23
A ORGANIZAÇÃO A ORGANIZAÇÃO CIENTÍFICA DO CIENTÍFICA DO TRABALHO TRABALHO A EMERGÊNCIA DO TRABALHO A EMERGÊNCIA DO TRABALHO E DO TRABALHADOR ENQUANTO E DO TRABALHADOR ENQUANTO OBJETO DE ANÁLISE OBJETO DE ANÁLISE

A ORGANIZAÇÃO CIENTÍFICA DO TRABALHO

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: A ORGANIZAÇÃO CIENTÍFICA DO TRABALHO

A ORGANIZAÇÃO A ORGANIZAÇÃO CIENTÍFICA DO CIENTÍFICA DO

TRABALHOTRABALHO

A EMERGÊNCIA DO TRABALHO A EMERGÊNCIA DO TRABALHO E DO TRABALHADOR E DO TRABALHADOR

ENQUANTO OBJETO DE ENQUANTO OBJETO DE ANÁLISEANÁLISE

Page 2: A ORGANIZAÇÃO CIENTÍFICA DO TRABALHO

Produção industrial pré-Produção industrial pré-taylorianatayloriana

►Foi Taylor quem “inventou” a divisão Foi Taylor quem “inventou” a divisão do trabalho?do trabalho?

►Qual a relação entre a divisão de Qual a relação entre a divisão de trabalho e a subjetividade?trabalho e a subjetividade?

►Qual os efeitos do coletivo de trabalho Qual os efeitos do coletivo de trabalho (corporação de ofício) na produção de (corporação de ofício) na produção de subjetividade dos trabalhadores?subjetividade dos trabalhadores?

Page 3: A ORGANIZAÇÃO CIENTÍFICA DO TRABALHO

Produção industrial pré-Produção industrial pré-taylorianatayloriana

►Como se poderia aumentar o lucro das Como se poderia aumentar o lucro das empresas?empresas?

►Como se poderia aumentar a Como se poderia aumentar a produtividade?produtividade?

►Existia disciplina antes de Taylor? Existia disciplina antes de Taylor?

►O trabalhador “docilizado” foi O trabalhador “docilizado” foi inventado por Taylor?inventado por Taylor?

Page 4: A ORGANIZAÇÃO CIENTÍFICA DO TRABALHO

Taylor contra o controle Taylor contra o controle operáriooperário

►Quais os principais objetivos de Taylor Quais os principais objetivos de Taylor ao propor sua Organização Científica ao propor sua Organização Científica de Trabalho?de Trabalho?

►E quais princípios estão em jogo nas E quais princípios estão em jogo nas práticas taylorianas?práticas taylorianas?

Page 5: A ORGANIZAÇÃO CIENTÍFICA DO TRABALHO

Taylor contra o controle Taylor contra o controle operáriooperário

►1º Princípio:1º Princípio: Apropriação do saber operárioApropriação do saber operário

►Análise “científica” do trabalho: estudo dos Análise “científica” do trabalho: estudo dos tempos e movimentos pelas fases analítica e tempos e movimentos pelas fases analítica e construtivaconstrutiva

►Determinação do tempo ótimo da tarefaDeterminação do tempo ótimo da tarefa

►Exclusão de movimentos desnecessáriosExclusão de movimentos desnecessários

►Exclusão da cognição e da iniciativa operáriaExclusão da cognição e da iniciativa operária

Page 6: A ORGANIZAÇÃO CIENTÍFICA DO TRABALHO

Taylor contra o controle Taylor contra o controle operáriooperário

►2º Princípio:2º Princípio: Seleção e treinamentoSeleção e treinamento

►Aumento da eficiência da atividade do Aumento da eficiência da atividade do trabalhadortrabalhador

►Redução do tempo de treinamentoRedução do tempo de treinamento

►Facilidade da contratação de pessoas sem Facilidade da contratação de pessoas sem qualquer qualificação (aumento da reserva de qualquer qualificação (aumento da reserva de mão de obra)mão de obra)

Page 7: A ORGANIZAÇÃO CIENTÍFICA DO TRABALHO

Taylor contra o controle Taylor contra o controle operáriooperário

►2º Princípio:2º Princípio: Planejamento e controle do trabalho pela Planejamento e controle do trabalho pela

direçãodireção

►Profunda e intensa separação entre execução Profunda e intensa separação entre execução e planejamento, organização e controle da e planejamento, organização e controle da atividadeatividade

►Centralidade sobre a tarefaCentralidade sobre a tarefa

Page 8: A ORGANIZAÇÃO CIENTÍFICA DO TRABALHO

Ford e a linha de montagemFord e a linha de montagem

► Inovações de Ford:Inovações de Ford:1.1. Introdução da linha de montagem:Introdução da linha de montagem:

Controle do tempo é ditado pela Controle do tempo é ditado pela máquina (ritmo da linha)máquina (ritmo da linha)

Redução ainda mais radical de Redução ainda mais radical de movimentos desnecessários movimentos desnecessários (abastecimento das peças)(abastecimento das peças)

Intensificação do taylorismoIntensificação do taylorismo

Page 9: A ORGANIZAÇÃO CIENTÍFICA DO TRABALHO

Ford e a linha de montagemFord e a linha de montagem

► Inovações de Ford:Inovações de Ford:

1.1. Nova concepção da relação trabalho-Nova concepção da relação trabalho-consumo:consumo:

Ao trabalhador de massa se proporciona Ao trabalhador de massa se proporciona um salário que propicia consumo de um salário que propicia consumo de bens de massabens de massa

Concepção de sociedade aos moldes da Concepção de sociedade aos moldes da fábrica – Welfare/Workfarefábrica – Welfare/Workfare

Page 10: A ORGANIZAÇÃO CIENTÍFICA DO TRABALHO

Concepção de homem para o Concepção de homem para o taylorismo-fordismotaylorismo-fordismo

►Quais as concepções de homem para o Quais as concepções de homem para o taylorismo-fordismo?taylorismo-fordismo?

►O que “motiva” o homem taylorista?O que “motiva” o homem taylorista?

►Essas concepções são condizentes Essas concepções são condizentes com as concepções contemporâneas? com as concepções contemporâneas? E no caso do Brasil?E no caso do Brasil?

Page 11: A ORGANIZAÇÃO CIENTÍFICA DO TRABALHO

Efeitos do taylorismo-fordismo Efeitos do taylorismo-fordismo para a indústria e a sociedadepara a indústria e a sociedade

►Que efeitos gerais se observam nas Que efeitos gerais se observam nas indústrias tayloristas-fordistas?indústrias tayloristas-fordistas?

►Surgimentos de novas figurasSurgimentos de novas figuras►Aumento da produtividadeAumento da produtividade

►Esses efeitos são idênticos em todos os Esses efeitos são idênticos em todos os locais?locais?

►Mudanças culturais tem impacto reduzido, mas Mudanças culturais tem impacto reduzido, mas importanteimportante

►E que efeitos se observam na sociedade?E que efeitos se observam na sociedade?►O capital industrial se justifica como cooperação O capital industrial se justifica como cooperação

produtiva socialprodutiva social

Page 12: A ORGANIZAÇÃO CIENTÍFICA DO TRABALHO

Efeitos para o trabalhadorEfeitos para o trabalhador

►Dejours, em Dejours, em A loucura do trabalhoA loucura do trabalho, fez , fez talvez a crítica mais contundente talvez a crítica mais contundente sobre o taylorismosobre o taylorismo DesqualificaçãoDesqualificação especialização, especialização, Individualização / rompimento com laços Individualização / rompimento com laços

coletivos prévioscoletivos prévios Despotencialização / perda de iniciativaDespotencialização / perda de iniciativa DesresponsabilizaçãoDesresponsabilização Riscos de paralisia psíquicaRiscos de paralisia psíquica

Page 13: A ORGANIZAÇÃO CIENTÍFICA DO TRABALHO

Efeitos para o trabalhadorEfeitos para o trabalhador

Despersonalização no trabalhoDespersonalização no trabalho Esgotamento e fadigaEsgotamento e fadiga Medo, angústia, frustraçãoMedo, angústia, frustração Isolamento e alienaçãoIsolamento e alienação Repetição de gestos estereotipadosRepetição de gestos estereotipados Redução de demandas cognitivasRedução de demandas cognitivas Perda de possibilidade de adaptação no Perda de possibilidade de adaptação no

trabalho / impossibilidade de se variartrabalho / impossibilidade de se variar Bloqueio da mobilidade, do pensar, das Bloqueio da mobilidade, do pensar, das

formas de expressãoformas de expressão

Page 14: A ORGANIZAÇÃO CIENTÍFICA DO TRABALHO

Efeitos para o trabalhadorEfeitos para o trabalhador

►Alguns desses efeitos foram identificados Alguns desses efeitos foram identificados há muito mais tempo: pesquisas que dão há muito mais tempo: pesquisas que dão origem à Escola das Relações Humanasorigem à Escola das Relações Humanas

►Outros, decorrem dos limites do Outros, decorrem dos limites do crescimento ininterrupto da crescimento ininterrupto da produtividade. Absenteísmo, produtividade. Absenteísmo, Resistências, Sabotagem, Doenças Resistências, Sabotagem, Doenças Ocupacionais, queda da qualidade, Ocupacionais, queda da qualidade, “malandragem”/”vadiagem” impedem o “malandragem”/”vadiagem” impedem o aumento continuado da produtividadeaumento continuado da produtividade

Page 15: A ORGANIZAÇÃO CIENTÍFICA DO TRABALHO

Alguns movimentos para Alguns movimentos para redução dos efeitos deletérios redução dos efeitos deletérios

do taylorismodo taylorismo►Escola das Relações Humanas e o Escola das Relações Humanas e o

Enriquecimento dos Cargos. Do que se Enriquecimento dos Cargos. Do que se trata?trata?

►Que papel as questões psicológicas Que papel as questões psicológicas passam a jogar para essa corrente?passam a jogar para essa corrente?

►Que concepções de homem essa Que concepções de homem essa corrente pressupõe?corrente pressupõe?

Page 16: A ORGANIZAÇÃO CIENTÍFICA DO TRABALHO

Concepção de homem para a Concepção de homem para a ERHERH

►Concepção do homem no trabalho Concepção do homem no trabalho relacionada à motivação, à relacionada à motivação, à sociabilidade e à aspiração de que o sociabilidade e à aspiração de que o trabalho se torne um instrumento de trabalho se torne um instrumento de realização pessoalrealização pessoal

►O trabalho é um meio pelo qual as O trabalho é um meio pelo qual as pessoas procuram satisfazer suas pessoas procuram satisfazer suas necessidades (e só possui sentido se necessidades (e só possui sentido se satisfaz necessidades - Maslow)satisfaz necessidades - Maslow)

►A organização requer personalidade A organização requer personalidade ainda infantil dos homens (Argyris0ainda infantil dos homens (Argyris0

Page 17: A ORGANIZAÇÃO CIENTÍFICA DO TRABALHO

Concepção de homem para a Concepção de homem para a ERHERH

►As dinâmicas grupais ocultas e As dinâmicas grupais ocultas e inconscientes impossibilitam resolução de inconscientes impossibilitam resolução de conflitos e o desenvolvimento do grupoconflitos e o desenvolvimento do grupo

►As equipes informais têm papel As equipes informais têm papel importante na produtividade e, por isso, importante na produtividade e, por isso, devem ser geridas (liderança)devem ser geridas (liderança)

►Concepção humanista para superar Concepção humanista para superar limites da Organização do Trabalho limites da Organização do Trabalho (festas, clubes)(festas, clubes)

Page 18: A ORGANIZAÇÃO CIENTÍFICA DO TRABALHO

Emergência das práticas PSI no Emergência das práticas PSI no RHRH

► As práticas PSI fornecem elementos que As práticas PSI fornecem elementos que permitam a seleção de trabalhadores, sua permitam a seleção de trabalhadores, sua capacitação para o desempenho das funções, capacitação para o desempenho das funções, geralmente empobrecidas (treinamento), a geralmente empobrecidas (treinamento), a descrição detalhada do que fazem (análise da descrição detalhada do que fazem (análise da tarefa), sua introdução ao ambiente de tarefa), sua introdução ao ambiente de trabalho, sua avaliação periódica (calcada em trabalho, sua avaliação periódica (calcada em traços de personalidade e comportamentos, traços de personalidade e comportamentos, originariamente), seu crescimento hierárquico originariamente), seu crescimento hierárquico (plano de sucessão) e seu aconselhamento (plano de sucessão) e seu aconselhamento (principalmente quando algum problema (principalmente quando algum problema compromete seu desempenho). (SAMPAIO, compromete seu desempenho). (SAMPAIO, 1994)1994)

Page 19: A ORGANIZAÇÃO CIENTÍFICA DO TRABALHO

Emergência das práticas PSI no Emergência das práticas PSI no RHRH

►Enfim, como fazer para que os Enfim, como fazer para que os subordinados trabalhem (motivação) e subordinados trabalhem (motivação) e como fazer para que os chefes e como fazer para que os chefes e supervisores tornem seus subordinados supervisores tornem seus subordinados mais produtivos (liderança) e como mais produtivos (liderança) e como divulgar as informações e decisões divulgar as informações e decisões tomadas pela cúpula para evitarem-se tomadas pela cúpula para evitarem-se distorções e resistência (comunicação) distorções e resistência (comunicação) (SAMPAIO, 1994)(SAMPAIO, 1994)

Page 20: A ORGANIZAÇÃO CIENTÍFICA DO TRABALHO

Emergência das práticas PSI no Emergência das práticas PSI no RHRH

►As práticas PSI se instrumentalizam para dar subsídios a uma empresa que precisa passar por processos de mudança (Desenvolvimento Organizacional) para atender as novas demandas do ambiente onde está inserida ... são chamadas a colaborar no diagnóstico organizacional, realizar pesquisas de clima e cultura organizacional, levantar necessidades de treinamento, estudando principalmente o comportamento dos recursos humanos e relegando os traços de personalidade à seleção profissional. (SAMPAIO, 1994)(SAMPAIO, 1994)

Page 21: A ORGANIZAÇÃO CIENTÍFICA DO TRABALHO

Emergência das práticas PSI no Emergência das práticas PSI no RHRH

►Diante da ampliação do movimento sindical nos países do centro, associada a uma escolarização maciça da classe trabalhadora, surgem os programas de estresse laboral e qualidade de vida no trabalho.

►A Q.V.T. é uma consolidação da proposta de "job redesign" orientada em direção à satisfação no trabalho.

►Os estudos de estresse laboral são trabalhos de intervenção nas organizações da escola anglo-americana que visam reduzir o desgaste físio-psíquico do trabalhador. (SAMPAIO, 1994)

Page 22: A ORGANIZAÇÃO CIENTÍFICA DO TRABALHO

Negação do centro do Negação do centro do problemaproblema

►Todas essas práticas apresentaram Todas essas práticas apresentaram limites importantes a partir do momento limites importantes a partir do momento em que se recusaram, durante muito em que se recusaram, durante muito tempo, a discutir o processo da tempo, a discutir o processo da organização do trabalhoorganização do trabalho

►O pacto (relativamente imposto) do O pacto (relativamente imposto) do fordismo não permite questionar as fordismo não permite questionar as bases da produçãobases da produção

►É um outro sujeito que se produz, e o É um outro sujeito que se produz, e o que se tenta é minimizar os efeitos que se tenta é minimizar os efeitos problemáticos de sua emergênciaproblemáticos de sua emergência

Page 23: A ORGANIZAÇÃO CIENTÍFICA DO TRABALHO

Crise do fordismo: nova etapa Crise do fordismo: nova etapa para o trabalho e a para o trabalho e a

subjetividadesubjetividade►Somente quando há uma intensificação Somente quando há uma intensificação

da crise do fordismo (em seu duplo da crise do fordismo (em seu duplo sentido – técnico e social) é que se dá sentido – técnico e social) é que se dá espaço aos novos arranjos que se espaço aos novos arranjos que se produzem entre o trabalho e a produzem entre o trabalho e a subjetividadesubjetividade

►Estamos vivendo, atualmente, a Estamos vivendo, atualmente, a consagração dessa nova experiênciaconsagração dessa nova experiência