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1 A PRODUÇÃO DE BIODIESEL EM NOVA PORTEIRINHA-MG Silviane Gasparino Costa Universidade Estadual de Montes Claros-UNIMONTES [email protected] Ana Ivânia Alves Fonseca Universidade Estadual de Montes Claros-UNIMONTES [email protected] Vivian Mendes Hermano Universidade Estadual de Montes Claros-UNIMONTES [email protected] Resumo A produção de energia é um tema polêmico e atualmente passa por um intenso processo de transformação, com uma tendência pela busca de fontes menos degradantes. Nesse sentido o Brasil, que possui uma matriz diversificada, vem implementando uma série de investimentos que tem como foco a ampliação da capacidade energética por meio de alternativas sustentáveis, nesse contexto surgiu o programa Biodiesel. Esse trabalho tem como objetivo principal analisar a produção de agro diesel no Município de Nova Porteirinha pela agricultora familiar, município que está situado na meso região do Norte de Minas Gerais. As metodologias utilizadas foram a pesquisa bibliográfica sobre o tema, realização de trabalho de campo e análise de dados primários e secundários. Palavras-Chave: Biodiesel. Agricultura Familiar. Nova Porteirinha-MG. Introdução A produção da agroenergia se insere em uma escala global, condicionada pela economia internacional, é uma das tendências mais atuais nessa modalidade produtiva. A nova condição cria um movimento dialético entre o local e o global, já que cada região possui condições naturais e sociais distintas. Este texto propõe uma análise das condições desse tipo de produção pela agricultura familiar na região de Nova Porteirinha, município inserido na região do Norte de Minas Gerias. Esta pesquisa é fruto de um projeto realizado pelo laboratório NEPGER (Núcleo de estudos em Geografia Rural) da UNIMONTES (Universidade Estadual de Montes Claros). Seu principal objetivo é estabelecer uma análise da produção da bioenergia, pelo cultivo de mamona (Ricinus communis), e a dinâmica da produção local regional, verificando como essa modalidade se interage com a agricultura familiar do Norte de minas.

A PRODUÇÃO DE BIODIESEL EM NOVA PORTEIRINHA-MG · de 1.190 para 2.345 tep/103 hab. entre 2005 e 2030. (TOLMASQUIM, 2007, p. 40). ... imensa extensão territorial, associada às

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A PRODUÇÃO DE BIODIESEL EM NOVA PORTEIRINHA-MG

Silviane Gasparino Costa Universidade Estadual de Montes Claros-UNIMONTES

[email protected]

Ana Ivânia Alves Fonseca Universidade Estadual de Montes Claros-UNIMONTES

[email protected]

Vivian Mendes Hermano Universidade Estadual de Montes Claros-UNIMONTES

[email protected]

Resumo

A produção de energia é um tema polêmico e atualmente passa por um intenso processo de transformação, com uma tendência pela busca de fontes menos degradantes. Nesse sentido o Brasil, que possui uma matriz diversificada, vem implementando uma série de investimentos que tem como foco a ampliação da capacidade energética por meio de alternativas sustentáveis, nesse contexto surgiu o programa Biodiesel. Esse trabalho tem como objetivo principal analisar a produção de agro diesel no Município de Nova Porteirinha pela agricultora familiar, município que está situado na meso região do Norte de Minas Gerais. As metodologias utilizadas foram a pesquisa bibliográfica sobre o tema, realização de trabalho de campo e análise de dados primários e secundários. Palavras-Chave: Biodiesel. Agricultura Familiar. Nova Porteirinha-MG.

Introdução

A produção da agroenergia se insere em uma escala global, condicionada pela economia

internacional, é uma das tendências mais atuais nessa modalidade produtiva. A nova

condição cria um movimento dialético entre o local e o global, já que cada região possui

condições naturais e sociais distintas. Este texto propõe uma análise das condições desse

tipo de produção pela agricultura familiar na região de Nova Porteirinha, município

inserido na região do Norte de Minas Gerias.

Esta pesquisa é fruto de um projeto realizado pelo laboratório NEPGER (Núcleo de

estudos em Geografia Rural) da UNIMONTES (Universidade Estadual de Montes

Claros). Seu principal objetivo é estabelecer uma análise da produção da bioenergia,

pelo cultivo de mamona (Ricinus communis), e a dinâmica da produção local regional,

verificando como essa modalidade se interage com a agricultura familiar do Norte de

minas.

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O trabalho está dividido em três partes, na primeira procurou-se caracterizar a produção

de energia no Brasil, país que possui qualidades que o diferenciam e o torna estratégico

para a produção de energia; na segunda analisa-se a situação do Norte de Minas e, na

terceira parte há um esboço e análise da região de Nova Porteirinha, município que

apresentou dinamicidade até certo ponto, para a produção de mamona pelo agricultor

familiar, visando, sobretudo, abastecer a indústria de produção de biodiesel regional.

Contextualização da produção de energia no Brasil

O Brasil é considerando país estratégico, tanto em nível de consumo, quanto de

produção de energia. Seguindo a tendência internacional dos Estados-nações em

processo de desenvolvimento, nosso país seguramente possui um cenário desafiador

para os próximos anos. Produzir de forma suficiente para garantir as atividades

industriais, o consumo urbano, o agronegócio em uma perspectiva de mudança e

diversificação das fontes de energia.

O uso de energia no Brasil começou a apresentar incrementos elevados a partir do

término da II Guerra Mundial, impulsionado pelo expressivo crescimento demográfico,

por uma urbanização acelerada, pelo processo de industrialização e pela construção de

uma infraestrutura de transporte rodoviário de característica energo-intensiva. Por outro

lado, em função das condições socioeconômicas desse período o consumo per capita de

energia sempre foi muito baixo. O crescimento da renda nacional e sua redistribuição

fez com que esse consumo aumentasse o cenário traçado para 2030 estimando um

consumo de energia primária de cerca de 560 milhões de tep. para uma população de

mais de 238 milhões de habitantes. Nessas condições, a demanda per capita aumentaria

de 1.190 para 2.345 tep/103 hab. entre 2005 e 2030. (TOLMASQUIM, 2007, p. 40).

A afirmação destaca a necessidade eminente que o país possui para produzir energia, e

em função de suas características naturais aliadas a uma política pioneira de

investimento em fontes alternativas, busca sua diversificação da matriz energética. A

imensa extensão territorial, associada às excelentes condições edafo-climáticas, é

considerado excelente para a exploração da biomassa para energia. Ou seja, o Brasil,

além de ser um grande produtor de energia, devido sua condições naturais e

tecnológicas, busca diversificar sua matriz investindo em programas alternativos.

Atualmente, a energia verde ou agro energia é celebrada como solução para o futuro do

nosso planeta. De fato, o aquecimento global e o dramático aumento de CO2 na

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atmosfera criaram a conscientização de que precisávamos repensar a utilização da

energia fóssil, questionada tanto por não ser renovável quanto por poluir. A busca por

alternativas está aberta, mas ela está longe de ser inocente. Na verdade, numerosos

interesses se misturam ao desejo de produzir um modelo chamado “durável”, que não

comprometa o futuro das novas gerações. O interesse pela agroenergia se inscreve no interior de um longo processo de exploração da natureza, pois a produção de energia é uma necessidade humana histórica. E possui externalidades: fatores que não entram no cálculo econômico, como a montante, custos ecológicos e sociais da produção e do transporte e, a jusante, a distribuição desigual do produto. (HOULAR, 2010 p.16).

A energia está na raiz do modelo de desenvolvimento capitalista, as formas existentes

de produção de energia se acusam contrárias tanto ao modelo econômico quanto à

sociedade, assim urge buscar novas fontes. Essa demanda reforça o desenvolvimento da

agro energia como substituta das energias fósseis.

O Brasil na qualidade de “paraíso” agrícola da biomassa, foi um dos pioneiros na

produção da agro energia. Implementou o Programa Nacional do Álcool - PNA para

abastecer com o etanol, de forma extensiva, veículos movidos à gasolina. A motivação

original do direcionamento do álcool para fins carburantes no Brasil foi a crise no

mercado internacional do açúcar, que coincidentemente aconteceu quando o cenário era

da escassez de petróleo, e já se sabia, de experiências antigas da qualidade do etanol

como combustíveis de motores de ignição. Seguia a tendência pela busca das fontes

consideradas sustentáveis.

Masieiro e Lopes (2008 p.60) afirmam que esse programa “consistia em desenvolver o

uso do etanol ou do etil álcool, como combustível”. Podia ser utilizado para substituir o

methyl tert-butyl ether (MTBE) da gasolina ou utilizado na forma pura como

combustível de veículos automotores. Segundo os autores, de 1975 a 2000, foram

produzidos aproximadamente 5,6 milhões de automóveis com motores a álcool. Além

dos automóveis a álcool em menos de um quarto de século o governo aprovou a mistura

de etanol na gasolina de 1,1% a 25% em cada litro de combustível. No entanto, o

Proálcool não foi a única tentativa brasileira de desenvolver combustíveis renováveis,

em 1975 o governo criou, mas não implementou o Pro óleo – Plano de Produção de

Óleos Vegetais para fins energéticos, transformando-o em programa em 1983, quando

dá início ao Programa Nacional de Óleos Vegetais para Produção de Energia, também

chamado de pro óleo.

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O foco deste programa foi o desenvolvimento e a produção de biodiesel a partir de

algodão, babaçu, resíduos, palma, canola, girassol, nabo forrageiro, mamona, soja e

gordura animal para misturá-lo ao diesel (MASIERO e LOPES, 2008). Os esforços

foram descontinuados em 1985 devido à redução dos preços do petróleo e retomados

em 2003, com o Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB).

De acordo com a publicação do Ministério de Minas e Energia pelo site

http://www.mme.gov.br/programas/biodiesel/menu/programa/objetivos_diretrizes.html

este programa tem como principais diretrizes: a garantia de preços competitivos,

qualidade e suprimento; e a produção do biodiesel a partir de diferentes fontes de

oleaginosas em regiões diversas. O principal marco regulatório foi o estabelecimento

da obrigatoriedade da adição de um percentual mínimo de biodiesel ao óleo diesel

comercializado ao consumidor em qualquer parte do território nacional. Esse percentual

obrigatório será de 5% oito anos após a publicação da referida lei, havendo um

percentual obrigatório intermediário de 2% três anos após a publicação da mesma.

Assim, o biodiesel inseriu-se na matriz energética brasileira a partir da criação de seu

marco regulatório via lei 11.097/2005, publicada no Diário Oficial da União em

13/01/2005. Desde então, possui uma das matrizes energéticas mais diversificadas do

mundo, com grande potencial para expansão das diversas modalidades (petrolífera -

hidroelétrica - produção de etanol e mais recentemente a nuclear). Nesse contexto

desenvolveu-se o Programa Nacional de produção de Agro combustível em diversas

regiões do Centro-Oeste, Nordeste e em áreas como o Norte de Minas.

Segundo o Ministério das Minas e Energia a produção de biodiesel no Brasil receberá

incentivos através do programa PROBIODIESEL (Programa Nacional de produção do

biodiesel), lançado em outubro de 2002, com o objetivo de viabilizar a produção de

misturas de 5% de éster (B5) até 2005, passando para 10% de éster (B10), até 2010 e

com 20% de éster (B20) até 2020. Esse programa está em fase avançada no território

nacional e passou também a influenciar a dinâmica sócio espacial da região do Norte de

Minas.

No Brasil, o biodiesel é extraído do pinhão-manso, mamona, girassol, soja e muitos

tipos de grãos, e também de óleo de cozinha usado. Basicamente, é um composto de

carbono neutro, que leva cerca de 80% a 90% de óleo vegetal, 10% a 20% de álcool e

0,35% a 1,50% de catalisador, é biodegradável, sua produção é estimulada a partir de

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condições individuais de cada região. A seguir discute-se a produção de mamona (Rino

cultura), pela agricultura familiar no Norte de Minas.

A Rinocultura no Norte de Minas e a agricultura familiar

No Norte de Minas, mais recentemente, após a intensa implantação das florestas

homogêneas de eucalipto, insere-se no processo de produção global de energia de dois

modos, fundamentalmente: através da hidroeletricidade, com a implantação da usina

hidrelétrica de Irapé, em agosto de 2006, que resulta em impactos agudos, porém

localizados e a produção de agro energia, por meio da produção de etanol e biodiesel,

pela usina Sada Bioenergia, com operação iniciada para a produção de etanol, em

2001no município de Jaíba, e, finalmente, a produção de biodiesel, exclusivamente, pela

usina Darcy Ribeiro em Montes Claros, da Petrobras Biocombustível (MARTINS et. al.

, 2008).

A produção do agrodiesel segue uma tendência específica para o Norte de Minas, em

função de suas características sócio ambientais, estando orientada sob os parâmetros

definidos para o Nordeste. De acordo com Parente (2003, p. 44) tendo como objetivo a

produção de óleo, “a Rino cultura (produção de mamona) parece constituir o verdadeiro

caminho e vocação para o semiárido”, pelas razões que se seguem:

a) a mamoneira se adapta muito bem com o clima e as condições de solos do semiárido;

b) estudos realizados pelo CNPA – Centro Nacional de Pesquisa do Algodão, da

EMBRAPA (Empresa brasileira de pesquisa agropecuária), em Campina Grande, está

disponibilizando cultivares de alta produtividade (até 2.500kg de semente por hectare);

c) a lavoura da mamona se presta para a agricultura familiar, podendo apresentar

economicidade elevada;

d) a torta resultante da extração do óleo de mamona se apresenta como adubo de

excelência, encontrando aplicações ideais na fruticultura, horticultura e floricultura,

atividades importantes e crescentes nos perímetros irrigados nordestinos;

e) a lavoura de um hectare de mamona, pode absorver até 8 toneladas de gás carbono da

atmosfera, contribuindo de forma relevante para o combate do efeito estufa.

Os fatores indicam diversos pontos favoráveis na produção de mamona em clima

semiárido, uma argumentação muito presente nos estudos agronômicos do tema. A

pesquisa revelou que o histórico de cultivo de oleaginosas no semiárido não é recente.

Queiros (2009) ressalta que a grande importância da cultura da mamona na economia do

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Nordeste brasileiro, está em sua capacidade de gerar renda para os agricultores

familiares dessa extensa área. Mesmo em condições de atraso tecnológico a mamona é

cultivada, constituindo-se em fator de sobrevivência e fixação para a população rural.

Apesar de sua grande adaptabilidade climática, um dos principais problemas dessa

cultura é o baixo preço do produto no mercado (este resultado é esperado em virtude de

que o maior gargalo apresentado na agricultura, em geral, tem sido a questão de

mercado). Como resposta a esse fator de impedimento, o poder público em especial,

propõe a solução industrial como fortalecimento da cadeia de forma a garantir a compra

da produção regional.

Nesse contexto, a usina de biodiesel Darcy Ribeiro, inaugurada pela PETROBRAS

(Petróleo Brasileiro S/A) em Montes Claros - MG, estimada em cerca de R$100

milhões de reais, faz parte do programa de expansão da produção de bioenergia na

região, em especial o cultivo da mamona. Não pode ser considerada pioneira, pois a

produção da mamona já passou por vários ciclos, mas pode ser vista como um símbolo

de renovação. O projeto da PETROBRAS propunha a estruturação de uma cadeia

produtiva regional, por meio de financiamentos aos produtores (em especial o pequeno)

e do processamento, e, portanto, absorção da mercadoria pela usina. Esse processo está

em andamento pelo menos há três anos e apresenta uma configuração de transição.

Referindo-se as novas condições produtivas da Rino cultura no Norte de Minas, toma-se

como base de avaliação que uma cadeia produtiva dessa magnitude deva possuir as

seguintes etapas: produção de mamona no campo, esmagamento da mamona para

transformação em óleo, produção de biodiesel a partir do óleo vegetal e mercado

consumidor. Levando em consideração os fatores regionais analisados, a seguir

apresenta-se um esquema síntese da cadeia produtiva do biodiesel básica e a cadeia na

região do Norte de Minas.

O quadro demonstra que na região do Norte de Minas a cadeia produtiva do biodiesel

está incompleta, em fase de implantação, não existe unidade de esmagamento da

mamona, fato que dificulta a recepção da produção na indústria Darcy Ribeiro em

Montes Claros, promovendo uma descontinuidade da estrutura. A iniciativa mais

difundida, para o estabelecimento dessa cadeia é a ampliação e a consolidação de um

plano de produção de mamona pela agricultura familiar em alguns municípios da região.

Segundo pesquisa de campo, a produção da mamona nunca esteve a cargo da

PETROBRAS diretamente, a principal forma de atuação é por meio de convênios com

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diversas entidades como os sindicatos, as ONGs (Organizações não governamentais), e

pela EMATER (Empresa brasileira de assistência técnica e extensão rural).

Segundo relatório da EMATER 2011 a safra de 2009/2010 entre o cultivo de mamona

com casca e o girassol somaram-se 29.527,27 Kg, atualmente, mais de 80% são

assistidos pela empresa. Em entrevista realizada no dia 23/05/2011 em Montes Claros-

MG, o coordenador de cultura e biodiesel Reinaldo Nunes de Oliveira, ressaltou a

viabilidade do cultivo da mamona para o Norte de Minas. Segundo o técnico, o

programa biodiesel iniciado em 2007/2008 com a mamona e amendoim, na safra de

2008/2009 mamona e girassol, e em 2009/2010 e 2010/2011 apenas mamona. A área

total cultivada está em torno de 28.000 Km², e nos projetos de irrigação a participação é

menor que 30%, pois, essa áreas são destinadas a produção de alimentos e a mamona é

adaptada ao regime de sequeiro. O coordenador da EMATER considera esta atividade

uma ótima opção ao pequeno agricultor, se este trabalhar dentro das normas técnicas de

produção.

Os dados, cedidos pela EMATER 2011, demonstrados no quadro abaixo, indicam que

foram cultivados em 57 municípios, os que mais produziram (total das duas safras)

foram Matias Cardoso, Manga, São Francisco, Janaúba e Mato Verde; os que menos

produziram foram Buritizeiro, Ibiai e Várzea da Palma. A produção de Buritizeiro (o

que menos produziu) representa 0,07 % do município de maior destaque Matias

Cardoso. Há grande irregularidade de produção entre os municípios. PRODUÇÃO/MUNICÍPIO SAFRA 2008/09 E 2009/10 SAFRA 1009/2010 Município de origem Mamona (kg) Mamona(kg) Girassol(kg) Girassol(kg)

1 Matias Cardoso 343.415 710.034 322 0 2 São Francisco 302.639 153190 21.608 4100 3 Jaíba 139.921 126054 8.747 4656 4 Janaúba 120.916 147418 2.369 0 5 Jequitaí 103.095 11280 - 1291 6 Manga 45.188 183983 7.548 0 7 Montalvânia 38.998 111125 - 0 8 Porteirinha 36.774 110028 1.475 0 9 São João da Ponte 33.046 26088 8 0 10 Verdelândia 30.787 17272 1.776 375 11 Coração de Jesus 30.692 53963 - 0 12 Nova Porteirinha 20.531 23514 5.843 0 13 Mato Verde 25.613 128547 759 0 14 Varzelândia 25.485 39593 152 0 15 Chapada Gaúcha 3.916 0 19.829 103450 16 Luislândia 22.503 11603 11 0 17 São João do Pacuí 22.206 0 - 0 18 Pai Pedro 21.828 0 - 0 19 São João das Missões 19.431 65972 502 0

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20 Catuti 18.214 21880 817 4135 21 Ubaí 18.463 50439 - 0 22 Buenópolis 16.316 0 - 0 23 Brasília de Minas 15.873 35269 426 0 24 Icaraí de Minas 15.639 2556 - 0 25 Francisco Dumont 15.169 0 - 0 26 Salinas 14.422 0 722 0 27 Engenheiro Navarro 12.392 0 2.712 0 28 Claro dos Poções 13.919 10085 421 0 29 Januária 11.293 23105 284 0 30 Gameleira - 51103 - 0 31 São João da Lagoa 12.618 8765 - 0 32 Capitão Enéas 9.167 . 2.878 0 34 Lagoa dos Patos 10.799 33064 - 0 35 Ibiaí 10.743 0 - 0 36 Olhos D'agua 9.726 0 825 0 37 Joaquim Felício 9.932 0 - 0 38 Espinosa 907 53433 - 0 39 Lassance 8.299 0 - 0 40 Mirabela 804 0 86 0 41 Serranópolis de Minas 7.714 8856 - 0 42 Várzea da Palma 5.621 4350 - 0 43 Pirapora 5.011 12156 - 0 44 Itacarambí 4.689 11626 - 0 45 Juvenilia - 13124 - 0 46 São João do Paraíso 4.247 9699 - 0 47 Grão Mogol 3.324 5557 783 0 48 Rio Pardo de Minas 3.983 21700 - 0 49 Montes Claros 3.801 10037 - 0 50 Montezuma 3.566 4675 - 0 51 Francisco Sá 2.582 8410 825 0 52 São Romão 3.025 7817 - 0 53 Urucuia 2.995 11596 - 0 54 Pintópolis 2.572 5157 - 0 55 Bocaiúva 1.505 6261 81 0 56 Ibiracatu 77 9061 - 0 57 Buritizeiro 124 491 - 0 Sudeste Minas 1008200

TOTAL / GRÃO 1.666.515 2359936 81.809 1126207 PRODUÇÃO TOTAL ATÉ 30/09

MAMONA 2439715 GIRASSOL 1126207

TOTAL / GRÃO 3565922 RECURSOS GERADOS 2496145,4

Quadro - Dados da produção de mamona e girassol no Norte de Minas, segundo dados fornecidos pela EMATER, 2011. Organização: HERMANO, 2012. A produção total foi estimada em 2439715 (Kg) distribuídos de forma extremamente

irregular, principalmente, quando se observa o dinamismo da produção de uma safra

2008/2009 para outra 2009/2010 em torno de 21% dos municípios não participaram da

segunda safra e apenas duas cidades (Juvelina e Gameleira), foram incluídas apenas na

segunda safra. Por outro lado, entre os municípios que mais produziram, ocorreu uma

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expansão da safra de até mais de 100% como no caso de Matias Cardoso. O girassol, na

segunda safra praticamente deixou de ser cultivado, porém, a cidade de Chapada

Gaúcha apresentou crescimento marcante de uma safra para outra, indicando

provavelmente uma tendência produtiva.

Em especifico, a produção do município de Nova Porteirinha em relação a mamona,

apresentou crescimento de safra em torno de 11,5% no período analisado; já a produção

de girassol, assim como em outras cidades registrou o cultivo apenas no primeiro ano do

projeto. A seção que segue busca analisar de forma detalhada os impactos desse

programa na localidade em análise.

O biodiesel em Nova Porteirinha-MG

O recente município de Nova Porteirinha é fruto da dinamização do projeto de irrigação

do Gorutuba, viabilizado pela construção da barragem Bico da Pedra em 1979. Faz

parte da microrregião de Janaúba e da mesorregião do norte de Minas, ocupando uma

área de 122,71 Km2, à margem direita do rio, apresentando certo dinamismo nas três

últimas décadas. A seguir um mapa com sua localização.

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Mapa: Localização de Nova Porteirinha - MG

Organização: COSTA, 2012. A cidade se localiza na meso região do Norte de Minas, e na micro região de Janaúba,

ganhou destaque pelo seu rápido processo de crescimento e estruturação. Esse

desenvolvimento levou o distrito de São José, pertencente à cidade de Porteirinha, à

emancipação política em 1995, batizado de Nova Porteirinha, com o intuito de

administrar essas novas áreas irrigáveis que foram disponibilizadas pelo governo. Esse

interesse político foi fortalecido pelo fato de que essas áreas passaram a produzir em

grande escala, dinamizando a economia local (HERMANO, 2006).

Segundo esta autora, a transformação no sistema produtivo que passou a ser mais

dinâmico e polarizado, levou a uma modificação estrutural urbana. Esse fato ocorre

devido ao loteamento das áreas do projeto, que teve como objetivo operacionalizar as

atividades comerciais e promover a reestruturação latifundiária do local. Na tabela

abaixo podemos observar tal fato:

Tabela 1: Composição da população do município de Nova Porteirinha 1991-2001 ANO POP. RURAL POP. URBANA POP. TOTAL 1991* 3.087 3.027 6.114 1996 3.506 3.277 6.783 2000 3.204 4.174 7.378 2001 --- --- 7.588 2010 7.398 4.069 3.329 Fontes: Dados do IBGE. *Os dados deste ano são referentes ao distrito de Nova Porteirinha.

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A tabela demonstra que o local não passa por uma explosão demográfica, com taxa

média baixa de crescimento de 2,21%, bem abaixo da sua área conurbada. Outro fato

marcante é que, apesar da população urbana ser um pouco maior que a rural, esta última

praticamente se manteve estável, fato que o diferencia da tendência nacional à inversão

populacional. Em Nova Porteirinha, cerca de 40% da população é rural, sem levar em

consideração o fato de que, em 6 das 11 colonizações, as pessoas que desenvolvem

atividades no campo declararem residência na cidade.

Isso significa que, a maior parte da população está direta ou indiretamente envolvida

com as atividades do campo, ratificando sua estruturação socioeconômica com caráter

agrário, fato que pode ser demonstrado na tabela do PIB municipal.

Tabela 2: Produto interno bruto dividido por setor de Nova Porteirinha SETOR PARTICIPAÇÃO (MIL REAIS) AGROPECUÁRIA 29.903 SERVIÇOS 29.432 INDÚSTRIA 4.092 IMPOSTOS 1.436 TOTAL 64.863

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, 2010. Organização: Costa, 2012.

Os dados indicam que na cidade analisada, temos a preponderância das atividades do

setor primário, ratificadas pelas atividades do projeto. Essa situação é distinta da região

norte mineira, que tem suas atividades voltadas, principalmente, para o setor secundário,

43,5% e terciário, 44,4%, traço tipicamente mineiro, de acordo com estudos de COSTA

(2006), sendo a agricultura irrigada sua atividade principal. É importante ressaltar que o

setor de serviços, apesar de ser expressivo, está totalmente voltado para a produção

rural.

Com predominância das atividades rurais em especial a fruticultura irrigada nessa

localidade, também foi implementado o projeto biodiesel, porém, nas áreas de sequeiro.

Este local apesar de abrigar extensas área com infraestrutura irrigacional, ainda estão

presentes aqueles produtores que cultivam no sequeiro.

De acordo com técnico da EMATER Alex Sandro Franco de Almeida, entrevistado no

dia 28/02/2012, em relação ao histórico do cultivo dessa cultura na região, tem-se a

seguinte contextualização:

“Bem antigamente, aqui é tradição do pessoal usar, que antes eles contam para mim

que a época de plantio da mamona era época de muita alegria para as crianças,

porque eles tinham dinheiro para comprar: sapato, roupinha, então assim, o pessoal

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pegava a mamona aí a mamona caia, os meninos saiam catando no chão, ia lá no

boteco e tinha o dono do armazém que trocava a mamona a troco de alimentos, e aí

comprava também, então, naquela época as crianças tinham dinheiro para comprar

bala, comprar isso, comprar roupinha, então nisso tudo bem, então, aqui tem histórico

na região. Depois passou, aí veio a época dum, dum empresário, esqueci o nome dele,

um deputado lá de Montes Claros, que montou uma indústria de comprar mamona, e

ele comprou muito na região só que ele comprou, do mesmo jeito não pagou, outras

vezes ele ficou de pegar e não pegou e o pessoal ficou com os armazéns cheios de

mamona, então assim passou este tempo, aí quando nós voltamos em 2008 para falar

de mamona, as vezes a prefeitura nem nos recebia. Não, se você quiser falar de outra

coisa a gente fala, se for para falar de mamona cê pode voltar! Então nós tivemos uma

resistência enorme em voltar a trabalhar com este produto porque teve esse histórico

negativo”

Segundo o relato acima, a mamona já foi cultivada na região em outros momentos,

fazendo parte inclusive, da tradição do cultivo em área de restrição hídrica, todavia, em

função das outras iniciativas (pública ou privada) o pequeno produtor apresentou

resistência ao programa atual, já que as experiências anteriores foram negativas.

Destaca-se que apesar da má expectativa, muitos produtores decidiram cultivar

novamente. A seguir apresentam-se os resultados da pesquisa de campo com quatro

produtores de sequeiro de Nova Porteirinha – MG, de um universo total de doze áreas

de cultivo de mamona. Destaca-se que se buscou distribuir as amostras de forma

homogenia no espaço representado pelo grupo que participa do programa.

Tabela 3 – Dados da pesquisa colhidos junto aos produtores em Nova Porteirinha – MG, referentes ao cultivo da mamona

Produtor Rural A B C D

Área Cultivada 1/2 hectare 1 hectare 1 hectare 1,5 hectares

Rentabilidade

(kg)

R$1.200,00 R$700,00 R$300,00 R$600,00

Pontos Positivos Não utiliza

veneno

Fácil cultivo Resistente Resistente

Pontos Negativos Falta de

continuidade

Semente não

disponível

Preço

mínimo

Falta de

assistência Organização: COSTA, 2012.

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Os dados coletados apresentam certa divergência. O produtor A que cultivou meio

hectare, obteve um rendimento declarado de 1.200 reais, o produtor D que cultivou um

hectare e meio teve rendimento de 600 reais, nota-se também essa diferente proporção

(área/rentabilidade) nos produtores B e C. Podem-se inferir algumas causas hipotéticas

dessa situação; em primeiro lugar a recorrente tradição de certos produtores em diminuir

a renda obtida com a atividade rural, e em segundo, pelo fato de ser um programa

público, que envolve uma série de procedimentos burocráticos para o acesso aos

pagamentos, assim, os produtores podem ser prejudicados por algum procedimento

falho ou inadequado.

Como ponto positivo o quesito mais citado foi o fato do manejo dessa cultura ser

resistente e de fácil trato culturais, uma situação estratégica considerando a situação de

restrição hídrica a que os produtores de sequeiro do semiárido estão submetidos. Os

pontos negativos se referem especificamente as características do programa, como

fornecimento de semente, preço e assistência. Analisados em conjuntos (pontos

positivos e negativos) indicam uma boa aceitação pela cultura e certa restrição à forma

de condução do programa biodiesel na área de estudo.

Considerações finais

A nova realidade gerou consequências na divisão social e territorial do trabalho no

campo, significando novas possibilidades de incorporação da pequena produção

agrícola, de revitalização de espaços, especialmente em áreas de cerrado e caatinga,

implicando a criação de infraestruturas e de novas possibilidades produtivas. O cultivo

da mamona historicamente presente na cultura agrária do semiárido passa por um

processo de revitalização, porém, com uma estrutura totalmente diferenciada dos

períodos anteriores. Assim, na região de Nova Porteirinha, os resultados indicam que a

área cultivada aumentou e que se levarmos em consideração a tipologia dos tratos

culturais e rentabilidade adquirida, a mamona, de forma subsidiada, é uma excelente

alternativa produtiva para agricultura familiar, principalmente, se levado em

consideração às diversas dificuldades que esse setor vem sofrendo em outros tipos de

cultivo. Notou-se também, que a condução do programa biodiesel pode ser

aperfeiçoada, a fim de atender as reais necessidades da agricultura familiar de sequeiro.

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Referências

COSTA, Carlos Aníbal Nogueira. Reorganização da infraestrutura: o caso de Minas Gerais. In: Perspectivas da reorganização brasileira. Relatório IPEA/BNDS. 1998, p 8-43. Disponível em: <www.ipea.org.br>. Acesso em: 04 jan. 2006. TOLMASQUIM, Mauricio T., GUERREIRO, Amílcar; GORINI, Ricardo. Matriz energética brasileira: uma prospectiva. Revista novos estudos n° 79. Novembro, 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/nec/n79/03.pdf>. Acesso em: 15 mar. 2010. HOULART, François. A agroenergia: solução para o clima ou saída para o capital. Petrópolis: Vozes, 2010, 324p. MASIERO, Gilmar; LOPES, Heloisa. Etanol e biodiesel como recursos energéticos alternativos: perspectivas da América Latina e da Ásia. Revista. Brasileira de Política Internacional. n° 51 (2) p, 60-79. 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbpi/v51n2/v51n2a05.pdf >. Acesso em: 28 abr. 2011. MINISTÉRIO DAS MINAS E ENERGIA. Biodiesel: programa nacional de produção e uso de biodiesel. Disponível em: <http://www.mme.gov.br/programas/biodiesel/menu/programa/objetivos_diretrizes.html>. Acesso em: 02 mai. 2011. MARTINS, Herbert Toledo; MOURA, Josiane Maria; PINTO, Vero Franklin Sardinha. Agricultura familiar, Estado e Energia: a dinâmica sócio-espacial na produção de biodiesel no Norte e Minas Gerais. In: JOINPP. Anais da IV Jornada Internacional de Políticas Públicas - São Luís: Universidade Federal de Maranhão. /Programa de Pós- Graduação em Políticas Públicas, 2009. PARENTE, Expedito de Sá et al. Biodiesel: uma aventura tecnológica num país engraçado. Fortaleza: Tecbio CE. 2003, 66p. QUEIROS, Vicente de Paula; SANTOS, Rogério Ferreira. Levantamento dos principais problemas da produção de mamona em uma amostra de produtores familiares do Nordeste. Embrapa Algodão. Disponível em: <http://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/CNPA-2009-09/22011/1/E%2003.pdf>. Acesso em: 15 fev. 2011.