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A PRODUÇÃO DE ENERGIA EM GRANDE ESCALA E A QUESTÃO AMBIENTAL

Ivanilde Pietrowski Ferreira1

Polônia Altoé Fusinato2

Resumo A implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica teve como objetivos proporcionar aos alunos da 3ª série do Ensino Médio do Colégio Estadual Vicente Leporace, da cidade de Boa Esperança, por intermédio da disciplina de Física, o conhecimento e a análise crítica acerca das questões ambientais relacionadas à produção de energia elétrica em larga escala e promover a conscientização da comunidade sobre a importância da coleta e do descarte de pilhas e baterias descarregadas de forma correta. Para tanto, foram propostas aos alunos atividades de pesquisa, debate, confecções de caixas coletoras de pilhas e de panfletos e intervenções diretas junto com a comunidade. Durante a Intervenção Pedagógica foi possível verificar um maior interesse dos alunos acerca da disciplina de Física, pois o projeto permitiu que eles refletissem e vissem na prática a importância de um consumo de energia consciente, que cause o mínimo de impactos ambientais durante sua produção.

Palavras-chave: Produção de Energia; Fonte geradora; Consumo; Conscientização.

Abstract

The Implementation of the Pedagogical Intervention Project aimed to provide students with the third grade of High School of the Vicente Leporace State School, city of Boa Esperança, through the discipline of physics, knowledge and critical analysis of environmental issues related of the production of electricity on a large scale and promote community awareness about the importance of collection and disposal of batteries and dead batteries properly. Thus, it was proposed to the students activities of research, debate, clothing boxes collecting batteries and pamphlets and direct interventions with the community. During the Pedagogical Intervention was possible to verify a greater interest of the students about the discipline of physics, because the project allowed them to reflect and see in practice

1 Pós-graduada em Ensino da Matemática pela Universidade Paranaense (UNIPAR). Professora de Física do

Colégio Estadual Vicente Leporace. 2 Doutora em Educação pela Universidade de São Paulo. Professora PDE da Universidade Estadual de Maringá

(UEM).

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the importance of an energy conscious consumption, which causes the least environmental impact during its production.

Keywords: Energy Production; A Source; Consumption; Awareness.

1. Introdução

Os benefícios da produção de energia elétrica são facilmente reconhecidos

pelas pessoas, entretanto, os diferentes impactos ambientais causados pela

produção desta energia não são usualmente analisados ou percebidos pela

população.

Estamos no século XXI diante de um grande desafio que é a questão

energética. Com o aumento da população e o crescimento industrial, o consumo

mundial de energia tende a aumentar em grandes proporções, evidenciando a

necessidade de se melhorar a eficiência nos processos de geração de energia e sua

utilização de forma racional, evitando desperdícios. Tal questão aponta para a

necessidade de avanços tecnológicos direcionados à ampliação de fontes

convencionais e, principalmente, a criação de fontes alternativas. O aumento na

construção de novas fontes de geração de energia leva a impactos ambientais que

nem sempre são percebidos pelos diferentes grupos sociais.

O consumo de energia é inevitável, porém é importante haver bom senso na

sua obtenção e utilização. Em se tratando de fontes de produção de energia elétrica

e seus impactos ambientais, existem dois pontos de vista: o primeiro é o fato de que

o suprimento eficaz de energia se faz necessário para um desenvolvimento

econômico e social, e o outro, é que este setor foi responsável por vários desastres

ecológicos e sociais ocorridos em tempos anteriores, como nos últimos anos, por

exemplo, o da usina nuclear do Japão, que apresentou problemas depois de um

terremoto ocorrido no dia 11 de março de 2011.

A questão da criação de fontes geradoras de energia prevendo um impacto

ambiental menor possível é o desejável, pois vem de encontro ao chamado

desenvolvimento sustentável. Nesse sentido, prega-se “que se deve atender às

necessidades do presente sem comprometer as gerações futuras, garantindo assim

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uma melhor qualidade de vida para todos, combinando interesses ecológicos e

sociais” (GOMES, 2006, p.28).

O processo educativo é visto como um meio de preparar um número maior de

pessoas com informações e competências para participar das discussões em defesa

de um desenvolvimento econômico, social e de preservação ambiental. No entanto,

observa-se que os debates e as propostas relativas a criação de fontes geradoras

de energia elétrica em larga escala e os impactos ambientais, na maioria das vezes,

ficam restritos aos meios técnicos e acadêmicos, sendo muito pouco inseridos no

processo educativo do Ensino Médio.

A questão da energia elétrica faz parte dos conteúdos que devem ser

trabalhados na disciplina de Física, pois está presente no cotidiano individual de

cada aprendiz, e seu conhecimento é de extrema importância para que este

aprendiz reflita acerca das variadas formas de produção. Torna-se fundamental

também para o estudante saber o quanto os impactos ambientais e sociais podem

ser nocivos ao ser humano. Porém, ocorre-nos questionar. Como trabalhar tal

conteúdo no Ensino Médio de forma que os alunos se conscientizem da importância

do uso mais consciente e racional de energia elétrica?

Com o objetivo de buscar respostas para essa questão, procurou-se

proporcionar a uma turma de 24 alunos da 3ª série do Ensino Médio do Colégio

Estadual Vicente Leporace, da cidade de Boa Esperança, Paraná, elementos que

possibilitassem a discussão sobre a produção de energia elétrica em larga escala e

a temática ambiental, a partir de debates em sala de aula, atividades de pesquisa e

intervenções diretas com a comunidade, a fim de despertar nos estudantes a

consciência sobre a utilização e o consumo de energia sustentável no cotidiano de

cada indivíduo, primando pela preservação do meio ambiente.

2. Fundamentação Teórica

As fontes de energia são elementos importantes e indispensáveis à nossa

vida quotidiana, pois garantem o desenvolvimento econômico e a melhoria da

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qualidade de vida. As fontes de energia podem classificar-se em primárias e

secundárias, conforme sua origem.

A primária, também conhecida por fonte de energia natural, está presente na

natureza e pode gerar energia de forma direta, destacando-se: o carvão mineral, o

petróleo, o gás natural, a energia hídrica, solar e eólica, de biomassa, oceânica e

geotérmica.

As fontes de energia não renováveis, como o combustível petroquímico e

nuclear, são formadas no subsolo a partir de restos de animais e plantas que

demoraram milhões de anos até se transformarem em combustível. Estes não

podem ser recuperados rapidamente e as suas quantidades tornam-se cada vez

mais reduzidas devido ao grande consumo por parte do homem.

As fontes de energia secundárias são geradas a partir das fontes de energia

primárias, como por exemplo a energia elétrica, gasolina, gasóleo, alcatrão, carvão

mineral, vapor e energia hidrogenia, entre outros.

2.1. Breve histórico

Há pouco mais de dois séculos, as principais formas de energia eram aquelas

cuja disponibilidade na natureza era de fácil acesso: o vento e a água, utilizados

para produzir energia mecânica, e a queima de madeira, para a geração de calor.

Com a Revolução Industrial e a invenção da máquina a vapor e do tear mecânico

para a produção têxtil, o carvão mineral passou a ser a principal fonte de energia

dominante no processo fabril. Deve-se também ao carvão, a colocação das

locomotivas em movimento.

Nessa época, a humanidade iniciou a substituição das formas de energia

renováveis por formas mais eficientes, porém não renováveis e poluentes.

No final do século XIX a energia hidrelétrica e o petróleo passaram a

complementar a energia retirada do carvão. O petróleo em pouco tempo

transformou-se na principal forma de energia utilizada no mundo, até os dias atuais.

Foi nesta época que ocorreu a invenção dos motores de combustão interna a

gasolina e outros derivados de petróleo e a invenção da lâmpada elétrica. O petróleo

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passou a ser essencial à economia mundial, fator gerador de conflitos entre países e

principal agente de poluição atmosférica.

Na segunda metade do século XX, em diversos países do mundo, a energia

nuclear para produção de energia elétrica passou a ser utilizada em grande escala,

principalmente na Europa e nos Estados Unidos.

No Brasil a maior quantidade de energia elétrica produzida provém de usinas

hidrelétricas (cerca de 95%). Em regiões rurais e mais distantes das hidrelétricas

centrais, têm-se utilizado energia produzida em usinas termoelétricas e em pequena

escala, em usinas eólicas.

2.2. Fontes geradoras de energia com produção em larga escala

Durante o século XX, a disponibilidade energética era farta, derivada

principalmente dos combustíveis fósseis como o petróleo e o carvão mineral, dando

suporte ao crescimento e às transformações da economia mundial. No século XXI,

uma nova perspectiva muda o cenário: fontes tradicionais têm que ser substituídas

por fontes alternativas na tentativa de agredir menos o meio ambiente.

Nesse âmbito, o cenário mundial se encontra em uma nova realidade: a

necessidade do desenvolvimento sustentável. O aquecimento econômico e a

melhoria na qualidade de vida têm influência direta no aumento do consumo de

energia e leva a três aspectos negativos: esgotamento dos recursos utilizados na

produção de energia, o impacto ambiental na biodiversidade produzido por essa

atividade e o alto investimento exigido na pesquisa de novas fontes e na construção

de novas usinas.

É importante salientar que diferentes degradações ambientais têm sido

realizadas em nome do ´progresso` e do ´desenvolvimento`, porém nem sempre

associados à melhoria da qualidade de vida da maioria da população (BRÜGGER,

p.66, 1994), portanto, é necessário conhecer os processos de transformação de uma

fonte de energia primária em elétrica, para analisar quais são menos prejudiciais ao

meio ambiente e ao ser humano. As principais formas de geração de energia elétrica

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em larga escala são: hidrelétricas, termelétricas, termonucleares e fontes

alternativas como a eólica, solar, biomassa, entre outras.

2.2.1. Usina Hidrelétrica

Pelo grande potencial hídrico do Brasil, as usinas hidrelétricas são as

grandes responsáveis pela produção de energia elétrica no país, devido aos grandes

mananciais de água existentes. Segundo dados da ANEEL, em 2002, havia registro

de 433 centrais hidrelétricas em operação, das quais 304 eram usinas de pequeno

porte.

Nas usinas hidrelétricas, a energia elétrica tem como fonte principal a energia

proveniente da queda de água represada a certa altura. A energia potencial que a

água tem na parte alta da represa é transformada em energia cinética, que faz com

que as pás da turbina girem, acionando o eixo do gerador, produzindo energia

elétrica.

Uma usina hidrelétrica é formada basicamente pelo reservatório - onde uma

grande quantidade de água é armazenada numa represa por meio de uma

barragem; vertedouro ou comportas (para controlar o nível das águas); sistema de

captação(túneis por onde a água armazenada é conduzida sob grande pressão); e

a casa de força - onde ficam as turbinas hidráulicas e os geradores elétricos. Depois

de gerada, a energia é transportada através de cabos condutores dos terminais do

gerador até a subestação. Após passar pela casa de força a água é restituída ao

leito do rio por canais de fuga.

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Figura 1 - Como funciona uma usina hidrelétrica. Fonte: CASTRO, 2011.

No Brasil, a geração hidrelétrica tem garantido, nos últimos anos, a produção

de cerca de 95% da eletricidade consumida no país. Quase 2/3 da capacidade

instalada estão localizados na Bacia do Rio Paraná, onde temos a Usina Itaipu, com

capacidade de 13 000 MW, e é considerada a maior hidrelétrica do mundo em

produção de energia.

Figura 2 - Usina hidrelétrica de Itaipu, na fronteira do Brasil com o Paraguai

Fonte: Franzese, 2008.

Outras bacias importantes são a do São Francisco e a do Tocantins, com

17% e 9%, respectivamente, da capacidade instalada no país. As bacias com menor

potência instalada são as do Atlântico Norte/Nordeste, Rio Uruguai e Amazonas, que

somam apenas 2% da capacidade instalada no Brasil (ANEEL, 2002).

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Os baixos índices de aproveitamento da Bacia do Amazonas são devidos ao

relevo predominante da região (planícies), a sua grande diversidade biológica e

distância dos principais centros consumidores de energia. Já na região centro-sul do

país, o desenvolvimento econômico muito mais acelerado e o relevo predominante

(planaltos) levaram a um maior aproveitamento dos seus potenciais hidráulicos

(ANEEL, 2002).

Apesar de ser uma fonte de energia renovável e não emitir poluentes, a

energia hidrelétrica não está isenta de impactos ambientais e sociais. A inundação

de áreas para a construção de barragens gera problemas de realocação das

populações ribeirinhas, comunidades indígenas e pequenos agricultores. Para

CERQUEIRA (2010), os principais impactos ambientais ocasionados pelo

represamento da água para a formação de imensos lagos artificiais são: destruição

de extensas áreas de vegetação natural, matas ciliares, o desmoronamento das

margens, o assoreamento do leito dos rios, prejuízos à fauna e à flora locais,

alterações no regime hidráulico dos rios, possibilidades da transmissão de doenças,

como esquistossomose e malária, extinção de algumas espécies de peixes.

Figura 3 - Usinas Hidrelétricas no Brasil. Fonte: CAVERNA, 2011.

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2.2.2. Usina Termelétrica

As usinas termelétricas utilizam combustíveis fósseis para converter energia

térmica - liberada em forma de calor, normalmente por meio da combustão - em

energia mecânica que, por sua vez, é transformada em energia elétrica a partir de

processos eletromagnéticos. Tal processo ocorre basicamente em três etapas: 1)

queima de combustível fóssil, transformando a água contida em uma caldeira em

vapor; 2) utilização do vapor em alta pressão para movimentar as pás de uma

turbina que é acoplada a um gerador elétrico, acionando-o; e 3) condensação do

vapor e retorno da água à caldeira, transferindo o resíduo de energia térmica para

um circuito independente de refrigeração.

Há vários tipos de usinas termelétricas, sendo que os processos de produção

de energia são praticamente iguais, porém utilizam-se combustíveis diferentes.

Alguns exemplos são: usina a óleo, usina a carvão, usina nuclear; e usina a gás (SÓ

BIOLOGIA, 2010).

Figura 4 - Esquema de geração de energia elétrica numa usina termelétrica. Fonte: Só Biologia, 2010.

A Usina Termelétrica de Juiz de Fora é a primeira usina termelétrica do

mundo a operar com etanol e possui capacidade total instalada de 87.048 kW. Já a

TermoRio, localizada no município de Duque de Caxias, no Estado do Rio de

Janeiro, é hoje, a maior termelétrica a gás natural instalada no Brasil.

A figura 5 mostra as 40 usinas termelétricas instaladas atualmente no país.

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Figura 5 - Mapa de Usinas Termelétricas no Brasil. Fonte: ROSA, 2009.

Os principais impactos ambientais causados pelas usinas térmicas são a

emissão de gases, como o dióxido de carbono, que contribuem para o efeito estufa.

“No caso das usinas movidas a carvão e óleo, também há a emissão de óxidos de

enxofre e nitrogênio, que se liberados na atmosfera podem ocasionar chuvas ácidas

prejudiciais à agricultura e florestas” (RIO GRANDE ENERGIA, 2010, p.01). Além

disso, há uma grande geração de resíduos nas atividades de manutenção dos

equipamentos desse tipo de usina, agravando assim ainda mais a situação do meio

ambiente.

2.2.3. Usina Nuclear

É um tipo de usina termelétrica, porém com diferencial no combustível. Nas

usinas nucleares a energia que aquece a água provém da desintegração dos

átomos - fissão nuclear -, geralmente do urânio, que contém dois isótopos. O reator

armazena o composto de urânio que sofre um bombardeamento controlado de

nêutrons, desintegrando o núcleo do urânio e liberando grande quantidade de

energia que é utilizada na vaporização da água que está armazenada ao redor do

reator.

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Figura 6 - Diagrama esquemático de reator de uma usina nuclear Fonte: Indústrias Nucleares do Brasil, 2008

Atualmente, o Brasil possui em operação duas usinas nucleares: Angra 1 -

com capacidade para geração de 657 megawatts - e Angra 2 - com geração de 1350

megawatts elétricos. A Angra 3 está em processo de construção, prevista para

começar a funcionar em aproximadamente 5 anos e meio e com produção de 1405

megawatts. Elas estão localizadas na Praia de Itaorna, Município de Angra dos Reis,

Estado do Rio de Janeiro.

A Central Nuclear de Angra está próxima dos principais centros consumidores

de energia do país. A escolha do local envolveu uma série de condicionantes,

ligadas às características do sistema de geração nuclear, tais como abundância de

água de refrigeração e facilidade de transporte e montagem de equipamentos

pesados. A proximidade dos grandes centros de consumo evita a construção de

dispendiosos sistemas de linhas de transmissão e a conseqüente elevação do custo

da energia produzida (ELETROBRAS, 2008).

A produção de energia elétrica a partir de usinas nucleares ainda encontra

bastante resistência por parte dos ambientalistas devido ao problema do lixo

nuclear, pois o material utilizado no reator que não serve mais para gerar energia,

mas continua radioativo e pode contaminar o solo, o ar e as águas. Atualmente, a

maior parte do lixo atômico é depositado no fundo do mar.

Para Parejo (2010), outro perigo existente é o escape de radiação de um

reator nuclear em caso de defeito ou explosão, que pode causar uma contaminação

radioativa e do solo, das plantas, e espalhar-se rapidamente através do vento em

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forma de nuvens radioativas, afetando áreas enormes. Seus efeitos podem perdurar

por dezenas de anos e levar à morte muitos seres humanos e animais, além de

ocasionar graves doenças.

A curta vida útil dessas usinas também é um grande problema, pois devido à

grande deterioração dos materiais do reator nuclear, elas duram apenas de 20 a 25

anos. Após esse tempo, elas devem ser desutilizadas e isoladas.

2.3. Fontes Renováveis de Energia

A energia renovável provém de recursos naturais como sol, vento, chuva,

marés e energia geotérmica. Em 2008, cerca de 19% do consumo mundial de

energia veio de fontes renováveis, com 13% provenientes da tradicional biomassa,

que é usada principalmente para aquecimento, e 3,2% a partir da hidroeletricidade.

Novas energias renováveis (pequenas hidrelétricas, biomassa, eólica, solar,

geotérmica e biocombustíveis) representaram outros 2,7% e este percentual está

crescendo muito rapidamente. A percentagem das energias renováveis na geração

de eletricidade é de cerca de 18%.

No Brasil, o consumo crescente de energia elétrica e os impactos ambientais

e sociais causados pelas formas tradicionais de produção estão fazendo com o que

o governo repense a produção de energia a partir de fontes alternativas e renováveis

como a biomassa, a eólica e a solar.

2.3.1. Biomassa

Matéria orgânica de origem animal ou vegetal que pode ser utilizada na

produção de energia hidráulica e outras fontes renováveis, a biomassa é uma forma

indireta de energia solar, pois resulta da conversão de energia solar em energia

química por meio da fotossíntese (BERMANN, 2008, p. 26).

As fontes de biomassa podem ser caracterizadas pela sua origem: vegetais

lenhosos, vegetais não lenhosos, resíduos orgânicos e biofluídos.

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A biomassa pode ser sólida quando é originária de resíduos das florestas, da

agricultura (substâncias vegetais e animais), das indústrias e urbanas, desde que

sejam biodegradáveis. Pode ser gasosa quando oriunda da agroindústria ou esteja

concentrada nos aterros de resíduos sólidos urbanos. Já a biomassa líquida é

composta por vários bio-combustíveis líquidos como o etanol - originado da

fermentação da biomassa sendo o bio-combustível mais utilizado - e o metanol -

que pode ser obtido através gaseificação da biomassa. A biomassa é transformada

inicialmente num gás sintético que sofre processo químico e transforma-se em

metanol.

Figura 7 - Processo de produção de eletricidade utilizando a biomassa.

Fonte: KINTO, 2002.

A figura 8 apresenta uma lista completa das centrais termelétricas a biomassa

em operação no Brasil, destacando-se o tipo de combustível utilizado em cada uma.

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Figura 8 - Usinas termelétricas a biomassa e potencial elétrico de geração por Estado. Fonte: ANEEL, 2000.

Em janeiro de 2002, havia registro de 159 termelétricas a biomassa em

operação no Brasil. A grande maioria dessas usinas está localizada no Estado de

São Paulo, onde está concentrada grande parte do setor sucroalcooleiro do país

(ANEEL, 2002, p. 57).

Além de ambientalmente mais favorável do que outras fontes convencionais

de energia, por ser uma fonte de energia limpa, renovável e segura, o

“aproveitamento energético e racional da biomassa tende a promover o

desenvolvimento de regiões menos favorecidas economicamente, por meio da

criação de empregos e da geração de receita” (ANEEL, 2002, p.61).

2.3.2. Energia Eólica

No Brasil, a energia eólica – proveniente dos ventos, isto é, da energia

cinética contidas nas massas de ar em movimento - é bastante utilizada para o

bombeamento de água na irrigação, mas quase não existem usinas eólicas

produtoras de energia elétrica.

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A geração de energia elétrica se dá pela conversão da energia cinética de

translação pela energia cinética de rotação através do emprego de turbinas eólicas,

quando o objetivo é gerar eletricidade (FARIA, 2008, p.01).

O contato do vento com as pás do cata vento faz com que elas girem

originando energia mecânica que, por sua vez, aciona o rotor do aerogerador

produzindo a eletricidade. A densidade do ar, a área abrangida pela rotação das pás

e a velocidade do vento influenciam no potencial de energia elétrica produzida. Para

que a energia eólica seja tecnicamente aproveitável, é necessário que a velocidade

do vento seja no mínimo de 7 a 8 m/s a uma altura de 50 m.

Figura 9: Produção de energia eólica. Fonte: FARIA, 2008.

Em janeiro de 2002 havia apenas 6 centrais eólicas em operação no país,

perfazendo uma capacidade instalada de 18,8 MW. Entre essas centrais, destacam-

se Taíba e Prainha, no Estado do Ceará, que representam 80% do parque eólico

nacional [ANEEL, 2002, p.68). No entanto, já haviam cerca de 38 projetos eólicos

autorizados pela ANEEL. A grande maioria deles se localizavam nos estados do

Ceará e do Rip Grande do Norte, porém, observavam-se projetos também em

Pernambuco, na Bahia e no Rio de Janeiro.

A produção de energia eólica é bem vista pelos ambientalistas, pois é

inesgotável, não emite gases poluentes que provocam o efeito estufa e não gera

resíduo. Além disso, o impacto ambiental de uma usina é muito pequeno e está

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relacionado à proteção das aves, alterações na paisagem natural e à poluição

sonora.

2.3.3. Energia Solar

A energia solar é obtida pela luz do Sol e pode ser captada com painéis

solares. No Brasil, o sistema de geração de energia solar ainda ocorre de forma

isolada, se limitando, na maioria das vezes, a fornecer eletricidade para poucas

casas. Entre os vários processos de aproveitamento da energia solar, os mais

usados atualmente são o aquecimento de água e a geração fotovoltaica de energia

elétrica.

O uso dessa tecnologia para aquecimento de água envolve a utilização de um

coletor solar que é instalado normalmente no teto das residências e edificações.

Devido à baixa densidade da energia solar que incide sobre a superfície terrestre, o

atendimento de uma única residência pode requerer a instalação de vários metros

quadrados de coletores.

A geração de energia através da conversão fotovoltaica é considerada uma

tecnologia energética ótima, pois não emite gases, não alterando assim o equilíbrio

da biosfera. Além disso, os geradores utilizam energia renovável e abundante.

A célula fotovoltaica é formada por duas placas de semicondutores diferentes,

cuja espessura aproximada é 0,5mm que conduzem a corrente elétrica. Ao incidir a

luz sobre a célula, alguns elétrons absorvem a energia da luz e entram em

movimento ao se ligar a placa a um fio metálico, dando origem a uma pequena

corrente elétrica. A intensidade da corrente depende da intensidade da luz e da área

da placa. Cada centímetro quadrado produz aproximadamente 0,03A de corrente em

um dia com ótima luz solar.

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Figura 10 - Etapas na produção de Energia Solar Fotovoltaica. Fonte: DIAS, 2010.

O material predominantemente utilizado em sistemas fotovoltaicos para a

fabricação das estruturas é o silício e a tecnologia é baseada em placas ou em

filmes finos.

Na maioria dos países a energia fotovoltaica é utilizada para suprir pequenas

cargas em locais afastados e sistemas de comunicação. A produção em larga escala

depende de um maior desenvolvimento tecnológico, com menor custo para

montagem dos geradores, e de um aumento na produção desses equipamentos.

No Brasil, o sistema de aquecimento de água é mais encontrado nas regiões

Sul e Sudeste, devido a características climáticas. Já a conversão fotovoltaica é

mais comum nas regiões Norte e Nordeste, em comunidades isoladas da rede de

energia elétrica (ANEEL, 2002).

Embora pouco significativo diante do grande potencial existente, já existem

vários projetos de aproveitamento da radiação solar para aquecimento de água no

País, tanto para fins comerciais (hotéis, restaurantes, hospitais etc.) como

residenciais. A cidade de Belo Horizonte possui um sistema com área total de 804

m2 de coletores solares e capacidade de armazenamento de água de 60.000 litros.

Na Bahia, mais precisamente no Açude Rio dos Peixes foi instalado um sistema

flutuante de irrigação que pode bombear água a uma distância de 350m na época de

cheia [CRESESB, 2000].

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Entre as outras regiões com maior difusão de projetos fotovoltaicos,

destacam-se o Vale do Ribeira e o Pontal do Paranapanema, situados no Litoral Sul

e Extremo-Oeste do Estado de São Paulo, respectivamente. No primeiro caso,

predominam sistemas de eletrificação de escolas, postos de saúde e unidades de

preservação ambiental (estações ecológicas, parques estaduais etc.), além de

atendimento a pequenas comunidades rurais (IEE, 2000 apud ANEEL, 2002, p.14).

Na Região Norte, destacam-se os estados do Pará e do Acre, totalizando

cerca de 400 comunidades atendidas até o ano de 2000. No Nordeste, há uma

distribuição regional mais homogênea dos projetos, com destaque para a Bahia,

onde foram atendidas 474 comunidades até 2000 [MINISTÉRIO DE MINAS E

ENERGIA, 2001].

Os impactos relacionados à produção de energia solar não são vistos de

forma negativa pelos ambientalistas, pois os aquecedores solares exigem

significativamente menos ingresso de energia fóssil do que sistemas elétricos e a

gás natural. Assim, os sistemas fotovoltaicos são produtores de energia mais limpa

comparados ao carvão e ao petróleo. As emissões de gases estufa de uma fábrica

fotovoltaica solar, inclusive sua produção e instalação, são oito vezes menores do

que a de uma usina acionada a carvão.

2.4. Sistemas Eletroquímicos Fechados que Armazenam Energia

Em 1799, surgiu uma das maiores invenções do mundo moderno: a pilha. No

século XVIII, Alessandro Volta, não se convenceu com a explicação dada por

Galvani sobre a ideia da existência de uma eletricidade animal e, através de

observações, concluiu que certos tecidos orgânicos geravam eletricidade por si

próprios (como por exemplo, o peixe elétrico). Assim, iniciou-se os experimentos e

as observações sobre o fenômeno. Volta concluiu que o tecido animal apenas agia

como conector e que a eletricidade deveria ter origens mais simples.

Com base nessas observações, Volta, construiu a primeira pilha composta de

dois pedaços de metal (zinco e prata) separados por discos de papelão umedecidos

com solução aquosa alcalina e ligados em série. Conseguiu produzir eletricidade de

forma contínua, gerando nesta pilha corrente elétrica a partir de transformações

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químicas. Dando continuidade a pesquisa realizada por Alessandro Volta, John F.

Daniel construiu uma pilha que consiste em um ânodo de zinco metálico, um cátodo

de cobre metálico e um eletrólito formado por sulfato de zinco e sulfato de cobre.

Já o termo bateria se refere a um conjunto de pilhas agrupadas em série ou

em paralelo, que fornecem maiores potenciais, e em paralelo, maiores correntes

elétricas. A maioria dos aparelhos eletroeletrônicos, requerem, quase sempre, uma

bateria.

Os sistemas eletroquímicos podem ser diferenciados considerando a forma

como funcionam: baterias primárias e bateria secundárias.

As primárias são essencialmente não carregáveis, hermeticamente fechadas,

com dimensões padronizadas nas formas cilíndricas, botão e moeda. Em casos

especiais de aplicação, utiliza-se a forma prismática. As secundárias podem ser

reutilizadas centenas e em alguns casos, até milhares de vezes. É considerado

sistema eletroquímico secundário quando tem capacidade de suportar 300 ciclos

completos de carga e descarga de 80% de sua capacidade.

Figura 11 - Pilhas e Baterias Fonte: Arquivo pessoal, 2011.

Atualmente, houve um acréscimo significativo no que diz respeito à utilização

de eletroeletrônicos portáteis que necessitam de pilhas e baterias para funcionarem

como telefones celulares, relógios, laptops, brinquedos, MP3 Players, ferramentas

elétricas, GPS, equipamentos médicos, entre outros, e consequentemente,

aumentou-se o número de pilhas e baterias que precisam ser fabricadas. Segundo a

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Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (ABINEE), no Brasil, são

produzidas anualmente cerca de 800 milhões de pilhas.

Apesar das novas pesquisas e do avanço nas ciências, algumas pilhas e

baterias disponíveis no mercado possuem substâncias em sua composição química

que podem afetar a saúde, como o chumbo - que pode provocar doença

neurológica-, o cádmio e o mercúrio - que podem afetar a coordenação motora.

Ao serem expostas ao sol e à chuva, elas se oxidam e se rompem. Os metais

pesados atingem os lençóis freáticos, córregos e riachos e contaminam a água, os

animais e os alimentos que, quando ingeridos, causam danos nocivos à saúde do

homem. Portanto, as pilhas e baterias podem se tornar resíduos perigosos quando

são descartadas em lugares impróprios, considerando que o tempo de degradação

das pilhas é de 100 a 500 anos.

Na busca de solucionar o problema, o Conselho Nacional do Meio Ambiente –

CONAMA, publicou a Resolução nº 257/99, disciplinando o descarte e o

gerenciamento ambientalmente adequado de pilhas e baterias usadas, no que diz

respeito à coleta, reutilização, reciclagem, tratamento ou disposição final.

2.5 O Ensino da Física e a Educação Ambiental

A educação básica precisa primar pela preparação de indivíduos críticos, que

se posicionem, julguem e tomem decisões acertadas. Sendo assim, a escola pode e

necessita abordar os conteúdos de uma forma entendível, inserindo-os como temas

interessantes a serem abordados nas componentes curriculares escolares.

Para Saviani (2010), as constantes mudanças no desenvolvimento do homem

e da sociedade, e a necessidade de a educação estar sempre se adequando a elas,

assumem, na atualidade, características novas, dadas as particularidades do

desenvolvimento científico e tecnológico, que impõem maiores exigências à

educação escolar e, principalmente, ao ensino básico

Nessa concepção, cada disciplina deve propiciar ao aluno a aquisição de

conhecimento e a formação de habilidades tanto gerais como específicas, deixando

claro seu papel na educação do indivíduo e sua contribuição para a formação de

uma concepção científica de mundo.

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As novas dimensões educativas colocam ênfase no componente ético e são orientadas à transformação do indivíduo: educação para a paz, para a saúde, para o consumo e para educação ambiental. A educação ambiental é necessária na formação de indivíduos com uma nova racionalidade ambiental, capaz de superar a crise global presenciada atualmente (SAUVÈ, 2006, p.320).

A educação ambiental deve estar unificada à ideia de conscientização do

consumo responsável. Ela tem como objetivo fazer com que o ser humano se sinta

parte da natureza, utilize o consumo sustentável como recurso, compreenda o meio

ambiente como problema e também como sistema em que se vive.

A educação ambiental também entra como grande aliada à disciplina de

Física, que propõe um ensino voltado para os fenômenos físicos e suas implicações,

portanto, temas como a sustentabilidade devem ser trabalhados de forma efetiva

com os alunos do Ensino Médio, uma vez que “o consumismo desenfreado, a falta

de preocupação com o ser humano e a falta de análise crítica são problemas

evidentes entre os jovens” (GOMES, 2006, p.23).

O conteúdo de eletricidade, e consequentemente, a produção de energia em

larga escala, é um campo vasto para ser estudado e é primordial que o aluno, na

condição de cidadão, conheça e analise criticamente suas diversas formas de

produção, reconheça e questione a necessidade de produção crescente dessa

energia e, em contrapartida, os diferentes impactos ambientais e sociais que ela

causa, pois “de uma forma ou de outra, as modalidades de produção desta energia

provocam alterações na natureza (REIS; SILVEIRA, 2000 apud SILVA, 2002, p.343).

É importante que se garanta que cada cidadão analise o que consome e o faça de

modo que a coletividade atual ou futura não seja prejudicada.

3. Intervenção Pedagógica

Ao propormos esta unidade didática nosso objetivo foi o de proporcionar aos

nossos aprendizes a oportunidade de analisar e discutir temas presentes no

cotidiano, como a produção de energia elétrica e as consequências ao meio

ambiente.

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A proposta pretendeu colaborar para o ensino e aprendizagem de Física

oferecendo ao professor um recurso de ensino para possíveis abordagens em sala

de aula e tendo como meta contribuir para despertar no aluno o interesse pelo

assunto, aproximando-o do conhecimento produzido e sistematizado pela ciência.

Dessa forma o aprendiz teve a oportunidade de desenvolver seu senso crítico

respeitando suas concepções e cumprindo a função social.

3.1 O Percurso realizado com os alunos

A presente implementação pedagógica foi desenvolvida com uma turma de 24

alunos da 3ª série do Ensino Médio do Colégio Estadual Vicente Leporace, em Boa

Esperança/PR, e teve como objetivos proporcionar aos alunos, por intermédio da

disciplina de Física, o conhecimento e a análise crítica acerca das questões

ambientais relacionadas à produção de energia elétrica em larga escala e promover

a conscientização da comunidade sobre a importância da coleta e do descarte de

pilhas e baterias descarregadas de forma correta.

Em um primeiro momento, apresentou-se aos alunos os objetivos do projeto e

explicou-se de que forma seriam desenvolvidas as atividades. Em seguida, a fim de

conhecer a turma e considerando a importância de um levantamento prévio do

conhecimento dos alunos relacionados ao tema Energia Elétrica, aplicou-se um

questionário aberto, composto por cinco perguntas:

1- Relate a importância da energia elétrica em sua vida.

2 - Havendo falta de energia em sua cidade durante uma semana, como seria

sua rotina?

3- Analise essa falta de energia elétrica em uma semana para o comércio,

hospital, agricultura, transportes, comunicação e escolas.

4 - Cite qual tipo de fonte que gera a energia elétrica que você utiliza.

5 - Cite as fontes geradoras de energia que você conhece ou já ouviu falar.

Comente cada uma.

Após responderem aos questionamentos individualmente, a professora

recolheu as respostas para analisá-las posteriormente. Tal atividade foi de grande

valia, pois a partir dela foi possível interar-se acerca dos conhecimentos prévios dos

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alunos, pontuar suas dificuldades e planejar as etapas subsequentes do

desenvolvimento das atividades.

No segundo encontro, apresentou-se aos discentes vídeos sobre Eletricidade,

disponíveis nos links https://www.facebook.com/CaminhosDaEnergia e

http://www.youtube.com/watch?v=HbgoiAt_m8M, que tratavam sobre potência,

geração, consumo e distribuição de energia elétrica.

Em seguida, baseados nas informações fornecidas pelos vídeos e nas

respostas do questionário aplicado no encontro anterior, iniciou-se um debate onde

os alunos ressaltaram suas opiniões, fizeram perguntas e afirmaram que nunca

haviam refletido sobre como o consumo exacerbado de energia prejudicava a

natureza e que não tinham conhecimento da existência de fontes renováveis de

energia e nem de como funcionava a distribuição de energia elétrica. A todo

momento oportuno a professora interviu no debate e forneceu informações

relevantes sobre o tema em questão.

No terceiro e quarto encontros, solicitou-se que os alunos se dividissem em

sete grupos com o intuito de que elaborassem seminários e apresentassem para a

turma. Os próprios alunos determinaram qual grupo estudaria sobre Pilhas e

Baterias, uma vez que além de apresentar o Seminário para a turma, ele seria

responsável por divulgar o trabalho à comunidade, colher Pilhas e Baterias

inutilizadas e providenciar junto à Secretaria Municipal de Saúde o destino correto

para o material coletado.

Em relação aos demais grupos, realizou-se um sorteio aleatório e cada um

ficou responsável por falar sobre as fontes de geração de energia em larga escala –

biomassa, eólica, solar, termelétrica, nuclear, hidrelétrica –, suas vantagens e

impactos ambientais que podem ser acarretados a partir de sua produção.

Para realizar a pesquisa e elaborar o seminário os discentes puderam utilizar

materiais como livro didático, internet, jornais, revistas, noticiários e todas as demais

fontes de informação confiáveis que tratassem a respeito do assunto.

Durante a apresentação, os alunos utilizaram slides e banners – produzidos

por eles mesmos - e vídeos que tratavam a respeito do assunto e, em seguida,

fizeram questionamentos e apontamentos aos grupos e sintetizaram verbalmente o

que mais lhes chamou a atenção.

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Todo o trabalho foi acompanhado e orientado pela professora responsável

pela intervenção pedagógica.

No quinto encontro, o grupo responsável pelo tema Pilhas e Baterias,

mediante convocação de toda a comunidade escolar, fez uma reunião e apresentou

novamente o seminário, informou sobre como o descarte indevido de pilhas e

baterias prejudicam o meio ambiente e solicitou que todos verificassem se em suas

casas havia a presença desses materiais. Caso a resposta fosse afirmativa, os

moradores deveriam separá-los, pois na semana seguinte a turma passaria nas

casas fazendo a coleta e, em seguida, junto à Secretaria Municipal de Saúde,

dariam o destino correto ao material coletado.

No sexto encontro, enquanto alguns alunos, acompanhados da responsável

pela intervenção pedagógica, procuraram à Prefeitura para verificar em que

circunstância e de que forma as Pilhas e Baterias seriam entregues à Secretaria

Municipal de Saúde, o restante da turma se comprometeu a montar a caixa coletora

– que batizaram como Papa Pilhas - e a elaborar o Folheto que seria entregue à

comunidade com orientações sobre o descarte correto de Pilhas e Baterias.

No penúltimo encontro, os alunos reuniram-se na escola e, após as

orientações dadas pela professora responsável pela intervenção pedagógica,

dividiram-se em três grupos e percorreram a cidade entregando os Folhetos,

fornecendo informações à comunidade e recolhendo as Pilhas e Baterias que não

tinham mais serventia para seus donos. A turma foi muito bem recebida pela

comunidade, que deu atenção devida às informações fornecidas pelos alunos e, ao

final do dia, conseguiram arrecadar uma quantidade relevante desses materiais nas

residências e comércios de Boa Esperança.

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Figura 12 - Caixa Coletora de Pilhas e Baterias.

Fonte: Arquivo pessoal, 2011.

No último encontro, os alunos montaram um centro de coleta de Pilhas e

Baterias na Escola, onde deixaram o papa-pilhas que haviam produzido. Para tanto,

identificaram o local com um banner elaborado por eles e que continha todas as

informações sobre o projeto no qual estavam inseridos e combinaram com a

Secretaria da Saúde que uma vez por mês ela passaria para recolheras pilhas e

baterias.

Além disso, os alunos reuniram todo o material elaborado durante a

montagem dos seminários, encadernaram e entregaram à Biblioteca da escola para

servir como fonte de consulta para os demais discentes.

3.2 O Percurso realizado com os professores da Rede Estadual: Grupo de

Trabalho em Rede (GTR)

Paralelamente à implementação pedagógica, realizou-se o Grupo de Trabalho

em Rede (GTR), que faz parte do Programa de Desenvolvimento Educacional -

PDE, e se caracteriza pela interação virtual entre os Professores PDE e os demais

professores da Rede Pública Estadual (SEED, 2012).

Com o intuito de viabilizar mais um espaço de estudo e discussão sobre as

especificidades da realidade escolar e incentivar o aprofundamento teórico-

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metodológico na área de Física através da troca de ideias e experiências entre os

professores da Rede Estadual do Paraná, a professora PDE possibilitou a esses

docentes a participação em fóruns de discussão e em atividades de Diário, e ainda

disponibilizou os materiais produzidos por ela durante todo o percurso e textos

complementares que tratavam sobre a temática em questão. A realização das

atividades foi dividida em três etapas.

1ª etapa: Foi disponibilizado aos professores, para fins de leitura,

conhecimento e reflexão, o Projeto de Intervenção Pedagógica: Geração de Energia

em Larga Escala e a Questão Ambiental, elaborado pela professora PDE. Em

seguida, solicitou-se a realização das seguintes atividades:

1- Após ler e refletir sobre os itens Justificativa e Problematização do Projeto

de Intervenção Pedagógica, elabore uma opinião sobre o uso consciente e

o desperdício de energia elétrica, envolvendo os problemas ambientais decorrentes

da produção desse tipo de energia. Não esqueça: você deve elaborar sua opinião e

interagir com no mínimo dois colegas.

2 - Reflita e descreva a importância de trabalhar este tema na disciplina de

Física. Você acha que ele faz parte do conteúdo da disciplina? É um tema atual?

2ª etapa: Tinha como objetivo possibilitar a reflexão dos professores da Rede

Estadual acerca das conseqüências do consumo excessivo de energia e a

importância de tal tema ser trabalhado na escola, dentro da disciplina de Física.

Para tanto, foi disponibilizada, para leitura, a Produção Didática elaborada pela

professora PDE e, em seguida, propôs-se as seguintes atividades:

1 - Cite as possíveis consequências do consumo excessivo e do desperdício

de energia elétrica para o ser humano e para o meio ambiente. Com a chegada do

natal, lâmpadas, enfeites muita iluminação, você acha que há desperdício de

energia elétrica?

2 - Faça uma análise do material apresentado, considerando em sua análise

os elementos essenciais da proposta bem como seus encaminhamentos

metodológicos. Analise, reflita e opine sobre a relevância desta produção para a

Escola Pública de Educação Básica do Paraná.

3ª etapa: Tinha como objetivo proporcionar uma troca de experiências entre a

professora PDE e os cursistas. Para tanto, num primeiro momento a professora

relatou e discutiu as experiências e os resultados observados durante o

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desenvolvimento do Projeto de Implementação Pedagógica na escola. Em seguida,

lançou aos professores as seguintes tarefas:

1 - Reflita e opine sobre os resultados que apresento, trazendo contribuições

para o debate. Esse é um momento muito importante para o desenvolvimento do

meu trabalho no PDE.

2- Faça o relato de uma experiência ou de um trabalho que já tenha

desenvolvido sobre esse assunto. Caso não tenha trabalhado ainda sobre o tema dê

uma sugestão da forma a ser trabalhada. Caso queira fazer sugestões sobre o meu

trabalho, fique à vontade.

4. Resultados e Discussões

Analisando qualitativamente os dados coletados durante a intervenção com

os alunos, a partir da aplicação de um questionário, de debates em sala de aula,

pesquisas e da intervenção dos educandos junto à sociedade, foi possível perceber

o aprimoramento do conhecimento destes em relação à temática Produção de

Energia em grande escala e a questão ambiental, dentro do contexto da disciplina

de Física.

O questionário respondido pelos alunos no primeiro encontro apontou alguns

entendimentos destes acerca do assunto e foi utilizado como norteador das

atividades subseqüentes, pois sabemos que “deve-se ensinar sempre do concreto

para o abstrato, partindo daquilo que o aluno já sabe, oportunizando-lhe a

construção de conceitos (que não são o mesmo que definições). Esse é o caminho

natural para a aprendizagem” (MORTIMER, 2002, p.9).

Após analisar respostas do questionário percebeu-se que os alunos até

tinham alguma noção de como suas rotinas seriam afetadas caso não existisse

energia elétrica, porém eles não conseguiam se atentar para o tamanho do

problema que essa falta causaria. Também verificou-se que eles não conheciam

grande parte das fontes de geração de energia e muito menos como funcionavam.

Para SENA et.al. (2008, p.02), o seminário “é uma técnica de aprendizagem

que inclui pesquisa, discussão e debates, é um processo metodológico que supõe o

uso de técnicas de estudo de um assunto determinado, evitando que se torne uma

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exposição sem objetivos”, portanto a utilização de tal metodologia foi de grande valia

para a construção do conhecimento dos alunos, uma vez que a maioria da turma

afirmou durante os debates anteriores que não tinha conhecimento de como o

desperdício de energia e sua produção em larga escala acarretavam tantos

impactos ambientais à natureza e, consequentemente, à humanidade. Além disso,

após a apresentação dos grupos, eles se atentaram para a necessidade de uma

produção de energia mais limpa, advinda de fontes renováveis como a biomassa, a

eólica e a solar, por agridem muito menos o meio ambiente. Ao final, também

destacaram que até então não conheciam os impactos ambientais gravíssimos que

o não descarte correto de pilhas e baterias poderia acarretar ao meio ambiente.

Durante a intervenção pedagógica, era imprescindível que os alunos

compreendessem que as pilhas e baterias de uso doméstico apresentam um grande

perigo quando descartadas incorretamente, pois “na composição dessas são

encontrados metais pesados como: cádmio, chumbo, mercúrio, que são

extremamente perigoso à saúde humana” (SOUZA, 2012, p.01). Quando esses

materiais são descartados, passam por deformações na cápsula que as envolvem e

deixam vazar um líquido tóxico de seus interiores. Esse líquido se acumula na

natureza e causa a contaminação do solo e dos lençóis freáticos, prejudicando a

agricultura e a hidrografia. Dentre os males provocados à saúde pela contaminação

com metais pesados estão o câncer e as mutações genéticas. A elaboração do

panfleto informativo sobre a importância do descarte correto de pilhas e baterias e a

construção do coletor desses materiais foi primordial para garantir esse

entendimento, pois enquanto os educandos debatiam as informações que deveriam

constar no panfleto, refletiam acerca da problemática e sugeriam diversas formas de

intervenções junto à comunidade.

Para garantir que o processo de coleta se efetivasse os alunos,

acompanhados da professora interventora, fizeram uma visita à Secretaria de Saúde

da Prefeitura com o intuito de cobrar das autoridades o recolhimento das pilhas e

materiais em desuso. Tal atitude tinha como objetivo fazer com o que os educandos

entendessem que não basta que a sociedade se queixe dos políticos e culpe a má

dos serviços prestados à população, mas sim que denuncie, cobre seus

representantes, exerça sua cidadania e assim, garanta seus direitos. O projeto

escolar veio de encontro à coleta seletiva de lixo que a Prefeitura Municipal

implantou no 2º semestre de 2011.

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Após a elaboração dos panfletos e de sua distribuição, além da comunidade

participar ativamente da coleta, também a divulgaram nos distritos pertencentes ao

Município e, no início do ano letivo de 2012, a coordenação do Colégio Estadual de

Palmital procurou a professora idealizadora do projeto, a fim de que ela

apresentasse o trabalho desenvolvido para os alunos e os auxiliasse na implantação

deste na escola.

A intervenção direta com a comunidade foi primordial no processo de

conscientização desta em relação aos problemas ambientais que a produção de

energia em larga escala e o descarte indevido de pilhas e baterias acarretam,

portanto, é necessário que a escola envolva a sociedade em suas atividades,

levando a ela informações, promovendo o conhecimento, reforçando assim a

importância, por parte da população, da tomada de atitudes sustentáveis em relação

ao meio ambiente.

É importante enfatizar que a comunidade continua entregando as pilhas e

baterias descartáveis no papa-pilhas que fica à disposição no corredor de entrada da

Escola. A participação foi tão significativa que hoje o trabalho foi agregado ao

Projeto de Meio Ambiente da Agente 21 da escola e pode ser consultado por

professores, funcionários, alunos e comunidade através do Projeto Político

Pedagógico.

Nas reuniões de Pais, procura-se sempre comunicar que a Escola continua

fazendo a coleta seletiva de pilhas e baterias. A Secretaria Municipal de Saúde

afirmou que dar continuidade a esse projeto é de extrema importância tanto para a

comunidade de Boa Esperança quanto para o meio ambiente e que, portanto, estará

sempre à disposição da escola para auxiliá-la no que for preciso.

Ao encerramento da intervenção os alunos afirmaram que, após todas as

informações recebidas, de ali em diante procurariam viver de forma sustentável,

economizando energia, preservando o meio ambiente, fazendo o descarte devido de

pilhas, baterias e demais materiais que poderiam ser prejudiciais à natureza, a fim

de garantir condições de vida para as gerações futuras.

A segunda etapa da implementação pedagógica diz respeito ao Grupo de

Trabalho em Rede (GTR), que pautou-se na necessidade de promover uma

discussão acerca dos prejuízos que o consumo excessivo de energia e,

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consequentemente, a necessidade de sua produção em grande escala, acarretam

para o planeta.

Durante o GTR os professores de Física tiveram a oportunidade de refletir

acerca da importância do uso consciente de energia elétrica, considerando os

problemas decorrentes do uso exacerbado, e se atentar para a necessidade de se

trabalhar esse tema, de forma contextualizada, dentro da disciplina de Física, como

relata abaixo uma das participantes da discussão.

“Embora a quantidade de energia dispersa na natureza seja enorme, a

utilização desta não acontece sem prejuízos ao meio ambiente. O ensino de Física

pode contribuir para o uso racional de energia, a medida que discuta com seus

alunos os processos de transformação e geração de energia. Muitos desconhecem

as pertubações ecológicas ocasionadas pelo represamento de rios; o efeito estufa e

a chuva ácida provocadas pela emissão de gases na queima de combustíveis; o lixo

radiativo, produzido nas usinas nucleares. Através de pesquisas e discussões sobre

as formas de obtenção de energia renováveis e não-renováveis, seus prós e contras

e suas formas de utilização, oferecendo assim condições ao aluno a compreensão

de conceitos relativos a energia e a possibilidade de um desenvolvimento

sustentável. É importante que a abordagem desse conteúdo seja feita de forma

contextualizada levando em consideração os aspectos históricos, sociais,

econômicos e ambientais”.

Além disso, foi proporcionada aos professores a oportunidade de refletir

sobre a importância deste projeto para a escola pública de Educação Básica do

Paraná e realizar uma troca de experiências entre os cursistas e a professora PDE,

acerca de atividades já desenvolvidas ou sugeridas por eles, relacionadas ao

assunto, dentro da disciplina de Física, como consta abaixo:

“No início do ano letivo de 2011, pedi aos alunos do terceiro ano para

escreverem sobre o tema: Uma semana sem energia elétrica? Problemas e

vantagens. O objetivo da atividade foi para que os educandos percebessem a

importância da energia elétrica em nossa vida e que temos que economizar energia,

afinal sem ela voltaria à idade da Pedra.

Os relatos foram surpreendentes, pois na descrição dos alunos não havia

vantagens em ficar sem energia elétrica.

Depois da discussão sobre o tema comecei o conteúdo eletricidade e percebi

que o interesse dos alunos foi maior em relação aos anos anteriores”.

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Essa troca de experiências entre os professores é de grande valia, pois

algumas vezes, uma boa ideia surgida em determinada escola serve de inspiração

para mudanças positivas em outras instituições. De acordo com a coordenadora do

estudo Redes de Aprendizagem, do Fundo das Nações Unidas para a Infância

(Unicef), Monica Samia, “o intercâmbio de ideias é fundamental para a melhoria na

qualidade do ensino”. Não existe nada mais construtivo que juntar educadores de

vários lugares para fazer o planejamento e trocar experiências na tentativa de

contribuir para o processo de construção do conhecimento dos alunos (LEVISCHI,

2008).

Durante as discussões promovidas no GTR houve uma interação produtiva e

significativa entre os participantes e a tutora. Os cursistas analisaram o Projeto

tecendo diferentes opiniões sobre o uso consciente de energia, refletiram acerca dos

impactos ambientais decorrentes da produção em larga escala, demonstraram ter

compreensão da importância do estudo desse tema por parte dos alunos do Ensino

Médio, a fim de garantir a preservação do meio ambiente, e tiveram a oportunidade

de realizar uma troca de experiências, apresentar ou sugerir atividades que

contribuíssem para seu enriquecimento enquanto profissional.

5. Considerações Finais

Com o aumento da população no mundo e o crescimento industrial, o

consumo de energia tende a crescer em grandes proporções, evidenciando a

necessidade de melhorar a eficiência dos processos de geração de energia e

promover sua utilização de forma racional, evitando desperdícios.

Diante de tal realidade, o projeto de intervenção pedagógica denominado "A

Produção de Energia Elétrica em Larga Escala e a Questão Ambiental”,

desenvolvido dentro da disciplina de Física, procurou despertar o interesse dos

alunos acerca da problemática e possibilitar que eles refletissem e vissem na prática

a importância de um consumo de energia consciente, que cause o mínimo de

impactos ambientais durante sua produção, uma vez que é necessário conhecermos

os processos de transformação de uma fonte de energia primária em elétrica, para

analisarmos quais são menos prejudiciais ao meio ambiente e ao ser humano.

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A partir das atividades propostas os discentes puderam pesquisar, analisar e

discutir sobre as fontes geradoras de energia e expor suas opiniões e dúvidas em

relação à temática. Além disso, realizaram um trabalho de conscientização da

população em relação à importância do descarte de forma correta de pilhas e

baterias que estão em desuso, promoveram uma coleta e distribuíram panfletos,

demonstrando assim compreender a importância do estudo desse tema, uma vez

que nós, na condição de seres humanos, temos a responsabilidade de garantir a

preservação do meio ambiente.

Outro ponto que merece ser destacado é a discussão dos professores de

Física que participaram do GTR acerca do tema, pois é imprescindível que eles

tenham consciência da importância de se trabalhar os conteúdos físicos de uma

forma mais abrangente, que chame a atenção dos alunos para as problemáticas

ambientais e sociais.

A grande dificuldade sentida durante aplicação do Projeto de Intervenção foi o

curto espaço de tempo para a realização das atividades junto aos alunos e à

comunidade, no entanto, apesar disso, conseguimos resultados muito positivos no

decorrer do trabalho, pois instalamos um ponto de coleta de pilhas e baterias na

escola, fizemos um trabalho de conscientização dos alunos e da comunidade

escolar, promovemos discussões e reflexões dos professores de Física da Rede

Estadual do Paraná sobre o assunto e disseminamos as ideias do nosso projeto nas

comunidades vizinhas de Boa Esperança, mostrando assim que nosso objetivo

inicial foi alcançado.

Referências Bibliográficas

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