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Faz parte do ciclo de aprendizagem no Anglo: aula dada, aula es- tudada, prova, diagnóstico. Este trabalho, pioneiro, é mais que um gabarito: a resolução que segue cada questão reproduzida da prova constitui uma oportuni- dade para se aprender a matéria, perceber um aspecto diferente, rever um detalhe. Como uma aula. É útil para o estudante analisar outros modos de resolver as questões que acertou e descobrir por que em alguns casos errou — por simples desatenção, desconhecimento do tema, diculdade de relacionar os conhecimentos necessários para chegar à resposta. Em resumo, deve ser usado sem moderação. A Universidade Estadual Paulista — Unesp — tem unidades instala- das em várias cidades do estado de São Paulo: Araçatuba, Araraquara, Assis, Bauru, Botucatu, Franca, Guaratinguetá, Ilha Solteira, Itapeva, Jaboticabal, Marília, Presidente Prudente, Rio Claro, Rosana, São José dos Campos, São José do Rio Preto, São Paulo, São Vicente e Tupã. Seu vestibular, que é aplicado pela Fundação Vunesp, é realizado em duas fases. A segunda fase da Unesp compreende provas de conhecimentos es- pecí cos. São questões analítico-expositivas e uma Redação, em dois dias, com a seguinte constituição: 1 o dia: • 12 questões de Ciências Humanas (História, Geograa e Filosoa). • 12 questões de Ciências da Natureza (Física, Química e Biologia) e Matemática. 2 o dia: • 12 questões de Linguagens (Português, Literatura, Educação Física, Língua Inglesa e Artes) e uma Redação. Duração das provas em cada dia: 4 horas e 30 minutos. Cada questão vale 2 pontos, e a Redação, 28 pontos. Para a nota nal será aplicada a nota da parte objetiva do ENEM da seguinte forma, quando favorecer o candidato: Nota da 1 a fase × 4 + nota do ENEM 5 = nota da 1 a fase com ENEM a prova da 2 a fase da UNESP dezembro 2011 o anglo resolve Aula Estudada Aula Dada Prova Diagnós- tico

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Faz parte do ciclo de aprendizagem no Anglo: aula dada, aula es-tudada, prova, diagnóstico.Este trabalho, pioneiro, é mais que um gabarito: a resolução que segue cada questão reproduzida da prova constitui uma oportuni-dade para se aprender a matéria, perceber um aspecto diferente, rever um detalhe. Como uma aula. É útil para o estudante analisar outros modos de resolver as questões que acertou e descobrir por que em alguns casos errou — por simples desatenção, desconhecimento do tema, difi culdade de relacionar os conhecimentos necessários para chegar à resposta. Em resumo, deve ser usado sem moderação.

A Universidade Estadual Paulista — Unesp — tem unidades instala-das em várias cidades do estado de São Paulo: Araçatuba, Araraquara, Assis, Bauru, Botucatu, Franca, Guaratinguetá, Ilha Solteira, Itapeva, Jaboticabal, Marília, Presidente Prudente, Rio Claro, Rosana, São José dos Campos, São José do Rio Preto, São Paulo, São Vicente e Tupã.Seu vestibular, que é aplicado pela Fundação Vunesp, é realizado em duas fases.A segunda fase da Unesp compreende provas de conhecimentos es-pecífi cos. São questões analítico-expositivas e uma Redação, em dois dias, com a seguinte constituição:

1o dia:• 12 questões de Ciências Humanas (História, Geografi a e Filosofi a).• 12 questões de Ciências da Natureza (Física, Química e Biologia) e

Matemática.

2o dia:• 12 questões de Linguagens (Português, Literatura, Educação Física,

Língua Inglesa e Artes) e uma Redação.

Duração das provas em cada dia: 4 horas e 30 minutos. Cada questão vale 2 pontos, e a Redação, 28 pontos.Para a nota fi nal será aplicada a nota da parte objetiva do ENEM da seguinte forma, quando favorecer o candidato:

Nota da 1a fase × 4 + nota do ENEM5

= nota da 1a fase com ENEM

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UNESP/2012 — 2a FASE 2 ANGLO VESTIBULARES

Os candidatos aos cursos de Arquitetura e Urbanismo (Bauru), Arte- -Teatro, Artes Visuais, Design, Educação Artística, Educação Musical e Música (Bacharelado) fazem prova de Habilidade Específi ca.A pontuação fi nal é a média aritmética simples das notas de 1a fase (com ENEM) e a nota da 2a fase.Para os cursos que exigem prova de Habilidade, a pontuação fi nal é a média aritmética simples das seguintes notas: da 1a fase (com ENEM), da 2a fase e da prova de Habilidade Específi ca.É eliminado o candidato ausente em uma das provas ou que tenha nota zero em qualquer um dos três componentes da Prova de Conhe-cimentos Específi cos, na Redação ou na Prova de Habilidades Especí-fi cas, quando for o caso.

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UNESP/2012 — 2a FASE 3 ANGLO VESTIBULARES

▼ Questão 1

O artista holandês Albert Eckhout (c. 1610-c. 1666) esteve no Brasil entre 1637 e 1644, na comitiva de Maurício de Nassau. A tela foi pintada nesse período e pode ser considerada exemplar da forma como muitos viajantes europeus representaram os índios que aqui viviam.

(Albert Eckhout. Índia Tarairiu (tapuia), 1641.)

Identifi que e analise dois elementos da imagem que expressem esse “olhar europeu” sobre o Brasil.

Resolução

Podemos identifi car, dentre diversos elementos, a nudez disfarçada/velada e as partes de corpos carregadas pela índia representando a antropofagia.Quanto à nudez, percebemos o olhar europeu na preocupação do pintor em esconder, através de uma folha-gem, as partes íntimas da índia, o que não era comum entre os povos indígenas brasileiros, demonstrando uma visão eurocêntrica e moral sobre a cultura indígena.Sobre as partes dos corpos que estão no cesto e na mão da índia, trata-se de uma visão distorcida dos rituais antropofágicos, realizados por poucas tribos no Brasil e que jamais envolviam carregar membros como no modelo retratado pelo pintor.

▼ Questão 2

Noite após noite, quando tudo está tranquiloE a lua se esconde por trás da colina,Marchamos, marchamos para realizar nosso desejo.Com machado, lança e fuzil!Oh! meus valentes cortadores!Os que com golpes fortesAs máquinas de cortar destroem.Oh! meus valentes cortadores! (…).

(Canção popular inglesa do início do século XIX. Citada por: Luzia Margareth Ragoe Eduardo F. P. Moreira. O que é Taylorismo, 1986.)

A canção menciona os “quebradores de máquinas”, que agiram em muitas cidades inglesas nas primeiras dé-cadas da industrialização. Alguns historiadores os consideram “rebeldes ingênuos”, enquanto outros os veem como “revolucionários conscientes”.

Justifi que as duas interpretações acerca do movimento.

CCC IIINNNCCC ÊÊÊ AAAIII SSS NNNAAAHHH MMM AAAUUU SSS

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UNESP/2012 — 2a FASE 4 ANGLO VESTIBULARES

Resolução

A canção faz referência aos chamados quebradores de máquinas ou luditas, movimento de trabalhadores surgido na Inglaterra em decorrência do avanço do processo de industrialização.Eles são considerados por alguns historiadores como “rebeldes ingênuos” devido, principalmente, à crença de que seria possível deter pela força o processo de mecanização, industrialização e avanço das relações capitalis-tas, sendo possível citar também a ausência de projeto político revolucionário e de ideologia.Outros historiadores enxergam os luditas como “revolucionários conscientes”, capazes de identifi car e agir efeti-vamente contra as mudanças nas relações de trabalho e contra o controle do capital sobre os meios de produção.

▼ Questão 3

Nunca houve um ano como 1968 e é improvável que volte a haver. Numa ocasião em que nações e culturas ainda eram separadas e muito diferentes — e, em 1968, Polônia, França, Estados Unidos e México eram muito mais diferentes um do outro do que são hoje — ocorreu uma combustão espontânea de espíritos rebeldes no mundo inteiro.

(Mark Kurlansky. 1968 — O ano que abalou o mundo, 2005.)

Indique dois movimentos de “espíritos rebeldes” ocorridos em 1968 e identifi que, em cada um deles, o caráter “espontâneo” mencionado no texto.

Resolução

Entre os vários movimentos que espelharam a rebeldia juvenil do ano de 1968, podem-se citar: Primavera de Praga (Tchecoslováquia): grandes concentrações espontâneas ocorreram em Praga, capital do país socialista e membro da chamada “Cortina de Ferro”. Estudantes e trabalhadores reivindicavam mais li-berdade para a sociedade e criticavam o intervencionismo da URSS nos assuntos internos do país. Cartazes e panfl etos bem-humorados, além de pichações antissoviéticas, marcaram o movimento.Passeata dos Cem Mil (Brasil): em março de 68, durante uma passeata no Rio de Janeiro, a polícia matou a tiros o estudante Edson Luís. A partir desse momento, os protestos contra o regime militar aumentaram, culminan-do na Passeata do Cem Mil, no Rio de Janeiro, em junho de 1968.Maio de 1968 (França): nascido a partir do movimento estudantil e inicialmente não vinculado a formas tradi-cionais de organização política, criticava valores burgueses e a sociedade de consumo. O espírito rebelde pode ser percebido através das grandes manifestações, das pichações e de lemas como “A Imaginação no Poder” e “É Proibido Proibir”.Guerra do Vietnã (Estados Unidos): o intervencionismo imperialista norte-americano no país asiático teve am-pla divulgação pela mídia, levando à conscientização da juventude, que passa a questionar o elevado número de mortos e os custos da guerra, em época de Guerra Fria. A espontaneidade do movimento pode ser apon-tada pelas manifestações com cartazes pacifi stas, lemas do movimento hippie, enfrentamentos com a polícia e canções de protesto.

▼ Questão 4

(Henfi l. Diretas Já, 1984. Adaptado.)

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UNESP/2012 — 2a FASE 5 ANGLO VESTIBULARES

(www.redes.unb.br)

As duas charges foram publicadas em jornais brasileiros durante a década de 1980. Identifi que as campanhas que elas apoiaram e caracterize o signifi cado e os resultados dessas campanhas.

Resolução

As charges se referem, respectivamente, às campanhas pelas eleições presidenciais diretas, em 1984, e pela Assembleia Nacional Constituinte, em 1986. Ambas fi zeram parte das lutas pela redemocratização do país e demonstram as mobilizações de massas da época. As Diretas Já, recusadas no Congresso Nacional, desdobra-ram-se na eleição indireta de Tancredo Neves. E a Constituinte de 1986 promulgou a Constituição de 1988, consolidando o processo de instauração do Estado de Direito.

▼ Questão 5

No mapa, estão indicadas as principais correntes marítimas.

(Wilson Teixeira. Decifrando a Terra, 2009. Adaptado.)

Explique a infl uência da Corrente do Golfo no Atlântico Norte sobre a Europa Ocidental, e destaque os moti-vos das cidades de Londres e Paris terem invernos mais amenos do que Montreal e Nova Iorque.

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UNESP/2012 — 2a FASE 6 ANGLO VESTIBULARES

Resolução

A corrente marinha que banha o litoral atlântico da Europa Ocidental, é quente por originar-se no Golfo do México. Em geral, os litorais banhados por correntes quentes tendem a ter maior umidade e menor amplitude térmica, com invernos mais amenos, principalmente em regiões de clima temperado oceânico, como Londres e Paris.Nos casos de Nova Iorque e Montreal, o que ocorre é a ausência da infl uência de correntes marinhas quentes, que associada ao clima temperado, defi ne invernos mais rigorosos.

▼ Questão 6

Embora a miséria esteja espalhada pelo mundo, é possível delimitar áreas de concentração de extrema pobre-za — pessoas vivendo com menos de US$1 por dia.

No mapa, produzido pelo Centro de Pesquisas da Pobreza Crônica, a escala de tamanho dos países (anamor-fose) está de acordo com seu número de habitantes em pobreza irreversível. A cor indica o nível de renda da maior parte dos habitantes pobres de cada país. Quando dados ofi ciais são insufi cientes, os pesquisadores estimam as taxas nacionais de pobreza.

DOENÇA CRÔNICA: MUNDO RICO, GENTE POBRE

(Scientifi c American Brasil, ano I, no 7, 2011. Adaptado.)

A partir da análise do mapa, cite o nome de duas regiões geográfi cas que se destaquem como desesperada-mente pobres ou muito pobres. Exemplifi que com o nome de um país que melhor demonstre a condição de desesperadamente pobre e de um país com a condição de muito pobre. A partir dos conhecimentos sobre essas regiões, mencione elementos geográfi cos que justifi quem essa pobreza.

Resolução

África e Ásia destacam-se como regiões onde situam-se países classifi cados como desesperadamente pobres ou muito pobres. No continente africano, podemos citar Burkina Fasso, República Democrática do Congo e Etiópia como países desesperadamente pobres, e, na Ásia, Índia, Bangladesh e Mianmar são apontados como países muito pobres.Essas regiões apresentam graves problemas estruturais de distribuição de água potável, fato que potencializa a mortalidade infantil. Péssimas condições de vida, como difícil acesso a medicamentos, precária infraestrutura hospitalar, défi cit de saneamento básico colaboram para a redução da expectativa de vida, somadas à distri-buição de renda desigual.

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UNESP/2012 — 2a FASE 7 ANGLO VESTIBULARES

▼ Questão 7

No mapa, estão traçados os cortes 1-2 e 3-4.

(IBGE. Atlas Geográfi co Escolar, 2009. Adaptado.)

Indique o corte que identifi ca o perfi l topográfi co representado e mencione três características geográfi cas encontradas ao longo desse perfi l.

Resolução

O perfi l topográfi co que identifi ca as unidades geomorfológicas destacadas no perfi l de relevo apresentado é o de no 3-4.Entre as características geográfi cas encontradas ao longo desse perfi l, podem-se citar:

— Relacionadas ao relevo:• presença da planície do pantanal (ao sudoeste);• presença de planaltos e chapadas (na porção central e nordeste do perfi l).

— Relacionadas à hidrografi a:• presenças das bacias do Paraguai, São Francisco e do Leste.

— Relacionadas ao clima:• presença de clima tropical, no Brasil central, semiárido, no interior do nordeste, e tropical úmido, no

litoral desta última região.

— Relacionadas à vegetação:• presença do complexo do pantanal, cerrado (Brasil central), caatinga (interior do nordeste) e mata

atlântica (zona da mata).

— Relacionadas à população:• densidade demográfi ca baixa na faixa central e no interior do nordeste, e alta no litoral nordestino.

— Relacionadas à economia:• presença de pecuária extensiva (bovinos) e cultivo de soja na porção central e oeste da Bahia.

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UNESP/2012 — 2a FASE 8 ANGLO VESTIBULARES

▼ Questão 8

Observe a charge.

…Então, papaijá chegamos à

civilização?

(www.fabianocartunista.com. Adaptado.)

Cite quatro problemas ambientais gerados pela forma urbana de viver representada na charge.

Resolução

A charge ilustra diversos problemas ambientais característicos do espaço urbano, como a impermeabilização do solo, a poluição atmosférica e hídrica e a poluição sonora e visual. Poderiam ser destacados também a de-vastação da mata ciliar, efeitos da chuva ácida e a contaminação dos solos.

▼ Questão 9

A ciência moderna tem maior poder explicativo, permite previsões mais seguras e assegura tecnologias e apli cações mais efi cazes. Não há dúvida de que a explicação científi ca sobre a natureza da chuva comporta usos que a explicação indígena não comporta, como facilitar prognósticos meteorológicos ou a instalação de sistemas de irrigação. Para a ciência moderna, a Lua é um satélite que descreve uma órbita elíptica em torno da Terra, cuja distância mínima do nosso planeta é cerca de 360 mil quilômetros, e que tem raio de 1736 quilômetros. Para os gregos, era Selene, fi lha de Hyprion, irmã de Hélios, amante de Endymion e Pan, e percorria o céu numa car-ruagem de prata. Tenho mais simpatia pela explicação dos gregos, mas devo reconhecer que a teoria moderna permite prever os eclipses da Lua e até desembarcar na Lua, façanha difi cilmente concebível para uma cultura que continuasse aceitando a explicação mitológica. Os astronautas da NASA encontraram na superfície do nosso satélite as montanhas observadas por Galileu, mas não encontraram nem Selene nem sua carruagem de prata. Para o bem ou para o mal as teorias científi cas modernas são válidas, o que não ocorre com as teorias alternativas.

(Sérgio Paulo Rouanet, fi lósofo brasileiro, 1993. Adaptado.)

Cite o nome dos dois diferentes tipos de conhecimento comentados no texto e explique duas diferenças entre eles.

Resolução

Pela leitura, observa-se o contraste entre duas possibilidades evidentes de conhecimento: pensamento cien-tífi co e pensamento mítico/mitológico. As características poderiam ser deduzidas do próprio artigo. Entre as possibilidades, podem-se destacar:

• Conhecimento mítico/mitológico: antropomorfi zação da natureza; explicações causais fantasiosas e não em-basadas pela observação objetiva; conhecimento baseado em narrativas.

• Conhecimento científi co: levantamento de causas naturais que podem ser medidas; descritivismo baseado em dados observáveis; capacidade de previsão (“prognósticos”) a partir da observação das regularidades naturais.

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UNESP/2012 — 2a FASE 9 ANGLO VESTIBULARES

▼ Questão 10

Leia os textos.Texto 1

Ora, a propriedade privada atual, a propriedade burguesa, é a última e mais perfeita expressão do modo de produção e de apropriação baseado nos antagonismos de classes, na exploração de uns pelos outros. Neste sentido, os comunistas podem resumir sua teoria nesta fórmula única: a abolição da propriedade privada. (…)

(…)

A ação comum do proletariado, pelo menos nos países civilizados, é uma das primeiras condições para sua emancipação. Suprimi a exploração do homem pelo homem e tereis suprimido a exploração de uma nação por outra. Quando os antagonismos de classes, no interior das nações, tiverem desaparecido, desaparecerá a hostilidade entre as próprias nações.

(Marx e Engels. Manifesto comunista, 1848.)

Texto 2

Os comunistas acreditam ter descoberto o caminho para nos livrar de nossos males. Segundo eles, o ho-mem é inteiramente bom e bem disposto para com seu próximo, mas a instituição da propriedade privada corrompeu-lhe a natureza. (…) Se a propriedade privada fosse abolida, possuída em comum toda a riqueza e permitida a todos a partilha de sua fruição, a má vontade e a hostilidade desapareceriam entre os homens. (…) Mas sou capaz de reconhecer que as premissas psicológicas em que o sistema se baseia são uma ilusão insustentável. (…) A agressividade não foi criada pela propriedade. (…) Certamente (…) existirá uma objeção muito óbvia a ser feita: a de que a natureza, por dotar os indivíduos com atributos físicos e capacidades men-tais extremamente desiguais, introduziu injustiças contra as quais não há remédio.

(Sigmund Freud. Mal-estar na civilização, 1930. Adaptado.)

Qual a diferença que os dois textos estabelecem sobre a relação entre a propriedade privada e as tendências de hostilidade e agressividade entre os homens e as nações? Explicite, também, a diferença entre os métodos ou pontos de vista empregados pelos autores dos textos para analisar a realidade.

Resolução

Segundo Marx e Engels (texto 1), a propriedade privada é a origem da violência entre os homens, manifesta-da, por exemplo, na luta de classes e nos confrontos entre as nações. Freud (texto 2) afi rma que os fundamen-tos dessa relação são outros, uma vez que a análise marxista ignora certas premissas psicológicas que identifi -cam na própria natureza humana o impulso à agressividade. O ponto de vista marxista se funda na análise da atuação histórica de classes sociais, enquanto a visão freudiana baseia-se em uma análise sobre o indivíduo.

▼ Questão 11

Leia os textos.Texto 1

Segundo Descartes, a realidade é dividida em duas vertentes claramente distintas e irredutíveis uma à ou-tra: a res cogitans (substância pensante) no que se refere ao mundo espiritual e a res extensa (substância ma-terial) no que concerne ao mundo material. Não existem realidades intermediárias. A força dessa proposição é devastadora, sobretudo em relação às concepções de matriz animista, segundo as quais tudo era permeado de espírito e vida e com as quais eram explicadas as conexões entre os fenômenos e sua natureza mais recôndita. Não há graus intermediários entre a res cogitans e a res extensa. A exemplo do mundo físico em geral, tanto o corpo humano como o reino animal devem encontrar explicação sufi ciente no mundo da mecânica, fora e contra qualquer doutrina mágico-ocultista.

(Giovanni Reale e Dario Antiseri. História da fi losofi a, 1990. Adaptado.)

Texto 2

Se você, do nada, começar a sentir enjoo, mal-estar, queda de pressão, sensação de desmaio ou dores pelo corpo, pode ter se conectado a energias ruins. Caso decida procurar um médico, ele possivelmente terá difi culda-de para achar a origem do mal e pode até fazer um diagnóstico errado. Nessa hora, você pode rezar e pedir ajuda espiritual. Se não conseguir, procure um centro espírita e faça a sua renovação energética. Pode ser que encontre difi culdades para chegar lá, pois, no primeiro momento, seu mal-estar poderá até se intensifi car. No entanto, se fi car fi rme e persistir, tudo desaparecerá como em um passe de mágica e você voltará ao normal.

(Zibia Gasparetto. http://mdemulher.abril.com.br. Adaptado.)

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UNESP/2012 — 2a FASE 10 ANGLO VESTIBULARES

A recomendação apresentada por Zibia Gasparetto sobre a cura espiritual é compatível com as concepções cartesianas descritas no primeiro texto? Explique a compatibilidade ou a incompatibilidade entre ambas as concepções, tendo em vista o mecanicismo cartesiano e a diferença entre substância espiritual e substância material.

Resolução

Trata-se de duas concepções incompatíveis, uma vez que o mecanicismo cartesiano afi rma não só o caráter distinto, mas também a separação total entre substância espiritual e substância material. Nesse sentido, não apenas não existem graus intermediários entre essas duas esferas, como também seria impossível o estabele-cimento de alguma ligação entre elas, como ocorreria no caso de um “tratamento espiritual” para doenças, conforme proposto pela autora do texto 2. Cartesianamente, a substância espiritual, pensante, não teria qual-quer infl uência sobre a substância material, corpo.

▼ Questão 12

“O homem é o lobo do homem” é uma das frases mais repetidas por aqueles que se referem a Hobbes. Essa máxima aparece coroada por uma outra, menos citada, mas igualmente importante: “guerra de todos contra todos”. Ambas são fundamentais como síntese do que Hobbes pensa a respeito do estado natural em que vivem os homens. O estado de natureza é o modo de ser que caracterizaria o homem antes de seu ingres-so no estado social. O altruísmo não seria, portanto, natural. No estado de natureza o recurso à violência ge-neraliza-se, cada qual elaborando novos meios de destruição do próximo, com o que a vida se torna “solitária, pobre, sórdida, embrutecida e curta, na qual cada um é lobo para o outro, em guerra de todos contra todos”. Os homens não vivem em cooperação natural, como fazem as abelhas e as formigas. O acordo entre elas é natural; entre os homens, só pode ser artifi cial. Nesse sentido, os homens são levados a estabelecer contratos entre si. Para o autor do Leviatã, o contrato é estabelecido unicamente entre os membros do grupo, que, entre si, concordam em renunciar a seu direito a tudo para entregá-lo a um soberano capaz de promover a paz. Não submetido a nenhuma lei, o soberano absoluto é a própria fonte legisladora. A obediência a ele deve ser total.

(João Paulo Monteiro. Os Pensadores, 2000.)

Caracterize a diferença entre estado de natureza e vida social, segundo o texto, e explique por que a é atribuí-da a Hobbes a concepção política de um “absolutismo sem teologia”.

Resolução

Segundo o texto, o estado de natureza é caracterizado pelas duas frases atribuídas a Hobbes, “o homem é o lobo do homem” e “guerra de todos contra todos”. O próprio excerto oferece, posteriormente, uma expli-cação dessas frases, apresentando as seguintes características: “no estado de natureza o recurso à violência generaliza-se... a vida se torna ‘solitária, pobre, sórdida, embrutecida e curta’”. Por oposição, a vida social deve ser caracterizada pelo estado de cooperação, no qual os homens estabelecem contratos, que são obede-cidos pela força e pela lei de uma autoridade legisladora. O legislador deve ter poder absoluto e, uma vez que não se identifi ca com Deus, exerce o absolutismo de um homem sobre os outros (monarca ou rei). Esse poder não se justifi ca pela emanação natural de Deus (direito divino), mas pela política (absolutismo sem teologia).

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UNESP/2012 — 2a FASE 11 ANGLO VESTIBULARES

▼ Questão 13

Basta lembrar que todas as grandes nascentes do Brasil, como as dos rios São Francisco e Amazonas e da Bacia do Paraná, estão em áreas de Cerrado. Elas existem porque o Cerrado, pelas características da própria vegetação (…) e solo (…), retém grande quantidade de água. Por isso, por exemplo, a substituição artifi cial do Cerrado do Brasil Central por algum tipo de agricultura, principalmente uma monocultura, pode comprome-ter — e muito — a reposição da água subterrânea que mantém essas nascentes.

(Osmar Cavassan. Jornal UNESP, novembro de 2010. Adaptado.)

Cite uma característica das árvores e arbustos do cerrado que permita a essa vegetação acesso à água, e ex-plique por que algumas monoculturas poderiam comprometer a reposição da água subterrânea nesse bioma.

Resolução

Uma característica das árvores e arbustos do Cerrado que lhes permite ter acesso à água a grande profundida-de — típica dos lençóis freáticos do Cerrado — é seu longo sistema radicular.Uma possível explicação para o comprometimento da reposição da água subterrânea nesse bioma é que de-terminadas monoculturas poderiam deixar o solo menos protegido, sobretudo após as colheitas e no período de preparo da terra, mantendo-o exposto aos raios solares, o que propicia uma maior taxa de evaporação de água.

▼ Questão 14

Dona Júlia iria receber vários convidados para o almoço do domingo, e para isso passou boa parte da manhã lavando vários pés de alface para a salada. Para manter as folhas da alface tenras e fresquinhas, dona Júlia manteve-as imersas em uma bacia com água fi ltrada. Contudo, ao fi nal de um bom tempo com as mãos imer-sas na água, a pele dos dedos de dona Júlia, ao contrário das folhas de alface, se apresentava toda enrugada.

Folha de alface tenra por permanecer na água, e detalhe de dedo enrugado por contato prolongado com a água.

Considerando a constituição da epiderme e as diferenças entre as células animal e vegetal, explique por que as folhas da alface permanecem tenras quando imersas na água e por que a pele humana se enruga quando em contato prolongado com a água.

Resolução

O fato de as folhas de alface permanecerem mergulhadas em água garante, em primeiro lugar, a não ocor-rência de transpiração; em certa medida, há ainda absorção de água, por osmose, pelas células do alface, que são hipertônicas em relação ao meio em que estão mergulhadas, tendendo à turgescência, garantida pela presença da membrana celulósica.Quanto à pele humana, ela se enruga devido à hidratação da queratina, camada superfi cial, morta, da epi-derme.

CCC IIINNNCCC ÊÊÊ AAAIII SSS TTTAAADDD NNN UUUAAA RRR AAAZZZEEE AAA TTTMMMEEE EEE MMM AAACCCÁÁÁ IIITTT

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UNESP/2012 — 2a FASE 12 ANGLO VESTIBULARES

▼ Questão 15

Os indivíduos não são coisas estáveis. Eles são efêmeros. Os cromossomos também caem no esquecimento, como as mãos num jogo de cartas pouco depois de serem distribuídas. Mas as cartas, em si, sobrevivem ao embaralhamento. As cartas são os genes. Eles apenas trocam de parceiros e seguem em frente. É claro que eles seguem em frente. É essa a sua vocação. Eles são os replicadores e nós, suas máquinas de sobrevivência. Quando tivermos cumprido a nossa missão, seremos descartados. Os genes, porém, são cidadãos do tempo geológico: os genes são para sempre.

(Richard Dawkins. O gene egoísta, 2008.)

Considerando a reprodução sexuada, explique o que o autor do texto quis dizer ao comparar cada cromos-somo, e o conjunto cromossômico de uma pessoa, às mãos de cartas que se desfazem assim que são distri-buídas. Considerando o mecanismo de duplicação do DNA, explique a afi rmação de que os genes são para sempre.

Resolução

Cada cromossomo, durante a meiose, pode sofrer recombinação pelo fenômeno do crossing over. Isso equi-vale ao aparecimento de cromossomos “novos”, em que os genes tenham sido “embaralhados”. Por outro lado, a segregação dos cromossomos homólogos durante a meiose ocorre de forma aleatória, formando novas combinações cromossômicas nos gametas.Relativamente à duplicação do DNA, a afi rmação de que “os genes são para sempre” refere-se à duplicação semiconservativa, em que são produzidas duas moléculas idênticas.

▼ Questão 16

Considerando a utilização do etanol como combustível para veículos automotores, escreva a equação quí-mica balanceada da sua combustão no estado gasoso com O2(g), produzindo CO2(g) e H2O(g). Dadas para o etanol CH3CH2OH(g) a massa molar (g ⋅ mol–1) igual a 46 e a densidade igual a 0,80g/cm3, calcule a mas-sa, em gramas, de etanol consumida por um veículo com efi ciência de consumo de 10km/L, após percorrer 115km, e o calor liberado em kJ, sabendo-se que o calor de combustão do etanol CH3CH2OH(g) é igual a −1277kJ/mol.

Resolução

C2H6O(g) + 3O2(g) → 2CO2(g) + 3H2O(g)

Cálculo da massa

10km ––––––––––– 1L 115km ––––––––––– x 1

23

x = 115

10 = 11,5L ou 11,5 ⋅ 103cm3

Como d = 0,80g/cm3

1cm3 ––––––––––– 0,80g 11,5 ⋅ 103cm3 ––––––––––– m

m = 9,2 ⋅ 103g

Cálculo do calor libertado

1mol (etanol) –––––––––– 46g –––––libertam––––– 1277kJ

9,2 ⋅ 103g –––––libertam––––– y

y = 9,2 ⋅ 103 ⋅ 1277

46kJ = 255,4 ⋅ 103kJ

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▼ Questão 17

Um estudante montou a célula eletroquímica ilustrada na fi gura, com eletrodos de Cu(s) e Ni(s) de massas conhecidas.

Cu+2(aq) 1M Ni+2(aq) 1Mmembrana

semipermeável

V

Cu(s) Ni(s)

A 25ºC e 1atm, quando as duas semicélulas foram ligadas entre si, a célula completa funcionou como uma célula galvânica com ΔE = 0,59V. A reação prosseguiu durante a noite e, no dia seguinte, os eletrodos foram pesados. O eletrodo de níquel estava mais leve e o eletrodo de cobre mais pesado, em relação às suas massas iniciais.Considerando Cu+2(aq) + 2e– → Cu(s) e E0

red = +0,34V, escreva a equação da reação espontânea que ocorre na pilha representada na fi gura e calcule o potencial de redução da semicélula de Ni+2/Ni. Defi na qual eletrodo é o cátodo e qual eletrodo é o ânodo.

Resolução

Como o eletrodo de níquel fi cou mais leve após o funcionamento da pilha, podemos concluir que o Ni(s) sofre oxidação. Logo:

oxidaçãopolo (–) ânodo 14

243

Ni(s) → Ni2+(aq) + 2e–

reduçãopolo (+) cátodo 14

243

Cu2+2+(aq) + 2e– → Cu(s)

equaçãoespontânea 1

23

Ni(s) + Cu2+(aq) → Ni2+(aq) + Cu(s)

Δε0 = εredmaior – εred

menor

Δε0 = εCu2+/Cu – εNi2+/Ni

0,59V = 0,34V – εNi2+/Ni

εNi2+/Ni = –0,25V

▼ Questão 18

Organismos vivos destoxifi cam compostos orgânicos halogenados, obtidos do meio ambiente, através de rea-ções de substituição nucleofílica (SN).

R — L + Nu: → R — Nu + L:

Numa reação de SN, o 2-cloropentano reage com hidróxido de sódio em solução aquosa. O produto orgânico (A) dessa reação sofre oxidação na presença de permanganato de potássio em meio ácido, produzindo o pro-duto orgânico (B). Escreva as equações simplifi cadas (não balanceadas) das duas reações, o nome do composto (A) e a função química do composto (B).

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Resolução

A reação de substituição nucleofílica ocorre de acordo com o modelo:

R — L + Nu: R — Nu + L:

Seguindo esse modelo, temos:

CH3 — CH2 — CH2 — CH — CH3 + OH– CH3 — CH2 — CH2 — CH — CH3 + Cl–

— —

Cl OH

(A)

CH3 — CH2 — CH2 — CH — CH3 CH3 — CH2 — CH2 — C — CH3 + H2O

O

(B)

OH

KMnO4

H+

— —

(A) ⇒ pentan-2-ol(B) ⇒ cetona

▼ Questão 19

Em um jogo de basquete, um jogador passa a bola para outro lançando-a de 1,8m de altura contra o solo, com uma velocidade inicial v0 = 10m/s, fazendo um ângulo θ com a vertical (senθ = 0,6 e cosθ = 0,8). Ao tocar o solo, a bola, de 600g, permanece em contato com ele por um décimo de segundo e volta a subir de modo que, imediatamente após a colisão, a componente vertical de sua velocidade tenha módulo 9m/s. A bola é apanhada pelo outro jogador a 6,6m de distância do primeiro.

v0

9m/s

6,6m

1,8m

Desprezando a resistência do ar, a rotação da bola e uma possível perda de energia da bola durante a colisão com o solo, calcule o intervalo de tempo entre a bola ser lançada pelo primeiro jogador e ser apanhada pelo segundo. Determine a intensidade da força média, em newtons, exercida pelo solo sobre a bola durante a colisão, considerando que, nesse processo, a força peso que atua na bola tem intensidade desprezível diante da força de reação do solo sobre a bola. Considere g = 10m/s2.

Resolução

Com relação ao enunciado dessa questão, temos algumas observações.

I. As informações “Desprezando a resistência do ar, a rotação da bola e uma possível perda de energia da bola durante a colisão com o solo” são incompatíveis.Para que a energia cinética antes da colisão seja igual à energia cinética após a colisão, a diminuição na intensidade da componente vertical da velocidade (vide resolução a seguir) deve ser compensada pelo au-mento na intensidade da componente horizontal da velocidade. Ou seja, na direção horizontal, durante o choque, a bola é acelerada para a direita. Isso só é possível se houver a rotação da bola.

II. Se levarmos em consideração a rotação da bola (o que é incompatível com o enunciado e, portanto, uma solução não válida), uma possível resolução está detalhada a seguir.Todavia, se assim um candidato procedesse, o nível da questão não se ajustaria ao corpo da prova, uma vez que a solução demanda cálculos inexatos e composição vetorial. Não acreditamos que seja essa a intenção da banca com a questão.

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III. Resumindo:

• os dados fornecidos apresentam incoerência interna;• a solução só é possível se ignorarmos uma informação fornecida no enunciado.

Isso posto, é prudente que a banca examine a possibilidade de anular essa questão.

O intervalo de tempo da bola no movimento de descida pode ser determinado como segue:

v0

v0x

v0y

v

vx

vysx

sy = 1,8m a = g

1442443

14

444

24

44

43

Em que:

123

v0y = v0cosθ = 8m/sv0x = v0senθ = 6m/s

Durante a queda:

Δsy = v0yt + at2

2

Δsy = v0cosθt + gt2

21,8 = 10 ⋅ 0,8t + 5t2

t’ = –1,8s (não convém)5t2 + 8t – 1,8 = 0

t = 0,2s

O deslocamento na horizontal (Δsx) nesse intervalo é:

Δsx = vx ⋅ tΔsx = 6 ⋅ 0,2Δsx = 1,2m

Cálculo da componente da velocidade no eixo y antes da colisão com o solo:

vy2 = v0y

2 + 2aΔsy

vy2 = 82 + 2 ⋅ 10 ⋅ 1,8

vy2 = 100

vy = 10m/s

Admitindo a conservação de energia imposta pelo enunciado:

v

vx = 6m/s

vy = 10m/s

v’v’x

v’y = 9m/s

εcantes = εc

depois

mv2

2 = mv’2

2v = v’

�102 + 62 = �92 + v’x2

v’x ≅ 7,4m/s

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UNESP/2012 — 2a FASE 16 ANGLO VESTIBULARES

A componente da velocidade na direção horizontal apresenta o seguinte comportamento (admitindo acele-ração constante).

7,4

vx(m/s)

t(s)

6,0

00,2s 0,1s t’

144244314243144424443

1,2 0,67A’

Como o deslocamento total na direção horizontal é 6,6m, temos:

6,6 = 1,2 + 0,67 + A’ ∴ A’ = 4,73

Dessa forma, o intervalo de tempo Δt’ é:

v’x = Δs’Δt’

⇒ 7,4 = 4,73Δt’

∴ Δt’ ≈ 0,64s

Portanto, o intervalo de tempo total pedido na questão é:

ΔtTOTAL = 0,2 + 0,1 + 0,64ΔtTOTAL = 0,94s

A intensidade média da força que o solo aplica à bola é dada por:

Na direção vertical

10m/s

antesdurante depois

9m/sFy

+

Rmy = Fmy = m ⋅ ΔvΔt

Fy = 0,6 ⋅ 9 – (–10)0,1

∴ Fy = 114N

Na direção horizontal

6m/s

antes durante depois

Fx+

7,4m/s

Rmx = Fmx = m ⋅ ΔvΔt

Fx = 0,6 ⋅ (7,4 – 6)0,1

∴ Fx = 8,4N

Cálculo de Fm:Fm

Fx = 8,4N

Fy = 114N

Fm = �1142 + 8,42

Fm � 114,31N

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▼ Questão 20

Observe o adesivo plástico apresentado no espelho côncavo de raio de curvatura igual a 1,0m, na fi gura 1. Essa informação indica que o espelho produz imagens nítidas com dimensões até cinco vezes maiores do que as de um objeto colocado diante dele.

aumento

5

figura 1 figura 2

lápis

espelhocôncavo

eixoprincipal

Considerando válidas as condições de nitidez de Gauss para esse espelho, calcule o aumento linear conseguido quando o lápis estiver a 10cm do vértice do espelho, perpendicularmente ao seu eixo principal, e a distância em que o lápis deveria estar do vértice do espelho, para que sua imagem fosse direita e ampliada cinco vezes.

Resolução

A abscissa focal (f) do espelho côncavo mencionado no texto, de raio de curvatura (R) igual a 1m (100cm), pode ser calculada como:

f = R2

⇒ f = 1002

⇒ f = 50cm

Cálculo do aumento linear (A) quando o lápis estiver a 10cm (p) do vértice do espelho:

1f = 1

p + 1

p’ ⇒ 1

50 = 1

10 + 1

p’ ⇒ p’ = –12,5cm

A = –p’p

⇒ A = –(–12,5)10

⇒ A = 1,25

Cálculo da distância (p) em que o lápis deveria estar do vértice do espelho, para que sua imagem fosse direita e ampliada cinco vezes (A = +5):

A = –p’p

⇒ 5 = –p‘p

⇒ p’ = –5p

1f = 1

p + 1

p’ ⇒ 1

50 = 1

p + 1

(–5p) ⇒ p = 40cm

▼ Questão 21

Considere o circuito elétrico que esquematiza dois modos de ligação de duas lâmpadas elétricas iguais, com valores nominais de tensão e potência elétrica 60V e 60W, respectivamente.

120V

Ch

A

B

R

L2

L1

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Modo A — ambiente totalmente iluminado: a chave Ch, ligada no ponto A, mantém as lâmpadas L1 e L2 ace-sas.

Modo B — ambiente levemente iluminado: a chave Ch, ligada no ponto B, mantém apenas a lâmpada L1 ace-sa, com potência menor do que a nominal, devido ao resistor R de resistência ôhmica constante estar ligado em série com L1.

Considerando que as lâmpadas tenham resistência elétrica constante, que os fi os tenham resistência elétrica desprezível e que a diferença de potencial de 120V que alimenta o circuito seja constante, calcule a energia elétrica consumida, em kWh, quando as lâmpadas permanecem acesas por 4h, ligadas no modo A — ambiente totalmente iluminado.

Determine a resistência elétrica do resistor R, para que, quando ligada no modo B, a lâmpada L1 dissipe uma potência de 15W.

Resolução

No modo A, as lâmpadas estão associadas em série e, por serem idênticas (mesma resistência), a tensão em cada uma delas é 60V. Assim, cada uma dissipa potência de 60W.

120V L2

L1

+

Então, a potência total é: P = 2 ⋅ 60 = 120W.

Como P = ΔεΔt

⇒ 0,12kW = Δε4h

∴ Δε = 0,48kWh

No modo B, a lâmpada L1 está em série com o resistor.

120V

R

L1

i

i

+

Cálculo da resistência da lâmpada.

Como P = U2

RL, tem-se:

60 = 602

RL ∴ RL = 60�

Cálculo da corrente e da tensão nas condições do modo B.

A partir da expressão de potência:

P = U2

R ⇒ 15 = U

2

60 ⇒ UL = 30V

Como:UL = RL ⋅ i ⇒ 30 = 60 ⋅ i ⇒ i = 0,5A

No resistor, a tensão é: UR = 120 – 30 = 90V, e sua resistência é: UR = R ⋅ i ⇒ 90 = R ⋅ 0,5

R = 900,5

⇒ R = 180�

▼ Questão 22

O número de quatro algarismos 77XY, onde X é o dígito das dezenas e Y o das unidades, é divisível por 91. Determine os valores dos dígitos X e Y.

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UNESP/2012 — 2a FASE 19 ANGLO VESTIBULARES

Resolução7799 91

–728 85519

–45564

O resto da divisão de 7799 por 91 é 64.Logo, 7799 – 64, isto é, 7735, é divisível por 91.Note que, de 7700 a 7799, o número natural 7735 é o único divisível por 91. Sendo assim, temos X = 3 e Y = 5.

Resposta: X = 3 e Y = 5

▼ Questão 23

Um artesão foi contratado para ornamentar os vitrais de uma igreja em fase fi nal de construção. Para realizar o serviço, ele precisa de pedaços triangulares de vidro, os quais serão cortados a partir de um vidro pentago-nal, com ou sem defeito, que possui n bolhas de ar (n = 0, 1, 2…).Sabendo que não há 3 bolhas de ar alinhadas entre si, nem 2 delas alinhadas com algum vértice do pentágono, e nem 1 delas alinhada com dois vértices do pentágono, o artesão, para evitar bolhas de ar em seu projeto, cortou os pedaços de vidro triangulares com vértices coincidindo ou com uma bolha de ar, ou com um dos vértices do pentágono.

bolha de ar

vidro pentagonal

Nessas condições, determine a lei de formação do número máximo de triângulos (T) possíveis de serem corta-dos pelo artesão, em função do número (n) de bolhas de ar contidas no vidro utilizado.

Resolução

Considerando que o número de bolhas é zero, temos três triângulos.

Qualquer bolha está na região interna de um dos triângulos já considerados. Desse modo, para cada bolha a mais a ser considerada, o triângulo que a contém deve ser dividido em três novos triângulos, ou seja, a quan-tidade de triângulos aumenta em duas unidades.

bolha

(possível corte)

Assim, para n bolhas, haverá 2n vidros triângulos.Portanto o total de triângulos é dado pela lei de formação: T = 3 + 2n.

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UNESP/2012 — 2a FASE 20 ANGLO VESTIBULARES

▼ Questão 24

Sejam dois espelhos planos (E1 e E2), posicionados verticalmente, com suas faces espelhadas voltadas uma para outra, e separados por uma distância d, em centímetros. Suspensos por fi nas linhas, dois pequenos anéis (A e B) são posicionados entre esses espelhos, de modo que as distâncias de A e B ao espelho E1 sejam, respectiva-mente, a e b, em centímetros, e a distância vertical entre os centros dos anéis seja h, em centímetros, conforme mostra a fi gura.

A

a

h

B

d

b

E1 E2

Determine o ângulo de incidência α, em relação à horizontal, em função de a, b, d e h, para que um feixe de luz atravesse o anel A, se refl ita nos espelhos E1, E2 e E1 e atravesse o anel B, como indica o percurso na fi gura. Admita que os ângulos de incidência e de refl exão do feixe de luz sobre um espelho sejam iguais.

Resolução

Do enunciado, temos a fi gura, cotada em centímetros:

A

a

xQ

P

R U

y

y

Sz

T

h

B

d

b

E1 E2

No triângulo APQ, temos: tgα = xa

∴ x = a · tgα (I)

No triângulo QRU, temos: tgα = yd

∴ y = d · tgα ∴ 2y = 2 · d · tgα (II)

No triângulo STB, temos: tgα = zb

∴ z = b · tgα (III)

Temos, ainda, que x + 2y + z = h (IV)Assim, substituindo (I), (II) e (III) em (IV), segue que:

a · tgα + 2 · d · tgα + b · tgα = h ∴ tgα = ha + b + 2d

∴ α = arctg( ha + b + 2d)

Resposta: arctg( ha + b + 2d)

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UNESP/2012 — 2a FASE 21 ANGLO VESTIBULARES

Instrução: As questões de números 25 a 28 tomam por base uma passagem de um conto de Ignácio de Loyola Brandão (1936-) e parte de um artigo de Bernardo Jefferson de Oliveira.

O homem que queria eliminar a memória

(…)Estava na sala diante do doutor. Uma sala branca, anônima. Por que são sempre assim, derrotando a

gente logo de entrada? O médico:— Sim?— Quero me operar. Quero que o senhor tire um pedaço do meu cérebro.— Um pedaço do cérebro? Por que vou tirar um pedaço do seu cérebro?— Porque eu quero.— Sim, mas precisa me explicar. Justifi car.— Não basta eu querer?— Claro que não.— Não sou dono do meu corpo?— Em termos.— Como em termos?— Bem, o senhor é e não é. Há certas coisas que o senhor está impedido de fazer. Ou melhor; eu é que

estou impedido de fazer no senhor.— Quem impede?— A ética, a lei.— A sua ética manda também no meu corpo? Se pago, se quero, é porque quero fazer do meu corpo

aquilo que desejo. E se acabou.— Olha, a gente vai fi car o dia inteiro nesta discussão boba. E não tenho tempo a perder. Por que o se-

nhor quer cortar um pedaço do cérebro?— Quero eliminar a minha memória.— Para quê?— Gozado, as pessoas só sabem perguntar: o quê? por quê? para quê? Falei com dezenas de pessoas e

todos me perguntaram: por quê? Não podem aceitar pura e simplesmente alguém que deseja eliminar a me-mória.

— Já que o senhor veio a mim para fazer esta operação, tenho ao menos o direito dessa informação.— Não quero mais me lembrar de nada. Só isso. As coisas passaram, passaram. Fim!— Não é tão simples assim. Na vida diária, o senhor precisa da memória. Para lembrar pequenas coisas.

Ou grandes. Compromissos, encontros, coisas a pagar, etc.— É tudo isso que vou eliminar. Marco numa agenda, olho ali e pronto.— Não dá para fazer isso, de qualquer modo. A medicina não está tão adiantada assim.— Em lugar nenhum posso eliminar a minha memória?— Que eu saiba não.— Seria muito melhor para os homens. O dia a dia. O dia de hoje para a frente. Entende o que eu quero

dizer? Nenhuma lembrança ruim ou boa, nenhuma neurose. O passado fechado, encerrado. Defi nitivamente bloqueado. Não seria engraçado? Não se lembrar sequer do que se tomou no café da manhã? E para que quero me lembrar do que tomei no café da manhã?

(Ignácio de Loyola Brandão. Cadeiras proibidas: contos. Rio de Janeiro: Codecri, 1984, p. 32-34.)

Os avanços da genética nos fi lmes

Uma boa forma de se pensar as possibilidades e riscos no avanço das ciências é se aventurar nas fi cções literárias e cinematográfi cas. Enquanto os cientistas devem zelar para não fazer especulações infundadas, os autores de fi cção tratam de dar asas à imaginação e projetar em histórias emocionantes as possíveis aplicações da ciência e alguns de seus efeitos inesperados.

III UUULLLNNNGGG GGGAAA EEEMMM EEE ÓÓÓ GGGDDD III OOOSSSCCC

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UNESP/2012 — 2a FASE 22 ANGLO VESTIBULARES

A possibilidade de recriação da vida humana ou do controle que poderíamos ter sobre seus corpos e des-tinos são alguns dos grandes temas que há muito tempo vêm sendo explorados. O que seria de nossa vida se soubéssemos como prolongá-la indefi nidamente? Como fi cariam nossos corpos se pudéssemos transformá-los à vontade ou se conseguíssemos fabricar seres para nos substituírem nas tarefas duras e chatas? Não seria uma maravilha se pudéssemos implantar ou fazer um download de memórias e conhecimentos que nos dispensas-sem de ter que aprender “na marra”, com muito estudo e algumas experiências ruins? Que tal poder escolher e reconfi gurar nossas características e as das pessoas com quem convivemos?

Nosso imaginário é povoado por robôs, clones, artifícios fantásticos, instrumentos poderosos e tecnolo-gias sofi sticadas que aparecem sob variadas formas nos enredos de diversos fi lmes. Metrópolis, Frankenstein, Blade Runner, Inteligência Artifi cial, Eu Robô e Matrix são alguns que se tornaram clássicos, pois foram mar-cantes para gerações e continuam sendo referidos e revisitados. De maneira geral, retratam como boas ideias podem ter desdobramentos imprevistos e indesejáveis. É o que acontece, por exemplo, nas narrativas utópicas que descrevem sociedades ideais, mas que se revelam sombrias e nada atraentes quando conhecidas de perto, como nos fi lmes 1984 ou Brazil.

Isto obviamente não invalida, nem deveria desestimular, os avanços do conhecimento. Pelo contrário! Juntamente com as dúvidas que essas histórias lançam sobre nossas certezas e expectativas, elas suscitam inter-rogações e recolocam questões fundamentais. Se a engenharia genética pode fazer as pessoas melhores, mais saudáveis, mais desejáveis, por que não seguir em frente? Quais seriam as implicações dessa seleção artifi cial?

Assistir e conversar sobre o fi lme GATTACA é uma boa forma de entrar nessa discussão. O nome da pro-dução e do local onde se passa vem das letras com que representamos as sequências do DNA (G, A, T, C). Mais precisamente, as iniciais das bases químicas dessas moléculas: Guanina, Adenina, Timina e Citosina. O fi lme retrata uma sociedade organizada e estratifi cada de forma racional, tomando como base o levantamento genético dos indivíduos. Aparentemente, uma forma de se aproveitar melhor, e para o bem comum, as ca-racterísticas e o potencial de cada um. Acontece que um jovem, inconformado com o destino que seus genes “defeituosos” lhe reservara, falseia sua identidade genética para assumir a profi ssão com que sempre sonhara, a de espaçonauta. Boa parte da trama e do suspense do fi lme advém do fato de que sua verdadeira identida-de biológica, inválida para aquela atividade, tinha que ser ocultada todo o tempo e com muita astúcia, pois a manutenção da ordem social se baseava em constantes escaneamentos genéticos. As situações enfrentadas pelo personagem nos levam a compartilhar sua percepção de injustiça, e torcer pela subversão ao sistema.

(Bernardo Jefferson de Oliveira. Os avanços da genética nos fi lmes.pré-Univesp, edição 6, 15.11.2010: www.univesp.ensinosuperior.sp.gov)

▼ Questão 25

A personagem do conto de Loyola Brandão, em suas tentativas de demonstrar ao médico que seria bom elimi-nar a memória, apresenta, entre seus argumentos, no último parágrafo, um de ordem emocional, sentimental. Identifi que esse argumento e justifi que-o do ponto de vista da personagem.

Resolução

No último parágrafo do excerto, a personagem apresenta um argumento de ordem emocional para a supres-são da memória ao dizer que, após a operação, não restaria “nenhuma lembrança ruim ou boa, nenhuma neurose”. Em sua opinião, o bloqueio radical do passado lhe abriria a possibilidade de desfrutar melhor o presente (o “dia a dia. O dia de hoje para a frente”), uma vez que eliminaria receios e traumas (“neurose”), entendidos como obstáculos à experiência autêntica do instante. Por sua vez, os dados não sentimentais, como obrigações e contas, seriam depositados num suporte de memória externa, como a agenda.

▼ Questão 26

Depois de comparar os dois textos, demonstre que, quanto à questão da memória, o homem do conto, que procura o médico, e o pesquisador Bernardo Jefferson de Oliveira manifestam opiniões bem distintas.

Resolução

O homem do conto tem, em relação à memória, opinião tão negativa, que deseja simplesmente eliminá-la. A razão é que não quer mais lembrar-se de nada. Não adianta o médico lembrar-lhe a necessidade da memória na vida diária. Ele acha que uma agenda resolve. Aliás, ele defende que a eliminação da memória “seria muito melhor para os homens”. A supressão da memória eliminaria lembranças, boas ou ruins, e a neurose…

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UNESP/2012 — 2a FASE 23 ANGLO VESTIBULARES

Já o pesquisador Bernardo Jefferson de Oliveira apresenta, em seu texto, uma opinião positiva sobre a memória ao dizer “Não seria uma maravilha se pudéssemos implantar ou fazer um download de memórias e conhecimen-tos que nos dispensassem de ter de aprender ‘na marra’, com muito estudo e algumas experiências ruins?” Em ou-tras palavras, memórias e conhecimentos são necessários para a vida, embora sejam geralmente adquiridos com muito estudo e experiências nem sempre prazerosas. Ao saudar a possibilidade de criar métodos facilitadores para a armazenagem e uso de “memórias”, o autor está reconhecendo a importância desse cabedal para a nossa vida.

▼ Questão 27

Segundo se depreende da síntese de Bernardo Jefferson de Oliveira, ao apresentar uma sociedade organiza-da e estratifi cada de forma racional, tomando como base o levantamento genético dos indivíduos, o fi lme GATTACA focaliza uma utopia cuja aplicação, como em todas as utopias, acaba não dando inteiramente cer-to. Indique qual o aspecto da natureza humana que a organização da sociedade de GATTACA ignorou e que acabou gerando toda complicação focalizada no enredo do fi lme.

Resolução

Aspectos da natureza humana relacionados a emoções e paixões (como sonho e frustração) foram cabalmente ignorados pelo projeto utópico de organização social proposto em GATTACA: critérios objetivos de seleção genética determinariam os indivíduos mais aptos a cada função.Esse tema é fi gurativizado na busca empreendida pelo protagonista da narrativa: inconformado por não poder realizar o desejo de tornar-se “espaçonauta”, o jovem forja “sua identidade genética para assumir a profi ssão com que sempre sonhara”, desviando o projeto do resultado planejado.

▼ Questão 28

No primeiro parágrafo e em outras passagens do artigo, Bernardo Jefferson de Oliveira destaca que os lite-ratos e os cineastas desfrutam de uma liberdade que os cientistas não têm ante suas próprias descobertas científi cas. Que liberdade é essa?

Resolução

Segundo Bernardo Jefferson de Oliveira, os literatos e os cineastas não têm compromisso com a realidade em suas obras, nem precisam basear suas histórias em elementos do mundo concreto, podendo ultrapassar os limites da imaginação. Os cientistas, por outro lado, enfrentam aspectos éticos como interdição a sua subjetividade.Para o autor, na literatura e no cinema pode-se “dar asas à imaginação e projetar em histórias emocionantes as possíveis aplicações da ciência e alguns de seus feitos inesperados”, enquanto na ciência deve-se “zelar para não fazer especulações infundadas”.

Instrução: As questões de números 29 a 32 tomam por base uma passagem de um conto de Machado de Assis (1839-1908) e uma tira do cartunista Laerte (Laerte Coutinho, 1951-).

Um homem superior

Quis a desgraça de Medeiros [patrão de Clemente] que os negócios lhe corressem mal; duas ou três catás-trofes comerciais o puseram às portas da morte.

Clemente Soares fez quanto pôde para salvar a casa de que dependia o seu futuro, mas nenhum esforço era possível contra um desastre marcado pelo destino, que é o nome que se dá à tolice dos homens ou ao concurso das circunstâncias.

Achou-se sem emprego nem dinheiro.(…)No pior da sua posição, recebeu Clemente uma carta em que o comendador o convidava a ir passar algum

tempo na fazenda.Sabedor da catástrofe de Medeiros, queria o comendador naturalmente dar a mão ao rapaz. Este não

esperou que repetisse o convite. Escreveu logo dizendo que daí a um mês se poria em marcha.Efetivamente um mês depois saía Clemente Soares em caminho do município de***, onde era a fazenda

do comendador Brito.O comendador esperava-o ansioso. E não menos ansiosa estava a moça, não sei se porque já lhe tivesse

amor, se porque ele fosse uma distração no meio da monótona vida rural.Recebido como amigo, tratou Clemente Soares de pagar a hospitalidade, fazendo-se conviva alegre e

divertido.

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UNESP/2012 — 2a FASE 24 ANGLO VESTIBULARES

Ninguém o poderia melhor do que ele.Dotado de grande perspicácia, compreendeu em poucos dias como entendia o comendador a vida do

campo, e tratou de o lisonjear por todos os modos.Infelizmente, dez dias depois da sua chegada à fazenda, adoeceu gravemente o comendador Brito, por

maneira que o médico poucas esperanças deu à família.Era ver o zelo com que Clemente Soares servia de enfermeiro do doente, procurando por todos os meios

suavizar-lhe os males. Passava noites em claro, ia aos povoados quando era necessário fazer alguma coisa mais importante, consolava o doente já com palavras de esperanças, já com animada conversa, cujo fi m era distraí--lo de pensamentos lúgubres.

— Ah! dizia o pobre velho, que pena que eu o não conhecesse há mais tempo! Bem vejo que é um ver-dadeiro amigo.

— Não me elogie, comendador, dizia Clemente Soares, não me elogie, que é tirar o mérito, se o há, destes deveres agradáveis ao meu coração.

O procedimento de Clemente infl uiu no ânimo de Carlotinha, que nesse desafi o de solicitude soube mostrar-se esposa dedicada e reconhecida. Ao mesmo tempo fez com que em seu coração se desenvolvesse o gérmen de afeto que Clemente de novo lhe lançara.

Carlotinha era uma moça frívola; mas a doença do marido, a perspectiva da viuvez, o desvelo do rapaz, tudo fez nela uma profunda revolução.

E mais que tudo, a delicadeza de Clemente Soares, que, durante esse tempo de tão graves preocupações para ela, nenhuma palavra de amor lhe dirigiu.

Era impossível que o comendador escapasse à morte.(Machado de Assis. Contos fl uminenses, vol. II. São Paulo: Editora Mérito, 1962, p. 103-105.)

Fagundes, um puxa-saco de mão-cheia

(Laerte [Laerte Coutinho]. Fagundes: um puxa-saco de mão-cheia. Porto Alegre: L&PM, 2007, p. 16.)

▼ Questão 29

Dotado de grande perspicácia, compreendeu em poucos dias como entendia o comendador a vida do campo, e tratou de o lisonjear por todos os modos.

Explique em que medida o verbo “lisonjear”, empregado na frase, representa uma síntese da atitude de Cle-mente Soares ante o comendador, na passagem apresentada.

Resolução

O verbo “lisonjear” signifi ca adular, satisfazer alguém com elogios. No contexto do conto machadiano, associa--se ao comportamento bajulador e interesseiro de Clemente, homem “dotado de grande perspicácia”. O enredo apresentado na passagem permite compreender a estratégia que originava tal comportamento. Desempregado, fora convidado a uma visita ao comendador Brito, de quem esperava algum auxílio. Pagou o convite “fazendo--se conviva alegre e divertido”, cobrindo o comendador de elogios e servindo de enfermeiro quando este ado-eceu subitamente. Tais atitudes são sintetizadas pelo verbo “lisonjear”, que expõe a personalidade interesseira de Clemente, o qual pretendia fazer com que sua situação de desempregado não fosse duradoura.

▼ Questão 30

O que sugere com certa malícia o narrador, ao empregar a forma verbal soube no fragmento apresentado, dizendo que Carlotinha soube mostrar-se esposa dedicada e reconhecida, quando poderia ter dito que ela “mostrou-se esposa dedicada e reconhecida”?

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UNESP/2012 — 2a FASE 25 ANGLO VESTIBULARES

Resolução

A fórmula sugerida pelo enunciado (“mostrou-se esposa dedicada e reconhecida”) informaria ao leitor de-terminado traço da personalidade de Carlotinha: sua capacidade de evidenciar o afeto verdadeiro que nutria pelo marido doente. Ao introduzir o verbo soube na fórmula (“soube mostrar-se esposa dedicada e reconhe-cida”), o narrador sugere que o comportamento da moça era resultado de um projeto concebido de forma calculada e interesseira: ela estava mais preocupada em parecer “dedicada e reconhecida” do que em sê-lo de fato. Como ocorre tantas vezes em Machado, a personagem se comporta como se representasse um papel, tendo como público principal o moço Clemente Soares, por quem desenvolvia em seu coração um “gérmen de afeto”. Diante da viuvez iminente, Carlotinha pretendia torná-la breve.

▼ Questão 31

Releia o segundo parágrafo do conto de Machado de Assis e explique o que deixa implícito o narrador a res-peito da noção usual de destino.

Resolução

A voz narrativa de “Um homem superior” descreve o destino como fruto dos erros humanos (“tolice dos ho-mens”) ou como resultado do acaso (“concurso das circunstâncias”, isto é, contingências terrenas das quais resultaria a ventura, ou a desventura, das pessoas). Assim, o narrador contraria a noção usual de destino: uma espécie de fatalidade — com determinação superior e racional, como a Providência —, não infl uenciável pela vontade do indivíduo.

▼ Questão 32

Na tira de Laerte, aponte o que o aluno não percebeu de imediato como primeira lição de Fagundes.

Resolução

Na tirinha de Laerte, um aluno pede, no primeiro quadrinho, que Fagundes o ensine a ser “um bom puxa-sa-co”. No segundo, Fagundes começa a elogiá-lo de maneira exagerada, numa postura claramente bajuladora. Mas o aluno, encantado com os elogios, não percebe que Fagundes está sendo um adulador e que aqueles elogios eram a primeira lição de como ser “um bom puxa-saco”. Fagundes está recorrendo ao que chamamos de subentendido, que ocorre quando a responsabilidade pela identifi cação de um signifi cado implícito é do receptor da mensagem. O aluno revela não ter sido capaz de reconhecer esse subentendido.

Instrução: Leia o texto para responder, em português, às questões de números 33 e 34.

Gattaca Reviewby James Brundage

(January 15th, 1999)

Gattaca is a character drama in the guise of a thriller, the same way that The Truman Show was a drama in the guise of a comedy. Andrew Niccol works his beautiful charms with both of them. In Gattaca, he offers us a stunning vision of the not-so-distant future, a time where genetic engineering is so commonplace that it is common practice. The world, of course, has the drawback that anyone who was not genetically engineered is part of a new class of society, called an invalid.

Vincent Freeman was born this way. He chooses, however, not to remain an invalid but to become what is known as a de-generate, someone who uses other people’s blood, urine, hair etc. to fake a genetic code superior to their own. His dream was to end up in space and being this particularly loathed thing is the only way he is able to do it. Lending his dream to the real Gerome Morrow, a suicidal cripple, the two band together to get him into space. Everything is going well, he is set to leave in a week. Then the mission director is murdered.

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UNESP/2012 — 2a FASE 26 ANGLO VESTIBULARES

This occurs, in my opinion, only to keep less intelligent viewers interested in the story, which contains enough pathos to warrant me watching it if it didn’t involve a murder at all. As Vincent tries to keep his secret, he is falling in love with Irene Cassini, another worker at Gattaca, the story’s equivalent of Cape Canaveral. The panic caused by the moment causes each person involved to examine themselves, society, and the state of the world.

The sad thing about Gattaca is that so many people will hate this movie because of its utterly slow pace. It does not keep the interest of someone not intrigued by people, which encompasses most every viewer today. So that takes out studio fans, and its Star Trek target audience.

(www.killermovies.com. Adaptado.)

▼ Questão 33

Quem era denominado pelo termo invalid no contexto da história do fi lme? O que signifi cava ser um de-generate, no mesmo contexto?

Resolução

O termo invalid refere-se a qualquer pessoa que não foi concebida por meio da engenharia genética. Um ser de-generate é alguém que usa o sangue, a urina, o cabelo, etc. de outra pessoa para falsifi car um código genético superior ao seu.

▼ Questão 34

Segundo a crítica, por que o diretor da missão espacial foi assassinado? Havia realmente necessidade de esse fato ocorrer?

Resolução

Não havia a necessidade da morte do diretor da missão espacial porque, para a crítica, esse fato tem apenas o objetivo de manter os telespectadores menos inteligentes interessados na história.

Instrução: Leia o texto para responder, em português, às questões de números 35 e 36.

Personal Marketing: Selling yourself

Before you begin a job search campaign you must have a personal marketing strategy. A personal marketing strategy provides you with a game plan for your job search campaign.

You should look at the job search as a marketing campaign, with you, the job seeker, as the product. Every product, even the best ones, won’t succeed without a strong marketing strategy. This begins with a comprehensive, yet fl exible plan. First you must know to whom you are marketing. You must identify the types of employers who would be looking for an employee with your qualifi cations. Are they all within a certain industry? Are there many industries that hire employees with your background?

You already know that personal marketing skills are important to your career and perhaps to fi nd a better job, but the only problem is that the art of self marketing is diffi cult for a lot of people.

Selling yourself well doesn’t mean talking just about yourself or arrogantly telling others how great you are. By selling yourself, in an interview or an informal networking meeting, I mean thinking fi rst about the employer’s needs and expectations and figuring out how you can create value for their organization. What does the potential employer really need from a new employee? What specifi c technical skills, workplace competencies and personal qualities is the employer looking for? Now if you can ask those questions dispassionately, you should be able to identify your own strengths that match and gently weave them into every conversation you have in the world of good jobs and prospective careers.

(Adaptado de http://careerplanning.about.com e www.your-career-change.com)

▼ Questão 35

Liste quatro aspectos importantes a serem considerados, segundo o texto, para se realizar uma propaganda de si mesmo com a fi nalidade de conseguir um emprego.

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UNESP/2012 — 2a FASE 27 ANGLO VESTIBULARES

Resolução

• É preciso saber para quem você está se promovendo, ou seja, quem é o seu possível empregador;• saber quais são as necessidades do empregador;• saber quais são as expectativas do empregador;• identifi car como você pode agregar valor à empresa.

Tudo isso constitui a estratégia de marketing pessoal.

▼ Questão 36

Qual o signifi cado da oração … if you can ask those questions dispassionately… no texto? A quais perguntas se faz referência nessa oração?

Resolução

A oração diz: “Se você puder fazer essas perguntas imparcialmente...”.As perguntas mencionadas são as seguintes:

“What does the potential employer really need from a new employee?” — “O que o empregador em poten-cial realmente necessita de um novo empregado?”

“What specifi c technical skills, workplace competencies and personal qualities is the employer looking for?” — “Quais as habilidades técnicas específi cas, competências profi ssionais e qualidades pessoais que o empregador está procurando?”

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UNESP/2012 — 2a FASE 28 ANGLO VESTIBULARES

As reações do cérebro à bajulação

Pesquisa mostra que se você for bajular alguém é melhor fazer elogios descarados

Não é o que os meritocratas convictos gostariam de ouvir. Uma pesquisa da escola de negócios da Hong Kong University of Science and Technology indica que a bajulação tem um efeito marcante no cérebro da pessoa bajulada. Mais surpreendente do que isso é a conclusão do estudo de autoria de Elaine Chan e Jaideep Sengupta: quanto mais descarada a bajulação, mais efi ciente ela é. A pesquisa deu origem a um artigo no Journal of Marketing Research, intitulado Insincere Flattery Actually Works (“Bajulação insincera de fato fun-ciona”, numa tradução literal) e rapidamente chamou a atenção da imprensa científi ca mundial.

Os autores são cautelosos ao afi rmar que puxar o saco funciona, mas é nessa direção que sua pesquisa aponta. Elaine e Sengupta criaram situações nas quais os pesquisados foram expostos à bajulação insince-ra e oportunista. Numa delas, distribuíram um folder entre os pesquisados que detalhava o lançamento de uma nova rede de lojas. O material publicitário elogiava o “apurado senso estético” do consumidor. Apesar do evidente puxa-saquismo, o sentimento posterior das pessoas foi de simpatia em relação à rede. Entre os participantes, a medição da atividade cerebral no córtex pré-frontal (responsável pelo registro de satisfação) indicou um aumento de estímulos nessa região. O mesmo ocorreu em todas as situações envolvendo elogios.

Segundo os pesquisadores, a bajulação funciona devido a um fenômeno cerebral conhecido como “com-portamento de atraso”. A primeira reação ao elogio insincero é de rejeição e desconsideração. Apesar disso, a bajulação fi ca registrada, cria raízes e se estabelece no cérebro humano. A partir daí, passa a pesar sub-jetivamente no julgamento do elogiado, que tende, com o tempo, a formar uma imagem mais positiva do bajulador. Isso vale desde a agência de propaganda até o funcionário que leva um cafezinho para o chefe. “A suscetibilidade à bajulação nasce do arraigado desejo do ser humano de se sentir bem consigo mesmo”, diz Elaine Chan. A obviedade e o descaramento do elogio falso, paradoxalmente, conferem-lhe maior força. Segundo os pesquisadores, é a rapidez com que descartamos os elogios manipuladores que faz com que eles passem sem fi ltro pelo cérebro e assim se estabeleçam de forma mais duradoura.

Segundo Elaine e Sengupta, outro fator contribui para a bajulação. É o “efeito acima da média”. Temos a tendência de nos achar um pouco melhor do que realmente somos, pelo menos em algum aspecto. Pesqui-sas com motoristas comprovam: se fôssemos nos fi ar na autoimagem ao volante, não haveria barbeiros. Isso vale até para a pessoa com baixa autoestima. Em alguma coisa, ela vai se achar boa, nem que seja em bater fi gurinha.

Mas se corremos o risco de autoengano com a ajuda do bajulador, como se prevenir? “Desenvolvendo uma autoestima autêntica”, diz Elaine. A pessoa equilibrada, que tem amor-próprio, é mais realista sobre si mesma, aceita-se melhor e se torna mais imune à bajulação.

(As reações do cérebro à bajulação. Época Negócios, março de 2010, p. 71.)

PROPOSIÇÃO

Bajular, lisonjear, adular, puxar saco são atitudes consideradas, muitas vezes, defeitos de caráter ou desli-zes de natureza ética; são, também, condenadas pelas próprias religiões, como vícios ou “pecados”. As fi cções literárias, teatrais e cinematográfi cas estão repletas de tipos bajuladores, lisonjeadores, aduladores, puxa-sa-cos, quase sempre sob o viés do ridículo e do desvio de caráter. Modernamente, porém, pelo menos em parte, essa condenação à bajulação e à lisonja tem sido atenuada, e até mesmo justifi cada por alguns como parte do marketing pessoal, ou como estratégia para atingir metas, dado o fato de que, como se informa no próprio artigo acima apresentado, até o elogio mais insincero pode encontrar eco na mente e no coração do elogia-do. Na passagem do conto de Machado de Assis, apresentada nesta prova, Clemente Soares acabou atingindo seus objetivos por meio da bajulação, e a personagem Fagundes, de Laerte, parece viver sempre feliz em sua atividade preferencial de bajular.

Refl ita sobre o conteúdo dos três textos mencionados e elabore uma redação de gênero dissertativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:

A BAJULAÇÃO: VIRTUDE OU DEFEITO?

OOORRR ÃÃÃEEE DDDAAAÇÇÇ

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UNESP/2012 — 2a FASE 29 ANGLO VESTIBULARES

Análise da propostaSeguindo seu tradicional modelo de prova, a banca da Unesp solicitou que se elaborasse uma dissertação

sobre um tema explícito, com base numa coletânea, neste ano formada por três textos de gêneros diversifi -cados: uma reportagem da revista Época negócios, um fragmento de um conto de Machado de Assis e uma tirinha do cartunista Laerte.

Para delimitar o tema A bajulação: virtude ou defeito?, a proposição descreveu a bajulação tanto como um ato condenável, um defeito de caráter, quanto como uma estratégia de marketing pessoal útil ou como um procedimento para atingir metas no âmbito das relações sociais.

Para auxiliar as refl exões, foi reproduzido o trecho de uma matéria jornalística que, apoiada na autori-dade de pesquisas científi cas, ressalta a efi ciência da adulação até mesmo descarada e a suscetibilidade das pessoas aos elogios. O fragmento de um conto de Machado de Assis, fundado na contraposição entre “ser” e “parecer”, explicita jogos de interesse subjacentes a uma grande parte dos discursos de bajulação. E a tirinha de Laerte reforça a tendência humana à apreciação de elogios.

Encaminhamentos possíveisNuma proposta fundamentada na oposição entre virtude e defeito, o candidato poderia adotar um ou

outro ponto de vista sobre a bajulação, ou ainda conciliar os dois, explorando em que situações ela poderia ser considerada uma estratégia, e em que outras, um vício.

Para sustentar seu posicionamento, além de aproveitar os textos da coletânea (especialmente a repor-tagem), o candidato poderia fazer suas refl exões com base em seu repertório cultural e em suas experiências pessoais, uma vez que se trata de um tema facilmente observável nas relações humanas, em diferentes con-textos. Entre as possibilidades de encaminhamento da discussão, destacam-se as seguintes:

• Em diálogo com a reportagem, o tema da bajulação poderia ser abordado sob uma perspectiva prag-mática, de maneira a ressaltar os efeitos desencadeados por elogios que, mesmo pouco sinceros, podem ele-var a autoestima do bajulado, mediante o estímulo de determinadas atividades cerebrais.

• A proposta possibilita a refl exão sobre as relações interpessoais e permite explicitar de que modo o desenvolvimento de um marketing pessoal conduz à construção de uma imagem amigável do bajulador que simula admiração, bem como à formação de uma imagem supervalorizada do sujeito que é elogiado.

• Do ponto de vista da análise social, uma discussão sobre os aspectos éticos envolvidos no processo de bajulação poderia ser desenvolvida. Em diálogo com o conto de Machado de Assis e com a tirinha de Laerte, poderiam ser explicitados os jogos de interesse e os polos opostos da aparência e da essência, equivalentes, respectivamente, à falsidade e à verdade.

• A questão da busca pela felicidade poderia complementar a refl exão. Seria possível questionar a au-tenticidade da autoestima alcançada mediante a admiração ilusória e os elogios pouco sinceros de um baju-lador.

• Finalmente, poderiam ser observados modos de lidar com adulações e manipulações em diferentes cir-cunstâncias da vida, de maneira a preservar a autoestima e evitar a vulnerabilidade a discursos de bajulação.

• Cabe ainda a possibilidade de uma abordagem que critique os próprios termos com que foi feita a proposta. A oposição entre virtude ou defeito, no rigor da letra, cria uma armadilha: se não é defeito, sobra a hipótese de virtude. Ora, considerar a bajulação uma virtude só seria aceitável por uma excessiva concessão ao pragmatismo, que julga valores apenas sob o ponto de vista dos resultados.

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UNESP/2012 — 2a FASE 30 ANGLO VESTIBULARES

Filosofi a

As quatro questões de Filosofi a foram bem elaboradas, utilizaram textos adequados e propuseram abor-dagens interessantes, sem criar difi culdades para o aluno. As questões poderiam ser resolvidas, na maior parte dos casos, pela leitura atenta do material apresentado.

Geografi a

Prova muito simples e fácil para discriminar os candidatos numa 2a fase.Boa escolha de temas, com uso adequado de iconografi a em todas as questões.

História

História do Brasil

A prova abordou temas relevantes da programação, apresentou questões bem elaboradas e de níveis equilibrados. Não podemos deixar de observar, contudo, que o número de questões é absolutamente inade-quado para a avaliação dos candidatos na área de História do Brasil

História Geral

As duas questões de História Geral envolveram temas relevantes e exigiram do candidato conhecimentos e capacidade de explicar seus signifi cados.

Biologia

Prova pouco abrangente, dado o pequeno número de questões. No entanto, os temas cobrados são rele-vantes dentro do conteúdo de biologia do ensino médio.

Física

A primeira questão de Física está malformulada, tornando-a excessivamente difícil. Se ignorarmos a men-ção sobre “desprezar eventuais perdas de energia”, ela apresenta solução mais simples. Acreditamos que houve algum equívoco na formulação.

Apresentamos as duas soluções para essa questão.A segunda e a terceira questão apresentam grau de difi culdade compatível com uma prova que é des-

tinada a candidatos de todas as áreas. Essas questões estão bem formuladas e cobram temas relevantes da programação de Física do ensino médio.

Química

Três questões bem elaboradas e razoavelmente abrangentes em seus temas. Elas servirão para avaliação dos candidatos.

Matemática

Mesmo com apenas três questões, seria possível elaborar uma prova mais abrangente e abordar temas mais relevantes.

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UNESP/2012 — 2a FASE 31 ANGLO VESTIBULARES

Português

Gramática

Esta prova foi essencialmente de leitura, com questões baseadas em dois longos textos e em uma tirinha de humor. Um dos textos era um fragmento de um conto de Ignácio de Loyola Brandão; o segundo, um co-mentário crítico sobre a desigualdade de Relação entre ciência e fi cção. As questões cobraram identifi cação de certo tipo de argumento; demonstração de confronto de opinião entre os dois textos; identifi cação do aspecto que desviou para lugar indesejado certa utopia preconizada pelo texto de Bernardo Jefferson de Oliveira. Como se vê, as questões de leitura não exigiram apenas a recuperação de informações dos textos propostos, mas o cruzamento entre elas.

Literatura

Como já é tradicional nas provas de 2a fase da UNESP, as questões de Literatura, de natureza discursiva, foram estruturadas por uma sofi sticada proposta de análise textual e leitura comparada.

No primeiro bloco, cotejam-se dois textos: “O homem que queria eliminar a memória”, conto de Ignácio de Loyola Brandão, autor contemporâneo, e “Os avanços da genética nos fi lmes”, de Bernardo Jefferson de Oliveira, crítico de cinema.

O segundo bloco centra-se num fragmento do conto “Um homem superior”, de Machado de Assis, exi-gindo do candidato a capacidade de interpretar a caracterização das personagens e o sentido de passagens específi cas a partir de análises lexicais.

Inglês

A prova apresentou dois textos, sendo o primeiro uma resenha de um fi lme e o segundo sobre marketing pessoal. As perguntas eram claras, objetivas e não devem ter apresentado dúvidas para os alunos.