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Pró-Reitoria Acadêmica Escola de Direito Curso de Direito Trabalho de Conclusão de Curso A PSICOGRAFIA COMO MEIO DE PROVA NO PROCESSO PENAL BRASILEIRO Autor: AMANDA CALDEIRA LOPES Orientador: Esp. Marcelo Silva Calvet Brasília - DF 2015

A PSICOGRAFIA COMO MEIO DE PROVA NO PROCESSO … · psicografado ser utilizado no mundo jurídico, como forma de auxiliar a justiça na solução de determinados crimes. O Método

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Page 1: A PSICOGRAFIA COMO MEIO DE PROVA NO PROCESSO … · psicografado ser utilizado no mundo jurídico, como forma de auxiliar a justiça na solução de determinados crimes. O Método

Pró-Reitoria Acadêmica Escola de Direito Curso de Direito

Trabalho de Conclusão de Curso

A PSICOGRAFIA COMO MEIO DE PROVA NO PROCESSO

PENAL BRASILEIRO

Autor: AMANDA CALDEIRA LOPES

Orientador: Esp. Marcelo Silva Calvet

Brasília - DF 2015

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO. .........................................................................................................................

Page 2: A PSICOGRAFIA COMO MEIO DE PROVA NO PROCESSO … · psicografado ser utilizado no mundo jurídico, como forma de auxiliar a justiça na solução de determinados crimes. O Método

AMANDA CALDEIRA LOPES

A PSICOGRAFIA COMO MEIO DE PROVA NO PROCESSO PENAL BRASILEIRO

Monografia apresentada ao curso de graduação em Direito da Universidade Católica de Brasília como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Direito. Orientador: Prof. Esp. Marcelo Silva Calvet.

Brasília - DF

2015

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Monografia de autoria de Amanda Caldeira Lopes intitulada “A PSICOGRAFIA

COMO MEIO DE PROVA NO PROCESSO PENAL BRASILEIRO”, apresentada

como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Direito da

Universidade Católica de Brasília, em 21 de novembro de 2015, defendida e

aprovada pela banca examinadora abaixo assinada:

_____________________________________________________

Prof. Esp. Marcelo Silva Calvet Orientador

Curso de Direito - UCB

_____________________________________________________

Prof. Msc. Heli Gonçalves Nunes Membro

Curso de Direito – UCB

_____________________________________________________

Prof. Esp. Gleidson Bomfim da Cruz Membro

Curso de Direito - UCB

Brasília

2015

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Dedico este trabalho a minha querida

mãe, por ser exemplo vivo de bondade e

honestidade, por ter me dado a vida, por

ser meu guia até o dia de hoje, e em

especial, por me ensinar sobre o maior

amor do mundo.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por sempre ter me abençoado, não somente

durante toda a vida, mas no longo desses 5 anos de formação. A minha mãe, por

todo o esforço, dedicação, e cada sacrifício em prol dos meus estudos e criação. A

minha madrinha, por todo amor, cuidado e companheirismo durante toda a minha

vida. Aos meus avós, exemplos de humildade e dignidade, à eles, toda a minha

honra. Aos demais familiares, por todo o carinho. Aos amigos, pelos momentos

felizes e por todo o apoio durante essa jornada. Ao meu orientador, pela paciência e

bondade em que me auxiliou neste trabalho.

A todos que acreditaram em mim, meu sincero: muito obrigada!

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“Portanto, plante seu jardim e decore sua

alma, em vez de esperar que alguém lhe

traga flores. E você aprende que

realmente pode suportar… que realmente

é forte, e que pode ir muito mais longe

depois de pensar que não se pode mais.

E que realmente a vida tem valor e que

você tem valor diante da vida! Nossas

dúvidas são traidoras e nos fazem perder

o bem que poderíamos conquistar se não

fosse o medo de tentar.”

William Shakespeare

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RESUMO

Referência: LOPES, Amanda Caldeira. A psicografia como meio de prova no processo penal brasileiro. 2015. 46 folhas. Curso de Direito, Universidade Católica de Brasília, Brasília-DF, 2015.

O presente trabalho tem como finalidade analisar a possibilidade de um documento psicografado ser utilizado no mundo jurídico, como forma de auxiliar a justiça na solução de determinados crimes. O Método adotado consistiu em pesquisas doutrinárias, artigos, projeto de lei, e outros tipos de documentos. Estudo sobre a teoria geral da prova e os principais princípios que regem o processo penal. Classificação das espécies de provas mais pertinentes ao tema, seguida do enquadramento da psicografia no ordenamento jurídico. Conceito de psicografia e os requisitos para a sua admissibilidade como prova penal. Estudo sobre o exame grafotécnico como meio de comprovação da autenticidade do documento. Os argumentos favoráveis e desfavoráveis levantados por juristas e operadores do direito, quanto à utilização da psicografia como meio de prova. Casos práticos a serem expostos e sobre como a psicografia utilizada nesses processos judiciais influenciou nas decisões processuais. Por fim, o objetivo final deste trabalho foi promover uma discursão de que a psicografia seria ou não meio probatório idôneo, permitindo ao leitor a maestria de se posicionar contra ou á favor, por intermédio do que lhes foi apresentado.

Palavras-chaves: psicografia, prova penal, meio de prova, admissibilidade ou inadmissibilidade da prova psicografada.

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ABSTRACT

This paper aims to examine the possibility of a document psychographed be used in the legal world as a way to assist justice in solving certain crimes. Adopted method consisted of doctrinal research, articles, bill, and other documents. Study on the general theory of proof and the main principles governing the criminal proceedings. Classification of species more relevant to the subject tests, then the framework of automatic writing in the legal system. Psychographics concept and the requirements for its admissibility as criminal evidence. Study on technical spelling examination as a means of proving the authenticity of the document. The favorable and unfavorable arguments raised by lawyers and operators of law regarding the use of psychographics as evidence. Case studies to be exposed and how psychographics used in these lawsuits has influenced the procedural decisions. Finally, the ultimate objective was to promote an increasing discussion that would psychographics or not suitable probationary half, allowing the reader mastery to stand against or will favor, through what was presented to them.

Keywords: psychographics, criminal evidence, evidence, the admissibility or inadmissibility of evidence psychographed.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO. ...................................................................................................... 10

2 TEORIA DA PROVA NO PROCESSO PENAL............................... ...................... 12

2.1 CONCEITO DE PROVA ...................................................................................... 12

2.2 FINALIDADE DA PROVA NO PROCESSO ........................................................ 13

2.3 PRINCÍPIO DA VERDADE REAL................................................ ........................ 14

2.4 PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA............................... ...... 15

2.5 PRINCÍPIO DO INDUBIO PRO REO OU FAVOR REI ........................................ 16

3 TIPOS DE PROVA ................................................................................................. 18

3.1 PROVAS TÍPICAS E ATÍPICAS ACEITAS EM NOSSO ORDENAMENTO

JURÍDICO ................................................................................................................. 18

3.2 PROVA ILÍCITA ................................................................................................... 19

3.3 PROVA ILÍCITA PRO REO ................................................................................. 20

3.4 ENQUADRAMENTO DA PSICOGRAFIA ............................................................ 20

4 A (IN) ADMISSIBILIDADE DA PSICOGRAFIA COMO PROVA PENAL .............. 23

4.1 CONCEITO DE PSICOGRAFIA .......................................................................... 23

4.2 POSIÇÕES CONTRÁRIAS À PROVA PSICOGRAFADA ................................... 24

4.3 POSIÇÕES FAVORÁVEIS À PROVA PSICOGRAFADA .................................... 26

4.4 REQUISITOS PARA ADMISSIBILIDADE DA PSICOGRAFIA COMO PROVA ... 28

4.5 EXAME GRAFOTÉCNICO .................................................................................. 29

4.6 CASOS DE UTILIZAÇÃO DA PSICOGRAFIA . .................................................. 32

4.6.1 CASO MAURÍCIO GARCEZ HENRIQUE ......................................................... 32

4.3.2 CASO ERCY DA SILVA CARDOSO.............................. .................................. 35

5 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 37

REFERÊNCIAS. ........................................................................................................ 39

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1 INTRODUÇÃO

A vida e a morte, uma discursão antiga existente no mundo e que de maneira

singular posiciona cada indivíduo a uma opinião própria e imutável. A cerca desse

tema, não existe uma verdade absoluta capaz de atender á todas as dúvidas

inerentes ao homem e sim, um longo e eterno conflito de opiniões que norteiam esse

dilema, regidos por princípios religiosos e espirituais.

Ao longo dos tempos, houve casos em que pôs a prova todo esse

questionamento: a psicografia sendo utilizada perante os tribunais. Esses casos já

foram objeto de muitas discursões não somente entre juristas e estudiosos, como

também por leigos que se interessam pelo tema.

Assim, a finalidade desse trabalho consiste na anuência do Poder Judiciário

em relação a um novo meio de prova no processo penal, produzido por um

documento psicografado através da via mediúnica.

Poderia o nosso país, um Estado Laico admitir provas advindas de uma

religião? E mais, poderia nosso ordenamento jurídico permitir uma prova obtida

extrajudicialmente sem a fiscalização do poder judiciário interferindo no

contraditório? E quanto a sua licitude, seria um documento psicografado uma prova

lícita?

São inúmeros os questionamentos sobre o tema, dentre as quais surgem

visões religiosas, científicas e jurídicas, contudo, o objeto desse estudo refere-se

apenas ao conteúdo jurídico que o envolve, deixando crenças e convicções pessoais

para outro debate.

Porém, até hoje não há uma decisão definitiva a cerca do tema, não há

expressa previsão legal que enquadre o documento psicografado como prova, e por

outro lado, também não há, nenhuma vedação legal expressa. Desta maneira, o que

temos de instrumento de estudo, são artigos, livros e outros documentos publicados

por estudiosos da área, e análises de casos ocorridos no Brasil.

Para investigar se a prova psicografada pode ser aceita no nosso

ordenamento jurídico, é necessária uma breve abordagem sobre a teoria da prova

no processo penal, tratado no primeiro capítulo, trazendo conceito de prova, bem

como a sua finalidade. Também será estudado os princípios primordiais do nosso

processo penal: princípio da verdade real, princípio do contraditório e ampla defesa

e o princípio in dubio pro reo.

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No segundo capítulo, serão abordadas as espécies de provas mais

pertinentes ao tema, que dividem-se em típicas, atípicas e ilícitas, analisando

também a prova ilícita pro reo. Nesse ponto também foi pesquisado sobre o

enquadramento da psicografia como prova. Seria ela uma prova inominada ou

documental?

Por fim, no terceiro e último capítulo, será verificada a (in) admissibilidade da

prova psicografada, onde trataremos do conceito de psicografia, dos requisitos para

a sua admissibilidade como prova, e sobre o exame grafotécnico, o qual é realizado,

como meio de autenticação dos documentos oriundos da psicografia.

Também será analisado os dois posicionamentos entre estudiosos da área: o

primeiro é contra a utilização da psicografia como meio de prova, por ferir o

contraditório e laicidade do Estado, bem como será demonstrado trechos do Projeto

de Lei, que visou desconstruir expressamente em lei o texto psicografado como

prova, e o segundo, que admite esse meio probatório como forma de amplitude dos

princípios do direito penal brasileiro, amparados, dentre os outros fundamentos, pela

licitude do meio probatório.

Por ultimo, observaremos dois casos em que uma carta psicografada esteve

presente nos juízos brasileiros.

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2 TEORIA DA PROVA NO PROCESSO PENAL

Para considerar um documento como prova lícita e aplicável em um processo,

a qual ensejará consequências jurídicas aos envolvidos, deve-se observar em um

primeiro momento sobre a sua aceitabilidade nas leis vigentes no país.

Deve ser observado o enquadramento desse suposto documento no

ordenamento jurídico brasileiro.

Nesse sentido, é sabido que, apesar de, existir previsão legal acerca dos

meios de prova admitidos em direito inseridos no Código de Processo Penal, não

constituem um rol taxativo, de modo que, na legislação não contém todos os meios

passíveis de serem utilizados como prova.

Contudo, por força constitucional, é vedado a utilização das provas obtidas

por meio ilícito, conforme art.5°, inciso LVI, CF/881, a qual admite-se uma exceção,

que será analisada a seguir.

2.1 CONCEITO DE PROVA

Vários doutrinadores expõem sobre a definição de prova, para Válter Ishida:

“A expressão prova vem do latim probatio e é o conjunto de atos praticados pelas

partes, pelo juiz (CPP, arts. 156, 2ª parte; 209 e 234) e por terceiros (perícias) [...]”2,

aptos a influenciarem no livre convencimento do próprio juiz julgador, provando a

existência ou não de determinado fato3.

Quando uma pessoa questiona um fato, é por meio das provas que ela

conseguirá comprovar aquilo que alegou, ou seja, por meio da prova será possível

exteriorizar aquilo que não se sabe, ou ainda, em sendo público, carece de

veracidade. Nas palavras do então doutrinador Válter ishida:

[...] a prova compreende os elementos produzidos pelas partes ou pelo próprio juiz, visando estabelecer, dentro do processo, a existência de certos

1 BRASIL. Constituição (1998). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília,

1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm>. Acesso em: 15 out. 2015. 2 ISHIDA, Válter kenji. Processo Penal: Incluindo as leis nº 12.654, de 28 de maio de 2012, nº

12.694, de 24 de julho de 2012, que instituiu o juízo colegiado em primeiro grau, nº 12.714, de 14 de setembro de 2012, e nº 12.736, de 30 de novembro de 2012. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2013. p. 129. 3 Ibidem.

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fatos. Provas significa fazer conhecer aos outros uma verdade conhecida pela própria pessoa.

4

Segundo Fernando Capez, “trata-se, portanto, de todo e qualquer meio de

percepção empregado pelo homem com a finalidade de comprovar a verdade de

uma alegação.”5 Ou seja, qualquer meio capaz de comprovar a verdade, desde que

não haja vedação legal, poderá ser considerado como prova.

Na visão do doutrinador Aury Lopes:

O processo penal é um instrumento de retrospecção, de reconstrução aproximativa de um determinado fato histórico. Como ritual, está destinado a instruir o julgador, a proporcionar o conhecimento do juiz por meio da reconstrução histórica de um fato. Nesse contexto, as provas são os meios através dos quais se fará essa reconstrução do fato passado (crime).

6

Deste modo, entende-se por prova o meio pelo qual, torna-se capaz de

compreender determinado fato pretérito.

Assim, é através da prova que o magistrado irá formar o seu convencimento

sobre as alegações dos fatos aduzidas pelas partes, ou seja, é o instrumento

processual que permite ao juiz construir um convencimento em relação aos fatos

que norteiam a relação jurídica que ensejou a atividade jurisdicional.7

2.2 FINALIDADE DA PROVA NO PROCESSO

Entende-se como finalidade da prova, a demonstração devidamente

fundamentada de algo que fora alegado ao juiz do processo, para que deste modo,

seja capaz de julgar os fatos.

No mesmo sentido é o pensamento de CAPEZ, “[...] No que toca à finalidade

da prova, destina-se à formação da convicção do juiz acerca dos elementos

essenciais para o deslinde da causa”8.

A prova tem como objetivo convencer o julgador de determinado fato, ou

mesmo para provar que algo antes alegado, inexiste9. Ou seja, a prova é um meio

4 ISHIDA, Válter kenji. Processo Penal: Incluindo as leis nº 12.654, de 28 de maio de 2012, nº

12.694, de 24 de julho de 2012, que instituiu o juízo colegiado em primeiro grau, nº 12.714, de 14 de setembro de 2012, e nº 12.736, de 30 de novembro de 2012. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2013. p. 129. 5 CAPEZ, Fernando. Curso de processo penal.16ª edição. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 297

6 LOPES, Jr., Aury. Direito Processual Penal. 12ª edição. São Paulo: Saraiva, 2015. p. 351.

7 WAMBIER, Luís Rodrigues, Curso Avançado de Processo Civil. 9.ed. São Paulo: Revista dos

Tribunais, 2006-2007. Cap.32. p. 406. 8 CAPEZ, Fernando. Curso de processo penal.16ª edição. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 297.

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processual bilateral, uma vez que é capaz de comprovar um factum, bem como

demonstrar que o mesmo ocorreu de forma diversa do que a apresentada no

processo.

2.3 PRINCÍPIO DA VERDADE REAL

Durante muitos séculos o juiz era apenas expectador da lide entre as partes

no processo. Contudo, com a revolução gerada a partir do século XVIII até a

atualidade, o juiz, investido na função de estado, passou a executar o jus puniendi

contra o indivíduo que praticar um ilícito penal.

Assim, não encontra-se nenhum limite quanto a produção dessas provas,

desde que obedeçam, por óbvio, a legislação vigente, uma vez que o que se busca

no processo penal, é a verdade material dos fatos, ou seja, “o fato investigado no

processo deve corresponder ao que está fora dele, em toda sua plenitude, sem

quaisquer artifícios, sem presunções, sem ficções”10. Como bem determina Válder

Ishida, “É a busca da verdade dos fatos, aquilo que realmente aconteceu”11.

Deste modo, diferente do Processo Civil, em que somente a verdade formal é

suficiente para o julgamento da lide, no processo penal, o juiz deverá aplicar o direito

quando houver descoberto a verdade material.

Capez ensina que ao juiz incube a obrigação de pesquisar sobre a verdade

real, jamais se conformando meramente com a verdade formal.12

Para o doutrinador Mirabete:

Com o princípio da verdade real se procura estabelecer que o jus puniendi somente seja exercido contra aquele que praticou a infração penal e nos exatos limites de sua culpa numa investigação que não encontra limites na forma ou na iniciativa das partes. [...] Decorre desse princípio o dever do juiz de dar seguimento à relação processual quando da inércia da parte e mesmo de determinar, ex officio, provas necessárias à instrução do

9 ISHIDA, Válter kenji. Processo Penal: Incluindo as leis nº 12.654, de 28 de maio de 2012, nº

12.694, de 24 de julho de 2012, que instituiu o juízo colegiado em primeiro grau, nº 12.714, de 14 de setembro de 2012, e nº 12.736, de 30 de novembro de 2012. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2013. p. 129. 10

SOARES, Clara Dias. A verdade no processo penal brasileiro. Revista Jus Navegandi. Teresina, ano 13, n. 1749, 15 abr. 2008. Disponível em: http://jus.com.br/artigos/11160/a-verdade-no-processo-penal-brasileiro. Acesso em: 08 out. 2015. 11

ISHIDA, Válter kenji. Processo Penal: Incluindo as leis nº 12.654, de 28 de maio de 2012, nº 12.694, de 24 de julho de 2012, que instituiu o juízo colegiado em primeiro grau, nº 12.714, de 14 de setembro de 2012, e nº 12.736, de 30 de novembro de 2012. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2013. p. 129. 12

CAPEZ, Fernando. Curso de processo penal.16ª edição. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 31.

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15

processo, a fim de que possa, tanto quanto possível, descobrir a verdade dos fatos objetos da ação penal.

13

Levando em consideração que o réu deverá ser julgado e condenado na

medida de sua culpabilidade, mostra-se ainda mais a importância do princípio da

verdade real, pela busca real dos fatos. Assim, o réu responderá exatamente por

cada ato praticado, sem que haja qualquer excesso em sua punição.

Em decorrência desse princípio, o juiz esta obrigado a continuar com o

processo em caso de omissão ou inércia de ambas as partes, vez que sempre

deverá buscar a verdade dos fatos.

2.4 PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA

O sistema adotado no Brasil para o processo penal é o acusatório. Assim

após a instauração da ação penal é assegurado ao acusado o contraditório e ampla

defesa (art. 5º, inciso LV, Constituição Federal)14.

Quanto ao direito do contraditório, tem-se que o mesmo é absoluto apenas

quando se trata somente da fase processual, uma vez que em fase inquisitorial não

há o que se falar em princípio do contraditório.

Eis que uns dos princípios mais importantes do processo é o do contraditório,

que além de garantir ao acusado o direito de resposta do que lhe fora imputado,

ainda lhe assegura a plenitude da ampla defesa, sem que haja qualquer limitação

desse direito, de modo a sempre assegurar e respeitar a igualdade entre as partes15

Busca o referido princípio, garantir a igualdade entre as partes acusadora e

acusada16, e ainda nas palavras de Mirabete, as partes “[...] se encontram num

mesmo plano, e a liberdade processual, que consiste na faculdade que tem o

acusado de nomear o advogado que bem entender, de apresentar as provas que lhe

convenham, etc”17.

Nesse sentido, Capez, esclarece que o juiz somente pode dizer o direito,

após, no caso concreto, ouvida uma parte, for oferecida a parte contrária o direito de

13

MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo Penal. 18ª ed. rev. Atual. São Paulo: Atlas, 2006. p. 25. 14

BRASIL. Constituição (1998). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm>. Acesso em: 16 out 2015. 15

MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo Penal. 18ª ed. rev. Atual. São Paulo: Atlas, 2006. p.24. 16

Ibidem. 17

Ibidem.

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16

defender-se e manifestar-se a respeito do que lhe foi exposto, tratando-se portanto,

da bilateralidade do processo.18

No que tange o princípio da ampla defesa, o mesmo consiste na obrigação

do Estado de resguardar ao acusado, condições para que ele possa exercer a sua

defesa.

Isto posto, o acusado tem direito a todo e qualquer meio existente e lícito de

defesa, o qual, poderá ser pessoal ou técnica19, sendo que referido direito, pertence

á todos, uma vez que é assegurado a assistência jurídica integral e gratuita aos

incapacitados (art. 5º, inciso LXXIV, CF)20.

Por fim, Pacelli, faz uma breve distinção entre esses dois princípios:

“Enquanto o contraditório exige a garantia de participação, o princípio da ampla

defesa vai além, impondo a realização efetiva dessa participação, sob pena de

nulidade, se e quando prejudicial ao acusado.”21

2.5 PRINCÍPIO DO INDUBIO PRO REO OU FAVOR REI

Outro princípio primordial a ser abordado que sempre predominou no

processo penal é o Princípio In Dúbio Pro Reo. Segundo esse princípio, havendo

insuficiência de provas de determinado delito praticado por um indivíduo, o mesmo

deverá ser inocentado, em outras palavras, “A dúvida sempre beneficia o acusado.

Se houve duas interpretações, deve-se optar pela mais benéfica [...]”22

Assim, havendo provas que inocentam o réu, ela deverá ser considerada,

independente de ser lícita ou ilícita. Em tratando-se de comprovação de inocência,

não há sobre elas distinção quanto a sua valoração. Ou seja, a prova lícita não terá

um peso maior quando confrontada com outra prova obtida por meio ilícito, uma vez

que as duas visam demonstrar a inocência do réu.

18

CAPEZ, Fernando. Curso de processo penal.16ª edição. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 20. 19

Ibidem, p. 22. 20

BRASIL. Constituição (1998). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm>. Acesso em: 18 out 2015. 21

OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Curso de processo penal. 18ª ed. rev. e ampl. Atual. de acordo com as Leis nº 12.830, 12.850 e 12.878, todas de 2013. São Paulo: Atlas, 2013. p. 45. 22

CAPEZ, Fernando. Curso de processo penal.16ª edição. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 39.

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17

É nesse sentido, quando Pacelli, afirma que “a prova da inocência do réu

deve sempre ser aproveitada, em quaisquer circunstâncias”23.

Assim, diante da ineficácia do Estado em comprovar a prática de um delito

imputado a um determinado acusado, deverá ele ser absolvido em face do

mencionado princípio24.

23

OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Curso de processo penal. 18ª ed. rev. e ampl. Atual. de acordo com as Leis nº 12.830, 12.850 e 12.878, todas de 2013. São Paulo: Atlas, 2013. p.376. 24

Ibidem.

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18

3 TIPOS DE PROVA

Os fatos podem ser comprovados por qualquer meio de prova, mesmo que

não estejam expressamente previstos na lei, contudo, o que se exige é a licitude da

prova.

Para Mirabete, “meios de prova são as coisas ou ações utilizadas para

pesquisar ou demonstrar a verdade [...]”.25

Nesse sentido, como já mencionado, a doutrina e a jurisprudência afirmam de

forma unânime que os tipos de provas especificadas no Código de Processo Penal

não são taxativos, possuindo natureza apenas exemplificativa.26

Assim, dentre as várias subdivisões admitidas pela doutrina, temos os três

tipos mais pertinentes ao estudo, que são: prova típica ou nominada, prova atípica

ou inominada, e prova ilícita, as quais, serão objeto de estudo a seguir.

3.1 PROVAS TÍPICAS E ATÍPICAS ACEITAS EM NOSSO ORDENAMENTO

JURÍDICO

Como bem ensina Ishida, o “[...] meio de prova compreende tudo quanto

possa servir, direta ou indiretamente, à demonstração da verdade que se busca no

processo.”27

Nesse sentido, dentre as provas admitidas, pode-se mencionar as provas

típicas, que encontram-se previstas no Código de Processo Penal28, e são

titularizadas como: perícia, interrogatório, confissão, declarações do ofendido,

testemunhas, acareação, reconhecimento de pessoa ou coisa, documentos e

indícios.

Segundo Mirabete, “Como no processo penal brasileiro vige o princípio da

verdade real, não há limitação dos meios de prova.”29

25

MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo Penal. 18ª ed. rev. Atual. São Paulo: Atlas, 2006.p. 252. 26

OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Curso de processo penal. 18ª ed. rev. e ampl. Atual. de acordo com as Leis nº 12.830, 12.850 e 12.878, todas de 2013. São Paulo: Atlas, 2013., p. 331. 27

ISHIDA, Válter kenji. Processo Penal: Incluindo as leis nº 12.654, de 28 de maio de 2012, nº 12.694, de 24 de julho de 2012, que instituiu o juízo colegiado em primeiro grau, nº 12.714, de 14 de setembro de 2012, e nº 12.736, de 30 de novembro de 2012. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2013. p. 146. 28

BRASIL. Código de Processo Penal. Rio de Janeiro, 1941. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689Compilado.htm>. Acesso em: 24 out 2015. 29

MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo Penal. 18ª ed. rev. Atual. São Paulo: Atlas, 2006. p. 252.

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19

Contudo, apesar de não haver limitação quando aos meios de prova no

processo penal brasileiro, é vedado a sua utilização quando ilícita.

Por esta razão, é que surgem as provas inominadas, que derivam da não

limitação das provas em virtude da busca pela verdade material do fato.30

Deste modo, as provas inominadas podem ser admitidas nos autos, pouco

importando a sua denominação e sim, que em regra, tenham sido produzidas por

meio lícito.31

Então, podemos afirmar que o conjunto de normas jurídicas em vigor no

nosso país autoriza todo e qualquer tipo de prova, desde que lícito, seja com

previsão expressa, seja de forma implícita.

3.2 PROVA ILÍCITA

Conforme mencionado nesse capítulo, é considerado prova, tudo aquilo que for

capaz de comprovar determinado fato. Contudo, há uma limitação quanto essa

abrangência: trata-se das provas ilícitas.

Como bem aponta Capez “serão ilícitas todas as provas produzidas mediante a

prática de crime ou contravenção, as que violem normas de Direito Civil, Comercial

ou Administrativo, bem como aquelas que afrontam princípios constitucionais”.32

Deste modo, considera-se prova ilícita não somente as obtidas em

contrariedade à lei, mas também aquelas que violem os costumes, a moral ou um

princípio geral de direito33.

Há também, quem considere inaceitável as provas absurdas e que não

apresentem um mínimo de verossimilhança34.

30

ISHIDA, Válter kenji. Processo Penal: Incluindo as leis nº 12.654, de 28 de maio de 2012, nº 12.694, de 24 de julho de 2012, que instituiu o juízo colegiado em primeiro grau, nº 12.714, de 14 de setembro de 2012, e nº 12.736, de 30 de novembro de 2012. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2013. p. 146. 31

MENDRONI, Marcelo Batlouni. Provas no processo penal: estudo sobre a valoração das provas penais. São Paulo: Atlas, 2010. p.99. 32

CAPEZ, Fernando. Curso de processo penal.16ª edição. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 39. 33

PRADO, Jhonny. Prova ilícita e a sua utilização no processo penal brasileiro. Revista Jus Navegandi. 2015. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/36572/prova-ilicita-e-sua-utilizacao-no-processo-penal-brasileiro>.Acesso em: 15 out 2015. 34

HAMILTON, Sergio Demoro. A invocação ao sobrenatural vale como prova? Revista do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, n. 27, p. 247-255, jan./mar. 2008.

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20

3.3 PROVA ILÍCITA PRO REO

“O entendimento doutrinário entre nós é todo ele no sentido de acolher a

prova ilícita ou ilegal desde que venha em favor do acusado [...], diante do princípio

do favor rei, admitindo-se tais as provas desde que atuem em favor da defesa”35 , é

o que diz o doutrinador Adalberto Aranha.

Apesar de majoritário, o entendimento doutrinário no sentido de acolher a

prova ilícita como meio de prova para favorecer o réu não é absoluto, somente será

admitida para absolvê-lo de uma acusação, não sendo possível a sua utilização para

outros fins processuais.

Rogério Grecco, explica a relevância da admissão das prova ilícitas utilizadas

para absolvição do acusado:

Uma prova obtida por meio ilícito, mas que levaria à absolvição de um inocente (...) teria de ser considerada, porque a condenação de um inocente é a mais abominável das violências e não pode ser admitida ainda que se sacrifique algum outro preceito legal.

36

Com a leitura, extrai-se que quando a prova psicografada puder evitar uma

condenação injusta, ou mesmo uma condenação na qual o próprio Estado paira em

dúvidas, ela poderá ser aceita pelo ordenamento jurídico, ainda que considerada

ilícita.

Deste modo, em sendo a prova psicografada considerada ilícita ela poderá

ser utilizada desde que em favor do réu e tenha o condão de absolvê-lo.

Trata-se da proporcionalidade da prova pro reo, em que o direito a liberdade

de um inocente prevalece sobre outro direito, que, para a obtenção dessa inocência,

tenha sido violado.37

3.4 ENQUADRAMENTO DA PSICOGRAFIA

Como já exposto, a psicografia não encontra-se prevista expressamente na

nossa legislação penal. Porém, não há qualquer proibição em lei, uma vez que não

35

ARANHA, Adalberto José Q.T. de Camargo. Da prova no processo penal. 7ª ed. Ver. e atual. São Paulo: Saraiva, 2006. p. 67. 36

GRECO FILHO, Vicente. Tutela Constitucional das Liberdades, p.112-113. Apud LOPES, Jr., Aury. Direito Processual Penal. 12ª edição. São Paulo: Saraiva, 2015. p. 406. 37

LOPES, Jr., Aury. Direito Processual Penal. 12ª edição. São Paulo: Saraiva, 2015. p. 406.

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se enquadra como prova ilícita, tendo em vista que não há vedação legal quanto a

sua utilização.

Desde modo, a psicografia poderá ser facilmente considerada uma prova

inominada ou atípica.

Contudo, encontra-se notório respaldo jurídico, a possibilidade da prova

psicografada ser considerada uma prova documental, vez que:

Em sentido estrito, documento é o escrito que condensa graficamente o pensamento de alguém, podendo provar um fato ou a realização de algum ato de relevância jurídica. É a coisa ou papel sobre o qual o homem insere, mediante qualquer expressão gráfica, um pensamento

38.

Logo, tudo o que o homem expressa por meio da grafia, é considerado

documento, independente do conteúdo materializado, de modo que esse documento

poderá ser utilizado no âmbito jurídico.

A prova documental terá função probatória, desde que a sua estrutura seja

passível de ser encaminhada a presença judicial.39

Ou seja, todo documento que tenha função de comprovar uma alegação

deverá ser considerado. Assim, em sendo o documento psicografado capaz de

comprovar algo antes alegado, será dotado de cunho probatório.

Ademais, infere-se que o conceito de documento já encontra-se previsto na

legislação penal, podendo ser públicos ou particulares. A diferença primordial entre o

documento público e o particular, consiste em que o primeiro goza de fé pública, e o

segundo há de ser comprovado a sua autenticidade. Contudo, em nada é alterado o

valor probatório entre as duas espécies documentais.

Ainda sobre a definição de documento, Eugênio Pacelli leciona:

A noção de documento deve ser a mais flexível possível, porque depende de conteúdo que se quer com ele demonstrar. O que realmente importa, para fins de relevância probatória, é a sua originalidade. Daí dispor o art. 232 que se consideram documentos quaisquer escritos, instrumentos ou papéis, públicos ou particulares, reconhecendo-se o mesmo valor à fotografia (ou à reprodução, à cópia, enfim) do documento, desde que devidamente autenticados (art. 323, parágrafo único).

40

Assim, entende-se que qualquer documento poderá ser utilizado como meio

de prova, desde que seja ele, original e que seja devidamente autenticado a sua

38

CAPEZ, Fernando. Curso de processo penal.16ª edição. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 388. 39

LOPES, Jr., Aury. Direito Processual Penal. 12ª edição. São Paulo: Saraiva, 2015. p. 510. 40

OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Curso de processo penal. 18ª ed. rev. e ampl. Atual. de acordo com as Leis nº 12.830, 12.850 e 12.878, todas de 2013. São Paulo: Atlas, 2013. p. 473.

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22

veracidade. E no caso do documento psicografado, essa autenticidade se dará

através do exame grafotécnico.

Por fim, Vladmir Polízio, afirma que a psicografia constante em um processo

criminal tem natureza de prova documental no que se refere a sua valoração

probatória, uma vez que contém declaração daquele que já morreu, e reconhece

que por esta razão, surgem vários tipos de questionamentos a seu respeito.41

41

POLIZIO, Vladimir. A psicografia no tribunal. São Paulo. Butterfly Editora, 2009 apud FERREIRA, Èrika de Cássia Morguete. Psicografia como prova jurídica em face da ciência e do direito. Disponível em: http://www.revistajurisfib.com.br/artigos/1347578586.doc >.Acesso em: 17 set 2015. p. 11.

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4 A (IN) ADMISSIBILIDADE DA PSICOGRAFIA COMO PROVA PENAL

Muito tem-se questionado se a psicografia poderá ou não, ser utilizada no

processo penal como meio de prova aptas a influenciarem um magistrado ou um

corpo de jurados.

Sobre o assunto percebe-se que não há qualquer norma explícita de

permissão ou proibição de seu uso no direito brasileiro, nem mesmo ampla

quantidade de julgados aptos a serem tidos como jurisprudência.

O que se têm são estudos realizados por juristas que questionam o tema

dentro do ponto de vista jurídico.

4.1 CONCEITO DE PSICOGRAFIA

Inicialmente é importante entender o conceito de mediunidade e médium. O

primeiro, consiste como sendo a interlocução entre humanos e espíritos42, que é

realizada através do médium, o qual, caracteriza-se como aquele que é capaz de

sentir, em qualquer grau, a influência dos espíritos43.

Psicografia, portanto, é “um tipo de manifestação inteligente, por consistir na

comunicação discursiva escrita de uma suposta entidade incorpórea ou espírito, por

intermédio de um homem”.44 De forma simples, psicografia é a “escrita dos Espíritos

pela mão de um médium”.45

Quanto ao modo de obtenção da psicografia, tem-se que ela se dá de várias

formas, não havendo apenas um único meio de obtê-la. Existem diferenças quanto

ao modo de sua realização, a qual depende do tipo de médium portador da

mensagem.

42

MEDIUNIDADE. Wikipédia, A Enciclopédia livre. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Mediunidade#cite_note-almeida-1>. Acesso em: 24 de setembro, 2015. 43

KARDEC, Alan. O Livro dos Médiuns. 71 ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2003. p. 234. Disponível em: <http://www.febnet.org.br/wp-content/uploads/2012/07/136.pdf>.Acesso em: 27 out 2015. 44

PSICOGRAFIA. Wikipédia, A Enciclopédia livre. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Psicografia>. Acesso em: 24 de setembro, 2015. 45

KARDEC, Alan. O Livro dos Médiuns. 71 ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2003. p. 359. Disponível em: <http://www.febnet.org.br/wp-content/uploads/2012/07/136.pdf>.Acesso em: 27 out 2015.

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A psicografia intuitiva é aquela em que o médium tem consciência do que

escreve, o espírito apenas empossa de seu pensamento, ou seja, o médium sabe

exatamente o que escreve, apesar do pensamento naquele momento não ser seu.46

A semi-mecânica ocorre quando o médium “[...] sente um impulso dado à sua

mão, independente de sua vontade, mas ao mesmo tempo tem consciência do que

escreve, à medida que as palavras se formam.”47

Por fim, a psicografia mecânica, que ocorre quando o espírito tem todo e total

controle sobre o médium, produzindo movimentos sobre o seu braço e mãos. Nesse

tipo de psicografia, não restam dúvidas quanto ao pensamento do espírito que

escreve, o qual, após concluir a mensagem que se pretende, retira-se e devolvem

ao médium, os poderes sobre o seu corpo e raciocínio48.

Em relação ao conteúdo dos documentos psicografados, Souto afirma que

“qualquer cético ficaria impressionado com as cartas escritas a jato repletas de

nomes, sobrenomes e apelidos de família e detalhes minuciosos sobre a

circunstância da morte”49.

Tais riquezas de detalhes possuem peculiaridades, as quais, o médium não

poderia ser capaz de sabê-las, uma vez que pertencem as lembranças íntimas do

falecido.

4.2 POSIÇÕES CONTRÁRIAS À PROVA PSICOGRAFADA

Dentre os posicionamentos contrários às cartas psicografadas utilizadas como

meio probatório, há o que diz respeito à ofensa ao Estado laico, que parte do

pressuposto de que a psicografia trata-se de matéria religiosa, utilizada pelo

Espiritismo, não podendo ser objeto aplicado pelo direito50

46

KARDEC, Alan. O Livro dos Médiuns. 71 ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2003. p. 161. Disponível em: <http://www.febnet.org.br/wp-content/uploads/2012/07/136.pdf>.Acesso em: 27 out 2015. 47

Ibidem. p. 161 e 162. 48

Ibidem p. 160 e 161. 49

Souto Maior, Marcel. Por trás do véu de Ísis: uma investigação sobre a comunicação entre

vivos e mortos / Marcel Souto Maior — São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2004. Disponível em: <http://bvespirita.com/Por%20Tras%20do%20Veu%20de%20Isis%20(Marcel%20Souto%20Maior).pdf>. Acesso em: 24 out 2015. p. 84 e 85 50

MELO, Michele Ribeiro de. Análise da psicografia como prova judicial. Disponível em: http://editoramagister.com/doutrina_24569037_ANALISE_SOBRE_A_PSICOGRAFIA_COMO_PROVA_JUDICIAL.aspx. Acesso em: 09 de outubro, 2015.

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Desta maneira, os estudiosos do tema que são contra a psicografia como

prova no processo, partem do princípio de que a psicografia é oriunda da religião do

Espiritismo, ferindo deste modo, a laicidade prevista Constitucionalmente. Nesse

sentido, o julgador da lide, estaria apto a julgar a referida prova, caso fosse admitida

como tal, com base em suas crenças, costumes e princípios, desrespeitando em

decorrência, o princípio da imparcialidade.

O Procurador de Justiça do Estado do Rio de Janeiro Sérgio Demoro

Hamilton, afirma que o documento psicografado não pode ser aceito como prova,

uma vez que não se é capaz de atestar a veracidade do documento, o que o torna

imprestável á justiça, sendo desta forma ilícita51.

É importante ressaltar o projeto de Lei nº 1.705/07, já arquivado na Câmara

dos Deputados, cujo objetivo encontra-se em trechos do referido projeto:

Este projeto de lei tem como objetivo destituir de valor probatório o texto psicografado no âmbito do processo penal. Com efeito, todo objeto de valor probatório deve ser concretamente relacionado aos fatos controversos. Recentemente, no entanto, adquiriram notoriedade alguns julgamentos em que réus foram absolvidos ou condenados com base no teor de documentos psicografados. Tais fatos têm provocado grande inquietude na comunidade jurídica em razão da validade ou não do material psicografado.

52

Eis as alegações que motivaram a criação do projeto de lei pelo Deputado

Robson Lemos Rodovalho:

[...] aceitar como prova um documento ditado ou sugerido por algum espírito desencarnado implica resolver uma questão de fé, diferenciando-se, pois, da análise de um dado concreto e passível de contestação. Pergunta-se então: pode-se afirmar que os espíritos desencarnados têm os atributos divinos da onipresença, onisciência e onipotência? Não existindo tais atributos, pode-se acreditar nos relatos de um espírito? Há como se garantir que a pessoa que afirma receber um espírito estará dizendo a verdade? Não havendo a possibilidade de responder às variadas perguntas, o juiz poderá absolver o réu em razão do princípio in dubio pro reo, decidindo, pois, na dúvida, a favor do réu? [...] E, se nem mesmo se pode negar ou afirmar algo em relação à vida após a morte tendo em vista a impossibilidade de uma resposta concreta, mostra-se, sem dúvida, absurdo admitir como prova no âmbito do processo penal documentos resultantes da psicografia. Ressalte-se ainda ser inegável que as provas documentais, periciais e testemunhais surgiram também para afastar a condução do processo penal também da influência de convicções, dogmas e aspectos religiosos, ou seja, para que o que ocorrer no processo penal se atenha

51

HAMILTON, Sérgio Demoro. A invocação do sobrenatural vale como prova? Revista da EMERG, v. 11, nº 41, 2008. p. 141. 52

BRASIL, Câmara dos Deputados. Inteiro Teor do Projeto de Lei nº 1705/2007. Disponível em: http://www2.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=2014B49E2CE4D28DA3818018CD88AFF7.proposicoesWeb2?codteor=488628&filename=PL+1705/2007. Acesso em: 11 de outubro, 2015.

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essencialmente às explicações concretas, bem como à reflexão humana. [...] Não se deve, pois, admitir que as partes, sendo-lhes negada a autotutela, fiquem submetidas a provas que, no mundo sensível, não têm como ser contraditadas de forma concreta. O jus puniendi deve, necessariamente, ser motivado por dados da vida real e não permitir que o livre convencimento do juiz seja, essencialmente, fundado meramente na fé religiosa.

53

Nesse sentido, infere-se que o principal argumento utilizado no Projeto de Lei

nº 1.705/07 que visou alterar o caput do art. 232 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de

outubro de 1941 - Código de Processo Penal, para desconsiderar como documento

o texto resultante de psicografia - documento psicografado, no âmbito do processo

penal, se resume em questões religiosas, ora por questionar-se sobre a veracidade

da psicografia, ora por inaceitar que o livre convencimento do juiz se dê em razão de

crenças e convicções.

Por fim, mais um ponto de contrariedade da prova, está na ofensa ao

contraditório, pois a parte contrária não possui instrumentos e meios de contrapor-se

ao documento psicografado e oferecer a contraprova.54

4.3 POSIÇÕES FAVORÁVEIS À PROVA PSICOGRAFADA

O Promotor de justiça Thales Tácito de Pádua Cerqueira, é um dos

estudiosos sobre o tema que defendem a sua utilização, pelo que afirma:

O certo é que se não há comunhão entre a fé religiosa e o conhecimento científico, não se pode, por isto, impedir que cartas psicografadas sejam juntadas nos autos, com o sofisma de que isto “seria retrocesso histórico”, comparando o AMOR do espiritismo com a Inquisição. Ninguém no espiritismo prega guerra e sim AMOR. Assim sendo, podemos afirmar, até que se prove o contrário, pois o ônus da prova compete a quem acusa, sei disto, pois sou Promotor de Justiça, que as cartas psicografadas são prova lícita, que podem ser perfeitamente questionáveis por exame grafotécnico do falecido que psicografa e outros elementos de prova (testemunhas que

53

BRASIL, Câmara dos Deputados. Inteiro Teor do Projeto de Lei nº 1705/2007. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=2014B49E2CE4D28DA3818018CD88AFF7.proposicoesWeb2?codteor=488628&filename=PL+1705/2007>. Acesso em: 11 de outubro, 2015. 54

NUCCI, Guilherme de Sousa. Da ilegitimidade da psicografia como meio de prova á luz da reforma processual penal de 2008. Jornal Carta Forense. 2009. Disponível em: http://www.cartaforense.com.br/conteudo/artigos/da-ilegitimidade-da-psicografia-como-meio-de-prova-no-processo-penal-a-luz-da-reforma-processual-penal-de-2008/4065http://www.cartaforense.com.br/conteudo/artigos/da-ilegitimidade-da-psicografia-como-meio-de-prova-no-processo-penal-a-luz-da-reforma-processual-penal-de-2008/4065 Acesso em: 22 set 2015.

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conviveram com o mesmo, estilo de redação, família que ateste etc).55

Outros estudiosos defendem que a prova psicografada é perfeitamente lícita e

não fere qualquer preceito fundamental. Nesse sentido, temos o julgado de uma

Apelação Criminal, proferido pelo Relator Des. Manuel José Martinez Lucas, da 1º

Turma Criminal TJRS, in verbis:

[...] tenho que a elaboração de uma carta supostamente ditada por um espírito e grafada por um médium não fere qualquer preceito legal. Pelo contrário, encontra plena guarida na própria Carta Magna, não se podendo incluí-la entre as provas obtidas por meios ilícitos de que trata o art. 5º, LVI, da mesma Lei Maior. É evidente que a verdade da origem e do conteúdo de uma carta psicografada será apreciada de acordo com a convicção religiosa ou mesmo científica de cada um. Mas jamais tal documento, com a vênia dos que pensam diferentemente, poderá ser tachado de ilegal ou de ilegítimo. Afastada a possível ilicitude do documento como meio de prova, que poderia efetivamente acarretar a desconstituição do julgamento, a questão, ao menos do ponto de vista jurídico, perde o interesse, ainda que compreensível que sua utilização em plenário, máxime diante da decisão absolutória, chame tanta atenção da mídia e do público leigo em geral.

56

Contrariando os que inadmitem a psicografia como prova por ferir o

contraditório, Renato Marcão, membro do Ministério Público diz que: “Se não está

submetido ao contraditório quando de sua produção, entenda-se, quando da

psicografia, a ele estará exposto a partir da apresentação em Juízo.”57

Outro ponto de tese defensiva consiste em que a psicografia não é oriunda da

Doutrina Espírita, pois se trata de fenômeno natural do ser humano, a qual, está

amparada pela ciência espírita, perícia e estudos científicos, e não em critérios

religiosos.58

Há também os defendem que a prova psicografada pode ser integralmente

utilizada no processo penal, pois enquadra-se como prova inominada, uma vez que,

55

CERQUEIRA, Thales Tácito de Pádua. Chico Xavier e as testemunhas do “além”. apud PITELLI, Mirna Policarpo. A psicografia como meio de prova judicial. Revista Vianna Sapiens, v. 1, nº. 1, p. 79-87. Juiz de Fora, 2010. Issn 2177-3726. Disponível em: <http://www.viannajr.edu.br/viannasapiens/artigos/artigo04.pdf>. Acesso em: 26 out 2015. 56

RIO GRANDE DO SUL, Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Apelação Criminal nº 70016184012. Relator: Manuel José Martinez Lucas, 1º Turma Criminal TJRS, Publicada no DJRS: 04/12/2009. Disponível em: <http://jurisprudenciabrasil.blogspot.com.br/2009/12/jurid-juri-decisao-absolutoria-carta.html>. Acesso em: 11 de outubro, 2015. 57

MARCÃO, Renato. Psicografia e prova penal. Jus Navigandi, Teresina, ano 12, n. 1289, 11 jan. 2007. Disponível em:<http://jus.com.br/revista/texto/9380>. Acesso em: 06 de fev. 2011. 58

MELO, Michele Ribeiro de. Análise da psicografia como prova judicial. Disponível em: http://editoramagister.com/doutrina_24569037_ANALISE_SOBRE_A_PSICOGRAFIA_COMO_PROVA_JUDICIAL.aspx. Acesso em: 30 de outubro, 2015.

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apesar de não prevista na legislação, pela mesma não é proibida.59

Para o juiz Orimar de Bastos, que proferiu a sentença de um dos casos a

seguir analisados, afirmou que a prova psicografada poderá ser utilizada no

processo como meio de responsabilidade penal, desde que coadunadas com os

demais meios de prova no processo.60

Assim, aos que seguem esse mesmo raciocínio, a prova somente será

admitida quando auxiliar na busca da verdade real, atuando de forma subsidiária das

demais provas, as quais devem respeitar o princípio da licitude das provas.

4.4 REQUISITOS PARA ADMISSIBILIDADE DA PSICOGRAFIA COMO PROVA

É importante salientar, que devem ser observados alguns requisitos em caso

de eventual surgimento de um documento psicografado para ser considerado como

prova.

Os critérios a seguir analisados servirão para distinguir esses documentos, de

supostas declarações fraudulentas cuja a intenção é ludibriar o sistema judiciário.

Dentre as condições impostas para a sua aceitabilidade estão: a influência do

médium sob o documento psicografado; a gratuidade do exercício mediúnico; a

idoneidade moral do médium comunicante; a utilização de perícia

grafodocumentoscópica a fim de verificar se a caligrafia escrita pelo médium

corresponde à utilizada pelo morto; a verossimilhança entre o descrito no documento

psicográfico e o apurado pela perícia policial no local do crime e a verificação da

semelhança da linguagem do documento psicografado com a do falecido, usando o

requisito grafotécnico como base, em suas expressões ou conhecimentos íntimos

transpassados na mensagem.61

A influência do médium, é baseada na observância do tipo de psicografia

realizada, as quais já estudadas em capítulo anterior se distinguem em mecânica,

semi-mecânica e intuitiva. Deste modo, infere-se que o médium tem influência sobre

59

PITELLI, Mirna Policarpo. A psicografia como meio de prova judicial. Revista Vianna Sapiens, v. 1, nº. 1, p. 79-87. Juiz de Fora, 2010. Issn 2177-3726. Disponível em: <http://www.viannajr.edu.br/viannasapiens/artigos/artigo04.pdf>. Acesso em: 26 out 2015. 60

FERREIRA, Leandro Tavares. Psicografia no processo penal: admissibilidade. Revista Jus Navigandi, Teresina, ano 17, n. 3412, 3 nov. 2012. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/22918>.Acesso em: 06 out 2015. 61

AHMAD, Nemer da Silva, Psicografia – O novo olhar da justiça, Ed. Aliança, 2008, pag.67. apud ASSIS, de Rodrigo Bernardo. A verdade no processo judicial: licitude dos documentos psicografados como meio de prova no direito brasileiro, Brasília, DF, 2013.

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o que escreve apenas na psicografia intuitiva, vez que nas demais o espírito tem o

poder sobre suas mãos durante a escrita.

O exercício do médium não deve almejar o enriquecimento com o poder que

lhe fora conferido, deste modo, para fim de dar credibilidade ao documento, é

necessário que o médium o exerça de forma gratuita, tendo em vista que mesmo

não possui o poder de escolha sobre qual espírito irá se comunicar. Assim sendo,

resta afastada qualquer dúvida sobre a imparcialidade do médium no caso concreto.

A idoneidade do médium comunicante, poderá ser comprovada pelos

trabalhos sociais que ele exerce, e pela forma como é exposta as suas atividades,

de forma geral, sem nenhum interesse comercial.

A realização da perícia grafosópica, serve para comprovar a veracidade do

documento psicografado, e é sem dúvida, um dos critérios que mais trazem

credibilidade a prova, uma vez que trata-se de um exame técnico.

Já a verossimilhança entre o documento psicografado com o que fora

apurado pela policia nos autos, corroboram o exame grafotécnico, indo de encontro

á todo o meio probatório realizado, possibilitando o contraditório, uma vez que é

facultada a nomeação de assistente de acusação para a realização dos quesitos

utilizados na perícia.

Por fim, o ultimo requesito, de análise do documento psicografado com a

linguagem utilizada pelo espírito, servem para todos os tipos de psicografias, pois na

escrita o espírito usa expressões e palavras por ele em vida utilizadas, as quais

fogem do conhecimento do médium. Além disso, muitas vezes há fatos que somente

o próprio espírito ou parentes próximos possuem conhecimento dada a pessoalidade

da escrita.

4.5 EXAME GRAFOTÉCNICO

Para Carlos Perandréa, ex perito credenciado pelo Poder Judiciário, a

grafoscopia pode ser classificada como: “[...] um conjunto de conhecimentos

norteadores dos exames gráficos, que verifica as causas geradoras e modificadoras

da escrita, através de metodologia apropriada, para a determinação da autenticidade

gráfica e da autoria gráfica.”62

62

PERANDRÉA, Carlos Agusto. Perandréa Perícias – Perícias Judiciárias em Grafoscopia e Documentoscopia. Disponível em: <http://www.perandrea.adv.br/>. Acesso em: 15 abril 2015.

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30

O exame grafotécnico enquadra-se como um tipo de perícia, que “[...] é o

meio probatório onde o perito esclarece o fato descrevendo o seu estado atual,

invocando a ciência para elucidá-lo.”63

A realização do exame grafotécnico poderá ser realizada em documentos

sempre que requisitadas pelas partes ou pelo juiz. Assim, também é realizado o

exame grafotécnico em materiais psicografados.

Marcelo Mendroni, explica sobre a grafia do indivíduo:

A escrita decorre de manifestação e exteriorização de um pensamento através de uma linguagem consistente em representação de símbolos (letras), que, reunidas, assumem determinado significado. Com o desenvolvimento intelectual do indivíduo, ele vai moldando determinada forma de escrita, que se lhe afigura pessoal, personalíssima, identificando-o.

64

Quanto a validade do exame grafotécnico, não restam dúvidas sobre a sua

eficácia. Nesse sentido Mendroni esclarece que:

[...] cada indivíduo tem um grafismo próprio, peculiar, que o identifica, deve-se concluir que o exame grafotécnico é exato, ou seja, uma vez identificada à grafia de umas pessoas em um escrito, através do método comparativo, pode-se afirmar que foi ele quem o escreveu: Sim. Quando o escrito é afirmado por peritos, que o analisam através de métodos comparativos, desde que existam elementos para tanto, a afirmação é certa.

65

Se a Grafoscopia é uma técnica reconhecida e aceita hoje em dia para

solucionar questões criminais e para verificação da autenticidade ou a determinação

da autoria de um documento, não se pode questionar sua credibilidade quando se

refere à autenticação das psicografias, uma vez que trata-se de um exame técnico,

realizado com os mesmos critérios dos demais documentos.

Perandréa, examinou as mensagens psicografadas realizadas pelo médium

Chio Xavier, ditadas por diversos espíritos, e comprovou que as assinaturas

pertenciam as pessoas falecidas, sendo certificado pela ciência grafotécnica,

63

PERANDRÉA, Carlos Agusto. Perandréa Perícias – Perícias Judiciárias em Grafoscopia e Documentoscopia. Disponível em: <http://www.perandrea.adv.br/>. Acesso em: 15 abril 2015. 64

MENDRONI, Marcelo Batlouni. Provas no processo penal: estudo sobre a valoração das provas penais. São Paulo: Atlas, 2010. p. 127. 65

MENDRONI, Marcelo Batlouni. Provas no processo penal: estudo sobre a valoração das provas penais. São Paulo: Atlas, 2010. p.127.

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caracterizando essa perícia como científica, aptas a ensejarem como prova judicial,

uma vez que não pairam dúvidas quanto á sua autenticidade.66

O perito analisou cerca de 400 cartas, dentre as quais, 398 tiveram a sua

autenticidade comprovada por ele e por outros peritos, com uma margem de 99,5%

de acerto, tornando indiscutível a autenticidade dos documentos.67

Portanto, o exame grafotécnico realizado no documento psicografado é uma

perícia, que não deve ser descartada por princípios religiosos e convicções

pessoais.

Contudo, sabe-se que a prova é válida desde que respeitados o contraditório

e perante as partes e o juiz. Porém, quando se trata de prova pericial, esse direito é

mitigado, o que não significa dizer, inaplicado.

Assim, havendo dúvidas quanto ao teor da prova pericial, poderá ambas as

partes requisitar o assistente técnico para sanar a dúvida existente.

É o que leciona Válter Ishida sobre o assunto:

A prova é válida se produzida pelo crivo do contraditório e na presença das partes e do juiz. Nos exames materiais, ocorre o diferimento do contraditório. É permitida então a contraprova. Convém ressaltar que esse diferimento é, na prática, difícil de ser executado. Se realizado um exame grafotécnico, uma reconstituição na fase do inquérito, como concretamente contestá-lo em nível processual? Nesse caso, a regra e a busca da paridade das armas encontram sério obstáculo. Para garantir uma maior atuação das partes, principalmente para a defesa, a Lei nº 11.690/2008 permitiu a possibilidade de nomeação de assistente técnico.

68

Isto posto, o exame grafotécnico é um dos meios realizados para comprovar a

autenticidade de qualquer documento. Contudo, é importante distinguirmos como se

dará essa comprovação de veracidade nos três tipos de psicografia, já anteriormente

explicados.

Nos casos em que o documento foi realizado pela psicografia mecânica e

semi-mecânica, ou seja, aquela em que a letra do espírito é a contida na mensagem,

essa autenticidade se dará por meio do exame grafotécnico, como já ocorrera em

66

DALMARCO, Ademir Felix. A psicografia como meio de prova no processo penal. Webartigos, 2013. Disponível em: <http://www.webartigos.com/artigos/a-psicografia-como-meio-de-prova-no-processo-penal/115891/>. Acesso em: 29 out 2015. 67

FERREIRA, Leandro Tavares. Psicografia no processo penal: admissibilidade. Revista Jus Navigandi, Teresina, ano 17, n. 3412, 3 nov 2012. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/22918>.Acesso em: 06 out 2015. 68

ISHIDA, Válter kenji. Processo Penal: Incluindo as leis nº 12.654, de 28 de maio de 2012, nº 12.694, de 24 de julho de 2012, que instiruiu o juízo colegiado em primeiro grau, nº 12.714, de 14 de setembro de 2012, e nº 12.736, de 30 de novembro de 2012. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2013. p. 129.

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alguns dos casos envolvendo a psicografia no âmbito da justiça, que será abordada

no tópico posterior.

Por outro lado, quando trata-se da psicografia intuitiva, em que não

apresentará a grafia do espírito, a autenticidade do documento ocorrerá de forma

diferenciada:

[...] poderá ser feita analisando o conjunto probatório, a conexão com as demais provas, os detalhes e pormenores narrados na carta, onde se observa que determinadas particularidades só poderiam ter sido narrados pela pessoa que vivenciou os fatos, no caso o espírito.

69

Diante do exposto, todo o tipo de psicografia escrita, poderá ser comprovada

a sua autenticidade.

4.6 CASOS DE UTILIZAÇÃO DA PSICOGRAFIA

Por fim, não restaria completa a presente pesquisa se não fosse abordado os

casos reais em que a Psicografia foi utilizada como meio de prova em nosso

processo penal. Dentre os outros casos comprovados em que a psicografia foi

utilizada no meio jurídico, serão analisados, 02 (dois) casos de suma importância na

matéria, que influenciaram os grandes debates por estudiosos e juristas quanto ao

assunto.

É importante esclarecer, que os casos em que a psicografia foi utilizada no

Brasil, todas serviram apenas para inocentar o réu do crime contra ele imputado.

Não se admitiu ainda tal prova, in malam partem, tendo sido utilizada até hoje

apenas para beneficiar o réu.

4.6.1 CASO MAURÍCIO GARCEZ HENRIQUE

O primeiro caso a ser analisado ocorreu em 1976, e trouxe muitas

divergências a cerca do tema, o caso foi conturbado, envolvendo manchetes e a

mídia, que expôs sobre o assunto nos jornais.

69

DALMARCO, Ademir Felix. A psicografia como meio de prova no processo penal. Webartigos, 2013. Disponível em: <http://www.webartigos.com/artigos/a-psicografia-como-meio-de-prova-no-processo-penal/115891/>. Acesso em: 29 out 2015.

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O fato ocorreu no dia 08 de maio de 1976, em Goiânia/Goiás, quando a vítima

Maurício de 15 anos veio a óbito, em virtude um disparo de arma de fogo provocado

por José Divino Nunes, seu grande amigo a época com 18 anos.

Após a instauração de inquérito policial, o Ministério Público denunciou José

Divino por homicídio doloso.

Em interrogatório o réu José Divino, apresentou sua versão dos fatos, a qual,

era compatível com a restituição dos fatos, uma vez que os peritos afirmaram não

haver contradição entre a sua versão e as perícias técnicas realizadas.70

Reproduz-se o interrogatório extraído do livro Lealdade, de Francisco Cândido

Xavier:

(...) no dia que se deu o fato, ambos estavam no quartinho de despensa que fica anexo à cozinha, e após 25 minutos deu vontade de fumar na vítima, sendo que ele pediu ao declarante que desse um cigarro e que por motivo do mesmo não te-lo, a vítima foi até onde estava a pasta do pai do declarante para tirar cigarro. Pois os mesmos estavam acostumados a pegar cigarros naquele objeto, mas não encontrando-os a vítima pegou o revólver que o pai do declarante sempre guardava na pasta, quando não a usava em seu serviço de Oficial de Justiça. Em seguida, na presença do declarante, a vítima manejou o revólver de maneira que o seu tambor caiu para a esquerda, havendo a queda dos cartuchos dentro da pasta. Pensando que a arma se encontrava vazia, a vítima puxou o gatilho em direção do declarante por duas vezes. Neste momento, o declarante disse à vítima que seu pai não gostava que mexesse nas coisas dele e que lhe entregasse a arma, sendo que o declarante tomou a mesma da mão dele. Em seguida, a vítima saiu para a cozinha para buscar cigarros, que fica à esquerda do local onde estavam. No quartinho existe um espelho grande _ do guarda-roupa, que fica ao lado da porta que dá para a cozinha _ e o declarante olhava para ele, brincando com aquela arma, e quando sintonizava uma estação no aparelho de rádio, colocado sobre o guardaroupa, puxou o gatilho no exato momento em que a vítima, vinda da cozinha, entrava pela porta. A arma detonou, indo o projétil atingir a vítima, que gritou, sendo socorrida pela mãe do declarante, juntamente com ele, e a seguir levada, de táxi, ao Hospital mais próximo.

71

Durante o curso do processo, o Espírito Maurício Garcez, ditou ao médium

Chico Xavier sua primeira carta, momento em que inocentava o amigo de qualquer

acusação:

70

XAVIER, Francisco Cândido, Ditado Pelo Espírito Maurício Garcez Henrique, Lealdade. Uberaba, 1982. p. 04. Disponível em: <http://bvespirita.com/Lealdade%20(psicografia%20Chico%20Xavier%20%20espirito%20Mauricio%20Garcez%20Henrique).pdf>. Acesso em: 04 abr 2015. 71

XAVIER, Francisco Cândido, Ditado Pelo Espírito Maurício Garcez Henrique, Lealdade. Uberaba, 1982. p. 04. Disponível em: <http://bvespirita.com/Lealdade%20(psicografia%20Chico%20Xavier%20%20espirito%20Mauricio%20Garcez%20Henrique).pdf>. Acesso em: 04 abr 2015.

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[...] O José Divino e nem ninguém teve culpa em meu caso. Brincávamos a respeito da possibilidade de se ferir alguém, pela imagem no espelho; sem que o momento fosse para qualquer movimento meu, o tiro me alcançou, sem que a culpa fosse do amigo, ou minha mesmo. O resultado foi aquele.

72

Durante a defesa do réu, fora argumentado:

(...) a vítima Maurício Garcez Henrique, desencarnado, envia mensagens de tolerância e magnitude espiritual, inocentando seu amigo José Divino e dizendo que ninguém teve culpa em seu caso, tudo através do renomado médium Francisco Cândido Xavier, cuja autenticidade foi proclamada, inclusive, pelo corretíssimo representante do Ministério Público (fls. 170 e 185).

73

Após analisados todas as provas judiciais, inclusive a carta psicografada por

meio do médium Francisco Cândido Xavier, chegou-se a conclusão que estavam

ausentes o dolo na conduta do acusado, bem como a culpa por parte de José Divino

Nunes.

Na sentença que absolveu o acusado, proferida pelo Dr. Orimar de Bastos,

infere-se que o documento psicografado serviu de fundamentação para a

mencionada absolvição:

Temos que dar credibilidade à mensagem de fls. 170, embora na esfera jurídica ainda não mereceu nada igual, em que a própria vítima, após sua morte, vem relatar e fornecer dados ao julgador para sentenciar. Na mensagem psicografada por Francisco Cândido Xavier, a vítima relata o fato e isenta de culpa o acusado. Fala da brincadeira com o revólver e o disparo da arma. Coaduna este relato, com as declarações prestadas pelo acusado, quando de seu interrogatório, às fls. 100/vs.

74

Inconformado, o representando do Ministério Público recorreu da sentença,

ocasião em que o Tribunal reformou a decisão para pronunciar o réu.

Contudo, antes do julgamento em júri popular, o pai de Maurício que atuava

como assistente de acusação, por intermédio de seu advogado decidiu renunciar,

expondo os motivos em petição dirigida ao MM. Juiz do Tribunal do Júri de Goiânia:

72

XAVIER, Francisco Cândido, Ditado Pelo Espírito Maurício Garcez Henrique, Lealdade. Uberaba, 1982. p. 06. Disponível em: <http://bvespirita.com/Lealdade%20(psicografia%20Chico%20Xavier%20%20espirito%20Mauricio%20Garcez%20Henrique).pdf>. Acesso em: 04 abr 2015. 73

Ibidem. p. 09. 74

XAVIER, Francisco Cândido, Ditado Pelo Espírito Maurício Garcez Henrique, Lealdade. Uberaba, 1982. p. 10. Disponível em: <http://bvespirita.com/Lealdade%20(psicografia%20Chico%20Xavier%20%20espirito%20Mauricio%20Garcez%20Henrique).pdf>. Acesso em: 04 abr 2015.

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35

Nessas mensagens existem dados, fatos e nomes citados por Maurício que eram completamente desconhecidos pelo Médium, o que comprova sua autenticidade, além, é claro, de sua assinatura em todas elas, traços inconfundíveis das quais temos exemplares em nosso poder, que não deixam qualquer margem de dúvida sobre terem sido escritas por nosso filho. [...] Assim, Meritíssimo, queremos afirmar que não temos o mais leve interesse na condenação do acusado José Divino Nunes, bem ao contrário, esperamos que os jurados, como nós, reconheçam sua inocência, absolvendo-o em confirmação à sentença prolatada pelo Juiz de Direito Dr. Orimar de Bastos [...].

75

Após, os jurados absolveram José Divino por seis votos a um. Contudo,

apesar do promotor de justiça não ter recorrido da decisão, o Procurador Geral de

Justiça do Estado de Goiás designou novo promotor para fazê-lo, o qual, foi negado

provimento em face da soberania dos vereditos.

4.6.2 CASO ERCY DA SILVA CARDOSO

O caso Ercy da Silva Cardoso76 é o mais recente em que a psicografia foi

utilizada nos tribunais.

O crime ocorreu em julho de 2003, na cidade de Itapõa. A vítima Ercy da Silva

Cardoso, à época tabelião, fora morto com vários disparos de arma de fogo. Foram

acusados do homicídio, Leandro Rocha de Almeida, caseiro da vítima, e Iara

Marques Barcelos, pois Leandro informou que havia sido contratado por ela para

“dar um susto” na vítima, em razão dos dois terem um relacionamento amoroso.77

Contudo, durante o julgamento em 2006, a defesa da ré, apresentou uma

carta psicografada pelo médium Jorge José Santa Maria, e leu aos jurados um

trecho da carta enviada pelo Espírito de Ercy Cardoso: "O que mais me pesa no

coração é ver a Iara acusada desse jeito, por mentes ardilosas como as dos meus

algozes (...). Um abraço fraterno do Ercy”78.

75

XAVIER, Francisco Cândido, Ditado Pelo Espírito Maurício Garcez Henrique, Lealdade. Uberaba, 1982. p. 27. Disponível em: <http://bvespirita.com/Lealdade%20(psicografia%20Chico%20Xavier%20%20espirito%20Mauricio%20Garcez%20Henrique).pdf>. Acesso em: 04 abr 2015. 76

VITRAL, Espaço. Mantida a absolvição de acusada que apresentou carta psicografada em sua defesa. Revista Jus Navegandi. 2015. Disponível em: <http://espaco-vital.jusbrasil.com.br/noticias/2003125/mantida-a-absolvicao-de-acusada-que-apresentou-carta-psicografada-em-sua-defesa>.Acesso em: 1º nov 2015. 77

GERHMANN, Léo. Carta psicografada ajuda a inocentar ré em RS. Folha de S. Paulo. Porto Alegre. 2006. Disponível em:<http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u122179.shtml>.Acesso em: 1º nov 2015. 78

VITRAL, Espaço. Mantida a absolvição de acusada que apresentou carta psicografada em sua defesa. Revista Jus Navegandi. 2015. Disponível em: <http://espaco-

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36

Logo após veio o veredito, tendo a ré sido inocentada por 5 votos a 2, e o

Ministério Público entrado com um recurso visando anular a sentença. Contudo, o

Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, entendeu não haver motivos que

ensejassem um novo julgamento, vez que a decisão proferida não foi contrária aos

autos.

Nesse sentido, em seu voto o Desembargador José Antônio Hirt Preiss disse:

"[...] o júri optou por entender não haver prova para a condenação e é quem dá a

última palavra [...] vivemos em um Estado laico e republicano, devendo ser seguidas

as leis escritas, votadas no Congresso"79. Ainda em seu voto assegurou que: “a

religião fica fora desta sala de julgamento que é realizado segundo as leis

brasileiras”80.

O desembargador relator, Manuel José Martinez Lucas também se

manifestou em relação ao documento psicografado constante nos autos: "o exercício

da religião é protegido constitucionalmente e cada um dos jurados pode avaliar os

fatos levantados no processo conforme suas convicções"81.

Deste modo, como dito anteriormente, o Caso Ercy, foi o último julgado

envolvendo a psicografia exercida pela mediunidade, contudo, como demonstrado, o

assunto gera polêmica até os dias atuais.

vital.jusbrasil.com.br/noticias/2003125/mantida-a-absolvicao-de-acusada-que-apresentou-carta-psicografada-em-sua-defesa>.Acesso em: 1º nov 2015. 79

VITRAL, Espaço. Mantida a absolvição de acusada que apresentou carta psicografada em sua defesa. Revista Jus Navegandi. 2015. Disponível em: <http://espaco-vital.jusbrasil.com.br/noticias/2003125/mantida-a-absolvicao-de-acusada-que-apresentou-carta-psicografada-em-sua-defesa>.Acesso em: 1º nov 2015. 80

Ibidem. 81

Ibidem.

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37

5 CONCLUSÃO

O presente trabalho tem por finalidade expor a possibilidade ou não da

psicografia ser utilizada no mundo jurídico e seus argumentos.

De início, a primeira reação que se manifesta, é intimamente ligada as nossas

convicções pessoais, religiosas, regidas por princípios morais, permanecendo com

plena convicção de que a psicografia é oriunda de uma religião intitulada como

Espiritismo.

Contudo, no decorrer da leitura deste trabalho, infere-se que a psicografia é

considerada hoje como uma ciência, a qual, já fora realizada estudos científicos,

afastando assim, o seu cunho religioso, para então, poder seguir com a sua análise

jurídica.

Assim, pode-se perceber a vulnerabilidade dos opositores desse meio de

prova, uma vez que seus argumentos consistem na violação ao Estado Laico

Brasileiro, o que pelo contrário, é a plenitude da liberdade de crença religiosa sendo

respeitada.

Outra questão abordada se refere à ofensa ao contraditório, que como foi

observado, poderá ser contraditada, não no momento de sua realização, até porque

trata-se de uma prova obtida extrajudicialmente, o que não a impede de ser

contraditada quando entranhada nos autos, por meio de assistente técnico, bem

como do exame grafotécnico.

Sobre o exame grafotécnico vimos que o mesmo, é utilizado para comprovar

a autenticidade do documento e dar veracidade ao conteúdo que foi psicografado.

Ademais, não há o que se questionar quanto a sua eficácia, uma vez que a técnica

utilizada em um documento psicografado, é a mesma utilizada em qualquer outro

documento, assim, em havendo dúvidas quanto a sua credibilidade, deverá o

mencionado exame pericial ser questionado diante de qualquer processo criminal.

Conclui-se que o documento psicografado não pode ser considerado ilícito,

pois não é produzido em contrariedade a lei, ou com violação da moral, costumes ou

princípio geral do direito.

Outrossim, em sendo tal prova considerada ilícita, deverá ser aceita, uma vez

que o entendimento doutrinário é majoritário ao admitir a prova ilícita desde que

ocorra em favor do réu, como meio de absolvê-lo de uma acusação. Isto porque, em

existindo uma prova no processo, ainda que ilícita capaz de absolver um inocente,

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esta tem o condão de resguardar o direito à liberdade garantido em nossa

Constituição de 1988, considerando que somente poderá ser mitigado quando

comprovada a culpabilidade.

Em relação ao Projeto de Lei ora estudado, percebe-se que o mesmo carece

de argumentos jurídicos, fundamentado apenas em questões religiosas, sendo

questionado até a aplicabilidade do princípio in dubio pro reo, por tratar-se de

documento psicografado.

Nesse sentido, sabe-se, que em havendo dúvidas quanto a culpabilidade do

réu, deverá ele ser inocentado. Quando existirem duas versões para um mesmo

fato, deverá ser acolhida aquela que preserva a presunção de inocência.

Dentre os estudiosos que admitem a psicografia como prova, estes se

dividem entre os que a enquadram como prova documental, amparados pelo próprio

artigo 232 do Código de Processo Penal, e aqueles que acreditam trata-se de uma

prova inominada, vez que apesar de não prevista em lei, também não é proibida,

sendo utilizada como forma de auxiliar na busca pela verdade real.

Contudo, verificou-se que para ser admitida como prova, deve-se observar

alguns critérios, os quais, ajudarão garantir a veracidade da psicografia, e evitar o

surgimento de fraudes para prejudicar o ordenamento jurídico.

Porém, em que pese a corrente favorável estar integramente amparada

juridicamente, não há, até os dias de hoje, permissão expressa sobre a sua

utilização.

Por fim, infere-se que em todos os casos em que a psicografia fez-se

presente, fora empregada apenas para absolver inocentes, utilizada para livrar da

culpa aquele que encontra-se desamparado frente aos meios que o fato resultou.

Por todo o exposto, a psicografia poderá ser considerada como prova, sendo

plenamente capaz de ser utilizada no processo penal, desde que corroboradas com

as demais provas do processo, a fim de auxiliar os operadores do direito, e evitar a

condenação de inocentes quando o Estado não for capaz de provar o contrário.

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REFERÊNCIAS

1 BRASIL. Constituição (1998). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm>. Acesso em: 15 out. 2015. 2 ISHIDA, Válter kenji. Processo Penal: Incluindo as leis nº 12.654, de 28 de maio de 2012, nº 12.694, de 24 de julho de 2012, que instituiu o juízo colegiado em primeiro grau, nº 12.714, de 14 de setembro de 2012, e nº 12.736, de 30 de novembro de 2012. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2013. p. 129. 3 Ibidem. 4 ISHIDA, Válter kenji. Processo Penal: Incluindo as leis nº 12.654, de 28 de maio de 2012, nº 12.694, de 24 de julho de 2012, que instituiu o juízo colegiado em primeiro grau, nº 12.714, de 14 de setembro de 2012, e nº 12.736, de 30 de novembro de 2012. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2013. p. 129. 5 CAPEZ, Fernando. Curso de processo penal.16ª edição. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 297 6 LOPES, Jr., Aury. Direito Processual Penal. 12ª edição. São Paulo: Saraiva, 2015. p. 351. 7 WAMBIER, Luís Rodrigues, Curso Avançado de Processo Civil. 9.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006-2007. Cap.32. p. 406. 8 CAPEZ, Fernando. Curso de processo penal.16ª edição. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 297. 9 ISHIDA, Válter kenji. Processo Penal: Incluindo as leis nº 12.654, de 28 de maio de 2012, nº 12.694, de 24 de julho de 2012, que instituiu o juízo colegiado em primeiro grau, nº 12.714, de 14 de setembro de 2012, e nº 12.736, de 30 de novembro de 2012. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2013. p. 129. 10 SOARES, Clara Dias. A verdade no processo penal brasileiro. Revista Jus Navegandi. Teresina, ano 13, n. 1749, 15 abr. 2008. Disponível em: http://jus.com.br/artigos/11160/a-verdade-no-processo-penal-brasileiro. Acesso em: 08 out. 2015. 11 ISHIDA, Válter kenji. Processo Penal: Incluindo as leis nº 12.654, de 28 de maio de 2012, nº 12.694, de 24 de julho de 2012, que instituiu o juízo colegiado em primeiro grau, nº 12.714, de 14 de setembro de 2012, e nº 12.736, de 30 de novembro de 2012. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2013. p. 129. 12 CAPEZ, Fernando. Curso de processo penal.16ª edição. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 31.

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13 MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo Penal. 18ª ed. rev. Atual. São Paulo: Atlas, 2006. p. 25. 14 BRASIL. Constituição (1998). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm>. Acesso em: 16 out 2015. 15 MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo Penal. 18ª ed. rev. Atual. São Paulo: Atlas, 2006. p.24. 16 Ibidem. 17 Ibidem. 18 CAPEZ, Fernando. Curso de processo penal.16ª edição. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 20.

19 Ibidem, p. 22. 20 BRASIL. Constituição (1998). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm>. Acesso em: 18 out 2015. 21 OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Curso de processo penal. 18ª ed. rev. e ampl. Atual. de acordo com as Leis nº 12.830, 12.850 e 12.878, todas de 2013. São Paulo: Atlas, 2013. p. 45. 22 CAPEZ, Fernando. Curso de processo penal.16ª edição. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 39. 23 OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Curso de processo penal. 18ª ed. rev. e ampl. Atual. de acordo com as Leis nº 12.830, 12.850 e 12.878, todas de 2013. São Paulo: Atlas, 2013. p.376. 24 Ibidem. 25 MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo Penal. 18ª ed. rev. Atual. São Paulo: Atlas, 2006.p. 252. 26 OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Curso de processo penal. 18ª ed. rev. e ampl. Atual. de acordo com as Leis nº 12.830, 12.850 e 12.878, todas de 2013. São Paulo: Atlas, 2013., p. 331. 27 ISHIDA, Válter kenji. Processo Penal: Incluindo as leis nº 12.654, de 28 de maio de 2012, nº 12.694, de 24 de julho de 2012, que instituiu o juízo colegiado em primeiro grau, nº 12.714, de 14 de setembro de 2012, e nº 12.736, de 30 de novembro de 2012. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2013. p. 146.

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54 NUCCI, Guilherme de Sousa. Da ilegitimidade da psicografia como meio de prova á luz da reforma processual penal de 2008. Jornal Carta Forense. 2009. Disponível em: http://www.cartaforense.com.br/conteudo/artigos/da-ilegitimidade-da-psicografia-como-meio-de-prova-no-processo-penal-a-luz-da-reforma-processual-penal-de-2008/4065http://www.cartaforense.com.br/conteudo/artigos/da-ilegitimidade-da-psicografia-como-meio-de-prova-no-processo-penal-a-luz-da-reforma-processual-penal-de-2008/4065 Acesso em: 22 set 2015. 55 PITELLI, Mirna Policarpo. A psicografia como meio de prova judicial. Revista Vianna Sapiens, v. 1, nº. 1, p. 79-87. Juiz de Fora, 2010. Issn 2177-3726. Disponível em: <http://www.viannajr.edu.br/viannasapiens/artigos/artigo04.pdf>. Acesso em: 26 out 2015. 56 RIO GRANDE DO SUL, Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Apelação Criminal nº 70016184012. Relator: Manuel José Martinez Lucas, 1º Turma Criminal TJRS, Publicada no DJRS: 04/12/2009. Disponível em: <http://jurisprudenciabrasil.blogspot.com.br/2009/12/jurid-juri-decisao-absolutoria-carta.html>. Acesso em: 11 de outubro, 2015. 57 MARCÃO, Renato. Psicografia e prova penal. Jus Navigandi, Teresina, ano 12, n. 1289, 11 jan. 2007. Disponível em:<http://jus.com.br/revista/texto/9380>. Acesso em: 06 de fev. 2011. 58 MELO, Michele Ribeiro de. Análise da psicografia como prova judicial. Disponível em: http://editoramagister.com/doutrina_24569037_ANALISE_SOBRE_A_PSICOGRAFIA_COMO_PROVA_JUDICIAL.aspx. Acesso em: 30 de outubro, 2015. 59 PITELLI, Mirna Policarpo. A psicografia como meio de prova judicial. Revista Vianna Sapiens, v. 1, nº. 1, p. 79-87. Juiz de Fora, 2010. Issn 2177-3726. Disponível em: <http://www.viannajr.edu.br/viannasapiens/artigos/artigo04.pdf>. Acesso em: 26 out 2015. 60 FERREIRA, Leandro Tavares. Psicografia no processo penal. Revista Jus Navigandi, Teresina, ano 17, n. 3412, 3 nov. 2012. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/22918>.Acesso em: 06 out 2015. 61 ASSIS, de Rodrigo Bernardo. A verdade no processo judicial: licitude dos documentos psicografados como meio de prova no direito brasileiro, Brasília, DF, 2013. 62 PERANDRÉA, Carlos Agusto. Perandréa Perícias – Perícias Judiciárias em Grafoscopia e Documentoscopia. Disponível em: <http://www.perandrea.adv.br/>. Acesso em: 15 abril 2015. 63 PERANDRÉA, Carlos Agusto. Perandréa Perícias – Perícias Judiciárias em Grafoscopia e Documentoscopia. Disponível em: <http://www.perandrea.adv.br/>. Acesso em: 15 abril 2015.

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71 XAVIER, Francisco Cândido, Ditado Pelo Espírito Maurício Garcez Henrique, Lealdade. Uberaba, 1982. p. 04. Disponível em: <http://bvespirita.com/Lealdade%20(psicografia%20Chico%20Xavier%20%20espirito%20Mauricio%20Garcez%20Henrique).pdf>. Acesso em: 04 abr 2015. 72 XAVIER, Francisco Cândido, Ditado Pelo Espírito Maurício Garcez Henrique, Lealdade. Uberaba, 1982. p. 06. Disponível em: <http://bvespirita.com/Lealdade%20(psicografia%20Chico%20Xavier%20%20espirito%20Mauricio%20Garcez%20Henrique).pdf>. Acesso em: 04 abr 2015.

73 Ibidem. p. 09.

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