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DANIELI TELES LIVIÉRI COSTA A OFICINA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO EM SAÚDE PARA PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DE LACTENTES São Paulo 2016

A OFICINA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO EM SAÚDE PARA … · doméstico, antes e após a realização de uma ação educativa; planejar e realizar uma ação educativa, na modalidade

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DANIELI TELES LIVIÉRI COSTA

A OFICINA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO EM SAÚDE PARA PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO

DE LACTENTES

São Paulo 2016

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DANIELI TELES LIVIÉRI COSTA

A OFICINA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO EM SAÚDE PARA PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO

DE LACTENTES

São Paulo 2016

Versão corrigida da Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestra em Ciências. Área de concentração: Cuidados em Saúde. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Maria de La Ó Ramallo Veríssimo

VERSÃO CORRIGIDA

A versão original encontra-se disponível na Biblioteca da Escola de

Enfermagem da Universidade de São Paulo e na Biblioteca Digital de

Teses e Dissertações da Universidade de São Paulo.

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AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

Assinatura: _____________________________________________

Data:___/____/___

Catalogação na Publicação (CIP) Biblioteca “Wanda de Aguiar Horta”

Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo

Costa, Danieli Teles Liviéri A oficina pedagógica na educação em saúde para promoção

do desenvolvimento de lactentes / Danieli Teles Liviéri Costa. São Paulo, 2016.

124 p.

Dissertação (Mestrado) – Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Maria de La Ó Ramallo Veríssimo Área de concentração: Cuidados em Saúde

1. Educação em saúde. 2. Lactentes. 3. Desenvolvimento

infantil. 4. Cuidados de enfermagem. 5. Brincadeiras. 6. Enfermagem. I. Título.

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Nome: Danieli Teles Liviéri Costa Título: A oficina pedagógica na educação em saúde para promoção do desenvolvimento de lactentes.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em

Enfermagem da Escola de Enfermagem da Universidade de São

Paulo para obtenção do título de Mestra em Ciências.

Aprovado em: ____/____/____

Banca Examinadora

Prof. Dr. __________________________Instituição:_____________

Julgamento:______________________ Assinatura:_____________

Prof. Dr. __________________________Instituição:_____________

Julgamento:______________________ Assinatura:_____________

Prof. Dr. __________________________Instituição:_____________

Julgamento:______________________ Assinatura:_____________

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Dedico este trabalho...

Aos meus pais, Sérgio e Celia,

meus maiores exemplos

de dedicação, força e coragem!

A quem devo a vida e tudo que sou...

Ao meu marido Ruben,

pelo apoio incondicional.

Aos meus queridos avós, José e Neide,

Antônio e Maria José.

A toda minha família e amigos, que me

apoiaram durante toda essa trajetória.

A todos que tornaram este sonho possível.

Amo vocês!

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a Deus por ter me abençoado

durante toda trajetória. Por ter me dado forças para seguir em frente,

por ter iluminado meu caminho e permitido tantas realizações!

Aos meus pais, Sérgio e Celia, por terem sonhado este sonho

junto comigo, por terem me acompanhado tantas vezes nas viagens,

por ficarem esperando do lado de fora pelo término das aulas, por

me sustentarem em cada etapa, e nunca me deixarem desistir. Sem

vocês nada seria possível, obrigada por tudo!

Ao meu querido e amado marido Ruben, por todo seu apoio

diário, companheirismo e paciência inesgotável. Por ter feito parte

dessa história me amparando e dando forças com tanto carinho e

amor. Por ter cuidado tão bem de mim e pela compreensão diante

de tantas ausências.

Aos meus avós, por todo apoio, pelas orações para que tudo

ocorresse bem durante as viagens, por acreditarem em mim e pelo

incentivo.

A minha Tia Denise e Tio Robinson, que me levou tantas

vezes para as aulas. Muito obrigada por todo apoio!

A toda minha querida família, pelo suporte e pela torcida de

sempre. Vocês são a minha vida!

A minha querida grande amiga-irmã, Silvana Aparecida

Sanavio, que voluntariamente participou desta pesquisa,

contribuindo para a realização deste sonho. E por toda sua amizade.

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A Secretaria de Saúde de Boituva/SP, em especial ao diretor

de Divisão e Planejamento, Samoel Mariano, por ter permitido

inúmeras dispensas do trabalho que exerço no município, pelo

infinito apoio e por sua amizade.

À querida Prof.ª Dr.ª Maria de La Ó Ramallo Veríssimo, mais

que uma orientadora. Por ter me recebido com tanto carinho e me

conduzido durante esse processo com muita sabedoria. Obrigada

por tantos conhecimentos compartilhados e por tornar possível a

realização deste sonho tão especial para mim.

A todos os membros do Grupo de Pesquisa “Cuidado em

Saúde e Promoção do Desenvolvimento Infantil” da Escola de

Enfermagem da USP, pelos grandes conhecimentos e experiências

compartilhadas, e por terem construído este trabalho junto comigo. E

pela amizade construída.

A todos os funcionários da Escola de Enfermagem da USP,

pela convivência, apoio e respeito.

À querida Prof.ª Dr.ª Aurea Tamami Minagawa Toriyama, por

ter se tornado uma amiga, por compartilhar seus conhecimentos e

pelo apoio sempre.

À Prof.ª Dr.ª Cecília Helena de Siqueira Sigaud, por seus

ensinamentos valiosos e por todo seu carinho.

À Prof.ª Dr.ª Luciana de Lione Melo, um grande exemplo, por

tanto ter contribuído para o meu conhecimento durante essa

trajetória, em especial para inserção no mestrado.

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A todos os docentes e colegas com que tive contato durante

essa trajetória.

A toda querida equipe da Unidade Estratégia Saúde da

Família Aparecidinha de Sorocaba, por terem me recebido com tanta

ternura e pelo apoio incondicional.

À Secretaria de Saúde de Sorocaba, que prontamente

autorizou a realização da pesquisa.

A todas as famílias que participaram deste estudo

contribuindo para o meu crescimento profissional e pessoal.

A todos, que direta ou indiretamente tornaram este sonho

realidade!

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“Ninguém nasce feito, é experimentando-nos

no mundo que nós nos fazemos”.

Paulo Freire

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Costa DTL. A oficina pedagógica na educação em saúde para promoção do desenvolvimento de lactentes [dissertação]. São Paulo: Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo; 2016.

RESUMO

Introdução: A Oficina Pedagógica é potencialmente útil na

educação em saúde, pois visa ao diálogo, troca de saberes e

relação horizontal entre profissionais e usuários. Objetivo Geral:

Avaliar o efeito de uma atividade educativa sobre os conhecimentos

e práticas dos familiares de lactentes, relativos à promoção do

desenvolvimento infantil por meio do brincar. Objetivos

específicos: Avaliar a qualidade de estimulação no ambiente

doméstico, antes e após a realização de uma ação educativa;

planejar e realizar uma ação educativa, na modalidade de Oficina

Pedagógica, sobre desenvolvimento infantil e brincadeira; descrever

as facilidades e dificuldades na execução da ação educativa, bem

como a opinião das participantes sobre a atividade educativa

realizada. Método: estudo quantitativo, com delineamento

experimental, na cidade de Sorocaba, interior de São Paulo. A

população constitui-se de cuidadores de crianças com idade entre 1

e 24 meses, cadastradas numa Unidade Estratégia Saúde da

Família. Para a coleta de dados, foi aplicado o Inventário Home

Observation for Measurement of the Environment Scale, versão para

o grupo etário de 0 a 3 anos (IT-HOME), antes e depois da ação

educativa; foi também aplicado um questionário de avaliação da

oficina e realizada uma discussão grupal ao seu final. O Grupo

Experimental (GE) participou de uma Oficina Pedagógica delineada

segundo os fundamentos da educação popular em saúde, sobre a

temática do desenvolvimento infantil e a brincadeira. A análise dos

dados compreendeu análises descritivas e o teste estatístico para

medidas repetidas modelo ANOVA (“Analysis of Variance”), para

comparar o GE e o grupo controle (GC) após a ação educativa.

Pesquisa aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de

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Enfermagem da USP (parecer 952.23 e CAAE

38202814.2.0000.5392), conforme as diretrizes da Resolução 466

de 2012 do Conselho Nacional de Saúde. Resultados: antes da

ação educativa, 30 crianças foram avaliadas, sendo 23,3%

classificadas em baixo risco para o desenvolvimento, 56,7% em

médio e 20,0% em alto risco; crianças mais jovens tiveram

classificação de risco maior. Foram realizadas duas Oficinas

Pedagógicas, com dois encontros cada, com envolvimento de onze

famílias. A oficina foi avaliada como facilitadora do aprendizado

devido à troca de saberes, experiências e reflexões sobre o

desenvolvimento infantil e ações apropriadas para sua promoção. A

reaplicação do IT-HOME alcançou nove crianças do GE e oito do

GC. As classificações de risco melhoraram para ambos os grupos,

mantendo-se maior risco para as crianças mais jovens; não houve

diferença entre o GE e GC no IT-HOME, embora as cuidadoras do

GE relatassem mais mudanças em suas práticas, devido aos

conhecimentos adquiridos. Conclusões e considerações: A ação

educativa participativa foi bem aceita e promoveu ações favoráveis

ao desenvolvimento. A ausência de diferença entre os grupos na

aplicação do IT-HOME pode dever-se às perdas, sendo

recomendáveis outros estudos com maiores números de crianças. A

atuação dos enfermeiros segundo os fundamentos da educação

popular pode favorecer o acesso ao conhecimento sobre a

estimulação do desenvolvimento infantil no ambiente doméstico,

desde o pré-natal, considerando o maior risco de baixa estimulação

para as crianças mais jovens.

PALAVRAS-CHAVE: Educação em saúde. Enfermagem de atenção

primária. Cuidado do lactente. Desenvolvimento infantil.

Brincadeiras.

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Costa DTL. The Pedagogical Workshops on health education to promote the development of infants [dissertation]. São Paulo (SP), Brasil: Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo; 2016.

ABSTRACT

Introduction: The Pedagogical Workshop is potentially useful in

health education, since it aims to the dialogue, exchange of

knowledge and horizontal relationship between professionals and

users. General Aim: To evaluate the effect of an educational activity

on the knowledge and practices of family members of infants,

promoting child development through playing activities. Specific

Aims: To evaluate the quality of stimulation at home, before and

after carrying out an educational activity; to plan and to conduct an

educational activity, in the form of a Pedagogical Workshops on child

development and playing; describe the advantages and difficulties in

the implementation of educational activities, as well as the opinion of

the participants of the educational activity carried out.

Method: quantitative study, with experimental design, in the city of

Sorocaba, countryside of São Paulo state. The population is made

up of children’s caregivers, aged 0 to 24 months, registered in the

Family Health Strategy Unit. To collect data, was applied the

Inventory Home Observation for Measurement of the Environment

Scale, version for the age group 1-3 years (IT-HOME), before and

after the educational activity; It was also applied a questionnaire to

evaluate the workshop and held a group discussion at the end. The

experimental group (EG) attended a Pedagogical Workshop outlined

under the foundations of a health education program on the subject

of child development and play. Data analysis comprised descriptive

analysis and statistical test for repeated measures ANOVA model

("Analysis of Variance"), to compare the EG and the control group

(CG) after the educational activity. This research was approved by

USP School of Nursing’s Ethics Research Committee (opinion

952.23 and CAAE 38202814.2.0000.5392), and followed the

guidelines of Resolution 466 of 2012 of the National Health Council.

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Results: before the educational activity, 30 children were evaluated,

with 23.3% classified as low risk for the development, 56.7% on

average and 20.0% in high-risk; younger children had a higher risk

classification. Two Pedagogical Workshops were held with two

meetings each, involving eleven families. The workshop was

evaluated as a facilitator of learning due to the exchange of

knowledge, experiences, and reflections on child development and

appropriate actions for its promotion. The re-application of IT-HOME

reached nine children of EG and eight CG. The risk ratings have

improved for both groups and remaining as higher risk for younger

children; there was no difference between the EG and CG in the IT-

HOME, although the EG caregivers reported more changes in their

practices due to the acquired knowledge. Conclusions and

considerations: The participatory educational action was well

accepted and promoted favorable actions to development. The lack

of difference between the groups in the IT-HOME application might

be due to the losses, being recommended further studies with a

larger number of children. The role of nurses, according to the

principles of popular education can facilitate the access to knowledge

on the stimulation of child development at home, since the prenatal,

considering the increased risk of low stimulation for younger children.

KEYWORDS: Health education. Primary care nursing. Infant care.

Child development. Play and playthings.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Quadro 1 – A importância do tempo: as intervenções mais importantes para a promoção do desenvolvimento no período pré-escolar, segundo os domínios do desenvolvimento e a idade da criança.

32

Esquema 1 – Etapas da Coleta de Dados.

41

Figura 1 – Modelo do convite entregue aos cuidadores para participação na Oficina Pedagógica.

46

Figura 2 – Formato de entrega do convite para participação na Oficina Pedagógica.

47

Quadro 2 – Síntese das observações realizadas pelo entrevistador e comentários das cuidadoras.

62

Figura 3 – Espaço para recreação montado na ESF Aparecidinha.

66

Figura 4 – Cartaz produzido na Oficina Pedagógica I, segundo encontro.

68

Figura 5 –

Cartaz produzido na Oficina Pedagógica II, segundo encontro.

69

Quadro 3 – Síntese das observações realizadas pelo entrevistador e comentários das cuidadoras.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Distribuição dos artigos sobre o brincar com a criança no contexto familiar encontrados e selecionados, segundo as Bases de Dados.

27

Tabela 2 – IT-HOME: escore bruto das subescalas e escore total.

44

Tabela 3 – Caracterização do cuidador primário da criança segundo faixa etária, escolaridade e realização de atividade remunerada.

56

Tabela 4 – Caracterização da criança segundo sexo, faixa etária e frequência em creche.

57

Tabela 5 – Classificação econômica de acordo com o Critério ABEP, 2014.

58

Tabela 6 – Caracterização do ambiente doméstico por meio do Inventário IT- HOME.

58

Tabela 7 – Caracterização do ambiente doméstico por meio do Inventário IT- HOME nas respectivas subescalas.

59

Tabela 8 – Medidas de tendência central dos escores de cada subescala do IT-HOME e pontuações mínimas e máximas possíveis.

60

Tabela 9 – Relação idade da criança X estimulação do desenvolvimento por parte do cuidador primário.

61

Tabela 10 – Questionário de Avaliação das Oficinas Pedagógicas – Caracterização das participantes e da criança.

71

Tabela 11 – Avaliação das Oficinas Pedagógicas pelas participantes.

72

Tabela 12 – Caracterização das cuidadoras dos GE e GC segundo faixa etária, escolaridade e realização de atividade remunerada.

75

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Tabela 13 – Classificação econômica de acordo com o Critério ABEP, 2014.

75

Tabela 14 – Caracterização das crianças do GE e do GC segundo sexo, faixa etária e frequência em creche.

76

Tabela 15 – Caracterização do ambiente doméstico por meio do Inventário IT- HOME.

76

Tabela 16 – Interpretação dos dados pelo modelo ANOVA – Medidas Repetidas, considerando média, DP, mediana e valor-p para coleta e interação.

78

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................ 22

1.1 A EDUCAÇÃO EM SAÚDE E A ESTRATÉGIA DE

OFICINA PEDAGÓGICA ........................................................... 22

1.2 A ESCOLHA DO TEMA PARA A OFICINA

PEDAGÓGICA ........................................................................... 25

1.2.1 Promovendo o desenvolvimento infantil: o brincar

no contexto familiar .................................................................... 26

1.3 A ESCOLHA DA FAIXA ETÁRIA DAS CRIANÇAS .......... 30

1.4 JUSTIFICATIVA DO ESTUDO ......................................... 33

2 OBJETIVOS ........................................................................... 36

2.1 OBJETIVO GERAL ........................................................... 36

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................. 36

3 MÉTODO ................................................................................ 38

3.1 TIPO DE ESTUDO ............................................................ 38

3.2 CENÁRIO DO ESTUDO ................................................... 39

3.3 POPULAÇÃO DO ESTUDO ............................................. 40

3.4 COLETA DE DADOS ........................................................ 41

3.4.1 Primeira etapa ......................................................... 41

3.4.1.1 Estudo piloto ............................................... 47

3.4.2 Segunda etapa ....................................................... 48

3.4.3 Terceira etapa ......................................................... 51

3.5 ANÁLISE DOS DADOS .................................................... 52

3.5.1 Primeira etapa ......................................................... 52

3.5.2 Segunda etapa ....................................................... 52

3.5.3 Terceira etapa ......................................................... 52

3.6 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS ............................................ 53

4 RESULTADOS ....................................................................... 55

4.1 PRIMEIRA ETAPA ............................................................ 55

4.1.1 Caracterização dos cuidadores .............................. 55

4.1.2 Caracterização das crianças ................................... 56

4.1.3 Classificação Econômica ........................................ 57

4.1.4 Caracterização do ambiente domiciliar pelo

Inventário HOME ....................................................................... 58

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4.2 SEGUNDA ETAPA ........................................................... 65

4.3 TERCEIRA ETAPA ........................................................... 74

5 DISCUSSÃO ........................................................................... 83

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................... 93

REFERÊNCIAS ......................................................................... 96

Apêndice A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido .... 101

Apêndice B – Descrição das Atividades da Oficina Pedagógica 103

Apêndice C – Questionário de Avaliação da Oficina

Pedagógica ................................................................................ 109

Anexo 1 – Folha de Registro HOME – 0 a 3 anos ..................... 112

Anexo 2 – Critério de Classificação Econômica Brasil .............. 116

Anexo 3 – Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da

EEUSP ....................................................................................... 119

Anexo 4 – Aprovação da Secretaria da Saúde do Município de

Sorocaba/SP .............................................................................. 122

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APRESENTAÇÃO

Durante minha trajetória profissional, pude vivenciar e refletir

sobre os aspectos relativos à promoção do desenvolvimento infantil.

Há cinco anos atuo como enfermeira na Atenção Primária em Saúde

de um município do interior de São Paulo, trabalhando diretamente

com o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento da

criança.

A Unidade de Puericultura, local em que atuo, está locada

atualmente dentro do Centro de Referência em Saúde da Mulher,

sendo responsável pelo atendimento em saúde a crianças de risco e

com vulnerabilidade.

São atendidas crianças em situação de risco social, vítimas

de violência doméstica, como a física, psicológica e sexual, crianças

com doença crônica grave, asma, desnutridos ou com baixo peso,

obesidade ou sobrepeso, síndromes genéticas e cardiopatias

congênitas, além da triagem de todos os recém-nascidos do

município por meio da primeira consulta do bebê.

O acompanhamento do crescimento e desenvolvimento da

criança é realizado por meio de consultas médicas e de

enfermagem. As ações de promoção da saúde e prevenção de

agravos são desenvolvidas nos âmbitos individual e grupal. As

ações individuais ocorrem durante as consultas e as ações em grupo

acontecem na sala de espera pelo atendimento ou em reuniões

previamente programadas.

Os profissionais que atuam com os grupos educativos são,

além do enfermeiro, pediatra, psicóloga, fisioterapeuta, nutricionista

e assistente social, envolvendo atividades com gestantes e família

das crianças.

O enfermeiro estende ainda o seu atendimento para as

creches e abrigo, único do município, no tocante às orientações de

cuidado à saúde da criança em ambientes coletivos.

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Na recepção da Unidade, está disposto um espaço físico,

composto por mesa e cadeiras infantis e brinquedos para que,

durante o período de espera pelo atendimento, as crianças possam

brincar.

Durante a jornada de trabalho, percebo que os responsáveis

pelas crianças pouco interagem nesse momento de brincar. À

criança, é permitido que fique naquele espaço brincando; porém os

responsáveis não se envolvem com as atividades.

Nas consultas de enfermagem, quando esses responsáveis

são questionados sobre a promoção do desenvolvimento infantil por

meio da brincadeira, fica nítida a atribuição do brincar a um

momento da criança e, quando essa criança é menor de um ano,

menos importância o adulto confere ao brincar.

Tal observação motivou a necessidade de despertar na

família a importância sobre a brincadeira visando à promoção do

desenvolvimento infantil, visto que a família tem papel fundamental

no processo de cuidado da criança, influenciando diretamente o seu

desenvolvimento e impactando na qualidade do mesmo.

Além das atividades desenvolvidas na Unidade, estou inserida

no Comitê de Mortalidade Materno-Infantil e Fetal desde 2011 e no

grupo condutor para implantação da Rede Cegonha no município

desde 2012, em que os aspectos do cuidado e da educação em

saúde para promover o desenvolvimento integral e saudável da

criança ficam cada vez mais em evidência.

Concomitante a isso, a minha inserção no grupo de pesquisa

“Cuidado em Saúde e Promoção do Desenvolvimento Infantil” da

Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (USP) em

2011, corroborou intensamente para as reflexões acerca do

desenvolvimento infantil, em especial para as ações de promoção

exercidas pela família, em associação à lacuna vivenciada na prática

diária de assistência.

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Diante dessa realidade, essa pesquisa surgiu pela

necessidade em incentivar às famílias nas ações de promoção do

desenvolvimento da criança, tendo a brincadeira como elemento

fundamental desse processo e o ambiente doméstico como o local

que permeia essas relações.

Para concretização dessa proposta, a ação educativa foi

escolhida, na perspectiva de que o incentivo à estimulação possa

ser oriundo de ações de baixo custo, acessíveis aos profissionais e

serviços de saúde.

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21

INTRODUÇÃO ___________________________

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22

1 INTRODUÇÃO

1.1 A EDUCAÇÃO EM SAÚDE E A ESTRATÉGIA DE

OFICINA PEDAGÓGICA

O Ministério da Saúde define educação em saúde como:

“Processo educativo de construção de conhecimentos em saúde que visa à apropriação temática pela população. Conjunto de práticas do setor que contribui para aumentar a autonomia das pessoas no seu cuidado e no debate com os profissionais e os gestores a fim de alcançar uma atenção de saúde de acordo com suas

necessidades” (Brasil, 2006).

As práticas relacionadas à educação em saúde envolvem três

segmentos de atores prioritários: profissionais da saúde que

valorizem a prevenção e a promoção tanto quanto as práticas

curativas, gestores que apoiem esses profissionais, e a população,

sendo que esta deve ser capaz de construir seus conhecimentos e

aumentar sua autonomia nos cuidados tanto individuais quanto

coletivos (Falkenberg et al., 2014).

A educação em saúde visa à autonomia das pessoas em

relação aos processos de saúde e doença e de suas condições de

vida, que são possíveis geradores de doenças, porém, ainda é vista

como a transmissão de conhecimentos (Oliveira, Oliveira, 2006).

Uma das concepções mais generalizadas sobre educação em

saúde é aquela cujas atividades se desenvolvem mediante situações

formais de ensino-aprendizagem, caracterizadas pelo didatismo e

pela assimetria expressa na ação do profissional de saúde, em que

este se coloca na posição de “educador”, enquanto que os usuários

dos serviços se situam na condição de “educandos” (Flores, 2007).

O didatismo ocorre quando as atividades desenvolvidas não

consideram as condições de risco da comunidade nem suas reais

necessidades. E a assimetria se configura na perspectiva de que as

práticas educativas realizam-se por meio da passagem de um saber

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ou informação, dos que “sabem” para os que “desconhecem”,

negando o diálogo como fundamento dessa relação (Flores, 2007).

A ênfase às ações curativas e ao atendimento médico nos

serviços de saúde brasileiros direciona a prática educativa a ações

que visam modificar práticas dos indivíduos consideradas

inadequadas pelos profissionais, por meio da prescrição de

tratamentos, condutas e mudanças de comportamento. Mesmo

quando se propõem atividades chamadas participativas, como pela

formação de grupos, sua organização prevê prioritariamente aulas

ou palestras, restringindo as manifestações dos sujeitos a dúvidas

pontuais a serem respondidas pelos profissionais (Chiesa,

Veríssimo, 2001).

Em oposição a essa concepção positivista, na qual a

educação em saúde é vista de forma reducionista, caracterizada por

práticas impositivas e prescritivas de comportamentos, iniciou-se o

movimento de transformação da prática tradicional, para um modelo

no qual existe a participação ativa da comunidade (Pedrosa, 2007).

Para tanto, a Educação Popular surge como instrumento

propulsor desse processo. Por meio da Secretaria de Gestão

Estratégica e Participativa (SGEP/MS), o Ministério da Saúde,

instituiu a Política Nacional de Educação Popular em Saúde no

Sistema Único de Saúde (PNEPS – SUS). Com a PNEPS, os

princípios do SUS são reafirmados assim como o compromisso com

a garantia do direito à saúde mediante a implementação de políticas

que contribuam para a melhoria da qualidade de vida e diminuição

das desigualdades sociais, ancoradas na ampliação da democracia

participativa no setor saúde (Brasil, 2012).

As ações de Educação Popular em Saúde impulsionam

movimentos voltados para a promoção da participação social no

processo de formulação e gestão das políticas públicas de saúde

direcionando-as para o cumprimento efetivo das diretrizes e dos

princípios do SUS, que são: universalidade, integralidade, equidade,

descentralização, participação e controle social (Pedrosa, 2007).

Page 25: A OFICINA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO EM SAÚDE PARA … · doméstico, antes e após a realização de uma ação educativa; planejar e realizar uma ação educativa, na modalidade

24

A PNEPS concebe a Educação Popular como práxis político-

pedagógica orientadora da construção de processos educativos e de

trabalho social emancipatórios, direcionada à promoção da

autonomia das pessoas, à horizontalidade entre os saberes

populares e os saberes técnico-científicos, à formação da

consciência crítica, à cidadania participativa, ao respeito às diversas

formas de vida, à superação das desigualdades sociais e de todas

as formas de discriminação, violência e opressão (Brasil, 2012).

A Educação Popular não se faz ‘para’ o povo, e sim, ‘com’ o

povo; procura ainda incorporar os modos de sentir, pensar e agir dos

grupos populares, configurando-se assim, como referencial básico

para gestão participativa em saúde (Brasil, 2012).

Nesse contexto, a Oficina Pedagógica insere-se como

estratégia capaz de garantir o espaço dialógico e a horizontalidade

da relação entre profissionais e usuários. O trabalho com oficinas

pressupõe uma sequência de encontros com uma temática geral

delimitada e apresentada para permitir a participação voluntária da

população (Chiesa, Veríssimo, 2001).

A partir do relato dos participantes acerca das suas

construções, desencadeia-se a discussão; esta, por sua vez, permite

que se compartilhem conhecimentos e vivências. Com isso, é

possível trabalhar no sentido da superação do “senso comum”,

buscando uma compreensão da realidade que estabeleça as

articulações entre as dimensões singular, particular e estrutural da

realidade, como também analisando o conhecimento científico e

resgatando o conhecimento empírico, ampliando-se as

possibilidades de interpretação dos problemas e a busca de seus

enfrentamentos, sob o ponto de vista individual e coletivo (Chiesa,

Veríssimo, 2001).

Estudos realizados com o intuito de avaliar o efeito de oficinas

educativas têm demonstrado impacto positivo. Após avaliar a

resposta dos participantes antes e após realização de oficinas

educativas sobre o HIV/AIDS envolvendo a população idosa, houve

Page 26: A OFICINA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO EM SAÚDE PARA … · doméstico, antes e após a realização de uma ação educativa; planejar e realizar uma ação educativa, na modalidade

25

mudança nos conhecimentos relativos ao conceito, transmissão,

prevenção, vulnerabilidade e tratamento (Lazzarotto et al., 2013).

Em relato de experiência sobre a realização de oficina

educativa também com idosos, mas com o tema uso de

medicamentos, os autores indicaram que o espaço dialógico

possibilitado pelas oficinas permitiu a interação entre o grupo, a

expressão de vivências e a desmistificação de ideias e conceitos

acerca do uso de medicamentos (Mendonça et al., 2013).

Com adolescentes, estratégias lúdicas e dialógicas propostas

direcionadas à educação em saúde auditiva de escolares, foram

aceitas e apreciadas pelos mesmos (Lacerda et al., 2013).

Esses achados comprovam o quanto a Oficina Pedagógica

tem se mostrado positiva para a educação em saúde.

1.2 A ESCOLHA DO TEMA PARA A OFICINA

PEDAGÓGICA

A trajetória profissional bem como as atividades do Grupo de

Pesquisa “Cuidado em Saúde e Promoção do Desenvolvimento

Infantil” delinearam a escolha do tema da Oficina Pedagógica: a

promoção do desenvolvimento infantil de lactentes por meio do

brincar no ambiente doméstico.

Contudo, o embasamento científico se faz necessário, na

medida em que confirma essa necessidade a partir das evidências

apresentadas pelos estudos.

Para isso, foi realizada uma revisão da literatura, que será

aqui apresentada como complemento dessa trajetória de escolha.

Page 27: A OFICINA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO EM SAÚDE PARA … · doméstico, antes e após a realização de uma ação educativa; planejar e realizar uma ação educativa, na modalidade

26

1.2.1 Promovendo o desenvolvimento infantil: o

brincar no contexto familiar

A busca de artigos na literatura científica teve como objetivo

compreender o brincar no contexto familiar.

A questão que norteou este estudo foi: Como o brincar tem

sido vivenciado no contexto de família?

O período estabelecido foi entre os anos de 2005 e 2014. A

pesquisa foi realizada nos seguintes bancos de dados

informatizados: Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Cumulative Index

of Nursing and Allied Health Literature (CINAHL) e Psycinfo. Os

descritores utilizados foram: desenvolvimento infantil, pais, família e

brincar.

Um profissional bibliotecário auxiliou na definição do período

de abrangência da revisão e na escolha das bases de dados a

serem pesquisadas.

Foram pré-selecionados os artigos com resumos disponíveis,

relacionados ao brincar no contexto familiar, nos idiomas em

português, inglês ou espanhol. Foram excluídos os estudos que

tiveram como temática o brincar com fins terapêuticos, além das

revisões da literatura e as teses.

Nove artigos atenderam aos critérios, sendo adquiridos e

analisados na íntegra. A distribuição segundo a Base de Dados e

ano de publicação pode ser visualizada na Tabela 1.

Page 28: A OFICINA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO EM SAÚDE PARA … · doméstico, antes e após a realização de uma ação educativa; planejar e realizar uma ação educativa, na modalidade

27

Tabela 1 – Distribuição dos artigos sobre o brincar com a criança

no contexto familiar encontrados e selecionados,

segundo as Bases de Dados.

Fonte: Dados da pesquisa, 2014.

Em relação ao ano de publicação, apresentaram um artigo

publicado os anos de 2007, 2009, 2010. Enquanto que os anos de

2006, 2012 e 2014 apresentaram duas publicações em cada ano. Os

anos de 2005, 2008, 2011 e 2013 não apresentaram resultado.

Quanto à origem das publicações, houve homogeneidade nos

resultados, com quatro estudos nacionais e cinco estudos

internacionais.

A abordagem metodológica mais adotada foi a qualitativa, em

sete artigos, seja em relatos de experiência, como também em

pesquisas que utilizaram a teoria fundamentada nos dados e a

etnografia. Dois estudos, de origem internacional, adotaram a

abordagem quantitativa.

Dentre os objetivos das pesquisas, estiveram presentes: a

identificação das concepções atribuídas pelos familiares acerca do

brincar com a criança; a descrição dessa relação; e a avaliação de

intervenção, visando o incentivo do brincar entre pais e filhos.

Em relação à formação acadêmica dos pesquisadores, dentre

os que a explicitaram, foram encontrados profissionais da área da

psicologia e educação física.

Base de dados

Artigos do período

2005-2014 (N)

Pré Selecionados

(N)

Repetidos (N)

Selecionados para o

estudo (N)

BVS 561 06 ---- 06

Cinahl 120 02 02 -----

Psycinfo 1286 03 ---- 03

Total 1967 11 02 09

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28

A busca, bem como a análise dos estudos encontrados,

permitiu a identificação de poucas pesquisas sobre a brincadeira no

contexto das relações familiares com fins de promoção do

desenvolvimento infantil. Na busca bibliográfica, durante a leitura

dos resumos, foram encontrados muitos artigos focando o brincar da

criança e seus pais com fins terapêuticos, em situações específicas

de intervenção, como violência familiar, crianças com paralisia

cerebral ou distúrbios de aprendizagem.

Um estudo selecionado buscou analisar o cotidiano, na

primeira infância, numa cidade do interior de São Paulo, e verificar

as oportunidades oferecidas para a criança brincar. Por meio do

Formulário para Avaliação das Atividades do Cotidiano Infantil

(FACI), que se refere à percepção de tempo gasto em diferentes

atividades durante o dia, constatou-se que as atividades que mais

estão sendo realizadas durante a semana em casa são: muitas

horas na frente da televisão, games e internet (> 2 horas diárias) e o

brincar com brinquedos industrializados, deixando brincadeiras que

contenham um gasto calórico mais elevado para segundo plano.

Sobre os lugares em que as crianças brincam, verificou-se que a

maioria fica dentro de casa, na garagem ou no quintal. Lugares

como praças, parques, clubes, casas dos vizinhos são raramente

frequentados (Coelho, Fermino, 2012).

Muitas vezes, os próprios pais restringem o brincar

enfatizando a excelência acadêmica, para que seus filhos atendam

às demandas escolares, ainda que, quando questionados sobre a

importância do brincar, relatem que a brincadeira é importante tendo

em vista seus aspectos de aprendizagem, saúde e bem-estar

(Singh, Gupta, 2014).

Quando se buscou identificar as relações entre pais e filhos

nas situações de brincadeira, apareceu uma relação pouco

participativa do adulto com a criança. Estudo, com sete casais

identificou que quatro colocaram a brincadeira como espaço

Page 30: A OFICINA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO EM SAÚDE PARA … · doméstico, antes e após a realização de uma ação educativa; planejar e realizar uma ação educativa, na modalidade

29

exclusivo das crianças e três indicaram a importância em participar e

orientar a brincadeira dos seus filhos (Bustamante, Trad, 2007), ou

seja, as famílias, em geral, não relatam participar das atividades de

brincar.

No caso de famílias de baixa renda, estudo demonstrou que

os brinquedos são poucos e conseguidos com dificuldade, devido à

condição financeira dos pais; além disso, o cuidado com os

brinquedos é tão grande que, às vezes, as crianças nem chegam a

brincar muito, principalmente com aqueles mais caros,

eventualmente ganhos e, aos pais, cabe a participação com a

finalidade de supervisão.

É importante compreender que a brincadeira inserida no

contexto de família não só representa um meio facilitador para os

pais e mães educarem seus filhos, mas também representa uma

prática educativa em si, já que, por seu intermédio, as famílias e

suas crianças podem trocar informações para a formação de laços

afetivos, socialização e constituição do sujeito social (Martins,

Szymanski, 2006).

Estudo realizado com famílias envolvendo intervenções

lúdicas com participação dos pais em domicílio evidenciou mudança

no comportamento desses pais no dia a dia, com aumento da sua

participação nas atividades lúdicas de seus filhos. Os pais

observaram que os aspectos que mais se alteraram, durante esse

período de intervenção, foram o desenvolvimento motor, cognitivo,

linguagem e autocuidados (Scalha, Souza, Boffi, 2010).

Com isso, os dados indicam a necessidade de promover o

conhecimento das famílias acerca da importância do brincar com as

crianças, com foco no desenvolvimento infantil. Intervenções

educativas se mostraram efetivas, sendo norteadoras para a

implementação de práticas adequadas.

No Brasil, além das políticas públicas instituídas pelo

Ministério da Saúde, encontramos programas de orientação familiar

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30

específicos visando à garantia da promoção do desenvolvimento da

criança.

Dentre eles, o Programa Primeira Infância Melhor (PIM) que

“integra a política de governo do Estado do Rio Grande do Sul, sob a

coordenação da Secretaria da Saúde e apoio das Secretarias da

Educação, Cultura, Trabalho e Desenvolvimento

Social”. Desenvolvido desde 2003, realiza ação socioeducativa às

famílias com crianças de zero até seis anos e gestantes em situação

de vulnerabilidade social. As famílias são orientadas por meio de

atividades lúdicas específicas, voltadas à promoção das

habilidades/capacidades das crianças, considerando seu contexto

cultural, suas necessidades e interesses, por meio de atendimentos

semanais realizados nas casas das famílias, além das atividades

comunitárias.

Contudo, programas desse porte, baseados em visitação

semanal, demandam grande investimento, o que pode dificultar sua

implantação em larga escala.

Assim, é necessário buscar diferentes estratégias no âmbito

da assistência em saúde para garantir acesso às informações, troca

de experiências e construção do saber por parte dos familiares, para

que as crianças sejam assistidas em sua plenitude, e seus direitos

garantidos em excelência.

1.3 A ESCOLHA DA FAIXA ETÁRIA DAS CRIANÇAS

Em relação à faixa etária da criança escolhida para

abrangência deste estudo, é importante destacar os quatro domínios

inter-relacionados de desenvolvimento infantil (DI): físico, cognitivo,

linguístico e socioemocional. Estes serão sintetizados a seguir,

tendo como referência Naudeau et al. (2011).

O desenvolvimento físico é definido como uma taxa individual

de crescimento, aptidão física, habilidades motoras finas,

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31

habilidades motoras grosseiras e capacidade de cuidar de si mesmo;

pode ser afetado negativamente pela presença de condições

crônicas, deficiência física e desnutrição.

O desenvolvimento cognitivo envolve progressos nas

habilidades analíticas, de resolução de problemas mentais, memória,

e nas habilidades matemáticas. Conforme as crianças vão se

aproximando da idade escolar, o desenvolvimento cognitivo amplia

seu alcance para o conhecimento precoce dos números, incluindo

adição e subtração, e a familiaridade com as letras do alfabeto e

letras impressas.

O desenvolvimento da linguagem, por sua vez, se manifesta

inicialmente no recém-nascido pelos atos de balbuciar, apontar e

gesticular, e depois pelo surgimento das primeiras palavras e frases

enquanto bebê, até a explosão de palavras entre as idades de dois e

três anos. Antes que a criança possa realmente falar, ela é capaz de

absorver a linguagem e distinguir sons, o que indica que é de

fundamental importância que os pais/cuidadores interajam

verbalmente com as crianças desde o nascimento. Quando as

crianças chegam à idade pré-escolar, os indicadores de

desenvolvimento da linguagem incluem a produção e a

compreensão de palavras, a capacidade de contar histórias e

identificar letras e a intimidade e familiaridade com os livros.

Já o desenvolvimento social e emocional nos primeiros dois

anos de vida gira em torno do relacionamento das crianças com

seus cuidadores, por meio da confiança. Na idade pré-escolar, o

desenvolvimento social e emocional se constroi sobre as aquisições

anteriores e se expande para incluir a competência social (conviver

com outras pessoas, inclusive colegas e professores), a gestão de

comportamento (seguir instruções e cooperar com os pedidos), a

percepção social (identificar pensamentos e sentimentos em si e nos

outros), e capacidades de autocontrole (ter controle emocional e

comportamental, especialmente em situações de estresse).

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32

Existem intervenções particularmente importantes em cada

período do desenvolvimento da primeira infância (DPI), devendo ser

priorizadas nas decisões sobre as intervenções apropriadas para

diferentes grupos etários. O Quadro 1 resume os tipos de

intervenções mais relevantes durante os diferentes períodos.

Quadro 1 - A importância do tempo: as intervenções mais

importantes para a promoção do desenvolvimento

no período pré-escolar, segundo os domínios do

desenvolvimento e a idade da criança.

Fonte: Naudeau et al. Como investir na primeira infância: um guia para a

discussão de políticas e a preparação de projetos de desenvolvimento da primeira

infância. Tradução: Paola Morsello. Washington, DC: The World Bank, 2010; São

Paulo: Singular, 2011.

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33

Pelo exposto, a faixa etária que envolve os lactentes foi

escolhida. O Ministério da Saúde considera lactente o período

compreendido entre 29 dias de vida da criança até os 2 anos de

idade (Brasil, 2004). Essa faixa etária corresponde a de menor

interação dos pais, conforme observação da prática assistencial.

Justifica-se a seleção dessa faixa etária, pois os primeiros

anos de vida da criança tratam-se do período mais crítico e o mais

vulnerável no desenvolvimento (Brazelton, Greenspan, 2002) e, para

o trabalho com dinâmica de grupo, considerou-se pertinente essa

variação de faixa etária, tendo em vista a grande variabilidade de

fases do desenvolvimento envolvidas em uma faixa mais ampliada.

1.4 JUSTIFICATIVA DO ESTUDO

A justificativa para realização deste estudo baseia-se em sua

relevância acadêmica e social, além de subsidiar a prática de

educação em saúde exercida pelo enfermeiro.

Com relação à contribuição acadêmica, o estudo pretende

contribuir com o conhecimento sobre o nível de estimulação que as

crianças estão recebendo de suas famílias no ambiente doméstico,

bem como com a proposição de estratégias passíveis de execução

no âmbito da educação em saúde. Sendo que essas estratégias

foram construídas em conjunto com os usuários dos serviços,

igualmente sujeitos do processo.

Ainda na interface acadêmica, o estudo contribuirá para a

formação cientifica da pesquisadora, visando a contribuição para o

conhecimento a ser aplicado na assistência e no ensino.

Para o cenário social, os resultados da pesquisa devem

contribuir para a produção dos saberes de maneira que os sujeitos

sejam protagonistas do processo de cuidado e decisões. Com o

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34

cuidado respaldado pelo conhecimento, o desenvolvimento da

criança será melhor promovido no dia a dia por seus familiares.

O estudo também pretende apresentar subsídios para a

melhoria da prática assistencial do enfermeiro, visto que a educação

em saúde tem se mostrado como ferramenta eficaz e de baixo custo.

Ademais, a identificação de que a interação da criança

pequena com o adulto em relação à estimulação do

desenvolvimento por meio do brincar é pouca, fomenta a busca por

estratégias que possam promover o conhecimento e a apropriação

de práticas de cuidado capazes de garantir a estimulação do

desenvolvimento infantil.

Com isso, a questão que conduziu o desenvolvimento do

estudo foi: A ação educativa, no modelo de Oficina Pedagógica, tem

efeito sobre os conhecimentos e práticas dos familiares de lactentes

sobre a promoção do desenvolvimento infantil por meio da

brincadeira?

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35

OBJETIVOS ___________________________

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36

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar o efeito de uma atividade educativa sobre os

conhecimentos e práticas dos familiares de lactentes relativos

à promoção do desenvolvimento infantil por meio do brincar.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Avaliar a qualidade de estimulação no ambiente doméstico

antes e após a realização de uma ação educativa.

Planejar e realizar uma ação educativa na modalidade de

Oficina Pedagógica, sobre desenvolvimento infantil e

brincadeira.

Descrever a opinião das participantes sobre a atividade

educativa realizada.

Descrever as facilidades e dificuldades na execução da ação

educativa.

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37

MÉTODO ___________________________

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38

3 MÉTODO

3.1 TIPO DE ESTUDO

Trata-se de um estudo quantitativo, com delineamento

experimental, longitudinal, prospectivo e naturalista.

O estudo experimental permite que o pesquisador seja um

agente ativo no processo, mais do que um observador passivo. As

pesquisas experimentais se caracterizam por três propriedades

principais: 1) manipulação: o pesquisador faz alguma coisa aos

participantes do estudo – no caso desta pesquisa, a ação educativa,

no modelo de oficina pedagógica, foi escolhida como experimento a

ser testado, 2) controle: o pesquisador introduz controles sobre a

situação experimental, incluindo o uso do grupo de controle, 3)

randomização: o pesquisador designa aleatoriamente os

participantes para os grupos de controle e experimental (Polit, Beck,

Hunger, 2004).

Em relação ao experimento, este estudo se caracteriza pelo

delineamento pré-teste/pós-teste ou delineamento anterior-posterior,

que envolve a coleta de dados, antes da manipulação experimental,

o pré-teste, e nova coleta dos dados depois dela, o pós-teste (Polit,

Beck, Hunger, 2004).

Quanto às outras características do delineamento, esta

pesquisa é longitudinal, pois os dados foram coletados em mais de

uma ocasião durante o período de coleta. É prospectivo, na medida

em que começou com uma variável independente e olha para frente

em busca do efeito. E é naturalista, pois os dados foram coletados

no ambiente natural, ou seja, sem ser um ambiente artificial, forçado

(Polit, Beck, Hunger, 2004).

O método quantitativo com esses delineamentos foi escolhido

com o intuito de avaliar uma ação educativa, pois permite a análise

de aspectos mensuráveis que podem se comportar como

indicadores de efetividade da ação realizada. Em pesquisas

quantitativas, as pesquisas avaliativas baseiam-se na avaliação

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39

objetiva, não tendenciosa e imparcial das forças e limitações do

estudo (Lo-Biondo, Haber, 2001).

3.2 CENÁRIO DO ESTUDO

O estudo foi realizado no município de Sorocaba, interior de

São Paulo, no bairro Aparecidinha, localizado na zona leste e a

14 km de distância do centro da cidade. Trata-se de um bairro

industrial e residencial, onde reside uma população de baixa renda,

estimada em 10.000 habitantes, segundo dados do Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2010), incluindo a

população carcerária.

O bairro ainda sofre com problemas de infraestrutura,

destacando-se o esgoto a céu aberto em algumas áreas e os poucos

locais de comércio, como bancos, cartórios, correios, além dos

déficits no transporte público para acesso ao centro da cidade, lazer

e moradia.

Possui duas escolas estaduais, uma escola de futebol, quatro

creches, um Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), a

Pastoral do Menor que abriga o Projeto Primeiro Emprego, em que

adolescentes de 14 a 17 anos são preparados para inserção no

mercado de trabalho, o Presídio de Aparecidinha, que é a maior

penitenciária da região, a Fundação Casa de Sorocaba (FEBEM), o

Centro de Detenção Provisória (CDP) e uma Unidade de Saúde

Estratégia Saúde da Família (ESF).

Inaugurada em 1994, a Unidade Estratégia Saúde da Família

(ESF) é a única do bairro, contando com quatro equipes para

acompanhamento das famílias. Uma equipe é responsável por 450

famílias, e as outras três são responsáveis por 900 famílias cada.

A equipe de profissionais atuantes na unidade é composta por

uma gestora (enfermeira), quatro médicos, quatro enfermeiros

assistenciais, quatro residentes em enfermagem, três dentistas e

uma equipe de residência em saúde mental, composta por um

terapeuta ocupacional e uma psicóloga.

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40

Ao redor do bairro Aparecidinha, estão outros bairros - Jardim

Monteiro, Jardim Josane, Jardim Topázio, Jardim das Flores, Vila

Amato -, e uma extensa e difusa zona rural abrangendo os

municípios limítrofes como Itu, Mairinque e Alumínio, o que gera

também procura por atendimento desses moradores na ESF.

Em relação ao atendimento infantil, a unidade conta com dois

pediatras, para uma população de 396 crianças menores de 2 anos.

Essas crianças também são acompanhadas pelos médicos

generalistas e enfermeiros, além dos agentes comunitários de saúde

(ACS) que monitoram mensalmente o acompanhamento das

consultas médicas e de enfermagem, as vacinas e o ganho

ponderal.

Há também um grupo educativo para os pais semanalmente,

discorrendo sobre os temas amamentação, cuidados com a criança,

etapas de desenvolvimento, entre outros assuntos.

A escolha por esta unidade se deu pelo fato de não ser o local

de trabalho da pesquisadora, fato este que poderia influenciar os

participantes por se tratar da avaliação de uma atividade educativa

desenvolvida pela própria pesquisadora. Além da possibilidade de

contar com a participação voluntária da enfermeira da unidade na

coleta de dados.

3.3 POPULAÇÃO DO ESTUDO

A população do estudo constitui-se de cuidadores de crianças

com idade entre 1 e 24 meses, cadastradas na Unidade Estratégia

Saúde da Família do bairro, perfazendo, portanto, uma amostra de

conveniência.

Foram considerados como critérios de inclusão:

ser o cuidador primário da criança,

ter a capacidade de se expressar verbalmente,

ser maior de 16 anos de idade.

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41

3.4 COLETA DE DADOS

A coleta de dados foi realizada em três momentos; o esquema

a seguir sintetiza essas etapas, posteriormente detalhadas.

Esquema 1 – Etapas da Coleta de Dados.

Fonte: Dados da Pesquisa, Sorocaba, 2015.

3.4.1 Primeira etapa

Esta etapa precedeu a realização da ação educativa e foi

realizada com o intuito de identificar o nível de estimulação que as

crianças recebiam de seus cuidadores primários no ambiente

doméstico. Para isso, foi aplicado o inventário Home Observation for

Measurement of the Environment Scale (HOME).

Esse instrumento foi desenvolvido e validado por Caldwell e

Bradley, em 1984, com o objetivo de mensurar a qualidade e a

quantidade de estimulação e suporte disponíveis para a criança no

ambiente doméstico, e a relação destes com o desenvolvimento

social, emocional e cognitivo da criança (Caldwell, Bradley, 2001).

Existem quatro versões desse instrumento, que avaliam o

ambiente desde o nascimento até a pré-adolescência: 1) Inventário

HOME versão Infant Toddler (IT-HOME), avalia crianças desde o

nascimento até os três anos de idade; 2) Inventário HOME versão

Early Childhood (EC-HOME) destinado a crianças entre três a seis

anos; 3) Inventário HOME versão Middle Childhood (MC-HOME),

para avaliação de crianças entre seis e dez anos; e 4) Inventário

Avaliação do ambiente

familiar Instrumento IT – HOME

(Pesquisador 1 e 2)

Grupo Experimental

(GE)

2ª Etapa 3ª Etapa

Reavaliação do ambiente

familiar Instrumento IT – HOME

(Pesq. 2 “com cegamento”)

Grupo Controle

(GC)

1ª Etapa

Oficina Pedagógica

(Pesq. 1)

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42

HOME versão Early Adolescent (EA-HOME), voltado a crianças e

pré-adolescentes com idade entre 10 e 14 anos (Caldwell, Bradley,

2001).

Para este estudo, utilizou-se a versão Infant Toddler (IT-

HOME) (Anexo 1), adequado ao grupo etário da pesquisa.

A versão para esse grupo etário é composta por 45 itens

dicotômicos, preenchidos com base na observação das interações

da criança com seu cuidador e nas respostas obtidas por meio de

entrevista com esse cuidador, devendo ser aplicado no ambiente em

que a criança passa a maior parte do tempo (Caldwell, Bradley,

2001).

Os 45 itens são distribuídos em seis subescalas de avaliação:

I) responsividade emocional e verbal da mãe; II) ausência de

punição e restrição; III) organização do ambiente físico e temporal;

IV) disponibilidade de materiais, brinquedos e jogos apropriados;

V) envolvimento materno com a criança; VI) oportunidade de

variação na estimulação diária.

O Roteiro Prático para Aplicação do HOME (0 – 3 anos)1

conduz, por meio de orientações gerais, a aplicação do instrumento,

pontuando questões que devem ser atentadas em cada subescala.

Na subescala “Responsividade emocional e verbal da mãe” é

necessário observar a interação da mãe com a criança bem como

suas manifestações de afeto. Também é pontuado o interesse da

mãe pela entrevista, se ensina a criança o nome de algum objeto ou

pessoa durante esse contato, e se permite que a mesma envolva-se

em brincadeiras que possam sujar a si própria ou o ambiente.

Em “Ausência de punição e restrição” avalia-se a presença de

xingamentos emitidos pela mãe e direcionados à criança, a

aplicação de punições físicas ou ameaças, a existência de livros no

ambiente doméstico e a presença de um animal de estimação.

1 Material cedido pela autora, pois não havia sido publicado.

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43

Na subescala “Organização do ambiente físico e temporal”

considera-se, por exemplo, os passeios propiciados à criança, a

presença de um lugar para guardar seus brinquedos e a segurança

do espaço para brincar. Em “Disponibilidade de materiais,

brinquedos e jogos apropriados” avalia-se a presença de brinquedos

e objetos apropriados à aprendizagem e ao desenvolvimento

muscular e coordenação viso-motora, bem como as atividades

proporcionadas à criança, de acordo com sua idade.

No “Envolvimento materno com a criança” é identificado se a

mãe tende a conversar e olhar para a criança, se investe em

brinquedos mais complexos, se organiza o tempo para brincar com a

criança e se conscientemente encoraja seu desenvolvimento, sendo

que para isso é preciso compreender como ocorre esse processo de

desenvolvimento.

E em “Oportunidade de variação na estimulação diária” são

consideradas as interações entre o pai e outras pessoas e a

disposição do cuidador para a leitura, podendo esta ser um conto de

fadas, história em quadrinhos ou livros religiosos.

Em relação aos brinquedos, o instrumento considera a

presença de brinquedo de sucata ou objetos que exerçam a mesma

função, desde que a criança tenha acesso irrestrito ao material.

Em cada subescala há itens de observação, itens de

entrevista e itens que podem ser observados ou perguntados ao

cuidador. Com isso, dos 45 itens, 18 são obtidos por observação, 24

por entrevista e 3 podem ser obtidos por observação ou entrevista.

Cada item recebe zero ou um ponto, de acordo com a

ausência ou presença do comportamento avaliado, respectivamente.

Assim, a pontuação total varia entre 0 e 45 pontos, permitindo a

classificação de risco no ambiente doméstico sendo possível a

avaliação pelo escore total bem como pelas subescalas (Tabela 2).

Page 45: A OFICINA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO EM SAÚDE PARA … · doméstico, antes e após a realização de uma ação educativa; planejar e realizar uma ação educativa, na modalidade

44

Tabela 2 – IT HOME: escore bruto das subescalas e escore

total.

Os valores considerados “Inferiores à 4ª parte” indicam alto

risco, ou seja, trata-se de um ambiente com baixo nível de

estimulação. Os de “Nível médio” referem-se aos ambientes com

médio nível estimulação e os valores “Superiores à 4ª parte” indicam

baixo risco, portanto, ambiente com alto nível de estimulação.

Dentre as dimensões mensuráveis pelo instrumento, constam

avaliações relativas à interação da criança com seu cuidador

envolvendo a brincadeira e o brinquedo, por isso sua escolha para

este estudo, além de ser um instrumento validado.

Sua aplicação foi realizada por duas pesquisadoras, sendo

uma a autora e a outra voluntária e enfermeira da ESF, no ambiente

doméstico de cada criança. Antes do início das visitas domiciliares,

foi realizada a leitura e discussão do Roteiro Prático para Aplicação

do HOME (0 – 3 anos) pelas pesquisadoras, para treinamento e

definição de condutas.

A escolha dos domicílios foi conduzida pela pesquisadora

voluntária, enfermeira da ESF, por conhecer o bairro e por fazer

parte da sua rotina de acompanhamento das famílias. Nessas visitas

de rotina, era identificada a possibilidade de inclusão no estudo,

Subescala Menor que

à 4ª parte

Médio Superior

à 4ª parte

I. Responsividade 0 – 6 7 – 9 10 – 11

II. Aceitação 0 – 4 5 – 6 7 – 8

III. Organização 0 – 3 4 – 5 6

IV. Materiais 0 – 4 5 – 7 8 – 9

V. Envolvimento 0 – 2 3 – 4 5 – 6

VI. Variedade 0 – 1 2 – 3 4 – 5

Escore Total 0 – 25 26 – 36 37 – 45

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45

considerando os critérios de inclusão e, se dentro desses critérios, o

cuidador primário da criança era convidado a participar do estudo,

sendo apresentado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido -

TCLE (Apêndice A).

O período de coleta de dados dessa etapa foi de 26 de março

a 11 de junho de 2015.

Além do IT – HOME, foram utilizadas questões para

caracterização do cuidador primário da criança (sexo, relação com a

criança, idade, escolaridade e inserção em atividade remunerada) e

da criança (sexo, idade e frequência em creche).

Usou-se também o Critério de Classificação Econômica Brasil

da Associação Brasileira de Empresas e Pesquisa – ABEP, versão

2014, para classificação do nível econômico das famílias (Anexo 2).

Para estabelecer os diferentes estratos econômicos, o

questionário ABEP se baseia no poder de consumo – bens materiais

e serviço – além da escolaridade do chefe da família. Os escores

variam entre a pontuação mínima de zero e a máxima de 46 pontos,

e as famílias são distribuídas nas classes A1, A2, B1, B2, C1, C2, D

e E. As classes A representam a melhor situação, seguida das

classes B, C, D consideradas intermediárias e a classe E representa

a pior situação econômica.

Encerrou-se a coleta desta fase quando as visitas não

estavam mais repercutindo em novos participantes, seja pela

ausência da criança no domicílio, fato imprescindível para a coleta

de dados, ou por não ter sido encontrado alguém na residência.

Além de se já ter atingido o tamanho mínimo da amostra.

A partir dos dados obtidos, a amostra foi pareada para

formação do Grupo Experimental (GE) e Grupo Controle (GC). Para

obtenção da homogeneidade entre os dois grupos foram

considerados como critérios de pareamento: a escolaridade do

cuidador primário, a classificação econômica da família e a idade da

criança, sendo este último o de maior impacto. Estes critérios foram

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46

escolhidos uma vez que tais características potencialmente

interferem nos conhecimentos e práticas de cuidado à criança.

A escolha de quem faria parte de cada grupo foi realizada por

meio de sorteio. Os do GE foram então convidados a participar da

ação educativa.

Contudo, dadas as ausências ocorridas na ação educativa,

foram realizadas algumas estratégias para ampliar o número de

participantes do GE: os faltosos na primeira Oficina Pedagógica

foram convidados a participar de um segundo momento, planejado

para possibilitar a adesão de quem esteve impossibilitado de

comparecer na primeira data. Os participantes do GC também foram

convidados a participar da atividade educativa, exceto um que não

foi encontrado e um que mudou de bairro. Assim, o GC foi

finalmente formado pelos participantes que não compareceram a

qualquer momento da atividade.

O convite para participação foi elaborado e impresso pela

pesquisadora e entregue na residência dos participantes.

Figura 1 – Modelo do convite entregue aos cuidadores

para participação na Oficina Pedagógica.

Fonte: Dados da Pesquisa, Sorocaba, 2015.

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47

Os convites foram plastificados com papel contact e, na parte

posterior, foi colocado um imã para que pudessem ser colocados na

geladeira ou armário metálico. Foram entregues pelos Agentes

Comunitários em Saúde (ACS) em uma caneca infantil visando

serem mais atrativos (Figura 2).

A entrega começou cinco dias antes da data do primeiro

encontro e terminou dois dias antes. No dia anterior ao primeiro

encontro, os participantes foram relembrados da data pelos próprios

ACS(s).

Figura 2 – Formato de entrega do convite para

participação na Oficina Pedagógica.

Fonte: Dados da Pesquisa, Sorocaba, 2015.

3.4.1.1 Estudo piloto

Os resultados das primeiras coletas de dados foram enviados

ao profissional da estatística para dimensionamento amostral.

Oito entrevistas obtidas por meio do IT - HOME foram

tabuladas em planilha Excel e submetidas à avaliação.

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48

Todas essas entrevistas foram incorporadas na amostra real.

Os dados permitiram estimar o número mínimo de participantes em

cada grupo, considerando nível de confiança de 95% e poder de

teste de 80%.

Esse período serviu também para que as pesquisadoras se

reunissem ao final de cada dia de coleta para discutir as dúvidas que

surgiram durante as entrevistas, sendo estas sanadas pelo apoio do

Roteiro Prático para Aplicação do HOME (0 – 3 anos).

O estudo piloto não compreendeu, entretanto, a realização de

todas as etapas previstas na pesquisa experimental, visto que a

ação educativa não foi realizada nessa pequena amostra inicial.

Com isso, a amostra foi dimensionada a partir dos primeiros dados

obtidos considerando-se impacto positivo da ação educativa no

comportamento dos participantes.

3.4.2 Segunda etapa

Esta etapa compreendeu a realização de duas Oficinas

Pedagógicas, cada uma composta por dois encontros. Os

participantes das oficinas compuseram o Grupo Experimental (GE) e

os que não participaram compuseram o Grupo Controle (GC).

Os temas gerais abordados na ação educativa foram:

“Compreendendo o desenvolvimento infantil” e “Promovendo o

desenvolvimento infantil por meio do brincar”.

A oficina foi construída tendo como referência a estrutura

pedagógica do “Projeto Nossas Crianças: Janelas de

Oportunidades”2 e o caderno de “Formação em Espaços Lúdicos”3

produzido pela Fundação Maria Cecília Souto Vidigal (FMCSV) com

o apoio do Centro de Criação de Imagem Popular (Cecip).

2 Material cedido pelos formadores do projeto, pois não havia sido publicado. 3 Disponível on line em http://www.fmcsv.org.br/pt-br/acervo-

digital/Paginas/formacao-em-espacos-ludicos.aspx.

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49

O Projeto Janelas tem como meta empoderar as famílias na

promoção do desenvolvimento infantil, mediante compartilhamento

do conhecimento e ampliação de sua participação no processo de

atenção à saúde da criança (Martins, Veríssimo, Oliveira, 2008).

Já o caderno de “Formação em Espaços Lúdicos” trata-se de

uma ferramenta voltada à disseminação de conhecimentos sobre o

desenvolvimento integral da criança de zero a três anos, com o

objetivo de gerar ações integradas de saúde, educação e

desenvolvimento social e modificar o panorama do atendimento às

necessidades e direitos da primeiríssima infância (Saviani, 2014).

Para tanto, o referencial teórico que orientou a organização da

ação educativa foi o da Educação Popular de Paulo Freire, em seus

eixos norteadores da problematização e dialogicidade.

As ideias do educador Paulo Freire têm sido referência para a

área da educação em saúde no que concerne ao delineamento de

estratégias educativas que fortaleçam a participação dos usuários

nos serviços de saúde (Sá et al., 2013).

Todo profissional de saúde é um educador em potencial e

pode contribuir para o diálogo e para a troca de saberes

técnico-científicos e populares. Desse modo, profissionais e usuários

podem construir de forma compartilhada um saber em saúde, que

promova mudanças de hábitos e de comportamentos, utilizando-se

de técnicas educativas que promovam a reflexão e a crítica (Sá et

al., 2013).

Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as

possibilidades para a sua produção ou construção. Ensinar é,

portanto, buscar, indagar, constatar, intervir, educar. O ato de

ensinar exige conhecimento e, consequentemente, a troca de

saberes. Pressupõe-se a presença de indivíduos que, juntos,

trocarão experiências de novas informações adquiridas, respeitando

também os saberes do senso comum e a capacidade criadora de

cada um (Freire, 1996).

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50

“Nas condições de verdadeira aprendizagem os educandos vão se transformando em reais sujeitos da construção e da reconstrução do saber ensinado, ao lado do educador, igualmente sujeito do processo”

(Freire, 1996, p. 26).

A prática problematizadora promove o diálogo entre os

profissionais e usuários e a autonomia cidadã incentivando esses

sujeitos a adotarem uma postura ativa em seus ambientes políticos e

sociais (Fernandes, Backes, 2010).

Como material de apoio e referencial teórico para os

conteúdos abordados na atividade educativa sobre o

desenvolvimento infantil e o brincar, foram utilizados,

respectivamente: 1) a Caderneta de Saúde da Criança do Ministério

da Saúde e 2) o capítulo III do livro “O brincar e a criança do

nascimento aos seis anos” (Oliveira et al., 2000), intitulado “A

criança pequena e o despertar para o brincar – primeiros dois anos

de vida”.

A Caderneta de Saúde da Criança é utilizada nacionalmente

e, em sua última versão (Brasil, 2013), destina-se ao registro da

história de saúde da criança de forma retrospectiva sobre o pré-natal

e o nascimento, e de forma prospectiva a partir do nascimento. É

entregue para a mãe ainda na maternidade, devendo ser utilizada

em todo atendimento ao qual a criança seja submetida, para

possibilitar os registros bem como o acompanhamento dos

profissionais e da família. A primeira parte é dedicada a quem cuida

da criança, contendo informações e orientações para ajudar a cuidar

melhor de sua saúde. A segunda parte é destinada aos profissionais

de saúde, com algumas orientações acerca do processo de

atendimento, como explicações sobre o uso dos gráficos de

crescimento e sobre o cuidado de crianças em situações especiais.

O capítulo do livro, por sua vez, apresenta as características

essenciais do desenvolvimento na primeira infância bem como as

estratégias para sua estimulação por meio do emprego de

brinquedos e brincadeiras apropriadas conforme cada faixa etária.

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51

Os encontros tiveram a periodicidade semanal e foram

conduzidos pela própria pesquisadora; as discussões foram

gravadas em mídia digital. A pesquisadora voluntária não esteve

envolvida nesta etapa, para que, na etapa subsequente, pudesse ter

“cegamento” em relação aos participantes que participaram ou não

da oficina.

O local de realização das Oficinas foi a sala de atividades

educativas da ESF; os encontros aconteceram no período da tarde,

conforme disponibilidade de dia da semana e horário da ESF.

A unidade é composta por dois andares, sendo que essa sala

fica localizada no andar inferior. O seu acesso é feito pela escadaria

antes de entrar na recepção da unidade ou pela outra entrada

existente na rua lateral, garantindo assim que a pesquisadora “com

cegamento” não tivesse contato com os participantes.

Foi organizado um espaço lúdico para as crianças presentes,

contando com a presença de outra voluntária para realização das

atividades de recreação.

Os objetivos, as estratégias e os recursos para cada encontro

estão dispostos no Apêndice B.

No último dia de cada oficina, foi aplicado aos participantes o

Questionário de Avaliação da Oficina Pedagógica (Apêndice C).

3.4.3 Terceira etapa

Os participantes do Grupo Experimental (GE) e do Grupo

Controle (GC) foram reavaliados a partir da reaplicação do

instrumento IT – HOME.

Nesse momento, somente a pesquisadora voluntária

participou da coleta, sem saber quais sujeitos tinham participado da

ação educativa, sendo, portanto, uma pesquisadora com cegamento.

Tal estratégia foi adotada para diminuir os possíveis vieses desta

segunda análise, garantindo assim maior fidedignidade aos dados

obtidos.

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52

A coleta ocorreu durante o período de 08 de setembro a 16 de

outubro de 2015.

3.5 ANÁLISE DOS DADOS

3.5.1 Primeira etapa:

Os resultados da caracterização do cuidador primário da

criança, da criança e do IT – HOME foram tabulados em planilha

Excel e encaminhados para o profissional da estatística.

Foi realizada a análise descritiva dos dados sendo os

resultados expressos por frequências e percentuais, ou por médias e

desvios padrões.

3.5.2 Segunda etapa:

Os registros das oficinas, bem como de sua avaliação pelos

participantes, foram descritos, para melhor compreensão da

atividade e de seu possível impacto nas práticas familiares.

Os dados resultantes do Questionário de Avaliação da Oficina

Pedagógica receberam tratamento estatístico, após tabulação em

planilha do Excel.

Os resultados foram expressos por frequências e percentuais

ou por médias e desvios padrões.

A transcrição na íntegra das falas dos participantes

provenientes das discussões foi lida e sintetizada para compor os

resultados.

3.5.3 Terceira etapa:

A comparação entre os grupos experimental e controle

subsidiou a avaliação da ação educativa. Para tanto, a interpretação

dos resultados do instrumento IT – HOME foi realizada por meio da

aplicação do teste estatístico para medidas repetidas – modelo de

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53

ANOVA (“Analysis of Variance” – Análise de Variância). Este modelo

visa comparar dois grupos ou mais mediante suas médias, tendo

como objetivo identificar o quanto da variabilidade dos resultados é

devido ao tratamento (oficina pedagógica – variância entre grupos) e

o quanto é devido a erro (variância dentro dos grupos).

Para análise da influência das variáveis nos resultados, foi

utilizado o Modelo de Efeitos Mistos (LMM), sendo as variáveis

consideradas: idade da criança e sua frequência ou não em creche,

escolaridade do cuidador primário e classe econômica da família.

O programa estatístico utilizado foi o Statistical Package for

the Social Sciences (SPSS) (versão 22).

Os dados relativos às características de cada grupo foram

apresentados segundo frequências e percentuais ou por médias e

desvios padrões.

3.6 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS

Em consonância com a Resolução 466 de 2012 do Conselho

Nacional de Saúde (Brasil, 2012), que determina as diretrizes e

normas regulamentadoras da pesquisa envolvendo seres humanos,

este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

Escola de Enfermagem da USP, parecer número 952.23 e CAAE

38202814.2.0000.5392, conforme Anexo 3, e autorizado pela Área

de Educação em Saúde da Secretaria de Saúde de Sorocaba/SP,

conforme Anexo 4, município em que foi realizada a pesquisa.

Após aprovação das instâncias envolvidas, cada participante

foi convidado a participar do estudo. Para isso, foi apresentado o

objetivo da pesquisa, riscos, benefícios e os procedimentos de

coleta de dados, bem como o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE). Este foi assinado em duas vias, ficando uma em

posse do participante e outra em posse do pesquisador.

O anonimato dos participantes foi resguardado, respeitando

assim o compromisso ético da pesquisa.

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54

RESULTADOS ________________________

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55

4 RESULTADOS

4.1 PRIMEIRA ETAPA

Esta etapa teve como objetivo avaliar a estimulação do

desenvolvimento da criança no ambiente doméstico por meio do

Inventário IT - HOME, antes da realização da ação educativa. As

visitas domiciliares para aplicação desse instrumento foram

realizadas durante o período compreendido entre março e junho de

2015, e envolveram a participação de duas pesquisadoras.

Foram realizadas 28 visitas domiciliares, sendo avaliadas 30

relações de cuidado entre cuidador primário e criança, pois em duas

residências foram avaliadas duas crianças, sendo o mesmo

cuidador. Cada visita durou cerca de 30 a 45 minutos. Não houve

recusa de participação, todos os convidados optaram pelo aceite;

houve solicitação de alguns usuários do serviço de saúde para

inserção no estudo, sendo incluídos por atenderem aos critérios de

inclusão.

Além da avaliação pelo Inventário IT - HOME, foram obtidos

dados para caracterização do cuidador primário, da criança e da

condição econômica da família pelo Critério de Classificação

Econômica Brasil – ABEP.

4.1.1 Caracterização dos cuidadores

Todos os cuidadores primários eram do sexo feminino, e,

quanto à relação com a criança, 96,6% (29) eram mães e 3,4% (01)

era avó. A idade variou entre 17 e 37 anos.

A caracterização quanto a faixa etária, escolaridade e

inserção em atividade remunerada está descrita na Tabela 3.

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56

Tabela 3 – Caracterização do cuidador primário da criança

segundo faixa etária, escolaridade e realização de

atividade remunerada (N=30). Sorocaba, 2015.

Fonte: Dados da Pesquisa, Sorocaba, 2015. Nota: Dois dados foram repetidos, visto que foram 28 domicílios e 30 relações de cuidado (em duas residências foram avaliadas duas crianças, sendo o mesmo cuidador).

4.1.2 Caracterização das crianças

As crianças foram caracterizadas segundo sexo, idade e

frequência em creche (Tabela 4).

Faixa etária (anos) N %

< 20 anos 06 20,0

20 – 24 07 23,3

25 – 29 08 26,7

30 – 35 07 23,3

> 35 anos 02 6,7

Escolaridade N %

Fundamental I completo 06 20,0

Fundamental II completo 11 36,7

Médio completo 12 40,0

Superior completo 01 3,3

Realização de atividade

remunerada

Sim 06 20,0

Não 24 80,0

TOTAL 30 100

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57

Tabela 4 – Caracterização da criança segundo sexo, faixa etária

e frequência em creche (N=30). Sorocaba, 2015.

Fonte: Dados da Pesquisa, Sorocaba, 2015.

4.1.3 Classificação Econômica

A classificação econômica das famílias participantes,

sintetizada na Tabela 5, mostrou que a maior parte delas está

inserida nas classes C2 e D-E (73,4%).

Sexo N %

Feminino 15 50,0

Masculino 15 50,0

Faixa etária (meses)

1 – 4 09 30,0

5 – 8 05 16,7

9 – 12 04 13,3

13 – 16 06 20,0

17 – 20 03 10,0

21 – 24 03 10,0

Frequenta Creche

Não 22 73,3

Sim 08 26,7

TOTAL 30 100

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58

Fonte: Dados da Pesquisa, 2015. Nota: Dois dados foram repetidos, visto que foram 28 domicílios e 30 relações de cuidado (em duas residências foram avaliadas duas crianças, sendo o mesmo cuidador).

4.1.4 Caracterização do ambiente domiciliar pelo

Inventário HOME

A Tabela 6 indica a classificação do ambiente doméstico

segundo os níveis de risco para o desenvolvimento, considerando o

escore total do Inventário IT-HOME. Observa-se que a maior parte

das crianças estudadas teve risco médio ou alto em relação à

estimulação para o desenvolvimento em seu ambiente doméstico.

Tabela 6 – Caracterização do ambiente doméstico por meio do

Inventário IT- HOME (N=30), Sorocaba, 2015.

Fonte: Dados da Pesquisa, Sorocaba, 2015.

Classe N %

B2 4 13,3

C1 4 13,3

C2 9 30,0

D – E 13 43,4

TOTAL 30 100

Tabela 5 –

Classificação econômica de acordo com o

Critério ABEP, 2014 (N=30), Sorocaba, 2015.

HOME TOTAL (Níveis de Risco) N %

Baixo 7 23,3

Médio 17 56,7

Alto 6 20,0

TOTAL 30 100

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59

A análise dos resultados obtidos nas subescalas (Tabela 7)

possibilita compreender melhor os aspectos envolvidos na avaliação

do ambiente doméstico. Observa-se que a maior pontuação de nível

alto de estimulação ocorreu na subescala “Responsividade

emocional e verbal da mãe” (63,3%). A subescala que apresentou

maior pontuação de nível baixo de estimulação foi a de

“Disponibilidade de materiais, brinquedos e jogos apropriados”

(56,7), seguida da subescala “Envolvimento materno com a criança”

(50,0%).

Tabela 7 – Caracterização do ambiente doméstico por meio do

Inventário IT- HOME (N=30), nas respectivas

subescalas.

Subescalas de avaliação

(IT- HOME)

Caracterização de risco do

ambiente

Baixo

N (%)

Médio

N (%)

Alto

N (%)

Responsividade emocional e verbal da mãe

19 (63,3) 11 (36,7) 0 (0,0)

Ausência de punição e restrição

1 (3,3) 29 (96,7) 0 (0,0)

Organização do ambiente físico e temporal

11 (36,7) 15 (50,0) 4 (13,3)

Disponibilidade de materiais, brinquedos e jogos apropriados

8 (26,7) 5 (16,7) 17(56,7)

Envolvimento materno com a criança

8 (26,7) 7 (23,3) 15(50,0)

Oportunidade de variação na estimulação diária

4 (13,3) 23 (76,7) 3 (10,0)

Fonte: Dados da Pesquisa, Sorocaba, 2015.

A Tabela 8 apresenta os escores com a pontuação média,

mínima e máxima, bem como o desvio padrão (DP) e a mediana dos

escores obtidos em cada subescala do IT-HOME. Observa-se que

apenas na subescala “Ausência de punição e restrição” nenhuma

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60

família alcançou a pontuação máxima e que houve famílias cuja

pontuação foi muito baixa nas subescalas “Organização do ambiente

físico e temporal”, “Disponibilidade de materiais, brinquedos e jogos

apropriados”, “Envolvimento materno com a criança” e

“Oportunidade de variação na estimulação diária”.

Tabela 8 – Medidas de tendência central dos escores de cada

subescala do IT-HOME e pontuações mínimas e

máximas possíveis (N=30).

Fonte: Dados da Pesquisa, Sorocaba, 2015.

Subescala Média DP Mediana Mínimo

(mín

possível)

Máximo

(máx

possível)

Responsividade

emocional e verbal

da mãe

9,57 0,935 10 7 (0) 11 (11)

Ausência de

punição e restrição

5,50 0,572 5 5 (0) 7 (8)

Organização do

ambiente físico e

temporal

4,93 1,112 5 2 (0) 6 (6)

Disponibilidade de

materiais,

brinquedos e jogos

apropriados

4,50 3,160 4 0 (0) 9 (9)

Envolvimento

materno com a

criança

3,17 1,533 2,5 0 (0) 6 (6)

Oportunidade de

variação na

estimulação diária

2,67 0,994 3 1 (0) 5 (5)

Escore Total 30,40 6,473 30 19 (0) 40 (45)

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61

Os resultados indicaram relação entre a idade da criança e o

nível de estimulação do desenvolvimento no ambiente doméstico. A

Tabela 9 mostra que, quanto maior a faixa etária da criança, maior

foi a estimulação recebida do cuidador primário, e que crianças

menores de 6 meses de idade receberam menos estímulos de seus

cuidadores, uma vez que essa faixa etária concentrou as crianças

com alto risco e não teve crianças classificadas com baixo risco.

Tabela 9 – Relação idade da criança X estimulação do

desenvolvimento por parte do cuidador primário

(N=30).

Grupos por faixa etária

(meses)

Caracterização de risco do ambiente

Baixo

N

Médio

N

Alto

N

1-4 0 4 5

5-8 1 4 0

9-12 1 3 0

13-16 2 3 1

17-20 2 1 0

21-24 1 2 0

Fonte: Dados da Pesquisa, Sorocaba, 2015.

Os comentários registrados no Inventário IT- HOME durante

as entrevistas complementaram a avaliação da qualidade e

quantidade de estimulação do ambiente doméstico. O Quadro 2

sintetiza tais registros. Para isso, as participantes foram identificadas

com a letra “P” seguida do número arábico.

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62

Quadro 2 – Síntese das observações realizadas pelo

entrevistador e comentários das cuidadoras.

(continua)

Identificação

do

Participante

Idade

da

criança

(meses)

COMENTÁRIO (S)

P1 08 Criança sempre no colo, ou no sofá.

Assistem muita televisão. Mãe questionou

“será que é ruim ficar muito tempo no

colo?” Disse que deixa no colo como uma

proteção: “no chão pode ficar doente”.

Possui livros de escola dos irmãos mais

velhos. Irmã de 12 anos conta histórias,

as “inventa”.

P2 15 Estava sentado no chão brincando com

uma vasilha plástica. Tem poucos

brinquedos.

P3 02 Mãe refere que brinca só com o mais velho (que é o neto), justificando que “bebê não precisa de estímulo”.

P3 19 Há estímulo por meio da brincadeira,

criança mais velha. Cuidadora é a avó da

criança.

P4 02 Moradia com 1 cômodo, tudo bem apertado. Não tem brinquedo.

P5 03 Mãe é deficiente auditiva, não gosta muito

de usar o aparelho.

P7 11 Estava no chão, só de fralda, brincando. Moradia com precárias condições de higiene. Mãe não conta historia, mas canta “parabéns”. Gosta de celular. Se faz birra, pega no colo ou dá o celular.

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63

(continuação)

P9 21 Vários brinquedos espalhados pela casa, criança brincando com balde com água. Mãe acha filho muito egoísta, pois não gosta de dividir. Questiona: “Ele está se desenvolvendo bem?”

P10 12 Casa com dois cômodos, mãe refere que não tem espaço para deixar andar no chão. Atualmente o marido está desempregado, e tem excesso de zelo com a criança (não deixa andar no chão). A mãe acha que isso está “atrapalhando” o desenvolvimento, pois ela não tem muitas oportunidades (fez a comparação com o desenvolvimento de suas outras filhas).

P11 03 Gemelar 1, segundo a mãe, é mais ativa e chora mais quando longe dela, por isso, se precisa sair sozinha, sempre a leva e deixa a irmã com alguém. O pai conversa.

P11 03 Gemelar 2, é mais calma, dificilmente sai,

pois acaba ficando aos cuidados de outra

pessoa, já que a irmã chora se ficar longe

da mãe.

P12 14 Mãe refere que não conta histórias, pois a

criança “não para”.

P13 07 Mãe refere que “deixa no chão para estimular”, Fez um “móbile” com tecido (fita) e colocou sobre o berço, pois percebeu que criança se interessava por algo acima dela. Conta histórias, tem 1 livrinho.

P14 16 Mãe conta histórias, as inventa.

P15 04 Pais desempregados, vivem de Bolsa

Família.

P17 01 Ainda não tem brinquedos, referem que

“não precisa, pois é bebê”. Quando

começar a ter dentinho vão comprar um

mordedor. “Pai” não biológico conversa e

conta história.

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64

Fonte: Folhas de registro do IT-HOME. Dados da pesquisa. *Nota: Não foram registrados comentários para o P6, P16, P18, P21, P24, P26 e P28.

Essa etapa contribuiu para o planejamento da ação educativa,

visto que as atividades foram elaboradas de acordo com as

necessidades identificadas por meio da aplicação do Inventário

IT - HOME, ou seja, a identificação dos riscos e os comentários das

cuidadoras nortearam a escolha das atividades propostas na ação

educativa.

(continuação)

P19 21 Durante a entrevista, a mãe brincou com a criança, abaixou e cantou junto com ela.

P20 13 Casa com TV grande, DVD, cercadinho, brinquedos, cartaz na parede para as crianças desenharem. Mãe pedagoga.

P22 02 Mãe adolescente busca informações para

auxiliar no cuidado do filho. Refere que

“fez uma pesquisa na internet e

encontrou que é bom colocar música

clássica para os bebês ouvirem”, desde

então está colocando sempre. Tem só

mordedores, os pendura no carrinho

para fazer de móbile. Não tem livro de

histórias, conta as que sabe.

P23 07 Chão da sala com tapete e vários

brinquedos.

P25 17 Tem, na sala, um cantinho com

brinquedos.

P27 23 Mãe colocou papelão no chão para deixar

a criança brincar sem ficar no chão frio.

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65

4.2 SEGUNDA ETAPA

A segunda etapa compreendeu a execução das Oficinas

Pedagógicas que ocorreram nos meses de junho e julho de 2015.

Os 28 cuidadores que compuseram a amostra da primeira etapa

foram convidados a participar dos encontros.

Foram realizadas duas Oficinas Pedagógicas, cada uma

composta por dois encontros abordando os mesmos assuntos. Tal

estratégia foi adotada com o intuito de ampliar o número de

participantes do Grupo Experimental (GE).

No primeiro encontro da Oficina I, tivemos seis participantes

e, no segundo encontro, dois destes faltaram, totalizando quatro

participantes.

Já na Oficina II, tivemos cinco participantes no primeiro

encontro e, no segundo, dois destes faltaram, totalizando três

participantes.

Portanto, houve 11 participantes em pelo menos um dos

encontros de cada Oficina Pedagógica, e sete participaram dos dois

encontros da oficina.

Também tivemos a participação de outras três pessoas que

não compunham a amostra da pesquisa, mas compareceram às

atividades educativas espontaneamente. Uma delas participou dos

dois encontros de uma Oficina e as outras duas de apenas um dos

encontros.

Cada encontro durou entre 60 a 120 minutos, contemplando a

execução do cronograma previamente elaborado. Foram duas

Oficinas com os mesmos temas, no entanto a maneira de condução

desse cronograma foi diferente em cada grupo visando atender às

necessidades das participantes.

No convite, foi dada a possibilidade para participantes

levarem as crianças aos encontros, pois a maioria não frequentava a

creche.

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66

O espaço lúdico montado para essas crianças contou com a

participação de uma voluntária que, durante todo o decorrer dos

encontros, desenvolveu atividades de recreação com elas (Figura 3).

Figura 3 – Espaço para recreação montado na ESF

Aparecidinha, Sorocaba, 2015.

Fonte: Dados da Pesquisa, Sorocaba, 2015.

No andamento das discussões, já aproveitávamos para

avaliar aspectos do desenvolvimento das crianças que ali estavam,

bem como interagir com elas por meio das brincadeiras.

Durante as discussões, o grupo esclareceu dúvidas, trocou

experiências e expôs opiniões e valores. Nos momentos de reflexão,

as participantes demonstraram compreensão em relação aos temas

abordados, demonstrando interesse pelo assunto.

As discussões foram gravadas e transcritas na íntegra e,

algumas delas serão apresentadas aqui com o intuito de

complementar a apresentação do que foi a realização das Oficinas

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67

Pedagógicas. A identificação com a letra “P” seguida do número

arábico utilizada na aplicação do Inventário IT- HOME foi mantida.

Os diálogos obtidos nas atividades educativas foram

organizados em temas para facilitar essa descrição.

No tema APRENDIZADO DAS CRIANÇAS foram elencadas

as concepções das participantes acerca do aprendizado infantil bem

como meios utilizados por elas para a sua promoção:

P14: Quando ela vai tomar banho eu coloco um brinquedo na

banheira.

P22: Eu acho que é mostrando cores, objetos, falar com eles

(...) não precisa ter o brinquedo, às vezes usar uma roupa (...)

textura.

P15: Ela vê todo mundo pegando o celular e falando assim

(...), ai ela pega e coloca na orelha [risos].

Em O BRINCAR ENTRE A CRIANÇA E O ADULTO foi

incluída a concepção sobre a importância do brincar entre eles.

P10: Sabendo brincar (...) o adulto sabe mostrar o que é

certo, o que é errado.

Outro tema formado foi o do DESENVOLVIMENTO INFANTIL

E A IMPOSIÇÃO DOS LIMITES, composto por relatos acerca da

compreensão do desenvolvimento da criança e a necessidade de

impor limites:

P8: Será que com 8 [meses] já sabe já? [refletindo sobre os

limites].

P8: Tem a hora do passeio, com o carrinho (...) que a gente

pode pegar um pouquinho no colo, ai chega em casa, quer

colo (...) não pode!

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68

P10: O pai dela (...) ela toma conta dele (...) Para ele, ela não

pode chorar (...) Comigo não, eu ignoro, nem ligo, ela é

totalmente diferente comigo.

E, em um último tema, estiveram os QUESTIONAMENTOS,

entre os quais se incluíram os pedidos por esclarecimentos de

dúvidas durante a realização da ação educativa.

P8: E se colocar na televisão será que não distrai? (...) Na

idade dela eu dou o brinquedo e ela joga no chão.

P22: Eu não estou sabendo lidar com essa fase [filho com 4

meses de idade].

No momento de sensibilização das participantes sobre a

importância do brincar com seus filhos, houve a produção de um

cartaz em cada uma das Oficinas, em que foi registrada a

brincadeira que mais gostavam na infância bem como o sentimento

que se remetia a ela.

As figuras 4 e 5 retratam os cartazes elaborados:

Figura 4 – Cartaz produzido na Oficina Pedagógica I,

segundo encontro.

Fonte: Dados da Pesquisa, Sorocaba, 2015.

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69

Figura 5 – Cartaz produzido na Oficina Pedagógica II,

segundo encontro.

Fonte: Dados da Pesquisa, Sorocaba, 2015.

As Oficinas Pedagógicas foram finalizadas com a discussão

norteada pela seguinte questão: “Como foi participar de um

encontro que falasse sobre o desenvolvimento da criança?”

Os diálogos realizados foram registrados e as falas das

participantes agrupadas de acordo com seus temas principais:

O tema COMPARTILHAR E APRENDER foi destacado como

um ponto positivo, que possibilitou a troca de saberes e o

fortalecimento do conhecimento:

P10: [...] é bom né? (...) troca a informação (...) fala uma coisa

(...) fala outra, uma coisa que você não sabe né? (...), você vai

aprendendo né?!

P22: E eu achei legal também não ter uma única idade porque

você vai trocando (...), você vê que quem tá lá na frente já

passou pelo que você tá passando ou tem alguma coisa pra

te (...) uma dica pra te dar “olha” (...); é (...) essa faixa etária

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70

que vocês colocaram (...), não tá todo mundo na mesma (...),

não tá todo mundo passando pela mesma coisa.

As participantes justificaram a importância do compartilhar e

aprender pela INFINITUDE DO CONHECIMENTO. Este tema

mostrou a compreensão de que o conhecimento sempre está em

construção:

P14: A gente nunca sabe tudo né? A gente nunca sabe tudo.

P14: (...) a gente tem tantas dúvidas.

E, por fim, mostraram seu RECONHECIMENTO, nos relatos

acerca da satisfação em participar da ação educativa:

P10: Obrigada (...) por esse trabalho que fez com a gente.

P10: É muito bom, né? é bom se tivesse sempre [risos].

P8: É (...) muito (...) e as pessoas viessem, (...) não vem, tem

preguiça de vim.

P10: É interessante né?(...), bem legal.

Esses dados revelaram interesse das participantes pela

temática abordada bem como pelas dinâmicas de discussão e

construção do conhecimento em grupo.

Quanto à avaliação das Oficinas Pedagógicas, a Tabela 10

sintetiza os dados obtidos por meio do questionário aplicado às

participantes do segundo encontro em cada uma das oficinas,

quanto à caracterização da participante e da criança.

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71

Tabela 10 –

Questionário de Avaliação das Oficinas Pedagógicas – Caracterização das participantes e da criança – (N=7*).

Caracterização do Cuidador Caracterização da Criança

Fonte: Dados da Pesquisa, Sorocaba, 2015.

*Questionário aplicado no segundo encontro de cada Oficina Pedagógica, houve quatro faltas em relação ao primeiro dia, totalizando, portanto, sete participantes.

Observa-se que a maioria das participantes que respondeu à

avaliação das atividades educativas tinha Ensino Fundamental II

completo e a idade dos seus filhos variou entre 4 e 24 meses.

A Tabela 11 apresenta as respostas relativas à avaliação da

ação educativa. Observa-se que a avaliação foi muito positiva

quanto à avaliação geral, ao conteúdo, à forma de apresentação e à

aplicabilidade do conhecimento obtido no dia a dia com a criança no

ambiente doméstico. Quanto à carga horária, as participantes

dividiram-se entre considerar muito tempo, tempo adequado e pouco

tempo.

Além disso, a maioria não tinha participado de outra atividade

com o mesmo tema, mas grande parte já tinha recebido informação

sobre como estimular a criança.

Contudo, cabe ressaltar que 57,1% das participantes que

responderam à avaliação afirmaram que não leem/nunca leram as

informações da Caderneta de Saúde da Criança e mostraram-se

Nº Idade (anos)

Escolaridade Idade (meses)

P10 36 Ensino Fundamental Completo I 14

P14 34 Ensino Médio Completo 18

P22 18 Ensino Médio Completo 4

P8 23 Ensino Fundamental Completo I 8

P15 21 Ensino Fundamental Completo II 4

P5 27 Ensino Fundamental Completo II 7

P9 20 Ensino Fundamental Completo II 24

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72

interessadas quando estimuladas na oficina a explorar o conteúdo

da caderneta.

Tabela 11 – Avaliação das Oficinas Pedagógicas pelas

participantes.

Fonte: Dados da Pesquisa, Sorocaba, 2015.

Nos registros complementares oportunizados pelo

Questionário, foram encontrados os seguintes comentários:

Quanto à Avaliação Geral:

P10: Eu gostei muito, pena que durou pouco.

P22: Eu acho que a questão das várias idades ajuda a

entender o desenvolvimento.

Avaliação Geral N %

Ótimo 05 71,4

Bom 02 28,6

Conteúdo

Ótimo 04 57,1

Bom 03 42,9

Forma de apresentação

Ótimo 05 71,4

Bom 01 14,3

Ruim 01 14,3

Aplicabilidade

Sim 06 85,7

Não 01 14,3

Carga horária

Foi o necessário 03 42,8

Foi muito 02 28,6

Foi pouco 02 28,6

TOTAL 07 100

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73

Quanto ao Conteúdo:

P22: Faltou tempo para abordar todos os conteúdos até os

dois anos de idade.

Quanto à Carga Horária:

P22: Faltou o tema primeiros socorros.

Comentários em Geral:

P10: Bom se a gente puder dar continuidade.

P22: Gostaria que tivesse este curso durante a gestação.

Maior tempo para abordar outros temas dentro do desenvolvimento.

Participante gestante que não compunha a amostra: Minha

opinião é que, como estou sendo mãe agora, adorei saber como

lidar com cada fase da minha filha.

Em relação aos aspectos que facilitaram a execução das

Oficinas, estiveram presentes: a aplicação prévia do Inventário

IT- HOME, a presença das crianças no espaço lúdico e a dinâmica

de desenvolvimento das atividades com a promoção do espaço

dialógico.

A aplicação prévia do IT- HOME facilitou a mediação da

discussão, pois a pesquisadora conheceu a realidade de cada

participante, podendo nortear a busca por estratégias de

estimulação da criança no ambiente doméstico de acordo com a

realidade de cada um.

A participação das crianças, por sua vez, foi extremamente

profícua para o desenvolvimento das atividades, pois muitas das

discussões foram incrementadas pela prática.

Já como dificuldades estiveram presentes a falta de tempo

para aprofundamento de alguns conteúdos e o número de faltas do

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74

primeiro para o segundo encontro, o que fez com que o número de

participantes nos dois grupos fosse menor do que o previsto no

dimensionamento amostral. O mês de realização das Oficinas foi de

muita chuva e vento, o que contribuiu para as ausências, visto que o

deslocamento das participantes do domicílio para a unidade de

saúde se dava caminhando.

Além disso, o pouco contato da autora que conduziu as

Oficinas com as participantes, pode ter limitado seus comentários e

discussões.

4.3 TERCEIRA ETAPA

Esta etapa teve como objetivo reaplicar o Inventário

IT - HOME nos participantes do Grupo Experimental (GE) e do

Grupo Controle (GC).

O GE foi composto pelos que participaram da Oficina

Pedagógica, em pelo menos um encontro, totalizando onze crianças

e famílias. Nesta terceira etapa, houve duas perdas, ficando a

amostra com nove participantes.

No GC, inicialmente composto por 15 participantes, houve

sete perdas, sendo a amostra composta por oito crianças em sete

famílias.

Essas perdas foram provenientes da mudança das

participantes de bairro ou município, e por não terem sido

encontradas no domicílio em pelo menos duas tentativas.

A Tabela 12 indica a caracterização dos cuidadores de cada

grupo quanto à faixa etária, escolaridade e exercício em atividade

remunerada. Todos os cuidadores primários eram do sexo feminino,

e quanto à relação com a criança, todos eram mães. A idade variou

entre 18 e 37 anos no grupo experimental, e entre 19 e 34 anos no

grupo controle.

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75

Tabela 12 – Caracterização das cuidadoras dos GE e GC

segundo faixa etária, escolaridade e realização de

atividade remunerada. Sorocaba, 2015.

Grupo

Experimental Controle

N % N %

Faixa etária < 20 anos 01 11,1 01 12,5

(anos) 20 – 24 03 33,3 01 12,5 25 – 29 03 33,3 02 25,0 30 – 35 01 11,1 04 50,0 > 35 01 11,1 00 0,0

Escolaridade Fundamental I 03 33,3 03 37,5

Fundamental II 03 33,3 02 25,0

Médio 03 33,3 03 37,5

Trabalho fora Não 08 88,9 05 62,5

Sim 01 11,1 03 37,5

TOTAL 09 100,0 08 100,0 Fonte: Dados da Pesquisa, Sorocaba, 2015. Nota: Um dado foi repetido, visto que em uma residência foram avaliadas duas crianças, sendo o mesmo cuidador.

A Tabela 13 indica a classificação econômica das famílias

segundo o Critério ABEP.

Tabela 13 – Classificação econômica de acordo com o Critério

ABEP, 2014. Sorocaba, 2015.

Fonte: Dados da Pesquisa, Sorocaba, 2015. Nota: Um dado foi repetido, visto que em uma residência foram avaliadas duas crianças, sendo o mesmo cuidador.

Grupo

Experimental Controle

ABEP (Classe) – família

A 00 0,00 00 0,00

B 01 11,2 00 0,00

C 04 44,4 05 62,5

D – E 04 44,4 03 37,5

TOTAL 09 100,0 08 100,0

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76

A Tabela 14 indica a caracterização das crianças de cada

grupo quanto ao sexo, faixa etária, frequência em creche e a Tabela

15 apresenta a classificação de risco pelo Inventário IT – HOME. A

idade variou entre 7 e 26 meses no grupo experimental, e entre 5 e

20 meses no grupo controle.

Tabela 14 – Caracterização das crianças do GE e do GC segundo

sexo, faixa etária e frequência em creche.

Fonte: Dados da Pesquisa, Sorocaba, 2015.

Tabela 15 – Caracterização do ambiente doméstico por meio do

Inventário IT- HOME. Sorocaba, 2015.

Grupo

Experimental Controle

N % N %

Classificação do risco – ambiente

Baixo 05 55,6 05 62,5

Médio 04 44,4 03 37,5

Alto 00 0,00 00 0,00

TOTAL 09 100,0 08 100,0

Fonte: Dados da Pesquisa, Sorocaba, 2015.

Grupo

Experimental Controle

N % N %

Sexo Masculino 04 44,4 05 62,5

Feminino 05 55,6 03 37,5

Faixa etária 1 – 4 00 0,0 00 0,0

(meses) 5 – 8 03 33,3 03 37,5

9 – 12 02 22,2 01 12,5

13 – 16 01 11,1 01 12,5

17 – 20 01 11,1 03 37,5 21 – 24 00 0,0 00 0,0 >24 02 22,2 00 0,0

Frequenta creche Não 07 77,8 04 50,0

Sim 02 22,2 04 50,0

TOTAL 09 100,0 08 100,0

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77

Observa-se que, em ambos os grupos, os ambientes

domiciliares foram classificados em Baixo ou Médio risco para o

desenvolvimento infantil.

A Tabela 16 apresenta os dados descritivos e comparativos

entre os grupos experimental e controle, interpretados pelo

ANOVA – Medidas Repetidas .

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78

Tabela 16 – Interpretação dos dados pelo modelo ANOVA – Medidas Repetidas, considerando média, DP, mediana e valor-p

para coleta e interação.

Primeira avaliação pelo IT-HOME

Segunda avaliação pelo IT-HOME

N Média dos

escores obtidos

DP Mediana Média dos

escores obtidos

DP Mediana Coleta Interação

HOME Subescala I Experimental Controle

9 8

9,33 9,50

1,225 0,756

9,00 10,00

10,00 10,75

1,732 0,463

11,00 11,00

0,002 0,284

HOME Subescala II Experimental Controle

9 8

5,56 5,75

0,527 0,707

6,00 6,00

5,33 5,63

0,500 0,744

5,00 5,50

0,405 0,814

HOME Subescala III Experimental Controle

9 8

5,11 4,63

0,782 1,188

5,00 5,00

6,00 5,88

0,000 0,354

6,00 6,00

<0,001 0,460

HOME Subescala IV Experimental Controle

9 8

4,22 4,75

2,906 3,327

3,00 5,50

5,22 6,75

1,202 1,165

5,00 6,00

0,041 0,467

HOME Subescala V Experimental Controle

9 8

3,44 3,00

1,424 1,414

3,00 2,00

4,78 5,38

1,563 0,744

6,00 5,50

<0,001 0,208

HOME Subescala VI Experimental Controle

9 8

2,89 2,75

1,167 1,035

3,00 2,50

4,00 3,88

1,000 0,835

4,00 4,00

0,002 0,981

HOME Escore Total

Experimental Controle

9 8

30,78 30,38

6,078 5,975

29,00 30,50

35,33 38,25

5,431 2,053

38,00 38,50

0,001 0,261

Fonte: Dados da Pesquisa, Sorocaba, 2015.

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79

O valor-p traz a análise dos componentes “Coleta” e

“Interação”.

Na interação, foram avaliados os escores obtidos no pré e no

pós-ação educativa dentro de cada grupo, buscando identificar se a

evolução nos valores dos grupos experimental e controle poderia ser

considerada igual ou não. Neste caso, nenhuma das variáveis

analisadas teve interação significativa, isto é, a evolução nos valores

dos escores foi similar em ambos.

O valor-p coleta, por sua vez, que analisa se houve diferença

da primeira para a segunda coleta, independente do grupo, indicou

que todas as variáveis apresentaram mudança de média do pré para

o pós-ação educativa, exceto a subescala II do HOME, referente à

“Ausência de Punição e Restrição”.

Esses dados indicaram mudança de comportamento nos dois

grupos, GE e GC, de forma uniforme, com aumento significativo nas

pontuações de ambos, o que representa aumento no nível de

estimulação no ambiente doméstico.

Durante esta etapa da coleta de dados, alguns comentários

foram registrados, complementado as informações referentes à

estimulação da criança, conforme disposto no Quadro 3.

Quadro 3 – Síntese das observações realizadas pelo

entrevistador e comentários das cuidadoras.

(continua)

Identificação

da

Participante

Idade

da

criança

(meses)

Grupo COMENTÁRIO (S)

P8 10 GE Referiu que comprou um livro de

histórias, mas ainda não o lê,

somente folheia com a criança.

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80

(continuação)

P9 25 GE Referiu que passou a conversar

com a criança depois da

“palestrinha”, porque antes não

tinha paciência.

P14 20 GE Criança recebeu seu primeiro exemplar da Bíblia infantil, com figuras. Mãe começou a ler para a criança.

P22 07 GE Referiu que após a “palestra”

começou a nomear objetos para

a criança.

P11 08 GC Gemelar – Mãe referiu que

começou a ler histórias para as

crianças antes de dormir, o que

não fazia antes. Acredita que

agora seja adequado para a

idade.

Fonte: Folhas de registro do IT- HOME. Dados da pesquisa, 2015.

Observa-se no Quadro 3 que houve menor número de

registros em relação à primeira aplicação, possivelmente por se

tratar de um segundo contato e pela aplicação do IT - HOME ter sido

realizada por uma só pesquisadora.

Em relação à influência das variáveis de caracterização das

famílias, a escolaridade e a classificação econômica, o Modelo de

Efeitos Mistos (LMM), mostrou efeito sobre a subescala IV

(Disponibilidade de materiais, brinquedos e jogos apropriados), com

valor p igual a 0,005 e 0,003, respectivamente.

Para as famílias da Classe B, o escore total do HOME foi

maior em relação às classes C, D e E (valor p igual a 0,011), ou seja,

classes econômicas mais baixas foram classificadas com maior

risco.

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81

Quanto aos aspectos relacionados às crianças, identificou-se

que a idade foi o fator que teve influência nos resultados no escore

total do HOME e de cada subescala, exceto na subescala II

“Ausência de Restrição e Punição”. À medida que aumentou a idade,

os escores do HOME aumentaram, comprovando que a estimulação

é maior para as crianças maiores (valor p igual a 0,000). A

frequência à creche também foi associada a maiores escores (valor

p igual a 0,031).

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82

DISCUSSÃO ___________________________

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83

5 DISCUSSÃO

Este estudo investigou o efeito da ação educativa no

comportamento dos cuidadores de lactentes sobre a estimulação do

desenvolvimento com base em avaliações antes e após a ação

educativa com grupos experimental e controle.

Houve aumento de comportamentos de estimulação de

desenvolvimento por parte dos cuidadores nos dois grupos,

independente da ação educativa, ou seja, os resultados da avaliação

do nível de estimulação no ambiente doméstico não mostraram

diferença entre os grupos experimental e controle.

No entanto o efeito da Oficina Pedagógica pode ser

evidenciado pelos comentários das participantes, visto que estas

indicaram a importância em participar de uma atividade de educação

em saúde com a temática do desenvolvimento infantil e sua

estimulação pela brincadeira.

Os relatos foram positivos e demonstraram que a estratégia

foi vista como um potencial de aprendizado, de troca de saberes,

experiências e reflexões. A participação voluntária de parentes e

amigos também revelou o interesse pelo assunto.

Com isso, esses dois aspectos são o foco desta discussão.

Nos aspectos relativos à mudança de comportamento

mensurada pelo IT - HOME, na primeira aplicação observou-se que

houve famílias que tiveram pontuação muito baixa nas subescalas

“Organização do ambiente físico e temporal”, “Disponibilidade de

materiais, brinquedos e jogos apropriados”, “Envolvimento materno

com a criança” e “Oportunidade de variação na estimulação diária”.

Após a ação educativa e a reavaliação das famílias, essas

subescalas apresentaram aumento significativo no nível de

estimulação, indicando mudança no comportamento das cuidadoras

primárias nos dois grupos.

A influência da condição econômica da família e o nível de

escolaridade do cuidador primário no nível de estimulação de

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desenvolvimento proporcionada à criança, esteve em consonância

com outros estudos (Andrade et al., 2005; Lamy Filho et al., 2011;

Martins, et al., 2004).

Entretanto, o ganho de idade da criança foi o fator de maior

impacto para a mudança desse comportamento. Na segunda fase,

elas interagiram mais com seus filhos, estimulando-os por meio da

brincadeira e do fortalecimento das interações.

O comentário de uma mãe do grupo controle evidencia esse

achado, na medida em que justificou o início da leitura às crianças

por ser apropriado à idade, o que anteriormente não considerava

ser.

Antes da ação educativa, a maior parte das cuidadoras não

exercia atividade remunerada, e a maioria das crianças não

frequentava creche, portanto, cuidador primário e criança passavam

a maior parte do tempo juntos no ambiente doméstico, entretanto, as

atividades de interação só aumentaram à medida que a criança ficou

mais velha, independente do tempo dispensado para essa interação.

Os próprios comentários das cuidadoras registrados por meio

do IT - HOME trouxeram à luz esses conceitos de que crianças

muito pequenas não precisavam de estímulos.

Anteriormente a Oficina, a não oferta de oportunidades de

estimulação foi justificada como um fator protetor na compreensão

da cuidadora quando, por exemplo, o “ficar no chão” foi tido como

sinal de cuidado inadequado para o bebê, pois o mesmo poderia

adoecer.

Ainda nesse período, as condições do contexto apareceram

como influenciadoras do processo de estimulação, impactando de

forma negativa nos casos de ambientes muito pequenos, com

poucos espaços e com baixa disponibilidade de materiais e

brinquedos para as crianças.

Por outro lado, algumas cuidadoras encontraram, nos

mesmos contextos, recursos para promoção do desenvolvimento da

criança, como confeccionar um móbile com material disponível

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(retalho de tecido), colocar papelão no chão para que a criança

pudesse brincar e não ficasse no chão frio, oferecer materiais que

não são propriamente um brinquedo, mas que se transformam a

partir da criatividade da criança, dentre outras possibilidades,

demonstrando a capacidade humana de buscar recursos dentro da

sua realidade para atender suas necessidades.

A correlação com experiências passadas também foi

apontada. Por mais que se considere que cada desenvolvimento é

único e não se pode compará-lo entre as crianças, a busca por

experiências vivenciadas anteriormente para identificar possíveis

alterações no desenvolvimento da criança atual se fez presente,

como por exemplo, a mãe que percebeu que a filha estava

demorando mais para andar por conta da falta de oportunidade,

sendo que as filhas mais velhas tiveram mais oportunidades e na

idade dela já andavam.

Esses apontamentos, juntamente com os dados quantitativos

do IT – HOME, conduziram a elaboração das atividades da ação

educativa, visto que esta partiu das lacunas de conhecimentos

existentes nessas famílias. Esses achados evidenciaram a

importância e necessidade do fortalecimento de conhecimentos

acerca do desenvolvimento infantil e seus meios de estimulação,

tendo a brincadeira como recurso promotor desse processo.

Com isso, a construção da Oficina Pedagógica envolveu

planejamento atento e contextualizado às reais demandas da

população envolvida. Andrade et al. (2005) apontam que a

orientação para o desenvolvimento de atividades lúdicas

direcionadas à relação mãe-filho ou cuidador-criança pode ser

acolhida no âmbito do ESF, sendo que esta dispõe de potencial para

intervir no ambiente familiar.

De maneira complementar, as necessidades sentidas pelos

usuários podem ser trabalhadas pelos profissionais de forma a

resolver suas reais exigências de saúde (Coelho, Jorge, 2009).

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Após essa etapa de conhecimento da realidade da população,

a Oficina Pedagógica foi planejada tendo como meta principal o

empoderamento das famílias, a troca de saberes e fortalecimento da

autonomia e da capacidade criadora de cada um, considerando que

ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades

para a sua produção ou construção, pressupondo a presença de

indivíduos que, juntos, trocam experiências de novas informações

adquiridas (Freire, 1996).

O envolvimento das participantes nas atividades da oficina,

bem como suas avaliações, mostraram os aspectos percebidos

como contribuintes para o aprendizado: a participação de cuidadoras

com crianças entre várias idades foi um deles, pois o contato com

mães que já tinham passado por determinada fase de

desenvolvimento corroborou para o aprendizado das mães que

tinham os bebês mais novos; outros fatores que contribuíram foram

a utilização de metodologias participativas com abordagens

individuais e em grupos, o acolhimento e sensibilização das

participantes sobre a importância do tema, os procedimentos

expositivos dialogados e o respeito aos saberes prévios de cada

participante.

O respeito e a valorização do saber de cada um permitiu a

relação dialógica. O diálogo não existe se não há humildade, sendo

impossível dialogar estando fechado à contribuição dos outros

(Freire, 2014). Ainda que o profissional de saúde tenha um

conhecimento de bases científicas, não deve se colocar na posição

de superioridade, como sendo aquele que ensina, mas sim na

posição humilde daquele que comunica um saber relativo aos outros

que possuem outro saber relativo (Freire, 2007).

A estratégia pedagógica baseada na dinâmica de grupo

permitiu que todos se tornassem sujeitos do processo, e isso se

tornou nítido pelas dicas de estimulação que as mães trocaram entre

si, sendo a pesquisadora a condutora do processo ditado pelas

próprias participantes.

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Esses resultados são similares a outros estudos que

utilizaram oficina educativa (Lazzarotto et al., 2013; Lacerda et al.,

2003). Nesse formato de ação educativa, os usuários se

reconhecem como sujeitos da própria educação, considerando o

profissional como um facilitador do processo educativo, o que é

muito importante para o entendimento do seu papel na

transformação da realidade (Figueiredo, Neto, Leite, 2012), pois tais

grupos são espaços nos quais os usuários conseguem expressar

suas falas, atingindo uma dinâmica de discussão em torno de seus

desejos e anseios (Lacerda, Santiago, 2007).

Assim, o espaço dialógico possibilitado pelas oficinas permitiu

a interação entre o grupo, a expressão de vivências e a

desmistificação de ideias e conceitos, tal como em outros estudos

(Mendonça et al., 2013; Lacerda et al., 2013).

A concepção de que o conhecimento não acaba por ali,

demonstra o potencial de alcance da ação educativa no sentido de

mobilizar essas cuidadoras para novos interesses. Essa reflexão

sobre si mesmo as coloca na busca constante de ser mais,

descobrindo-se como ser inacabado (Freire, 2007), garantindo assim

a continuidade do processo de aprendizagem.

Outro fator que contribuiu para a construção do conhecimento

foi a presença das crianças no espaço lúdico durante o decorrer das

atividades, pois aspectos do desenvolvimento infantil, bem como

meios de estimulação, já eram realizados nas próprias crianças,

permitindo a interação e a correlação da discussão do conteúdo

teórico com a prática.

A aplicação prévia do IT - HOME promoveu no grupo a

possibilidade de discutir e buscar alternativas dentro do contexto de

cada um, o que alicerçou o processo de construção do

conhecimento.

Observou-se que o pensar conjuntamente sobre a própria

realidade estimulou a consciência reflexiva e a proposição de ações

que poderiam ser realizadas nos domicílios. Elas se questionaram a

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respeito de medidas que adotavam, por entender como protetoras,

como é o caso de não deixar a criança no chão, e formas de

oferecer alternativas mais estimulantes para a criança. Quando o

homem compreende a sua realidade, pode levantar hipóteses sobre

o desafio dessa realidade e procurar soluções (Freire, 2007), sendo

que este foi o principal objetivo da ação educativa: o despertar nos

participantes pela busca de estratégias dentro de suas realidades,

sem a prescrição de cuidados de forma impositiva ditada pelos

profissionais.

A exclusão dos aspectos relacionados à realidade do

indivíduo ou comunidade no processo educativo, pode prejudicar a

reflexão sobre a realidade vivenciada, não oportunizando aos

indivíduos a percepção e expressão dos principais determinantes de

uma dada situação na qual estão envolvidos (Flish et al., 2014).

As participantes demonstraram a apreensão de novos

conhecimentos, aplicando-os em suas propostas de cuidados às

crianças, na medida em que, no dia a dia, incorporaram

comportamentos de estimulação do desenvolvimento de seus filhos.

É válido pontuar ainda o relato de uma gestante, cuja

participação na Oficina foi voluntária, sobre a importância de saber

como lidar com cada fase do desenvolvimento do seu bebê

indicando a necessidade de abordar essa temática antes mesmo do

nascimento da criança. Esse achado se complementa com o

comentário de outra participante quando esta expõe o desejo pela

Oficina durante a gestação.

Com isso, infere-se aqui a relevância do tema abordado, bem

como o efeito positivo da Oficina enquanto estratégia de educação

em saúde, pois desenvolvimento de uma atividade de baixo custo

para construção do conhecimento se mostrou eficiente no

empoderamento das cuidadoras.

Quanto às dificuldades para a execução das oficinas, estas

referiram-se particularmente a questões de organização do tempo e

dos períodos disponíveis para a atividade.

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Além disso, o grupo experimental foi composto pela maioria

de cuidadoras que não trabalhava fora. A disponibilização de outras

datas, com o intuito de ampliar o GE, não envolveu a oferta de

outros horários, o que pode ter contribuído para a não participação

daquelas que trabalhavam, visto que o horário e dia da semana

foram disponibilizados conforme rotina da ESF.

Estudo identificou que a falta de padronização de horário foi

um fator dificultador para a participação do usuário nas sessões

educativas, relacionado às atribuições dos profissionais de saúde,

pois estes as realizavam em horários mais apropriados para eles,

sem considerar as necessidades dos usuários (Figueiredo, Neto,

Leite, 2012).

A atividade educativa deve considerar a realidade e o

cotidiano dos participantes, pois não há um compromisso autêntico

com a comunidade, se o profissional considera a realidade como

algo estático e imutável, não a enxergando como uma totalidade,

cujas partes se encontram em permanente interação (Freire, 2007).

Em relação às limitações que estiveram presentes nesta

pesquisa, é possível que o próprio instrumento proposto para

mensurar o alcance do objetivo não tenha sido suficiente ou

adequado.

O IT - HOME, mesmo validado e amplamente usado, pode

não ter dado conta de avaliar todas as dimensões de apreensão de

conhecimentos contempladas por esta pesquisa.

Por exemplo, o instrumento avalia se a criança possuía três

livros ou mais. Após a ação educativa, houve família que adquiriu

um livro, por reconhecer essa importância, no entanto, sua

pontuação não foi passível de mudança no escore, visto que o

instrumento preconiza determinada quantidade. Ainda que a criança

estivesse inserida na classificação maior de risco, observou-se a

intenção de mudança por parte do cuidador, bem como a busca pela

melhoria da qualidade da estimulação proporcionada.

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O olhar individual de cada item do instrumento permite

observar essa mudança de comportamento, embora esta não

tivesse sido suficiente para garantir a mudança de classificação de

um nível de risco para outro mais baixo.

Por isso, a leitura dessas interfaces se faz importante, pois

abarcam aspectos que não puderam ser mensurados.

Quanto aos relatos das participantes, não foi possível realizar

uma análise qualitativa dada à quantidade e nível de profundidade

dos mesmos. Apesar das estratégias utilizadas, o grupo mostrou-se

tímido durante as discussões. O que pode ter corroborado para isso

foi o fato da pesquisadora que conduziu as oficinas não ser a

enfermeira de referência das participantes, tendo apenas um contato

anterior, durante a aplicação do IT-HOME.

Um aspecto que não foi possível contrastar refere-se ao

tamanho do grupo educativo. Em ambas as oficinas, os grupos

formados foram pequenos, menores do que o previsto no método.

Esse baixo número configura uma limitação para a pesquisa sendo

necessária a ampliação para grupos maiores. Também se faz

necessário o desenvolvimento da pesquisa em outros locais para

confirmação dos achados.

Salienta-se ainda o fato de que os estudos que identificaram o

efeito positivo na mudança de comportamento dos participantes

após ações educativas não realizaram a análise de grupo controle,

dificultando a comparação com o resultado deste estudo.

Quanto às implicações desta pesquisa para a atuação do

enfermeiro, os resultados acerca das avaliações da oficina

mostrando a valorização do tema, aliados aos resultados sobre a

qualidade de estimulação domiciliar dos lactentes, apontam para a

necessidade dos profissionais de saúde incorporarem esses

conteúdos nas práticas de cuidado.

A Caderneta de Saúde da Criança mostrou-se de pouco uso

por parte das participantes, sendo um instrumento rico e acessível,

devendo ser valorizado e seu uso incentivado pelos profissionais.

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A relação do nível de estimulação do desenvolvimento com a

idade, aponta ainda para a necessidade e importância de se

trabalhar com as ações educativas com essa temática desde o pré-

natal, tendo em vista o impacto da estimulação nos primeiros anos

de vida da criança.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS ________________________

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando os objetivos inicialmente propostos, entende-se

que os mesmos foram alcançados.

O efeito da ação educativa foi mensurado por meio do

Inventário IT-HOME, aplicado em dois momentos, antes e após a

realização da Oficina Pedagógica.

Os resultados provenientes da análise do IT-HOME

demonstraram que houve aumento de comportamentos de

estimulação do desenvolvimento por parte dos cuidadores nos dois

grupos, independente da ação educativa.

No entanto, o fato de não ter havido diferença entre os grupos

experimental e controle, ou seja, ambos os grupos terem

apresentado aumento no nível de estimulação, não invalida a

pesquisa, pelo contrário, aponta para outras demandas que

envolvem a reorientação da prática de assistência do enfermeiro.

Essa demanda foi expressa pela determinação da idade da

criança no nível de estimulação recebida por parte do cuidador

primário. Os resultados demonstraram que as crianças maiores

foram mais estimuladas e que a variável idade teve maior impacto

no nível de estimulação do que a ação educativa.

Sabe-se que a estimulação deve ocorrer mais precocemente

possível para favorecer o desenvolvimento infantil, por isso, sugere-

se que as ações educativas com a temática da estimulação do

desenvolvimento infantil sejam desenvolvidas desde o pré-natal.

A ação em saúde deve ser planejada com base nas reais

necessidades dos participantes. A avaliação do ambiente doméstico

por meio do Inventário IT-HOME permitiu identificar os níveis de

risco relacionados à estimulação da criança por parte do cuidador

primário. A identificação de que a maioria das famílias encontrava-se

classificada em alto e médio risco, incitou a necessidade da

realização de ações capazes de despertar nessas famílias a

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94

importância da estimulação do desenvolvimento infantil por meio de

suas próprias ações de cuidados diários.

Para isso, a ação educativa foi elaborada e planejada a partir

das lacunas existentes, demonstrando impacto positivo na aceitação

das participantes.

Neste estudo, a estratégia de educação em saúde favorecida

por meio da Oficina Pedagógica, mostrou-se eficiente; a partir dos

relatos das participantes foi possível compreender que a estratégia e

a dinâmica foram bem aceitas. O resultado positivo aliado ao baixo

custo para sua realização potencializa seu uso enquanto ferramenta

de trabalho.

Em relação ao instrumento utilizado, o Inventário IT-HOME, é

possível dizer que o mesmo foi pertinente, no entanto pode não ter

dado conta de avaliar todas as dimensões do comportamento

envolvidas neste estudo.

Além disso, o limitado número de participantes em cada grupo

pode não ter sido suficiente para expressão do impacto.

Cabe, portanto a ampliação para grupos maiores, para melhor

avaliação desse impacto e que os profissionais se apropriem, em

suas práticas de assistência, de ações simples, porém com grande

potencial de alcance.

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REFERÊNCIAS ___________________________

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APÊNDICES ___________________________

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APÊNDICE A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(TCLE)

Prezado familiar,

Meu nome é Danieli Teles Liviéri, sou enfermeira (Coren/SP

189405) e aluna da pós graduação da USP.

Gostaria de convidá-lo (a) a participar da minha pesquisa que

busca conhecer o que as famílias sabem e fazem para promover o

desenvolvimento dos seus filhos.

Caso concorde, você responderá um questionário em sua

casa aplicado por uma enfermeira em dois momentos. Você poderá

também participar de três reuniões em grupo com outros familiares

como você na Unidade de Saúde do seu bairro, durante as quais

faremos um curso sobre a brincadeira e o processo de

desenvolvimento da criança.

Nessas reuniões, vozes dos participantes serão gravadas,

para podermos analisar depois as informações que forem discutidas.

Não haverá divulgação dos nomes dos participantes, nem das

crianças.

Acredito que essa participação irá contribuir para o seu dia a

dia no cuidado com seu filho, e também para melhorar as atividades

educativas realizadas pelos enfermeiros.

Não haverá pagamento pela participação, nem outro tipo de

benefício no serviço se você aceitar participar.

Sua participação é voluntária e, a qualquer momento, você

poderá deixar de participar da pesquisa, sem que isso atrapalhe o

atendimento de saúde que seu (sua) filho (a) recebe no serviço. Os

riscos relacionados à sua participação no estudo são mínimos e

referem-se ao tempo gasto para responder ao questionário e

participar das atividades.

Este projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da

Escola de Enfermagem da USP. Você pode entrar em contato pelo

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e-mail ([email protected]) ou pelo telefone (01511 3061-7548). Este

termo será assinado em duas vias, pois uma ficará com você e outra

com a pesquisadora.

O senhor (senhora) gostaria de participar?

Declaro ter sido esclarecido (a) a respeito do objetivo, da

forma de participação e de utilização das informações e quanto à

liberdade de recusar ou interromper, a qualquer momento e sem

prejuízo algum, a minha participação. Concordo em participar como

informante na coleta de dados deste estudo.

Sorocaba ____/____/______

Assinatura do Participante: _________________________________

Assinatura da Pesquisadora: _______________________________

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APÊNDICE B - Descrição das Atividades da Oficina Pedagógica:

“Ajudando o desenvolvimento do meu bebê”

ENCONTRO I: “Compreendendo o desenvolvimento infantil”

Momento /Tempo/ Materiais

Objetivo (s) Conteúdo Programático

Técnica Atividades

INTEGRAÇÃO I (30 min.) Materiais - Flip chart. - Gravador de voz

- Conhecer os participantes - Facilitar a integração em grupo

Apresentações individuais

Contato progressivo

1. Acolhimento dos participantes e apresentação dos objetivos da oficina. Desenvolvimento a) Com as cadeiras previamente dispostas em círculo, os participantes são recebidos pelo facilitador. b) O facilitador se apresenta e introduz os participantes aos objetivos. c) Cada participante diz seu nome, ocupação, quantos filhos têm e em qual idade. Facilitador anota no Flip chart. d) Os participantes são divididos em subgrupos considerando a faixa etária de seus filhos para a realização das atividades subsequentes.

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INTEGRAÇÃO II

(30 min.)

Materiais

- Espaço para circulação dos participantes

- Faixas de pano para vendar os olhos dos participantes

- Gravador de voz

Experimentar e refletir sobre como é “ser criança”, a sensação de dependência, do cuidar e ser cuidado

Dependência da criança em relação ao adulto Impacto do cuidado sobre o desenvolvimento infantil (DI) Relações afetivas e atenciosas no desenvolvimento do vínculo e da confiança Necessidades das crianças explorarem objetos e espaços (oportunidades de experiências fornecidas pelos adultos) Como as crianças aprendem: de maneira ativa, explorando, brincando, imitando, repetindo e se relacionando.

Dinâmica: “O Cego e o Mudo”

2. Compreendendo como a criança descobre o mundo a sua volta.

Desenvolvimento

a) São formadas duplas em que um é cego e o outro é mudo. O mudo conduz o cego durante 3 minutos para explorar o ambiente. Invertem-se as posições por mais 3 minutos.

b) Conversam entre si sobre a experiência vivida durante outros 3 minutos.

c) Finalização no grupo geral com relatos das duplas e reflexões do facilitador.

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INTERVALO – Café

O QUE É O DESENVOLVMENTO INFANTIL (DI) E COMO OCORRE? (1 hora) Materiais - Caderneta de Saúde da Criança - Flip chart - Computador e Data show - Vídeos: “Jogo de ação e reação modela os circuitos do cérebro” – NCPI – Núcleo Ciência pela Infância. “Como é o desenvolvimento do bebê” – Johnson´s. - Gravador de voz

- Refletir e estimular o interesse sobre o processo do DI - Favorecer a troca de experiências entre os participantes - Promover a compreensão sobre o processo do DI

DI e suas peculiaridades em cada faixa etária Influência do contexto no DI Estimulação do DI Comportamentos exploratórios da criança, consciência do próprio corpo, “birra”, imitação (caretas, sorrisos, barulhos), desenvolvimento da autonomia, necessidade de repetição e de rotina.

- Discussão em subgrupo - Exposição dialogada - Vídeo

3. Compreendendo o desenvolvimento infantil. Desenvolvimento a) No subgrupo, discutem o que consideram ser o desenvolvimento infantil e como percebem este acontecendo em seus filhos. São orientados a explorarem a “Caderneta de Saúde da Criança”, especificamente no conteúdo de “Estimulando o

desenvolvimento da criança com afeto”. b) Apresentação geral no grupo e discussão dos pontos levantados. c) Os participantes assistem aos vídeos. d) Síntese geral conduzida pelo facilitador correlacionando os conteúdos do vídeo e da “Caderneta de Saúde da Criança”, com as experiências apresentadas pelos participantes.

ENCERRAMENTO

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Encontro II: “Promovendo o desenvolvimento infantil por meio do brincar”

Momento /tempo/ materiais

Objetivo (s) Conteúdo Programático

Técnica Atividades

A INFÂNCIA E O BRINCAR (2 horas) Materiais - Folhas de papel - Canetas e lápis - Flip chart - Caderneta de Saúde da Criança

- Sensibilizar os familiares sobre a importância do brincar com seus filhos

Relembrar as brincadeiras preferidas na infância e os momentos em que brincavam com seus pais

- Indicação de uma brincadeira por cada um - Indicação de um sentimento durante o momento de brincar com seus pais - Exposição do conteúdo exposto em um painel

1. Reconectando-se com a própria infância Desenvolvimento a) Neste momento, as seguintes questões conduzem a atividade:

Quando eram pequenos, em que espaços vocês brincavam?

Quais eram as suas brincadeiras preferidas nessa época?

Vocês tinham algum brinquedo favorito?

Esses momentos de brincadeiras na infância tiveram algum significado para a sua vida adulta?

b) Cada participante escolhe e escreve na folha de papel a brincadeira que mais gostava na infância e indica um sentimento que permeava esses momentos, relembrando o brincar com seus pais. c) Cada participante expõe para o grupo as suas indicações. d) Em seguida, o facilitador reúne os materiais produzidos e cola em um cartaz, que ficará exposto durante todo encontro.

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INTERVALO – Café

- Desenvolver estratégias de promoção do desenvolvimento através do brincar - Estimular a incorporação da brincadeira nos cuidados familiares

Importância da ludicidade e do respeito ao direito de brincar A brincadeira em cada estágio do DI O brincar entre a criança e o adulto

- Discussão em subgrupo - Discussão no grupo geral

2. Promovendo o DI por meio do brincar Desenvolvimento a) Cada subgrupo indica estratégias utilizando o brincar para promover o desenvolvimento da criança, considerando o contexto em que vivem. São estimulados a explorarem a “Caderneta de Saúde da Criança”. As seguintes questões conduzem a atividade:

Você brinca com o seu filho? Como e quando?

Quais brincadeiras você considera importantes para a idade dele?

É necessário sempre ter algum brinquedo para que a brincadeira aconteça?

Pensando na sua casa e nos recursos disponíveis nela, como você pode criar brincadeiras?

c) Discussão das estratégias no grupo geral.

A EXPERIÊNCIA EM PARTICIPAR DA OFICINA PEDAGÓGICA COM FOCO NA PROMOÇÃO DO DI

- Discutir sobre a participação na Oficina Pedagógica - Avaliar a Oficina Pedagógica

Discussão no grupo geral Aplicação do questionário de avaliação

1. Avaliando a Oficina Pedagógica Desenvolvimento a) A discussão será conduzida pela questão norteadora: “Como foi participar de um encontro que falasse sobre o desenvolvimento da criança?”

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Materiais - Instrumento de avaliação - Gravador de voz

b) Cada participante relata a experiência de ter participado da Oficina Pedagógica. c) Cada participante preencherá um questionário de avaliação da Oficina Pedagógica.

ENCERRAMENTO

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APÊNDICE C - Questionário de Avaliação da Oficina Pedagógica

Idade da mãe: _________ Escolaridade da mãe: _______________________ Idade do bebê: __________ Gostaria de saber sua opinião sobre a Oficina. Por favor, assinale a alternativa conforme o seu desejo. 1 AVALIAÇÃO GERAL (De forma geral, como você avalia a

Oficina?)

A- Ótimo B- Bom C- Razoável D- Ruim Comentários: _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2 CONTEÚDO DO CURSO (Qual sua opinião especificamente

sobre os assuntos e temas abordados no curso?). A- Ótimo B- Bom C- Razoável D- Ruim Comentários: _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3 FORMA DE APRESENTAÇÃO DO CURSO (Qual sua opinião

sobre a forma como as discussões aconteceram?)

A- Ótimo B- Bom C- Razoável D- Ruim Comentários: __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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4 APLICABILIDADE (Você será capaz de fazer o que aprendeu

em seu dia a dia?) A- sim B- não C- mais ou menos Comentários: _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 5 CARGA HORÁRIA (O tempo do curso foi suficiente?) A- foi o necessário B- foi muito C- foi pouco Comentários: _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 6 VOCÊ JÁ TINHA PARTICIPADO DE ALGUMA OUTRA

ATIVIDADE COM ESSE MESMO TEMA?

A- Sim B- Não

7 VOCÊ JÁ TINHA RECEBIDO ORIENTAÇÕES SOBRE COMO

ESTIMULAR O DESENVOLVIMENTO DO SEU BEBÊ? A- Sim B- Não

8 VOCÊ LÊ OU JÁ LEU OS CONTEÚDOS DA CADERNETA DE

SAÚDE DA CRIANÇA (“CARTEIRINHA DE VACINA”)

A- Sim B- Não

Por favor, se quiser fazer mais algum comentário, críticas ou sugestões, escreva no espaço abaixo. Sua opinião é muito importante. OBRIGADA! _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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ANEXOS ___________________________

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ANEXO 1 – FOLHA DE REGISTRO – HOME – 0-3 ANOS

Data de entrevista _____ / _____ / __________

Relação da Pessoa entrevistada com a pessoa: ________________

Local da entrevista: _______________________________________

Pessoas presentes no momento da entrevista: _________________

Comentários:

_______________________________________________________

_______________________________________________________

_______________________________________________________

_______________________________________________________

FATORES ESCORES BRUTOS

I. Responsividade emocional e verbal da mãe

II. Ausência de punição e restrição

III. Organização do ambiente físico e temporal

IV. Disponibilidade de materiais, brinquedos e jogos apropriados

V. Envolvimento materno com a criança

VI. Oportunidade de variação na estimulação diária

TOTAL

I – RESPONSIVIDADE EMOCIONAL E VERBAL DA MÃE

SIM NÃO

1. A mãe vocaliza espontaneamente em relação à criança pelo menos duas vezes durante a visita (exclui-se chamar a atenção ou passar pito).

1 0

2. A mãe responde às vocalizações da criança com uma resposta vocal ou verbal.

1 0

3. A mãe diz à criança o nome de algum objeto durante a visita ou diz o nome de uma pessoa ou objeto num estilo “didático”.

1 0

4. A fala da mãe é distinta, clara e audível para o entrevistador-observador.

1 0

5. A mãe inicia intercâmbio verbal com o observador – faz 1 0

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perguntas e comentários espontâneos.

6. A mãe expressa ideias livres e facilmente, e usa frases de tamanho adequado para conversar (por exemplo, apresenta mais do que meras e breves respostas).

1 0

7. A mãe permite à criança ocasionalmente envolver-se em jogos e brincadeiras que sujam o ambiente ou a própria criança.

1 0

8. A mãe espontaneamente elogia as qualidades ou comportamentos da criança pelo menos duas vezes durante a visita.

1 0

9. Quando falando sobre ou para a criança a voz da mãe transmite um sentimento positivo.

1 0

10. A mãe acaricia ou beija a criança pelo menos uma vez durante a visita.

1 0

11. A mãe mostra alguma resposta emocional positiva frente a elogios feitos a criança pelo observador.

1 0

SUB-ESCORE

II – AUSÊNCIA DE RESTRIÇÃO E PUNIÇÃO SIM NÃO

12. A mãe não grita com a criança durante a visita. 1 0

13. A mãe não expressa irritação, aborrecimento ou hostilidade aberta em relação à criança.

1 0

14. A mãe não esbofeteia a criança durante a visita. 1 0

15. A mãe relata apenas uma ocorrência de punição física que tenha ocorrido durante a semana passada.

1 0

16. A mãe não critica, passa “pito” ou “arrasa” verbalmente com a criança durante a visita.

1 0

17. A mãe não interfere com as ações da criança ou restringe seus movimentos mais do que 3 vezes durante a visita.

1 0

18. Pelo menos 10 livros estão presentes e visíveis no lar. 1 0

19. A família tem um animal de estimação. 1 0

SUB-ESCORE

III – ORGANIZAÇÃO DO AMBIENTE FÍSICO E TEMPORAL SIM NÃO

20. Quando a mãe se ausentava, o cuidado à criança é fornecido por pelo menos uma de três substitutas regulares.

1 0

21. Alguém leva a criança à quitanda, supermercado, etc., pelo menos uma vez por semana.

1 0

22. A criança sai de casa pelo menos quatro vezes por semana.

1 0

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114

23. A criança é levada regularmente ao médico ou clínica para verificação de saúde ou cuidados preventivos.

1 0

24. A criança tem um lugar especial no qual pode guardar seus brinquedos e pequenos “tesouros”.

1 0

25. O ambiente de brinquedos, de jogos da criança parece seguro e livre de acidentes.

1 0

SUB-ESCORE

IV – DISPONIBILIDADE DE MATERIAIS DE BRINQUEDOS E JOGOS APROPRIADOS

SIM NÃO

26. A criança tem brinquedos ou outros objetos que envolvam atividade muscular.

1 0

27. A criança tem brinquedos de empurrar ou puxar. 1 0

28. A criança tem uma patinete, um andador, um triciclo, qualquer carrinho que a criança impulsiona com os pés.

1 0

29. A mãe fornece brinquedos ou sugere atividades interessantes para a criança durante a visita.

1 0

30. A mãe fornece objetos apropriados para a aprendizagem de acordo com a idade da criança: brinquedos de pelúcia ou jogos de faz de conta.

1 0

31. A mãe fornece material de aprendizagem apropriado à idade da criança: móbiles, mesas e cadeiras, cadeirões, chiqueirinho.

1 0

32. A mãe fornece brinquedos que favorecem a coordenação viso-motora – por exemplo: peças para serem introduzidas ou retirada de orifícios, caixas, contas para enfiar, etc.

1 0

33. A mãe fornece brinquedos que favorecem a coordenação viso-motora e que permitam combinações: jogos de empilhar ou encaixar blocos, etc.

1 0

34. A mãe fornece brinquedos que estimulem a leitura e a música.

1 0

SUB-ESCORE

V – ENVOLVIMENTO MATERNOS COM A CRIANÇA SIM NÃO

35. A mãe tende a conservar a criança dentro do seu campo visual e tende a olha-la frequentemente.

1 0

36. A mãe fala à criança enquanto realiza seu trabalho de casa.

1 0

37. A mãe conscientemente encoraja o desenvolvimento da criança.

1 0

38. A mãe investe em brinquedos mais complexos através de sua atenção.

1 0

39. A mãe estrutura os períodos de brinquedo da criança. 1 0

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115

40. A mãe fornece brinquedos que desafiam a criança a desenvolver novas habilidades.

1 0

SUB-ESCORE

VI – OPORTUNIDADE DE VARIAÇÃO NA ESTIMULAÇÃO

DIÁRIA

SIM NÃO

41. O pai fornece algum cuidado à criança a cada dia. 1 0

42. A mãe lê histórias para a criança pelo menos 3 vezes

por semana.

1 0

43. A criança come pelo menos uma refeição por dia com a

mãe e o pai.

1 0

44. A família visita ou recebe visitas de parentes. 1 0

45. A criança possui três ou mais livros. 1 0

SUB-ESCORE

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ANEXO 2 – CRITÉRIO DE CLASSIFICAÇÃO

ECONÔMICA BRASIL

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ANEXO 3 – APROVAÇÃO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA

DA EEUSP

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ANEXO 4 – APROVAÇÃO DA SECRETARIA DE SAÚDE DO

MUNICÍPIO DA SOROCABA/SP