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A pintura rupestre no município de Piraí do Sul∕ PR

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A pintura rupestre no município de Piraí do Sul∕ PR: patrimônio a ser

conhecido no contexto escolar em 2013

Vera Lúcia Martins Barbosa1 Rosângela Maria Silva Petuba2

RESUMO

Este trabalho apresenta os resultados de cada uma das etapas desenvolvidas

a partir do Projeto intitulado A pintura rupestre no município de Piraí do Sul∕

PR: patrimônio a ser conhecido no contexto escolar em 2013, selecionado pelo

Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, da Secretaria Estadual de

Educação do Paraná e desenvolvido sob a orientação da Profa. Dra.

Rosângela Maria Silva Petuba, da Universidade Estadual de Ponta Grossa,

durante o período compreendido entre fevereiro de 2012 a fevereiro de 2014.

Desta forma, o artigo aborda as seguintes etapas: consolidação do Projeto, na

qual aborda as pinturas rupestres de Piraí do Sul/PR; desenvolvimento do

material didático, configurado como uma Unidade Didática que apresenta as

Pinturas rupestres locais e a implementação do Projeto na Escola, cujo

resultado alcançado foi a produção de um folder para preservação das pinturas

rupestres

Palavras-chave: História, Raízes culturais, Identidade cultura

1 Especialização em Magistério da Educação Básica, com concentração em

Interdisciplinaridade na Escola pela Faculdade Integrada Espírita.Atua no Colégio Estadual Jorge Queiroz Netto, Piraí do Sul/PR; 2 Professora Adjunta do Departamento de História na Universidade Estadual de Ponta Grossa.

Doutora em História Cultural pela Universidade Federal de Santa Catarina.

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1 INTRODUÇÃO

O presente projeto de intervenção pedagógica: “A pintura rupestre:

patrimônio a ser conhecido no contexto escolar no município de Piraí do Sul ∕

PR em 2013” visa suprir a lacuna existente nos programas educacionais

existentes na região. Arte rupestre é toda a expressão gráfica – pintura ou

gravura deixada pelo homem pré-histórico sobre superfície rochosa: paredes

de grutas, abrigos, canyons, boqueirões, etc. A palavra Itacoatiara, que em tupi

e guarani significa pedra pintada, é frequentemente utilizada para denominar os

rochedos decorados.

O projeto foi implementado com os alunos do 6º Ano do Ensino

fundamental do Colégio Estadual Jorge Queiroz Netto, em Piraí do Sul/Pr.

A cidade de Piraí do Sul/PR possui uma riqueza em Patrimônios

Naturais (cavernas) e Patrimônios Culturais (pinturas rupestres), os quais são

pouco conhecidos pelos habitantes da região e principalmente pelos alunos.

Trabalhar com pinturas rupestres requer um conhecimento da história do

município em que os alunos estão inseridos3.

A cidade de Piraí do Sul apresenta um rico patrimônio arqueológico,

porém, grande parte da população desconhece a existência e importância dos

vestígios da ocupação pré-histórica. A cidade esconde fauna e flora peculiares,

fósseis, cavernas a serem exploradas em cada fenda que se forma de

afloramentos areníticos, além de muita história deixada na forma de pinturas

rupestres pelos primeiros habitantes da região.

Abaixo temos a localização de Piraí do Sul no estado do Paraná:

3 As terras do município de Piraí do Sul assentam-se no Primeiro Planalto dos Campos Gerais,

correspondendo a parte urbana e no Segundo Planalto no sentido a cidade de Ventania, atravessando a Serra de Piraí, a 1009 metros acima do nível do mar Os Campos Gerais do Paraná são formados pelos seguintes municípios: Arapoti, Balsa Nova, Campo do Tenente, Campo Largo, Cândido de Abreu, Carambeí, Castro, Ivaí, Ipiranga, Lapa, Jaguariaíva, Palmeira, Ortigueira, Ponta Grossa, Piraí do Sul, Porto Amazonas, Reserva, São José da Boa Vista, Teixeira Soares, Telêmaco Borba, Tibagi e Ventania.

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FIGURA 1: Localização do Município de Pirai do Sul no Estado do Paraná FONTE: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Parana_Municip_PiraidoSul.svg

A cultura local é um veículo facilitador do aprendizado e conhecimento.

É de fundamental importância para as pessoas o conhecimento de sua própria

realidade em relação às tradições e saberes culturais, dos locais considerados

como patrimônio cultural coletivo. A preocupação com a história local que

estimule à cultura popular e a preservação do patrimônio histórico cultural,

estabelece princípios imprescindíveis para o exercício da cidadania.

No decorrer do trabalho os alunos atuaram como pesquisadores e porta

vozes de um processo de construção da própria identidade e compreensão de

si mesmo como seres históricos e também multiplicadores do conhecimento. É

uma reconstrução e uma ressignificação do passado para a preservação das

culturas existentes.

Nesse contexto, o trabalho com pinturas rupestres propiciou aos alunos

a oportunidade de realizar um verdadeiro processo de pesquisa; produzir de

fato, novos conhecimentos, construir uma percepção sobre o passado e o

presente, enriquecendo a história cultural.

Como nos diz Paulo Freire (1979), ao trabalhar com temas relacionados

à realidade dos alunos, eles ganham a possibilidade de "ler o mundo" que os

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cerca, podendo assim decodificá-lo e compreendê-lo não como uma realidade

dada, mas como uma realidade construída pela ação dos homens.

A construção de um conhecimento dinâmico e motivador tornam-se um

desafio cada vez maior, porém, jamais intransponível. No que diz respeito ao

ensino de História, uma das perguntas mais recorrentes entre os alunos é para

que estudar História? Como falar de preservação sem ter o conhecimento?

Isso leva o professor de História a se indagar sobre o seu papel em sala de

aula e como fazer com que os conteúdos não sejam estranhos e distantes do

mundo do aluno.

Como então o ensino de História pode despertar e sensibilizar ao aluno?

Uma proposta abrangente é o estudo das pinturas rupestres de Piraí do

Sul, trazendo à tona lugares comuns para os alunos.

No estudo das pinturas rupestres fomos compreendendo um pouco

melhor o passado através de dados históricos, conceituações arqueológicas,

imagens de vestígios arqueológicos, lugares e abrigos-sob-rochas com pinturas

rupestres que serviam como moradias ou cemitérios desses povos.

O trabalho foi direcionado para sensibilizar os alunos e a comunidade

local sobre a preservação do Patrimônio Natural, Cultural e Arqueológico, que

se encontra ameaçado de extinção, devido às pichações, às queimadas para a

renovação da vegetação, plantio agrícola e a criação de gado solto, que resulta

na perda da cultura arqueológica local. Percebe-se que não há divulgação dos

sítios arqueológicos com pinturas rupestre nas escolas de ensino fundamental,

ocasionado uma ruptura na formação do conhecimento histórico.

Por que os alunos não têm conhecimento histórico sobre o patrimônio

cultural que é a pintura rupestre?

É preciso valorizar para não destruir. A escola é uma instituição que tem

como compromisso transmitir saberes construídos ao longo do tempo pela

humanidade. Também é um espaço de produção de saberes em que o trabalho

cotidiano de alunos e professores possibilita a construção de conhecimentos

sobre cada um, sobre a comunidade e também sobre o quê, como e por que

ensinar e aprender.

Nesse contexto uma das propostas do projeto era problematizar como o

tema pintura rupestre aparece no livro didático de História do 6º ano em

acontecimentos da pré-história. Parece-nos que o livro didático é o melhor meio

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de divulgação da cultura local. Contudo as pinturas rupestres não são usadas

nos livros didáticos na História do Paraná.

Todos os avanços científicos nas pesquisas arqueológicas e as

descobertas de pinturas rupestres por todos os estados do país geram

materiais e documentos que podem ser tratados nos livros didáticos de História

não apenas como fonte ilustrativa.

E voltam as perguntas: se as pinturas têm o poder de comunicar algo,

por que não utilizar as existentes em Piraí do Sul? Por que as pinturas que

aparecem nos livros didáticos não são de todo o país? Por que uma produção

cultural/social como as pinturas rupestres não são usadas nos livros didáticos

de história do Brasil e mais especificamente no Paraná?

Segundo Libâneo (2002), o livro didático é um recurso importante na

escola por ser útil tanto ao professor como ao aluno. A importância do livro

didático está no suporte para aprendizagem e ao utilizá-lo como mais uma

ferramenta de sua prática assegurará como um produto cultural científico.

De acordo com as Diretrizes Curriculares Estaduais do Paraná (DCE,

2008) ao propor um conceito de cultura como prática, Chartier busca o

pensamento de Geertz afirma que:

[...] o conceito de cultura [...] denota um padrão, transmitido historicamente, de significados corporizados em símbolos, um sistema de concepções herdadas, expressas em formas simbólicas, por meio das quais os homens comunicam, perpetuam e desenvolvem o seu conhecimento e as atitudes perante a vida ( 1987, p. 67)

No tocante as relações culturais das Diretrizes Culturais do Paraná (DCE, 2008: p,67) diz que:

Ao se propor as relações culturais como um dos Conteúdos

Estruturantes para o estudo da História, entende-se a cultura como

aquela que permite conhecer os conjuntos de significados que os

homens conferiram à sua realidade para explicar o mundo. O conceito de cultura é polissêmico, tal a quantidade de contribuições e reinterpretações articuladas com as ciências sociais, ao longo dos séculos XIX e XX, as quais ampliaram e permitiram mudar um campo que se preocupava de modo exclusivo com a cultura das elites.

A História do ensino fundamental frente a essa realidade historiográfica,

tem conduzido novos caminhos para o trabalho do professor pelo feito de

buscar, analisar os grupos anônimos, seu modo de viver, agir, seu dia-a-dia,

problematizando o social. Porém, a Nova História pode favorecer o

ensino/aprendizagem sendo uma ferramenta por utilizar ciências como

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arqueologia, sociologia, geografia, antropologia e outras para compreender o

seu estudo. É um instrumento que torna possível a diversidade e consente a

interdisciplinaridade. É a partir dessa análise que o trabalho propõe uma

contribuição para a construção de uma percepção abrangente da cultura local e

regional, buscando a identidade cultural,

Além desse tema da cultura local não ser problematizado no ensino

fundamental, momento propício em que os alunos recebem uma sequência de

(in)formações sobre a diversidade, ele é muitas vezes colocado de forma vaga,

inferior ou inalterável, não conseguindo interagir com a complexidade das

vivências dos alunos.

Em Hugues de Varine-Boham, professor francês, cujas idéias foram

anotadas e citadas por Carlos Lemos (1984, p. 08):

Os bens culturais se dividem em móveis (possíveis de serem colecionados - intangíveis - que são mantidos pela tradição) e imóveis ( tangíveis) que são os sítios históricos (cidades, conjuntos totais ou parciais), os sítios arqueológicos e as edificações (arquitetura civil, militar, religiosa e funerária) como capelas, igrejas, sedes de fazendas, residências, ruas, cidades, entre outras.

Pode-se ainda notar que significado do patrimônio não é mais o bem

que se herda, mas o bem constituído da consciência de um grupo, articulado à

memória e às identidades locais. “As ideias de preservação de bem cultural se

articula, estreitamente, ao seu conhecimento e ao seu uso social, à ciência e à

consciência do patrimônio”. (SEGALA, 2006).

Tudo que não conhecemos nos causa estranheza, mas é a partir desta

estranheza que passamos valorizar o que vemos, tocamos, sentimos e

pensamos.

A história que conhecemos de Piraí do Sul remonta há anos. Nos

documentos escritos, o território do município de Piraí do Sul foi conhecido e

movimentado pelo colonizador, descendente de europeu, desde o século XVII.

Mais tarde devido aos ricos pastos naturais, Piraí do Sul foi rota dos tropeiros

que cortavam periodicamente este chão, através do histórico caminho das

tropas que cruzavam o Paraná vindo de Viamão (RS) levando tropas e gado à

feira de Sorocaba (SP) na Capitania de São Paulo.

Em 12 de abril de 1872, através da Lei Provincial nº 329, o povoado de

Lança foi alçado à categoria de Freguesia, sendo denominada Freguesia de

Pirahy, sob a invocação do Senhor Menino Deus, com território pertencente ao

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município de Castro. Pela Lei Provincial nº 631, de 5 de março de 1881, Piraí

foi transformado em vila, com território desmembrado do município de Castro.

A instalação solene ocorreu em 24 de julho de 1882, ocasião em que foram

empossados os primeiros Camaristas de Piraí.

O Decreto-Lei nº 199, de 30 de dezembro de 1943, alterou a

denominação do município para Piraí Mirim. Em 1º de fevereiro de 1946,

através do Decreto-Lei nº 441, o município passou a ser sede de Comarca.

Sendo que em 10 de outubro de 1947, através da Lei Estadual nº 2, foi

novamente alterada a denominação, desta feita para Piraí do Sul, termo que se

perpetuou na historiografia paranaense. O patrimônio arqueológico de Piraí do

Sul está sendo estudado aproximadamente desde a década 1950.

Contudo a sua história não se resume a apenas duas centenas de anos,

pois existem comprovações de que pessoas aqui viveram há centenas e até há

milhares de anos. De acordo com PARELLADA (2006) podemos contar essas

histórias através dos locais onde viveram os povos de tradições relacionadas

aos povos caçador-coletores denominados Paleoíndios, Umbu e Humaitá.

Umbu e Humaitá têm a arte na execução de trabalho na pedra e dos vestígios

arqueológicos. As ações deste grupo ficaram gravadas nos diversos abrigos-

sob-rocha, como prova da presença do homem pré-histórico.

Segundo GOMES, C. (2011) os sítios arqueológicos com pintura

rupestre estão localizados entre o médio alto vale do rio Tibagi e o baixo vale

do Iapó, no centro leste do estado do Paraná.

Como diz PARELLADA (2009), a arte rupestre é uma forma de

comunicação, através de convenções, ou seja, é um tipo de linguagem

simbólica organizada; é uma maneira de se relacionar com as pessoas através

do tempo. A pintura rupestre, arte rupestre ou gravura rupestre é nome que se

dá às mais antigas representações de pinturas, gravuras em abrigos ou

cavernas como sistema de comunicação social, trata-se de verdadeiras

linguagens.

O papel do professor reveste-se, então, de importância, uma vez que

orienta os alunos, fazendo com que participem da construção do

conhecimento, aprendendo a argumentar e exercitar a razão. O professor deve,

portanto, questionar e sugerir, ao invés de fornecer respostas prontas ou impor

seu próprio ponto de vista. Como afirma PROUS:

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Por arte rupestre entende-se todas as inscrições (pinturas ou gravuras) deixada pelo homem em suportes lixos de pedras (paredes e abrigos, gruas, matações, etc). A palavra rupestre, com efeito, vem do latim rupes-is (rochedo); trata-se portando, de obras imobiliares, no sentido de que não podem ser transportadas (à diferença das obras mobiliares, como estatuetas, ornamentção de instrumentos, pinturas sobre peles, etc) (PROUS. 1992, p.51)

Para GOMES, C. (2011) os sítios arqueológicos visitados, ao todo 17

sítios com pinturas rupestres, é localizados quanto ao posicionamento

geodésico, através do Sistema Global de posicionamento (GPS – modelo

Garmin 38). Os sítios arqueológicos onde se encontra as pinturas rupestres

está classificado na Tradição Planalto.

Segundo PROUS (1991: 515), a quase totalidade dos sítios dessa

tradição só apresenta grafismo pintado geralmente em vermelho (raramente

em branco, preto e amarelo).

As pinturas e gravuras rupestres são então estudadas com a finalidade

de poder caracterizar culturalmente as etnias pré-históricas que as realizaram e

que faz parte do respectivo sistema de comunicação social. A preocupação

com o Patrimônio Cultural é crescente, porque este retrata a memória e faz

referência aos diversos grupos formadores da sociedade brasileira (artigo 216.

Constituição Brasileira de 1988).

Portanto a necessidade de trabalhar este projeto na escola pode ser

enriquecedora para os alunos no processo ensino-aprendizagem,

possibilitando uma compreensão holística de sua realidade em relação

patrimônio histórico-cultural associada às atitudes que resgatem, valorizem e

reconheçam a importância de preservação, fortalecendo a cultura e da

identidade local.

Deve-se salientar que, para se implantar o ensino por investigação não é

necessário que se comece tudo do zero, mas pode-se produzir em cima das

atividades que os professores já vêm realizando e, por meio de pequenas

mudanças estratégicas, transformá-las em condições para o aprendizado de

conceitos e competências científicas (FURMAN, 2009).

Assim como a Educação Ambiental e a Educação Patrimonial cuidam do

ambiente e de tudo o que nele se insere, ensinando o ser humano a respeitá-lo

e preservá-lo, o que é imprescindível à sua sobrevivência e qualidade de vida,

também podem servir de instrumento para a divulgação da Arqueologia, como

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uma área que estuda as sociedades atuais ou passadas através da cultura

material, ou seja, através dos objetos e vestígios materiais, da sociedade

estudada, visando conhecer e compreender a história humana, sua intervenção

no ambiente e as consequências dessa intervenção para desenvolver métodos

mais eficazes de conservação ambiental.

MATERIAL DIDÁTICO

A Unidade Didática fez parte do Programa de Desenvolvimento

Educacional do Estado do Paraná – PDE, como cumprimento de atividade

obrigatória na produção do material didático pedagógico, o qual foi aplicado no

ano de 2013.

Vivemos, indiscutivelmente, em uma era de informações associadas à

imagens. A presente Unidade Didática Pinturas Rupestres em Piraí do Sul,

PR visa suprir a lacuna existente nos programas educacionais existentes na

região.

O projeto foi implementado com os alunos do 6º Ano do Ensino

fundamental do Colégio Estadual Jorge Queiroz Netto, em Piraí do Sul/Pr.

Partindo desse pressuposto, a análise da implementação enfocou reflexão

sobre a significação e ressignificação das pinturas rupestres de Piraí do Sul

como patrimônio para turismo.

A implementação foi realizada no terceiro período, primeiro semestre de

2013. A metodologia adotada foi pesquisa documental e icnográfica a partir das

seguintes estratégias:

a) Apresentação do vídeo na TV multimídia do trailer Caverna dos sonhos

esquecidos (Cave of forgotten dreams);

b) Organização de uma discussão com os alunos a partir do tema Sítio

Arqueológico ou caverna;

c) Realização pesquisa sobre sítios arqueológicos;

d) Questionário de sondagem;

e) Palestras, documentário, leitura e discussão de textos relacionados à

Arqueologia, Patrimônio e Ambiente;

f) Produções de textos.

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GRUPO DE TRABALHO EM REDE – GTR

Durante todo o processo de interação dos fóruns e atividades do GTR foram

apontadas a realidade do processo de ensino-aprendizagem do ensino de

História para crianças do Ensino Fundamental II, em vista a possibilidade de

um projeto superador da inserção do conteúdo da pré-história local para a sala

de aula. Como hipótese levantamos que as possibilidades metodológicas de

uma realidade de ensino-aprendizagem da História para alunos de 6º anos,

requerem uma práxis pedagógica crítica e contextualizada com a realidade

social. As opiniões foram traçadas com aproximação da ação e buscou levantar

numa abordagem contextualiza não se restringindo ao repasse de fatos

históricos, e sim, buscando utilizar a História como veículo e objeto de

educação, visando uma transformação da realidade existente. Como conclusão

apontamos que o ensino-aprendizagem de História passa pela necessidade de

compreensão enquanto um elemento de desenvolvimento da cultura, cuja

perspectiva visa reconhecê-la como um complexo tema trabalhado a partir de

temas problemáticas sociais significativas.

PROCESSO DE IMPLEMENTAÇÃO

No mês de março foram iniciadas as atividades do projeto, os alunos

pesquisaram em revista atual sobre uma cena interessante. Mediante um prazo

pré-determinado, iniciaram-se as apresentações do tema pedido. Inicialmente

em uma roda de conversa foram apresentadas as imagens pesquisadas e a

seguir foram realizadas discussões pré-formuladas sobre as diferenças do

cotidiano tendo o homem das cavernas como referência levando em conta

procedência das imagens (Por quem foi elaborado? Onde? Quando?),

finalidade, (Qual seu objetivo? Por que e/ou para quem foi feito?), tema (Possui

título? Existem pessoas retratadas? Quem são? Como se vestem?), estrutura

formal (Qual é o material utilizado) e simbolismos (É possível identificar

simbolismos? Quais?). Em seguida foi lançado um questionário investigatório

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sobre os homens do passado e suas explorações. Os alunos assistiram vídeos

referentes às pinturas rupestres na TV multimídia. Nas discussões foram

trabalhados o significado e a importância das pinturas rupestres. A seguir foram

apresentados slides, vídeos referentes à pintura rupestre na Espanha e no

Brasil.

No mês de maio foi exposto o mapa do Brasil, do Paraná e de Piraí do

Sul para que os alunos localizassem os Estados em que se encontram o

grande patrimônio histórico e cultural – as pinturas rupestres. Nesse encontro

foram realizadas releituras de imagens de pinturas rupestres dando ênfase

àquelas que fazem parte do patrimônio da cidade de Piraí do Sul/PR. Ainda

nesse momento foram trabalhados textos relatando a importância que a

arqueologia, palenteologia, geologia, antropologia como ciências de auxílio ao

historiador. Nas atividades com textos os alunos resolveram caça-palavras,

pontilhados formando animais e responderam questionários. Nesse momento

foi proposta a pesquisa sobre Pintura Rupestre em Piraí do Sul.

Após a apresentação das pesquisas, os alunos viram slides de pinturas

rupestres de Piraí do Sul/PR e por conseguinte a turma realizou uma atividade

de fichamento no caderno das pinturas dos slides. (local, região, cores,

formas, significados).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Todos os alunos do Ensino Fundamental da escola acabaram participando

das atividades do projeto. A educação patrimonial e a preservação do

patrimônio arqueológico piraiense participaram e desenvolveram as atividades,

sendo estas, aplicadas de acordo com as séries escolares e com os níveis de

aprendizagem esperados para estas turmas. Os textos produzidos pelos alunos

apresentaram coerência inerente a cada estágio do desenvolvimento psico-

pedagógico, podendo assim, verificar que a manipulação dos objetos e as

atividades práticas são recursos positivos para a construção do conhecimento

e para a alfabetização cultural. Foi notado também que, ao término das

atividades, estes alunos compreenderam e assimilaram o conteúdo, dentro do

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previsto no projeto, podendo assim se sentir cidadãos ativos na construção do

conhecimento e da identidade histórico-cultural de sua comunidade. Diante

destes resultados houve um visível estímulo ao engajamento dos estudantes

para a importância da preservação do patrimônio local, por meio do resgate da

autoestima e da identidade cultural. Ao final deste processo, todos os alunos se

tornaram multiplicadores do conhecimento.

Durante o desenvolvimento das atividades, foram aplicados questionários,

no início e no fim das apresentações, junto aos alunos do Ensino

Fundamental,. O questionário utilizado na execução destes projetos foi

confeccionado exclusivamente para este fim, sendo composto por perguntas de

abordagem sociocultural como também avaliando previamente o nível do

conhecimento dos alunos sobre a temática proposta antes de qualquer

atividade. A análise destes questionários produziu importantes informações

acerca do conhecimento dos alunos sobre a Arqueologia da região,

conhecimentos estes fundamentais para a preservação do Patrimônio Cultural

e para a formação da identidade cultural.

A Arqueologia ainda é vista, pela grande maioria das pessoas, como uma

manifestação romântica da realidade, onde o pesquisador vive em meio a

mistérios e tesouros, aventuras e dinossauros, paisagens exóticas e aventuras

inesquecíveis. (RIZZI, 2001) Logo, a Educação Patrimonial deve atuar tanto na

desmistificação da pesquisa quanto na produção e divulgação do

conhecimento

REFERÊNCIAS BRASIL, Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: Senado Federal, Centro Gráfico, 1988. FANCHIN.Dalva Ferreira.Piraí do Sul, sua gente e suas histórias. 2. ed. Brasília Centro gráfico do Senado Federal, 1992.168 p. FREIRE P. Educação e mudança. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1979. FURMAN, M. Colocando As Pedras Fundacionais do Pensamento Científico. SangariBrasil, p. 1-20, Out. 2009. Disponível

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em:http://www.sangari.com/visualizar/institucional/pdfs/Colocando_as_pedras_fundacionais. pdf. Acesso em: nov/2009. GOMES, C. As representações geométricas e zoomorfas da tradição Planalto. Arte nos Campos Gerais. 2011, p.47-48. LEMOS, Carlos A. C. O que é patrimônio histórico. 3ª edição. São Paulo: Brasiliense, 1984. MICHAELE,Faris. Manual de Normatização bibliográfica para trabalhos científicos. 2. ed.Ponta Grossa:UEPG, 2007.131 p PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares para o Ensino Fundamental. Curitiba: SEED, 2008, p.52, 63. PARELLADA, C. Revista científica – FAP, Curitiba, v.4, n. 1, p.1-25, jan-jun 2009. _____________. Arqueologia, dos Campos. Patrimônio natural dos Campos Gerais do Paraná, cap. 07, 2009. PROUS, A. Arqueologia brasileira, Brasília: UNB, 1992. 605 p. RIZZI, M. C. de S. L. (coord.) Brasil 50 mil anos – Guia Temático para professores. São Paulo: MAE/USP, 2001. SEGALA, Lygia. Identidade, educação e patrimônio: o trabalho do Lapoep. In: Revista Eletrônica do Iphan nº. 3. jan/fev 2006. Acesso em abr/2006. Disponível em: http://www.revista.iphan.gov.br SOUZA, Alfredo Mendonça de. Dicionário de Arqueologia. ADESA: Rio de Janeiro, 1997. Sítios CAVERNA DOS SONHOS ESQUECIDOS. Disponível em http://www.youtube.com/watch?v=gKYOdjQOaYo. Acesso em 11/07/2012. PIRAÍ DO SUL. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Pira%C3%AD_do_Sul. Acesso em: 30/04/2012. PINTURA E GRAVURAS RUPESTRES. Disponível em: http://www.ov.ufrj.br/AstroPoetas/Tuparetama/arqueoastronomia/arquivos/6rupestre.html. Acesso em 08/05/2012. PINTUAS RUPESTRES. Disponível em http://www.fumdham.org.br/. Acesso

em 08/05/2012

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ANEXO 1

Folder conscientizando a preservação das Pinturas Rupestres

de Piraí do Sul/PR

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ANEXO 2

Atividades desenvolvidas com os alunos

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