A READEQUAÇÃO DE PEÇAS DESCARTADAS EM BRECHÓS: UM ESTUDO DE DESENVOLVIMENTO DE VESTIDOS DE FESTA.

THE READJUSTMENT OF PARTS DISPOSED IN THRIFT STORES: A STUDY OF THE DEVELOPMENT OF PARTY DRESSES.

Caroline Menezes dos Santos, Valdirene Aparecida Vieira Nunes (Orientador), e-mail: valvieira01@yahoo.com.br

Universidade Estadual de Londrina/Departamento de Design/ Londrina, PR.

Resumo: O projeto com o titulo Noite de Gala desenvolve vestidos de festa com tecidos de roupas descartadas em brechós. Tem por objetivo criar produtos que sejam mais do que vestidos, ou seja, que transmitam emoções e criem um laço afetivo com usuário pelo seu aspecto visual inovador e exclusivo e seu caráter sustentável.

Palavras-chave: Design emocional; inovação em moda; Sustentabilidade e moda.

1. INTRODUÇÃO

Hoje em dia não basta o produto que se pretende vender seja

funcional e de boa qualidade. Projetar produtos que proporcionem uma

ligação afetiva com o usuário passa ser um item fundamental para os

designers em suas criações e critério de compra para os consumidores. De

acordo com Niemeyer, (2008, p. 52):

Muitas vezes os produtos são projetados com vista

apenas ao seu apelo estético, e sua usabilidade.

Porem, esses atributos não conferem características de

fato aspiradas pelo destinatário do projeto_ o que o

produto “diz” para o usuário e o que o usuário fala de si

por meio dele.

“Cabe, porem, ressaltar que fazer design é mais do que projetar

produtos: é resolver problemas de dialogo do ser humano com os produtos e

consigo mesmo”. (Niemeyer, 2008, p. 52).

Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR.

O Design Emocional visa projetar novos produtos com foco na

emoção que cause sensações e experiências agradáveis. Mais do que ser

funcional, os produtos devem dizer algo para o usuário e sobre o usuário,

contar uma história, criar um laço afetivo.

2. DESENVOLVIMENTO DO TEMA

2.1 Emoção e Inovação

O design emocional, quando aplicado, faz com que o produto crie

uma ligação sensível com o usuário, que segundo Beatriz Russo e Paul

Hekkert (2008) pode se obter por meio de uma interação fluida com o

produto, por lembrança de memória afetiva, por significado simbólico social,

por compartilhamento de valores morais e também por interação física

prazerosa.

No projeto em questão, o design emocional está aplicado por meio de

uma sensação de exclusividade ao usar a roupa, pois são peças únicas, por

serem de brechós, onde dificilmente há roupas repetidas, pelo seu aspecto

visual inovador e também pelo seu princípio ético social de preocupação

com o meio ambiente.

2.2 Design Emocional e Sustentabilidade

Há uma premente necessidade de se desenvolverem novos modelos

de consumo e produção para o setor de moda e vestuário. Segundo Vezzoli,

(2008 p. 198):

É quando o produto, depois de descartado, segue

diferentes percusos, como incineração, compostagem,

reciclagem ou ainda refabricação e reutilização (do

produto inteiro ou de alguns de seus componentes).

Presente em muitos cursos de design, e tratado como item

indispensável na hora de projetar um produto, a sustentabilidade é um tema

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que possui muitas esferas de atuação possíveis para o designer, aumentar a

vida útil do produto é uma delas.

Para aumentar a vida útil do produto é necessário pensarmos no fator

descarte, sendo um dos assuntos principais do projeto em questão.

Neste projeto foi feita uma pesquisa em brechós na cidade de

Londrina, no Norte do Paraná, a fim de encontrar roupas em boa

conservação para serem desmanchadas, remodeladas, atualizadas, fazendo

com ela se encaixe nas tendências atuais, pois as roupas de brechós muitas

vezes não são mais atrativas para o consumo, não por estarem velhas ou

estragadas, mas sim, muitas vezes, simplesmente por não estarem dentro

de uma tendência atual.

A fim de criar um laço afetivo ainda maior com o usuário, estes

vestidos serão manipuláveis, permitindo que o usuário interfira na formação

do modelo, ou seja, em determinada ocasião ele utilizará elementos que

deixarão o produto mais sofisticado e em outro momento menos, permitindo

que estes produtos tenham a vida útil prolongada mais uma vez, porque por

esta possibilidade de duas ocasiões de uso e também pelo o laço de prazer

criado entre a usuária e a peça, a roupa não irá para o descarte

precocemente.

“Possivelmente um produto que tenha “um valor emocional agregado”

leva-o a escolhê-lo, porque a escolha em muitos casos se baseia nos

sentimentos que o produto suscita”. (Niemeyer, 2008, p. 62).

3. METODOLOGIA

Os designers estão sempre utilizando novas referências para suas

criações a fim de se diferenciar no mercado competitivo. Neste projeto, o

elemento de referência é a laranja, a partir desta fruta redonda e simples

podem-se encontrar infinitas formas para serem exploradas em produtos de

moda. Unidas aos elementos visuais de repetição, gradação, movimento e

radiação, resultam em peças de grande apelo visual e valor agregado.

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Foi realizado estudo morfológico da laranja, e selecionadas algumas

formas, que, sendo repetidas darão ilusão de gradação, movimento e

radiação, e por fim, estas repetições irão formar os vestidos gerados.

4. RESULTADOS

4.1 Possibilidades de uso

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“São muitas as técnicas que podem ser aplicadas na busca de

soluções visuais. As técnicas são os agentes no processo de comunicação

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visual; é através de sua energia que o caráter de uma solução visual adquire

forma”. (Donis. pg. 45).

Estes produtos criarão uma ligação afetiva com seus consumidores,

pois serão únicas no seu aspecto visual dando a usuária uma sensação de

exclusividade, além de terem um caráter sustentável.

Conclusão

A preocupação com o meio ambiente dá-se não apenas pelo fato de

se utilizar um produto já em descarte, mas principalmente na aplicação de

recursos de construção no produto, onde se permite que o usuário interfira

na composição da peça pronta.

O critério da base da criação deste produto, que estava obsoleto, é

que em seu desenvolvimento prevê cuidar para que na concepção do novo

produto seja pensado na prolongação da vida útil do mesmo, para que este

não retorne ao conceito do ciclo do descarte obsoleto, quando ainda pode

ser reutilizado e com sucesso.

BibliografiaNIEMEYER, Lucy. Design Atitudinal: uma abordagem projetual. In:

Ergonomina e Emoção. Claudia Mont’Alvão e Vera Damazio (orgs). et alii,

Lapa, RJ: MAUAD Editora, 2008

VEZZOLI, Carlos. Cenário do Design para uma moda sutentável. In:

Design de Moda: olhares diversos. Dorotéia Pires Baduy (org). Barueri,

SP: Estação da Letras e Cores Editora, 2008.

DONIS A. Dondis, Sintaxe da linguagem visual. São Paulo : Martins

fontes, 2005.

RUSSO Beatriz e HEKKERT Paul. Sobre amar um produto: os

princípios fundamentais. In: Design, Ergonomina e Emoção. Claudia

Mont’Alvão e Vera Damazio (orgs). et alii, Lapa, RJ: MAUAD Editora, 2008.

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