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HVMANITAS- Vol. L (1998) A MINHA HOMENAGEM AO PROFESSOR JOSÉ GERALDES FREIRE ALFREDO DE MAGALHãES Director do jornal "Reconquista" (Castelo Branco) As palavras que escrevo, por motivo da jubilação do Professor Doutor José Geraldes Freire, querem ser apenas um testemunho pessoal do grande apreço que tenho pelas qualidades e méritos do homem que muito admiro e estimo como Professor Catedrático, Sacerdote, Escritor, Jornalista, Conferencista e Beirão de alma e coração. Não vou deter-me em todas estas e outras facetas da sua personalidade e do seu talento. Outros o farão com mais conhecimento e autoridade do que eu, um simples colega seu no presbitério da diocese de Portalegre e Castelo Branco e um ínfimo escrevinhador de letras em dois jornais em que me encontrei e encontro com o exímio artífice da palavra escrita e falada. Aqui se poderia já abrir um breve capítulo para explanar os dotes jornalísticos de Geraldes Freire. Sucedeu-me no semanário, O Distrito de Portalegre, órgão diocesano, onde trabalhei em cheio cerca de 11 anos (já lá vão cerca de 50!) no qual deixou bem marcado o vigor da sua juventude, muito do seu inconformismo e até agressividade perante os atropelos da verdade, da justiça e do direito, que apareciam em jornais locais de índole oposta, o que lhe causou alguns dissabores. Uma atitude justa e austera que transparecia igualmente em conversas informais e prelecções mais formalizadas. Embora afastado eu da capital do Alto-Alentejo, não deixei de colaborar em O Distrito de Portalegre sob a égide do P. Geraldes Freire que sempre me acolheu e estimulou com prazenteira bonomia. Desses anos de juventude jornalística mantém-se viva a memória da secção Notas e Factos, esperada por uns, temida por outros. Anos depois, os "azares da fortuna" trouxeram-me para Castelo Branco, onde me colocaram sobre os ombros, aliás o motivo dessa transferência, o

A MINHA HOMENAGEM AO PROFESSOR JOSÉ GERALDES … · Têm-lhe merecido especial atenção o património artístico e todas as actividades culturais da diocese, com intervenções

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HVMANITAS- Vol. L (1998)

A MINHA HOMENAGEM AO PROFESSOR JOSÉ GERALDES FREIRE

ALFREDO DE MAGALHãES

Director do jornal "Reconquista" (Castelo Branco)

As palavras que escrevo, por motivo da jubilação do Professor Doutor José Geraldes Freire, querem ser apenas um testemunho pessoal do grande apreço que tenho pelas qualidades e méritos do homem que muito admiro e estimo como Professor Catedrático, Sacerdote, Escritor, Jornalista, Conferencista e Beirão de alma e coração.

Não vou deter-me em todas estas e outras facetas da sua personalidade e do seu talento. Outros o farão com mais conhecimento e autoridade do que eu, um simples colega seu no presbitério da diocese de Portalegre e Castelo Branco e um ínfimo escrevinhador de letras em dois jornais em que me encontrei e encontro com o exímio artífice da palavra escrita e falada.

Aqui se poderia já abrir um breve capítulo para explanar os dotes jornalísticos de Geraldes Freire. Sucedeu-me no semanário, O Distrito de

Portalegre, órgão diocesano, onde trabalhei em cheio cerca de 11 anos (já lá vão cerca de 50!) no qual deixou bem marcado o vigor da sua juventude, muito do seu inconformismo e até agressividade perante os atropelos da verdade, da justiça e do direito, que apareciam em jornais locais de índole oposta, o que lhe causou alguns dissabores. Uma atitude justa e austera que transparecia igualmente em conversas informais e prelecções mais formalizadas. Embora afastado eu da capital do Alto-Alentejo, não deixei de colaborar em O Distrito

de Portalegre sob a égide do P. Geraldes Freire que sempre me acolheu e estimulou com prazenteira bonomia. Desses anos de juventude jornalística mantém-se viva a memória da secção Notas e Factos, esperada por uns, temida por outros.

Anos depois, os "azares da fortuna" trouxeram-me para Castelo Branco, onde me colocaram sobre os ombros, aliás o motivo dessa transferência, o

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Jornal Reconquista, semanário regionalista e propriedade da paróquia de Castelo Branco. Aqui inverteram-se os papéis: eu fui colaborador de Geraldes Freire em O Distrito de Portalegre, agora tornou-se colaborador meu no Reconquista.

Com grande diferença: eu, na altura, um simples e vulgar colaborador, daquele mais que centenário semanário portalegrense; agora, o já Doutor Geraldes Freire, um distinto mestre do saber em múltiplas e variadas vertentes.

Em inúmeros artigos publicados em Reconquista sempre manifestou um inconcusso bairrismo não só pela sua terra natal, S. Miguel de Acha, como por toda a região da Beira Baixa, sendo de destacar: a divulgação dos valores tradicionais (festas populares, jogos, cantares, danças e costumes das gentes beiroas); o património cultural contido em monumentos, igrejas, imagens, museus de que deixou descrições minuciosas; a história local e regional, no que revelou grande capacidade de pesquisa e investigação. Para além de tudo isso, deixou ainda uma vasta gama de temas de índole religiosa, eclesiástica e espiritual tratados com a habitual superioridade e isenção de espírito.

Mas já antes, nos finais da década de 50, colaborou assiduamente no mesmo semanário regionalista, do qual era então mais responsável o Dr. Ulisses Vaz Pardal, a pedido expresso do Bispo Diocesano, então D. Agostinho Lopes de Moura. Desde 1958 foram suas muitas Anotações e artigos sob pseudónimo.

O anterior parceiro de redacção do Dr. Ulisses era o bem conhecido e distinto analista político e social, Dr. Duque Vieira, que se veio a ausentar para Lisboa, por motivo do ensino da Filosofia, que exercia com elevada competência.

Para colmatar essa e outras "brechas", é que foi pedida a contribuição do ainda, na altura, estudante universitário, Geraldes Freire. Ε fè-lo com grande distinção e idoneidade, ficando célebre, mais tarde, para além de outra variada e selecta colaboração, a secção titulada "Mão Aberta" através da qual ressumbravam oportunos comentários e análises da vida política, social e partidária, ainda marcada pelos deslizes e desmandos da época "quente" da Revolução de Abril. Teve assim oportunidade de reafirmar os seus predicados de jornalista e o seu espírito de observação da vida real, com a consequência inevitável de crítico sagaz e de analista criterioso dos factos e das ideias. Da revisão de dezenas de artigos da "Mão Aberta" — oposição ao punho cerrado que esconde os dedos e a palma da mão (nem sempre limpa...) — resultou o livro Resistência Católica ao Salazarismo-Marcelismo (Porto, 1976). Assim como de uma série de artigos no Distrito veio a surgir O Segredo

de Fátima (1977).

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Por tudo isso esteve em risco de suspender os seus estudos universitários, já que não era possível naquelas condições conciliar o pesado trabalho académico com as tarefas de responsável do jornal que esteve prestes a cair--lhe sobre os ombros. Reconhecendo embora os seus méritos indiscutíveis na actividade jornalística, pensamos, por nossa parte, que para ele e para a Igreja que serve foi essa "a melhor parte".

O jornal Reconquista guarda nas suas páginas, do brilhante escritor e jornalista atento e operoso, um acervo de artigos de indiscutível interesse regional e nacional e até de mais ampla projecção, que justificava plenamente a sua compilação e publicação em volume (principalmente os dedicados a uma monografia de S. Miguel de Acha), não só como documento histórico de uma época e região, mas também como fonte de inspiração e apoio e estímulo a continuar o estudo de uma das mais características zonas do País.

Situando-nos nesta região do interior, de onde é natural Geraldes Freire, não posso deixar de referir, ainda que muito brevemente, a colaboração do ilustre Catedrático na instalação do Instituto Politécnico de Castelo Branco e da Escola Superior de Educação: — começou por ser nomeado presidente da Comissão Instaladora da Escola Superior de Educação, em 29 de Setembro de 1980, cuja posse lhe foi conferida pelo ministro Vítor Crespo. No ano seguinte, foi nomeado presidente da Comissão Instaladora do Instituto Politécnico, não se mantendo, todavia, por muito tempo, no exercício dessas funções. Os motivos que o levaram a pedir a exoneração desse cargo não foram divulgados, mas pelo que se conhece da maneira de pensar e de ser do professor Geraldes Freire, não é difícil conjecturá-las, principalmente através dos três últimos artigos do seu mandato — no Reconquista.

Ordenado como é, no seu pensar e agir, deduz-se logicamente que o seu temperamento não se coadunava facilmente com as morosas burocracias do Ministério a que estava ligado. Aliás, essa situação continua pecha nacional!!... Bastará recordar as tentativas várias que fez para comprar o então colégio de Nossa Senhora do Rosário ou, ao menos, alugar algumas salas do mesmo imóvel para ali começar a dar os primeiros passos. Outra tentativa foi a de adquirir para o mesmo efeito as instalações do Regimento de Cavalaria 8. Todas essas diligências não surtiram efeito. A persistência seria a arma a utilizar, mas para quem tem a noção exacta das responsabilidades assumidas e das intenções e objectivos claramente definidos, as demoras e adiamentos equivalem a querer "andar parados", o que para ele era mais do que um dislate.

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Para além dos ofícios enviados ao Ministério da Educação, deslocou-se várias vezes, ao mesmo Ministério, com o Professor Pinto de Andrade, então Presidente da ESA e mais tarde Presidente do I. R, para tratar dos assuntos que tinha entre mãos. Mas voltava de mãos a abanar... Para uma personalidade bem vincada como era a dele, tudo isso equivalia a uma paralização.

Por outro lado, Geraldes Freire continuava Professor na Universidade de Coimbra, de cujas funções não estava dispensado, acumulação de cargos que o Ministério nunca chegou a legalizar completamente. Tinha que se deslocar frequentemente a Castelo Branco e, por não dispor de veículo particular, utilizava os transportes públicos, morosos e incómodos. O tempo é um valor precioso, que o Professor não podia perder. Além disso, as condições das instalações onde ficava para trabalhar e descansar não eram as melhores, e embora o seu espírito de pobreza seja uma realidade a registar, o trabalho para ser eficaz precisa de um mínimo de comodidade.

Estas me parece terem sido algumas das razões que levaram o Doutor Geraldes Freire a pedir a exoneração daqueles cargos, o que aconteceu ainda em 1981, data fixada para a Instalação das Escolas. Afinal a Comissão Provisória só terminou em... 1996!

Espero que ele me compreenda e me perdoe uma ou outra inexactidão, uma vez que escrevo aquilo que a memória me traz ao bico da pena.

Conto igualmente com a sua vénia para o atrevimento que ouso ter ao referir um episódio recente, apenas com a intenção de sublinhar o excepcional talento e a extraordinária competência do nosso jubilado, particularmente nas áreas da sua especialidade.

Há uma rapariga albicastrense, já então formada em Românicas e com o Mestrado concluído com alta classificação. Desejando continuar os estudos em ordem ao Doutoramento, precisava do apoio de um Professor para a acompanhar na sua caminhada. Com o objectivo de obter informações, bateu--me à porta pedindo a minha intervenção junto do Professor Geraldes Freire, pessoa indicada mais do que ninguém para prestar os esclarecimentos desejados e até diligenciar junto de algum catedrático que se dispusesse àquela tarefa.

Acedi; e entrei em contacto com o Professor Geraldes Freire que me atendeu pressurosamente como é timbre seu. Uma conversa telefónica que rondou os vinte minutos. Logo me apercebi do conjunto de problemas e circunstâncias que é preciso conhecer e resolver para sair do apertado labirinto. Transmiti à porfiada estudante as ideias que consegui captar, mas porque os

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caminhos a percorrer são complicados e sinuosos, aconselhei-a a contactar directamente o professor, a quem aliás tinha posto essa hipótese.

Deslocou-se propositadamente a Coimbra onde contactou com o Mestre. No regresso deu-me conhecimento do que se passou: "uma conversa que demorou cerca de duas horas. Explicou-me "tim-tim por tim-tim" tudo o que é preciso diligenciar e fazer. Com muita clareza e minúcia; e respondendo a todas as perguntas e dúvidas que lhe pus. Resultado: fez-me pensar; e embora não desista da pretensão, para já continuo a pensar..."

Um simples episódio que confirma a opinião que temos do Doutor Geraldes Freire: um espírito superior e prestável, um Professor profundamente conhecedor dos problemas relacionados com todos os graus de ensino.

A maior parte da sua vida tem decorrido na Lusa Atenas, mas, como sacerdote, está incardinado na diocese de Portalegre e Castelo Branco, que ama fervorosamente e serve dentro das suas possibilidades. Por esse motivo se entrega nas mãos do seu Bispo para o que ele quiser, inclusive o abandono da cátedra universitária.

Aparece sempre nas celebrações diocesanas mais significativas, desde as ocorridas na Sé Catedral de Portalegre, de que aliás é cónego capitular, até às datas festivas, quer do Bispo quer dos consagrados (sacerdotes e religiosos(as), nos retiros sacerdotais e praticamente em todas as actividades de claro interesse diocesano, particularmente as ligadas aos Seminários. De registar a dinamização que imprimiu às comemorações dos 400 anos do Seminário de Portalegre, como um dos primeiros responsáveis, durante o ano de 1990-1991. Da sua colaboração na imprensa diocesana desse biénio resultou o Livro do IV Centenário do Seminário de Portalegre, coordenado pelo Prof. J. Ribeirinho Leal.

Têm-lhe merecido especial atenção o património artístico e todas as actividades culturais da diocese, com intervenções e escritos muito valiosos.

Mas há mais, muito mais. Há muitos outros aspectos de carácter pessoal que conheço mais de perto e me atrevo a focar. Sem a pretensão de definir a pessoa, mas de algum modo capazes de revelar a sua riqueza cultural e humana, sem esconder outras facetas ou arestas que também riqueza são...

São notas breves, as que evoco para ajudar a definir o perfil do Profes­sor jubilado e justamente homenageado.

É humorista, mas o seu humor é fino, elevado, subtil, irónico e com frequência cáustico. São qualidades que revelam uma inteligência penetrante e superior.

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Ε humor não "trabalhado", porque sai espontâneo e sempre oportuno.

Não tem nada de boçal, mas é elegante e gracioso.

Numa das viagens que fez a Lisboa com o Professor Pinto de Andrade,

e perante a agilidade do pensamento e a locução fluente deste, analisando e

criticando falhas da vida administrativa de alguns ministérios, nomeadamente

o da Educação, comentava Geraldes Freire, mais ou menos assim: Mas o sr.

não é deputado? Nunca se candidatou a deputado? Daria um bom deputado,

um bom político!... Ε assim veio a suceder.

Ε generosamente esmoler. São muitos os casos que podem comprovar

esta nota característica do Professor oriundo de S. Miguel de Acha, uma aldeia

que, no aspecto económico, não destoa das suas congéneres disseminadas por

estas terras beiroas, em grande parte, avaras e estéreis.

Não se diga que é um "mãos largas" para acudir a necessidades

particulares e colectivas... Se fosse necessário, podiam aparecer aqui muitos

testemunhos a confirmar o incomensurável bem-fazer do nosso jubilado e

portanto o seu espírito de desprendimento. Gosta de ter sempre a seu cargo

uma Bolsa de Estudo num seminário, diocesano ou missionário.

Tem acorrido generosamente às necessidades públicas e a necessidades

"envergonhadas" de que vai tendo conhecimento. Ε fá-lo com discrição e sob

anonimato, na sequência do Evangelho. Tudo isso revela bem o seu

desprendimento, não só afectivo (do coração) mas também efectivo (da própria

bolsa). Não é inconfidência o que vou dizer, mas soube por portas travessas,

que Geraldes Freire, no fim de certas etapas tem reduzido as suas contas a

zero, para partir do zero para a nova etapa que começa. Claro que, desde que é

Professor Universitário tem o respectivo vencimento garantido, mas esse gesto

significa um estado de espírito liberto que, no fim de contas, é a maior riqueza.

Também é tido por alguns como polémico, agarrado tenazmente aos

seus ideais e pontos de vista. Para não cair em posições inexactas e injustas é

bom ter em conta que a polémica ou a discussão não são para reprovar sem

mais. Se por um lado pode exprimir teimosia e obstinação apaixonada, pode

significar, por outro, uma coerência respeitável, quando efectivamente a posição

tomada coincide com determinados princípios e valores indiscutíveis. Sendo

assim, deveríamos trocar a palavra "polémica" pelas palavras "apologia e defesa

de verdades inalienáveis".

Será certamente o caso do nosso amigo Professor Catedrático cujo

alegado polemismo se deve entender como serviço prestado à verdade, á justiça

e à razão.

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Nesse sentido, a polémica não é provocatória nem caprichosa e não

tem nada de subjectivo ou pessoal. Pode acontecer, quando se impõe a defesa

da verdade objectiva e da posição coerente.

Por outro lado, Geraldes Freire foi sempre um homem modesto e

comedido, termos cujo sentido se identifica com a prudência e humildade de

que, aliás, deu vastas provas ao longo da sua vida.

Iguais sentimentos de isenção e de justiça o animaram quando, por força

das circunstâncias, teve que fazer apreciações a livros, a correntes ideológicas

e a ocorrências factuais. Foi, portanto, um crítico e um analista considerado,

de publicações de tipo social, doutrinal e artístico bem como de acontecimentos

dos- nossos dias de vária ordem: política, religiosa, administrativa,

governamental, etc. e, de modo particular, no campo do ensino. Tem muitos

escritos deste teor, mas todos marcados pela independência mental e não por

facciosismos ou por motivos sectaristas. Tanto no Reconquista como no Distrito

tem assinado a Crítica Literária sob o pseudónimo barrístico de... Miguel

d'Acha.

Nestas circunstâncias e em todas as demais, o seu grande, para não

dizer único objectivo, foi sempre o serviço e a defesa da verdade.

Ε altura de terminar estas despretensiosas notas, mas não posso deixar

de referir, muito brevemente, até porque é uma qualidade reconhecida por todos,

a pureza da sua expressão verbal, a limpidez do seu estilo literário — preciso,

conciso, elegante e harmonioso, sem gongorismos rebuscados. Não há

necessidade de confirmar com citações, essa característica revelada nos seus

escritos. Se a sublinho é só para reconhecer que o nome de Geraldes Freire

ocupa lugar destacado não só no areópago académico, mas também no pódio

onde alinham distintos homens das letras.

A confirmar, aliás, o profundo conhecimento que tem da língua latina,

em que é mestre, e da qual procede, em linha recta, a língua portuguesa.

Muito mais se poderia dizer do Professor Geraldes Freire, agora, por

motivo da homenagem que justamente lhe é prestada na hora da sua jubilação.

O que deixo aí saiu espontaneamente da minha memória e da minha pena

"currente calamo", sem artifícios nem pruridos de exibicionismo. Daí a pobreza

da forma literária, mas que não limita a admiração, a estima e o apreço que

tenho pelo Professor Doutor Geraldes Freire e que me apraz agora manifestar,

embora de forma tão simples.