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UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA UNOESC SMO
CURSO DE PS-GRADUAO EM ARTETERAPIA, EDUCAO E SADE
COMPONENTE CURRICULAR: PSICOSSOMTICA E ABORDAGEM
JUNGIANA
PROFESSOR: CARLOS VEIT
PS-GRADUANDO: ANTONIO MARCIO SILVA ARETZ
REFLEXES SOBRE A PARBOLA DA GUIA
A Parbola da guia nos permite uma reflexo a cerca de ns mesmos. Reflete na
nossa condio humana. No nosso dia-a-dia, deixamo-nos levar pelas opinies alheias, que
nos poda e nos tira a intensidade de experienciar a vida. Somos sujeitados a um dualismo
que nos divide em duas partes distintas corpo e alma, o que rompe com o conceito de
psicossomtica. Podemos compreender isso melhor em Boff (1999), quando ele diz que o
ser humano uno e complexo, constitudo de corpo-e-alma. Ele no tem corpo e alma.
corpo e alma. Pertence ao lado trgico de nossa cultura ocidental ter separado corpo e
alma. Nesse sentido, posicionamo-nos metaforicamente como sendo galinha e guia, em
um sentido que percorre e se distingue da situao dualstica que nos fora imposta como j
mencionado. Se olharmos de uma maneira mais pessimista, percebemos esse dualismo, se
olharmos de forma concreta esses conceitos, percebemos que no nos dividimos em
galinha e guia, mas, sobretudo, somos assim constitudos. Basta observarmos o que
estamos mostrando mais no nosso dia-a-dia.
Parafraseando Boff (1999), a primeira dimenso galinha funda o positivismo.
A segunda a guia o idealismo. Erro seria separar em ns mesmos o que vem junto:
nossa dimenso discernvel, concreta e palpvel galinha. Ou, nossa dimenso possvel,
virtual e utpica guia.. Somos, portanto, galinhas, quando vivemos no mundo da
concreticidade, que faz com que sejamos realistas e cautelosos. Sendo galinhas,
percorremos por espaos conhecidos, sentimo-nos em segurana e comodidade. Sendo
guias vivemos no mundo do imaginrio, do onrico, buscamos a realizao de ns
mesmos enquanto seres dotados de razo e racionalidade. Sentimo-nos livres,
independentes e prontos para aprender e conhecer o mundo. Nesse sentido, uma completa a
outra; uma dependente da outra e, viver em apenas uma dessas dimenses tendenciar ao
fracasso de nossa existncia. Vivemos numa sociedade, conforme Bauman, onde tudo
lquido, o amor, o medo, a sociedade, os tempos. Porm, no pode ser lquida a ideia de
que precisamos do contato (a relao) com o outro para sermos seres dotados de sentido e
saber. O contato com o outro gera medo, insegurana e insatisfaes. Na dimenso galinha
nos posicionamos de modo a manter nossa integridade geral, na dimenso guia,
aventuramo-nos no convvio social, moldando nossas relaes, pautadas na utopia, na
fantasia e no pensamento, e lentamente vamos construindo esse contato, passo a passo,
dotados de razo e realismo. O desafio, portanto, no ser galinha ou ser guia, sobre tudo
o desafio gerir a ns mesmo para que possamos ser galinha-guia como ser indissocivel.
Nas aulas de abordagem Jungiana, aprendemos que Gandhi instituiu o caminho do meio.
Precisamos encontrar esse caminho para que ambas dimenses convivam em paz, uma vez
que uma depende da outra. Basta acreditarmos como Boff (1999) quando cita que somos
galinhas, seres concretos e histricos. Mas jamais devemos esquecer nossa abertura
infinita, nossa paixo indomvel, nosso projeto infinito: nossa dimenso-guia..
A histria da guia e da galinha nos evoca o processo de personalizao* pelo
qual todo ser humano passa. No recebemos a existncia pronta. Devemos
constru-la progressivamente. H uma larga tradio transcultural que representa
a caminhada do ser humano, homem e mulher, como uma viagem e uma
aventura. Na direo da prpria identidade. (BOFF, 1999)
Situados nesse territrio, compreendemo-nos como seres em uma busca incessante
pelo autoconhecimento. Percorrendo pelos conhecimentos obtidos nas aulas,
compreendemos todas as nossas dimenses a partir do surgimento de diferentes correntes
tericas na rea da psicologia. Por exemplo, h em Freud (psicanlise) uma busca das
pessoas pela vontade de prazer, no individualismo de Adler, h uma busca pela vontade
de poder, quando em Frankl (logoterapia) h uma busca pela vontade de sentido. Se
analisarmos a vida de uma pessoa, encontraremos todas essas vontades no decorrer dos
anos. Isso implica no fato de que somos galinhas-guias e que a vida uma busca de ns
mesmos. E a dicotomia destas dimenses tende ao fracasso da nossa existncia. Precisamos
fazer com que essas condies coexistam para que possamos viver intensamente.
Precisamos assumir esses arqutipos para experimentarmos as realidades vividas e
sentidas Boff (1999). No foi Lewis que disse que dificuldades preparam pessoas
comuns para destinos extraordinrios?
REFERNCIAS
BOFF, Leonardo. A guia e a galinha: uma metfora da condio humana. 23. ed.
Petrpolis, RJ: 1999. Vozes, 206 p.