A Música Na Renascença

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Historia da Musica

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A Msica na Renascena

No sculo XV, a Itlia experimentou uma fase de redescoberta da sua antiga cultura greco-latina. Indcios da velha arquitetura passaram a ser observados com um maior interesse, assim como quase todos os exemplos de manifestaes artsticas.Na msica isto foi mais complicado, pois os poucos fragmentos musicais, deixados como herana pelos antigos,mostravam um tipo de notao impossvel de decifrar por aqueles estudiosos, ou seja, ficava muito difcil saber que espcie de melodia seus ancestrais ouviam na ento chamada antiguidade clssica. Porm, no se podia negar a influncia dos antigos tericos da msica, poetas, filsofos e intelectuais desse perodo, pois estes haviam deixado como legado, inmeros tratados, dissertaes filosficas e matemticas. Por estes documentos seria possvel ao menos, entender a importncia da msica no cotidiano dessas pessoas.Os primeiros anos da Renascena foram marcados pela indiferena a qual a msica da poca causava naqueles que tinham curiosidade pela cultura de seus antepassados. Isto despertaria uma significativa mudana no cotidiano cultural/musical dos que enxergaram os sculos anteriores (Idade Mdia) como uma era de atraso intelectual, pois o novo ideal da poca era focar sua criatividade na maneira dos pensadores da Antiguidade Clssica, dando origem ao movimento conhecido comohumanismo.Este novo movimento rejeitava o teocentrismo imposto pela igreja durante a Idade mdia e recolocava o homem como senhor das suas escolhas.Durante o sculo XV diversos tratados musicais gregos foram traduzidos para o latim. Por meio dessas obras chegou-se concluso de que a escolha do modo era o carter fundamental para evocar diversas emoes a quem escutasse a msica e que os modos gregos eram idnticos aos modos eclesisticos, podendo assim, utiliz-los com o mesmo objetivo a qual os gregos atribuam.Em alguns sculos anterioresRenascena, a prtica musical do descanto servira como uma grande influncia na msica que viria a ser praticada durante os sculos XV e XVI. A unio das duas formas de descanto, o cordal na Inglaterra e o colorstico na Frana deram origem aofaux-bourdon,sendo este a ltima fase de desenvolvimento da prtica do descanto, a qual intercala a utilizao do contraponto com a escrita paralela. Segundo o compositor Johannes Tinctoris, uma nova forma de compor estava vindo da Inglaterra, onde o mais virtuoso compositorfoi Dunstable. Este trazia em sua msica as maiores inovaes, uma delas a mudana docantus firmusno tenor para o soprano. Os intervalos de tera e sexta foram includos tanto na prtica quanto na teoria, o que resultou em um melhor esclarecimento nas relaes de dissonncias e consonncias.O compositor Johannes Tinctoris, por sua vez,foi um importante terico que estabeleceu regras para o uso das dissonncias. Ele as submeteu apenas aos tempos fracos e a passagens sincopadas. No final da primeira metade do sculo XVI o compositor Gioseffo Zarlino foi o responsvel por resumir e atualizar as diversas regras de composio em uma grande obra chamadaLe istitutioni harmoniche.Na Renascena os compositores franco-flamengos ocuparam todo territrio da Europa Ocidental, onde, segundo Grout e Palisca, o idioma franco-flamengo representava uma linguagem musical internacional.Assim, umdos grandes compositores da renascena foi Guillaume Dufay. Suas composies sofreram uma grande influncia das obras de Dunstable. De acordo com Fonterrada (2001, p. 93), compositores contemporneos a Dufay foram bastante atrados pelo Ordinrio da Missa. Durante este perodo eles passam a tratar a msica das diversas partes da liturgia em blocos ecada seo era parte de uma obra inteira, por isso era normal encontrarmotivosparecidos em cada parte do Ordinrio. Conforme Fonterrada (2001, p. 95), Dufay responsvel por iniciar o estilo coral com o baixo dando apoio ao tenor, onde ainda no se utilizava a imitao a quatro vozes, apenas a repetio de fragmentos no decorrer da obra. Na pintura esta tcnica corresponde s pinceladas de Rafael Sanzio e Leonardo da Vinci,em quepequenos fragmentos iam sendofeitos em diversas partes do quadro.Durante os primeiros anos do sculo XV a afinao pitagrica era a mais utilizada pelos musicistas e compositores da poca. Segundo Grout e Palisca (2007, p. 187) a afinao pitagrica fazia com que os intervalos de teras e sextas soassem de forma spera, essa afinao de acordo com esses mesmos autores resultava do modo como o monocrdio era dividido segundo as instrues de Bocio, Guido e outros autores da Idade Mdia. (2007, p. 187). No final do sculo XV surge a afinao proposta pelo terico espanhol Bartolom Ramos de Pareja, que refletiu-se no incio do sculo XVI, onde os instrumentos seriam afinados de maneira que as consonncias imperfeitas soassem aceitveis ao ouvido.Uma das grandes descobertas ocorridas durante o perodo renascentista foi a inveno da imprensa, a qual foi aperfeioada por Johann Guttenberg nos anos 50 do sculo XV, esta inveno proporcionou uma maior difuso do conhecimento, coisa que no era possvel durante os negros anos da Idade Mdia, onde a cultura e o conhecimento ficavam restritos s pessoas mais abastadas da sociedade que dedicassem sua vida a dura rotina da liturgia eclesistica. O ano de 1501 foi o marco na histria da imprensa musical, pois foi publicada por Ottaviano Petrucci a mais significativa coleo de musica polifnica chamadaHarmonices Musices Odhecaton,tendo chegado diversas cpias Alemanha, Frana, Inglaterra e diversos outros lugares. Antes de Petrucci, toda msica era copiada mo, o que a tornava extremamente difcil e escasso (e principalmente caro).Na Itlia aFrotollaera um estilo com textos satricos e amorosos, cantada de preferncia nas cortes italianas, tinha uma msica bem simples, onde sua forma interpretativa consistia, segundo Grout e Palisca, ... em cantar a voz superior e tocar as restantes como acompanhamento instrumental. (2007, pg. 224). ALauda, outra forma musical italiana, era a verso religiosa daFrotolla, porm no fazia parte da liturgia, era apenas uma forma popular de mostrar devoo, geralmente sua melodia era aproveitada de canes profanas, sua letra podia ser em latim ou italiano e sua msica era cantada a quatro vozes em reunies pblicas de devotos.Na Frana a msica predominante era achanson(literalmente cano), uma msica geralmente em compasso binrio, com o aparecimento de passagens em compasso ternrio, ocantus firmusera cantado na voz mais aguda. Assim como aFrotolla,achansonpossua o texto potico com conotaes amorosas. Uma evoluo dachanson,atribuda aos compositores franco-flamengos, tinham linhas meldicas em forma de melismas, onde o uso do contraponto era predominante.Durante o sculo XVI omadrigalfoi o gnero mais importante e que tornaria a Itlia o centro musical da Europa (Grout e Palisca, 2007, p.234). Porm este novo gnero nada tinha a ver com omadrigaldo sculo XIV. Omadrigaldotrecentoconsistia em uma composio escrita geralmente para duas vozes com textos que podiam ter temticas satricas, buclicas e amorosas. Os poemas eram organizados com duas ou trs estrofes de trs versos, todos cantados com a mesma melodia, porm, no final de cada estrofe dois versos eram inclusos (refro) e cantados em compasso e melodia diferente.Omadrigalrenascentista era uma variedade de formas poticas escritas exclusivamente para serem musicadas. Diferente domadrigaldotrecentoque tinha uma estrutura definida, na renascena o compositor tinha total liberdade sobre a msica. O compositor dava efeitos expressivos ao poema e a palavra. Um dos grandes exemplos de compositores demadrigaisfoi Luca Marenzio (1553-1599), este levou omadrigalao pice com seu domnio tcnico na arte de compor.

Daniel Rego Bentes de Souza

Referncias Bibliogrficas:

Castagna, Paulo. et al. Arte e Cultura estudos interdisciplinares.So Paulo: Fapesp, 2001.

Grout, Donald Jr; Palisca, Claude V. Histria da Msica Ocidental. Trad. Ana Lusa Faria. Lisboa: Gradiva, 2007.

Department of Education, The Metropolitan Museum of Art> Music in the Renaissance> Rebbeca Arkenberq> Acesso em 10/07/2011