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XXIII ENEGEP - Ouro Preto, MG, Brasil, 22a 24 de outubro de 2003 Implantação da ISO/TS-16949 no Departamento de Manutenção Daniel Ribeiro dos Santos Silva (UNIFEI) [email protected] João Batista Turrioni (UNIFEI) [email protected] Carlos Eduardo Sanches da Silva (UNIFEI) [email protected] Resumo Este trabalho apresenta os pontos relevantes da implantação da norma ISO/TS-16949, no setor de manutenção. E a importância do desenvolvimento e aprimoramento das técnicas de planejamento e de manutenção, nas plantas industriais, para manter e alcançar maiores índices de satisfação e atendimento dos clientes; sejam eles interno ou externos da empresa . Palavras chave: Implantação, ISO/TS-16949, Manutenção 1. ISO/TS-16949 A norma ISO/TS 16949 tem como objetivo a implantação de sistemas básicos de qualidade, voltados com ênfase para o melhoramento contínuo, e também busca, a prevenção de defeitos e a redução do consumo de insumos na cadeia produtiva (Especificação Técnica ISO/TS- 16949-1999). A norma foi desenvolvida agrupando vários requisitos oriundos das normas ISO9000 e QS9000, tornando-se uma norma regulamentadora exclusiva do setor automotivo. Sua primeira edição foi elaborada em 1999, por representantes da ISO/TC-176 (Quality Management and Quality Assurance), em conjunto com componentes da IATF (International Automotive Task Force). Como a ISO/TS-16949, esta moldada em especificações técnicas, estipuladas em comum pelos membros IATF (Forca Tarefa Automotiva Internacional). Ela possui abertura para que cada membro da IATF ou fornecedor, ou cliente; inclua requisitos adicionais no processo de certificação da norma. E esses requisitos devem ser atendidos pelos fornecedores para a obtenção da certificação (ISO/TS-16949, item 4.9.1.4 - Designação de Características Especiais). Assim possibilitando a empresa, já estar pré-qualificada para fornecer peças e componentes para diversas empresas ou montadoras do ramo automobilístico. Sem a necessidade de passar por auditorias de múltiplos clientes, para a obtenção de certificações que lhes atestem a garantia de fornecimento de produtos ou componentes. São participantes da IATF: Associazione Nacionale Fra Industria Automobilistiche (ANFIA) Automotive Industry Action Group (AIAG) Comite des Constructeurs Français d’Automobiles (CCFA) Federation des Industries des Equipaments pour Venicules (FIEV) Society of Motor Manufacturers and Traders Ltd. (SMMT Ltd.) Verband des Automobilindustrie (VDA) Qualitatsmanagement Center (QMC)

A Manutenção dentro da ISO TS 16949

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Implantação da ISO/TS-16949 no Departamento de Manutenção

Daniel Ribeiro dos Santos Silva (UNIFEI) [email protected] João Batista Turrioni (UNIFEI) [email protected]

Carlos Eduardo Sanches da Silva (UNIFEI) [email protected]

Resumo Este trabalho apresenta os pontos relevantes da implantação da norma ISO/TS-16949, no setor de manutenção. E a importância do desenvolvimento e aprimoramento das técnicas de planejamento e de manutenção, nas plantas industriais, para manter e alcançar maiores índices de satisfação e atendimento dos clientes; sejam eles interno ou externos da empresa . Palavras chave: Implantação, ISO/TS-16949, Manutenção 1. ISO/TS-16949 A norma ISO/TS 16949 tem como objetivo a implantação de sistemas básicos de qualidade, voltados com ênfase para o melhoramento contínuo, e também busca, a prevenção de defeitos e a redução do consumo de insumos na cadeia produtiva (Especificação Técnica ISO/TS-16949-1999).

A norma foi desenvolvida agrupando vários requisitos oriundos das normas ISO9000 e QS9000, tornando-se uma norma regulamentadora exclusiva do setor automotivo. Sua primeira edição foi elaborada em 1999, por representantes da ISO/TC-176 (Quality Management and Quality Assurance), em conjunto com componentes da IATF (International Automotive Task Force).

Como a ISO/TS-16949, esta moldada em especificações técnicas, estipuladas em comum pelos membros IATF (Forca Tarefa Automotiva Internacional). Ela possui abertura para que cada membro da IATF ou fornecedor, ou cliente; inclua requisitos adicionais no processo de certificação da norma. E esses requisitos devem ser atendidos pelos fornecedores para a obtenção da certificação (ISO/TS-16949, item 4.9.1.4 - Designação de Características Especiais).

Assim possibilitando a empresa, já estar pré-qualificada para fornecer peças e componentes para diversas empresas ou montadoras do ramo automobilístico. Sem a necessidade de passar por auditorias de múltiplos clientes, para a obtenção de certificações que lhes atestem a garantia de fornecimento de produtos ou componentes.

São participantes da IATF:

− Associazione Nacionale Fra Industria Automobilistiche (ANFIA) − Automotive Industry Action Group (AIAG) − Comite des Constructeurs Français d’Automobiles (CCFA) − Federation des Industries des Equipaments pour Venicules (FIEV) − Society of Motor Manufacturers and Traders Ltd. (SMMT Ltd.) − Verband des Automobilindustrie (VDA) Qualitatsmanagement Center (QMC)

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O foco principal deste artigo, é apresentar os itens da ISO/TS-16949, que tem um correlação mais forte com o departamento de manutenção. E relatar o acompanhamento feito durante a implantação da norma, no setor de manutenção, de uma empresa fornecedora de componentes automotivos.

2. ISO/TS-16949 na Manutenção Onde a manutenção for um requisito, o fornecedor estabelecerá e manterá procedimentos documentados para a execução, verificação e registro de que a manutenção atende aos requisitos especificados. (ISO/TS-16949, 1999).

O atendimento desse requisito da norma, é muito abrangente, e força o setor de manutenção a formular uma forte estratégia de gerenciamento e de execução dos serviços, sejam eles planejados ou corretivos, bem como todo um suporte logístico de pessoal, equipamento (software, ferramentas) e de peças sobressalentes. Também passa a fixar uma forte ligação entre o setor de Produção e de Manutenção, para que juntos possam estabelecer e alavancar recursos para manter e melhorar o rendimento produtivo, a disponibilidade e a capabilidade dos equipamentos.

O atendimento desse item só é possível através da adoção de uma Política de Qualidade na Manutenção.

Com o estabelecimento de uma política de qualidade o setor deve se manter atento ao desenvolvimento e adequação de Procedimentos de Manutenção. Sempre levantando e fazendo diagnósticos da situação atual e geral do setor, e estabelecer metas e objetivos claros e realistas. Esses diagnósticos devem envolver critérios operacionais e financeiros para serem discutidos internamente no setor de manutenção e também levados ao outros setores; para realizar um maior envolvimento e conhecimento de todos os chefes e gerentes operacionais, sobre a situação da manutenção na planta (ISO/TS-16949, item 4.19.2 Feedback de informação de manutenção). Assim possibilitando estudos sobre redução de custos, melhoria continua, desenvolvimento de projetos, eficiência e eficácia da manutenção.

Dentro da política de qualidade na manutenção deve-se ainda constar a realização de estudos sobre o impacto das atividades e da ocorrência de falhas, dos procedimentos e dos equipamentos, sobre a sociedade e o meio ambiente, bem como a elaboração de planos de contingência.

Manter documentação eletrônica ou em papel sobre as atividades do setor (ordens de serviço). Treinamento e capacitação do pessoal administrativo e operacional.

Desenvolver e avaliar fornecedores, para a implantação de uma política de peças de reposição. Auxiliando na eficiência dos planos de manutenção (Preditiva, Preventiva e Corretiva). Os itens da norma ISO/TS-16949 que mais estão ligados ao setor de manutenção aparecem posteriormente listados abaixo no tópico 3.2-Processo de adequação.

3. Avaliação da implantação da ISO/TS-16949 no setor de manutenção A implantação da norma envolveu todos os setores e departamentos da fábrica. Teve inicio com a elaboração de um documento de comprometimento e divulgação na alta gerencia, e posteriormente treinamento dos gerentes, chefes e supervisores, e a criação de uma estrutura organizacional para a implantação. Onde foram definidos as metas e os objetivos a serem alcançados.

Neste artigo será apresentado somente o acompanhamento feito no setor de manutenção. A empresa em questão, esta situada no Sul de Minas, e produz componente automotivo. No

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setor, a implantação teve inicio em Agosto de 2001, e em Fevereiro de 2002, já havia passado por uma pré-auditoria para levantar se haveria a necessidade de melhorias o departamento. 3.1.Processo de Implantação Com o desenvolvimento e treinamento dos gerentes, chefes e supervisores, dentro dos critérios que seriam abordados pela norma, foram estabelecidos os Multiplicadores de Área, que ficariam responsáveis pelos seus setores; e desenvolveria e atuaria sobre ele de maneira a adequá-lo aos requisitos da norma.

Dentro do departamento de manutenção foram estabelecidos os Grupos de Desenvolvimento. Cada grupo foi montado conforme as atividades que os funcionários desenvolviam no setor administrativo da manutenção, assim facilitando a divisão das tarefas. Uma maior interação dos grupos foi possível, porquê havia a possibilidade e a necessidade de integrantes de um grupo participar em outros. No Grupo de Engenharia de Manutenção havia integrantes do Grupo de Planejamento de Manutenção, um auxiliando o outro no desenvolvimento dos planos de manutenção.

Para a implantação da ISO/TS 16949 estabeleceram-se quatro grupos principais:

− Planejamento de Manutenção − Compras − Utilidades − Engenharia de Manutenção Assim cada grupo ficou a cargo de elaborar as suas metas e os seus objetivos conscientemente para atender a norma.

3.2.Processo de adequação Juntamente com o desenvolvimento dos multiplicadores foram distribuídas as responsabilidades de cada setor sobre cada item da norma. A implantação da norma partiu da alta gerencia para os membros mais baixos, realizando a divulgação e a integração de todos no processo de certificação.

A administração do fornecedor com responsabilidade executiva; deverá definir e documentar sua política de qualidade, incluindo os objetivos para a qualidade e seu compromisso a ela. A política da qualidade deverá ser pertinente com as metas organizacionais do fornecedor e expectativas e necessidades de seus clientes. O fornecedor deverá garantir que esta política seja estendida e mantida em todos os níveis da organização (ISO/TS-16949, item 4.1.1.1).

Requisitos da norma que foram mais abordados pelo setor de manutenção:

− Melhoria continua (ISO/TS-16949, item 4.1.1.4) − Impacto sobre a sociedade (ISO/TS-16949, item 4.1.7) − Resultado de projeto de processo (ISO/TS-16949, item 4.2.4.9.3) − Controle de documentos e dados (ISO/TS-16949, item 4.5) − Compras (ISO/TS-16949, item 4.6) − Generalidades (ISO/TS-16949, item 4.9.1.1) − Planos de contingências (ISO/TS-16949, item 4.9.1.3) − Manutenção preventiva (ISO/TS-16949, item 4.9.1.5) − Ação corretiva e preventiva (ISO/TS-16949, item 4.14) − Treinamento (ISO/TS-16949, item 4.18) − Manutenção (ISO/TS-16949, item 4.19) − Técnicas estatísticas (ISO/TS-16949, item 4.20)

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O departamento de manutenção já possuía uma estrutura organizada, oriunda de outras cerificações anteriores, o que possibilitou uma adequação mais eficiente aos requisitos da ISO/TS-16949.

O departamento também contava com vários arquivos de catálogos e manuais de máquinas e equipamentos, sistema informatizado de gerenciamento de manutenção, normas e procedimentos de manutenção. Muitos dos requisitos da norma citados anteriormente foram quase que somente revisados e os outros foram integrados aos Procedimentos Administrativos da Manutenção.

Os itens que obtiveram uma atenção maior e foram mais desenvolvidos estão ligados aos requisitos referentes à Melhoria Continua, Resultado do Projeto de Processos, Técnicas Estatísticas, Compras, Manutenção Preditiva, Preventiva, Corretiva e Checklist. E que impactam mais com o desenvolvimento e revisão dos Planos de Manutenção.

3.2.1. Manutenção Preventiva (ISO/TS-16949, item 4.9.1.5) O fornecedor identificara equipamentos chaves e provera recursos adequados para manutenção de máquinas/equipamentos, e desenvolvera um sistema eficaz de planejamento de manutenção preventiva total. (ISO/TS-16949, Item 4.9.1.5).

Dos requisitos da norma, esse foi o item mais trabalhoso. O departamento de manutenção trabalhava orientado por um Plano de Manutenção bi-anual, e para que fosse feita a revisão dele, focando os requisitos da norma, tornou-se necessário o levantamento de vários pontos importantes:

− Objetivos e metas da Manutenção; − Identificação de equipamentos chaves; − Definição de políticas individuais nos equipamentos chaves ; − Definição de uma política de peças de reposição; − Organização de Documentação; − Definição de sistema de manutenção preditiva; − Definição de sistema de manutenção corretiva e preventiva, checklist; − Embalagem e preservação de equipamentos; − Impacto sobre a sociedade e o meio ambiente; − Indicadores de desempenho; Com a necessidade da identificação dos equipamentos chaves e dos tipos de intervenções de manutenção que cada máquina/equipamento possuiria, foi necessário modelar uma ferramenta de priorização de manutenção. A ferramenta utilizada é parte integrante da metodologia do TPM (Manutenção Produtiva Total), desenvolvida pela JIPM (Japan Institute of Plant Maintenance). E para utiliza-la foi necessário o levantamento de informações técnicas sobre os equipamentos nos setores se Segurança do Trabalho e nos setores de Produção. Apos adaptar a ferramenta nos moldes da ISO/TS-16949, e a realidade da empresa, foi possível a identificação da importância operacional de todos os equipamentos da planta, bem como as suas respectivas manutenções. Com a obtenção da importância operacional (equipamento chaves) e os tipos de manutenção de cada máquina, tornou-se possível à elaboração do novo plano de manutenção.

Para auxiliar no desenvolvimento desse requisito, e melhor entender, acompanhar os resultados e dividir as etapas. Adotou-se o modelo de PDCA (Plan, Do, Check, Action) conforme proposto por Campos(1992) mostrado na Figura 1. Dentro do processo de avaliação dos equipamentos chaves, foram avaliadas um total de 1498 máquinas. E foram detectadas 225 máquinas/equipamentos chaves.

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Figura 1 – PDCA do Item (4.91.5 -Manutenção Preventiva) 3.2.2. Compras (ISO/TS-16949, item 4.6) Um ponto muito importante que foi trabalhado entre o Departamento de Compras e o de Manutenção foi o desenvolvimento dos fornecedores e das peças de reposição. Auxiliando em muito na montagem dos planos de manutenção, no gerenciamento dos estoques de peças de reposição, possibilitando até uma redução no volume de peças nos almoxarifados e baixando o custo do estoque de peças sobressalentes.

O desenvolvimento dos fornecedores e serviços (subcontratadas) e o atendimento das especificações técnicas e ambientais dos produtos e serviços por eles fornecidos são requisitos da norma (ISO/TS-16949, item 4.6.2).

Todos os produtos ou materiais adquiridos na fabricação de peças atenderão os requisitos de regulamentos aplicáveis ao país de fabricação e venda, tais como ambientais, elétricos, eletromagnéticos e de segurança (ISO/TS-16949, item 4.6.1.3).

Os volumes dos estoques de peças sobressalentes, foram estipulados, observando o histórico e a freqüência de quebras ou falhas dos equipamentos, e o histórico dos fornecedores, bem como as suas estruturas de fabricação/entrega e qualidade do produto fornecido. Com o desenvolvimento dos fornecedores possibilitou a adoção de medidas de gerenciamento dos estoques. E foram estabelecidos procedimentos de Partner (parcerias); de maneira que os fornecedores mantivessem em seus estoques peças de reposição a pronta entrega e à empresa o comprometimento de recorrer a eles quanto da necessidade de peças.

Segundo a ABRAMAN (Associação Brasileira de Manutenção), em pesquisa feita através de questionário a várias empresas no Brasil, o custo da manutenção em relação ao faturamento das empresas continua representando uma parcela significativa do PIB (Tabela 1). E também constatou uma redução no valor do estoque em relação ao custo total da manutenção (Tabela 2).

Definir equipamentos chaves Definir metas/objetivos Definir manutenções (corretivas/preventivas/preditivas) Definir intervenções programadas Definir políticas de peças de reposição Desenvolver indicadores

Gerar documentos/procedimentos/checklist Executar intervenções planejadas Gerar registros e relatórios Disponibilizar peças de reposição

Avaliar resultados dos indicadoresAjustar técnicas, Controlar os almoxarifados

Gerar relatórios de resultados (corretiva/preditiva/preventiva) Gerar indicadores Checar os almoxarifados

A

C D

P

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Ano % 2001 4,47%

1999 3,56%

1997 4,39%

1995 4,26% Fonte: (ABRAMAN, 2001)

Tabela 1- Custo Total da Manutenção / Faturamento Bruto

Índices de Custo 1997 1999 2001

Valor do estoque / Custo total da Manutenção 16,00% 13,00% 11,95%

Rotatividade de Estoque 5 meses 4 meses 4 meses Fonte: (ABRAMAN, 2001)

Tabela 2 – Avaliação dos Estoques de manutenção

Uma redução de estoque seja ela no almoxarifado da manutenção ou da produção só é possível atacando os problemas de processos, tempo de fabricação e entrega. As atividades de mudança e de desenvolvimento para tornar possível tal redução enquadram-se não somente aos requisitos da norma, sobre o item Compra, mas também aos requisitos de Melhoria Continua da norma ISO/TS 16949, sendo que este requisito deve nortear todas as atividades da empresa.

3.2.3. Resultados de Projeto de Processo (ISO/TS-16949, item 4.2.4.9.3) Os resultados de projeto de processo serão expressos em termos que possam ser verificados e reavaliados contra os requisitos de informações de projeto de processo (ISO/TS-16949, item 4.2.4.9.3).

Este requisito abrange a Engenharia de Manutenção, responsabilizando-a pela concepção, analise de viabilidade de implantação,acompanhamento, divulgação e registro dos resultados dos projetos realizados nas maquinas e instalações da empresa.

3.2.4. Técnicas Estatísticas (ISO/TS-16949, item 4.20) O fornecedor identificara a necessidade e técnicas estatísticas requeridas para estabelecimento, controle e verificação de capacidade do processo e das características do produto. (ISO/TS-16949, item 4.20).

O desenvolvimento de indicadores do departamento de manutenção foi realizado juntamente com o departamento de produção, o que possibilitou estabelecer Indicadores de Disponibilidade dos Gargalos e Equipamentos Chaves, orientados para a produção. Foram agregados a eles outros indicadores de responsabilidade da manutenção (Consumo de Energia, Água, GLP, Eficiência das Caldeiras, Custos de Almoxarifado, Maiores Paradas). O que resultou na formação do Book Gerencial da Manutenção. Com o Book era possível fazer o acompanhamento mensal das atividades da manutenção, auxiliando também nas tomadas de decisões. Os resultados e as informações dos indicadores são discutidos em Reuniões Operacionais e de Análise Critica, onde são estabelecidos e formulados Planos de Ação para a realização de reparos e melhorias.

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3.2.5. Melhoria Continua (ISO/TS-16949, item 4.1.1.4) A política da qualidade devera prever a melhoria continua da Qualidade, do serviço, do custo e da tecnologia. O fornecedor deverá identificar oportunidades para a melhoria da qualidade e da produtividade e para a implementação de projetos de melhoria adequados (ISO/TS-16949, item 4.1.14).

Seguindo esse conceito, a manutenção, já durante o processo de adequação a norma ISO/TS-16949, desenvolvia projetos de melhoria na empresa como:

− Implantação de lubrificação autônoma; − Modificação dos Retificadores de Cromação; − Housekeeping do chão de fábrica;

4. Conclusão A implantação da ISO/TS-16949 é uma certificação importante porque ela qualifica o fornecedor a poder atender um espaço maior de clientes no ramo automotivo, sem a necessidade da ocorrência de múltiplas auditorias de certificação. Um dos pontos forte da norma é o atendimento do requisito de Melhoria Continua, forçando a empresa sempre estar em constante atenção para as necessidades de mudança, e estabelecendo uma maior união dos departamentos, tornando a visão de Qualidade em todos os setores da empresa uma questão prioritária. A revisão dos Procedimentos Administrativos da Manutenção, foram somente feitos após a realização de toda a adequação do setor e o levantamento da necessidade das mudanças no setor; foram também repassados os procedimentos de preenchimento de ordens de serviços com todo o pessoal operacional, visando manter uma maior qualidade nas informações passadas por elas. E estipulados treinamentos técnicos para os manutentores. Com a revisão do Plano de Manutenção Preventiva, estabeleceram-se novos checklist’s e a introdução ou retirada de máquinas da classe de equipamentos chaves. Dentro do setor de manutenção vale ressaltar a importância da introdução do uso de ferramentas estatísticas e de controle dos recursos da manutenção, e o desenvolvimento da política de peças de reposição. Nos últimos anos, os custos e as despesas com manutenção nas empresas de um modo geral vêm subindo muito; e os movimentos para a implantação da ISO/TS-16949; possibilitou uma nova visão, tanto do ponto de vista da produção e especialmente dos gerentes de manutenção. Hoje já se trabalha melhor o gerenciamento dos recursos da manutenção e os procedimentos de trabalho dos manutentores, visando sempre um aumento na qualidade do atendimento das ordens de serviço, maior disponibilidade de máquinas, e introdução de técnicas novas de manutenção (RCM,-Manutenção Centrada em Confiabilidade, TPM,-Manutenção Produtiva Total) mesmo que parcialmente e restringida a alguns setores e máquinas. Um setor de manutenção que deseja introduzir um programa de qualidade ou melhorar um existente, independente da certificação que tem ou que a empresa almeja, deve estar atento para a filosofia e os métodos utilizados pelo TPM, porque este vem se mostrando muito eficiente quando aplicado completamente e corretamente.

5. Referencia Bibliográfica: ABRAMAN (2001) – XVI Congresso Brasileiro de Manutenção – Florianópolis

CAMPOS, V.F. (1992) – Controle da Qualidade Total. Bloch Editores. Rio de Janeiro

ISO/TS-16949 (1999) - Sistemas da Qualidade - Fornecedores Automotivos - Requisitos particulares para aplicação da ISO9001:1994