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A LUTA POR EDUCAÇÃO DO CAMPO COMO ESTRATÉGIA DE RESISTÊNCIA CAMPONESA NO TERRITÓRIO CEARENSE. Cicero Danilo Gomes do Nascimento 1 [email protected] Universidade Estadual Vale do Acaraú UVA Aldiva Sales Diniz 2 [email protected] Universidade Estadual Vale do Acaraú UVA GT5: Movimentos Sociais e Estratégias de Resistência. Resumo A produção apresentada é resultado de pesquisa realizada junto ao curso de Mestrado Acadêmico em Geografia (MAG), da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), Sobral (CE), materializada na Escola Estadual de Ensino Médio Francisco Araújo Barros, no Assentamento de Reforma Agrária Lagoa do Mineiro, Itarema, Ceará. Aqui, propomos apresentar análises realizadas por trabalho de campo e entrevistas com os camponeses ali assentados, além de militantes do Setor de Educação do MST/CE. Na oportunidade, buscamos discutir o papel e a importância da luta para a conquista da escola do campo, atualmente, considerada o maior símbolo de conquista através da luta do MST. De fato, a luta pela efetivação da Educação do Campo configura como uma das estratégias de resistência para garantir a permanência da classe camponesa no campo. Palavras-chave: Educação do Campo. Movimentos sociais. Resistência camponesa. 1. Introdução A luta por Educação no interior do Assentamento de Reforma Agrária Lagoa do Mineiro, trilha caminhos vinculados à luta por terra, da mesma maneira que vem lutando por 1 Licenciatura Plena em Geografia pela Universidade Regional do Cariri URCA, Crato - CE, Mestre em Geografia pelo programa de Pós-graduação Mestrado Acadêmico em Geografia na Universidade Estadual Vale do Acaraú UVA, Sobral CE. Pesquisador do Grupo de Estudos e Pesquisa em Geografia Agrária GEA, vinculado ao CNPq Território, Espaço e os Movimentos Sociais. Linhas de Pesquisa: Sociedade, Ensino, Cultura, Gênero e Reforma Agrária. 2 Doutorado em Geografia (Geografia Humana) pela Universidade de São Paulo, Docente do curso de Graduação em Geografia e do programa de Pós-graduação Mestrado Acadêmico em Geografia na Universidade Estadual Vale do Acaraú UVA.

A LUTA POR EDUCAÇÃO DO CAMPO COMO ESTRATÉGIA … · escola do campo, atualmente, considerada o maior símbolo de conquista através da luta do MST. De fato, a luta pela efetivação

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A LUTA POR EDUCAÇÃO DO CAMPO COMO ESTRATÉGIA DE RESISTÊNCIA

CAMPONESA NO TERRITÓRIO CEARENSE.

Cicero Danilo Gomes do Nascimento1

[email protected]

Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA

Aldiva Sales Diniz2

[email protected]

Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA

GT5: Movimentos Sociais e Estratégias de Resistência.

Resumo

A produção apresentada é resultado de pesquisa realizada junto ao curso de Mestrado Acadêmico em

Geografia (MAG), da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), Sobral (CE), materializada na

Escola Estadual de Ensino Médio Francisco Araújo Barros, no Assentamento de Reforma Agrária

Lagoa do Mineiro, Itarema, Ceará. Aqui, propomos apresentar análises realizadas por trabalho de

campo e entrevistas com os camponeses ali assentados, além de militantes do Setor de Educação do

MST/CE. Na oportunidade, buscamos discutir o papel e a importância da luta para a conquista da

escola do campo, atualmente, considerada o maior símbolo de conquista através da luta do MST. De

fato, a luta pela efetivação da Educação do Campo configura como uma das estratégias de resistência

para garantir a permanência da classe camponesa no campo.

Palavras-chave: Educação do Campo. Movimentos sociais. Resistência camponesa.

1. Introdução

A luta por Educação no interior do Assentamento de Reforma Agrária Lagoa do

Mineiro, trilha caminhos vinculados à luta por terra, da mesma maneira que vem lutando por

1Licenciatura Plena em Geografia pela Universidade Regional do Cariri – URCA, Crato - CE, Mestre em

Geografia pelo programa de Pós-graduação Mestrado Acadêmico em Geografia na Universidade Estadual Vale

do Acaraú – UVA, Sobral – CE. Pesquisador do Grupo de Estudos e Pesquisa em Geografia Agrária – GEA,

vinculado ao CNPq – Território, Espaço e os Movimentos Sociais. Linhas de Pesquisa: Sociedade, Ensino,

Cultura, Gênero e Reforma Agrária. 2Doutorado em Geografia (Geografia Humana) pela Universidade de São Paulo, Docente do curso de Graduação

em Geografia e do programa de Pós-graduação Mestrado Acadêmico em Geografia na Universidade Estadual

Vale do Acaraú – UVA.

uma Reforma Agrária Popular. Assim, um princípio fundamental capaz de reafirmar a luta

pela conquista do território camponês. Esse foi o principal ponto na pauta de luta do MST

após a conquista da terra/território no Ceará.

A luta por escola e uma Educação do Campo no assentamento Lagoa do Mineiro

surgiu através das necessidades enfrentadas pela juventude camponesa em dar continuidade a

sua formação escolar. Ao concluírem a etapa do Ensino Fundamental, os jovens eram

obrigados a percorrer quilômetros de distância em busca de novos conhecimentos, deixavam

suas casas cotidianamente para irem estudar nas escolas de Ensino Médio que só existiam na

sede do município de Itarema.

Assim, a luta pela Educação dentro do assentamento foi materializada através de

articulações entre a classe trabalhadora camponesa com o desejo de garantir o avanço no

ensino e permanência na terra aos jovens camponeses.

2. Da luta à conquista da educação do campo, a realidade dos(as) camponeses(as) do

assentamento lagoa do mineiro.

Através de várias iniciativas dos camponeses junto à sua juventude, buscaram

reivindicar naquele momento da luta, aquilo que era uma necessidade do assentamento: o

acesso e direito à Educação de Ensino Médio que viesse atender todos os jovens que

sonhavam em concluir essa etapa de sua formação. Desta forma, a luta por educação tornou-

se prioridade para os camponeses.

A história da educação neste assentamento não está separada da história da

luta pela terra e a reforma agrária, desta forma o Movimento dos

Trabalhadores Rurais Sem Terra no estado do Ceará sempre pautou em suas

reivindicações a educação frente às necessidades de escola e acesso ao

ensino médio por parte da juventude camponesa que anseia concluir seu

ensino e ser atendida na efetivação deste direito. (DAMASCENO, 2015, P.

54) As primeiras escolas do assentamento apresentavam características simples em sua

estrutura, eram cômodos de casas de taipa e chão batido, construídas pelos assentados,

conforme relatos da Dona M. B3 (2016, entrevista):

[...] quando nois comecemos aqui porque como eu lhe falei, as escolas aqui

quando começou era no chão. Não tinha acesso para as crianças. Nois fumos

lutando por melhorias. Nois fumos lutando, quando foi num período ai, a

gente pensou, menino a gente vai querer aqui no assentamento uma escola de

qualidade [...]. (DONA M. B, 2016, ENTREVISTA)

3M. E. I. S., filha de agricultores, conhecida como Dona M. B., assentada no Assentamento Lagoa do Mineiro,

entrevista realizada em 20 de maio de 2016.

Como um dos primeiros resultados da luta dos assentados por Educação foi a

conquista de sete escolas de Ensino Fundamental junto ao Governo Municipal de Itarema. Foi

o momento de reafirmação da luta da classe trabalhadora camponesa por Educação para as

crianças do assentamento, segundo Damasceno (2015, p.54):

Desde o início da luta e a organização do assentamento, a educação foi

pautada como ação prioritária, principalmente no município, onde se

conquistou a construção de sete escolinhas de ensino fundamental completo,

sendo uma em cada comunidade que compõe o assentamento com média de

40 famílias residindo em cada localidade. Hoje, vamos encontrar no assentamento, em pleno funcionamento, essas sete escolas

de Ensino Fundamental, conquistadas junto ao Município, através de reivindicações e lutas,

distribuídas em cada uma das sete comunidades. Após mais essa conquista, a juventude

camponesa sentiu a necessidade de avançar na sua formação dentro do próprio assentamento.

Queriam o direito ao Ensino Médio sem a obrigatoriedade de deixar suas casas para percorrer

quilômetros de distância para ter acesso à Educação. Assim, podemos afirmar que seria o

segundo momento da luta por Educação: a luta por uma Educação do Campo na modalidade

de nível Médio. Segundo Ceará (2012),

A luta por acesso ao ensino médio tem sido um grande desafio enfrentado

pela juventude, sendo que os mesmo deslocavam-se para a sede do

município que ficava a 34 km. O deslocamento se dava por meio de dois

transportes do assentamento contratados pela prefeitura municipal de

Itarema, um saindo as 5:30hs e retornando 13:30hs e o outro fazendo o

roteiro do ensino fundamental dentro do próprio assentamento. O

deslocamento dos educandos do ensino médio prejudicava muito devido ao

horário e o tempo que estes levavam para se deslocarem até a sede do

município. (CEARÁ, 2012, P. 16),

Para que pudessem chegar a esse estágio da luta por uma Educação do Campo foram

realizadas formações com a juventude do assentamento, reuniões com educadores (as) e

membros das comunidades, todo orientados pelo Setor de Educação do MST. Assim,

gestando uma frente de luta organizada, buscando resolver as necessidades de escolas que

viessem atender o Ensino Médio no campo. Foram realizadas várias ações de luta por

Educação do Campo e escolas do campo. “Nesse contexto, a partir das lutas desenvolvidas em

2007, o MST/CE conquistou junto ao Governo do Estado o compromisso de construção de

escolas de nível médio em assentamentos indicados pelo MST” (SILVA, 2013, p. 45)

Com esse avanço da classe trabalhadora do campo, veio a necessidade de se discutir

sobre os assentamentos que iriam receber as cinco primeiras escolas acordadas junto ao

Governo do Estado. Essa tomada de decisão coube conforme Gomes (2013), que:

Após garantir essa primeira conquista, tornou-se necessário prosseguir na

caminhada, dar mais um passo. Era preciso escolher em quais assentamentos

seriam construídas as escolas. Este passo se deu na direção estadual do

MST-CE, a partir do levantamento realizado no coletivo desta instância, em

que se indicaram os seguintes critérios, orientadores da escolha:

Assentamentos com grande quantidade de jovens que estavam tendo

problemas com a continuidade dos estudos; Assentamentos populosos e

próximos a outros assentamentos; Assentamentos que são marcos histórico

na luta pela terra no Ceará, na luta do MST. (GOMES, 2013, P. 43)

Assim sendo, segundo nos informou Silva (2013), a partir de 2009 quatro escolas

foram construídas nos seguintes assentamentos de reforma agrária:

Lagoa do Mineiro, em Itarema; 25 de Maio, em Madalena; Santana, em

Monsenhor Tabosa; e Maceió, em Itapipoca; uma escola construída no

Assentamento Pedra e Sal, no município de Ibaretama, que não possui

vínculo com o MST; outras quatro já estão em andamento nos assentamentos

Nova Canaã, em Quixeramobim; Conceição Bonfim, em Santana do Acaraú;

Salão, em Mombaça e Santana do Cal, em Canindé. (SILVA, 2013, p.45)

Entre os critérios definidos pela direção estadual do MST/CE, o assentamento Lagoa

do Mineiro foi contemplado com a construção de uma das escolas4 do campo, a EEM

Francisco Araújo Barros, que faz parte da Rede Estadual de Educação. Uma escola pública

construída pelo Governo do Estado do Ceará5, em 2011 (ver Figura 01), constituída pelos(as)

seus(as) educandos(as), educadores(as), gestores, funcionários, comunidade do entorno da

escola, além da participação do Coletivo Regional e Estadual de Educação do MST, do Setor

de Educação do MST/CE, acompanhada pela Coordenadoria Regional de Desenvolvimento

da Educação (CREDE 03), Secretaria Estadual de Educação (SEDUC), por meio da

Coordenadoria da Diversidade e Inclusão Educacional, criada em 2011 na SEDUC.

Hoje, nos seus quase seis anos de existência, essa escola é a realização de sonhos,

fruto de muita luta e resistência da classe camponesa.

4EEM Mª Nazaré de Sousa (Nazaré Flor), Itapipoca; EEM Florestan Fernandes, Monsenhor Tabosa; EEM João

dos Santos (João Sem-Terra), Madalena; EEM Pe. José Augusto Régis Alves, Jaguaretama; 5Na época tínhamos como Governador Cid Ferreira Gomes, do Partido Socialista Brasileiro (PSB)

Figura 01 – Placa Oficial do Governo Estadual do Ceará.

Fonte: NASCIMENTO, C.D.G. 2015.

De acordo com os escritos feitos por Damasceno (2015, p. 66), a escola do campo:

Iniciando o funcionamento em 2011 como escola regular de ensino médio, é

propósito das comunidades do Assentamento Lagoa do Mineiro que a Escola

Estadual de Ensino Médio do Campo Francisco Araújo Barros se constitua

como escola de formação técnica, oferecendo, dentre outros, o Curso

Técnico em Agropecuária, com ênfase em agroecologia e na convivência

com a zona costeira (litoral), Turismo Comunitário, dentre outros, o que é

ainda uma reivindicação pautada com a SEDUC. Seu nome é uma homenagem ao agricultor Francisco Araújo Barros, assassinado ainda

quando lutavam pela permanência na terra, como afirma Silva (2013, p. 48), que:

Os trabalhos de base com as comunidades foram importantes na discussão

do projeto de escola, mas também na tomada de decisões estratégicas como a

definição dos nomes das escolas, a partir da indicação coletiva das

comunidades de cada Assentamento, homenageando referências da luta

popular e pela reforma agrária no Ceará [...].

Nesse processo em construção, foi necessário trabalho coletivo e organizado entre os

camponeses. À medida que eram erguidas as paredes da escola pela empresa responsável, a

construção do seu Projeto Político Pedagógico (PPP) estava em curso, como está no escrito

abaixo:

Enquanto erguiam-se as paredes do prédio escolar, um amplo processo de

participação popular na construção do seu projeto político pedagógico foi

vivenciado, combinando uma seqüência de trabalho de base, encontros,

articulação com a Secretaria de Educação do Estado do Ceará e oficinas

pedagógicas. Esta construção foi toda compartilhada entre as comunidades

que formam o Assentamento Lagoa do Mineiro e representante dos

assentamentos onde seriam construídas outras Escolas do Campo, num

processo formador e de construção coletiva. A escolha do nome, a

mobilização em torno dos educadores e gestores; a definição da área para o

campo experimental da agricultura camponesa e da Reforma Agrária; a

gestão participativa; a organização curricular, dentre outros aspecto da

escola foram amplamente discutidos com o objetivo de constituir uma escola

que contribua para o desenvolvimento do campo da agricultura camponesa e

popular; da Reforma Agrária; das pessoas que moram e vivem do trabalho

camponês. (CEARÁ, 2012, P. 02)

Além dessas articulações coletivas entre os assentamentos do Ceará, também

realizaram trabalhos em busca de experiências já materializadas as quais viessem contribuir

com a construção do projeto em curso. Tais experiências foram adquiridas tanto no Estado

cearense com as experiências da Escola Família Agrícola (EFA), da mesma forma como nos

Assentamento de Reforma Agrária dos estados do Paraná e Rio Grande do Sul, através das

experiências realizados pelo Instituto de Educação Josué de Castro. Damasceno (2015, p. 57)

revelando que,

Todo o esforço articulado foi por um projeto de escola da classe trabalhadora

camponesa, para isso fez-se necessário um movimento de mobilização,

elaboração coletiva e formação envolvendo os cinco assentamentos, tanto

aqueles nos quais as escolas já se erguiam quanto os que estavam em

processo de negociação. Mobilizações locais e com as brigadas e

coordenação estadual do setor de educação nos assentamentos

impulsionaram o processo.

Também houve a realização de seminário6 de apresentação de experiências

de ensino médio no campo contando com a participação de outros estados

com as experiências desenvolvidas nos assentamentos [...].

Segundo analisou Silva (2013, p. 49)

Esse seminário contou com as experiências do Instituto Josué de Castro

(RS), da Escola Família Agrícola Dom Fragoso (CE), da Escola Itinerante do

Rio Grande do Sul (RS) e da Escola Estadual Salete Strozak (PR) e com a

participação de representantes dos Assentamentos onde as referidas escolas

estavam sendo construídas, do MST/CE, da SEDUC, das Secretarias

Municipais de Educação, das Universidades e de outras Organizações

Sociais e Governamentais relacionadas com o tema.

Portanto, os reflexos dessa organicidade na época da construção da escola do campo e

do seu Projeto Político Pedagógico tornaram possível a análise de como estão organizados os

camponeses, atualmente, principalmente nas ações que dizem respeito às atividades

desenvolvidas na escola do campo. Como eles se colocam ao defender o papel da escola

dentro do assentamento, até porque para os camponeses ali presentes, a conquista da escola do

campo EEM Francisco Araújo Barros foi a segunda maior vitória na história da luta do MST,

como nos afirmou Dona C. L.7 em uma conversa “a escola foi uma conquista mais importante

até mesmo que a Igreja Católica da comunidade8” (2015, Entrevista).

Como relatado anteriormente sobre o desejo de conquistar uma escola do campo, uma

Educação do Campo, seria necessário muita luta por essa conquista. Antes, as escolas que

6“Seminário Escolas do Campo: compartilhando experiências”, realizado em novembro de 2009, com o objetivo

de construir, a partir de experiências consolidadas e da reflexão coletiva, referências para os projetos das escolas

de ensino médio do campo. (SILVA, 2013, P. 49) 7F. M., conhecida como C. L., filha de agricultores, assentada no Assentamento Lagoa do Mineiro, Entrevista

realizada em 01 de março de 2016. 8Igreja de Nossa Senhora da Libertação, que leva o nome da Santa Padroeira do Assentamento de Reforma

Agrária Lagoa do Mineiro.

existiam no assentamento eram apenas com o Ensino Fundamental, com condições precárias

para que os alunos viessem a aprender, pois quando essas escolas tiveram início, as aulas

eram ministradas com os educandos e educandas sentados no chão, foi muita luta ocorrida

para a conquista de uma escola que assumisse a construção da identidade camponesa, que

discutisse a realidade do campo, contrapondo a lógica do capital. A escola do campo é

construída com um caráter revolucionário, segundo MST (2001, p. 05):

A Escola do Campo nasce sob um projeto transformador, tendo como sujeito

camponeses e camponesas, assentados e assentadas da Reforma Agrária que

com sua luta cotidiana constroem outro país, outra educação, outra escola, de

vida e resistência frente ao Sistema Capitalista.

A EEM Francisco Araújo Barros é hoje um dos maiores símbolos de luta já

conquistados, antes distante da realidade dos camponeses, materializado e em pleno

funcionamento, conforme depoimento:

[...] hoje eu vejo a nossa escola Francisco Araújo Barros dentro do nosso

assentamento uma das melhores coisas, das melhores conquistas que nois já

ganhamos foi essa escola, que é uma escola de qualidade, é uma escola que

tá abrangendo as localidades tudinha! Tão levando os filhos pra lá, até de

Amontada, ótima, boa e foi isso que nois desejemos desde o início, e foi isso

que nois conseguimos e hoje ela tá lá, bonita com nossos filhos trabalhando.

(DONA M. B., 2016, ENTREVISTA)

De fato, para quem nunca teve a oportunidade de ver como funciona a vida nas escolas

do campo, jamais vai imaginar que no meio da faixa litorânea cearense, a 22 km da sede do

município de Itarema, existe uma estrutura igual a que vimos no Assentamento Lagoa do

Mineiro. A primeira impressão daqueles que não conhecem a realidade dos assentados é de

espanto, mas é importante salientar que toda essa estrutura, que possuem as escolas do campo

presentes no estado do Ceará, somente foi possível através de muita luta com enfrentamentos

e ocupações, inclusive de órgãos do Governo do Estado do Ceará.

Em sua estrutura, a Escola de Ensino Médio Francisco Araújo Barros localizada na

comunidade Barbosa, sendo uma das 07 (sete) que constituem o assentamento, possui amplo

espaço que está dividido como nos mostra o Ceará (2012),

A escola Francisco Araújo Barros, está localizada na Comunidade de

Barbosa, no Assentamento Lagoa do Mineiro Itarema, com uma área

construída de 3.250,72 m², envolvendo 04 blocos:

coordenação pedagógica, almoxarifado, sala de professores, banheiro

masculino e feminino;

vídeo, biblioteca, e laboratório de ciências;

organização dos estudantes;

cozinha, depósito, pátio coberto, quadra coberta, banheiro feminino e

masculino, anfiteatro e outros espaços de circulação. (CEARÁ, 2012, P. 18),

Além do exposto acima, a escola atende uma demanda de alunos advindos atualmente

de 25 comunidades9 localizadas no entorno do assentamento Lagoa do Mineiro, desde outros

assentamentos, comunidades de pescadores e indígenas, os Tremembé.

Por mais que a estrutura da escola esteja localizada no assentamento Lagoa

do Mineiro, existe uma característica no perfil dos educandos recebidos na

escola Francisco Araújo Barros que precisa ser enfatizado. A escola recebe

educandos de comunidades de pescadores, pequenos produtores, assentados

e indígenas (povos Tremembés de Almofala) entre os municípios de

Amontada e Itarema. (DAMASCENO, 2015, P. 67) Ao analisarmos a figura 02, vamos identificar que ao longo dos seus cinco primeiros

anos, o número de alunos da escola do campo é expressivo. Nos três primeiros anos há uma

oscilação quantitativa, nos anos que seguem de 2014 a 2016 ocorre uma redução na

quantidade, no último ano, com uma média de 249 educandos distribuídos em oito turmas nos

turnos manhã e tarde. Essa supressão ocorreu devido à quantidade de jovens que vivem no

campo atualmente, o que seria outro caminho de discussões.

Figura 02 – Matriculas dos(as) educandos(as) da EEM Francisco Araújo Barros (2011-2016)

Fonte: Secretaria da EEM Francisco Araújo Barros, 2016.; Org: NASCIEMNTO, C.D.G. 2016.

A escola possui em suas proximidades uma área de 10 ha de terras doadas pelo

Assentamento Lagoa do Mineiro, homologado pelo INCRA para realização de experimentos

feitos pelos alunos junto aos professores, denominado “Campo Experimental”, segundo

analisou Damasceno (2015),

O campo experimental tornaria se território do ensaio, da experimentação, da

pesquisa, da construção de novas alternativas tecnológicas, da organização

coletiva, da cooperação para o trabalho, de experimentação do novo campo

9Os educandos e as educandas da escola Francisco Araújo Barros são oriundos das comunidades de Brilhante,

Comundongo, Trapiá, Touro, São Gabriel, Santo Antônio, Assentamento Macaco II, Batedeira, Vila do Coco,

Patos, Morro dos Patos, assentamento Pachicu, assentamento Patos Bela Vista, Assentamento Salgado

Comprido, assentamento Lagoa do Jardim, assentamento Melancias, Aguapé, Varjota e as sete comunidades de

Lagoa do Mineiro. (CEARÁ, 2012, P. 19)

em construção: da agroecologia, da sustentabilidade ambiental, da soberania

alimentar, da convivência com o semiárido, da resistência cultural, um

espaço educativo e pedagógico “novo”. (DAMASCENO, 2015, P. 59).

Ainda segundo a autora citada, o campo experimental não é apenas espaço físico, mas

uma estratégia, um conjunto de ações de fortalecimento da agricultura camponesa e da

Reforma Agrária Popular, a partir da escola. “Um laboratório onde experimentamos,

pesquisamos, inventamos tecnologias para a agricultura camponesa, a partir da realidade

produtiva de cada comunidade.” (DAMASCENO, 2015 p. 59).

O campo experimental segundo o Ceará (2012), é de fato, o:

Território do ensaio, da experimentação, da pesquisa, da construção de novas

alternativas tecnológicas, da organização coletiva, da cooperação para o

trabalho, de experimentação do novo campo em construção: da agroecologia,

da sustentabilidade ambiental, da soberania alimentar, da economia solidária,

da convivência com o semi-árido, da resistência cultural. (CEARÁ, 2012, P.

34).

Sendo o campo experimental o ensaio da pesquisa, conforme analisou Damasceno

(2015), as escolas estão desenvolvendo experiências produtivas com tecnologias de

convivência com o semiárido como exemplo, as Mandallas Produtivas. Estas se encontram

organizadas em formatos circulares. No centro tem um tanque contendo água e com criatório

de peixes, patos e galinhas em torno do tanque. Seguindo a organização em círculos, têm

canteiros de hortas, plantação de milho, feijão, bananeiras, pés de mamão, etc. Sua forma em

círculo é uma representação do sistema solar, onde tudo e todos estão inteiramente integrados.

Segundo Damasceno (2015, p. 6) é

O Sistema Mandalla de produção é caracterizado como uma tecnologia

alternativa de produção baseada nos princípios agroecológicos e em especial

na permacultura. Nesse sistema há integração da produção vegetal com os

animais, produção agropecuária com a produção agroindustrial.

Ainda no Campo Experimental, têm experiências sendo desenvolvidas, tais como:

minhocário, viveiro de mudas, unidade irrigada experimental de cultivo de diferentes tipos de

macaxeira (mandioca), uma sala de aula externa, também chamada de “cajueiro do saber”,

trilha do conhecimento, para além de outras atividades ainda em processo de implantação. É

importante mostrar que esse trabalho aproxima, tanto os membros da escola, como a

comunidade do seu entorno a participar coletivamente na construção desse processo

socioeducativo.

Por último, foi construído o vestiário da escola com vários banheiros femininos e

masculinos para atender os educandos da instituição, principalmente no momento após as

atividades físicas e nos dias em que os alunos permanecem em tempo integral na escola para

realização das atividades da base diversificada do currículo escolar. É esse o momento ímpar

da aprendizagem dos educandos, quando é feito a relação teoria e práxis fortalecendo, cada

vez mais, a construção de conhecimentos que visam fortalecer a luta do movimento.

No tocante ao próprio assentamento, os espaços onde ocorrem as ocupações, os

campos de enfrentamentos e as manifestações em diferentes lugares são salas de aula para

formação, enquanto sujeitos sociais buscando sua reafirmação enquanto camponeses. Nestes

espaços, estão sempre resgatando sua identidade, cultura e direitos que sempre foram negados

pelo Estado atrelado a atender a lógica das empresas do sistema capitalistas. É a luta diária

contra o agronegócio. Em um contexto mais amplo, podemos afirmar com base nas

experiências vivenciadas na Educação discutida na escola do campo que se ensina e aprende

em qualquer lugar, principalmente na luta. De acordo com Freitas (2009, p. 28),

Lutadores e construtores (portanto, militantes) necessitam, entretanto, saber

se autodirigir e se auto-organizar na batalha – são sujeitos em luta, luta

também ensina. Não no sentido capitalista do individualismo e da

competição, mas no espírito da organização coletiva para a consecução das

grandes tarefas.

Pensar como a Educação do Campo contribui para a reafirmação da luta pelo território

camponês, é a principal questão a ser respondida nesse contexto, aliada à outras questões

inerentes ao fortalecimento da pesquisa realizada.

Com base no organograma abaixo (Figura 03), podemos destacar como a gestão da

escola Francisco Araújo Barros está organizada, segundo exposto em Ceará (2012, p. 38):

Figura 03 – Organicidade Da Gestão Escolar

Fonte: Ceará (2012), Org. NASCIMENTO, C.D.G. 2017.

Vamos observar que, dentro dessa organicidade, há a materialização do trabalho

coletivo da classe trabalhadora do campo, expressão de caráter democrático a qual todos estão

inseridos nesse processo de formação política, social e humana, com a participação do núcleo

gestor da escola, seus educadores e educadoras, educandos e educandas, funcionários e

membros das comunidades do assentamento. Conforme Freitas (2009, p. 96),

Os membros da escola espalham-se por comissões e comitês e organizam-se

coletivamente na assembleia escolar para estabelecer acordos e implementar

pactos. Os cargos são efêmeros e intercambiáveis, de forma a não estimular

a formação de “burocratas” especializados.

Essa forma de organização coletiva reafirma o compromisso da classe camponesa e do

MST na perspectiva de construir uma sociedade organizada a partir das ações promovidas

por/para seus sujeitos sociais presentes no campo.

Outro importante debate é identificar o perfil dos educandos que frequentam a EEM

Francisco Araújo Barros, advindos de diferentes comunidades, expondo uma diversidade de

contextos específicos, mas inseridos dentro de uma mesma realidade: todos são filhos e filhas

de camponeses e camponesas. São eles, segundo nos mostra os escritos em Ceará (2012),

Com foco no ensino médio, deverá atender prioritariamente aos jovens, tanto

das comunidades do Assentamento, quanto circunvizinhas. A abrangência

territorial de atendimento da escola é uma especificidade que deverá ser

considerada, uma vez que reunirá jovens que têm em comum, o fato de

serem camponeses (as), contudo, diferenciam-se, dentre outras coisas, pela

diversidade de contextos específicos das comunidades de origem, por um

lado, enriquecendo o universo escolar pela diversidade de experiências; mas,

por outro, tornando mais complexa a relação escola-comunidade. (CEARÁ,

2012, P. 19)

Podemos afirmar que os sujeitos beneficiados nesse processo são todos os povos que

vivem no campo e dependem da terra para sua sobrevivência e manutenção da família. Os

camponeses são aqueles que têm a terra como a própria vida dos homens, mulheres, crianças,

jovens e idosos. São eles(as) camponeses(as).

Sabemos que esse processo de conquista e organização das escolas do campo foi

através da luta coletiva e organizada do MST, conforme nos mostra M. J.10

[...] o movimento é um dos sujeitos nesse processo onde nós buscamos a

partir das necessidades das comunidades, construir o debate, construir os

coletivos da educação, o movimento sempre está buscando o coletivo que

fomente nas brigadas, nos trabalhos [...]. Em primeiro lugar nós entendemos

que a questão, o compromisso com a reforma agrária, que sem reforma

agrária não tem camponês, sem a terra não tem camponês, a luta pela terra

ela é central nesse nosso projeto de educação. (M. J., 2016, ENTREVISTA)

Sobre sua organicidade, uma frente bastante significativa para a conquista e

reafirmação da fração do território camponês, M. J. afirma que:

Nós temos o desafio de envolver as pessoas, de envolver as escolas, de

envolver as crianças, que o nosso trabalho começa com as crianças, na

educação infantil, na educação fundamental, hoje nós temos um trabalho

muito bonito que se chama “Crianças construindo soberania alimentar”,

10

M. J. S., integrante do Setor de Educação do Movimento dos Sem-Terra (MST), Ceará, entrevista realizada em

14 de janeiro de 2016.

geralmente é realizado todo um debate sobre agroecologia com as crianças, o

amor a luta, o amor a terra, então o MST é um sujeito que tá nessa

construção, não é só a educação, o movimento é um conjunto de ações, de

organicidade. (M. J., 2016, ENTREVISTA)

Além da conquista e organização das escolas do campo, o papel dessas escolas é

fundamental para a formação humana dos sujeitos sociais inseridos, nesse processo de luta,

em busca da construção de uma sociedade. De fato, somente torna-se possível essa relação,

segundo relatou M. J.:

Valorizando seus saberes, valorizando sua cultura, valorizando a questão da

sua produção agrícola diante mesmo da realidade que vivemos no semiárido

nordestino. Então, a gente busca conhecimento que venha fortalecer a

permanência dessas famílias nas comunidades, principalmente conhecimento

tecnológico voltado para a agricultura. Então, as nossas escolas tem esse

papel de fazer com que fomentar essa questão dessas melhorias. Essas

transformações tecnológicas, de acordo com a agroecologia, de acordo com

as necessidades dos camponeses e camponesas, construir soberania

alimentar, contribuir com essa questão da sua organização, mas também

contribuir com a renda, como nós ter renda nos territórios, que algo muito

difícil e uma das ações do movimento é a questão da feira. Criar feiras

municipais. Estamos na luta por os mercados campo e cidade, que vai ter um

em Fortaleza que a ideia é que ele seja abastecido por todos os

assentamentos do Ceará [...].

A nossa juventude ela vive um processo de expropriação muito forte e a

escola do campo tem problematizado essa expropriação. Ela tem

problematização justamente a indenização da identidade camponesa que

muitos jovens, tipo assim, o campo não é lugar para viver e nós com as

escolas do campo afirma o campo um lugar de luta, um lugar de vida, lugar

de permanência [...]. (M. J., 2016, ENTREVISTA)

A escola do campo não pode ser vista somente como simples espaço físico construído

com “tijolos e areia”, além de outros materiais de construção. Não é espaço onde os jovens se

concentram para aprender conteúdos “engessados”, segundo a lógica imposta pelo capital e os

interesses do agronegócio. A escola vai além de muros de concreto, segue rumo à construção

de um sujeito crítico, intelectual, fortalecendo a luta ideológica. Essa é uma das frentes

construídas pelo MST, ao longo de sua trajetória de lutas para a reafirmação da luta da classe

trabalhadora camponesa. A escola do campo é a própria sociedade em movimento. É o

camponês conquistando autonomia e liberdade, se reinventando em suas bases para

permanecer forte diante dos conflitos que vão surgindo no campo, “[...] tudo no movimento é

um longo processo de gestação.” (STEDILE E FERNANDES, 2005, p. 77).

Conforme afirmou Freitas (2009, p. 28)

A escola não deve ser seccionada e isolada da prática social da criança em

seu meio. Aqui, a função da escola não será de sobrepor à formação inicial

da criança uma “segunda natureza”, mas construir na prática social, no meio

e a partir do meio, um sujeito histórico – lutador e construtor – onde a

ciência e a técnica entram como elemento importante desta luta e construção.

Ainda, contribuindo com essa discussão sobre o desempenho da escola do campo,

Silva (2013, p. 33) afirma, “uma escola vinculada aos interesses da população do campo, sua

cultura, seu trabalho, suas lutas e sua vida; que promova o desenvolvimento do campo como

lugar de viver e ser feliz, não como lugar de atraso; uma escola do campo.” Assim, temos uma

escola construída a partir do MST, com base nas experiências orgânicas já vivenciadas.

3. Considerações Finais

De fato, a conquista da EEM Francisco Araújo Barros, assim, como a conquista das

demais escolas do campo, a construção coletiva dos seus respectivos Projetos Políticos

Pedagógicos, sua composição curricular e todos os elementos são conquistas resultantes de

muita luta por uma Educação do Campo capaz de reafirmar a luta pela conquista do território

camponês. Essa seria a continuidade de toda uma articulação forjada pelo MST como

estratégia de resistência contra o capital.

Assim, após romper a cerca do latifundiário, os camponeses avançam na luta

rompendo a cerca da ignorância, proporcionando a toda a classe camponesa a esperança de

que são os protagonistas na construção de uma sociedade como um novo homem e uma nova

mulher.

A construção de uma sociedade requer necessariamente a garantia da formação

intelectual dos seus sujeitos sociais, no caso do MST que sempre lutou diante de três frentes, a

frente de luta na formação de massa, frente de luta intelectual e frente de luta institucional.

Vejamos que o Movimento dos Sem Terra, nos últimos anos tem avançado consideravelmente

em todas elas.

Na frente de massas com atuação estratégica, unindo o campo e a cidade nessa

formação, na luta intelectual, principalmente através da educação do campo em Assentamento

de Reforma Agrária no Ceará como em todo o país, o Movimento tem garantido enormes

conquistas partindo na contraposição ao modelo vigente de educação que está posto no Brasil.

Na última frente, a luta institucional, a qual atualmente é a que o MST tem buscado atuar com

maior intensidade no campo das lutas travadas contra as ações do capitalismo.

Neste sentido, podemos constatar que a luta do MST por uma educação do campo é a

luta por direitos que ao longo da história desse país lhes foram sequestrados, privados de ter

acesso à terra, à educação, à saúde, à moradia, ao trabalho livre e autônomo. A classe

camponesa, que sempre sofreu os golpes do capitalismo, hoje comemora a conquista da

Educação do Campo, valorizando a cultura, a identidade o trabalho, a realidade,

principalmente a liberdade e autonomia da classe camponesa. A Educação do Campo é o

sistema estrategicamente constituído com a missão de reafirmar a luta pela conquista do

território camponês.

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FIOCRUZ, 2013.

STÉDILE, João Pedro, FERNANDES, Bernardo. Mançano. Brava gente – A trajetória do

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