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8° Encontro da ABCP 01 a 04/08/2012, Gramado, RS AT04 - Ensino e Pesquisa em Ciência Política e Relações Internacionais A PRODUÇÃO DE TESES E DISSERTAÇÕES DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS E ÁREAS AFINS NO BRASIL Luiz Antônio Correia de Medeiros Gusmão Fundação Alexandre de Gusmão - FUNAG Instituto de Relações Internacionais - IREL/UNB

A PRODUÇÃO DE TESES E DISSERTAÇÕES DE RELAÇÕES ... · Relações Internacionais e temas afins (vide Lista de Instituições, em anexo). O cadastro das teses e dissertações

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8° Encontro da ABCP

01 a 04/08/2012, Gramado, RS

AT04 - Ensino e Pesquisa em Ciência Política e Relações Internacionais

A PRODUÇÃO DE TESES E DISSERTAÇÕES DE RELAÇÕES

INTERNACIONAIS E ÁREAS AFINS NO BRASIL

Luiz Antônio Correia de Medeiros Gusmão

Fundação Alexandre de Gusmão - FUNAG

Instituto de Relações Internacionais - IREL/UNB

RESUMO

O ensino e o estudo das Relações Internacionais no Brasil têm sido objeto de

avaliações regulares desde a década de 1980. Contudo, pouco se tem se

falado sobre a produção de teses de doutorado e dissertações de mestrado

defendidas em programas de pós-graduação de instituições públicas e privadas

em Relações Internacionais, Ciência Política e outras áreas cujas linhas de

pesquisa tangenciam a política internacional. Esta pesquisa busca preencher

essa lacuna. Com base em cerca de 2.500 trabalhos cadastrados no Banco de

Teses e Dissertações, elaborado pelo Instituto de Pesquisa de Relações

Internacionais (IPRI) da Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG),

analisamos os perfis de pesquisadores, instituições de ensino superior e

programas de pós-graduação.

3

A produção de teses e dissertações de Relações Internacionais e áreas

afins no Brasil1

Luiz Antônio Gusmão2

O ensino e o estudo das Relações Internacionais no Brasil têm sido objeto de

avaliações regulares, no entanto, o foco desses trabalhos recai, quase

exclusivamente, sobre a notória expansão da oferta de cursos de graduação na

última década. Pouco se tem se falado sobre a produção da comunidade

acadêmica, principalmente no que tange às teses de doutorado e dissertações

de mestrado defendidas em programas de pós-graduação de instituições

públicas e privadas em Relações Internacionais, Ciência Política e outras áreas

cujas linhas de pesquisa tangenciam a política internacional. Com frequência,

os trabalhos analisam a produção editorial e acadêmica com base em critérios

subjetivos e uma seleção parcial de obras consideradas relevantes. Não há

trabalhos dedicados a analisar, com base empírica, a produção de programas

de pós-graduação, das instituições de ensino superior e dos pesquisadores que

se especializam na área ou se dedicam a estudar temas correlatos a política

internacional. Nas páginas seguintes, buscamos preencher essa lacuna.3

Inicialmente, apresentaremos o Banco de Teses e Dissertações, elaborado

pela equipe de Apoio Técnico do Instituto de Pesquisa de Relações

Internacionais (IPRI/FUNAG). Com base nos dados coligidos nesse banco,

apresentamos estatísticas descritivas sobre a evolução histórica dos

programas de pós-graduação e o perfil dos pesquisadores na área. Por fim,

concluímos com algumas observações finais.

1 Este artigo é resultado da elaboração do Banco de Teses e Dissertações, atividade

continuada do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI), órgão da Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG). Todas opiniões expressas neste artigo são de inteira responsabilidade do seu autor e não refletem necessariamente aquelas da FUNAG ou de outras instituições mencionadas. 2 Doutorando em Relações Internacionais (IRel/UnB), Mestre em Ciência Política (Iuperj),

Analista de Relações Internacionais do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI) da Fundação Alexandre de Gusmão (Funag). 3 Remetemos o leitor ao Anexo bibliográfico deste trabalho para uma relação geral de artigos e

textos voltados à análise do ensino e da produção de pesquisa em Relações Internacionais no Brasil.

4

O Banco de Teses e Dissertações

O Banco de Teses e Dissertações é uma atividade continuada do Instituto de

Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI), órgão da Fundação Alexandre de

Gusmão. O Banco é uma atividade-fim do IPRI para fomento de pesquisa

bibliográfica que tem por objetivo consolidar, em uma única base de dados,

informações sobre teses e dissertações defendidas em instituições de ensino

superior (públicas e privadas). Construído a partir da unificação das listas

fornecidas por órgãos públicos (especificamente a CAPES) e instituições de

ensino superior que possuem linhas de pesquisa ou áreas de concentração em

Relações Internacionais e temas afins (vide Lista de Instituições, em anexo).

O cadastro das teses e dissertações está concentrado nos programas de stricto

sensu. Contudo, também são incorporadas aquelas aprovadas em programas

nas diversas áreas das Ciências Sociais que tangenciem temas de política

externa e internacional e de política comparada (História, Ciência Política,

Economia, Sociologia, Administração, Antropologia etc.). Os trabalhos são

classificados por Programa, Instituição, Ano de defesa e Titulação conferida e

Sexo do autor. Além do Título e do Nome do autor, sempre que possível, são

inseridas Palavras-chave e Resumo.

O Banco fornece um quadro abrangente, embora ainda incompleto, da

produção acadêmica na área nas últimas quatro décadas. Até junho de 2012,

foram cadastrados 2.530 trabalhos de 2411 autores diferentes. São trabalhos

defendidos entre 1973 e 2012, provenientes de 35 instituições e 110 programas

de pós-graduação (ver Anexo 1). Conforme a tabela 1, abaixo, há 1334

dissertações de mestrado (53%), 451 teses de doutorado (18%), 565 teses do

5

Curso de Altos Estudos - CAE4 (22%) e 180 dissertações do Curso de Pós-

Graduação em Diplomacia do Instituto Rio Branco5 (7%).

Tabela 1. Titulação dos autores de teses e dissertações

Titulação N %

Mestre 1334 53% Doutor 451 18% Aprovado CAE 565 22% Mestrado IRBr 180 7% Total geral 2530 100%

Fonte: IPRI/FUNAG

O gráfico 1, abaixo, ilustra a produção anual de teses e dissertações, por

Titulação. O gráfico evidencia o longo predomínio do Itamaraty em que o corpo

diplomático exerceu papel fundamental na consolidação das relações

internacionais como campo de estudo acadêmico. Em 1991, o número de teses

e dissertações acadêmicas defendidas em um ano (20) superou pela primeira

vez o de teses CAE (17). Apenas oito anos mais tarde, em 1999, o volume total

de teses CAE (303) foi superado pela produção dos programas de pós-

graduação acadêmicos (327) acumulada até então. O gráfico também mostra

claramente a expansão do campo a partir do ano 2000. Entre 1980-89, a média

da produção total foi de 19 trabalhos por ano; entre 1990-99, aumentou para

42,4; entre 2000-09, chegou a 163,5.

4 O Curso de Altos Estudos (CAE) é mantido pelo Instituto Rio Branco como parte integrante do

sistema de treinamento e qualificação na Carreira de Diplomata, com o objetivo de atualizar e aprofundar os conhecimentos necessários ao desempenho das funções exercidas pelo Ministros de Primeira e Segunda Classes. O candidato inscrito no CAE deve preparar e apresentar tese, a qual é submetida à Banca Examinadora, para arguição oral. A posse do diploma requisito para a progressão funcional de Conselheiro a Ministro de Segunda Classe. 5 O Curso de Mestrado em Diplomacia do Instituto Rio Branco (IRBr) iniciou atividades em

2002, como pós-graduação profissionalizante para formação de diplomatas capazes de atuar com desenvoltura no cenário da política internacional.

6

Gráfico 1. Teses e dissertações cadastradas, por titulação, 1973-2012

Fonte: IPRI/FUNAG

0

50

100

150

200

250

Mestrado IRBr Aprovado CAE Doutorado Mestrado

7

A produção acadêmica brasileira nesse campo também se concentra

geograficamente em três estados. Como demonstra a tabela 2 abaixo, apenas

três estados são responsáveis por mais de 90% da produção acadêmica de

teses e dissertações. O Distrito Federal, sede das duas instituições com os

programas mais antigos (o Instituto de Relações Internacionais da

Universidade de Brasília6 e o Instituto Rio Branco7), é responsável por 54% dos

trabalhos cadastrados. São Paulo ocupa o segundo lugar, com cerca de 20%.

O Rio de Janeiro, em terceiro, com 17%.

Tabela 2. Instituições de Ensino Superior (IES), Programas de Pós-Graduação (PPG) e quantidade de teses e dissertações (N) cadastradas,

por Estado e Região

Região/Estado IES PPG N %N

Centro Oeste 5 16 1365 53,95% Distrito Federal 5 16 1365 53,95%

Sudeste 18 69 1003 39,64% São Paulo 7 31 504 19,92% Rio de Janeiro 8 30 435 17,19% Minas Gerais 3 8 64 2,53%

Sul 7 16 134 5,30% Rio Grande do Sul 4 12 127 5,02% Santa Catarina 1 2 4 0,16% Paraná 2 2 3 0,12%

Nordeste 3 7 26 1,03% Pernambuco 1 3 17 0,67% Paraíba 1 3 8 0,32% Piauí 1 1 1 0,04%

Norte 2 2 2 0,08% Pará 2 2 2 0,08%

Total geral 35 110 2530 100% Fonte: IPRI/FUNAG

6 Institucionalmente, ao longo de boa parte da sua história, a área de Relações Internacionais

da Universidade de Brasília esteve organizada em duas unidades distintas: uma, localizada no Departamento de Ciência Política e Relações Internacionais, e outra situada no Departamento de História. Em 2000, as capacidades foram reunidas sob o atual Instituto de Relações Internacionais (IREL), processo concluído em 2003. 7 O Instituto Rio Branco (IRBr) é a academia diplomática brasileira, responsável pela formação

e aperfeiçoamento dos diplomatas brasileiros, em processo contínuo de estudos e atualização, com a oferta dos seguintes cursos: o Curso de Formação (CF), na etapa inicial da carreira, para Terceiros Secretários apenas aprovados no concurso de admissão; o Curso de Aperfeiçoamento de Diplomatas (CAD), para Segundos Secretários; e o Curso de Altos Estudos (CAE), para Conselheiros. Os alunos do Curso de Formação têm a possibilidade de optar por fazer o Mestrado em Diplomacia.

8

A tabela 2 também revela uma aparente distorção: apesar de mais da metade

das instituições se concentrarem no Sudeste, este responde apenas por cerca

de 40% das teses e dissertações produzidas, ao passo que o Centro Oeste,

com apenas cinco instituições, é responsável por mais da metade. Essa

distorção decorre de uma defasagem provocada pelo período em que o Curso

de altos Estudos (CAE) do Instituto Rio Branco (IRBr) foi o único programa a

fomentar, consistentemente, pesquisas sobre temas de política externa.

Os gráficos 2 e 3 abaixo, mostram, respectivamente as dez maiores IES e os

dez maiores PPGs em número de teses e dissertações cadastradas. Três

instituições são responsáveis por cerca de 63% das teses e dissertações

cadastradas: o Instituto Rio Branco do Itamaraty (29%), a Universidade de

Brasília (22%) e a Universidade de São Paulo (11%).

Programas de Relações Internacionais compõem cerca 26% do Banco.

Juntamente, com o Curso de Altos Estudos (22%) e o mestrado

profissionalizante em Diplomacia (7%) do IRBr, correspondem a cerca de 55%

das teses e dissertações cadastradas. Os principais programas de áreas afins

são os de Ciência Política (15%), História (7%), Estudos Comparados sobre as

Américas do CEPPAC (6%), Direito (5%) e Sociologia (4%).

9

Gráfico 2. Principais Instituições de Ensino Superior

Fonte: IPRI/FUNAG

Gráfico 3. Principais Programas de Pós-Graduação

Fonte: IPRI/FUNAG

180 565

72

98

83

64

90

125

144

402

1

40

16

43

19

13

134

166

0 100 200 300 400 500 600 700 800

UFF

IUPERJ

San Tiago Dantas

UFRGS

Unicamp

UERJ

PUC Rio

USP

UnB

IRBr

Mestrado IRBr Aprovado CAE Mestrado Doutorado

565

20

14

52

21

96

49

118

44

15

23

49

98

52

135

253

607

180

0 100 200 300 400 500 600 700

Ciências Sociais

Geografia Humana

Sociologia

Direito

Est. Comp. (Ceppac)

Diplomacia (IRBr)

História

Ciência Política

CAE (IRBr)

Relações Internacionais

Mestrado IRBr Aprovado CAE Mestrado Doutorado

10

Para melhor compreensibilidade da série histórica, os dados são agregados por

triênio, de 1979 a 2011 (ver tabela 3, abaixo). Este procedimento descarta

apenas seis trabalhos (cinco dissertações de mestrado e uma tese de

doutorado), o que não compromete a validade das observações do volume total

de trabalhos.

Tabela 3. Teses e dissertações por triênio, 1979-2011

Triênio Mestrado IRBr

Aprovado CAE

Mestrado Doutorado Total

1979-1981 - 18 7 1 26 1982-1984 - 90 8 3 101 1985-1987 - 29 9 1 39 1988-1990 - 36 24 3 63 1991-1993 - 57 44 10 111 1994-1996 - 34 62 27 123 1997-1999 - 39 87 41 167 2000-2002 - 49 125 72 246 2003-2005 81 67 247 73 468 2006-2008 59 115 374 134 682 2009-2011 40 31 342 85 498 Total 180 565 1329 450 2524

Fonte: IPRI/FUNAG

Este expediente permite comparar as proporções entre: i) a produção trienal de

teses e dissertações da academia em relação a produção trienal dos

programas do Itamaraty (Cursos de altos Estudos e Mestrado em Diplomacia) e

ii) a proporção de dissertações de mestrado em relação a teses de doutorado.

O gráfico 2 abaixo ilustra a predominância do Itamaraty de 1979 a 1993,

quando, em média, duas teses CAE eram produzidas para cada tese ou

dissertação acadêmica defendida. De 1994 a 2002, a academia ganha

proeminência de forma tal que essas proporções se invertem: em média, para

cada tese CAE, há três teses ou dissertações acadêmicas. Com a criação do

Mestrado em Diplomacia, essa situação é um atenuada, mas não reverte

completamente: para cada tese CAE produzida, há 2,5 teses ou dissertações

acadêmicas. A ausência de trabalhos do Itamaraty de 2011 e 2012 cadastrados

no Banco, explica o salto que se pode ver no triênio de 2009-2011.

11

Gráfico 4. Proporções entre produção trienal de teses e dissertações, 1979-2011

Fonte: IPRI/FUNAG

O gráfico também registra o aumento da produção de teses em relação ao

número de dissertações defendidas. Entre 1979 e 1990, em média, para cada

tese produzida havia 6,67 dissertações de mestrado. A partir daí, essa

proporção declina continuamente entre 1991 e 2002, quando, em média, para

cada tese produzida, defendiam-se 2,64 dissertações. De 2003 em diante, a

produção de dissertações aumenta e parece se estabilizar na proporção média

de 3,40 dissertações para cada tese produzida.

O Banco fornece um quadro desequilibrado do perfil de gênero dos autores de

teses e dissertações. O gráfico 5 mostra que apenas 893 (35%) dos autores

são do sexo feminino. A categoria que mais se aproxima da igualdade é a dos

autores com título de mestrado: cerca de 44% são mulheres. Dentre doutores,

apenas 38%. Mestres em Diplomacia e Aprovados CAE do sexo feminino são o

grupo de maior desigualdade com, respectivamente, cerca de 26% e 11% de

mulheres em cada grupo.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Academia/Itamaraty Dissertações/Teses

12

Gráfico 5. Teses e dissertações por sexo e titulação do autor

Fonte: IPRI/FUNAG

Com os dados coligidos no Banco, é possível delinear um perfil dos

pesquisadores que vem sendo formados pelos programas de pós-graduação

da área. Uma quantidade significativa de 117 autores (cerca de 5% do total)

figura no Banco com duas titulações diferentes. Na tabela 4, abaixo, eles são

classificados por títulos obtidos na mesma instituição e na mesma área.

Tabela 4. Autores com mais de uma titulação

Período Intervalo

médio N

1987-1989 10,67 3 1990-1992 8,33 6 1993-1995 7,36 14 1996-1998 7,32 19 1999-2001 5,67 33 2002-2004 5,45 20 2005-2008 3,32 22 Total geral 5,92 117

Fonte: IPRI/FUNAG

47 89173

584

133

476 278

750

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

Mestre IRBr Aprovado CAE Doutor Mestre

Feminino Masculino

13

A proporção de pesquisadores com títulos de mestrado e doutorado na mesma

instituição e área pode indicar tanto uma virtude de solidez na formação como

um vício de endogeneidade acadêmica em que as instituições formam quadros

preferencialmente a partir de seus próprios alunos.

Embora não estejam presentes nem trabalhos defendidos em Instituições

estrangeiras nem autores que porventura tenham mudado para programas ou

temas sem afinidade com o campo, o Banco permite retratar uma profunda

mudança no perfil dos pesquisadores que obtiveram mestrado e doutorado.

Entre 1987 e 2008, o intervalo médio de obtenção do segundo título caiu cerca

de três vezes. Como revela o gráfico 6 abaixo, o intervalo médio para os

autores que adquiriram sua primeira titulação no triênio de 1987-1989 obterem

o segundo título era de pouco menos de 11 anos. No triênio de 2005-2008,

esse número é reduzido para cerca de três anos.

Gráfico 6. Intervalo médio para aquisição de segundo título, por triênio (1987-2008)

Fonte: IPRI/FUNAG

10,67

8,33

7,36 7,32

5,67 5,45

3,32

0

2

4

6

8

10

12

1987-1989 1990-1992 1993-1995 1996-1998 1999-2001 2002-2004 2005-2008

14

A rapidez com que os novos pesquisadores obtém títulos deve-se tanto a

internalização pelos programas dos critérios de avaliação da pós-graduação da

CAPES8 que punem atrasos nas defesas de teses e dissertações quanto a

estratégias profissionais daqueles que, com a relativa massificação dos títulos

de mestrado, buscam uma diferenciação no mercado de trabalho acadêmico. O

que antes era o coroamento de um lento amadurecimento intelectual, hoje é

um trabalho de início de carreira. Desde 2002, alguns aprovados no Concurso

de Admissão à Carreira Diplomática chegam a realizar concomitantemente o

Mestrado profissionalizante em Diplomacia e outro curso de pós-graduação em

instituição de ensino superior, o que contribui para a drástica redução do

intervalo médio no triênio de 2005-2008.

Observações finais

O Itamaraty cumpriu importante papel na indução do desenvolvimento do

campo das Relações Internacionais no País. Tendo começado a reboque da

necessidade de formação de quadros do Itamaraty, a pesquisa em programas

de pós-graduação em Relações Internacionais no Brasil veio se consolidando

nas últimas quatro décadas. Embora a academia tenha ganhado autonomia e

projeção institucional com a formação de milhares de pesquisadores, o

Itamaraty ainda representa parte substancial da produção nesse campo de

estudos: o programa de pós-graduação em Diplomacia e o Curso de Altos

Estudos (CAE) do Instituto Rio Branco correspondem a quase um quarto da

produção total entre 2001 e 2010. A produção ainda está bastante concentrada

em três polos (Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro), mas a comunidade

brasileira de Relações Internacionais disseminou-se com a criação de

instituições e programas em todas s regiões do país, inclusive em cidades do

interior.

8 Implantada em 1976, a Avaliação dos Programas de Pós-graduação compreende a realização

do acompanhamento anual e da avaliação trienal do desempenho de todos os programas e cursos que integram o Sistema Nacional de Pós-graduação (SNPG). Os resultados desse processo, expressos pela atribuição de uma nota na escala de 1 a 7 fundamentam a deliberação CNE/MEC sobre quais cursos obterão a renovação de "reconhecimento", a vigorar no triênio subseqüente.

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Anexo bibliográfico

Artigos

ALMEIDA, Paulo Roberto de. O estudo das relações internacionais do Brasil.

Um diálogo entre a diplomacia e a academia. Brasília, 2006.

_____. 1998. Revista Brasileira de Política Internacional: quatro décadas ao

serviço da inserção internacional do Brasil. Revista Brasileira de Política

Internacional, v. 41, n. especial, p. 42-65.

FARIAS, Rogério de Souza. O estudo das relações internacionais no Brasil: a

crítica da relevância e a relevância da crítica. Mundorama, 04/12/2010.

Acessível em: <http://mundorama.net/2010/12/04/o-estudo-das-relacoes-

internacionais-no-brasil-a-critica-da-relevancia-e-a-relevancia-da-critica-por-

rogerio-de-souza-farias/>

HERZ, Mônica. 2002. O crescimento da área de relações internacionais no

Brasil. Contexto Internacional, v. 24, n. 1, p. 7-40.

LESSA, Antonio Carlos. 2005a. Instituições, atores e dinâmicas do ensino e da

pesquisa em Relações Internacionais no Brasil: o diálogo entre a história, a

ciência política e os novos paradigmas de interpretação (dos anos 90 aos

nossos dias). Revista Brasileira de Política Internacional, v. 48, n. 2, p. 169-

184.

_____. 2005b. O ensino de Relações Internacionais no Brasil. In: SARAIVA,

José Flávio Sombra e CERVO, Amado Luiz. O crescimento das Relações

Internacionais no Brasil. Brasília: Instituto Brasileiro de Relações

Internacionais (IBRI), p. 33-50.

MIYAMOTO, Shiguenoli. 2003. O ensino das relações internacionais no Brasil:

Problemas e perspectivas. Revista de Sociologia e Política, n. 20, p. 103-

114.

_____. 1999. O estudo das relações internacionais no Brasil: O estado de arte.

Revista de Sociologia e Política, n. 12, p. 83-98.

_____. 1983. O estudo das relações internacionais no Brasil. Perspectivas, n.

6, p. 133-144.

SANTOS, Norma Breda. 2005. História das Relações Internacionais no Brasil:

esboço de uma avaliação sobre a área. História, v. 24, n. 1, p. 11-39.

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internacionais no Brasil. Contexto Internacional, v. 31, n. 2, p. 353-380.

VELASCO E CRUZ, Sebastião C. e MENDONÇA, Felipe. 2010. O campo das

Relações Internacionais no Brasil. Situação, desafios, possibilidades. In:

MARTINS, Carlos Benedito e LESSA, Renato (orgs.), Horizontes das

ciências sociais no Brasil: ciência política, São Paulo: ANPOCS, p. 297-320.

VIZENTINI, Paulo Fagundes. 2005. A evolução da produção intelectual e dos

estudos acadêmicos de relações internacionais no Brasil. In: SARAIVA, José

Flávio Sombra e CERVO, Amado Luiz. O crescimento das Relações

Internacionais no Brasil. Brasília: Instituto Brasileiro de Relações

Internacionais (IBRI), p. 17-31.

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Anexo 1. Quantidade de teses e dissertações cadastradas, por Instituição

de Ensino Superior e Programa de Pós-Graduação

IES/PPG N

Instituto Rio Branco (IRBr) 745

Curso de Altos Estudos (CAE) 565 Curso de Aperfeiçoamento de Diplomatas (CAD) 180

Universidade de Brasília (UnB) 568

Relações Internacionais 290 Estudos Comparados sobre as Américas (Ceppac) 148 História 99 Ciência Política 22 Sociologia 3 Política e Gestão Ambiental 1 Ciência da Informação 1 Política Social 1 Antropologia 1 Direito 1 Linguística Aplicada 1

Universidade de São Paulo (USP) 278

Ciência Política 146 Sociologia 47 Geografia Humana 37 Direito Internacional 23 Integração da América Latina 15 Direito 4 Direitos Humanos 3 Semiótica e Linguística Geral 1 História Social 1 Economia Aplicada 1

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC Rio) 138

Relações Internacionais 136 Direito 2

Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) 109

História 47 Direito 35 Geografia 7 Relações Internacionais 5 Economia 4 Saúde Coletiva 2 Educação 2 Saúde Pública 2 Políticas Públicas e Formação Humana 1 Psicologia Social 1 Sociologia 1 Ciências Contábeis 1 Linguística 1

Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) 107

Ciência Política 34 Sociologia 24

18

Ciências Sociais 21 História 9 Antropologia Social 6 Antropologia 4 Filosofia 3 Ambiente e Sociedade 2 Política Cientifica e Tecnológica 1 Artes 1 Demografia 1 Economia Aplicada 1

Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) 99

Relações Internacionais 55 Ciência Política 35 Sociologia 4 História 3 Antropologia Social 1 Direito 1

Programa San Tiago Dantas (UNESP, Unicamp e PUC-SP) 98

Relações Internacionais 98 Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ) 85

Ciência Política 67 Sociologia 18

Universidade Federal Fluminense (UFF) 73

Ciência Política 35 Relações Internacionais 33 Estudos Estratégicos da Segurança e da Defesa 5

Centro Universitário de Brasília (UniCEUB) 42

Direito 42 Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) 31

Ciência Política 14 Direito 10 Ciência da Informação 2 História 2 Economia 2 Geografia 1

Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) 31

Relações Internacionais 31 Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) 25

História 16 Ciências Sociais 6 Direito 3

Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) 17

Ciência Política 11 Economia 3 Direito 3

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) 16

História 6 Economia da Indústria e da Tecnologia 5 Economia Política Internacional 2 Engenharia de Produção 1

19

Sociologia 1 Ciência Política 1

Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos (CEBELA) 11

Relações Internacionais para a América do Sul 11 Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) 9

Ciências Sociais 4 Relações Internacionais 2 Direito 2 Economia Política 1

Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) 8

Ciência Política 5 Ciências Sociais 3

Universidade Federal da Paraíba (UFPB) 8

Ciências Jurídicas 6 Economia Rural 1 Desenvolvimento e Meio Ambiente 1

Universidade Católica de Brasília (UCB) 7

Direito 7 Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) 4

Direito 3 Relações Internacionais 1

Universidade Católica de Santos (UNISANTOS) 3

Direito 3 Centro Universitário Euro-Americano (Unieuro) 3

Direitos Humanos, Cidadania e Violência 3 Universidade Federal do Paraná (UFPR) 2

Sociologia 2 Universidade Federal de Uberlândia 2

Economia 2 Universidade Cândido Mendes (UCAM) 2

Economia e gestão empresarial 1 Direito 1

Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) 2

Psicologia 1 História 1

Universidade Federal do Piauí (UFPI) 1

Ciência Política 1 Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP/UERJ) 1

Sociologia 1 Universidade da Amazônia (UNAMA) 1

Direito 1 Universidade Federal do Pará (UFPA) 1

Direito 1 Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) 1

Integração Latino-Americana 1 Universidade Estadual Paulista (Unesp) 1

História 1 Universidade Estadual de Londrina 1

Ciências Sociais 1 Total geral 2530

20

Anexo 2. Teses e dissertações por ano de defesa e titulação, 1973-2012

Ano da defesa

Aprovado CAD

Aprovado CAE

Doutor Mestre Total geral

1973 - - 1 - 1 1978 - - 0 1 1 1979 - 10 1 5 16 1980 - 2 0 1 3 1981 - 6 0 1 7 1982 - 44 2 1 47 1983 - 29 0 5 34 1984 - 17 1 2 20 1985 - 12 0 1 13 1986 - 10 1 4 15 1987 - 7 0 4 11 1988 - 10 1 8 19 1989 - 12 1 8 21 1990 - 14 1 8 23 1991 - 17 1 19 37 1992 - 12 4 17 33 1993 - 28 5 8 41 1994 - 15 7 20 42 1995 - 10 5 20 35 1996 - 9 15 22 46 1997 - 15 16 29 60 1998 - 12 15 30 57 1999 - 12 10 28 50 2000 - 21 29 39 89 2001 - 19 25 42 86 2002 - 9 18 44 71 2003 11 25 23 51 110 2004 24 13 18 77 132 2005 46 29 32 119 226 2006 22 31 51 128 232 2007 22 55 39 118 234 2008 15 29 44 128 216 2009 35 21 39 144 239 2010 5 10 37 138 190 2011 - - 9 60 69 2012 - - - 4 4 Total geral

180 565 451 1334 2530

Fonte: IPRI/FUNAG