A Reencarnacao Papus

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  • 8/11/2019 A Reencarnacao Papus

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    Sociedade das Cincias Antigas

    A ReencarnaoA evoluo fsica, astral e Espiritual.

    O Esprito antes do nascimento e depois da norte.

    Por

    Papus

    Traduzido do original francsLa Rincarnation

    Lvolution Physique, Astrale et Spirituelle.LEsprit avant la Naissance et aprs la Mort.

    Dorbon-AinParis - 1912

    Sumrio

    I - A REENCARNAO .................................................................................................................................3 Definio .................................................................................................................................................3Reencarnao do corpo fsico ..................................................................................................................4

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    Pensamento, seu mecanismo e ao ........................................................................................................6Reencarnao do corpo fsico (cont.) ....................................................................................................14O fenmeno da morte ............................................................................................................................15Os princpios da reencarnao ...............................................................................................................16

    II - REENCARNAO DOS PRINCPIOS ASTRAIS .............................................................................17

    As influncias astrolgicas ....................................................................................................................17A evoluo das formas fsicas no Astral ................................................................................................20III - REENCARNAO DO PRINCPIO ESPIRITUAL .........................................................................21

    Constituio do ser humano segundo os Egpcios .................................................................................22Reencarnao normal ............................................................................................................................23O plano astral .........................................................................................................................................24Constituio do Ser Astral .....................................................................................................................25A paisagem astral ...............................................................................................................................26O amor astral .........................................................................................................................................27A aproximao da morte ........................................................................................................................28Depois da morte .....................................................................................................................................30

    Medida do tempo entre os hindus ..........................................................................................................32IV - O RETORNO MATRIA ..................................................................................................................32

    O grande sacrifcio .................................................................................................................................32Os mistrios do nascimento ...................................................................................................................34Sobre a encarnao da criana ...............................................................................................................38As reencarnaes anormais....................................................................................................................40O suic dio ...............................................................................................................................................41Os Egpcios e o Duplo ...........................................................................................................................42Evoluo e Involuo ............................................................................................................................43

    V - A VIDA SOCIAL E A REENCARNAO ...........................................................................................45

    Opinio dos clssicos .............................................................................................................................45Karma e reencarnao............................................................................................................................47Modificao do destino atraves da orao .............................................................................................47As trs aparies de cada clich - as adversidades. ...............................................................................48

    VI - A LINGUAGEM DOS ESPRITOS .....................................................................................................50 A relao com o invisvel ......................................................................................................................50O esquecimento e a reencarnao ..........................................................................................................51As deformaes da Doutrina .................................................................................................................52

    VII - OS ENVIADOS DO PAI.......................................................................................................................53 Os enviados do Alm .............................................................................................................................53Os reencarnados cclicos........................................................................................................................55Joana dArc............................................................................................................................................56O retorno do Esprito .............................................................................................................................56O livro da vida .......................................................................................................................................57

    VIII - REENCARNAO E RELIGIES ..................................................................................................57 Reencarnao e Budismo .......................................................................................................................57Reencarnao e Cristianismo .................................................................................................................58Krishnaismo e Budismo .........................................................................................................................60A Reencarnao e o esoterismo hebraico ..............................................................................................60

    IX - TRANSMIGRAO DAS ALMAS .....................................................................................................61

    X - A REENCARNAO HUMANA ..........................................................................................................70 Recordaes das vidas passadas ............................................................................................................70A Reencarnao anunciada com antecedncia ......................................................................................73

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    Espritos que afirmam ter vivido vrias vezes na Terra .........................................................................74

    I - A Reencarnao

    Definio

    A reencarnao a volta do Princpio espiritual num novo envoltrio carnal. Para um ser humano,este envoltrio sempre um corpo humano. Mas pode reencarnar-se quer no mesmo planeta em queviveu sua ltima existncia, quer num outro planeta.

    No se pode fixar um tempo de precedncia volta num corpo material, da mesma forma que nose pode fixar um tempo para a vida terrestre. Entes humanos passam trs anos na terra e outros passam 90 anos. Se dissssemos: o homem vive na terra 30 anos, falaramos como um amador deestatstica, porm no como um observador das leis reais.

    A durao da vida na terra um fator pessoal; da mesma forma a durao do tempo que se passaantes de voltar terra igualmente um fator pessoal que depende de muitas circunstncias.

    Digamos logo que, antes de vir reencarnar-se num planeta, o ser espiritual consente na perda damemria das existncias anteriores. Daremos todas as passagens dos autores clssicos, referentes aeste fato e simbolizadas pela absoro do copo de gua do rio Lethes, ou rio do esquecimento, quese bebia antes de voltar a terra.

    Com efeito, a reencarnao foi ensinada como um mistrio esotrico em todas as iniciaes da

    Antiguidade.Eis uma passagem dos ensinos egpcios 3.000 anos antes de Jesus Cristo, sobre a reencarnao:

    Antes de nascer, a criana viveu, e a morte nada termina. A vida uma volta, Khprou, ela passa semelhante ao dia solar que recomea.

    O Homem se compe de inteligncia, Khou, e de matria, Khat.

    A inteligncia luminosa e se reveste, para habitar o corpo, de uma substncia que a alma:Ba.

    Os Animais tm uma alma: um Ba, porm um Ba privado de inteligncia, de Khou.

    A vida um sopro: Niwou. Quando o sopro se retira em Ba, o homem morre. Esta primeiramorte se manifesta materialmente, pela coagulao dos lquidos, a vacuidade das veias e dasartrias, a dissoluo da matria que compe o corpo.

    Pelo embalsamento, todas as matrias so conservadas, inclusive o sangue, que Ba voltar avivificar depois do juzo de Osris. O sopro est ao servio da alma.

    (M. Fontaine, Egyptes, 424)

    Damos igualmente mais adiante passagens dos autores clssicos sobre este assunto.

    Algumas sociedades orientais estabelecidas na Europa ensinaram tamanhos erros sobre a

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    reencarnao e suas consequncias, que somos obrigados, para protestar contra esses erros, a tratardo assunto detalhadamente em todas as suas partes:

    Reencarnao do corpo fsico

    O corpo fsico o smbolo da encarnao terrestre.

    Vamos falar somente, a partir de agora, da reencarnao na terra, pois que a lei se reproduzir emtodo envolvimento de carne, em qualquer planeta.

    A Tbua de Esmeraldade Hermes nos ensina queo que est em cima como o que est em baixoe, reciprocamente, para realizar os milagres da Unidade.

    Se, pois, a reencarnao existe para o esprito, existe igualmente para o corpo; ou por outra, umcorpo terrestre deve voltar a outro corpo terrestre sem deixar a terra, se um esprito volta noutraentidade material.

    da que vieram as confuses entre a reencarnao ou volta do esprito num corpo material, depois

    de certo estdio astral, e a metempsicose ou passagem pelo corpo material em corpos de animais ede plantas, antes de voltar a um novo corpo material.

    Nunca se deve confundir a reencarnao e a metempsicose, pois o homem no retrograda e oesprito no se toma nunca esprito de animal, salvo no plano astral, no estado genial; mas isto ainda um mistrio.

    Estudemos, pois o corpo fsico.

    O corpo fsico um trplice apoio: apoia trs princpios e possui trs centros nos quais cada umdestes trs princpios tem particularmente seu domnio. O corpo apoia:

    1. - Oprincpio dos instintos, princpio inteiramente fsico e que tem seu domnio no ventre;

    2. - Oprincpio dos sentimentos e das foras astrais, que tem seu domnio no peito com o plexo

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    solar como centro;

    3. - Oprincpio do mental e das foras espirituais, que tem seu domnio na cabea.

    A partir destes princpios tornaram-se corpos, assim, podemos dizer que h um corpo fsico, umcorpo astral e um corpo mental, mas isto so apenas palavras e divises ideolgicas, vamos aderir fisiologia comum.

    De fato, na Criao tudo um emaranhado, com o qual impossvel estudar um plano em separado. Neste sentido acreditamos apropriado abrir um parntese e dedicar algumas linhas ao pensamento,seu mecanismo e sua ao, tentando conciliar as ideias dos filsofos com as dos fisiologistas. Naverdade, um grande nmero de leitores e ouvintes nos tem solicitado que tratemos brevemente estaquesto, muito interessante por vrias razes:

    Qual o mecanismo do pensamento?

    Como percebido, digerido (se podemos dizer assim) e fixados na memria uma impresso vindado exterior atravs dos rgos dos sentidos?

    Questes importantes que os filsofos, fisiologistas e psiclogos tm se esforado em analisar, cadaum usando seu prprio sistema.

    A Cincia do Esprito inclui numerosos estudos: a Psiconomia ou conjunto dos diferentes nomesdados s faculdades da alma, a Psicologia ou estudo filosfico dessas faculdades, a Psicosofia ou procura das relaes do Esprito com a Sabedoria Divina, a Psicurgia ou Psicofana ou utilizaodas faculdades secretas do Esprito, e muitas outras mais.

    Portanto, no tenho a pretenso de resolver um problema que tem sido abordado por muitos eimportantes pensadores.

    A nossa ambio muito mais simples. Ns queremos apenas um resumo o mais claro possvelsobre esta questo, deixando de lado nossas ideias pessoais.

    O mecanismo do pensamento uma verdadeira digesto, e ao igual que a digesto intestinal, entramno organismo novas clulas procedentes de organismos retirados do exterior, a digesto cerebralfixa no Esprito e, sobretudo na memria, ideias procedentes de sensaes vindas do exterior.

    Faz tempo que se estabeleceu a analogia entre as circunvolues intestinais e as cerebrais, pelomenos em seu aspecto macroscpico.

    Neste estudo, o filsofo nos impedir de perder-nos em detalhes desnecessrios de anatomia,enquanto que o fisiologista nos economizar devaneios e a falta de base positiva do filsofo.

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    Assim como na fbula do cego e o coxo, estes dois tipos de pesquisadores vo se ajudar entre si.

    Ento, passaremos alternativamente do parecer mdico, ao do filsofo, nos esforaremos em tudo oque pudermos para sermos o mais claro possvel.

    Pensamento, seu mecanismo e ao

    O mecanismo do pensamento fica reduzido a trs grandes divises:

    1 Receber as sensaes, as quais pertencem SENSIBILIDADE;

    2 Transformar estas sensaes em Ideias, fix-las ou envi-las aos centros volitivos:INTELIGNCIA e MEMRIA;

    3 Emitir ao exterior, na forma de atos ou palavras, o resultado da transformao da ideia atravsdos centros volitivos: VONTADE;

    SENSIBILIDADE, INTELIGNCIA e VONTADE, aqui o primeiro fundamento de todo o estudoPsicolgico.

    Nesta trindade, as sensaes para o crebro vm do exterior, ao igual que os alimentos vo para oestmago. Ao contrrio, as ideias so o resultado de um trabalho interior.

    Finalmente, os movimentos conscientes: o Olhar, a Palavra, o Gesto ou a ao tambm so oresultado da transformao das ideias em diferentes movimentos pela vontade.

    Pensamos que esta diviso simples, clara e de fcil compreenso. O que diz o Anatomista ou oFisiologista a este respeito? Eles dizem:

    Tome um crnio e examine o interior de perfil. Nele encontraremos trs nveis:

    1 Um primeiro nvel situado atrs do osso frontal, nvel superior, onde encontrars localizadas ascircunvolues anteriores do crebro que dirigem a Vontade.

    2 Um nvel mdio, localizado por baixo do anterior, onde se encontram os orifcios, na maioria deentrada e de sada dos 12 pares nervosos, e sobre o qual repousa a parte mdia do crebro, apoio dasfaculdades intelectuais (Inteligncia e Memria).

    3 Finalmente, um nvel abaixo do nvel anterior, nvel sobre o qual repousa o cerebelo, o bulbo e ocrebro posterior, rgo da Sensibilidade.

    Assim, os ensinamentos da Anato-Fisiologia se apoiam praticamente em isto para convergir para umresultado idntico.

    Vamos continuar com a anlise detalhada deste problema.

    ** *

    O crebro, como todos os corpos fsicos, um suporte e no um criador. Constitui sempre o mesmosuporte orgnico para todas as funes psquicas. Este suporte so os neurnios, ou clulas nervosascom seus dendritos e axnios.

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    Estes neurnios correspondem exatamente ao quadrante receptor do telgrafo pelo que correspondea sua sensibilidade.

    O quadrante do telegrafo no cria a mensagem, somente a recebe passivamente e sua manivela girasob o impulso do telegrafista transmissor.

    Mas sabemos que este registrador telegrfico no se moveria se a linha telegrfica ligando oemissor com o quadrante receptor no fosse atravessada por uma corrente, que neste caso umacorrente eltrica.

    Ocorre exatamente o mesmo com o sistema nervoso.

    Uma corrente, chamada fora nervosa, percorre os centros nervosos dando-lhes a tenso necessria. centrpeta nos rgos dos sentidos e centrfuga nos rgos motores, pelo momento sua direotem pouca importncia. O que devemos constatar que ela existe que a coisa principal.

    Nem mesmo temos que discutir sua origem. Esta fora nervosa, ser produzida por umatransformao direta do sangue a nvel das clulas nervosas? Ou pelo contrrio, como diz Luys, ser produzida no cerebelo?

    Neste momento, isto no interessa. Constatamos que se o crebro constitui o suporte dos neurnios,a circulao sangunea fornece a corrente: Fora Nervosa, origem de todo o funcionamento doscentros psquicos, e isto suficiente pelo momento. Esta fora nervosa a mesma em todo oorganismo e para todos os rgos do sistema nervoso. Participa tanto nas funes superiores do pensamento como nas funes mais simples de assimilao ou da funo das diferentes glndulas.

    Alm disso, quando o organismo est em grande perigo, por exemplo, quando colnias microbianas(estados tficos) atacam os intestinos, toda a fora nervosa disponvel se concentra no ponto atacado para produzir fagcitos ou qualquer outra forma de defesa, e as funes psquicas, ao se ver privadas de sua fora de nervosa, param e deixam de funcionar. Neste caso, embora o telegrafistatransmissor (sensao) envie sua mensagem, a manivela do quadrante telegrfico receptor nogirar, no por causa da ausncia do telegrafista, seno porque a corrente no passa atravs do fiodo telgrafo.

    Isto o que acontece no corpo humano, ao igual que em todo organismo vivos previsto de centroscrebro-espinhais, em caso de doena grave.

    O mesmo fenmeno tambm pode ocorrer em casos menos graves. Assim, quando um ser chamado

    "nervoso", ou seja, onde a fora nervosa se move com facilidade, se produz uma emoo muitoforte, observa-se que, sob a influncia desta emoo, toda a fora nervosa flui repentinamente parao plexo cardaco, resultando em uma ruptura brutal da corrente nervosa para o crebro e ... umdesmaio, fenmeno que atualmente se explica com mais facilidade.

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    Assim, o neurnio e a fora nervosa so ferramentas que esto disposio de outros elementos para produzir fatos psquicos. Equivalem ao quadrante receptor do telgrafo e a corrente eltrica.

    O que produz o funcionamento destes rgos receptores a mensagem, no caso do telgrafo, e aSENSAO, no caso do ser humano. A sensao constitui o meio pelo qual o organismo pensante colocado em relao com o mundo exterior.

    Este sensao adota diferentes nuances distintivas:

    1 Ele decomposta, isto , dividido por uns rgos receptores, chamados de rgos dos sentidosque filtram e clarificam as sensaes: o tato (gravidade, calor, forma, etc.), o sabor ou tato bucal, oolfato, o ouvido e a vista. Assim, o crebro recebe sensaes de formas, sabores, odores, luz eharmonia, e cada uma destas sensaes percebida por um rgo especial e diferenciado para essefim;

    2 Depois de ser decomposta como a luz atravs do prisma, a sensao se concentra em uma mesmarea de centros nervosos.

    Os nervos pticos, ao igual que os nervos olfativos, os do sabor, do tato e os do ouvido, convergemnos ncleos ou conjuntos de neurnios situados na base do 4 ventrculo, a nvel do quevulgarmente se denomina nuca.

    No recebemos realmente a sensao da vista atravs dos olhos, seno atravs da parte posterior do

    crebro, para a nuca, e o mesmo acontece com as demais sensaes.3 Quando a sensao chega ao centro de entrada, percebida, condensada e digerida por novosrgos nervosos. Agora ser utilizada para a criao de "imagens mentais" de IDEIAS, ultimo produto do trabalho psquico: o Eidoln dos gregos.

    Em linguagem popular, pode-se dizer que a ideia constitui apenas o resultado da digesto cerebral.

    Assim como a finalidade da digesto abdominal e a transformao dos alimentos procedentes doexterior em substncia humana, a finalidade da digesto cerebral a transformao das sensaes procedentes do mundo exterior em elemento psquico pessoal ou ideia. Na verdade, a ideia um

    campo pessoal que cada um marca de acordo com sua prpria natureza.Um condutor alcolatra tem seu prprio campo de ideias, suas opinies, sua forma particular deviver, um professor de filosofia tambm tem o seu prprio campo ideolgico. evidente, que osdois campos so diferentes entre si, da mesma forma que uma floresta selvagem difere de um jardim cultivado cheio de lindas flores e arbustos raros.

    Assim, h tambm uma analogia entre os dois tipos de produo cerebral realizadas, uma nocrebro do alcolatra, e outro no crebro do professor, dedicado s mais elevadas concepes doEsprito.

    A comparao feita contesta por si mesma responde pergunta sobre se as ideias so inatas nocrebro, ou se so o simples resultado de um funcionamento orgnico parafraseado no famosoditado: o crebro produz o pensamento ao igual que o rim segrega a urina.

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    Nenhum carvalho cresce por si mesmo. necessrio ter plantado uma semente em solo frtil, que,com a ao do sol, da atmosfera e no tempo preciso, vai se tornar na rvore magnfica queadmiramos.

    Da mesma forma, se a terra no recebe uma semente especial, no pode fabricar nem uma rvorenem qualquer outra planta.

    Foi o Filsofo Desconhecido Louis-Claude de Saint-Martin, que, em um famoso tratado, resolveu aquesto das ideias inatas.

    No crebro existem "ideias sementes" de germes psquicos irrigados pela sensao, acalentados pelatenso nervosa, coloridos e iluminados pelo sol interior ou pela Conscincia Pessoal (Esprito). Aideia resulta de todo este processo.

    A Herana atua fatalmente e em forma de Destino sobre o rgo cerebral, o temperamento pessoal,resultado da preponderncia de uma membrana embrionria sobre as outras, atua sobre a foranervosa e sua circulao; o meio psquico interior (amor ou dio, verdade ou erro, alegria outristeza), por sua vez reage alterando a cor das ideias no momento de sua assimilao oudeterminao intelectual.

    A combinao de todos estes elementos de ao determina a criao de nossa personalidade psquica de acordo com a nossa prpria forma ideao, ou seja, da fabricao de nossas ideias.

    necessrio conhecer em detalhes o mecanismo de transformao das Sensaes em Ideias paraestudar a psicologia?

    No, no , do mesmo modo, que no necessrio conhecer o mecanismo de um relgio para saber

    as horas.Este estudo pode ser apaixonante, mas no necessrio para resolver o problema. No entanto,faremos o possvel para aborda-lo tentando esclarecer as afirmaes da psicologia pura, utilizandonossos conhecimentos sobre a fisiologia dos centros nervosos.

    ** *

    Uma das caractersticas da digesto abdominal a decomposio das vrias operaes. Amidos,carnes e gorduras so transformados em sucessivos centros e finalmente, o intestino faz uma

    sinttica reviso final. primeira vista, a chegada de sensaes tambm quebrada e sabemos que a impresso dasensibilidade no realizada em um nico meio, mas envolve cinco centros distintos, um que dizrespeito s mltiplas percepes do tato, outro as do gosto ou do olfato, outro da audio e da viso,mais sutis, todos eles convergem na base do quarto ventrculo, cujos ncleos tm suas razes nomesencfalo, suporte das faculdades da inteligncia.

    Este , de fato, a caracterstica do crebro. Permitam-me recordar aqui os princpios mais bsicos dafisiologia do sistema nervoso.

    A medula no guarda qualquer impresso. Seus centros posteriores cinzas recebem uma sensao, aqual enviada automaticamente aos centros cinzas anteriores e transformada em movimento. oato reflexo com todas suas caractersticas mecnicas e automticas. Se os cordes medulares noalcanam o crebro, nada mais do que um mero reflexo, nada do que entra como sensao na

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    medula fica nela, e a sensao fica expressa em um movimento.

    A partir do momento em que se forma um rgo cerebral, sua primeira caracterstica a possvelconservao de toda sensao percebida. Esta sensao pode, obviamente, voltar a ser enviada sob aforma de movimento centrfugo, tal como ocorre na medula ssea, mas tambm pode serarmazenada em algum lugar prximo do mesencfalo, sob a forma de ideia classificada namemria, para no ser transformada em clich de movimento verbal ou de outro tipo mais tarde.

    Assim, alm do centro de recepo das sensaes e do centro de envio de comandos motores, ocrebro tem uma srie de rgos que lhe so prprios destinados a pr em funcionamentofaculdades relacionadas com o que tem sido chamado de inteligncia.

    Essa inteligncia dirige a transformao de sensaes em "Imagens" psquicas, em Ideias, aclassificao dessas ideias na memria, todo o trabalho realizado pela Imaginao sobre estas ideiase, finalmente, a propulso dos rgos motores do prosencfalo por intermdio destas ideias. Assim,qualquer sensao convertida em ideia pode formar parte integrante do mdio psquico individual.

    Este exatamente o que acontece abaixo, nos centros abdominais, no que todas as substnciasdigeridas e assimiladas esto destinadas a fazer parte integrante do organismo fsico, seja setransformando de imediato em clulas acticas se colocando na reserva em um gnglio linftico, ou bem em uma massa de gordura, atuando ento como uma ideia colocada na reserva na memria para ser usada em um determinado momento.

    Alguns vo argumentar que no damos uma soluo questo da transformao da sensao emideia.

    No momento, isso no o que pretendemos, vamos tentar esclarecer um pouco esta questo nos

    ajudando pelo mtodo analgico.Se quisermos estudar a questo mais ou menos o que observamos quando o estmago digere um pouco de fibrina, quando acontece a peptonizao ou humanizao desta carne de origem animal?

    Observamos tambm que a ao do suco gstrico produzido pelas glndulas do estmago, tambm necessrio o calor orgnico produzido pelo fluxo sanguneo e os diversos movimentos (semmencionar o acionamento da secreo glandular) produzidas pelo sistema nervoso, especialmenteno grande simptico (plexo solar).

    Para que esta fibrina procedente do reino animal se torne parte do ser humano por meio de digesto,

    necessrio que desam duas foras dos planos superiores: o calor do sangue procedente do trax ea incitao nervosa procedente do cerebelo atravs de seu pednculo inferior que penetra noscentros cinzas anteriores da medula onde tem sua origem o grande simptico.

    No aconteceria o mesmo com a ideia?

    Para transformar uma sensao em ideia, no seria necessrio, alm de tenso nervosa local e dosneurnios que s atuam como suportes materiais, a descida das foras mais elevadas, procedentesuma do centro da vida universal da Natureza, e a outra das contrapartes divinas, de estes planosignorados pelo fisiologista onde reside o Esprito, o Bai dos sbios do antigo Egito?

    Sabemos perfeitamente que tratar o problema a partir dessa base, vo vir encima de ns todos osadeptos do transformismo, os evolucionistas e os materialistas, os quais geralmente substituem asnovas ideias por palavras pretensiosas. Mas isso no nos importa. Tentamos deixar claro quenenhum avano, nenhuma evoluo, quando se considera sob aspecto verdadeiro, envolve duas

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    descidas de foras superiores, dois sacrifcios, duas involues, e no h nenhuma razo para queesta lei, que se aplica a tudo no se aplique tambm psicologia ... at mesmo a psicologiaelemental. A este respeito, recordamos uma das nossas comparaes familiares.

    Aqui temos um lenho, um pequeno pedao de uma rvore que no passado foi muito grande. Estelenho constitudo por:

    1 Um pouco de terra a partir da qual a raiz da rvore extrai meticulosamente substncias quecirculam pela crosta;

    2 Um pouco da atmosfera sintetizada pela clorofila nas folhas e outros rgos respiratrios da planta, que distribuda de ali para todas as partes;

    3 Um pouco de Sol tambm fixado na massa da rvore.

    Faamos uma operao alqumica: coloquemos o lenho no fogo. Imediatamente o sol vai sair emforma de luz e de calor, a atmosfera se exteriorizar na forma de mltiplos gases e a terra ficar naforma de cinzas.

    Para que esta Terra se transforme em rvore, tem sido necessrio o sacrifcio, a descida e ainvoluo de duas foras superiores: a atmosfera terrestre e luz do sol. O mesmo acontece em todosos planos.

    Isto nos leva a procurar, em um crebro puramente material (a terra da planta antes mencionada) aao de outras foras que no so as meramente fsicas, e podemos dizer que, se o ser humano serelaciona com o mundo fsico atravs da sensao, tambm se relaciona com outros planos atravsdo sentimento, de um lado, e atravs da intuio ou iluminao interior, por outro.

    Tal como dizemos anteriormente, na criao, na verdade, tudo est entrelaado e nenhum plano pode ser estudado sem os outros. Mas no nos antecipemos e nos concentremos na mera sensao.

    Esta sensao se apresentar ante uma fora procedente de um plano superior, a qual utiliza ocrebro como um simples ponto de apoio, ao que chamamos Esprito.

    O Esprito ou a prpria conscincia dar a esta sensao, no momento de sua transformao emideia, a marca do individualismo humano na qual se produz esta transformao. A ideia produzidater uma luz particular, em funo do carter do Esprito que controla o crebro.

    Por outro lado, esta ideia ter uma energia particular em funo da tenso da inteligncia que tertransformado esta sensao, que a ter "verbificado", se pudermos utilizar esta expresso.

    Assim, a sensao transformada de trs diferentes maneiras:

    1 Encontra-se vitalizado nos neurnios sob a influncia da tenso nervosa que atua nos rgos puramente fsicos. o lado antomo-fisiolgico da questo;

    2 A sensao digerida pela inteligncia, que soma e em seguida subtrai, que faz a soma dos totaisanteriores ou multiplicao, e, finalmente, a eliminao dos resduos ou diviso, com assimilaodo quociente, o que se transforma em imagem mental, em ideia pessoal; a sensao se verbifica esofre a influncia da fora que ilumina qualquer homem que venha a este mundo;

    3 Concluindo, esta sensao coletada tambm neste plano da inteligncia e se encontra sujeita iluminao do Esprito. Adquire a cor da luz caracterstica do homem de carne em que se encarna

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    um pouco de Esprito Divino. Quando o esprito est no crebro de um aflito, a ideia de cor roxaescura, quando se trata de um crebro entusiasmado pela presena de Deus da Verdade ou inclusiveda torrente do Amor Universal, esta ideia totalmente branca tais como a luz do Sol.

    VITA-VERBUM-LUX, estas so as trs chaves das foras que descem do alto para transformar umestmulo do mundo exterior em uma pequena chama bruxuleante: a ideia humana.

    ** *

    Para a maioria dos filsofos da antiguidade, a ideia era uma imagem. A palavra grega: "Eidoln"traduz muito bem este conceito.

    Quando nos anunciado algum evento atravs do Invisvel, costuma se manifestar como uma sriede "imagens animadas" durante o sono. Do mesmo modo, as tcnicas de adivinhao tm como base as imagens ou os nmeros. Que ningum se surpreenda se mencionarmos aqui os sonhos e asartes da adivinhao; cincia exata no faz distino entre fatos "srios ou acadmicos" e "no-srios ou mundanos". Tudo o que existe tem direito a ser estudado seriamente e as imagens vistasnos sonhos exigem, qualquer que seja, a sua causa real.

    Esta linguagem das imagens permite ao crebro humano, se expressar sem ter em conta a sualinguagem particular. Um exemplo disto o cinema, que, se est bem feito, tanto o pode entenderum chins, um ingls, um pele-vermelha ou um rabe.

    Esta uma verdadeira linguagem universal, uma cpia exata da linguagem usada pelo invisvel ouse no aceitarmos esta expresso, a linguagem dos sonhos so imagens mentais derivadas dasensao.

    Assim, inicialmente, toda sensao se torna imagem mental ou ideia. Esta ideia pode ser trabalhadaimediatamente pela faculdade que mistura as ideias, as associa, as dissocia e as agrupa: aImaginao. Pelo contrrio, esta ideia pode ser fixada imediatamente e imobilizada na memria,onde algum dia a imaginao ir busca-la. Quando a ideia sai do mbito da inteligncia, passa parao campo da Vontade e se converte "ideia fora", uma imagem dinmica, que pode afetar os rgosmotores do corpo, os quais podem projet-la e fixa-la fora.

    O antomo-fisiologia, por um lado, e a patologia anatmica, por outro, tem h muito estudado oscentros motores da fala articulada, associao de ideias necessrias para este fim e uma srie defatos relacionados a estas investigaes. Basta lembrar que o neurnio um simples suporte que,

    em alguns casos excepcionais, pode ser substitudo por qualquer outro rgo. Lembramos aqui oincndio do Htel-Dieu, quando alguns doentes que tinham os nervos motores atrofiado das pernas, comearam a correr devido ao perigo que corriam. Portanto, convm ser cauteloso aorealizar o estudo das localizaes cerebrais, ao igual que fazer outros na mesma ordem.

    Assim, para resumir, podemos estabelecer a seguinte escala:

    Sensao...Imagem mental sensvel ou Ideia...Ideia transformada pela Imaginao ou Ideia fixada na Memria...Ideia fora ou clich de Volio...Acionamento dos rgos Motores (laringe)...Ideia exteriorizada pela Palavra (linguajem articulada) ou ideia fixada pelo gesto:desenho, hierglifo, escrita...

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    Este o ciclo concebido de uma forma muito elementar, quase infantil, deste estudo de psicologiarelacionado com a anatomia e a fisiologia.

    Agora, temos que nos estender neste ponto e nos perguntar se a Sensao age apenas em umcentro do ser humano ou em vrios. Este o estudo foi concebido e realizado por Fabre d'Olivetem sua obra: "Constituio Filosfica do Ser Humano" que aparece como prefcio a sua obrasobre o Estado Social do Homem.

    Como todos os iniciados da antiguidade, ele nos diz que o homem tem trs centros pertencentesao mbito da Sensibilidade, e no apenas um como se pensava.

    Assim, quando uma Sensao aciona o mbito orgnico e fsico do Instinto produz, comoresultado da transformao, Prazer ou Dor, em todas as suas graduaes. Ao acionar o mbito davida universal encarnada em ns, a Sensao se transformar, atravs de sua ao sobre o planodo SENTIMENTO, em um carter totalmente diferente, que pode ser um sentimento de Amor oude dio.

    Finalmente, ao exercer sua ao sobre o Esprito divino encarnado em ns, sob o plano doCONSENTIMENTO, a sensibilidade v nascer a impresso da Verdade ou do Errocorrespondente a este elevado nvel.

    Estes impulsos: Prazer, Amor, Verdade ou Dor, dio, Erro, so passionais, ou seja, dirigem aInteligncia e a Vontade para um extravio especial, o qual pode ser aprovado ou contrariado edetido pela vontade, segundo esteja treinada para resistir ou se deixe influir facilmente peloscentros passionais sem lhes apresentar resistncia.

    Este treinamento para conter a perda das paixes, constitui a base de toda a educao religiosa,

    filosfica e mesmo inicitica e tambm o carter verdadeiramente elevado dos esforos do serhumano.

    O estudo de cada pessoa tem muito pouco a ver com este treinamento, assim podemos entendercomo uma instruo primria como a do Cura d'Ars, tornaram-se tochas da humanidade devido aodesenvolvimento de suas faculdades espirituais. A partir deste ponto de vista, o caso de JoanaD'Arc ainda mais caracterstico. Sua personalidade foi absorvida pelo esprito divino ... e nosabia ler ...

    Para certos filsofos materialistas, este predomnio da educao sobre a instruo lhes escapa detal forma que tendem a ver casos patolgicos em todas as manifestaes diretas dos planos

    superiores da Humanidade. Eles no conseguem entender a razo superior que levou Newton a buscar chave do Apocalipse, ou que incitou os Discpulos do Salvador a deixar tudo para seguir oMestre. Estes filsofos so aqueles que querem demonstrar a histeria de Joana d'Arc ou aalienao hereditria Cakya-Mouni. No preciso lhes injuriar, to somente ter pena deles eaguardar que seus crebros adquiram a maturidade necessria para abordar com sucesso estasquestes das faculdades divinas encarnadas em ns.

    Assim, a Inteligncia no dever transformar em Ideias to somente as Sensaes, mas tambm osSentimentos e as Intuies, e na Memria sero gravadas tanto as ardentes imagens do prazer queexperimenta um sibarita ao comer um delicioso prato, como as deliciosas imagens das docesconfisses dos primeiros amores, e inclusive brilhantes imagens de bem-estar que proporciona adescoberta de uma verdade que h muito tempo era procurada.

    O animal de duas patas, condecorado com o nome de Ser Humano e que permanece em um nvelinferior, busca o prazer no vinho e na embriaguez instintiva.

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    Em um plano mais elevado, buscar o prazer na Mulher e na embriaguez sentimental.

    Finalmente, em um plano superior, a fonte do seu bem-estar constituda pela embriaguezintelectual da Verdade.

    Reencarnao do corpo fsico (cont.)

    Mas, voltemos agora Reencarnao propriamente dita do corpo fsico.

    O corpo fsico um revestimento fornecido pela terra aos outros princpios, para uma encarnao.Trata-se da terra que a evoludo na forma humana para uma existncia.

    Tal como dizemos anteriormente ao citar o exemplo do lenho, quando este queima no fogo,desprende calor e luz, ficando comocaput mortuum (termo utilizado pelos alquimistas) a cinza.

    Podemos dizer que a cinza representa para o lenho o que a terra deu e o que volta a se tornar terra.O calor e a luz representam o que o sol deu planta e o que volta ao plano das foras solares.

    O mesmo acontece com o corpo humano.

    Os minerais produzem os ossos, o que corresponde ao elemento Terra dos Antigos; os vegetais produzem os msculos e os rgos vegetativos: o elemento Ar dos Antigos; os animais produzemos neurnios e os nervos: o elemento Fogo dos Antigos, contendo neles tambm a fora nervosa.Finalmente, os lquidos orgnicos correspondem ao elemento gua.

    V-se que o corpo humano tem como origem a evoluo dos corpos animais e dos estados

    anteriores.Uma lei oculta, denominada lei de repetio, quer que os clichs sejam representados trs vezes naespiral evolutiva, em momentos diferentes e cada vez num plano mais elevado da espiral.

    Esta lei se reproduz durante a gestao, no seio da me, do corpo fsico, o qual reproduz em suasformas exteriores as formas animais atravs das quais suas clulas passaram antes de terem a honrade fazer parte de um corpo fsico humano.

    O corpo fsico pertence a uma famlia animal da qual veio a maior parte de suas clulas, depois deuma evoluo astral.

    A transformao evolutiva dos corpos se realiza no plano astral; pois h corpos humanos que se prendem por sua forma fisionmica, quer ao co, ao macaco, ao lobo, inclusive at aos pssaros e peixes. Esta a origem secreta dos totens da raa vermelha e da raa negra; mas isto sairia do temaque estamos tratando.

    O corpo fsico, uma vez constitudo, se pe em relao com a atmosfera terrestre pela respirao, ea evoluo de uma vida terrestre prossegue seu curso. Durante esta evoluo, o corpo fsico assimilaminerais para nutrir seus ossos, vegetais para nutrir seus msculos e seus rgos esplnicos, eanimais para nutrir seus neurnios.

    Digamos de passagem que o corpo fsico sendo um animal, em geral resultado de sntese de umaevoluo terrestre especial, as alimentaes excepcionais destinadas a favorecer um dos seuscentros especiais, s devem ser temporrias. Assim o vegetarianismo necessrio, mas s um msem trs meses; de resto, nunca total, pois que, em cada aspirao, engolimos, infelizmente,

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    milhares de seres vivos que so absorvidos, nem sempre completamente, em nossos pulmes. , pois, por um sentimentalismo anticientfico que se pode julgar que o corpo fsico evoluciona pormeio do vegetarianismo.

    Encontrar-se-o nos tratados de fisiologia, as diversas transformaes do corpo fsico durante avida. Notemos somente que este corpo fsico continua a absorver os elementos que a terra lheforneceu na ocasio de sua constituio, e continua a transform-los conforme determinadas leis.

    Acharo em nosso Tratado Metdico de Magia Prtica pautas para a alimentao que permitemdinamizar um dos trs centros do corpo fsico.

    O fenmeno da morte

    Cheguemos assim ao fenmeno da Morte.

    O fenmeno da morte tem por caracterstica a tendncia de cada um dos princpios que constituem oser humano, em voltar ao seu plano.

    Quando se rompe o lao que fazia do ser humano uma fasca fixa na terra pelo encontro da corrente permanente de cima e de baixo, a corrente no passa mais de baixo para cima, nem de cima para baixo, e as linhas de fora mudam de direo. (As palavras cima e baixo so aqui figurativas esomente representam diferentes planos).

    O fenmeno da morte estando realizado, os lquidos orgnicos so coagulados, a atividade dosrgos esplncnicos cessa, o corpo fsico se esfria, as clulas fsicas, privadas do lao que as faziaconcorrer harmonia vital, vo cada qual tomar sua autonomia, vai haver putrefao e decom- posio como em cada vez que uma clula, primitivamente hierarquizada, se toma autnoma. o

    abcesso ou o cancro durante a vida, a decomposio aps a morte, para o corpo fsico como para ocorpo social.

    Em virtude desta decomposio, as clulas fsicas vo voltar a seus princpios constituintes.

    Trataremos primeiro do sepultamento dos corpos e a seguir o caso da cremao.

    As clulas que fizeram parte dos ossos do ser humano tm por caracterstica a durao e a lentidoda evoluo, como tudo o que mineral; ficaro muito tempo intatas no esqueleto e s se tomarodiretoras da evoluo das clulas do plano mineral muito tempo depois da morte do ser fsico aoqual pertenceram. A grande recompensa dos seres minerais terrestres tomarem-se ossos humanos;

    a durao desta encarnao mineral ultrapassa em muito a durao do prprio corpo fsico.

    As clulas dos msculos e dos rgos vegetativos voltam ao plano vegetal e, repetimos aqui, que

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    cada clula da terra que passou por um corpo humano, toma-se diretora das outras clulas terrestrescom as quais ulteriormente pode achar-se em contato, porque tudo inteligente e o esprito divinocircula por toda parte.

    Os lquidos do ser humano voltam, por diversos caminhos, aos lquidos terrestres, enquanto osgases voltam atmosfera.

    A cremao, por sua vez, faz voltar diretamente atmosfera a maior parte das clulas dos rgosvegetativos e dos msculos, e sob a forma de gs e pela respirao que os seres terrestres, vegetaise animais, absorvero e reencarnaro estas clulas.

    Alm disso, a evoluo das clulas minerais, reduzidas ao estado de cinzas, se achaconsideravelmente adiantada; porm na incinerao h graves perigos quando os princpios astraisno esto completamente desembaraados.

    Vamos seguir a reencarnao de um corpo fsico enterrado, j que o mais simples para nosmostrar a evoluo destes princpios.

    Os princpios da reencarnao

    As clulas do corpo do homem se dispersam; os vegetais absorvem uma parte destas clulas, e ovegetariano, que absorve estes vegetais, v a reencarnao das clulas do ser humano morto fazer-seem seu corpo mais rapidamente. Mas, em geral, o vegetal absorvido por um herbvoro, um boi, por exemplo, e as clulas vegetais que se reencarnaram no corpo fsico so por sua vez assimiladas pelo boi. O homem vivo, que assimila por sua vez a carne deste boi, assimila as clulas vindas doantigo corpo fsico do homem morto.

    O ciclo assim realizado para a reencarnao do corpo fsico do plano humano no plano humano.Em caso de cremao pela respirao que o homem fixa em estado de gs os princpios do antigocorpo humano; pelo mesmo meio que os vegetais os fixam; tambm as cinzas, misturadas com aterra, tornam-se parte principal da constituio das fibras vegetais ou dos ossos animais.

    Em suma, vemos realizar-se para o corpo fsico, e somente para o corpo fsico, o ciclo figurado pelos antigos alquimistas sob a forma de uma serpente mordendo a sua cauda. O Ouroboros, dosalquimistas, com sua frmula misteriosa, , lembra a Tbua de Esmeralda; O que est emcima como o que est em baixo, e o que est em baixo como o que est em cima, para realizaros milagres da Unidade.

    Passamos rapidamente em revista o que diz respeito reencarnao do corpo fsico. No captuloseguinte vamos estudar o que se refere reencarnao dos princpios astrais.

    No podemos terminar este captulo sem lembrar que tudo o que acabamos de dizer j era ensinadono antigo Egito. Os sacerdotes faziam, para explicar este ensino, o que chamavam o Osrisvegetante: uma massa formada de terra vegetal e gros era modelada na forma de um corpohumano; este corpo, regado convenientemente e colocado em condies normais de vegetao,ficava logo coberto de ervas correspondente evoluo dos gros. Este corpo continha tambm um pouco de cinzas humanas. Quando as ervas chegavam ao estado de evoluo normal, eramabsorvidas por um herbvoro, imagem de pis, e este animal, sacrificado conforme os rituais, serviade alimentao para os Sacerdotes inferiores, que reencarnavam assim o corpo mstico de Osris.

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    II - Reencarnao dos Princpios Astrais

    As influncias astrolgicas

    A reencarnao dos princpios astrais devia ser precedida de um estudo astrolgico, ou melhor,ainda, astrosfico (ver Papus: As Artes Divinatrias). So, com efeito, as relaes entre a terra e o plano das foras astrais que devemos de estudar agora. Era preciso, para fazer completamente esteestudo, toda a cincia dos antigos Egpcios ou dos modernos iniciados, para bem descrever estasimensas correntes de fora que vm se fixar no tero humano.

    Vamos, todavia, esforarmo-nos para descrever da melhor forma possvel os elementos do problema, no caso de no poder resolver o problema em sua totalidade.

    Na sua bela pea inicitica chamadaO Pssaro Azul , Maeterlinck mostra, numa de suas cenas, o pas das Almas que vo se encarnar. Cada uma destas almas tem uma misso, boa ou m, e pararealizar esta misso que a alma vem a terra. esta a reencarnao do princpio espiritual. Mas,durante a estada no plano invisvel, o esprito elabora seu corpo futuro por meio das foras astrais.

    Durante a gestao, ou seja, durante os nove meses que se processa a elaborao do corpo fsico,quais so os fenmenos astronmicos? Este o primeiro ponto que devemos resolver.

    Cada 24 horas, a terra se apresenta ante cada um dos doze signos Zodiacais o ponto onde seencontra encarnado o corpo fsico; a Lua realiza a cada ms sua revoluo diante do pequeno corpofsico em formao, to bem que preciso no mnimo 7 revolues lunares ou, normalmente, 9revolues lunares, para conseguir a plena formao deste corpo fsico. Todo horscopo de um serhumano, horscopo do dia do nascimento, para ser exato, devia ser precedido pelo horscopo do dia

    de concepo. Alberto o Grande, em seu tratado de magia que se tornou o grande Alberto dosfeiticeiros explica que cada um dos sete planetas age sobre o corpo em formao:

    As foras de Saturno vm constituir a estrutura geral do ser humano, durante o primeiro ms; asforas de Jpiter agem sobre os humores, no segundo ms; as foras de Marte sobre o sangue, noterceiro ms, e a criana comea a mover-se. O Sol vem iluminar com seu calor e sua vida o serhumano assim formado. Vnus, enfim, lhe d a beleza dos envoltrios exteriores; Mercrio agesobre todos os movimentos e o sistema nervoso; e por fim a Lua vem aperfeioar, por sua influnciamaternal, a obra realizada. Neste momento a criana pode nascer e, com muitos cuidados, poderviver; realizou os sete meses de gestao. Mas, em geral, Saturno vem aperfeioar todos os ossos etodas as fibras, Jpiter vem por sua vez dar a fora necessria a todos os elementos vitais, e a

    criana pode nascer em melhores condies.V-se, pois, que durante a gestao, a me se comporta como uma verdadeira pilha astral,concentrando ao redor de si todas as foras misteriosas que circulam na atmosfera invisvel da terra.

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    durante este momento que foras astrais conscientes, vindas de uma das portas zodiacais pelasquais o esprito passou para encarnar-se, se fixam nos centros invisveis do corpo que se forma. H,no astral de cada ser humano, entes que aparecem ao esprito sob uma forma muito cruel, e que soos executores das ordens de cima. A estas influencias os Cristos do os nomes de anjos bons emaus. Sejam quais forem seus nomes, elas existem e agem.

    Eis a criana que nasce. Por sua primeira inspirao, abandona as influncias astrais de sua me efixa em seus pulmes o astral terrestre, ligando-se pela respirao atmosfera de nosso planeta, queest em relao direta com os raios solares.

    O astral que circula no ser humano durante sua vida, pe este ser humano em relao com todas asforas astrais da natureza. O centro destes seres astrais fisicamente no plexo cardaco. O ponto decontato dos princpios astrais e dos princpios espirituais fisicamente em baixo do cerebelo, no queos anatomistas chamam -a base do quarto ventrculo, exteriormente no parte da nuca. OsEgpcios, que conheciam estes mistrios, chamavam Sa magnetizao da nuca para agir sobreos clichs astrais.

    Durante a vida, o problema moral consistir unicamente em saber se as foras astrais de que dispeo ser humano sero postas mais ao servio do instinto ou ao servio do esprito. H, a, umaevoluo ou uma involuo das influncias astrais pela vida fsica, da qual resulta a criao dosenvoltrios astrais que agiro aps a morte. Para falar como os msticos, criamos nosso carro daalma, tal como o denominava Pitgoras e o designa claramente So Paulo.

    Se pusermos ao servio da satisfao dos nossos instintos todas as nossas foras; se, para fazer delaum emprego exclusivamente pessoal, recusando fazer aproveitarem os menos felizes que ns, entonosso carro da alma no tem mais substncia astral para sua criao e, ainda que sejamos ricos naterra, seremos pobres no astral.

    Sei muito bem que pretenderam que todas estas ideias foram inventadas pelos sacerdotes paraexplorao da misria humana e para criar a resignao; mas os sacerdotes egpcios eram operativose videntes, que verificavam no invisvel todo o seu ensino no visvel; e, como todos os filsofos, etambm o resto dos seres humanos, devem passar pelas portas da morte, vero que o chamado contodos iniciados era da mais escrupulosa exatido.

    Assim, durante a vida que criamos, pelo manejo das foras astrais postas nossa disposio,criamos todas as tendncias evolutivas e involutivas da nossa astralidade futura.

    Deixemos, pois, de lado a evoluo das foras astrais durante a vida; este o domnio do Destino de

    Fabre d'Olivet, do Karma dos Hindus e do Fatum dos astrlogos da Idade Mdia. O poder do Pai se manifesta, os seres invisveis que rodeavam a pessoa humana agiram, o homemfoi morto, sacrificado na hora marcada pelo destino; os seres astrais realizaram sua misso; a mortefsica tem chegado.

    neste momento que o astral se divide em duas sees: uma parte deste astral, constituindo aimagem (imago), o dolo (eidolon) do ser humano, sua forma astral, fica unida s clulas fsicas dasquais constitui a vitalidade, presidindo migrao e evoluo delas; uma outra parte deste astralfica unida ao princpio espiritual de que forma envoltrio, que permitir a este esprito atravessar asregies astrais.

    Nas sesses espritas, se for o duplo, a forma astral, que evocada, em caso de materializao, o seraparece com hbitos terrestres; se, pelo contrrio, for a parte superior do ser humano que materializada, o ser aparece envolto de fludo branco que apresenta a forma de gaze.

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    Pelo fenmeno da morte, o astral evoluciona, pois, em dois planos.

    Sem dvida que foram os Egpcios, os seres que mais estudaram, terica e praticamente esta vidaastral do duplo. Os Egpcios pretendiam que, durante a vida, o esprito dirigisse todos os atos docorpo por meio das foras emanadas da regio do cu em que se acha a estrela polar; eis a porque aentrada das Pirmides est sempre matematicamente dirigida para a estrela polar.

    Depois da morte, os Egpcios conservavam, primeiramente salgando-o durante trs meses, depoisinjetando-o com aromas, o corpo fsico; impediam assim a disperso das clulas fsicas pelamumificao e fixavam ao redor do corpo a fora astral que teria presidido decomposio destasclulas fsicas.

    Iam mais longe: por meio de uma cerimnia mgica muito complicada, evocavam as foras astraisque giram ao redor da estrela polar, infundiam-nas no duplo da mmia reencarnada nesta espcie deexistncia astral, e encarnavam este duplo, quer na prpria mmia, quer em pequenas estatuetas demadeira ou de barro cozido colocadas ao redor da mmia.

    Os Egpcios tinham, pois, constitudo verdadeiras cidades subterrneas de astrais vivos, e puderamassim agir primeiramente sobre o astral terrestre, fixando por muito tempo o polo de civilizaosobre seu pas, e, atrasar tambm a reencarnao dos seres humanos, lutando, pela cincia contra asforas do destino.

    Ficaremos estupefatos mais tarde, quando conhecermos, sob sua verdadeira luz, a cincia d antigoEgito. Porm deixemos estas excees, voltemos de novo morte normal, e lembremo-nos queneste momento o astral se divide em duas sees: uma seo que forma o carro da alma e queenvolve o esprito, e outra seo que forma a fora astral e envolve o corpo fsico que vaidecompor-se.

    Se o ser humano constitui bem seu carro da alma, se os clichs de bondade e de devotamentoformam as estrelas luminosas desta massa astral, ento a evoluo do futuro corpo astral ser certa.

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    A evoluo das formas fsicas no Astral

    Aqui precisamos falar de um problema extremamente importante. Os sbios observaram que oconjunto dos seres vivos na terra, formavam uma espcie de hierarquia bem caracterizada: oscorpos de certos seres vivos so muito pouco diferentes dos corpos dos seres que lhe so inferioresou imediatamente superiores. esta a ideia que presidiu questo da evoluo dos seres animadosto cara aos Darwinistas.

    Ora, impossvel observar a existncia desta evoluo, na terra, nas condies gerais; realmente hna terra transformaes de rgos, adaptaes ao meio, porm no verdadeiras evolues de umcorpo de co a um corpo de macaco, ou de um corpo de macaco a um corpo de homem. A razodisso simples: que a evoluo se faz, no durante a encarnao fsica, mas sim durante o estadoastral que segue imediatamente a morte fsica. neste momento que o corpo astral evoluciona, setransforma e se torna corpo astral do ser imediatamente superior. Este corpo astral fabrica, por suavez, os rgos fsicos, e eis de que modo um ser fsico de ordem imediatamente superior vem terra para encarnar, num plano mais elevado da espiral, as formas do antigo ser imediatamente inferior.

    Realmente, todos os corpos fsicos da natureza evolucionam a fim de constituir o corpo fsico do serhumano; mas esta evoluo se faz no plano astral.

    Portanto, aps o descanso astral, mais ou menos prolongado, conforme o ser que deve reencarnar-se, quando o momento desta reencarnao chega, o corpo astral futuro difere do corpo astral precedente, conforme a conduta na vida anterior do esprito encarnado; esta a origem da beleza ou

    da fealdade do futuro corpo fsico, da fora ou da fraqueza dos rgos futuros, do poder de elevaodas foras astrais, do signo do zodaco pelo qual viro estas foras que rodeiam o esprito, e detodas as leis secretas da reencarnao espiritual das quais vamos falar no captulo seguinte.

    Os contos populares indicaram estas influncias astrais sob a forma das boas e das ms fadas quevm ao redor do bero de cada ser humano que desce a terra.

    No momento da concepo, a fora de atrao dos futuros pais ser tanto maior quanto as forasastrais de que dispem pela sua sade fsica, moral ou espiritual, forem mais intensas. assim que pais, protegidos pelo cu, iro unir suas foras s do sol para encarnar espritos rodeados de corposastrais muito evoludos; ao passo que os bbados, os folgazes, os burgueses sem ideal e sem amor,

    iro somente pescar na atmosfera invisvel inferior da terra espritos de suicidas ou de antigosamadores de coisas materiais, que tero corpos fsicos fracos, disformes, aleijados ou sempredoentes.

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    A concepo , pois, um ato extremamente srio do ponto de vista das foras astrais, e no deestranhar que as leis civis e religiosas tenham-na rodeado de tantas precaues, estabelecendo todauma serie de regulamentos relativos ao casamento e suas consequncias sociais.

    Os povos que abandonam a luz da religio, sejam quais forem os critrios desta religio, se rodeiamde uma srie de foras astrais negativas de que tero de sofrer em todas as formas sociais.Voltaremos sobre este ponto quando falemos da reencarnao dos princpios espirituais.

    No podemos dizer tudo o que haveria a dizer sobre a evoluo da forma astral, que devia seracompanhada de um tratado completo de astrologia mstica.

    Esquema da Aura Espiritual As imagens das boas aes se encontram na parte branca;

    a representao das ms aes, esto na parte escura. esquerda da parte branca: a Humanidade, no centro: a Caridade, a direita a Orao.

    direita da parte escura: a Calunia, ao centro: o Orgulho e a esquerda: a Preguia

    Ocupemo-nos, agora, da reencarnao do princpio espiritual.

    III - REENCARNAO DO PRINCPIO ESPIRITUAL

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    Antes de nascer, a criana hvivido e amorte no pe fim anada . A vida um porvir, K he pr ou; seu passo como o dodia sola r que volta a comear.

    (Os Egpcios 3.000anos antes J .C .)

    (Marius F ontane s, Les Egypte s.)

    Vimos at agora a reencarnao do corpo fsico, que nos mostra a lei geral aplicar-se a cada um dos princpios do ser humano, a reencarnao do corpo astral com a evoluo dos seus elementosdeterminando a evoluo do corpo fsico, e vamos tratar do estudo da reencarnao do princpioespiritual.

    A reencarnao espiritual foi ensinada como um mistrio em todos os templos iniciticos daAntiguidade. A citao acima um exemplo disso, e, poderamos achar, tanto na tradio orientalcomo na tradio ocidental, milhares de citaes anlogas precedente.

    Para o iniciado da antiguidade, o homem era principalmente castigado aqui na terra em seus bensmateriais e em seus filhos. Cristo proclama que o pecado pode ser punido at a 7.a gerao. Tudoisto nos indica a importncia da ideia da reencarnao espiritual para as religies da antiguidade, atal ponto que, nas obras que se ocupam deste estudo, a reencarnao dos elementos fsicos no planofsico, e a reencarnao com evoluo dos elementos astrais no plano astral, quase sempre foramdeixadas de lado: s se fala da reencarnao do esprito, que quase se torna incompreensvel, ou aomenos muito metafsica, se no se estudar a reencarnao dos princpios precedentes.

    Constituio do ser humano segundo os Egpcios

    Para procurar fazer compreender bem os detalhes desta reencarnao espiritual, vamos lembrar aideia que a tradio inicitica d da constituio do corpo humano e dos princpios que oconstituem.

    O corpo humano formado de um envoltrio fsico material, que todos conhecemos e vemos. Esteenvoltrio material era chamado pelos Egpcios de Khat.

    Junto a este envoltrio material, h um princpio que recebe a forma do corpo, que verdadeiramente seu duplo. Este princpio que est ligado ao plano astral, que nele respirasecretamente e sofre a influncia dos astros, foi chamado por Paracelso de corpo astral, e pelosEgpcios: Kha, palavra que os sbios orientais contemporneos muito bem traduziram, junto comMaspero, pela palavrao duplo.

    Da mesma forma que o corpo fsico vem do plano fsico e volta a ele, este corpo astral vem do plano astral e volta a ele, como vimos no captulo anterior.

    O Kha, ou corpo astral, o governante do organismo; est fisicamente localizado no nervo GrandeSimptico e em todas as suas ramificaes. Se quisermos fazer uma representao exata do nervoGrande Simptico, precisamos desenhar todos os capilares, todas as artrias, todas as veias etodos os rgos ativados por este nervo. Temos assim um verdadeiro duplo do corpo fsico.

    O princpio espiritual que utiliza como meio de ao sobre a matria este duplo astral, era chamado pelos Egpcios de Khou, ou esprito. O ser humano encarnado era, pois composto de um corpo:Khat, de um duplo astral: Kha, e de um esprito: Khou. Este esprito agia geralmente de longe, pormeio de clichs enviados nuca do seu corpo fsico.

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    Os Egpcios pretendiam que, desde o nascimento, o esprito se refugiava nas regies astrais, naestrela polar, e da que incitava os elementos materiais. Depois da morte o nome dos princpiosmudava: a parte fsica, podemos dizer astrofsica, que envolvia o ser humano privado de corpomaterial, tomava o nome de Bi. A parte astro-vital deste corpo fludico tomava o nome de Ba,Alma, animando tanto os animais como todos os seres vivos. E enfim a parte astro-espiritual, quenos hierglifos est simbolizada por um gavio de cabea humana, tomava o nome de Bai.

    Se entrarmos em todas estas argumentaes, porque a tradio ocidental tem sua origem nosensinamentos secretos do Egito, e esta tradio Egpcia sempre foi um modelo de clareza, de sntesee de ensino verdadeiramente divino; ao passo que a tradio vinda do Oriente foi deformada,obscurecida, encoberta pela anlise, e nunca apresenta a claridade luminosa da tradio do Egito.

    Alm disso, Moiss era um sacerdote de Osris; foi iniciado pelos Egpcios; sua iniciao foicompletada pela tradio negra de Jethro, mas no Egito que devemos procurar a origem dosensinamentos que Moiss nos vai transmitir em seu Sepher. Compreendero, assim, porqueinsistimos tanto sobre os ensinamentos do Egito a este respeito.

    Vamos ento tomar o ser humano no momento de sua morte, e vamos estudar:

    1. A reencarnao normal, depois de um tempo de evoluo astral mais ou menos longo;2. A reencarnao anormal, que quase sempre se d imediatamente, como consequncia de umcastigo, quer por causa de um suicdio, quer por causa de uma execrvel vida terrestre;3. O que chamaremos a reencarnao forada, priso do esprito num astral dinamizado pelamagia, e que por sua vez se acha preso num corpo tirado da decomposio pela mumificao.

    este o grande mistrio da iniciao egpcia, que ainda no foi que o saibamos revelado.

    Reencarnao normal

    Aps a morte, da mesma forma que as clulas fsicas voltam cada qual aos trs planos de quesaram, os minerais recebem os ossos e os princpios minerais do corpo humano, os vegetaisrecebem os msculos, e as clulas animais voltam aos animais, assim tambm cada um dos princpios que constituem o ser humano voltam ao seu plano; o corpo fsico volta ao plano fsico, ocorpo astral, ao plano astral, e o esprito ao plano espiritual ou divino.

    Estes trs elementos ficam, todavia ligados e a morte do corpo fsico provoca a dissoluo de vrios

    seres minerais, vegetais e animais, que formavam na terra os satlites secretos do corpo fsico.H igualmente um astral e um divino das evolues; porm sua anlise sairia do nosso assunto.

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    Seria to absurdo fixar um termo exato de 1.200 anos como de 10 anos ao tempo que separa umaencarnao de outra volta terra, como o seria fixar para a vida humana na terra um perodoigualmente exato. No se pode dizer que na terra um homem vive 60 a 80 anos, pois que o perodoque se passa na terra essencialmente individual: existem aqueles que passam dois dias e outrosficam 102 anos com todo o tempo intermedirio.

    Da mesma forma, o tempo de estada no que chamaremos os planos invisveis no pode serdeterminado, e essencialmente individual. O esprito nunca para, sua essncia a atividade, e cadavez que na terra temos aspiraes de descanso que o esprito est obscurecido pelo corpo fsico.Basta lembrar com que rapidez as lembranas de toda a existncia se apresentam em caso desubmerso e de perigo de morte, ou com que rapidez um sonho pode ser determinado por umchoque fsico durante o sono. Lembraremos a este propsito a histria do dormidor que sonhava tersido preso, julgado, condenado por um crime que lhe imputaram: sofreu os pavores da priso, foitirado da sua cela, conduzido a guilhotina e guilhotinado. Acordou espantado tendo recebido no pescoo o sobrecu do seu leito. Todas estas imagens o esprito tinha evocado entre o momento daqueda do sobrecu e o momento da percepo desta sensao de queda. Todo este tempo no passou de um segundo.

    O esprito de tal modo ativo que existe a este respeito um mistrio de que apenas ousamos falar; que h casos em que o esprito pode animar ao mesmo tempo corpos diferentes em vrios planetas.Porm no sairemos do nosso assunto.

    O esprito sendo essencialmente ativo continua sua ao aps a morte: combina, imagina, trabalhasem cessar, e, inconscientemente, os deuses inferiores que esto presos a ele, fabricam sob suainfluncia os corpos fsicos futuros da sua reencarnao humana e das dos reinos animal, vegetal emineral que acompanharo esta reencarnao.

    O plano astral Na revista Iniciao, j tivemos muitas vezes a ocasio de estudar o plano astral sob alguns dosseus aspectos; agora queremos descrever do melhor modo possvel as condies de existnciaintelectual nesse mundo em que devemos residir aps a nossa morte. Deixando de lado ossofrimentos do nascimento neste plano astral que chamamos de Morte em nossa linguagemterrestre, tais como os estudamos em nossa obra sobre o Estado de Perturbao, transcreveremosas impresses de um ser humano inteligente e de boa espiritualidade, que acaba passar para estanova existncia em condies desconhecidas para a maior parte dos seres encarnados, e procuraremos conhecer diversos modos da sua atividade, entre outros a evoluo de um amor nestenovo estado.

    Para chegar a este fim, teremos de resolver algumas questes (que por esta vez trataremos muitosuperficialmente):

    1. - Uma ideia geral dos sentidos que pode possuir o ser astral;2. - Uma ideia geral do meio no qual este ser age;3. - Um estudo particular do modo da sua atividade psquica, e, por conseguinte, da sua concepodo amor.

    Quando um explorador volta, aps uma perigosa viagem, de um lugar at ento desconhecido, nofaltam bons burgueses, cujo ideal esteve sempre contido entre um cofre e um sobrecu, para sorrircom ares de cptico do que chamam as boas farsas do viajante. Seguidamente acontece o mesmocom os estudos sobre o astral. Os que nunca deixaram o horizonte terrestre tm dificuldade emimaginar outra coisa seno um cu cinzento que se estende sobre montes de pedra e so levados aconsiderar as afirmaes dos iluminados, daqueles que viram a verdadeira luz, como meras

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    exageraes de viajantes imaginativos.

    Que importa! Considerai tudo isso como uma simples lenda, se assim o desejares. Meu dever evocar ideias, e vou me esforar para cumprir do melhor modo possvel o meu dever: Ouvi agora as primeiras revelaes do Ser Astral.

    Constituio do Ser Astral

    Desde h quanto tempo eu estava morto? Ignoro-o. A noo do tempo tinha neste pontomudado de aspecto desde a minha transformao, que me foi impossvel conceber uma duraoconforme minhas ideias anteriores. Tinha vagamente lembrana de uma espcie de letargiasemiconsciente que durou at o momento presente. Lembrava-me tambm do trabalho que tive para me habituar progressivamente a ver, ouvir, pensar e principalmente, coisa estranha, ver pensar sem nenhum dos rgos materiais cujo emprego me era familiar na terra. E compreendi por que sabedoria providencial estes rgos de matria grosseira tinham desaparecido, pois no poderiam nem conter, nem suportar a luz intensa que se escapava de todo o meu ser; meu corpo,com efeito, era inteiramente luminoso; mas tinha conservado quase completamente a forma domeu envoltrio terrestre. Uma luz difusa, porm ainda muito fraca de intensidade, se escapava domeu corpo; pois apenas nascia para meu novo estado e meus meios de ao estavamsingularmente transformados.

    A vontade, que felizmente tinha desenvolvido do melhor modo possvel na terra, era overdadeiro motor do meu novo organismo e o desejo constitua o princpio de todas as aes.Com efeito, a locomoo era instantnea, e bastava ter o desejo de ir a um lugar deste mundonovo e fazer um leve esforo de vontade para estar instantaneamente no lugar desejado. Estaausncia de transio entre o ponto de partida e o ponto de chegada uma das sensaes maisdifceis de conceber para um homem terrestre.

    Em sonho, quando estava encarnado, muitas vezes aconteceu-me voar em paisagens da Terra eesta sensao de embalamento no ar s pode dar uma ideia grosseira da felicidade experimentadanestas mudanas instantneas. Da mesma forma o sentido do tato estava totalmente abolido emmeu novo estado; bastava pr ateno numa rvore para apanhar seus menores detalhes. Seousasse empregar uma imagem grosseira diria que tateava com a minha vista. A luz e o ar eramos nicos alimentos de que teriam necessidade nossos organismos neste mundo singular; porque,se disse que nada tnhamos de material aqui, exagerei ligeiramente. Devia ter dito que a matriaera a tal ponto evoluda que dificilmente se teria reconhecido no envoltrio luminoso que nosconstitua o barro escuro utilizado para semelhante emprego na terra. Assim o sentido do tato, eseu anexo, o sentido do gosto, tinham desaparecido ao mesmo tempo em que a forma do nosso

    novo corpo sofrera uma leve transformao pelo afinamento do ventre que, sendo intil, seatrofiou completamente. Entre os sentidos receptivos, a vista e o ouvido tinham tomado umasingular agudeza, da mesma forma que o olfato, ltimo vestgio de nossa forma terrestre.

    Mas novos sentidos tinham nascido. A vista, transfor mando-se, tinha permitido o nascimento dafaculdade de ver a intimidade das coisas penetrando na luz prpria delas; mas o que meencantava e me atemorizava ao mesmo tempo era a faculdade, to nova para mim, de ouvir pensar quando os outros queriam principalmente os entes astrais mais velhos que eu nestemundo. A intuio to obscura na terra tinha adquirido tal amplido que os sentimentoschegavam quase sempre a substituir as sensaes em nossa vida corrente.

    Isto o relativo aos rgos da sensibilidade.

    Se procurar agora descrever meus rgos de ao terei de fazer grandes esforos para sercompreendido por aqueles que ainda esto encarnados.

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    Na terra podia agir sobre o exterior dequatro modos: pelo andar (pernas), pelo gesto (braos), pela palavra (laringe), e pelo olhar (olho). Da mesma forma que o tato desapareceu, o andar noexiste mais e o gesto se transformou singularmente.

    Quando quero agir sobre um ponto sem me transportar a ele, basta-me estender os braos paraum objeto, e imediatamente um trao de luz colorida sai de minha mo e vai misturar-se com aluz do objeto. Falarei adiante desta luz, caracterstica das coisas. Aqui o olhar motor e tudo posto em movimento pelo olhar. Este movimento mantido, se for necessrio, pela luz pessoaldo operador. Mas a mais bela das minhas novas faculdades, uma faculdade quase divina, o poder de transformar uma ideia em um ser real pela palavra. Muitas vezes tinha lido na terra estafrase: O verbo criador; mas s aqui que pude compreender todo o seu valor. Se uma ideia queacabo de conceber me parece bela, basta-me evoc-la vida por minhas palavras e logo a ideia,tirando um pouco de minha luz, toma corpo e me aparece. Isto causa uma pequena fadiga; pormcomo comparar este trabalho agradvel ao esforo terrvel que preciso na terra para forar amatria a tomar as formas de uma ideia, mesmo to vulgar como a de uma mesa? somente aquique pude admirar em seu justo valor os inauditos esforos dos artistas da terra que vm entre ns procurar suas ideias, da maneira que logo direi. Porm o que indica que em toda a parte asombria fatalidade exerce seu imprio que estas formas viventes, criadas aqui por cada um dens, so efmeras e aps cada uma das agradveis letargias, que so para ns o que o sono paravs, nada mais subsiste das criaes da vspera. Estamos condenados, ao menos aqui, ao que me parece, ao eterno trabalho de Penlope. Todavia a nossa parte de alegria demasiado grande paradeter-me em maldizer estes benefcios. Pois, podemos alcanar tal perfeio das nossas criaesideais, pelo emprego da orao, que nem mesmo posso procurar dar-vos uma ideia aproximativadisso.

    Isto , em poucas palavras, o resumo de minha constituio fsica; agora falaremos um pouco

    do meio que me rodeia. A paisagem astral

    Na terra tudo obscuro num fundo vagamente luminoso, e s podemos perceber a cor e aformas dos corpos quando a luz terrestre os ilumina. Aqui tudo luminoso sob um fundo azul-escuro, e cada objeto como cada ser possui sua luz prpria. Por isso, quase me impossvel dar-vos uma ideia de uma paisagem astral. Perdoai-me, pois, desde j, minhas inevitveis lacunas.

    Neste momento avisto aos meus ps as pequenas luzes fracas e de cores vivas que so nossosrestos minerais, nossas pedras. Entre elas sobem, compridas e numerosas, as hastes iluminadas

    de mil plantas, cujas flores se distinguem por cores to mltiplas quo brilhantes. De tempos emtempos, o brilho rpido de um inseto que passa, perturba a harmonia dos tons to diversos e,todavia to agradveis. Quanto mais um ser elevado na hierarquia natural, mais a luz queirradia intensa, por isso a passagem de um ser humano ilumina sempre a natureza queatravessa, to depressa como o raio, a menos que sua vontade o leve a diminuir seu passo.Porque, se falei desta faculdade que possumos de nos achar sem transio no lugar desejado, preciso que saibais que podemos nossa vontade diminuir o passo; porm ento ns nosdeslocamos voando, s pelo impulso da nossa vontade. Voltemos, porm ao prado que vosdescrevia. Este prado limitado por uma vasta floresta cujas grandes luzes vegetais se estendemat mui longe diante de mim. Acima da minha cabea, o sombrio Oceano etreo rola suas ondasfludicas, pois nosso mundo em toda parte rodeado por este Oceano cujas correntes, todaviamais leves que o ar terrestre, so assaz formidveis para arrastar em seus rodamoinhos os serescuja astralidade no estainda completamente definida. ele que nos separa do mundoterrestre, e entre ele e a terra que comea a regio da luz elementar, a que vedes e na qual se banham os seres mais inferiores do nosso mundo, as larvas mltiplas e poliformes, encarregadas

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    de dissolver todos os traos de matria terrestre, cujo menor resto tornaria impossvel a exis-tncia aqui. So estas correntes terrveis que se opem de um modo to grande aos esforos que podemos fazer para nos comunicar com algumas dentre as almas ainda encarnadas na terra. emconsequncia de um desejo de intensidade pouco comum e porque no mesmo instante fuichamado por tua prece, que pude, meu caro filho, penetrar at teu entendimento, porm acorrente astral se torna muito violenta e sou obrigado adesaparecer. Ora. Espera e voltarei.

    Mais de um ano depois tivemos a grande alegria de continuar os caros estudos interrompidos e eisos resultados das nossas novas investigaes.

    O amor astral

    Filho do sonho, encontro-te enfim e me apresso em descrever-te do melhor modo possvel asminhas novas impresses. Que transformao se operou em meu ser! Quando outrora tive afelicidade de comunicar com uma alma encarnada, foi-me preciso perder antes no turbilho astralas parcelas de matria que inevitavelmente se tinham unido a mim. Aquilo me produziu umsofrimento que passei com coragem, como passarei aquele necessrio a esta minha novaconversa; porque o sacrifcio a lei divina em todos os mundos e o amor me ensinou a procuraro sacrifcio.

    Amei, e a alma gmea que se sacrificou por mim permitiu-me compreender novos e grandesmistrios que me esforarei em revelar. Minha evoluo era lenta e minha luz era sempre poucointensa at que vi aparecer diante de mim um ser cuja claridade irradiante e pura me encheu detemor e admirao. Um sentimento desconhecido desperta ento em mim e projeto para este serum raio cheio de ardentes desejos; porm meus esforos so vos, e uma vontade muito doce, porm mais forte que a minha, se ope minha ao. Depois, subitamente a viso maravilhosadesaparece e ouo: Faz-te merecedor do amor da alma gmea.

    O amor, ideia nova para mim neste mundo, poderia porventura merec-lo? E na impossibilidadede ver de novo o ser estranho cuja doce vontade paralisava todos os meus esforos, evoco luz aimagem do meu desejo e da minha dor. Ento, diante de mim se aglutina uma poro de minhaluz, e esta luz toma forma, e vejo nascer uma criao maravilhosa que contemplo comadmirao:

    minha ideia, filha minha, que poder o meu que me permite criar-te to bela! Porm o fatalDestino vir cortar o fio dos teus dias esta mesma noite e talvez jamais o amor vir me permitirconceber-te outra vez com to radioso brilho, minha ideia, filha do mais belo dos meussonhos. Vai-te para junto d ELA, procura sua luz e leva-lhe todos os meus sofrimentos e todas

    as minhas esperanas. Minha ideia viva desaparece imediatamente, e penso naquela que deve, se eu for digno, revelar -me os mistrios do amor divinizado. Uma harmonia dulcssima chega a mim; eis SUA luz(dELA) envolvendo com seu fogo brilhante minha criatura que se avana para mim. DepoisSUA voz: Que minha luz se fusione na tua para imortalizar tua bela ideia, meu amor, pobreser abandonado. Ela aparece e. a natureza se ilumina com os brilhos de nossa alegria!

    Ento soube que o amor de uma mulher torna imortais as ideias vivas criadas por nossosdesejos e nossas vontades.

    E quando, num raio de f, uma alma da terra, artista, sbio ou poeta imanta com seus desejosnosso mundo, quando passando atravs dos turbilhes do Oceano astral, seu apelo e sua precesobem at ns, uma ideia viva, filha do nosso amor que vai iluminar o gnio do homemterrestre e se tornar o IDEAL que deve realizar na Terra inimiga e prfida.

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    Tal o grande mistrio do nascimento do nosso gnio mediante nosso amor. Revela, filho denosso sonho, minhas palavras aos teus irmos; ora, trabalha, espera e logo voltarei, porque agoravou purificar-me pelo sofrimento. Adeus.

    Tais so as palavras do Ser astral. Histria ou lenda, realidade ou sonho, dedico-as aos artistas e aosque sabem.

    Em suma, os que chamamos mortos esto intimamente ligados vida, e sua ao se manifesta deum modo contnuo. Eis porque os Chineses enfeitam um antepassado quando um encarnado fazuma grande obra social, e eis porque, na China, a vida dos mortos est intimamente ligada, nos atosde cada dia, de um lado vida dos vivos e do outro terra natal. O que podemos dizer, parafraseando o belo pensamento de Swedenborg, que: O cu est onde o homem ps seucorao, indicando que a origem da felicidade no plano divino sempre sentimental, conforme aexpresso terrestre. Tudo o que foi adquirido durante uma existncia fica adquirido, e a natureza muito avarenta de suas evolues para fazer perder a uma inteligncia o resultado dos trabalhos queesta inteligncia realizou na terra ou das provas que sofreu.

    Voltaremos a tratar mais tarde da necessidade das provas terrestres; fiquemos, neste momento, noestado do esprito que, envolto por seu carro luminoso, toma posse do mundo que deixou.

    H vrios casos, digam o que disserem, em que seres mortos voltaram terra aps ter passado o quechama-se no Egito as portas da morte, em egpcio: Ro, que era tam bm o nome das favas commanchas pretas. Da o horror dos Egpcios e dos Pitagricos a estas favas que eram o smbolo das portas da morte e dos mistrios de Prosrpina.

    O iniciado se desdobrava e ia conscientemente atravessar estas portas da morte. Voltava e estava to

    certo da existncia alm do tmulo como estava certo da existncia da lua. por isso que tomava ottulo de escriba das duas vidas, de duas vezes nascido (Dwidja, em snscrito) ou batizado.

    ** *

    Damos abaixo a narrao das impresses de uma ressuscitada, feita por uma materialistacontempornea clebre: Louise Michel.

    A aproximao da morte

    provvel que, parte certos pontos gerais, aproximao da morte, cada qual tenha conscinciaem relao consigo mesmo.

    Eis os meus com as circunstncias em que aconteceram.

    Empreendi em Fevereiro de 1904 uma longa viagem de conferncias com o colega Girault; tinhaescolhido para ttuloTomada de Posse, e Girault: Para a Cidade Melhor ; as duas conferncias secompletavam mutuamente. Podamos faz-las cem vezes sem que fossem da mesma maneira, poisque a tomada de posse da terra pela humanidade comea no meio das runas do velho mundoatravs das quais cresce o novo germinal. nesses escombros que os povos procuram orientar-se para uma existncia melhor, mais consciente e mais elevada.

    A viagem devia compreender 30 cidades da Frana, Crsega e Algria.

    As primeiras conferncias aconteceram em Calais, Roubaix, Tourcoing e Liancourt, pois eu vinha

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    grande paz se produz; as coisas parecem naturais; tudo se olha do alto do pensamento; o corpo estestendido ante ele, e no nos perguntamos se vamos a viver ou morrer; to somente observamos,isso tudo. Olha-se isto e aquilo, parece como se o mundo tornou-se menor, muito menor para quea raa humana no seja mais do que s povo.

    Olha-se de perto e longe aos mortos e aos vivos e como ao redor de uma pedra jogada na gua estoao redor de crculos concntricos, estas ondas, sem dvida, de eletricidade, vo-se embora longe,muito longe.

    O tempo pesa como um rochedo, o passado parece existir ainda, o futuro j, a personalidadedesapareceu e olha-se sempre: ns mesmos nos sentimos olhados.

    Diante dos olhos uma nebulosa estendeu-se semelhante aos grandes nevoeiros; no quarto sdistinguia ainda as pessoas pela forma, a estatura, como se elas fossem grandes sombras chinesas.

    Ao longe, o pensamento sempre se materializa por imagens. A guerra aparece como uma imensamancha de sangue com mortos, moribundos, cavalos sem cavaleiros e com as crinas ao vento; maislonge, o grande desastre chegando ao cmulo: as mes, as criancinhas, os velhos abandonados;incndios iluminando runas; a fome, a peste, como outrora, e, todavia a humanidade chegada primeira juventude da raa, o velho covil pouco a pouco penetrado pela luz, a cincia, a verdade,como as cavernas cheias de feras foram, depois da descoberta do fogo, invadidas pelas famliashumanas, com a tocha mo.

    Como voltei da, no o sei; uma dor real e cruel quando as molculas dispersadas ou prximas as-lo se unem e sobem corrente da vida, e a voz extinta passa de novo atravs dos lbios jimveis.

    Ser porventura a corrente simptica, que de toda parte se dirigia para mim, que veio ajudar oscuidados de Charlotte e do sbio doutor Bertholet? Principalmente uma coisa chamou minhaateno: que devo me esforar em merecer esta simpatia muito grande para um s ser, ao passoque tantos outros caem esquecidos por todos.

    Em meu estudo sobre mim mesma, enganei-me na avaliao do tempo. Apesar das peripcias dadoena, pareceu-me mais curto.

    Quando comecei a achar-me melhor, avaliei em oito dias a agonia que durara quase quatro semanas; pensei ento nestes contos em que o sono que durou cem ou mais anos parece ser de algumas horas.

    E, durante este tempo, no Oriente a questo se desembaraou a golpes de machado; o arroz daManchria germinaria no sangue para lucro dos fazendeiros Russos e dos Japoneses, para a maiorglria do czar, se os estudantes e os mujiques deixassem passar a hora dos 89 ou dos 93 do Norte.

    A fraternidade entre os povos se cimenta com o sangue derramado, que nenhum assalto dosdspotas ou dos seus inconscientes rebanhos poder mais desagregar dela uma s partcula.

    A respeito da guerra e dos desastres, se as lies dadas raa humana por todos os grandescarniceiros de homens no fossem enfim compreendidas, seria para se considerar os homens maisestpidos que os animais.

    LOUISEMICHEL

    Depois da morte

    Seja o que for, podemos resumir, conforme as experincias iniciticas e conforme as narraes dos

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    que voltaram, o estado do ser humano imediatamente aps a morte.

    Com exceo da morte por suicdio, a sensao da morte no dolorosa nos casos em que se seguea evoluo normal. Esta sensao anloga que se sente num barco que desliza sobre a gua; da a barca de Isis, a barca de Caronte, e todas as ideias mitolgicas que traduzem para o povo naAntiguidade as sensaes do plano astral. Para os contemporneos, a sensao anloga a de umaviagem de trem, sem sacudidas. O ser no cr que sofreu o que chamamos de morte; parece-lheestar dormindo e sonhando. Ao mesmo tempo, como a morte um verdadeiro nascimento para os planos que aqui chamamos invisveis, o ser encontra ao redor de si todos os seus parentes, todos osque julgava ter perdido e que celebram sua chegada com grandes mostras de entusiasmo, enquantoos pobres abandonados da terra se lamentam e creem numa separao definitiva.

    Durante trs dias, diz a tradio inicitica, o esprito, acompanhado por seu guia, pode visitar todosos pontos da terra que ele deseje. Pode aparecer, quer em sonho, quer diretamente (fantasmas comoso chamados pelos vivos) aos entes queridos que deixou na terra; pode at - e isto muitas vezesacontece - seguir seu enterro no estado astral; depois chega o sono.

    preciso que os novos rgos astrais se habituem ao plano nos quais doravante vo evoluir e, comoa natureza no d saltos, esta nova adaptao se faz lentamente, conforme a evoluo anterior doesprito.

    Para os iniciados, para aqueles que j se encontram no plano astral, esta evoluo suprimida e a passagem das portas zodiacais se faz com toda facilidade. Para os no-iniciados e os profanos, osque no passaram por este plano (que indicado no grau Rosa-Cruz da Maonaria pelo esqueletocolocado na entrada e na sada da cmara vermelha), para todos eles a evoluo mais lenta e podeo despertar no se produza at que no tenha transcorrido um perodo que, em tempo terrestre,oscile entre um ms a um ano. Aqui, mais uma vez tudo individual. Os Hindus estudaram

    perfeitamente estas diferenas de tempo, e nos mostram que um ano do plano divino equivalente a365 anos do plano terrestre.

    Por isso, os Espritos tm muita dificuldade, quando so invocados em sesses espritas ou de outrandole, em fixar o tempo terrestre cuja noo j perderam.

    claro que no podemos entrar em detalhes a respeito da ocupao do esprito no plano divino porque tambm este um caso de evoluo individual: uns participaro da marcha dos seres astrais,- era este o ideal dos Egpcios: participar da vida de R; - outros, mais modestamente, participaroda evoluo de um mineral e outros das criaes das invenes terrestres ou marcianas.Precisaramos de muitos volumes para estudar detalhadamente estes temas em todos seus detalhes,

    cuja existncia apenas podemos aqui esboar.Uma vez realizado o despertar, o esprito utiliza seus rgos astrais, primeiramente para ajudar aevoluo geral, depois para constituir seus futuros aposentos terrestres ... Dizemos terrestres, porque falamos desde a terra; porm a reencarnao pode fazer-se em qualquer outro planeta dequalquer sistema, supondo que o sistema astronmico ensinado pelos sbios contemporneos sejaexato, o que s saberemos depois da morte.

    O que vai interessar-nos na evoluo normal do esprito, no tanto o que far no outro plano (oque seria objeto de investigaes especiais), como o que se vai passar no momento em que est paravoltar a encarnar-se. Esta obra tem por ttulo: A Reencarnao e s eventualmente que podemosfalar do que no a