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APRESENTAÇÃO Este módulo faz parte da coleção intitulada MATERIAL MODULAR, destinada às três séries do Ensino Médio e produzida para atender às necessidades das diferentes rea- lidades brasileiras. Por meio dessa coleção, o professor pode escolher a sequência que melhor se encaixa à organização curricular de sua escola. A metodologia de trabalho dos Modulares auxilia os alunos na construção de argumen- tações; possibilita o diálogo com outras áreas de conhecimento; desenvolve as capaci- dades de raciocínio, de resolução de problemas e de comunicação, bem como o espírito crítico e a criatividade. Trabalha, também, com diferentes gêneros textuais (poemas, histórias em quadrinhos, obras de arte, gráficos, tabelas, reportagens, etc.), a fim de dinamizar o processo educativo, assim como aborda temas contemporâneos com o ob- jetivo de subsidiar e ampliar a compreensão dos assuntos mais debatidos na atualidade. As atividades propostas priorizam a análise, a avaliação e o posicionamento perante situações sistematizadas, assim como aplicam conhecimentos relativos aos conteúdos privilegiados nas unidades de trabalho. Além disso, é apresentada uma diversidade de questões relacionadas ao ENEM e aos vestibulares das principais universidades de cada região brasileira. Desejamos a você, aluno, com a utilização deste material, a aquisição de autonomia intelectual e a você, professor, sucesso nas escolhas pedagógicas para possibilitar o aprofundamento do conhecimento de forma prazerosa e eficaz. Gerente Editorial A palavra e seus sentidos: introdução ao estudo da morfologia

A palavra e seus sentidos: introdução ao estudo da morfologiaprepapp.positivoon.com.br/assets/Modular/PORTUGUES/... · Explique o uso conotativo da linguagem na segunda estrofe

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APRESENTAÇÃO

Este módulo faz parte da coleção intitulada MATERIAL MODULAR, destinada às três

séries do Ensino Médio e produzida para atender às necessidades das diferentes rea-

lidades brasileiras. Por meio dessa coleção, o professor pode escolher a sequência que

melhor se encaixa à organização curricular de sua escola.

A metodologia de trabalho dos Modulares auxilia os alunos na construção de argumen-

tações; possibilita o diálogo com outras áreas de conhecimento; desenvolve as capaci-

dades de raciocínio, de resolução de problemas e de comunicação, bem como o espírito

crítico e a criatividade. Trabalha, também, com diferentes gêneros textuais (poemas,

histórias em quadrinhos, obras de arte, gráficos, tabelas, reportagens, etc.), a fim de

dinamizar o processo educativo, assim como aborda temas contemporâneos com o ob-

jetivo de subsidiar e ampliar a compreensão dos assuntos mais debatidos na atualidade.

As atividades propostas priorizam a análise, a avaliação e o posicionamento perante

situações sistematizadas, assim como aplicam conhecimentos relativos aos conteúdos

privilegiados nas unidades de trabalho. Além disso, é apresentada uma diversidade de

questões relacionadas ao ENEM e aos vestibulares das principais universidades de cada

região brasileira.

Desejamos a você, aluno, com a utilização deste material, a aquisição de autonomia

intelectual e a você, professor, sucesso nas escolhas pedagógicas para possibilitar o

aprofundamento do conhecimento de forma prazerosa e eficaz.

Gerente Editorial

A palavra e seus sentidos: introdução

ao estudo da morfologia

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© Editora Positivo Ltda., 2013Proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio, sem autorização da Editora.

DIRETOR-SUPERINTENDENTE: DIRETOR-GERAL:

DIRETOR EDITORIAL: GERENTE EDITORIAL:

GERENTE DE ARTE E ICONOGRAFIA: AUTORIA:

ORGANIZAÇÃO: EDIÇÃO DE CONTEÚDO:

EDIÇÃO:ANALISTA DE ARTE:

PESQUISA ICONOGRÁFICA:EDIÇÃO DE ARTE:

CARTOGRAFIA:ILUSTRAÇÃO:

PROJETO GRÁFICO:EDITORAÇÃO:

CRÉDITO DAS IMAGENS DE ABERTURA E CAPA:

PRODUÇÃO:

IMPRESSÃO E ACABAMENTO:

CONTATO:

Ruben FormighieriEmerson Walter dos SantosJoseph Razouk JuniorMaria Elenice Costa DantasCláudio Espósito GodoyRobson Luiz Rodrigues de LimaRobson Luiz Rodrigues de LimaMaria Josele Bucco CoelhoKathia Danielle Gavinho ParisTatiane Esmanhotto KaminskiSabrina FerreiraAngela Giseli de SouzaLuciano Daniel JúlioAndré MüllerO2 ComunicaçãoDanielli Ferrari Cruz / Arowak© Thinkstock/Getty Images; © Shutterstock/Valua Vitaly; © Shutterstock/Franck Boston; © Shutterstock/Slavoljub Pantelic; © Shutterstock/ajt; © Shutterstock/ilker canikligil; P. Imagens/Pith; © iStockphoto.com/Dean Mitchell PhotographyEditora Positivo Ltda.Rua Major Heitor Guimarães, 17480440-120 Curitiba – PRTel.: (0xx41) 3312-3500 Fax: (0xx41) 3312-3599Gráfica Posigraf S.A.Rua Senador Accioly Filho, 50081300-000 Curitiba – PRFax: (0xx41) 3212-5452E-mail: [email protected]@positivo.com.br

Todos os direitos reservados à Editora Positivo Ltda.

Neste livro, você encontra ícones com códigos de acesso aos conteúdos digitais. Veja o exemplo:

Acesse o Portal e digite o código na Pesquisa Escolar.

@POR963Conceito e exemplos

sobre as funções da

linguagem

@POR963

Dados Internacionais para Catalogação na Publicação (CIP)(Maria Teresa A. Gonzati / CRB 9-1584 / Curitiba, PR, Brasil)

L732 Lima, Robson Luiz Rodrigues de.Ensino médio : modular : língua portuguesa : a palavra e seus sentidos : introdução

ao estudo da morfologia / Robson Luiz Rodrigues de Lima ; ilustrações André Müller. – Curitiba : Positivo, 2013.

: il.

ISBN 978-85-385-7504-7 (livro do aluno)ISBN 978-85-385-7505-4 (livro do professor)

1. Língua Portuguesa. 2. Ensino médio – Currículos. I. Müller, André. II. Título.

CDU 373.33

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SUMÁRIO

Unidade 1: Introdução ao estudo da palavra

Linguagem denotativa e conotativa 5

Figuras de linguagem 5

Ampliação lexical: neologismo e estrangeirismo 9

Estrutura e processos de formação de palavras 10

Determinantes: usos e efeitos de sentido 14

Substantivos 17

Adjetivos 23

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Os prazeres da leitura são múltiplos. Lemos para

saber, para compreender, para repetir. Lemos,

também, pela beleza da linguagem, para nossa

emoção. Lemos para compartilhar. Lemos para

sonhar e para aprender a sonhar...

MORAES, José. A arte de ler. São Paulo: Ed. Unesp, 1996.

Introdução ao estudo da palavra

1

A palavra e seus sentidos: introdução ao estudo da morfologia4

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Dependendo do contexto e das intenções comunicativas, as palavras e expressões ganham signi-ficados diferentes daqueles que estão no dicionário. Assim, quando são empregadas no seu sentido literal (tal qual está no dicionário), a linguagem é chamada de denotativa. Por exemplo:

– Abra a porta, por favor.Quando a palavra é empregada em um sentido diferente do dicionarizado, a linguagem é conotativa.

Linguagem denotativa e conotativa

O girassol

[...]

Um girassol sem sol

Um navio sem direção

Apenas a lembrança do seu

sermão

Você é meu sol, um metro e

sessenta e cinco, de sol

E quase o ano inteiro os dias

foram noites

Noites para mim

Meu sorriso se foi

Minha canção também

Eu jurei por Deus não morrer

por amor

E continuar a viver

Como eu sou um girassol, você

é meu sol (3x)

Leia atentamente o texto ao lado e responda às questões propostas:

1. A quem se refere a primeira estrofe da canção? Explique os efeitos de sentido provocados pelo uso conotativo da linguagem nessa estrofe.

2. O sol tem apenas um metro e sessenta e cinco? Como o dia pode ser noite? Explique o uso conotativo da linguagem na segunda estrofe.

3. Considerando o uso conotativo da linguagem, justifique o título da música: “O girassol”.

SCANDURRA, Edgard. O girassol. In: Ira! Acústico MTV. Rio de Janeiro: Sony Music, 2004. 1 CD, digital, estéreo. Faixa 2.

Alguns recursos conhecidos como figuras de linguagem ajudam a construir a pluralidade de sentidos conotativos. Essas figuras podem ser divididas em:

Figuras de linguagem

Exemplos

de algumas

figuras de

linguagem

@POR589

Ensino Médio | Modular 5

LÍNGUA PORTUGUESA

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Figuras de construção

Figura Definição Exemplo

Silepse

Recurso que promove a concordância não com o que está explícito, mas com o que está implícito. A silepse pode ser:

de gênero

de número

de pessoa

São Paulo não é mais a mesma.* concorda com a ideia de cidade = mesma [cidade]

A gente é nervoso.* concorda com a ideia de que entre “a gente” há pessoas do sexo masculino também

Os Maias é apaixonante.* concorda com a ideia de livro e não com o plural do sujeito

Os brasileiros somos competentes.* quem fala se coloca entre os brasileiros

ElipseOmissão de um termo que é facilmente recuperado pelo contexto.

Atrasados para o compromisso, eu procurava a capa e Joana, Ø o guarda-chuva que iria lhe proteger.* termo omitido: procurava

Anáfora

É a repetição de uma mesma palavra no início de um verso ou frase.

“É pau, é pedra, é o fim do caminho É um resto de toco, é um pouco sozinho É um caco de vidro, é a vida, é o sol É a noite, é a morte, é o laço, é o anzol”(“Águas de março” – Tom Jobim)

AnacolutoOcorrência de um termo solto na frase, quando se inicia uma estrutura frasal e, depois, opta-se por outra, gerando uma irregularidade gramatical.

Esses amigos de hoje, não se pode confiar mais em ninguém.

Figura Definição Exemplo

AntíteseConsiste no uso de palavras com significados opostos para construir novos sentidos.

Amor e ódio a milhas por hora.

IroniaRecurso utilizado para obter um efeito crítico ou humorís-tico por meio de um termo em sentido oposto ao usual.

Fernanda tem uma letra maravilhosa!* querendo dizer que a letra de Fernanda é feia

EufemismoTrata-se do uso de um termo que busca suavizar uma expressão desagradável.

Ele se apropriou indevidamente de um bem que não era seu.* roubou

HipérboleO exagero é usado como recurso para dar ênfase a algum fato.

Fiquei um século te esperando.

Prosopopeia ou personificação

Consiste em atribuir sentimentos e/ou ações humanas a seres ou objetos inanimados.

“O vento assobiava...” “As águas chicotearam os rochedos.”

Gradação Utilizado para expor ideias de forma crescente. As casas estavam sujas, sem pintura, demolidas.

ParadoxoConsiste na afirmação de algo aparentemente verda-deiro, mas que apresenta uma contradição lógica.

“Mentiras sinceras me interessam.” (Cazuza)“Paralelas que se cruzam em Belém do Pará.” (Engenheiros do Hawaii)

Figuras de pensamento

6 A palavra e seus sentidos: introdução ao estudo da morfologia

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Figuras de palavras

Figura Definição Exemplo

Metáfora

Consiste em empregar um termo com significado dife-rente do habitual, com base em uma relação de simi-laridade entre o sentido próprio e o sentido figurado. A metáfora implica, portanto, uma comparação em que o conectivo comparativo fica subentendido.

“A lua inteira agora é um manto negro.” (Nenhum de Nós) * é como um manto negro

CatacreseOcorre quando, na falta de um termo específico, empresta-se outro para designar algo.

O pé da cadeira é feito de aço.A asa da xícara está quente.

SinestesiaMistura de sensações que são percebidas por diferentes órgãos dos sentidos.

Uma música docemente azulada.

Antonomásia ou perífrase

Consiste em substituir um nome por uma expressão que o identifique.

O rei do futebol esteve em Brasília no último domingo.* Pelé

Metonímia

Assim como a metáfora, é uma forma de comparação, porém a comparação se dá por traços de semelhança entre os objetos da comparação. Tipos de metonímia:

indivíduo pela classe

matéria pelo objeto

forma pela matéria

singular pelo plural (vice-versa)

concreto pelo abstrato (vice-versa)

marca pelo produto

autor pela obra

continente pelo conteúdo

Não gostava de ser o patinho feio da turma.

Cuidado com a minha porcelana.* pratos feitos de porcelana

Ele sabe o que faz com a redonda no pé.* bola de futebol

“O sertanejo é, antes de tudo, um forte.” (Euclides da Cunha em Os sertões)

Respeite os meus cabelos brancos!* respeite a minha idade

Preciso comprar uma Gillete.* aparelho de barbear

Adoro ler Machado de Assis!* ler o livro de Machado

Bebeu dois copos e saiu apressadamente.* bebeu o conteúdo que havia no copo e não o copo

Análise do uso midiático das figuras de linguagem

Pesquise, em jornais, revistas, sites, blogs, televisão, outdoors e letras de música, um exemplo que ilustre cada uma das figuras de linguagem. Lembre-se de explicar o objetivo do uso de determinada figura para a produção de sentidos.

LÍNGUA PORTUGUESA

7Ensino Médio | Modular

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O poema de Paulo Leminski estrutura-se em três momentos de significação, que podem ser assim caracterizados: hipótese (1.ª estrofe); decreto (2.ª e 3.ª estrofes); conclusão reflexiva (4.ª estrofe).

1. A repetição é empregada no poema de Leminski como recurso expressivo. Considerando os ele-mentos que foram enfatizados por meio da repetição, no primeiro e no segundo momentos do texto, explicite os espaços subjetivos construídos por esse recurso.

2. No terceiro momento, o texto vale-se do humor como estratégia para lidar com a impossibilidade de execução do desejado “decreto”. Nomeie dois recursos que provocam o referido humor:

ConsoadaQuando a indesejada das gentes chegar

(não sei se dura ou caroável)

Talvez eu tenha medo

talvez sorria ou diga:

– Alô, Iniludível

O meu dia foi bom, pode a noite descer

(a noite com seus sortilégios).

Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,

a mesa posta,

com cada coisa em seu lugar.

BANDEIRA, Manuel. Opus 10. Rio de Janeiro, 1952.

Indique a afirmativa que está em desacordo com as ideias expressas no texto.

a) O poema apresenta um tom de ironia amarga.

b) O poeta aborda o tema da morte.

c) O título marca a recepção à “ilustre” personagem cuja presença é certa.

d) Os significantes “Indesejada”, “Iniludível” e “noite” equivalem-se semanticamente.

e) Há certeza, mas profundo sofrimento com relação à visita esperada.

3. (UNIRIO – RJ)

(UFRJ)

Bem no fundo

no fundo, no fundo,

bem lá no fundo,

a gente gostaria

de ver nossos problemas

resolvidos por decreto

a partir desta data,

aquela mágoa sem remédio

é considerada nula

e sobre ela – silêncio perpétuo

extinto por lei todo o remorso,

maldito seja quem olhar pra trás,

lá pra trás não há nada,

e nada mais

mas problemas não se resolvem,

problemas têm família grande,

e aos domingos saem todos a passear

o problema, sua senhora

e outros pequenos probleminhas

LEMINSKI, Paulo. Distraídos venceremos. 3. ed. São Paulo: Brasiliense, 1990.

8 A palavra e seus sentidos: introdução ao estudo da morfologia

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Ampliação lexical: neologismo

e estrangeirismo

Qual a diferença entre neologismo e estrangeirismo?

No poema Neologismo, Manuel Bandeira (1886-1968) diz:

“Beijo pouco, falo menos aindaMas invento palavrasQue traduzem a ternura mais fundaE mais cotidiana.Inventei, por exemplo, o verbo teadorarIntransitivo:Teadoro, Teodora”.

No caso, o poeta criou o verbo “teadorar”. A nova palavra chama-se de neologismo. Neo, prefixo grego que significa “novo”, une-se a logo, do grego logos, que exprime a ideia de palavra, e a ismo, sufixo também grego (ismos), que forma substantivos. Sempre que neces-sário, palavras podem nascer. Por causa do Twitter (nome em inglês do microblog que conecta o autor com sua rede de contatos), surgiram “tuiteiro” (para nomear o usuário) e “tuitar” (a ação que faz aquele que usa o serviço). Mesmo que baseadas em vocábulos estrangeiros, as novas palavras obedecem às regras da língua portuguesa. No caso de tuiteiro, o processo foi o de acrescentar o sufixo “eiro”, próprio para formar termos que designam o agente em uma profissão ou atividade. Já estrangeirismo é o emprego de palavras, expressões e construções alheias ao idioma tomadas por empréstimos de outra língua. A incorporação do estrangeirismo se dá por um processo natural de assimilação de cultura ou contiguidade geográfica. No mundo globalizado, as línguas se interpenetram, favorecendo as importações, como nas palavras leasing, marketing, shopping center e delivery. Não emprestamos só do inglês. Também do francês (bouquet, abat-jour...), do italiano (mezzanino, influenza...) e do japonês (sushi, ikebana...). Alguns estrangeirismos se aportuguesam (como em soutiens e sutiã, goal e gol) e outros mantêm a grafia do idioma de origem (como madame).

Consultoria Heloisa Ramos, especialista em Língua Portuguesa.

NUNES, Ronaldo; ASSOLINI, Pablo; TREVISAN, Rita. Qual a diferença entre neologismo e estrangeirismo? Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/fundamentos/qual-diferenca-neologismo-estrangeirismo-502909.shtml>. Acesso em: 29 ago. 2013.

1. Explique, sem copiar trechos do texto, a diferença entre estrangeirismo e neologismo.

2. Cite dois exemplos de neologismo e dois exemplos de estrangeirismo que não estejam no texto.

3. Explique por que os autores inseriram o poema de Manuel Bandeira no texto que você acabou de ler.

4. Considerando o poema de Manuel Bandeira, mostre o seu conhecimento de mundo e explique por que o verbo teadorar, criado pelo “eu lírico”, é intransitivo e o que isso acrescenta à leitura do poema.

LÍNGUA PORTUGUESA

9Ensino Médio | Modular

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O texto “Qual a diferença entre neologismo e estrangeirismo?” aborda a diferença entre dois im-portantes fatores de ampliação lexical: o neologismo e o estrangeirismo. Você sabe como se formam as palavras?

Observe as palavras a seguir e escreva o que elas significam:

Norma =

Normal =

Normalmente =

Normatizar =

Anormal =

O que se mantém igual nessas palavras? O que há de diferente nelas?

Repare que elas têm algo em comum, mas apresentam significados distintos. A parte comum entre elas chama-se radical, e as partes que são diferentes denominam-se afixos.

Tanto o radical quanto os afixos são chamados de morfemas, os quais são as unidades mínimas de significado.

Os elementos mórficos das palavras classificam-se em:

Radical – elemento mórfico que é a base do significado. O radical é o elemento que não muda em uma mesma família de palavras. As palavras que se originam de um mesmo radical chamam- -se cognatas. Exemplo: norma, normal, anormal; ferro, ferreiro, ferradura, ferrado.

Vogal temática – é a vogal que, em alguns casos, junta-se ao radical, preparando-o para receber as desinências e indicar a que conjugação o verbo pertence. Ex.: cavalg + a + va, part + i + r, bat + e + r

Tema – união entre o radical e a vogal temática. Ex.: sent + a = senta.

Desinência – elementos mórficos que se agregam ao radical para assinalar flexões gramaticais.

Afixos – são elementos que se agregam ao radical, alterando-lhe o sentido e formando novas palavras. Os afixos podem ser:

A morfologia estuda as

unidades mínimas de significado.

Estrutura e processos de

formação de palavras

Tradutor

Pessoas que se interessam pelo estudo de línguas estrangeiras e pelo conhecimento de outras culturas podem exercer a profissão de tradutor. Para tanto, é fundamental que se tenha bom domínio em idiomas estrangeiros, assim como em sua língua materna. Além dis-so, é imprescindível que sempre seja respeitado o texto original, com suas particularidades, contornando-se os riscos de alterar o que foi dito originariamente, sobretudo em virtude das típicas expressões idiomáticas.

Atualmente, o campo de trabalho ofertado ao tradutor se expande amplamente. Atua-ções nessa profissão podem abranger o mercado corporativo, a indústria cinematográfica, o segmento literário, a tradução simultânea e a tradução juramentada, de caráter público. Um fator positivo é o de que, por ser um mercado amplo, é possível exercer a função em horários livres e flexíveis, até mesmo sem precisar sair de casa.

Pessoas

10 A palavra e seus sentidos: introdução ao estudo da morfologia

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As palavras podem ser classificadas em:

primitivas – são aquelas que não são formadas a partir de outras.

Ex.: pedra, casa, sol, lua

derivadas – são aquelas formadas a partir de outras já existentes.

Ex.: pedrada, casebre, insolação, alunissar

simples – possuem apenas um radical.

Ex.: cidade, árvore, livro

compostas – possuem mais de um radical.

Ex.: cana-de-açúcar, guarda-roupa

Na língua portuguesa, existem alguns processos de formação de palavras, são eles:

DerivaçãoProcesso por meio do qual novas palavras são formadas a partir de outras já existentes. A derivação

pode ser:

prefixal – acréscimo de um prefixo a um radical.

Ex.: a + normal = anormal; des + iludir = desiludir

sufixal – acréscimo de um sufixo a um radical.

Ex.: carro + oça = carroça; pedra + eira = pedreira

parassintética – acréscimo de um prefixo e um sufixo, simultaneamente, a um radical.

Ex.: a + manhã + cer = amanhecer; a + juiz + ar = ajuizar

prefixo – elementos mórficos que aparecem antes do radical. Exemplo:

a (não) + normal = anormal (que não é normal)

pre (antes) + conceito = preconceito (um conceito elaborado antes)

in (não) + feliz = infeliz (que não é feliz)

sufixos – elementos mórficos que aparecem depois do radical. Exemplo:

Normal + mente = normalmente (de modo normal)

Termo + metro = termômetro

Analise as palavras a seguir e as separe em prefixo, radical, vogal temática e sufixo.

a) pedra:

b) infinito:

c) canta:

d) antigamente:

e) infeliz:

f) infelizmente:

g) costureiro:

h) pedreira:

A li

LÍNGUA PORTUGUESA

11Ensino Médio | Modular

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1. (UFRJ)

No texto, a pronúncia dos nomes de atores célebres do cinema americano no 5.º verso leva a um criativo efeito cômico.

a) Explique esse efeito, valendo-se de elementos fônicos e morfossintáticos.

b) Identifique, no plano vocabular, a relação semântica entre o 5.º e o 6.º versos.

regressiva – processo de derivação por meio do qual são formados substantivos a partir de verbos. Ex.: O combate terminou tarde (do verbo combater).

imprópria – mudança na classe gramatical da palavra sem que sua forma se altere. Ex.: Ninguém entendeu o porquê da separação do casal (porque é uma conjunção e torna-se

um substantivo, sem alteração de sua forma). / O jantar está servido (jantar é verbo e torna- -se substantivo, sem alteração de sua forma).

ComposiçãoÉ a formação de palavras a partir da união de dois ou mais radicais. A composição pode ocorrer por:

justaposição – quando não há alteração nos radicais que se unem. Ex.: cana-de-açúcar, bem-me-quer, guarda-pó.

aglutinação – quando há alteração em algum dos radicais que se unem. Ex.: aguardente (água + ardente), fidalgo (filho de algo), embora (em boa hora).

Abreviação ou reduçãoÉ a redução de algumas palavras até o limite de sua compreensão.Ex.: refrigerante = refri; automóvel = auto; motocicleta= moto.

HibridismoFormação de palavras por meio da mistura de idiomas diferentes.Ex.: burocracia [buro (francês) + cracia (grego)].

OnomatopeiaCriação de novas palavras a partir da tentativa de imitar sons ou vozes dos seres.Ex.: tique-taque, blá-blá-blá, ti-ti-ti, fom-fom.

No escurinho do cinemaChupando drops de anizLonge de qualquer problemaPerto de um final felizSe a Deborah Kerr que o Gregory PeckNão vou bancar o santinhoMinha garota é Mae West

Eu sou o Sheik ValentinoMas de repente o filme pifouE a turma toda logo vaiouAcenderam as luzes, cruzes!Que flagra!Que flagra!Que flagra!

(Rita Lee & Roberto de Carvalho)Flagra

12 A palavra e seus sentidos: introdução ao estudo da morfologia

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( ) aguardente

( ) casamento

( ) portuário

( ) pontapé

( ) os contras

( ) submarino

( ) hipótese

1) justaposição

2) aglutinação

3) parassíntese

4) derivação sufixal

5) derivação imprópria

6) derivação prefixal

a) 1, 4, 3, 2, 5, 6, 1

b) 4, 1, 4, 1, 5, 3, 6

c) 2, 3, 4, 1, 5, 3, 6

d) 2, 4, 4, 1, 5, 3, 6

3. (AMAN – RJ) Assinale a série de palavras em que todas são formadas por parassíntese:

a) acorrentar, esburacar, despedaçar, amanhecer.

b) solução, passional, corrupção, visionário.

c) enrijecer, deslealdade, tortura, vidente.

d) biografia, macróbio, bibliografia, asteroide.

e) acromatismo, hidrogênio, litografar, idiotismo.

4. (UFRJ)

O texto “Happy end” – cujo título (“final feliz”) faz uso de um lugar-comum dos filmes de amor – constrói-se na relação entre desejo e realidade, e pode ser considerado uma paródia de certo imaginário romântico. Justifique a afirmativa, levando em conta elementos textuais.

5. (UFSC) Aponte a alternativa cujas palavras são, respectivamente, formadas por justaposição, aglu-tinação e parassíntese:

a) varapau – girassol – enfaixar.

b) pontapé – anoitecer – ajoelhar.

c) maldizer – petróleo – embora.

d) vaivém – pontiagudo – enfurece.

e) penugem – plenilúdio – despedaça.

2. (EPCAR – MG) Numere as palavras da primeira coluna conforme os processos de formação numera-dos à direita. Em seguida, marque a alternativa que corresponde à sequência numérica encontrada:

O meu amor e eunascemos um para o outro

agora só falta quem nos apresente

(Cacaso)Happy end

LÍNGUA PORTUGUESA

13Ensino Médio | Modular

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a) Você acredita que existe somente uma forma de amor? Justifique.

b) Você acredita em amor eterno ou todo amor é passageiro? Justifique.

c) Qual a fórmula para conquistar um grande amor?

Determinantes:

usos e efeitos de sentido

14 A palavra e seus sentidos: introdução ao estudo da morfologia

Cientistas estudam a base química do amor

Maggie Fox

Será que uma pílula ou um spray nasal seriam capazes de salvar um casamento? Talvez, segundo pesquisadores que investigam a base química da mais elusiva das emoções — o amor.

Larry Young diz que seu objetivo não é criar uma poção do amor high-tech e, sim, entender distúrbios graves, como o autismo, que afeta a capacidade de formar vínculos sentimentais.

“Os biólogos em breve poderão reduzir certos estados mentais associados ao amor a uma cadeia bio-química de eventos”, disse Young, do Centro Nacional Yerkes de Pesquisas de Primatas, na Universidade Emory (Atlanta), em artigo na revista Nature.

Seu estudo com arganazes (roedores das pradarias norte-americanas) demonstrou que uma rápida dose do hormônio correto pode alterar drasticamente os relacionamentos.

Esses graciosos roedores são um bom modelo para as relações humanas, segundo Young. Ao contrário de outros animais, eles formam casais que criam os filhotes e passam a vida juntos. Mas é fácil mudar esse comportamento. “É uma reação química. Pelo menos nos arganazes sabemos que, se você pega uma fêmea, a coloca com um macho e infunde oxitocina no seu cérebro, ela vai rapidamente criar laços com esse macho”, explicou ele por telefone. Já ao rebaixar os níveis naturais de oxitocina — hormônio envolvido no parto, nos cuidados maternos e nos laços sociais — ela rejeita o macho como parceiro, mesmo que haja diversas cópulas. “Os experimentos demonstraram que um borrifo nasal de oxitocina aumenta a confiança e sintoniza as pessoas nas emoções das outras”, escreveu Young na Nature.

“Empreendedores da internet já estão comercializando produtos como a Confiança Líquida Reforçada, uma mistura de oxitocina e feromônios, como uma colônia, preparada para reforçar o quesito namoro e relacionamentos na sua vida”, escreveu ele.

Ele acha possível, também, chegar a um remédio contra crises conjugais. “Se pudéssemos usar uma droga em combinação com a terapia conjugal, seria desejável.”

Young também está convencido de que o amor não se resume a um só hormônio. Outros estudos já demonstraram que diferenças em um gene chamado complexo maior da histocompatibilidade, que afeta o sistema imunológico, podem estar envolvidas na atração sexual inicial. Para os homens, o hormônio vasopressina parece ser mais importante.

Mas tudo isso é claramente biológico, segundo o cientista. “Acho que o amor nos humanos evoluiu para nos manter juntos”, disse. Isso significa que outros animais provavelmente também amam.

“Qualquer mamífero, quando a mãe tem bebês, fica ligado a esses bebês e faria qualquer coisa para protegê-los. Trata-se de uma química cerebral ubíqua, e isso estimula os laços”, disse.

“Seja como for, os recentes avanços na biologia da ligação dos pares significa que não vai de-morar muito até que um pretendente inescrupuloso jogue uma ‘poção do amor’ farmacêutica na nossa bebida. E se fizerem isso, será que vamos ligar? Afinal, amor é insanidade”, escreveu ele.

FOX, Maggie. Cientistas estudam a base química do amor. Disponível em: <http://noticias.uol.com.br/ultnot/cienciaesaude/ultnot/reuters/2009/01/07/cientistas-estudam-a-base-quimica-do-amor.jhtm>. Acesso em: 14 out. 2010.

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A ética nas pesquisas científicas

Até que ponto a vida das pessoas pode ser posta em risco em favor do desenvolvimento de pesquisas científi-cas? William Saad, presidente da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), diz que ética é uma questão que implica liberdade de opções e que, por isso mesmo, requer responsabilidade. O ser humano é essencialmente investigativo, as pessoas buscam constantemente descobrir coisas novas; por sua vez, elas são surpreendidas diariamente por essas descobertas.

Segundo Araújo (2003), a importância das pesquisas científicas é inegável; em muitos casos, a participação de seres humanos é mesmo necessária, porque o que se pretende descobrir só se efetiva nos seres humanos e não em outros tipos de culturas celulares (chamadas in vitro). Ignorar essa necessidade chega a ser uma irrespon-sabilidade, porque a ciência está a serviço das pessoas, mas é preciso estar atento para o fato de que os novos conhecimentos poderão atingir o ser humano tanto para o bem quanto para o mal. Cabe às pessoas envolvidas com a pesquisa científica compreenderem que o progresso científico por si só não se justifica; todo avanço científico feito atropelando a dignidade do ser humano deve ser repensado.

1. Qual é o tema do texto “Cientistas estudam a base química do amor”?

2. O primeiro parágrafo é iniciado com uma pergunta:

a) porque a jornalista não sabe os efeitos da oxitocina;

b) no intuito de chamar a atenção do leitor para a leitura integral do texto;

c) para deixar o leitor com dúvidas, já que é impossível salvar um casamento;

d) devido ao fato de a matéria abordar um tema científico;

e) para evidenciar que o tema tratado não tem fundamento científico.

3. No texto, o substantivo arganazes foi retomado de diversas formas. Assinale a única opção em que o termo em destaque não retoma esse substantivo.

a) “Esses graciosos roedores são um bom modelo para as relações humanas”.

b) “eles formam casais [...]”.

c) “passam a vida juntos”.

d) “Mas é fácil mudar esse comportamento”.

e) “Pelo menos nos arganazes sabemos que”.

4. De acordo com o texto, qual o efeito da oxitocina?

5. No último parágrafo do texto, há uma citação de Young: “Seja como for, os recentes avanços na biologia da ligação dos pares significa que não vai demorar muito até que um pretendente inescrupuloso jogue uma ‘poção do amor’ farmacêutica na nossa bebida. E se fizerem isso, será que vamos ligar? Afinal, amor é insanidade”. Qual a intenção de Young ao fazer essa afirmação?

6. Você acredita que algum dia o amor poderá ser criado em laboratório? E, se for criado, continuará sendo amor?

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O texto “Cientistas estudam a base química do amor” trata o amor como um sentimento singular, como se não houvesse várias formas de amor. Isso pode ser notado a partir da determinação do subs-tantivo “amor”. Tal determinação se dá pelo uso do artigo definido o. Repare que, quando a jornalista ou o cientista Larri Young se referem ao amor, usam o artigo definido o para determiná-lo, como se fosse um sentimento único, como se não existissem diferentes formas de amar. Isso acontece porque eles se referem a um tipo específico de relacionamento amoroso.

Leia uma das afirmações de Larry Young e atente para os fragmentos em destaque:

Qual a diferença de sentido entre as expressões destacadas? Que palavras contribuem para essa construção de significado?

Dessa forma, pode-se considerar como determinante a palavra que se coloca normalmente diante de um substantivo e que serve para especificar ou determinar o seu significado. Os artigos, por exemplo, sempre funcionam como determinantes.

“Os biólogos em breve poderão reduzir certos estados mentais associados ao amor a uma cadeia bioquímica de eventos”

Ao amor – forma específica de relacionamento amoroso.

A uma cadeia – não especifica qual cadeia, pressupõe-se que existam outras cadeias bioquímicas.

Cuidado! Não confunda o artigo indefinido um com o numeral um!O um (numeral) é usado para precisar uma quantidade. Exemplo: Quero um (só) caderno. O um (artigo) é usado para indefinir um ser ou objeto. Exemplo: Comprou um (qualquer) caderno. Mais uma vez, é o contexto que irá definir a leitura adequada.

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10. D

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l.

ArtigosOs artigos são considerados determinantes, pois antecedem o substantivo

para defini-lo – o, a, os, as; do, da, dos, das (d + o, a, os, as); no, na, nos, nas (em + o, a, os, as) – ou indefini-lo – um, uma, uns, umas.

Os artigos não são meros acompanhantes dos substantivos. Eles exercem uma importante função discursiva e devem ser considerados a cada leitura, pois contribuem para a construção do valor referencial, com informações sobre as propriedades sintáticas e semânticas dos nomes (substantivos) que são por eles designados.

Explique o sentido de cada uma das frases a seguir:

a) O livro sumiu da mesa.

b) Um livro sumiu da mesa.

c) Juliana pagou as contas.

d) Juliana pagou umas contas.

16 A palavra e seus sentidos: introdução ao estudo da morfologia

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BROWNE, Dik. Hagar. O melhor de Hagar o horrível. Porto Alegre: L&PM, 2005. v. 3. p.104-105.

NumeralLeia a tira a seguir:

A tira apresenta dois persona-gens: Hagar, o horrível, que está sentado, e Eddie, o sortudo, que está em pé. Analisando a tira, ex-plique de que forma o numeral foi utilizado para construir o humor.

São palavras que podem variar em gênero, número, grau e designam os seres. Toda palavra antecedida de artigo é um substantivo, porque os artigos – o, a, os, as, um, uma, uns, umas – substantivam qualquer palavra.

Ex.: Aquela mulher é bela. (adjetivo)

A Bela não saiu hoje. (substantivo)Artigo

Observar o uso do substantivo em um texto é uma tarefa indispensável para a compreensão das informações implícitas (subentendidas). Dimensionar os campos semânticos e lexicais de uma palavra amplia as possibilidades de leitura, pois uma palavra aciona diversas outras que a ela se relacionam, e essa teia de relações é também responsável pela construção das sensações e sentidos.

O numeral é a palavra que se refere a certo número de seres, grupo de seres ou posição que ocupam em determinada ordem. Os numerais podem ser:

cardinais (um, dois, três, quatro, etc.) – expressam o número de seres ou coisas.

ordinais (primeiro, segundo, terceiro, etc.) – expressam ordem.

multiplicativos (dobro, triplo, quádruplo, etc.) – expressam aumentos proporcionais de quantidade.

fracionários (metade, um terço, um décimo, etc.) – indicam a diminuição proporcional de quantidade.

Substantivos

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Como os substantivos são formados?De acordo com sua formação, os substantivos podem ser:

simples – formados por somente um radical (uma só palavra). Ex.: sal, carro. compostos – formados por mais de um radical. Ex.: guarda-chuva. primitivos – são aqueles que não resultam de outra palavra da língua. Ex.: norma,

pedra, jardim, etc. derivados – são aqueles que nascem a partir de outra palavra da língua. Ex.: pedreira,

normatização, jardineiro, etc.

Quando lemos um vocábulo, uma teia de sentidos é formada em nossa mente. Essa teia pode ser semântica (de significados culturalmente construídos), sonora (palavras com sons semelhantes) ou visual (escrita semelhante).

1. Leia a tirinha a seguir e responda às questões propostas:

BROWNE, Dik. O melhor de Hagar o horrível. Porto Alegre: L&PM, 2005. v. 1. p. 58.

a) Quando Hérnia pergunta para Hamlet o que é o amor, o que, na verdade, ela quer saber?

b) O que Hamlet entendeu que Hérnia queria saber?

c) Analisando a expressão corporal de Hérnia nos três primeiros quadrinhos, o que se pode notar?

d) Considerando a fala de Hérnia no último quadrinho e sua expressão corporal, o que pode ser inferido em relação a seus sentimentos por Hamlet?

18 A palavra e seus sentidos: introdução ao estudo da morfologia

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2. Dedique, a cada palavra abaixo, um minuto de reflexão e escreva outras palavras que esta-belecem alguma relação com ela.

a) Brasil:

b) televisão:

c) beijo:

d) amor:

e) paz:

f) shopping:

g) domingo:

h) escola:

3. Observe as palavras a seguir e escreva outras que mantenham, com cada uma delas, algu-ma relação sonora.

a) assim:

b) café:

c) coração:

d) amor:

e) luz:

f) sentimento:

g) saudade:

h) ilha:

Os substantivos podem ser classificados em: comuns – designam seres de uma mesma espécie ou grupo. Ex.: homem, carro, cadeira, etc. próprios – designam um ser ou coisa entre outros da mesma espécie ou grupo. Ex.: Robson,

Fernando, Rio de Janeiro, etc. Devem ser iniciados com letra maiúscula. concretos – designam seres reais ou fictícios. Ex.: fada, lápis, carta, caminhão, etc. abstratos – substantivos abstraídos de verbos ou adjetivos. Ex.: verbo – viajar > substantivo

viagem; adjetivo – belo > substantivo beleza. coletivos – designam um conjunto de seres da mesma espécie. Ex.: cardume (conjunto de

peixes), constelação (conjunto de estrelas).

Transforme os verbos e adjetivos destacados em substantivos abstratos. Faça as alterações necessárias para manter o sentido original da frase:

a) Miguel foi à festa muito elegante.

b) O quadro que ela me mostrou era muito feio.

c) Camila tem se mostrado muito capaz.

d) As pessoas felizes são capazes de realizar seus sonhos.

e) Tomei um remédio para aliviar a minha dor de cabeça.

f) Convidei a minha melhor amiga para co-memorar o meu aniversário.

g) Vou pedir para cancelar minha conta tele-fônica.

Como você pode notar, uma palavra nunca está sozinha. Mesmo que apareça solitária em uma folha de papel, ela sempre traz, implicitamente, diversas outras palavras e, consequen-temente, várias outras ideias.

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Flexão do substantivoO substantivo flexiona-se em número (singular e plural), gênero (masculino e feminino) e grau

(diminutivo e aumentativo).Importante: Não confunda gênero natural (masculino e feminino) com gênero gramatical (masculino

e feminino)!O gênero vale para todos os substantivos da nossa língua, até mesmo para aqueles que nominam

seres desprovidos de sexo. Ex.: mesa, cadeira, cadeado, pedra, etc. Em alguns casos, o gênero é inerente ao substantivo, mas em outros não há distinção entre masculino e feminino. Ex.: cônjuge (sempre masculino), criança (sempre feminino).

Gênero do substantivoO substantivo apresenta dois gêneros: o masculino e o feminino. As palavras que podem ser antece-

didas do artigo “o” são masculinas e as palavras que podem ser antecedidas do artigo “a” são femininas.Em relação ao gênero, os substantivos podem ser:

biformes – quando apresentam duas formas, uma para o gênero masculino e outra para o gênero feminino. Ex.: menino/menina; homem/mulher; garoto/garota; etc.

uniformes – quando há uma única forma para indicar o gênero masculino e o feminino. Os substantivos uniformes podem ser:

epicenos – há uma única palavra para indicar os dois gêneros e, para diferenciá-los, há o acréscimo dos termos macho e fêmea. Ex.: o crocodilo macho/o crocodilo fêmea; a borbole-ta macho/a borboleta fêmea.

sobrecomuns – uma palavra indica os dois gêneros, e a diferenciação entre macho e fêmea se dá pelo contexto. Ex.: a criança (masculino e feminino); o indivíduo (masculino e feminino).

comum de dois gêneros – uma palavra indica os dois gêneros, e a diferenciação se dá pelo uso de palavras modificadoras (artigos, adjetivos, pronomes). Ex.: a colega/o colega (artigo); meu intérprete/minha intérprete (pronome).

Plural dos substantivos compostosNo caso do plural dos substantivos compostos, devem-se observar as seguintes regras:

Pluralizam-se as palavras variáveis (substantivos e adjetivos) e não se pluralizam as palavras invariáveis (advérbios, interjeições e verbos).

Exemplos: amores-perfeitos; abaixo-assinados. subst. adj. adv. adj.

Se o segundo substantivo funcionar como especificador, apenas o primeiro é pluralizado. Ex.: elementos-surpresa (surpresa especifica o elemento).

No caso dos substantivos formados por palavras repetidas ou onomatopeias, somente o se-gundo elemento é pluralizado. Ex.: corre-corres, blá-blá-blás, pega-pegas, etc.

Nos nomes dados aos dias da semana, pluralizam-se os dois elementos. Ex.: sextas-feiras, quintas-feiras, etc.

Número do substantivoNa maioria dos substantivos, o plural se faz pelo simples acréscimo da desinência -s:

carro + s = carros. Mas há casos em que o plural é feito de outras maneiras, como você pode observar a seguir.

Os substantivos terminados em l têm o plural construído por meio da substituição do l por is. Ex.: plural/plurais; pastel/pastéis.

Os substantivos terminados em r, s ou z têm o plural construído por meio do acréscimo de -es. Ex.: colher/colheres; país/países; vez/vezes.

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Passe as frases a seguir para o plural, fazendo as adaptações necessárias.a) Ele não foi capaz de dizer que me amava.

b) Ela revirou todo o guarda-roupa e não encontrou o que procurava.

c) O médico saiu apressado e esqueceu-se de arrumar o guarda-pó.

d) Eu procurei um cirurgião-dentista.

e) Meu amigo não quer saber de nenhum esforço. É um boa-vida.

f) Ela faz aula de balé toda segunda-feira.

Passe as fra

Grau do substantivoO grau do substantivo pode ser aumentativo ou diminutivo. Esses dois graus se classificam em:

analítico – o substantivo é acompanhado de palavras que expressem aumento ou diminuição, tais como: muito, pouco, pequeno, grande, etc.

diminutivos -inho – garotinho, carrinho-culo – cubículo, minúsculo-ejo – lugarejo-ota – ilhota, velhota-ote – meninote, camarote.-ulo – casulo

aumentativos-ão – casarão-aça – barcaça-aço – corpaço-ona – musicona-ázio – copázio

Nos textos, muitas vezes, os substantivos são substituídos por orações substantivas. As orações substantivas apresentam verbo e geralmente são introduzidas pela conjunção que exercendo a função de um substantivo.

Exemplo: Todos estavam convictos de que ele era inocente. (substantivo: inocência)Note que a oração em destaque pode ser substituída pelo substantivo inocência e a frase ficaria

assim: Todos estavam convictos de sua inocência.Veja outro exemplo:Para que você possa ir ao passeio, basta que seu pai assine a autorização.Note que a oração em destaque pode ser substituída pelo substantivo assinatura e a frase ficaria

assim: Para que você possa ir ao passeio, basta a assinatura do seu pai nessa autorização.

Exemplos: Aquele garoto pequeno não conseguirá alcançar a cesta de basquete. Juliana tem um corpo grande.

sintético – é formado pelo uso de sufixos:

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1. Substitua as orações substantivas em destaque por um substantivo correspondente. Lembre-se de que a frase deve manter o sentido original.

a) Duvido de que você vença essa eleição.

b) É obrigatório que os atletas sejam pontuais.

c) As revistas noticiaram que o competidor desistiu.

d) Todos se opõem a que você se candidate à presidência do sindicato.

e) Esperamos que você decida.

2. Transforme os substantivos em destaque em uma oração com valor substantivo. Faça as adapta-ções necessárias para que a frase mantenha seu sentido original.

a) Todos aguardaram a entrada da noiva na igreja.

b) Juliana aguardou ansiosamente a chegada do outono.

c) Não acredito na casualidade do nosso encontro.

d) É impossível esquecer a maciez de seus lábios.

e) Eu não entendo a sua volta.

3. Sabemos que é o contexto que delimita o campo de sentido de uma palavra. Considerando o contexto, explique o sentido que os substantivos destacados conferem às frases abaixo.

a) Não posso te ligar porque estou sem créditos.

b) Não consegui fazer o empréstimo porque estou sem crédito.

c) Ontem avistei uma estrela cadente.

d) Você vai conseguir, acredite na sua estrela.

e) Tudo parece fácil para uma estrela de cinema.

22 A palavra e seus sentidos: introdução ao estudo da morfologia

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4. Os substantivos nos trazem imagens e sensações. Escreva palavras que lhes transmitam sensação de:

a) sonolência:

b) claridade:

c) velocidade:

d) aspereza:

e) luminosidade:

f) frio:

g) calor:

h) tristeza:

i) medo:

j) escuridão:

5. Ao contrário da atividade anterior, leia as palavras abaixo e escreva que sensações elas lhe transmitem:

a) Facebook:

b) faca:

c) barata:

d) chuva:

e) nuvem:

f) noite:

A cegueira do amor

Contam que uma vez se reuniram todos os sentimentos e qualidades do homem, em um lugar da Terra. Quando o Aborrecimento já havia reclamado pela terceira vez, a Loucura, como sempre tão louca, lhe propôs:

— Vamos brincar de esconde-esconde? A Intriga levantou a sobrancelha e a Curiosidade, sem poder se conter, perguntou:— Esconde-esconde? O que é isto? — É um jogo — explicou a Loucura — em que eu fecho meus olhos, conto até um milhão, enquanto vocês se escondem.

Quando eu terminar de contar, começo a procurá-los, e o primeiro que eu encontrar ocupa o meu lugar no jogo.O Entusiasmo dançou seguido pela Euforia. A Alegria deu tantos saltos que acabou convencendo a Dúvida e até a Apatia,

que nunca se interessava por nada. Mas nem todos participaram, a Verdade preferiu não se esconder. — Pra quê, se no final todos me descobrem?, disse a Verdade.A Soberba opinou que era um jogo muito tolo (no fundo, o que a incomodava era que a ideia não tinha sido dela) e a

Covardia preferiu não se arriscar.

Adjetivos

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1. Esse texto foi estruturado a partir do uso de uma figura de linguagem. Que figura é essa? Justifique sua resposta.

2. Durante a narrativa, alguns sentimentos e algumas qualidades agem conforme sua própria natureza e outros a contrariam. Cite dois exemplos que comprovem essa afirmação.

3. Há, no texto, alguma passagem que evidencie que a Loucura age conforme sua natureza? Justifique sua resposta.

4. Qual foi a única qualidade que não conseguiu se esconder? Por que não conseguiu?

5. Qual foi a única qualidade que não quis participar da brincadeira? Por quê?

6. O texto dá uma explicação literária para o velho ditado: “O amor é cego”. Você acredita que o amor é cego? Justifique sua resposta.

7. O final do texto traz a seguinte frase: “Desde então, o Amor é cego e a Loucura sempre o acompanha”. Em sua opinião, a loucura só acompanha o amor na literatura ou amor e loucura andam lado a lado fora dos livros? Justifique sua resposta.

— Um, dois, três... — começou a contar a Loucura.A primeira a se esconder foi a Pressa que, como sempre, caiu atrás da primeira pedra no caminho. A Fé subiu ao céu

e a Inveja se escondeu atrás da sombra do Triunfo, que, com seu próprio esforço, tinha conseguido subir na copa da mais alta árvore.

A Generosidade quase não conseguia se esconder, pois cada local que achava lhe parecia maravilhoso para algum de seus amigos, ao contrário do Egoísmo, que encontrou um ótimo lugar só para ele.

A Mentira se escondeu no fundo do oceano (mentira! Foi atrás do arco-íris).O Esquecimento... Não me recordo onde se escondeu... Quando a Loucura estava lá pelo 999.999, o Amor ainda não havia achado um lugar para se esconder, pois todos estavam ocupados. Até que encontrou um roseiral e decidiu ocultar-se entre as rosas.

— Um milhão! — terminou de contar a Loucura e começou a busca. A primeira a aparecer foi a Pressa, apenas a três passos de uma pedra.

Depois escutou a Fé discutindo com Deus sobre teologia. Em um descuido, encontrou a Inveja e, claro, pôde deduzir onde estava o Triunfo.

O Egoísmo não precisou ser procurado: saiu correndo de seu esconderijo, que era um ninho de vespas.A Dúvida foi mais fácil, encontrou-a sentada em uma cerca sem decidir de que lado se esconder.E assim foi encontrando a todos: o Talento, nas ervas frescas; a Angústia, em uma cova escura... Apenas o Amor não

aparecia. Quando a Loucura estava dando-se por vencida, encontrou o roseiral, pegou uma forquilha e começou a mover os ramos. No mesmo instante, ouviu-se um doloroso grito. Os espinhos tinham ferido o Amor nos olhos. A Loucura não sabia o que fazer para se desculpar. Chorou, rezou, implorou e até prometeu ser seu guia.

Desde então, o Amor é cego e a Loucura sempre o acompanha.

A CEGUEIRA do amor. Portal das curiosidades. Disponível em: <http://www.portaldascuriosidades.com/forum/index.php?topic=275 88.0>. Acesso em: 3 set. 2013.

24 A palavra e seus sentidos: introdução ao estudo da morfologia

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Atente para o fragmento retirado do texto “A cegueira do amor”:“Quando o Aborrecimento já havia reclamado pela terceira vez, a Loucura, como sempre tão louca,

lhe propôs:– Vamos brincar de esconde-esconde?”

Agora, identifique quais são os substantivos próprios. Que qualidades são atribuídas a eles?

Ser louca é o que caracteriza o substantivo Loucura. Essa qualidade é exemplificada ao longo do texto, como em “É um jogo – explicou a Loucura – em que eu fecho meus olhos, conto até um milhão, enquanto vocês se escondem”. Contar até um milhão, para iniciar a busca na brincadeira do esconde- -esconde, é um dos sinais que validam o uso do adjetivo “louca” para caracterizar o substantivo “loucura”.

Outro uso interessante da adjetivação está no final do texto: “Desde então, o Amor é cego e a Loucura sempre o acompanha”.

Qual é a qualidade dada ao Amor?

Há um substantivo que, de certa forma, qualifica o substantivo “amor”. Explique como ocorre essa qualificação.

Leia a tira abaixo e responda às questões:

SCHULZ, Charles M. Snoop – Feliz dia dos namorados. Porto Alegre: L&PM, 2009. v. 2. p. 39.

a) Que situação da “rotina escolar” é retratada pela tirinha?

b) Quando a Patty Pimentinha pergunta se a questão é verdadeira ou falsa, que estratégias Marcie utiliza para qualificar sua resposta?

c) A estratégia discursiva usada por Marcie convenceu Patty a marcar a questão número três como verdadeira? Justifique sua resposta.

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Flexões do adjetivoOs adjetivos podem ser flexionados em gênero, número e grau.

Gênero do adjetivo

O adjetivo concorda com o substantivo que caracteriza. Quanto ao gênero, os adjetivos podem ser: biformes – quando há uma forma para o gênero masculino e outra para o gênero feminino. Ex.: homem bonito; mulher bonita; menino chorão; menina chorona.

uniformes – há uma única forma tanto para o masculino quanto para o feminino. Ex.: mulher frágil; homem frágil; aluno exemplar; aluna exemplar.

Número do adjetivo

O adjetivo concorda em número com o substantivo que caracteriza.

Ex.: O atleta foi capaz de bater o recorde mundial. Os atletas foram capazes de bater o recorde mundial.

O plural dos adjetivos compostos obedece à seguinte regra:

Quando o adjetivo é composto de dois adjetivos, apenas o segundo vai para o plural. Ex.: ques-tões político-partidárias, olhos castanho-claros, etc. Exceção: surdos-mudos.

Quando, em um adjetivo composto, o segundo elemento for um substantivo, esse adjetivo é invariável. Ex.: um tapete verde-musgo; dois tapetes verde-musgo; olhos azul-céu.

Classif icação dos adjetivosOs adjetivos podem ser:

Primitivos e derivadosOs adjetivos primitivos são aqueles que não se formam por derivação de nenhuma outra palavra.

Ex.: azul, verde, grande, pequeno, etc.Já os adjetivos derivados são aqueles que se originam de outras palavras. No texto “A cegueira

do amor”, é possível notar que muitas das qualidades e dos sentimentos utilizados na elaboração do enredo são substantivos que dão origem a adjetivos derivados. Ex.: “O Entusiasmo (entusiasmado) dançou seguido pela Euforia (eufórico). A Alegria (alegre) deu tantos saltos que acabou convencendo a Dúvida (duvidoso) e até a Apatia (apático), que nunca se interessava por nada.”

Simples e compostosOs adjetivos simples são formados por um só radical (belo, azul, etc.), enquanto os adjetivos

compostos são formados por mais de um radical (sul-americano, socioeconômico, afrodescendente, etc.).

Você sabe como é conhecido quem nasce em Três Corações (MG)? E quem nasce em Sal-vador (BA)? E quem nasce em São Luís (MA) e no Espírito Santo (ES)? Faça uma pesquisa sobre os adjetivos pátrios e gentílicos, organize uma tabela com os principais e cole em seu caderno. Qualquer dúvida, é só recorrer à tabela.

26 A palavra e seus sentidos: introdução ao estudo da morfologia

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Grau do adjetivoOs adjetivos variam em grau para comparar, intensificar ou diminuir características do substantivo.

Grau comparativoComparativo de igualdade

Fernanda é tão bela quanto Camila.Carlos é tão justo quanto Pedro.

Comparativo de superioridade

O amor é mais nobre que o ódio.A vida é mais preciosa que qualquer outro bem.

Comparativo de inferioridade

Minha mágoa é menos intensa que minha saudade.A prova de hoje estava menos complicada que a de ontem.

Grau superlativo

José Dias amava os superlativos. Era um modo de dar uma feição monumental às ideias; não

as havendo, servia a prolongar as frases. Levantou-se para ir buscar o gamão, que estava no interior da

casa. Cosi-me muito à parede, e vi-o passar com suas calças brancas engomadas, presilhas, roda-

que e gravata de mola. Foi dos últimos que usaram presilhas no Rio de Janeiro, e talvez neste

mundo. Trazia as calças curtas para que lhe ficassem bem esticadas. [...]

Um dever amaríssimo!

ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv

0018a.pdf>. Acesso em: 3 set. 2013.

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1. De acordo com o texto, é correto afirmar que:

a) José Dias tinha monumentais ideias.

b) José Dias é o narrador do episódio anterior.

c) José Dias utiliza os superlativos para prolongar as frases.

d) José Dias andava sempre na moda.

2. O que o trecho “Foi dos últimos que usaram presilhas no Rio de Janeiro, e talvez neste mundo” revela sobre José Dias?

3. O que o amor aos superlativos revela sobre José Dias?

Como visto no texto de Machado de Assis, o grau do adjetivo influencia a construção de sentidos de um texto. O grau superlativo pode ser:

Grau superlativo relativo – um ser é evidenciado em relação a outros seres do mesmo grupo. Exemplos: Ela é a garota mais linda de todas (superlativo relativo de superioridade). Ele é o menos raivoso de todos (superlativo relativo de inferioridade).

Grau superlativo absoluto – as características atribuídas a um ser são intensificadas, trans-mitindo a ideia de excesso. O grau superlativo absoluto pode ser:

analítico: Júlia é muito calma. Carlos é excessivamente calmo.

sintético: O café estava amaríssimo (amargo demais). Luciana está magérrima (magra demais).

Estratégias qualif icativasA caracterização é um recurso fundamental para a construção de sentidos. Há várias formas de se

qualificar um substantivo, sendo uma delas o uso de adjetivos, como já mencionado nesta unidade. Outra forma é a qualificação por meio do uso de locuções adjetivas.

A locução adjetiva é o agrupamento de duas ou mais palavras que, por modificar a leitura do substantivo, exerce o papel de adjetivo.

Exemplos:Qualificação por meio de locução adjetiva: Comprei um anel de ouro.Qualificação por meio de adjetivo: Comprei um anel áureo.

1. Reescreva as frases substituindo as locuções adjetivas pelos adjetivos correspondentes:

a) Luciana ficou maravilhada ao observar o eclipse da lua.

b) Aquela peça de teatro foi tão linda que eu me sinto, até agora, envolto por uma atmosfera de sonho.

c) Ontem fez uma linda tarde de verão.

d) O promotor reafirmou que o réu cometeu um crime de paixão.

e) Ontem, um vento de gelo varreu as folhas do jardim.

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O tempo e o amor

O primeiro remédio que dizíamos é o tempo. Tudo cura o tempo, tudo faz esquecer, tudo gasta, tudo digere, tudo acaba. Atreve-se o tempo a colunas de mármore, quanto mais a corações de cera! São as afeições como as vidas, que não há mais certo sinal de haverem de durar pouco, que terem durado muito. São como as linhas que partem do centro para a circunferência, que, quanto mais continuadas, tanto menos unidas. Por isso os antigos sabiamente pintaram o amor menino, porque não há amor tão robusto, que chegue a ser velho. De todos os instrumentos com que o armou a natureza o desarma o tempo. Afrouxa-lhe o arco, com que já não atira, embota-lhe as setas, com que já não fere, abre-lhe os olhos, com que vê o que não via, e faz-lhe crescer as asas, com que voa e foge. A razão natural de toda esta diferença é porque o tempo tira a novidade às coisas, descobre-lhes os defeitos, enfastia-lhes o gosto, e basta que sejam usadas para não serem as mesmas. Gasta-se o ferro com o uso, quanto mais o amor? O mesmo amar é causa de não amar, e o ter amado muito, de amar menos. [...]

VIEIRA, Padre Antônio. O tempo e o amor. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/fs000018pdf.pdf1>. Acesso em: 15 set. 2010.

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2. Leia este texto e responda às questões:

a) Qual é o tema do texto do Padre Antônio Vieira?

b) De que outra forma o substantivo coração poderia ser qualificado, mantendo o mesmo sentido na frase: “Atreve-se o tempo a colunas de mármore, quanto mais a corações de cera!”?

c) Na passagem “Por isso os antigos sabiamente pintaram o amor menino”, Padre Antônio Vieira se refere ao:

I. Menino Jesus. II. cupido. III. anjo da guarda. IV. coração de cera. V. mármore.

d) Leia atentamente o fragmento a seguir:

“[...] não há amor tão robusto, que chegue a ser velho. De todos os instrumentos com que o armou a natureza o desarma o tempo. Afrouxa-lhe o arco, com que já não atira, embota-lhe as setas, com que já não fere, abre-lhe os olhos, com que vê o que não via, e faz-lhe crescer as asas, com que voa e foge.”

f) Bruna tem dentes de marfim, tamanho seu cuidado com eles.

g) A energia do vento é uma excelente alternativa para a preservação da natureza.

h) O céu está com um aspecto de chumbo.

i) Alguns países investem milhões em indústrias de guerra.

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Você concorda com o que diz essa passagem do texto? Justifique sua resposta.

3. (ENEM)

Oximoro, ou paradoxismo, é uma figura de retórica em que se combinam palavras de sentido oposto que parecem excluir-se mutuamente, mas que, no contexto, reforçam a expressão.

(Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa).

Considerando a definição apresentada, o fragmento poético da obra Cantares, de Hilda Hilst, publi-cada em 2004, em que pode ser encontrada a referida figura de retórica é:

a) “Dos dois contemplo rigor e fixidez. Passado e sentimento me contemplam”. (p. 91)

b) “De sol e lua De fogo e vento Te enlaço”. (p. 101)

c) “Areia, vou sorvendo A água do teu rio”. (p. 93)

d) “Ritualiza a matança de quem só te deu vida. E me deixa viver nessa que morre”. (p. 62)

e) “O bisturi e o verso. Dois instrumentos entre as minhas mãos”. (p. 95)

4. (UNIR – RO) Marque a alternativa correta quanto ao uso de palavras no diminutivo e no plural.

a) igual>igualzinhas

b) caracol>caracolzinhos

c) pão>pãozinhos

d) pá>pazinhas

e) mãe>mãesinhas

5. (UERJ) Flexão é o processo de fazer variar um vocábulo, em sua estrutura interna, para nele expressar dadas categorias gramaticais, como gênero e número. A partir desse conceito, a palavra destacada que admite flexão de gênero é:

a) “Fez-se de triste o que se fez amante”. (Vinicius de Moraes)

b) “Paisagens da minha terra,/Onde o rouxinol não canta”. (Manuel Bandeira)

c) “Sou um homem comum/de carne e de memória/de osso e de esquecimento”. (Ferreira Gullar)

d) “Meu amigo, vamos cantar,/vamos chorar de mansinho/e ouvir muita vitrola”. (Carlos Drummond de Andrade)

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