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A PERSPECTIVA DE MADALENA FREIRE por: Colunista Portal - Educação Madalena Freire é filha de Paulo Freire “O querer bem, o amor, regia sua interação com o mundo. Muito pouco o entenderam (ou, ainda não o entendem) sobre essa sua convicção é preciso querer bem para educar, aprender e ensinar. Penso que era essa capacidade de amar que lhe dava possibilidade intensa de educar sua paciência impaciente. Sempre com aqueles olhos de menino curioso, incansável diante do novo, do conflito, do que não conhecia”. (FREIRE, Madalena, ano, p.) Madalena Freire é filha de Paulo Freire e, também seguidora, discípula de seus ensinamentos e protetora de seu legado. Podemos considerar que existe uma forte influência, nas elaborações da educadora Madalena, das teorias freireanas, principalmente, por seu percurso acadêmico e profissional. É importante destacar alguns pontos que se tornam referências para uma educação mais progressista, dos quais destacamos: centro de interesses, a educação como arte, a educação e a paixão, a emoção e a aprendizagem, o trabalho de grupo, sistematização e o diário do educador, o planejamento e a

A Perspectiva de Madalena Freire

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A PERSPECTIVA DE MADALENA FREIREpor: Colunista Portal - Educação

Madalena Freire é filha de Paulo Freire

“O querer bem, o amor, regia sua interação com o mundo. Muito pouco o entenderam (ou, ainda não o entendem) sobre essa sua convicção é preciso querer bem para educar, aprender e ensinar. Penso que era essa capacidade de amar que lhe dava possibilidade intensa de educar sua paciência impaciente. Sempre com aqueles olhos de menino curioso, incansável diante do novo, do conflito, do que não conhecia”. (FREIRE, Madalena, ano, p.)

Madalena Freire é filha de Paulo Freire e, também seguidora, discípula de seus ensinamentos e protetora de seu legado. Podemos considerar que existe uma forte influência, nas elaborações da educadora Madalena, das teorias freireanas, principalmente, por seu percurso acadêmico e profissional.

É importante destacar alguns pontos que se tornam referências para uma educação mais progressista, dos quais destacamos: centro de interesses, a educação como arte, a educação e a paixão, a emoção e a aprendizagem, o trabalho de grupo, sistematização e o diário do educador, o planejamento e a curiosidade das crianças, entre outros aspectos.

Madalena Freire desenvolve sua proposta de educação, principalmente preocupada com a Educação Infantil, buscando trazer em suas elaborações os princípios freireanas. Para tal, concebe a educação como um espaço político-pedagógico, do qual a paixão deve ser propulsora das leituras do mundo. A educação é a possibilidade de humanização da sociedade, da construção da consciência. Ser educador é ser artista, pois a educação é uma arte - arte de educar. 

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Segundo Madalena Freire (1995): “O educador lida com a arte de educar. O instrumento de sua arte é a pedagogia. Ciência da educação, do ensinar. É no seu ensinar que se dá seu aprendizado de artista. Toda pedagogia sedimenta-se num método. Maneira de ordenar, organizar com disciplina, a ação pedagógica, segundo certos pressupostos teóricos. Toda pedagogia está sempre engajada a uma concepção de sociedade, política. É neste sentido que, nesta concepção de educação, este educador faz arte, ciência e política. 

Faz política, quando alicerça seu fazer pedagógico a favor ou contra uma classe social determinada. Faz ciência, quando apoiado no método de investigação científica, estrutura sua ação pedagógica. Faz arte, porque cotidianamente enfrenta-se com o processo de criação na sua prática educativa, em que, no dia a dia, lida com o imaginário e o inusitado. A ação criadora envolve o estruturar, dá forma significativa ao conhecimento. Toda ação criadora consiste em transpor certas possibilidades latentes para o campo do possível, do real”. (MADALENA FREIRE, 1995, p. 36).

Dessa maneira, podemos observar uma preocupação muito grande em destacar na educação suas características mais afetivas, mais humanas, ou seja, a afetividade torna-se uma das principais referências no processo de construção do saber. A aprendizagem passa necessariamente pelas experiências possibilitadas pela paixão e, assim, é um desafio saber ensinar sem inibir as emoções presentes na elaboração do conhecimento.

É importante destacar que, para Madalena Freire, a construção do conhecimento, assim como os processos de aprendizagem, são inerentes as emoções dos seres humanos e, portanto, estão abertas às experiências de prazer, de sofrimento, de alegria, de medo, de coragem, entre outras sensações. 

Assim, Freire (1995) ressalta que: “No exercício disciplinado de sua arte (mediado por seus instrumentos metodológicos) é que a paixão de educador é educada. Educador ensina a pensar, e enquanto ensina, sistematiza e apropria-se do seu pensar. Pensar é o eixo da aprendizagem. Para pensar e aprender tem-se que perguntar. E para perguntar é necessário existir espaço de liberdade e abertura para o prazer e o sofrimento, inerentes a todo processo de construção do conhecimento. 

A pergunta é um dos sintomas do saber. Toda pergunta revela o nível da hipótese em que se encontra o pensamento e a construção do conhecimento. Revela também a intensidade da chama do desejo, da curiosidade de vida. Ansiedades, confusões e inseguranças são constitutivas do processo de pensar e aprender. Assim como também o imaginar, o fantasiar e o sonhar. Não existe pensamento criador sem esses ingredientes. Educador ensina a pensar. Mas somente pensar não basta. Educador ensina a pensar e a agir, segundo o que se pensa quando se faz. Nessa concepção de educação, o educador é um leitor, escritor, pesquisador,

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que faz ciência da educação”. (FREIRE, 1995, p. 40).

Outro aspecto de grande importância na concepção de educação de Madalena é o grupo. Os grupos são instrumentos pedagógicos fundamentais para a melhor efetivação de uma educação para a cidadania. O grupo pode tornar-se um espaço onde as experiências de participação e a efetivação de uma proposta democrática de sociedade sejam efetivadas.

Nessa perspectiva, Madalena elaborou as experiências do Centro de Interesses, onde se busca atender as crianças de forma plena, levando em consideração suas necessidades sociais, afetivas, cognitivas, entre outras. Aguçar a curiosidade da criança, assim como pensar as ações pedagógicas, justamente a partir destas curiosidades é o grande desafio do educador. Para tal, o educador deve ser primeiro um bom observador, estimular o surgimento, na criança e no grupo, das curiosidades, para, a partir delas, construir, em conjunto, as relações com o mundo em que vivem. O Centro de Interesses é a incorporação, na Educação Infantil, dos Temas Geradores propostos por Paulo Freire - ensinar é um ato de leitura da realidade. 

Quando falamos que o educador deve ser um bom observador, não nos esquecemos de que esta qualidade deve ser desenvolvida no conjunto dos educandos, no âmbito de todos os agentes envolvidos no processo pedagógico de um grupo, pois, para Freire (1995): “O instrumento da observação apura o olhar (e todos os sentidos) tanto do educador quanto do educando para a leitura diagnóstica de faltas e necessidades da realidade pedagógica. Para objetivar esse aprendizado, o educador direciona o olhar para três eixos que sedimentam a construção da aula: o foco da aprendizagem individual e/ou coletiva; o foco da dinâmica na construção do encontro e o foco da coordenação em relação ao seu desempenho na construção da aula”. (FREIRE, 1995, p. 45).

Podemos, assim, afirmar que o registro é uma função imprescindível no processo pedagógico. Este registro pode ser materializado a partir do uso de um Diário, o qual conterá os conteúdos, procedimentos, avanços e limites, possibilidades e dificuldades do grupo e de cada criança. "O registro é a forma de deixar nossa marca no mundo", afirmou Madalena. Segundo a educadora, somente mediado pelos registros o professor apropria-se de sua história individual e coletiva. Segundo Freire (1996) "A escrita possibilita a materialização, dá concretude ao pensamento, dando condições de voltar ao passado enquanto se está construindo o presente".

Para Madalena Freire (1996): “Muito temos aprendido e muito temos ainda a aprender, mas também já construímos algumas certezas. Acreditamos que o registro da reflexão sobre a prática pedagógica, juntamente com o estudo teórico e o aprender a observar, avaliar e planejar, inseridos no aprendizado de viver em grupo construindo vínculo e conhecimento, necessita ter um acompanhamento permanente, no núcleo da escola”. (MADALENA FREIRE, 1996, p. 46). 

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Portanto, percebemos que o legado de Paulo Freire é amplamente defendido e ressignificado a partir das práticas e teorias desenvolvidas por sua filha e educadora Madalena Freire. O sonho de construir uma sociedade mais digna para todos é uma das principais funções da educação.

Fonte: PORTAL EDUCAÇÃO - Cursos Online : Mais de 1000 cursos online com certificado http://www.portaleducacao.com.br/educacao/artigos/32639/a-perspectiva-de-madalena-freire#ixzz2eVYTf6a3