27
A Reforma de Paris e o Plano de Haussmann O principal objetivo da reforma urbana idealizada por Haussmann para Paris, é o de liberar o tecido urbano para facilitar manobras militares. A grande transformação da cidade ocorre em um terço do tecido da cidade sobre a idéia da grande expansão. Um dos principais pontos da reforma de Haussmann é a reforma da Ìlle de la Cité em área militar. Para atingir esse objetivo, todas as edificações existentes são demolidas. Para Haussmann, “a arquitetura é um problema administrativo” e só deve visar os interesses de Napoleão, interesses esses, de cunho estritamente militares. A partir daí, é produzido um urbanismo totalmente racionalista visando apenas à técnica e desconsiderando o aspecto histórico. O foco principal é a melhoria da circulação, o acesso rápido a toda a cidade como visão estratégica, estabelecendo uma imagem geral de modernidade. Esta mudança de imagem envolve também a questão da insalubridade. Para isso são eliminados bairros considerados degradados, as ruas são arborizadas e recebem sistema de iluminação. A antiga cidade medieval, com traçado orgânico e ruas estreitas, é cortada por grandes eixos e contornada por um anel viário. São criadas praças com monumentos que servem como ‘cenário’. São criados vários boullevard e um novo elemento urbano, o carrefour (rotatória). Essas intervenções regularizam o traçado não aproveitando o existente, transfigurando a cidade. Esquema de trabalhos de Haussmann em Paris – linhas mais grossas, novas ruas – tracejado quadriculado, novos bairros – tracejado horizontal, os dois grandes parques periféricos: o Bois de Boulogne (à esquerda) e o Bois de Vincennes (à direita) Fonte: Livro História da Cidade, Leonardo Benevolo. São abertos parques e jardins públicos: Jardin dês Tulleries, Palais Royal, Parc Montsouris. Surge a figura do quarteirão que é determinado pelo sistema viário – neste caso o quarteirão é residual, configurado a partir do que ‘sobra’ depois de definido o traçado viário, tornando-se um elemento complexo formado por lotes de formato irregular. São definidas leis de ocupação: cada lote é perpendicular à rua e não tem a mesma medida padrão; os edifícios passam a ter leis de padronização para as fachadas; a tipologia urbana segue um catálogo pré-definido, passam a ter unicidade arquitetônica; as galerias e passagens passam a ter função comercial – multifuncionalidade do quarteirão e abrigam cafés e lojas. São definidas áreas especiais para as estações ferroviárias.

A Reforma de Paris e o Plano de Haussmann

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Modelo de engenharia da reforma de Paris.

Citation preview

A Reforma de Paris e o Plano de Haussmann 

O principal objetivo da reforma urbana idealizada por Haussmann para Paris, é o de liberar o tecido urbano para facilitar manobras militares. A grande transformação da cidade ocorre em um terço do tecido da cidade sobre a idéia da grande expansão.

 Um dos principais pontos da reforma de Haussmann é a reforma da Ìlle de la Cité

em área militar. Para atingir esse objetivo, todas as edificações existentes são demolidas. Para Haussmann, “a arquitetura é um problema administrativo” e só deve visar os interesses de Napoleão, interesses esses, de cunho estritamente

militares. A partir daí, é produzido um urbanismo totalmente racionalista visando apenas à técnica e desconsiderando o aspecto histórico.

O foco principal é a melhoria da circulação, o acesso rápido a toda a cidade como visão estratégica, estabelecendo uma imagem geral de modernidade. Esta

mudança de imagem envolve também a questão da insalubridade. Para isso são eliminados bairros considerados degradados, as ruas são arborizadas e recebem

sistema de iluminação. 

A antiga cidade medieval, com traçado orgânico e ruas estreitas, é cortada por grandes eixos e contornada por um anel viário. São criadas praças com

monumentos que servem como ‘cenário’. São criados vários boullevard e um novo elemento urbano, o carrefour (rotatória). Essas intervenções regularizam o traçado

não aproveitando o existente, transfigurando a cidade. 

Esquema de trabalhos de Haussmann em Paris – linhas mais grossas, novas ruas – tracejado quadriculado, novos bairros – tracejado horizontal, os dois grandes

parques periféricos: o Bois de Boulogne (à esquerda) e o Bois de Vincennes (à direita)

Fonte: Livro História da Cidade, Leonardo Benevolo.   

São abertos parques e jardins públicos: Jardin dês Tulleries, Palais Royal, Parc Montsouris. Surge a figura do quarteirão que é determinado pelo sistema viário – neste caso o quarteirão é residual, configurado a partir do que ‘sobra’ depois de

definido o traçado viário, tornando-se um elemento complexo formado por lotes de formato irregular. São definidas leis de ocupação: cada lote é perpendicular à rua e não tem a mesma medida padrão; os edifícios passam a ter leis de padronização

para as fachadas; a tipologia urbana segue um catálogo pré-definido, passam a ter unicidade arquitetônica; as galerias e passagens passam a ter função comercial –

multifuncionalidade do quarteirão e abrigam cafés e lojas. São definidas áreas especiais para as estações ferroviárias.

 

Divisão de Paris em 20 arrondissements – a linha mais grossa define o antigo cinturão alfandegário do século XVIII.

Fonte: Livro História da Cidade, Leonardo Benevolo. 

Palácio parisiense construído na época de Haussmann – padronização de fachadas.Fonte: Livro História da Cidade, Leonardo Benevolo.

 A Ìlle de la Cité se transforma no coração da cidade, passando a ser uma área militar e administrativa. Na reforma de Paris, foram destruídos 49km de ruas

estreitas antigas, construídos 165k, de novas vias, foi implantado o sistema de esgoto (considerado até hoje um dos melhores do mundo e que atende à cidade

toda.A Paris de Haussmann, é a Paris que vemos hoje.

 

Planta de Paris em 1873 (do Guia Hachette).

O Plano de Haussmann em Paris (1853 - 1869).Aspetos Históricos. Introdução.

Mal Napoleón III assume o poder, em 1851, nomeiaPrefecto de Paris ao Barão de Haussmann (1809 - 1891).Napoleón III aspirava a que a capital do segundo império se convertesse no centro do mundo, deslocando assim a hegemonia de Londres.Apesar das construções realizados por Napoleón I e Luis Felipe, a prevalência do traçado medieval e acompacidad imposta pelas muralhas caraterizam uma cidade cuja população, em constante acréscimo, exigia novas estruturas funcionais. A isto se agrega a irregular distribucion da mesma: enquanto as periferias industriais e no capacete medieval apinham-se artesãos e operários, com um índice de densidade compreendido entre 850 hab/Tem.; na zona de residências aristocráticas o índice vária entre 100 e 250 hab/Tem.Os assentamentos proletarios estavam anexados, no centro, aos principais edifícios da estrutura política - administrativa. Esta separação natural entre ambas classes sociais se produziu a partir do século XVIII e permitiu a ocupação do capacete histórico pelo proletariado e a expansão para as zonas periféricas dos burgueses ricos. Isto permitiu que durante os levantamentos populares de 1830 e 1848, o centro da cidade estivesse em mãos dos insurrectos, beneficiados pelas deficiências circulatorias das estreitas callejuelas e a carência de serviços, #infraestrutura técnicas, áreas verdes, etc.A cidade converte-se no local onde se evidencian as grandes contradições econômicas, a luta de classes e os valores culturais dos grupos humanos que habitam nela..Uma série de circunstâncias favoráveis, como o desmesurado poder de Napoleón III, a capacidade deHaussmann, o nível dos técnicos e a existência de duas leis muito progressistas: A lei de expropriação de 1840 e a sanitária de 1850, permitem realizar um programa urbanístico coerente em um período de tempo bastante curto, desta forma, o novo Paris põe em evidência o sucesso do gerenciamento posliberal e converte-se no modelo reconhecido por todas as demais cidades do mundo, desde meados do século XIX em adiante.A cidade define-se pela burguesía no poder: O proletariado é expulso do centro urbano que é reapropriado cultural e funcionalmente pela burguesía. Estes proletarios expulsados assentam-se nas periferias industriais; e são controlados pela estrutura repressiva do estado (exercito e polícia). Os burgueses então ocupam as áreas centrais e as áreas periféricas situadas em direção oposta aos assentamentosproletarios: Nasce assim a Cidade Dual.O plano de Haussmann. Objetivos essenciais: Organizar um mecanismo legal e financeiro que permita lhe execução das obras publica estatais em combinação com os interesses dos terratenientes e casatenientes burgueses, e facilitasse o enriquecimento de proprietários e especuladores, quem recebem a plusvalía da renda do chão, produzida pelas obras de remodelagem de ruas e avenidas.

Ocupar, com as obras publica, uma massa considerável de trabalhadores urbanos, e atenuar o caráter explosivo das contradições de classes.

Estruturar a cidade a partir de um sistema vial composto por artérias de circunvalación e radiais, que vinculassem entre sim os diferentes bairros e , designadamente as estações de FFCC com o centro. Aplicar traçados rectilíneos, para fazer possível o uso da cavalaria e os canhões. Demoler os edifícios medievais no capacete histórico, expulsar o proletariado e construir ali edifícios publica, residência, comércios, etc. (Fig. 1)

Organizar a estrutura administrativa da cidade e o sistema repressivo - Quartéis e estações de polícia - que permita o controle das áreas proletarias dentro de uma superfície urbana que passa de 3437 Tem a 7802 Tem. Adequar a #infraestrutura técnica às necessidades de uma cidade moderna, aplicando os mas recentes progressos científicos: Sistema de aqueduto, alcantarillado, recoleção de lixo, iluminação, rede de transporte publico com carros de cavalos.(Serviços primários). Construir os edifícios públicos necessários para as funções do estado e valorizarlos a partir do traçado de praças e avenidas. Outorgar uma figuração homogênea ao âmbito de vida da burguesía, que relacione as zonas comerciais, recreativas e administrativas com a expansão do habitat. (Fig. 2) Relegar às periferias industriais a localização do proletariado.

Organizar o sistema verde da cidade, com praças e parques a escala de bairro e a escala metropolitana.

Estabelecer normas urbanísticas de regularidade formal que imponham uma coerência visual à trama do habitat, ao traçado vial e aos pontos focais determinados pelos edifícios públicos. As novas ruas traçadas sobre a trama urbana preexistente e a faixa periférica. Haussmann abre 95 km. de ruas novas que cortam em vários sentidos a trama medieval e fazem desaparecer 50 km. de ruas antigas. (Fig. 3)

Criar escolas, hospitais, colégios, quartéis, prisões, e sobretudo o parque públicos (Serviços secundários).

Haussmann trata de ennoblecer o novo ambiente da cuidem com os elementos urbanísticos tradicionais: A regularidade, a eleição de um edifício monumental moderno como ponto de referência perspéctica da cada nova rua, a obrigação de manter uniforme a arquitetura das fachadas das ruas e praças mas importantes. Mas a enorme extensão dos novos espaços impede que possam ser percebidos como ambientes perspécticos: Os diversos espaços perdem seu individualidad e misturam-se uns com outros; as fachadas das casas passam a ser uma profundidade genérica e os diferentes elementos do equipamento urbano passam a um primeiro plano (Luzes, bancos, quioscos, arboles) e são a cada vê mas importantes: o passo de peatones e veículos, que muda continuamente e transforma à cidade em um espetáculo permanentemente mutable.Em síntese, embora é este o primeiro plano diretor de uma cidade moderna, seus alcances resultam limitados devido à persistência do peso que possui o centro tradicional, que contém as estruturas de poder, comerciais e recreativas, já fora de escala com respeito à nova dimensão urbana; pela escassa organização das estruturas funcionais; pela falta de controle sobre o desenvolvimento das áreas suburbanas, cujo crescimento se produz caóticamente sem hierarquização das diversas funções e, por ultimo, pela autonomia que conserva a iniciativa privada, em termos econômicos - especulativos - construtivos, que contrapõe uma caótica ocupação do chão urbano ao decoro figurativo estabelecido pelas regulamentações edilicias.Descrição de Projeto UrbanoParis constitui o ponto de partida da organização funcional e social segregativa da cidade dual: desde o centro para o oeste, localiza-se o setor reservado à burguesía - habitat, atividades terciárias e recreativas, o trabalho intelectual, etc. -; em direção contrária, para o este, o setor proletario, onde se concentra a dualidade, habitat - trabalho manual (manufatura - indústria) (Fig. 2). O controle do urbanismo urbano estabelece-se por médio de 20 distritos que compreendem as áreas suburbanas cujas funções administrativas - repressivas substituem a tradicional organização das freguesias. Nos bairros operários radicam-se os quartéis que defendem a origem burguesa.

Dois engenheiros - Jean Alphand e Belgrand- são os responsáveis pela organização do sistema verde e do sistema sanitário. Conquanto o desenho de parque e jardins inspira-se no modelo virilhas, o contribua original consiste na criação de dois parques metropolitanos, equipados com lagos, zonas recreativas, mobiliário urbano, etc., um para uso da burguesía e o outro do proletariado, situado no extremo oposto da cidade.O sistema de fornecimento de água é o mas moderno e eficiente da Europa. A base técnica funcional da cidade completa-se com o conjunto de serviços públicos construídos pelo estado: o matadero da Villette, o mercado central de Ache-lhes, os cárceres, escolas, hospitais, etc.O traçado vial constitui o principal componente do plano diretor. O sistema de diretrizes radiais, converte-se no modelo dos Boulevards, longas e largas avenidas rectilíneas que culminam nos principais edifícios públicos ou nas cruzes polidireccionales (Fig. 4). Seus principais componentes são os seguintes: Dois eixos perpendiculares; o este - oeste, formado pela avenida dos Campos Elíseos e a Rue de Rivoli, e o Norte - Sul pelos Boulevards.

Um sistema radial que comunica as sete estações da ferrovia.

Um sistema periférico de circunvalación e de vias retas, que permite às tropas chegar rapidamente aos bairros proletarios.

Subsistemas radiais que revalorizam a trama habitacional burguesa - arco da estrela - ou os edifícios públicos: A Avenida de opera-a.

Ao longo dos boulevards levantam-se as casas de apartamentos da burguesía, de 6/7 andares, que estabelecem o modelo regular de morada especulativa para a classe dominante.(Fig.5)O decoro urbano da trama fica estabelecida pela uniformidade dos basamentos,, as cornisas, a altura dos edifícios que constituem o telón escenográfico da falsa respetabilidad burguesa.Em seu conjunto, Paris estabelece o ponto de partida da ação urbanística da burguesía no poder: seu modelo será aplicado repetidamente até que as transformações atingidas no século XX porão em crise os códigos urbanos e arquitetônicos ecléticos.A Difusão europeia do modelo parisiense.Entre 1859 e 1872 os arq. Forster e Lohr realizam o projeto de remodelagem urbana de Viena, usando o espaço livre deixado pela demolição das muralhas. Denomina-se Ring de Viena ao anel que circunda o capacete histórico e que contém as avenidas, áreas verdes, moradas de luxo e edifícios públicos que simbolizam a presença da monarquia do império Austro - Húngaro.O projeto realizado pelo engenheiro Cerdá em 1859, em Barcelona, constitui a proposta mas avançada do urbanismo europeu do século XIX. O equilibro entre o sistema vial parisiense e o traçado em quadricula, a aplicação dos princípios enunciados pelos higienistas da época, a negação do princípio de centralidade, da segregação social e funcional e da excessiva jerarqizacion das vias, permitia à burguesía barcelonesa, concretizar um modelo progressista alternativo ao modelo conservador de Haussmann. No entanto, os interesses especulativos dos proprietários e a pressão da renda da terra impediram, mas lá da maçã típica de quadricula-a de Barcelona, aplicar os standards de

áreas verdes, a livre articulação dos blocos de edifícios e a organização policéntrica dos serviços proposta por Cerdá.Conclusões pessoaisTendo analisado dois autores com diferente interpretação dos fatos, tratei de compendiar ambos aspetos para brindar uma focagem geral da situação arquitetônica de Paris no século XIX tendo em conta os aspetos sociais, econômicos, históricos e administrativos.Desde este século XX e considerando as situações geopolíticas desde minha perspetiva, considero mas acertadas e razoáveis as opiniões de Roberto Segre.Apesar que a urbanização de Paris, a carateriza, penso que ao Barão de Haussmann lhe cabe o apodo e a caricatura do "artista Demoledor" (fig.6 e 7).Estou em tudo de acordo com a opinião de Engels em sua Contribuição ao problema da morada: " Entendo aqui por Haussmann "", não somente a maneira especifica bonapartista do Haussmann parisiense de traçar ruas largas, longas e retas através dos bairros operários construídos estreitamente e bordearlos à cada lado com edifícios luxuosos; sua finalidade aparte a de caráter estratégico,  tendente a fazer mas difícil a luta de barricadas, era formar um proletariado da construção especificamente bonapartista e dependente do governo e assim mesmo transformar Paris em uma cuidem de luxo. Entendo por Haussmann "" pratica-a generalizada de abrir brechas nos bairros operários, particularmente os situados no centro de nossas grandes cidades, já responda a isto uma atenção de saúde publica ou de embellecimiento, ou bem a uma demanda de grandes locais comerciais no centro, ou bem a umas necessidades de comunicações, como ferrovias, ruas, etc. O resultado é em todas partes o mesmo, qualquer seja o motivo invocado: Ascallejuelas e os callejones sem saída mas escandalosos desaparecem, e a burguesía se glorifica com um resultado tão grandioso; mas... callejuelas e callejones sem saída reaparecem prontamente em outra parte, e muito com frequência em locais muito próximos".

Cidade Industrial de Tony Garnier

O plano da cidade industrial feita por Tony Garnier foi terminado em 1901, antes da Carta de Atenas, que foi o primeiro manifesto do urbanismo progressista, criado pelos membros da CIAM ( Congresso Internacional de Arquitetura Moderna) colocaram o urbanismo como primeiro plano de preocupações. No projeto da cidade há uma separação de funções: trabalho, habitação, lazer e saúde.

Vista aérea da cidade industrial

“Garnier havia dado um grande passo adiante ao tratar toda uma cidade sem se perder numa infinidade de detalhes, como muitos de seus contemporâneos. Seus projetos para casas, escolas, estações ferroviárias e hospitais também representaram um grande avanço. ( GIEDION, 2004, pág. 810)“ Uma cidade industrial tem como princípios diretores a análise e a separação das funções urbanas, a exaltação dos espaços verdes que desempenham o papel de elementos isoladores, a utilização sistemática dos materiais novos, em particular do concreto armado.” (CHOAY, 1979, pág. 163)Em 1907, o prefeito de Lyon, nomeou Tony Garnier como arquiteto chefe da cidade.O plano da cidade-industrial, era em um terreno que ao mesmo tempo era na zona montanhosa e uma planície, por ele atravessava um rio. Essa região estava localizada na parte sudoeste da França, o ponto de partida é a força que é a

torrente, o leito dela está represado, uma usina distribui a energia da cidade. “ A razão determinandte do estabelicimento de uma tal cidade pode ser a presença próxima de matérias-primas, ou a existência de uma força natural suscetível de ser utilizada para o trabalho, ou ainda a comodidade dos meios de transporte.” (CHOAY, 1979, pág. 164)

A proposta era, sobretudo de uma cidade socialista sem muros ou propriedade privada, onde todas as áreas não construídas eram parques públicos.

O plano linear de Garnier separava as zonas: existiria o agrupamento racional da indústria, da administração e das residências, além da exclusão dos pátios internos e estreitos, criando uma quantidade suficiente de espaços verdes na cidade. Além dessas características no planejamento urbano, havia também o uso do novo material, o concreto armado, que era a potencialidade estética do século X.

Para o estudo da cidade industrial foi escolhida a região Sudeste da França. Essa área foi determinada depois de concluído que ela era bem localizada e teria suas necessidades sanadas por soluções próximas. Alguns fatores que levaram a essa escolha foram: a presença de matéria-prima, a força natural que pode ser usado pelo homem (um leito da torrente represado) e a comodidade dos meios de transporte devido a uma estrada de ferro próxima à área.

Para dispor as construções na cidade buscou-se levar em conta as necessidades materiais e morais do indivíduo, então se criou regulamentos para manter a qualidade de vida humana. As divisões da casa deveriam corresponder aos regulamentos e cada habitação deveria dar acesso para a construção localizada atrás, criando um passeio público que permitiria o acesso em qualquer sentido desejado dentro da cidade.

Em 1901 o jovem arquiteto francês Tony Garnier expôs na Academie des Beaux—Arts de Paris um anteprojeto de urna cidade industrial. Não obteve nenhum reconhecimento, mas sim amargas criticas. Mostrou-se, no entanto, depois, que esse projeto era um precoce prenúncio do funcionalismo, na forma em que se expressou nos anos 1920. Tratava-se, na realidade, simplesmente da forma de um artista antever o novo século. Esse projeto localiza-se de forma surpreendentemente solitária no tempo, não só em relação ao passado corno também à sua época. Muitas circunstâncias em torno do mesmo permanecem nebulosas. Pretendemos, com este trabalho, narrar um pouco sobre o contexto e o autor do projeto.

A cidade jardim é um modelo de cidade concebido por Ebenezer Howard, no final do século XIX, consistindo em uma comunidadeautônoma cercada por um cinturão verde num meio-termo entre campo e cidade. A ideia era aproveitar as vantagens do campo eliminando as desvantagens da grande cidade, mas nem sempre pode ser um sinônimo de ecocidade.

A noção de cidade jardim foi primeiro apresentada através do livro To-morrow a Peaceful Path to Real Reform (1898), mais tarde revisado e editado como Garden Cities of Tomorrow em 1902. Em 1899 foi fundada a Garden Cities Association cujo objetivo foi o de divulgar o modelo e efetuar a sua construção.

Em síntese, a cidade era o espaço da socialização, da cooperação e das oportunidades, especialmente de empregos, mas padecia de graves problemas relacionados ao excesso de população e à insalubridade do seu espaço. Por outro lado, o campo era o espaço da natureza, do sol e das águas, bem como da produção de alimentos, mas também sofria de problemas como a falta de empregos e de infra-estrutura, além de uma carência de oportunidades sociais.

A chave para a solução dos problemas da cidade, segundo Howard, era reconduzir o homem ao campo, através da criação de atrativos – ou “ímãs” – que pudessem contrabalançar as forças atratoras representadas pela cidade e pelo campo.

 Ebenezer Howard, Kt., OBE (Londres, 29 de janeiro de 1850 [1]  — Hertfordshire, 1 de maio de 1928 [2]  ) foi um pré-urbanistainglês; tornou-se conhecido por sua publicação Cidades-jardins de Amanhã (Garden Cities of To-morrow), de 1898, na qual descreveu uma cidade utópica em que pessoas viviam harmonicamente juntas com a natureza. A publicação resultou na fundação do movimento das cidades-jardins. As primeiras cidades-jardins foram construídas na terra natal de Howard, no início do século XX

Howard em seus estudos, perguntou-se “Para onde as pessoas irão?”, então considerou três imãs de atração da população, a cidade inchada , o campo vazio, e a cidade-campo, que seria a terceira solução.

Ele propõe muito mais do que a harmonia entre homem e natureza, ele apresenta toda uma política para a manutenção do equilíbrio social, ameaçado pelas sórdidas condições de urbanização das camadas populares inglesas durante o século XIX. Planeja não só as formas, as funções, os meios financeiros e administrativos de uma cidade ideal, sadia e bela, mas, principalmente, um processo para satisfazer as massas e controlar sua concentração nos centros metropolitanos.A cidade-jardim seria construída no centro dos 2400 hectares, e ocupando 400 hectares, o resto seria para o campo, cortada por seis bulevares com 36 metros,uma avenida central com 125 metros de largura, formando um parque, no finas as casa ficam dispostas em meia-lua para ampliar a visão dessa avenida-jardim. No centro ficariam órgãos públicos e para o lazer (teatro, museu e etc..), o Palácio de Cristal, ocuparia uma grande área servindo como mercado e jardim de inverno, proporcionando aos ingleses durante o longínquo período chuvoso um lugar para recreação.A população seria de cerca de 30000 pessoas, sendo 2000 no campo, as industrias ficariam na periferia ao longo da linha férrea, facilitando o escoamento da produção, a área agrícola seria constituídas por fazendas , cooperativas ou particular. Na cidade jardim, o solo urbano é socializado, e lucro obtido pelo loteador pelas cotas pagas

mensalmente, ninguém torna proprietário de sua casa, loja, indústria, isso se da pelo arrendamento.

Primeiramente Howard pensou como tornaria sua ideia viável, então em 1899 funda a Associação das Garden-Cities, e logo em 1903 pode adquirir Letchworth, e chamou os arquitetos Parker e Umwin para projetar a cidade , esta cidade atingiu grande êxito, e chamou atenção dos jornais de Londres, atraiu jovens. A atmosfera na cidade era excitante e prazerosa (alcançou em 1962 26000 habitantes). Em 1919 Howard achou um terreno a 15 Km de Letchworth, onde instalaria Welwin, a segunda cidade-jardim. Hermann Muthesius também teve um papel importante na criação da primeira cidade-jardim Alemã - Hellerau, próximo a Dresden, que foi fundada em 1909 por Karl Schmidt-Hellerau - a única cidade da Alemanha onde as idéias de Howard foram completamente implementadas.

Howard com as duas cidades-jardins conseguiu comprovar:

que era viável a construção de cidades novas com indústrias e jardins, e não subúrbio jardins;

que as famílias poderiam possuir uma casa em meio ao verde, perto do trabalho e do centro da cidade;

poderia obter cidades com boa qualidade ambiental, mantendo os jardins;

era possível construir moradias a baixo custo, com conforto térmico, e formando uma arquitetura homogênea (leia-se arquitetura georgiana) dando continuidade a cidade.

A cidade linear é um modelo de cidade concebido pelo urbanista espanholArturo Soria y Mataem fins do seculo XIX, construído como bairro experimental na periferia de Madrid,Espanha, entre 1894 e a década de 20, pela Companhia Madrilenha de Urbanização. A noção decidade linear foi utilizada no modernismo a partir do final da década de 20 e início da década de30 por alguns urbanistas comoNicolai Miliutin, Le Corbusier, Ernst May, Lucio Costa eKenzo Tange, entre outros.A cidade linear tem como característica mais marcante o desenvolvimento em linha;geralmente com uma via central que funciona como estrutura principal em torno da qual sedesenvolvem ramos secundários. A interpretação da cidade linear varia segundo cada um dosautores. Para Miliutin ela estava ligada ao sistema de produção industrial, Le Corbusier a utilizapara atingir maior liberdade formal e trabalhar livremente o sistema viário dentro de suaproposta de hierarquia viária apresentada em "Sur Les Quatre Routes" (Sobre as Quatro Vias).Ernst May desenvolve a relação cidade/indústria proposta por Miliutin no seu projeto para acidade soviética deMagnitogorsk.No pós-guerra Lucio Costa adota o partido linear nodesenvolvimento doplano pilotodeBrasíliae, em 1960, Kenzo Tange apresenta um planomonumental de cidade sobre a baía deTóquio.Costa utilizará novamente o partido linear comoum dos elementos do seu plano para aBarra da Tijuca ,Rio de Janeiro.  A cidade linear está ligada em muitos aspectos à questão do transporte e da crescenteimportância do sistema viário no planejamento da cidade, principalmente ao longo do séculoXX. Em sua concepção inicial, com Soria y Mata, esteve ligada também aomovimento higienista   e à questão dosbairros operários.Desde a década de 1880, Soria

y Mata acreditavaque sua cidade linear poderia se estender pelo território ligando cidades e mesmo países, emuma grande rede urbana. Este fenômeno não está longe da realidade dos nossos dias. Através desistemas de transporte super-rápidos (como o trem bala), cidades são interligadas em poucashoras noJapãoe em alguns países daEuropa. A cidade original de Soria y Mata existe hoje - bastante modificada - como obairroCiudad Linealna periferia de Madrid. É um dos grandes modelos urbanos da primeirametade do século XX, junto com acidade jardim. 

Arturo Soria y Mata Engenheiro e urbanista espanhol, famoso principalmente por sua concepção da cidadelinear de Madri.Arturo Soria e Mata foi um dos introdutores do primeiro bonde de Madri, criou umtransporte ferroviário suburbano e o bonde de circunvalação. Também criou para a cidade um sistema urbano de comunicação telefônica (1887). Ainda que estudou Engenharia de Caminhos, Canales e Portos, foi autodidata e a partir de 1886 se dedicou por inteiro a seu projeto da cidade linear, sob a influência das idéias de Spencer e Ildefonso Cerdá. Este inovador projeto, com o qual queria resolver os problemas de higiene, aglomerado e transporte que atenazaban às cidades da época, consistia no desenho de uma cidade articulada a ambos lados de uma larga via (50 metros) com transporte ferroviário, de longitude em princípio não limitada, o quepossibilitava seu crescimento. Desta maneira o trem passava a ser um elemento estruturador do território. Na rua central se concentrariam os serviços públicos para os cidadãos e as casas doshabitantes. O que propunha Arturo Soria era ordenar a escala territorial os núcleos urbanos que jáexistiam na periferia, mediante a criação de um assentamento urbano unido a uma linha de transporte ferroviário, isto é, criar meio a Madri uma coroa urbanizada que unisse as localidades de Pozuelo, Carabanchel, Villaverde, Vallecas, Vicálvaro, Canillas, Hortaleza e Fuencarral.Lamentavelmente, só chegariam a realizar-se os 5 Km. que uniam a antiga carreteira de Aragão com o Pinhal de Chamartín, isto é, o que hoje conhecemos como Cidade Linear. Sua construção se iniciou em 1892 e a ao ano seguinte obteve seu primeiro reconhecimento internacional na Exposição Universal de Chicago.

Em 1894 Arturo Soria constituiu a Companhia Madrilenha de Urbanização para levar acabo tamanha empresa e para explodir as linhas do transporte ferroviário que percorriam longitudinalmente sua cidade e conectavam com.edifícios de apartamento communal da cinco-história idêntica, equidistante e uma redeextensiva de jantar salões e outros serviços públicos.O primeiro modelo teórico de plano urbano linear foi elaborado em 1892 pelo espanholArturo Soria y Mata. Previa um novo tipo de cidade, para trinta mil habitantes, em que cada função urbana ocuparia uma faixa própria do solo. O projeto se desenvolvia sob a forma de uma espinha central, entrecortada por vias perpendiculares que davam acesso às zonas de habitação e trabalho. Sua principal vantagem é a capacidade de admitir uma expansão indefinida, sem que a cidade como um todo seja perturbada. Entre os exemplos de plano linear estão o de 1929 para a então cidade de Stalingrado (atual Volgogrado) e o de 1937 para Londres.Cidade LinearA cidade linear tem como característica mais marcante o desenvolvimento em linha;geralmente com uma via central que funciona como estrutura principal em torno da qual se desenvolvem ramos secundários. A interpretação da cidade linear varia segundo cada um dos autores. Para Miliutin ela estava ligada ao sistema de produção industrial, Le Corbusier a utiliza para atingir maior liberdade formal e trabalhar livremente o sistema viário dentro de sua proposta de hierarquía viária apresentada em "Sur Les Quatre Routes" (Sobre as Quatro Vias).Ernst May desenvolve a relação cidade/indústria proposta por Miliutin no seu projeto para a cidade soviética de Magnitogorsk. No pós-guerra Lucio Costa adota o partido linear no desenvolvimento do plano piloto de Brasília e, em 1960, Kenzo Tange apresenta um plano monumental de cidade sobre a baía de Tóquio. Costa utilizará novamente o partido linear como um dos elementos do seu plano para a Barra da Tijuca, Rio de Janeiro.A cidade linear está ligada em muitos aspectos à questão do transporte e da crescenteimportância do sistema viário no planejamento da cidade, principalmente ao longo do século XX. Em sua concepção inicial, com Soria y Mata, esteve ligada também ao movimento higienista e à questão dos bairros operários. Desde a década de 1880, Soria y Mata acreditava que sua cidade linear poderia se estender pelo território ligando

cidades e mesmo países, em uma grande rede urbana. Este fenômeno não está longe da realidade dos nossos dias. Através de sistemas de transporte super-rápidos (como o trêm-bala), cidades são interligadas em poucas horas no Japão e em alguns países da Europa.5

A cidade original de Soria y Mata existe hoje - bastante modificada - como o bairro Ciudad Lineal na periferia de Madrid. É um dos grandes modelos urbanos da primeira metade do século XX, junto com a cidade jardim.Imagens – Cidade LinearFigura 01 - Cidade LinearFigura 02 - Cidade Linear6

A idéia da Cidade Linear de Sorio y Mata basea-se na expansão das cidadessobre o território rural. O processo de ruralização da vida urbana e urbanizaçao da vida campestre. Soria criticava o congestionamento dos centros tradicionais com traçado radiocêntrico. Seu pensamento racionalista aborda que o maior problema dos grandes centros está associado ao congestionamento das áreas centrais, ao fluxo e ao tráfego urbano.O plano para a Cidade Linear desenvolveu um novo desenho urbano baseado naruptura com o modelo de cidade convencional, A idéia central era a de prppor umacidade que se desenvolvesse ao longo de uma faixa. Esta faixa funcionaria como umaartéria principal e a cidade ao longo dela receberia áreas urbanizadas, margeada por8

duas faixas de terrenos urbanos. O eixo central seria percorrido por sistema de Transporte férreo.A cidade idealizada por Sorio y Mata só se tornou visível a partir do momento da implantação de um sistema público de transporte mecânico eficiente. Seu crescimento deve ser limitado, seguindo linearmente. A concepção baseava-se

principalmente na idéia de combater o problema do congestionamento da região central das cidades. Para Soria, esta forma linear possibilitava a redução do tempo gasto com o deslocamento, pois proporcionava a melhor distribuição dos serviços, locais de trabalho, áreas residenciais ao longo da faixa linear, evitando assim, o deslocamento maciço da população para um único local nos horários de maior pico.No plano da Cidade Linear, não existia setorização, os edifícios administrativose comerciais, se fundiam com os habitacionais na malha urbana. Essa proposta abandona as estruturas tradicionais: quarteirão, praça, etc. A dimensão simbólica estava subordinada a dimensão técnica e o espaço público reduzido aos traçados de circulação e serviços. Desconsiderava a dimensão estética das cidades, submetendo o desenho urbano a dimensão técnica e privilegiando apenas um elemento do processo urbano: a CIRCULAÇÃO, determinando a configuração espacial na forma mais racional: a linha reta.O urbanismo modernista foi muito influenciado por Le Corbusier com o plano da Ville Radieuse de 1933, com o qual prometeu um futuro com luz do sol, ar fresco e zonas verdes para os habitantes da cidade. A nova cidade de Le Corbusier constaria de gigantes blocos de apartamentos e grandes espaços ajardinados. Uma visão utópica pós-guerra, para conversão de favelas a lugares limpos, e de modernos apartamentos, o qual foi uma prioridade política. A Ville Radieuse influiu a Carta de Atenas de CIAM de 1933, um documento elogioso das virtudes das cidades e zonas residenciais com torres gigantes, sobre o planejamento urbano nos anos posteriores à Segunda Guerra Mundial.

A Ville Radieuse, “A cidade contemporânea de três milhões de habitantes” proposta por Le Corbusier para o centro de Paris é um mito na história contemporânea do planejamento urbano. A proposta, de acordo a Le Corbusier, poderia aumentar a capacidade das zonas urbanas e, ao mesmo tempo, melhorar o meio ambiente urbano e a eficiência da cidade. Os pensamentos e princípios de desenho incorporados na proposta da Ville Radieuse rapidamente converteram-se em modelo para os arquitetos do pós-guerra. Le Corbusier era ambicioso com a proposta, inclusive propôs demolir toda a parte do centro de Paris, que acarretou várias objeções. 

A Ville Radieuse foi desenhado para acomodar ao menos a seis vezes a população do centro de Paris. Segundo Le Corbusier, o desenho da Ville Radieuse representa um indiscutível ideal da liberdade pessoal. Achava que muitas cidades de princípios do século XX foram caóticas e ineficientes; ele, portanto, chegou com a proposta da Ville Radieuse que tinha os seguintes objetivos: Proporcionar meios eficazes para as comunicações

Proporcionar uma grande quantidade de zona verde

Proporcionar um melhor acesso ao sol

Reduzir o tráfico urbano

Finalmente deram-se conta de que a construção alta era a melhor instância com os melhores meios para cumprir estes objetivos e, ao mesmo tempo, atender a crescente população urbana. O desenho da Ville Radieuse é quase simétrico no centro, o qual é o núcleo de todos os tipos de transporte público. O terminal central é um ponto de acesso ao metrô na parte inferior da

coberta do sistema subterrâneo, e o comboio é na parte superior da coberta do sistema subterrâneo. A planta superficial está aberta aos carros e táxis. A parte central está reservada para 24 arranha-céus, que também são os elementos mais controvertidos em todo o desenho. Estes arranha-céus cruciformes são principalmente para fins comerciais e hoteleiros. Em todos os arranha-céus com dimensões de 190m x 190m e uma altura a mais de 200m, foram desenhadas para abrigar de quinhentas mil a oitocentas mil pessoas. Segundo Le Corbusier, esta zona se converteria no centro cívico e a sede de todas as principais empresas. Em torno dos arranha-céus encontram-se uns bairros residenciais que oferecem alojamento para as pessoas que trabalham nos arranha-céus. Estes blocos de moradia conhecem-se como apartamentos, chalés, etc. Dentro destes blocos de moradias, apartamentos e dúplex a cada uma tem seu próprio jardim e cada apartamento seria uma casa por seus próprios meios. As zonas edificadas só representam o 15% do total de superfície de lugar da Ville Radieuse, assim, a formação de canhões de concreto poderia ser evitada e os habitantes desfrutariam da grande quantidade de jardins e áreas verdes ao ar livre. Por outra parte, os apartamentos teriam acesso a plena luz do dia e o problema do ruído urbano se reduziria ao mínimo. Na Ville Radieuse, o distrito de negócios, o distrito residencial, o transporte básico e a rua de lojas comerciais estão organizados em uma forma cartesiana, onde todos os elementos em seu conjunto funcionam como uma “máquina da vida”. À luz do progresso da tecnologia da construção, Le Corbusier achava que milhões de residentes poderiam beneficiar das vantagens deste planejamento racional. Ainda que sua proposta apresentou-se pela primeira vez para o centro de Paris, Le Corbusier propô-la também para adaptar a outros lugares, como em Algiers em Argélia, Barcelona em Espanha, Buenos Aires na Argentina e São Paulo no Brasil. Como se mencionou antes, o plano da Ville Radieuse pode se dividir em dois grandes distritos isto é, o distrito de negócios e o distrito residencial. Os arranha-céus representam a única forma construída no distrito de negócios, enquanto o distrito residencial está composto por três blocos de moradias. Estes blocos de moradias denominam-se moradia “costas-costas”, moradia “celular” e moradia “jardim”.

ConclusõesAs conclusões deste estudo parecem indicar que A Ville Radieuse não é tão radiante como se pensava. A comparação da densidade e a luz do sol potencial entre A Ville Radieuse e os blocos urbanos do Paris atual sugerem que as proposições feitas por Le Corbusier a respeito deste ambicioso plano urbanístico não podem ser totalmente verdadeiras. A proposta pode ser boa em termos de transporte e a disponibilidade de um grande espaço aberto e verde; no entanto, o manejo da luz do dia não parece ser melhor que os sistemas tradicionais de iluminação natural. O efeito do eixo heliotérmico é ambíguo. Ainda que Le Corbusier considerava-o como um dos princípios mais importantes no desenho urbano, seu efeito potencial sobre a luz do dia não se justificou no estudo. Após tudo, a Ville Radieuse, racional e sistêmico plano urbanístico desenhado por Le Corbusier, não parece ser uma opção efetiva para a Paris do século XX.  

Influenciado pelas ideias de Milyutin para a Cidade Linear e nas teorias do movimento sindicalista ao qual se tinha recentemente juntado, formulou uma nova visão da cidade ideal, a Ville Radieuse.[1] Representava o sonho utópico de comunhão do Homem com um meio ambiente correctamente ordenado. Ao contrário do design radial da Ville Contemporaine, a Ville Radieuse era uma cidade linear baseada na forma abstracta do corpo humano, com cabeça, coluna, e membros. O projecto manteve o conceito de blocos de habitação em altura, livre circulação ao nível do solo e espaços verdes abundantes já propostos nos seus trabalhos anteriores. [2] Os blocos de habitação eram dispostos de forma linear. Tal como o Pavilhão Suíço, eram vidrados na fachada sul e assentes sobre pilotis. Possuíam terraços visitáveis na cobertura.[3]

A proposta de Cerdà para a cidade de Barcelona, aprovada inicialmente em 1859, apresenta uma intervenção completamente diferente. Os dois traçados urbanísticos básicos na época, a quadrícula e o radial – neste caso o segundo subordinado ao primeiro – eram sintetizados em um grande retângulo de sessenta por vinte módulos, localizado no espaço livre deixado entre a cidade medieval amuralhada e os povoados vizinhos e cortado por duas diagonais.

Como um dos primeiros tratadistas de arquitetura e urbanismo a reivindicar a salubridade das habitações de maneira radical e efetiva como a condição primeira a satisfazer na criação da nova cidade, considerando a moradia como suporte fundamental da qualidade de vida. A casa é o ponto de partida do raciocínio de Cerdà. As habitações planejadas por Cerdà tinham como características: a privacidade do indivíduo no lar, com condições dignas de vida, o higienismo (sol, vento, ar, luz natural), que deveriam estar presentes nas habitações e o custo, adaptação do empreendimento para a classe operária.Emprega grande esforço na formulação das “ilhas tipo” e, a partir do reconhecimento da quadrícula como o traçado que reúne tanto vantagens de ordem circulatória, topológica, construtiva, jurídica como urbanística, chega ao módulo quadrado de 113m de lado com um chanfro de 20m como o mais adequado.

Ao compreender a necessidade de compactação da cidade industrial, abre mão de qualquer exemplo de habitação unifamiliar com jardim, ideais no seu pensamento, mas procura manter o máximo de qualidade ambiental.

Cerdà escreve em sua “Teoria Geral da Urbanização” que a presença dos dois conceitos diretores, a “habitação” e a “circulação”, que hoje mais do que nunca continuam sendo os dois pólos operacionais do urbanismo estão presentes no plano de Barcelona no cuidado com a habitação e no projeto cuidadoso de uma rua realmente racional, com 20m de largura e separação entre os meios de locomoção.

Imagem – Ildefonso Cerdà, Plano para Barcelona, 1859. Seção viária definida com o critério da independência entre os meios de locomoção. Fonte: TARRAGÓ CID, Salvador. Catálogo da exposição Cerdà, urbs i territori.

Devemos entender como cidade tradicional um organismo urbano gerado através de um longo processo histórico. Neste contexto, tanto o traçado viário como a habitação coletiva são elementos que não podem ser concebidos separadamente. Não existem, portanto espaços indefinidos nesta relação restrita aos domínios do publico e do privado. A quadra da cidade tradicional se caracteriza por ser claramente delimitada e homogênea.

O plano de Cerdá desenha uma grelha ortogonal, com quadras de 113m x 113m e vias de 20m de largura, elevando a taxa de superfície viária, incluindo praças, de 17% para 34%. A cada conjunto de nove quadras e vias correspondentes se inscreve dentro de um quadrado de 400m de lado. A quadricula estende-se até os núcleos urbanos vizinhos e envolve a cidade medieval. Apesar de aparentar a imposição de uma nova ordem, indiferente ao contexto, o ajuste das bordas é feito com extrema habilidade tendo como suporte avenidas diagonais que surgem a partir de conexões pré-existentes. O corte diagonal nas arestas da quadra transforma o simples cruzamento de vias em lugar, gera também desta forma maior amplitude visual dos edifícios de esquina. As grandes avenidas possibilitam a conexão metropolitana e a integração à viabilidade universal. A tipologia é ortogonal, homogênea e igualitária. O melhor exemplo de habitação coletiva inserida neste contexto é a Casa Milà de Antoni Gaudí.

O plano previa quadra com ocupação perimetral em dois ou no máximo três lados. Os edifícios não ultrapassariam mais do que dois terços da superfície do quarteirão. Os espaços internos resultantes se abririam para a cidade oferecendo equipamentos públicos e generosas áreas arborizadas. O importante é enfatizar que neste momento a quadra passa de uma condição de residual para se tornar suporte de uma composição urbana que a tem como espaço da cidade. O perímetro da quadra deixa de ser o limite do espaço público.

Cerdà prevê o fluxo simultâneo de pedestres (com ou sem carga), de carruagens e trens elétricos. Serviços como água, rede de esgoto, telégrafo, ferrovia e rede de energia elétrica são planejados de modo que não poluam ou interfiram na paisagem da cidade (cabos, fios, postes e etc.), estes devem ser subterrâneos. Cerdá pensa na cidade como um todo: o ato de ir e vir, seja qual for o meio de transporte, a ordenação dos serviços básicos, o enquadramento e as perspectivas do lugar.

No “Plano geométrico parcelado” Cerdá mostra como seria a relação dos lotes após a passagem da via proposta em seu projeto. Desenhou isto na escala 1/500 para todo o território indicando as cotas atuais, as futuras cotas das ruas e a área de calçada. Ainda desenhou 7 perfis longitudinais e verticais que serviam para estabelecer o nível das novas vias.

Em 1865, a epidemia de cólera e a crise industrial, diminuem a verba para a continuação das obras de expansão da cidade. Após a crise, uma dualidade toma conta da sociedade: uma grande quantia é liberada para a continuidade do plano de expansão, só que sua utilização estava dividida entre a construção das grandes vias (indenização dos moradores) e o novo projeto de ocupação do solo (loteamento).

Garriga, arquiteto do governo, propõe a construção de um grande boulevard, referenciado nos casos de Berlim e Paris, com largura de 60m junto à área da antiga muralha, o que se opõe aos planos de Cerdá, que era de tornar a área um elemento de costura entre a expansão e o centro histórico de Barcelona. A cada proposta de Garriga, Cerdá apresentava uma contra proposta. O projeto do boulevard foi alterado e corrigido por Cerdà posteriormente.

As ruas eram planejadas seguindo os princípios da orientação solar, largura, perfis transversais, tipo de pavimentação, diferença de cotas entre outros. As paisagens, praças e quadras deveriam interagir entre si, além de serem elementos harmônicos na cidade: isso seria possível através da análise de cortes (relação altura x largura) e na relação da casa com a quadra.

Analisa as entradas (portas), muralhas e vias de acesso. As muralhas são as condições do contorno e um elemento importante para a densificação do tecido urbano. Cada porta da cidade é o ponto de confluência de vias, sendo estes acessos centros do movimento. Quando limitamos as vias de acesso (interior x exterior), limitamos também a expansão natural das cidades.

Os centros de ação de Cerdà eram classificados conforme o tipo de atividade exercida e a mobilidade permitida pelo espaço: políticos ou administrativos, econômicos ou industriais, viários existentes, lazer ou áreas verdes.

Do desejo original de Cerdà permaneceu apenas o traçado viário, que é o elemento mais visível e conhecido de sua obra. As quadras foram maciçamente ocupadas no perímetro junto ao alinhamento da calçada retomando um caráter que a reaproximou da quadra tradicional. Originalmente as quadras foram concebidas em média com 67.000m³ de área construída, atualmente após 150 anos de adensamento progressivo temos em média 295.000m³ de área construída por quadra.

Idelfonso Cerdá (1815-1876) possuía formação em Engenharia com aprofundamento em sistema viário. Em 1854, propõe o plano para expansão da cidade de Barcelona, na Espanha onde defende a idéia de projetar ao máximo os

limites da cidade. A concepção morfológica de seu plano é baseada na reforma de Paris, com avenidas largas.

 Cerdá escreve o primeiro Tratado sobre Urbanização onde faz uma análise urbana

da cidade. Neste Tratado, discorre sobre temas como a capacidade das edificações, o funcionamento viário, a circulação e a clareza do traçado.

 Para o concurso do Plano de Barcelona, realiza estudo topográfico da área

considerada para a expansão, idealiza esquema de urbanização com vegetação, leva em consideração o clima da região, dando início a esse tipo de estudo nos

projetos urbanísticos. Na sua forma de pensar o urbanismo, preocupa-se em como pensar a cidade e no que pensar primeiro destacando conceitos fundamentais

como: homogeneidade, coerência espacial, circulação, convívio social (enfatizando a preocupação com quem vai habitar a cidade) (diferente da reforma de Paris, onde

a questão principal é a estética). Além desses aspectos, Cerdá realiza estudo de qualidade ambiental e adota traçado retilíneo.

 O Plano para Barcelona foi colocado em prática e, essa é a primeira vez que

aparece o termo ‘urbanização’.  Cerdá cria uma metodologia processual enfatizando aspectos relacionados à questão da coordenação dos aspectos espaciais e físicos,

funcionalidade, destacando relações sociológicas, econômicas e administrativas da cidade; lembrando que vários fatores influenciam a cidade e isso define quais os

que serviços deverão ser fornecidos. A partir desses aspectos, fez uma relação dos edifícios com o número de usuários (exemplo: hospital para tantas pessoas que

moram perto do edifício). Esse aspecto de seu plano pode ser observado no Plano Piloto de Brasília, projetado por Lucio Costa. Nele existe a figura da Unidade de

Vizinhança que configura exatamente este aspecto do Plano de Cerdá. Em relação à tipologia a ser adotada, Cerdá defende que deveria ter uma única fisionomia, com

ocupação periférica do lote e o miolo sendo utilizado para jardins. Os edifícios deveriam ter sempre o mesmo gabarito de altura e chanfrados nas quinas.

 

 A proposta multiplica a cidade em quase seis vezes. Cerdá adota traçado

quadriculado, cria no centro uma grande diagonal que corta todo o tecido da cidade com uma avenida que tem quase seis vezes o tamanho do antigo núcleo. Não se

preocupa em criar um centro administrativo, pois para ele, o território tem que ser homogêneo e todos os locais devem possuir o mesmo valor. Não concentra prédios públicos e administrativos, espalha por toda a cidade os edifícios destinados a essas funções, valorizando por igual os setores e bairros. “Congela” a cidade medieval e só prolonga a avenida ligando-a aos bairros novos projetados, descartando assim,

qualquer tipo de demolição ou desapropriação do antigo núcleo, enfatizando a preservação do lugar.

 

 Cria áreas de parques e permeia todo o plano por praças e parques. Cria uma

grelha ortogonal definida em estruturas rígidas que se desenvolvem a partir de módulos quadrados (grelha 9×9 –com várias formas de ocupação), cria hierarquia

de vias relacionando-as diretamente à tipologia habitacional, com limite de ocupação da quadrícula.

A circulação representa um meio fundamental de facilitar o contato e a relação entre pessoas e o quarteirão, produz uma ruptura formal com a ocupação periférica

das quadras. A ocupação da superfície é definida a partir da habitação, que deve ocupar no máximo 2/3 da área do quarteirão, o restante do terreno deve ser

ocupado apenas por jardins. Define duas formas de ocupação periférica do lote: em forma de L ou de U.

 

Ildefonso Cerdà, Plano para Barcelona, 1859. Ilha-tipo. Fonte TARRAGÓ CID, Salvador. Catálogo da exposição Cerdà

 Entre 1876 e 1886 ocorre o desenvolvimento da expansão da cidade. A especulação

imobiliária faz pressão e a quadrícula definida por Cerdá, passa a ser ocupada totalmente fugindo do plano inicial e descartando as áreas verdes internas,

destinadas aos jardins.

Ildefonso Cerdà i Sunyer (1815 — 1876) foi um engenheiro urbanista, e político catalão, responsável pela proposta de expansão e construção da nova cidade: o Eixample.

O plano para Barcelona de Cerdà, aprovado inicialmente em 1859, tinha como objectivo aumentar a área total da cidade, permitindo a sua expansão além dos limites da antiga muralha medieval, e fornecer uma alternativa mais ordenada de ruas e quarteirões. A contenção da cidade dentro dos limites da muralha tinha aumentado a sua densidade e criado problemas de comunicação com o exterior.