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Metodologia e Prática de Ensino Educando o olhar da observação Sumário 1 Educando o olhar da observação.................................. .........1 1.1 Aprendizagem do olhar........................................................1 1.2 Direcionando o Olhar...........................................................3 1.2.1 Sobre a prática do instrumento da observação entre educador e educando............................................................4 1.3 Sobre a ação do observador............................................... 4 1.4 Sobre a Observação............ ...............................................5 1.5 O Sensível Olhar-Pensante............................ .....................8 1.6 O nascimento de um sensível olhar-pensante...................9 1.7 O ato de olhar.................. ....................................................9 1.8 A arte como registro do sensível olhar-pensante..............12 1.9 Olhar o olhar do outro ....................................................... 14 1.10 A multiplicidade de leituras..............................................17 1.11 Pedagogia do olhar.......................................................... 18 2 o registro e a reflexão do educador.......................... ............ 21 2.1 Sobre o ato de escrever................ .................................... 21 2.2 Reflexão e processo de formação do educador............ ....22 2.3 Importância e Fun ção do Registro escrito, da Reflexão.. . 23 2.4 O Ser Consciente o enredo social e a superação do efêmero............. .......................................................................26 2.4.1 O Mito de Sísifo..........................................................26 2.5 Sujeito Construtor do Conhecimento............ ..................... 30 3 estudo e reflexão............. ............................... ........................32 3.1 Sobre o Ato de Estudar-Refletir............................ .............32 3.2 A Propósito do Ato de Estudar....................... ...................32 3.3 Contribuições de uma diferença................................... .....34 Observação Registro Reflexão Instrumentos Metodológicos I 1 Educando o olhar da observação 1.1 Aprendizagem do olhar Madalena Freire Weffort Não fomos educados para olhar pensando o mundo, a realidade, nós mesmos. Nosso olhar cristalizado nos estereótipos produziu em nós paralisia, fatalismo, cegueira. Para romper esse modelo autoritário, a observação é a ferramenta básica neste aprendizado da construção do olhar sensível e pensante. Olhar que envolve ATENÇÃO e PRESENÇA . Atenção que segundo Simone Weil é a mais alta forma de generosidade.  Atenção que envolve sintonia consigo mesmo, com o grupo. Concentração do olhar inclui escuta de silêncios e ruídos na comunicação. O ver e o escutar fazem parte do processo da construção desse olhar. Também não fomos educados para a escuta. Em geral não ouvimos o que o outro fala; mas sim o que gostaríamos de ouv ir. Neste sentido ima gin amo s o que o out ro estaria Página 1

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Metodologia e Prática de Ensino Educando o olhar da observação

Sumário1 Educando o olhar da observação...........................................1

1.1 Aprendizagem do olhar........................................................11.2 Direcionando o Olhar...........................................................3

1.2.1 Sobre a prática do instrumento da observação entreeducador e educando............................................................

1.3 Sobre a ação do observador...............................................1. Sobre a Observação...........................................................!1.! O Sens"vel Olhar#$ensante.................................................%1.& O nascimento de um sens"vel olhar#pensante...................'1.( O ato de olhar......................................................................'1.% A arte como registro do sens"vel olhar#pensante..............121.' Olhar o olhar do outro .......................................................11.1) A multiplicidade de leituras..............................................1(

1.11 $edagogia do olhar..........................................................1%2 o registro e a reflexão do educador......................................212.1 Sobre o ato de escrever....................................................212.2 *e+le,ão e processo de +ormação do educador................222.3 -mportncia e /unção do *egistro escrito0 da *e+le,ão... 232. O Ser onsciente o enredo social e a superação doe+mero....................................................................................2&

2..1 O ito de S"si+o..........................................................2&2.! Su4eito onstrutor do onhecimento.................................3)

3 estudo e reflexão....................................................................32 3.1 Sobre o Ato de 5studar#*e+letir.........................................32

3.2 A $rop6sito do Ato de 5studar..........................................323.3 ontribuiç7es de uma di+erença........................................3

Observação

*egistro

*e+le,ão

-nstrumentos etodol6gicos -

1 Educando o olhar da observação

1.1 Aprendizagem do olhar 

adalena /reire 8e++ort

9ão +omos educados para olhar pensando o mundo0 arealidade0 n6s mesmos. 9osso olhar cristalizado nos estere6tiposproduziu em n6s paralisia0 +atalismo0 cegueira.

$ara romper esse modelo autoritário0 a observação : a+erramenta básica neste aprendizado da construção do olharsens"vel e pensante.

Olhar ;ue envolve ATENÇà e  P!ESENÇA. Atenção;ue segundo Simone 8eil : a mais alta +orma de generosidade. Atenção ;ue envolve sintonia consigo mesmo0 com o grupo.oncentração do olhar inclui escuta de silncios e ru"dos nacomunicação.

O ver e o escutar +azem parte do processo da construçãodesse olhar. <amb:m não +omos educados para a escuta. 5mgeral não ouvimos o ;ue o outro +ala= mas sim o ;ue gostar"amosde ouvir. 9este sentido imaginamos o ;ue o outro estaria

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+alando... 9ão partimos de sua +ala= mas de nossa +ala interna.*eproduzimos desse modo o mon6logo ;ue nos ensinaram.

O mesmo acontece em relação ao nosso olharestereotipado0 parado0 ;uerendo ver s6 o ;ue nos agrada0 o ;uesabemos0 tamb:m reproduzindo um olhar de mon6logo. >m

olhar e uma escuta dessintonizada0 alienada da realidade dogrupo. ?uscando ver e escutar não o grupo @ou o educando real0mas o ;ue temos na nossa imaginação0 +antasia B a criança dolivro0 o grupo idealizado.

Cer e Ouvir demanda implicação0 entrega ao outro.

5star aberto para v#lo eou ouvi#lo como :0 no ;ue diz0partindo de suas hip6teses0 de seu pensar. E buscar a sintoniacom o ritmo do outro0 do grupo0 ade;uando em harmonia onosso.

$ara tanto0 tamb:m necessitamos estar concentradoscom nosso ritmo interno. A ação de olhar e escutar : um sair desi para ver o outro e a realidade segundo seus pr6prios pontosde vista0 segundo sua hist6ria.

S6 podemos olhar o outro e sua hist6ria se temosconosco mesmo uma abertura de aprendiz ;ue observa @seestuda em sua pr6pria hist6ria.

9este sentido a ação de olhar : um ato de estudar a sipr6prio0 a realidade0 o grupo F luz da teoria ;ue nos inspira. $oissempre s6 ve4o o ;ue sei @Gean $iaget. 9a ação de se perguntar

sobre o ;ue vemos : ;ue rompemos com as insu+icincias dessesaber= e assim0 podemos voltar F teoria para ampliar nossopensamento e nosso olhar.

5ste aprendizado de olhar estudioso0 curioso0;uestionador0 pes;uisador0 envolve aç7es e,ercitadas do pensarHo classi+icar0 o selecionar0 o ordenar0 o comparar0 o resumir0 para

assim poder interpretar os signi+icados lidos. 9este sentido oolhar e a escuta envolvem uma AÇàaltamente movimentada"re#le$iva" estudiosa.

9este processo de aprendizagem venho constatandoalguns movimentos na sua construçãoH

● o movimento de concentração %ara a escuta do%r&%rio ritmo0 a;uecimento do pr6prio olhar e registro dapauta para a observação. O ;ue se ;uer observar0 ;uehip6teses se ;uer checar0 o ;ue se intui ;ue não se v0não se entende0 não se sabe ;ual o signi+icado0 etc.=

● o movimento 'ue se dá no registro dasobservaç(es0 seguindo o ;ue cada um se propIs napauta plane4ada. Onde o desa+io está em sair de si paracolher os dados da realidade signi+icativa e não daidealizada=

● o movimento de tra)er %ara dentro de si arealidade observada0 registrada0 para assim poderpensá#la0 interpretá#la. E en;uanto re+lito sobre o ;ue vi;ue a ação de estudar e,trapola o patamar anterior. 9estemovimento podemos nos dar conta do ;ue ainda nãosabemos0 pois iremos nos de+rontar com nossas hip6tesesade;uadas e inade;uadas e construir um plane4amento do;ue +alta observar0 compreender0 estudar.

5ste plane4amento aponta para dois movimentosH

>m0 ;ue vai lidar com a construção da nossa pauta deobservação segundo os movimentos 4á mencionados pra suaconstrução. Ou se4a0 a observação avalia0 diagnostica0 a zonareal do conhecimento para poder0 signi+icativamente0 lançar@casando conteJdos da mat:ria com conteJdos do su4eito0 darealidade os desa+ios da zona proximal  do conhecimento a sere,plorado.

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Outro0 ;ue concentra#se na devolução @sair de si0 outravez... para construção de propostas de atividades @enraizadasnas observaç7es +eitas para o grupo onde novos desa+ios irãoser trabalhados.

$odemos concluir0 portanto0 ;ue o ato de observar

envolve todos os instrumentosH a re+le,ão0 a avaliação e oplane4amento= pois todos se intercruzam no processo dial:tico depensar a realidade.

1.2 Direcionando o lhar 

adalena /reire 8e++ort

O instrumento da observação apura o olhar @e todos ossentidos tanto do educador ;uanto do educando para a leituradiagn6stico de +altas e necessidades da realidade pedag6gica.

$ara ob4etivar esse aprendizado o educador direciona oolhar para trs +ocos ;ue sedimentam a construção da aulaH

● o +oco da aprendizagem individual eou coletiva=

● o +oco da dinmica na construção do encontro=

● o +oco da coordenação em relação ao seudesempenho na construção da aula.

$or ;ue : necessário +ocalizar o olharK Olhar sem pautase dispersa. Olhar pes;uisador tem plane4amento pr:vio dahip6tese ;ue se vai perseguir durante a aula0 em cada um

desses trs +ocos.9o in"cio desse aprendizado0 em ;ual;uer grupo0 :

ade;uado ter somente um +oco para priorizarH ou naaprendizagem0 ou na dinmica ou na coordenação. Dado comosuposto a grande di+iculdade de concentração do olhar0 dopensamento e da participação ao mesmo tempo0 : aconselhável

priorizar um +oco de cada vez.

9o +oco da aprendizagem o desa+io do educador : lançar;uest7es ;ue cercam a observação do educando em relação aoseu pr6prio processo @ou do grupo de aprendizagem. Luest7escomoH # Lue momentos de mal estar eu vivi no decorrer da aulaK=

# O ;ue de mais signi+icativo constatei ;ue sei e ;ue não seiK=etc. om estas ;uest7es laçadas no in"cio do encontro B e ;ueserão no +inal retomadas na avaliação aula # 0 o desa+io : obrigaro educando a construir seu distanciamento @re+le,ivo sobre seuprocesso de aprendizagem durante o desenvolvimento da aula.

Gá ;ue estas ;uest7es lançadas no in"cio da aula são no+inal retomadas na atividade de avaliação0 podemos concluir ;ueestas ;uest7es0 chamadas por mim de Pontos de bservação0constituem a pauta da avaliação. Ou se4a0 pontos de observaçãoconstituem o plane4amento da avaliação da aula.

Os pontos de observação em cada +oco ap6iam aconstrução do aprendizado do olhar B olhar a dinmica doencontro= dinmica ;ue não signi+ica criar a atividade desensibilização0 dinmica ;ue a;ui : entendida como 4eito0 o ritmo;ue o grupo viveu a construção das interaç7es na aulaHacelerado0 arrastado0 em desarmonia0 em harmonia0 etc.Dinmica ;ue envolve observar o grupo 4untamente com acoordenação.

Luest7es neste +oco poderão lidar comH # Luais osmovimentos r"tmicos ;ue o grupo viveu durante sua participação

na aulaK Ou0 # omo o grupo e,pressou suas divergncias eouconcordncias durante a aulaK etc.

 Aprendendo a olhar a si pr6prio0 ao grupo0 a dinmica;ue vai sendo composta0 vai alicerçando a capacidade de ler eestudar a realidade.

Observar a coordenação +az parte do pensar o ;ue : ser

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educador0 e o ;ue : ser educando. E en;uanto o educandoobserva o ensinar da coordenação0 ;ue ele aprende a ser melhoraluno e tamb:m melhor educador. $elo simples +ato de ;ue0diante do modelo0 ele pensa0 re+lete0 distancia#se0 constr6iconceitos B teoria do ;ue : aprender e ensinar.

<amb:m observando a coordenação inicia seu processode desmisti+icação da mesma. omeça a constatar ;ue elacomete erros0 derrapadas0 incoerncias0 etc.

Luest7es neste +oco poderão cercarH # omo acoordenação construiu sua sintonia com o conteJdo da mat:ria eo signi+icativo do grupoK Ou B omo a coordenação lidou com oscon+litos0 as divergncias0 as di+erenças durante a aulaK etc.

5star sendo observado tamb:m : instrumento valiosopara a coordenação0 pois nesse retorno de seus alunos pode teruma avaliação do ;ue realmente está conseguindo ensinar. Se

está conseguindo atingir seus ob4etivos ou o ;ue +alta construirde intervenç7es0 encaminhamentos0 devoluç7es0 para a pr6,imaaula.

9este espaço onde o educando +az devoluç7es sobre seensinar : aonde o educador vai podendo construir#se @educando#se tamb:m en;uanto aprendiz.

1*+*1 Sobre a %rática do instrumento daobservação entre educador e educando

5ducador aprende a observar. 5ducando tamb:m.5ducando troca com educando0 coordenado pelo

educador0 sobre o ;ue se observa.

5ducador troca com educador0 coordenado por um outroeducador0 sobre o ;ue se observa.

5ducador interage com educando desenvolvendo#lhe0espelhando#lhe0 suas con;uistas e +altas na situação observada.

O educador ;uando desempenha a +unção deobservador0 como co#produtor ;ue +oi da pauta e doplane4amento do pro+essor0 tem uma atuação vivamente re+le,iva

por:m silenciosa para o grupo. Silenciosa por;ue ele não está na+unção de pro+essor do grupo. 5le : um outro educador0 comuma tare+a di+erenciada0 espec"+icaH # observar a coordenação noseu ensinar0 na sua interação com o grupo e seus participantes.

5le não +az intervenç7es nem devoluç7es para o grupopor;ue não : o educador do grupo. Sua participação se dá emoutro n"vel. omo tamb:m0 poderá haver certas atividades ondesua participação com intervenç7es se4a plane4ada anteriormente.

5le +az devoluç7es de suas observaç7es para oeducador do grupo. 9este sentido0 um educador ;uando está

nesta +unção0 : educador do educador. $or isso mesmo nãointerage com os educandos de seu educador= mas somente comele @educador0 devolvendo#lhe suas observaç7es0 espelhandocon;uistas e +altas na prática deste.

1.3 !obre a ação do observador 

Observar não : invadir o espaço do outro0 sem pauta0sem plane4amento0 nem devolução0 e muito menos sem encontromarcado...

Observar uma situação pedag6gica : olhá#la0 +itá#la0mirá#la0 admirá#la0 para ser iluminada por ela.

Observar uma situação pedag6gica não : vigiá#la0 massim0 +azer vig"lia por ela0 isto :0 estar e permanecer acordado porela0 na cumplicidade da construção do pro4eto0 na cumplicidadepedag6gica.

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1." !obre a bservação

irian eleste artins

Dentre os instrumentos metodol6gicos ;ue ap6iam anossa prática pedag6gica0 a avaliação e a observação estão

diretamente conectadas. Ao +inal de cada encontro no 5S$AMO $5DANN-O0

se4a no curso de +ormação de educadores0 nas nossas reuni7esde e;uipe0 nas Noitadas Pedaggicas  ou0 mesmo nasassessorias individuais0 a avaliação está sempre presente emduas vertentesH no levantamento de conteJdos trabalhados e nae,posição das observaç7es realizadas.

O e,erc"cio de trazer F tona os conteJdos ;ue +oramdiscutidos e trabalhados durante o encontro possibilita aapropriação do conhecimento= marcando o ;ue se sabe e0

abrindo espaço tamb:m para o ;ue ainda não se sabe e ;ueprecisa ser pes;uisado0 estudado0 pensado. Piga#se assim aoplane4amento0 com encaminhamentos do educador para acontinuidade e apro+undamento do conhecimento.

Os conteJdos são classi+icados em ei,os ;ue evidenciamo percurso e os ngulos de visão desvelados e ampliados nogrupo0 intermediados pelo educador.

 Al:m destas vertente0 a avaliação está estritamenteconectada com a observação. as : necessário0 umasistematização da observação para ;ue se torne subs"dio para a

avaliação0 se4a inicial0 +ormativa ou somat6ria.Luando o educador traça a sua pauta de observação ele

 4á tem em mente as hip6teses do educando. Suas perguntas0;ue encaminham a observação0 poderão con+irmar ou não estaship6teses durante a avaliação realizada no +inal do encontro.5stas observaç7es são trabalhadas depois0 atrav:s do registro

+eito0 da elaboração da s"ntese do encontro e de sua re+le,ão0retomando a avaliação e o plane4amento para o pr6,imoencontro.

$ode#se dizer0 assim0 ;ue e,iste uma organicidade entreobservação0 registro0 re+le,ão0 avaliação e plane4amento

en;uanto instrumentos metodol6gicosH9a prática0 como se dá o e,erc"cio da observação e da

avaliação nos nossos encontros no 5S$AMO $5DANN-OK

omo trabalhamos com educadores0 n6s tamb:mpropomos pauta de observação para estes educadores ;uevivem o papel de educando nos nossos encontros.

Determinado ou escolhido no in"cio do encontro0 O $ontode Observação se concretiza numa pergunta ;ue instrumentalizao olhar para +ocalizar0 ao longo da construção do encontro0

aspectos ;ue podem trazer novas relaç7es0 apontando novosparmetros para este olhar. E um roteiro para a construção deum olhar cr"tico0 olhar educado. Olhar pr:vio0 previsto no in"ciodo encontro0 +ocalizando a ação +utura sob algum aspecto emparticular vinculado a uma avaliação plane4ada0 +ecundando o atore+le,ivo.

5m nossa prática0 os Pontos de bservação desa+iamolhar em trs direç7es.

$odem recair sobre o a%rendi)ado individual e,oucoletivo0 propondo ;uest7es relativas ao ;ue o educando

percebeu ;ue aprendeu= o lhe +oi mais signi+icativo= em ;ueaspectos ;uer apro+undar o estudo= como +oi o seu arriscar ounão sua participação no grupo= etc.

$odem tamb:m +ocalizar a din-mica0 levando oeducando a perceber as relaç7es estabelecidas entre osverticais0 isto :0 os elementos do grupo= entre o grupo e o ob4eto

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de conhecimento0 a discernir momentos de tensão e caos@con+litos cognitivos e a+etivos0 mal#estar0 medos0 etc.= e osmomentos de rela,amento e ordem @resolução dos con+litos0harmonia0 sintonia0 etc.= ou ainda0 as di+erenças dos silncios0os pap:is grupais0 etc.

 A coordenação tamb:m pode ser ob4eto de observaçãodo educador#educando0 no sentido de perceber como acoordenação socializou as di+erenças= como trabalhou os ritmosdi+erentes dos elementos do grupo= o ;ue e como desa+ioucon+litos cognitivos e a+etivos= o ;ue a4udou a construir= etc.

omo 4á dissemos0 o educador#educando tempossibilidade de escolher o ponto ;ue ;uer observar entre algunsselecionados= ou o coordenador0 partindo de alguma hip6tese0 4áo determina. Durante o encontro o coordenador pode relembrareste +oco0 educando a observação.

Durante a avaliação0 antes ou depois do levantamento deconteJdo0 : dado um pe;ueno espaço0 para ;ue o educandoreve4a suas anotaç7es do encontro e pense para socializar. Ospontos de observação trazem ao coordenador a possibilidade deperceber aspectos individuais e0 dando assim0 mais parmetrospara compreender e poder intervir mais com cada aluno. Aavaliação dei,a de ser a mesmice de ;ue a reunião ou atividade+oi boa0 gostosa ou não0 produtiva ou não0 pois : poss"vel aclararos avanços e os recuos ;ue e,istiram e suas causas.

O e,erc"cio deste olhar do coordenador0 ;ue +ocaliza os

$ontos de Observação e depois v a avaliação sobre eles0 : uminstrumento poderoso para o plane4amento0 desde ;ueregistrados e re+letidos.

9a nossa prática tamb:m trabalhamos com a +igura doobservador. E um outro educador ;ue tamb:m trabalha com ogrupo0 mas ;ue na;uele momento permanece como observador

apoiando o coordenador nesta tare+a. 5ste papel mereceria umalonga e pro+unda análise ;ue não cabe neste momento.

Dentro do urso de /ormação de 5ducadores0 Os$ontos de Observação lançados tm apresentado umatrans+ormação. 5sta não se dá F n"vel de seu conteJdo0 mas na

sua +orma. As ;uest7es colocadas não se repetemconstantemente0 não se cristalizam.

ada vez mais busca#se construir pontos de observação;ue e,ercitem o educador#educando na relação com o pr6prioob4eto ;ue está sendo estudado. /átima amargo0 na $rática<e6ricaDesenvolvimento0 ao estudar GONO lançou pontos0 noin"cio da aula0 ;ue procurava conscientizar os educadores#educandos da estrutura do pr6prio 4ogo. >m e,emplo pode serdado0 embora tenha e,istido0 dentro deste conteJdo0 outras;uest7es igualmente criativas e coerentes com o ob4eto de

estudoH● em relação ao aprendizado pessoalH

Lual +oi meu 4ogoK omo venho construindo aminha chance de ganharK

● em relação F dinmicaH

omo se deu a complementariedade na práticaK

● em relação F coordenaçãoH

omo a coordenação0 na condição de árbitro0

interagiu com o grupoKDentro desta mesma id:ia0 outros e,emplos podem ser

dados +rente a ob4etos de estudo trabalhados por Guliana Davini0na $rática <e6rica$sicanáliseH

● em relação ao aprendizado pessoalH

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omo constru" minha participação na aula maise,positivaK

onsegui socializar e ser escutada no meupensamentoK

● em relação F dinmicaH

omo está o Nrupo no en+rentamento dos+antasmas despertados pelo estudo da teoriaK

● em relação F coordenaçãoH

omo a coordenação trabalhou neste encontro nolidar com as di+erençasdivergnciasK

Ou0

#$prender não % senão aprender a indagar&Não há investigação poss'vel sem ansiedade

no campo de trabalho( provocada pelodesconhecido )ue( por ser desconhecido( % perigoso* +,os% -leger.

-nspirada neste +oco para seu olhar0 comente estaa+irmação em relação ao seu aprendizado0 ao grupo ou Fcoordenação.

<amb:m tem sido criadas situaç7es para e,pressão daobservação0 utilizando#se de outras linguagens. Assim0 atrav:sdo gesto0 do som0 de imagens0...o pontos de observação são

socializados durante o processo de avaliação. adalena /reire0na $rática $edag6gica e etodol6gica0 no estudo da rotina0 ondetempo e ritmo são cruciais0 lançou pontos ;ue trabalham estesconceitos vividos0 e tornados mais conscientes0 a partir doobservar o pr6prio movimento do grupoH

● em relação ao aprendizado pessoalH

Luais os ritmos ou ritmo ;ue vivi no meu processode aprendizagem na construção da aulaK 5,presse#os porsons0 gestos0 movimento.

Luais os ritmos ou ritmo central ;ue o grupo viveuna construção da aulaK

● em relação F coordenaçãoH

Lual o ritmo da coordenação no e,erc"cio dasintervenç7es0 dos encaminhamentos e de devoluç7esK

9a $rática 5st:tica0 por sua pr6pria essncia0 estespontos de observação tm +uncionado como a e,perimentaçãode outras linguagens0 ou na utilização da pr6pria linguagemverbal0 estimulando#se o uso de metá+oras. $ensar0 por e,emplo0o encontro como prato de comida0 ob4etos eletrodom:sticos0tecidos0 tipos de roupas0 ou uma partitura musical eou uma

se;uncia de sons0 como imagens ou gestos pode provocar a+ala sem barreiras0 ;ue se e,pressa por outros ve"culos. /alassem barreiras por;ue são liberados aspectos ;ue seriamdi+icultados pela Q+ormalidadeR da linguagem verbal. /alas ;uee,ercitam discursos gestuais0 sonoros0 cnicos0 visuais0encontrando novos signi+icados neste +azer e +acilitando apercepção e +ornecendo importantes constataç7es para oplane4amento dos pr6,imos encontros. >m e,emploH

 Avaliar o encontro em relação ao aprendizado pessoal0ao grupo0 e F coordenação utilizando#se para isto de elementosdo reino animal0 vegetal eou mineral.

>m outro e,emploH Depois de uma aula em ;ue setrabalhou sobre o acaso0 o lidar com o imprevisto provocado porgotas de ecoline sobre papel molhado0 +oi colocada esta ;uestãoH$ensando o encontro como um pingo de tinta0 por onde elevia4ouK Onde tocouK

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 A +olha ;ue cada um recebeu tinha ;uatro obstáculos.5m trs deles estavam escritos alguns conteJdos ;ue pareciamsigni+icativos para cada aluno @ por e,emploH minha prática0conteJdos espec"+icos0 organização dos conteJdos0 etc.0 e umdeles estava em branco. 9ele seria colocado o conteJdo

perseguido por cada um no encontro. Al:m das variaç7es0 os $ontos de Observação tamb:mtm ganhado +ormas de apresentação di+erentes. As ;uest7espodem ser distribu"das no in"cio do encontro0 por e,emplo com+ormas di+erentes de papel0 semelhantes para todos0 ou com;uest7es espec"+icas para cada um. As +ormas e cores temsentido dentro das avaliaç7es anteriores0 e não como Qen+eitesRpara tornar mais est:tica a ação pedag6gica.

>m e,emploH adalena trou,e para o grupo0 os pontosde observação em pap:is colados em algodão. 5sta ação tinha

como re+erncia a +ala do grupo0 depois de uma aula com muitasintervenç7es0 consideradas duras pelos educadores#educandos.5les tamb:m haviam levantado0 em oposição dial:tica0 a açãotamb:m a+etiva da coordenação0 comparada com a car"cia deuma limpeza com 6leo0 ap6s o nascimento. Assim0 os pontos deobservação trazia a marca do encontro anterior e lançavam;uest7es pertinentes de +orma signi+icativa.

5sses e,emplos0 embora deslocados das situaç7esespec"+icas para as ;uais +oram criados0 atestam o +azer doeducador. <amb:m leitor e estudioso da realidade0 ele tem debuscar criativamente0 modos e +ormas @e não +6rmulas para ;ueo seu ensinar se4a cada vez mais signi+icativo para si e para ogrupo.

omo estas id:ias poderiam ser desenvolvidas emoutros gruposK

1.# !ens$vel lhar%&ensante

irian eleste artins

#$ mão )ue aponta para ns em #$ rondanoturna*está verdadeiramente ali( )uando a

sua sombra no corpo do capitão no0laapresenta simultaneamente de peril& Nocruzamento das duas vistas incomposs'veis( e)ue no entanto estão untas( ica aespacialidade do capitão+&&&. Para v0la( a ela(não era preciso v0lo( a ele&* erleau0Pont5 1

De ;ue mão +alava erleau#$ontK O ;ue ele havia visto;ue eu não tinha percebidoK 5 +ui a busca de uma reprodução.$rocurei a mão ;ue aponta. 5 antes de acabar de me interrogaronde estava sua sombra0 eu a descobriT

<udo aconteceu rapidamente. A leitura do te,to0 aprocura da reprodução0 o olhar atento sens"vel... 5 a emoção mepegou de +atoT

<antas vezes eu havia visto reproduç7es0 em livros eslides0 desta obra de *embrandt0 mas não me lembrava dessamão e sua sombra. 9ão +oi o olhar do pintor ;ue me +ez ver ovis"vel. O olhar de erleau#$ont0 registrado em palavras0 : ;ue+oi o responsável pela recriação da visibilidade da obra0 do meuolhar mais sens"vel.

$or ;ue isso não se deu pela pr6pria obraK $or ;ue s6atrav:s do olhar do outro eu pude ver o vis"velK Será ;ue s6 apalavra e,plicativa pode trazer novas maneiras de olharK

O reencontro com a obra de *embrandt iluminada pelaspalavras do +il6so+o0 em meio a um te,to0 me posicionou melhorsobre uma ;uestão crucialH nossos olhos +oram e,ercitados para

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o olharK

$ercebo ;ue0 se não olhei para a mão ;ue aponta e suasombra0 : por;ue0 talvez0 não me debrucei de +ato sobre a obra.Ci apenas um signi+icante ;ue 4á vinha carregado de signi+icadosdados pelos te6ricos de Uist6ria da ArteH a encomenda pJblica

;ue gerou polmica e revolta entre os pagantes ;ue malapareciam0 o 4ogo de luz e sombra barroco0 os tons douradosrembrandtianos....5 havia muito mais para perceber.

 At: ;ue ponto eu +ora convidada a entrar em contato coma obraK At: ;ue ponto me estimularam0 ou mesmo mepermitiram0 encontrar signi+icaç7es pessoais atrav:s de um olharsens"vel e sensibilizadoK

1.' nascimento de um sens$vel olhar%pensante

Lual o meu 4eito de olharK S6 ve4o o utilitário0 olharprático0 ob4etivo0 +rioK S6 ve4o e analiso pelo gosto0 não gostoKOu pelo bonito ou +eioK Serve para mim ou nãoK /antasio esteolhar com lentes cor de rosaK Olhar de $olanaK Olhar depiedade ou de inve4a do ;ue não : igual a mimK 5m ;ue Q+ormasRme amarraram para ver ArteK A Q+ormaRda c6pia da realidade ouda e,pressãoK 5 de ;ue e,pressãoK De ;ue belezaK*eprodução ou representaçãoK

ortar o cordão umbilical desta Q+ormaR : tirar as amarrasde um olhar comum. 5 assim como o ar do mundo enche ospulm7es e provoca o choro e a entrada num ritmo de vida= ascores0 as +ormas0 as te,turas0 o espaço do mundo enchem osolhos de um 4eito novo de olhar o 4á visto. Ansiedade0 medo0dese;uil"brio0 espanto0 admiração recheiam o novo olhar ;uee,ercita conscientemente na busca de novos ngulos.

5ducador ensina a pensar0 pensando.

5ducador ensina a olhar0 olhando. as0 não : um Qver;ual;uerR0 super+icial0 rápido0 não#implicado com oconhecimento.

5ducador ensina o sens"vel olhar#pensante. Olharsens"vel0 e ;ue : portanto a+etivo. Olhar ;ue pensa0 re+lete0

interpreta0 avalia.Olhar#pensante : percepção cognoscitiva. $ercepção

;ue vai al:m dos dados sensoriais. O olhar pensa0 : visão +eitainterrogação0 diz ardoso 2. Olhar#pensante curioso diante domundo0 ;ue transcende as aparncias e procura o ;ue está portrás.

$ara Nibson 3 aprender a ver : perceber di+erenças. AQ+ormaR restrita do olhar sem pensar s6 percebe0 s6 ;uer ver ohomogneo0 o bonito0 o ;ue compreende. O resto não lhe serve.E 4ogado +ora como se uma parte da realidade pudesse0 de +ato0

ser 4ogada no li,o.O olhar#pensante procura +ormas de olhar. $rocura no

pr6prio ob4eto a +orma de o compreender. $ercebe as di+erençaso ;ue 4á conhece. 5 +az relaç7es.

 Aprender a pensar0 aprender o olhar#pensante não :somar conhecimentos 4á internalizados0 apropriados. as :estabelecer relaç7es entre semelhanças e di+erenças. 5 paraisso uma Q+ormaRdo pensar ou do olhar não tem serventia.

 A minha +orma se e,ercita0 se instrumentaliza na ;uebra

das amarras de um olhar comum0 na procura consciente dapr6pria +orma de olhar0 no e,erc"cio de buscar ngulos novos0 naconstrução de relaç7es. E um olhar de pensamento divergente.

1.( ato de olhar 

$erceber a Q+ormaR do olhar super+icial0 preconceituoso0

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simpl6rio e reducionista +oi uma descoberta importante para mim0na medida em ;ue respondia a algumas indagaç7es +rente a+rase tantas vezes repetidaH Qnão sei desenharR. omo tema deminha dissertação de mestrado 0 intu"a ;ue esta +rase : dita0 háuma re+erncia a um tipo espec"+ico de desenho0 a;uele ;ue QnãoseiR. 50 assim0 descobri amarras de um olhar ;ue procura nodesenho a c6pia +idedigna da realidade. Olhar ;ue acredita nodom.

 A necessidade de desmisti+icar este Qmito do bomdesenhoR e a percepção de meus pr6prios ngulos de visão0encaminharam meu pensamento para apro+undar a ;uentão doolhar. Olhar tornado vis"vel pelo desenho ;ue nasce do gesto;ue dei,a marcas. Desenho ;ue registra os ecos do mundo emcada corpo.

*e+letir sobre o olhar o mundo e registrar esta visão e

olhar o olhar do outro atrav:s de sua obra se tornam ho4e;uest7es +undamentais para a compreensão da leitura e daapreciação da obra de arte.

5m e,press7es e prov:rbios encontramos muito assigni+icaç7es para o olho e olhar . $resentes no cotidiano0 elasapontam para a importncia0 a abrangncia0 a +re;uncia do atode olhar em todos os campos da atividade humana.

Qesse teu olhar( )uando encontra os meus

ala de umas coisas )ue eu não posso acreditar&&&*+P-.

8 claro( % evidente( sem sombra de d9vida: ;ogo se v&&&Está se vendo&&&<em algo a ver&&&

=lhe a)ui&&&>ea om )ue diz&&&$bra os olhos&&&

Estar de olho( icar de olho( ver com bons olhos&&&

?alta aos olhos&&&@eitar0lhe um olhar&&&

eu ponto de vista&&&?ua perspectiva&&&

 $mor a primeira vista&&&@e encher os olhos&&&

=s videntes( os visionários( o terceiro olho&&&

Não olhe para trás:&&&Não pregar o olho&&&

<em olho maior )ue a barriga: au olhado&&&=lho gordo&&&

=lho comprido&&&=lho de peixe morto&&&

=lho cl'nico&&&=lho vivo&&&

#= pior cego % )uele )ue não )uer ver* 

=lhe lá: 

 A cincia tamb:m privilegia a visão ;uando criainstrumentos capazes de traduzir o tempo0 a velocidade0 o peso0

o calor0 a pressão atmos+:rica0 a carga el:trica0 a elasticidade e"ndices ;ue são lidos e avaliados pela visão.

$ara Suzanne Panger !0 Q>er % em si um processo deormulaçãoA nosso entendimento do mundo vis'vel começa noolhoR.

as em ;ue grau de pro+undidade olhamos pra o mundo0para a obra0 para os "ndices vis"veis dos instrumentoscient"+icosK A vivncia da mão ;ue aponta a sombra0 4á descritas0atesta ;ue o ser humano nem sempre olha o ;ue v...

-sto acontece tamb:m diante da obra de arte nase,posiç7es0 ;uando a leitura da eti;ueta rouba o tempo deatenção dado a obra. Alguns0 com catálogos nas mãos0procuram avidamente as in+ormaç7es dese4adas e0 aoencontrarem0 seguem em +rente. QNão aria dierença alguma setivessem icado em casa( pois mal olharam a pintura& $penaschecaram o catálogo& 8 uma esp%cie de curto0circuito mental )ue

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a conscincia e o ;ue : percebidoR 1). A percepção :0 portanto0cognoscitiva0 não está desligada do ato de pensamento.ediando su4eito e ambiente0 a percepção ultrapassa o dadosensorial e vem carregada de signi+icados 11.

 A id:ia0 a imagem são aspectos ;ue se apresentam

tamb:m nestas ra"zes interligadasH QA;uele ;ue disoH VeidIV @euve4o0 o ;ue vK C e sabe o VeidIsRH +orma das coisas e,teriorese das coisas interiores0 +orma pr6pria de uma coisa @o ;ue ela :em si mesma0 essncia0 a Qid:iaR 12. 9esta mesma raiz estãoHeidolonH "dolo0 simulacro0 imagem0 retrato= eiasiaHrepresentação0 crença0 con4etura0 comparação= e eionH "cone0pintura0 escultura0 imagem0 imagem re+letida no espelho.

 A imagem como +orma visual de realidades concretas ouimaginárias : como visão recriada ou reproduzida.

9a tentativa de en+atizar os conceitos a;ui colocados0

criei o termo sens"vel olhar#pensante. <alvez não +ossenecessário criar o signi+icante Qolhar#pensanteR0 4á ;ue0 comovimos0 este dois atos estão sempre presentes. 5ntretanto0somando#os num novo substantivo0 pretendo chamar a atençãosobre o ato de olhar0 ;ue amplia o conceito corri;ueiro deobservação.

1*. A arte como registro do sens/vel olhar0%ensante

Q $ paisagem se pensa em mim e sou sua conscincia&R

:zanne

O olhar do indiv"duo sobre o mundo0 olhar ;ue nãoenvolve s6 a visão0 mas cada part"cula de sua individualidade0está pro+undamente colado F sua hist6ria0 F sua cultura0 ao seutempo e ao seu momento espec"+ico de vida.

O mundo desperta ecos em nossos corpos e suscitamtraçados.

Lualidade0 luz0 cor pro+undidade0 ;ue estão a" diante den6s0 a" s6 estão por;ue despertam um eco em nosso corpo0por;ue este lhe +az acolhida. 5ste e;uivalente interno0 esta

+6rmula carnal de sua presença ;ue as coisas suscitam em mimpor ;ue não haveriam de0 por seu turno0 suscitar um traçado0vis"vel ainda0 onde ;ual;uer outro olhar reencontrará os motivos;ue sustentam a sua inspeção do mundoK 5ntão aparece umvis"vel na segunda potncia0 essncia carnal ou "cone doprimeiro. 9ão : um duplo en+ra;uecido0 um Qtrompe#lV#oielR0 umoutra VcoisaV.13

5ste vis"vel0 na segunda potncia0 por;ue não : umvis"vel do mundo do natural0 mas do mundo manu+aturado0 :para Uuge1 uma terceira realidade0 ;ue re+lete e e,prime as

duas outrasH a do QeuR e a do Qnão#euR. E0 portanto0 o e;uivalenteinterno0 a imagem mental0 registrada sobre um suporte ;ual;uer0se4a o som0 a palavra0 a gestualidade da dança ou do ato cnico0se4a atrav:s da cor0 da +orma0 do espaço de uma escultura0 umapintura ou um desenho0 e ;ue +az parte do nosso cotidiano.

9a minha opinião e,iste uma vasta gama de imagens0 a;ue poderemos B racional e não meta+oricamente B chamar deimagens musicais0 po:ticas0 plásticas0 e ;ue considero comoembri7es +ormais ainda não completamente encarnados e Fespera de se traduzirem em obra de arte0 mas0 em todo o caso0ainda desprovidos de muitos atributos da obra de+initiva.R1!

 A arte : o registro concreto dessas imagens0 dessespensamentos visuais0 como diz Arnheim 1&0 tanto atrav:s das Artes $lásticas0 ;uanto atrav:s das demais l inguagens art"sticas.E a representação0 re#apresentação do olhar sens"vel. omolinguagem0 como +ala ;ue tamb:m : interna e tamb:m se

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e,terioriza0 a arte se utiliza de +ormas signi+icantes ;uesustentam signi+icados0 conceitos0 id:ias0 imagens mentais.

5ntre o ob4eto da realidade e a nossa concepção desteob4eto há um longo caminho interno0 um processo cognitivo0a+etivo e social ;ue se e,pressa atrav:s de sua representação. E

o terceiro elo0 como diz assirer 1(0 a resposta di+erida ;ue s6 ohomem como ser simb6lico pode dar. *esposta ;ue :pensamento.

O ;ue aguardamos dentro de n6s não : real0 mas a suarepresentação simb6lica. E ela ;ue volta ao mundo0 ;ue re#apresenta o real0 pela linguagem0 ;ue se estabelece compalavras0 gestos0 cores0 +ormas...

9este mecanismo de signi+icação há escolhas seletivas. As +ormas signi+icantes selecionadas entre muitas mostram asmarcas espec"+icas do signi+icado ;ue ;ueremos e,pressar.

Signi+icado ;ue tem elo com o mundo real0 se4a o mundoconcreto e palpável ou o mundo das id:ias. @9ão são todos ossinInimos ;ue atendem o signi+icado ;ue ;ueremos dar0 assimcomo não : ;ual;uer vermelho ;ue pode e,pressar uma id:iaum sentimento...

>ma paisagem0 um cavalo0 uma composição abstratapodem gerar di+erentes representaç7es0 mesmo criadas por umaJnica pessoa0 como : vis"vel em desenhos de Can Nogh ou nac:lebre s:rie de estudos de $icasso para a sua Nuernica. 5muitos outros podem ser mostrados0 con+rontando0 por e,emploH

a realidade +otogra+ada e a desenhada0 os modos di+erentes deregistrar a espacialidade atrav:s da perspectiva ou dede+ormaç7es0 possibilidades in+initas de registrar o sens"vel olharpensante. /ormas signi+icantes diversas ;ue provocam leiturasde signi+icados tamb:m diversos.

 A representação simb6lica está presente em todas as

culturas0 em todas as :pocas. O desenho : o mais primitivo deseus recursos. E uma caligra+ia. E ato de pensamento. /az parteda vida de ;ual;uer criança 1%. esmo ;ue não lhe se4ao+erecido material0 a criança desenha com o dedinho na poeira0com gravetos na areia na terra0 com a colher no prato de comida0com as mordidas no biscoito.../az parte da vida tamb:m de;ual;uer adolescente ou adulto0 ;ue desenha mesmo semintenção. ?asta ver ;ual;uer papel dei,ado ao lado do tele+one.

5ste ato vital registra o olhar#pensante sens"vel de umautor ;ual;uer0 se4a artista0 criança0 adolescente ou adulto.omovido por um certo impacto do mundo0 o olho o restitui pelostraços da mão e celebra a visibilidade. Cisibilidade ;ue evidencia0como tantas outras provas0 ;ue o desenho re+lete em si0 comoum espelho0 o olhar de ;uem v. A;uele vis"vel de segundapotncia encontra ecos di+erenciados em cada corpo0 em cadaolhar...

ada ser humano0 cada sociedade0 situada no tempo eno espaço0 dei,a suas marcas na maneira de registrar seu modode ver0 e a Uist6ria da Arte conta esta hist6riaH

 A hist6ria da arte em seu todo0 : uma hist6ria do mundode percepção visual0 das várias maneiras como o homem viu omundo. A pessoa simplista poderá ob4etar ;ue e,iste uma Jnica+orma de ver o mundo B a +orma como se apresenta F suapr6pria visão imediata. as isso não : verdade= vemos o ;ueaprendemos a ver0 e a visão torna#se um hábito0 uma convenção0uma seleção parcial do ;ue e,iste para ver e um resumodestorcido do resto. Cemos o ;ue ;ueremos ver0 e o ;ue;ueremos ver : determinado0 não pelas inevitáveis leis da 6pticaou mesmo @como pode ser o caso dos animais selvagens porinstinto ou sobrevivncia0 mas pelo dese4o de descobrir ouconstruir um mundo veross"mil.1'

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Ceross"mil no sentido de verdadeiro0 de compreens"vel0 4á ;ue Qtodo ato de ver implica um ;uerer saber o ;ue se vR2)

9a hist6ria da representação simb6lica0 astrans+ormaç7es0 a descoberta das aparncias0 deveram#se nãotanto F observação cuidadosa da 9atureza0 mas F invenção dos

e+eitos pict6ricos 21. 5 estas trans+ormaç7es se tornam aindamais marcantes pela invenção da +otogra+ia0 mudando o modo dever e0 conse;uentemente0 o registro deste novo olhar. Assim0 osimpressionistas en+atizavam o momento +ugidio0 as mJltiplasimplicaç7es da luz e cor= os cubistas0 a totalidade das vistasposs"veis 22 @?erger. 1'(. Abriu#se tamb:m o espaço para aabstração.

 A metá+ora do espelho pode e,plicar a enorme;uantidade de brancos ;ue s6 o es;uim6 pode identi+icar0 e do;ual nos +ala Arnheim23. As di+erentes +unç7es do desenho

tamb:m são re+le,os do espelho de ;uem olha o mundo compensamento divergente.

as o olhar preconceituoso pode con+undirrepresentação com reprodução0 duplicação do real. Luer oQparecer realR0 a r:plica0 a c6pia +idedigna0 a correspondncialiteral. 5 diz Qnão sei desenharR. E um olhar renascentista0 ;uereduz ho4e o olhar a perspectivas com pontos de +ugadeterminados e a t:cnicas ;ue tinham sentido de descoberta;uando +oram pes;uisadas. om esta visão0 o ensino de artecentra#se na instrumentalização de t:cnicas para o QdesenharbemR. 5 as mesmas relaç7es podem ser +eitas no aprendizadoda mJsica0 da dança0 da escrita0 da dramatização teatral0 em ;uea t:cnica muitas vezes aborta a e,pressão0 o pensamento0 asub4etividade.

Descolar a arte deste signi+icado : desmisti+icar o Qmitodo bom desenhoR0 : dar oportunidade de estabelecer novas

signi+icaç7es0 mesmo para aparentes Qe,atid7es +otográ+icasR. Arepresentação se descola0 assim0 da duplicação do real0ad;uirindo uma relação maior com a percepção anal6gica0 ;ue :ampla e abrangente. Descola#se tamb:m da correspondncia deQum#para#muitosR0 do signi+icado literal0 agregando acorrespondncia de Qum#para#muitosR0 pr6prio da metá+ora0 ;ue :tamb:m visual. 2

 A representação0 portanto0 tem um caráter interpretativoe simb6lico. A sua +orma simb6lica e,terioriza signi+icaç7es.Diante da realidade0 pelo crivo de sua pr6pria e,perincia0 ohomem ávido por buscar e atribuir signi+icado F pr6pria vida re#presenta0 simboliza0 dá signi+icado ao ;ue v0 sente e pensa. 9aQs"ntese de representaç7esRele constr6i conhecimento0 como 4ádizia Want.

1.) lhar o olhar do outroO pior inimigo do 4ulgamento art"stico : o 4ulgamento

literal0 ;ue : tanto mais 6bvio0 prático e rápido ;uando tende apassar seu veredicto antes ;ue o olho curioso tenha abrangido a+orma inteira ;ue se de+ronta. 9ão : a cegueira F Q+ormasigni+icativaR0 mas a cegueira0 devido F evidncia o+uscante decoisas +amiliares0 ;ue nos leva a perder a signi+icação art"stica0m"stica ou sagrada.2!

O olhar#pensante de um autor0 ;ual;uer ;ue se4a ele0registrado pelo desenho0 assim como por ;ual;uer outra

linguagem art"stica0 provoca um novo olhar na;uele ;ue olhaesta produção0 se4a tamb:m ;uem +or. *etomando as palavrasde erleau#$ont0 este registro suscita ;ual;uer outro olhar areencontrar Qos motivos ;ue sustentaram a inspeção de mundoR.

Olhar o olhar do outro0 registrado sobre uma obra;ual;uer0 re;uer0 como disse o pro+essor Goão Augusto /rase#

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$ereira0 um olhar sens"vel. Al:m de a obra re+letir como espelhoo olhar de ;uem a criou0 ela tamb:m re+lete0 como novo espelho0o olhar de ;uem a v. S6 posso ver na obra o ;ue encontra ecoem mim.

 Ao olhar um desenho0 olhar registrado de um autor

;ual;uer0 os re+erenciais pessoais de ;uem olha re+letem#secomo num espelho sobre a obra. 5ste olhar segundo0 assimcomo o primeiro0 : +ruto de uma hist6ria pessoal e Jnica vividaem meio a uma determinada sociedade e sua cultura0 emdeterminada :poca0 vinculado F sua pr6pria idade0 com seupr6prio modo de ver. 5ste repert6rio individual envolve tamb:m0al:m dos conhecimentos espec"+icos0 os valores est:ticos0+ilos6+icos0 :ticos0 pol"ticos0 assim como a ideologia do indiv"duo0do grupo ou da classe social F ;ual pertence.

Signi+icantes e signi+icados detm relaç7es pro+undas

com o produtor da representação0 e podem desvelar o caminhode seu pensamento. E por este ngulo novo ;ue 5m"lia /erreiroe Ana <eberovsX pes;uisaram0 buscando o processo dosistema de notação do signo lingu"stico. 5 novas pes;uisas sesucedem ;uanto F notação musical0 num:rica0 etc.2&. Uip6tesesde construção do sistema simb6lico ;ue e,istiam0 mas não erampercebidas pelo olhar adulto preso a convenç7es.

Olhar o olhar do outro : re+azer o caminho dopensamento entre o real e a sua representação. aminho ;ueestá sempre em processo0 envolvendo o cognitivo0 o a+etivo0 osocial. $ercurso ;ue se mostra atrav:s das linguagens.

QA interpretação : sempre0 ao mesmo tempo0 revelaçãoda obra e e,pressão do seu int:rpreteR0 diz $areson 2(. Ametá+ora do espelho visualiza este conceito.

5sse olhar interpretativo0 dentro das categorias da teoriasemi6tica de $eirce0 seria considerado como um olhar de

terceiridade. 9a relação de primeiridade entre signo @obra einterpretante0 s6 o n"vel do sens"vel ou da ;ualidade apenasimediata : captado0 tamb:m parte importante do processo deapro,imação com a obra. E um primeiro contato0 e mais +orte do;ue a;uele ;ue passa e nem v. O olhar de secundidade vaial:m0 estabelece alguma relação provocando algumaidenti+icação. O indiv"duo ;ue olha procura o signi+icado da obra0mas nem sempre ele se apresenta de +orma tão interpretativa0pode chegar F leitura0 por;ue se reveste de um olhar#pensantede +ato.

5m Problemas da Est%tica0 $areson0 autor da Qteoria da+ormatividadeR0 +undamenta a ;uestão da leitura do olhar dooutro. Antes de buscar metodologias : preciso compreender esta;uestão comple,a.

 A leitura B para chamar assim o acesso Fs obras de

;ual;uer arte0 e não apenas F;uela da palavra B : sem dJvida0um ato bastante comple,o. om e+eito0 trata#se de reconstruir aobra na plenitude de sua realidade sens"vel0 de modo ;ue elarevele0 a um s6 tempo0 o seu signi+icado espiritual e o seu valorart"stico e se o+ereça0 assim0 a um ato de contemplação e de+ruiçãoH em suma0 trata#se de e,ecutar0 interpretar e avaliar aobra0 para chegar a contemplá#la e gozá#la.2%

5ste pensamento de $areson parece dar conta de todoo emaranhado da ;uestão e sua análise mais apro+undadapoderá clarear a sua compreensão. $artindo da discussão sobreas concepç7es de roce0 ;ue coloca a leitura como umaQreevocaçãoR Jnica e impessoal0 e de Nentile0 ;ue a v comouma QtraduçãoRpessoal0 uma recriação ;ue : sempre diversa0$areson constata ;ue a Qinterpretação : o encontro de umapessoa com uma +ormaR.

5sta +orma0 Qrealidade sens"velR da obra0 : entendida de

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dois princ"pios básicosH

&&&o princ'pio da coincidncia da espiritualidade eisicidade da obra( com base no )ual não há nada de'sico )ue não sea signiicado espiritual nem nada deespiritual )ue não sea presença 'sica( na arte não há

dierença entre estilo e humanidadeA e o princ'pio dam9tua implicação da especiicação e dauncionalidade da arte( )ue exerce muitas unçGes nãoart'sticas( tericas( práticas( ilosicas( pol'ticas(religiosas( sociais e assim por diante( mas as exerce precisamente como obra de arteA á )ue por um lado(não há obra de arte em )ue não penetre vida( neladesempenhando as mais variadas unçGes al%m daart'stica( mas por outro lado( a vida nela penetra precisamente sob a orma de arte( e s com artereingressa na vida( vindo de encontro mais diversas

necessidades&27

5ste encontro mágico entre uma pessoa e uma +orma0este entrar em contato0 isto :0 em O#<A<O0 e,ige de ambos0+ruidor e obra0 a disponibilidade para este encontro. Luanto aoleitor0 para $areson0 há uma Qdegustação sensual ou est%ticaR eo interesse conteud"stico ou +uncional Qdivide a)uilo )ue estáunido no obeto e no sueito( na obra e no leitor( na arte e nogostoR. Sentidos0 sentimentos0 pensamentos e necessidades+azem da leitura um ato comple,o.

9em sempre0 entretanto0 o +ruidor tem disponibilidadepara esse encontro0 nem sempre está aberto e sens"vel paraviv#lo. Luando <ei,eira oelho diz ;ue Q...o )ue leva o receptora repudiar uma obra sem signiicado aparente % sua prpriain%rcia( seu prprio comodismo( sua passividade tran)uila&&&oreceptor se aerra ao vis'vel( ao signiicado aparente e não sente

necessidade de ir al%mR3)0 ele está rea+irmando a necessidadeda disponibilidade para o encontro de +ato acontecer. @O uso dapalavra Qreceptor R0 termo retirado da <eoria da -n+ormação0sugere0 erroneamente0 ;ue o +ruidor possa ser apenas umreceptáculo passivo0 apenas um consumidor da imagem. -sso s6pode acontecer se +ica apenas no super+icial do vis"vel0 4á ;uenão olha de +ato e s6 v alguns aspectos= seu pobre re+le,o noespelho impede#o de olhar al:m.

Olhar o olhar do outro não : uma tare+a +ácil. E sempremuito di+"cil ver o ;ue está por detrás da imagem. Os signi+icadosse tornam vis"veis pela estrutura da imagem ;ue sustenta a;uelesigni+icado. 50 Qat: ho4e nunca +oi dito com precisão ;ueelaborados grá+icos0 e por ;ue raz7es0 se podem dizerdestinados a uma +unção ilustrativa0 operativa0 sinal:tica0 etc.9unca +oram de+inidas as +ronteiras entre estas várias +unç7es.31

 A coincidncia de espiritualidade0 visualizada pelosigni+icado0e +isicidade da obra0 visualizada pela estrutura dasimagens ;ue sustentam o signi+icado0 nem sempre : levada emconta nas análises e interpretaç7es das obras. 9a leitura dasobras realizadas pelos estudiosos percebe#se0 +re;uentemente0ora um en+o;ue centrado no signi+icado dado F obra0 ora umen+o;ue direcionado F ;uestão da estrutura0 da composição.uitas vezes a leitura : minimizada e reducionista0 priorizandoapenas a t:cnica ou o estilo0 numa escala cronol6gica. -ssoindica a responsabilidade de desa+io para a multiplicidade de

leituras. A ;uestão da +unção tem implicaç7es no modo como a

arte : encarada0 por e,emplo0 no processo educacional0 onde amutualidade da especi+icação e +uncionalidade nem sempre :percebida e valorizada. $or não se dar conta deste princ"pio demJtua implicação0 ainda se v a discussão do uso da arte a

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serviço da educação0 como se isso lhe tirasse o m:rito. <alvez ocentro da discussão0 ainda válido0 não se4a a sua +unção dentroda escola0 mas se a arte está realmente presente no processo deeducação.

as como acontece este ato de contemplação e +ruição

da obra presente neste encontro mágico da pessoa com a+ormaK

 A degustação sens"vel e est:tica0 nas palavras de$areson0 dá#se atrav:s de um processo de contemplação ;ue0apesar de re;uerer Qum estado de ;uietude e calmaR0 : vistocomo Quma atividade intensa e operosaR. $ara ele0 ler signi+icae,ecutar0 e e,ecutar signi+ica +azer com ;ue a obra viva de suapr6pria vida0 torná#la presente na plenitude de sua realidadesens"vel e espiritualR. 5 essa e,ecução0 ;ue não cabe apenas FmJsica e ao teatro0 se apresenta em trs aspectos distintosH a

deci+ração0 a mediação e a realização.O primeiro deles0 a deci+ração0 en+oca as notaç7es

convencionais e simb6licas0 ;uando

&&&o olhar não se limita a registrar passivamente( masrealmente #executa*( isso %( reconstri a realidade vivada obra( multiplicando as perspectivas( escolhendo os pontos de vista( dando maior relevo a certas linhas do)ue as outras( notando os tons e as relaçGes( e oscontrastes( e os relevos e as sombras( e as luzes( emsuma( dirigindo( regulando e operando a visão& 32 

O segundo aspecto da e,ecução : a mediação0 ;uepode dispensar ou não a +igura de um mediador0 como um diretorde museu0 curador de uma e,posição0 um pro+essor0 um ator0etc.0 ;ue sugerem o Qponto de vista de onde se deve olharR. Oterceiro aspecto : o da realização0 ;uando a obra : reconstru"da0

+azendo#a viver a sua pr6pria vida.

5m todo caso0 ;uer se trate de deci+rar ou s6 de olhar0;uer a e,ecução este4a dividida entre mediador e espectador0 oureunida s6 no leitor0 +ica assente ;ue a e,ecução B entendidacomo VrealizaçãoV ;ue +az com ;ue a obra viva sua pr6pria vida e

+az ser na sua mesma realidade art"sticas B diz respeito a todasas artes0 e não se tem acesso F obra a não ser e,ecutando#a.@... 9ão consegue ler a poesia ;uem0 ao l#la0 não a sonorizainteriormente0 isso :0 não pro+erir dentro de si. 33

 As implicaç7es da id:ias de $areson0 a;ui apenasesboçadas0 convidam para um mergulho na obra0 armado commais acurado e sens"vel olhar#pensante.

1.1* A multiplicidade de leituras

Sonorizar interiormente0 visualizar internamente sãoe,ecuç7es e,igidas pela obra ;ue nasce ;uando e,ecutada0e,ige e,ecução e pede contas do modo de ser e,ecutada0 para;ue o encontro mágico entre pessoa e +orma se4a concretizado.$ara o eco0

ruir uma obra como orma sens'vel )uer dizer reagiraos est'mulos 'sicos do obeto( e reagir não apenasatrav%s de um acordo de ordem intelectual( masatrav%s de um conunto de movimentos cinest%sicos(com uma s%rie de respostas emocionais( de maneira a)ue a ruição do obeto( ao complicar0se com todas

estas respostas( não assuma nunca a exatidãoun'voca da compreensão intelectual de um reerenteun'voco( e a interpretação da obra se torne por simesmo pessoal( posicionada( mutável( aberta& 34

E poss"vel0 portanto0 uma multiplicidade de leituras. A

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inesgotabilidade da obra en;uanto realidade Jnica vista peladiversidade dos leitores leva F a+irmação de ;ue Qcadaverdadeira leitura % como um convite a reler( por)ue a obra dearte tem sempre alguma coisa de novo a dizer( e o seu discurso% sempre novo e renovável( a sua mensagem % inexaur'vel R3!.5ste processo de interpretação leva a leituras cada vez maisintensas e pro+undas0 com Qsensibilidade e pensamento( prazer eapreciação( pausa de contemplação e ato de valoraçãoconuntamenteR.

E preciso superar o medo e o preconceito de ;ue há umaleitura correta0 Jnica e verdadeira0 poisH

 $ orma tem uma ininidade de aspectos( cada um dos)uais a cont%m inteira( mesmo não lhe exaurindo a ininidadeA ea pessoa pode adotar ininitos pontos de vista( isto %( concretiza0se numa ininidade de olhares ou de modos de ver( cada um dos

)uais cont%m sua espiritualidade inteira mesmo não lheexaurindo todas as possibilidades& $ interpretação ocorre)uando se instaura uma simpatia( uma congenialidade( umasintonia( um encontro entre um dos ininitos aspectos da orma eum dos ininitos pontos de vista da pessoaH interpretar signiicaconseguir sintonizar toda a realidade de uma orma atrav%s daeliz ade)uação entre um de seus aspectos e perspectiva pessoal de )uem a olha. 3&

 A avaliação +az parte do processo desde o primeiro olhar0;ue envolve tanto o gosto pessoal e hist6rico como o 4u"zo Jnicoe universal. O gosto : escolha individual0 re+le,o da sua hist6ria

de vida0 de sua cultura0 de seu sistema de valores. O 4u"zo :outro aspecto da leitura e da cr"tica de arte e e,prime de modoJnico e universal0 aceito por todos0 o valor imutável da obra.

O olhar do homem sobre o passado +ornece bases maisseguras para avaliação. as o ;ue acontece ;uando se +ala de

avaliação de obras contemporneas ao olhar observadorK A +altade re+erncias para esse 4u"zo universal pode ser uma dascausas da +alta de signi+icado encontrada pelo olhar leigo.

 A obra traz em si mesma portas para sua leitura. Atrav:sda e,ecução @deci+ração0 mediação0 realização0 interpretação e

avaliação0 propostas por $areson0 poderemos encontrarsigni+icantes e signi+icados ;ue ultrapassam a c6pia da realidade.Signi+icantes e signi+icados ;ue Qre#apresentamRo mundo darealidade e o mundo imaginário das id:ias.

Olhar o olhar do outro : ato de leitura. 5 nem sempreestá presente na escola. 9em sempre as aulas de Uist6ria da Arte promovem o encontro com a obra. 9em sempre o aluno :convidado a ler a produção de seus pares. 9em sempre oeducador desa+ia o olhar. omo no espelho0 ele re+lete asconcepç7es de arte e de educação da sociedade a ;ue pertence.

1.11 &edagogia do olhar 

O sens"vel olhar#pensante0 vinculado ao conhecimento0 Fpercepção signi+icativa0 F representação0 pode ser aprendido0desenvolvidoK Será ;ue nascemos potencializados para esseolhar#pensanteK A educação o estimula ou nos direciona s6 parao ver#engolirK Cer <C não estimula este olhar d6cil0 desatento0 ouo ver#consumirK

Nibson aborda a di+iculdade de assinalar em ;ue sentidoaprendemos a ver. A partir das primeiras percepç7es de doentes

de cataratas e cegos de nascimento ;ue voltaram a en,ergar0Nibson observou ;ue a percepção visual parecia e,igir0 nessescasos0 um per"odo e,tenso de desenvolvimento. 5ra precisoadaptar#se ao tomar contato com os ob4etos pelos olhos. 5rapreciso tamb:m ampliar seu vocabulário dando conta dasimpress7es visuais e nomeando ob4etos antes apenas

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reconhec"veis pelo tato0 revisando radicalmente todos ossigni+icados das palavras ;ue usavam.

 Aprender a ver signi+ica perceber signi+icativamente asdi+erenças0 gerando relaç7es entre variedades comple,as.Lualidades passam a ser de+inidas0 direç7es0 tamanhos e

distncias0 propriedades como dentro e +ora0 compatibilidade0simetria0 oposição e continuidade são reconhecidos0 assim comoob4etos0 su4eitos0 acontecimentos e situaç7es. 5 a palavra passatamb:m a nomear essas relaç7es0 ampliando em novascategorias e classi+icaç7es0 num processo constante de leitura desemelhanças e di+erenças. Q $ evolução da aprendizagem vai doindeinido para o deinido( não da sensação para a percepção&Não aprendemos a ter percepçGes( mas a dierenciá0las& 8 nestesentido )ue aprendemos a ver R. 3(

5ste trecho0 tamb:m citado por Nombrich em Arte e

-lusão0 re+orça a necessidade de provocar um olhar ;ue possa seampliar em direç7es di+erenciadas0 um olhar enlaçado com oQpensamento divergenteR +ormulado por Nuil+ord.

<alvez tenha se dado pou;u"ssima atenção ao e,erc"ciodo olhar0 e isso e,ige uma revisão tamb:m do processoeducativo. Gá dizia DeYeH Q<odos sabem ;ue ver atrav:s de ummicrosc6pio ou telesc6pio re;uer aprendizado0 assim como veruma paisagem tal ;ual um ge6logo a v. A id:ia de ;ue apercepção est:tica : ;uestão de momentos singulares : umadas raz7es para o atraso das artes entre n6sR3%

O dom do vis"vel Qse merece pelo e,erc"cio0 e não : emalguns meses0 não :0 tampouco0 na solidão0 ;ue um pintor entrana posse de sua visão. 9ão está nisso a ;uestãoH precoce outardia0 espontnea ou +ormada no museu0 em todo o caso a visãos6 aprende vendo0 s6 aprende por si mesmaR.3' as aampliação deste Qaprender vendoRprecisa ser propiciada num

processo de educação0 abrindo#se a;ui uma grande ;uestão aser apro+undada.

 A passagem de um olhar de primeiridade para a leiturade "ndices da secundidade0 at: chegar ao pensamento e aos"mbolo da terceiridade0 na lição peirceana0 e,ige a +ormulação

de uma pedagogia do olhar. 5 neste sentido ainda estamosengatinhando.

 As novas metodologias do ensino de arte tem mostradoalguns @5isner0 1'(2= /eldman0 1'()= 8ilson0 1'%(=?arbosa01''10 ;ue podem0 entretanto0 ser empobrecidos por umolhar ;ue busca chaves Jnicas de leitura0 ;ue usam manuais0;ue partem de ;uestionários vazios de signi+icado. Se nãopartirmos de nossas pr6prias perguntas e das perguntas denossos educandos ;ue vivem conosco a aprendizagem0 nãohaverá construção de conhecimento.

O papel do educador : vital como mediador0 comoQ+azedorR de boas perguntas ;ue instiguem o olhar curioso.<amb:m como ciador de v"nculos e de um clima pedag6gico ;uepermita a e,pressão tamb:m estereotipada0 superando o medodo aluno de Q+alar bobagemR0 organizando a sub4etividadeindividual como ampliadora do conhecimento ;ue se constr6i nogrupo0 ;ue se constr6i no con+ronto com o outro ;ue +azdescobrir o ;ue se sabe e o ;ue ainda não sabe. <amb:m comoprovocador de desa+ios para encontrar novas respostas0tornando vis"veis para o aluno o signi+icado de zonas dedesenvolvimento ainda potenciais. 9este sentido a escolha do

olhar tem de estar estreitamente vinculada aos conceitos d arte;ue ;ueremos ensinar0 mais dom ;ue aos conteJdos de hist6riada arte.

<rabalhando com a leitura d imagem0 dentro do ;uetenho chamado de Qnutrição est:ticaR0 tenho percebido

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movimentos no ensino e na aprendizagem do olhar. as minhaship6teses ainda precisam ser apro+undadas. Uo4e0 com o apoiote6rico de Nardner)0 busco prioritariamente trs aspectos dacompetncia em artes visuaisH percepçãoleitura0conceitualização de arte e produção. Uá muito ainda para discutire apro+undar0 mas o in"cio certamente : marcado pelonascimento do sens"vel olhar#pensante.

5stas constataç7es não se restringem apenas ao ensinode arte na escola. A pedagogia do olhar0 pautada na arte e noser simb6lico e social ;ue a produz0 se torna necessária ho4e na+ormação de ;ual;uer educador. E atrav:s dela ;ue o educadorpoderá perceber os parmetros e desvios de seu olhar0 e,ercitá#lo na leitura de signi+icantes como "ndices0 para ler o ;ue há portrásH os signi+icados de +atos0 comportamentos e aç7espedag6gicas0 na construção de sua competncia.

+ntervenç,es do professor no caminho da aprendizagemsignificativa

9o lugar de um te,to didático0

e,plicativo0

ob4etivo0eu ;ueria escrever uma poesia...

>ma poesia com palavras simples0

como o mel...>ma poesia para ser lida0

não pelas rimas ou pelas sinta,es per+eitas0

como as l"amos nos nossos e,erc"cios escolares...

#*asguem a introdução do livro de poesiaT

Disse um ser humano0

tamb:m pro+essor 

em Sociedade dos poetas mortos.

5u ;ueria ser capaz de escrever uma poesia...Lue brincasse com as palavras

e com elas inventasse id:ias

novas id:ias...

na cabeça de ;uem l...

ho4e0

amanhã0

e de muito depois...

5u ;ueria ser capaz de escrever uma poesia...

;ue trans+ormasse cada letra

em gotas de chuva

molhadas de sensibilidade...

carregadas de sensaç7es...

e como nuvem cor de rosa de c:u ensolarado

entrassem pelos olhose0 num momento mágico0

devagarinho0

despertando campos +loridos0

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ca"ssem como orvalho...

5u ;ueria ser capaz de escrever uma poesia...

;ue trans+ormasse cada signi+icante

em estrelas de sonhobrilhantes pela imaginação...

coloridas pela mem6ria...

e0 como massa estelar0 via#láctea simb6lica0 em c:uestrelado

entrassem tamb:m pelos olhos

e0 num momento mágico0

devagarinho0

despertassem o sono...0

e se trans+ormassem em novas signi+icaç7es...

um 4eito novo de ver o velho...

Notas de chuva0

5strelas de sonho0

entrem por +avor nestes olhos ;ue lem0

nestes ouvidos ;ue me escutam...convidem este ser humano a ser mais humano0

a redescobrir sua sensibilidade0

a resgatar sua imaginação e seus sonhos0

a perceber por todos os seus poros0

 por todos os sentidos...

5 depois0 por trás destes olhos mais sens"veis

iluminem este ser humano0

tamb:m pro+essor0E s6 com este olhar0

enri;uecido0

revigorado0

;ue ele pode pensar em intervenç7es 4unto a outro serhumano0

aluno#criança0

aluno#adolescente0

aluno#adulto...

5u ;ueria ter escrito uma poesia...

+ o registro e a re#le$ão do educador 

2.1 !obre o ato de escrever adalena /reire 8el+ort

Q@e tudo )ue está escrito( eu amo somente a)uilo )ue ohomem escrever com o seu prprio sangueR.

9ietzsche

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Metodologia e Prática de Ensino o registro e a relexão do educador 

5screver com sangue0 dor e prazer : +alar do ;ue correem nossas veias. /alar de amor0 6dio0 sonho.

Ousar colocar0 socializar para o outro0 o ;ue pensamos0somos0 d6i0 Qa dor : prova de e,istnciaR. QA dor retrata adi+erençaR1 9ão nos cabe +ugir dela0 e sim en+rentá#la Qpara a

construção do prazer0 do conhecimento de n6s mesmos0 dooutro0 da realidadeR.2

$ara isso : necessário conversar0 dialogar com ela para;ue bus;uemos sa"das0 caminhos de en+rentamento no processodo conhecimento0 4unto com o outro. ?uscar conversar0 tocar0 nooutro0 na sua +erida @K +az parte da busca de comunicação.

Qinhas palavras são e,tens7es do meu corpo0 meusmembros se ap6iam nelas @... as palavras0 podem matarR30 ou+azer nascer0 desvelar revelar o nascimento do outro para mim.

 A marca Jnica0 genu"na @sangrada do autor emergedessa busca de si mesmo contaminada co outro0 na palavra.Dessa maneira ;uando escrevemos0 não buscamos somenterespostas Jnicas0 mas sim essencialmente $5*N>9<AOS.$ermanente in;uietação de ser vivo0 ;ue nos remete a n6smesmos e a essncia de nossa e,istncia.

$or tudo isso0 escrever : muito di+"cil. ompromete mais;ue +alar.

5screver dei,a marca0 registra pensamento0 sonho0dese4o de morte e vida.

5screver dá muito trabalho por;ue organiza e articula opensamento na busca de conhecer o outro0 a si0 o mundo.

5nvolve0 e,ige0 e,erc"cio disciplinado de persistncia0resistncia0 insistncia0 na busca do te,to verdadeiro0 a;uele;ueR o homem escreve com seu pr6prio sangueR.

2.2 -eflexão e processo de formação do educador 

adalena /reire 8el+ort

O ato de re+letir : libertador por;ue instrumentaliza oeducador no ;ue ele tem de mais vitalH o pensar.

5ducador algum : su4eito de sua prática se não temapropriado a sua re+le,ão0 o seu pensamento.

9ão e,iste ação re+le,iva ;ue não leve sempre aconstataç7es0 descobertas0 reparos0 apro+undamento. 50portanto0 ;ue não leva#nos a trans+ormar algo em n6s0 nosoutros0 na realidade.

9a concepção democrática de educação0 onde o ato dere+letir @apropriação do pensamento : e,pressão original decada su4eito0 está impl"cito ;ue não e,iste um modelo dere+le,ão. ada educador tem sua marca0 o seu modo de registrar

seu pensamento.O importante : ;ue cada um assuma este seu 4eito0

momento de hip6tese em ;ue se encontra dentro do seuprocesso.

9um primeiro momento a re+le,ão passa por ummovimento de desinto,icação da visão autoritária ;ue cada umviveu em relação a linguagem escrita.

 A constatação :H Qescreve sem pensarR= Qnão consigoescrever e re+letirR. E como se pensamento e linguagem escrita

caminhassem dissociados. on;uista#se0 nesse momento0 umredimensionamento da linguagem oral e escrita0 resgatando#se opr6prio processo de al+abetização.

*e#descobre#se o signi+icado do ato de escrever0 nãocomo habilidade mecnica0 escrita de letras como diz CgotsX0mas como comunicação de pensamento.

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Metodologia e Prática de Ensino o registro e a relexão do educador 

Dependendo da hist6ria de cada um esse movimentopode variar de intensidade e duração.

om o e,erc"cio discipl inado da re+le,ão0 einstrumentalização pelo 5ducador0 alcança#se uma +luidez destaação generalizadora0 teorizante. /ruto dessa con;uista0 emerge

a e,pl"citas necessidade de +undamentação te6rica.$ois0 não e,iste prática sem teoria= como tamb:m0 não

e,iste teoria ;ue não tenha nascido de uma prática. $or;ue oimportante : ;ue a re+le,ão se4a um instrumento dinamizadorentre prática e teoria. $or:m0 não basta pensar0 re+letir0 o crucial: +azer com ;ue a re+le,ão nos conduza F ação trans+ormadora0;ue comprometa#nos com nossos dese4os0 nossas opç7es0nossa hist6ria.

5sta preocupação e,pl"cita pela +undamentação te6rica :caracter"stica do segundo movimento.

 Apropriando#se do ;ue +az e pensa0 o educador0 su4eitopensante0 começa a praticar a autoria de sua re+le,ão0assumindo# instrumentalização pelo 5ducador B a condução doseu processo.

?em di+erente0 então0 da;uele ;ue no in"cio domovimento de desinto,icação colocava +ora de si a solução e ascausas de seus males pedag6gicos.

?em di+erente0 tamb:m0 da;uele ;ue se considerou+ormado. 5stava morto e não sabia. orto na sua criação0 na suacuriosidade. orto na sua capacidade de seduzir @ e se dei,arseduzir o outro para a opção do prazer de construir0  parir 0 seuprocesso de re+le,ão0 construção de sua conscinciapedag6gica0 pol"tica.

2.3 +mportncia e /unção do -egistro escrito0 da-eflexão

adalena /reire 8el+ort

QO ;ue di+erencia o homem do animal : o e,erc"cio do

registro da mem6ria humanaR. CgotsX

ediados pelo registro dei,amos nossa marca nomundo.

Uá muitos tipos de registro0 em linguagens verbais e nãoverbais= todas0 ;uando socializadas0 histori+icam a e,istnciasocial do indiv"duo.

ediados por nossos registros0 re+le,7es0 tecemos oprocesso de apropriação de nossa hist6ria0 a n"vel individual e

coletivo. A criança tem seu espaço de registro0 re#le$ão0

concretização de seu pensamento0 no desenho0 no 4ogo e naconstrução de sua escrita.

5sta : sua tare+a. <are+a ;ue +ormaliza0 dá +orma0comunica o ;ue pensa0 para assim re+letir0 rever0 revisar0apro+undar0 construir o ;ue ainda não conheceH o ;ue necessitaaprender.

 A escrita materializa0 dá concretude ao pensamento0dando condiç7es assim de voltar ao passado0 en;uanto se está

construindo a marca do presente.E neste sentido ;ue o registro escrito amplia a mem6ria e

historia o processo0 em seus momentos e movimentos0 nacon;uista do produto de um grupo.

ediados por nossos registros armazenamos

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Metodologia e Prática de Ensino o registro e a relexão do educador 

in+ormaç7es da realidade0 do ob4eto em estudo0 para poderre+leti#lo0 pensá#lo e assim apreend#lo= trans+ormá#lo=construindo o conhecimento antes ignorado.

O pro+essor @orientador ou supervisor0 tem seu espaçode registro0 re+le,ão0 concretização de seu pensamento0 no

diário. *egistro d prática cotidiana0 avaliação e plane4amento desua ação0 4unto aos seus educandosH crianças0 adolescentes ouadultos.

Não aguento mais tocar na mesma tecla( at% parecebaba)uice( poesia( repetição( chavão( mas o ato mais proundo % )ue parei de viver at% hoe o mesmoconlito& Iada vez )ue me aproundo mais( descubromais tamb%m soro mais( tenho momentos de medo evontade de ugirH

NJ= KLEM= $?&&&

Iad o para'soO Eu á caminhei tudo isso @...

ec"lia 8arschaner0 aluna no Nrupo de /ormação0 1'%

aterializa o produto por;ue possibilita ;ue o outromanipule meu ob4etivo0 minha re+le,ão0 ;ue 4á não : mais@somente meu0 : do mundo0 : do outro.

Kuando registro( me busco&

Kuando me busco( registro&

E monto assim minha histria

istria nascida e escrita

com diiculdade(

)uando se oi educada

ouvindo outra histria(

histria do silncio(

da não0expressão(

do não0conlito(

Por esta razão(

repensar(

reletir(

registrar(

% tamb%m ME0$QM&

Iontra essa histria irreal(

contra a mornidão(

contra o sono&

8 agir pelo meu sonho

)ue % pensar e

transormar a

Mealidade&

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Metodologia e Prática de Ensino o registro e a relexão do educador 

Pucinha0 aluna no Nrupo de /ormação0 1'%.

$roduto do ;ual 4á não tenho mais controle.

O registro obriga o e,erc"cio de aç7es B operaç7esmentais0 intelectuais de classi+icação0 ordenação0 análise0 obrigaa ob4etivar e sintetizarH trabalhar a construção da estrutura do

te,to0 a construção do pensamento.Somente nesse e,erc"cio disciplinado0 cotidiano0 solitário

@ mas povoado de outros interlocutores do escrever pode#seevitar0 lutar contra0 a vagabundagem do pensamento.

 A escrita0 a re+le,ão do educador sobre sua práticapedag6gica : o embrião de sua teoria ;ue desemboca nanecessidade de con+ronto e apro+undamento com outros te6ricos.

50 : nessa tare+a de re+le,ão ;ue o educador +ormaliza0dá +orma0 comunica o ;ue praticou0 para assim pensar0 re+letir0

rever o ;ue sabe e o ;ue ainda não conhece= o ;ue necessitaaprender0 apro+undar em seu estudo te6rico.

as escrever0 registrar0 re+letir não : +ácil...dá muitomedo0 provoca dores e at: pesadelos. A escrita compromete.Obriga o distanciamento do produtor com o seu produto. *ompea anestesia do cotidiano alienante.

Por )ue exigir tão pouco de mimO

Por )ue um diário tão racoO

Por )ue dormir tanto por noiteO

Por )ue estar sempre pondo a culpa na alta detempoO ?erá )ue não % uma sa'da( mais ácilO

8 novamente o E@=: 

edo de criar 

edo de responsabilidade

edo de sorer 

edo de brigar 

edo de levantar a voz para as crianças

edo de tocá0los

edo de ser EL mesma do eito )ue sou&

ec"lia 8arschaner0 aluna no Nrupo de /ormação0 1'%

>ma coisa : escrever0 ser escritor#reprodutor ereapresentador de linguagem. Outra :0 no e,erc"cio disciplinadodo escrever0 torna#se escritor#su4eito#produtor de linguagemescrita.

E neste sentido ;ue0 nesta concepção de educação0acompanhar e instrumentalizar o processo de +ormação deeducadores0 envolve trabalhar o resgate do processo deal+abetização dos mesmosH resgate de seu pensamento comosu4eito#escritor0 produtor de linguagem escrita. *eaprender a lere escrever comunicando pensamento0 construindoconhecimento.

 A re+le,ão0 o registro do pensamento envolve a todosHcriança0 pro+essor0 orientador. ada um no seu espaçodi+erenciado0 pensa0 escreve a prática e +az a teoria= onde oregistro da re+le,ão0 concretização do pensamento0 : seu

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Metodologia e Prática de Ensino o registro e a relexão do educador 

principal instrumento na construção da mudança e apropriaçãode sua hist6ria.

2." !er onsciente o enredo social e a

superação do efmero

/átima amargo

+**1 Mito de S/si#o

=s @euses tinham condenado ?'sio a rolar um rochedoincessantemente at% o cimo de uma montanha( de onde a pedracaia de novo por seu prprio peso& Eles tinham pensado( com assuas razGes( )ue não existe punição mais terr'vel do )ue otrabalho in9til e sem esperança&&&

?'sio % o heri absurdo& Ele o % tanto por suas paixGescomo por seu tormento& = desprezo pelos deuses( o dio amorte e a paixão pela vida lhe valeram esse supl'cio indescrit'velem )ue todo o ser se ocupa em não completar nada& 8 o preço a pagar pelas paixGes deste mundo& Nada nos oi dito sobre ?'sionos inernos& =s mitos são eitos para )ue a imaginação osanime& Neste caso( v0se apenas todo o esorço de um corpoestirado para levantar a pedra enorme( rola0la e az0la subiruma encosta( tarea cem vezes recomeçada& >0se o rostocrispado( a ace colada R pedra( o socorro de uma espádua )ue

recebe a massa recoberta de barro( e de duas mãos cheias deterra& $o inal desse esorço imenso( medido pelo espaço semc%u e pelo tempo sem proundidade( o obetivo % atingido& ?'sio(então( v a pedra desabar em alguns instantes para esse mundoinerior de onde será preciso reergu0la at% os cimos& E desce denovo para a plan'cie&&&

8 durante esse retorno( essa pausa( )ue ?'sio meinteressa& Lm rosto )ue pena( assim tão perto das pedrasA % áele prprio pedra: >eo esse homem redescer( com o passo pesado mas igual( para o tormento cuo im não conhecerá& Essahora )ue % como uma respiração e )ue ressurge tão certamente)uanto sua inidelidade( essa hora % a)uela da conscincia& $cada um desses momentos( em )ue ele deixa os cimos e seaunda pouco a pouco no covil dos deuses( ele % superior ao seudestino& 8 apenas mais orte )ue seu rochedo&

?e esse mito % trágico( % )ue seu heri % consciente&=nde estaria( de ato( a sua pena( se a cada passo osustentasse a esperança de ser bem0sucedidoO = operário dehoe trabalha todos os dias de sua vida nas mesmas tareas eesse destino não % menos absurdo& as ele s % trágico nosraros momentos em )ue se torna consciente& ?'sio( proletáriodos deuses( impotente e revoltado( conhece toda a extensão de

sua condição miserávelH % nela )ue ele pensa en)uanto desce& $lucidez )ue devia produzir o seu tormento consome( com amesma orça( sua vitria& Não existe destino )ue não se supere pelo desprezo&&&

?e a descida( assim( em certos dias se az para a dor(ela tamb%m pode azer para a alegria&&&

<oda a alegria silenciosa de ?'sio está a'& ?eu destinolhe pertence& ?eu rochedo % sua )uestão&&&

No mais( ele se tem como senhor de seus dias& Nesse

instante sutil em )ue o homem se volta sobre sua vida& ?'sio(vindo de novo para seu rochedo( contempla essa se)uncia deatos sem nexo )ue se torna seu destino( criado por ele( uniicadosob o olhar de sua memria e em breve selado por sua morte& $ssim( convencido da origem toda humana de tudo o )ue %humano( cego )ue )uer ver e )ue sabe )ue a noite não tem im(

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ele está sempre caminhando& = rochedo continua a rolar&&&

@eixo ?'sio no sop% da montanha: ?empre sereencontra seu ardo& as ?'sio ensina a idelidade superior )uenega os deuses e levanta os rochedos&* 

 Albert amus

 A re+le,ão ;ue se segue tem por ob4etivo rever ;uest7espertinentes ao processo de tomada de conscincia.

-nd"cios do ;ue será esta tentativa estão dados nopr6prio t"tulo 4á ;ue nele agrega#se o enredo social. $or ;ueKom certeza por;ue não concebemos este processo +ora de um;uadro social de re+erncia. <ampouco concebemos o homem+ora dele0 tanto ;uanto somos impedidos de +az#lo em relação aanálise de toda a sua produção material e simb6lica.

onscincia se constr6i0 então0 com e a partir da

e,istncia de outros0 no contato interativo do indiv"duo com osgrupos sociais dos ;uais +az parte0 os mais variados nacomposição deste enredo. Nrupos humanos produtores decultura0 mediados por uma de suas mani+estaç7esrepresentativas0 a linguagem. 5sta Jltima não otimiza somente acomunicação entre os homens mas revela#se elemento degeneralização da realidade0 +orma de pensamento e0 sendoassim0 da conscincia humana.

-nteressa#nos0 então0 a;ui analisar a possibilidade dead;uiri#la. Luando0 por ;ue0 e como se dá o momento daconscinciaK 5m ;ual es+era do conhecimento podemos localizá#laK Somente en;uanto pensamento l6gico#cognitivo ou tamb:m:tico#+ilos6+icoK -luminação ou maturação0 amadurecimentosobre um determinado +azerK 50 ;ual +azerK om certezatamb:m localizado num mbito de determinantes individuais esociais. Será atrav:s da re+le,ão e da tomada de conscinciasobre este +azer0 invariavelmente social0 ;ue se poderá superar a

e+emeridade ;ue se mani+esta ho4e0 tão +ortemente0 nas relaç7ese produç7es humanas.

 Al:m dos ind"cios apresentados no t"tulo0 a escolha daintrodução pela leitura ;ue +az Albert amus do mito de S"si+o0estabelece os contornos desta análise. 5m ;ue sentido nos

interessa S"si+oK om certeza por nos remeter a um trágico ebelo momento de conscincia. <amb:m pela sub4etividade destemomento0 S"si+o : consciente de si0 da sua pr6pria trag:dia0 :dono do seu destino0 conhece as causas do seu supl"cio. <rata#se a;ui da conscincia individual0 o ;ue nos remete F umainvestigação ;ue não negligencie o ;ue há de singular nesteprocesso. 5m outras palavras0 há ;ue se re+letir sobre aconscincia levando#se em conta as dimens7es social eindividual implicadas num mesmo processo.

$or hora dei,emos0 n6s tamb:m0 S"si+o no sop: damontanha. A ele retornaremos mais tarde0 não sem antes termospassado por processos ;ue +undam a possibilidade do serconsciente.

#8 verdade )ue oi a mão )ue libertou a razão

e produziu a conscincia prpria do homem&* 

5rnest /ischer 

O homem pr:#hist6rico descobre as mãos comoe,tensão do seu corpo e0 sobretudo0 como instrumento de

trabalho. Atrav:s dela ingressa na cultura0 a constr6i. 5la : a;uiseu primeiro instrumento. om ela +abrica todos os demais ;uelhe permitem um controle mais e+icaz sobre a natureza.

 Ao longo do desenvolvimento da esp:cie não s6 as mãosse especializam no a4uste correto do to;ue0 da +orça empregadanas di+erentes tare+as. Outros 6rgãos preparam e organizam este

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desenvolvimento. omo um todo biol6gico0 o homem se vpossuidor de um aparato +"sico ;ue lhe permite0 cada vez mais0uma adaptação ao meio e,terno.

 A +abricação de instrumentos Jteis se +az na medida dasnecessidades impostas pela vida em sociedade e0 +ruto dela 0

pelo trabalho. 5ste se +unda nos ;uadros das condiç7esconcretas da e,istncia coletiva.

QO trabalho :0 portanto0 desde a origem0 um processomediatizado simultaneamente pelo instrumento @em sentido latoe pela sociedade.R!

 Ao longo desse laborioso processo de humanização0 aação0 antes pautada pelo imediatismo das situaç7es0 se +azconsciente. onsciente na medida de seus prop6sitos e dacomplementaridade entre iguais. A necessidade de cada um sev contemplada na ação coletiva. Assim o batedor espanta a

caça pois há outro ;uem cabe a tare+a de abat#la0 respondendoentão aos ob4etivos da caçada e as necessidades do grupo.

 A conscincia aparece como re+le,o da realidade atrav:sde uma prática re+letida ;ue indica as aç7es necessárias Fperseguição do motivo. O signi+icado de uma ação : dado pelasigni+icado de outra0 ;ue se segue. Sentidos racionais ;ue sãocon+eridos socialmente e maturados por cada um. Doplane4amento a e,ecução conectam#se aç7es individuais ;ue seorientam intencionalmente0 de+inidas pela coletividade. Aconscincia delimita#se pelas atividades compartilhadas de

trabalho0 sendo atrav:s das práticas sociais ;ue o homemad;uire e,perincia e conhecimento.

O homem pensa0 re+lete sobre sua ação para construir asua conscincia. <oma conscincia das relaç7es pr6prias a cadasituação e,istencial e plane4a o seu +azer visando +insespec"+icos. Abandona os ;uadros estreitos da ação concreta0

embora parta das suas e,perincias sens"veis para pensar ae,istncia internamente0 como atividade mental. ontudo0 não o+az sem mediação. $ara isto cria a linguagem e a utiliza.

Ihega mais perto e contempla as palavras(

Iada uma tem mil aces secretas sob a

ace neutra

e te pergunta( sem interesse pela resposta(

 pobre e terr'vel( )ue lhe deresHH

<rouxeste a chaveO

arlos Drummond de Andrade

O homem trans+orma a natureza e a si mesmo atrav:s daprodução e uso de instrumentos. Sua capacidade criadorapermitiu#lhe construir instrumentos materiais e simb6licos. om ouso dos primeiros0 ob4etiva e especializa a sua ação0 trabalha epassa a e,ercer sobre a natureza um poder in+initamente maior.$ensou para +abricar ob4etos +uncionais0 tanto ;uanto para criarsistemas representativos. Atrav:s de s"mbolosH pict6ricos0grá+icos0 num:ricos e lingu"sticos mediatiza sua relação com omeio e0 sobretudo0 com o outro. Os s"mbolos criados traduzem oideário do homem primitivo. Atrav:s deste se comunica. /unda e

perpetua a cultura en;uanto apropria#se de +ormas ;ue lhepermitem transmitir ao outro a;uilo ;ue +ez0 sabe ou dese4a.

E na linguagem0 sobretudo0 ;ue o homem constitui acultura. 5la : tamb:m +ruto de necessidades0 de relaç7es sociaise de trabalho.

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Metodologia e Prática de Ensino o registro e a relexão do educador 

9ascida da con4ugação de um movimento e,pressivo0 ogesto0 com a capacidade humana de vocalização0 a linguagemcria um sistema de representação de signi+icados. Atrav:s dela ohomem pode então ob4etivar sua ação prática e sua relaçãocomo o outro. *epresenta o ob4eto0 ser ou +enImeno ausentelibertando#se do limites estreitos do tempo#espaço. 9as +ormas

verbais está reconstru"da a realidade em todas as suasvariantes. A palavra a generaliza0 e assim sendo0 a organiza nopensamento humano.

QA verdadeira substncia da l"ngua não : constitu"da porum sistema abstrato de +ormas lingu"sticas nem pela enunciaçãomonol6gica isolada0 nem pelo ato psico#+isiol6gico da suaprodução0 mas pelo +enImeno social da interação verbal0realizada atrav:s da enunciação ou das enunciaç7es. Ainteração verbal constitui assim0 a realidade +undamental dal"ngua.R&

Da +ala social0 mani+esta nas relaç7es interps";uicas0passa o homem F +ala interna. $ensa em palavras= atrav:s deum a estrutura ps";uica pr6pria. A linguagem está a serviço doseu intelecto.

Q= signiicado de uma palavra representa um amálgamatão estreito do pensamento e da linguagem( )ue ica di'cil dizerse trata0se de um enFmeno da ala ou de um enFmeno do pensamento&R(

Os signi+icados vão sendo constru"dos atrav:s do

desenvolvimento. 9uma Jnica palavra0 o homem começa pelacomunicação de um comple,o de signi+icados. 9este sentidocaminha do todo para as partes0 en;uanto passa depois aproduzir e,press7es mais precisas na tradução de pensamentosdi+erenciados. Abandona a id:ia de ;ue a palavra se4a parteintegrante do signi+icado e apura sua produção verbal na

comunicação da;uilo ;ue pensa. 5mbora distintos na origem0pensamento e +ala imbricam#se num mesmo momento re+le,ivo. Atrav:s da linguagem o homem resgata o mundo e,terno no seuuniverso interno. >tiliza#se da linguagem para pensar sobre arealidade ;ue observa0 operando com signi+icados na construçãodos sentidos individuais. -nternamente matiza a linguagem0 4á

;ue os sentidos atribu"dos Fs palavras são resultados da somade di+erentes situaç7es ps";uicas F elas associados.

E no +lu,o das interaç7es verbais ;ue0 socialmente0 ossentidos são con+eridos. A neutralidade da palavra s6 e,isteneste caso0 ou se4a0 por;ue F ela podem ser atribu"dos di+erentessentidos. 5stes vão muito al:m da signi+icação semntica0traduzindo di+erentes concepç7es sobre a totalidade humana esocial e por isso inscrevem#se em tempo e espaço hist6ricode+inidos.

Q8 preciso azer uma análise prounda e aguda da palavra como signo social para compreender seu uncionamentocomo instrumento da conscincia& 8 devido a esse papelexcepcional de instrumento da conscincia )ue a palavraunciona como elemento essencial )ue acompanha toda acriação ideolgica( sea ela )ual or&R%

9ão há +ronteiras e limites em relação a palavra0 ela :+luida0 viva0 veicula saberes0 crenças0 valores0 concepç7es asmais variadas0 cultura. abe o e,erc"cio individual de resgatar odiscurso social no discurso interno0 buscando re+letir sobre osseus sentidos0 estes0 ob4etivos e sub4etivos. <alvez se4a poss"vel

clarear o ;ue : obscuro e estar assim de posse da chave e0;uem sabe 0 da conscincia.

QNão basta abrir a anela

Para ver os campos e o rio&

Não % bastante não ser cego

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Metodologia e Prática de Ensino o registro e a relexão do educador 

Para ver as árvores e as lores&

8 preciso não ter ilosoia nenhuma&

Iom ilosoia não há árvoresH há id%ias apenas&

á s cada um de ns( como uma cave&á s uma anela echada( e todo o mundo lá oraA

E um sonho do )ue se poderia ver se a anela se abrisse(

Kue nunca % o )ue se v )uando se abre a anela&* 

/ernando $essoa

 A conscincia se constr6i como processo gradativo dere+le,ão sobre uma ação O ;ue se +az primeiro atrav:s da ação

pratica0 se +ara depois atrav:s do pensamento. ompreenderimplica0 Zportanto0 reconstruir o +azer no plano mental utilizando0para tanto0 toda uma gama de conceitos ;ue generalizam arealidade. <er a compreensão e,ige poder e,plicar0 localizar naação0 al:m dos seus ob4etivos0 as escolhas0 as marcasintencionais ;ue a caracterizam.

Cimos o ;uanto este processo está enraizado na origemsocial do homem0 ao longo de toda a hist6ria da sua e,istncia. Aconstrução social da conscincia : mediatizada pelo signolingu"stico. As signi+icaç7es são constru"das no plano social e

processadas internamente0 no plano individual. 9o universo dase,perincias individuais +undem#se e,perincias do grupo. Oingresso no mundo social se dá desde sempre e0 : atrav:s dassigni+icaç7es0 ;ue o homem se apropria da e,perincia hist6ricada esp:cie0 re+letida e generalizada sob a +orma de conceitos.

Coltemos agora a S"si+o ou melhor0 a n6s mesmos.

 Acreditamos ;ue caiba nos apro,imarmos um pouco mais danossa prática no +echamento desta re+le,ão. A+inal0 para ;ueadiantaria a conscincia senão para +azermos esta apro,imaçãoKDe todo modo0 t#la0 implica necessariamente0 em reconhecer ecompreender um +azer0 se4a ele ;ual +or.

Os mitos são +eitos para ;ue a imaginação os anime. Eneste sentido ;ue reencontramos S"si+o0 como o ser consciente;ue tamb:m podemos construir em n6s. onscincia :tica0 napercepção da dimensão social do nosso +azer individual.5stamos amalgamados ao social0 somos parte dele eresponsáveis pela sua construção0 tanto ;uanto pelo seu destino.O ;ue não implica na alienação da sub4etividade. Ao contrário0 :antes a+irmação de um ser0 tamb:m ele constru"do socialmente0;ue parte de uma base comum0 edi+icando os seus pr6priossentidos. 5n;uanto S"si+o apro,ima o rosto da pedra : 4á elepr6prio pedra= en;uanto nos apro,imamos do outro0 atrav:s de

um +azer cotidiano0 somos um pouco este outro0 a ele nosmisturamos.

onstruir nossa conscincia implica no en+rentamentoda;uilo ;ue se encontra0 ainda0 inconsciente em n6s. Uá ;ue seter compromisso para en,ergar a prática0 não : su+iciente nãoser cego0 : preciso ;uerer abrir a 4anela. <alvez então0 possamosconstruir uma prática consistente0 pautada por aç7es ;uerecuperem valores imprescind"veis F +ormação de indiv"duosconscientes do seu papel na construção de uma sociedade ondese possa0 realmente superar o e+mero.

2.# !ueito onstrutor do onhecimento

adalena /reire 8el+ort

Somos su4eitos por;ue dese4amos.

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Metodologia e Prática de Ensino o registro e a relexão do educador 

Somos su4eitos por;ue criamos0 imaginamos esonhamos.

Somos su4eitos por;ue amamos e odiamos0 destru"mos econstru"mos conhecimento.

Somos su4eito por;ue temos uma ação pensante0

re+le,iva0 simb6lica0 laboriosa no mundo.ontudo0 tem muito su4eito ;ue não : dono de seu

dese4o0 de seu +azer0 de seu pensamento.

omo +az#lo reconhecer o pr6prio dese4o0 pensamento0se nunca lhe +oi poss"vel praticá#loK

$ara @reacender o @reconhecimento de dese4os0 sonhosde vida B esperança ;ue nasce da apropriação do pr6priopensamento B na prática pedag6gica : necessário a presençainstrumentalizadora de um 5ducador na coordenação do grupo.

5ducador ;ue se disponha a aprender en;uanto ensina0trabalhando seus ranços autoritários e espontane"stas natentativa0 na busca da construção de uma relação democrática.

5ducador ;ue tamb:m se disponha a acompanhar oprocesso de instrumentalização para a apropriação da re+le,ão@pensamentoH prática e teoria de seus educandos.

-denti+icando#se @se vendo nas hip6teses destes0 poderátrabalhar no terreno dos dese4os abortados= ou se4a0 resgatar oprocesso de aprendizagem do pensar ;ue a relação autoritáriasu+ocou.

5ste : um trabalho de plane4amento longo ;ue e,igemuita pacincia0 re+le,ão0 estudo0 disciplina intelectual. ontudo0não basta disponibilidade0 abertura0 pacincia e estudo somentedo 5ducador0 nem somente do educando. 5sse : um trabalhotecido no grupo0 onde o 5ducador necessita conhecer as

hip6teses ;ue os educandos constroem nesse processo @doresgate do seu pensamento na interação grupal.

Lue caminhos0 desde o resgate da oralidade at: aautoria0 a re+le,ão trilhaK

# 9ão sei +alar...

# 9ão consigo ler...@o ;ue escreveu

# orro de medo de ler o ;ue escrevi.

# Sintetizo demais0 s6 entendo @sobre o ;ue escreve0 etc.

$ara assim0 pode ir construindo intervenç7es0encaminhamentos e devoluç7es ade;uadas B ;ue possibilitemum pensar sobre B a cada hip6tese desse processo deconstrução @ e apropriação da re+le,ãoH pensamento. $araconstruir esse +azer0 o 5ducador necessita de uma metodologia0de instrumentos metodol6gicos ;ue alicerçam esse processo de

apropriação e autoria. A re+le,ão : um deles por;ue possibilitaH

● o rompimento da anestesia do cotidiano0 rotineiro0acelerado0 compulsivo0 passivo0 cego=

● o distanciamento necessário para tomarconscincia do ;ue se sabe @e pensa ;ue não sabia e do;ue ainda não se conhece=

● tecer um diagn6stico das hip6teses ade;uadas einade;uadas na prática pedag6gica=

● a sistematização do estudo da realidadepedag6gica0 ao mesmo tempo ;ue possibilita o casamentoentre prática e teoria=

● instrumentalizar o acompanhamento do processode +ormação do educador @apropriação de seu

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Metodologia e Prática de Ensino o registro e a relexão do educador 

pensamento0 sua autoria0 e alicerçar o processo detrans+ormação0 mudanças=

● registrar a hist6ria B individual e coletiva B doprocesso na con;uista do produto=

● constatar ;uais são as contradiç7es entre o seu

pensar te6rico e a sua prática0 entre o seu pensar#+azercom os dos outros=

● resgatar sua hist6ria de educando para poderpensar melhor sua prática @atual de educador e ;ue teoriavem alicerçando essa prática=

● elucidar sua opção pedag6gica0 pol"tica0 no ato deeducar para +abricar a construção do dese4o0 sonhos devida e esperança.

$or;ue re+letimos0 dese4amos0 sonhamos0 somos su4eito0

+azemos educação.

2 estudo e re#le$ão

3.1 !obre o Ato de Estudar%-efletir 

adalena /reire 8el+ort

O educador estuda os outros0 a si mesmo0 a sua prática0a realidade.

O educador estuda a teoria dos outros construindo0produzindo a sua.

O ato de estudar#re+letir +az parte do cotidiano doeducador por;ue a pes;uisa move a construção doconhecimento no ensinar0 no educar.

O instrumental ;ue disciplina sua prática de pes;uisa0 deestudo0 : a observação e a re+le,ão.

 A observação : o in"cio do seu estudo. Atrav:s doregistro de suas observaç7es e do plane4amento0 ele estruturasua re+le,ão.

 A re+le,ão tece o processo de apropriação de sua práticae teoria. Somente tendo sua nas mãos0 o educador ;uestiona erecria outras teorias. 9a concepção democrática de educação oato de re+letir#estudar : +onte constante de con+litos e con+rontocom a teoria do outro e a sua pr6pria. E constante rever#se0buscar#se atrav:s do entendimento do outro.

$or isso mesmo não : uma ação passiva= pelo contrário0muitas vezes pode acontecer verdadeiros duelos com ;ue seestá estudandoH discordncias0 não entendimentos0desentendimentos...

$or tudo isso0 o ato de estudar#re+letir provoca dores0mal#estar e tamb:m desprazer= mas tudo isso +az parte domovimento de +undamentação te6rica ;ue alicerça a recriação dateoria e da prática.

9este sentido0 o estudo#re+le,ão sempre possibilitatrans+ormaç7es.

9uma outra concepção de educação o estudioso praticao canibalismo te6rico= pois0 preocupado em devorar a pilha delivros produz somente o verniz da reprodução. Seu estudo nãogera trans+ormação por;ue0 desapropriado do ;ue pensa e +az0vira um copiador e,emplar da teoria dos outros. >m mascarado0de seu coração pedag6gico.

3.2 A &rop4sito do Ato de Estudar 

/átima amargo

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Metodologia e Prática de Ensino estudo e relexão

>ma re+le,ão ;ue se preze0 a este respeito0 deve0 a meuver0 contemplar dois aspectosH o da relação vivida e o da relaçãodese4ada. Ou se4a0 estaremos tratando a;ui do educando ;ue+omos e do educando ;ue devemos ser no contato0 menos oumais produtivo0 ;ue estabelecemos com o estudo.

5m maior ou menor grau somos egressos de um modeloautoritário de educação ;ue0 sem dJvida alguma0 inter+eriu0 oumelhor0 determinou a ;ualidade desta relação.

 Ali4ados do processo de aprendizagem0 na medida em;ue não +omos considerados os agentes do mesmo0desenvolvemos uma atitude passiva diante da;uilo ;ue +oi anossa aprendizagem. A m"stica do curso0 da aula ;ue tudoensina0 estabeleceu a necessidade somente de elementose,ternos indispensáveis a esta a;uisiçãoH papel e tinta0 muitatinta para tudo copiar.

 A leitura0 a c6pia mecnica de conteJdos previamentedeterminados0 prevaleceram sobre ;ual;uer outra relação. Oestudo sempre +oi reproduzido0 de pre+erncia tal ;ual ao ;uetivesse sido apresentado.

/oi#nos subtra"da a chance de absorv#lo de +ormacr"tica0 o ;ue representaria a chance de recriá#lo. Do mesmomodo0 a +orma +ragmentada como sempre +oi tratado0 corroboroupara ;ue menos relaç7es pud:ssemos estabelecer entre osconceitos0 restringindo a poss"vel ampliação dos signi+icados.

Sem cr"tica0 a passagem pelos te,tos se +azia super+icial0

na ausncia de um apro+undamento sobre a sua signi+icaçãopro+unda.

9ão +omos educados para a divergncia= esta entendidano stricto senso de sua conceitualizaçãoH desarmonia. *estou#nos a resignação e a;uiescncia diante de um conhecimento ;uenão era nosso e do ;ual nunca chegávamos a nos apropriar.

9egligenciada a re+le,ão0 sobrou#nos a memorização comocaminho de sucesso. Diante desta e,igncia0 revestimos apalavra do pro+essor e a;uela do te,to de uma importnciadesmedida0 como se esgotassem todo e ;ual;uer conhecimento. Absolutizamos o conteJdo do outro0 correndo at: o risco decompactuar com a mentira e dela sermos os porta#vozes. Desta

+orma0 magnetizados pela palavra alheia0 perdemos a nossa +alapr6pria0 a nossa id:ia. 9ão nos davam e nem nos demos odireito de constitu"#las.

5sta0 +oi para muitos de n6s0 a relação vivida com oestudo. /az#se necessário conceb#la de +orma di+erente.Sermos capazes de construir o signi+icado dessa necessidade ea garantia de podermos construir em n6s e0 em nossoseducandos0 uma relação saudável +rente ao ato de estudar.

/alar em relação saudável não e ;uerer dizer ;ueestudar = : prazeroso o tempo inteiro. As di+iculdades0 aansiedade ;ue e,perimentamos diante do ob4eto deconhecimento0 caracterizam o momento de desprazer0 amorosidade do processo0 e at: mesmo a +rustração. uitasvezes o te,to lido não dei,a rastro0 no sentido da não apreensãodo seu conteJdo. A ele devemos voltar instrumentalizados porestudos paralelos0 de menor comple,idade0 ;ue subsidiem umareleitura e a nossa poss"vel compreensão.

aminhamos a;ui sobre os espinhos do estudo0 comdi+iculdade0 com dor. A +rustração e ansiedade serãominimizadas caso tenhamos trabalhado em n6s0 e em nossos

educandos0 o en+rentamento humilde mas obstinado do nossonão saber como etapa constitutiva do saber posterior0 nunca +inalnem absoluto0 mas antes0 su4eito a cortes e revis7es.

>ltrapassar as barreiras iniciais do estudo : condiçãoindispensável F con;uista do prazer= prazer ;ue adv:m do

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dese4o de conhecimento então satis+eito. 9ão se trata a;ui dechegarmos a compreensão linear e estrita do discurso te,tual0mas da imersão cr"tica no mundo das id:ias de outrem0 tomadascomo mat:ria da nossa pr6pria re+le,ão. E0 poss"vel então0 terclareza sobre o valor0 o sentido do estudo B não descolado douniverso individual de conhecimento0 mas incidindo sobre ele0

provocando e promovendo a sua ampliação e re+ormulação.O ato de estudar atrav:s da leitura : estabelecer com o

te,to uma relação dial6gica na tentativa de compreender opensamento dei,ado pelo outro. 9esta relação vem#seimplicados o pensamento do autor e a +orma como esteestruturou suas id:ias e0 necessariamente0 o saber do leitor ;ueas identi+ica e as interpreta com base na;uilo ;ue sabe. O maiorproveito ;ue tiramos do estudo0 por conseguinte do te,to0 : 4ustamente ver#nos implicados nele na medida em ;ue oassociamos a outras ;uest7es0 ou at: a nossa prática0

e,trapolando inclusive a temática proposta a priori. 9estesentido0 o ato de estudar não : acumular id:ias ;ue se perdemao longo do caminho por;ue não as tornamos nossas= mas sim 0o ato de recriá#las com a marca nossa identidade.

uitas vezes portamo#nos diante do estudo como alunosautoritários0 crianças obedientes a espera do outro0 te,to oueducador0 para ;ue nos ensine o ;ue temos de repetir. O álibi0em tais momentos0 : dizer#nos impregnados do modeloautoritário de educação ao ;ual +omos submetidos. A poss"velmudança de postura não : +ácil0 : antes0 trabalhosa e gradativa.

O ranço autoritário irá0 inevitavelmente0 aparecer vez poroutra.

Se aceitamos ;ue cada estágio do desenvolvimento não: absoluto0 4á ;ue comporta caracter"sticas de uma +ase anterior0devemos aceitar em n6s idntico movimento.

5stamos construindo dialeticamente nossa relação com oestudo0 com o conhecimento. 5sta construção implica emavanços e retrocessos0 como ;ual;uer outra.

O +undamental : ;ue estamos construindo tamb:m umare+le,ão e prática di+erenciadas ;ue nos permite chegar a

conscincia do Qdeslize autoritárioR. >ma vez identi+icado0 temoscondiç7es ho4e de rev#lo utilizando#o como recurso ao nossopr6prio auto conhecimento e a construção do nosso per+il deeternos educandos.

3.3 ontribuiç,es de uma diferença

Guliana Davini

 A psicanálise não : somente a cincia ;ue estuda aanormalidade0 como pensam muitos ;ue a vem como um pr:#conceito cheio de medos e antipatias. E uma cincia ;ue traz

contribuiç7es muito pertinentes sobre o humano. Uumano este0com suas normalidades0 seus e,ageros0 suas de+icinciascobertas por mecanismos imaginários.

/oi com a psicanálise ;ue a dualidade9O*APA9O*AP +ez um salto0 um avanço. 5la nos trou,e aideia de ;ue todos nos0 em maior ou menor grau0 temos traçosneur6tricos0 perversos e psic6ticos. <raços ;ue emergem a cadacon+lito ;ue nos : dado via *eal @conceito +ormulado por G.Pacan0 ;ue não representa a realidade0 mas sim o indiz"vel.ada pessoa escolhe0 ou melhor0 : escolhida por uma +orma de

de+ender#se do con+lito. ada pessoa : tomada pelas ansiedadecorrespondentes. 5stas de+esas e ansiedades tm contribuiç7essobre o processo da aprendizagem. Luero ressaltar a;ui comoos instrumentos metodol6gicos0 utilizados por n6s0 cont:m emseu cerne o uso destes mecanismos.

9o caso da observação  vemos os traços es;uizo#

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paran6ides[  onde0 no intuito de perseguir algo em pes;uisa0cinde o campo privilegiando parte dele. E atrav:s de um olharcuidadoso0 silencioso0 ;ue se conhece os perigos0 di+iculdades emedos ;ue vm com o novo. A observação :0 tamb:m0 o espaçopara ver seu mundo interno. 5scolher um aspecto para analisara4uda a sair do caos ;ue muitas vezes está no todo e a organizar

as e,perincias. A cisão pode ser uma +orma de ordenação darealidade para um dado momento.

Gá0 o %lane3amento0 utiliza#se dos traços obsessivos;uando idealiza o +uturo tentando controlar o dese4o0 v a melhor+orma de chegar no ob4etivo. 5vita as perda0 tentando costurar0amarrar uma pauta ;ue pode ser muitas vezes onipotentes. Aopensá#la0 dá#se o seu controle.

 A re#le$ão  tem um pouco dos traços hist:ricos e dosdepressivos. Depressivos0 por ser um espaço de reti+icação daspr6prias estereotipias e resistncias. Pugar de pensar asdi+iculdades0 as negaç7es0 e vir com uma proposta ;ue : oen+rentamento0 a reparação. E a concretização dos ob4etivos e0portanto0 pode ser a superação da cisão anterior. Uist:ricos0 porser um espaço de ;uestionamento do e,terno0 ;ue no +undo :uma +orma deslocada de colocar as ;uest7es internas. Derrogaas verdades do outro0 ao mesmo tempo ;ue as institui @emdi+erentes tempos. A re+le,ão tenta consertar os buracos doconhecimento0 as +alhas conceituais. E o sonho de haver umsaber0 uma verdade. E nela ;ue se dá a intro4eção= esta0 : amarca signi+icante ;ue nos vem do Outro @conceito +ormulado por

G. Pacan0 ;ue aponta o simb6lico e a linguagem. ontidos nelaestão as dualidades especulares e a semente para seurompimento posterior. As grandes brigas e rachas com o estre

[ Os conceitos es;uizo#paran6ide0 depressivo0 reparação0 são +ormuladospor . Wlein no seu livro Amor0dio e *eparação0 -mago5dusp0 São$aulo0 1'(!.

;ue no +undo +alam de amor.

 A avaliação0 tamb:m0 cont:m basicamente os traçosdepressivos onde vai se dar a implicação via conscientização.Depois de ver#se inclu"da0 a pessoa pode então olhar melhor ocenário onde está= e este0 4á : o in"cio da reparação0 construção

de nova participação. Aprender errando0 aceitando as +alhas0 odesassossego. O lado ruim : inclu"do. Aceito. 9a avaliação estaa preocupação e Fs vezes uma ponta de tristeza. <risteza de;uem viu0 de ;uem gostou e de ;uem não gostou. E por isso ;uenela esta tamb:m o alivio0 a elaboração.

$or Jltimo0 a s/ntese  ;ue usa os mesmos traçosacrescida do e,erc"cio do limite onde está o processo do cortar0trans+ormar0 perder. E o pr6prio decidir. 9a s"ntese0 vemos aperda do es;uema re+erencial anterior e seus respectivosv"nculos. As coisas 4á podem ser +aladas de outra +orma0 commaior distanciamento dos con+litos cognitivos0 a+etivos0 e sociaisvividos.

*esta saber da ;uantidade e ;ualidade de cadamomento. Detectar ;uando estes traços estão ou não a +avor doaprender. O coordenador : ;uem me,e nesta dosagem0 nestee;uil"brio.

om suas intervençGes ele +az o ob4eto de conhecimento@interno e ou e,terno ser ;uestionado. onvida o aluno aperguntar#se sobre seus es;uemas re+erenciais 4á constru"dos.5ste pensar dese;uilibra0 pois ;uebra idealizaç7es do anterior0do ;ue 4á se tem0 e causa um mal#estar. E acompanhado poransiedades[[ paran6ides0 onde a pr6pria hostilidade de vinda dasensação de ata;ue : colocada no outro0 no coordenador.

O rever#se : recheado de ansiedade con+usionais0 entra#

[[ Sobre as ansiedades0 são trabalhadas por Gos: ?leger no seu livro <emasde $sicologia0 artins /ontes0 São $aulo0 1'%).

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se na indiscriminação. Uá a perda de controle e o aluno podereagir +obicamente0 contra#+obicamente0 atacando ouridicularizando. ada indiv"duo reage segundo sua estrutura.

E atrav:s da devolução  ;ue o coordenador abre Fentrada da ansiedade depressiva. Uá um sentimento mais calmo

em estar a merc do outro. 5la : um bom 4eito de trabalhar adosagem da ansiedade por trazer algumas respostas0 algumasdireç7es. orrige a comunicação cheia de ru"dos causada pelaintervenção. Diminui o medo e as de+esas eg6icas.

$or isso0 o encaminhamento : o tempo da coroação. Arealidade está mais clara e0 portanto0 permite o retorno F acao0 Fprática. E nele ;ue se dá a construção da coragem para amudança. E o tempo do insight onde0 atrav:s da sublimação0encontra#se a possibilidade nova de reagirH criando0 inventandoum A**-SA*.

<udo isso nos conta como o campo do pedag6gico0 doaprender0 tem um coração psicol6gico. 5,plicitá#lo : tamb:m umrisco. >m risco : uma aposta.

5stá dei,ado o conviteT

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