A QUALIDADE DO AR EM MORRO DA FUMAÇA E SEUS EFEITOS SOBRE A SAÚDE DA POPULAÇÃO

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    Universidade Federal de Santa Catarina - UFSCCurso de Graduao em EngenhariaSanitria e Ambiental

    Trabalho de Concluso de Curso

    A QUALIDADE DO AR EM MORRO DA FUMAA E SEUSEFEITOS SOBRE A SADE DA POPULAO

    Natan Felipe Souza

    Orientador: Henrique de Melo Lisboa

    Co-orientador: Eduardo de Oliveira Nosse

    2010/02

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    UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINACENTRO TECNOLGICO

    DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA SANITRIA E

    AMBIENTAL

    NATAN FELIPE SOUZA

    A QUALIDADE DO AR EM MORRO DA FUMAA E SEUSEFEITOS SOBRE A SADE DA POPULAO

    Trabalho apresentado Universidade Federal de SantaCatarina para Concluso do Cursode Graduao em Engenharia

    Sanitria e Ambiental.

    OrientadorProf. Dr. Henrique de Melo Lisboa

    Co-orientadorEng. Dr. Eduardo de Oliveira Nosse

    FLORIANPOLIS, (SC)

    FEVEREIRO/2011

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    Souza, Natan Felipe

    A qualidade do ar em Morro da Fumaa e seus efeitos sobre asade da populao.

    Natan Felipe SouzaFlorianpolis, 2011. 50f.

    Trabalho de Concluso de Curso (Graduao) UniversidadeFederal de Santa Catarina. Departamento de Engenharia Sanitria eAmbiental. Graduao em Engenharia Sanitria e Ambiental.

    Ttulo em ingls: The air quality in Morro da Fumaa and itseffects on population health.

    1. Air pollution. 2. Inhalable particulate matter. 3. Human health.

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    UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINACENTRO TECNOLGICO

    CURSO DE GRADUAO EM ENGENHARIA SANITRIA EAMBIENTAL

    A QUALIDADE DO AR EM MORRO DA FUMAA E SEUS EFEITOSSOBRE A SADE DA POPULAO

    NATAN FELI PE SOUZA

    Trabalho submetido Banca Examinadora comoparte dos requisitos para Concluso do Curso deGraduao em Engenharia Sanitria e AmbientalTCC II

    BANCA EXAMINADORA:

    ____________________________________Prof. Dr. Henrique de Melo Lisboa

    (Orientador)

    ____________________________________Eng. Dr. Eduardo de Oliveira Nosse

    (Co-orientador)

    ____________________________________Prof. Guilherme Farias Cunha

    (Membro da Banca)

    ____________________________________Eng. Leonardo Hoinaski

    (Membro da Banca)

    FLORIANPOLIS, (SC)FEVEREIRO, 2011

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    AGRADECIMENTOS

    Agradeo primeiramente a Deus por ter me dado sade eperseverana nos momentos mais difceis.

    Em segundo, meus pais e minha irm por terem me dado todasas condies e assistncia desde os primrdios de minha vida.

    A minha namorada, Fran, sempre compreensvel e carinhosa.Aos familiares e amigos que torceram por mim e sempre

    estiveram ao meu lado.Aos senhores Madson de Rochi, Jacks Soratto e Adelino

    Silveira que disponibilizaram suas residncias para realizao dasmedies de material particulado inalvel e sempre me receberam de

    braos abertos.Ao professor Henrique que disponibilizou os aparelhos para queesse trabalho pudesse ser realizado e me orientou sempre exigindo omelhor.

    Ao meu co-orientador e amigo Eduardo Nosse, que me deu umagrande oportunidade e sempre est disposto a ensinar.

    A todos que de alguma forma tornaram possvel esse trabalho.

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    RESUMO

    Morro da Fumaa, municpio situado no sul de Santa Catarina,tem como principal atividade econmica a produo de tijolos e telhas a

    partir das olarias (cermicas vermelhas). Tal atividade requer a queimade toneladas de combustveis, principalmente lenha, para se poder cozera matria-prima e se chegar ao produto final. Esse processo possui umenorme potencialmente poluidor e se forem negligenciados osmecanismos de controle para reduo da poluio gerada pelos fornosacaba-se comprometendo a qualidade do ar, e sabe-se que quando ocorredegradao ou alterao da qualidade do ar pode-se comprometer asade das pessoas. De maneira a verificar o quanto uma m qualidade

    do ar influncia na sade da populao exposta foram analisados dadoshistricos de monitoramento da qualidade atmosfrica. Tambm foramrealizados monitoramentos de material particulado inalvel nomunicpio. Dados de sade que possam ter relao com uma mqualidade do ar tambm foram buscados no Banco de Dados do Sistemanico de Sade (DATASUS) para Morro da Fumaa e para outrascidades vizinhas, para comparao.

    Os resultados mostraram que ao longo dos anos os moradoresde Morro da Fumaa estiveram expostos, por longos perodos, a um ar

    com grande carga de poluio. Assim, quando os indicadores de sade,principalmente as doenas do trato respiratrio, foram comparados comaqueles de cidades vizinhas, o que se viu foi que a qualidade de vida domunicpio estava comprometida e que descaso e irresponsabilidadescomprometeram a integridade do meio ambiente e de toda a populaodo municpio.

    PALAVRAS-CHAVE: Poluio do ar, material particulado inalvel,sade humana.

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    ABSTRACT

    Morro da Fumaa, a city located in southern Santa Catarina,whose main economic activity in the production of bricks and tiles fromthe potteries (red ceramics). Such activity requires burning tons of fuel,especially firewood, in order to cook the raw material and reach the final

    product. This process has enormous potential polluter and if neglectedthe control mechanisms to reduce pollution generated by the furnacesends up compromising the quality of air, and it is known that when thereis degradation or alteration of air quality can compromise the health. Inorder to verify how a poor air quality affect the health of the exposed

    population were analyzed historical data on air quality monitoring. Were

    also carried out monitoring of inhalable particulate matter in the county.Health data that may be related to poor air quality were also searched indatabase of the National Health System (DATASUS) to Morro daFumaa and other neighboring towns for comparison.

    The results showed that over the years the residents of SmokeyHill were exposed for long periods, the air with a great deal of pollution.So when the health indicators, especially the respiratory tract werecompared with those of neighboring cities, what we saw was that thequality of life of the council was committed and that negligence and

    irresponsibility compromised the integrity of the environment and entirepopulation of the municipality.

    KEY-WORDS: Air Pollution, Inhalable Particulate Matter, HumanHealth.

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    SUMRIO

    1. INTRODUO...........................................................................12. OBJETIVOS................................................................................32.1 OBJETIVO GERAL .......................................................................... 32.2 OBJETIVOS ESPECFICOS ............................................................. 33. REVISO BIBLIOGRFICA....................................................43.1 POLUIO ATMOSFRICA .......................................................... 43.2 DIXIDO DE ENXOFRE (SO2) ....................................................... 53.3 MATERIAL PARTICULADO .......................................................... 53.3.1 Influncia de fatores climticos e mecanismos de remoo na

    concentrao do material particulado ...................................................... 83.3.2 Danos causados pelo material particulado ...................................... 93.3.3 Coleta do material particulado ...................................................... 133.4 PADRES DE QUALIDADE DO AR ........................................... 143.5 CERMICA VERMELHA (OLARIAS) ........................................ 184. MATERIAIS E MTODOS......................................................204.1 DEFINIO DA REA DE ESTUDO .......................................... 214.2 METODOLOGIA ............................................................................ 254.2.1 Dados histricos de monitoramento da qualidade do ar ............... 26

    4.2.2 Monitoramento da qualidade do ar com Amostradores de GrandeVolume para material particulado at 10m.......................................... 274.2.3 Dados referentes sade da populao ........................................ 365. RESULTADOS E DISCUSSES.............................................375.1 DADOS HISTRICOS DE MONITORAMENTO ....................... 375.1.1 Material Particulado Total (PTS) .................................................. 375.1.2 Material Particulado Inalvel (MP10) ............................................ 405.1.3 Dixido de Enxofre (SO2) ............................................................. 405.2 DADOS DO MONITORAMENTO DE PM10............................... 425.3 DADOS RELATIVOS SADE ................................................. 466. CONCLUSES E RECOMENDAES.................................567. BIBLIOGRAFIA...588. ANEXOS...................................................................................64

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    1. INTRODUO

    A simples presena e interferncia do homem na natureza vmcriando inmeros problemas ambientais ao longo da histria. Porm, foia partir da Revoluo Industrial que tal panorama se tornou maismarcante e a qualidade do ar, principalmente nas cidades, comeou a

    piorar significamente.A degradao da qualidade do ar comeou a aumentar medida

    que os processos industriais comearam a lanar na atmosferasubstncias como monxido e dixido de carbono (CO e CO2,respectivamente), dixido de enxofre (SO2), dixido de nitrognio(NO2), material particulado e inmeros outros compostos orgnicos e

    inorgnicos. De acordo com a Resoluo CONAMA n 03, de28/06/1990, que dispe sobre padres de qualidade do ar, considera-secomo poluente atmosfrico toda substncia que em determinadasconcentraes possam tornar o ar imprprio, trazendo danos tanto para oambiente quanto para o bem-estar pblico.

    Artaxo (1991) comentando sobre o problema da poluio do arque atinge todo o globo, cita dados da Organizao Mundial da Sade(WHO) e da Agncia de Proteo Ambiental dos Estados Unidos (EPA)(...) a WHO estima que 600 milhes de pessoas estejam expostas a

    nveis excessivos de SO2 e cerca de 1 bilho de pessoas vivem emcidades com nveis inaceitveis de material particulado em suspensona atmosfera. A EPA estima que 150 milhes de pessoas respiram arinsalubre. A mortalidade devido a esses fatos, ainda segundo Artaxo(1991) difcil de se estimar, mas certamente milhares de pessoasmorrem anualmente vtimas de doenas relacionadas a m qualidade doar. A relao entre efeitos sade e poluio atmosfrica foiestabelecida a partir de episdios agudos de contaminao do ar eestudos sobre a ocorrncia do excesso de milhares de mortes registradasem Londres, em 1948 e 1952. Segundo a CETESB (Companhia deTecnologia e de Saneamento Ambiental de So Paulo), no caso daRegio Metropolitana de So Paulo - RMSP, o crescimento desordenadoverificado na Capital e nos municpios vizinhos, especialmente daregio do ABC, a partir da 2 Guerra Mundial, levou instalao deindstrias de grande porte, sem a preocupao com o controle dasemisses de poluentes atmosfricos, sendo possvel a visualizao dechamins emitindo enormes quantidades de fumaa (CETESB, 2008).

    Ainda de acordo com CETESB (2008) h registros em jornaispaulistanos da dcada de 60 e especialmente 70, de episdios agudos de

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    poluio do ar que levaram a populao ao pnico devido aos fortesodores decorrentes do excesso de poluentes lanados pelas indstrias naatmosfera, causando mal-estar e lotando os servios mdicos deemergncia.

    No Estado de Santa Catarina, a regio sul considerada um doslocais que apresentam os nveis mais crticos de poluio do pas. A

    poluio existente nesta regio est atribuda principalmente satividades de extrao, transporte e queima do carvo mineral (FATMA,1990). Porm, o municpio de Morro da Fumaa, no sul catarinense,apresenta problemas ambientais no s relacionados ao carvo, mas sima uma atividade tambm com enorme potencial poluidor: a produo dacermica vermelha.

    Morro da Fumaa conta com uma populao de 16.128habitantes (IBGE, 2009) cobrindo uma rea de 82,935 km onde estoinstaladas aproximadamente 61 unidades produtoras de cermicavermelha. As olarias, como tambm so chamadas, se encontram tantono centro da cidade quanto nas regies mais perifricas.

    De acordo com Teixeira (2007, apudCrdova, 2007) as olariasinstaladas no municpio, em geral so pequenas e mdias empresas, quegeram cerca de 2.100 empregos diretos e 3.300 indiretos, comfaturamento bruto mensal estimado em R$ 1,5 milho. Essa atividade

    potencialmente poluidora funcionou por muitos anos sem que fossemcontroladas suas emisses atmosfricas. Todavia, essa situao comeoua mudar a partir de 2004, com a assinatura de um Termo de Ajuste deConduta (TAC). Tal documento foi acordado entre o Ministrio Pblico,a Fundao do Meio Ambiente de SC (FATMA) e o Sindicato daCermica Vermelha da Regio Sul, com o objetivo de regularizar eestabelecer medidas que visam diminuir os impactos ambientais gerados

    por essa atividade.Sabe-se que a exposio humana m qualidade do ar pode

    trazer conseqncias graves sade e que o processo oleiro gera umaquantidade de poluio considervel, tanto no interior da olaria quantono meio ambiente, devido s suas emisses. Assim, o tema mostrou-seadequado para discutir-se, neste trabalho, a relao da poluioatmosfrica com a sade da populao, no municpio de Morro daFumaa. Os resultados podero ser importantes para demonstrar queuma gesto ambiental precria na atividade oleira pode gerar passivosque prejudicam a qualidade de vida da populao de todo o municpio.

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    2. OBJETIVOS

    2.1 OBJETIVO GERAL

    Analisar dados de monitoramento da qualidade do ar em Morroda Fumaa e relacionar com parmetros da sade que tenham conexocom um ar de m qualidade.

    2.2 OBJETIVOS ESPECFICOS

    Analisar dados histricos das concentraes de poluentesatmosfricos medidos no municpio de Morro da Fumaa;

    Realizar medies das concentraes de material particuladoinalvel em Morro da Fumaa e em outra cidade vizinha, paraefeitos de comparao;

    Relacionar as concentraes de poluentes atmosfricos medidoscom dados de sade que tenham vnculo com a m qualidade do are comparar os resultados com as informaes de morbidades decidades vizinhas.

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    3. REVISO BIBLIOGRFICA

    3.1 POLUIO ATMOSFRICA

    A adio de substncias no ar que possam causar efeitosmensurveis sobre o homem, os animais, a vegetao e os materiais,caracterizam a poluio atmosfrica (STOKER, 1981). De acordo com aResoluo CONAMA n 03, de 28/06/1990, que dispe sobre padresde qualidade do ar, considera-se como poluente atmosfrico toda equalquer forma de matria ou energia com intensidade e emquantidade, concentrao, tempo ou caractersticas em desacordo com

    os nveis estabelecidos, e que tornem ou possam tornar o ar imprprio,

    nocivo ou ofensivo sade, inconveniente ao bem-estar pblico, danosoaos materiais, fauna e flora ou prejudicial segurana, ao uso e

    gozo da propriedade e s atividades normais da comunidadeOs poluentes atmosfricos podem ser classificados em

    primrios e secundrios, sendo que mais de 90 % dos problemas decontaminao do ar so causados pelos primrios. Os poluentes

    primrios so aqueles emitidos diretamente da fonte de emisso,enquanto que os secundrios so formados na atmosfera atravs dareao qumica entre dois ou mais poluentes primrios, ou pela reao

    dos componentes primrios com constituintes normais presentes naatmosfera. As fontes que geradoras de poluentes podem ser classificadasem fontes estacionrias e mveis. As estacionrias so definidas comoqualquer instalao, equipamento ou processo natural ou artificial, emlocal fixo, que possa liberar ou emitir matria ou energia para aatmosfera enquanto as fontes mveis so as que desempenham o mesmo

    papel, mas se encontram em movimento (STOKER, 1981; CETESB,2008; STERN, 1968).

    Pode-se destacar como principais gases txicos emitidosdiretamente pelas fontes antrpicas para a atmosfera em centros urbanose industriais: NOx(xidos de nitrognio), SOx(xidos de enxofre), CO(monxido de carbono), CO2 (gs carbnico), NH3 (amnia), CH4(metano), COV (Compostos Orgnicos Volteis) e Material Particulado(MP) (ALMEIDA, 1999; CASTANHO, 1999).

    Com relao aos processos industriais, os principais poluentesemitidos so SO2 e material particulado (MONTEIRO, 1997). ParaQUADROS (2008) material particulado em suspenso no ar encontrado

    nas fases slida e lquida, tem grande influncia na qualidade do ar em

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    ambientes internos, bem como externos e considerado um dosprotagonistas da poluio do ar.

    3.2 DIXIDO DE ENXOFRE (SO2)

    O SO2 um gs incolor e altamente txico, possuindo odorasfixiante em concentraes acima de 3-5 ppm. resultante,

    principalmente da combusto de combustveis fsseis, como carvo epetrleo. Assim, suas principais fontes so os automveis, as indstriase usinas termeltricas. Devido a sua permanncia prolongada no ar podeser transportado e produzir efeitos distantes de suas fontes emissoras.Dependendo de fatores como presena de luz solar, temperatura e

    umidade, pode ser oxidado e formar H2SO4, sendo posteriormentedissolvido na gua da atmosfera e provocar as chuvas cidas. Aexposio a esse poluente pode causar irritaes no trato respiratrio,agravar doenas pr-existentes ou ainda causar processos inflamatriossemelhantes as da bronquite crnica (ARRUDA, 2008; CANADO etal., 2006).

    A medio da concentrao de SO2 no ar feita,principalmente, atravs de um amostrador de pequenos volumes (APV).Tais aparelhos podem capturar um (MONOGAS) ou at trs gases

    simultaneamente (TRIGAS). O mtodo consiste em, mediante o uso deuma bomba de vcuo, fazer borbulhar o ar atmosfrico com uma vazoconhecida em um reagente especial. O SO2fica adsorvido no reagentee, posteriormente, coletado para anlise no laboratrio. Os principaisreagentes usados so a pararrosalinina e o perxido de hidrognio(ENERGTICA, 2011).

    3.3 MATERIAL PARTICULADO

    Material Particulado (MP) so os poluentes constitudos depoeiras, fumaas e todo tipo de material slido e lquido que se mantmsuspenso na atmosfera por causa de seu pequeno tamanho. O MP umadas formas de poluio mais encontradas nos grandes centros urbanos(CETESB, 2008; WHO, 2005).

    Segundo Baird (2002) existem muitos nomes comuns para aspartculas atmosfricas, onde: poeiras e fuligens referem-se a slidos,enquanto nvoa e neblina referem-se a lquidos. J um aerossol um

    conjunto de partculas slidas e/ou gotculas lquidas dispersas no ar. Aprincipal fonte de contaminao antropognica por partculas a

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    produo de aerossis secundrios a partir de contaminantes gasososprimrios. Com a presena de cidos (H2SO4 ou NH4HSO4) torna-semais propcia a formao de partculas secundrias na atmosfera devido reatividade oferecida por estas molculas (USEPA, 2004; STERN,1968).

    O potencial de gerar danos sade humana est ligado aotamanho das partculas, assim, elas so classificadas de acordo com seudimetro em:

    - Partculas Totais em Suspenso (PTS): So as partculas cujodimetro menor que 50 m, sendo que parte destas partculas inalvel e pode causar problemas sade;

    - Partculas Inalveis (MP10): Partculas com dimetro

    aerodinmico menor que 10 m. Podem ainda ser classificadas comopartculas inalveis finas (MP2,5) (menores que 2,5m) e partculasinalveis grossas (de 2,5 a 10m);

    - Fumaa: Est associada ao material particulado suspenso naatmosfera. Ela proveniente dos processos de combusto e estdiretamente relacionada ao teor de fuligem na atmosfera (CETESB,2008).

    Baird (2002) ressalta que as partculas grandes apresentammenos riscos sade humana do que as pequenas. Isso acontece, pois:

    - As partculas maiores so mais pesadas e sedimentamrapidamente, sendo reduzida a exposio humana por inalao;

    - Quando inaladas, devido ao seu tamanho, acabam ficandoretidas no nariz e garganta;

    - A rea superficial por unidade de massa das partculas grandes menor do que nas pequenas para uma mesma massa. Com isso, acapacidade dessas partculas maiores de levarem molculas de gasesadsorvidas at rgos respiratrios e catalisar reaes qumicas e

    bioqumicas menor;- Dispositivos de tratamento de efluentes atmosfricos, como

    filtros, removem at 95% da massa total das partculas grandes.Alm de apresentar riscos sade humana, a contaminao do

    ar por MP necessita de ateno pelo fato de que algumas partculas secomportam sinergicamente e aumentam a toxidade de outroscontaminantes. O MP tambm pode aumentar a turdidez atmosfrica ereduzir a visibilidade e ainda, na atmosfera, podem se formar partculasa partir de outros contaminantes gasosos (STOKER, 1981).

    A composio depende do local e processo no qual o materialparticulado foi formado. O dimetro das partculas tambm

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    determinado pelo mecanismo de gerao do MP (USEPA, 2004). NaTabela 1 esto listadas caractersticas, como composio e origem das

    partculas inalveis.Tabela 1. Origem, formao, composio e demais informaes sobre os MP

    inalveis (Fonte: Adaptado USEPA, 2004).

    Origem Formao Composio FontesProcessos

    de remoo

    Partcu-las

    finas

    Ultrafin-as

    (

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    Origem Formao Composio FontesProcessos

    de remoo

    evaporaode sprays,

    suspensode poeira.

    xidos deelementos da

    crosta terrestre(Si Al, Ti, Fe)

    Sais deCaCO3, NaCl,sal marinho.

    Plen, esporosde fungos,

    fragmentos deplantas eanimais,

    desgaste depneus,

    pavimentos

    atividades deminerao e

    agrcolasConstruo edemolio.Combustode leo ecarvo.

    AerossolmarinhoFontes

    biolgicas

    3.3.1 Influncia de fatores climticos e mecanismos de remoo naconcentrao do material particulado

    O perodo de permanncia de uma partcula na atmosfera determinado pelo seu tamanho e pelas condies meteorolgicas, sendoque partculas menores tendem a permanecer por longos perodos naatmosfera. Entre os fatores que influenciam na disperso e no tempo devida do MP na atmosfera esto o vento, a turbulncia, a estabilidade daatmosfera, topografia, uso do solo e processos de remoo (CERUTTI,2000; MARTINS, 2008).

    O vento um importante componente na diluio e transportedos poluentes e consiste na circulao e movimento da atmosfera. Adireo e velocidade dos ventos so dependentes das condiesmeteorolgicas e dos obstculos que ele encontra na superfcie da terra,como a topografia e uso do solo. Quanto mais veloz for o vento, maiorser a probabilidade de o poluente ser diludo na atmosfera. A direodo vento define o local onde a partcula percorrer seu trajeto. J aturbulncia a movimentao do vento de maneira irregular comrpidas alteraes de velocidade e direo, acompanhada por correntes

    ascendentes e descendentes.

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    Estabilidade a propriedade da atmosfera de resistir ou facilitaro movimento vertical do ar gerado pela turbulncia. Quanto mais estvela atmosfera, menor ser a diluio e o transporte dos poluentes. Aestabilidade ocasionada pela subsidncia do ar, que resulta naformao da inverso trmica, fenmeno, este, que acaba inibindo adisperso da poluio na vertical e concentra os poluentes a nveis

    prximos do solo. A situao de estagnao do ar somente desaparecequando o ar torna-se instvel (KAWANO, 2003; STOKER, 1981; DEMELO LISBOA, 1996, apudHOINASKI, 2010).

    A deposio do MP por processos de remoo pode ser seca oumida. A remoo seca expressa em termos da velocidade em que oMP se deposita em uma superfcie e varia de acordo com as dimenses

    da partcula. Devido s reaes na atmosfera, partculas ultrafinasrapidamente crescem e transformam-se em finas. Tais partculasformadas no alcanam dimenses maiores que 2,5m e, portanto

    permanecem longos perodos em suspenso no ar. Partculas finas comcomponentes higroscpicos crescem com o aumento da umidade, assim,quando os gros se tornam grandes o suficiente para no serem retidosna nuvem eles caem sob forma de chuva, sendo tal processo conhecidocomo remoo mida. J as ultrafinas so pequenas o suficiente paraesquivar das gotculas de chuva, evitando sua captura e remoo

    (HOINASKI, 2010).

    3.3.2 Danos causados pelo material particulado

    Quando h degradao ou alterao da qualidade do ar peloaumento da concentrao de um poluente, pode-se comprometer a sadeda populao, como tambm a integridade da fauna e flora e dosmateriais expostos ao poluente. O MP um dos principais

    contaminantes encontrados nos centros urbanos, assim so significativosos custos das perdas econmicas geradas por sua ao sobre osreceptores (animais, plantas, humanos e materiais) (DE MELOLISBOA, 2008).

    - Danos aos materiais e efeitos sobre a visibilidade:As partculas transportadas pelo vento podem causar uma ampla

    gama de danos a materiais. A extenso e tipo dos mesmos estorelacionados com a composio qumica e estado fsico dos

    contaminantes. Alguns contaminantes do ar podem ocasionardescolorao, eroso, corroso, enfraquecimento e decomposio de

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    materiais. A alta concentrao de poluentes no ar tambm pode gerar adisperso da luz solar, o que acaba diminuindo a visibilidade. O efeitomais importante sobre a visibilidade causado por partculas da umagama de tamanho compreendida entre 0,1 e 1m de dimetro. Elasdispersam a luz visvel de maneira eficaz pois seu dimetro se aproximaao comprimento de onda do espectro visvel (de 0,4 a 0,8 m) (STOKER, 1981; HOINASKI, 2010).

    Danos sobre os seres vivos:Nos animais, os contaminantes areos podem causar

    enfraquecimento do sistema respiratrio; danos aos olhos, aumento dasuscetibilidade a doenas e outros riscos ambientais relacionados ao

    stress; diminuio das fontes de alimento e a reduo da capacidadede reproduo. Sobre a vegetao, podem ocasionar a necrose do tecidodas folhas, caule e frutos; a reduo da taxa de crescimento; o aumentoda suscetibilidade a doenas e clima adverso at a interrupo total do

    processo reprodutivo da planta (CARNEIRO, 2004; ALMEIDA, 1999).

    Riscos sade humana:A principal evidncia que relaciona a deteriorao da sade

    humana presena de materiais particulados no ar provm de estudos

    estatsticos que correlacionam as taxas de mortalidades de populaesde diferentes cidades com seus nveis de poluio por particuladosatmosfricos. Nesses estudos, as taxas de mortalidade - tanto totaisquanto taxas relacionadas s morbidades, como cncer do pulmo - sorepresentadas graficamente contra a concentrao mdia de particulados,com o objetivo de determinar se esto inter-correlacionadas (BAIRD,2002).

    Os contaminantes em partculas penetram no corpo, quase queexclusivamente, atravs, do sistema respiratrio. O sistema respiratrio

    pode ser dividido em superior (cavidade nasal, faringe e traquia) einferior (brnquios e pulmes). Os efeitos imediatos mais importantesacabam agredindo mais esse sistema, sendo que a intensidade dos danosest relacionada com o grau de penetrao das partculas e a toxidadedas mesmas (STOKER, 1981). Ainda, atravs dos alvolos pulmonares,as partculas podem ser absorvidas, atingindo a circulao sistmica.Dentre os principais efeitos sade pode-se destacar: irritao ocular,reduo da capacidade pulmonar, dores de cabea, danos ao sistema

    nervoso central, alteraes genticas, aumento da suscetibilidade ainfeces virais e doenas crnicas do aparelho respiratrio, como por

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    exemplo, asma, bronquite, enfisema, pneumoconiose e inclusive cncerde pulmo (BURNETT et al,2002, apud HOINASKI, 2010).

    Geralmente, os efeitos e sintomas provocados pelas partculassuspensas no ar em curto prazo so: reaes inflamatrias no pulmo,insuficincia respiratria, efeitos adversos no sistema cardiovascular,aumento do uso de medicamentos, aumento de internaes hospitalares,mortalidade. J sob longo perodo de exposio os sintomas e efeitosso: diminuio da capacidade de respirao, reduo da funo

    pulmonar das crianas, obstruo pulmonar crnica, reduo daexpectativa de vida, mortalidades por doenas cardiovasculares erespiratrias e contrao de cncer nos pulmes (WHO, 2005).

    Segundo Hoinaski (2010) alm dos problemas respiratrios,

    esperados em funo da exposio em uma contaminao ambiental, oMP em suspenso no ar pode levar a outros agravos devido suaassociao com metais pesados. Os agentes txicos metlicos possuemcaractersticas cumulativas por possurem longos perodos de vida. NaTabela 2 esto resumidos alguns desses efeitos.

    Hartman (2005, citado por Martins, 2008) relata que mesmocom concentraes abaixo do padro de qualidade do ar, o efeito da

    poluio na sade do homem mostrado estatisticamente, a partir daverificao da correlao entre variao de concentraes de poluentes e

    admisso em prontos socorros, e aumento de bitos. Martins (2008)ainda ressalta que estudos com animais portadores de doenasrespiratrias, como bronquite, hipertenso pulmonar ou um estadoinflamatrio aumentado, chegaram a constatar mortes substanciais apsexposio a partculas reais, em concentraes comparveis sencontradas em cidades norte americanas.

    Segundo Arruda (2008), citando dados do Ministrio da Sade,os problemas respiratrios representam a segunda maior causa demorbidades na distribuio das doenas no Brasil. Ressalta ainda que osestudos que associam poluentes atmosfricos com desfechos demorbidade e mortalidade por doenas respiratrias e cardiovascularesso relativamente recentes, comeando na dcada de 90.

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    Tabela 2. Principais sintomas relacionados a intoxicaes por As, Cd,Pb, Cr, Mn, Hg e Ni. (Fonte: HOINASKI, 2010)

    Efeito agudo Efeito crnico Referncia

    Arsnio EfeitosDermatolgicos(hiperpigmentao)

    Gastrintestinais(desconfortoabdominal)

    Problemas Cardiovasculares,(alteraes no Eletrocardiogramae circulao perifrica)Respiratrios, (faringites,laringites) Sistema nervoso,(anormalidadeseletroencefalogrficas e perda daaudio) Teratognese,

    Carcinognese (pulmonar)

    ATSDR,2005

    Cdmio EfeitosGastrintestinais epulmonares

    Proteinria, Hepatotoxicidade,Danos pulmonar, anemia,Carcinognese (renal)

    ATSDR,1999a

    Chumbo EfeitosGastrintestinais(clicas)

    Neurolgicos (neuropatia)

    Cardiovasculares (hipertenso)

    Hematopoiticos (eritrcitos)

    Insuficincia renal

    ATSDR,1999b

    Cromo Irritao do tratorespiratrio

    Irritao do trato respiratrio

    Perfurao de septo nasal

    Carcinognico

    ATSDR,2000

    Mangans Pouco significativos Pulmes (Tosse e bronquite)

    Sistema Nervoso Central(MANGANISMO, deterioraodas funes neurolgicas,desordens)

    ATSDR,1999c

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    Efeito agudo Efeito crnico Referncia

    Mercrio Parestesias

    Danos renais ecerebrais

    Alteraes neurolgicas

    (irritabilidade), tremores,alteraes na viso (constrio docampo visual), incoordenaomuscular, perda das sensaes, edificuldades na memria.

    ATSDR,

    1999d

    Nquel Dermatites

    Sinais sistmicos(cefalia frontal,nuseas, vmitos)

    Sistema nervosocentral

    Hipersensibilidade Drmica(eczema cutneo)

    Efeitos nefrotxicos (degeneraoparnquimal)

    Cncer (nasal e pulmonar)

    ATSDR,2003

    3.3.3 Coleta do material particulado

    A captura do material particulado atmosfrico realizado,principalmente, atravs de um aparelho denominado Amostrador deGrande Volume (AGV). A amostragem com o AGV consiste em coletarem um filtro o material particulado contido no ar. Aps o aparelho estardevidamente instalado num local de medio e calibrado, ele aspiradeterminado volume de ar, atravs de um filtro, durante um perodo deamostragem de, geralmente, 24 horas. O filtro pesado antes e depoisda amostragem e o volume de ar aspirado determinado a partir da

    vazo medida e do tempo de decorrido. Tem-se ento a concentraodas partculas totais em suspenso (PTS), em g.m

    -3, obtida dividindo-sea massa de partculas coletada pelo volume de ar amostrado. Estesequipamentos podem realizar a coleta seletiva por tamanho de partcula,dependendo da existncia ou no de um separador inercial que selecionaas partculas. A seleo do material inalvel (MP10) efetuada atravsde um separador inercial (impactador de cascata) localizado antes que ofluxo de ar atinja o filtro de coleta Neste separador o material

    particulado com dimetro maior que 10m retido. Este acessrio

    diferencia a amostragem de material particulado inalvel (MP10) dacoleta do material particulado total (PTS) (WHO, 2009 e ALMEIDA,

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    1999 apud HOINASKI, 2010; ENERGETICA, 2010). A Figura 1ilustra um AGV com separador inercial de partculas at 10 micras(AGV/MP10) esquerda e um AGV/PTS direta.

    Figura 1. AGV/MP10 e AGV /PTS.(Fonte: HOINASKI, 2010;ENERGTICA, 2010).

    3.4 PADRES DE QUALIDADE DO AR

    Devido aos efeitos prejudiciais dos poluentes ao ser humano,foram definidos padres de qualidade do ar. Os padres de qualidade doar definem, para alguns poluentes, os limites mximos de concentraesno qual a populao pode ficar exposta, de forma a garantir proteo sade e bem estar, baseados em estudos de caracterizao dos efeitos decada poluente sade. Os padres de qualidade do ar, no Brasil, foramdefinidos pela portaria normativa n 348 de 14/03/1990 do IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

    Renovveis, e transformados em Resoluo CONAMA n 03/90,resumida na Tabela 3. Tal resoluo divide os padres em primrio esecundrio. So padres primrios as concentraes de poluentes que,ultrapassadas, podero afetar a sade da populao. So padressecundrios de qualidade do ar as concentraes de poluentesatmosfricos abaixo das quais se prev o mnimo efeito adverso sobre o

    bem estar da populao, assim como o mnimo dano fauna e flora,aos materiais e ao meio ambiente em geral.

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    Tabela 3. Padres de Qualidade do ar segunda o CONAMA. (Fonte:CONAMA 03/1990)

    As evidncias sobre os efeitos danosos do material particulado

    fino (PM2,5) sade humana levaram a Agncia de Proteo Ambientaldos Estados Unidos (EPA) a criar um padro de qualidade do arespecfico para esta frao do particulado inalvel (EPA, 2001 apudMARTINS, 2008; CETESB, 2008).

    A CETESB segue o ndice ilustrado na Tabela 4 parasimplificar o processo de divulgao da qualidade do ar . Diminuindo-sea exposio, a chance de se desenvolver alguma morbidade relacionadaao ar poludo tambm reduzida. O ndice de Qualidade do Ar (IAQ)classifica as concentraes de poluentes de maneira qualitativa,

    definindo ndices que so representados por uma escala numrica ecores. Esta qualificao do ar, representada na Tabela 5, est associadacom efeitos adversos sobre a sade, independentemente do poluente emquesto. Na Tabela 6 esto ilustradas quais as atividades devem serevitadas quando a qualidade do ar est prejudicada com a presena de

    poluentes. (CETESB, 2010).

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    Tabela 4. ndice de qualidade do ar e sade segunda a CETESB.(Fonte: CETESB, 2008.)

    Qualidade ndice Significado

    Boa 0 - 50 Praticamente no h riscos sade.

    Regular 51 - 100

    Pessoas de grupos sensveis (crianas, idosos e

    pessoas com doenas respiratrias e cardacas),

    podem apresentar sintomas como tosse seca e

    cansao. A populao, em geral, no afetada.

    Inadequada 101 - 199

    Toda a populao pode apresentar sintomas como

    tosse seca, cansao, ardor nos olhos, nariz e

    garganta. Pessoas de grupos sensveis (crianas,

    idosos e pessoas com doenas respiratrias ecardacas), podem apresentar efeitos mais srios na

    sade.

    M 200 - 299

    Toda a populao pode apresentar agravamento dos

    sintomas como tosse seca, cansao, ardor nos olhos,

    nariz e garganta e ainda apresentar falta de ar e

    respirao ofegante. Efeitos ainda mais graves

    sade de grupos sensveis (crianas, idosos e

    pessoas com doenas respiratrias e cardacas).

    Pssima >299

    Toda a populao pode apresentar srios riscos de

    manifestaes de doenas respiratrias e

    cardiovasculares. Aumento de mortes prematuras em

    pessoas de grupos sensveis.

    Tabela 5. ndices de qualidade do ar pela concentrao.(Fonte: CETESB, 2010)

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    Tabela 6.Qualidade do ar e preveno dos riscos a sade. (Fonte: CETESB, 2008 .)

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    Visando garantir valores seguros para a sade humana nas maisdistintas situaes, a World Health Organization, (WHO) indica valoresde concentraes mais restritivos que os adotados em grande parte doBrasil. WHO (2005) enfatiza que as normas nacionais variam em funodo enfoque adotado, mas que devem buscar equilibrar os riscos a sade,a viabilidade tecnolgica, os aspectos econmicos e ainda outros fatoressociais e econmicos. Estes, por sua vez, dependem, dentre outrascoisas, do nvel de desenvolvimento e da capacidade nacional emrelao gesto da qualidade do ar. Os valores recomendados pelaWHO levam em conta essa heterogeneidade e se reconhece, em

    particular, que quando os governos fixam objetivos para suas polticasdevem estudar com cuidado as condies locais prprias antes de

    adotarem os valores guias com validade jurdica (WHO, 2005). Issoquer dizer que a nao deve adotar padres que sejam condizentes comseu desenvolvimento econmico, social e ambiental. De uma maneirageral, quanto mais desenvolvido o pas ou regio, maiores so as

    preocupaes com a sade da populao, como tambm maiores seroos investimentos em outras reas, como a tecnolgica, por exemplo, oque justificaria uma cobrana maior com relao os padres dequalidade do ar. Nessa tendncia, So Paulo, Brasil, sendo uma das maisimportantes e desenvolvidas cidades do pas foi a primeira unidade

    federativa a adotar os padres de qualidade do ar recomendados pelaWHO. As novas exigncias comearam a valer no incio de 2011 e

    prometem, por serem mais restritivas, diminuir ainda mais a poluioatmosfrica na regio (CETESB, 2010). Alguns dos valores deconcentrao recomendados pela WHO so:- MP10: mdia anual de 20 g.m

    -3e mdia de 24h de 50 g.m-3- SO2: mdia de 24h de 20 g.m

    -3e mdia de 10 minutos de 500 g.m-3;- NO2: mdia anual de 40 g.m

    -3e mdia de 1h de 200 g.m-3.Os valores recomendados pela WHO so nveis de

    contaminao do ar nos quais a exposio durante toda a vida, ou porum tempo mdio determinado, no constitui um risco significativo paraa sade. Se estes limites forem ultrapassados em um curto prazo nosignifica que se produziro efeitos adversos imediatamente e sim queaumentaro as possibilidades de que tais efeitos se manifestem (WHO,2005).

    3.5 CERMICA VERMELHA (OLARIAS)

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    A cermica vermelha compreende a fabricao de telhas, tijolose lajotas. As unidades industriais, tambm chamadas de olarias,transformam a argila em tais produtos. As transformaes impostas pelohomem na matria-prima em questo podem ser descritas de formageneralizada, pois o processo produtivo bsico das olarias simples,com pouca variao de uma empresa para outra (CUNHA, 2002).

    Segundo Cunha (2002) o processo produtivo de uma olariaconsiste em vrias etapas, que incluem extrao de argila, transporte,

    preparao da matria prima, conformao do material, processotrmico, estocagem e expedio.

    Para Maccari (2005) a argila constitui a principal matria-primapara a indstria cermica por ser um material natural, terroso e fino que,

    ao ser misturado com gua, adquire certa plasticidade, tornando-se fcilde ser moldado. Depois de moldado, o objeto seco e, em seguida,cozido em alta temperatura, de onde resulta o produto acabado. Acaracterstica essencial da argila como matria-prima para produo dosdiferentes materiais cermicos a sua plasticidade em estado mido,qualidade dificilmente superada por outra matriaprima.

    A Figura 2 ilustra o fluxograma do processo de produo dacermica vermelha.

    possvel considerar a queima como a fase principal do

    processamento cermico, uma vez que nesta etapa os custos envolvidosso maiores e a qualidade do produto adquirida em maior escala. Apsa secagem da umidade da argila, as peas so destinadas a queima, ondea temperatura atinge cerca de 850 C, sendo rebaixada gradativamente,at o resfriamento para manuseio. O objetivo bsico da queima fornecer calor para que ocorram reaes e transformaes fsico-qumicas nos componentes da massa (JULIATO, 1995; CUNHA, 2002).

    Os principais impactos da indstria da cermica vermelha sogerados na extrao da matria-prima e na queima de combustveis parao cozimento da argila (CUNHA, 2002). Segundo a resoluo n001/86do CONAMA, consideram-se como impactos ambientais as alteraesdas propriedades fsicas, qumicas e biolgicas do meio ambiente,causadas pelas atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam:

    A) A sade, a segurana e o bem-estar da populao;B) As atividades sociais e econmicas;C) A biota;D) As condies estticas e sanitrias do meio ambiente;

    E)

    A qualidade dos recursos naturais;

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    Os impactos sobre o meio fsico ocasionados por fontesantrpicas poluidoras, podem ser subdivididos em impactos sobre asguas; resduos slidos; e impactos sobre a atmosfera. As atividades defabricao de telhas e tijolos so classificadas a partir da Resoluo doConselho Estadual do Meio Ambiente-SCCONSEMA 01/06, no item10.40.10, como sendo de potencial poluidor mdio para ar e pequeno

    para gua e solo.

    Figura 1. Fluxograma do processo de produo da cermica vermelha. (Fonte:Juliato, 1995.)

    4. MATERIAIS E MTODOS

    Nesta etapa do trabalho sero descritas as metodologias paraobteno dos resultados. Primeiramente, ser caracterizada a rea de

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    estudo e posteriormente apresentada a estrutura organizacional parailustrar os mtodos aplicados.

    4.1 DEFINIO DA REA DE ESTUDOO municpio de Morro da Fumaa localiza-se na regio sul do

    Estado de Santa Catarina, Figura 3, a cerca de 180 km da capitalFlorianpolis, mais especificamente na micro-regio da Associao dosMunicpios da Regio Carbonfera (AMREC). Limita-se com osmunicpios de Iara, Sango, Treze de Maio, Cricima, Cocal do Sul ePedras Grandes.

    Figura 3. Localizao de Morro da Fumaa, Sul de Santa Catarina (Fonte:

    IPAT, 2007, apud CORDOVA, 2007).

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    De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica(IBGE, 2009) as principais caractersticas do municpio so:

    rea:82,935 km; Populao:16.126 hab.; Densidade:194, 5hab./km; Altitude mdia:18m; Clima:Subtropical (Cfb) ;

    Bioma:Mata Atlntica.A pirmide etria para Morro da Fumaa, representada na

    Figura 4, se assemelha, em seu formato, com a pirmide etria de SantaCatarina. Possui um ndice de natalidade em declnio, mas ainda umaalta taxa de mortalidade. O ndice de dependncia juvenil, o qual serefere ao grupo at 15 anos que no trabalha, ainda elevado, porm ogrupo de dependncia de idosos baixo. H a predominncia deindivduos do sexo masculino na maioria das faixas etrias

    representando 50,44% da populao total (IBGE, 2009).O Clima na regio do municpio o SubTropical - Mesotrmicomido, com veres quentes e temperatura mdia entre 10C 35C. Acaracterizao climtica dificultada pela baixa densidade de estaesmeteorolgicas na regio, sendo as condies do vento determinadas

    pelo anemmetro da estao meteorolgica da EPAGRI da cidade deUrussanga. Os ventos predominantes so de direo sudeste (acima de25%), seguido por ventos de direo nordeste. A menor freqnciaregistrada de ventos de direo oeste (menos de 2%) seguido por

    ventos de direo noroeste. Na Figura 5 encontram-se representadas afreqncia relativa da direo do vento em cada trimestre do ano. Osdados se referem ao perodo de 1977 a 1997 para a estaometeorolgica de Urussanga (BACK, 1999, apudCORDOVA, 2007).

    Figura 4: Pirmide etria para o municpio de Morro da Fumaa, Santa Catarina(Fonte:IBGE, 2010).

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    Figura 5: Freqncia relativa da direo dos ventos por trimestre, segundodados registrados em Urussanga, no perodo de 1977 a 1997, onde C refere-se

    ao perodo sem vento (Fonte: BACK, 1999, apudCORDOVA, 2007).

    Morro da Fumaa tem uma economia diversificada, onde naagricultura as produes de fumo e de arroz se destacam. A pecuria

    bovina voltada para a produo de leite e corte. O comrcio sefortaleceu com o crescimento do municpio, mas a produo industrial

    baseada na cermica vermelha continua sendo o destaque econmico

    empregando, aproximadamente, 13% da populao do municpio(MACCARI, 2005). Maccari (2005) ainda destaca que o expressivovolume de argila encontrado em Morro da Fumaa foi um dos fatoresdeterminantes para a expanso do setor oleiro: O municpio possui8.400 hectares de terra, sendo que 2/3 apresentam o solo podzlico(areo) e 1/3 apresenta o solo glei hmico (argila) [...] este solo utilizado principalmente na produo de tijolos e telhas [...]. Cunha(2002) ressalta como fatos que propiciaram a crescimento das olarias nomunicpio: a expanso da rede eltrica, que ajudou a instalaes emlugares distantes do permetro urbano; a dragagem do rio Urussanga,com exposio de grande extenso de vrzea, possibilitando a extrao

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    de argila nas reas expostas; a vinda de maquinrios de outras fbricasdo pas, o que permitiu a automatizao do setor; concluso da BR 101,facilitando o escoamento da produo e permitindo o acesso a outromercados; a criao do Banco Nacional de Habitao- BNH,impulsionando a construo civil.

    Sabe-se que as olarias so empreendimentos com potencialpoluidor relativamente alto, sendo que em Morro da Fumaa talatividade ficou anos despejando poluentes da queima de lenha, carvomineral e ainda outros resduos usados como combustvel sem nenhummecanismo de controle ambiental.

    Em 2004 com a assinatura de um Termo de Ajustamento deConduta (TAC) firmado entre o Ministrio Pblico (MP), a Fundao de

    Meio Ambiente de Santa Catarina (FATMA) e o Sindicado da CermicaVermelha de Morro da Fumaa (SINDCER) foram tomadas as primeirasmedidas para preveno e represso poluio atmosfrica na cidade.Dentre outras medidas, ficou proibida a queima do carvo mineral e dequalquer outro material combustvel que no seja lenha de origem legal,gs natural ou aparas de serrarias regularmente autorizadas pelo InstitutoBrasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis -IBAMA. Com essa assinatura, as olarias que no comprovaram que suasemisses estavam dentro dos padres exigidos pela Resoluo

    CONAMA 382/06 se comprometeram a aplicar mtodos de controle dapoluio do ar que apresentasse eficincia de, no mnimo, 80%.Praticamente todas as olarias que precisaram diminuir suas emissesgasosas optaram por lavadores de gases do tipo ciclnico por spray. O

    primeiro prazo para tais adequaes foi estipulado para o ano de 2007,entretanto, devido ao grande nmero de cermicas e a dificuldade dosfabricantes de fornecer os lavadores de gases, tal prazo foi estendido at2008 (SANTA CATARINA, 2004; CORDOVA, 2007).

    Segundo o Ministrio Pblico Estadual (SANTA CATARINA,2004) a exigncia para a instalao de mtodos de controle das emissesatmosfricas ocorreu em funo das inverses trmicas que ocorrem

    principalmente em pocas de inverno na regio de maior influncia, asquais podem dificultar a disperso dos poluentes e trazer conseqnciasdanosas sade da populao local. O grande nmero de cermicasvermelhas e o somatrio de seus efluentes atmosfricos tambm

    justificam o emprego de tais mecanismos. importante frisar que, mesmo que os Padres de Emisso

    (Resoluo CONAMA 382/06) estejam dentro do permitido por lei, osPadres de Qualidade do Ar podem estar em desacordo com a resoluo

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    CONAMA 03/90. Quando se mede a concentrao de um poluente no arest medindo-se o grau de exposio dos receptores (pessoas, animais,

    plantas e materiais) quele contaminante. Assim, a iterao dospoluentes com a atmosfera, a qual age diluindo ou reagindoquimicamente com tais poluentes, vai definir o nvel de qualidade do ar,o qual, por sua vez, determina o surgimento de efeitos adversos da

    poluio sobre os receptores. Alm do tipo de poluente e dascaractersticas climticas da regio, a topografia e a localizao dasfontes poluidoras so relevantes quando se trata da disperso dosefluentes gasosos (DE MELO LISBOA, 2008). Sendo assim, alm dogrande nmero de indstrias, outro agravante para a m qualidade do arem Morro da Fumaa o relevo. A poluio trazida de outras cidades

    pelos ventos, como a que produzida no municpio tem a sua dispersoprejudicada, s vezes, pelo relevo local. A cidade fica localizada emuma plancie entre morros, em uma regio de menor altitude em relaos reas vizinhas onde a Figura 6 ilustra a topografia local.

    Figura 6: Representao do relevo do municpio de Morro daFumaa - SC. (Fonte: GOOGLE EARTH, 2010).

    4.2 METODOLOGIA

    Para correlacionar a qualidade do ar em Morro da Fumaa comindicadores de sade foram obtidos dados do Sistema nico de Sade(SUS) juntamente com dados histricos de monitoramento do ar nacidade. Aparelhos para determinao da concentrao do material

    particulado inalvel (PM10) foram instalados, para gerao de dadosinditos, durante o perodo de outubro de 2010 a janeiro de 2011. A

    metodologia empregada para gerao e obteno de cada tipo de dadoser descrita a seguir.

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    4.2.1 Dados histricos de monitoramento da qualidade do ar

    Os dados histricos de monitoramento foram obtidos junto aFATMA e compreendem os anos de 1993 a 2009. Quando foramsolicitados tais dados, no segundo semestre de 2010, ainda no estavadisponvel para consulta nenhum dado pertinente a 2010.

    Segundo Souza (2010) o programa de monitoramento daqualidade do ar, na regio sul de Santa Catarina, foi implementado em14/08/1993 pelo Ncleo de Pesquisas Ambientais da Universidade doExtremo Sul Catarinense (UNESC), atravs de convnio firmado entreFATMA, IBAMA e Prefeitura Municipal de Cricima. Atualmente, responsabilidade da FATMA o fornecimento de equipamentos e

    reagentes qumicos, competindo ao Instituto de Pesquisas Ambientais eAtmosfricas (IPAT-UNESC) a realizao das amostragens e anliseslaboratoriais.

    Os poluentes monitorados durante o perodo de estudo foram:dixido de enxofre (SO2), partculas totais em suspenso (PTS) e

    partculas inalveis (MP10). As metodologias das coletas respeitaram aslegislaes federais e estaduais e os equipamentos utilizados foram:Amostrador de Grande Volume (AGV), para coleta de PTS; AGV comseparador inercial de partculas at 10 micras para MP10e Amostrador

    de Pequeno Volume (APV- TRIGS) para determinao do SO2usando perxido de hidrognio como reagente.

    Os pontos escolhidos para instalao dos aparelhos demonitoramento se situavam no centro da cidade, sendo que de 1993 a2002 o monitoramento era realizado no Colgio Princesa Isabel e a

    partir dessa data realizado no Sindicato da Cermica Vermelha(SINDCER). Os respectivos pontos, IPAT 1 e IPAT 2, esto ilustradosna Figura 7.

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    Figura 7. Pontos de monitoramento do IPAT/UNESC de 1993 a 2009(Fonte: GOOGLE EARTH, 2011).

    4.2.2 Monitoramento da qualidade do ar com Amostradores deGrande Volume para material particulado at 10m

    Com intuito de obter dados de poluentes mais representativospara a sade da populao fumacense foram instalados medidores dematerial particulado inalvel no permetro da cidade. Durante o segundosemestre de 2010 o Prof. Dr. Henrique de Melo Lisboa, supervisor doLaboratrio de Controle da Qualidade do Ar da Universidade de Santa

    Catarina (LCQAr/UFSC), disponibilizou trs Amostradores de GrandeVolume para material particulado at 10m (AGV/PM10) da marcaENERGETICA. Em parceria com o Instituto de Pesquisa Catarinense -Diviso de Poluentes Atmosfricos (IPC-DPA), empresa sediada emCricima, SC, foi viabilizada as amostragens de PM10 em Morro daFumaa.

    O IPC-DPA, chefiado pelo Sr. Dr. Eduardo de Oliveira Nosse,forneceu subsdios essenciais para as amostragens, tais como os filtrosde fibra de vidro e as cartas usadas no registrador de eventos dos

    aparelhos, como tambm dessecador para controle de umidade dos

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    filtros e balana analtica para pesagem. Tcnicos tambm estavamdisponveis caso houvesse a necessidade de auxlio.

    O primeiro passo para iniciar as amostragens foi a determinaodos locais para instalao dos aparelhos. Buscou-se conciliar asinstrues da NBR 13412, a qual se refere determinao de partculasinalveis pelo mtodo do amostrador de grande volume acoplado a umseparador inercial de partculas, com locais representativos dentro domunicpio que apresentassem segurana, energia eltrica e moradoresreceptivos.

    Dos trs amostradores disponveis, dois foram instalados nomunicpio de Morro da Fumaa, tanto na rea central quanto rural, ooutro se buscou instalar em um local onde a interferncia antrpica fosse

    a menor possvel, possuindo, a princpio, um ar de qualidade superior eque serviria de branco.

    - Ponto de Monitoramento 1 (AGV 1):Localizao: Situado na rea mais rural de Morro da Fumaa,

    no Distrito de Estao Cocal, na residncia do Sr. Jacks Soratto.Distante, aproximadamente, 7 km do centro de Morro da Fumaa. AFigura 8 representa o ponto de instalao.

    Coordenadas UTM: 22J; 671.433m E; 6.835.234m S

    Caractersticas: O ponto localiza-se em uma laje em cima daresidncia a uma cota de, aproximadamente, 13m em relao ao solo,

    possuindo segurana e energia eltrica. Pelo fato do vento predominantena regio, segundo dados da Estao Meteorolgica de Urussanga, serdo quadrante sudeste, o ponto fica a jusante das principais fontes deemisso de particulado. A estrada prxima pavimentada e o fluxo deveculos pode ser classificado como intermedirio.

    Instalao: Foi necessria a construo de um suporte para quea tomada de ar do AGV MP

    10 ficasse acima do nvel de uma caixa

    dgua existente no local. O suporte possui 75 cm de altura, sendo

    construdo de alvenaria. O amostrador foi fixado com parafusos empranchas de madeira, onde uma camada de 5 cm de concreto foicolocada sobre seus ps, garantindo estabilidade e segurana. Osdetalhes de fixao e o aparelho no suporte esto representados,respectivamente, nas Figuras 9 e 10. A Figura 11 representa a viso lestedo ponto 1, indicando a sua proximidade com fontes de particulado.

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    Figura 8: Localizao do Ponto 1 no permetro urbano (Fonte: GOOGLEEARTH, 2011)

    Figura 9: Detalhe de fixao doAGV 1.

    Figura 10: AGV 1 instalado.

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    Figura 11:Viso leste do ponto 1.

    - Ponto de Monitoramento 2 (AGV 2)Localizao: Situado no centro do municpio de Morro da

    Fumaa, na residncia do Sr. Adelino Silveira. No mesmo prdiofuncionam a Polcia Civil e Militar, como tambm o Corpo deBombeiros do municpio. A Figura 12 mostra o local de instalao doAGV 2.

    Coordenadas UTM: 22J; 675.507m E; 6.829.492m SCaractersticas: O ponto localiza-se no telhado da residncia a

    uma cota de, aproximadamente, 8m em relao ao solo. Possuisegurana e energia eltrica. O ponto fica no centro da cidade e recebeinfluncia das principais fontes de particulado. Uma das estradas que

    passa perto pavimentada, outra no. Porm, essa a realidade domunicpio, onde foges a lenha, queimadas nas pastagens e estradas sem

    pavimentao so importantes fontes de particulado. O fluxo de veculospode ser classificado como intermedirio.

    Instalao: Foi necessria a construo de um suporte para que

    o AGV/MP10 ficasse estvel e seguro no local. O suporte, ilustrado naFigura 13, foi preso s vigas sobre as telhas, sendo construdo de ferro emadeira. O amostrador foi fixado com parafusos e braadeiras nosuporte. A instalao do aparelho foi auxiliada pela Cooperativa deEletrificao Rural de Morro da Fumaa (CERMOFUL) que contribuiuiando o aparelho at o suporte. As Figuras 14, 15, 16 mostram,respectivamente, o aparelho sendo iado, a sua fixao no suporte e umaviso norte do AGV 2, indicando proximidade a fontes de particulado.

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    Figura 12:Localizao do Ponto 2 (Fonte: GOOGLE EARTH, 2010).

    Figura 13:Detalhe suporte AGV 2.

    Figura 14. Detalhe iamento do AGV 2.

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    Figura 15. AGV 2 locado.

    Figura 16. Viso norte do AGV 2.

    - Ponto de Monitoramento 3 (AGV 3)Localizao: Situado no municpio de Pedras Grandes,

    localidade de Ribeiro da Areia, na casa do Sr. Madson de Rochi.Distante, aproximadamente, 20Km do centro de Morro da Fumaa. AFigura 17 mostra o ponto de instalao do AGV 3.

    Coordenadas UTM: 22J; 671.838m E; 6.841.474m SCaractersticas: O ponto AGV 3 foi determinado para ser o

    branco, ou seja, um exemplo de qualidade de ar ideal. O ponto foiescolhido por ser distante dos centros urbanos e por no possuirindstrias prximas. O local fica em um vale, entre morros, onde nosentido norte-sul o relevo mais baixo e as correntes de ar fluem mais

    facilmente. Prximo ao local escolhido h uma estrada nopavimentada, porm quase no h trnsito ali e sua influncia pequena.

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    O ponto localiza-se no fim da estrada, assim, os veculos que passampor ali tm destino para essa propriedade ou para uma casa vizinha. Talfato caracteriza o trnsito local como baixo. As estradas dentro da

    propriedade so asfaltadas o que no gera poeira. A propriedade cercada, possui energia prxima do ponto escolhido e cuidada por umcaseiro. Tais fatos garantiram o funcionamento e segurana doequipamento.

    Instalao: Foi construdo um suporte de alvenaria para mantero aparelho a 60 cm do solo e garantir a sua estabilidade, ele foi

    parafusado em madeira e depois concretado no suporte. As Figuras 18 e19 ilustram, respectivamente, detalhe da fixao do aparelho e umaviso do aparelho instalado.

    Figura 17. Localizao ponto 3 (Fonte: GOOGLE EARTH, 2011)

    Figura 18. Detalhe suporte AGV 3 Figura 19. AGV 3 instalado.

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    - Calibrao:

    Aps determinados os pontos e instalados os aparelhos, o passoseguinte foi calibrar os mesmos. Antes da calibrao foi realizado oteste de vazamentos para verificao da estanqueidade do sistema.Verificado isso, foi realizada a calibrao com o auxilio do kit fornecido

    pelo fabricante, o qual conta com: placas de 18, 13, 10, 9 e 8 furos;Calibrador Padro de Vazo ( CPV) devidamente calibrado de fbrica;manmetro de coluna dgua; placa adaptadora e mangueira flexvel. O

    certificado de calibrao do CPV importante, pois os valores docoeficiente angular e linear da reta de calibrao do CPV, obtidos porregresso linear, entram nos clculos.

    Durante a calibrao, para cada placa com furos, anotada adiferena entre a presso atmosfrica e a presso de estagnao (logoabaixo das placas que esto acopladas ao CPV) visualizada nomanmetro em U. Dados com, horrio, temperatura, presso atmosfricae deflexes marcadas pela pena na carta do registrador de eventostambm so anotados. A deflexo gerada pela pena refere-se perda decarga nos filtros, ou nesse caso, nas placas com furos.

    Aps a obteno dos dados, a planilha de calibrao fornecidapelo fabricante preenchida e a reta de calibrao gerada. verificado

    se o fator de correlao R1 est acima de 0,99 e menor que 1, em casopositivo so anotados os valores do coeficiente linear (b1) e angular dareta (a1). O valor de vazo operacional tambm pode ser verificado,sendo que o limite aceitvel, devido ao uso do Controlador Volumtricode Vazo (orifcio crtico), deve estar entre 1,02 e 1,24 m/min. Assim,todas as calibraes realizadas corresponderam aos resultados esperados(ENERGTICA, 2010).

    - Dados Meteorolgicos

    Os dados referentes ao clima foram obtidos atravs do banco dedados histricos disponibilizados no site da Empresa de PesquisaAgropecuria e Extenso rural de Santa Catarina - Centro deInformaes de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia(EPAGRI/CIRAM). A estao escolhida foi de Urussanga, pois era amais prxima aos locais de amostragem e no apresentou problemasdurante o perodo das medies.

    Para cada perodo de amostragem foram retiradas as mdias detemperatura e presso durante as 24 horas de medio, como tambm

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    anotados esses dados para a hora de cada troca dos filtros. Mesmo nosendo relevantes para os clculos, foram anotadas a precipitaoacumulada e a direo predominante do vento para cada dia deamostragem.

    A precipitao medida a cada hora foi somada, onde se obteve aacumulada ao final de 24h. A direo instantnea do vento era medida acada 10 minutos, sendo que ao final de cada hora era obtido o vento

    predominante. Para o vento prevalecente durante o dia de amostragemfoi verificado sua direo a cada hora, o valor computado foi aquele que

    prevaleceu durante as 24h. Tais dados foram anotados, pois se sabe queeles exercem grande influncia sobre os resultados: a chuva,dependendo da durao e volume, funciona como um importante

    mecanismo de remoo de partculas do ar, j a direo do vento podeindicar de onde a poluio vem ou para onde est indo (HOINASKI,2010).

    - Procedimento de amostragem

    As partculas at 10m foram coletadas nos trs pontos deOutubro de 2010 a Janeiro de 2011. Os aparelhos eram programados

    para ligaram ao mesmo tempo e desligarem aps 24h de medio. Foicolocado, como pede o fabricante, spray de silicone nas placas de

    impacto situadas no separador inercial de partculas dos aparelhos. Talao ajuda a reter as partculas mais pesadas fazendo com que elasfiquem aderidas ao silicone. Este silicone foi reaplicado a cada ms deamostragem. Os filtros de fibra de vidro que seriam usados erammantidos em um dessecador contendo slica gel por 24h, posteriormenteas massas dos filtros eram medidas numa balana analtica, anotando-setambm a temperatura e umidade final. Depois de realizado isso, osfiltros j estavam prontos para serem colocados nos amostradores parareteno do MP

    10. Ao fim das amostragens, os filtros eram

    encaminhados novamente ao dessecador por mais 24h antes dadeterminao da massa dos mesmos na balana analtica. Aconcentrao de MP10, expressa em g.m

    -3, foi determinadarelacionando-se a massa coletada no filtro e o volume de ar amostrado.

    Um dos fatores que dificultaram as amostragens foi, para algunsperodos, a ausncia dos moradores nas residncias, inviabilizando oacesso aos aparelhos. Outro fato foram as excessivas chuvas durante oms de Janeiro de 2011, o que acabou provocando enchentes e tambm

    uma queda de barreira no caminho para o AGV 3. Alguns problemas

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    operacionais tambm ocorreram, tal como a necessidade da troca dasescovas do motor no AGV 2 e, posteriormente, a sua recalibrao.

    4.2.3 Dados referentes sade da populaoSabendo que a exposio a curto e, principalmente, a longo

    prazo trazem efeitos adversos a sade, foram buscados algunsindicadores que pudessem quantificar isso e comparar com cidadesvizinhas para se ter um diagnstico da realidade que os moradores locaisenfrentam.

    A maioria dos que precisam de auxlio mdico no municpio,procuram-no em cidades prximas que oferecem melhores profissionais

    e infra-estrutura, onde se destacam Cricima e a capital Florianpolis.Assim, a melhor maneira encontrada para quantificar algumasinformaes referentes sade foi buscando no banco de dados doSistema nico de Sade (DATASUS). O DATASUS visa desenvolver,

    pesquisar e incorporar tecnologias de informtica que possibilitem aimplementao de sistemas e a disseminao de informaes necessriass aes de sade, em consonncia com as diretrizes da Poltica

    Nacional de Sade. O site abastecido com dados do SUS de todo opas, sendo atualizado trimestralmente (DATASUS, 2011).

    A busca nos indicadores de sade que tenham uma relao comuma m qualidade do ar foi feita por local de residncia, ou seja, se oindivduo fosse residente de Morro da Fumaa mas se internasse emFlorianpolis, por exemplo, ele seria contabilizado na estatstica. Outrofiltro foi a busca por doenas de acordo com a ClassificaoInternacional de Doenas e Problemas Relacionados Sade (CID-10).A CID-10 foi conceituada para padronizar e catalogar as doenas e

    problemas relacionados sade, tendo como referncia a NomenclaturaInternacional de Doenas, estabelecida pela Organizao Mundial deSade (DATASUS, 2011).

    Procurou-se relacionar os parmetros pesquisados com o de trscidades prximas ao municpio e tambm, quando possvel, com oEstado de Santa Catarina. As cidades escolhidas e que tambm

    pertencem a Associao dos Municpios da Regio Carbonfera(AMREC) foram: Cocal do Sul, Cricima e Urussanga.

    Cocal do Sul foi escolhida pelo fato de ter caractersticasparecidas com o municpio estudado. Outro fato relevante que Cocal

    do Sul possui empresas potencialmente poluidoras em seu permetrourbano e limtrofe com Morro da Fumaa.

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    Urussanga foi escolhida pelo fato de Morro da Fumaa j terpertencido a este municpio. Possui tambm empresas grandes eimportantes, como cermicas e coquerias, tendo, assim, na sua rea, umgrande potencial de degradao da qualidade do ar.

    Cricima foi escolhida por ser a maior e mais importante cidadena regio, onde irresponsabilidades ambientais, uma grandeconcentrao de indstrias e a extrao e beneficiamento do carvo nacidade foram e so importantes fontes de poluio.

    Os parmetros escolhidos para caracterizar a influncia de umam qualidade do ar sobre a sade da populao foram:

    - Total de internaes por doenas respiratrias, de acordo comCID-10, para os anos de 1998 a 2010, sendo representado tal

    dado numa taxa por 10.000 habitantes. Os dados no DATASUScomeam no ano de 1998, justificando sua escolha como inicioda srie temporal;- Taxa de Internao por insuficincia respiratria Aguda (IRA)em menores de 5 anos para os anos de 2001 a 2006. Tais dadosesto disponveis somente no Pacto de Ateno Bsica at o anode 2006, justificando a escolha da srie temporal;- Taxa de internaes por Insuficincia Cardaca Congestiva(ICC) disponvel no Pacto de Ateno Bsica de 2001 a 2006.

    - Quadro com as morbidades hospitalares por grupo de causa efaixa etria para o ano de 2005. Tal ano foi escolhido pois era onico que possua este tal tipo de informao para todos osmunicpios pesquisados.

    5. RESULTADOS E DISCUSSES

    5.1 DADOS HISTRICOS DE MONITORAMENTO

    5.1.1 Material Particulado Total (PTS)

    Os grficos pertinentes aos monitoramentos de PTS de 1993 a2009 em Morro da Fumaa encontram-se no Anexo 1 ao Anexo 8.

    Analisando as sries histricas de monitoramento do materialparticulado total em Morro da Fumaa fica evidente que o padroprimrio de qualidade, estipulado pela CONAMA 03/90, excedido,para a mdia diria, algumas vezes. Esse fato qualifica o ar, nessas

    datas, no mnimo, como inadequado. A Resoluo CONAMA 03/90aceita que o padro seja excedido uma vez ao ano para a mdia de 24

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    horas de amostragem, porm para os anos de 1996 e 1997 isso acontecemais de uma vez, caracterizando uma desconformidade com a lei. O anode 1996 foi o pior na histria do monitoramento de PTS, alcanando um

    pico de 595,66 g.m- no ms de setembro, classificando o ar como deM qualidade, segundo o IQA da CETESB. A tabela 7 representa asdatas em que as concentraes de PTS excederam o permitido por lei

    para as mdias dirias (240 g.m- ).Outro fato que se pode concluir que os picos de concentrao

    acontecem, na sua maioria, nos meses do inverno, principalmenteagosto. Tal fato justificvel j que nos meses mais frios a disperso eremoo dos poluentes na atmosfera so prejudicadas por temperaturasmais baixas e menores volumes de chuvas.

    Tabela 7. Datas em as concentraes de PTS so excedidas (Fonte:FATMA, 2010).

    Ano DataConcentrao

    [g.m-]1994 08/junho 243,7

    1996

    23/abril 323,0324/agosto 372,0830/agosto 295,0913/setembro 595,66

    17/outubro 287,54

    1997

    29/abril 358,5930/julho 364,7805/agosto 254,6113/agosto 250,46

    1999 11/agosto 262,212000 05/setembro 242,98

    O monitoramento de PTS foi muito irregular ao longo dos anos,

    sendo que em alguns anos, como 1993, 2002 e 2005, acontecerampoucas amostragens e em outros anos, como 2003 e 2004, nenhuma.Isso se deve ao fato de que o monitoramento da qualidade do ar nomunicpio era realizado atravs de um convnio entre o rgo ambientale o IPAT/UNESC. O rgo ambiental era responsvel pelofornecimento de subsdios como, por exemplo, os equipamentos paramedio, reagentes e at o combustvel para deslocamento. Nos anos emque os recursos foram escassos ou at mesmo inexistentes asamostragens foram comprometidas. No houve monitoramentos de PTS

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    aps 2007 pois no havia equipamentos disponveis ou se comeou amonitorar o MP10

    1.O problema real com relao qualidade do ar em Morro da

    Fumaa fica mais claro ao se verificar as mdias geomtricas anuaispara PTS. O grfico 1 representa essa anlise.

    Grfico 1. Concentrao mdia anual de Particulado Total (PTS) (Fonte:FATMA, 2010).

    Quando comparados com a mdia geomtrica anual mximapermitida pela CONAMA 03/90 (80g.m-3) constatado que, em grandeparte dos anos, h um desrespeito legislao. Nos anos de 2002 e 2006

    os limites no so ultrapassados, mas ficam muito prximos do mximoaceito, sendo que apenas em 2007 a mdia anual calculada fica, comuma margem considervel, no permitido por lei.

    importante destacar que os padres primrios foramestabelecidos como limites que, se ultrapassados, podero apresentarriscos a sade da populao. Assim, tais padres so entendidos comonveis mximos tolerveis de concentrao de poluentes atmosfricos.Diante dos fatos pode-se concluir que, em Morro da Fumaa, os

    1Informaes seguindo o Sr. Eduardo de Oliveira Nosse, co-orientdor do

    trabalho, que na poca dos monitoramentos era diretor do IPAT/UNESC.

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    1996

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    2001

    2002

    2005

    2006

    2007

    ConcentraoMdia[g/m]

    Mdia Geomtrica Anual - Partculas Totais

    PTS CONAMA 03/90

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    moradores estiveram, ao longo de anos e por longos perodos, expostosa uma carga elevada de PTS, onde nos meses de inverno tal situao seagravava em funo das condies climticas.

    Uma explicao para que em 2007 houvesse uma melhora dasmdias geomtricas anuais pode estar no TAC. Com a assinatura dessedocumento e o prazo at incio de 2008 para adequao, mtodos de

    preveno e controle poluio foram implantados. Tais medidas, ondese destacam a proibio da queima de carvo mineral e instalao demtodos de controle da poluio do ar nas olarias, podem ter resultadonessa melhora.

    5.1.2 Material Particulado Inalvel (MP10)

    O monitoramento do MP10 em Morro da Fumaa foi muitosuperficial ao longo dos anos, com algumas amostragens nos anos de2001, 2002 e 2009. As concentraes calculadas esto representadas noAnexo 10 e Anexo 11.

    O particulado inalvel medido na cidade esteve sempre nospadres recomendados pelo CONAMA 03/90 para a mdia de 24 horasde amostragem. Analisando-se com relao mdia aritmtica anual, osvalores encontrados para os anos de 2001, 2002 e 2009,

    respectivamente, foram 47,72 g.m-3, 51,79 g.m-3 e 59,12 g.m-3. Olimite estabelecido pelo CONAMA 03/90 para a mdia aritmtica anual igual a 50 g.m-3, assim, os anos de 2002 e 2009 estavam fora do

    permitido por lei e o ano de 2001 estava muito prximo do limite.Os dados comprovam, mais uma vez, que os moradores do

    municpio de Morro da Fumaa estavam expostos, por longos perodos,a uma carga alta de poluio, mesmo que as mdias dirias demonitoramento estivessem dentro do permitido por lei. A concentraode particulado inalvel de grande relevncia quando se fala demorbidades respiratrias, pois, como visto anteriormente, so as

    partculas menores que conseguem atingir os rgos mais internos docorpo humano.

    5.1.3 Dixido de Enxofre (SO2)

    O SO2 foi monitorado nos anos de 1997, 2005, 2006 e 2007com uma freqncia mdia de 13 amostragens por ano, contudo no ano

    de 2005 foram realizadas apenas duas medies. Os grficos pertinentesa estes monitoramentos encontram-se Anexo 8 ao Anexo 10.

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    Como constatado anteriormente, o SO2 um gs resultante daqueima de combustveis fsseis, tendo como principais fontes osautomveis, indstrias e termeltricas. A frota de veculos em Morro daFumaa no muito significativa, entretanto a proximidade domunicpio com a termeltrica situada em Tubaro e a permisso, at oano de 2004, para queima de carvo mineral nas olarias, justificam omonitoramento de tal poluente.

    Apesar de ser pouco monitorado e na maioria das vezes estardentro do padro para a mdia diria, o SO2 apresentou resultados

    preocupantes no ano de 2006. Neste ano, de acordo com IQA, o valorestava classificado como INADEQUADO nos dias 03, 12 e 20 de

    janeiro e como de M qualidade no dia 20 de fevereiro, atingindo um

    pico de 847,88 g.m-3

    .Em 2006 j no era mais permitido a queima de combustveisfsseis pelas olarias, porm as elevadas temperaturas de vero e osventos norte e nordeste que sopram com grande incidncia na regio

    podem ter trazido o poluente gerado pela termeltrica de Tubaro.Condies climticas desfavorveis podem ter contribudo para que ocontaminante no fosse dispersado adequadamente em Morro daFumaa, fazendo com que as concentraes ficassem emdesconformidade com a CONAMA 03/90.

    As mdias aritmticas anuais para os anos de monitoramentoesto apresentadas no grfico 2. Os valores mostram que o dixido deenxofre possuiu concentraes mdias anuais fora do permitido pelos

    padres primrios para os anos de 2005 e 2006. Como discutidoanteriormente, quando os limites so ultrapassados esperam-se efeitosadversos na sade da populao exposta e tambm no ambiente, onde aoxidao do SO2 e a sua dissoluo na gua presente na atmosfera

    podem gerar as chuvas cidas.

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    Grfico 2. Mdia Aritmtica anual do SO2 (Fonte: FATMA, 2010)

    Observando o grfico possvel constatar uma melhora nosltimos trs anos de amostragem, tal evento pode ser esclarecido, maisuma vez, pela assinatura do TAC, onde mais fiscalizao e controle

    comearam a atuar sobre a atividade oleira.

    5.2 DADOS DO MONITORAMENTO DE MP10

    As concentraes de MP10 medidas em Morro da Fumaa, deoutubro de 2010 a janeiro de 2011 esto representadas no grfico aseguir. A tabela 8 apresenta as concentraes juntamente com a

    precipitao acumulada e o vento predominante durante as 24 horas de

    amostragem.

    020406080

    100120140160180

    200

    1

    997

    2

    005

    2

    006

    2

    007

    2

    008

    2

    009

    ConcentraoMdia[g/m]

    Mdia Aritmtica Anual - Dixido de Enxofre

    SO2 CONAMA 03/90

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    Grfico 3. Concentrao de PM10para Outubro/2010 a Janeiro/2011.

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    70

    80

    90

    100

    110

    120

    130

    140

    150

    01/10

    05/10

    08/10

    13/10

    19/10

    22/10

    27/10

    29/10

    08/11

    12/11

    17/11

    19/11

    25/11

    03/12

    08/12

    14/12

    7/1/11

    11/1/11

    13/1/11

    Concentraodeparticuladoinalvel[g/m]

    Concentrao de Partculas Inalveis em Morro da Fumaa-2010/2011

    AGV 1 AGV 2 AGV 3 WHO CONAMA

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    Tabela 8. Concentraes medidas de MP10, com precipitao acumulada eventos predominantes.

    DATA

    Concentrao de MP10

    [g/m]

    Precipitao

    acumulada

    Direo do

    ventoAGV 1 AGV 2 AGV 3 [mm]

    01/10/10 15,62 17,1 11,42 6,2 W

    05/10/10 25,07 30,5 9,33 0 SE

    08/10/10 13,39 15,65 9,4 4 S

    13/10/10 21,72 48,84 -* 0,2 N

    19/10/10 28,58 45,58 9,09 0 SE/W

    22/10/10 59,35 89,35 24,54 6,6 S27/10/10 12,79 22,99 7,4 0,2 S

    29/10/10 69,98 112,15 18,17 10 SW

    08/11/10 27,16 58,21 6,87 0 N

    12/11/10 26,89 34,99 7,23 0 N

    17/11/10 10,82 19,31 6,4 27,2 S

    19/11/10 36,6 39,26 9,99 0 SE

    25/11/10 13,39 -* 11,27 5 S03/12/10 28,1 54,22 24,09 4,2 S

    08/12/10 32,79 37,11 25,73 4,8 S

    14/12/10 31,5 40,3 10,97 0,2 SE/SW/W

    07/1/11 31,59 41,15 -* 0 SW

    11/1/11 14,24 23,39 14,55 28,6 S/NE/SE

    13/1/11 15,06 23,35 -* 12 SW/E* Os valores que aparecem em branco so referentes aos dias que no foi possvelrealizar a amostragem, isso por inacessibilidade ao aparelho ou por algum outrofator externo.

    Analisando os resultados pode-se ver que os valores ficaramdentro do esperado, sendo que os maiores foram encontrados noaparelho locado no centro do municpio e os menores no local queserviu de branco. Pelo aspecto dos filtros j era possvel diferenciar qualiria possuir maior concentrao e tambm, devido cor escura, que omaterial retido era proveniente de processos de combusto. A Figura 20mostra como ficavam os filtros aps as medies. Para as mdias de

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    24h, todas estavam dentro do permitido pela CONAMA 03/90 e asmdias de todas as amostragens para o AGV 1, AGV 2 e AGV 3 foram,respectivamente: 27,09 g.m-341,86 g.m-3 e 12,90 g.m-3.

    Se os dados forem analisados de acordo com os valoresrecomendados pela WHO constatado que h desconformidade para amdia de 24h para alguns dias nos meses de outubro, novembro edezembro, ficando acima dos 50 g.m-3. Comparando a mdia dosresultados obtidos com a mdia anual mxima preconizada pela WHO(20 g.m-3) a qualidade do ar no seria respeitada nos pontos locados emMorro da Fumaa (AGV 1 e AGV 2) ficando dentro do limite apenas

    para o AGV 3, o qual sempre esteve de acordo com os mximosexigidos pelo CONAMA e WHO.

    Figura 20. Aspecto dos filtros aps amostragem.

    Outro fato importante foi o volume precipitado acumuladodurante as amostragens. Pela tabela 8 pode-se observar que quandohouve precipitao a concentrao medida tendia a ser menor,constatando que a chuva realmente influenciou as concentraes dePM10. Nos dias 22 e 29 de outubro de 2010 as concentraes foram altase o volume precipitado foi elevado, isso ocorreu provavelmente devidoao fato da chuva acontecer nas ltimas horas de amostragem, onde

    grande parte do material retido nos filtros j tinha sido coletado. Namaioria dos dias de medio, houve influncia de ventos do quadranteSul e sempre que soprou vento desse quadrante houve a ocorrncia dechuva. A rea onde h a maior concentrao de fontes de particulado,

    perto do centro do municpio, situa-se na direo Sudeste em relao aoAGV 1. Assim, quando os ventos predominantes eram de direo Sul ouSudeste, a diferena de concentrao entre o AGV 1 e AGV 2 erammenores, parecendo que a poluio ficava melhor distribuda pelo

    permetro da cidade. Pela localizao compreensvel que ventos

    vindos do Sudeste pudessem causar isso, mas a explicao do vento Sulter ao semelhante, algumas vezes, pode estar no relevo, onde o vento

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    jogava a poluio contra os morros situados mais ao Norte fazendo o arcarregado de particulados recircular e chegar at os pontos mais aSudeste onde se encontrava o AGV 1.

    Analisando dados histricos como tambm dados inditos demonitoramento da qualidade do ar em Morro da Fumaa ficou evidenteque h anos os indivduos que moram na cidade esto expostos a umacarga alta de poluio do ar. Tal fato acaba se agravando nos meses deinverno, pois com temperaturas mais baixas e menor ocorrncia dechuvas a disperso e remoo dos poluentes prejudicada.

    5.3 DADOS RELATIVOS SADE

    A) Os dados comparativos de todas as internaes por doenasrespiratrias, captulo X da CID-10, em Morro da Fumaa e municpiosvizinhos esto resumidos nos grficos a seguir, os valores estorepresentados em uma taxa por 10.000 habitantes.

    Grfico 4. Internaes por doenas respiratrias para 1998 (Fonte: DATASUS,2011).

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    Grfico 5. Internaes por doenas respiratrias para 1999 (Fonte: DATASUS,

    2011).

    Grfico 6. Internaes por doenas respiratrias para 2000 (Fonte: DATASUS,2011).

    Grfico 7. Internaes por doenas respiratrias para 2001(Fonte: DATASUS,2011).

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    Grfico 8. Internaes por doenas respiratrias para 2002 (Fonte: DATASUS,2011).

    Grfico 9. Internaes por doenas respiratrias para 2003 (Fonte: DATASUS,2011).

    Grfico10. Internaes por doenas respiratrias para 2004 (Fonte: DATASUS,2011).

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    Grfico 11. Internaes por doenas respiratrias para 2005 (Fonte: DATASUS,2011).

    Grfico 12. Internaes por doenas respiratrias para 2006 (Fonte: DATASUS,2011).

    Grfico 13. Internaes por doenas respiratrias para 2007 (Fonte: DATASUS,2011).

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    Grfico 14. Internaes por doenas respiratrias para 2008 (Fonte: DATASUS,2011).

    Grfico 15. Internaes por doenas respiratrias para 2009 (Fonte: DATASUS,2011).

    Grfico 16. Internaes por doenas respiratrias para 2010 (Fonte: DATASUS,2011).

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    Analisando os grficos pode-se constatar que o municpioestudado apresentou um maior nmero de internaes por doenas doaparelho respiratrio do que as cidades escolhidas para comparao. Detodos os meses, de Janeiro de 1998 a Dezembro de 2010, apenas em oitooportunidades os ndices de Morro da Fumaa no foi maior sobre osoutros.

    Os dados histricos de monitoramento da qualidade do aranalisados anteriormente, mostraram que os meses de inverno so osmais crticos com relao disperso de poluentes em Morro daFumaa. Assim, do ponto de vista da concentrao dos contaminantesatmosfricos monitorados, os meses mais frios deveriam apresentar umamaior prevalncia de morbidades respiratrias. Os meses de junho, julho

    e agosto, em todos os anos, apresentam uma mdia alta de internaes,mas os maiores valores, em muitos dos anos pesquisados, acontecemnos meses mais quentes (novembro, dezembro, janeiro e fevereiro),onde dezembro de 1999 registrou a maior taxa de internaes de todosas datas pesquisadas: 209,573 internaes para cada 10.000 habitantes.

    Alguns fatores podem explicar essa maior ocorrncia deinternaes nos meses mais quentes, dentre eles pode-se numerar:

    1) Nos meses mais quentes h maior formao de partculas quepodem causar alergias, como gros de plen, por exemplo.

    Dependendo do caso, tais internaes por alergias podem serclassificadas como causadas por problemas respiratrios, o queaumenta a taxa de internao por esse grupo de causa em taismeses.

    2) Devido as altas temperaturas, h mais desconforto e dificuldadede respirao, onde a sensao de abafamento maior, assim, a

    busca de qualquer auxilio devido ao mal estar causado pelatemperatura pode ser classificado como morbidade do aparelhorespiratrio.

    3)

    Nos meses quentes h maior incidncia de raios solares e sabe-se que poluentes secundrios, como o oznio (O3), podem seformar atravs de reaes fotoqumicas entre poluentes

    precursores e luz solar. Assim, nos meses mais quentes podeestar havendo maior formao de poluentes secundrios,

    principalmente O3, o que causaria incremento nas taxas deinternao por problemas respiratrios. As concentraes de O3nunca foram medidas na cidade de Morro da Fumaa.

    Os meses em que foram realizadas as medies de MP10apresentaram valores baixos de internaes para outubro e dezembro e

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    maior em novembro. Os maiores valores de concentrao medidosforam no final de outubro, contudo o seu reflexo sobre a sade da

    populao pode ter acontecido apenas no ms de novembro, causandoum maior nmero de internaes.

    B) O programa nacional de Vigilncia Ambiental relacionado Qualidade do Ar (VIGIAR), implantado em 2006, adota como indicadorfundamental a taxa de internaes por doenas respir