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T R I B U N A L D E J U S T I Ç A RS Nº 0015-14/000121-0 PFM 1 ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA Concurso Público. Serviços Notariais e Registrais. Recursos à prova escrita e prática. QUESTÃO PRÁTICA 01. Vinte recursos ÓRGÃO Conselho de Recursos Administrativos - CORAD PROCESSO 0015-14/000121-0 ORIGEM Porto Alegre RELATORA Dr.ª Patrícia Fraga Martins ASSUNTO Concurso Público. Serviços Notariais e Registrais. Recursos à prova escrita e prática. QUESTÃO PRÁTICA 01. RECORRENTES Inscrições nºs 310432123, 312508929, 310189705, 313674887, 310072329,, 310243821, 312263704, 313893718, 313359617, 314904442, 311437193, , 311805997, 312232974, 312996946, 312999460, 310675259, 312109856, , 311254558, 312563469, 315245612. RECORRIDA Comissão do Concurso ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos. Acordam os Magistrados integrantes do Conselho de Recursos Administrativos - CORAD do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em não conhecer dos recursos nº 452685326 e 892536705 e, por maioria, em negar provimento a todos os demais recursos, vencidas a Dr.ª Marilei Lacerda Menna e a Dr.ª Munira Hanna, que votaram pela necessidade de reavaliação das provas pela Banca Examinadora no tocante ao uso correto da Língua Portuguesa. Participaram do julgamento, além da signatária, os eminentes Magistrados MANUEL JOSÉ MARTINEZ LUCAS (PRESIDENTE), JUCELANA LURDES PEREIRA DOS SANTOS, JOSÉ RICARDO DE BEM SANHUDO, MUNIRA HANNA, MARILEI LACERDA MENNA, CARLOS FRANCISCO

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Concurso Público. Serviços Notariais e Registrais. Recursos à prova escrita e prática. QUESTÃO PRÁTICA 01. Vinte recursos

ÓRGÃO Conselho de Recursos Administrativos -

CORAD PROCESSO 0015-14/000121-0 ORIGEM Porto Alegre RELATORA Dr.ª Patrícia Fraga Martins ASSUNTO Concurso Público. Serviços Notariais e

Registrais. Recursos à prova escrita e prática. QUESTÃO PRÁTICA 01.

RECORRENTES Inscrições nºs 310432123, 312508929, 310189705, 313674887, 310072329,, 310243821, 312263704, 313893718, 313359617, 314904442, 311437193, , 311805997, 312232974, 312996946, 312999460, 310675259, 312109856, , 311254558, 312563469, 315245612.

RECORRIDA Comissão do Concurso

A CÓR DÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos.

Acordam os Magistrados integrantes do Conselho de Recursos

Administrativos - CORAD do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em

não conhecer dos recursos nº 452685326 e 892536705 e, por maioria, em negar

provimento a todos os demais recursos, vencidas a Dr.ª Marilei Lacerda Menna e

a Dr.ª Munira Hanna, que votaram pela necessidade de reavaliação das provas

pela Banca Examinadora no tocante ao uso correto da Língua Portuguesa.

Participaram do julgamento, além da signatária, os eminentes

Magistrados MANUEL JOSÉ MARTINEZ LUCAS (PRESIDENTE), JUCELANA LURDES PEREIRA DOS SANTOS, JOSÉ RICARDO DE BEM SANHUDO, MUNIRA HANNA, MARILEI LACERDA MENNA, CARLOS FRANCISCO

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GROSS, CARLA PATRÍCIA BOSCHETTI MARCON DELLA GIUSTINA e LIZANDRA CERICATO VILLARROEL.

Porto Alegre, 19 de novembro de 2014.

DR.ª PATRÍCIA FRAGA MARTINS RELATORA

R E L AT ÓRI O

DR.ª PATRÍCIA FRAGA MARTINS (RELATORA)

O presente voto analisa vinte recursos interpostos contra decisão da

Comissão de Concurso Público para outorga de delegação Notarial e de

Registros quanto à QUESTÃO PRÁTICA 01, assim redigida:

“Lavre ato que formalize negócio jurídico de venda e compra de

imóvel, em que figure como comprador menor, de 12 anos de idade, envolvendo

doação de numerário pelos genitores, ocorrida em ocasião anterior. O bem está

localizado na Rua Soldado Teodoro, nº 181, apartamento 75, do Edifício Ocean –

Condomínio Sete Mares, objeto da matrícula 20.000, do 1º RI da Capital. O valor

de venda foi de R$ 191.279,00 e o valor de referência de R$ 200.347,00.”

Vieram-me conclusos.

É o relatório.

V O TO

DR.ª PATRÍCIA FRAGA MARTINS (RELATORA)

Antes de passar para o exame de cada um dos recursos é

importante salientar critérios comuns à análise de todas as inconformidades.

Alguns candidatos solicitam ser determinada pela Comissão de

Concurso e pelo CORAD qual a pontuação atribuída a cada item que consta na

resposta paradigma, como se a prova de caráter subjetivo pudesse ser

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mensurada sem o exame do conjunto e fragmentada em aspectos diversos. A

resposta, assim, como uma escritura pública real não pode ter pontos “tarifados”,

pois a ausência de alguns requisitos pode ser mais relevante que a presença de

outros. A avaliação deve ser auferida pelo todo, pelo conjunto e, nunca por

partes, que num ato complexo podem ter efeitos e importância diversa e que se

reflete na nota.

Gize-se que numa prova discursiva até mesmo a lógica e clareza do

texto são imprescindíveis à atribuição da nota final. Não se pode tarifar cada item

principalmente num concurso para cargo em que os documentos lavrados devem

ser claros e exatos quanto ao que dele consta em nome da segurança jurídica

que representa.

Sobre o tema:

RECURSO ADMINISTRATIVO EM PROCEDIMENTO DE CONTROLE ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO PARA PROVIMENTO DE CARGOS DE JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO. DIVULGAÇÃO DE CRITÉRIOS PARA CORREÇÃO DE PROVAS. DESNECESSIDADE. RECURSO NÃO PROVIDO. 1. Trata-se de Recurso Administrativo em sede de Procedimento de Controle Administrativo interposto contra decisão monocrática que julgou improcedente pedido de divulgação de critérios para correção de provas de sentença em concurso para magistratura federal. 2. O Conselho Nacional de Justiça já se manifestou pela desnecessidade de divulgação dos critérios de correção da prova subjetiva, ou mesmo do espelho de correção da prova, como pretende o recorrente, por via transversa. Precedentes do STF e STJ. Recurso Administrativo que se conhece, e a que se nega provimento. (CNJ - PCA - Procedimento de Controle Administrativo - 0007693-45.2012.2.00.0000 - Rel. NEY JOSÉ DE FREITAS - 173ª Sessão - j. 06/08/2013 ).

Passo a análise individual dos recursos:

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Recurso Nº 461625450

O candidato solicita nota máxima, considerando que deixou de

mencionar apenas a origem do numerário utilizado para compra, o que não é

exigido pelo enunciado da questão nem para validade do ato.

Nada há de se reparar à decisão da Comissão de Concurso, na

medida em que deixou o candidato de informar se o comprador menor consoante

enunciado da questão possui pai e mãe, caso em que deveria ser representado

por ambos; não indicou a cidade de localização do imóvel, na forma do artigo 2º,

§1º, da Lei nº 7433/811; não declinou ser o vendedor responsável pelo

recolhimento das contribuições sociais, o que acarretaria dispensa de

apresentação de certidões negativas da Receita Federal e do INSS; não falou

sobre a transmissão do domínio, posse , direitos e ações sobre o imóvel e a

responsabilidade pela evicção, não declinou quais as certidões e declarações

que foram dispensadas.

Ora, analisando as ausências retro citadas pela Comissão de

Concurso não podemos vislumbrar a possibilidade de majoração da nota

atribuída que se encontra correta.

Recurso nº 960239952

O candidato pugna pelo aumento de sua nota considerando que

mencionou a necessidade de constar o regime de bens do vendedor; não se

pode dizer que existe constrangimento ao declinar o estado civil dos genitores do

menor; observou o princípio da estrita especificidade objetiva tendo descrito

correta e inteiramente o imóvel; indicou as principais declarações que deveriam

ser feitas pelo vendedor e não falou sobre a evicção por decorrer de lei.

1 “Art. 2º - Ficam dispensados, na escritura pública de imóveis urbanos, sua descrição e caracterização, desde que constem, estes elementos, da certidão do Cartório do Registro de Imóveis. § 1º - Na hipótese prevista neste artigo, o instrumento consignará exclusivamente o número do registro ou matrícula no Registro de Imóveis, sua completa localização, logradouro, número, bairro, cidade, Estado e os documentos e certidões constantes do § 2º do art. 1º desta mesma Lei. “

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Como declinou a Comissão de Concurso o candidato ao asseverar

que o vendedor era casado deveria ter declinado o regime de bens para

verificação da necessidade de outorga uxória, não bastando a anotação que

consta na resposta:“ (…) se casado, o regime de bens e a indicação de que foi

celebrado o casamento antes ou depois da vigência da Lei n 6.515/1977, Lei do

Divórcio (...)”, deveria ter especificado qual o regime de bens do casamento, sob

pena de não ser possível verificar a necessidade ou não da outorga uxória. Já

quanto ao constrangimento aos genitores do menor pela completa qualificação,

inclusive, com o estado civil não vejo venha macular a nota do candidato, não

sendo elemento essencial como no caso do vendedor, não vislumbrando que por

tal motivo deva existir penalização.

De outra banda ,efetivamente não descreveu corretamente o imóvel

ao não declinar a cidade de sua localização, não fez referência a evicção , nem à

certidão negativa de feitos ajuizados. Não constou declaração do vendedor pelo

recolhimento de contribuições sociais o que levaria dispensa da apresentação de

CNDs do INSS e da Receita Federal.

Assim, considerando a omissões apontadas não há de se alterar a

nota atribuída ao recorrente.

Recurso nº 402930992 Disse o recorrente não prosperar a afirmação da Comissão de

Concurso de que sua prova conteria quatro omissões: a ausência de indicação

quanto à cidade de localização do imóvel; a ausência de referência as certidões

de débito trabalhistas; não indicação de certidão negativa de ônus sobre o imóvel

e a declaração de inexistência de ônus reais sobre o imóvel sendo que , com

exceção da terceira, as demais não se justificam.

A ausência de indicação da cidade de localização do imóvel fere o

disposto no art. 2º, §1º, da Lei nº 7433/85 .Não se diga que o local do imóvel não

estava indicado no enunciado da questão, pois como o apartamento encontra-se

registrado no 1º RI da Capital. Tratando-se de prova para concurso do Estado do

Rio Grande do Sul, outra conclusão não há de que a cidade provável era Porto

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Alegre. Não fez referência a débitos trabalhistas, nem sobre a negativa de ônus

sobre o imóvel expedido pelo Registro Imobiliário, nem mesmo quanto à

inexistência de outros ônus reais sobre o apartamento.

Observa-se que pelas ausências detectadas não faz jus o

recorrente a nota superior aquela que recebeu, mantendo-se a decisão da

Comissão de Concurso.

Recurso nº 111065453 Disse o recorrente que ao contrário do afirmado pela Comissão de

Concurso mencionou a matrícula do imóvel, não ferindo o principio da

especialidade objetiva registral; é necessária autorização judicial para a compra e

venda de imóvel por menor de idade e obrigatória a quitação do ITCMD; citou

jurisprudência; apenas omitiu na questão a emissão da DOI e tal fato não poderia

levar ao desconto de um ponto.

Quanto a matrícula realmente não se verifica tenha o candidato

declinado o número , mas apenas que “(...)Devidamente registrado e matriculado

junto ao 1º Registro (...)”, ou seja, ausente o número da matrícula do imóvel, dado

de extrema importância em uma escritura pública. No que tange a necessidade

de outorga judicial para compra e venda de imóvel por menor de idade, na forma

do art. 1691 do Código Civil despiciendo alvará judicial considerando que os pais

estavam adquirindo direitos e não obrigações para o filho menor. Não constou

que o vendedor era responsável pelo recolhimento de contribuições sociais,

ficando dispensado de apresentar certidões negativas da Receita Federal e do

INSS, nem disse quanto às certidões de débitos trabalhistas. Não constou

declaração do vendedor no sentido da existência ou não de outras ações reais e

reipersecutórias, relativas ao imóvel e de outros ônus reais. Não declinou quais

declarações e certidões foram apresentadas, o que deveria ser especificado pelo

candidato. Portanto, não se vislumbra a possibilidade de majoração da nota do

candidato frente aos elementos que faltaram em sua prova.

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Recurso nº 843798607

O candidato recorreu aduzindo que não declinou ambos os

genitores do menor na questão por desconhecer se ao tempo da realização da

compra e venda ambos os pais ou apenas um deles detinha o poder familiar,

constando do enunciado apenas informação de que “a doação de numerário

pelos genitores “ teria ocorrido “ em ocasião anterior”, sem especificar espaço de

tempo, por isso preferiu utilizar a expressão representante legal em virtude da

possibilidade dos pais estarem mortos ou não possuírem poder familiar; detalhou

corretamente o imóvel ; tendo origem as declarações e advertências que

consignou na escritura pública no princípio da cautela e dever de informação

notarial; a inclusão da anotação de que o carnê do IPTU foi apresentado com

capa serve para verificar o valor venal do imóvel ; a expressão de que o imóvel

se encontra livre de pessoas ou coisas é clausula padrão nesse tipo de

documento destinado a firmar o compromisso do vendedor de entregar o bem

“pronto para o uso”; a cláusula que estabelece o compromisso do comprador em

cumprir a convenção decorre do dever de informação do notário; por derradeiro

não pode ser apenado pelo fato de ter incluído a expressão “trasladado em

seguida”. Solicita o aumento da pontuação atribuída.

Bem analisou a Comissão de Concurso que no transcorrer da

questão o candidato afirma a existência de “genitores do outorgado”, logo,

inexiste lógica na argumentação quanto à questão da morte ou perda de pátrio

poder dos genitores que consoante asseverado pelo candidato teriam pago o

ITBI. Consigno que se não declinado no enunciado que algum dos pais não

possuía a representação do menor não pode o recorrente pressupor a exceção,

devendo acarretar a ausência de completa identificação dos genitores do

comprador menor a redução da nota.

Da mesma forma a referência de que o imóvel encontra-se no

município “x” mostra que o candidato não tem o conhecimento que conceitos de

cidade e município divergem, sendo município mais amplo, pois abrange a área

urbana e rural, podendo ter várias cidades, também chamadas de distritos,

enquanto cidade é somente área urbana.

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Acrescentou dados desnecessários que prejudicaram a clareza do

documento como a questão do poder familiar, apresentação de carnê do IPTU

com capa , que o imóvel se encontra livre de pessoas e coisas, compromisso do

comprador de cumprir a convenção de condomínio, ou seja,ressalvas irrelevantes

a finalidade da escritura pública de compra e venda e que sobejam o dever de

informação do tabelião.

Quanto à expressão trasladada em seguida é a certificação da

primeira cópia da escritura publica e não do documento original.

Verifico, então, que a majoração da pontuação inicial de 2,0 para

2,5 acolhida pela Comissão de Concurso representa a nota justa ao conteúdo

apresentado na prova.

Recurso nº 522448509 O recorrente afirmou que cumpriu com o disposto nos artigo 588

CNNR e 1°, inciso I, do Decreto-Lei nº 93240/86 no que tange a identidade dos

comparecentes; não nominou a cidade e o Estado por não constar no enunciado,

porém fez referência a necessidade de constar do documento; a expressão

notarial valor de referência significa avaliação da Prefeitura Municipal. Pugnou

pela atribuição do valor máximo para sua resposta.

Com razão a Comissão de Concurso, não basta constar que foram

apresentados os documentos de identidade, devendo o número estar expresso

na escritura pública para correta identificação dos envolvidos na contratação.

Quanto ao imóvel deveria ter indicado a cidade que como já

examinado no recurso nº 402930992, poderia ser Porto Alegre. Assim, deixou de

cumprir o requisito ao artigo 2º, §1º, da Lei nº 7.433/85.

Por fim, faltou clareza ao referir à manifestação do valor do imóvel

realizada pela Fazenda Municipal para fins do recolhimento do ITBI.

Com essas considerações, refiro que nada há de se alterar na

pontuação do candidato.

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Recurso nº 955131310 O recorrente asseverou que a redação do enunciado mencionando

doação anterior gerou confusão no candidato, levando a interpretação que tal ato

deveria constar na escritura pública, pois ambos os negócios podem ser

celebrados no mesmo ato, sendo a contradição ainda maior quando a Comissão

de Concurso imputa como faltosa a indicação equivocada do ITCMD; constou

expressamente que o comprador era incapaz; declinou corretamente a

localização do imóvel. Pugnou pelo aumento de sua nota.

Acolho as razões trazidas pela Comissão de Concurso para a nota

que foi atribuída ao recorrente. Quanto ao enunciado, à interpretação do

candidato que deveria tecer considerações sobre a doação na escritura é

equivocada e não decorre de qualquer interpretação razoável da prova, sendo

somente a ele imputável o erro e não a redação que é clara em estabelecer a

formalização de “negócio jurídico de compra e venda de imóvel”.

A falta de indicação de que o comprador é menor, constitui erro

grave, não suprindo a indicação de sua incapacidade que como reconhece o

recorrente pode advir de várias causas.

Feriu o princípio da especialidade ao não declinar a cidade onde

localizado o imóvel, não bastando fazer referência à “capital”, vulnerando o

princípio do art. 2º, §1º, da Lei nº 7433/85.

Ainda, equivocou-se quanto ao valor de venda e de referência ,

inclusive asseverando que o ITCD incidiu sobre o valor de avaliação e não sobre

o valor de venda que corresponderia ao valor doado.

Por tais considerações nada há de se modificar quando a decisão

da Comissão de Concurso.

Recurso nº 504458397

Afirmou o recorrente que na forma do art. 76 do Código Civil o

domicílio do incapaz é o mesmo de seus representantes; listou todas as certidões

exigidas por lei ; no que tange a cidade de localização do imóvel observou o art.

595 da CNNR/RS. Deve ser atribuída nota integral a resposta.

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Ao revés do que asseverado pelo recorrente, deveria ter qualificado

com todos os dados pessoais o comprador e não declinou o local onde ele

residia, dado que necessariamente se impunha constar na escritura pública, não

bastando para a formalização do ato a presunção do artigo 76 do Código Civil.

Saliento que os conceitos de residência e domicílio não se

confundem. Afirmam Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamblona filho, em sua

obra Novo Curso de Direito Civil, Parte Geral, volume 1, 13ª edição, Editora

Saraiva, 2011, p.284: “Diferente de morada, a residência pressupõe maior

estabilidade. É o lugar onde a pessoa natural se estabelece habitualmente (…)

Mais complexa é a noção de domicílio , porque abrange a de residência , e , por

consequência , a de morada. O domicílio, segundo vimos acima, é o lugar onde a

pessoa estabelece residência com ânimo definitivo, convertendo-o em regra no

centro principal de seus negócios jurídicos ou de sua atividade profissional. Não

basta, pois para sua configuração o simples ato material de residir , porém, mais

ainda , o propósito de permanecer(animus manendi), convertendo aquele local

em centro de suas atividades. Necessidade e fixidez são as suas

características.”.

Deveria ainda o candidato ter declinado quais as certidões e

declarações que foram dispensadas para demonstrar o conhecimento que

possuía , inobstante invocou o art.1º, §2º, do Decreto nº 93.240/90 em nítida

contradição, tanto para justificar a dispensa de apresentação de uma certidão,

quanto para afirmar que esta havia sido apresentada e arquivada em pasta

própria .

Quanto ausência de identificação da cidade deixou de cumprir com

o art. 2º, §1º, da Lei nº 7433/85.

Outra conclusão não há do que a nota que atribuída foi reduzida em

0,5 pontos pela ausência dos requisitos retro essenciais para atingir-se a nota

máxima na avaliação.

Recurso Nº 452685326 O recorrente distinguiu a qual arras fez referência; respondeu a

questão utilizando o número mínimo de linhas, não havendo qualquer

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fundamentação /motivação idônea para a nota atribuída; teceu considerações

sobre arras e o termo compromisso de compra e venda.

Deixo de analisar o mérito do recurso por claramente não se referir

à questão PRÁTICA 01, como consta do cabeçalho de folha 202, mas à questão

TEÓRICA 01 onde se questiona compromisso de compra e venda e arras

penitenciais, com o seguinte teor:

“Sem previsão expressa no respectivo compromisso de promessa

de compra e venda, pode o promitente-vendedor reter as arras penitenciais”

Ora, não existindo correlação entre os fundamentos do recurso e a

questão recorrida por certo há impossibilidade de conhecimento da irresignação.

Aliás, apenas para não deixar “in albis”, para evitar tautologia adoto

as razões de decidir da Comissão de Concurso, caso tivesse o candidato

recorrido da questão correta, que apesar da ausência de diversos requisitos na

escritura pública teve atribuída nota 2,0.

Recurso nº 886700218 Afirmou o recorrente que cumpriu com o princípio da especialidade

de acordo com o Decreto nº 7433, devendo sua nota ser majorada.

Não indicou o candidato qual a cidade de localização do imóvel, na

forma do art. 2º, §1º, da Lei nº 7433/85. Equivocou-se quanto à apresentação de

certidão negativa de ações reais e pessoais reipersecutória que são oriundas do

Registro Imobiliário e, não pelo Poder Judiciário. Não apresentou declaração

sobre a transmissão do domínio posse, direito e ações sobre o imóvel, em favor

do comprador, sobre a responsabilidade pela evicção, não indicou o valor de

avaliação do imóvel, valor que é referência para classificação do Selo Digital de

Fiscalização, incidência de Imposto de Transmissão e cálculo dos emolumentos

notarias e registrais.

Verifica-se que nada há que se modificar na nota atribuída.

Recurso nº 890408104 Irresignou-se o candidato quanto ao desconto de meio ponto por ter

considerado a Comissão de Concurso que não fez referência à cidade onde

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localizado o imóvel, pois tal restou expressamente especificado, cumprindo o

princípio da especialidade objetiva, merecendo aumento na pontuação.

Como bem observou a Comissão de Concurso, houve ausência na

descrição do imóvel da cidade em que esse pertencia, o que levou à atribuição

de nota 2,5.

A ausência de referência expressa em qual cidade se localiza o

imóvel justifica a nota atribuída, que deve ser mantida, consoante já examinado

nos recursos anteriores ferindo-se o art. 2º, §1º, da Lei nº 7.433/85.

Recurso nº 940780419 O recorrente afirmou que deve ser atribuída a sua nota valor

máximo por ter o documento que lavrou obedecido todos os requisitos legais.

Após a leitura da resposta verifica-se que houve a ausência de

diversos requisitos da escritura pública, a saber: a referência expressa em qual

cidade se localiza o imóvel em detrimento do disposto no art. 2º, §1º, da Lei nº

7.433/85. Não consta a declaração do vendedor no sentido da existência ou não

de outras ações reais ou pessoais reipersecutórias e de outro ônus reais

incidentes sobre o imóvel na forma do art. 1º, §3º, do Decreto nº 93.240/86, não

houve menção sobre as contribuições condominiais, não declarados quais as

certidões e declarações dispensadas pela “legislação vigente”, conhecimento que

se exigia do candidato.

Por tais motivos a nota de 2,5 atribuída ao recorrente está correta.

Recurso nº 259188622 Afirmou o candidato que a resposta à prova prática está

completamente de acordo com o gabarito apresentado, devendo receber a nota

máxima; teceu considerações sobre o protocolo da escritura no Livro de

Protocolos, não havendo espaço em branco, apenas divisão para diferenciar o

referido ato da escritura pública e os termos de sua avaliação; referiu o alvará

judicial para fins de movimentação da conta bancária de titularidade do menor

impúbere para compra do imóvel; entende que a apresentação do alvará judicial

atende o princípio da prudência que deve ser observado pelo tabelião. Cumpriu

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com todos os requisitos do documento devendo ser atribuída nota máxima à sua

resposta.

Como bem ressaltou a Comissão de Concurso, o destaque de

alvará judicial na resposta foi indevido ainda que tenha feito referência o

candidato de que ele foi apresentado pelos genitores de forma espontânea, ora

descabe à recorrente formular hipótese não prevista no enunciado, não houve

qualquer informação de onde o valor doado estava depositado ou guardado, logo,

que estava em conta bancária foi mera suposição e descabe referência ao alvará

judicial mencionado. Outrossim, outorgante é o vendedor que transfere a

propriedade e outorgado o comprador. Não utiliza o art. 3º do Decreto nº

93.240/86, não fazendo referência à confrontação esquerda do imóvel, nem à

cidade de sua localização, consoante exigência do art. 2º, §1º, da Lei nº 7.433/85.

Não referiu o recebimento do preço e sua quitação, sobre a transmissão de

domínio, posse, direitos e ações sobre o imóvel , em favor do comprador,

ocorrendo omissão quanto à responsabilidade pela evicção.

Por tais considerações mantenho a nota atribuída pela Comissão de

Concurso.

Recurso nº 157633751 Aduziu o recorrente que no enunciado da questão consta “ em que

figure como comprador menor , de 12 anos de idade”, não existindo referência de

que ele estivesse devidamente representado, assim, deixou de lavrar o contrato

de compra e venda.

Consoante já declinado pela Comissão de Concurso o candidato

erroneamente interpretou o enunciado da questão e não lavrou a escritura

pública, ora, não se verifica procedência na dúvida , tanto mais quando consta

ordem expressa de “ Lavre ato que formalize negócio jurídico de....”. Com os

dados constantes é possível entender, como os demais candidatos, que se o ato

precisava ser lavrado todos os requisitos de validade deveriam estar presentes,

inclusive a representação do menor.

Concluindo-se que a nota deve ser mantida.

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Recurso nº 393729943 O candidato reconheceu que existem discrepâncias entre sua prova

e resposta paradigma apresentada pela Comissão de Concurso, porém, como

cumpriu todos os requisitos necessários, inclusive imprimindo interpretação mais

extensa indo ao encontro dos princípios notariais de dar total segurança jurídica

às partes envolvidas no ato praticado; identificou detalhadamente o imóvel e não

pode ser penalizado; não é necessária exigência da declaração verbal de ser o

vendedor responsável pelo recolhimento de contribuições sociais; o

esquecimento quando a constar no documento a omissão do DOI não prejudica o

ato jurídico pois é praxe natural afeta à atividade; é dever do notário exigir o

comprovante do ITCD da doação do numerário; por profilaxia lavrou a compra e

venda e a doação, logo, gerou duas incidências dos emolumentos; em suma,

apresentou todos os requisitos necessários ao ato e deve ser atribuída nota

máxima à sua avaliação.

A Comissão de Concurso corretamente afirmou que o termo

“pagadores” atribuído aos pais dos menores está equivocado, pois pagador é o

comprador, ou seja, o menor, que recebeu o dinheiro antes da compra. Não

indicou o endereço de localização do imóvel em detrimento ao art. 2º, §1º, da Lei

nº 7.433/85. Não inclui que o vendedor era o responsável pelo recolhimento das

contribuições sociais, o que dispensaria de apresentar certidões negativas da

Receita Federal e do INSS ( art. 47 da Lei nº 8212/91) Não falou sobre a emissão

do DOI e, nesse ponto, sublinho que deve o candidato demonstrar o

conhecimento que possui e não limitar-se a dizer após a prova de que não

haveria risco à validade do ato por constituir praxe da atividade. Cobrou

indevidamente emolumento da doação . Conclui-se, avaliando os erros retro

citados, que em razão deles correta a avaliação atribuída ao candidato,

descabendo a pretensão de receber nota máxima.

Recurso nº 210175865 Afirmou o candidato que o alvará judicial é requisito essencial à

lavratura do ato, devendo ser considerada válida a resposta em que recusou a

realização da escritura pelo notário.

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Como bem asseverou a Comissão de Concurso, a determinação do

enunciado é lavrar a escritura pública e prova é de prática, assim, se o candidato

entendia como necessário alvará judicial deveria ter mencionado junto com todos

os demais documentos essenciais ao ato. Acrescento, não seria “invenção” de

dados, mas a referência a documento que considerava o recorrente

indispensável ao ato como todos os demais, por exemplo, relativos à qualificação

das partes envolvidas no negócio jurídico. Mantenho a nota atribuída.

Recurso nº 694123619 Disse o recorrente que todos os itens foram observadas no

cabeçalho do documento, constou corretamente data de realização do ato;

forneceu todos os dados de identificação das partes; mencionou alvará judicial

em razão dos princípios da cautelaridade, profilaxia e segurança jurídica

inerentes ao ato notarial, referiu a doação de numerário ocorrida anteriormente,

com o respectivo recolhimento do ITCMD; descreveu a propriedade imobiliária e

a manifestação das partes, mencionou o recolhimento do ITBI, asseverou quanto

a inexistência de outras ações reais e pessoais e reipersecutórios relativas ao

objeto do negócio; referiu as certidões fiscais e a quitação do alienante para com

o condomínio, finalizou corretamente, como emissão da DOI referiu os

emolumentos, selos de fiscalização e processamento eletrônico, enfim, teceu

considerações sobre a presença de todos os requisitos necessários à atribuição

de nota máxima para sua resposta.

Novamente a Comissão de Concurso bem analisa a impugnação

apontando que o recorrente indicou os pais do comprador como sendo

vendedores do imóvel, aliás, erro grave que compromete a lavratura do ato.

Ainda, se necessário fosse teria de ser nomeado curador especial para

representar o menor e não tutor.

Ressalte-se outras ausência graves que comprometem a prova do

impugnante, como não referir o valor de compra e venda do bem nem seu

recebimento e quitação, identificou número diverso do apartamento que consta

expressamente no enunciado, ferindo a norma do art. 2º , §1º, da Lei nº 7.433/85,

não disse a qual registro de imóveis pertencia a matrícula, o que constava do

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enunciado, deixou de fazer referência expressa sobre as certidões negativas de

ônus e ações sobre o imóvel, da Previdência Social, de feitos ajuizados e de

débitos trabalhistas; tributos sobre o imóvel, por derradeiro, deixou de declinar

quais as certidões e declaração eram dispensadas, não prosperando a alegação

de que não o fez por não possuir espaço suficiente nas folhas, considerando que

outros candidatos no mesmo espaço o fizeram.

Acolho a manifestação da Comissão de Concurso mantendo a nota

atribuída.

Recurso nº 892536705

Disse o recorrente que formalizou a doação do numerário em

conjunto com a Compra e Venda, o que acarretou o desconto de 0,5 pontos em

sua nota; teceu considerações sobre o enunciado e a possibilidade de três

interpretações sobre o numerário propriedade do menor, a primeira seria pela

necessidade de alvará judicial liberatório do numerário, a segunda pela

desnecessidade de alvará judicial para a disponibilidade do numerário e a

terceira, pela qual optou, pela formalização da doação do numerário e a compra e

venda do imóvel em razão de eficiência e segurança jurídica que devem pautar

os atos notariais, ressalvando, que subtender que a doação mencionada já

estivesse formalizada inclusive com o recolhimento do imposto devido não

demonstra a prudência e cautela necessárias na Atividade Notarial e de Registro.

Pugnou pela majoração da nota em 0, 5 pontos.

Na forma do item 5.2 do Edital nº 036/2014 CECPODNR e item 5 do

Edital 032/2014 CECPODNR o candidato identificou-se no corpo do recurso à

Comissão de Concurso e não teve sua inconformidade examinada, suprimiu uma

esfera de análise o que equivaleria optar recorrer diretamente ao CORAD sem

exame do mérito para o órgão recursal anterior, logo, entendo que o recurso não

pode ser conhecido pelo disposto no item 15.1 do Edital nº 001/2013

CECPODNR.

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Recurso nº 801336449 Informou o recorrente que a Comissão de Concurso já majorou sua

nota em 0,5 pontos que passou a ser de 2,0, porém, não foi atendido o pedido de

especificação da nota consoante erros ou acertos, a fim de possibilitar a

conferência da avaliação final; o erro cometido quanto ao gênero das partes

tratou-se de mero erro de grafia o que não prejudica a validade do título; fez

referência à procuração com o objetivo de demonstrar que se utilizada deveria

obrigatoriamente ser registrada em notas; não é necessário falar sobre a

responsabilidade pela evicção nos contratos onerosos pois decorre do artigo 447

do Código Civil de 2002, demonstrou conhecimento de quais certidões deveriam

ser apresentadas; as dívidas condominiais em nada obstam a lavratura de

escritura pública ou seu registro junto à serventia, efetivamente esqueceu-se de

fazer referência certidões dos feitos ajuizados, no entanto colocou que o bem não

possuía qualquer ação real ou reipersecutória e que estava livre e

desembaraçado de quaisquer ônus, seja de natureza fiscal, trabalhista e

condominial, atendendo o art.1º, §3º do Decreto 93240/85. Requereu que fosse

identificada a pontuação atribuída a cada item da resposta, a reforma da decisão

da Comissão de Concurso com a aplicação da pontuação máxima ou sua

majoração, não se justificando o desconto de um ponto.

Prefacialmente quanto à forma de avaliação de questões

discursivas, renovo o declinado nas considerações iniciais da análise dos

presentes recursos.

A mudança de gênero de uma das partes no transcorrer da

escritura demonstra desatenção e falta de cuidado do registrador em ato que

deve pressupor a segurança jurídica, portando justificado reconhecimento do

erro. A forma que redigiu o texto de sua avaliação leva à conclusão de que

estava o vendedor sendo representado por procuração, caso em que deveria ter

identificado quem era essa pessoa. Deixou efetivamente de falar da evicção, não

demonstrando na avaliação conhecimento em tal sentido. Comete erro lógico

quando afirma que a outorgante não é responsável pela apresentação de

negativas fiscais e depois faz referência dizendo ter sido apresentada aquela que

diz respeito ao imóvel urbano sem designar se era positiva ou negativa. Não é

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claro quanto a contribuições para o condomínio e previdenciárias. Não fez

referência às certidões de feitos ajuizados e de débitos trabalhistas (art 1º, §2º ,

Lei 7.433/85 e Recomendação nº 3-CNJ de 15/03/12). Por derradeiro, deixou de

consignar a declaração do vendedor no sentido de existência ou não de outras

ações reais ou pessoais reipersecutórias, relativas ao imóvel, e de outros ônus

reais incidentes consoante artigo 1º, §3º, do Decreto nº 93240/86.

Verificando-se as argumentações da Comissão de Concurso não há

o que se reparar, pois o candidato ao procurar demonstrar conhecimento, como

afirma, acabou por deixar de cumprir o objetivo da questão, que era lavrar o ato.

Tratava-se de questão prática e não teórica que objetivasse tecer considerações

sobre a escritura pública, mas lavrar uma, com isso acabou por lavrar documento

dúbio que consiste erro grave em uma escritura pública, que deve justamente

representar sem qualquer dúvida o ato que dela consta

A nota deve ser mantida.

Recurso nº 542979210

Asseverou o recorrente que sua resposta atende todos os requisitos

exigidos no gabarito apresentado pela Comissão de Concurso. Ao revés do

afirmado pela referida comissão, estabeleceu corretamente a localização do

imóvel, está expressa a declaração de ausência de ações reais, reipersecutórias

e ônus reais; não é obrigatória a manifestação sobre a evicção do bem, a

alegada desnecessidade de autorização judicial para usar dinheiro do filho menor

para a aquisição do imóvel não pode reduzir sua pontuação, pois essa ultrapassa

a simples administração permitida pelo artigo 1641 do CC. Não possui erros de

português, devendo sua nota ser majorada para 3,0 ou 2,75.

Quanto à localização do imóvel, deixou de indicar a cidade onde ele

se encontra, no mais, como ressaltou a Comissão de Concurso despiciendo ao

alvará judicial mencionado pelo candidato, considerando que se trata de imóvel

adquirido com numerário antes doado e , sublinho, nos termos que consta da

redação da resposta do candidato entendeu a autorização judicial como requisito

da escritura pública, ultrapassando a mera menção à sua existência. Não

manifestou-se sobre a evicção. Quanto às ações, efetivamente consta do item

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legitimidade, porém, frente à ausência , em especial, da cidade em que se

localiza o bem e a menção de alvará judicial como já examinado, tratam-se de

erros graves que justificam a nota 2,5 atribuída e não a nota máxima.

É o voto.

DR.ª MARILEI LACERDA MENNA

Ressalvo o meu entendimento expresso no processo 0015-

14/000037-0. Em síntese, não há como aferir, com objetividade mínima, o que foi

considerado certo ou errado na resposta, pelo uso correto da língua portuguesa.

No Edital de abertura de inscrição nº 001/2013 – CECPODNR, no

subitem 7.3.1 consta: “Na avaliação das questões da prova escrita e prática será

também considerado o uso correto da Língua Portuguesa (forma redacional:

coerência, coesão, ortografia, concordância e pontuação).”

Há um vício de correção, pois o acerto ou erro está baseado em

deduções, ferindo o princípio da objetividade e da legalidade.

Não consta nenhuma observação, ou referência no tocante a

avaliação do uso correto da Língua Portuguesa (forma redacional: coerência,

coesão, ortografia, concordância e pontuação), conforme previsto no subitem

7.3.1 do Edital de Abertura de Inscrição nº 001/2013 – CEPODNR, e que deveria

ser objeto de avaliação.

Neste sentido é a decisão proferida no Mandado de Segurança nº

70056994106, do Segundo Grupo Cível do TJRS, julgado em 11.04.2014,

Relatora Des. Matilde Chabar Maia, ao examinar as alegações referentes a prova

de sentença, segunda etapa, do concurso para provimento de cargo de Juiz de

Direito Substituto, conforme Edital nº 42/2011. Por unanimidade concederam

parcialmente a segurança, conforme ementa, nos seguintes termos:

“MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO PÚBLICO. CARREIRA DA MAGISTRATURA ESTADUAL. PROVA DE SENTENÇA. Edital nº 42/2011. AVALIAÇÃO QUE CARECE DE MOTIVAÇÃO SUFICIENTE. NULIDADE RECONHECIDA. INVIABILIDADE DE INVASÃO DO MÉRITO ADMINISTRATIVO PELO PODER JUDICIÁRIO MEDIANTE A ATRIBUIÇÃO DIRETA DE PONTOS.

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NECESSIDADE DE REAVALIAÇÃO DA PROVA SUBJETIVA, QUANTO AOS TÓPICOS ENFRENTADOS PELA CANDIDATA.”

Consta do julgamento: “Não há como ser aferido, portanto, se os

critérios de correção expostos pela Banca foram efetivamente aplicados ao caso

concreto, pois dependeriam de motivação suficiente, o que constitui pressuposto

de validade de todo o ato administrativo, conforme prevê o art. 93, inciso X2, da

Constituição Federal.

Assim, no caso em comento, a reavaliação da referida prova escrita

pela Banca quanto a tais aspectos não constitui afronta ao princípio da

igualdade, já que constitui direito subjetivo do candidato a existência de

motivação suficiente às decisões administrativas, especialmente quando são

expostos, modo claro, os critérios de correção a serem aplicados.

Nesse sentido, também compreendeu o ilustre representante do

Ministério Público, cujo parecer ora transcrevo, in verbis (fls. 483/485): ‘DEVE SER CONCEDIDA A ORDEM Diferentemente da solução dada para solucionar conflitos de

leis, quando dois ou mais princípios aparentemente se contrapõem, é preciso aplicar a proporcionalidade. Deve se verificar, no caso concreto, quais os princípios que são invocados e qual deles deve, preponderantemente, ser observado. Na espécie, de um lado, tem-se o da motivação dos atos administrativos; de outro, o da igualdade.

Reavaliar os critérios de correção de prova subjetiva à impetrante, in casu, não significa quebra das condições a todos impostas. Isto porque, apesar dos recursos administrativos possíveis do resultado das diversas fases do concurso possuírem previsão no edital de abertura, conhecidos por todos, e tornando-se lei entre as partes, qual seja, entre a Administração Pública e o administrado, não se observa a necessária e indispensável clareza nos critérios de correção das provas de sentença.

Isso assentado, observa-se que o item 5.7, do Edital de Abertura do Certame, dispõe a forma como será procedida a correção da prova de sentença, verbis:

2 X - as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em sessão pública, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros. (grifei)

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“5.7. A prova prática de sentença será aplicada em 2 (dois) dias consecutivos, terá duração de 5 (cinco) horas a cada dia, e consistirá na elaboração de 2 (duas) sentenças, de natureza cível e criminal, envolvendo temas jurídicos constantes do programa. Será também avaliado nesta prova o conhecimento do vernáculo, exigindo-se, para a aprovação, nota mínima de 6 (seis) em cada uma delas, calculando-se a média aritmética simples entre elas.” (fl. 56).

O que se observa nos presentes autos é que não se tem como sopesar qual o peso ou faixa de valores que seriam distribuídos na prova de sentença, não se tendo como descontar eventuais equívocos cometidos pela candidata. Outrossim, causa perplexidade o fato de que a prova da impetrante não continha quaisquer apontamentos pela Banca Examinadora (fls. 346 a 355), impedindo com que aquela atacasse, de forma pontual, eventuais erros em seu recurso administrativo.

Assim, a falta de fundamentação na correção, com a ausência de gabarito, espelho de resposta ou qualquer documento congênere que indicasse os critérios de avaliação utilizados pela comissão examinadora torna o ato administrativo sem motivação idônea, importando nulidade do mesmo. Neste sentido:

“ADMINISTRATIVO. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO PÚBLICO. PERTINÊNCIA TEMÁTICA DE REDAÇÃO COM O EDITAL. CONFIGURAÇÃO. AUSÊNCIA DE CRITÉRIOS OBJETIVOS PARA CORREÇÃO DE PROVA. CARACTERIZAÇÃO. 1. (...). 2. (...). 3. (...). 4. (...). 5. (...). 6. (...) 7. (...). 8. No mais, correto o impetrante-recorrente quando aponta a ausência de critérios apontados no edital para fins de correção da prova de redação são por demais amplos, não permitindo qualquer tipo de controle por parte dos candidatos. 9. Eis a norma editalícia pertinente: "5.2.15.6. Os textos dissertativos produzidos pelos candidatos serão considerados nos planos do conteúdo e da expressão escrito, quanto à (ao): a) adequação ao tema propostos; b) modalidade escrita na variedade padrão; c) vocabulário; d) coerência e coesão; e) nível de informação e de argumentação". 10. Realmente, de plano, já não se sabe qual o peso ou a faixa de valores ("padrão Cespe") para cada quesito, nem o verdadeiro conteúdo de cada um deles, nem o valor de cada erro ("padrão ESAF"). 11. Mas a situação fica pior quando se tem contato com a folha de redação do candidato (fls. 197/198, e-STJ), da qual não consta nenhuma anotação - salvo o apontamento de erros de português - apta a embasar o resultado final por ele obtido na referida prova. Enfim, tem-se, aqui, ato administrativo sem motivação idônea, daí porque inválido. 12. O problema que surge é o seguinte: a ausência de motivação anterior ou contemporânea ao ato administrativo (correção da prova do candidato) importa nulidade do mesmo, mas o concurso já foi homologado e não há como, agora, deferir uma nova correção de prova - porque, deste jeito, a motivação existiria, mas seria posterior e prejudicaria todo o

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certame. 13. Para resolver o dilema, observa-se que o candidato foi eliminado no certame por 0,5 ponto (meio ponto) e fez pedido alternativo nos autos para que lhe fosse conferida a pontuação mínima para ser aprovado, gerando nova ordem de classificação. 14. Portanto, considera-se que atribuir-lhe a referida nota mínima na redação - ainda mais quando consistente em acréscimo pequeno de meio ponto - sana a nulidade de forma mais proporcional em relação aos demais candidatos e ao concurso como um todo (homologado em 17.6.2010 - v. fl. 91, e-STJ). 15. Contudo, é de se asseverar que a inclusão do candidato na lista de aprovados geraria nova ordem de classificação. Ocorre que, tendo em conta que já se passou quase um ano da homologação final do concurso, com eventual posse e exercícios dos demais candidatos aprovados, e observando que a nova ordem de classificação normalmente influi na lotação dos servidores, é caso de permitir a aprovação do candidato, mas consolidada na última colocação entre os aprovados, a fim de que a coisa julgada na presente ação não atinja terceiros que não participaram dos autos. 16. Recurso ordinário em mandado de segurança parcialmente provido para, acolhendo apenas o pedido "c" formulado nas razões recursais em análise nos termos expostos no parágrafo anterior.” (RMS n.º 33.825/SC, Relator: Ministro Mauro Campbell Marques, 2ª Turma do STJ, julgado em 07/06/2011, DJe 14/06/2011).

E, mesmo sabendo que em prova subjetiva os conhecimentos não são medidos de maneira estanque, havendo alguma subjetividade na correção, há a necessidade de que o administrado tenha condições de saber os motivos que determinaram sua reprovação, bem como os critérios de contagem de notas atribuídos a todos os candidatos, através de gabarito ou espelho, em atenção aos princípios da impessoalidade, isonomia e publicidade. Além disso, as razões do indeferimento do recurso administrativo interposto pela impetrante são feitas de forma genérica, limitando-se, ao seu final, a indicar três aspectos que a candidata de n.º 66 não apreciou por ocasião da sentença (fls. 419 as 421).

Assim, com arrimo, ainda, no princípio da proporcionalidade, deve ser concedida a ordem, merecendo destaque a análise feita pela Desembargadora Matilde Chabar Maia, que, ao deferir a liminar, assim a fundamentou: [...]

CONCLUSÃO: Nesses termos, OPINA O MINISTÉRIO PÚBLICO SEJA

CONCEDIDO O MANDADO DE SEGURANÇA impetrado por Thiele do Nascimento e Silva, contra ato do Sr. Desembargador Presidente da Comissão do Concurso para Juiz de Direito Substituto, atribuindo-lhe o grau 6,00, na prova de sentença cível, em face da existência de direito líquido e certo na impetração, por medida de Justiça!’

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Contudo, a segurança não pode ser concedida com a extensão

pretendida pela impetrante, a ponto de efetuar a atribuição direta da pontuação

necessária para atingir a nota 6,0 na prova de sentença, uma vez que o

Judiciário não pode se substituir à Banca na avaliação dos critérios por ela

eleitos, pois diz respeito ao mérito administrativo. Conclusão diversa desbordaria

dos limites da legalidade, passíveis de revisão pelo órgão jurisdicional.

Portanto, voto pela concessão parcial da ordem, a fim de determinar

que a Banca Examinadora efetue a reavaliação da prova de sentença cível

elaborada pela impetrante, mediante fundamentação que compreenda terem sido

abordados os tópicos relativos ao item B da resposta ao recurso administrativo –

fl. 421 -, confirmando a liminar deferida.”

Além disto, o STJ, por ocasião do julgamento do Recurso Especial

nº 1062902 – DF, em 11.05.2009, Ministro Relator Napoleão Nunes Maria Filho,

ao analisar os critérios utilizados na correção da prova subjetiva para o concurso

de Delegado de Polícia do Distrito Federal asseverou:

“... constata-se que a motivação nos recursos administrativos

referentes a concursos públicos é obrigatória e irrecusável, não existindo, neste

ponto, discricionariedade alguma por parte da Administração. Porém, a própria

autoridade apontada como coatora assim se manifestou ao prestar suas

informações, às fls. 212:

Inicialmente, releva frisar que a correção dos exames discursivos não só dos Impetrantes, como também dos demais candidatos, é conduzida pelas respectivas bancas examinadoras sem que, de fato, seja ultimada qualquer anotação no corpo das provas, a fim de que, em havendo eventuais recursos administrativos do candidato interessado, o julgamento do primeiro examinador não influencie o julgamento do segundo.

Em síntese, o primeiro examinador é instruído pela organização do Concurso a não lançar anotações nas provas dos candidatos, expondo suas razões, haja vista que, do contrário, o candidato não teria um julgamento isento caso deliberasse interpor recurso administrativo. Enfim, tal procedimento tem por escopo estabelecer um sistema de proteção ao candidato.

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Não há razoabilidade alguma nestas ponderações, na medida em

que tal proceder causa evidente cerceamento do direito de defesa e ao direito de

recorrer, integrante do devido processo legal, ao impor aos recorrentes a árdua

tarefa de interporem um recurso sem saber ao certo contra o quê estavam

recorrendo. Destaque-se aqui o parecer do douto Ministério Público em 1a.

instância que acertadamente afirmou que admitir tal posicionamento equivaleria a

chancelar manobra para contrariar disposição expressa do ar. 37, caput da

Constituição Federal, que determina o princípio da publicidade como inerente a

toda atividade administrativa (fls. 493).

...”

Assim, foi dado parcial provimento aos Recursos Especiais,

cassando-se o acórdão, concedendo-se a segurança para reconhecer a nulidade

dos atos de correção das provas subjetivas.

No caso, impõe-se a Banca Examinadora efetue a reavaliação da

prova no tocante ao uso correto da Língua Portuguesa.

É o voto.

DR.ª MUNIRA HANNA – Acompanho a divergência sustentada pela Dr.ª Marilei.

DR. CARLOS FRANCISCO GROSS - De acordo com o Relator.

DR.ª CARLA PATRÍCIA BOSCHETTI MARCON DELLA GIUSTINA - De acordo

com o Relator.

DR.ª LIZANDRA CERICATO VILLARROEL - De acordo com o Relator.

DES. MANUEL JOSÉ MARTINEZ LUCAS – De acordo com o Relator.

DES.ª JUCELANA LURDES PEREIRA DOS SANTOS - De acordo com o

Relator.

DR. JOSÉ RICARDO DE BEM SANHUDO - De acordo com o Relator.

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DES. MANUEL JOSÉ MARTINEZ LUCAS (PRESIDENTE) – PROC. Nº 0015-

14/000121-0 – “À UNANIMIDADE, NÃO CONHECERAM DOS RECURSOS Nº 452685326 E 892536705 E, POR MAIORIA, NEGARAM PROVIMENTO A TODOS OS DEMAIS RECURSOS, VENCIDAS A DR.ª MARILEI LACERDA MENNA E A DR.ª MUNIRA HANNA, QUE VOTARAM PELA NECESSIDADE DE REAVALIAÇÃO DAS PROVAS PELA BANCA EXAMINADORA NO TOCANTE AO USO CORRETO DA LÍNGUA PORTUGUESA.”