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FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, EXTENSÃO E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE E DO MEIO AMBIENTE PAULO CELSO MAGALHÃES A PRÁTICA PEDAGÓGICA E O PROGRAMA INCLUIR: A INTERVENÇÃO A PARTIR DA PESQUISA-AÇÃO Volta Redonda 2010

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FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, EXTENSÃO E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO EM CIÊNCIAS DA

SAÚDE E DO MEIO AMBIENTE

PAULO CELSO MAGALHÃES

A PRÁTICA PEDAGÓGICA E O PROGRAMA INCLUIR: A INTERVENÇÃO A PARTIR DA PESQUISA-AÇÃO

Volta Redonda 2010

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FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, EXTENSÃO E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO EM CIÊNCIAS DA

SAÚDE E DO MEIO AMBIENTE

A PRÁTICA PEDAGÓGICA E O PROGRAMA INCLUIR: A INTERVENÇÃO A PARTIR DA PESQUISA-AÇÃO

Dissertação apresentada ao Centro Universitário de Volta Redonda-UniFOA como requisito à obtenção do título de Mestre em Ensino em Ciências da Saúde e do Meio Ambiente.

Aluno: Paulo Celso Magalhães

Orientadores: Prof. Dr. Fábio Aguiar Alves

Profª. Drª. Valéria da S. Vieira

Volta Redonda 2010

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FOLHA DE APROVAÇÃO

Aluno:

Paulo Celso Magalhães

A PRÁTICA PEDAGÓGICA E O PROGRAMA INCLUIR: A INTERVENÇÃO A PARTIR DA PESQUISA-AÇÃO

Orientadores:

Prof. Dr. Fábio Aguiar Alves

Profª. Drª. Valéria da S.Vieira

Banca Examinadora:

Prof. Dr. Fábio Aguiar Alves

Prof. Dr. Renato Porrozzi de Almeida

Profª. Dra. Luiza Oliveira

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Este trabalho é dedicado a todos aqueles que

lutam contra a exclusão nesse país.

Aos mestres Waldyr Amaral Bedê (in

memoriam) e Rubem Marques Simões, meu

avô (in memoriam), perseguidos pelo Regime

Militar e que nas suas lutas heróicas

vislumbraram a liberdade e lutaram por ela.

Á minha esposa, Ana Cláudia, os filhos Igor,

Bárbara e Lara, pelo irrestrito apoio, paciência

e carinho.

Aos meus pais, Paulo (in memoriam) e Olga,

pelas lições presentes em todos os momentos

de minha vida.

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AGRADECIMENTOS

Ao professor Dr. Fábio Aguiar Alves orientador

e amigo, exemplo de profissional

comprometido, competente e portador de saber

incomensurável.

À professora Dra. Valéria da Silva Vieira, co-

orientadora, pelo irrestrito apoio e

disponibilidade.

Ao professor e amigo Dr. Marcelo Paraíso

Alves, professor na essência da palavra.

Ao amigo Cláudio Delunardo Severino,

incentivando e contribuindo com inúmeras

ideias para o desenvolvimento do trabalho.

Aos discentes do UniFOA, Pedro e Lélis,

tutores que conduziram a aplicação do

Programa.

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RESUMO

O “Programa Incluir” consiste em uma proposta de inclusão de jovens

oriundos de comunidades situadas em áreas consideradas de risco social. Desta

forma, a presente pesquisa tem como proposta contribuir para uma melhor

qualificação na formação do aluno de escolas públicas. O ponto de partida para as

referidas reflexões são as práticas que emergem no/do cotidiano das aulas

pertencentes ao “Programa Incluir” que ocorre no Colégio Estadual Brasília,

localizado no município de Volta Redonda/RJ. A perspectiva metodológica aqui

adotada é a da pesquisa-ação, pois na literatura, esta prática consiste no

relacionamento de dois tipos de objetivos: equacionar o problema considerado

central na pesquisa, com levantamento de soluções e proposta de ações

correspondentes às soluções, e, obter informações que seriam de difícil acesso por

meio de outros procedimentos. Ampliando-se, assim, o conhecimento de

determinadas situações, entre elas, reivindicações, representações, capacidades de

ação ou de mobilização. Entendemos que a falta de perspectivas de ascensão faz

com que muitos professores não se atualizem e nem busquem melhorias no

conteúdo programático para que este seja transmitido aos alunos. O reflexo disto é

uma educação com defasagem e com pouca eficácia nos moldes das exigências

atuais dos processos seletivos para ingresso nas instituições de nível superior do

país. Um programa de incentivo para estes alunos, com aulas ministradas por

tutores de destaque durante acadêmico, poderá funcionar como estímulo para estes

alunos, com a principal justificativa da possibilidade de adquirir os conhecimentos

por indivíduos que estão em fase de conclusão de cursos de graduação. Desta

forma, espera-se que este trabalho seja um exemplo de agente transformador de

alunos do Ensino Médio em escolas publicas, oferecendo assim uma maior

possibilidade de inclusão dos mesmos em Instituições de Ensino Superior.

Palavras-chave: Contextualização do ensino e aprendizagem; aprendizado diferenciado; ensino médio; inclusão social.

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ABSTRACT The "Programa Incluir" consists of a proposal to bring together young people from

communities located in areas of social risk. Thus, this research proposal is to

contribute to a better qualification in the education of students from public schools.

The starting point for these reflections are the practices that emerge in / of the

classroom routine belonging to the "Add Program" that occurs in the Public Brasilia

School, located in the municipality of Volta Redonda / RJ. The methodological

approach adopted here is the action research, because in the literature, this practice

is the relationship of two types of goals: to solve the problem considered central in

the research, a survey of proposed solutions and actions corresponding to the

solutions, and obtain information that would be difficult to reach through other

procedures. By extending the knowledge of certain situations, including, claims,

representations, capacity for action or mobilization. We believe that the lack of

prospects rise means that many teachers do not update and neither seek

improvements in the syllabus for this to be transmitted to students. The reflection of

this is education with a lag and low efficiency in the way of today's demanding

selection process for admission in institutions of higher education in the country. An

incentive program for these students, with classes taught by tutors young and bright,

could be a stimulus for these students, with the main justification of the possibility of

acquiring the knowledge of individuals who are nearing completion of undergraduate

courses. Thus, it is expected that this work is an example of a transforming agent of

high school students in public schools, thus providing greater scope for inclusion of

same in Higher Education Institutions.

Keywords: The contextualization of learning education; different learning in high school, to included young students in social projects.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ___________________________________________________10

2 OBJETIVOS DO ESTUDO ________________________________________ 19

2.1 Objetivo Geral___________________________________________ 19

2.2 Objetivos específicos_____________________________________ 19

3 METODOLOGIA _________________________________________________ 19

3.1 A pesquisa-ação ________________________________________ 21

3.2 Caracterização da área investigativa _________________________22

3.3 O produto disseminável ___________________________________ 26

4 RESULTADOS _________________________________________________ 27

4.1 Revisão bibliográfica _____________________________________ 27 4.1.1 O papel do professor no processo ensino-aprendizagem____ 27 4.1.2 Exclusão_________________________________________ 28

4.2 A pesquisa. Apresentação dos resultados ____________________ 34

4.3 Resultados do questionário _______________________________ 38

5. DISCUSSÃO ___________________________________________________ 41

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ________________________________________ 47

7. BIBLIOGRAFIA _________________________________________________ 48

8. ANEXOS ______________________________________________________ 52

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 Você conhece alguém da sua relação que joga xadrez? ________ 38 Gráfico 2 Em relação ao jogo de xadrez, em qual nível você se enquadra?__ 39 Gráfico 3 Resultados das questões relacionadas ao ensino da matemática _ 39 Gráfico 4 Defina a importância do aprendizado de matemática para o seu

dia-a-dia _____________________________________________ 40

Gráfico 5 Resultados das questões relacionadas aos temas voltados para a

realidade _____________________________________________ 41

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LISTA DE ANEXOS

Anexo 1 Termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) - CoEPS/UniFOA ________________________________________

53

Anexo 2 Pesquisa _____________________________________________ 55

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1. INTRODUÇÃO

A falta de motivação para os estudos por parte dos jovens inseridos na faixa

etária entre quinze e dezessete anos influencia efetivamente na qualidade do ensino

no Brasil, com coeficientes de rendimento cada vez mais preocupantes.

Fleuri (2001) aponta que a educação no Brasil apresenta a característica de

formar indivíduos que são meros reprodutores das ideias dos representantes das

classes dominantes, ou seja, o processo pelo qual alguém é condicionado a viver

conforme os parâmetros e interesses estabelecidos por outro. Em suma, isto leva

alguém condicionado a viver de acordo com os interesses ditados por um outro. De

certa forma, o objetivo desta situação é adaptar as pessoas a uma situação social

em que prevalecem as relações de opressão (FLEURI, 2001, p. 53).

O fracasso escolar na perspectiva de Perrenoud (2002) é contextualizado

como a representação social de certas desigualdades. Numa sociedade

escolarizada há duas formas de classificação dessas desigualdades: aquelas que

são ignoradas pela escola e as que recebem algum tipo de atenção, em suma, as

vivências do discente em relação às suas condições sociais.

O insucesso escolar é uma preocupação surgida a partir da década de 1950 e

caracterizada como uma questão social. A partir daquele momento, “a exigência de

uma escolarização de qualidade implicava na inserção de políticas de

democratização, sendo que uma delas tratava da condição de que todos deveriam

ter acesso à escola” (PERRENOUD, 2002, p. 111-112).

As escolas técnicas, criadas em primeiro plano para atender a uma clientela

que inicialmente não teria acesso aos bancos universitários constituem um perfil

com significativa participação de alunos oriundos da classe dominante, que farão da

mesma um caminho intermediário para acesso a universidade.

Sob outro aspecto, há no país diversos sistemas de avaliação do

desempenho escolar, os quais traçam um cenário preocupante, no qual um

estudante do ensino fundamental brasileiro tem poucas chances de atingir a metade

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do período escolar desse nível de ensino, antes mesmo de desenvolver habilidades

de leitura, escrita e cálculo, previstos como minimamente necessárias para a

continuação dos estudos.

Em recente estudo realizado pela Comissão de Educação da Assembléia

Legislativa do Estado do Rio de Janeiro acerca da situação do Ensino Médio no

estado, dados revelam que no período 2004-2008, diminuíram as matrículas

efetuadas. Nesse contexto vale destacar que, no período observado, as matrículas

da rede estadual decresceram significativamente, revelando um desafio para a

próxima década: ampliar a oferta de vagas para o Ensino Médio, sob a

responsabilidade da rede estadual do Rio de Janeiro, a qual, contrariamente ao

disposto no ordenamento legal, apresentou um decréscimo da ordem de 14,7%, de

2004 para 2008 (ALERJ, 2010).

O referido estudo aponta que, dos 656.228 alunos matriculados no ensino

médio, durante o ano de 2008, 63,1% localizavam-se no turno diurno e 36,8% no

noturno. Os dados permitem verificar que, embora as matrículas no Ensino Médio

tenham diminuído nos dois turnos, o impacto foi maior no noturno, que, desde 2004

para 2008, passou por uma redução da ordem de 27,8%.

Os dados anteriores evidenciam, ainda, que durante o período investigado, as

taxas de reprovação e abandono no Ensino Médio no Estado do Rio de Janeiro

foram superiores às taxas verificadas para o país e para a Região Sudeste. Também

é possível constatar que, embora a taxa de abandono no Estado do Rio de Janeiro

tenha diminuído, a reprovação vem progressivamente aumentando. Nesse sentido,

constata-se que o índice de aprovação do ensino médio do Estado do Rio de Janeiro

é baixo, estando conjugado a altos índices de reprovação e abandono.

Já o Brasil como um todo vive o pico de uma população em idade ativa, onde,

em teoria, uma maior parcela desta poderia estar mais qualificada, trabalhando,

gerando riqueza e crescimento econômico. Já se discute, porém, se, por conta da

baixa escolaridade e qualificação dos brasileiros, esse momento vem sendo

desperdiçado.

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É sabido que é dever do estado garantir para todos o ensino fundamental

obrigatório e gratuito. Essa obrigação tem sido cumprida com graves deficiências.

Com isso, os alunos das escolas públicas são prejudicados na aquisição de um

ensino de qualidade. É em função disso que os pais – aqueles que podem buscar

um ensino de melhor qualidade, procuram as escolas privadas para matricularem os

seus filhos.

Néri (2009) aponta que discentes que cursam as séries do ensino médio na

rede pública apresentam resultados insatisfatórios nos processos de entrada à

universidade pública. Portanto, ingressam no mercado de trabalho precocemente

com o intuito de custear seus estudos em instituições privadas. Vale ressaltar o alto

índice de evasão dos alunos no ensino superior por meio de um processo

fundamentado em outros pressupostos (BARBOSA; BORGES NETO, 2000).

Ao investirmos na preparação dos jovens ingressantes no nível superior de

ensino, ampliamos suas possibilidades de aprovação nos exames de acesso mais

concorridos e aumentamos as possibilidades de sua permanência no ensino

superior. Tais investimentos constituem-se na implementação de atividades que

visam a intervenção de ordem pedagógica no processo ensino-aprendizagem.

Assim sendo, essa população em situação de vulnerabilidade social

necessita de maior atenção e propostas concretas para que se permita a inclusão

através de políticas públicas – entre outras ações, às comunidades menos

favorecidas, possibilitando uma constante interlocução entre os diversos elementos

que as compõem e o próprio sistema, diminuindo as demandas reprimidas na área

do ensino.

Torna-se necessário repensar o ensino. No entanto, esta ação deve ser

tomada como um desafio. Um desafio que compactue com o compromisso de

construção de uma nova sociedade na qual os seus mais diversos aspectos sejam

amplamente discutidos por todos os participantes do processo.

O Programa Incluir, diante dessa premissa, visa inserir alunos do ensino

médio e/ou egressos que residam em áreas consideradas de vulnerabilidade social,

nas universidades e no mercado de trabalho, além da sua sustentabilidade nestes

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ambientes. Baseando-se na Política Nacional de Assistência Social (2004),

entendemos como vulnerabilidade social a condição objetiva da situação de

exclusão. O que a identifica são processos sociais e situações que produzem

fragilidade, discriminação, desvantagem e exclusão social, econômica e cultural. As

vulnerabilidades são, em geral, o objeto de políticas ao nível “macro”, cujos efeitos

se manifestam como “distribuição de probabilidades” para as populações afetadas.

Elas constituem o contexto da ação da assistência social no sentido da prevenção,

proteção básica, promoção e inserção social, cujos efeitos definem de maneira

geral, o seu público. São elas: condições de vulnerabilidade própria do ciclo de vida,

que ocorrem, predominantemente, em crianças, adolescentes, jovens e idosos;

condições de desvantagem pessoal resultante de deficiências, que representam

perda ou anormalidade da estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica,

ou de incapacidade para exercer uma atividade, dentro dos limites considerados

normais para o ser humano, e aquelas outras que limitam ou impedem o indivíduo

de desempenhar uma atividade considerada normal para sua idade e sexo, face ao

contexto sócio-cultural no qual se insere.

No Programa Incluir, os alunos universitários, facilitadores do

desenvolvimento dos conteúdos previstos são discentes que apresentam bom

desempenho acadêmico reconhecido por seus professores e coordenadores, e que

assim, após selecionados, foram convidados para a participação como

colaboradores, desenvolvendo os temas pertinentes, atuando como tutores1.

Neste programa, especificamente, tivemos a participação de acadêmicos dos

cursos de Educação Física, Engenharia Elétrica e Serviço Social2 do Centro

Universitário de Volta Redonda – UniFOA, como facilitadores no desenvolvimento

das atividades nos ambientes de aplicação do Programa, tais como matemática,

xadrez e temas emergentes. Esta condição é favorável a uma maior compreensão

por parte dos universitários-tutores, da realidade de uma comunidade que vive em

situação de vulnerabilidade social. 1 No entendimento de Puig et al (2000, p. 84)), o tutor é o “principal responsável por uma organização do grupo que faça conjugar os seus projetos com as contribuições que provêm da participação dos alunos”.

2 A acadêmica do Curso de Serviço Social participou da construção do questionário e da seleção de textos utilizados nos encontros com os participantes do programa.

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Diante disto, o Programa Incluir foi realizado com um grupo de vinte e quatro

alunos do ensino médio e/ou egressos no Colégio Estadual Brasília, localizado no

Complexo da Vila Brasília3, Volta Redonda, Rio de Janeiro, após a assinatura do

Termo de Compromisso pela direção do Colégio conforme consta dos registros da

Folha de Rosto Para Pesquisa Envolvendo Seres Humanos. Destes alunos, dez

estavam matriculados regularmente na terceira série do ensino médio e quatorze na

segunda série. Vale salientar que seis participantes inscritos no Programa eram

egressos do ensino médio, porém, por razões particulares, não chegaram a cumprir

a programação proposta.

O Complexo da Vila Brasília, não tem a conotação de favela4, pelo menos nos

moldes daquelas que são localizadas nos grandes centros urbanos do Brasil. Mas é

fato de que preconceitos ainda permeiam a compreensão ou não da sociedade

sobre si mesma.

O ensino é compreendido enquanto formação na medida em que prepara

jovens para se relacionarem da melhor maneira possível com o mundo dos seres

humanos: consigo mesmo, com os outros e com o conjunto de regras e normas de

convivência que configuram a vida social.

Recentemente, num evento reunindo jovens estudantes do ensino médio de

diversas instituições de ensino particulares e públicas, de Volta Redonda, num

Centro Universitário da mesma cidade, integrantes do Programa Incluir foram

vaiados pelo simples fato de ali estarem representando seus pares e uma

comunidade da periferia da cidade, estigmatizada por alguns segmentos, como uma

população que ocupa uma posição inferior, como se a mesma fosse composta 3 Complexo da Vila Brasília é composto pelos seguintes bairros: Vila Brasília, Mariana Torres, Coqueiros, Belo Horizonte, Fazendinha, Verde Vale, Vale Verde e Nova Esperança. 4 A palavra favela significa, de acordo com o filólogo Aurélio Buarque de Hollanda (apud PEDROSA et al, 2003), “conjunto de habitações populares toscamente construídas (por via de regras em morros) e desprovidas de recursos higiênicos”. A socióloga Lúcia Valladares, referida pelos mesmos autores, no entanto descobriu que favela também é nome de uma “pequena árvore da família das leguminosas (enterolobium ellipticum), conhecida na região nordeste do Brasil como uma planta espinhenta, que dá madeira dura e pesada, utilizada em marcenaria”. Conta-se que no fim do século XIX, depois da Guerra de Canudos, os soldados sobreviventes vieram do estado da Bahia para a capital da República, em busca de ajuda do governo, e se instalaram em alojamentos improvisados no Morro da Providência, no Centro do Rio de Janeiro. Lá encontraram a mesma planta que conheciam no Nordeste e, assim, estabeleceram um paralelo entre os morros de Canudos e a paisagem da cidade do Rio de Janeiro.

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apenas, por pessoas violentas, inferiorizadas culturalmente ou envolvidas com

outras questões do agravamento social no município. Este episódio corrobora com a

ideia de que o preconceito e a discriminação com as populações menos favorecidas

estão presentes no cotidiano.

Bedê (2004) reitera que em Volta Redonda, na década de 1950, discutindo o

aspecto do preconceito, durante os festejos carnavalescos, o Hotel Bela Vista cedia

seus salões para os bailes do Clube dos Funcionários da CSN, destinado à elite de

empregados da empresa e suas famílias, seguindo-se o Clube Umuarama, que

atendia um segmento dessa mesma categoria. Os bailes de cunho popular

aconteciam no salão improvisado do antigo Refeitório dos Engenheiros, mais

conhecido como “RE”, e mais tarde no salão do Aero Clube.

Quando residiu em comunidades do Rio de Janeiro para uma pesquisa

sociológica, a professora Janice Perlman, autora de “O Mito da Marginalidade”

(PEDROSA et al, 2003) observa com propriedade, que encontrou naquele ambiente

gente dinâmica, honesta e capaz. A população da comunidade apresentava espírito

de organização, senso comunitário e capacidades empresariais.

O Programa Incluir foi pensado como estratégia de intervenção junto aos

alunos do ensino médio, e egressos, na intenção de promover outros saberes aos

discentes para possibilitar o acesso ao ensino superior e sua inserção no mercado

de trabalho. Entretanto, nos deparamos com certa indiferença dos alunos oriundos

desta comunidade, quando da divulgação do evento. Ironicamente, o mesmo modelo

de ensino que os trouxeram ao espaço escolar, portanto de convivência quase que

diária por vários anos, também propiciava o afastamento inicial do Programa. Diante

desta perspectiva, o Programa foi constantemente pensado, analisado, organizado e

reorganizado a partir dos princípios da pesquisa-ação5 e da formação continuada,

entendida aqui como formação crítico-reflexiva sobre as práticas sócio-culturais.

5 A pesquisa-ação é um método de pesquisa que agrega diversas técnicas de pesquisa social, com as quais se estabelece uma estrutura coletiva, participativa e ativa, no nível da captação da informação. Requer, portanto, a participação das pessoas envolvidas no problema investigado. Esse método pressupõe ênfase à análise das diferentes formas de ação. Os temas são limitados ao contexto da pesquisa com base empírica, voltando-se para a descrição de situações concretas e para intervenção orientada em função da resolução dos problemas efetivamente detectados na coletividade considerada (THIOLLENT, 1986).

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Além disso, o Programa apresenta como referência, o pensamento lógico-

matemático e os acontecimentos do passado e do presente que interagem com a

dinâmica do país e do mundo como princípio para a formação do indivíduo.

As atividades do Programa foram desenvolvidas numa carga horária de nove

horas semanais, durante um período de noventa dias, partindo do pressuposto de

que as poucas perspectivas de ascensão dos docentes nas escolas fazem com que

os mesmos se atualizem numa dimensão ainda muito pequena e por consequência,

pouco se interajam com as possibilidades de melhorias no conteúdo programático

transmitido aos alunos. O reflexo disto é um ensino com defasagem e com pouca

eficácia nos moldes das exigências atuais dos processos seletivos para ingresso dos

discentes nas instituições de nível superior do país, ainda com mais dificuldades nos

processos seletivos das instituições públicas.

Observando esta realidade, o Programa Incluir propõe então, uma ação com

qualidade e que sirva de incentivo para estes alunos, com atividades desenvolvidas

por facilitadores, com ações estimulantes e com a principal justificativa de adquirir

conhecimentos com tutores que estão em fase de conclusão de cursos de

graduação do Centro Universitário de Volta Redonda - UniFOA, referendados pelos

seus professores e coordenadores, e identificados também, como discentes

integrados aos diversos programas acadêmicos vinculados a projetos de extensão,

entre os quais ações sociais e atividades em bairros com população de baixa renda,

além de possuírem excelente Coeficiente de Rendimento (CR).

Num aspecto mais contemporâneo a sociedade caracteriza-se por um grande

paradoxo: um enorme desenvolvimento científico e tecnológico por um lado, e de

outro, a crescente destruição irreversível do meio-ambiente em decorrência das

condições sociais, políticas e econômicas que não permitem à maioria da população

planetária a satisfação de suas necessidades vitais. Silva (2001) reitera o referido

contexto utilizando dados da Organização Mundial de Saúde (OMS).

A OMS estima que ocorrem anualmente, dez milhões de óbitos causados por doenças transmitidas pela água e que o ônus das doenças do mundo poderia ser reduzido em 80% se todos tivessem acesso à água potável. Outro dado estarrecedor diz respeito ao acesso à imunização básica: 90% ou mais das crianças ocidentais são rotineiramente imunizadas contra diversas doenças letais e 10%

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no máximo das crianças vacinadas em regiões menos privilegiadas do mundo (SILVA, 2001, p.97).

Não temos a intenção de negar as inúmeras conquistas do homem no

decorrer da história, mas é essencial compreender que esse domínio tecnológico

também trouxe uma ruptura entre o homem e a natureza (paradigma cartesiano)

permitindo o surgimento do imaginário ou representação social que trabalha com a

ótica de que a ciência, possibilita o domínio, através de ferramentas científicas, para

a dominação do mundo.

Assim, atualmente o homem se vê ameaçado por uma variedade de

problemas: desastres ecológicos, guerras nucleares, ataques terroristas, produtos

tóxicos nos alimentos ingeridos, bem como a miséria, a violência social, uso de

drogas, a superpopulação, a diminuição da qualidade de vida, o cuidado excessivo

com o corpo, e, dentre outros estão inseridos também a idolatria ao trabalho (MASI,

1999).

A poderosa industria dos meios de comunicação, ao mesmo tempo que traz ao homem inúmeras possibilidades de aquisição de conhecimentos e novas perspectivas, afasta-o de experiências sensíveis imediatas com o mundo que o cerca ( GONÇALVES, 2002, p.28).

Sabemos que o cotidiano se apresenta com uma enormidade de inovações

que facilitam a vida das pessoas: elevador, controle remoto para televisão, garagem,

escada rolante, carro, entre outros. Porém, os inúmeros equipamentos citados, que

auxiliam as pessoas, também produzem um acentuado sedentarismo presente na

vida moderna.

Oliveira (2000), nos permite perceber a ambiguidade decorrente do

desenvolvimento tecnológico, do progresso da automação, da idolatria ao trabalho e

em decorrência da diminuição crescente das ações motoras. Para o autor, o trabalho

é entendido como uma ação obrigatória, repetitiva, ausente de prazer e que com o

advento da industrialização e suas transformações sociais e culturais, diminuiu o

tempo de produção, o que acarretou também, a produção de um novo tempo e

espaço: o “tempo livre”. O referido autor ainda menciona que dentre outras

atividades que passaram a disputar esse tempo – religiosa, doméstica e escolar –

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estava uma outra atividade de cunho hedonístico, liberado e marcadamente social: o lazer (grifo do autor).

Assim, na intenção de pensar a ambiguidade apresentada – desenvolvimento

tecnológico, a idolatria ao trabalho, e tempo livre – passamos a refletir nos seguintes

questionamentos: É possível intervir na saúde por meio do “ensino em ciências da

saúde”? Como intervir na sociedade na tentativa de orientar o tempo livre das

pessoas? De que forma essa intervenção poderia ser realizada? Como possibilitar

outras vivências permitindo mudanças de hábitos, atitudes e comportamentos em

relação ao lazer em decorrência da saúde?

Para a Organização Mundial de Saúde a concepção de saúde6 envolve uma

multiplicidade de elementos e dentre eles encontramos o estado de bem-estar

físico, mental e social, onde o lazer auxiliaria para a aquisição de um processo de

melhoria de qualidade de vida. Para Masi (1999) o ócio criativo permitiria a melhoria

da qualidade de vida dos sujeitos a permitir a ruptura com a idolatria pelo trabalho,

mercado e competitividade, o buscar a simultaneidade entre trabalho, lazer e estudo

(Programa Incluir). O autor ainda reitera que o ócio pode transformar-se em

violência, vício, preguiça, ou em “arte e criatividade”, devendo a humanidade

concentrar-se no tempo livre utilizando suas potencialidades (MASI, 1999).

Pensando a partir da perspectiva reiterada pelo autor e fundamentada no

projeto emancipatório de Santos (2002), concebemos o Programa Incluir como uma

ação possível para realizar uma intervenção no campo da saúde através do Xadrez,

como uma atividade vinculada ao prazer proporcionada pela sua prática,

simultaneamente enredado às demais atividades do Programa, como a Matemática

e Estudos da Atualidade, além das diversas dinâmicas que apresentaram temáticas

de integração, visão de futuro e participação comunitária.

6 É um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doenças.

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2. OBJETIVOS DO ESTUDO

2.1. Objetivo Geral

Discutir as práticas pedagógicas alternativas para os jovens alunos inseridos

no ensino médio, por meio do ensino em ciências (lazer e xadrez), temas atuais e

matemática, a partir da criação de um programa facilitador do acesso ao Ensino

Superior e ao mercado de trabalho.

2.2. Objetivos Específicos

Realizar ações e levantamentos de soluções que visam oportunizar o debate

acerca do desenvolvimento do ensino da Escola Pública e o acesso dos discentes

desta modalidade de ensino à Universidade;

Identificar os elementos de ordem sócio-cultural e psicossocial que se

colocam como obstáculos para a mudança, permitindo colher informações para

pensar outras estratégias de intervenção que favoreçam os discentes do Ensino

Médio.

Construir o Programa Incluir que permita elaborar uma proposta de

intervenção no aprendizado de alunos do ensino médio da rede pública.

3. METODOLOGIA

O presente estudo trata-se de uma pesquisa exploratória, discursiva, de

cunho bibliográfico e pesquisa de campo utilizando o questionário com perguntas

estruturadas e semi-estruturadas para coleta de dados. O Programa Incluir foi

aplicado no Colégio Estadual Brasília, no período de 23 de setembro de 2009 a 21

de dezembro de 2009.

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Entende-se “estudos exploratórios” como aqueles que permitem conhecer ou

aumentar o conhecimento em torno de um dado problema, de modo a estabelecer

hipóteses de investigação para outros tipos de pesquisa ou mesmo propor

estratégias de intervenções em determinadas situações (TRIVIÑOS, 1987).

Considerando tais aspectos, definiu-se como instrumento para a coleta de

dados, um questionário contendo perguntas acerca de: temas emergentes;

matemática e xadrez, por meio do qual se delineou melhor a pesquisa, a fim de

obter o subsídio necessário para a análise proposta.

Sendo assim, o ponto de partida para tais ações perspectivou o conjunto de

práticas que emergissem no cotidiano dos encontros do referido Programa no

Colégio Estadual Brasília, espaço identificado como local ideal para a aplicação do

mesmo. As ações, que foram supervisionadas pelo professor responsável pelo

Programa, aconteceram às segundas, quintas e sextas-feiras, das 13 às 16 horas,

integrando discentes dos Cursos de Serviço Social, Engenharia Elétrica e Educação

Física do Centro Universitário de Volta Redonda – UniFOA com reconhecido

desempenho acadêmico (coeficiente de rendimento), atestado, após análise, pelos

coordenadores e professores dos referidos Cursos. Foram disponibilizadas trinta

vagas para alunos da terceira série do ensino médio e, eventualmente, egressos da

rede pública de ensino, sendo que foram preenchidas vinte e quatro, mas apenas

onze concluíram as atividades. O tempo de duração do Programa foi de noventa

dias, abrangendo os meses de setembro a dezembro de 2009.

A elaboração do questionário, contendo quinze perguntas estruturadas e

semi-estruturadas, foi construída com os acadêmicos – tutores, dos cursos de

Engenharia Elétrica, Serviço Social e Educação Física do Centro Universitário de

Volta Redonda com a supervisão do professor responsável pelo Programa levando-

se em consideração a relevância acerca dos temas propostos. A análise dos dados

obtidos foi desenvolvida, de forma reflexiva, por intermédio das respostas dos

participantes do Programa Incluir, que foram lidas e interpretadas, além das

observações percebidas e catalogadas pelos facilitadores voluntários, ao término de

cada atividade.

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3.1. A pesquisa-ação

Dionne (2007, p. 68) define a pesquisa-ação como “a prática que associa

pesquisadores e atores em uma mesma estratégia de ação para modificar uma dada

situação e uma estratégia de pesquisa para adquirir um conhecimento sistemático

sobre a situação identificada”.

Thiollent (1986, p. 14) define a pesquisa-ação como:

[...] um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo.

Ainda segundo Thiollent (1986), trata-se de uma pesquisa na qual as pessoas

envolvidas tenham algo a dizer e a fazer, e os pesquisadores pretendem

desempenhar um papel ativo na realidade dos fatos investigados.

Pereira apud Betti (2009) menciona como característica da pesquisa-ação o

fato de ser um processo que se modifica continuamente, estabelecendo uma ligação

entre a teoria e a própria ação, além do contexto onde ambas estão inseridas. O

mesmo autor aponta que o objetivo da pesquisa-ação não é apresentar soluções

para um determinado problema, mas compreender e melhorar uma situação, e não

apenas interpretá-la.

Acerca do seu objetivo, a pesquisa-ação visa modificar uma determinada

situação particular levando em consideração a totalidade concreta tal como é vivida

(DIONNE, 2007). O mesmo autor aponta que a pesquisa-ação é, principalmente, um

processo de intervenção coletiva assumido por participantes práticos, com o

propósito de realizar uma mudança social, implicando a participação dos atores

envolvidos no processo e percebendo-se constantemente a situação ambiental.

No que se refere ao processo metodológico deste trabalho, a pesquisa-ação

foi aplicada conforme os seguintes procedimentos:

. Identificação da situação. Foi realizado um diagnóstico do local antes que se

elaborasse o roteiro de perguntas da pesquisa, registrando-se os problemas

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prioritários bem como os recursos disponíveis para a aplicação do Programa. Os

resultados desse diagnóstico possibilitaram a definição das necessidades do

Programa Incluir.

. Definição dos objetivos. A partir da leitura do referencial teórico do trabalho,

além da própria identificação da situação, possibilitou-se a delimitação da pesquisa,

e demais necessidades do Programa.

. Planejamento da pesquisa-ação. Tendo sido formulados os objetivos do

trabalho, o passo seguinte foi estabelecer o procedimento mais adequado para as

ações. Nesta etapa, foi elaborado o cronograma de trabalho, especificando todas as

fases de desenvolvimento do mesmo.

. Realização da pesquisa-ação. Após o diagnóstico da situação, foram

definidas as atividades a serem realizadas, bem como os meios de aplicação da

mesma. Nesta etapa, priorizou-se estabelecer uma relação entre aquilo que era

pertinente aos objetivos do trabalho e o que era possível de se realizar.

. Interpretação e discussão dos resultados. A ação se complementou com o

final do prazo estabelecido para a intervenção do Programa. O procedimento de

avaliação consistiu em comparar os resultados obtidos por meio do trabalho

realizado no campo prático com os objetivos da pesquisa.

3.2. Caracterização da área investigativa

A pesquisa relacionada a este trabalho foi desenvolvida num espaço urbano

periférico, no caso o Complexo da Vila Brasília em Volta Redonda, e objetivou

contribuir para um melhor ensino do aluno matriculado em colégios da Rede

Estadual. Acerca desse espaço urbano, Marcellino (2002, pp. 25-26) observa que:

O aumento da população urbana não foi acompanhado pelo desenvolvimento da infra-estrutura, gerando desníveis na ocupação do solo e diferenciando marcadamente, de um lado as áreas centrais, concentradoras de benefícios, e de outro a periferia, verdadeiro depósito de habitações”. Observa que “a constituição dos núcleos é primordialmente assentada em interesses econômicos. Foram e são concebidos como locais de produção ou de consumo”.

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Essa situação é agravada, se considerarmos que, cada vez mais, as camadas menos favorecidas da população vêm sendo expulsas para a periferia e, portanto, afastadas dos serviços, dos equipamentos específicos; justamente as pessoas que não podem contar com as mínimas condições para a prática do lazer em suas residências e para quem o transporte adicional, por exemplo, além de economicamente inviável é muito desgastante.

A pesquisa possibilitou também definir ações e levantamentos de soluções

que oportunizassem o debate acerca do desenvolvimento do ensino da Escola

Pública e o acesso dos discentes, à Universidade. Percebeu-se também a

necessidade da identificação de elementos de ordem sócio-cultural e psicossocial

compreendidos como obstáculos para a mudança, permitindo colher informações

para pensar outras estratégias de intervenção que favorecessem os discentes

quanto ao ensino de ciências da saúde no ensino médio.

Para a realização da pesquisa associada ao Programa, foram convidados

trinta discentes do Colégio Estadual Brasília, localizado no Complexo da Vila

Brasília, município de Volta Redonda, Rio de Janeiro, além de egressos do

complexo convidados a participar do programa. É importante ressaltar que dos trinta

alunos inicialmente convidados a participar do “Programa Incluir”, vinte e quatro

alunos compareceram ao primeiro encontro. Estes responderam um questionário

com perguntas estruturadas e semi-estruturadas7 contendo questões relacionadas

aos seguintes temas: matemática, xadrez e atualidades (temas emergentes). O

período de realização da pesquisa do diagnóstico ocorreu entre os meses de

setembro e dezembro de 2009.

Dos alunos que responderam o questionário, onze concluíram os trabalhos

relacionados ao Programa, fato atribuído principalmente à dificuldade que os

participantes tiveram em comparecer aos encontros. O questionário referente à

pesquisa foi devidamente submetido ao COEPS (Comitê de Ética em Pesquisa em

Seres Humanos) e consta nos anexos do presente estudo.

7 Na perspectiva de Triviños (1986), a entrevista semi-estruturada é aquela que parte de questionamentos básicos, apoiados em teorias e hipóteses, e que, em seguida, oferecem amplo campo de interrogativas, junto de novas hipóteses que vão surgindo à medida que recebem as respostas do informante. Desta maneira o informante, seguindo espontaneamente a linha de seu pensamento e de suas experiências dentro do foco principal colocado pelo investigador, começa a participar na elaboração do conteúdo da pesquisa.

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Para a aplicação do Programa foram utilizados como materiais de divulgação:

uma faixa, colocada na entrada principal do colégio e cartazes contendo

informações referentes ao evento em murais e painéis das salas de aula utilizadas

pelas turmas de Ensino Médio dos turnos diurno e noturno, parte dos

estabelecimentos comerciais dos bairros do Complexo da Vila Brasília, e empresa

de ônibus que circula pelos bairros. Oralmente, o Programa foi apresentado para

três associações de moradores (Vila Brasília, Verde Vale e Belo Horizonte) e em

dois eventos religiosos (Igrejas Católica e Evangélica do bairro Vila Brasília).

Foram utilizados os materiais e recursos didáticos abaixo correlacionados

para melhoria do conhecimento dos participantes nos conteúdos propostos:

- Seis tabuleiros grandes de xadrez e peças para a realização das partidas;

- Apostilas contendo temas da atualidade e livros didáticos de matemática,

trigonometria e geometria plana;

- CDs contendo músicas clássicas

As atividades planejadas do “Programa Incluir” aconteceram sempre as

segundas, quintas e sextas-feiras, no horário de 13 às 16 horas e foram

desenvolvidas por discentes dos cursos de Educação Física, Serviço Social e

Engenharia Elétrica, além do autor deste trabalho. As atividades realizadas tiveram

sempre o acompanhamento de música clássica, pois, na perspectiva de Guillon e

Mirshawka (1994), a atmosfera causada pela música, além de ser confortável e

relaxante, pode alertar e promover a prontidão para o aprendizado. Os mesmos

autores entendem que as obras de compositores como, Beethoven, Berlioz e

Brahms, entre outras do gênero são ferramentas eficazes na facilitação do

entendimento e compreensão dos conteúdos desenvolvidos.

A partir da aplicação do Programa, outras ações foram colocadas em prática,

observando-se o interesse demonstrado pelos participantes, em relação à inserção

no mercado de trabalho. Desta forma, acrescentamos e incluímos uma visita a uma

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pequena empresa do próprio Complexo da Vila Brasília, além de uma atividade

desenvolvida sob a ótica da orientação para a formatação e elaboração de currículo.

Outro aspecto a considerar deve-se ao fato de que vários participantes

ficavam aguardando o início do Programa no próprio local, após as suas aulas

regulares no colégio. Decidimos então por oferecer um lanche preparado com o

apoio de comerciantes locais. Também foi apresentada a possibilidade de

preparação e fornecimento do almoço. A direção do colégio, prontamente autorizou

a liberação para os participantes do Programa.

Por outro aspecto, observou-se que a direção, coordenação pedagógica,

docentes e demais funcionários do colégio, tiveram pouca participação nas

atividades do Programa, situação esta, observada e registrada diversas vezes no

Caderno de Campo. Além disso, a análise do conteúdo foi desenvolvida de acordo

com os resultados obtidos no questionário que foi aplicado em dois momentos: no

início do programa e no término do mesmo. Os entrevistados tiveram as suas

respostas analisadas visando o diagnóstico de expressões e significados,

identificando a melhor forma de se aplicar as informações, e também, aperfeiçoar o

diálogo, com o intuito de alcançar uma produção de dados coerente com o objetivo

da pesquisa. Os questionários somente foram aplicados após a assinatura do Termo

de Consentimento Livre e Esclarecido pelos participantes inscritos de forma

voluntária no Programa.

Em algumas situações eventuais, como o Conselho de Classe realizado a

cada bimestre para analisar o desempenho dos discentes e outras ações escolares,

docentes das disciplinas de matemática, geografia, história e educação física que

desempenham suas atividades com adolescentes do ensino médio relataram que os

participantes do Programa Incluir, “apresentaram evolução de desempenho” em

relação aos conteúdos das referidas disciplinas, inclusive demonstrando mais

motivação para os estudos e também melhora significativa na assiduidade”.

Santos (in SILVA, 1996, p. 30) aborda o fato de que:

O projeto educativo emancipatório tem de criar um campo epistemológico em que o modelo de aplicação técnica da ciência seja posto em conflito com um modelo alternativo. O Conflito entre os dois modelos passará a constituir, neste domínio, o cerne do processo de ensino aprendizagem”.

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Este fragmento nos remete à atitude de isolamento e indiferença por parte da grande maioria dos profissionais de educação do Colégio em questão.

Embora seja desnecessário frisar, ao observar a postura da direção do

colégio, dos docentes e demais educadores que compõem o referido ambiente

escolar, não se pretende tecer aqui, qualquer juízo de valor.

3.3. O produto disseminável.

O Programa Incluir consiste em uma proposta de inclusão de jovens oriundos

de comunidades situadas em áreas consideradas de vulnerabilidade social. O ponto

de partida para as referidas reflexões foram as práticas que emergiram no/do

cotidiano das aulas realizadas no Colégio Estadual Brasília. A perspectiva

metodológica aqui adotada é a da pesquisa-ação, pois na literatura, esta prática

consiste no relacionamento de dois tipos de objetivos: equacionar o problema

considerado central na pesquisa, com levantamento de soluções e proposta de

ações correspondentes às soluções, e, obter informações que seriam de difícil

acesso por meio de outros procedimentos. Ampliando-se, assim, o conhecimento de

determinadas situações, entre elas, reivindicações, representações, capacidades de

ação ou de mobilização.

O Programa visa atingir alunos de ensino médio e/ou egressos, que residam

em áreas consideradas de vulnerabilidade social. Neste programa, alunos do ensino

superior que apresentem bom desempenho acadêmico reconhecido por seus

professores e coordenadores, serão convidados a participar como

colaboradores/facilitadores, desenvolvendo os temas pertinentes ao projeto.

FREIRE (2010) relata que normalmente profissionais recém-formados,

enfrentam grandes dificuldades no trabalho. Entre elas, há aquelas claramente

decorrentes da formação, caracterizadas para o atendimento das camadas sociais

com grande poder aquisitivo; porém, o mercado de trabalho também oferece

oportunidades no atendimento da população, sobretudo por meio das políticas

públicas.

Com isso o Programa Incluir, que foi pensado e desenvolvido com grupos de

alunos das segunda e terceira séries – esta última de forma prioritária, do ensino

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médio e/ou egressos do Colégio Estadual Brasília, reforça a sua importância pelas

práticas proporcionadas aos universitários – denominados “tutores”, que conectados

ao saber acadêmico, permearam ações no campo prático, vivenciando a realidade

da comunidade local.

4. RESULTADOS

4.1 Revisão bibliográfica

4.1.1 O papel do professor no processo ensino-aprendizagem

Na perspectiva de Werneck (1992), ao trabalhar com o discente é

imprescindível pensá-lo como sujeito. O autor aponta que, em relação ao aluno,

trata-se de um ser pensante que traz consigo experiências próprias, com suas

contradições, sua realidade, atentos ao futuro e ao presente especialmente. Neste

caso, o professor precisa conhecer as características do aluno para ajudá-lo a livrar-

se dos estrangulamentos do conteúdo.

Numa visão bastante tradicional da escola, o professor é concebido como o

centro do processo. Se há sucesso, tudo fica bem. Porém, se a escola vai mal, por

transferência ele também vai mal. Entendemos que, numa visão construtivista, o

professor não é o centro e sim a intermediação, exigindo negociação, colaboração,

compreensão, convivendo com um grande desafio: a assiduidade do aluno à escola.

Esta observação é reforçada por Carvalho et al (2010), que sugere que o ensino de

um indivíduo deve levar em consideração a experiência prévia do mesmo associado

ao conteúdo apresentado pelo facilitador.

Relacionado ao processo ensino-aprendizagem, a grande questão que se

estabelece é o que é ensinado em sala de aula e o que se pode fazer para definir

qual currículo e qual a finalidade do exame de acesso ao Ensino Superior, ou a

formação propedêutica ou profissional.

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4.1.2 Exclusão

Segundo Mir (2004), o Brasil é uma criação colonial recente, com tudo o que

isso possa representar de uma herança de conflitos e memória histórica trágica.

Começamos com o genocídio dos índios, evoluímos para a exploração escravocrata

e, depois, ascendemos ao período republicano com segregação territorial e

econômica a fim de alcançamos o extremismo étnico com a modernidade. Diante

deste quadro, as diferenças étnicas e sociais impediram qualquer coexistência de

populações que estão lado a lado, desde séculos: sempre representamos uma terra

de exploração, e não de povoamento e desenvolvimento (MIR, 2004). Tal condição

gerou separatismo econômico crônico, segregação étnica e o descarte social. Forja-

se assim o molde econômico da escravatura com o separatismo social decorrente

entre as várias etnias brasileiras.

A violência urbana presente na vida das grandes cidades, segundo Marcellino

(1995) é um sintoma da deterioração da qualidade e do significado da vida humana

e da enfermidade das relações sociais. Num espaço que, ao mesmo tempo em que

unem os indivíduos para a produção, amontoando-os em fábricas, bancos, grandes

edifícios de escritórios e ruas, onde a funcionalidade imediata constitui a maior

preocupação, provoca seu distanciamento de si mesmos, do contato com o outro e

com a natureza. Só é dada importância ao que é produtivo, gerador de “bens de

consumo” ou mercadorias, e não se questiona em que essa medida essa

“produtividade” - valor supremo - anula a expressão do ser humano. E as pessoas

acabam sendo consideradas como meros instrumentos, produzindo ou consumindo,

ou seja, alimentando o mercado de produção. Os valores são, portanto, imediatistas

e utilitaristas.

É nesse cenário – em que predomina a poluição nas suas variadas formas;

onde cotidianamente o homem usa máscaras cada vez mais pesadas, que

escondem seu rosto para caracterizar personagens sobre os quais não tem controle;

palco de representações que buscam o sucesso, mas na esmagadora maioria só

conseguem o anonimato; seu significado em termos de mudança ou da manutenção

da ordem social; como fenômeno revolucionário, formador de mudanças nos valores

e nas atitudes, ou simples elemento de superação dos conflitos, procurando

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favorecer o ajustamento das pessoas ao sistema social vigente (MARCELLINO,

1995).

No caso do ensino, que se contemple a qualidade, este adquiriu notoriedade

através de diversas razões: por ser um direito humano, por ser base para o

crescimento econômico, por auxiliar na conquista de outros direitos, por melhorar a

distribuição de renda, por permitir alcançar melhores empregos entre outras.

Mir (2004) afirma que todas as razões anteriormente citadas apontam uma

legitimidade, porém, apenas parcialmente. O ensino, por si só, tem suas limitações.

Uma constatação disso é o fato de que não há, na história da humanidade, um país

cuja população tenha conquistado escolaridade básica de qualidade sem intensa

melhoria nas suas condições de vida.

Portanto, entende-se que um fator depende diretamente do outro, ou seja, só

alcançaremos uma democracia educacional a partir do instante em que se

estabelecer uma democracia social.

Em se tratando de ensino, a exclusão contemporânea é distinta das formas

precedentes de discriminação ou segregação, uma vez que tende a criar,

internacionalmente, indivíduos inteiramente desnecessários ao universo da

produção econômica. Para eles, aparentemente, não há mais possibilidade de

integração ou reintegração no mundo do trabalho e da alta tecnologia. Neste

sentido, os novos excluídos parecem seres descartáveis (FONTES in BOCAYUVA;

VEIGA, 2002).

Os desdobramentos e as consequências dessa exclusão atingem quase a

totalidade da vida social, visíveis na gestão do território, nas formas de difusão

culturais e nos problemas educacionais. A globalização não tem o mesmo

significado para todos e isso já é por demais sabido, porém a participação das

classes menos favorecidas – amplamente majoritárias – da população brasileira

como protagonistas da definição dos destinos do país, foram e continuam sendo

sempre bloqueadas por uma sucessão de pactos da elite dominante (MAGALHÃES,

2010).

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Bento (2004) numa visão questionadora a respeito das crianças nos leva a

refletir quando indaga: que direitos lhes garantimos e que exemplos lhes damos?

Porque é que as submetemos em becos, tristes e pobres, onde não mora o sonho e

habita o desencanto?

Seria a caracterização da condição de privação?

Johnson (1997) observa que a privação refere-se a uma condição na qual

pessoas carecem daquilo de que necessitam.

Interpretando um novo paradigma ético, o Estatuto da Criança e do

Adolescente (ECA), surge em função da necessidade de proteção integral das

crianças e adolescentes, em todas as suas dimensões. São tratados como um caso

de natureza social e não por meio de mecanismos de punição e controle. Ainda

enfatiza o comprometimento da família, da sociedade e do Estado a proteger a

infância e a juventude.

O Estatuto dá um privilégio legal à população infanto-juvenil, dado o valor

intrínseco dessa população – são seres humanos em desenvolvimento – e dado o

seu valor projetivo – são os portadores do futuro.

Antes de uma reflexão mais geral, ressaltaremos a especificidade do caso

brasileiro. Segundo Fontes (in BOCAYUVA; VEIGA, 2002), há entre nós, formas

variadas de discriminação, de segregação e mesmo de exclusão. Constituem-se em

fenômeno antigo, parte constitutiva de nossa história. Além de atravessar nosso

passado, a matriz escravista de nossa sociedade está ainda presente no cotidiano

brasileiro. Ela se manifesta nas variadas formas de discriminação racial e social e,

sobretudo, na naturalidade com que encaramos a degradação e a depredação

cotidiana da força de trabalho. Santos (in SILVA, 1996, p. 16), neste caso, observa

que “os grandes vencidos do processo histórico capitalista, os trabalhadores e os

povos do terceiro mundo, descrêem hoje do progresso porque foi em nome dele que

viram degradar as suas condições de vida e as suas perspectivas de libertação”.

Desperta atenção a definição de Bedê que, já em 1988, nos remetia à

reflexão sobre o estigma de uma sociedade na qual a educação apresentava-se

enferma e os sintomas presentes no cotidiano da população da época, enfatizando

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uma baixa escolaridade na média da população brasileira, denunciando o fato de

que a gestão dos poucos recursos disponíveis não eram eficazes.

Acerca disto, Nóvoa (1995, p. 25 in TEIXEIRA, 2002) observa ainda que “o

funcionamento de uma organização escolar é fruto de um compromisso entre a

estrutura formal e as intenções que se produzem no seu seio, nomeadamente entre

grupos com interesses distintos”.

Em contrapartida, a qualidade de vida vem caindo a níveis insuspeitos. A vida

transcorre encurralada atrás de grades, ruas fechadas e de seguranças armados. As

ruas, locais primordiais de convívio social, deixaram de fazer parte do seu cotidiano.

Segundo Marcelino (1995, p. 43), analisando crianças e jovens da classe

média, afirma que “não é de se estranhar que os estímulos para as atividades de

lazer, quando verificados, se orientem muito mais em termos de ‘preparação’ para a

vida adulta, do que para a vivência dessa fase da vida. A espontaneidade é

substituída pela obrigação e o prazer quase se transforma em tortura: as meninas

fazem balé para acentuar a feminilidade e moldar o corpo, enquanto os garotos são

levados à prática da ginástica ou da defesa pessoal”.

Salles (in BOCAYUVA; VEIGA, 2002) referindo-se às relações sociais e

raciais, observa que o sistema de dominação só pode existir sobre uma base de

cidadania fraca. Isto é, uma sociedade em que a maioria da população tenha pouca

ou nenhuma participação política e possua direitos limitados. E neste ponto temos o

principal elemento de longa duração da história brasileira: a escravidão. Esta

constitui a base social do país. Esteve presente desde os primórdios da colonização

e é mesmo anterior ao descobrimento. O mesmo autor enfatiza que o tráfico

internacional de escravos foi um dos negócios mais lucrativos da época moderna,

constituindo-se numa das bases para a acumulação histórica de capital que

possibilitou o desenvolvimento do capitalismo.

Segundo Carvalho (2008), no Brasil, não havia como fugir da escravidão.

Calcula-se que, desde o início do tráfico até 1850 tenham entrado no país quatro

milhões de escravos.

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No Brasil “as pessoas de cor, tão logo tivessem algum poder, escravizariam

seus companheiros, da mesma forma que o homem branco”. Embora repudiassem

sua escravidão, uma vez libertos admitiam escravizar os outros (CARVALHO, 2008).

O autor supracitado ainda aponta que:

A religião católica que era oficial, não combatia a escravidão. Conventos, clérigos das ordens religiosas e padres, todos possuíam escravos. Foram pouquíssimas as vozes que insistiram na necessidade de assistir os libertos, dando-lhes educação e emprego, como foi feito nos Estados Unidos que em 1870, tinham 4.325 escolas para libertos entre as quais uma universidade, a de Howard (2008, p. 50).

A libertação dos escravos não trouxe consigo a igualdade efetiva. Essa

igualdade era afirmada nas leis, mas negada na prática. Encerrada a euforia da

libertação, escravos libertos regressaram a suas fazendas, ou fazendas vizinhas,

para retomar o trabalho por baixo salário. Aos libertos não foram ofertadas nem

terras, nem empregos nem escolas (CARVALHO, 2008).

Por fim, Carvalho (2008) ainda enfatiza o fato de que a população negra teve

que enfrentar sozinha o desafio da ascensão social e frequentemente precisou fazê-

lo por rotas originais, como o esporte, a música e a dança. Esporte, sobretudo o

futebol, a música, sobretudo o samba, e dança, sobretudo o carnaval, foram os

principais canais de ascensão social dos negros até recentemente.

A Revista Nova Escola, edição de abril de 2003, registra que são mais de 65

milhões os jovens e adultos que não concluíram o ensino básico. Desses, 30

milhões não frequentaram nem os quatro primeiros anos escolares. Cerca de 16

milhões não sabem ler nem escrever um bilhete simples.

Todavia, de acordo com Haddad (2008), grande parte dos jovens entre sete e

quatorze anos está estudando nas escolas brasileiras atualmente. Diante deste

breve quadro, em diversas ocasiões somos levados a pensar que a qualidade de

ensino no Brasil estaria melhorando. Porém, a baixa qualidade do ensino e as

precárias condições de vida de boa parte da população brasileira, colaboram para

que os alunos não consigam completar sua escolaridade, criando um novo tipo de

exclusão social e educacional. Fato este provocado não apenas pela escassez de

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vagas, mas pela incapacidade de adquirir a escolaridade, tornando grande parte da

população incapaz de ler e escrever com autonomia.

Acerca disso, Haddad (2008, p.02) afirma:

Que fatores contribuíram para este quadro? A resposta é simples: mais vagas com menos recursos por vaga, o que transformou a escola pública em uma escola pobre para pobres. Os estudantes e os grupos mais vulneráveis que a frequentam – os pobres, os negros e as populações indígenas – estão em desvantagem. Contraditoriamente, as escolas de Ensino Superior de melhor qualidade são públicas, mas aí a maioria das vagas é ocupada por alunos com maior poder aquisitivo, com condições de serem aprovados no vestibular porque fizeram, na maioria dos casos, escolas privadas ou cursos preparatórios privados.

É interessante perceber que, diante desta afirmação, as classes consideradas

de maior poder aquisitivo evitam as escolas públicas na educação básica, quadro

este que será alterado quando da opção pela universidade, que será priorizada pela

escolha por instituições de ensino superior públicas. Isto significa dizer que, segundo

o autor supracitado, os discentes das IES públicas, cada vez mais, são oriundos da

rede privada, deixando a ocupação das IES privadas para um percentual

significativo de alunos da rede pública. Isto nos faz refletir: Em que momento

histórico o ensino prestado em boa parte das escolas públicas deixou de interessar a

esta classe com melhor poder aquisitivo?

Um aspecto deve ser observado, no entanto: o Programa apontou resultados

significativos comprovados e também relatados pelos participantes e pelos

facilitadores universitários. Mas há alguns questionamentos importantes: por que o

desinteresse inicial? Por que o considerável índice de rotatividade nas atividades?

O comportamento do aluno reflete que ele não quer esse modelo de escola que se

apresenta? E se entender assim, transfere o mesmo conceito para outros projetos

nesse mesmo ambiente educacional? O que o leva a continuar os seus estudos?

Portanto, o que no início transparecia certa relutância pela participação no

Programa, que em momento algum teve característica de obrigatoriedade,

modificou-se para uma participação mais ativa, interessada e motivada.

Sob esses pressupostos, se faz presente nos participantes do Programa –

que concluíram o mesmo – um anseio de crescimento para buscarem o acesso à

Universidade Pública em primeiro plano, ou até mesmo a Universidade Privada, o

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34

que no segundo caso, levaria a um grande desafio, pois haveria a necessidade do

custeio do próprio estudo.

4.2. A pesquisa. Apresentação dos resultados.

A pesquisa desenvolvida com este trabalho visou o diagnóstico acerca das

características dos participantes do Programa relacionadas aos conhecimentos de

xadrez, matemática e temas voltados para a atualidade. O questionário, como já foi

mencionado, foi aplicado em dois momentos: no início e no término do Programa.

Com utilização do questionário, verificamos que, dos onze alunos

participantes do Programa, cinco não conheciam praticantes de xadrez num

universo de familiares e/ou amigos independentemente de endereços residenciais.

Após o término dos trabalhos relacionados ao Programa, constatou-se que a

convivência entre eles no decorrer das atividades e o próprio contato com o jogo

fortaleceu a sua prática, possibilitando com que todos os participantes passassem a

conhecer outros praticantes de xadrez, inclusive promovendo encontros para esta

finalidade.

Teorizando o comportamento lúdico, Huizinga (2007, p.84), concebe o hábito

de jogar como atividade livre, no qual o jogador encontra-se liberto. São os

jogadores que definem o alcance, as condições e a finalidade do jogo. Responsáveis

pelos seus atos, escolhem os seus riscos, decidem o que fazer e limitam as

consequências dos seus atos no lugar jogado, “experimentando o jogo o quanto

quer”.

Consideramos importante que atividades de lazer procurem atender as

pessoas no seu todo. Para tanto, é necessário que os indivíduos conheçam as

atividades que satisfaçam os vários interesses, e que sejam estimulados a participar,

e recebam um mínimo de orientação que lhes permita a opção caracterizadora do

lazer. A escolha só será possível se houver conhecimento das várias alternativas

que o lazer oferece, no caso do Programa Incluir, a opção pelo jogo de xadrez.

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A apropriação pelos jogadores do pensar e agir e a aceitação de que os

limites são provisórios, configuram a aventura da liberdade no jogo. Entendemos

que é fundamental o respeito ao outro, deferindo ao adversário a conotação de

parceiro – mais comumente utilizado pelos jovens como “colega”, evitando-se o

aspecto do “ganhar a qualquer preço”.

Como espaço de destaque na cultura, o jogo possibilita criar e usufruir cultura

além de vivenciá-la sob as mais diversas formas.

Marcelino (1987) apresenta ponto de vista, que diferentemente de Huizinga

(2007), considera o jogo como manifestação cultural e revolucionária. Ao tratar o

jogo como manifestação cultural revolucionária, Marcelino (1987) destaca o papel

político pedagógico do jogo considerando-se como meio e fim educativos a serem

abraçados pela escola. Nesse sentido, a sala de aula precisa transformar-se em

espaço de diálogo, de vivência e convivência; espaço do jogo do “saber com sabor”.

Para Dumazedier (in MARCELLINO, 1995, p. 24), o lazer é:

“Um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja pra divertir-se, recrear-se e entreter-se ou, ainda para desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua participação social voluntária ou sua livre capacidade criadora, após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações familiares, profissionais e sociais”.

Tendo em vista o conteúdo das atividades, o ideal seria que cada pessoa

desenvolvesse sua ação, no tempo disponível, abrangendo os cinco grupos de

interesses, ou seja, exercitando o corpo, a imaginação, o raciocínio, a habilidade

manual e o relacionamento social, quando, onde, com quem e da maneira que

quisesse (MARCELLINO, 1995). Na realidade, no entanto, o que se verifica é que,

principalmente em áreas consideradas de vulnerabilidade social, as pessoas

geralmente restringem suas atividades de lazer a um campo específico de

interesses. E geralmente, o fazem não por verdadeira opção, mas por não terem

tomado contato com outros conteúdos.

A aplicação do xadrez, com ênfase no lazer, perspectiva a opção do

conhecimento do novo, identificando a utilização e importância da sua prática, sendo

sua disponibilidade caracterizada pelo fácil acesso possibilitado pela dinamização do

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Programa no Complexo da Vila Brasília, ambiente onde se destaca o futebol e o

futsal como práticas do cotidiano, especialmente pelos adolescentes. Outro traço

benéfico no desenvolvimento do xadrez deve-se ao fato de que a atividade pode

ocorrer em espaços perfeitamente adaptados sem prejuízo da qualidade da prática,

independente de classe social.

Indivíduos pertencentes a grupos que não aquele do Programa Incluir, entre

os quais, familiares, vizinhos, colegas moradores na mesma rua, alameda, travessa,

e becos, se interessaram pelo aprendizado e prática do jogo, ainda mais quando

estimulados por pessoas da sua convivência, tornando-se naturalmente parceiros e,

agentes de orientação, funcionando como incentivadores dessa nova opção

intelectiva de lazer, caracterizando-se como uma ocupação saudável do tempo

disponível. O jogo ultrapassa então os muros da escola – ambiente da aplicação do

Programa, destacando-se como possibilidade real para uma significativa parcela da

comunidade do Complexo da Vila Brasília.

Segundo Marcelino (1995), o lar é apenas um dos equipamentos não

específicos de lazer, ou seja, espaços não construídos prioritariamente para essa

função, mas que eventualmente podem cumpri-la. Nessa mesma categoria, situam-

se, as ruas, as escolas, etc.

O referido autor enfatiza que as escolas contam com grandes possibilidades

para o desenvolvimento do lazer, nos vários campos de interesse, em termos de

espaço: quadras esportivas, pátios, auditórios e salas, alem de outros

equipamentos. Observa que esses ambientes ficam ociosos em vários períodos e,

ainda que ocupados durante todo o dia, sempre restariam os fins de semana.

O interesse pelo jogo de xadrez expandiu-se pelo Colégio Estadual Brasília,

episódio este que foi acompanhado semanalmente pelo responsável do Programa

desde o início da aplicação do mesmo – setembro de 2009, e que continua em 2010

como demonstra os registros do Caderno de Campo: um evento que “cresce a cada

dia no gosto dos alunos”; situação creditada à aplicação do Programa Incluir.

Melo (2003), numa perspectiva histórica, observa, todavia, que não é tarefa

das mais fáceis reconstruir as vivências de lazer nas camadas populares, inclusive

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aquelas em situação de vulnerabilidade social, pois, mesmo que os estudos

relacionados a tais camadas tenham avançado os dados relativos às peculiaridades

de seu cotidiano ainda carecem de aprofundamento.

Pimentel (2003) analisa que os meninos brincam mais na rua, explorando

locais, enquanto as meninas ainda permanecem mais dentro das residências

interagindo com outras meninas. Observa que as meninas são mais sociáveis e

sabem trabalhar melhor com conflitos (inteligência inter pessoal) e os meninos se

locomovem e localizam espaços mais facilmente (inteligência espacial).

Naturalmente não se perde a perspectiva de que devemos procurar

desenvolver o prazer, a satisfação, a alegria no jogo. Não se devem utilizar

metodologias autoritárias quando se trata o jogo como conhecimento ou como

elemento de animação sociocultural (PIMENTEL, 2003).

Identificada uma demanda proveniente das ações de lazer debatidas no

desenvolvimento dos conteúdos: Temas da Atualidade, percebendo o lazer não só

no aspecto da procura, mas quanto ao fornecimento, jovens participantes do

Programa propuseram a criação de uma “oficina de xadrez” com o objetivo de

oportunizar crianças da comunidade local, oferecendo condições de se relacionarem

com o jogo, sob suas próprias orientações, ou seja, jovens tutores multiplicadores –

oriundos do Programa Incluir.

A atividade ocorrerá uma vez por semana, conforme contatos preliminares

nos quais o responsável pelo Programa também fez parte do grupo de estruturação.

As ações semanais serão ofertadas no Centro de Referência da Assistência

Social (CRAS) do bairro Vila Brasília, situado próximo à escola, porém sem a

intervenção da mesma. A iniciativa desta ação partiu do interesse dos próprios

integrantes do Programa Incluir.

O CRAS foi percebido e identificado como um “espaço democrático” e de fácil

acesso pelos idealizadores da proposta, pelo fato de ser um espaço conhecido no

bairro Vila Brasília, em função de sua atuação com os moradores, até mesmo pelo

seu histórico de atendimento na área social.

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De acordo com o Censo do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), de

2009, realizado pela Secretaria Nacional de Assistência Social do Ministério do

Desenvolvimento Social, dados apresentados na Revista Diálogo (2010) revelam

que o país tem cerca de 5,8 mil centros de referência de assistência social (CRAS)

em mais de quatro mil municípios.

4.3. Resultados do questionário

GRÁFICO 1 – Você conhece alguém da sua relação que jogue xadrez?

6

5

11

Sim

Não

Conheciam após oPrograma

Os dados coletados através da aplicação do questionário são norteadores

para a obtenção de um diagnóstico acerca do nível em que os alunos se

encontravam antes das aulas de xadrez e o rendimento alcançado pelos mesmos

após as aulas.

A análise referente à importância do xadrez e também no quanto o seu

desenvolvimento pode vir a contribuir para a uma boa formação, aponta que todos

os entrevistados consideram a atividade relevante, enfatizando-se a “superação de

desafios” (ALUNO 03), o “exercício da concentração” (ALUNO 08) e o “pensar antes

de agir” (ALUNO 09).

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GRÁFICO 2 – Em relação ao jogo de xadrez, em qual nível você se enquadra?

8

01

4

2

4

0

3

0

1

2

3

4

5

6

7

8

Não sabem jogar Sabem jogar Sabem jogar,mas não jogamcom frequência

Sabem jogar ejogam comfrequência

Antes

Depois

Referindo-se aos questionamentos relacionados aos conhecimentos de matemática,

os resultados obtidos foram:

GRÁFICO 3 – Resultados das questões relacionadas ao ensino da matemática.

10

1

10

1

65

65

9

2

11

4

7

9

2

65

9

2

0

2

4

6

8

10

12

1ª Questão 2ª Questão 3ª Questão 4ª Questão 6ª Questão

Resposta afirmativa (ANTES)Não respondeu (ANTES)Resposta correta (ANTES)Resposta errada (ANTES)Resposta afirmativa (DEPOIS)Não respondeu (DEPOIS)Resposta correta (DEPOIS)Resposta errada (DEPOIS)

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Além das questões as quais os resultados foram apresentados acima, os

participantes do Programa também foram questionados quanto à importância do

aprendizado da matemática no cotidiano. Tal questionamento foi aplicado com o

intuito de perceber a conscientização dos alunos acerca desta questão.

GRÁFICO 4 – Defina a importância do aprendizado de matemática para o seu dia-a-dia.

0

2

4

6

8

10

ConsideramimportanteNão consideramimportante

Antes daaplicação

doPrograma

Após aaplicação

doPrograma

A terceira parte do questionário, relacionada aos temas voltados para a

atualidade apresentou os seguintes resultados:

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GRÁFICO 5 – Resultados das questões relacionadas aos temas voltados para a atualidade.

4

7

9

23

8

56

4

765

65

8

3 3

7

1

3

7

1

54

9

2

0123456789

1ªQuestão

2ªQuestão

3ªQuestão

4ªQuestão

5ªQuestão

6ªQuestão

Resposta afirmativa (ANTES)Resposta negativa (ANTES)Não respondeu (ANTES)Resposta correta (ANTES)Resposta errada (ANTES)Resposta afirmativa (DEPOIS)Resposta negativa (DEPOIS)Não respondeu (DEPOIS)Resposta correta (DEPOIS)Resposta errada (DEPOIS)

5. DISCUSSÃO

Ao estabelecer a discussão acerca dos resultados deste trabalho, faz-se

importante ressaltar que não se pode deixar de consignar que o mesmo não deva

ser encarado como uma fórmula definitiva para a inclusão através de ações

pedagógicas. A educação é alicerce para a valorização do indivíduo e da sociedade

como um todo.

Todos somos agentes de transformação quando capazes de perceber a

realidade para atuarmos efetivamente em benefício da comunidade construindo com

ela e promovendo ações que favoreçam o exercício pleno da cidadania. Reportando-

se a esta construção ou reconstrução, torna-se necessário repensar a escola e o

que dela emerge enquanto possibilidades para o crescimento. Porém, na

perspectiva de Freire (1996), em relação do ponto de vista que vai de encontro aos

interesses dominantes, não há dúvida de que a educação deve ser uma prática

imobilizadora e ocultadora de verdades.

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A população em situação de vulnerabilidade social necessita de maior

atenção. A elaboração de propostas concretas para buscar soluções que visem à

inclusão das comunidades menos favorecidas deve estar vinculada a uma constante

interlocução entre os diversos elementos que a compõem. Torna-se necessário

repensar o ensino. Talvez seja uma posição ingênua; alterar o rótulo não implica na

melhoria da qualidade do produto, no entanto, como educadores, esta ação deve ser

tomada como desafio.

Ainda sobre a questão da vulnerabilidade social, Mir (2004), aponta que esta

tem sido uma categoria importante e presente nas análises que buscam relacionar

violência e direitos civis. Enfatiza que os excluídos dos direitos tornam-se alvos, ou

autores, mais imediatos da violência. Sem negar a importância dos vínculos que, de

um modo geral, permitem, associar tais fenômenos.

Acerca da pesquisa, a mesma foi norteadora para se alcançar alguns

resultados. Conforme podemos perceber no Gráfico 01, apenas seis alunos

conheciam o xadrez antes do início do Programa Incluir. Após a aplicação do

mesmo, percebe-se que além do fato de todos os participantes terem contato com o

jogo, muitos reconheceram a importância do mesmo, conforme os depoimentos

abaixo:

[...] “estando livre no período da tarde, me ocupava com uma coisa boa e importante para o meu desenvolvimento enquanto aluna e futura profissional. Não tinha interesse em jogar xadrez e muito menos sabia jogar, mas depois de um certo tempo no Programa Incluir eu passei a ter interesse e até jogo em casa com meu irmão. Tenho uma prima que cursa fisioterapia, e ela se interessou em aprender a jogar xadrez. Aí eu comecei a ensiná-la, o que vejo como uma oportunidade de continuar aprendendo, pois ensinando também se aprende” (ALUNA 01).

“Eu achei o Programa Incluir muito interessante. Os professores mexeram com a nossa mente, nosso desenvolvimento. Fizeram atividades muito legais. Eu por exemplo, não sabia jogar xadrez, e hoje já sei jogar. Continuo jogando com meus amigos em minha casa, só que sempre perco, mas não me importo, pois sei que muito em breve chegará a minha vez de ganhar. Mesmo perdendo, estou aprendendo cada vez mais” (ALUNA 04).

Diante dos depoimentos dos participantes mencionados acima, percebemos

uma notória transformação da consciência sócio-cultural dos mesmos, concebida

por intermédio da prática de atividades direcionadas para o lazer, e que nos remete

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ao sentido de melhoria da qualidade de vida. No momento em que fazem afirmações

como “ensinando também se aprende” ou “sempre perco, mas não me importo, pois

sei que em breve chegará a minha vez de ganhar”, notamos por parte dos alunos

um aumento de satisfação em participar de uma atividade que proporciona a alegria

em se fazer algo construído com o seu empenho apoiado e dinamizado por outros

componentes do processo de desenvolvimento do Programa.

Acerca do tema referido, Marcellino (1995, p. 14) observa que:

As novas necessidades infra-estruturais da sociedade urbano-industrial fizeram com que regredissem os controles das instituições sobre a vida dos indivíduos. Situam-se nesse plano as obrigações familiares, sociais, religiosas e políticas, muito embora, deva ser levado em conta que o controle institucional não cessou pura e simplesmente, tornando as pessoas livres, mas foi sendo assumido progressivamente, com aquelas características e objetivos diferenciados daqueles observados nas sociedades tradicionais, por outras instâncias da vida social, das quais os meios de comunicação de massa são o exemplo mais representativo. Os fatos acima arrolados a título de exemplo são manifestações ocorridas no lazer e que expressam valores próprios dessa esfera da vida. Esfera que também sofre os efeitos nocivos da massificação própria da sociedade de consumo, da qual é parte.

Neste caso, o referido autor aponta para um novo conceito de vida que, para

Dumazedier apud MARCELLINO (1995), tem a sua origem atribuída a uma

revolução cultural iniciada por um movimento social.

Após a aplicação do “Programa Incluir”, notou-se o desenvolvimento dos

participantes quanto ao contato com pessoas que jogam xadrez, conforme dados

apresentados no Gráfico 02. Entendemos que estes dados comprovam a

socialização que o aprendizado do xadrez proporcionou aos integrantes do grupo.

Além dos resultados obtidos pela pesquisa, alguns participantes afirmam que:

“Antes de participar do “Programa Incluir”, Eu não sabia jogar nada de xadrez, mas agora eu posso dizer que sei jogar, inclusive jogando com outros colegas fora da escola. Eu nunca tinha tido nenhum contato com esse jogo”. (ALUNO 11).

O depoimento acima vai de encontro ao conceito de Rezende (2002), que é

favorável ao entendimento de que o xadrez, por ser um jogo que contém regras,

pode contribuir para a formação afetiva e social do praticante, o que faz desta

modalidade uma atividade de grande influência social.

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Acerca do processo ensino-aprendizagem da matemática, o Gráfico 03

aponta resultados significativos em três questões (03, 04 e 06). Contudo,

entendemos que os depoimentos dos alunos são relevantes para que se possa

compreender melhor a importância da inclusão da matemática no Programa:

“O tutor Lelis sempre foi muito atencioso e agradável no desenvolvimento dos conteúdos. Aprendi muitas coisas importantes, tirei muitas dúvidas e tenho certeza que o que aprendi será muito importante para minha vida quando adulta” (ALUNA 01).

“Eu gostei muito, apesar de ter faltado alguns encontros. Eu achei que foi muito bom, pois muita coisa que eu não sabia eu pude aprender neste Programa. O tutor de matemática ensinou muitos conteúdos importantes, pois quando a gente não entendia, ele voltava e ensinava outra vez até a gente entender, e isso foi muito importante, pois ele teve a maior paciência para explicar os conteúdos” (ALUNO 06).

O Gráfico 04 apresenta os resultados sobre como os participantes do

Programa Incluir encaram a importância do aprendizado da matemática no cotidiano.

A pesquisa não apresentou uma diferença relevante entre os resultados obtidos

antes e após a aplicação do Programa. Contudo, vale ressaltar que o número de

alunos reconhecedores da importância da matemática como instrumento auxiliar na

prática cotidiana compactua com a afirmação de D’Ambrósio (1990), quando afirma

que o ensino da matemática se justifica por ser um grande instrumentador para a

vida e o trabalho, auxiliando o pensamento e o raciocínio, tornando-os mais claros e

eficientes. O mesmo autor (1990, p. 80) também argumenta que:

A Educação Matemática tem como fundamental objetivo desenvolver estratégias intelectuais que permitam a construção de uma Matemática com corpo de conhecimentos, de técnicas e procedimentos úteis para satisfazer as necessidades sociais.

Acerca das questões relacionadas aos temas voltados para a atualidade, de

acordo com os resultados apresentados no Gráfico 05 diferente dos que foram

relacionados ao ensino da matemática, a melhora do desempenho dos alunos

participantes do Programa foi facilmente identificada.. Percebemos também, a partir

dos depoimentos da aluna 02, que as atividades voltadas para a discussão de temas

atuais foram de grande relevância para a formação dos mesmos:

“Gostei muito dos textos na atividade que abordou os temas da atualidade. Discutimos textos com leitura dinâmica e possibilitou um maior entendimento das coisas que estão acontecendo atualmente, como poluição, governos totalitários e inclusão. O programa não parecia uma aula, mas um encontro de estudos muito prazeroso” (ALUNA 02).

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Segundo Proença (2004), existe a concepção de que oferecer cultura e

oportunidades de debates visando a conscientização da população em países

subdesenvolvidos é algo considerado secundário. Ainda segundo o mesmo autor, os

defensores deste conceito argumentam que cultura e informação não dão lucro,

saúde, segurança e outros benefícios, deixando, portanto, de resolver problemas

emergenciais que são enfrentados diariamente pela população.

Proença (2004, p 01) ainda enfatiza:

Encoberto por esse conceito, tão falso quanto vários outros fabricados pela elite dominante, o tempo vai passando e nada, ou quase nada é feito para reverter esse quadro de inércia e incompreensão cultural a que estamos submetidos e aspecto prejudicial a um país que necessita de Educação e de Cultura para se estabelecer com competência dentro do contexto da nova ordem econômica.

Entendemos que se deva dar mais atenção não somente à cultura geral, mas

também ao pleno exercício da cidadania como forma de libertação e progresso

social. Uma sociedade desassociada da cultura e do entendimento acerca de temas

relacionados à atualidade será sempre uma sociedade manipulada pela classe

dominante. Uma sociedade desprovida de informação, formada por cidadãos que

não participam e aparentemente não possuem o direito de opinar e fazer parte de

um mundo onde quem dita as regras é quem está no poder (FERNANDES;

REZENDE; REIS, 2007).

Ao longo da História Moderna, críticos da realidade das mais diferentes

tendências filosóficas e ideológicas foram unânimes em comparar as ditaduras, em

especial as latino-americanas, às paisagens político-sociais de Nero e Calígula

voltadas para o “Pão e circo”, que se referiam ao meio empregado por elas para

acalmar e alinhar as multidões em torno de seus objetivos de permanência no poder

(LOPES, 2001).

Na perspectiva de Freire (1993), humanizar esta sociedade pode ser

considerado subversão, daí a necessidade de seu constante controle. Controle feito

muitas vezes pelos meios de comunicação dirigidos pela classe dominante. Os

mesmos meios de comunicação que deveriam ser os principais responsáveis pela

propagação de cultura de qualidade ao alcance de todos.

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Referenciando Lopes (2001), se no passado eram os ecos das mensagens

religiosas que disciplinavam e ajustavam as iniciativas humanas na direção da

concórdia e do respeito ao Transcendental, já agora são as emanações radiofônicas

ou televisivas que dirigem tudo nos altiplanos e nas planícies do planeta. Mesmo

quando se está em repouso no lar, com todos os aparelhos eletrônicos desligados, o

homem moderno continua pressionado por aquelas emanações. Sua capacidade de

reflexão tem-se reduzido espantosamente.

No entanto faz-se primordial também observar que a televisão é acusada de

ser a causa da não leitura, mas não é ela, em si, que leva as pessoas a lerem cada

vez menos, e sim o contexto sociocultural em que tanto ela quanto os demais meios

de comunicação estão inseridos.

Segundo Oliveira (1995), a verdade é que o sistema escolar repousa sobre a

ilusão de que a maior parte do que se aprende é resultado do ensino. Contudo, a

maioria das pessoas adquire uma grande parte de seus conhecimentos fora da

escola.

Vale salientar que a cultura não se reduz apenas em entretenimento

(PROENÇA, 2004). Ela pode ser também uma possibilidade de transformação de

um grupo social se for encarada como educação por meio das artes e da

informação. Cultura é educar o povo. É oportunizar o debate e a conscientização,

ensinando assim o cidadão a se expressar com clareza para melhor ser ouvido.

Cultura é reciprocidade de interesses e de ideais. É a luz que ilumina o caminho e abre as portas da compreensão mútua e da percepção. Cultura é tudo. Representa um todo integrado, em que cada pessoa se articula com as demais. É exclusividade do ser humano, porque ele é quem faz cultura para legar às gerações futuras. É memória. É história. É filosofia. É arma contra a violência, contra as drogas e contra a criminalidade (PROENÇA, 2004, p. 01).

Diante desta afirmação, entendemos que o processo de desenvolvimento de

um grupo social em busca da dignidade pode ter na cultura e na informação

importantes aliados. Para que a cidadania seja alcançada é necessário que seja

conhecido por cada indivíduo o seu verdadeiro papel na comunidade, com ampla

consciência dos seus direitos e deveres.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Um bom estudo é aquele que abre portas para novos estudos, para

questionamentos que possam contribuir para o desenvolvimento do tema abordado.

Através do estudo desenvolvido em contato direto com o público alvo,

atuamos efetivamente em benefício do mesmo, promovendo ações em busca do

exercício pleno da cidadania até mesmo por ser um direito constitucional.

Consideramos que a construção desta sociedade envolve a contribuição de

uma educação que motive o desenvolvimento político e participativo dos cidadãos,

promovendo assim mudanças que influenciem a prática social.

O Programa Incluir, nos faz refletir a acessibilidade aos diversos níveis de

estudo em nossa região. Constatamos que o modelo de aprendizagem que

buscamos, todavia, requer uma mudança de paradigma para os profissionais da

área da educação – gestores, educadores e professores, integrados em ações

transdisciplinares.

Através do estudo, possibilitamos a integração de universitários com a

comunidade, enquanto tutores. Possibilitou-se uma maior relevância à sua formação

acadêmica, perspectivando uma aprendizagem mais ampla pelos conhecimentos,

significações e vivências concentradas em valores e atitudes referentes ao seu

papel social enquanto futuro profissional.

O Programa gerou a criação de um Blog:

www.cidadaniaeinclusao.blogspot.com, postando artigos cujos temas abordam

análises relacionadas à inclusão, educação, ensino, cidadania, acessibilidade e

outros temas emergentes.

Será realizada a 1ª Oficina de Xadrez para crianças sendo previsto o seu

início para outubro de 2010, conduzida por alguns integrantes do Programa e

desenvolvida no CRAS do bairro Vila Brasília com material conseguido a partir do

entendimento com as Secretarias Municipais de Ação Comunitária e Esporte e

Lazer.

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Encontra-se em funcionamento na Biblioteca do bairro Vila Brasília, o

empréstimo de jogos de xadrez aos participantes do Programa e demais

interessados, nos mesmos moldes do sistema de empréstimo de livros, desde que

devidamente cadastrados.

Dessa forma, o Programa pretende tornar-se um instrumento de apoio à

formação dos jovens na medida em que os demais atores do espaço escolar

interajam com a metodologia proposta, sendo perfeitamente aplicável em diversas

comunidades.

Esperamos assim que essa pesquisa possa contribuir para ampliar as

possibilidades de inclusão, em especial para pessoas que vivem em situação de

risco social.

7. BIBLIOGRAFIA ALERJ. Plano estadual de educação do Rio de Janeiro. Comissão de Educação da Alerj. Rio de Janeiro, 2010. BARBOSA, G. O.; BORGES NETO, H. Raciocínio lógico e formal e aprendizagem em cálculo diferencial e integral: o caso da Universidade Federal do Paraná. Disponível em: <http://www.multimeios.ufc.br/arquivos/pc/artigos/artigo-raciocinio-logico-formal-e-aprendizagem-em-calculo.pdf>. Acesso em: 11 Mai. 09. BEDÊ, W. A municipalização do ensino básico. In Estudos e debates: a constituição e o plano nacional de educação. Brasília – DF: Conselho de reitores das universidades brasileiras, 1988. __________. Volta Redonda na era Vargas (1941-1964). 2. ed. Volta Redonda – RJ: SMC/PMVR, 2004. BENTO, J. O. Desporto: discurso e substância. Porto – PT: Campos das Letras – Editores, 2004.

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8. ANEXOS

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TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE) Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos – CoEPS/UniFOA

(Observação: O TCLE deve ser impresso em duas cópias, ficando uma delas sob

responsabilidade do Pesquisador Coordenador e a outra sob a guarda do participante) 1- Identificação do responsável pela execução da pesquisa:

Título do Projeto: A Prática Pedagógica e o Programa Incluir: a intervenção a partir da pesquisa-

ação.

Coordenador do Projeto: Paulo Celso Magalhães

Telefones de contato do Coordenador do Projeto: 24.3347.3611 ou 3340.8400 Ramal 8517

Endereço do Comitê de Ética em Pesquisa: Av. Paulo Erlei Alves Abrantes , 1325, Três Poços, V.Redonda, RJ

CEP 27240560

2- Informações ao participante ou responsável:

(a) Você está sendo convidado a participar de uma pesquisa que tem como objetivo contribuir para uma melhor qualificação na formação do aluno de escolas públicas.

(b) Antes de aceitar participar da pesquisa, leia atentamente as explicações

abaixo que informam sobre o procedimento. Os alunos devem responder um questionário diagnóstico no início do programa, durante e 45 dias após a implantação do Programa.

(c) Você poderá recusar a participar da pesquisa e poderá abandonar o

procedimento em qualquer momento, sem nenhuma penalização ou prejuízo. Durante o procedimento de aplicação do questionário, você poderá recusar a responder qualquer pergunta que por ventura lhe causar algum constrangimento.

(d) A sua participação como voluntário, ou a do menor pelo qual você é

responsável, não auferirá nenhum privilégio, seja ele de caráter financeiro ou de qualquer natureza, podendo se retirar do projeto em qualquer momento sem prejuízo a V.Sa. ou menor.

(e) Serão garantidos o sigilo e privacidade, sendo reservado ao participante

ou seu responsável o direito de omissão de sua identificação ou de dados que possam comprometê-lo.

(f) Você ou o menor por quem está se responsabilizando, responderá

perguntas de conhecimentos básicos em matemática, atualidades e do jogo de xadrez. As mesmas perguntas serão feitas no início, durante e no final do desenvolvimento do programa, para verificação de aproveitamento. Na apresentação dos resultados, não serão citados os nomes dos participantes.

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(g) Confirmo ter conhecimento do conteúdo deste termo. A minha assinatura abaixo indica que concordo em participar desta pesquisa e por isso dou meu consentimento. Volta Redonda, _____de ___________________ de 20_____. Participante:____________________________________________________________

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PROGRAMA INCLUIR

Prezado (a) aluno (a), Os resultados obtidos neste instrumento de avaliação são necessários para o

desenvolvimento pleno do Programa Incluir. A sua contribuição para este processo é muito importante.

A partir dos seus conhecimentos relacionados aos temas propostos, responda as questões abaixo.

NOME: ___________________________________________________________ DATA DE NASC: _________________ ESCOLARIDADE: ___________________ ESCOLA DE ORIGEM: ______________________________________________ XADREZ 1) Você conhece alguém da sua relação que jogue xadrez? ( ) Sim ( ) Não 2) Em relação ao jogo de xadrez, em qual nível você se enquadra? ( ) Não sabe jogar ( ) Sabe jogar ( ) Sabe jogar e joga frequentemente ( ) Sabe jogar, mas não joga com frequência 3) Qual a sua expectativa em relação ao jogo e o que você acha que o desenvolvimento do jogo pode vir a contribuir na sua vida como estudante? __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________________

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MATEMÁTICA 1 – Você considera que participar do “Programa Incluir” poderá influenciar no seu raciocínio matemático? Em caso afirmativo, cite três exemplos. ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2 – Sabe-se que um número multiplicado por 7 mais 2 é igual a 51. Qual é esse número? ( ) 47 ( ) 49 ( ) 8 ( ) 7 ( ) 5 3 - Cinco peças de roupas custam 20 reais, quanto custará 15 peças de roupas? ( ) 40 ( ) 65 ( ) 25 ( ) 50 ( ) 60 4 – A diferença entre um número e sua quinta parte é igual a 36. Qual é esse número? ( ) 43 ( ) 39 ( ) 45 ( ) 44 ( ) 56 5 – Defina a importância do aprendizado de matemática para o seu dia-a-dia. _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 6 – Se 8 m de tecido custam 156 reais, qual o preço de 12 m do mesmo tecido? ( ) 205 ( ) 196 ( ) 234 ( ) 108 ( ) 122 ATUALIDADES 1 – O século XXI se inicia tendo no terrorismo um fenômeno global. Simbolicamente, seu início ocorreu em 11 de setembro de 2001, ao atingir os Estados Unidos da América (EUA). Desde então, os atos terroristas espalharam dor, morte e pânico em várias partes do mundo. A rigor, vive-se uma situação em que nenhuma região do planeta pode se considerar imune à ação terrorista. Reações como as conduzidas pelos EUA, fortemente marcadas pelo militarismo, até agora não foram capazes de interromper a marcha do terror. A partir das informações do texto acima e considerando o cenário mundial dos dias de hoje, assinale a opção correta.

( ) O texto informa que a atual onda de terror tem origem nos fundamentalismos religiosos.

( ) De acordo com o texto, ao escolherem seus alvos, os terroristas normalmente optam por áreas econômica e militarmente mais frágeis.

( ) Com a morte de Yasser Arafat e a implantação do Estado da Palestina, o Oriente Médio deixou de ser palco para atos terroristas.

( ) O texto reconhece o êxito da política anti-terror conduzida pelo governo de George W. Bush.

( ) O texto destaca os ataques ao World Trade Center e ao Pentágono como símbolos do início do terrorismo global contemporâneo.

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2 - Em dezembro de 2005, foi eleito o primeiro presidente indígena da América do Sul. De origem aimara, Evo Morales traz esperança para a maioria pobre, mas assusta as elites, os investidores estrangeiros e os Estados Unidos. Trata-se de um político: ( ) peruano ( ) chileno ( ) equatoriano ( ) boliviano ( ) argentino 3 - Várias publicações e uma mini-série apresentada por uma rede de TV têm mostrado nos últimos tempos a vida política de Juscelino Kubitschek de Oliveira, como Presidente da República. O slogan de sua campanha, que marcou seu governo, foi: ( ) “A Amazônia é nossa”. ( ) “Governar é abrir estrelas”. ( ) “Este é um país que vai pra frente”. ( ) “Cinquenta anos em cinco”. ( ) “Vamos repartir o bolo”.

4 – Você considera que estar atento às atualidades de maneira geral poderá influenciar o seu dia-a-dia? Em caso afirmativo, cite três exemplos. ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

5 - A “Declaração Universal dos Direitos Humanos” completou 60 anos em dezembro de 2008 e representou um avanço no que tange aos direitos humanos, valores éticos e morais. Com base neste relato:

- Comente a Declaração Universal dos Direitos Humanos;

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- Defina o que é Ética, Justiça.

15 - O que você entende sobre a atual Crise Econômica? Esta crise atinge o Brasil?

Obrigado pela participação!