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 À G  D  S   A  D  U  GRANDE ORIENTE DE SÃO PAULO / GRANDE ORIENTE DO BRASIL ARLS CARLOS GOMES - Nº 2.972  A MORTE (Trabalho adaptado para o Grau de A M) Pulvis es, et in pulverem reverteris 1  1  “És pó, e em pó te hás de tornar” Gen. 3:19

A Morte grau 1

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7/25/2019 A Morte grau 1

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 À G D S  A D U 

GRANDE ORIENTE DE SÃO PAULO / GRANDE ORIENTE DO BRASIL

A∴

R∴

L∴

S∴

 CARLOS GOMES - Nº 2.972

 A MORTE

(Trabalho adaptado para o Grau de A∴M∴)

Pulvis es, et in pulverem reverteris1 

1 “És pó, e em pó te hás de tornar” Gen. 3:19

7/25/2019 A Morte grau 1

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“Se queres empregar bem a vida, pensa na morte.”

“ Abri aquelas sepulturas, diz santo Agostinho,

e vede qual é ali o senhor e qual o servo; qualé ali o pobre e qual o rico? Distingui-me ali,

se podeis, o valente do fraco, o formoso do

feio, o rei coroado de ouro do escravo de

 Argel carregado de ferros? Distingui-os?

Conhecei-os? Não por certo. O grande e o

pequeno, o rico e o pobre, o sábio e o

ignorante, o senhor e o escravo, o príncipe e

o cavador, o alemão e o etíope, todos ali são

da mesma cor. Cor de pó. Porque de pó é

feito o homem e ao pó retornará.”

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A morte iguala todos os homens. Sua perspectiva tem atormentado a vida daqueles quemorrem quando morrem, porque sabem que hão de se deparar com todos os perigos e com todasas dificuldades desta hora.

Três coisas fazem especialmente duvidosa, perigosa, e terrível a expectativa da morte:ser ela uma só, ser incerta, e ser momentânea.

Porém os Maçons têm a chance de morrer antes de morrer, e por isso já levamvencidos e superados todos esses perigos e todas essas dificuldades, porque na primeira morte jádesarmaram e venceram a segunda. Vamos analisar cada uma das três facetas da morte paraentendermos melhor:

Primeiramente é terrível e terribilíssima esta condição da morte de ser apenas uma:“Está decretado aos homens que morram uma só vez”. (Hebr. 9:27)

Seria mais justo que o homem pudesse morrer duas vezes, para eleger a morte quemais quisesse, e para aprender; morrendo, a saber morrer. Nenhuma coisa se faz bem da primeira

vez, quanto mais a maior de todas, que é morrer. Um reparo é digno de toda a admiração: quesendo tantas as meditações sobre a morte, e tantos os espectadores deste desengano, sejam tãopoucos os que sabem morrer. Mas a razão desta experiência e desta desgraça é que as artes ouciências práticas não se aprendem só especulando, senão exercitando. Como se aprende aescrever? Escrevendo. Como se aprende a esgrimir? Esgrimindo. Como se aprende a navegar?Navegando. Assim também se há de aprender a morrer, não só meditando, mas morrendo.

Meus Irmãos, se quereis morrer bem (como é certo que quereis) morram 2 vezes. Nãodeixeis o morrer unicamente para a morte: morrei em vida; não deixeis o morrer para aenfermidade e para a cama: morrei primeiramente na saúde, e em pé.

Vencida assim esta primeira dificuldade, de ser a morte uma, segue-se a segunda

dificuldade da morte, não menos perigosa, nem menos terrível, que é o de ser incerta.

Certa é a morte, sem dúvida, porque todos nós certa e infalivelmente havemos demorrer; mas nessa mesma certeza, é incerta a morte, porque ninguém sabe o quando. Repartimosa vida em idades, em anos, em meses, em dias, em horas, mas todas estas partes são tãoduvidosas e tão incertas, que não há idade tão florente, nem saúde tão robusta, nem vida tão bemregrada, que tenha um só momento seguro.

Perplexo no meio desta incerteza, e temeroso dela, Davi fez esta petição ao SupremoArquiteto do Universo registrada no Livro da Lei, no Salmo 38:5: “Senhor, não vos peço longa vida,mas estes poucos dias, ou muitos, que hei de viver, peço-vos que me digais quantos são, parasaber o que me resta.” Assim o pediu Davi, mas é a lei da incerteza da morte tão indispensável,

que nem a Davi foi concedido o direito de saber o dia de sua morte. Mesmo tendo manifestado oSenhor do Universo a Davi todos os Seus segredos, e as outras coisas mais incertas e ocultas deSua providência, só o incerto e oculto de sua morte lhe não quis revelar, de tão reservado que é, sópara o Supremo o certo desta incerteza.

Tal é, Irmãos, a incerteza da morte; mas na nossa mão está fazê-la certa e com horamarcada, se nos resolvermos a acabar a vida antes de morrer. Era dogma da antiga seita estóica,nos perigos de morrer indignamente, tirar-se a si mesmos a vida antes da morte. Assim o fez Catãotomando a morte certa por suas próprias mãos, por antecipar a morte duvidosa, vindo às mãos deCésar. Melhor o Maçom que o estóico. O estóico mata-se para que o não matem: o Maçom morrepara morrer. Morrer mal, para não morrer pior, como faz o estóico, é temeridade e fraqueza. Morrerbem, para morrer melhor no futuro, como faz o Maçom, é valor, e verdadeira prudência.

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A última dificuldade e o maior perigo e aperto da morte que vamos analisar, é o de sermomentânea. Que coisa é morte? Momentum unde pendet eternitas: um momento donde pende aeternidade. É uma linha indivisível que divide este mundo do outro mundo. É um ponto preciso eresumido, em que se ajunta o fim de tudo o que acaba, e o princípio do que não há de acabar.

Se este ponto tivesse partes, seria menos temeroso, porque entre uma e outra poderiacaber alguma esperança, alguma consolação, algum recurso, algum remédio, mas este ponto nãotem partes, nem se ata com partes, porque é o último. Porém nem é terrível, nem é momento, paraquem souber fazer pé atrás a acabar a vida antes de morrer; porque ainda que a morte é momento,e não é tempo, quem acaba a vida antes de morrer; mete tempo entre a vida e a morte.

Este é o único antídoto contra o veneno da morte; este é o único e só eficaz remédiocontra todos seus perigos e dificuldades: acabar a vida antes que a vida se acabe. Se a morte éterrível por ser uma, com esta prevenção serão duas; se é terrível por ser incerta, com estaprevenção será certa; se é terrível ser momentânea, com esta prevenção será tempo, e darátempo.

E o que fazer nesse tempo que colocamos entre uma morte e outra?O que faz um cristão quando sente que a morte se aproxima? Primeiramente confessa-

se geralmente de toda sua vida, arrepende-se de seus pecados, compõe do melhor modo quepode suas dívidas, faz seu testamento, deixa sufrágios pela sua alma, põe-na inteiramente nasmãos do padre espiritual, abraça-se com um Cristo crucificado, e dizendo como ele: Consummatumest (Jo. 19:30), espera pela morte. Este é o mais feliz modo de morrer que se usa. Mas como éforçoso e não voluntário, feito às pressas, geralmente não basta para desfazer os maus hábitos davida passada, nem para recuperar o tempo que se julga ter perdido com frivolidades.

Quando acabamos a vida enquanto ainda podemos viver, e não quando ela já está seacabando, temos tempo para rever e corrigir nossos erros, nossas ações ou nossas omissões,

repensar sobre a fútil vaidade que alimentamos, sobre os valores que deturpamos, sobre o tempoque dedicamos em busca de riquezas e o pouco tempo que dedicamos à família e àqueles a quemamamos e, se não conseguirmos consertar tudo o que de mal já fizemos, podemos ao menosprosseguir, pelo tempo que nos resta, de maneira a que na hora de nossa segunda morte, nãotenhamos arrependimentos desse novo tempo de vida que ganhamos.

Acabando desta maneira a vida, esperaremos sem medo e confiantes pela morte, e porbenefício do pó que somos (és pó), não temeremos o pó que havemos de ser (em pó te hás detornar).

Or ∴ de Jaguariúna 05 de maio de 2011 E∴V∴ 

Ir  Wallace Lima, M M A∴R∴L∴S∴ Carlos Gomes nº 2972 - Or ∴ de Jaguariúna - SPGOSP / GOBRito Brasileiro

BIBLIOGRAFIA

O presente Trabalho é uma adaptação da obra citada abaixo:

VIEIRA, Padre Antonio. Sermões: Parte 1. Sermão de Quarta-Feira de Cinza  (EmRoma, na Igreja de S. Antônio dos Portugueses. Ano de 1673) Fonte digital: Ministério da Cultura.

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