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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES UNIDADE ACADÊMICA DE ENFERMAGEM CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM DISCIPLINA: PSICOLOGIA APLICADA A SAÚDE PROFESSORA: SOFIA DIONIZIO SANTOS ANALISE - A DOR DA PERDA DA SAÚDE EM “ANTES DE PARTIR” Jocilânia Dantas Ítallo Lima Jose Hilton Luara Gomes Samara Miranda

A Perda Da Saúde Em Antes de Partir

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Enfermagem

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Page 1: A Perda Da Saúde Em Antes de Partir

UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDECENTRO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORESUNIDADE ACADÊMICA DE ENFERMAGEM

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEMDISCIPLINA: PSICOLOGIA APLICADA A SAÚDE

PROFESSORA: SOFIA DIONIZIO SANTOS

ANALISE - A DOR DA PERDA DA SAÚDE EM “ANTES DE PARTIR”

Jocilânia DantasÍtallo LimaJose Hilton

Luara GomesSamara Miranda

CAJAZEIRAS – PB

AGOSTO 2014

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Jocilânia Dantas Ítallo LimaJose Hilton

Luara GomesSamara Miranda

ANALISE - A DOR DA PERDA DA SAÚDE EM “ANTES DE PARTIR”

Trabalho apresentado ao componente curricular Ecologia e Saúde, ministrado pela professora Sofia Dionizio Santos, como requisito parcial à aprovação neste componente curricular.

CAJAZEIRAS – PBAGOSTO DE 2014

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Apresentação

O texto “A dor da perda da saúde” de Marilda Oliveira Coelho foi apresentado

em aula, neste trabalho procuramos atender um exercício proposto pela professora

Sofia: buscar nos personagens de um filme as características das reações emocionais

que são pano de fundo dos processos de adoecimento. O texto traz os conceitos que

classificam essas reações, são eles: (a) clínica crônica o que não é o mesmo que ter uma

doença crônica como bem entendemos o termo, mas colocá-la como algo central, como

determinante para se construir ou não uma vida produtiva mesmo que superado o

momento de doença, a dor ou as limitações continuam nesse lugar central existindo uma

tendência à regressão, passividade, dependência e sensibilidade às frustações; e (b)

clínica aguda, que exige um processo rápido de reconhecimento da enfermidade, tende

então a uma tentativa de defesa, o paciente com esse tipo de reação pode recusar-se,

ainda que inconscientemente, a percepção de limites através de deslocamento, negação

e repudio da realidade, além de racionalização, isolamento do afeto, supressão como

mecanismos de defesa. O texto também nos esclarece o impacto do adoecimento para a

família do adoecido. Diante da necessidade de encontrar um equilíbrio das reações, a

família pode influenciar na evolução do processo.

I – Analise do processo de adoecimento (clínica)

O filme supracitado conta a história de um rico empresário do setor de saúde que

após exames de rotina descobre que está com uma grave doença (câncer) e que tem

poucos dias de vida. Ao ser internado no seu próprio hospital, para tratamento da

doença, ele é obrigado a dividir o quarto com um homem simples que faz tratamento

experimental, porém a norma do hospital imposta por ele mesmo era que todos os

quartos deveriam ser ocupados por pelo menos dois internos. O rico empresário

questiona o tratamento todo o tempo e se encontra em elevado grau de estresse. Por

outro lado, seu colega parece mais calmo e um tanto quanto conformado com a situação.

Sabendo que o câncer é uma doença grave caracterizada pelo crescimento

anormal e fora de controle de vários grupos celulares. Essa doença pode se iniciar no

momento das divisões celulares onde por algum distúrbio metabólico o câncer se

desenvolve através de agentes carcinogênicos conhecidos como protooncogenes, ou

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seja, genes que em atividade normal são responsáveis pela regulação do crescimento e

diferenciação celular que afetado por uma mutação poderá se transformar em

oncogenes, agentes desencadeadores da doença. Segundo o INCA “o câncer é causada

por alterações (mutações), no interior das células”.

Os sintomas do câncer muitas vezes são mascarados por sintomas parecidos com

os de qualquer outra doença simples, por isso, as pessoas podem sentir-se mais fracas no

dia- dia, e muito propensas a doenças comuns e não imaginarem na possibilidade de

câncer. Isso traz o aspecto tão doloroso quando há um diagnóstico real. Segundo o

INCA, “os sintomas são fadiga, mudança de peso incluindo perda não intencional ou

ganho, tosse persistente, dificuldade de engolir, rouquidão, mudanças nos hábitos

intestinais ou da bexiga, febre ou suores noturnos persistentes sem causa aparente”.

E ainda, o Instituto Nacional de Câncer diz que segundo estatísticas, o tabagismo

é a principal causa de câncer evitável no mundo. Então, os indivíduos que não tenha

hábitos de vida saudável e constantemente apresenta alguns desses sintomas, ou ao

notar a presença de algum caroço estranho, uma íngua, mancha na pele ou outro sinal

deve redobrar a atenção. O mais indicado seria ter consultas gerais periodicamente, há

vários exames de rotina para detectar precocemente alguns tipos comuns de câncer

como autoexame da pele e da mama, a mamografia, PSA, citologia cervical

(papanicolau) entre outros. Buscar um profissional imediatamente para exames mais

aprofundados a cerca desses distúrbios metabólicos, vale salientar que alguns tipos de

câncer podem ter grandes chances de cura se for descoberto precocemente.

O tratamento do câncer, se em estagio inicial, pode ter grande eficácia, mais vale

salientar que o tipo e estágio do câncer é quem dita o tratamento. Segundo o INCA “o

tratamento do câncer pode ser através de cirurgia – que tem como objetivo remover o

tumor e uma margem de tecido saudável, pois este pode já conter células malignas;

radioterapia – consiste em terapia que usa radiação ionizante no local do tumor;

quimioterapia – consiste em utilização de medicamentos orais ou invasivos, como

objetivo de destruir, controlar ou inibir o crescimento de células doentes”.

A principal sequela que um paciente em tratamento do câncer pode apresentar

pode ser vista nas cenas do filme: problemas físicos, psicológicos como fadiga, estresse

e dor.

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II – Analise das reações emocionais dos personagens

Entre o texto “A dor da perda da saúde” e o filme “Antes de partir” podemos

perceber em diversos momentos a correlação de ambos. Na cena I, na qual Carter, um

dos personagens, aparentemente, estava sendo informado do seu quadro clínico por

telefone, fica evidente o distanciamento das relações com o cotidiano. Na cena ele

aparece no local de trabalho, uma oficina. Cheio de bom humor e descontração com os

seus funcionários, após esse telefonema sua fisionomia toma como que um semblante

de desengano. Naquele momento, estava sendo afastado do seu ambiente próprio, não

somente de suas atividades cotidianas, mas principalmente do que lhe dava prazer e

sentido de vida na forma como deixa cair o cigarro dentre seus dedos e sai do ambiente.

Isso lhe causa dor por um sentimento de “perder a condição de sadio”. O personagem

vê-se numa situação na qual é preciso abandonar costumes e hábitos entrelaçados com

sua própria identidade.

A doença estava longe de ser o maior obstáculo a ser vencido naquele momento,

a perda da saúde aproximou Carter de um sentimento de luto antes mesmo de saber o

tempo de vida que lhe restava. Já para Edward, outro personagem, a perda da saúde, o

fez experimentar uma posição de impotência e indefesa, o que era completamente

contrária a imagem que fazia de si próprio. Na cena estava em reunião de trabalho,

administrava vigorosamente hospitais, não permitia contrariedades, como deixa claro na

fala “eu administro hospitais não spars, dois leitos por quarto, sem exceções. Olhe eu

deixei de almoçar com Michelle Pfeiffer para estar aqui, então vocês poderiam parar de

fazer essas perguntas idiotas? Meninos e meninas, vocês precisam de mim eu não

preciso de vocês”. Neste momento tem um sinal comum de sua provável doença:

hemoptise, ou expectoração com sangue. E já no hospital aparece fazendo exigências,

com irreverência – sua marca característica – demonstra certa negação quando

interpreta sua realidade de doente.

Como ambos os personagens passaram a conviver na mesma enfermaria, com a

mesma situação de doença, entre conversas e sintomas reversados, passaram a se

perceber como iguais e mais facilmente encontraram mecanismos de adaptação,

excluindo algumas características da “personalidade do doente crônico” (regressão,

passividade e dependência). No que diz respeito à “sensibilidade às frustrações”,

percebemos em algumas cenas, que ambos os personagens, estavam vulneráveis ao

câncer e a tudo que implica o tratamento. Racionalizaram o estar num hospital como

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pacientes. Por outro lado a esposa de Carter queria que ele estivesse em uma posição de

dependência e passividade, sob seus cuidados e de seus familiares. Isso fica claro na

cena que ela é grosseira com Edward em relação à viagem que eles decidem fazer para

aproveitarem os possíveis últimos dias de vida e assim realizar desejos contidos em uma

lista, a "lista antes de partir", algo que um professor de filosofia no colégio passou como

exercício, que enumerava desejos para realizar antes de “bater as botas”. A lista consiste

em desejos de Carter, então, Edward reescreveu alguns desejos do seu amigo à sua

maneira ousada.

Durante a execução da lista há uma troca de experiências entre Carter e Edward

que faz com que cada um esqueça por um momento a doença e reassumam suas vidas

de forma qualitativa. Fugiram assim do monopólio da doença sobre o organismo e de

todas as possibilidades de uma clínica crônica.

Mesmo sabendo que não adiantava mais buscar por tratamentos, aproveitaram o

que ainda podiam realizar de uma forma inusitada. Arriscaram, ultrapassaram limites

próprios, em cada “loucura” que realizavam reviam crenças, utopias, conceitos.

Principalmente, ultrapassada o momento de dor pelo “ser doente”, não permitiram que

as limitações continuassem a ter destaque central em suas vidas. Para Edward estava na

hora de Carter voltar, e no fundo este sabia disso. E com as artimanhas de Edward,

Carter não somente resolveu voltar para a família como quis fazer seu amigo também

tentasse rever sua filha. No entanto, Edward que se sentia capaz de se aventurar, aquele

que tinha todos às suas ordens, não conseguia encarar o fato de não ter sido um pai

presente para a filha. E assim, seu amigo o impulsiona a vencer também esta etapa de

retorno à realidade: estavam a alguns meses, talvez dias, de morrerem e que precisava

retomar também os laços afetivos.

A família é com certeza um dos fatores que contribuem positiva ou

negativamente no estado do paciente, pois como diria Lewis “a forma de enfrentamento

de uma família em relação a um diagnostico de doença crônica interfere no curso

evolutivo dessa doença”.

Com relação ao filme os dois personagens tem experiências opostas. No caso do

Edward ele é um homem sozinho que não tem muitos vínculos, mas com a doença ele

passa a pensar mais na família, na filha que há muito não via, mesmo que tente evitar, a

experiência da morte do amigo, um sentimento pertença lhe cobra uma atitude, que

colocaria em xeque não apenas sua visão sobre a doença, mas sua definição de valores e

da própria vida. E uma cena que marca é a que ele busca a filha para tentar uma

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reaproximação já no último dia de vida e ter visto pela primeira vez sua neta o que o fez

riscar a penúltima tarefa de sua lista (beijar a garota mais linda do mundo).

No caso de Carter que tem uma família que o apoia, como já dito, sua esposa

quer, porém, colocá-lo em posição de passividade e a isso ele não foi a favor.

Aparentemente faz da viagem uma fuga, um mecanismo de defesa, próprio da clínica

aguda. Segundo as palavras da professora Sofia, “neste momento, recusa qualquer nível

de dependência regressiva, mesmo em nível necessário”.

III – Analise da atuação dos profissionais de saúde

O profissional de enfermagem, assim como todos os profissionais da saúde, tem

em sua identidade o dever de uma postura ética no exercício da sua profissão. Ao passo

que sua produção envolve as pessoas que dela se beneficiam, e por sua posição de

proximidade maior com o paciente em relação às outras categorias – aspecto explorado

amiúde por muitos de nossos professores, quando enfatizam as responsabilidades

individuais e sociais em irmos além do olhar sobre a situação de doença para

alcançarmos a pessoa, que entre tantas coisas mais, sofre com a falta de saúde.

O Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) descreve isto em seu código de

ética do profissional de enfermagem, dando a presumir que para uma postura ética é

preciso compreender as moções das pessoas, os valores e sentimentos permitindo uma

noção de unidade e de identidade. O trabalho em saúde requer cooperação, ações

coletivas, a criação de vínculos com os sujeitos do processo de cuidado, cada um,

pacientes e profissionais, em seus papeis e responsabilidades.

Em uma cena com o médico de Edward, poderíamos destacar sua atitude de

esquivo quando Carter pede uma informação simples sobre seu quadro clínico.

Colocando-se inerte, pois “aquele paciente não estava sob sua assistência” é repreendido

por Edward em uma segunda cena, o médico apenas atende Carter por insistência de

Edward. A atitude do médico contraria o direito de todo paciente de ter acesso a seu

prontuário, e de ter explicações necessárias à sua compreensão deste, segundo o código

de ética médica. Entendemos, por gestos e fisionomia do médico, que este não se sente a

vontade com a ineficácia do tratamento, e consequentemente, com a previsão próxima

da morte de seu paciente.

Vários são os perigos que corremos na enfermagem entre os afazeres, valores e

sentimentos, um exemplo é de nos tornarmos mecanicistas. Não se pode permitir abater

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pela situação de quem vemos sofrer e, por outro lado, excluir-se da responsabilidade da

humanização. Há um exemplo, no filme, do ideal nível de consciência do profissional

de saúde em relação aos “processos de reação emocional ao adoecimento”, no papel da

enfermeira. Esta, ciente da condição do paciente, põe-se à disposição. Incentivando com

seus gestos naturais e simples, de uma forma leve nas palavras “aguente firme” o seu

paciente, Carter, fazendo-o sorrir de sua falta de saúde.

IV – Sinopse do filme “Antes de partir”

Dados:

Título original The Bucket List

Lançamento 22 de fevereiro de 2008 (1h37min)

Dirigido por Rob Reiner

Com Jack Nicholson, Morgan Freeman, Sean Hayes mais

Gênero Drama , Aventura , Comédia

Nacionalidade EUA

Distribuidor WARNER BROS

Ano de produção 2007

Carter Chambers (Morgan Freeman) é um homem casado, que há 46 anos trabalha

como mecânico. Submetido a um tratamento experimental para combater o câncer, ele

se sente mal no trabalho e com isso é internado em um hospital. Logo passa a ter como

companheiro de quarto Edward Cole (Jack Nicholson), um rico empresário que é dono

do próprio hospital. Edward deseja ter um quarto só para si mas, como sempre pregou

que em seus hospitais todo quarto precisa ter dois leitos para que seja viável

financeiramente, não pode ter seu desejo atendido pois isto afetaria a imagem de seus

negócios. Edward também está com câncer e, após ser operado, descobre que tem

poucos meses de vida. O mesmo acontece com Carte, então decidem colocar alguns

desejos em prática. É um filme ótimo! Engraçado, comovente, inspirador - com dois

grandes atores! Faz a gente repensar o que é importante na vida realmente faz lembra a

seguinte frase: "A tragédia da vida não é que ela termina cedo,

mas que esperamos tanto para começá-la"

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REFERÊNCIA

http://www.minhavida.com.br/saude/temas/cancer

Último acesso em 02/08/2014. Texto online referenciado por:

Gilberto de Castro Jr., oncologista do Instituto do Câncer do Estado de São

Paulo (Icesp)

Anderson Arantes Silvestrini, oncologista da Sociedade Brasileira de Oncologia

Clínica (SBOC)

Instituto nacional do câncer (inca)