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Unidade 1: A Organização do Espaço no Mundo Moderno

A Organização Do Espaço No Mundo Moderno

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Aula de Organização do espaço mundial.

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Unidade 1: A Organização do Espaço no Mundo Moderno

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O que é o espaço geográfico ?

O “espaço” é a categoria conceitual que define a identidade da ciência geográfica. No entanto, o espaço não pode ser considerado um objeto exclusivo de investigação da Geografia. Outras ciências também tem no espaço uma categoria importante de análise, como a Física, a Biologia, a História ou ainda outros campos do conhecimento como a Arte, a Arquitetura, a Engenharia, etc. No entanto, a análise geográfica possui algumas especificidades, que levam à definição do conceito de “espaço geográfico”. O espaço geográfico é o resultado da interação das sociedades humanas e o seu meio natural, num determinado contexto tecnológico, econômico, social, político e cultural. Dessa forma, a análise geográfica privilegia essas duas dimensões da análise: a natureza e a ação humana, organizada socialmente.

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Primeira e Segunda Natureza

Assim como a natureza pode ser entendida como condição essencial para o processo de desenvolvimento das sociedades, a ação humana, efetivada por meio do trabalho leva à sua apropriação, transformando-a numa “segunda natureza” (a natureza humanizada).

A segunda natureza é uma natureza produzida pelo trabalho humano, expressando as condições que determinaram as formas de organização deste processo de trabalho: o nível de desenvolvimento técnico e do conhecimento, a capacidade econômica da sociedade, as formas de organização política, jurídica e social, os elementos marcantes da formação cultural, etc.

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As características da sociedade e do espaço geográfico, em dado momento de sua evolução, estão em relação com um determinado estado das técnicas. Desse modo, o conhecimento dos sistemas técnicos sucessivos é essencial para o entendimento das diversas formas históricas de estruturação, funcionamento e articulação dos territórios, desde os albores da História, até a época atual. Cada período é portador de um sentido, partilhado pelo espaço e pela sociedade, representativo da forma como a História realiza as promessas da técnica.

(Milton Santos, A natureza do espaço. P. 137)

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O espaço geográfico é, dessa forma, a expressão mais visível do nível de evolução técnica e das formas de organização das sociedades.

Assim, o espaço geográfico é, ao mesmo tempo, condição e expressão do trabalho humano, ou seja, o espaço condiciona os processos de “apropriação”, mas também é “resultante” das formas de exploração exercidas pelas diferentes sociedades.

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Avenida Afonso Pena, 1930

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Avenida Afonso Pena, 2010

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A Organização do Espaço Mundial A noção de uma “organização do espaço” numa escala “mundial” nasce de um contexto histórico bastante específico: o contexto da modernidade. Ou seja, não há como nos referirmos a uma organização mundial do espaço nos períodos anteriores ao chamado Mundo Moderno. A “modernidade” é tratada como um conceito complexo e deve ser entendida como um abrangente processo de mudanças que ocorrem na sociedade: na economia, na política, nas formas de organização social, na cultura, na tecnologia, etc. É uma matriz cultural e histórica, que nos permite compreender as características das sociedades contemporâneas.

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A Modernidade, a Mundialização, a Globalização

Do ponto de vista geográfico, a modernidade se insere num contexto no qual os seres humanos passam a ter uma noção clara da totalidade do espaço mundial, ou seja, há a partir de um determinado momento uma ampliação da percepção do mundo pelos homens, aproximando-se da percepção atual (mundializada, globalizada). Este processo se inicia com o avanço das grandes expansões marítimas européias e se consolida com o processo de hegemonia quase absoluta da economia de mercado (a globalização / mundialização). Pode-se afirmar que a Modernidade, a Mundialização e a Globalização são processos derivados do avanço das técnicas e do surgimento e expansão da economia capitalista. Desta forma, não possui sentido histórico imaginar que existisse uma organização do espaço numa dimensão mundial ou global, num contexto onde o conhecimento e os avanços técnicos não permitiam aos homens essa percepção tão ampla e complexa. No máximo os processos de organização intencional do espaço se restringiam a uma dimensão local ou regional.

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A Modernidade, a Mundialização, a Globalização

Existe uma polêmica em torno da localização histórica da chamada “Modernidade”, que decorre de controvérsias em torno do início da globalização / mundialização, no tempo histórico: Alguns estudiosos identificam o início do processo de globalização na transição entre os séculos XV e XVI (expansão do Capitalismo Comercial). Essa visão privilegia a análise econômica.

Outros preferem localiza-lo no século XVIII, a partir do advento das grandes revoluções de caráter burguês (Revolução Americana, Revolução Francesa, Revolução Industrial). Essa visão privilegia os aspectos políticos.

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Modernidade – Caracterização

Diante desta polêmica, uma opção possível é identificar a “Modernidade” como um conjunto de transformações, de ordem política, econômica, tecnológica, cultural, e jurídica, que de maneira ampla caracterizam este novo “contexto histórico” das sociedades ditas “modernas. - No aspecto político: surgimento dos Estados Nacionais Modernos, com fronteiras claramente definidas e Poder Centralizado.

- No aspecto econômico: é marcado pela expansão mundial do capitalismo, levando à supremacia da economia fundada nas leis de mercado. O socialismo, como forma de organização econômica e social é, também, um elemento fundamental do mundo moderno, como alternativa e negação do capitalismo, diante de suas contradições e conflitos.

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O ESTADO NACIONAL O CAPITALISMO

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Modernidade – Caracterização

- No aspecto social: advento da sociedade de classes, em substituição à sociedade de estamentos ou escravista. A sociedade de classes cria a possibilidade da mobilidade social e realimenta os fluxos contínuos de consumo, por meio do consumo de massa. Além disso, a escravidão passa a ser identificada como característica de sociedades atrasadas em seu processo civilizatório.

- No aspecto cultural: a Modernidade é marcada pelo predomínio do pensamento racional, em substituição à interpretação mítica do mundo. A racionalidade científica e a racionalidade jurídica são fundamentais para a organização de uma sociedade pautada na produção e na relação contratual.

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AS CLASSES SOCIAIS PREDOMÍNIO DA RAZÃO O PENSADOR - RODIN

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- No aspecto jurídico: a sociedade moderna está fundada na lei, no direito formal. A racionalidade jurídica define o campo da “cidadania moderna”, estabelecendo os direitos e deveres do cidadão.

- No aspecto geográfico: representado pela percepção humana em torno do espaço mundial, na sua totalidade. Isso decorre do avanço das tecnologias de transporte, mapeamento e localização. O avanço dessas técnicas permitiu ao homem moderno a precisão dos processos de mapeamento e a evolução da cartografia, como campo de conhecimento.

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A RACIONALIDADE JURÍDICA A PERCEPÇÃO DO MUNDO

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A modernidade expressa no planejamento urbano. Projeto original de Belo Horizonte : 1895

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O foco inicial deste processo de transformação é o continente europeu, matriz da experiência modernizadora. A expansão desta matriz cultural forjou o chamado “Mundo Moderno”.

O processo de modernização, também chamado de ocidentalização, é também chamado, ainda hoje, a “europeização” do mundo, mesmo que as hegemonias de poder mundial tenham se alterado. Todas as regiões do mundo foram impactadas, de forma mais ou menos intensa, pelas transformações advindas da implantação da matriz cultural europeia. Tal processo continua ocorrendo em todo o mundo, gerando inúmeros conflitos e contradições.

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A relação entre o “Moderno”, a “Modernidade” e a “Modernização”

Moderno

Modernidade Modernização

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O termo “moderno” refere-se a tudo aquilo que é inovador, que vem em substituição a algo considerado antigo, tradicional, ultrapassado. É, portanto um conceito atemporal, podendo ser aplicado a qualquer período ou contexto de mudança. A “Modernidade” seria o conjunto de transformações de ordem política, econômica, social, cultural, geográfica, jurídica que se consolidou na Europa, a partir da criação dos Estados Modernos. Expandiu-se e ainda se expande por todo o mundo, num amplo processo transposição ou imposição de uma matriz cultural de origem europeia (europeização do mundo). A “modernização” é o processo de implantação desta matriz cultural forjada no ocidente europeu, o que ocorre de forma pacífica ou impositiva. A modernização é um processo que provocou um grande número de conflitos ao longo da história, uma vez que significou, muitas vezes, a “imposição de uma identidade cultural” aos demais povos e regiões do mundo. Muitas vezes isso se transformou num processo de etnocídio (imposição de uma cultura hegemônica que leva à neutralização / destruição de culturas originais).

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ORDEM OU DESORDEM MUNDIAL ?

A expressão “organização do espaço” nos remete, quase imediatamente, à idéia de que existe uma determinada ordem intencional no processo de ocupação e de ordenação dos espaços. Por outro lado nos remete a uma noção de que o mundo moderno possui uma estruturação marcada pela ordem ou equilíbrio. Essa visão é bastante criticada, uma vez que reforça uma visão ideológica, segundo a qual as formas de organização, as relações de poder e as hegemonias estabelecidas estão sustentadas em processos harmônicos e não conflituosos. Os críticos dessa visão afirmam que, ao contrário da noção de “ordem”, o mundo moderno se impôs, por meio da força e do conflito. Nesse sentido, contrariamente a uma noção de ordem, o mundo moderno seria marcado pela “desordem” permanente.

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Organização Mundial Ordem Mundial

A expressão “ordem mundial” passou a ser bastante utilizada desde o final da II Guerra Mundial, para definir a forma de estruturação das relações mundiais de poder, que passaram a ser pautadas, a partir de então, na disputa ideológica Capitalismo x Socialismo. Dessa forma, sua estrutura essencial de análise baseia-se nos sistemas socioeconômicos que passaram a caracterizar o mundo moderno a partir do Século XX. Porém, esse conceito de ordem mundial passou a ser aplicado nos processos de análise das “relações de poder” entre as nações, em vários contextos do mundo moderno, anteriores à própria existência do conflito entre esses dois sistemas. Assim, a expressão ordem mundial passou a ser utilizada também para a análise dos períodos históricos marcados pelo avanço do Imperialismo, ou mesmo durante a fase do Colonialismo.

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As transformações recentes da “Ordem Mundial” A construção de uma “Nova Ordem Mundial”

A utilização mais ampliada do conceito de “ordem mundial” reforça a leitura de que as relações internacionais de poder encontram-se em constante transformação. A Ordem Mundial do Pós II Guerra, sustentada no conflito ideológico entre Capitalismo e Socialismo parece ter sido superada pela dinâmica dos acontecimentos históricos. A crise experimentada pelas nações socialistas e as transformações ocorridas no mundo capitalista apontam que o mundo passa por um processo profundo de transformações nas relações internacionais de poder. Isso se expressa na desagregação de arranjos econômicos e espaciais, e na perda da hegemonia econômica, política ou militar de algumas nações. Além disso, se expressa também na ascensão de novas lideranças mundiais, até há bem pouco tempo consideradas improváveis. Seria a construção de uma nova “ordem mundial” ?

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Estruturas de análise das Relações Internacionais de Poder e a Aplicação do Conceito de

Ordem Mundial Algumas expressões se tornaram bastante comuns para a caracterização da ordem mundial ao longo da segunda metade do Século XX ou no início do Século XXI: - Ordem mundial bipolar: decorrente da disputa

ideológica, econômica e militar entre as superpotências do pós II Guerra Mundial (Estados Unidos x URSS). Boa parte das análises das relações internacionais do século XX se baseia nessa estrutura de análise.

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Ordem multipolar: Estrutura de análise utilizada para identificar a estruturação do mundo em vários centros mundiais de irradiação do poder econômico, com o surgimento de novas potências econômicas mundiais ou de grandes blocos econômicos internacionais. Essa terminologia tem sido muito utilizada a partir da ascensão de potências como o Japão e a Alemanha Ocidental ou mesmo nações antes integrantes do grupo de países subdesenvolvidos, como a China, a Índia, o Brasil e outros. Na atualidade, a “Teoria dos BRICS” reforça a noção de multipolaridade.

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Ordem unipolar ou monopolar: Utilizada definir o monopólio de poder exercido pelos Estados Unidos da América, com o enfraquecimento econômico, político e militar da URSS, que levaram à sua desagregação nos anos 90 do século passado. Essa tese utiliza o conceito de “Pax Americana”, relacionando o poderio americano ao domínio exercido por grandes impérios como o Império Romano, em períodos históricos anteriores.

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OUTRAS TEORIAS E ESTRUTURAS DE ANÁLISE DO ESPAÇO MUNDIAL

Há ainda outras expressões bastante utilizadas, decorrentes de formulações teóricas acerca do processo de “organização / estruturação” do espaço mundial, no contexto da modernidade:

- Organização centro-periferia: Baseia-se na noção de que a organização do espaço decorre do avanço das técnicas de produção capitalistas. Dessa forma, são considerados países centrais aqueles nos quais essas técnicas penetraram primeiro, caracterizando-se por uma base econômica diversificada e de desenvolvimento homogêneo. A periferia, ao contrário, se constitui por localidades onde a produção permanece atrasada do ponto de vista tecnológico e organizativo. Na periferia o progresso técnico só ocorre de forma localizada, em setores que produzem alimentos e matérias primas, a baixo, custo, com destino aos países centrais. Sua estrutura produtiva normalmente se caracteriza pela especialização num só ramo da produção e pela heterogeneidade, com áreas de relativo avanço tecnológico e outras extremamente atrasadas. Centro e Periferia constituem-se historicamente como resultado da forma pela qual o progresso técnico propaga-se na economia mundial.

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Teoria do subdesenvolvimento (desenvolvimento x subdesenvolvimento)

O Subdesenvolvimento é um termo bastante utilizado após o fim da Segunda Guerra Mundial, para fazer referência aos países cujo desenvolvimento econômico e social são limitados, o que os coloca numa condição de dependência econômica em relação a outras nações do mundo. Além disso apresentam um alto grau de desigualdades sociais e um elevado nível de pobreza e de miséria. Dessa forma, a maior parte dos países seria considerada subdesenvolvida. Não há um consenso sobre as reais origens do subdesenvolvimento. No entanto, a corrente mais forte de estudiosos é aquela que preconiza que esse problema seria oriundo da exploração praticada pelo sistema colonial, em que países “descobridores” (as metrópoles) ocuparam e colonizaram outras regiões do mundo e dominaram seus povos (as colônias), submetendo-os à imposição de uma nova cultura e explorando intensamente os seus recursos naturais.

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Teoria do Subdesenvolvimento (desenvolvimento x subdesenvolvimento)

Entre as metrópoles, destacar-se-iam os países europeus, que colonizaram territórios nas Américas, na África e na Oceania, tendo eventualmente invadido e dominado alguns territórios localizados no continente asiático (a exemplo da dominação da Inglaterra sobre a Índia). Além do colonialismo, registra-se também a ação do imperialismo, em que algumas nações – com destaque para a Inglaterra e os Estados Unidos – dominaram política, militar e economicamente outros países independentes, impondo sobre esses os seus ritmos de produção e suas concepções de desenvolvimento. Dessa forma, estabeleceu-se uma “Divisão Internacional do Trabalho” em que as colônias e países economicamente dependentes centravam seus esforços em produzir matérias-primas voltadas para o abastecimento de outros mercados e para a reprodução do capital estrangeiro.

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Teoria do Subdesenvolvimento (desenvolvimento x subdesenvolvimento)

Por outro lado, os países considerados centrais ou desenvolvidos transformavam essas matérias-primas em produtos industrializados, fornecendo suas mercadorias tanto para abastecer seu mercado interno quanto seu mercado externo. Com isso, a economia interna e o mercado consumidor dos países subdesenvolvidos eram pouco dinâmicos, o que elevou o grau de dependência e acentuou os níveis de endividamento desses países para construir suas infraestruturas internas.

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ORDEM NORTE x SUL

Ordem norte-sul: Durante a ordem geopolítica bipolar, o mundo era rotineiramente dividido entre leste e oeste. O Oeste era a representação do Capitalismo liderado pelos EUA, enquanto o Leste demarcava o mundo Socialista representado pela URSS. Essa divisão não era necessariamente fiel aos critérios cartográficos, pois no Oeste havia nações socialistas (a exemplo de Cuba) e no leste havia nações capitalistas. Com o fim do bloco socialista e a fragilização do poder exercido pela antiga URSS (atualmente a Rússia), esse modelo ruiu. Para muitos analistas, o mundo passou a ser dividido entre Norte e Sul, de modo que no Norte encontram-se as nações desenvolvidas e, ao sul, encontram-se as nações subdesenvolvidas ou emergentes.

Tal divisão segue os ditames da Nova Ordem Mundial, a parir dos critérios econômicos, em detrimento de uma análise sustentada no poderio bélico das nações.

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ORDEM NORTE x SUL

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Teoria dos três mundos (Primeiro, Segundo e Terceiro Mundo) Designação dada às subdivisões do mundo por suas características e importância econômica, entre os anos de 1945 a 1990. Baseia-se em critérios econômicos, associados às formas de organização dos sistemas capitalista e socialista. Segundo essa classificação, as nações desenvolvidas constituiriam o Primeiro Mundo (como os EUA, França, Inglaterra). As nações do antigo bloco socialista constituiriam o Segundo Mundo (como a antiga União Soviética, China ou Cuba). As demais nações constituiriam o Terceiro Mundo (como o Brasil e os demais países latino-americanos, boa parte das nações africanas e a maior parte da Ásia). Após os anos 90 as transformações históricas e as diferenças entre os esses “mundos” se tornam mais complexas em vários aspectos. Assim, essa forma de análise foi sendo gradativamente substituída por outras que privilegiam o uso de expressões como “países desenvolvidos”, “países subdesenvolvidos”, “países em desenvolvimento” ou “países emergentes” que também recebem críticas por sua enorme abrangência.

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PRIMEIRO, SEGUNDO E TERCEIRO MUNDOS

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O Território como Categoria de Análise Geográfica

O “território” é um conceito básico e essencial da análise geográfica. Constitui uma categoria fundamental da análise da organização espacial no mundo contemporâneo, em especial no campo das relações entre os Estados Nacionais (relações internacionais), entre diferentes grupos étnicos (relações interculturais) ou mesmo entre diferentes grupos sociais (como as diferentes classes sociais numa grande cidade).

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Território não deve ser entendido apenas como uma superposição de um conjunto de elementos naturais ou de criações humanas. O território é a base material sobre a qual as sociedades organizam seu trabalho, sua moradia, suas trocas materiais. No território as sociedades expressam sua forma de organização social e política, sua base econômica e tecnológica, além de sua identidade cultural. O território influencia as sociedades e expressa a forma de organização dessas sociedades.

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Sobre os territórios desenvolve-se uma forte relação de pertencimento. Assim, ele passa a ser entendido como espaço definido e delimitado pelas relações de apropriação e de poder. Desta forma, o território adquire uma expressão espacial e cartográfica concreta, por meio de limites e de fronteiras.

Os territórios são identificados por meio das fronteiras entre nações, dos limites entre estados ou municípios, na delimitação dos bairros ou mesmo na apropriação do espaço por diferentes grupos sociais.

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A cidade possui uma multiplicidade de territórios que expressam formas de apropriação do espaço urbano: os territórios da prostituição, do tráfico de drogas, do comércio ambulante, dos diferentes grupos étnicos, das gangues, etc.

Nas grandes metrópoles do Terceiro Mundo as favelas constituem territórios de exclusão e, ao mesmo tempo, territórios de resistência, que expressam as lutas das classes populares pelo “direito à cidade”, numa sociedade onde o espaço se torna “mercadoria”.

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AS FAVELAS

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Existem algumas expressões derivadas do conceito de território:

- territorialidades: identificam a extensão dos processos de apropriação, por meio de limites e fronteiras. É possível definir a territorialidade de determinados grupos étnicos, de uma metrópole ou mesmo de uma potência internacional por meio da identificação cartográfica de sua influência espacial. É um instrumento bastante importante de gestão do espaço.

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- desterritorialização: é a ruptura da relação entre uma sociedade ou um grupo social com o espaço no qual a(o) mesma(o) construiu uma relação de apropriação ou de pertencimento. É possível identificar a desterritorialização de grupos indígenas expulsos pelos processos de expansão das fronteiras econômicas, de populações nativas expulsas de suas terras originais, ou de moradores desapropriados para a construção de grandes obras públicas, por exemplo.

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- reterritorialização: é um processo decorrente das lutas pela restauração das relações de apropriação sobre o espaço. É bastante presente nas lutas de grupos ou comunidades excluídas, que tiveram sua cidadania violada por processos violentos de expulsão. A luta de povos indígenas pela devolução de seus territórios originais, a luta dos sem terra, dos sem teto ou de outros grupos sociais que buscam restaurar o seu direito ao espaço no campo ou na cidade são exemplos claros desse processo.

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DESTERRITORIALIZAÇÃO E RETERRITORIALIZAÇÃO