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1 A pesquisa urbano regional no Brasil a partir do surgimento da SAGMACS e a aproximação com o Movimento Economia e Humanismo Isabella Leite Trindade Andréa Dornelas Câmara Mariana Dornelas Câmara O texto consiste em um breve relato sobre a experiência da Sociedade para Análise Gráfica e Mecanográfica Aplicada aos Complexos Sociais (SAGMACS), uma das primeiras consultorias técnicas no Brasil, que realizou inúmeros trabalhos, os principais em Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, levantando questões fundamentais na época, atrelando novas teorias do desenvolvimento econômico alicerçadas na teoria Economia e Humanismo, no bem estar social da população, reformulando conceitos que constituíram um novo processo de pensar os problemas das cidades e regiões partindo de diagnósticos -levantando dados de forma empírica, e prognósticos - comparando estes dados sob o ponto de vista das condições urbanas. A experiência da Sociedade para Análise Gráfica e Mecanográfica Aplicada aos Complexos Sociais (SAGMACS) nas décadas de 1950 e 1960 no Brasil representa um ponto de inflexão, uma mudança na maneira de projetar, planejar e resolver os problemas urbanos das cidades. O período corresponde a um momento de grandes transformações no país, marcado por questionamentos, propostas e debates a respeito da tão sonhada modernidade das cidades; mas também, é nesse período que surgem as discussões a respeito dos planos de extensão territorial das cidades brasileiras e que estas não poderiam mais ser entendidas dentro dos seus limites físico-territoriais e assim, deveríamos pensar a região em substituição à cidade e o planejamento em substituição ao desenho e às reformas urbanas 1 . Isso significou uma mudança na forma de intervir nas cidades, visto que, até a década de 1950, a cultura urbanística no Brasil, de modo geral, estava voltada para projetos de planos viários, de remodelação e embelezamento e caracterizavam-se em sua maioria como intervenções parciais. A SAGMACS surge no Brasil através do padre Louis-Joseph Lebret 2 que esteve pela primeira vez no país em 1947, a convite do então prefeito de São Paulo, Wladimir de Toledo Piza, para 1 Esse debate surge sobretudo a partir da publicação do trabalho de Antônio Bezerra Baltar. In: BALTAR, Antônio Bezerra. Diretrizes de um Plano Regional para o Recife. Tese de concurso para o provimento da cadeira de urbanismo e arquitetura paisagística na Escola de Belas Artes da Universidade do Recife. Recife: 1951. 2 Louis-Joseph Lebret nasceu em Saint Malo, na Bretanha, França, em 26/06/1897 e faleceu em Paris em 20/07/1966, com 69 anos. Nasceu em uma família de forte tradição naval, ingressou na Marinha aos 15 anos como aprendiz de marinheiro, depois estudou na Escola Naval de Brest, formou-se oficial de marinha francesa, onde teve oportunidade de conhecer vários lugares do mundo. Deixou a marinha em

A pesquisa urbano regional no Brasil a partir do ... · A biblioteca da FAU/USP possue a coleção completa (323 números) da revista Économie et Humanisme e grande parte dos trabalhos

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A pesquisa urbano regional no Brasil a partir do surgimento da SAGMACS

e a aproximação com o Movimento Economia e Humanismo

Isabella Leite Trindade

Andréa Dornelas Câmara

Mariana Dornelas Câmara

O texto consiste em um breve relato sobre a experiência da Sociedade para Análise Gráfica e

Mecanográfica Aplicada aos Complexos Sociais (SAGMACS), uma das primeiras consultorias

técnicas no Brasil, que realizou inúmeros trabalhos, os principais em Pernambuco, Rio de

Janeiro, São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, levantando

questões fundamentais na época, atrelando novas teorias do desenvolvimento econômico

alicerçadas na teoria Economia e Humanismo, no bem estar social da população, reformulando

conceitos que constituíram um novo processo de pensar os problemas das cidades e regiões

partindo de diagnósticos -levantando dados de forma empírica, e prognósticos - comparando

estes dados sob o ponto de vista das condições urbanas.

A experiência da Sociedade para Análise Gráfica e Mecanográfica Aplicada aos Complexos

Sociais (SAGMACS) nas décadas de 1950 e 1960 no Brasil representa um ponto de inflexão,

uma mudança na maneira de projetar, planejar e resolver os problemas urbanos das cidades.

O período corresponde a um momento de grandes transformações no país, marcado por

questionamentos, propostas e debates a respeito da tão sonhada modernidade das cidades;

mas também, é nesse período que surgem as discussões a respeito dos planos de extensão

territorial das cidades brasileiras e que estas não poderiam mais ser entendidas dentro dos

seus limites físico-territoriais e assim, deveríamos pensar a região em substituição à cidade e o

planejamento em substituição ao desenho e às reformas urbanas1. Isso significou uma

mudança na forma de intervir nas cidades, visto que, até a década de 1950, a cultura

urbanística no Brasil, de modo geral, estava voltada para projetos de planos viários, de

remodelação e embelezamento e caracterizavam-se em sua maioria como intervenções

parciais.

A SAGMACS surge no Brasil através do padre Louis-Joseph Lebret2 que esteve pela primeira

vez no país em 1947, a convite do então prefeito de São Paulo, Wladimir de Toledo Piza, para

1 Esse debate surge sobretudo a partir da publicação do trabalho de Antônio Bezerra Baltar. In: BALTAR, Antônio Bezerra. Diretrizes de um Plano Regional para o Recife. Tese de concurso para o provimento da cadeira de urbanismo e arquitetura paisagística na Escola de Belas Artes da Universidade do Recife. Recife: 1951. 2 Louis-Joseph Lebret nasceu em Saint Malo, na Bretanha, França, em 26/06/1897 e faleceu em Paris em 20/07/1966, com 69 anos. Nasceu em uma família de forte tradição naval, ingressou na Marinha aos 15 anos como aprendiz de marinheiro, depois estudou na Escola Naval de Brest, formou-se oficial de marinha francesa, onde teve oportunidade de conhecer vários lugares do mundo. Deixou a marinha em

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ministrar um curso de alguns meses na Escola de Sociologia e Política de São Paulo sobre

“Economia e Humanismo”3, atualidades econômicas e Políticas, no qual participaram várias

personalidades de vários locais do país4.

Motivado pelo curso, Lebret funda em São Paulo o Movimento Economia e Humanismo5, e cria

a Sociedade para Análise Gráfica e Mecanográfica Aplicada aos Complexos Sociais

(SAGMACS) nos mesmos moldes da SAGMA criada na França em 1946. A SAGMACS tratava-

se de um escritório técnico fundado inicialmente em São Paulo, em 1947, com o objetivo de

desenvolver estudos e proposições técnico-científicas voltados para o desenvolvimento através

de uma ação conjunta em várias áreas do conhecimento e com uma preocupação de formar

equipes técnicas capazes de assessorar com pesquisas e planos a ação de agentes públicos,

privados ou comunitários, usando nestes estudos os princípios e os métodos do Movimento

Economia e Humanismo.

Neste primeiro período de sua fundação no Brasil, A SAGMACS era formada por uma equipe

multidisciplinar composta pelos dominicanos e professores da Escola Politécnica e foi

subsidiada pelo Jóquei Clube, pela Escola Politécnica de São Paulo e pela Ação Comunitária

Católica. As primeiras atividades da SAGMACS foram duas pesquisas, a primeira sobre as

condições de vida dos empregados do Jóquei Clube; e depois, outra sobre as condições de

1923 para se tornar Dominicano, no Convento de Anger, província de Lyon, sendo ordenado sacerdote em 1928.

Seus primeiros textos escritos a partir de 1932 tratam-se de estudos sobre os pescadores franceses, seus problemas, necessidades, condições de vida e trabalho, com o objetivo de buscar uma solução, sobretudo devido à crise de 1929/30. Essa experiência de trabalho deu a Lebret o contato com as classes trabalhadoras e inaugurou a base de seu método de pesquisa "enquêtes-participations" e “recherche-action”.

Em 1941, Lebret fundou na região de Lyon, na França, o “Movimento Economia e Humanismo”; com a preocupação dentro da Igreja Católica com o desenvolvimento social global, com as questões do subdesenvolvimento em alguns países, e a necessidade de solidariedade com os países pobres.

Viajou pelo mundo, proferindo palestras, divulgando o “Movimento Economia e Humanismo” e criando equipes de trabalho para trabalhar com uma nova abordagem do planejamento territorial, relacionando as questões do meio físico-geográfico aos problemas do desenvolvimento. Além do Brasil, atuou em vários países, sobretudo no Líbano, Senegal, Benin, Costa do Marfim, Chile, Uruguai, Colômbia, Venezuela e Vietnam do Sul. 3 LEBRET, Louis-Joseph. Introduction generale à l’économie humaine. Cours professé à l’École libre des sciences politiques de São Paulo (Brésil), du 14 avril au 5 juin 1947. 4 volumes escritos a máquina, 120 páginas por volume. 4 Na nota Prévia do Livro ‘Suicídio ou sobrevivência do ocidente’, Lebret agardece a Escola de Sociologia e Política de São Paulo, por ter proporcionado o primeiro contato científico com a América Latina. IN: LEBRET. L.-J. Suicide ou survie de l’Occident?, Paris, Économie et Humanisme et Éditions ouvrières, 1968. p. 14 5 Existe uma ampla bibliografia sobre o movimento Économia et Humanismo, assim como sobre Louis-Joseph Lebret, inclusive com referências a suas estadías no Brasil entre 1947 e 1965, sobretudo em São Paulo. A bibliografia completa da obra do padre Lebret pode ser encontrada em: Cahier nº2 editado por la asociación Les Amis du Père Lebret. Paris, 1979. Entre as principais publicações encontramos os livros de Pelletier (PELLETIER, Denis. Économie et humanisme: de l’utopie communautaire au combat pour le Tiers Monde 1941-1966. Paris: CERF, 1996), Gareau (GARREAU, Lydie. L.J.Lebret, un Homme traqué (1897-1996). Villeurbanne, Bruxelles: Golias, 1997) e Houe (Houée, Paul. Un éveilleur d’humanité: Louis Joseph Lebret. Paris: L’Atelier, Ouvrières, 1997). A biblioteca da FAU/USP possue a coleção completa (323 números) da revista Économie et Humanisme e grande parte dos trabalhos da SAGMACS.

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habitação em São Paulo, com o título de "Un étude sur l'habitat a São Paulo"6. Em parelelo a

essas atividades, Lebret realizou uma série de palestras e cursos em várias cidades pelo Brasil

e outros países da América Latina, com o objetivo de difundir suas idéias e introduzir o

Movimento Economia e Humanismo.

Depois, devido a uma reação da igreja católica7, Lebret foi proibido de voltar ao Brasil e a

SAGMACS tem seus trabalhos restritos. Lebret só voltaria ao Brasil em 1952 quando o

Professor Lucas Nogueira Garcez, candidato vencedor ao Governo do Estado de São Paulo,

consegue a anulação da proibição existente e convida Lebret para vir assessorá-lo na

elaboração de um documento com orientações e sugestões para o seu plano de governo.

Nesse momento, além da assessoria, Lebret conduz as negociações entre SAGMACS e a

‘Bacia Paraná-Uruguai’ para uma pesquisa sobre as condições de desenvolvimento do Estado

de São Paulo que posteriormente é realizada através de uma equipe coordenada por ele8.

A SAGMACS foi uma das primeiras consultorias técnicas no Brasil e realizou inúmeros

trabalhos, os principais em Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Minas Gerais,

Santa Catarina e Rio Grande do Sul, levantando questões fundamentais na época, atrelando

novas teorias do desenvolvimento econômico alicerçadas na teoria Economia e Humanismo,

no bem estar social da população, reformulando conceitos que constituíram um novo processo

de pensar os problemas das cidades e regiões partindo de diagnósticos -levantando dados de

forma empírica, e prognósticos - comparando estes dados sob o ponto de vista das condições

urbanas.

A atuação da SAGMACS no Brasil pode ser classificada em quatro fases9: [01] a primeira fase,

de 1947 a 1952, é marcada pela fundação da SAGMACS e a realização dos primeiros

trabalhos; [02] a segunda, entre 1952 e 1956, é marcada pela volta de Lebret ao Brasil e o

contrato entre SAGMACS e a "Comissão Interestadual da Bacia Paraná/Uruguai", um convênio

entre os Estados banhados pelos rios Paraná e Uruguai: Paraná, Minas Gerais, São Paulo,

Mato Grosso, Santa Catarina e Rio Grande do Sul10; [03] a terceira fase, de 1957 a 1959, é

6 Os resultados da pesquisa foram publicados na Revista Économie et Humanisme e na Revista do Arquivo en 1951 (LEBRET, Louis-Joseph. Sondagem preliminar a um estudo sobre a habitação em São Paulo. Revista do Arquivo, ano CXXXIX, p. 7-52, 1951) 7 Em 1947, Lebret encontra no Brasil uma igreja católica muito conservadora para as idéias defendidas por ele, mas ele vê progressivamente multiplicar o apoio as suas idéias, mesmo dentro da hierarquia católica. Ele se torna testemunha e cúmplice de uma facção progressista dentro da igreja impulsionada por Dom Helder Câmara no Recife. 8 Problemas de Desenvolvimento: necessidades e possibilidades do Estado de São Paulo. São Paulo, CIBPU 1954 (02 volumes). 9 Entrevista a Celso LAMPARELLI. In: http://www.urbanismobr.org/entrevistas/index.htm. 10 A equipe da SAGMACS, coordenada pelo Prof. Mendes da Rocha, professor da Politécnica era formada de profissionais e estudantes, como Darcy Passos e Eduardo Bastos e estes foram treinados pelo Padre Lebret, pelo economista Raymond Delprat e pelo Frei Benevenuto de Santa Cruz. A pesquisa denominada "Necessidades e Possibilidades do Estado de São Paulo" levantou e analisou dados sobre a realidade do Estado transformando-os em subsídios para um projeto de desenvolvimento regional com ênfase nas condições da infra-estrutura e dos níveis de vida das várias áreas rurais e urbanas visando acelerar o processo de industrialização. Posteriormente o mesmo tipo de estudo vai ser estendido aos três estados do sul do País, mobilizando equipes em São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do

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dedicada principalmente aos estudos das estruturas e problemas urbanos, iniciada para

atender a solicitação do vice-prefeito Dr. Wladimir de Toledo Piza que assumia a Prefeitura em

abril de 1956 e contrata a SAGMACS para fazer a pesquisa "Estrutura Urbana da Aglomeração

Paulistana" e é marcada também pelo contrato com a Prefeitura de Belo Horizonte para a

pesquisa da sua Estrutura Urbana; [04] a quarta fase, é caracterizada por um período em que a

SAGMACS teve pouca oportunidade de trabalho no início, mas a produção é retomada no final

de 1962. Nessa fase, a SAGMACS foi reestruturada como uma cooperativa de técnicos, com

novo estatuto e nova estrutura.

Com o golpe militar de 1964, os onze contratos em andamento foram automaticamente extintos

e a equipe técnica fica sem trabalho e se dispersa, dando fim à experiência no Brasil. Os

arquivos da SAGMACS foram alvo de vandalismo e muito se perdeu. Parte desse arquivo pôde

ser levantado nos arquivos municipais e na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de São

Paulo (FAU-USP), onde atualmente encontram-se parte do acervo da SAGMACS. Com a

identificação dessa documentação pôde-se elaborar gráficos que resumem a trajetória dos

contratos e trabalhos desenvolvidos pela SAGMACS no Brasil.

No Gráfico 01, podemos identificar que os primeiros anos de atividade da SAGMACS foram

pouco produtivos, apesar da importância de alguns trabalhos, talvez devido à ausência de

Lebret entre os anos de 1947 e 1952, por causa da proibição da Igreja Católica, ou porque o

Movimento Economia e Humanismo, não havia ainda sido de fato consolidado no Brasil. Os

anos mais produtivos (1962, 1963 e 1964) parecem ter sido os últimos anos, quando a

SAGMACS já estava consolidada e com resultados de trabalhos em quase todo o país, que

correspondem juntos a 65% da produção encontrada.

1947

3%1948

3% 1953

3%1954

6%

1956

3%

1958

8%

1960

3%

1962

16%

1963

38%

1951

3%

1961

3%

1964

11%

10%

13%

18%

21%

38%

habitacional

pesquisa rural/produção

pesquisa social

infraestrutura física

projeto regional/territorial

Figura 01: Gráfico 01 com a indicação do percentual de trabalho por ano de atividade da

Figura 02: Gráfico 02 com o percentual de trabalho por

Sul e um grupo no Rio de Janeiro onde se encontrava a maior fonte de dados. Tais estudos duraram até fins de 1956. In: http://www.urbanismobr.org/entrevistas/index.htmm.

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SAGMACS

Fonte: desenho da autora a partir das fontes primárias da pesquisa

tipo de atividade da SAGMACS

Fonte: desenho da autora a partir das fontes primárias da pesquisa

Em relação ao tipo de atividade, o gráfico 02 indica que a SAGMACS foi capaz de desenvolver

diversas atividades. Identificamos que a maior parte dos trabalhos, cerca de 38% foram planos

regionais/territoriais. Nessa categoria se enquadram-se os planos diretores, e planos de

desenvolvimento; 21% dos contratos corresponderam a trabalhos voltados a resolver questões

de infraestrutura física, a exemplo de pesquisas sobre análise do sistema de água e esgoto em

algumas regiões, e das condições de energia elétrica em algumas cidades; 18% dos contratos,

foram classificados como pesquisas sociais, a exemplo do trabalho realizado no Rio de Janeiro

sobre as favelas cariocas11 ou ainda a pesquisa sobre os menores abandonados em são

Paulo12; 13% dos contratos, classificados como pesquisas rurais, realizadas em sua maioria

em Mato Grosso e no Araguaia, tratavam-se de pesquisas sobre programas de mecanização

agrícola, diagnóstico de unidades rurais e revisão agrária; e por último, com um total de 10%

classificamos como habitacional, todos os trabalhos relativos a estudos para implantação de

loteamentos, estudos para implantação de política habitacional, e/ou estudo das condições de

habitação.

A SAGMACS estava inserida em todos estes campos de trabalho, pois tinha um corpo técnico

com experiência e competência em pesquisa, estudos e planos de desenvolvimento, podendo

responder a demandas de contratos.

O Movimento Economia e Humanismo

Economia e Humanismo era uma associação francesa de origem católica, fundada em

Marseille em 1941 pelo padre dominicano Louis-Joseph Lebret, junto com René Moreux

(estudava a transformação dos centros mundiais de produção), Jean-Maurius Gatheron

(economista, analisava as conseqüências do desequilíbrio entre a agricultura e a indústria),

François Perroux (economista, estudava política e economia mundial), Gustave Thibon

(filosofo, estudava a evolução agrícola e artesanal), Edmond Laulhère (artesão, estudava

economia capitalista) e Alexandre Dubois (chefe de uma metalúrgica, estudava o trabalho em

relação a questão salarial). A associação se instalou inicialmente em um subúrbio da cidade de

Lyon a partir de 1943 e tinha como objetivo elaborar as bases de uma ‘economia humana’, ou

seja, promover a economia a serviço do bem humano, numa adaptação ao contexto social.

O movimento e o grupo tinham como meta estudar as realidades humanas e sociais dentro da

sua complexidade se propondo de “remettre l’économie au service de l’homme”, através da

11 Aspectos humanos da favela carioca. O Estado de São Paulo, São Paulo, 10 abr. 1960. p. 38, col. 4, supl. especial. 12 Por que menores abandonados, e por quem? SAGMACS. São Paulo, 1948

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intervenção no campo econômico e social, e da realização de trabalhos, estudos e ações

voltadas para o desenvolvimento, as políticas, as práticas sociais, a cooperação e a

solidariedade internacional, e durou até o ano de 2007, quando oficialmente as atividades

encerraram.

Com forte atuação desde o início das suas atividades, o grupo lança a revista ‘Économie et

Humanisme’13 em 1941, o ‘Manifesto para uma Civilização Solidária’14 em 1942, funda uma

editora e inaugura uma livraria em Paris. Em 1957, criam um instituto de pesquisa e ação de

combate a miséria do mundo, chamado l’Institut de Recherche et d'Applications des Méthodes

de Développement (IRAM)15 e em 1958, fundam um importante centro de estudos em Paris

‘l’Institut International de Recherche et de Formation em Vue du Développement Harmonisé’

(IRFED)16. A partir de 1946 são criados vários grupos locais de Economia e Humanismo,

primeiro com equipes em várias cidades na frança, depois na América Latina, África, Ásia e

Oriente Médio17.

Lebret faz muitas missões na Europa, na África e em diferentes países da América Latina

participando de debates, divulgando suas idéias e constituindo equipes de trabalho18. No Brasil,

ao mesmo tempo em que introduz o ‘Movimento Economia e Humanismo’ e organiza a

SAGMACS para aplicar os métodos de pesquisa desenvolvidos por ele, é reconhecido como

expert na área e se torna conselheiro político.

13 Fundada em Marseille, na França, só viria a terminar em 2007, com o número 382 14 Trata-se de um texto, que procura alertar para a situação do mundo e abrir uma via que permitirá sair dos impasses em que a humanidade se encontra comprometida, e se dirige a uma civilização solidária: "Pour une civilisation solidaire s'adresse exclusivement aux hommes et aux femmes de bonne volonté qui considèrent comme désirable et comme possible un effort désintéressé et efficace pour I'ínstauration d'une économie humaine”. LEBRET, Louis-Joseph. Manifeste pour une Civilisation Solidaire. Economie et Humanisme. Paris, 1957. p.13 15 O IRAM, foi criado em 1957, com o objetivo da ‘promoção econômica, social e política das comunidades rurais’. Posteriormente, o IRAM se estruturou e se transformou em um centro de estudos associativo, que combina competências profissionais e engajamento com a sociedade, através da coperação internacional, e intervem atualmente em mais de 40 países na África, América Latina, na Ásia e na Europa. 16 Foi rebatizado posteriormente como ‘Institut international de recherche et de formation éducation et développement (IRFED)’ e a partir de 2004, passou a se chamar ‘Centre International Développement et Civilisations – Lebret (IRFED)’. O instituto se organiza a partir de três vetores: pesquisa, formação e intervenção.

A partir de 1979, se reorganiza em três partes: uma associação engajada na Europa (IRFED Europe éducation culture développement), uma associação engajada nos paises em desenvolvimento (IRFED éducation et développement interculturel) e IRFED Internactional, que reune o conjunto dos institutos e um centro de documentação. 17 Revista Economia e Humanismo, número Especial, outubro 1986. p.9 18 A herança deixada po Lebret: Bretagne Espérance et Solidarité (Saint Gilles du Mené, Côtes d’Armor, França), o Instituto IRFED Europe (Paris, France), o Movimento ‘Economie et humanisme’ até 2007 (Lyon, França), o Institut libanais pour le développement économique et social - ILDES (Beirute, Libano), o Centro universitário ‘Economía y Humanismo’ (Bogotá, Colombia), o Centro L.-J. Lebret (Dakar, Sénégal), o Institut de Recherches et d'Applications des Méthodes de Développement (IRAM), o Centre Internacional pour l’Éducation Permanente et l’Aménagement Concerté – CIEPAC (Caltelnau-le-Lez, Hérault, França), e Habitat, Santé et Développement – HSD (Montreuil-sous-bois, França)

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Lebret estuda a questão social pelo foco das necessidades, através da macro e

microeconomia, tendo o homem como argumento principal e descreve que o problema em

relação ao desequilíbrio e pobreza de alguns países, não decorre apenas dos sistemas

vigentes e em luta na época (o capitalismo, o comunismo e o socialismo), mas do próprio ser

humano face ao progresso e propõe uma ‘revolução permanente’ com o estudo do documento

‘suicídio ou a sobrevivência do ocidente’19 e uma ação social solidária a partir do manifesto

‘Manifeste pour une Civilisation Solidaire’.

Ambos os documentos, são resultado de anos de observação, de ação, e das várias pesquisas

realizadas em várias cidades do mundo, a partir da experiência do próprio padre Lebret que já

havia visitado na época mais de sessenta países.

Os textos discorrem sobre a situação em que o mundo se encontra, com o intuito de indicar um

caminho que permita à humanidade sair dos impasses em que se encontra.

No livro ‘suicídio ou a sobrevivência do ocidente’ Lebret, chama a atenção para os problemas

fundamentais que a humanidade deveria solucionar para assegurar a sua “sobrevivência”; ou

em caso contrário, caminharia fatalmente para o “suicídio”.

Para o autor, o que espanta não é tanto a existência do problema, mas a indiferença com que

os responsáveis pela política mundial e nacional, bem como os homens em geral se colocam

diante dele.’20 Assim, o ocidente se suicida por “estreiteza de vistas” e “Não compreende que

só poderá sobreviver transformando-se, o que exigiria converter sua ótica egoísta em ótica

fraternal, aberta às dimensões do homem e à totalidade do gênero humano”.21

O ‘Manifesto por uma civilização solidária’, cuja redação teve a colaboração de cerca de cem

pessoas, com as mais variadas experiências, dirige-se a ‘uma civilização solidária’ e explica o

que seria o ‘Manifesto por uma civilização solidária’: "Pour une civilisation solidaire s'adresse

exclusivement aux hommes et aux femmes de bonne volonté qui considèrent comme désirable

et comme possible un effort désintéressé et efficace pour I'ínstauration d'une économie

humaine”.22

e a definição mais apropriada para o termo ‘economia humana’:

Definimos a economia humana, enquanto pesquisa, como a disciplina, especulativa e prática, da passagem,

para uma determinada população, de uma fase menos humana para uma fase mais humana, segundo o

19 LEBRET. L.-J. Suicide ou survie de l’Occident?, Paris : Économie et Humanisme et Éditions ouvrières, 1968. 20 Idem, Ibidem. p.32 21 Idem, Ibidem. p. 357 22 LEBRET, Louis Joseph. Manifeste pour une Civilisation Solidaire. Paris : Economie et Humanisme, 1957. p.13

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ritmo mais rápido possível, com o custo financeiro e humano o menos elevado possível, sem esquecer a

solidariedade que deve existir entre tôdas as populações.23 [sic]

Lebret advoga que é desejável, mas também possível, um esforço desinteressado e eficaz

para a instauração de uma economia humana e que a melhoria das condições de vida da

população requer uma transformação a serviço do desenvolvimento, e a forma de organização

urbana é apontada como essencial para resolver a questão, o planejamento como um

instrumento importante de intervenção e a dimensão territorial, essencial na consideração de

uma economia humana.24 Para Lebret, ‘o planejamento, quando considerado como o

planejamento do espaço, torna-se indistinguível do desenvolvimento’.

Lebret é responsável pela introdução dessa preocupação dentro da igreja católica, e faz a

igreja tomar consciência da necessidade solidária aos paises pobres. Nos livros e nos

trabalhos publicados, Lebret evidencia que é preciso pensar globalmente, mas agir localmente

para satisfação das necessidades do homem e do bem comum numa comunidade organizada.

Assim, pode-se trabalhar em uma parcela do território e a partir daí esta experiência se

irradiará para o todo o restante do território.

A vinda de Lebret ao Recife

Lebret esteve pela primeira vez no Recife, quando veio ao Brasil em 1947 e visitou outras

cidades do país, além de São Paulo. Depois, em 1952, foi convidado a partir de um contrato

feito pela recém criada Comissão de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (CODEPE)

com a SAGMACS, para realizar um estudo sobre a economia de Pernambuco.

Este estudo, coordenado por Antônio Bezerra Baltar e por Souza Barros, secretário geral da

CODEPE na época, dá origem ao documento ‘Desenvolvimento de indústrias interessando a

Pernambuco e ao Nordeste’25 e a longa parceria entre Lebret e Baltar, que trabalha

efetivamente como membro da equipe técnica da SAGMACS de 1954 até 1964, quando a

equipe técnica se dispersa e o mesmo é obrigado a deixar o país e viver no exílio.

23 Idem, Ibidem. p.16 24 Idem, Ibidem. 25 LEBRET, L.J. Estudo sobre desenvolvimento e implantação de indústrias, interessando a Pernambuco e ao Nordeste. (série planificação econômica). Recife, 2ª. edição. Revista do CONDEPE, 1954. Além deste documento, dois outros foram publicados no mesmo ano e abordam a questão: Da localização de indústrias e dos problemas correlatos de urbanismo. In: BALTAR, A., SILVEIRA, P., SOUZA, B. Teses e conferências sobre problemas de urbanismo e área metropolitana. Recife. CODEPE (série localização industrial urbanismo II), 1954 e Exposição sobre o estado atual do problema do zoneamento do Recife. In: In: BALTAR, A., SILVEIRA, P., SOUZA, B. Teses e conferências sobre problemas de urbanismo e área metropolitana. Recife. CODEPE (série localização industrial urbanismo II), 1954.

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Figura 03: Pe. Louis-Joseph Lebret no Brasil

Fonte: Acervo Letícia Baltar

Figura 04: Padre Louis-Joseph Lebret

apresentando o Plano “Aglomeração Paulistana”

em São Paulo.

Fonte: Jornal Folha da Manhã, em 05/03/1958

A experiência de Baltar na SAGMACS faz com que ele aprimore sua metodologia de trabalho,

pesquisa e intervenção nas aglomerações urbanas e se aproxime ainda mais do Movimento

Economia e Humanismo, que nas palavras do autor:

defendia um método minucioso de análise do território e da sociedade, através de dossiês que englobavam

diversos dados sociais, econômicos e geográficos com o objetivo de montar uma síntese de dinâmica

urbana, procurando, assim, associar o aspecto econômico ao desenvolvimento humano. Era preciso,

primeiro entender, por meio dos aspectos econômicos, geográficos e sociais, a lógica e a coesão daquele

território ou região. Logo após era necessário definir a localização dos equipamentos com o intuito de

valorizar e aproveitar as oportunidades do território. Esta definição seria feita através de alguns

condicionantes econômicos, como disponibilidade de energia, transporte, água, e também de imperativos

sociais, procurando diminuir custos e melhorar as condições humanas.26

As impressões de Baltar, relatadas na introdução do livro ‘Estudo sobre Desenvolvimento e

implantação de indústrias interessando a Pernambuco e ao Nordeste’ referem-se, sobretudo a

segurança no método empregado por Lebret (resultado de suas experiências anteriores), a

enorme capacidade de observação dos complexos sociais e econômicos, visto que em poucos

tempo, ele forma uma síntese clara da situação (apesar dos incontáveis documentos e dados

ao seu dispor), e a visão ampla e profunda do problema, visto que os documentos entregues

em geral transbordam os limites iniciais propostos pelos estudos e os problemas são vistos na

26 BALTAR, Antônio Bezerra. Introdução In: Estudo sobre Desenvolvimento e implantação de indústrias interessando a Pernambuco e ao Nordeste. Op. Cit. p.29

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perspectiva de um movimento geral de ascensão dos níveis de vida da população em seu

conjunto e não apenas como programação de um conjunto de obras públicas e de iniciativas a

partir do conhecimento dos recursos naturais de uma região. A solução dos problemas,

deveriam então, atender as necessidades coletivas e pessoais em etapas sucessivas segundo

uma ordem de urgência determinada a partir da valorização dos recursos existentes, naturais e

humanos.

Na conferência proferida por Lebret em Pernambuco, ele explica esse princípio, conforme foi

notícia na imprensa local: ‘Não se pode separar no valor total o desenvolvimento da população

do desenvolvimento econômico’ 27

O planejamento regional deve ser feito obedecendo antes a uma escala de situações: método que é a parte

lógica e objetiva do planejamento e necessária à aplicação das hipóteses; estrutura física, isto é, utilização

do físico pelos homens: estrutura da população, que se poderia intitular de estrutura demográfica e se

dispõe de maneiras diferentes: estrutura agrária, industrial e de níveis de vida; estudo das conjunturas,

permitindo avaliar a estrutura econômica em ligação com o conjunto.28

Na apresentação da proposta, identifica-se a metodologia de trabalho adotada em trabalhos

anteriores pela SAGMACS baseada na análise da estrutura territorial e no diagnóstico das

carências e potencialidades urbanas, priorizando as necessidades do homem:

O trabalho constitui uma demonstração dos métodos e da técnica desenvolvida por “Economia e

Humanismo” e que garantindo o valor científico da pesquisa permite analisar metódica e minuciosamente

uma realidade humana, econômica e social, concreta e determinada, penetrando-lhe a estrutura, descobrindo

o nexo entre os fenômenos e as causas, no mínimo tempo e com o mínimo possível de gasto’

Os trabalhos da SAGMACS representam uma transposição de experiências internacionais em

planejamento urbano para a construção de um modelo próprio, podendo ser considerado sob

três aspectos: o da importância direta de metodologias de planejamento; o da absorção de

idéias e teorias por profissionais locais; e o das inovações desenvolvidas diante de situações

que exigiam soluções imediatas29.

Segundo Leme e Lamparelli30, o contato de Lebret com o Brasil, imprime uma nova direção aos

estudos do Movimento Economia e Humanismo na medida que inclui a temática do

27 Conferência do padre Lebret sôbre o “planejamento Regional” Pronunciada na Faculdade de Ciências Econômicas - O São Francisco e a conjuntura nordestina. Diário de Pernambuco, em 14/08/1954. 28 Conferência do padre Lebret sôbre o “planejamento Regional” Pronunciada na Faculdade de Ciências Econômicas - O São Francisco e a conjuntura nordestina. Diário de Pernambuco, em 14/08/1954. 29 LEBRET, Louis Joseph. Esbozo de uma carta de ordenazión. Madrid: Rial, 1962 30 LEME, Maria Cristina, LAMPARELLI, Celso Monteiro. A politização do urbanos no Brasil: a vertente carioca. Anais do IX Encontro Nacional da ANPUR. Rio de Janeiro, maio de 2001.

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subdesenvolvimento; numa época em que o debate urbanístico estava voltado para

disparidades regionais no Brasil.

Estudar a experiência de planejamento no Brasil durante o período de 1950 a 1965, significa

também compreender o papel e a importância da SAGMACS no contexto nacional e a

problemática teórico-empírico-metodológica na compreensão de políticas públicas e

intervenções dos planos regionais, afinal os primeiros levantamentos e pesquisas sobre os

níveis de vida da população só começaram a ser feitos no país apenas em 1952, através da

Comissão do Bem Estar Social – eram preocupações recentes.

Realizar pesquisa para conhecimento prévio e global da realidade ‘in loco’ era então um fato

completamente novo no urbanismo brasileiro, pois utilizou uma metodologia inovadora levando

os técnicos a introduzirem a preocupação social com o habitante. salientando a importância

que esta teve na inauguração de uma visão interdisciplinar, e principalmente na introdução da

preocupação social e das demandas populares, para se pensar a lógica da cidade.

A influente passagem de Lebret pelo Brasil também coincide com um momento de intensa

ebulição política e euforia cultural, que corresponde a transição entre a Segunda Guerra

Mundial e o período das revoluções comportamentais e tecnológicas da segunda metade do

século XX.

Com 60 milhões de habitantes, o Brasil do final dos anos 40 –recém democratizado-,

corresponde a um país que caminha em direção a tão sonhada modernização, passando de

país agrário (com a maior parte da população morando no campo) a um país em vias de

desenvolvimento econômico e industrialização; o que causou em curto prazo de tempo, uma

forte urbanização, devido a migração (do norte para o sul e do campo para a capital), sobretudo

nas principais capitais - São Paulo, Rio de Janeiro e Recife.

O Brasil entrou em um período de crescimento sem precedentes, marcado por debates

centrados nas questões de industrialização, e mudanças na estrutura social, bem como, das

disparidades regionais no país e subdesenvolvimento de algunas regiões em relação ao sul e

sudeste, e as necesárias reformas sociais.

Por outro lado, a consolidação do rádio, como fenômeno cotidiano, ligado à cultura popular; à

chegada da televisão (e ampliação dos meios de comunicação), o surgimento do Cinema

Novo, do teatro de vanguarda (Teatro de Arena e Teatro Opinião), dos acordes da Bossa Nova,

e a criação de importantes instituições culturais, a exemplo do Museu de Arte de São Paulo

(MASP) em 1947, do Museu de Arte Moderna (MAM) em 1948, e da I Bienal de Artes Plásticas,

em 1951, revelam a riqueza cultural do país no período.

Dentro dessa conjuntura sócio-político e cultural, que vai do final do Estado Novo (1930-1945) até

o golpe militar de 1964, Lebret encontra o terreno fértil para a difusão de suas idéias e o apoio,

tanto da intelectualidade brasileira, como do presidente Getúlio Vargas, eleito em 1950. Ele

chega ao Brasil, num momento em que as principais preocupações estão voltadas a busca do

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desenvolvimento econômico do país aliado a solução dos problemas enfrentados pelas

principais capitais do país devido ao crescimento desordenado. Ele se soma a essa realidade e

as questões sociais em pauta, propondo “remettre l’économie au service de l’homme”, através

da intervenção no campo econômico e social, e a realização de trabalhos através da

SAGMACS.

Referências Bibliográficas

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BALTAR, Antônio Bezerra. Diretrizes de um Plano Regional para o Recife. Tese de concurso para o provimento da cadeira de urbanismo e arquitetura paisagística na Escola de Belas Artes da Universidade do Recife. Recife: 1951.

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__. Universidade, Economia e Humanismo. Revista de Engenharia. Recife, ano VI, nº 7, jan-dez 1953

BALTAR, A., SILVEIRA, P., SOUZA, B. Teses e conferências sobre problemas de urbanismo e área metropolitana. Recife. CODEPE (série localização industrial urbanismo II), 1954

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LEBRET, Louis-Joseph. Manifeste pour une Civilisation Solidaire. Economie et Humanisme. Paris, 1957.

__. Estudo sobre desenvolvimento e implantação de indústrias, interessando a Pernambuco e ao Nordeste. (série planificação econômica). Recife, 2ª. edição. Revista do CONDEPE, 1954.

__. Esbozo de uma carta de ordenazión. Madrid: Rial, 1962

__. Problemas de Desenvolvimento: necessidades e possibilidades do Estado de São Paulo. São Paulo, CIBPU 1954 (02 volumes).

__. Suicide ou survie de l’Occident?, Paris, Économie et Humanisme et Éditions ouvrières, 1968.

Por que menores abandonados, e por quem? SAGMACS. São Paulo, 1948

Revista Economia e Humanismo, número Especial, outubro 1986. p.9

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