dependendo do usuário,

e causar sensações desagradáveis. Estes momentos são conhecidos popularmente

pelos usuários como “Bad Trips” ou Viagem ruim). O ambiente em que a pessoa se

encontra e sua familiaridade com o local também é um fator determinante na

sensação que o ser vai experienciar, e o terceiro fator é a própria substância que

está sendo utilizada, afinal, como descrito no capítulo anterior, existem uma gama

infinita de espécies híbridas de maconha com efeitos variáveis. As diferenças

básicas entre as 3 principais famílias de Cannabis também influenciam, como

descrito no capítulo 1.2, enquanto as sativas são responsáveis por efeitos mais

energéticos, as indicas concedem efeitos mais relaxantes, lembrando que dentro de

uma mesma espécie também há variabilidades.

Para entendermos a ação da cannabis no corpo humano com plenitude, é

necessário a compreensão do sistema endógeno canabinóide. De acordo com

Dustin Sulak, doutor em medicina osteopática em Maine, EUA:

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(https://www.vice.com/pt_br/article/ezg84e/como-e-por-que-seu-cerebro-produz-seu

s-proprios-canabinoides)

“O sistema endógeno-canabinoide, que recebeu o nome da planta

responsável por seu descobrimento, é talvez o mais importante sistema fisiológico

envolvido no estabelecimento e manutenção da saúde humana.

Os endocanabinóides e seus receptores são encontrados em todo o corpo: no

cérebro, órgãos, tecidos conectivos, glândulas e células imunológicas. Em cada

tecido, o sistema canabinóide desempenha tarefas diferentes, mas a meta é sempre

a mesma: homeostase, a manutenção de um ambiente interno estável apesar de

flutuações no ambiente externo.

Os canabinóides promovem homeostase em todos os níveis da vida

biológica, do sub-celular ao organismo, e talvez até a comunidade e além dela. Um

exemplo: a autofagia, processo no qual uma célula sequestra parte de seu conteúdo

para ser auto-ingerido e reciclado, é intermediado pelo sistema canabinóide.

Enquanto esse processo conserva vivas as células normais, permitindo-lhes manter

um equilíbrio entre síntese, degradação e subsequente reciclagem dos produtos

celulares, ele tem um efeito mortal em células de tumores malignos, fazendo-as se

consumir a si próprias num suicídio celular programado. A morte de células

cancerosas, claro, promove homeostase e sobrevivência ao nível do organismo

inteiro.

Endocanabinóides e canabinóides são encontrados também na intersecção

dos vários sistemas do corpo, permitindo a comunicação e a coordenação entre

diferentes tipos de células. No local de um ferimento, por exemplo, os canabinóides

podem ser encontrados diminuindo a liberação de ativadores e sensibilizadores do

tecido machucado, estabilizando a célula nervosa para prevenir excessivos disparos

e acalmando células imunológicas em volta para evitar a liberação de substâncias

inflamatórias. Três mecanismos diferentes de ação em três tipos diferentes de

células, voltadas para um único propósito: minimizar a dor e o dano causados pelo

ferimento.

O sistema endocanabinóide, com suas complexas ações em nossos sistemas

imunológico, nervoso e em todos os órgãos do corpo, é literalmente uma ponte

entre corpo e mente. Ao compreender este sistema nós começamos a enxergar um

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mecanismo que explica como os estados de consciência podem promover saúde ou

doença.

Além de regular nossa homeostase interna e celular, os canabinóides

influenciam o relacionamento de uma pessoa com o ambiente externo. Socialmente,

a administração de canabinóides altera claramente o comportamento humano, em

geral promovendo compartilhamento, humor e criatividade.

Ao intermediar a neurogênese, a plasticidade neural, e o aprendizado, os

canabinoides podem influenciar diretamente a abertura mental e a capacidade de

uma pessoa para se mover além de padrões limitantes de pensamento e

comportamento decorrentes de situações passadas. Reformatar estes velhos

padrões é parte essencial da saúde no nosso ambiente em rápida mutação.”

Quando a maconha é consumida, a mesma percorre todo o corpo humano e

age principalmente no cérebro, seu principal princípio ativo tetrahidrocanabinol se

liga a diversos receptores cerebrais conhecidos como Receptores canabinóides,

localizados nos neurônios do cérebro, alterando o funcionamento destes.

Age em diversas áreas do cérebro responsáveis por diferentes funções como:

Hipotálamo

Controla o apetite, os níveis hormonais e o comportamento sexual.

Gânglios da base

Associados a coordenação motora e iniciativa

Corpo estriado

Associado a previsão motora e cognitiva

Amidas cerebelosas

Responsáveis pela ansiedade, emoção e medo

Tronco encefálico e medula espinhal

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Importantes no reflexo faríngeo e na percepção da dor

Neocórtex

Responsáveis pelas funções cognitivas superiores e pela integração da informação

sensorial

Hippocampus

Importante para a memória e para o aprendizado de fatos, sequência e lugares

Cerebelo

Centro da coordenação motora e do equilíbrio

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2- Formas de utilização

2.1 Emprego na Medicina - competição com indústria farmacêutica

O uso da erva na medicina é milenar,na china, a planta era utilizada com

propósitos médicos e está inserida no farmacólogo chinês há mais de 2 mil anos, no

Pen-Ts’ao Ching, conhecido como a primeira farmacopéia do mundo.

O principal uso da cannabis na medicina é relacionado ao tratamento de

doenças crônicas, neurodegenerativas ou terminais, porém encontra grande

dificuldade para atuar pela proibitiva legislação brasileira, que desde a década de 30

promulgou diversas leis e decretos que criminaliza seu uso e comércio.

Apesar da criminalização do seu uso, a maconha tem diversas utilizações

comprovadas na medicina,as quais ajudariam muitas pessoas com problemas leves

como Ansiedade ou até mesmo em casos de doenças crônicas em que este

tratamento é absolutamente necessário como no caso da esclerose múltipla. Estas

pessoas poderiam ser beneficiadas pelo tratamento com base em Extrato de Cbd,

um princípio ativo da “maconha” se a mesma não fosse criminalizada, ressalvando

que o direito a saude e a um tratamento médico que propicie conforto ao indivíduo é

um direito absoluto na constituição brasileira e nos direitos humanos.

Irei citar aqui alguns exemplos do uso da cannabis em diversas doenças:

Câncer

A quimioterapia, um dos tratamentos para câncer mais comuns, causa na

maioria das vezes enjoos fortes, o que torna o processo insuportável, Há vários

medicamentos para isto e os mesmos são efetivos, mas muitas pessoas não são

afetadas pelos medicamentos legais, mas são incrivelmente beneficiadas pelos

efeitos da maconha, como no caso público de Stephen Jay Gould, escritor e

paleontólogo, que fazia uso da cannabis medicinal e só era aliviado por isto, nas

palavras de stephen: “A maconha funcionou como uma mágica. Eu não gostava do

‘efeito colateral’ que era o borrão mental. Mas a alegria cristalina de não ter náusea

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– e de não experimentar o pavor nos dias que antecediam o tratamento – foi o maior

incentivo em todos os meus anos de quimioterapia”. A maconha além de conceder

sensação de bem estar pela liberação de dopamina, o que combate o mal estar

gerado pelos tratamentos de câncer, também alivia bruscamente os enjoos

extremamente fortes, que causam grandes empecilhos para os tratamentos. As

questões físicas impactam muito estes tratamentos, mas de acordo com uma

pesquisa feita nos estados unidos, um quarto dos pacientes com câncer se utilizou

de maconha no território americano e não apenas por razões físicas, mas também

para lidar com sintomas psicológicos como ansiedade, depressão e stress. (1)

Os sintomas da quimioterapia não são leves, muito pelo contrário, são

devastadores ao indivíduo e muitas vezes causam sensações insuportáveis,

levando o indivíduo a sofrer mais do que pelo próprio câncer, como afirma Michelle

Kaloussieh que fez uso da maconha para amenizar os efeitos da quimioterapia(2).

Ademais dos efeitos que auxiliam tratamentos excruciantes, há pesquisas recentes

que avaliam o uso da maconha para combater o câncer em si, ou tumores

relacionados ao mesmo. De acordo com estes estudos, a cannabis seria capaz de

reduzir o tamanho dos tumores e até eliminar as células relacionadas ao câncer,

para alcançar estes resultados, um grupo de ratos contaminados com câncer

recebeu altas doses de THC e estes resultados foram observados.(3) (4)

Aids

No caso da Aids, o paciente perde o apetite e muitas vezes possui sensação

de mal estar, a maconha tem grande utilidade com estes sintomas, pois causa um

efeito conhecido popularmente como “larica”, o qual sensibiliza as papilas

gustativas, intensificando o paladar e aumentando o apetite, o que favorece o ganho

de peso mais do que qualquer remédio legal encontrado, além de fornecer

sensação de bem estar pelo estímulo de serotonina em contraposição a forte

sensação de mal estar gerada pelo vírus da aids. O ganho de peso é considerada

uma das melhores maneiras para um soropositivo não desenvolver a doença. A

erva encontra grande utilidade ao reduzir os efeitos aflitivos do vírus da aids, e

ajudar no aumento de peso, mas recentemente, estudos comprovam a eficácia da

erva para tratar a aids em si, já que a mesma inibiria a propagação do vírus hiv,

14

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como evidenciado em um estudo que analisou macacos infectados pelo vírus por 17

meses, sendo submetidos aos princípios ativos da maconha. Os danos ao sistema

imunológico na área do estômago, área muito agredida pelo vírus da aids pelas

infecções causadas com o enfraquecimento do sistema imunológico, foram

reduzidos. Os macacos submetidos ao uso do thc apresentaram maior número de

células saudáveis em relação aos macacos que não se utilizaram da substância. (5)

(6) (7)

Esclerose Múltipla

É uma doença degenerativa que atrapalha muito a vida de quem é afetado,

além de ser fatal, a mesma causa fortes espasmos musculares e dores

insuportáveis, o portador da doença também perde o controle da bexiga e do

intestino, e estes sintomas não são bem aliviados por nenhuma substância, a não

ser a maconha, a qual alivia todos os sintomas. Esta doença faz com que o sistema

imunológico ataque os neurônios, isto ocorre por razões desconhecidas e o efeito

positivo da maconha provavelmente está relacionado a sua atuação no sistema

imunológico, o qual ainda não é compreendido totalmente. A planta cannabis teria

grande utilidade neste tratamento, aliviando os sintomas e criando uma

neuroproteção nas células, reduzindo o contato entre as mesmas, isto seria

benéfico no tratamento da esclerose múltipla já que no caso desta doença, o

sistema imunológico destrói a bainha de mielina, a qual protege os axônios ,logo,

esta proteção feita pela cannabis substituiria a bainha de mielina, esta é a razão do

por que a maconha diminui tanto crises epiléticas.

(8)

Epilepsia

Epilepsia é uma afecção que se manifesta por crises de perda da

consciência, acompanhadas de convulsões, que surgem em intervalos irregulares

de tempo. As constantes convulsões interferem a vida pessoal do afetado,

impedindo o mesmo de exercer diversas funções. A maconha exerce um efeito

extremamente benéfico para aqueles que possuem esta condição como é o caso da

Charlotte Figi, que sofria mais de 300 crises convulsivas por mês e passou a ter

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Page 17: A L E G A L I Z A Ç Ã O D A MA C O N H A

apenas duas. A razão destes efeitos ainda é de certa forma desconhecido, o que

se sabe é que a maconha atua nas sinapses dos neurônios, reduzindo sua

intensidade/atividade e de certa forma “acalmando o cérebro” o que impede as

convulsões, que são como “Tempestades elétricas que ocorrem no cérebro”. (9)

(10)

Ansiedade e depressão

A maconha pode ser considerado um remédio leve e controverso nestes

casos, pois algumas pessoas relatam melhora dos sintomas e outras o agravamento

dos mesmos, se trata de um uso subjetivo e orgânico.

Para estas doenças, há no mercado medicamentos muito mais efetivos do que a

cannabis, porém , estes são proporcionalmente mais agressivos e podem causar

uma série de consequências desagradáveis como a queda do cabelo no caso da

Fluoxetina, conhecido antidepressivo no mercado. (11) (12)

Glaucoma

O Glaucoma se caracteriza pelo aumento da pressão intra ocular e pode

levar a cegueira, neste caso, a maconha diminui a pressão intraocular, resolvendo

os sintomas. O único problema é que o efeito terapêutico da cannabis dura cerca de

3 a 4 horas quando consumida, o que exigiria que o paciente ficasse sob efeito da

substância em todos os momentos, o que às vezes não é desejado,por isto colírios

a base de maconha estão sendo produzidos, os mesmos duram períodos mais

longos e devem ser pingados diretamente nos olhos, evitando os efeitos

psicotrópicos.(13)

Dor

A erva possui um efeito analgésico genérico e tem diversos usos, mas

encontra sua maior utilidade no momento, como aliviadora de cólicas menstruais.

Segundo algumas pesquisas, a maconha não reduz a intensidade da dor, mas a

torna mais suportável por reduzir as atividades em áreas do cérebro relacionadas a

sensação de dor. Uma pesquisa financiada pelo Conselho de Pesquisa Médica do

Reino Unido e do Centro de Investigação Biomédica do Instituto Nacional de

16

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Pesquisa em Saúde (NIHR), em Oxford e publicada no daily mail , se utilizou de 12

adultos normais e deu para cada um, um comprimido com 15 mg de Thc ou

placebo, depois passou pimenta em suas peles. Os Homens que receberam o

comprimido de thc relataram menos sensações de dores, demonstrando a eficácia

da maconha no tratamento de dores crônicas. (14)

Dependência

O uso da cannabis no tratamento de dependências está sendo estudado no

Brasil principalmente pelo psiquiatra Dartiu Xavier, atualmente professor

livre-docente da Universidade Federal de São Paulo,com experiência na área de

Medicina, e ênfase em Psiquiatria, Psicologia e Neurociências, o qual afirma que a

cannabis pode ser utilizada para combater dependências químicas em substâncias

verdadeiramente perigosas e nocivas ao ser humano como o crack, a cocaína, a

heroína e outras substâncias extremamente tóxicas e com alto poder aditivo.

Em sua concepção, a maconha seria uma “porta de saída” para drogas mais

pesadas, substituindo o senso comum que afirma que a cannabis seria uma porta

de entrada para drogas mais pesadas. A cannabis seria inserida como uma forma

de política de redução de danos, a qual segundo a associação internacional de

redução de danos seria - “ Redução de danos é um conjunto de políticas e práticas

cujo objetivo é reduzir os danos associados ao uso de drogas psicoativas em

pessoas que não podem ou não querem parar de usar drogas. Por definição,

redução de danos foca na prevenção aos danos, ao invés da prevenção do uso de

drogas; bem como foca em pessoas que seguem usando drogas.” (15)

Desta forma, visando a redução das condições adversas a saúde causadas

pela dependência ou pelo uso de determinada droga, a maconha seria inserida em

um contexto em que o usuário está sendo mais prejudicado pela atual droga do que

seria pela cannabis, de forma a substituir um narcótico anterior pela maconha.

A utilidade da maconha no tratamento de dependência se dá ao fato, de

como relatado por usuários de droga, o efeito da maconha combater e ajudar o

usuário a resistir o periodo de abstinencia que drogas pesadas causam, este

período ocorre quando o indivíduo é dependente de uma substância e não está

fazendo uso da mesma e os efeitos incluem ansiedade, fadiga, sudorese, vômitos,

17

Page 19: A L E G A L I Z A Ç Ã O D A MA C O N H A

depressão, convulsões e alucinações. Este momento conhecido como fissura, é

geralmente responsável por fazer com que usuários que estão tentando parar de

fazer uso de determinada substância voltem a fazê-lo, afinal, esta fase exaure tanto

o indivíduo que o leva a consumir a droga novamente para de livrar das sensações

de abstinência. A maconha, além de ajudar nesses sintomas, conferindo bem estar

ao indivíduo, também diminuiria a “fissura do crack” e a ânsia para usar mais droga,

além de abrir o apetite e permitir que dormissem melhor, de acordo com usuários de

crack que estavam sendo analisados por um grupo de psiquiatras incluindo Dartiu

Xavier.

Um grupo de 20 usuários que estavam em uma tentativa de se livrar da

dependência do crack pelo uso da maconha, foram analisados pela equipe de Dartiu

Xavier por 12 meses, e após este período, 14 deles largaram o uso do crack (70%)

e passaram a se utilizar apenas de maconha, reduzindo o uso desta após o período

de 1 ano para em média 1 a 2 cigarros de maconha por semana, algo totalmente

inofensivo se comparado ao uso constante do crack. Estudo publicado na revista

americana cientifica com enfoque na psquiatria - Psyachiatry on Line, e analisado

pela folha de são paulo (16).

A questão do uso medicinal da maconha vem sendo discutida desde que a

legalização da mesma foi implementada em alguns estados americanos como a

califórnia, de acordo com uma pesquisa feita pela New england journal of medicine,

76% dos médicos de vários países se declararam a favor do uso medicinal da

cannabis. (17)

A planta encontra algumas dificuldades na medicina por ter um

comportamento extremamente variável dependendo do organismo do paciente, em

alguns pacientes encontra grande adesão e efeito, enquanto em outros pacientes

pode ter efeito nulo ou até mesmo efeito adverso. Outra questão que impede seu

estudo é o fato da substância ser ilegal em muitas partes do mundo, o que prejudica

as pesquisas acerca da mesma, ademais do fato de representar uma ameaça a

indústria farmacêutica, a qual é uma das mais ricas do mundo, considerando que

extratos naturais de maconha poderiam ser cultivados e feitos em casa e

18

Page 20: A L E G A L I Z A Ç Ã O D A MA C O N H A

competiriam com medicamentos a base de Cannabis feitos pela indústria

farmacêutica, como o Metavyl, conhecido como Sativex no brasil, que a pouco

tempo recebeu permissão da Anvisa para ser comercializado.

2.2 Uso Cultural - Panorama cultural Irei apresentar aqui diversos usos da maconha em diferentes períodos da

história e em diferentes lugares ao redor do globo, para apresentar sua pluralidade,

utilidade e envolvimento com diversas culturas, além de marcas históricas.

A cannabis existiu e teve alguma forma de utilização em diversas culturas ao

redor do globo desde a antiguidade. Temos como primeiro registro do homem com

a cannabis uma marca em uma corda de cânhamo impressa em cacos de barro,

achada na china e datada de 6 mil anos atrás.

O uso do cânhamo(fibra obtida da folha da maconha) para fazer cordas, tecidos, e

posteriormente papel foi o uso mais comum da cannabis, porém um dos usos

culturais mais relevantes de ser citado é o caso da china que há 2 mil anos atrás já

reconhecia as propriedades medicinais da planta, e tem a maconha no Pen-Ts’ao

Ching, conhecida como a primeira farmacopéia do mundo.

O uso da erva também está muito atrelado a religiões diversas como o

Sufismo, uma vertente do Islamismo que acredita na importância da experiência

pessoal de contato com Deus, e exercem este contato pela produção e consumo

de haxixe,o qual é utilizado tanto em rituais religiosos quanto em momentos de

recreação. Outro exemplo desta relação se encontra na índia, onde seguidores do

19

Page 21: A L E G A L I Z A Ç Ã O D A MA C O N H A

hinduísmo tem a prática de tomar bhang há milênios, uma bebida feita à base de

maconha que supostamente permite o contato com o divino.

“Há 3.500 anos, o Atharva veda, livro sagrado dos Hindus, também se referia à Cannabis na

forma de Bhang, preparação esta que incluía a resina da planta misturada com manteiga e

açúcar. O Bhang era usado para “libertar da aflição” e para “alívio da ansiedade”. Ainda hoje

o Bhang é consumido livremente em algumas partes da Índia pelos recém-casados na noite

de sua Lua-de-mel, como afrodisíaco. A religião hinduísta acredita que a Cannabis é um

presente dos Deuses. De fato, diz-se que a planta teve origem quando Shiva (uma das

personalidades de Deus na tríade dessa religião), chegando a um banquete preparado por

sua esposa Parvati, saliva ao ver tantas delícias e de sua saliva surge a planta abençoada.

Os Shaivas, devotos de Shiva, fumam continuamente a ganja (a planta feminina) com o

charas (a resina das flores) para meditarem e se elevarem espiritualmente. Eles consideram

que o chilum – o cachimbo onde a planta é fumada- é o corpo de Shiva, o charas é a mente

de Shiva, a fumaça resultante da combustão da planta é a divina influência do Deus e o

efeito desta, sua misericórdia.” (18)

Há também grupos Rastafaris , os quais surgiram no início do século XX.

com base em cultos de camponeses na jamaica que utilizavam uma bíblia da igreja

ortodoxa da etiópia, os mesmos seguem uma série de regras e tradições, o que

inclui o uso sagrado da erva. De acordo com um Blog rastafari - “Eles usam a

Maconha para a iluminação da mente para que eles possam corretamente

argumentar sobre as coisas do mundo. A Maconha é sempre usada de maneira

cerimonial. Antes de fumar a Erva Sagrada o Rasta fara uma prece para Jah ou

para Haile Selassie I. O Rasta chama este ritual de secção de arrazoamento onde

eles fumam Maconha para Niubingui. “ (19)

20

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Uma questão fundamental de ser explanada é o fato da proibição da

maconha ser uma forma de criminalizar estas culturas que faziam uso da mesma,

ou criminalizar as populações que faziam uso, como o povo negro. Além de não

respeitar a liberdade cultural destes povos ao infringir limitações no quanto sua

cultura é permissível, a proibição atenta contra a liberdade bio política destes povos,

com o estado impedindo os de consumir um produto que só prejudica seus próprios

corpos, sendo relativo o quanto este prejuízo é relevante ou verdadeiramente

danoso ao corpo.

A liberdade biopolítica seria a liberdade que o indivíduo tem em fazer o que

quer com seu próprio corpo em relação ao estado, afinal se não temos controle do

nosso próprio corpo, que sociedade é esta em que vivemos que clama valorizar

princípios de liberdade e democracia e invade a privacidade do indivíduo, ditando o

que o mesmo pode ou não utilizar em seu período livre.

2.3 Uso Recreativo

O uso recreativo é o uso mais comum no Brasil e provavelmente no mundo.

De acordo com o Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad) realizado por

pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), 8 milhões de

brasileiros disseram já ter experimentado maconha e 1.5 milhão afirmam fazer uso

regular. Acredito que a legitimação para tal uso venha da liberdade Biopolítica, a

qual já foi explicada. O uso recreativo geralmente consiste em consumir a planta

para obter seus efeitos como se faz por exemplo com o café, no caso, queimando a

erva com objetivo de obter efeitos diversos como relaxar, aumentar o apetite, reduzir

os efeitos da insônia, entre outros.

Na Holanda o uso de maconha ocorre de forma normalizada a muitos anos, e

por isto o uso recreativo é algo comum e enraizado no cotidiano dos holandeses.

Apesar de também estar enraizado na cultura brasileira, na holanda o uso da

cannabis é socialmente aceito, por ser praticado a muitos anos e não ter causado

prejuízos relevantes à sociedade. Além de estar culturalmente inserido na

sociedade, já que faz parte do dia a dia dos nativos o encontro para o uso da

21

Page 23: A L E G A L I Z A Ç Ã O D A MA C O N H A

cannabis, tal como é naturalizado no Brasil ir até um Bar após o trabalho como

forma de recreação.

O uso recreativo pode ser feito de forma individual com enfoque no interior de

quem está fazendo o uso, ou de forma coletiva com um enfoque mais exterior, em

que o mesmo baseado é passado de pessoa em pessoa, como uma forma de ritual,

possuindo um caráter que estimula a sociabilidade.

A erva pode ser consumida em forma de cigarros de maconha, em um

bong(aparelho que filtra a fumaça por meio da água), em um cachimbo, em um

narguilé, em um vaporizador ou até mesmo ingerida em alimento que possuam

gordura(afinal o Thc é lipossolúvel, apenas sendo solubilizado na gordura), entre

outros métodos diversos.

O uso recreativo pode ser feito com objetivo de abstrair e relaxar da mesma

forma que a bebida alcoólica é consumida, com objetivo de dormir melhor, alcançar

outros níveis de consciência, ou apenas uma mera busca por prazer. Também pode

ser utilizado em determinados contextos, para aproveitar melhor o ambiente, se

conectar com a natureza ou até mesmo em jornadas espirituais, como é o caso de

certas viagens.

3- Legislação Sobre a maconha

3.1 Criminalização “A política criminalizadora de condutas relacionadas à produção, à

distribuição e ao consumo de determinadas substâncias psicoativas e matérias

primas para sua produção, ocultando a identidade essencial em todas as

substâncias psicoativas e a artificialidade da distinção entre drogas lícitas e ilícitas,

22

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é, hoje, a mais organizada, mais sistemática, mais estruturada, mais ampla e mais

danosa forma de manifestação do proibicionismo a nível mundial.” (Karam, 2009:1).

A maconha encontra uma legislação proibitiva no Brasil, a qual a impede de

atuar em todas as áreas citadas nos capítulos prévios, como na área medicinal. É

possível citar os decretos legislativos que tornaram seu uso proibido desde 1932:

[...] o Decreto nº 20.930/1932, que proibia o uso e o comércio de drogas; O Decreto

– Lei nº 831/38, lei de fiscalizacao de entorpecentes; O art. 281, do Código Penal de

1940, que tipificava a conduta delitiva do traficante; A Lei nº 5.726/71, lei de

entorpecentes; A Lei nº 6.368/76, lei que uniu todas outras legislações sobre drogas

e todas essas citadas foram substituídas pela atual Lei de Drogas a Lei nº

11.343/2006[14] [...] que instituiu e prescreveu medidas para prevenção do uso

indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas;

estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de

drogas e define crimes.

É muito importante explicar a diferença entre criminalização,

descriminalização, legalização e o modelo holandês. A criminalização é a proibição

do consumo e do porte da Cannabis, o que ocorre em grande parte do mundo e

acarreta em grandes prejuízos sociais, como já explanados no trabalho. A

descriminalização deixa de considerar o uso e o consumo ato criminoso, porém

mantém o controle e a venda da maconha com o tráfico, enquanto o estado

continua uma política de guerra às drogas, lutando contra os criminosos

responsáveis pelo tráfico, o que não soluciona muito o problema, e apenas garante

ao indivíduo maior respeito e liberdade.

Já no Caso da Legalização, a venda e a regulamentação da cannabis passa

a ser feita pelo estado, ou o estado garante ao indivíduo o direito de cultivar a

cannabis em sua residência. Este processo tira o poder e o financiamento do crime,

prejudicando o tráfico de drogas. e melhorando a segurança pública, além de

possuir um controle sob a substância, impedindo por exemplo que menores de

idade façam a compra da Maconha, como ocorre deliberadamente na atualidade.

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E garantindo que o produto vendido atenda a certos padrões de qualidade,

protegendo o indivíduo, diferente da atualidade, em que a maior parte da maconha

vendida é conhecida como “Prensado”, produto consequente da proibição e que traz

danos ao usuário por possuir produtos tóxicos como o Amoníaco, decorrente do

processo de decomposição vegetal.

Outra questão relevante de ser discutida é a taxação econômica sob o

produto legalizado e o lucro que isto acarreta para o país, segundo a revista abril,

Legalizar a maconha poderia render até R$ 6 bi em impostos, além de 1 bilhão de

reais economizados com o sistema prisional, o que poderia ajudar a reduzir a

suposta crise económica que vivemos atualmente, ademais do fato de que este

capital poderia ser investido em tratamentos para dependentes químicos e na

própria saúde pública, reduzindo ainda mais os danos causados pelas drogas.(21)

Já no modelo Holandês, o uso e a posse de maconha são descriminalizados sob

certas condições, mas a maconha não é legal, apenas é tolerada sob certos desde

que as condições que serão citadas no próximo capítulo sejam cumpridas. Isto

ocorre porque o governo holandês reconhece que é impossível impedir as pessoas

de usarem drogas totalmente, portanto, os cafés têm autorização para vender

pequenas quantidades de drogas leves como a Maconha, se forma a que as

autoridades possam se concentrar nos grandes criminosos que vendem drogas

pesadas, e lidando com dependentes de substâncias mais pesadas como uma

questão de saúde pública.

“Por que a maconha é proibida? Porque faz mal à saúde. Será mesmo?

Então, por que o bacon não é proibido? Ou as anfetaminas? E, diga-se de

passagem, nenhum mal sério à saúde foi comprovado para o uso esporádico de

maconha. A guerra contra essa planta foi motivada muito mais por fatores raciais,

econômicos, políticos e morais do que por argumentos científicos. E algumas

dessas razões são inconfessáveis. Tem a ver com o preconceito contra árabes,

chineses, mexicanos e negros, usuários freqüentes de maconha no começo do

século XX. Deve muito aos interesses de indústrias poderosas dos anos 20, que

vendiam tecidos sintéticos e papel e queriam se livrar de um concorrente, o

cânhamo. Tem raízes também na bem-sucedida estratégia de dominação dos

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Page 26: A L E G A L I Z A Ç Ã O D A MA C O N H A

Estados Unidos sobre o planeta. E, é claro, guarda relação com o moralismo

judaico-cristão (e principalmente protestante-puritano), que não aceita a idéia do

prazer sem merecimento – pelo mesmo motivo, no passado, condenou-se a

masturbação.” - Trecho da matéria A verdade sobre a maconha, Revista Abril

A guerra contra esta planta tem razões raciais, econômicas, políticas e

morais, as quais irei apresentar no decorrer deste texto.

No ocidente, no século xx, o uso da maconha já existia nas populações

mundiais, porém era relegada a populações marginalizadas. No Brasil, seu uso

ficava praticamente restrito a população negra, com aparecimento em rituais de

candomblé e utilizado por agricultores rurais após o trabalho (profissão ocupada

majoritariamente pela população negra), já na europa, a planta era consumida

principalmente por imigrantes árabes e indianos, os quais eram marginalizados por

aspectos raciais, culturais e xenofóbicos, obtendo empregos não desejados no

continente europeu. Nos estados unidos, a erva era utilizada pelo povo mexicano

que havia cruzado a fronteira com os estados unidos em busca de empregos,

visando uma melhora na qualidade de vida.

O uso da planta era utilizado de forma legal, principalmente utilizado pelos

grupos sociais citados acima, porém um acontecimento na história dos estados

unidos muda o rumo que a maconha teria na história.

Em 1920, um decreto criminalizando a produção e a comercialização de

bebidas alcoólicas nos estados unidos é promulgado nos Estados Unidos.

Decreto conhecido como “Lei Seca”, neste momento o uso da maconha começou a

aparecer em outros grupos sociais além dos marginalizados, já que como cita o

especialista em entorpecentes e historiador inglês Richard Davenport-Hines,

especialista na história dos narcóticos, “A proibição do álcool foi o estopim para o

‘boom’ da maconha” (The Pursuit of Oblivion).

Este período teve uma figura muito importante, que determinou os rumos que

o mundo inteiro seguiu em relação à política de drogas até os tempos atuais, este

foi Henry Anslinger. Henry começou a ter destaque público durante a lei seca,

dificultando o tráfico de rum oriundo das bahamas, após isso, o mesmo foi

promovido a chefe da Divisão de Controle Estrangeiro do Comitê de Proibição,

25

Page 27: A L E G A L I Z A Ç Ã O D A MA C O N H A

tendo como função cuidar do contrabando de bebidas. No período, com a quebra

da bolsa de valores de nova york em 1929, a população estava com uma crise

econômica e uma moral baixíssima, e muitos boatos absurdos estavam sendo

divulgados pelo país como a afirmação de que os mexicanos ganhavam força sobre

humana com a droga e com isto roubavam os empregos dos americanos.

Os boatos também incluíam dizer que a substância levava os indivíduos a

promiscuidade pelo fato dos mexicanos serem uma população ativa sexualmente

(questão cultural), e a criminalidade pelo fato do número de crimes aumentar no

período, claramente devido a crise econômica, causada pela quebra da bolsa.

Baseados nestes ridículos boatos que nada mais eram do que uma

campanha contra a cannabis baseada em uma política de estado de guerra às

drogas, diversos estados americanos começaram a proibir a substância.

Anslinger continuou sua luta para propagar os mitos antimaconha, e em

1930, se tornou o chefe do FBN, um escritório nos padrões do FBI para combater o

uso de drogas. Além do poder que anslinger ganhou com a proibição, outros fatores

podem ter influenciado nisso como o fato dele ser casado com a sobrinha de

Andrew Mellon, dono da gigante petrolífera Gulf Oil e um dos principais investidores

da igualmente gigante Du Pont. Empresa que produzia diversos produtos

concorrentes ao que o cânhamo poderia oferecer como aditivos para combustíveis,

plásticos, fibras sintéticas como o náilon e processos químicos para a fabricação de

papel feito de madeira, e que segundo o escritor Jack Herer, no livro The Emperor

Wears No Clothes -“A Du Pont foi uma das maiores responsáveis por orquestrar a

destruição da indústria do cânhamo”. Outra questão foi a íntima relação de anslinger

com

William Randolph Hearst. o qual além de possuir uma vasta rede de jornais, o

qual dispersou mitos antimaconha, e ter reconhecido ódio pelo povo mexicano, era

dono de plantações de eucalipto com intento de produzir papel, mais um motivo

para se opor a indústria do cânhamo que ia derrubar o uso do eucalipto, por ter

maior efetividade e produtividade.

Hearst popularizou o nome “Marijuana” por acreditar que a denominação associava

fortemente a droga com o povo mexicano, o mesmo também publicava

constantemente notícias alegando mitos como a questão do uso da maconha

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causar perda de neurônios (mito se criou nos anos 30 por Hearst) e notícias

relacionando o uso da erva com crimes cometidos.

“A proibição das drogas serve aos governos porque é uma forma de controle

social das minorias”, diz o cientista político Thiago Rodrigues, pesquisador do

Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Psicoativos. Funciona assim: maconha é

coisa de mexicano, mexicanos são uma classe incômoda. “Como não é possível

proibir alguém de ser mexicano, proíbe-se algo que seja típico dessa etnia”, diz

Thiago. Assim, é possível manter sob controle todos os mexicanos – eles estarão

sempre ameaçados de cadeia. Por isso a proibição da maconha fez tanto sucesso

no mundo. O governo brasileiro achou ótimo mais esse instrumento para manter os

negros sob controle. Os europeus também adoraram poder enquadrar seus

imigrantes. - Trecho da matéria A verdade sobre a maconha, da revista abril

 

 

 

 

 

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Page 29: A L E G A L I Z A Ç Ã O D A MA C O N H A

“O corpo esmagado da menina jazia espalhado na calçada um dia depois de

mergulhar do quinto andar de um prédio de apartamentos em Chicago. Todos

disseram que ela tinha se suicidado, mas, na verdade, foi homicídio. O assassino foi

um narcótico conhecido na América como marijuana e na história como haxixe.

Usado na forma de cigarros, ele é uma novidade nos Estados Unidos e é tão

perigoso quanto uma cascavel.” - tradução do começo da matéria “Marijuana:

assassina de jovens”, publicada em 1937 na revista American Magazine.

3.2 Legalização A legalização teria como propósito atender e respeitar as demandas sociais

citadas nos capítulos anteriores como o uso médico, o uso cultural e o uso

recreativo, de forma a garantir a liberdade biopolítica do indivíduo, a liberdade

cultural e o direito a cuidar de sua saude da melhor forma possível.

Ademais destes fatores, a legalização da maconha reduziria drasticamente o

Tráfico de drogas no Brasil, com a venda sendo exercida pelo estado e não pelo

último. O tráfico de drogas financia o crime, logo, com a legalização, teríamos uma

redução da violência que é tanto exercida pelos criminosos que compram armas

com o dinheiro da venda de drogas quanto pelos policiais que se aproveitam da

proibição para coibir, agredir, humilhar, e matar a população, o que ocorre

principalmente na periferia, população mais vulnerável a este tipo de ação, como foi

o caso de “Amarildo”, ajudante de pedreiro que foi morto e sumiu na favela do rio de

janeiro, sendo visto nos seus últimos momentos, acompanhado de policiais

militares.

Além de resolver diversas questões, a legalização da Maconha também

diminuiria o grande problema que temos em segurança pública no país atualmente,

afinal enfraquecendo o tráfico, cortamos o crime pela raiz. As questões de prisões

superlotadas também seriam sanadas, afinal a grande maioria dos presos, estão ali

por tráfico ou uso de drogas, número este que diminuiria intensamente com a

legalização.

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Há muitas possibilidades para a legalização da maconha no Brasil,

considerando que existem muitos exemplos de países que legalizaram a maconha

por diferentes modelos, de formas mais privadas ou mais estatais, irei listar e

apresentar aqui uma série de países que possuem projetos neste quesito:

No canadá, onde a droga já é legalizada para o uso medicinal desde 2001, o

uso recreativo será legalizado em 17 de outubro de 2018.

O primeiro ministro que tinha prometido a legalização da erva, afirma que a

legalização irá impedir que traficantes tenham dinheiro para financiar o crime com

dinheiro obtido de jovens.

O projeto federal estabelece uma idade mínima de 18 anos, porém este

período antes da legalização servirá para que os estados escolham suas regras

individuais, podendo aumentar essa idade mínima para 19 anos. Além de comprar a

maconha e seus extratos legalmente, o projeto também inclui a permissão do cultivo

de até 4 pés de maconha em casa, além de permitir o porte de na rua de até 30

gramas da substância, a qual será obtida via processo online.

A compra de produtos alimentícios contendo cannabis não será possível por mais

um ano, período concedido para que os estados estabeleçam as regras acerca

desta questão.

No caso recente do Uruguai, em dezembro de 2013, houve uma votação no

senado, em que de 16 a 13 votos, a legalização da maconha foi aprovada, de forma

a que a produção e regulamentação ficasse sob o controle do estado, porém de

forma que houvesse a liberdade dos indivíduos uruguayos de criar clubes de plantio

e cultivar seu próprio fumo.

Há no país uma produção e venda da cannabis feita de forma estatal, com o

estado controlando o preço e a qualidade do produto.Sob esta perspectiva, cada

indivíduo pode comprar até 40 gramas por mês, e para isto necessitam ter no

mínimo 18 anos e se registrar em um banco de dados nacional, que verifica seu

consumo. Há também a permissão para o cultivo de até 6 colheitas em casa por ano

(a qual não pode ultrapassar 480 gramas), ou a alternativa de se juntar a um clube

de cultivo, o qual pode cultivar até 99 plantas anualmente. Ressalvando que a

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Page 31: A L E G A L I Z A Ç Ã O D A MA C O N H A

compra de maconha por estrangeiros e o transporte da mesma para fronteiras

internacionais é ilegal.

O caso mais interessante de se analisar é o dos Estados Unidos Da América,

país responsável pela atual guerra contra as drogas e política contrária ao uso de

drogas que afetou e reside em todo mundo.

Recentemente, apesar da lei federal do país ser contrária a legalização da

maconha, como o país funciona em um sistema político em que os estados têm

autonomia e independência em relação ao governo federal, diversos estados

realizaram a legalização da maconha, Flórida, Dakota do Norte, Arkansas e

Montana legalizaram a maconha medicinal enquanto Califórnia, Colorado, Oregon,

Massachusetts, Washington, Maine e Nevada legalizaram o uso recreativo da

maconha para adultos com 21 anos ou mais. Na Califórnia, primeiro estado

americano a legalizar o uso da maconha recreativa nos estados unidos, a

legalização tem tido números muito positivos, segundo um estudo publicado em

agosto deste ano, estes estados tiveram um decréscimo de 25% das mortes

relatadas a opiáceos (como a morfina). Como a maconha tem um efeito analgésico

muito semelhante a opiáceos mas uma toxicidade muito menor, os riscos de

overdose se tornam impossíveis com o seu uso. Além do mercado negro perder

força de forma abrupta, o uso entre jovens de até 18 anos, reduziu, ao invés do que

muitos pensavam, afinal, com a regulamentação é preciso ter idade mínima para a

compra e o preço do produto se eleva pelos impostos. A polícia agora se foca em

crimes sérios como o homicídio, melhorando a segurança pública,como mostra uma

matéria do “Spotniks” - “Apesar da situação alarmante em grande parte do país, o

Colorado tem dado um bom exemplo de uma política eficiente de combate ao crime.

Desde que legalizou a maconha, o estado está experimentando uma redução

considerável no número de crimes: até o momento, houve uma queda de 14,6% nos

crimes na capital, Denver, contrariando críticos da legalização que apostavam num

cenário contrário” Além dos presídios que estavam com problemas de

superlotação, vão começar a reduzir seu contingente, considerando que

estimativas indicam que existam cerca de 2,2 milhões de pessoas presas

atualmente nos Estados Unidos.

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No caso da Holanda, país conhecido pelo uso e cultura canábica, a maconha

nunca foi legalizada no país, porém sempre houve uma tolerância extrema por parte

do governo, a posse de até 30 gramas foi descriminalizada no país em 1976, além

do consumo das ervas em coffee shops ser tolerado, “Há quase 40 anos, decidiu-se

que os coffees shops não seriam processados se cumprissem cinco regras básicas:

atender somente maiores de 18 anos; não vender mais que 5 gramas por pessoa,

vetar consumo de álcool e de drogas pesadas nos estabelecimentos; não fazer

propaganda e nem permitir bagunça na vizinhança.” (20)

Portugal

No fim dos anos 1980, o país estava enfrentando um grande problema em

relação a saúde pública devido a drogas ilícitas, um número significativo da

população estava dependente de heroína, um a cada 100 portugueses estava

viciado na substância.

Além disso a criminalidade, o número de casos de overdose no país

aumentavam e o indice de pacientes com Hiv era o maior da união europeia.

Isto ocorreu pois depois de 40 anos sob o regime autoritário de António salazar, a

população estava totalmente despreparada para o uso de substâncias ilícitas,

salazar enfraqueceu as instituições e destruiu o ensino no país a fim de tornar a

população mais dócil e suscetível ao controle.

Portugal então resolve descriminalizar o uso e posse de maconha, com isto

obtiveram quedas dramáticas em abusos de drogas, taxas de infecção por hepatite

e HIV, mortes por overdose, crime relacionado às drogas e índices de detenção.

Afinal , portugal começou a lidar com a situação das drogas como ela realmente

deve ser tratada, um problema de saúde pública e não criminoso, diferindo usos

saudáveis de dependências, já que como afirma Dartiu Xavier, especialista no tema

e portador de 30 anos de experiência com usuários de droga, apenas alguns

usuários se tornam dependentes, a grande maioria consegue fazer um uso saudável

da substância.

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No caso do Brasil, apesar de grupos e movimentos sociais que lutam com

afinco pela legalização da maconha como “A marcha da Maconha”, a legalização

parece distante. A votação para a descriminalização da Maconha que estava

ocorrendo no Supremo Tribunal Federal está parada desde 2015, após a declaração

do relator Gilmar mendes que afirmou - ““Ainda que o usuário adquira as drogas

mediante contato com o traficante, não se pode imputar a ele os malefícios coletivos

decorrentes da atividade ilícita”, e afirmou “Esses efeitos estão muito afastados da conduta

em si do usuário. A ligação é excessivamente remota para atribuir a ela efeitos criminais.

Logo, esse resultado está fora do âmbito de imputação penal.”

A votação que estava com 3 votos a 0, a favor da legalização foi interrompida e segue

suspensa até os dias em que este trabalho foi escrito.

Conclusão Concluo que a legalização da maconha é extremamente necessária e intrínseca a uma democracia saudável, pois irá respeitar a liberdade biopolítica dos indivíduos ao inibir a interferência do Estado no ato individual de consumir uma planta. Além disto, a legalização da maconha respeitará a liberdade cultural de povos que culturalmente fazem uso da Maconha no dia a dia, garantirá o direito à saúde, prevista na constituição, a todos aqueles que necessitam de Cannabis para propósitos medicinais. Ademais destes fatores, conclui pelas pesquisas e experiências em outros países, que a legalização é a melhor forma de controle sobre drogas, já que a descriminalização garante ao indivíduo a liberdade de uso mas não acaba com o financiamento do tráfico, afinal o controle sobre a substância permanece nas mãos do tráfico, e o estado apenas deixa de considerar ato criminoso o consumo e posse. Com a legalização,o estado regulamentará a produção e a venda de Cannabis, de forma a garantir os padrões de qualidades zelando pela saúde da população e vendendo apenas para maiores de 18 anos, diferente do que ocorre hoje em dia. Os lucros dos impostos sobre a venda de maconha também ajudariam a economia a se restabelecer. Minhas pesquisas concluíram que é evidente a necessidade de uma legalização da

maconha , que trará incríveis benefícios, como descritos no trabalho, e também

garantirá ao indivíduo as liberdades previstas numa democracia.

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(1) <https://g1.globo.com/bemestar/noticia/um-quarto-dos-pacientes-com-cancer-usou-maconha-medicinal-nos-eua-diz-estudo.ghtml>

(2) <https://www.vice.com/pt_br/article/jpykak/trato-um-cancer-e-fumo-maconha-pra-amenizar-os-efeitos-da-quimio >

(3) < https://awebic.com/saude/maconha-cura-cancer/> (4) (https://www.huffpostbrasil.com/2015/01/05/maconha-encolhe-drasticamente-

forma-agressiva-de-cancer-no-cereb_a_21677568/) (5) (http://gnt.globo.com/bem-estar/materias/estudo-aponta-que-a-maconha-pode

-inibir-a-propagacao-do-virus-hiv.htm) (6) (https://jovemsoropositivo.com/2017/12/22/hiv-thc/)

(7) (https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/saude/doencas-e-tratamentos/estudo-

maconha-pode-impedir-que-o-virus-hiv-se-espalhe,29a10cb042624410VgnV

CM4000009bcceb0aRCRD.html)

(8) (https://www.growroom.net/2017/11/22/maconha-e-esclerose-multipla/)

(9) (https://universa.uol.com.br/noticias/redacao/2018/05/17/como-a-maconha-m

e-ajudou-a-evitar-crises-de-epilepsia.htm)

(10) (http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/as_relacoes_entre_autismo_e

pilepsia_e_maconha.html)

(11) (https://www.huffpostbrasil.com/2016/11/17/maconha-pode-combater-ansi

edade-e-depressao-e-tambem-vicio-em-a_a_21700335/)

(12) (http://www.jornaldocampus.usp.br/index.php/2017/04/estudo-da-usp-sobr

e-o-uso-de-maconha-como-antidepressivo-ganha-premio-internacional/)

(13) (https://drauziovarella.uol.com.br/drogas-licitas-e-ilicitas/efeitos-beneficos-

da-maconha/)

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(14) (https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/saude/bem-estar/maconha-torna-a-

dor-mais-suportavel-dizem-cientistas,a5038735e2cdb310VgnVCM5000009cc

ceb0aRCRD.html)

(15) (https://www.hri.global/files/2010/06/01/Briefing_what_is_HR_Portuguese.pdf)

(16) (https://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff200401.htm). (17) (https://www.terra.com.br/noticias/dino/o-uso-medicinal-da-maconha-sem-

preconceitos,38a8eac9a1ef0b072ecab17f16fb3dcdhz3ze6ni.html)

(18) http://www.anarquista.net/historia-uso-cultural-e-espiritual-da-canabis/

(19) http://rastafaribrasil.blogspot.com/2012/12/o-uso-da-maconha-para-os-rastafaris.

html

(20) (https://www.bbc.com/portuguese/internacional-44545870)

(21) https://exame.abril.com.br/economia/legalizar-maconha-poderia-render-at

e-r-6-bi-em-impostos/

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