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A missão institucional da Itaipu...A mudança na missão institucional da Itaipu Binacional, promovida em 2003 e que incorporou a responsabilidade socioambiental e o desenvolvimento

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Superfície: 1.350 km2

Volume: 29 bilhões de m3

Vazão média: 10 mil m3/sComprimento: 176 km

Área protegida: 100,5 mil ha

O reservatórioda Itaipu

“Gerar energia elétrica de qualidade, com responsabilidade social e ambiental,

impulsionando o desenvolvimento econômico, turístico e tecnológico,

sustentável, no Brasil e no Paraguai”

A missão institucional da Itaipu

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A mudança na missão institucional da Itaipu Binacional,

promovida em 2003 e que incorporou a responsabilidade

socioambiental e o desenvolvimento sustentável aos

objetivos estratégicos da empresa, passou a exigir da

organização uma nova postura, aberta ao diálogo e à parceria

com os inúmeros atores presentes nos 29 municípios

compreendidos pela Bacia do Paraná 3 (conjunto de

microbacias conectadas com o lago da hidrelétrica).

Essa mudança de paradigma se passa em um período de

inquietação, com a divulgação crescente de evidências

de que a atividade humana tem sido responsável pelo

agravamento das mudanças climáticas em escala planetária.

A crise ambiental global tem impactos diretos sobre as

populações humanas, com consequências para a produção

de alimentos, abastecimento de água e geração de energia.

Todas essas são questões em que o elemento água, principal

ativo da Itaipu, tem um papel central. O reservatório da

hidrelétrica tem 176 quilômetros de comprimento ao longo

da fronteira entre Brasil e Paraguai, entre Foz do Iguaçu/

Ciudad del Este e Guaira/Salto del Guaíra. Ali são estocados

permanentemente 29 bilhões de metros cúbicos de água,

utilizados para movimentar 20 turbinas que somam 14 mil

megawatts de potência instalada e que respondem por 20%

do fornecimento de energia para o mercado brasileiro e 95%

para o paraguaio.

O reservatório é utilizado para múltiplas finalidades além da

geração energética: lazer, turismo, pesca e abastecimento

público. Portanto, à responsabilidade da Itaipu de zelar pela

A humanidade encontra-se diante de uma das mais graves

crises da história, que está intimamente ligada ao modo de

vida insustentável adotado pela civilização contemporânea.

Esse modo de vida, calcado na produção e no consumo

sem limites (pois vê o planeta como provedor de recursos

naturais infindáveis), vem provocando impactos em todos

os pontos do globo, com consequências para os seres que

compõem a comunidade de vida da Terra.

Segundo o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas

(IPCC), ligado ao Programa das Nações Unidas para o Meio

Apresentação Problemas globais e desafios locais

qualidade dessa água deve somar-se o cuidado daqueles

que vivem em todas as microbacias do entorno. Nesse

caso, estamos falando de uma população de cerca de 1

milhão de habitantes, espalhados por uma área de 8 mil

quilômetros quadrados e onde estão localizadas 35 mil

propriedades rurais.

Assim, para ser eficiente, um programa socioambiental que

tenha como objetivo alcançar o estado de sustentabilidade

da região em que está instalada uma hidrelétrica precisa

trabalhar com a problemática socioambiental desde as

nascentes dos rios, promovendo uma ampla revisão de

valores e dos modos de ser e sentir, viver, produzir e

consumir, em todo o seu entorno.

Ou seja, trata-se de estimular uma verdadeira revolução

cultural, substituindo os velhos hábitos decorrentes da

ilusão de que os recursos naturais são inesgotáveis

por práticas sustentáveis – como a reciclagem, o

tratamento de efluentes, a recomposição das matas

ciliares, a proteção da biodiversidade, a substituição

da monocultura agrícola (altamente dependente de

agrotóxicos) por técnicas agroecológicas, entre outras – e,

fundamentalmente, fortalecer e apoiar as pessoas para

que façam a gestão ambiental de suas comunidades, para

que os ganhos em qualidade social e ambiental sejam

preservados não pelas imposições legais, mas sim pelos

benefícios que geram para a população local, para as

gerações futuras e para o planeta.

Ambiente (Pnuma) e à Organização Meteorológica Mundial

(WMO), as atividades humanas têm sido um fator determinante

para o aumento da temperatura média da Terra. Os relatórios do

IPCC são baseados na revisão de pesquisas de 2.500 cientistas

de todo o mundo. Em 2007, foi lançado o quarto e mais

contundente relatório que afirma, com 90% de certeza, que a

humanidade é a principal responsável pelo aquecimento global.

O resultado desse aquecimento é a desordem climática

global, que se manifesta no derretimento das geleiras, na

elevação do nível dos mares e intensidade cada vez mais

“Uma enquete feita com 1.756 cientistas pelo jornal britânico The Guardian revelou que 90% deles não acreditam que será possível evitar um aquecimento global acima de 2 graus celsius – um limite do tolerável sem consequências catastróficas. Eles estimam que o aumento médio de temperatura até o final do século ficará entre 4 e 5 graus”

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severa e frequente de fenômenos climáticos extremos, como

tufões, nevascas, estiagens ou excesso de chuvas, que têm

graves consequências para a humanidade, especialmente no

que diz respeito à sede, fome, doenças e mortes.

Para garantir a qualidade de vida atual, é preciso que o

aumento da temperatura média do planeta não ultrapasse

2 ºC em relação aos níveis pré-industriais. Para isso, a

humanidade terá de reduzir a emissão de gases do efeito

estufa entre 25% e 40% até 2020, em relação aos níveis

de 1990.

Ao aquecimento global, somam-se outros desastres e

desequilíbrios que vêm sendo provocados pelo homem,

tais como:

• Esgotamentodasreservasdeáguapotável;

• Buraconacamadadeozônio;

• Aumentodapoluiçãohídrica,atmosféricaedossolos;

• Aumentodosresíduossólidos(lixos);

• Desmatamento;

• Erosão/desertificação/exaustãoedegradaçãode

soloscultiváveis;

• Extinçãodeespéciesdafloraefauna;

• Ainjustiça,apobreza,aignorânciaeosconflitos

violentossãotambémcausasdegrandesdesequilíbrios

eagravamosproblemassociaiseambientais.

Na prática, o Cultivando Água Boa é uma estratégia local

de enfrentamento da crise ambiental global, em especial as

mudanças climáticas. Na Bacia do Paraná 3, os principais

passivos existentes conectados com essa problemática

planetária são os decorrentes das atividades agropecuárias,

da ocupação territorial e consequente devastação dos

ecossistemas, além da contaminação pelos esgotos e lixo

produzidos nas cidades. Os efeitos mais evidentes desses

processos são:

• Contaminaçãodosrios,solos,sereshumanoseanimais

poragrotóxicos;

• Perdadesolospelaerosão,levandoàsedimentação

doscorposd’águaeàperdadeprodutividadeagrícola;

• Acúmulodematériaorgânicanosrios,provocando

eutrofização(surgimentodealgasebactériastóxicas,

favorecendoaformaçãodepântanoseaemissãode

gasesdeefeitoestufa);

• Perdadabiodiversidadedecorrentedodesmatamento

edesaparecimentodeespéciesanimais.

Agrotóxicos AgrotóxicosEutrofização

Enchentes

Contaminaçãodosrios

Erosão

Planejamento, modelo de gestão e metodologia de implantação

O Cultivando Água Boa é a estratégia que a Itaipu adotou

para dar uma contribuição local ao enfrentamento das

mudanças climáticas e demais desequilíbrios ambientais que

vêm sendo provocados pelo homem.

Para atingir seus objetivos socioambientais, a Itaipu adotou

para si o papel de indutora de um verdadeiro movimento

cultural rumo à sustentabilidade, articulando, compartilhando,

somando esforços e dividindo responsabilidades com os

diversos atores da BP3 em torno de uma série de programas

e projetos interconectados de forma sistêmica e holística,

e que compõem o Cultivando Água Boa. Eles foram

criados à luz de documentos planetários como a Carta da

Terra, o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades

Sustentáveis, a Agenda 21 e os Objetivos do Milênio.

As ações seguem um modelo de gestão calcado em quatro

componentes estratégicos: Gestão por Programas, Gestão

da Informação Territorial, Gestão Ambiental e Gestão

Participativa. Para a Gestão por Programas, optou-se pela

metodologia do Project Management Institute (PMI) para

a elaboração de projetos socioambientais, que lança mão

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do conceito de matricialidade, procurando obter recursos e

talentos humanos das diversas estruturas da organização,

com o máximo de sinergia e economicidade.

A Gestão da Informação Territorial compreende um conjunto

de tecnologias, algumas delas desenvolvidas pela própria

Itaipu, para fazer o monitoramento das condições ambientais

das microbacias, chegando muitas vezes ao nível de

detalhamento de cada propriedade rural. A confiabilidade

das informações é fundamental para o planejamento das

atividades de recuperação dos passivos.

A Gestão Ambiental é calcada nas normas ISO 14.001,

principalmente no que diz respeito ao ciclo PDCA (do inglês:

planejar, fazer, checar e agir). Essa metodologia permite um

acompanhamento constante da eficácia das ações, gerando

eventuais correções simultaneamente à execução do projeto.

Por fim, a Gestão Participativa, que é indissociável da

implantação de um programa socioambiental. A participação

coletiva fica evidente no número de parcerias: passados sete

anos desde sua implantação, o Cultivando Água Boa soma

mais de 2.100 parceiros como lideranças comunitárias e

cooperativas agrícolas, Organizações Não Governamentais,

órgãos municipais, estaduais e da União.

Para envolver todos os atores sociais da BP3, foi feito um

amplo chamamento, constituindo-se comitês gestores para

todos os programas e ações. Além disso, em cada município,

foi instituído por lei o Comitê gestor do Cultivando Água

Boa. Seus membros são designados por decreto municipal

e constituem subcomitês específicos para as ações a serem

desenvolvidas no município, como agricultura orgânica, coleta

solidária, plantas medicinais e outras.

Além disso, na ação Gestão por Bacias Hidrográficas, o programa

Cultivando Água Boa adotou uma forma descentralizada e

participativa de gestão, que respeita a organização da natureza

e é reconhecida como unidade de planejamento e gestão dos

recursos hídricos no Brasil pela Lei nº 9.433, de 1997. Ou seja,

é a gestão por bacia, sub-bacia e microbacia hidrográfica. Sua

implantação obedece às seguintes etapas:

Criação do Comitê Gestor da MicrobaciaÉformadoporrepresentantesdosdiversos

programassocioambientaisdaItaipu,

representantesdosgovernosmunicipal,estadual

efederal,cooperativas,sindicatos,entidades

sociais,universidades,escolaseagricultores.

Sensibilização das comunidadesEncontrosemqueseexplicaoqueéo

programa,alertandoparaaimportânciade

práticasambientalmentecorretas.

Seleção da microbaciaÉfeitaapartirdodiálogocomacomunidade,

autoridadeseliderançaslocais.

1

3

2

Oficinas de FuturoProcessodeautodiagnóstico,planejamentoda

comunidadeepactuaçãodecompromissospara

asustentabilidade.TemcomoetapasoMurodas

Lamentações,aÁrvoredaEsperança,oCaminho

AdianteeoPactodasÁguas.Mais informações

na página 15.

4

Convênios e acordosApósaconclusãodaoficina,comaassinatura

doPactodasÁguas,aItaipu,aprefeituraeos

demaisparceirosassinamosconvênioseoutros

instrumentosemquesãoestabelecidasas

condiçõeseascontrapartidasdaspartespara

viabilizaraexecuçãodasaçõesdecorreçãodos

passivosambientais.

5

Ajuste de parceriasAntesdaexecuçãodasações,sãorealizados

encontrosentreosparceirosparaquesejamfeitos

ajustesreferentesàparticipaçãodecadaum.

6

Futuro no presenteAçãodesensibilizaçãoqueépromovidadurante

eapósaexecuçãodosprojetos,paradespertaro

cuidadocomopatrimônionaturalqueestásendo

recuperado,enfatizandoopapeldocomitêgestor

comoespaçolegítimoparaoplanejamento,

execução,monitoramentoeproposiçãode

açõesparaamelhoriacontínuadaqualidade

socioambientaldasbaciashidrográficas.

7

MurodasLamentações

ÁrvoredaEsperança

CaminhoAdiante

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A educação ambiental como motor da mudança

A gênese de toda a problemática ambiental é decorrente de um modelo de sociedade em que o ter se

sobrepõe ao ser, e o status quo e o imaginário do bem-estar estão vinculados à capacidade de consumir.

Portanto, um movimento de sustentabilidade como esse promovido pelo Cultivando Água Boa deve estabelecer

seus alicerces em mudanças nos modos a seguir.

• Aconstruçãodoprograma,apesardesuaestrutura dorsal estar definida, é feita coletivamente com os atores participantes, que passam a se caracterizar como parceiros, já que não são remunerados por sua participação.

• Aconstruçãocoletivasedápelaformaçãode um comitê gestor de cada programa (externo). Em uma primeira fase, para se obter sinergia organizacional, deve haver um comitê correspondente dentro da organização líder (no caso a Itaipu), além de um comitê gestor geral.

• Aexecuçãodevepriorizareestabeleceranecessária participação dos atores sociais regionais formalmente instituídos, como ONGs, associações, cooperativas, governos locais etc. Caso seja necessário buscar expertise externa, o processo deve prever a absorção desse know-how pelos atores sociais locais.

• Aconstruçãodosprogramaseaçõespara que constituam um movimento pela sustentabilidade deve ter uma articulação sistêmica e uma visão de futuro. Deve, portanto, oportunizar o surgimento de novas ações, fruto da iniciativa dos atores sociais envolvidos.

• Aavaliaçãodoprogramadeve,domesmomodo, ser coletiva. Em um primeiro momento, isso ocorre no comitê, em um segundo momento, nos municípios e, em um terceiro, no nível da bacia hidrográfica (nos encontros anuais Cultivando Água Boa).

• Oprogramadeveoportunizaraparticipação de todos os atores sociais organizados, independentemente de seu porte, natureza, valores, crenças ou orientação político-partidária.

Princípios metodológicos do Cultivando Água Boa

O papel da Itaipu

Somaresforços

DividirresponsabilidadesCompartilhar Articular

1110

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Sempre que se fala em mudança cultural, é preciso ter ciência de que o primeiro passo é

sensibilizar as pessoas, isto é, tornar a causa parte dos seus valores, despertá-las para a ética

do cuidado e o sentimento de compromisso.

Em termos práticos, uma mudança do modo de ser e de viver só é possível a partir da

adoção de formas de produção sustentáveis. Isso quer dizer utilizar os recursos que a

natureza oferece com responsabilidade e, em contrapartida, garantir um ambiente saudável

ao meio para que ele renove seu ciclo naturalmente. O programa Cultivando Água Boa

fornece às comunidades o conhecimento, as ferramentas e as tecnologias necessárias para

que essa relação sustentável seja estabelecida.

A sensibilização das comunidades é necessária para que se estabeleça uma nova relação do

ser humano com o seu meio. Ao sensibilizar as pessoas sobre seu pertencimento ao planeta,

ao meio ambiente, elas passam a entender a relação de interdependência existente. O que

fazemos ao planeta estamos fazendo a nós mesmos. Ter conhecimento sobre isso implica uma

nova forma de viver, uma nova forma de se relacionar com a natureza.

Na ponta do processo de uma cultura voltada à sustentabilidade está a conscientização sobre o

consumo. Afinal, também faz parte de uma atitude ambientalmente consciente saber consumir

com responsabilidade, atentando para a origem dos produtos e seu ciclo de vida. Por isso,

o Cultivando Água Boa se preocupa em informar e capacitar as pessoas a respeito do tema,

inserindo no dia a dia das comunidades atitudes como reaproveitamento de embalagens,

reciclagem, eliminação do desperdício e correta destinação de resíduos.

De Ser e SentIr De prODuzIrDe vIver De COnSuMIr

1312

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Por estar fundamentado nessas propostas de mudanças, o Cultivando Água Boa tem na

educação ambiental um de seus principais eixos, que é transversal aos demais programas e que

está em permanente diálogo com todos os atores que fazem parte da iniciativa, como gestores

públicos, acadêmicos, agricultores, pescadores, catadores de material reciclável, lideranças e

moradores das comunidades lindeiras em geral.

Assim, é necessário buscar uma aproximação com as lideranças comunitárias e os diferentes

segmentos sociais e econômicos. Essa fase exige cuidados redobrados como o planejamento,

para definir qual a melhor abordagem para cada um deles, e o dia da semana e o horário para

mobilizar determinado público. Esse fatores passam a ser questões estratégicas. O mapeamento

de parcerias também é fundamental para o sucesso do programa.

A educação ambiental, portanto, desempenha um papel que vai muito além da sensibilização,

que nada mais é do que um passo inicial, uma porta que é aberta. A seguir, são socializados

conhecimentos que, por meio de um processo dialógico de ação-reflexão, são transformados

em saberes e práticas que, por sua vez, contribuem para a transformação dos indivíduos,

necessária para a tão desejada consolidação da sustentabilidade.

O objetivo da Educação Ambiental é formar e sensibilizar pessoas e grupos sociais para

atuar, autoeducar e contribuir na formação do outro, potencializando o papel da educação

nas mudanças rumo à sustentabilidade, em uma perspectiva crítica, transformadora e

emancipatória. Daí a importância de processos continuados de Formação de Educadores

Ambientais (FEA). Ela segue a metodologia da Pesquisa-Ação-Participante (PAP), também

conhecida como Pessoas que Aprendem Participando, composta de círculos de diálogos

que vão se ampliando. A cada círculo, mais e mais pessoas são agregadas ao movimento,

multiplicando os saberes e cuidados socioambientais.

O PAP 1 é formado pela equipe idealizadora (Ministérios do Meio Ambiente e da Educação);

o PAP 2, ou o Coletivo Educador, conta com 35 instituições parceiras; o PAP 3 é o processo

formativo de educadores ambientais que já capacitou 274 pessoas na Bacia do Paraná 3 e

atualmente estão em formação 250 pessoas. Esses educadores desencadearam o PAP 4, com

157 comunidades de aprendizagem, totalizando 2.757 habitantes da região.

Em todas as microbacias, a educação não-formal ocorre através das Oficinas de Futuro, que

são inspiradas nos conceitos de Paulo Freire. Trata-se de um diagnóstico participativo, em que

a comunidade é estimulada a pensar sobre sua condição, imaginar o futuro que deseja e pôr

em prática soluções para os problemas que enfrenta. No Cultivando Água Boa, essa prática foi

batizada de Agenda 21 do Pedaço e é dividida em quatro etapas.

A primeira delas é o Muro das Lamentações, em que toda a comunidade dialoga sobre os

problemas socioambientais. Em seguida, passa-se para a segunda fase, a Árvore da Esperança,

em que os participantes explicitam o que sonham para o lugar onde vivem. Na terceira etapa,

o Caminho Adiante, são definidas as metas para as ações corretivas e, por fim, é celebrado

um compromisso de cuidado com as águas, o Pacto das Águas, em que a comunidade, as

lideranças e o poder público selam uma parceria em prol da sustentabilidade.

As ações voltadas à rede formal de ensino também têm em vista o caráter multiplicador e são

desenvolvidas pela Rede de Educação ambiental Linha Ecológica. Afinal, são 130 mil alunos

na rede pública de ensino, nos 29 municípios, com o potencial para desempenhar um papel

educativo junto a suas famílias. Essas ações compreendem a capacitação de professores,

distribuição de materiais didáticos, apresentações de teatro, formação continuada para

nutricionistas e merendeiras e criação do 2° Concurso de Receitas Saudáveis da BP3, com

participação de 510 merendeiras, que resultou na seleção de 58 receitas para serem adotadas

nas escolas e compiladas no 2° Caderno de Receitas Saudáveis da BP3 − Edição Orgânicas.

transversalidade Formação de formadores educação nas microbacias rede formal de ensino

1514

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Igualmente importante é o papel da Educação ambiental voltada para o público interno da

Itaipu. O objetivo é promover a mudança cultural conectada à nova missão da empresa.

Atualmente, 50 facilitadores fazem parte da Rede Interna de Educadores, estimulando a

mudança de atitude em atividades cotidianas, como a coleta seletiva de lixo, a substituição de

copos plásticos, o uso de papel reciclável, entre outras.

O programa dedica também um olhar diferenciado às comunidades do entorno da usina,

através de um trabalho desenvolvido nas estruturas educadoras: Ecomuseu de Itaipu e

Refúgio Biológico Bela Vista. Esse trabalho compreende atividades educativas voltadas ao

público escolar e moradores.

Apesar de haver resultados quantitativos da Educação ambiental (veja quadro ao lado), são os

resultados qualitativos que demonstram a vitalidade do programa e que ficam evidentes a partir

dos sinais de sucesso de outras ações do Cultivando Água Boa. Quando, por exemplo, várias

pessoas se candidatam para fazer voluntariamente o monitoramento da qualidade da água em

uma microbacia, esse é um resultado positivo. O mesmo ocorre quando, após uma ação de

sensibilização, os agricultores demonstram interesse em fazer a conversão de sua propriedade

para a agricultura orgânica ou de promover a recuperação de passivos ambientais.

Outro resultado marcante está no fato de que a maioria dos Comitês Gestores da Bacia do

Paraná 3 conta com pessoas que passaram pelos processos formativos do programa de

Educação Ambiental do Cultivando Água Boa. Há também vários casos de prefeitos, secretários

e vice-prefeitos da região que também participaram dessas ações de formação.

Todas essas ações são articuladas por 60 gestores de educação ambiental e pelos Coletivos

Educadores Municipais que atuam diretamente nos municípios, com o objetivo de promover o

enraizamento dos diversos processos educativos do programa, dando bases para a criação e o

fortalecimento de políticas públicas.

educação corporativa

educação ambiental nas estruturas educadoras

Alguns resultados qualitativos

Oficinas de Futuro 225

Pactos das Águas realizados 43

Quantidade de participantes nos pactos 17.432

Implantação do projeto Formação de Educadores Ambientais – FEA (Itaipu, MEC, MMA e IBAMA):

•Municípiosdeabrangência 34

•Instituiçõesparceiras(PAP2) 57

•Educadorescapacitados(PAP3) 274

•Comunidadesdeaprendizagem 150

•Integrantesdascomunidadesdeaprendizagem(PAP4) 2.757

•Representantesdeinstituiçõesemprocessodecapacitação 80

Educação ambiental nas unidades do complexo turístico (pessoas atendidas/ano) 3.069

Oficinas Carta da Terra 65

Comitês Gestores formados (municípios e assentamentos) 29

Convênios formalizados 67

Parceiros envolvidos 2.146

Parceiros envolvidos nos Comitês Gestores de Microbacias e Pacto das Águas 1.633

Alunos sensibilizados através do trabalho com a Cartilha Mundo Orgânico 94.311

Apresentações da peça teatral “A Matita” 481

Professores capacitados no curso Consumo Consciente/Cartilha Mundo Orgânico 311

Coletivo educador municipal implementado 29

Hortas orgânicas escolares 218

Hortas orgânicas familiares 1.280

Merendeiras e nutricionistas em formação 182

Merendeirasparticipantesdoconcurso“ReceitasSaudáveisdaBP3”:

•Merendeiraspremiadas 107

•Receitasselecionadasparapublicaçãoemcaderno 56

•CadernopublicadoReceitasSaudáveisdaBP3 1

Coletivo educador municipal implementado 29

Gestores de Educação Ambiental 70

Oficinas Futuro no Presente 39

Oficinas de Ecopedagogia para professores 38

Participantes na Oficinas de Ecopedagogia 1.028

Formaçãodeeducadoresambientais

OficinadeFuturo

ConcursoReceitasSaudáveisdaBP3

Resultados da Educação Ambiental

1716

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2003

• CriaçãodaRededeEducaçãoambiental–Linha

Ecológica,emparceriacomoConselhode

DesenvolvimentodosMunicípiosLindeirosao

LagodeItaipu,comatuaçãonos16municípios

pertencentesaoConselho.

• Definição,pormeiodeplanejamentoestratégico,dos

eixosdeatuaçãodoProgramadeEducaçãoAmbiental,

sendoeles:formal,nãoformaleinformal.

2004

• AmpliaçãodaáreadeatuaçãodoProgramade

Educaçãoambientalparaos29municípiosdaBP3.

• ImplementaçõesdeaçõesdeEducaçãoambiental

eminterfacecomoProgramadeGestãoporBacia

Hidrográfica,desenvolvidonasmicrobacias–Oficinas

deFuturo.

2005

• IníciodosdiálogoscomoMMA,MECeparceiros

regionaisparaconsolidaçãodoProgramadeFormação

deEducadoresAmbientais(FEA),naBP3.

• ConsolidaçãodaRedeInternadeEducadoresAmbientais.

• FormaçãodoColetivoEducadordaBP3eEntorno

doParqueNacionaldoIguaçueconstruçãodo

processoformativo.

2006/2007

• Implementaçãodoprocessoformativodeeducadores

ambientaisnaBP3eEntornodoParqueNacionaldo

Iguaçu,comrepresentaçãodosdiversossegmentos

sociaisdaregião.

• ConsolidaçãodaRedeCorporativanaIB,promovendo

odiálogoentreosprogramascorporativos.

• Fortalecimentodoprocessoformativodeprofessores,

alunosemerendeirasdasescolasdaBP3.

• LançamentodolivroCírculosdeAprendizagem

paraSustentabilidadedoProgramadeFormação

deEducadoresAmbientaiseCadernodeReceitas

SaudáveisdaBP3.

2008

• Fortalecimentodasatividadesdeeducaçãoambiental,

desenvolvidasnasEstruturasEducadoras.

• Consolidaçãodascomunidadesdeaprendizagemnos

municípios,resultadodoProgramadeFormaçãode

EducadoresAmbientais–FEA.

• ConstruçãoparticipativadaCartaPactodos(as)

Educadores(as)AmbientaisdaBP3eEntorno

doParqueNacionaldoIguaçu,buscandoo

comprometimentodoscandidatosecandidatasàs

prefeiturasmunicipaiscomaeducaçãoambiental.

Fatos em Destaque

2003:criaçãodaLinhaEcológica

2004:palestradeLeonardoBoffemToledo

2005:formaçãodoColetivoEducadordaBP3

Fatos em Destaque

• Realizaçãodevisitastécnicasaosprojetos

socioambientaisdaBP3comcolaboradoresdabacia.

2009

• NomeaçãodeGestoresdeEducaçãoambientalnos29

municípiosdaBP3,compapeldearticular,mobilizare

fazeragestãodasaçõesdeEAnosmunicípios.

• ImplementaçãodosColetivosEducadoresMunicipais.

• AmpliaçãodoProgramadeFormaçãodeEducadores

Ambientais,comoenvolvimentodenovosatoressociais.

• Lançamentodo2ºConcursodeReceitasSaudáveisda

BP3,quepassaatercomoenfoqueousoexclusivode

produtosorgânicos.

2010

• CaminhadadaSustentabilidademobilizamaisde20

milpessoasnos29municípiosdabacia.

• MulticursoÁguaBoa,emparceriacomaFundação

RobertoMarinho,capacita700pessoasnaregião,entre

técnicosambientais,líderescomunitárioseeducadores.

• CABéapresentadonos10anosdaCartadaTerra,

naHolanda.

2009:implantaçãodosColetivosEducadoresnaBP3

2008:visitatécnicaàmicrobaciaGavirova(SantaTerezinhadeItaipu)

2010:aberturadoMulticursoÁguaBoa

2010:CaminhadapelaSustentabilidade

2010:CABéapresentadonos10anosdaCartadaTerra

18 19

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Gente que cultiva água boa

“Participardoprojeto

CultivandoÁguaBoaéfazer

partedeumadasrevoluções

maissignificativasdoséculo

21.Vejoissonãopelasua

grandiosidade,massim

pelospropósitos,pelos

fundamentoseespecialmente

pelasmetodologiasutilizadasnaidentificação,

planejamentoeexecuçãodasações.”

Edson Gavazzoni

Educador Ambiental e Tutor do Multicurso Água Boa

Cascavel

“Participardasatividades

socioambientaisdoPrograma

CultivandoÁguaBoatem

sidoalgomuitogratificante.

Atravésdelasfortaleço

conceitossobreoscuidados

quedevemostercoma

vidanoPlanetaTerra,em

umsentidomaisamplo,semeandonovasideiase

percebendoquemuitasdelasestãosendocultivadas.”

ProfessoraLeoniceSolangeLenz

Escola Municipal Vitorino Barbiero - Coordenadora Municipal

do PAP3

São Miguel do Iguaçu

“Esseéumtrabalho

gratificante,poisfazemos

partedestateiadavida.Eu

perceboanecessidadede

envolvercrianças,jovense

atéosidososnessetrabalho,

poisesseencontrocoma

naturezanoslevaàreflexão.

Realmente,aescolaéaculturadasustentabilidade,éo

aprenderfazendojunto.”

JaneteSilvaHackl

Professora e integrante do PAP3

Altônia

“Descobriaforçadocoletivo,

equetantooutalvez

maisimportantequeesse

envolvimentocomascrianças

éamudançadenossas

atitudes,percebendoque

pequenasaçõespodemnos

levaragrandesrealizações.”

Luiz Alberto Trentin

Gestor de Educação Ambiental de Marechal Cândido

Rondon - PR

Diretor de Meio Ambiente

“OColetivoEducadordeMissal

temumpapelimportantena

articulação,planejamentoe

desenvolvimentodasações

socioambientaisdoCultivando

ÁguaBoaedomunicípio.

Atuasensibilizandoosalunos

quantoàimportânciadaágua,

participandodemobilizaçõesdapopulaçãoparaasolução

dosproblemasambientais.”

Eurides Griebeler

Participante do Coletivo Educador Municipal

Missal

“Estimularoscolegasde

trabalhoàreflexõese

mudançadehábitosnãoé

fácil,masosresultadossão

muitocompensadores.Isso

podemosvernosrelatórios

daempresa,comnúmeros

significativosderedução

decoposdescartáveis,papéisedestinaçãocorretade

resíduosproduzidos.Écomsatisfaçãoquepertençoàrede

corporativadeeducadoresambientaisdanossaempresa!”

SamaraDiniz

Departamento de Obras da Central - Itaipu Binacional

Gestão por Bacias Hidrográficas

Na ação Gestão por Bacias Hidrográficas, o programa

Cultivando Água Boa adotou uma forma descentralizada e

participativa de gestão, que respeita a organização da natureza

e é reconhecida como unidade de planejamento e gestão dos

recursos hídricos no Brasil pela Lei nº 9.433, de 1997. Ou

seja, é a gestão por bacia, sub-bacia e microbacia hidrográfica.

Sua implantação obedece às etapas já descritas na página 10.

A partir da implantação do programa, o comitê gestor discute e

define coletivamente quais são as prioridades da comunidade

e, com base no diagnóstico ambiental põe em prática as

ações corretivas. A Bacia do Paraná 3 é uma região fortemente

dedicada à agropecuária e à agroindústria, constituindo um dos

principais polos desse setor no país. Destacam-se a produção de

soja e milho (utilizados como ração), a suinocultura, a avicultura

e a pecuária leiteira. O rebanho de suínos, por exemplo, é

superior a 1 milhão de cabeças e a quantidade de aves chega a

30 milhões, o que resulta em diversos impactos ambientais.

Portanto, as ações corretivas na região consistem principalmente

na conservação de solos, na readequação de estradas rurais

(reduzindo o aporte de sedimentos das vias para os rios), na

2120

Page 12: A missão institucional da Itaipu...A mudança na missão institucional da Itaipu Binacional, promovida em 2003 e que incorporou a responsabilidade socioambiental e o desenvolvimento

adoção de medidas de saneamento rural (como a implantação

de abastecedouros comunitários, reduzindo a contaminação

dos recursos hídricos por agrotóxicos), na correção de passivos

ambientais nas propriedades, no tratamento de efluentes e na

recomposição e proteção das matas ciliares.

Essas ações, além de serem definidas e realizadas em

parceria com a comunidade, seguem uma metodologia de

planejamento e execução cujas principais atividades são:

• AelaboraçãodosPlanosdeDesenvolvimento

Sustentáveldaunidadefamiliar;

• Aelaboraçãodosinstrumentoslegaisparaaexecução

físicaefinanceiradasatividades.

• AelaboraçãodoDiagnósticoAmbientaldaMicrobacia,

apontandoasaçõesnecessáriastantocoletivas(como

aproteçãoeisolamentodasmatasciliares)quanto

individuais(correçãodepassivosespecíficosdentrode

umapropriedaderural);

• AelaboraçãodosPlanosdeControleAmbiental(PCAs)

paraaspropriedadesrurais;

• Odiagnósticodossistemasdeprodução;

Para que os resultados sejam duradouros, a educação

ambiental precisa estar presente ao longo de todo o

processo, desde a seleção da microbacia à correção dos

passivos, passando pela criação, implantação e atuação

efetiva do comitê gestor.

2322

Reuniõesdesensibilização 96

Participantes nas reuniões 7.200

Microbacias trabalhadas 127

Estradas adequadas 492 km

Cascalhamento 437 km

Conservação de solos 7.170 ha

Cercas para mata ciliar 832 km

Abastecedouros comunitários concluídos 117

Distribuidores de dejetos entregues 137

Diagnósticos e projetos de adequação de propriedades elaborados 5.213

Diagnósticos e projetos de adequação de propriedades em elaboração 2.230

Produtores e técnicos capacitados (total) 1.053

Produtores/técnicos capacitados em plantio direto e culturas alternativas 937

Técnicos capacitados em produção de sementes e mudas 116

Dejetos distribuídos adequadamente 90 mil ton

Destinação adequada de embalagens de agrotóxicos 446 ton

Professores/alunos capacitados em elaboração de projetos de adequação ambiental 300

LivroPublicado(Itaipu/Iapar)sobreSistemaPlantioDiretocomQualidade 1

Calçamento poliédrico 26 km

Terraceadores repassados 6 unidades

Sementesdecoberturarepassada(apoioaoplantiodireto) 98.000 kg

PCAs (Planos de Controle Ambiental) elaborados 5.581 propriedades

Microbacias trabalhadas:

•Concluídas 21

•Conveniadas,sendotrabalhadas 97

Estradaruralreadequada

Equipamentosparamicrobacias

Abastecedourocomunitário

Resultados da Gestão por Bacias Hidrográficas

Page 13: A missão institucional da Itaipu...A mudança na missão institucional da Itaipu Binacional, promovida em 2003 e que incorporou a responsabilidade socioambiental e o desenvolvimento

“Mesmoantesda

institucionalizaçãodos

instrumentosdegestão

previstosnoPlanode

Bacia,noâmbitodaBacia

HidrográficadoParaná3,um

conjuntodeatividadeseações

desenvolvidaspeloPrograma

CultivandoÁguaBoadaItaipuBinacionalemparceria

comórgãospúblicos,municípios,empresasesetores

dasociedadecivilorganizadapromovemaproteçãodas

águascomumasériedeprogramaseações”.

Adir Airton Parizotto

Chefe Regional da SEMA e Presidente do Comitê da Bacia

Hidrográfica do Paraná 3

“AGestãoporBaciasé,semdúvida,oprogramamais

importantedentrodoCultivandoÁguaBoa,devido

aoimpactogeradonacomunidadeporsuasgrandes

obras.OvalorrepassadopelaItaipuBinacionalpara

readequaçãodamicrobaciasuperatodososoutrosjá

repassadosporoutrosórgãosdegovernoparaaplicação

nazonarural”.

Carlos Albuosi

Altonia Paraná

“OProjetodeLeiqueinstitucionalizouoComitêGestor

doCultivandoÁguaBoafoiaprovadoporunanimidade

pelosvereadoresdestacasa.Entendemosqueainiciativa

desseComitêGestordoProgramaCultivandoÁguaBoaé

primordial,poistemgrandeenvolvimentodasociedade,

bemcomodeentidadespublicaseprivadasligadasao

meio-ambienteeaosetoragropecuário.”

SandroRogérioBuss

Presidente da Câmara de Diamante d’Oeste

“Éumprogramaque

sensibiliza,conscientiza,

envolveacomunidade

ecapacitacomvalores

esaberesoscidadãose

parceiros,contribuindopara

aformaçãodepessoas

dentrodaconcepçãodaética

docuidadoedorespeitocomomeioambiente.Essa

metodologia,alémdefantástica,éenvolvente,mobiliza

coraçõesementesdecrianças,jovenseadultosem

defesadaságuas.”

PrefeitoVilsonSchwantes

Mercedes

“Osriosficammaisprotegidos,diminuiaerosãoeo

assoreamento,hámenospoluiçãoemelhorqualidade

daágua,favorecendoavidademicrorganismose

abiodiversidade.Quemganhacomtudoissoéa

humanidade,queteráumaqualidadedevidamelhor.”

João Adelmo Pimentel

Interbacia do Rio São João - Missal.

“Foiumasurpresapelo

impactocausadona

comunidade.Melhorou

muitoaqualidadeda

águaeaquantidadede

águanasanga,coma

recuperaçãoereadequação

desolo,implantaçãode

abastecedouroscomunitários.Aregeneraçãodamata

ciliardeuumnovovisualnacomunidade.Pode-seaté

dizerquetevemelhorasnoclima.”

Milton Dillmann

Morador da Sanga Buriti

Município de Itaipulândia

25

Fatos em Destaque2003

• Amploprocessodeconscientizaçãoemobilizaçãoda

sociedade,pormeiodereuniõescomgestorespúblicos

ecomunidadeemgeraldos29municípiosdaBP3.

2004

• Seleçãodasduasprimeirasmicrobaciastrabalhadas:

Ajuricaba,emMarechalCândidoRondon,eXaxim,

emMatelândiaeCéuAzul.Essesdoisprojetos-piloto

marcaramoiníciodaGestãoporBaciasHidrográficas.

2005

• Constituiçãodeempresasdeplanejamentoambiental

apartirdaincubaçãodeacadêmicosdeuniversidades

regionaisnoParqueTecnológicoItaipu.Lançadaa

primeiraversãodoSig@Livre,softwarelivrevoltado

aodesenvolvimentodeprojetosdeplanejamento

ambientalempropriedadesrurais.

2006

• Oprogramapromovearecuperaçãode1.400hectares

deterrascomtécnicasdeconservaçãodesolos,como

oterraceamento.

2007

• Itaipulândiazeraospassivosambientaisdamicrobacia

doRioBuritieassumearesponsabilidadede

recuperaçãointegraldasmicrobaciasdomunicípio.

2008

• PatoBragadosegueoexemplodeItaipulândiae

tambémseresponsabilizaporzerarospassivos

ambientaisdasmicrobaciaslocalizadasnomunicípio.

• Foramelaborados4,6milprojetosdeadequaçãode

propriedadesrurais.

2009

• Instituiçãodoscomitêsgestoresdoprograma

CultivandoÁguaBoa,porleiedecreto-leimunicipal.

• PlanejamentodoprimeiroCondomíniodeAgroenergia

daAgriculturaFamiliardopaís,localizadona

microbaciadoRioAjuricaba,emMarechalCândido

Rondon.

2010

• Oprogramaatingemarcasexpressivas:aatuação

em118microbacias,areadequaçãodemaisde400

kmdeestradasruraiseainstalaçãodemaisde600

quilômetrosdecercasparaaproteçãodematasciliares

ede118abastecedouroscomunitários.

• Realizadasasobrasdereadequaçãodaspropriedadesdo

CondomíniodeAgroenergia.Tambémsãoinstaladosos

primeirosbiodigestoresearededecanalizaçãodebiogás.

2010:BiodigestorinstaladoempropriedadenamicrobaciadoAjuricaba

2007:compromissoambientaldeItaipulândia

2003:iníciodaconscientizaçãodascomunidadesdaBP3

24

Gente que cultiva água boa

Page 14: A missão institucional da Itaipu...A mudança na missão institucional da Itaipu Binacional, promovida em 2003 e que incorporou a responsabilidade socioambiental e o desenvolvimento

Monitoramento da qualidade da água

A Gestão por Bacias Hidrográficas adotada pela Itaipu tem no

monitoramento da qualidade da água um de seus principais

indicadores para direcionar o planejamento das ações de

correção dos passivos ambientais. Essa prática está alinhada

com um dos fundamentos do programa Cultivando Água

Boa, que baseou-se nas normas ISO 14.000 para compor

seu modelo de gestão. Essas normas têm como característica

principal a adoção do ciclo PDCA (em inglês: plan, do, check

and act – planejar, fazer, checar e agir).

Sendo assim, o Programa de Monitoramento passou a

desenvolver, por meio de parcerias, um papel importante

de redefinição dos padrões metodológicos de avaliação,

visando à obtenção de informações que permitam dar

sustentação às atividades de planejamento e gerenciamento

dos recursos hídricos da bacia hidrográfica, promovendo o

“check” do ciclo PDCA.

Os objetivos específicos do programa envolvem o

monitoramento quantitativo e qualitativo dos recursos hídricos

das microbacias da BP3, utilizando metodologias tradicionais

e inovadoras de monitoramento, associadas às ferramentas

Alémdoacompanhamentodaqualidadedaágua

doReservatórioedosriosquecompõemaBacia

HidrográficadoParaná3,feitopormeiodediversas

parcerias,aItaipurealizasistematicamenteanálises

emseuLaboratórioAmbiental,quehojeéreferência

naobtençãodeparâmetrosambientais,além

dedesenvolverpesquisaseatuarnaprevenção,

diagnósticoecontrolededoençascausadaspor

contaminanteseporagentesbiológicos.Atéhoje,

olaboratóriojárealizoumaisde12milexames

laboratoriaisporanoedásuporteapesquisas

acadêmicasetesesdemestradoedoutorado.

de geoprocessamento como o Sig@Livre, visando estudar

os impactos ambientais do uso do solo, avaliar a eficácia dos

programas conservacionistas e formar um banco de dados

georreferenciado com múltiplas finalidades.

Para atender a esses objetivos, a Itaipu Binacional vem

mantendo o monitoramento nas antigas estações criadas

na época da formação do reservatório, já que elas são de

extrema importância para avaliar a tendência do ecossistema.

Elas estão localizadas em 44 pontos estratégicos da bacia.

Contudo, o programa resolveu estabelecer uma nova

rede, em que os dados qualitativos e quantitativos de

fato pudessem ser utilizados na busca de indicadores de

sustentabilidade das ações conservacionistas. Para isso,

desde 2005, a Itaipu vem investindo recursos financeiros e

capacitação técnica para definição de novas metodologias.

Em agosto de 2005, por exemplo, a Itaipu participou do

Curso Internacional de Monitoramento Biótico de Rios na

cidade de Guayaquil, no Equador, promovido pelo programa

Help (Hydrology for the Environment, Life and Policy), da

Unesco, e pelo Programa ESPOL VLIR (Consejo Nacional

de Universidades Flamencas). O objetivo foi capacitar

profissionais para realização dessa metodologia de avaliação.

No ano seguinte, com anuência da Unesco, a Itaipu

viabilizou a realização do mesmo curso no Brasil, na cidade

de Foz do Iguaçu. O evento teve também como objetivo

fortalecer a região da BP3 com profissionais capacitados na

identificação e utilização dessa metodologia, atuando como

difusores desse conhecimento aplicado para benefício

ambiental dos ecossistemas da região. Na oportunidade,

mais de 25 profissionais da região e da América Latina

participaram da capacitação.

Aliado a isso, em dezembro de 2005, a Itaipu Binacional

iniciou um projeto em parceria com o Instituto Oswaldo

Cruz (Fiotec/Fiocruz), do Rio de Janeiro, para execução do

projeto Monitoramento Participativo, aplicando a utilização

da metodologia de monitoramento biológico de rios e

regionalizando o projeto Agente das Águas.

Um dos objetivos principais da parceria com a Fiotec/Fiocruz

foi criar e desenvolver um projeto Participativo de Avaliação

Integrada da Qualidade da Água, utilizando metodologias

simples e eficientes de avaliação, capazes de ser empregadas

pelas comunidades regionais. O projeto é considerado

participativo, porque um de seus fundamentos é a atuação

das comunidades, por entender que é o segmento social

mais diretamente atingido, com maior possibilidade de

atuação no controle da qualidade das águas e que deve estar

presente nos processos decisórios sobre o uso e conservação

dos rios. Além disso, pressupõe o envolvimento do poder

público local, importante parceiro no desenvolvimento dos

planos de gestão de recursos hídricos, fato incentivado pelos

conceitos de Gestão de Recursos Hídricos mencionados

pelo programa Help, da Unesco, e pela Política Nacional de

Recursos Hídricos (9.433/97).

O monitoramento participativo tem como premissa a

participação de agentes comunitários voluntários para

Laboratório Ambiental é referência em pesquisa

2726

Page 15: A missão institucional da Itaipu...A mudança na missão institucional da Itaipu Binacional, promovida em 2003 e que incorporou a responsabilidade socioambiental e o desenvolvimento

a realização do monitoramento biológico em rios. Em

consonância com os fundamentos do Cultivando Água Boa,

o monitoramento participativo funciona por meio da união

de esforços, de forma a democratizar as informações e

dar “vez e voz” para todos os atores sociais. O programa já

capacitou mais de 160 voluntários de seis municípios da

região oeste paranaense (Céu Azul, Itaipulândia, Matelândia,

Ouro Verde d’Oeste, Santa Terezinha de Itaipu e Toledo),

monitorando locais estratégicos ao longo de diversas

microbacias hidrográficas.

Além disso, capacitou, em parceria com universidades

regionais como UFTPR, Uniamérica, UDC e Unioeste/

Toledo, alunos de graduação que atuam como estagiários

regionais, gerando ciência e fixação do conhecimento local,

ao desenvolverem seus trabalhos de conclusão de curso

com o tema em questão. Ao todo, já foram investidos mais

de R$ 300 mil para a realização do projeto, com cursos de

capacitação, materiais, equipamentos e bolsas de estudo.

A atuação dos voluntários tem sido fundamental na

tentativa de resolver os problemas ambientais da região.

A parceria do Cultivando Água Boa com prefeituras que

compõem a BP3 é de extrema importância, não só por

viabilizar o deslocamento dos voluntários dentro dos

municípios, mas também pelo reconhecimento, motivando

e fortalecendo o grupo como importante difusor da

necessidade do cuidado com as águas. Os grupos têm

participado ativamente das reuniões dos comitês gestores

das microbacias do programa, eventos escolares e feiras de

ciências, apresentando e discutindo seus resultados.

O trabalho de monitoramento das águas superficiais é

complementado por uma parceria do programa com o

IAP (Instituto Ambiental do Paraná), a FUEM (Fundação

Universidade Estadual de Maringá) e a Universidade

Federal do Paraná (UFPR), que fez o diagnóstico das águas

subterrâneas da bacia e agora, a partir de 2010, irá estudar a

contaminação das águas subterrâneas por agrotóxicos.

“Aparticipaçãonesteprojeto

inovador(Monitoramento

Participativo)trouxe-me

umavastaexperiência

profissionalepessoalpelo

aprendizadoofertadoe

desenvolvidocomosgrupos.

Confioqueacadagrupo

formadoconsigamosresolverpequenosproblemas

emcadalocalidadeeque,comauniãodessas

ações,consigamospromoveraconscientizaçãoea

preservaçãodosnossosrecursosnaturais.”

Michelli Caroline Ferronato

Bióloga, mestranda em Recursos Pesqueiros e Engenharia de

Pesca – UNIOESTE - Foz do Iguaçu

“ParaaEcoVis,participar

desseprojetotornoupossível

oincentivodaéticado

cuidadonaregião,pois

comaatuaçãodiretanas

comunidades,comointuito

deauxiliarnoconhecimento

daqualidadedaágua,

estimulouaparticipaçãodevoluntáriosnosprocessos

decisóriosdeusoeconservaçãodosrecursoshídricos,

proporcionandobenefíciosparaasociedade.”

Marilan Albuquerque

EcoVis Consultoria & Monitoramento Ambiental

Foz do Iguaçu

Gente que cultiva água boa

Monitoramento Participativo em microbacias 50

Número de voluntários que participam do projeto Agente das Águas (total desde 2005) 597

Cursos de capacitação nas comunidades realizados por empresas incubadas 36

Curso de monitoramento biológico em rios (com profissionais e alunos da região) 9

Curso de Monitoramento ministrado no exterior 1

Exames realizados pelo Laboratório Ambiental (média anual) 12.000

Estações de qualidade da água monitoradas (reservatório e afluentes) 44

Monitoramento da balneabilidade das praias do reservatório durante o verão (número de praias) 8

DiagnósticohidrogeológicodosAquíferosGuaranieSerraGeraldaBP3 1

Monitoramento de macrófitas aquáticas no reservatório (número de estações) 235

Monitoramento sendimentométrico (número de estações) 14

Empresas de monitoramento ambiental incubadas no Parque Tecnológico Itaipu 2

Resultados do Monitoramento da qualidade da água

2928

Page 16: A missão institucional da Itaipu...A mudança na missão institucional da Itaipu Binacional, promovida em 2003 e que incorporou a responsabilidade socioambiental e o desenvolvimento

2003

• RedefiniçãodosobjetivosdoProgramadeMonitoramento

Ambiental,comumanovaredeparaaobtençãodedados

qualitativosequantitativos.Paratanto,iniciou-seabusca

deparceriaseprojetosparatrabalharcomindicadoresem

escalademicrobacias.

2004

• ParticipaçãonoSimpósiodeBioindicadoresdeQualidade

daÁgua,promovidopelaEmbrapa–Jaguariúna/SP.

2005

• Emjulho,aItaipuparticipadoICursoInternacionalde

MonitoreoBióticodeRios,promovidopelaUnesco.

• Emnovembro,firmaparceriacomaFundação

InstitutoOswaldoCruz(Fiotec/Fiocruz),para

desenvolvimentodoProjetodeMonitoramento

ParticipativodeAvaliaçãoIntegradadaQualidade

daÁgua.

2006

• IníciodoprojetodeMonitoramentoParticipativo

nasmicrobaciasSabiá,Xaxim,ToledoeLopeí,nos

municípiosdeMatelândia,CéuAzuleToledo.

• EmparceriacomaUnesco,trazparaFozdoIguaçuoII

CursoInternacionaldeMonitoreoBióticodeRios,para

técnicosambientaisdaregiãoedaAméricaLatina.

2007

• DuranteoIVEncontroCultivandoÁguaBoa,foram

certificados101agentesvoluntáriosquerealizamo

projetodeMonitoramentoParticipativoemparceria

comaFiocruznasmicrobaciasselecionadas.

• Começaamobilizaçãoeocursodecapacitaçãode

agentesvoluntáriosparaimplantaçãodoprojeto

nasmicrobaciasdosmunicípiosdeOuroVerde

d’Oeste,ItaipulândiaeSantaTerezinhadeItaipu.São

capacitados54agentesvoluntários.

2008

• OprogramafirmaconvêniocomaFPTI(Fundação

ParqueTecnológicodeItaipu)para,juntocomoEspaço

deDesenvolvimentoEmpresarial,incubarempresas

paraexecutaromonitoramentoparticipativonos

24municípiosdaBP3,consolidandodessaformaa

metodologiaemtodososmunicípiosdabacia.

2009

• AItaipueaFPTIrealizamaincubaçãodeduas

empresasparaempregarametodologianaregião,

apresentandoeformalizandoparceriacom24

municípiosdabaciaparamonitorar36microbacias.

2010

• Incubaçãodeduasempresasdemonitoramento

ambientalnaincubadoratecnológicadoPTI.

Fatos em Destaque

CursoBioindicadoresFoz–atividadenolaboratório

CursodeBioindicadores

VoluntáriosCAB

O principal objetivo do programa é conferir sustentabilidade

aos sistemas agrícolas e pecuários praticados na BP3,

revertendo a tendência à monocultura, que tem uma visão

industrial do campo e é altamente dependente de insumos

externos, principalmente fertilizantes e agrotóxicos que

contaminam os solos, as águas e o ser humano.

A metodologia é calcada nos seguintes princípios:

• Énecessáriochamarosatoreslocaisparaintegrarema

iniciativa,convidando-osafazerpartedoComitêgestor

doprogramaeseusseissubcomitês(RededeAssistência

Técnica,PesquisaeDesenvolvimento,Comercialização

eMarketing,GestãodaInformação,Agrotransformação,

CapacitaçãoeOrganizaçãodosAgricultores);

• Essaparticipaçãoévoluntáriaeessencialparao

sucessoeparaalegitimidadedoprograma;

• Asaçõessãodiscutidaseratificadasnocomitêenos

subcomitês.Elasdevemseaproximardaspolíticas

públicasparaodesenvolvimentosustentáveldosetor

agropecuárioesãoimplementadasemparceriacomas

organizaçõesatuantesnaregião.

Desenvolvimento Rural Sustentável

30 31

Page 17: A missão institucional da Itaipu...A mudança na missão institucional da Itaipu Binacional, promovida em 2003 e que incorporou a responsabilidade socioambiental e o desenvolvimento

Os comitês são formados por órgãos de assistência técnica

e de pesquisa, cooperativas, organizações dos produtores e

agricultores. O comitê gestor se reúne duas ou três vezes ao

ano, enquanto os seis subcomitês o fazem mensalmente.

Além disso, os 29 municípios foram divididos em quatro

microrregiões, em um zoneamento que obedece a

características agroambientais e culturais.

A proposta central do programa é a substituição gradual

da monocultura, formando sistemas agroecológicos e com

diversificação. O grande desafio é convencer o agricultor a

trilhar esse caminho que exige, antes de tudo, a disposição

de aprender mais sobre como funcionam os processos de

autorregulação da natureza. Com a agricultura moderna, houve

a erosão do conhecimento tradicional sobre esses processos.

Hoje, muitos agricultores desconhecem técnicas eficientes

que eram praticadas séculos atrás. Para fazer esse resgate, o

programa se vale de duas ferramentas principais: Educação

ambiental e Rede de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater).

A assistência técnica gratuita é um dos eixos do programa. Sem

ela, não é possível promover a mudança necessária. Essa rede

é formada a partir de convênios com prefeituras e diversas

instituições locais, como o Capa (Centro de Apoio ao Pequeno

Agricultor), a cooperativa Biolabore, o Instituto Maytenus, a

Emater e a Oscip Sustentec (Produtores Associados para o

Desenvolvimento de Tecnologias Sustentáveis). A Rede Ater

tem um enfoque sistêmico sobre a propriedade rural, que serviu

de base para a criação do Pronaf Sustentável (uma linha de

financiamento para o atendimento global da propriedade e da

família do produtor rural e não apenas um custeio de safra). O

Pronaf Sustentável está sendo testado pelo Governo Federal

na região oeste do Paraná, a partir da experiência da Itaipu

com o Cultivando Água Boa, em parceria com a Agência de

Desenvolvimento do Oeste do Paraná (Adeop).

Após muitos anos de especialização com a monocultura,

o agricultor precisa de capacitação para lidar com várias

culturas, que podem lhe proporcionar diferentes fontes de

receita. Por isso, o programa se preocupa com o resgate de

tecnologias e de variedades de sementes, o que é possível

graças a pesquisas desenvolvidas por parceiros como Iapar,

Embrapa, UTFPR e Unioeste.

Na prática, as propostas do Desenvolvimento Rural Sustentável

vêm evoluindo com o tempo. A princípio, o programa buscava

convencer o produtor sobre a necessidade de converter sua

propriedade para os meios de produção agroecológicos.

Porém, a tarefa era muito complexa para a maioria dos 26 mil

agricultores familiares da BP3. Por isso, o programa passou a

trabalhar nas propriedades rurais por etapas, adotando práticas

mais sustentáveis que, pouco a pouco vão melhorando a

produtividade e reduzindo custos para o produtor. Este, por

sua vez, vai se convencendo das vantagens da agroecologia

pelos resultados que vai percebendo.

Complementando o trabalho que é feito pelo programa

Gestão por Bacias Hidrográficas, em que são promovidas

implementações tecnológicas como terraceamento e plantio

direto na palha – que reduz perdas e permite começar a

acumular fertilidade –, o Desenvolvimento Rural Sustentável

entra em uma segunda fase, com melhorias no sistema

produtivo, melhores práticas de manejo e adubação. Até

aqui, se trabalha com a produção disponível no local.

Na terceira fase, o programa propõe a diversificação,

acrescentando novos produtos ao sistema. Como o plantio

de seringueiras no pasto, que, além de proporcionar

sombra para o gado, constitui em nova fonte de receita

com a venda de borracha. Ou então outros cultivos, como

fruticultura ou plantas medicinais. Em resumo, houve uma

mudança de abordagem, que antes era voltada diretamente

à agricultura orgânica e passou a ser a diminuição de custos

com a adoção de práticas sustentáveis como etapa de

transição. Hoje, cerca de 1.500 propriedades rurais familiares

encontram-se em estágio avançado na adoção de técnicas

agroecológicas (veja mais dados no quadro de resultados).

Um importante ponto de apoio do programa vem do laboratório

de controle biológico, localizado no campus da Unioeste em

Marechal Cândido Rondon. Outro vem da pesquisa de produção

de mel (Unioeste e CNPq), que busca identificar as melhores

flores e investiga a genética das abelhas. Já com a UTFPR, há

uma linha de pesquisa sobre a contaminação de alimentos

3332

Page 18: A missão institucional da Itaipu...A mudança na missão institucional da Itaipu Binacional, promovida em 2003 e que incorporou a responsabilidade socioambiental e o desenvolvimento

orgânicos, que busca estabelecer as melhores práticas para

manuseio de orgânicos, desde a colheita até o ponto de venda.

O programa aborda ainda a transformação de produtos

agrícolas para agregar valor à produção, apoiando a

capacitação de produtores e a instalação de agroindústrias

familiares. Outras atividades rurais não-agrícolas também

fazem parte das ações empreendidas, como o turismo

rural e o apoio à comercialização em diversos níveis:

certificação, padronização, rotulagem, embalagem, circuito

de comercialização e circuito de feiras. A ideia é informar o

consumidor sobre o consumo consciente, especialmente

de alimentos orgânicos e produzidos regionalmente. Desde

2003, foram realizadas 16 feiras Vida Orgânica que, juntas,

somaram um público de mais de 33 mil pessoas.

Outro ponto que se destaca na metodologia é a formação de

agricultores líderes, que são multiplicadores do conhecimento

e também atuam como agentes de desenvolvimento em

suas comunidades. Hoje, são 102 agentes atuando na BP3,

divididos em quatro categorias: agroecologia, comercialização,

jovens agentes e plantas medicinais.

1. Agricultura orgânicaAgricultores orgânicos e em conversão (dado não-cumulativo) 967

Eventos de formação 110

Participantes (agricultores e técnicos) em eventos de capacitação 3.970

Eventos de difusão de tecnologias (dias de campo, palestras, cursos) 52

Participantes (agricultores e técnicos) em eventos de difusão 2.933

Feiras orgânicas 16

Participantes nas Feiras Vida Orgânica (média + 1.200 pessoas) 33.000

Instituiçõesenvolvidas(ATER,ensino,pesquisa,ONGs,fundações,associaçõesdeprodutores) 59

Agroindústrias orgânicas atendidas 10

Construção de laboratório de manejo biológico de pragas 1

Propriedades de referência (pesquisa participante) 30

Projetos de pesquisa e estudos em agroecologia 15

Equipamentos para agricultura orgânica e plantio direto entregues 20

Doação de veículos usados por associações de produtores e instituições 5

2. Diversificação agropecuária de propriedades ruraisVitrinestecnológicasmultiprodutos(SantaHelena) 1

Viveiros (mudas florestais, seringueiras e frutíferas) 3

Unidades de teste e validação (agroflorestal, leite, fruticultura, palmáceas e plantio direto) 48

Eventos de difusão de tecnologias (dias de campo) 67

Participantes (agricultores e técnicos) em eventos de difusão 3.735

CentroAvançadodePesquisasSantaHelena:

•Visitantes 17.360

•Frutasproduzidas 115.420 kg

•Polpadefrutas 22.635 kg

•Grãos 13.080 kg

•Estévia 350 kg

•Mudasdistribuídas(unidades) 350.102

•Peçasdecabeçadepalmito 180

Resultados do Desenvolvimento Rural Sustentável

ProdutosdamarcaVidaOrgânica

Assistênciatécnicaparaagricultores

3534

Page 19: A missão institucional da Itaipu...A mudança na missão institucional da Itaipu Binacional, promovida em 2003 e que incorporou a responsabilidade socioambiental e o desenvolvimento

3. valorização e desenvolvimento da agricultura familiarEquipamentos de tração animal entregues 12

Animais para uso como tração (bois) 2 juntas

Equipamentos para ordenha e resfriamento de leite (uma ordenha e um resfriador) 2

Doação de veículos usados 6

Animais para pesquisa leiteira (novilhas) 26

Distribuidor de adubo orgânico 3

Apoio no preparo de terra em assentamento 327 ha

Insumos para apoio à produção:

•Sacasdesementedemilho 110

•Sacasdesementedeaveia 200

•Aduboorgânico 6,7 ton

Entrega de alojamento ao Instituto Técnico de Educação e Pesquisa – ITEPA 459 m²

Insumos para pesquisa:

•Desementesdeespéciesvariadas 450 kg

•Deaduboorgânico 120 ton

Assistência técnica de pesquisa agronômica (agrônomos) 2

Assistência técnica na construção civil (engenheiro civil) 1

Galpões para condicionamento de sementes e equipamentos agrícolas 2

Perfuração de poços artesianos 2

4. Apoio ao turismo ruralTécnicoseagentesdaRededeATERcapacitados 50

Eventos Caminhada na Natureza – apoio institucional e promoção 27

Participantes nos eventos Caminhada na Natureza 17.225

Projeto-piloto de turismo rural na agricultura familiar

5. rede de AterAgricultores com assessoramento técnico (orgânicos ou em conversão) – dado cumulativo 1.725

Assessores técnicos disponibilizados (dado não-cumulativo) 22

Agentes de extensão rural (agricultores líderes) 102

Resultados do Desenvolvimento Rural Sustentável

EventoCaminhadanaNatureza

Fatos em Destaque2003

• Comapenasumanodeoperação,oCentroAvançado

dePesquisasdeSantaHelena,parceriadaItaipucom

oIapareaprefeituramunicipal,recebeuumtotalde

1.907visitantes,entreprodutores,técnicos,estudantes,

pesquisadoreseprofessores.

• Inicia-seoprojetodeAgriculturaOrgânicanaBP3.

2004

• Pelaprimeiravez,aItaipufirmaconvênioscom

assentamentosnaregiãoparaapoionaconstrução

deinfraestrutura,doaçãodesementes,animaise

equipamentos.

• Começaotrabalhojuntoàsescolas,comcursos

deAgriculturaOrgânicaePlantasMedicinaispara

professoresedistribuiçãode90milcartilhasMundo

Orgânicoparaalunos.

2005

• Entregadoalojamentoedeunidadesdidáticasao

InstitutoTécnicodeEducaçãoePesquisadaReforma

Agrária(Itepa),paraserutilizadopelosalunosdo1°curso

deAgroecologia.

• FormadaaredeATER,apartirdeconvêniosfirmados

comEmater,Capa,CaopaeMDA,erealizadaaprimeira

feiraVidaOrgânica,emFozdoIguaçu,comumpúblico

de4milpessoas.

• Sãorealizadosdiversoscursosbásicosemagricultura

orgânica,comercializaçãoetransformaçãodeprodutos

orgânicosparaagricultoresetécnicos,totalizando

1.700participantes.

2006

• CriaçãodaCooperativadosProdutoresdeMel

d’OestedoParaná(Cofamel),comapoiodaItaipu

nasinstalaçõeseequipamentosdaunidadede

beneficiamentoeassistênciatécnica.AItaipuauxiliou

tambémosprodutoresnaobtençãodoSIF(Sistemade

InspeçãoFederal),quepermiteacomercializaçãoem

todoopaíseaexportação.

2007

• ConsolidaçãodarededeATER,com26profissionaise

40agentesdeextensãorural,beneficiandomilfamílias

deagricultores.

• Sãoassinadosostermosdecompromissoparaa

construçãodeagroindústriasnosmunicípiosdeQuatro

Pontes,MarechalCândidoRondon,Mercedes,Pato

Bragado,TerraRoxaeVeraCruzd’Oeste,atendendoa

maisde600famílias.

• Realizadoo1ºCursodeCapacitaçãodeAgentesem

TurismonaAgriculturaFamiliar,com50participantes,e

tiveraminícioasCaminhadasnaNatureza.

CAPSantaHelena

Alimentosorgânicosnamerendaescolar

Assistênciatécnica–Apicultura

36 37

Page 20: A missão institucional da Itaipu...A mudança na missão institucional da Itaipu Binacional, promovida em 2003 e que incorporou a responsabilidade socioambiental e o desenvolvimento

2008

• RealizadooWorkshopdeTurismoRural,emparceriacom

aUniversidadedePisa(Itália).Apartirdesseevento,foi

elaboradooplanodetrabalhoparaodesenvolvimento

dessesegmentoturísticonaregião.

• Começamaserentreguesosequipamentosparaas

agroindústrias.Acomercializaçãodeprodutosavança

comarealizaçãodenovefeirasedosCafésOrgânicos.

2009

• LançamentoeimplantaçãodoPronafSustentávelnaBP3,

criadocombasenametodologiadoCultivandoÁguaBoa.

• Inauguradaa10ªagroindústriadaBP3fomentadapelo

programa,localizadanomunicípiodeGuaíra.

• RealizadaaprimeirafeiraVidaOrgânicaemparceriacoma

FeiradeSaboresdoParanáelançadaamarcaVidaOrgânica.

2010

• IntroduçãodealimentosorgânicosnoHospitalMinistro

CostaCavalcanti.

• Adoçãodealimentosorgânicosnamerendaescolar,

mediantecompradiretadeagricultoresfamiliares.

• Entre17e20defevereiro,aItaipuparticipadaFeiraBioFach,

emNuremberg(Alemanha).Integramacomitivacinco

agricultoresorgânicosdaBP3.

Fatos em Destaque

Turismorural

Melhoriasnosistemaprodutivo

“Comomédico,seiquea

nossasaúdeeadoplaneta

dependemdamanutenção

dabiodiversidade.Oprojeto

deAgriculturaOrgânicado

ProgramaCultivandoÁguaBoa

abrecaminhoparaumnovo

mododeseredeconsumirna

região.Participardesseprograma,interagindocomseusvários

interlocutores,meproporcionouumasensaçãoderealização,

decontribuiçãoefetivaedebem-estarqueaindanãohavia

encontradoemmeusquase20anosdepráticamédica.”

Mauro F. C. Lins

Médico Pediatra pela UFF, Neuropediatra pelo IFF, Nutrólogo e Chefe

do Setor de Neuropediatria da Associação Pestalozzi de Niterói

“Hojeestamosestruturandoa

Coperfam,graçasaoapoioda

Itaipu,atravésdoPrograma

CultivandoÁguaBoa,na

implantaçãodeagroindústrias

familiares.Estouengajado

nestalutaporacreditare

quererumfuturomelhor

aosagricultores,queunidospormeiodeassociações

e/oucooperativasestãoseviabilizandotécnicae

economicamente,voltadosaosustentável.”

Herberto Lamb

Agricultor orgânico e Presidente da Coperfam - Cooperativa

Agroecológica e da Indústria Familiar

“Ocircuitodecomercialização

foicriadoparasuprir

asnecessidadesdos

agricultoresemcomercializar

seusprodutosnosvários

MunicípiosdaBP3,eter

maiordiversidadeeampliação

demercadocomvenda

paraoutrasregiões.Acreditoquefoifundamentalo

apoiorecebido,parafomentaraagriculturaorgânica,

melhorandoavidadosagricultores.”

AdrianaIzabelStein

Produtora rural responsável pelo Circuito de Comercialização

de orgânicos da BP3

“OCultivandoÁguaBoaé

umprogramainovadore

vitorioso.Umbeloexemplo

paraoBrasileoutrospaíses.

Entresuasvirtudes,destaco

oprotagonismodegrande

númerodeatoreseparceiros

(públicoseprivados)

envolvidosearticuladosemumprocessodegestão

participativa.OMDAtemahonradeapoiaroprograma

desdeoseuinício”.

ReniAntonioDenardi

Delegado do Ministério de Desenvolvimento Agrário do Paraná

Gente que cultiva água boa

Biofach2010

“AparceriaentreaItaipu,

IaparePrefeituraMunicipal

deSantaHelenafezcom

quefossecriadooCentro

AvançadodePesquisas

(CAP),comoobjetivode

pesquisaropçõesparaa

diversificaçãodapropriedade

familiar,evitandoassimamonoculturaeviabilizando

apermanênciadasfamíliasnocampo.OPrograma

CultivandoÁguaBoagaranteaosnossosfilhosenetos

ummundomaissaudáveleprotegido.”

RomeuBruxel

Centro Avançado de Pesquisa de Santa Helena

“Devemosdestacara

importânciadesseprojeto,

principalmenteparaas

famíliasquefazemparte

dasassociaçõesedas

cooperativascriadascomo

fimespecíficodeorganizar

osprodutoresedarsuporte

àcomercializaçãodosprodutosorgânicosentreos

municípiosquecompõeaBP3.OprogramaCultivando

ÁguaBoasignificacultivarvidas.”

Antônio Qualio

Agricultor orgânico e presidente da Associação de Produtores

Orgânicos

Terra Roxa

“Depoisquecomeçamosa

plantareconsumiralimentos

orgânicosninguémaquide

casaprecisouiraomédico.

Plantandoorgânicosestou

ajudandonãosóaminha

família,estouajudandoo

municípioeopaís,porque

estamoscuidandodequemproduzedequemconsome.”

SantinaGrasseli

Agricultora orgânica e presidente da Associação de

Produtores Orgânicos

Mundo Novo

“AestratégiadeATERda

Itaipupermitiuaorganização

dosapicultorescomuma

mentalidadecooperativista,

ambientalesocial,quese

mobilizarambuscandoum

mundomelhorparaseviver.

AssimnasceuaCoofamel.

Hoje,temosnãosomenteaproduçãoassistida,mas

tambémacomercializaçãocomeficiência.”

PedrodaSilva

Apicultor e Presidente da Coofamel (Cooperativa Agrofamiliar

Solidária dos Apicultores da Costa Oeste do Paraná)

3938

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A região da Tríplice Fronteira, com sua enorme diversidade

natural e cultural (em especial pela forte presença indígena),

tem um rico patrimônio em plantas medicinais que infelizmente

vinha se perdendo, por conta da devastação ambiental e

pela fragmentação do conhecimento tradicional, decorrente

dos processos de urbanização. Para resgatar esse patrimônio,

difundir o emprego de fitoterápicos e os conhecimentos

sobre seu uso, e ainda oferecer uma alternativa de renda para

agricultores orgânicos, foi criado o programa Plantas Medicinais.

O primeiro passo, assim como em outras iniciativas do Cultivando

Água Boa, foi buscar parcerias com instituições que já trabalhavam

com o tema na BP3, como universidades, laboratórios,

associações, ONGs e órgãos do governo. A partir de então, foi

realizada uma pesquisa na região, sobre quais as doenças mais

comuns e quais os fitoterápicos que precisavam ser trabalhados

para tratar essas enfermidades, desde que fossem espécies

abordadas em estudos científicos e com eficácia comprovada.

Em 2005, a Itaipu criou um ervanário, com uma estrutura

completa para secagem e produção de fitoterápicos,

anexa ao horto de 1,5 hectare. Ali é feita a coleta, limpeza,

Plantas Medicinais

beneficiamento e controle de qualidade, além da montagem

de um kit com 18 tipos de plantas medicinais, que servem

para o tratamento das 10 doenças mais comuns da região. Os

kits são enviados a postos do Sistema Único de Saúde (SUS).

Uma das conclusões da pesquisa é que, apesar de a maioria

das pessoas conhecer e utilizar plantas medicinais (82%),

uma parte considerável (16%) as usava de maneira incorreta

e ainda desconsiderava a ocorrência de efeitos colaterais.

Outro problema identificado é que os profissionais de saúde

não estavam capacitados para trabalhar com fitoterápicos e,

para atuar nessa área, é necessário gostar do tema e estar

convencido da eficiência dessas plantas.

Assim, durante três anos o projeto deu ênfase à capacitação

e sensibilização, buscando vencer antigos preconceitos e

mostrando resultados clínicos comprovados. O Instituto

Brasileiro de Plantas Medicinais, do Rio de Janeiro, que já

oferece cursos de pós-graduação na área, foi contratado para

realizar os cursos de capacitação.

O primeiro deles foi realizado em 2007 e contou com

a participação de diversos profissionais de saúde, entre

eles médicos, enfermeiros, farmacêuticos e dentistas. Em

2009, ocorreu o segundo curso, específico para prescritores

(profissionais que legalmente podem prescrever medicamentos),

como médicos, dentistas e nutricionistas. Além disso, a

Associação Centro Integrado de Educação Natureza e Saúde

(Aciens) promove cursos básicos sobre educação alimentar,

higiene, saneamento e como usar e preparar plantas medicinais

(chás, infusões e condimentos) para comunidades carentes,

trabalhadores sem-terra e indígenas. Juntos, os cursos básicos e

para profissionais já capacitaram mais de 7 mil pessoas.

A implantação de um projeto dessa natureza, muitas vezes,

esbarra na dificuldade de aceitação por conta das Secretarias

de Saúde, acostumadas a trabalhar com os medicamentos

halopáticos. Mas, uma vez que fica comprovada a eficiência

dos fitoterápicos, as vantagens clínicas e a economia para o

município, essa barreira é vencida. É importante frisar que,

sem o apoio da administração municipal, não é possível

desenvolver um programa dessa magnitude.

Além do fornecimento dos kits, a Itaipu patrocina os cursos.

A contrapartida das prefeituras é ceder os profissionais de

saúde para o treinamento e fornecer a infraestrutura. Outra

estratégia do programa está em estabelecer uma cadeia de

produção junto à agricultura familiar, como alternativa de renda,

e de uma rede de distribuição na BP3 junto às secretarias de

saúde municipais. Em 1,5 hectare de área é possível produzir

fitoterápicos suficientes para atender a 10 postos de saúde.

A produção de fitoterápicos precisa ser obrigatoriamente orgânica.

Em parceria com a Oscip Sustentec (que também participa

do programa Desenvolvimento Rural Sustentável), é oferecida

capacitação aos agricultores, desde o plantio à embalagem. Uma

das vantagens do cultivo de plantas medicinais é que espécies

nativas como Espinheira Santa, Pata de Vaca e Embaúba podem

ser cultivadas na Área de Proteção Permanente. O programa

orienta que o agricultor primeiro consulte a lista de fitoterápicos

do Sistema Único de Saúde (SUS), o que é um indicativo do

mercado que ele poderá explorar.

4140 4140

Page 22: A missão institucional da Itaipu...A mudança na missão institucional da Itaipu Binacional, promovida em 2003 e que incorporou a responsabilidade socioambiental e o desenvolvimento

“Nosprimeirosquatroanos

emquefizotratamento

deenfisemapulmonar,

fuitratadacomremédios

alopáticos,comprados

emfarmácias.Omédico

substituiuosmedicamentos

tradicionaispelasplantas

medicinais,produzidasedoadaspelaItaipuBinacional.

Melhorei80%.Hoje,façomeuserviçosossegada.Desde

então,souumapessoasaudávelefeliz”.

SantinaRibeiro

Aposentada

Foz do Iguaçu

“Comosãodoenças

crônicas,nãohácura.Mas,

conseguimosmelhorar

aqualidadedevidade

90%dospacientes.As

plantasmedicinaisnão

provocamefeitoscolaterais

eotratamentoémaisleve

edelicado.Atualmente,cercade30%daspessoasque

vemàunidadedesaúdedoOuroVerdesãotratadascom

plantasmedicinaisefitoterápicos.”

Chistiane Magdalena Lopes Pereira

Obstetra e médica do Posto de Saúde do Bairro Ouro Verde

Foz do Iguaçu

Gente que cultiva água boa

“Oprojetotemcomo

objetivoseducar,pesquisar,

desenvolver,cultivar,

beneficiar,comercializare

distribuirespéciesmedicinais,

aromáticasecondimentares,

comqualidade,para

atenderaosprojetossócio

econômicoseambientaisdaItaipueregião,produzindo

resultadostecnológicosecientíficos.”

Altevir Zardinello

Coordenador do projeto Plantas Medicinais.

Foz do Iguaçu

“Comaconsolidaçãodas

atividadesdoprojetopretende-

seatingiroobjetivomaiorque

éimplantarummodelode

utilizaçãodeplantasmedicinais

efitoterápicosnoSUS,apartir

daproduçãoagrícolafamiliare

dobeneficiamentoeprodução

defitoterápicosemarranjosprodutivoslocais.Pretende-se,

comessaproposta,servirdemodelodeestruturaçãoda

cadeiaprodutivaparaoutrosarranjosregionais.”

Euclides Lara Cardozo Júnior

Diretor da Sustentec

Toledo

“Comoprodutoradeplantas

medicinaisacreditoqueeste

projetotemtudoparadar

certo,pelaimportânciaque

temnavidadaspessoas,não

sópelovaloreconômico,mas

também,pelaqualidadede

vidaquepodeoferecerpara

aspessoasqueproduzemefazemusodessasplantas

paraprevenireatécuraralgumasdoenças.“

GuiomarSantanaNeves

Agricultora e cultivadora de plantas medicinais

Vera Cruz do Oeste

Cursodecapacitaçãoemplantasmedicinais

Capacitação de agentes de saúde 1.250

Participantes nos cursos básicos 5.509

Capacitação de merendeiras escolares 479

Capacitação de profissionais de saúde (formados) 766

Comitês Gestores constituídos na BP3 29

Distribuição de mudas (unidades) 188.722

Hortas (creches, escolas, pastoral, sem-terra, lar dos velhinhos) 147

Agricultores capacitados 98

Espécies identificadas 144

Espécies cultivadas e reproduzidas no viveiro 69

EncontrosRegionaisdePlantasMedicinais 7

ParticipantesnosEncontrosRegionaisdePlantasMedicinais 1.920

Doação de matéria-prima desidratada (chá) 2003-2009 849,27 kg

Resultados do Programa Plantas Medicinais

ProduçãodefitoterápicosnoervanáriodaItaipu

4342

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Os catadores de materiais recicláveis constituem um dos grupos

de trabalhadores mais marginalizados no país. Lidam com o lixo

produzido pela sociedade, em péssimas condições de trabalho e

sem direitos trabalhistas de qualquer espécie. Muitas vezes, nem

mesmo são donos de seu principal equipamento (o carrinho)

e por isso têm de deixar boa parte do material coletado com os

proprietários, em uma relação de quase escravidão.

No entanto, os catadores prestam um importante serviço

ambiental, pois, ao separarem os materiais recicláveis,

contribuem significativamente para a redução das emissões de

gases de efeito estufa, além, é claro, do reaproveitamento de

matérias-primas. Por isso, esse público não poderia deixar de

ser considerado pelo Cultivando Água Boa. Assim, foi criado

o Projeto Coleta Solidária, que tem como principal objetivo a

valorização dos catadores, dotando-os dos equipamentos e

dos conhecimentos básicos para que possam se organizar e

melhorar a renda e as condições de trabalho.

Assim como as demais ações do Cultivando Água Boa, a

metodologia de trabalho do Coleta Solidária está calcada na

participação da comunidade, que se dá através do Comitê

Coleta Solidária

45

2003

• Planejamentoestratégico,formaçãodocomitêgestor

erealizaçãodepesquisasobreousodeplantas

medicinaisnaBaciadoParaná3.

2004

• Ampliaçãodocultivonohortoeiníciodacapacitação

deprofissionaisdesaúde.

2005

• IníciodaconstruçãodoervanáriodoprojetoPlantas

Medicinais.

2006

• Inauguraçãodoervanário,cominíciodo

fornecimentodoscháseimplantaçãodasprimeiras

hortascomunitárias.

2007

• FirmadaparceriaentreaItaipueaPrefeituradePato

Bragadoparaaimplantaçãodaunidadedeprodução

deextratosecodomunicípio.

2008

• OSUSpassaaministrartratamentosbaseadosem

plantasmedicinaisnospostosdesaúdedeFozdo

Iguaçu,VeraCruzd’OesteeToledo.

2009

• ConclusãodolaboratóriodePatoBragado,que

beneficiará60famíliasdeagricultores,erealizaçãodo

segundocursoparaprofissionaisdesaúde,com73

participantesdetodaaregião.

• Participaçãono1°SimpósioBrasileirodeFitoterapia.

2010

• InauguraçãodaUnidadedeProduçãodeExtratoSeco

dePlantasMedicinaisemPatoBragado.

• Iníciodenovociclonacapacitaçãoparaousode

PlantasMedicinais,comarealizaçãode99cursos

paraprofissionaisdesaúdee36paraacomunidade

emgeral.

• Ampliaçãodonúmerodepostosdesaúdeque

trabalhamcomfitoterápicos,chegandoa18unidades

naregião.

Fatos em Destaque

44

Produçãodemudas

2008:plantasmedicinaisnospostosdesaúdedoSUS

2010:inauguraçãodaunidadedeproduçãodeextratosecoemPatoBragado

Page 24: A missão institucional da Itaipu...A mudança na missão institucional da Itaipu Binacional, promovida em 2003 e que incorporou a responsabilidade socioambiental e o desenvolvimento

gestor, formado por catadores (por meio de uma associação

ou cooperativa), Prefeitura Municipal, Itaipu, Fórum Lixo e

Cidadania, instituições de ensino, Ministério Público do Trabalho

e outras instituições públicas e organizações da sociedade civil.

O Fórum Lixo e Cidadania é uma importante forma de legitimar

a participação comunitária e o processo coletivo de tomada de

decisões. Ele reúne o Ministério Público, prefeituras, cooperativas,

associações, sindicatos, movimentos, profissionais liberais e

outros, para a busca de soluções dos problemas relacionados ao

gerenciamento dos resíduos sólidos. Dele podem sair propostas

de leis ou intervenções do Ministério Público.

Por lançar mão de um processo democrático de tomada

de decisão e do ciclo PDCA (planejar, fazer, checar e

agir), o Coleta Solidária está constantemente revisando e

reformulando suas práticas, à medida que sua execução

produz novas problemáticas e exige soluções específicas,

sem que se perca de vista a proposta central do projeto. A

realidade socioeconômica dos catadores, a particularidade de

sua atividade e os atores direta e indiretamente envolvidos

produzem um espaço de relações desiguais, dinâmico e

crivado pelo tempo da necessidade daqueles que têm fome

e não podem esperar.

Basicamente, a metodologia parte do mapeamento e

classificação das fontes geradoras de lixo do município e do

levantamento junto à Secretaria Municipal de Ação Social

dos beneficiários cadastrados como catadores de materiais

recicláveis. Essa ação é complementada pelo chamamento

daqueles que não estão cadastrados.

Outro passo inicial importante é o levantamento de campo,

por meio de visitas às moradias dos catadores, para realizar

o diagnóstico socioeconômico das famílias. Esse diagnóstico

permite a criação de um banco de dados específico e

centralizado na Secretaria de Ação Social.

O passo seguinte é a sensibilização dos catadores sobre

a importância do trabalho cooperativo e da formação de

associações, por meio de palestras e oficinas voltadas aos

catadores e seus familiares. Após a sensibilização, é feita a

distribuição de fichas cadastrais para formar a associação,

com data e local para reunião de constituição. Se não há

demanda para a formação de uma associação municipal,

é sugerida a criação de uma entidade intermunicipal ou a

adesão dos catadores à existente em município vizinho. Os

catadores também recebem um estatuto modelo, mostrando

como é a estrutura e o funcionamento de uma associação.

Paralelamente, são realizados encontros de sensibilização

com lideranças comunitárias, políticas, religiosas, culturais,

econômicas e de classe, para promover o envolvimento da

comunidade com o Coleta Solidária.

A capacitação das famílias dos catadores associados é

igualmente importante. Ela é feita através de cursos com os

seguintes conteúdos: Cultivando Água Boa – Responsabilidade

Social; Organização Comunitária – Primeiros Passos; Saúde

e Saneamento Básico; Coleta Seletiva e Qualidade na

Separação; Alcoolismo e Prevenção do Consumo de Drogas;

Leis de Trânsito – Cuidados e Riscos; Reciclagem de Hábitos e

Autoestima. Os cursos são operacionalizados, de preferência,

por meio de serviços voluntários dos atores sociais envolvidos

e devem adotar metodologias construtivistas, com aulas

teóricas e práticas.

A contrapartida da prefeitura é a disponibilização de espaço

físico equipado para a associação, para funcionar como

centro de coleta, prensagem, triagem e enfardamento do

material coletado. Os equipamentos para essas atividades são

preferencialmente cedidos ou adquiridos em parceria com

organizações e instituições locais. Se o município não comporta

tal estrutura, após coletada certa quantidade de materiais, é

providenciado o transporte até o centro mais próximo.

Além de promover os cursos de capacitação, a Itaipu

disponibiliza os equipamentos de coleta do lixo (carrinhos e kits

de segurança) para os catadores integrantes de associação. Os

equipamentos são repassados à associação, que os disponibiliza

aos associados, exercendo controle quanto ao seu uso.

Para que um programa como o Coleta Solidária seja bem

sucedido, é necessário promover a integração entre as

associações de catadores da BP3 e dessa rede de associações

com as empresas do setor de reciclagem, para a realização

de acordos comerciais. Outro ponto importante para o

sucesso do projeto é acompanhar, por meio de indicadores

sociais, econômicos e ambientais, o desempenho das ações

implementadas. Esse acompanhamento consiste em:

• elaborarindicadoresdedesempenhocombasenas

informaçõesdodiagnóstico,estabelecendoíndicesde

progressonodecorrerdaexecuçãodasações;

• acompanharodesempenhomedianterelatóriosdasações;

• realizarperiodicamentepesquisadecampocomos

atoressociaisenvolvidosparaavaliarodesempenho

dasaçõesimplementadas.

Associações de catadores 20

Cooperativas(FozdoIguaçu,SantaHelena,Mal.CândidoRondoneCascavel) 4

Carrinhos para coleta distribuídos 1.638

Carrinhos elétricos para catadores 99

Uniformes para catadores 4.101

Equipamentos (prensas e balanças) para associações de catadores 63

Barracões em funcionamento 31

Agentes ambientais atendidos 2.419

Resultados do Coleta SolidáriaEntregadosprimeirosveículoselétricosparacatadores,emmaiode2008

4746

Page 25: A missão institucional da Itaipu...A mudança na missão institucional da Itaipu Binacional, promovida em 2003 e que incorporou a responsabilidade socioambiental e o desenvolvimento

2003

• RealizadoodiagnósticosocioeconômicoemFozdo

Iguaçueatendimentoaosprimeiros50catadores,que

passarampelasaçõesdesensibilizaçãoecapacitação

ereceberamosequipamentos(carrinhoseuniformes).

Elesformaramaprimeiraassociaçãodecatadoresda

BP3,aArafoz.

2004

• InclusãodenovoscatadoresdeFozdoIguaçue

lançamentodoprojetoemoutrosquatromunicípios

daBP3,comsuasrespectivasassociaçõese

equipamentos:SantaTerezinha,SãoMiguel,VeraCruz

eCascavel.

• EmFoz,oscatadorestambémreceberamprensae

balançaparaaatividadedereciclagem.

2005

• CriadaaCoaafi(CooperativadosAgentesAmbientais

deFozdoIguaçu),substituindoaArafoz,eoComitê

gestordoscatadoresdacidade.

2006

• FozdoIguaçupassaacontarcom10barracões,

repassadospelaprefeituraeequipadoscomprensae

balançapelaItaipu.

2007

• AItaipuiniciaoprojetodedesenvolvimentodeum

carrinhoelétricoparacatadores,combaixoconsumo

deenergiaelétrica,autonomiadeseishorase

capacidadeparatransportaraté300quilos,resultando

emmenosesforçofísicoemaiorprodutividade.

2008

• FirmadoconvêniocomoMovimentoNacionaldos

Catadores.Entreguesosprimeiros50carrinhos

elétricosparaseremvalidados,sendo30naBP3e20

emoutraslocalidadesbrasileiras.

• Emsetembro,aItaipuparticipadoFestivalLixo

eCidadania,emBeloHorizonte,ondeéfeitaa

apresentaçãooficialdoveículoaopresidenteLula.

2009

• Depoisdevalidados,mais30carrinhoselétricossão

fabricados,jácomasmodificaçõessugeridaspelos

catadores.Hoje,13organizaçõesdecatadoresdaBP3

contamcomoequipamento.

• Sãocriadosdoiscomitêsregionaisdecatadores,cada

umatendendo10municípios.

• EmFoz,aCoaafifirmaconvênioscomempresaspara

recolhimentodematerialreciclável.

Fatos em Destaque Fatos em Destaque

2010

• DecretoFederaln°5.940,queinstituiaseparação

dosresíduosrecicláveisdescartadospelosórgãos

eentidadesdaadministraçãopúblicafederaldireta

eindireta,nafontegeradora,easuadestinação

àsassociaçõesecooperativasdoscatadoresde

materiaisrecicláveis.

• ProjetoCataforte,quecapacitouem126horas/aula

350catadoresdaBP3e450catadoresdeCuritiba,

RegiãoMetropolitanaeLitoral.

• Formalização/Legalizaçãode10associações/cooperativas.

2003:capacitaçãodecatadoresdaBP3

2004:entregadecarrinhosemFozdoIguaçu

2006:criaçãode10barracõesemFozdoIguaçu

2007:Lularecebeprotótipodoveículoelétrico

2008:participaçãonoFestivalLixoeCidadania

2009:criaçãodoscomitêsregionaisdecatadores

2010:reciclagememempresaspúblicasagoraélei,aexemplodeItaipu

48 49

Page 26: A missão institucional da Itaipu...A mudança na missão institucional da Itaipu Binacional, promovida em 2003 e que incorporou a responsabilidade socioambiental e o desenvolvimento

“ConhecioProjetoColeta

Solidáriadesdeoseuinícioe

nuncaduvideiqueseriaum

enormesucesso.Eleconjuga

doisfatoresqueconsidero

extremamenteimportantes

quandotratamosdoresgate

defamíliasemsituaçãode

extremavulnerabilidadesocial:primeiro,‘daropeixe’

e,segundo,‘ensinarapescar’.OColetaSolidáriafoi

muitomaisalém,criandoomercadoefortalecendoa

organizaçãodecatadores.”

Margaret Matos de Carvalho

Procuradora do Trabalho e Coordenadora Executiva do Fórum

Estadual Lixo e Cidadania

“Setodasasempresascom

oportedaItaipuBinacional

tivessemainiciativade

apoioeincentivocomas

organizaçõesdecatadores

demateriaisrecicláveis,a

populaçãoteriagarantida

suadignidade.Alémdisso,

éadmirávelapreocupaçãoecomprometimentoda

Itaipucomonossobemmaiorqueéomeioambiente,

apoiandoospescadores,agricultores,índiosetantos

outros,comoprogramaCultivandoÁguaBoa”.

Marilza Aparecida de Lima

Representante do MNCR

“OProjetoColetaSolidáriatem

sidoummeiofundamental

paraocrescimentosocial

doscatadoresdemateriais

recicláveis.Aliadoaosobjetivos

doInstitutoLixoeCidadania,

possibilitaaoscatadores

auniãoemassociações

ecooperativas,permitindoaarticulaçãocomoPoder

PúblicoMunicipal,aexecuçãodeaçõesvoltadasparao

fortalecimentodacategoriaeaexpansãodacoletasolidária

nãosóparaosmunicípiodaBP3,masparatodoBrasil.”

RenataCabralSantos

Pedagoga, Representante do Instituto Lixo e Cidadania na

BP3 e Coordenadora Pedagógica do Projeto Cataforte – BP3

“OProjetoColetaSolidária

paraaCoaafiepara

regiãodaBP3édesuma

importância,poiséatravés

delequeconseguimosos

equipamentoseuniformes

quemelhoraramanossa

qualidadedevida.Passamos

aserreconhecidos.ACoaafi,atravésdesseapoio,

conseguiusecapacitarparareceberrecursosdo

BNDES,AbiplaeAbiphecetambémparticipoudo

editaldaFunasa.”

Viviane Mertig

Presidente da Coaafi e representante do MNCR

“OprojetoColetaSolidária,

suporteindispensáveldo

programaCultivandoÁgua

Boa,vemdemonstrandoque

épossívelatransformação

doscatadoresdemateriais

recicláveisemAgentes

Ambientais,promovendo

inclusãosocialetrabalhodigno,aumentandoarenda

emelhorandoaqualidadedevidadestaparcelaantes

desassistidadapopulação.”

RuberleiSantiagoDomingues

Secretário de Obras e Meio Ambiente de Foz do Iguaçu

A partir de 2003, através da Divisão de Ação Ambiental, o

Projeto Jovem Jardineiro passou a oportunizar a capacitação

de jovens, moças e rapazes para o exercício da cidadania,

tendo como tema gerador a jardinagem, com enfoque na

sustentabilidade, na educação ambiental.

O projeto Jovem Jardineiro nasceu com o objetivo de fomentar

a inclusão socioambiental de jovens carentes e auxiliar na

geração de emprego e renda, uma política de responsabilidade

social alinhada ao Programa Cultivando Água Boa. Para tanto, a

inserção destes adolescentes passou a ser realizada a partir de

um processo educativo, com aulas teóricas e práticas.

No projeto, os adolescentes recebem uma formação

relacionada à melhoria da qualidade de vida e à preservação

do meio ambiente, ao mesmo tempo em que complementam

a educação básica, com o resgate da vida escolar e da sua

cidadania. O projeto visa, também, a construção de valores

ligados ao relacionamento dentro das famílias e entre os

próprios participantes do projeto. No primeiro ano do projeto

foi instituído um comitê gestor formado por uma equipe

multidisciplinar para gerenciar o planejamento, execução,

Jovem JardineiroGente que cultiva água boa

5150

Page 27: A missão institucional da Itaipu...A mudança na missão institucional da Itaipu Binacional, promovida em 2003 e que incorporou a responsabilidade socioambiental e o desenvolvimento

participantes para uma ampla gama de possibilidades e

para uma atuação cidadã com espaço para percepção das

relações humanas e com o planeta.

O desafio metodológico, portanto, consiste em aliar as oficinas

técnicas ao desenvolvimento de projetos voltados para uma

educação participativa e comunitária, deixando de lado a atuação

profissional específica, o que seria insuficiente para dar respostas

ao conjunto de necessidades atuais e ao desenvolvimento

sustentável das atividades que se voltam essencialmente

às competências pessoais. Considerando seu significado

polissêmico, o conceito de competência adotado é “capacidade

de mobilizar, desenvolver e aplicar conhecimentos, habilidades e

atitudes no desempenho do trabalho e na solução de problemas”.

É neste contexto que o processo metodológico exige uma

sistematização, primando pela continuidade das discussões

e criação das atividades promovidas. O desenvolvimento

de uma ação interdisciplinar para a conceituação e vivência

das questões ambientais vem possibilitar que se priorize

a reflexão e a análise, atributos imprescindíveis para o

desenvolvimento de um processo ensino-aprendizagem, que

busca a formação do ser humano como indivíduo planetário,

para que possa adotar padrões de vida sustentáveis, em

harmonia com a continuidade da vida na Terra.

O desenvolvimento das atividades de 2010 tem como

norte uma Proposta Pedagógica baseada na “aprendizagem

por competências”, constituindo-se nas seguintes etapas:

Capacitação dos educadores do Projeto com vistas a

Sistematização da Metodologia; Acompanhamento das

monitoramento e avaliação do projeto.

A contratação dos jovens é realizada por intermédio do

Programa de Iniciação e Incentivo ao Trabalho (PIIT), instituído

por convênio estabelecido entre Itaipu e a Guarda Mirim de

Foz do Iguaçu. Os benefícios destinados aos jovens incluem

um salário mínimo, vale-transporte e vale-alimentação.

Atualmente, o Projeto tem como propósito fortalecer e

sistematizar seus conteúdos e processos pedagógicos,

com elaboração de Manuais de Formação dos Jovens,

Capacitação e Acompanhamento de Educadores e Planos

de Aulas. Visando garantir a formação de jovens cidadãos e

socioambientalmente responsáveis.

oficinas técnicas para formulação dos planos de aula;

Desenvolvimento das oficinas base com o objetivo de

elaboração de projetos socioambientais participativos e

multidisciplinares e a Sistematização do processo pedagógico.

Diante de tais exigências, optou-se por finalizar o processo de

reestruturação do Projeto em Foz do Iguaçu para, posteriormente,

atender, com maior qualidade e eficiência, as demandas dos

municípios parceiros da Bacia Hidrográfica do Paraná 3.

Desde sua implantação, o Projeto Jovem Jardineiro já

oportunizou a capacitação de mais de 220 jovens. Além de

beneficiar diretamente o próprio adolescente participante

também tem reflexo na renda familiar, pois os mesmos são

remunerados - conforme versa a Lei 10.097/2000.

O sucesso do Projeto Jovem Jardineiro está na articulação

entre uma formação para o mercado de trabalho e a

construção de uma atitude crítico-problematizadora, necessária

para a consolidação de uma postura condizente com a

defesa da autonomia, entendida enquanto habilidade capaz

de resgatar a perspectiva do sujeito histórico, do agente

consciente de sua história, responsável por sua construção e

ciente dos desafios coletivos que a mesma carrega.

A matriz curricular do projeto rompe com a lógica do

ordenamento disciplinar, propiciando um processo formativo

centrado nas relações e inter-relações com a vida dos jovens,

partindo de suas representações, na qual o conhecimento é

concebido como fruto das relações sociais que o constituem e

não como algo distante, que deve ser assimilado mecanicamente.

O projeto foi dividido em Três Eixos:

Eixo I PromoveroDesenvolvimentoSustentávelda

Comunidade (184 horas)

Eixo II Promover a Excelência na Prestação de

Serviços(352horas)

Eixo III Construir Plano de Vida e Carreira

Pretende-se, assim, que o Projeto Jovem Jardineiro vá além

da formação profissional típica, centrada no treinamento

para o exercício de uma ocupação. Prioriza-se estratégias

para ampliar os horizontes da capacitação, preparando seus

196 jovens foram formados no programa Jovem Jardineiro entre 2003 e 2009, sendo que 10% deles ingressaram em cursos técnicosou superiores na área ambiental

5352

Formaturada2aturma Formaturada3aturma Formaturada6aturma

Page 28: A missão institucional da Itaipu...A mudança na missão institucional da Itaipu Binacional, promovida em 2003 e que incorporou a responsabilidade socioambiental e o desenvolvimento

“Estouadorandoparticipar

doJovemJardineiro.É

bemdiferentedoqueeu

imaginava.Achavaquefosse

sójardinagem,masémuito

mais.Anteseunemligava

paraisso.Agoranãoposso

nemmaisverlixonochão”.

Gisele Brescovit

Jovem Jardineiro

Foz do Iguaçu

“Agentesótinhao

conhecimentoteórico.

Apráticaéaindamais

interessante.Éumaforma

deterumconhecimento

aprofundadosobreassunto.”

SamiaReginadeQuadros

Jovem Jardineiro

Foz do Iguaçu

“Valemuitoapena.Nunca

tinhaplantadonada,vivia

maisjogandovideogame,

masagorapensoanatureza

deumaformadiferente.

Mudouaminhaformadever

omundo.”

Thiago Fellipe Pereira

Jovem Jardineiro

Foz do Iguaçu

“Agentevêaplantagrande

enãosabecomofoiesse

processo,comoelachegou

àqueletamanho.Comesse

trabalho,agoraagente

começaaveromundode

umaoutramaneira.”

DanieladeSouza

Jovem Jardineiro

Foz do Iguaçu

“Arealidadeéquequando

eles(osJovensJardineiros)

descobremquesão

capazesdeconstruiralgo,é

maravilhoso.Noprojeto,eles

sãodesafiados,visualizam

oquetêmquefazere,de

fato,executam.Osjovens

aprendem,porcontaprópria,atrabalharemgrupo,a

viveremsociedade,arespeitarasdiferençaseomeio

ambienteemquevivem.”

SilvanaGomes

Diretora da Educare

Foz do Iguaçu

2010

• Elaboraçãoeexecuçãodeprojetopara“Promoçãodo

desenvolvimentoSustentáveldaComunidade”.

• ProjetodeHortarealizadonaEscolaVilaShalon

• ReformaeLimpezadoBosquedaVilaC

• Valedestacaraaulapráticadeplantio-comauxílio

dosjovensforamplantadascercadeduasmilmudase

árvoresnativas,emumaáreadetrêshectares,próxima

aoLaboratóriodeIctiologia,namargemesquerda.

• Educaçãoambientalatravésdoplanejamentoeexecução

deumdocumentáriosobreoJovemJardineiroesobreo

RefúgioBiológicoBelaVistaRBV.

Fatos em DestaqueGente que cultiva água boa

5554

Page 29: A missão institucional da Itaipu...A mudança na missão institucional da Itaipu Binacional, promovida em 2003 e que incorporou a responsabilidade socioambiental e o desenvolvimento

de reuniões ou apresentação de propostas. É necessário,

antes de tudo, buscar a aproximação e ter em vista o

processo histórico de interação entre índios e não-índios,

um processo em que predominou um tipo de relação

hierarquizada, desagregadora, desigual e assistencialista.

Tal fato produziu uma comunicação subordinada dos

índios para com os não-índios, orientada pelo escambo,

por solicitações pequenas e de curto prazo. Aproximar-

se, portanto, requer detectar demandas significativas,

escondidas por trás dos pedidos superficiais, pois é por

meio delas que se abre um canal de comunicação mais

profundo e permanente com a comunidade.

Diagnosticar e dialogar sobre essas demandas pode se

constituir numa modalidade de interação promissora. O

“escambo”, nesse caso, assume uma nova dimensão, a da

negociação de interesses que podem ser compartilhados e

se tornar comuns para não-índios e índios. Chegar a tal nível

de interação implica construir um espaço horizontalizado de

diálogo e discussão.

Construir tal espaço exige o desafio de estabelecer um

processo decisório com a participação dos indígenas, em

que eles sejam, na prática, os atores principais. É também

perceber que o protagonismo do indígena se revela pelo

olhar, pelo silêncio, nos bastidores, no fogo de chão, numa

temporalidade que lhe é própria.

Numa negociação com as lideranças indígenas, não

se espera uma definição imediata; há um processo de

maturação, de idas e vindas em que o papel escrito e o

A Tríplice Fronteira, onde está localizada a hidrelétrica

de Itaipu, tem uma história que é indissociável da

presença indígena, em especial o povo Guarani, que

exerceu grande influência cultural na região. Hoje, essas

comunidades constituem populações em situação

de risco social e, por isso, a Itaipu vem procurando

desenvolver ações que lhes possibilitem melhores

condições de vida, com novas oportunidades de geração

de renda, assistência técnica na produção de alimentos

para o consumo próprio, resgate da cultura e da

autoestima, estímulo ao artesanato, entre outras.

modo de negociar não-indígena dificilmente se enquadram.

Paciência é uma virtude indígena e o processo precisa

ser valorizado para chegar a um resultado salutar. Nas

comunidades não se propõe; se discute, se conversa, sem a

pretensão imediata de chegar a algum lugar.

Trabalhar com as comunidades indígenas é conquistar, com

legitimidade, o papel de mediador entre não-índios e índios,

criando um lugar de troca de experiências, reconhecido,

para articular pontos de vista e propor uma síntese possível

de projetos de mundo. O mediador atua entre duas

temporalidades, a do índio e a do não-índio. Ele não decide,

mas se firma como instrumento importante de interlocução,

pois compreende as demandas indígenas mais significativas

e os assessora na comunicação com o mundo não-indígena

e vice-versa.

Tal trabalho exige profissionalismo, comprometimento e, acima

de tudo, sensibilidade; é preciso acreditar nessa cultura particular.

Entregar-se a esse desafio é reconhecer o sujeito índio, é

compartilhar nossa humanidade com ele e, só assim, nossa

aproximação e interação tornam-se promissoras, posto que estão

sujeitas a uma revisão e transformação de nossos preconceitos.

Com conhecimento e de “peito aberto” é possível tomar

uma atitude menos técnica e mais filosófica, e isso constitui

a base de um projeto de sustentabilidade envolvendo

comunidades indígenas.

É com esse espírito que deve ser formado o comitê

gestor, composto por órgãos públicos, como Funai, Funasa,

Entretanto, o desenvolvimento de projetos junto às

comunidades indígenas tem um caráter peculiar, pois se trata

de trabalhar com uma forma de sociabilidade culturalmente

distinta da nossa, uma distinção que vai muito além da

posição socioeconômica. Assim, o termo vulnerabilidade social

ganha outro nível de complexidade, e os modelos de projetos

de inclusão social podem ajudar na elaboração de projetos,

mas são insuficientes para trabalhar com esse público.

É preciso considerar que, em primeiro lugar, o contato com

a comunidade indígena é essencial e não se faz por meio

Sustentabilidade de Comunidades Indígenas

5756

Page 30: A missão institucional da Itaipu...A mudança na missão institucional da Itaipu Binacional, promovida em 2003 e que incorporou a responsabilidade socioambiental e o desenvolvimento

associações indígenas, entidades privadas e organizações

não-governamentais, o que possibilita a participação da

sociedade civil no projeto. Trata-se de um espaço de reflexão

sobre as ações desenvolvidas que reforça a necessidade de

envolvimento de todas as forças sociais para o enfrentamento

da questão indígena, que remonta ao descobrimento do Brasil

e exige de cada cidadão e segmento social sua parcela de

corresponsabilidade, mediação e sensibilidade.

Ao Comitê gestor cabe a vigilância para que não se caia no

assistencialismo tacanho, que transforma o assistido em

um coitado e não em um sujeito. Para evitar este tipo de

conduta, deve-se estar atento a como e com que se assiste

as comunidades, pois é nesse ponto que se pode ou não ter

sucesso na promoção da sustentabilidade. A sustentabilidade

indígena se dá quando não os isolamos com uma

determinada quantidade de recursos que, aos nossos olhos,

são suficientes para que eles vivam longe dos brancos.

58 59

Resultados do Programa de Sustentabilidadede Comunidades Indígenas

As ações da Itaipu atendem, hoje, cerca de 1.295 indígenas de 259 famílias distribuídas em três comunidades: Tekoha Ocoy, em São Miguel do Iguaçu, Tekoha Añetete e Tekoha Itamarã, ambas em Diamante do Oeste. Seus principais resultados são:

MElhorIa da Infra-Estrutura•ConstruçãodeCasascomredeelétricanoAñeteteeOcooy-modeloindígena 60

•ConstruçãodeCasasnoItamarã-modeloindígena-2010/2011 26

•Construçãodacasadereza-OcoyeAñetete 2

•Implantaçãodepoçoartesianoerededeabastecimento–Añetete–Rede14km 1 poço

•ConstruçãodoCentrodeartesanatoenutriçãonoOcoy-2007/2008 1

•ConstruçãodoCentrodeartesanatonoAñetete-2010 1

•Reformadoespaçoparaocentrodenutriçãoecasademáquinas/equipamentos-Añetete-2010 2

•ConstruçãodecisternanaescolaindígenaAñetete-2010 1

•AdequaçãodeestradasAÑETETEEITAMARÃ 25 km

•AdequaçãodeestradasOCOY 6 km

Page 31: A missão institucional da Itaipu...A mudança na missão institucional da Itaipu Binacional, promovida em 2003 e que incorporou a responsabilidade socioambiental e o desenvolvimento

Resultados do Programa de Sustentabilidadede Comunidades Indígenas

fortalEcIMEnto E ProMoção da cultura GuaranI•Apoioàsapresentaçõesdoscoraisindígenasatravésdadisponibilizaçãodetransporte,alimentação,roupas

e equipamentos

•Apoioàproduçãodeartesanatoatravésdadisponibilizaçãodetransporteparaeventos,alimentação,roupas,

equipamentosecursoscomoodetinturanaturalemtecidoparceriacomÑANDEVA

•Fomentoàspráticasáudio-visuaisparadivulgaçãodomododeserguaraniefortalecimentodaidentidade

étnica; realização de eventos comuns às aldeias em especial a semana cultural indígena e patrocínio a viagens

para eventos que discutem a valorização e o respeito à diversidade

EstíMulo à forMação dE ParcErIasfortalecimento da rede de atores sociais, públicos e privados, preocupados com a sustentabilidade Guarani,

preocupados com a defesa dos direitos desta etnia.

sEGurança alIMEntar E nutrIcIonalapoio ao Programa de nutrição alimentar Infantil em parceria com a funasa e Pastoral da criança e

Prefeituras de diamante d’oeste e de são Miguel do Iguaçu; fornecimento de cestas básicas em caso de

necessidade; e ações complementares.

•Ocoy/semanal 26 crianças

•Itamarã/semanal 5 crianças

•Añetete/semanal 15 crianças

6160

Resultados do Programa de Sustentabilidadede Comunidades Indígenas

Entregademoradiasparaacomunidadeindígena

Produção aGroPEcuárIaaquisição de equipamentos para plantio, insumos, animais e sementes; preparo de solos; apoio ao Projeto

Bovinocultura de leite, à apicultura e à criação suína; apoio à produção de peixes em tanques-rede; apoio e

acompanhamento em viagens para a realização de visitas técnicas; e implantação do Projeto Plantas Medicinais.

•Tanques-rede 32

•Produçãodemandioca(Añetete)-Coletiva/Associação1.200 ton/ano

(2003 a 2009)

•Criaçãodegadoquehojeatendeasnecessidadesdacomunidade

285 animais,

sendo 40 vacas

leiteiras

Page 32: A missão institucional da Itaipu...A mudança na missão institucional da Itaipu Binacional, promovida em 2003 e que incorporou a responsabilidade socioambiental e o desenvolvimento

Fatos em Destaque2003

• AItaipuampliaoatendimentoàscomunidades

indígenasdoAñeteteedoOcoy,quevinhamsendo

trabalhadasdesde2000.

• IntroduzidaapecuáriadeleiteedecortenoAñetete.

2004

• ÉformalizadooComitêgestordoprograma,com

participaçãodaFunai,Funasa,Iap,Ibama,Copel,

Sanepar,PastoraisdaCriançaedaSaúde,prefeiturase

liderançasindígenas.

2005

• IníciodoprojetodeHabitaçãoGuarani,coma

construçãodasprimeirascasastipicamenteguaranis,

nascomunidadesdoAñeteteedoOcoy.

2006

• Oprogramadehabitaçãoéampliadonasduasáreas,

beneficiando60famílias.

• Teminícioaproduçãodepeixesemtanques-rede,com

10unidadese,noanoseguinte,commais30.

2007

• AItaipuamplianovamenteaatuaçãojuntoaos

indígenas,incluindoacomunidadedoItamarã.

• NoAñetete,acomunidadeatingeaproduçãoagrícola

daculturadamandiocaorgânicade200toneladas

anuais,emaproximadamente35hectares.

• InauguradasasCasasdeRezanascomunidadesdo

OcoyeAñetete.

• Iníciodoscursosdeartesanatoeformaçãodogrupode

artesãosnoOcoy.

2008

• NoAñetete,orebanholeiteirochegaa350animais,

permitindooauto-abastecimentodeleite(noverão)e

decarne(duranteoanotodo).Éimplantadaaredede

águapotável,quecontacomumpoçoartesianoparao

seuabastecimento.

• ComeçaaproduçãodeplantasmedicinaisnoOcoy

eItamarã.Concluídoocascalhamentode20kmde

estradasruraisnoAñeteteede5quilômetrosnoItamarã.

• InauguraçãodoCentrodeArtesanatoedeNutriçãona

comunidadeTekohaOcoy.

2009

• Astrêscomunidadesatendidasatingemamarcade

350hectarescultivados,permitindoproduzir,com

assistênciatécnicaefinanceiradaItaipueparceiros,

418toneladasdealimentosporano.

2003:pecuárianoAñetete

2005:iníciodaconstruçãodemoradias

2006:produçãodepeixesemtanques-rede

• Oartesanatoindígenaproduzidonacomunidadedo

OcoypassaaserexportadoparaaEuropa.

• GravaçãodoDVDTradiçãoGuarani,commúsicascorais

dastrêscomunidades.

2010

• Maisdemilindígenas,oriundosde70comunidades

brasileiras-alémderepresentantesdoParaguai,da

ArgentinaedaBolívia-debateramofuturoguaraniemum

eventoorganizadocomoapoiodeItaipu,o1ºEncontrodos

PovosGuaranisdaAméricadoSul,naaldeiaTekohaAñetete.

• Visandoasegurançaalimentarenutricional,destaca-

seaproduçãopesqueira,aqual,pormeiodocultivo

depacusemtanques-rede,vemalcançandoelevados

índicesdeprodutividadee,consequentemente,

contribuindoparaoreforçonutricionaldacomunidade.

• Construçãode26casasnareservadoItamarã.

Fatos em Destaque

2007:cultivodamandiocaorgânica

2008:produçãodeplantasmedicinais

2009:artesanatoindígena

2010:encontrodospovosguaranis

62 63

Page 33: A missão institucional da Itaipu...A mudança na missão institucional da Itaipu Binacional, promovida em 2003 e que incorporou a responsabilidade socioambiental e o desenvolvimento

“Aquinaaldeiaagente

buscavaaespéciedemilho

amarelo,queosmeusavós

herdaramdosantepassados.

Então,emumdosprojetos

comaItaipu,umadasmoças

trouxeumaespiguinha

dessemilho.Agenteplantou

todososgrãoseconseguimoscolher20quilosnoano

passado.Anossaexpectativaagoraécolher600quilos.

Essemilhoseráusadoparaosnossosrituais.Nãoésó

milho,eleéasementedanossacultura”.

Cacique Daniel Maracá Merin Lopes

Aldeia Tekoha Ocoy - São Miguel do Iguaçu

“Cercade20%dasmulheres

atendidasaquinoposto

mostravamumestadode

apatia,derepetiçãodesintomas

emocionais.Aoperceber

essequadro,sugerimospor

meiodaItaipuacriaçãode

umaatividadequepudesse

minimizaroproblema.FoientãoquesurgiuoCentrode

Artesanato.Aopçãologoserevelounãoapenascomoum

espaçodeintegraçãomaspromoveupormeiodoartesanato

ahabilidadenaturaldasmoradoras.Hojeeusemprerepito

queessainiciativaacaboucomafilanopostodesaúde”.

SimoneSimonPenteado

Enfermeira do Posto de Saúde da Tekoha Ocoy

“Hoje,aescolanãopensa

sócomoescola.Pensano

postodesaúde,quepensa

noCentrodeArtesanato.

Nãosãomaisaçõesisoladas,

massempreemconjunto.O

resultadoéestequevemos

todososdias:umaeducação

maiscompletacomsaúdeecomoexercíciodacultura”.

Professora Edite Telch

Diretora do Colégio Indígena Tekoha Ocoy

“Setiverquedarum

exemplodoqueestásendoo

artesanatoparaasmoradoras

doOcoytendocomo

referencialaetnia,digoque

paraelesocursopromovido

pormeiodoprojetode

sustentabilidadefoicomoum

sopronabrasa.Todaahabilidadedosancestraisestava

latente,esperandoserrevisitada”.

Marlene Curtis

Gerente de Divisão de Ação Ambiental da Itaipu

“OmodoGuaranienvolve

asolidariedadeeavontade

permanentedeproduziro

própriosustento.Paraos

moradoresdaOcoy,ofatode

estaremabrigadosemuma

áreamenordoqueastribos

ItamaraneAñetetenãoos

reduziu.Aocontrário,entreastrês,elesencabeçama

listadeprodutividadesustentável.”

João Bernardes

Coordenador do Programa de Sustentabilidade Indígena

“Euaprendioartesanato

comaminhamãe.Elacoma

mãedela.Quandoeuestou

aquitrabalhando,esqueçode

tudo.Aquieumesintofeliz”.

SilvinaBenitez

Artesã

Tecoha Ocoy

“Eunãogostodecomer

peixe,masaminhafamília

gosta.Meusfilhosaprendem

comigoatrataropeixe.A

comunidadefazfestaquando

tempeixe.Então,paramim

serotratadoréumorgulhoe

maisdoqueseeugostasse

decomer.Paramimissoésustentabilidade”.

Henrique Cumini Vilialve

Criador de peixes em taques-rede

Tecoha Ocoy

“Seríndioésersustentável.É

fazerdaterra,damataedo

rioondevivemosolugarde

ondevemnossoalimento.

Hoje,quandosouchamado

paraatenderumíndioerezar

porele,eupeçoparaele

umasaúdesustentável.Outro

exemploéocháqueeupeçoparaeletomar.Muitos

dessesremédiosestãoaquinaaldeia.”

Pajé Gerônimo

Pajé rezador da Aldeia Tekoha Añetete

“Eugostodemorarna

minhaaldeia.Agenteestá

começandotudodenovo.

Estamosplantando,estamos

colhendo,vamosternossas

casaseestamosrezando

também.Onãoíndiocomeça

aperceberquequeremos

queonossolugarsejacomoantigamente:sustentável.”

Alfredo Centurion

Pajé da aldeia Tekoha Itamarã

“Euentendoqueocéuque

noscobreeaterraquenos

protegemostramtodosos

diasdequeformapodemos

viverpacificamentecoma

natureza.Apróprianatureza

indicaquandoelatemflores,

quandoelaestágelada,

quandoelaestáquenteequandochove.Ninguémfaz

melhorqueamãeterra.Hoje,agenteprecisaaolhar

maisparaoquetínhamosereaprendertudo,tudo.”

Onorio Alves

Cacique da aldeia Itamarã

Gente que cultiva água boa

6564

Page 34: A missão institucional da Itaipu...A mudança na missão institucional da Itaipu Binacional, promovida em 2003 e que incorporou a responsabilidade socioambiental e o desenvolvimento

Não há como pescar peixe bom se não há água boa. Daí a

relevância de um projeto de aquicultura dentro de um amplo

programa de cuidados com as águas, como é o Cultivando Água

Boa. A iniciativa é gerenciada por um comitê gestor que conta

com a participação de diversas instituições, entre elas prefeituras,

o Ministério da Pesca e o Instituto Ambiental do Paraná (IAP).

O comitê trabalha com dois grandes temas: aquicultura

(cultivo de peixes em tanques-terra e tanques-rede e cadeia

de produção) e manejo pesqueiro (ações de monitoramento

e manejo, estudos sobre migração e piracema, entre outros).

O programa engloba 17 ações voltadas a três tipos de

públicos: indígenas da comunidade do Rio Ocoy, com

tanques-rede, e de Diamante d’Oeste, com tanques-terra;

assentados da Fazenda Mitacoré (hoje Assentamento

Companheiro Antônio Tavares) e 700 pescadores artesanais.

O planejamento das atividades parte do diagnóstico

socioeconômico. Os pescadores artesanais constituem

uma das populações menos favorecidas da região e são

confrontados com a dura realidade de que, a cada ano, se

pesca menos, devido à pressão crescente sobre os estoques

Produção de peixes em nossas águas

pesqueiros e à degradação ambiental. O projeto envolve, ao

longo do reservatório da Itaipu, sete colônias de pescadores

artesanais e duas associações de pescadores. Um dos pontos

importantes da metodologia é que o programa só trabalha

com entidades representativas. Se os pescadores não estão

organizados, um dos primeiros passos é estimular a criação

de uma cooperativa ou associação.

No início, o programa doava tanques-rede que eram divididos

e administrados individualmente pelos pescadores de cada

colônia. Com a experiência e a evolução da metodologia,

o programa chegou ao arranjo atual, que é trabalhar com

módulos coletivos de tanques-rede, o que garante melhor

assistência técnica, maior facilidade de manejo e maior

produtividade. Assim, os pescadores se organizam e fazem um

rodízio no tratamento dos peixes (dois pescadores conseguem

tratar entre 30 e 40 tanques por dia).

Outro ponto que evoluiu é a produção de ração. Inicialmente,

ela era produzida pelos próprios pescadores, a partir de

batata e milho, principalmente. Os resultados não foram

satisfatórios porque se chegou a um peixe muito gorduroso,

de baixa aceitação pelo consumidor. O programa passou

a recomendar uma ração mais balanceada, mais rica em

proteína e com menos amido. Apesar de representar um

acréscimo nos custos de produção, resultou em um peixe

mais nutritivo e de melhor aceitação no mercado.

Estratégias comerciais, a propósito, estão entre as principais

preocupações do comitê gestor. O programa abriu novos

mercados para os pescadores com a introdução do peixe

na merenda escolar, nos municípios de Entre Rios, Foz do

Iguaçu, São Miguel do Iguaçu, Itaipulândia, Missal e Santa

Helena e vem trabalhando com outras prefeituras da BP3

para que façam o mesmo. Se o peixe se tornar o prato do

dia somente uma vez por semana em todas as escolas da

região, isso já bastaria para dobrar a produção atual.

Outra ação tem a ver com os pescadores artesanais que

construíram moradias precárias na Área de Proteção

Permanente (faixa de proteção do reservatório), o que é

proibido por lei. Somente é possível ter uma base de apoio

para abrigar os equipamentos de pesca. Para isso, a iniciativa

buscou aproximação com o programa Minha Casa Minha

Vida, do Governo Federal. Atualmente, o programa já conta

recursos disponíveis para a construção de 40 casas, em

2010, destinadas a pescadores sem casa própria.

A principal diretriz do programa Produção de Peixes em

Nossas Águas é buscar conquistas coletivamente. Para

viabilizar o processo democrático e a coletividade nas

decisões, os pescadores reúnem-se mensalmente em suas

associações e colônias, com a presença de membros do

comitê gestor. Este, por sua vez, promove encontros de

avaliação e definição de estratégias cerca de três vezes ao

ano, além do encontro anual de avaliação e repactuação do

Cultivando Água Boa.

6766

Page 35: A missão institucional da Itaipu...A mudança na missão institucional da Itaipu Binacional, promovida em 2003 e que incorporou a responsabilidade socioambiental e o desenvolvimento

Pontos de pesca licenciados junto ao Ibama 63

Implantação de tanques-rede na BP3 (total) 595

Implantaçãodetanques-redeparapesquisas(SantaHelenaeFozdoIguaçu) 135

ImplantaçãodosprimeirosparquesaquícolasdopaíslicenciadosjuntoàSeap

•Parqueslicenciados 3

•Potencialdeproduçãodosparques 6 mil ton/ano

Pesquisas em tanques-rede desenvolvidas e concluídas 12

Pontos de pesca licitados para adequação/construção em 2006/2009 15

Na região – incluindo índios, ribeirinhos e assentados

Pescadores assistidos (manejo pesqueiro e capacitação) 1.000

Manuais de Boas Práticas em Aquicultura disponibilizados 2 mil

Implantação do Banco de Germoplasma 1

Doses de material genético armazenado 630

Espécies com material genético armazenado 8

Peixamento do reservatório e suas bacias (juvenis soltos) 728 mil

2003

• Oplanejamentoestratégicoempresarialpromovido

pelaItaipuidentificaanecessidadededialogarcomas

entidadesrepresentativasdospescadoresartesanais

doreservatório.

2004

• Começamosestudossocioambientaisparaa

implantaçãodosprimeirosparquesaquícolasdopaís.

2005

• ComeçaaexecuçãodoconvênioentreaItaipuea

Seap,quecontemplavaaimplantaçãodaunidadede

pesquisadeSantaHelena,aconclusãodosestudos

ambientaisdosparquesaquícolaseestruturação

dassetecolôniasdepescadores(equipamentode

transportedepeixevivo,computadoreimpressora).

2006

• Sucessonaproduçãodepeixecomacomunidade

indígenadoOcoy.Érealizadaaprimeira“colheita”de

peixesnostanques-rede.

2007

• OpescadorMiroVogel,deSantaTerezinhadeItaipu,

umdosprimeirosafazerpartedainiciativa(comdois

tanquesem2003),chegaa23tanques-redefinanciados

peloPronafPescae,comisso,deixadepescaresetorna

exclusivamenteumcultivadordepeixe.

2008

• Emabril,opresidenteLuizInácioLuladaSilvaentrega

ostítulosdecessãodeusodosprimeirosparques

aquícolasdopaís.

2009

• Pelaprimeiravez,osprodutoresvendemtodaasua

produção,apartirdoaumentodademandacoma

introduçãodopeixenamerendaescolar,oquedemonstra

aviabilidadedacadeiaprodutivadapscicultura.

2010

• AItaipucomeçaumtrabalhodeadequaçãodos63

pontosdepescaedas15unidadesdebeneficiamento

coletivodaBaciadoParaná3.

Fatos em Destaque

“Colheita”depeixesnoOcoy

Doaçãodepeixesaentidadesfilantrópicas

2009:programaatingemarcade595tanques-rede

Resultados do programa produção de peixesem nossas águas

68 69

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“Paraviversódapescaeradifícil.Agora,comos

tanques-redemelhoroumuito.Quasetodoopeixe

queproduzimosestáindoparaamerendaescolardo

município,graçasaoapoiodaItaipu,comamáquinaque

tiraasespinhasdopeixe.Sófoipossívelcomeçarporque

aItaiputrouxeostanques,ospeixinhoseostécnicos

ensinaramagentecomotratarecuidardeles”.

ArestidesSevero

Pescador e aquicultor

Colônia de pescadores profissionais de Itaipulândia.

“Quandocomeçamosa

produziropeixeemtanques-

rede,logovisuasvantagens.

Hoje,quandoapescanão

éboa,temosopeixedo

tanque-redeparaoferecer.

Temos33pescadoresdaZ11

comtítulodoMPA(Ministério

daPescaeAquicultura).Comessestítulospodemos

acessarcréditonoBancodoBrasilparaproduzirevender

opeixe.Nãotemosmaisvergonhadedizerquesomos

pescadores.Éumacategoriareconhecidaerespeitada.”

Adilson Borges

Pescador, assentado, aquicultor e presidente da colônia de

pescadores profissionais Z11.

São Miguel do Iguaçu

“Oprogramadeapoioàpesca

eaquicultura,desenvolvido

porumahidrelétricadoporte

deItaipu,éumacoisainédita

equeservedeexemplopara

outrasempresasdosetor.Uma

característicadoprograma

éodialogoabertoquea

empresatemcomospescadores,quetempermitidouma

ampladiscussãosobreosproblemasenfrentadospelos

pescadores,ecomofazerparaencontrarsoluçõesquese

adequemàrealidadedaregião.”

Flavio Kabroski

Presidente da colônia de pescadores profissionais – Z12 de

Foz do Iguaçu

“OmunicípiodeItaipulândia

épioneironainclusãodo

peixenamerendaescolar.Fez

issopensandonasvantagens

nutricionaisdoconsumodesse

alimento.Atualmente,temos

1.200criançasnafaixaetária

entre6mesesa14anosque

consomemregularmentepratoselaboradosapartirdapolpa

depeixe.Aaceitaçãodestespratosestasendoexcelentee

istosedeveaograndeesforçodaItaipuBinacional,prefeitura

MunicipaletambémpescadoresdoMunicípio.”

SilvaneGrothLange

Nutricionista da Merenda Escolar - Itaipulândia

A preocupação da Itaipu com o meio ambiente vem desde

a implantação do projeto da usina. Várias medidas de

proteção da biodiversidade vinham sendo desenvolvidas,

com o objetivo, acima de tudo, de garantir a perpetuação e a

variabilidade genética das espécies de flora e fauna da Bacia

do Paraná 3. A partir da implantação do Cultivando Água

Boa, em 2003, essas ações passaram a estar abrigadas no

programa Biodiversidade, Nosso Patrimônio.

A Itaipu mantém duas reservas e oito refúgios biológicos

localizados no Brasil e no Paraguai. No Brasil, estão os

Refúgios Biológicos Bela Vista e Santa Helena, enquanto o

Paraguai administra as Reservas Biológicas Itabó, Limoy e os

Refúgios Biológicos de Carapá, Tati Yupi, Pikiri, Yvyty Rokai e

Yui Rupá, e em conjunto o Refúgio Biológico Binacional de

Maracaju (leia quadro). Somadas com a faixa de proteção do

reservatório, as áreas protegidas pela Itaipu totalizam mais de

100 mil hectares.

Além da proteção dessas extensas áreas cobertas por espécies

florestais típicas da região, a Itaipu produz mudas que são

fornecidas para toda a Bacia do Paraná 3. Desde 2003, a

Biodiversidade, Nosso PatrimônioGente que cultiva água boa

7170

árEas ProtEGIdas da ItaIPureservas e refúgios biológicosLimoy 14.332haItabó 13.807haSantaHelena 1.483haBelaVista 1.908haTatiYupi 2.245haPikiri 900haMaracaju 1.356haCarapá 3.250haYuiRupá 750haYvytyRokai 2.202hafaixa de proteção do reservatório 58.499hatotal 100.732 ha

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empresa destinou quase 3 milhões de mudas para a região.

Destaca-se o fato de, em 2007, a binacional ter participado da

campanha mundial do Programa das Nações Unidas para o

Meio Ambiente (Pnuma), para o plantio de 1 bilhão de árvores

em todo o mundo. A campanha foi tão bem-sucedida que já

ultrapassou a marca de 7 bilhões. A contribuição da empresa

para esse sucesso foi de meio milhão de mudas.

Os estudos relacionados à fauna ocorrem, no lado brasileiro,

no Criadouro de Animais Silvestres da Itaipu Binacional

(Casib), localizado no Refúgio Biológico Bela Vista, próximo à

barragem da usina, onde já nasceram mais de 800 animais

de 43 espécies com índice de sobrevivência dos filhotes

superior a 70%. Além do Casib, o Zoológico Roberto Ribas

Lange tem papel importante não apenas na reprodução das

espécies como na difusão de conhecimento através das

visitas guiadas e atividades de educação ambiental.

Os trabalhos de reprodução se concentram em espécies

ameaçadas de extinção no Brasil e que são raras na região,

como o gato-maracajá (Leopardus wiedii), o veado-bororó

(Mazama nana) e a jaguatirica (Leopardus pardalis). Outro

destaque é a primeira reprodução bem-sucedida em cativeiro,

no Sul do país, da harpia (Harpia harpyja, a maior ave de

rapina da América do Sul, depois do condor dos Andes).

Esse trabalho é complementado pela manutenção de um

banco genético criopreservado em nitrogênio líquido. Estudos

realizados em 1986 sobre a fauna silvestre confirmaram a

presença de 44 espécies de mamíferos e 305 de aves na faixa

de proteção e nos refúgios localizados na margem brasileira

do reservatório da Itaipu. Na margem paraguaia, onde a mata

nativa não foi tão alterada, já foram observadas 62 espécies de

mamíferos e 409 de aves.

Na natureza, os pesquisadores encontraram espécies hoje raras,

como o gato-maracajá (Leopardus wiedii) e o veado-bororó

(Mazama nana). Um dos indicadores de sucesso do Cultivando

Água Boa é que muitos dos moradores da região reportam o

regresso de espécies animais que há muito não se viam e que

estão voltando a circular graças à reconexão dos remanescentes

de matas nativas, através da formação das matas ciliares e do

Corredor de Biodiversidade, que será descrito a seguir.

7372

O Corredor de Biodiversidade Santa Maria é a ligação de

mata entre a faixa de proteção do reservatório e áreas

protegidas da Itaipu (100 mil hectares), com o Parque

Nacional do Iguaçu, 185 mil hectares de área, passando pela

Reserva Particular de Patrimônio Natural – RPPN, da Fazenda

Santa Maria.

Para formá-lo, foi necessário conscientizar 42 proprietários rurais

sobre a importância de dedicarem parte de seus terrenos ao

plantio de espécies nativas de árvores, formando um corredor

de 37 quilômetros de extensão (12 quilômetros em linha reta).

Assim, em 2003, o IAP, o Ibama, a Itaipu, a Fazenda Santa Maria

e as prefeituras de Santa Terezinha de Itaipu e de São Miguel do

Iguaçu, com o apoio do Ministério Público, iniciaram o trabalho

de implantação do Corredor de Biodiversidade Santa Maria, com

a fase de sensibilização dos produtores.

Praticamente todos aderiram logo de início, convencidos pela

vantagem de adequar suas propriedades à legislação ambiental

(30 metros de mata ciliar em cada margem dos rios) sem

Corredor de Biodiversidade

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precisarem desembolsar recursos para isso. A Itaipu e as

prefeituras contribuíram com a mão de obra para a construção

da cerca e para o reflorestamento, o IAP com mudas e o Ibama

doou os materiais para a confecção das cercas (palanques,

arames, catracas e balancins).

Hoje, o corredor está praticamente todo implantado, restando

apenas 15 hectares dos 222 que compõem o total do

projeto. Essa área se soma a outros 240 hectares que

correspondem à RPPN da Fazenda Santa Maria.

O corredor está na crista da divisória entre as drenagens das

bacias do Iguaçu e do Paraná. Ele abrange as microbacias

do Rio Apepu, que corre para o Parque Nacional, e a do Rio

Bonito, que corre para o reservatório da Itaipu.

Para ser concluído, o projeto necessita ainda da construção

do segundo viaduto em uma das pistas da BR-277. Quando

estiver completo, o corredor permitirá a ligação entre duas

das mais extensas áreas preservadas do sul do Brasil, os

Parques Nacionais do Iguaçu e de Ilha Grande, favorecendo a

dispersão de genes e a melhoria da biodiversidade.

Com10quilômetrosdeextensão,ocanalpossibilita

aospeixesvencerumdesnívelde120metrosentre

oRioParanáeoreservatório,permitindoassim

anecessáriatrocagenéticaparamanutençãoda

Biodiversidade.Foramidentificadasmaisde130

espéciesdepeixesnessesistema,umnúmero

bastantesignificativoquandoconsideradasas169

identificadasnoreservatório.

Canal da piracema

7574

ZoológicoRobertoRibasLange:

•Espécies 57

•Exemplares 221

CASIB

•Espécies 32

•Exemplares 154

Plantio de mudas nas áreas protegidas (faixa de proteção e refúgios) desde 1979 24.000.000

Plantio de mudas nas áreas protegidas (faixa de proteção e refúgios) 2003 a 2007 938.350

Destinação de mudas para áreas protegidas (faixa de proteção, refúgios e BP3) 2003 a 2009 2.839.476

Manutenção das áreas protegidas (faixa de proteção, reservas e refúgios) 34.222 ha

ManutençãoFlorestaldoCorredordeBiodiversidadeSantaMaria 430,7 ha

PlantiodemudasnoCorredordeBiodiversidadeSantaMaria(área) 40,8 ha

PlantiodemudasnoCorredordeBiodiversidadeSantaMaria(unidades) 75.220 un

Sequestrodecarbonodaatmosferaporano(florestaseáreasprotegidas,ladobrasileiro) 732.863,16 ton

Manutençãoeconservaçãoemcativeirodeespéciesdeanimaisnativos–RefúgioBelaVista 81 espécies

Sequestrodecarbonodaatmosferaporano(florestaseáreasprotegidas,ladobrasileiro):

•753.400toneladasdeCO2

•Totalde22,5milhõesdetoneladasdesdeoiníciodoreflorestamento,em1979

Resultados do programa Biodiversidade,Nosso Patrimônio

Page 39: A missão institucional da Itaipu...A mudança na missão institucional da Itaipu Binacional, promovida em 2003 e que incorporou a responsabilidade socioambiental e o desenvolvimento

O programa Valorização do Patrimônio Institucional e

Regional tem seus antecedentes na criação do Ecomuseu

de Itaipu, em 1987. O programa promove ações de

recuperação, preservação, valorização e interpretação

do patrimônio histórico-cultural, técnico científico e

socioambiental da empresa, da região de influência do

reservatório e da Bacia Paraná 3.

O Ecomuseu de Itaipu é uma das medidas mitigadoras

de impacto socioambiental da construção da usina

hidrelétrica. Trata-se de um museu inovador no âmbito da

América Latina, baseado no conceito de ecomuseologia.

Sua missão consiste na coleta, pesquisa, interpretação,

conservação e divulgação de elementos representativos do

patrimônio regional e institucional, vinculados ao território

e à comunidade. No princípio, suas ações eram dirigidas à

população dos municípios lindeiros ao reservatório de Itaipu

e visitantes da usina.

Em 2004, a partir da implantação do Cultivando Água Boa

e com a ampliação da missão institucional da empresa, a

responsabilidade dessa unidade de memória e educação

Valorização do Patrimônio Institucional e Regional

77

Fatos em Destaque2003

• IníciodasatividadesdeformaçãodoCorredorde

BiodiversidadeSantaMaria.

• Nascimentodo14ºfilhotedejaguatirica.

2006

• InauguraçãodoZoológicoRobertoRibasLange.

• Nascimentodoprimeirofilhotedecervo-do-pantanal

noZoológicoRobertoRibasLange.

2008

• RealizaçãodocursodeatualizaçãoemEndocrinologia

deAnimaisSelvagens,promoçãoItaipu/UFPR,

ministradopelasendocrinologistasJaniceBrowne

SarahPutman,doSmithsonianNationalZoological

Park,deNovaYorque(EstadosUnidos),eSusanWalker,

doChesterZoo,deLondres(Inglaterra).

2009

• Nascimentoesobrevivênciadofilhotedeharpia,a

primeirareproduçãobem-sucedidadessaespécie,em

cativeiro,nopaís.

• Comunidadesdasmicrobaciasrecuperadaspelo

CultivandoÁguaBoarelatamoreaparecimentode

espéciesdefaunaquesetornaramrarasnaregião.

• Comemoraçãodos25anosdoRefúgioBiológico

BelaVista.

2010

• AItaipuselaparceriacomaUniãoInternacional

paraaConservaçãodaNatureza(IUCN,eminglês)

paraproduziruminventáriodaictiofaunadaBacia

HidrográficadoPrata.

• Infestaçãodemexilhãodouradodiminuidrasticamente.

Populaçãodomoluscoinvasorestásobcontrole.

76

PlantiodeárvoresnaBP3

Terapiadeavesatravésdafalcoaria

Reproduçãobem-sucedidadeharpiaemcativeiro

Page 40: A missão institucional da Itaipu...A mudança na missão institucional da Itaipu Binacional, promovida em 2003 e que incorporou a responsabilidade socioambiental e o desenvolvimento

ambiental passou a abranger toda a Bacia do Paraná 3,

atuando em parceria com instituições e secretarias de Cultura

e Educação dos 29 municípios da região. O programa

Valorização do Patrimônio Institucional e Regional, criado

naquele mesmo ano, também tem interfaces com outros

programas do Cultivando Água Boa, em especial com o de

Educação Ambiental.

Por meio dessa parceria com os municípios da região,

o Ecomuseu vem atuando como articulador da Rede

Regional de Museus, Memória e Patrimônio Cultural e

Natural, composta por representantes de instituições

públicas e privadas e da Itaipu, entre outros atores sociais,

e que foi formalizada no V Encontro Cultivando Água Boa

(em novembro de 2008). Para a formação dessa rede,

são promovidos encontros trimestrais com os municípios,

denominados Ciclos de Memória.

Como iniciativa de descentralização da sua atuação, o museu

está propondo, em parceria com os municípios integrantes

da rede e com o Centro de Documentação da Itaipu, o

Centro Virtual de Memória Regional, em fase de formação.

Outra iniciativa que valoriza e promove a cultura regional

é o Festival das Águas, com temática socioambiental, que

objetiva incentivar a expressão cultural e o surgimento de

novos valores artísticos, além de estimular a composição

e interpretação de músicas relacionadas a um novo

modo de ser/sentir, viver, produzir e consumir em

nossa região. Em 2009, foi realizada a primeira edição

do Festival, com participação de todos os municípios

da BP3, premiando as melhores composições com a

gravação de um CD.

Além das ações realizadas a partir de um acervo de mais

de 20 mil peças organizadas em diversas coleções, dirigidas

à comunidade regional e a visitantes e turistas nacionais e

estrangeiros, a atuação do Ecomuseu é complementada pela

promoção de exposições temporárias e itinerantes e oficinas

educativas (arte, história, museologia, entre outros), com

proposta pedagógica de educação ambiental e patrimonial.

78 79

Visitação média de 2 mil pessoas no Ecomuseu de Itaipu (mais de 1 milhão em 22 anos de atividades).

Preservação e documentação de um acervo de 20 mil peças.

Festival das Águas da BP3.

OficinasemMuseologiaeHistóriaRegional.

Exposições no Ecomuseu e itinerantes pela região.

CiclosdeMemóriaRegional.

ApoioàorganizaçãodoIEncontroTrinacionaldasMissõesJesuíticasGuarani,emFozdoIguaçu(PR).

Participação em eventos regionais, nacionais e internacionais, como Encontro Paranaense de Museus, em Telêmaco

Borba(PR),oICongressoInternacionaldeMuseologia,emMaringá(PR),eaIJornadadeFormaçãoemMuseologia

Comunitária,noRiodeJaneiro(RJ).

RealizaçãodaOficinaMuseuseTurismo,comatividadesnoBrasil,ParaguaieArgentina.

ColetadeacervoregionalparaoCentroVirtualdeMemóriaRegional,emfasedeformação.

Participaçãona8ªSemananacionaldeMuseus–PromoçãodoseventosSabordeMuseueMuseuvaiàFeira,

em Foz do Iguaçu, e participação em seminários em Cascavel e Itaipilândia.

Ecomuseu inicia revitalização de seu circuito de exposições permanentes, incluindo coleta de depoimentos de

memória regional.

Resultados da valorização do patrimônio

Page 41: A missão institucional da Itaipu...A mudança na missão institucional da Itaipu Binacional, promovida em 2003 e que incorporou a responsabilidade socioambiental e o desenvolvimento

“ArealizaçãodoFestival

dasÁguasdaBP3,que

reúnetalentosmusicaisde

interpretaçãoecomposição

sertanejaepopularcom

temáticasocioambiental,

éumapropostainédita

naregião,queasseguraa

valorizaçãodonossopatrimônioculturalenatural”.

Carmen Cristine Borzatto

Secretária Municipal da Cultura

Marechal Cândido Rondon

“Foidegrandeimportância

participardeumdos

encontrosdaRedeRegional

deMuseus,Memóriae

PatrimônioCulturaleNatural,

apoiadapeloPrograma

CultivandoÁguaBoa,onde

tivemosaoportunidadede

ampliarnossosconhecimentos,compartilharexperiências

eouvirpessoasquededicampartedesuasvidasemprol

daconservaçãohistóricaepatrimonialdanossaregião.”

Edson José Amaral

Educação Patrimonial

Museu do Pioneiro de Matelândia

“AsiniciativasdoCultivando

ÁguaBoacaminhamem

proldodescortinamentoe

valorizaçãodoPatrimônio

NaturaleCulturaldaBP3.

Sãocontribuiçõesde

amplamagnitudeparaa

caracterizaçãodeaspectos

norteadoresqueconduzemàpercepçãodecerta

identidadeculturalquenoséprópria,dentrodeum

espaçoterritorialhistoricamenteconstituído.”

José Augusto Colodel

Historiador

Santa Helena

“Aexperiênciadoprojeto

ContandoHistóriano

Ecomuseu,elaborado

emparceriacomaItaipu,

oportunizoureflexõesacerca

doelementoáguaeasua

importâncianahistóriado

OestedoParaná.Asoficinas

dehistóriaregional,organizadasporacadêmicose

aplicadasaestudantesdoensinomédio,proporcionaram

aopúblicojovemoconhecimentoeavalorizaçãodeste

patrimônioedaculturalocal.”

SolangePortz,

Coordenadora do Curso de História da Uniamérica

Foz do Iguaçu

Fatos em Destaque

2004

• CriaçãodoprogramaValorizaçãodoPatrimônio

InstitucionaleRegional,quepassaaatuarem29

municípios.

2007

• RecepçãodomilionésimovisitantedoEcomuseudeItaipu.

2008

• RealizaçãodaoficinadeValorizaçãodoPatrimônioe

formalizaçãodaRedeRegionaldeMuseus,Memória

ePatrimônioCulturaleNatural.ReiníciodosCiclosde

MemóriaRegionais.

2009

• RealizaçãodasprimeirasoficinasdeMuseologiae

HistóriaRegional,promovidasemparceriacoma

comunidade.

• RealizaçãodoFestivaldasÁguasdaBP3,emparceria

comoConselhodosMunicípoisLindeirosaoLagoda

Itaipu,ACEO/AMOPemunicípiosdaBP3.

2010

• EcomuseusediaencontrodaAssociaçãoBrasileirade

MuseusComunitários(ABREMC),comaparticipação

doconsultorHuguesdeVarine.

• ArticulaçãoentremunicípioseMinCparaações

decorrentesdoProtocolodeCooperaçãoentre

MinistériodaCulturadoBrasil,SecretariaNacionalde

CulturadoParaguaieItaipuBinacional.

Exposições

Ciclodememóriaregional

Conservaçãodeacervos

Gente que cultiva água boa

OficinaMuseuseTurismo,naArgentina

8180

Page 42: A missão institucional da Itaipu...A mudança na missão institucional da Itaipu Binacional, promovida em 2003 e que incorporou a responsabilidade socioambiental e o desenvolvimento

O bom gerenciamento de efluentes é estratégico para

preservar os resultados decorrentes da recuperação

ambiental promovida pelo Cultivando Água Boa. No

programa Saneamento na região, a Itaipu pôs em prática

a gestão dos efluentes líquidos e sólidos no âmbito da

empresa, com as seguintes metas:

1. A implantação, na Itaipu, de uma infraestrutura

de saneamento ambiental adequada às redes e

estações de tratamento de esgoto;

programa também favorece os catadores de materiais

recicláveis. A empresa doa mensalmente cerca de 8 mil

quilos de recicláveis (papéis, papelão, copos plásticos,

plástico mole e plástico duro).

Além disso, o saneamento tem interfaces com um programa

da Itaipu que não está abrigado no Cultivando Água Boa, mas

que compartilha os objetivos socioambientais da empresa: a

Plataforma Itaipu de Energias Renováveis.

Em parceria com diversas instituições, entre elas a Copel

e a Sanepar, a empresa está testando a metodologia

da Geração Distribuída (a produção de energia junto ao

consumo) em seis protótipos que geram eletricidade a

partir dos dejetos da atividade agropecuária e do tratamento

2. A melhoria geral do saneamento básico nas áreas

da usina (Central Hidrelétrica, Centro Executivo,

Ecomuseu,CentrodeRecepçãodeVisitantes,

RefúgioBiológico,entreoutras),comreflexosna

saúde dos empregados e colaboradores.

A partir da solução dos problemas internos, a metodologia

será colocada à disposição das administrações municipais

da BP3, para que possam melhorar as condições

ambientais da região. Além de beneficiar diretamente o

público interno e os moradores do entorno da usina, o

de esgotos urbanos. Essas unidades de demonstração

são: a Granja Colombari, de criação de suínos, em São

Miguel do Iguaçu; a Fazenda Star Milk, de bovinocultura de

leite, em Vera Cruz d’Oeste; a Estação de Tratamento de

Esgoto Ouro Verde, em Foz do Iguaçu; e as unidades de

vegetais, suínos e frigorífico de aves da Cooperativa Lar, em

Itaipulândia e em Matelândia.

Atualmente, a Plataforma Itaipu de Energias

Renováveis, em parceria com o Cultivando Água

Boa, está implantando um projeto inovador em uma

das microbacias já trabalhadas pelo programa. É o

Condomínio de Agroenergia da Agricultura Familiar,

que permitirá a 42 proprietários rurais do Rio Ajuricaba

produzirem energia coletivamente.

Saneamento na Região

ImplantaçãodeestaçãodetratamentodeesgotocompactaparaatenderaoCentrodeRecepçãodeVisitantes

(CRV),EcomuseueBarreira.

Tratamento do esgoto que antes era lançado de forma irregular no Córrego Brasília por moradores vizinhos.

Disposição correta do lixo biológico.

Construção de cerca para proteção da mata e mina d’água na Vila C (bairro de Foz do Iguaçu próximo à usina).

ImplantaçãodesistemadedistribuiçãodeáguanomunicípiodeSantaTerezinhadeItaipu,nacomunidadeRioBonito.

RecuperaçãodaSangaPinheirinho,nomunicípiodeToledo.

ReformadaCentraldeTriagem,comseparaçãodosmateriaisrecicláveisprensadosedoadosparaCOAAFIe

captação da água da chuva.

Resultados do Saneamento na Região

8382

Page 43: A missão institucional da Itaipu...A mudança na missão institucional da Itaipu Binacional, promovida em 2003 e que incorporou a responsabilidade socioambiental e o desenvolvimento

Por trás de todas as ações realizadas pelo Cultivando Água

Boa, existe grande investimento em infraestrutura por

parte da Itaipu e dos parceiros envolvidos. Esse processo é

coordenado pelo programa Infraestrutura Eficiente, criado

especialmente para realizar todas as obras e serviços

necessários ao suporte e desenvolvimento das ações

socioambientais da empresa.

O trabalho é desenvolvido em parceria com as diversas

entidades que participam do Cultivando Água Boa, como

órgãos municipais, estaduais e federais com presença na

região, cooperativas, empresas, sindicatos, entidades sociais,

universidades, entre outras. Dentro do modelo de gestão

participativa adotado pelo programa para intervenção nas

comunidades, a articulação das parcerias é feita pelos

comitês gestores.

Por meio da assinatura de convênios, ficam claramente

definidas as responsabilidades de cada entidade na execução

das ações previstas para a microbacia.

As atividades desenvolvidas pelo Infraestrutura Eficiente

estão, na realidade, relacionadas aos demais programas

do Cultivando Água Boa e, consequentemente, a seus

resultados. Além desse suporte, o programa oferece o

trabalho de recuperação ambiental e paisagística das áreas

anteriormente alteradas pelas obras de construção da

barragem. É um trabalho contínuo de paisagismo que visa

garantir um ambiente propício à vida silvestre daquela área e

agradável para os trabalhadores e turistas.

Os resultados do programa podem ser conferidos nas

seções dedicadas às demais ações do Cultivando Água

Boa, com destaque para a adequação dos pontos de pesca,

galpão para a comunidade indígena do Ocoy, implantação

da Avenida Beira Rio no Parque Temático Sete Quedas,

construção do Centro de Convivência da Vila C (Escola

Arnaldo Isidoro de Lima) em Foz do Iguaçu, e a manutenção

anual de mais de mil hectares de áreas gramadas, além

do tratamento paisagístico em toda a área da Central

Hidrelétrica, Refúgio Biológico Bela Vista, Centro Executivo,

Ecomuseu e Centro de Recepção de Visitantes.

Infraestrutura Eficiente

A metodologia do Cultivando Água Boa, calcada na participação comunitária e no

compartilhamento de responsabilidades com inúmeros parceiros, tem na realização dos

encontros anuais a coroação das atividades desenvolvidas ao longo do ano. Os eventos são

voltados à difusão de informações e boas práticas socioambientais, capacitação, avaliação,

planejamento e repactuação entre os atores envolvidos.

Os eventos são precedidos de pré-encontros, realizados em todos os 29 municípios da Bacia

do Paraná 3. Nos pré-encontros, o público se divide em reuniões plenárias específicas para cada

um dos 20 programas do Cultivando Água Boa. Nessas reuniões são coletadas sugestões e

propostas que são levadas ao encontro principal.

1º encontro Cultivando Água Boa

Realizado em 20 de junho de 2003, foi o marco de lançamento do programa.

2º encontro Cultivando Água Boa

Nos dias 16 e 17 de setembro de 2004, reuniram-se em Foz do Iguaçu mais de 2 mil pessoas

para participar do 2º Encontro Cultivando Água Boa, que foi precedido de uma cavalgada

promovida por 31 CTGs (Centros de Tradições Gaúchas) da região. Em oito dias, os cavaleiros

percorreram 500 quilômetros levando mensagens ecológicas e mobilizando as comunidades

para que participassem do evento.

O encontro reuniu representações de todos os municípios da BP3, dirigentes da Itaipu,

autoridades e lideranças regionais, estaduais e nacionais e de expressões do pensamento

socioambiental, como o australiano Ken O’Donnell e o jornalista brasileiro Washington Novaes.

As ministras do Meio Ambiente, Marina Silva, e das Minas e Energia, Dilma Roussef e Leonardo

Boff enviaram mensagens eletrônicas de reconhecimento da importância do programa.

No encontro, foi lançada oficialmente no Paraná a política ambiental definida para o Brasil pela

Pré-Encontros e Encontros Cultivando Água Boa

1ºPactodasÁguasdoprograma

8584

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Conferência Nacional do Meio Ambiente, que acabava de ser concluída. O lançamento foi feito

em painel desenvolvido pelo diretor do Programa de Educação ambiental do Ministério do Meio

Ambiente, Marcos Sorrentino, pela diretora de Educação ambiental do Ministério da Educação,

Rachel Trajber, e pelo secretário do Meio Ambiente do Paraná, Luiz Eduardo Cheida.

Pacto das Águas

Em oficinas temáticas, os participantes, divididos em dez grupos, analisaram o andamento

do Cultivando Água Boa e formularam 30 novas propostas que dariam maior amplitude e

consistência às ações do programa. As propostas foram expostas em sessão plenária que

celebrou o 2º Pacto das Águas, nestes termos:

“Nós, participantes do 2º Encontro Cultivando Água Boa e do 2º Pacto

das Águas da BP3, declaramos nosso compromisso com a correção dos

passivos ambientais e com o cultivo da ética do cuidado.

Nesse sentido, assumimos os princípios e valores contidos na Carta da

Terra, Agenda 21 e Metas do Milênio.

No espírito dessas orientações planetárias, validamos as propostas e o

pacto dos municípios da região para garantir, nos próximos quatro anos, o

saneamento básico e a disposição final correta dos resíduos.

Neste Pacto das Águas nos comprometemos a fazer a nossa parte como

sinal da esperança de boa qualidade do ambiente de vida para nós e as

futuras gerações.”

Ética do Cuidado

A palestra magna do evento foi do escritor australiano Ken O’Donnell, que abordou “A ética do

cuidado: valores base da sustentabilidade”. Ele começou narrando um episódio de sua vida:

“Eu estava em um táxi em Curitiba, preso em um engarrafamento, e perguntei ao taxista se era

sempre assim, como em São Paulo. Ele respondeu: ‘Nem tanto, mas o trânsito de Curitiba está

ficando cada dia pior’. Perguntei então como achava que iria ficar daqui a dez anos. ‘Só Deus

sabe’, disse. E acrescentou: ‘Eles vão ter que fazer alguma coisa’. Retruquei: ‘Eles quem?’. O

taxista ficou sem resposta, mas devia estar pensando nos governantes”.

O’Donnell repassou a pergunta à plateia: “Quem são eles?” E respondeu: “Eles somos nós.

Todos queremos mudanças, mas quantos de nós queremos mudar? Quanto queremos mudar

nossos hábitos de consumo, nossos hábitos em relação aos cuidados que precisamos ter?

Quando vamos desenvolver atitudes suficientes para garantir a sustentabilidade? Não existem,

além de nós mesmos, outros ‘eles’ que possam vir à Terra resolver nossos problemas.”

Lembrou O’Donnell que o filósofo britânico Arnold Toynbee estudou 21 civilizações que

desapareceram (egípcia, romana, inca e outras) e encontrou dois fatores comuns a todas:

concentração do poder e riqueza nas mãos de poucos e incapacidade de fazer mudanças a

tempo de evitar o colapso.

“Assim como se cuida da casa onde se vive, assim tem-se que cuidar da casa de todos, a mãe

Terra”, prosseguiu. “Ecologista não existe para salvar uma coisa que está longe, e sim no lugar

onde vive”, ensinou.

Em 2005 o evento não foi realizado – deu lugar ao Fórum Diálogos da Bacia do Prata.

3° encontro Cultivando Água Boa

Prestes a completar quatro anos de existência, o programa socioambiental Cultivando Água

Boa realizou, nos dias 30/11 e 1º/12 de 2006, no Centro de Convenções de Foz do Iguaçu, o

terceiro grande encontro de avaliação do trabalho desenvolvido e de projeções para o futuro,

com participação de cerca de 2.300 pessoas, sendo 1.600 de representantes da BP3. Sob a

denominação “Pactos pela Vida Sustentável”, Itaipu e diversas instituições parceiras realizaram

os seguintes eventos integrados: 3º Encontro Cultivando Água Boa; 2ª Feira Vida Orgânica,

de alimentos orgânicos, com participação de mais de 100 produtores e 20 associações e

cooperativas; lançamento do Centro de Saberes e Cuidados Socioambientais da Bacia do Prata,

pela Itaipu e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma); lançamento

do livro “Sistema Plantio Direto com Qualidade”; 4ª Mostra e Seminário de Educação ambiental

do Parque Nacional do Iguaçu; Consolidação da Agenda 21 na BP3 pelas oficinas temáticas do

Cultivando Água Boa; e 6ª Edição do Programa Professor Destaque Ambiental.

Para a avaliação do Cultivando Água Boa, foram realizadas oficinas temáticas em grupos

específicos para cada programa. Na conclusão dos trabalhos foi celebrado o Pacto Pela Vida

Sustentável, com exposição das propostas surgidas nas oficinas temáticas. Diz a introdução

ao documento: “Aqui nos reunimos para avaliar, refletir e propor ações para a elevação da

qualidade de vida e do meio ambiente, especialmente da água na região em que habitamos.

Nesse encontro trabalhamos com as ideias, sugestões e recomendações apresentadas, que

foram discutidas e assumidas nas oficinas temáticas, pelas quais construímos esta carta que

representa nossos compromissos pessoais e coletivos”.

Feira Vida Orgânica

Em todas as edições dos encontros anuais, como também em outros eventos, está

presente a Feira Vida Orgânica para exposição e comercialização da produção da

agricultura orgânica regional desenvolvida dentro do Programa Desenvolvimento

Rural Sustentável, do Cultivando Água Boa. A cada feira evidenciam-se os avanços na

quantidade e qualidade da produção.

Arte, cultura, ciência, ação

O programa do evento incluiu também a exposição fotográfica “Parque Nacional do Iguaçu – 20

Anos de Patrimônio Natural da Humanidade”; apresentações artísticas e culturais por profissionais

e estudantes dos municípios da BP3 e do entorno do Parque Nacional do Iguaçu; exposições de

8786

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imagens e dados sobre as ações socioambientais realizadas pelo Cultivando Água Boa no Brasil e

no Paraguai; exposição de trabalhos de pesquisa científica da área de influência do reservatório, do

Parque Nacional e seu entorno.

Presenças ilustres

Participaram do evento, além de diretores da Itaipu, Orlando Pessuti, governador do Paraná

em exercício; Pedro Ivo Batista, representante da ministra do Ministério do Meio Ambiente,

Marina Silva, e coordenador da Conferência Nacional do Meio Ambiente; Rachel Trajber,

coordenadora de Educação ambiental do Ministério da Educação; Marcos Sorrentino,

diretor de Educação ambiental do Ministério do Meio Ambiente; Sérgio Bueno da Fonseca,

coordenador da Agenda 21 brasileira; Enrique Leff, coordenador da Rede de Educação

ambiental para a América Latina e Caribe, do Pnuma; Rasca Rodrigues, secretário do Meio

Ambiente do Estado do Paraná.

4º encontro Cultivando Água Boa

Em2007,simultaneamenteaoEncontroCultivandoÁguaBoa,realizaram-seoutrostrês

eventos:6ªFeiraVidaOrgânica,5ªMostraeSemináriodeEducaçãoambientaldoParque

NacionaldoIguaçue3ªConferênciaRegionaldeMeioAmbiente,organizadospelaItaipu

Binacional, pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – Parque Nacional

do Iguaçu e pela Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Paraná.

O Encontro Cultivando Água Boa teve início ainda em setembro de 2007, com a realização de

29 reuniões preparatórias, que reuniram cerca de 3.600 pessoas que atuam no programa nos

29 municípios da BP3. E o evento que reuniu todos os atores em novembro teve a participação

efetiva de mais de 3.300 pessoas de diversas regiões do Paraná e do Brasil, algumas do

exterior, entre elas cerca de 150 representantes dos demais países da Bacia do Prata (Bolívia,

Paraguai, Argentina e Uruguai).EnriqueLeff

Para a Itaipu e seus parceiros, o encontro teve os objetivos de “expor, compartilhar e avaliar as

práticas socioambientais sustentáveis do Cultivando Água Boa, estimulando e fortalecendo as

parcerias, iniciativas e conceitos socioambientais, e culminando no Pacto pela Vida Sustentável,

com ações encaminhamentos futuros, principalmente frente à questão do aquecimento global”.

Oficinas temáticas e variedades

Os atores do Cultivando Água Boa foram distribuídos em dez oficinas temáticas, cujos

resultados foram levados para uma cerimônia coletiva com apresentação e leitura da Carta

Pactos pela Vida Sustentável, em que os participantes assumiram o compromisso com um total

de 68 propostas de ação no curto, médio e longo prazo.

O evento teve ainda música, teatro, poesia, religiosidade, espaço especial para o chamamento

ao cultivo da equidade de gênero e a já tradicional Feira Vida Orgânica, sétima edição, com

participação de 23 entidades e empresas expositoras de produtos orgânicos. Os atores de

cada programa ou projeto do Cultivando Água Boa também fizeram exposição das práticas

sustentáveis mais significativas desenvolvidas nos 29 municípios da BP3.

Palestras

Outra importante atividade consistiu nas palestras proferidas por personalidades de renome

nacional e internacional:

• PauloNobre,doInstitutoNacionaldePesquisasEspaciais(Inpe),abordouotema

“Mudançasclimáticaseaquecimentoglobal”.Disseque“oaquecimentoglobaléuma

realidadeatual,nãoumaimprovávelprojeçãoparaofuturo”.

• LeonardoBoffdiscorreusobre“Ocompromissodasociedadediantedasmudanças

climáticas–anecessidadedeumanovaéticadocuidado”.Defendeu“ummododevidamais

simples,queexigealgunssacrifícios,massóassimpoderemosreverteroquadroatual”.EnriqueLeff PauloNobre

8988

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• DomMauroMorelliabordouamudançaclimáticasobaóticadodesafioquerepresenta

paraasegurançaalimentaredefendeuque“alimentaçãoenutriçãoadequadassãoo

maiselementarebásicodireitohumano”.

• EnriqueLeff,doPnumaedoCentrodeSaberesecuidadosSocioambientaisdaBacia

doPrata,faloude“Diálogodaságuas,diálogodesaberes”.

• LetíciaSabatella,atriz,defendeuaeducaçãocomo“armamaiseficazparafazercessara

degradaçãoambientaledavida”.

5º encontro Cultivando Água Boa

Em 2008, com participação de cerca de 4.000 pessoas, o Encontro Cultivando Água Boa,

realizado dos dias 23 a 25 de novembro, foi promovido paralelamente ao Fórum de Águas

das Américas – organizado pela Agência Nacional de Águas e pelo Conselho Mundial da Água,

em preparação ao 5º Fórum Mundial da Água –, à Reunião do Conselho Mundial da Água,

ao Encontro Anual do Centro de Saberes e Cuidados Socioambientais da Bacia do Prata e

Encontro de Comunicação Socioambiental do Sistema Eletrobrás. O Encontro Cultivando Água

Boa, como de hábito, foi precedido de reuniões preparatórias nos 29 municípios da BP3, com

envolvimento de 2.600 pessoas atuantes no programa.

Oficinas temáticas

O Encontro Cultivando Água Boa teve como dinâmica central o trabalho desenvolvido em dez

oficinas temáticas, cada uma com média de 200 participantes, que mostraram receptividade e

mesmo entusiasmo em relação ao programa, engajamento nas suas ações e forte empenho

em levar a missão adiante. Nas oficinas foi trabalhada, especialmente, a ideia do fortalecimento

dos comitês gestores do programa nos municípios, na perspectiva de que o protagonismo seja

cada vez mais das comunidades do que da Itaipu. DomMauroMorelli

Diretor-geralbrasileirodaItaipu,JorgeSamek

Cada oficina iniciava com palestra de uma ou mais pessoas especializadas no respectivo

tema. Em seguida os participantes passavam ao exame e debate das ações do programa CAB,

para depois formular propostas para sua continuidade e, no que foi o ponto alto do evento,

assinaram a Carta Pacto, com dezenas de propostas de ação.

Itaipu no Conselho Mundial da Água

Em sessão especial dentro da programação do Fórum de Águas das Américas, a Itaipu

Binacional foi admitida oficialmente como membro do Conselho Mundial da Água pelo próprio

presidente da entidade, Löic Fauchon. Além dele, participaram do ato o presidente da ANA –

Agência Nacional de Águas, José Machado, o ministro do Meio Ambiente da Turquia, Veysel

Eroglu, e o diretor-geral da Itaipu, Jorge Samek.

O Conselho Mundial, com sede na França, reúne 360 organizações de 60 países, com uma

preocupação básica: tornar os cuidados com água uma prioridade para os governos.

“Samek tem muito a contribuir com o Conselho, não apenas por dirigir a maior hidrelétrica do

mundo, mas pelo trabalho que é feito na bacia”, disse Loïc Fauchon. “Fiquei impressionado com

a quantidade de programas sociais desenvolvidos pela empresa.”

Adesão do Brasil ao Centro de Saberes

Outro fato marcante do conjunto dos eventos foi a adesão oficial do governo brasileiro,

confirmada pelo ministro Carlos Minc, ao Centro de Saberes e Cuidados Socioambientais da

Bacia do Prata. Com a medida, o Ministério do Meio Ambiente passou a ter poder de apoiar

financeiramente o órgão e estabelecer com ele acordos de cooperação técnica e científica

(saiba mais sobre o Centro de Saberes na página 97).

Fórum de Águas das Américas

Cerca de 250 autoridades de 37 países das três Américas reuniram-se em Foz do Iguaçu

para discutir os principais problemas do continente em relação à gestão de recursos

hídricos, especialmente os temas ligados ao financiamento e à universalidade de acesso

a esse bem finito e ameaçado pela contaminação produzida pelas atividades humanas.

O fórum definiu o posicionamento dos países americanos que será levado ao Fórum

Mundial, realizado em março de 2009, em Istambul, Turquia. Os participantes emitiram o

documento “Mensagem de Foz do Iguaçu”, contendo as conclusões do Fórum, entre elas

esta proposição: “Promover inclusão social e erradicação da pobreza por meio do acesso

universal à água potável e saneamento básico e do uso produtivo da água, pela utilização

do potencial hidrelétrico, de irrigação, do transporte, turismo e lazer, dentro de um contexto

de desenvolvimento sustentável”.

9190

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Arte, cultura e espiritualidade

Uma série de atividades artísticas, culturais e espirituais perpassaram os trabalhos. Já na abertura

dos eventos houve apresentação do Coral de Itaipu com a Orquestra de Câmara do Paraná,

e o Balé do Teatro Guaíra, de Curitiba. Entre uma e outra parte da programação, apresentou-

se a cantora Shizue Naka, da ONG União Planetária. Também se apresentou com sucesso

o Coro Municipal Villa Lobos, do município de Entre Rios d’Oeste, integrante da BP3. Ainda

pela União Planetária foi montada a Tenda Espiritual e, na mesma linha, foram desenvolvidas

mesas-redondas sobre os temas “Água e Saúde Integral” e “Água e Ecologia Profunda”. No

encerramento, apresentou-se o cantor Almir Satter e orquestra, encantando o público com

música folclórica brasileira e latino-americana. E mais: como sempre, durante os eventos

aconteceu a Feira Vida Orgânica, de alimentos orgânicos e artesanato, inclusive indígena,

revelando importantes avanços que a agricultura regional vem apresentando no campo do

desenvolvimento rural sustentável.

6º encontro Cultivando Água Boa

Seguindo a tendência de, a cada ano, registrar uma participação crescente, o 6º Encontro

Cultivando Água Boa foi um grande sucesso de público. Nada menos que 4,3 mil pessoas

compareceram à abertura do evento, em 18 de novembro, no Rafain Palace Hotel, em Foz do

Iguaçu. Os outros dois dias de programação também registraram mais de 4 mil participantes,

em média.

A grande novidade da sexta edição foi a realização conjunta com o 7° Encontro Íberoamericano

de Desenvolvimento Sustentável (Eima7), do 1º Encontro de Organismos de Bacia da América

Latina (1º Relob) e do Encontro Anual do Centro de Saberes e Cuidados Socioambientais

da Bacia do Prata. Logo após o encerramento do 6º CAB, foi promovida a 5ª Conferência

Internacional sobre Felicidade Interna Bruta (FIB).

Dois fatos marcaram a abertura da programação. O primeiro foi a criação de departamentos

de meio ambiente em diversas instituições da região Oeste do Paraná, como a Associação

das Câmaras Municipais d’Oeste do Paraná (Acamop), Associação dos Municípios d’Oeste

do Paraná (Amop) e Conselho dos Municípios Lindeiros, entre outras. Outra conquista para o

programa foi a assinatura de um convênio com a Fundação Roberto Marinho, semelhante ao

projeto-piloto firmado em 2007 com a mesma entidade. O convênio prevê a formação de

720 gestores de bacias hidrográficas (mais informações na página 99).

Outro destaque da abertura foi a palestra do ecosocioeconomista Ignacy Sachs. De origem

polonesa, ele foi um dos precursores no conceito de desenvolvimento sustentável, ainda nos

anos 1970. Também proferiram palestras o jornalista Washington Novaes e o escritor Carlos

Walter Porto Gonçalves, que falou sobre “Um novo modo de ser para a sustentabilidade”. A

programação incluiu ainda 12 oficinas temáticas, que trataram de temas como aquicultura,

agroecologia, educação ambiental, energias renováveis e comunicação socioambiental.

Grandes estrelas e autoridades mundiais em meio ambiente participaram do encerramento

do encontro, tais como a atriz Maitê Proença, o cantor e compositor Almir Sater e também o

primeiro-ministro do Butão, Lyongpo Jigme Thinley, o principal responsável pela difusão da

metodologia da FIB como um novo conceito de avaliar a riqueza de uma nação. Para Maitê

Proença, o evento mostrou que o Programa Cultivando Água Boa funciona porque tem o

envolvimento verdadeiro das pessoas.

“A gente vê que não é algo burocrático; imposto. As pessoas estão envolvidas de verdade. E por

isso deve perdurar”, afirmou.

EIMA 7

Realizado pela primeira vez no Brasil, o Eima propôs, na agenda ambiental internacional,

debates sobre política e administração ambiental, planejamento energético, ecologia

urbana, planos de cooperação internacional, contaminação atmosférica, fornecimento e

contaminação da água, educação ambiental, produção de energia; participação cidadã,

cooperação hispano-americana, gestão sustentável das cidades, entre outros temas. Na

abertura do evento, o diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, Jorge Samek, fez a defesa

das energias renováveis, afirmando ser essa principal alternativa para se promover o

desenvolvimento sem prejudicar o meio ambiente. Já o diretor executivo do Observatório

de la Sostenibilidad en Espana (OSE), Luis Jiménez Herrero, defendeu a criação de

indicadores para administrar os recursos ambientais de cada país. E o presidente da

Fundação Conama (Conselho Nacional de Meio Ambiente, da Espanha), Gonzalo Echagüe

Méndez de Vigo, afirmou que a crise ambiental é um aviso para os governos, para que o

desenvolvimento seja inteligente, se preocupando com os aspectos econômicos, sociais,

ambientais e culturais. Ao final do evento, foi celebrado um convênio de cooperação

técnica entre a Itaipu e a Fundação Conama.

9392

Page 48: A missão institucional da Itaipu...A mudança na missão institucional da Itaipu Binacional, promovida em 2003 e que incorporou a responsabilidade socioambiental e o desenvolvimento

Centro de Saberes

Um grupo de seis notáveis defensores de causas sociais e ambientais forma o Conselho de Saberes e

Cuidados Socioambientais da Bacia do Prata. A constituição do conselho aconteceu durante o segundo

dia de atividades do Encontro Anual do Centro de Saberes e Cuidados Socioambientais da Bacia do

Prata, evento realizado paralelamente ao 6º CAB. Integram o conselho o argentino Carlos Galano, o

mexicano Enrique Leff, o paraguaio Oscar Rivas e os brasileiros Leonardo Boff, Marcos Sorrentino e

Moema Viezzer. O conselho foi criado para resgatar a história de pessoas que inspiraram a formação do

próprio centro e manter uma conexão permanente com esses idealizadores.

1º Relob

A realização do 1º Encontro de Organismos de Bacias da América Latina e Caribe (Relob), em

Foz do Iguaçu, foi anunciada pelo Governo do Paraná durante a abertura o Fórum de Águas das

Américas, realizado na mesma cidade em novembro de 2008 e que contou com a participação

de representantes de 33 países da América Latina e do Caribe. O 1º Encontro serviu para

fortalecer a rede, com o objetivo de contribuir com a melhoria da gestão integrada dos recursos

hídricos na América e no Caribe, por intermédio do conhecimento de experiências nacionais e

internacionais e do intercâmbio entre organismos de bacias hidrográficas.

5ª Conferência Internacional sobre FIB

Também realizada pela primeira vez no Brasil, a Conferência Internacional sobre FIB contou

com a participação de uma comitiva de autoridades do Butão, liderada pelo primeiro-ministro

Lyongpo Jigme Thinley. A organização da conferência foi do Instituto Visão Futuro, coordenado

pela psicóloga e antropóloga Susan Andrews, com apoio da Itaipu.

O termo Felicidade Interna Bruta foi criado em 1972, pelo rei butanês Jigme Wangchuck, para ReuniãoanualdoCentrodeSaberes

se contrapor às medições puramente materiais do Produto Interno Bruto (PIB). Segundo o

primeiro-ministro, o PIB é valorizado ao custo do empobrecimento espiritual e é a antítese

da FIB, que busca o equilíbrio entre as necessidades materiais e espirituais. A metodologia

da FIB compreende 72 indicadores agrupados em nove dimensões da felicidade: bem-estar

psicológico, uso do tempo, vitalidade da comunidade, cultura, saúde, educação, diversidade do

meio ambiente, padrão de vida e governança.

O que foi dito

Autoridades e personalidades de destaque no pensamento socioambiental participaram de

encontros Cultivando Água Boa e deixaram mensagens, como estas:

“Viemosaquiparamostraraexperiênciapráticada

adoçãodametodologiadaFelicidadeInternaBruta

(FIB)noButãoetambémparaaprendercomo

trabalhosocioambientaleorespeitoàpopulaçãolocal

promovidospelaItaipunessaregiãodoBrasil.Viemos

paraaprendereaprendemosmuito.Quandovoltarao

meupaís,todosvãosaberoqueestáacontecendoaqui.

Podemcontinuarfazendoestetrabalhobonito,queserve

deinspiraçãoparatodaahumanidade.“

Primeiro-ministrodoButão,LyongpoJigmeThinley

“Noúltimodia23desetembroestourouessacriseque

seráumincômodoparatodosnósnospróximostrêsou

quatroanos.Elaéaconstataçãodainsustentabilidade

doplanetacomoumtodo.Estamosconsumindo40%

amaisdoqueaTerrapodeproduzir.Acontinuarmos

nesseprocesso,nãovamoschegaraoano2030,porque

oPIBatual(tudooqueahumanidadeproduzemriqueza

eserviços)éde50trilhõesdedólaresanuais.Sea

humanidadecrescerdoisatrêsporcento,em2030oPIB

seráde130trilhõesdedólares.Masnãovamoschegarlá.Nãodá.ATerranãoaguenta.”

Leonardo Boff, da Comissão da Carta da Terra

9594

SusanAndrewsfalaaparticipantesda5ªFIB

Page 49: A missão institucional da Itaipu...A mudança na missão institucional da Itaipu Binacional, promovida em 2003 e que incorporou a responsabilidade socioambiental e o desenvolvimento

“Hojeéumdiamuitoimportante.Temosaqui

representados37paísesdasAméricassepreparando

paraoFórumMundialdaÁgua,deIstambul.Éum

eventodegranderepercussãointernacional.Eventos

comoessemostramaimportânciadesetrataro

temadaáguaglobalmente.Aágua,semdúvida,é

umproblemainternacional.Nósqueremoslevar

nossapreocupaçãoparaomundo.Entretanto,éem

âmbitolocal,nomunicípioenaspessoasquevamos

efetivamenteresponderaosproblemasquenosafetam

nosaneamento,naconservaçãodaagriculturasustentáveledessamaneiragerirbem

nossosrecursoshídricos.“

José Machado, presidente da Agência Nacional de Águas (ANA)

“Aquestãodomeioambientedeveserpensadade

maneiratransversal,unidaasetoressobperspectivas

políticas,econômicas,sociais,culturaiseestéticas.É

precisoumplanodedesenvolvimentosustentávelque

leveemcontatodosessesaspectos,conjuntamente.”

MarinaSilva,senadora,ex-ministradoMeioAmbiente

“AItaipuBinacional,pormeiodoCultivandoÁguaBoa,

éumgrandeexemplodeaçõesquerecomendamosao

presidenteLulaparareplicarmosemoutraspartesdo

Brasil.”

Carlos Minc, ex-ministro do Meio Ambiente

Para compartilhar as experiências e conhecimentos adquiridos ao longo de sua execução, o

Cultivando Água Boa gerou iniciativas que têm como missão a difusão de práticas e de tecnologias

para outras regiões do país e do mundo interessadas em promover a sustentabilidade.

Centro de Saberes e Cuidados Socioambientais da Bacia do Prata

O Centro de Saberes e Cuidados Socioambientais da Bacia do Prata foi constituído a partir de

uma série de diálogos entre especialistas em educação ambiental que ocorreram em 2006,

quando foi firmado o Acordo de Cooperação Técnica, Científica e Financeira entre o Programa

das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Itaipu Binacional e Fundação Parque

Tecnológico Itaipu (FPTI), com a presença do Comitê Intergovernamental Coordenador dos

Países da Bacia do Prata (CIC).

A partir de 2006, Ministérios e Secretarias do Meio Ambiente da Argentina, Bolívia, Brasil,

Paraguai e Uruguai, Ministérios da Educação do Brasil e Paraguai, Ministério da Agricultura y

Ganadería do Paraguai, Organizações não-governamentais e universidades dos cinco países da

Bacia do Prata também passaram a fazer parte da iniciativa.

A missão do centro é contribuir com ações de educação regional para responder aos desafios

socioambientais globais, regionais e locais, em sintonia com documentos planetários, para

construir um futuro sustentável no território pratense.

RepresentantesdoscincopaísesdaBaciadoPratanoCentrodeSaberes

9796

Troca de experiências e difusão do conhecimento

Page 50: A missão institucional da Itaipu...A mudança na missão institucional da Itaipu Binacional, promovida em 2003 e que incorporou a responsabilidade socioambiental e o desenvolvimento

A principal metodologia do centro

para a divulgação dos saberes

ambientais consiste nos Círculos de

Aprendizagem Permanente (CAPs).

O objetivo é formar cidadãos que

vivem na Bacia do Prata, por meio

de processos educativos que

contemplem os princípios e valores

dos documentos planetários para

um futuro sustentável. A cada nível,

os participantes multiplicam os

conhecimentos por meio do efeito

mandala.

O CAP 1 é formado pelo Conselho

Diretor, Comitê gestor, Assessores Técnicos e Secretaria Executiva (20 participantes).

O CAP 2 são gestores e técnicos, representantes de governos, da sociedade civil, da

comunicação e das universidades (35 participantes – 7 por país).

O CAP 3 tem formadores e formadoras socioambientais de instituições governamentais, da

sociedade civil e de ensino (150 pessoas, 30 por país). O CAP 3 iniciou nos países da Bacia

durante o segundo semestre de 2009.

O CAP 4 são comunidades de aprendizagem com saberes, ações e produtos de comunicação

socioambiental (4.500 pessoas, sendo 900 por país). Previsão de conclusão do processo

formativo até o final de 2010.

Ao final do CAP 4, o centro pretende formar comunidades de aprendizagem que valorizem seus

saberes e práticas socioambientais e se capacitem para produzir, com os outros atores sociais,

novos saberes e ações sustentáveis da Bacia do Prata.

Centro Internacional de Hidroinformática

Por meio de uma parceria entre a Itaipu Binacional e a Organização das Nações Unidas para

a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o Centro Internacional de Hidroinformática (CIH),

instalado no Parque Tecnológico Itaipu (PTI), vem contribuindo para a execução do Programa

Hidrológico Internacional (PHI), considerado a maior iniciativa mundial de cuidados com a água,

na região trinacional – Brasil, Paraguai e Argentina.

O CIH aproveita a experiência de mais de 20 anos no monitoramento da qualidade da água do

reservatório e desenvolve ferramentas que auxiliam as comunidades dos municípios da Bacia

do Paraná 3 a fazer o acompanhamento de seus indicadores de sustentabilidade.

Além dessas ferramentas (softwares, aplicativos e metodologias), o CIH atua no campo

educacional (capacitação em diversos níveis) e da comunicação (divulgação dos conteúdos

relacionados à hidroinformática).

Multicurso Água Boa de Gestores de Bacias Hidrográficas

Resultado de um convênio com a Fundação Roberto Marinho, o Multicurso Água Boa de

Gestores de Bacias Hidrográfi cas é um programa de capacitação e formação continuada em

gestão para líderes comunitários, professores e técnicos em meio ambiente da BP3, que teve

início no primeiro semestre de 2010.

A iniciativa transformou as microbacias da região em verdadeiras salas de aula e, a

partir dessa experiência, a Fundação Roberto Marinho irá replicar os conhecimentos do

Cultivando Água Boa pelo Brasil afora, através de uma rede de aprendizagem para a

gestão de bacias hidrográficas.

O curso conta com 720 participantes nos 29 municípios da região, divididos em dois núcleos

(Foz do Iguaçu e Toledo). A duração prevista é de 18 meses e a metodologia

une educação presencial e a distância.

9998

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Reconhecido por meio de diversos prêmios nacionais e internacionais, o Cultivando Água Boa está

se firmando como referência em boas práticas socioambientais no país. Os méritos, em especial,

também devem ser atribuídos e compartilhados com os inúmeros atores e parceiros do programa.

2010

Clean Tech & New EnergyA capacidade da Itaipu de produzir energia limpa e renovável foi reconhecida pela revista

britânica The New Economy, responsável pelo prêmio Tecnologia Limpa e Novas Energias.

Tida como “líder em desenvolvimento de energias renováveis”, a Itaipu foi uma das

premiadas, ficando lado a lado com as maiores empresas produtoras de energia do planeta.

Projetos da empresa, como o Cultivando Água Boa, a Plataforma de Energias Renováveis,

Veículo Elétrico e o Parque Tecnológico Itaipu foram mencionados como exemplos de

iniciativas de sucesso.

Prêmio Chico MendesO Prêmio Social Ambiental Chico Mendes reconhece o esforço da Itaipu na promoção de

diversas ações socioambientais, no âmbito do programa Cultivando Água Boa. Promovido pelo

Instituto Chico Mendes, o prêmio valoriza ações voltadas ao desenvolvimento sustentável por

intermédio da promoção humana e da conservação ambiental.

Reconhecimentos e premiações

Conferênciamundialdospovos

101100

Além das diversas ferramentas de aferição de resultados e de planejamento participativo, o Cultivando Água

Boa também busca o intercâmbio com iniciativas nacionais e internacionais que possam contribuir para o

aperfeiçoamento do modelo de gestão e da metodologia empregada. Entre muitas apresentações do programa

em instituições e eventos, destacam-se:

México–2ºColóquioInternacionaldeBaciasSustentáveis,naCidadedoMéxico–2010

Holanda – Earth Charter +10, em Haia

Paraguai–FórumSocialdasAméricas,emAssunção

Bolívia – Conferência Mundial dos Povos sobre as Mudanças Climáticas e Direitos da Mãe Terra, em Cochabamba

Alemanha – Biofach 2010, feira internacional de produtos orgânicos, em Nuremberg

Turquia: 5º Fórum Mundial da Água, em Istambul, em 2009

Bélgica: Apresentação para o Parlamento Europeu, em Bruxelas

Espanha: Tribuna da Água da ExpoZaragoza, em 2008

México:ForoRegionaldaAméricadoNorte,AméricaLatinaeCaribesobreEnergiaeÁgua

Itália: Apresentação para a Universidade de Pisa

China:SimpósioInternacionalsobreoProjetodeTrêsGargantaseDesenvolvimentoeProteçãodeRecursos

HídricosdoRioYangtze

Holanda: Earth Charter +5 (Carta da Terra)

México: 4º Fórum Mundial da Água, na Cidade do México, em 2006

CostaRica:CiclodeexperiênciasdaConferênciaemTecnologiasdeCentraisHidrelétricas

Portugal: 2º Fórum das Águas, em Lisboa

Espanha: no Fórum Internacional das Colheitas e na Associação Espanhola da Indústria, em 2004

Intercâmbio

ExpoZaragoza,Espanha

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2009

Prêmio ECOLançado pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos (Amcham) em 1982, o Prêmio ECO foi

pioneiro no reconhecimento de companhias que adotam práticas sustentáveis no Brasil. A Itaipu

Binacional foi uma das vencedoras do ECO 2009, como empresa de grande porte na categoria

Sustentabilidade em Processos.

Prêmio Von Martius de SustentabilidadeO Prêmio Von Martius de Sustentabilidade foi criado pela Câmara de Comércio e Indústria

Brasil-Alemanha, em 2000, com a proposta de premiar projetos que valorizam ações voltadas

ao desenvolvimento sustentado. Em 2009, o Cultivando Água Boa ficou em segundo lugar

entre as 10 empresas premiadas. Ao todo, foram inscritos 166 projetos.

3º Prêmio Brasil Meio AmbienteOrganizado pela Companhia Brasileira de Multimídia (CBM), o prêmio prestou homenagem ao

diretor de Coordenação e Meio Ambiente da Itaipu, Nelton Friedrich, como “Destaque Federal” no

setor ambiental em 2008.

7º Prêmio Benchmarking Ambiental BrasileiroA Itaipu obteve a 3ª colocação no Benchmarking Ambiental Brasileiro 2009. A empresa

concorreu com o Programa de Educação ambiental para a Sustentabilidade, uma das ações

do Cultivando Água Boa. Dos 169 cases enviados, 30 foram selecionados para a final e

apresentados a um público formado por executivos, gestores, especialistas e jornalistas. A

terceira colocação deixou a binacional à frente de grandes empresas concorrentes, como

Embratel, Johnson & Johnson, Souza Cruz, Klabin, e Bradesco entre outras.

2007

5º Prêmio Benchmarking Ambiental BrasileiroO Programa Cultivando Água Boa foi eleito a melhor ação ambiental voltada ao meio ambiente

em 2007, no 5º Prêmio Benchmarking Ambiental Brasileiro. A Itaipu obteve a maior nota (8.722)

e concorreu com 15 finalistas de prestígio como a Braskem, Copebras, Duke Energy, Faber-Castell,

Itautec, Klabin e Philips. Os projetos selecionados são incluídos no livro Bench Mais, considerado o

mais importante banco de boas práticas do país.

Prêmio Avá-GuaraniA Itaipu recebeu o Prêmio Avá Guarani na categoria Órgão Público Investidor no Setor Turístico em

cerimônia realizada no auditório da Uniguaçu – União do Ensino do Iguaçu, em São Miguel do Iguaçu.

2008

Destaque Nacional de Responsabilidade SocioambientalA Itaipu recebeu o Prêmio Destaque Nacional de Responsabilidade Socioambiental Empresarial,

concedido pelo Instituto Ambiental Biosfera.

Ecologia e AmbientalismoConcedido pela Câmara de Vereadores de Curitiba a personalidades, entidades e

empresas paranaenses, em reconhecimento à competência, liderança e eficiência com

que atuam na área.

Prêmio “As Luzes da Água” em CannesNo 9º Simpósio da Água de Cannes (França), conhecida como Capital Mundial da Água, a Itaipu

recebeu o Diploma do Simpósio da Água de Cannes, em função da parceria estabelecida com a

Rede Internacional de Gestão dos Conflitos Ambientais.

2006

Prêmio COGENa 6ª edição do Prêmio da Fundação COGE, o programa Cultivando Água Boa foi considerado a

melhor ação ambiental desenvolvida por empresas do setor elétrico no Brasil.

Prêmio ABESA Itaipu recebeu o prêmio na categoria Empresa Pública, na solenidade comemorativa aos 40

anos da Abes (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental), em Curitiba.

Destaque Nacional em Meio AmbienteDiploma de Destaque Nacional em Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e

Responsabilidade Social, concedido pelo Instituto Ambiental Biosfera e pelo Instituto Brasileiro

de Estudos Especializados (Ibrae).

Finalista do Prêmio ANA (Agência Nacional de Águas) A ação de Educação ambiental da Itaipu “Agenda 21 do Pedaço na Bacia do Paraná 3” foi um

dos cinco finalistas na categoria Gestão de Recursos Hídricos, do Prêmio ANA, promovido com

o objetivo de reconhecer o mérito de iniciativas na busca da excelência e da originalidade das

soluções na conservação e uso sustentável da água. O projeto concorreu com outros 284 de

todo o Brasil e foi o único selecionado no Paraná.

103102

Page 53: A missão institucional da Itaipu...A mudança na missão institucional da Itaipu Binacional, promovida em 2003 e que incorporou a responsabilidade socioambiental e o desenvolvimento

2005

Earth Charter + 5 A experiência da Itaipu com práticas ambientais rendeu um prêmio do evento Carta da Terra

+ 5 (Earth Charter + 5), realizado em Amsterdã, Holanda, em 2005. O prêmio Carta da Terra

Máximo T. Kalaw Jr. foi dado em reconhecimento ao Programa Cultivando Água Boa, uma

das quatro vencedoras entre as 30 práticas mundiais analisadas, que difundem e aplicam

concretamente os princípios e valores da Carta da Terra. O mérito de Itaipu é ainda maior

porque esta é a primeira vez que uma experiência desenvolvida por uma empresa hidrelétrica

recebeu um prêmio dessa relevância.

Expressão Ecológica A Itaipu recebeu o 13º Prêmio Expressão de Ecologia Ambiental, na categoria Educação

2004

2º Seminário sobre Ecoturismo e Desenvolvimento SustentávelA participação no 2º Seminário sobre Ecoturismo e Desenvolvimento Sustentável, em São

Sebastião, culminou na entrega de prêmio pelo secretário de Turismo do governo de São Paulo,

Marco Antônio Castelo Branco, pelos 30 anos de preservação ambiental da Itaipu, na condição

de Empreendedor Comprometido com a Causa do Desenvolvimento Sustentável no Brasil.

Prêmio Fae/Fiep 2004A Itaipu recebeu em Curitiba, junto com outras nove entidades, o Prêmio de Responsabilidade

Social da Faculdade Católica de Administração e Economia (FAE) e da Federação das Indústrias

do Estado do Paraná (Fiep), escolhida juntamente com a Secretaria Especial de Relações

Humanas e o Instituto de Saúde Ponta Grossa como vencedora da categoria Órgãos Públicos.

A empresa inscreveu um case com oito projetos: Combate à Exploração Sexual de Crianças

e Adolescentes, Comunidade Avá-Guarani – Terras Indígenas Tekoha Ocoy e Añetete, Jovem

Jardineiro, PEC, PIIT, PTI, Reviver e Saúde na Fronteira.

Prêmio Expressão de Ecologia Conservação de Recursos Naturais – Setor PrivadoPela segunda vez consecutiva, a Itaipu recebe o prêmio Expressão de Ecologia, em Joinville (SC),

concedido pelo trabalho Estudos de Ovos e Larvas de Peixes no Lago de Itaipu, desenvolvido em

parceria com a Unioeste.

2003

Prêmio Estadual – Troféu Dignidade Solidária 2003Oferecido pelo CEPAC (Centro Paranaense de Cidadania), com o projeto de Sustentabilidade

Social da Região da Vila C.

Ambiental, com o case “Educação ambiental Não-Formal nas Microbacias dos Rios Lajeado

Xaxim e Sabiá”. O trabalho foi reconhecido por já estar fazendo história na região, unindo os

esforços de diversos parceiros na melhoria da qualidade da água e da vida dos usuários da

Bacia do Paraná 3.

Zilda ArnsAItaipu foi a única empresa a ser premiada em duas categorias no 2º TOP Social ADVB Prêmio

Zilda Arns de Responsabilidade Social 2005. A entidade foi contemplada pelos projetos que

desenvolve voltados ao meio ambiente, com o case Cultivando Água Boa, e à comunidade,

pelo conjunto de ações nas áreas de educação, geração de renda, combate à exploração sexual

de crianças e adolescentes, combate à violência, equidade de gênero e saúde, além das ações

de desenvolvimento pelo Parque Tecnológico Itaipu (PTI).

105104

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Perspectivas futuras

Uma das grandes conquistas do Cultivando Água Boa reside no fato de que a assimilação

dos objetivos do programa pelas comunidades da Bacia do Paraná 3 foi tão consistente que

todos os 29 municípios da região oficializaram, por meio de leis municipais, a existência e o

funcionamento dos Comitês Gestores Municipais do Cultivando Água Boa, algo ainda raro no

país entre projetos desse gênero. Esse, por si só, é um indicador da continuidade do programa

e de como o público atendido compartilha a responsabilidade pela manutenção e ampliação

dos benefícios socioambientais conquistados.

O Comitê gestor Municipal é composto por diversas instituições, como os Conselhos de Saúde,

Ação Social e Educação, e entidades classistas, de moradores e ONGs. Cada instituição indica

dois representantes (um titular e um suplente) para compor o comitê. A pluralidade do comitê

enriquece o processo decisório, por meio da democracia participativa.

Além de fortalecer o programa, a criação do comitê ajuda os municípios a se organizarem para

discutir, planejar e decidir sobre projetos que são de interesse municipal, mesmo que sejam

ações alheias ao Cultivando Água Boa, como a construção de um hospital ou a revitalização de

uma praça. Para auxiliar ainda mais os municípios nesse sentido, o programa socioambiental da

Itaipu promoveu uma capacitação para os membros do comitê com palestrantes do Ministério

do Planejamento, que orientaram sobre como encaminhar projetos e sobre diferentes linhas de

crédito para a obtenção de recursos.

Outro importante avanço está sendo promovido com a criação dos Coletivos Educadores.

Em cada município, ele é formado por representantes da rede de ensino, de cooperativas,

de agricultores, da indústria e outros segmentos, que dialogam sobre as melhores estratégias

para promover a Educação ambiental em sua comunidade. Os resultados dessas discussões

são levados para o Comitê gestor da microbacia para serem postos em prática. Como a

matéria-prima da Educação ambiental é o diálogo com as pessoas, acredita-se que ela

avançará ainda mais quando todos os 29 municípios da BP3 contarem com seus próprios

coletivos educadores.

Por fim, vale destacar que todas as propostas do Cultivando Água Boa estão alinhadas ao

A Itaipu é mundialmente reconhecida por produzir energia limpa e renovável, com padrões de

excelência. Mas a maior geradora de hidreletricidade do mundo, com uma produção anual que

em 2008 bateu o recorde mundial, chegando a 94.685 GWh, também é reconhecida pela sua

atuação comprometida com a promoção do desenvolvimento sustentável.

A postura cidadã da empresa existe desde antes da construção daquela que se tornaria

a maior usina hidrelétrica do mundo. Desde o princípio, a Itaipu preocupou-se com as

pessoas que se envolveram na construção do empreendimento e procurou oferecer a elas

as melhores condições de trabalho possíveis. Além disso, toda a base financeira da empresa

foi constituída para garantir a sustentabilidade da organização e a soberania dos dois países –

que possuem moedas diferentes.

enfrentamento dos atuais desafios socioambientais com que se deparam organizações de

todos os tipos. Nesse sentido, por estarem em consonância com as políticas públicas, as

iniciativas do programa socioambiental da Itaipu e parceiros estão sendo incorporadas ao

planejamento de ações nos municípios. Exemplo disso são programas concebidos dentro dos

planos diretores municipais da BP3.

Na prática, a Itaipu entende a sustentabilidade como uma nova abordagem para se fazer

negócios, que simultaneamente promove inclusão social e reduz ou otimiza o uso de recursos

naturais e o impacto sobre o meio ambiente, preservando a integridade do planeta para as

futuras gerações. Não menos importante nessa equação é a garantia do equilíbrio econômico-

financeiro do empreendimento, visto que a Itaipu não visa lucros.

Essa abordagem, ao lado das melhores práticas de governança corporativa, transparência e

prestação de contas, cria valor para a organização, ao mesmo tempo em que contribui para sua

perenidade e para o desenvolvimento sustentável de toda a sociedade. Assim a Itaipu produz o

máximo de energia, com o mínimo de desperdício, respeita os diferentes públicos com os quais

se relaciona e interage com a comunidade em seu entorno.

A Itaipu desenvolve diversos programas que aliam o desenvolvimento econômico à gestão

sustentável de recursos naturais e humanos. A empresa entende que esse trabalho só pode

dar certo porque é realizado em parceria com a sociedade civil, governos, instituições públicas

e do setor privado. Uma rede que reúne mais de dois mil parceiros diretos e cujos resultados

positivos alcançam o expressivo número de cerca de 1,5 milhão de pessoas.

Além de promover o bem-estar social, pela transferência de royalties e de renda à

sociedade, a Itaipu investe em infraestrutura, saúde e educação. A atuação social da Itaipu

engloba o estímulo aos fornecedores, a valorização do público interno com programas que

priorizam a qualidade de vida, o incentivo à equidade de gênero e ao voluntariado, além do

desenvolvimento de projetos voltados à comunidade.

Sob a ótica da gestão responsável para a promoção do desenvolvimento sustentável, a empresa

adotou a elaboração anual do relatório de sustentabilidade, que agrega à gestão empresarial o

emprego de indicadores internacionalmente aceitos. Muito além da publicação voluntária do

documento, sua elaboração contribui para o aprimoramento da gestão da empresa ao identificar

oportunidades de melhoria.

Em 2009, a Itaipu confirmou sua adesão ao Pacto Global da Organização das Nações Unidas

(ONU). As ações demonstram que a Itaipu está entre as grandes empresas do mundo que

tornaram a sustentabilidade um compromisso público.

“Doistemastêmtomadoapautainternacional:

produçãodeenergiaesustentabilidadedonosso

planeta.AquinaItaiputrabalhamosnasduasvertentes

ealteramosnossamissão.Produzirenergiasim,

comqualidade,mascomcuidadosocioambiental.

Mostramosnapráticacomoépossívelcompatibilizaro

desenvolvimentoeconômicoeaproduçãodeenergia

comapreservaçãodomeioambiente.”

JorgeMiguelSamek

Diretor-Geral brasileiro da Itaipu

“OprogramaCultivandoÁguaBoa,queéummovimento

pelasustentabilidadenaBP3,demonstraque,em

parceriacomtodososatoressociais,organizações

públicaseprivadas,instituiçõesdeensino,ONGs,

associaçõesemoradoresdasmicrobacias,épossível

promoverumnovomododeser/sentir,deviver,de

produziredeconsumir.”

Nelton Miguel Friedrich

Diretor de Coordenação e Meio Ambiente da Itaipu

107106

Outras ações de responsabilidadesocioambiental da Itaipu

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Cuidado com as crianças

Programa de Proteção à Criança e ao AdolescenteJunto com outras instituições do Brasil, Paraguai e Argentina, a Itaipu integra a Rede de Proteção

Integral à Criança e ao Adolescente na Tríplice Fronteira (Rede Proteger). Desde 2003, quando

aderiu à rede, a empresa desenvolve o Programa de Proteção à Criança e ao Adolescente (PPCA).

O foco do PPCA é a prevenção. As principais ações desenvolvidas são o patrocínio de

campanhas de conscientização, além do apoio a projetos específicos como a implantação do

Nucria e o Opakatu. Por meio da atuação na Rede Proteger, a Itaipu também contribui para

fortalecer e promover a política de atendimento dos direitos das crianças e dos adolescentes.

Outra iniciativa está na mobilização da sociedade civil e órgãos públicos para o estabelecimento de

mecanismos de proteção e desenvolvimento social integrados. Com esse intuito, a Itaipu financiou,

por exemplo, o projeto Kit Família Brasileira Fortalecida, em 2004, em parceria com o Unicef.

de famílias de baixa renda de Foz do Iguaçu. O programa Bolsa-Escola é desenvolvido na Vila C,

uma das regiões mais pobres da cidade. Por mês, a Itaipu paga R$ 75 a cerca de 220 famílias

para que as crianças e adolescentes entre 6 e 16 anos frequentem a escola regularmente.

A cooperativa VemSer é a parceira da Itaipu no projeto Bolsa-Escola e desde 2008 oferece

capacitação para as mães, para que elas possam ter uma fonte de renda e, assim, adquiram

independência financeira. Além de aprender a produzir artesanato à base de fibras naturais e de

papel artesanal, as mães aprendem estratégias para comercialização desses produtos.

Futuro para os jovens

Iniciação e Incentivo ao TrabalhoO Programa de Iniciação e Incentivo ao Trabalho (PIIT) é desenvolvido pela Itaipu desde 1988.

Nele, adolescentes de baixa renda de Foz do Iguaçu e Curitiba têm sua iniciação profissional.

Mais de 3 mil líderes da Pastoral da Criança, agentes comunitários de saúde e professores de

creches foram capacitados para usar o material com o intuito de fortalecer os vínculos familiares.

Entre as diversas iniciativas realizadas ao longo desses anos, a Itaipu também realizou,

em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), oficinas de capacitação/

conscientização em mais de 60 hotéis de Foz do Iguaçu, sobre o abuso e a exploração sexual

infanto-juvenil. A empresa ainda financiou pesquisas, como as que resultaram nas publicações

“Situação das crianças e dos adolescentes na tríplice fronteira entre Argentina, Brasil e Paraguai:

desafios e recomendações”, em parceria com o Unicef, e “Abandono, exploração e morte de

crianças e adolescentes em Foz do Iguaçu”.

nucria Ainda com o intuito de garantir o direito à proteção, foi instalada em Foz do Iguaçu, em 2004, o Núcleo

de Proteção às Crianças e aos Adolescentes Vítimas de Crimes (Nucria). A delegacia especializada na

proteção de crianças e adolescentes é fruto de uma parceria entre a Itaipu e a Secretaria de Segurança

Pública do Paraná. Desde que foi instalada, recebeu por ano cerca de 200 denúncias.

Opakatu: arte como aliadaEm parceria com a ONG Casa do Teatro, a Itaipu leva às escolas de Foz do Iguaçu temas

relacionados ao fortalecimento da cidadania, meio ambiente, diversidade, cultura da paz, entre

outros. Teatro, contação de histórias e rodas de conversa são as metodologias utilizadas para

tratar dos assuntos de forma a estimular a participação das crianças e adolescentes. Cerca

de 60 mil alunos da rede pública de Foz do Iguaçu participaram das atividades do projeto

em 2008. Ao todo, mais de 100 mil crianças e adolescentes já participaram das atividades

promovidas pela Casa do Teatro, financiadas pela Itaipu desde 2004.

Bolsa-escola A Itaipu ajuda a oferecer um futuro melhor para estudantes do Ensino Fundamental e Médio

Há três modalidades: Menor Aprendiz, Adolescente em Iniciação ao Trabalho e Jovem Jardineiro,

que promove a capacitação de adolescentes em jardinagem.

As atividades são sempre no contraturno escolar. Os jovens, com idades entre 15 e 17 anos,

recebem bolsa-auxílio de um salário mínimo, vale-alimentação, vale-transporte, seguro de vida e

assistência médica. Cada adolescente pode ficar até dois anos na empresa.

Mais de 4 mil jovens já foram beneficiados. A Itaipu atua em parceria com a Associação de

Educação Familiar e Social do Paraná, a Guarda Mirim de Foz do Iguaçu e o Serviço Nacional de

Aprendizagem Industrial (Senai). A iniciativa rendeu à empresa o título de Empresa Amiga da

Criança, concedido pela Fundação Abrinq.

Comprometimento com a comunidade

Saúde na FronteiraO Saúde na Fronteira, por exemplo, é composto por representantes das diferentes instâncias

de saúde do Brasil, do Paraguai e da Argentina. A iniciativa inédita busca fortalecer as políticas

públicas que beneficiam a população de 28 municípios brasileiros e 31 cidades paraguaias e

contribuem para diminuir as desigualdades no tratamento dispensado aos indivíduos.

Entre as ações desenvolvidas estão a realização de campanhas de prevenção, a capacitação de

profissionais e a promoção de fóruns e seminários sobre diversos temas relacionados à saúde.

Também por meio do programa, a Itaipu investe recursos no Hospital Ministro Costa Cavalcanti

(HMCC), de Foz do Iguaçu.

O apoio da empresa ao hospital permite, por exemplo, que este ofereça à população de nove

municípios, cerca de 430 mil habitantes, um serviço de referência em tratamentos de alta

complexidade nas áreas de oncologia e cardiologia.

109108

Page 56: A missão institucional da Itaipu...A mudança na missão institucional da Itaipu Binacional, promovida em 2003 e que incorporou a responsabilidade socioambiental e o desenvolvimento

Energia SolidáriaA Vila C, um dos bairros mais populosos de Foz do Iguaçu, surgiu por iniciativa da Itaipu.

Durante a construção da barragem da hidrelétrica, a empresa construiu centenas de moradias

para abrigar os trabalhadores, chamados barrageiros.

A Itaipu busca o desenvolvimento social e econômico dessa comunidade, onde ainda residem

famílias de muitos operários que trabalharam na usina. Para isso, diversas ações são realizadas

em parceria com a prefeitura e instituições, visando sempre a melhoria na qualidade de vida

dos moradores da Vila C.

Rede CidadãO programa Rede Cidadã promove a alfabetização de jovens a partir de 14 anos e adultos

de baixa renda de oito municípios brasileiros no entorno da Itaipu. O trabalho é realizado em

parceria entre a Itaipu, a Secretaria de Educação de Foz do Iguaçu, a Secretaria de Educação

As vítimas são encaminhadas pela Delegacia da Mulher do município. Além de proteção,

as mulheres contam com assistência jurídica e têm a oportunidade de realizar um curso

profissionalizante. Em 2008, a Casa-Abrigo atendeu uma mulher paraguaia, uma mulher

argentina e 29 mulheres e 56 crianças brasileiras.

Incentivo aos colaboradores

Coral de ItaipuO Coral de Itaipu busca a integração dos colaboradores da empresa. É aberto à participação

de empregados ativos e inativos, brasileiros e paraguaios, de todas as áreas da empresa. Os

ensaios são realizados no horário do almoço ou após o expediente. Criado em 1996, já realizou

mais de 100 apresentações no Brasil e no exterior, como as participações nos concertos de

Natal da Igreja da Candelária, no Rio de Janeiro, e da Catedral Metropolitana da Sé, em São

Paulo. Ao longo de 13 anos e com apoio da empresa, o Coral lançou seis CDs e dois DVDs.

do Paraná, o Núcleo Regional de Educação de Foz do Iguaçu, o Sesi-PR, a Fundação Banco

do Brasil, o Rotary Club de Foz do Iguaçu e associações de moradores. Desde 2004, mais de

quatro mil pessoas participaram das turmas oferecidas.

Igualdade de oportunidades

Equidade de gêneroO programa Incentivo à Equidade de Gênero é desenvolvido desde 2003 pela Itaipu com o

objetivo de criar uma cultura de respeito à diversidade, em especial às diferenças de gênero.

Nasceu a partir da ampliação da missão da empresa, com a introdução de conceitos de

responsabilidade social.

Desenvolve ações dentro e fora da Itaipu, abrangendo três eixos: corporativo, sociocomunitário

e relações institucionais, por meio de oficinas, seminários, palestras, campanhas e produção

de materiais educativos. Busca a sensibilização de mulheres e homens para o tema tanto nas

relações de trabalho como na sociedade em geral.

A Itaipu recebeu o Selo Pró-Equidade de Gênero 2007 e 2009, concedido pela Secretaria

Especial de Política para as Mulheres (SEPM) como reconhecimento ao trabalho pioneiro

desenvolvido pela empresa no setor elétrico. O selo é concedido a cada dois anos às empresas

comprometidas com ações referentes ao tema.

Casa-Abrigo: um lar de esperançaPara que mulheres (e seus filhos) vítimas de violência doméstica possam reconstruir

suas vidas de forma digna e autônoma, a Itaipu mantém, desde 2004, a Casa-Abrigo.

Em parceria com a Delegacia da Mulher e a ONG Casa Família Maria Porta do Céu, o

projeto oferece abrigo, apoio psicológico e formação profissional a mulheres, além de

acompanhamento pedagógico para as crianças. Mais de 100 mulheres já foram abrigadas

pela instituição.

Reviver todos os diasA Itaipu procura constantemente oferecer meios de melhorar a qualidade de vida dos seus

colaboradores. Uma iniciativa já consagrada é o programa Reviver, que desenvolve ações de

promoção da saúde, esporte e cidadania desde 1994. O programa envolve os profissionais e

seus familiares.

As atividades do Reviver incluem a prevenção e o tratamento de doenças e dependência

química (tabagismo, drogas, alcoolismo). Outra linha de atuação é o estímulo à prática de

esportes para isso, disponibiliza salas de ginástica e supervisores capacitados. Em 2008,

mais de mil colaboradores foram beneficiados. As atividades de cidadania incluem lições de

orçamento familiar e ações solidárias, como o apoio a pessoas com câncer e diabetes.

O Reviver ainda conta com o Grupo de Afinidade em Diabetes e o Grupo Solidário em Câncer.

Ambos oferecem informações sobre as doenças, contribuindo para a aquisição de hábitos

saudáveis que favoreçam a prevenção.

Educação ComplementarA Itaipu ofereceu para seus colaboradores, entre 1996 e 2006, o Programa de Educação

Complementar (PEC). Em dez anos, 1.217 pessoas passaram pelo PEC, que também atendeu

aos empregados de empresas contratadas pela Itaipu e aos cônjuges de seus empregados. A ação

incluía, além de aulas, jogos recreativos, técnicas de relaxamento e meditação. Com a erradicação

do analfabetismo em seus quadros, a empresa desativou o programa no final de 2006.

Reflexão para a AposentadoriaAposentar-se é uma mudança radical na vida do trabalhador. Buscando preparar seus

empregados para essa nova fase, a Itaipu oferece, desde 2003, o Programa de Reflexão para

a Aposentadoria (PRA). A iniciativa busca orientar os empregados sobre a necessidade de

preparação para essa fase da vida, visando uma aposentadoria saudável, digna, com novos

projetos de vida e dando subsídios para uma transição harmônica.

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Força VoluntáriaDesde 2005, o programa Força Voluntária incentiva os empregados à prática do voluntariado.

Para isso, organiza campanhas, ações sociais, treinamentos e capacitações, internas e externas,

buscando a sensibilização e futura participação em diferentes instituições sociais.

O Força Voluntária surgiu da iniciativa de um grupo de empregados que desejava colaborar com

a comunidade. Esse grupo formatou o programa e a empresa apoia as ações cedendo espaço

para a organização das atividades e incentivando a participação de colaboradores.

Uma das ações é o Banco de Projetos, que faz o repasse de recursos financeiros para

instituições filantrópicas nas quais os empregados são voluntários. Desde 2006, R$ 138 mil

foram destinados para que 30 projetos fossem desenvolvidos.

As atividades voluntárias são exercidas livremente, fora do horário de trabalho, em organizações

ou projetos sem fins lucrativos, respeitando a Lei 9.608/98 (Lei do Serviço Voluntário), que

recomenda a assinatura do Termo de Adesão entre o voluntário e a organização.

Entre as campanhas do Força Voluntária estão a Campanha do Agasalho, a Campanha Adote

uma Estrelinha neste Natal e a Campanha de Destinação do Imposto de Renda Devido.

educação e desenvolvimento tecnológico

Parque Tecnológico Itaipu (PTI)A atuação da Itaipu na área da educação é expressiva. Criado em 2003 nas instalações que

abrigaram os operários no período de construção da barragem, o Parque Tecnológico Itaipu

(PTI) é referência no ensino e pesquisa em ciência e tecnologia.

Em aproximadamente 50 mil m2 estão situados um campus universitário (o Centro de

Engenharias e Ciências Exatas da Unioeste), um polo para os cursos e programas de educação

a distância promovidos pela Universidade Aberta do Brasil (UAB), uma incubadora para gestar

de diversas cátedras ministradas por estudiosos que são referência no meio acadêmico

latino-americano. Em agosto de 2010, começaram as aulas dos cursos de graduação:

Ciências Biológicas, Ciências Econômicas, Ciência Política e Sociologia, Engenharia de Energias

Renováveis, Engenharia Civil de Infraestruturas, e Relações Internacionais e Integração.

Energias renováveisO desenvolvimento de tecnologias que não agridam o meio ambiente é um desafio para a

Itaipu. Todo o conhecimento acumulado em mais de 20 anos de operação é empregado em

programas como a Plataforma Itaipu de Energias Renováveis, o projeto Veículo Elétrico e o

Programa de Hidrogênio.

Desde que passou a participar do desenvolvimento do Veículo Elétrico, em 2006, a Itaipu já

produziu automóveis, ônibus e caminhões 100% não poluentes, em parceria com Eletrobrás, a

Fiat, a KWO, a Mascarello e a Iveco.

novas empresas, o campus provisório da Universidade Federal da Integração Latino-Americana,

além de outros projetos estratégicos para o desenvolvimento da região trinacional.

UNILAO mais novo desafio da Itaipu Binacional é a implantação da Universidade Federal da Integração

Latino-Americana (Unila), em Foz do Iguaçu. A lei que cria a instituição foi sancionada pelo

presidente Luiz Inácio Lula da Silva em janeiro de 2010. No período de cinco anos, a iniciativa

pretende reunir, em um terreno de 40 hectares doado pela Itaipu, 10 mil estudantes do Brasil e

América Latina, além de 500 professores fixos e temporários.

Por meio da integração regional, o principal objetivo é gerar conhecimento vinculado à realidade

dos países latinos, contribuindo assim para uma melhor compreensão dos seus problemas e

para a busca de soluções para os desafios enfrentados no século 21. As atividades acadêmicas

da Unila, realizadas em português e em espanhol, foram iniciadas em agosto de 2009, através

Já o programa Plataforma Itaipu de Energias Renováveis, desenvolvido em parceria com a

Copel, Sanepar, Cooperativa Lar e outros parceiros, é o primeiro do país a comercializar a

energia produzida. A Granja Colombari, de São Miguel do Iguaçu, assim como os demais

protótipos, recebeu autorização especial da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para

vender a energia oriunda dos dejetos produzidos pelos suínos para a concessionária local (no

caso, a Copel). Em 2010, iniciou a implantação do primeiro Condomínio de Agroenergia da

Agricultura Familiar, em Marechal Cândido Rondon.

Incentivo ao turismoAlém de ser a maior geradora de energia do mundo, a Itaipu é considerada uma das mais

belas obras de engenharia da modernidade. A atração está na lista das maravilhas do mundo

contemporâneo organizada pela rede de televisão CNN. Investir no turismo foi outra maneira

encontrada pela empresa para contribuir com o desenvolvimento de Foz do Iguaçu e região.

Desde 1977, mais de 15 milhões de pessoas de 188 países visitaram Itaipu.

A empresa também recebeu o prêmio Atração Turística Nacional de 2007, concedido pela

revista Brasil Travel News. Entre as atrações no Brasil estão o Ecomuseu, o Refúgio Biológico

Bela Vista, o Parque da Piracema, a própria usina e a Iluminação da Barragem.

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“Que o nosso tempo seja lembrado pelo despertar de uma reverência face à vida, por um compromisso firme de alcançar a sustentabilidade, pela rápida

luta pela justiça e pela paz e pela alegre celebração da vida.”

Carta da Terra

Expediente

Diretores brasileiros da Itaipu BinacionalDiretor-Geral: Jorge Miguel Samek

Diretor Técnico: Antonio Otélo CardosoDiretor Jurídico: João Bonifácio Cabral JúniorDiretor Administrativo: Edésio Franco PassosDiretora Financeira: Margaret Mussoi Groff

Diretor de Coordenação: Nelton Miguel Friedrich

diretoria responsávelDiretoria de Coordenação

Assistente do Diretor e Gerente Executivo do Cultivando Água Boa: Odacir FiorentinSuperintendente de Meio Ambiente: Jair Kotz

Superintendente de Obras e Desenvolvimento: Newton KaminskiPlanejamento e Coordenação: João Carlos Azevedo Braga

Redação e Edição: Divisão de Imprensa da Itaipu BinacionalApoio: Sônia Inês Vendrame (depoimentos das Comunidades Indígenas) e Vinícius Ortiz Camargo (textos Comunidades Indígenas,

Jovem Jardineiro e Coleta Solidária)Fotos: Caio Coronel, Alexandre Marchetti, Nilton Rolin, Adenésio Zanella, Daniel de Granville e Daniel Snegge

EndereçoDiretoria de Meio AmbienteAv. Tancredo Neves, 6.731

CEP 95.866-900 – Foz do Iguaçu – Paraná – BrasilTelefone: 45 3520-5724 – Fax: 45 3520-6998

e-mail: [email protected]

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