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FEAD-MINAS CENTRO DE GESTÃO EMPREENDEDORA
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO
MODALIDADE: PROFISSIONALIZANTE
A RELAÇÃO ENTRE A ESCALA E O CUSTO MÉDIO POR ALUNO NO ENSINO SUPERIOR PRIVADO DE
BELO HORIZONTE
Carlos Alberto de Souza
Belo Horizonte 2006
Carlos Alberto de Souza
A RELAÇÃO ENTRE A ESCALA E O CUSTO MÉDIO POR ALUNO NO ENSINO SUPERIOR PRIVADO DE
BELO HORIZONTE
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Administração: Modalidade Profissionalizante da FEAD - Minas – Centro de Gestão Empreendedora, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Administração.
Área de Concentração: Gestão Estratégica de Organizações
Orientador: Prof. Dr. Cláudio Gontijo
Belo Horizonte FEAD-MINAS
2006
AGRADECIMENTOS
À Deus, pelo dom da vida.
Ao Prof. Amaro da Silva Junior, pelas palavras de motivação e de experiência por
quem já trilhou estes valorosos caminhos.
Aos companheiros da empresa e da docência a quem devo os momentos de
tensão e ausência.
Ao Paulo Lobato, supervisor geral da PUC Minas Barreiro, que auxiliou com
informações preciosas para o desenvolvimento do trabalho.
Ao Augusto, engenheiro da PUC Minas, pelas informações e conversas sobre
projetos, estruturas e afins, importantes para o desenvolvimento do trabalho.
À minha família, em especial minha mãe, que mesmo sem entender o que estava
acontecendo, deu-me força e palavras de incentivo para nunca abandonar o
sonho de me tornar uma pessoa melhor.
À Vanda Dalfior, que com carinho soube entender os momentos de ausência e
sempre me motivou a dar o melhor de mim.
RESUMO
Esta dissertação teve como principal objetivo verificar se existem economias de
escala na atividade privada de ensino superior tomando-se como base espacial o
Município de Belo Horizonte. Neste sentido desenvolveu-se uma pesquisa
bibliográfica e documental, projetando-se os custos médios por aluno a partir da
estrutura mínima da IESP, concluindo com a análise dos dados a partir de dois
efeitos: (a) o efeito-escala, pressupondo-se uma mesma estrutura organizacional,
e; (b) o organizacional, considerando-se a Faculdade, o Centro Universitário e a
Universidade. As conclusões do estudo indicam que com relação ao efeito-escala,
os valores dos custos médios por aluno apresentaram-se decrescentes a partir do
aumento da escala do estabelecimento, indicando a presença de economia de
escala. Quanto ao efeito organizacional percebeu-se que o custo médio por aluno
se elevou na ocasião da mudança estrutural entre Centro Universitário e
Universidade, entretanto demonstrando a sua redução quando se aumentou a
escala na Universidade, indicando, novamente, a presença de economia de
escala. Por fim, este trabalho evidenciou a possibilidade de se avaliar a relação
entre a escala e o custo médio por aluno de uma instituição de ensino superior de
cunho privado, de forma a produzir informações que possibilitem aos gestores
tomar decisões que resultem em um melhor aproveitamento dos recursos
disponíveis e em uma maior eficiência na alocação dos mesmos.
Palavras-chave: economias de escala, custo médio por aluno, instituição de
ensino superior privada.
ABSTRACT
The main purpose of this work was to verify if exists economies of scale in a
private activity of higher education taking Belo Horizonte as the city base. In this
direction, a bibliographical and a documentary research was developed projecting
the average costs per pupil from the minimum structure of a private institution for
higher education, concluding with the data analysis from two effects: (a) the scale
effect, presupposing the same organizational structure, and; (b) the organizational,
considering the College, the University Center and the University itself. The
conclusions of this study indicate that related to the scale effect, the values of the
average costs per pupil showed up a decrease from the increasing of the scale of
the institution, indicating the presence of a scale economy. Regarding the
organizational effect it was noticed that the average cost per pupil has raised at
the occasion of the structural change between the University Center and the
University, however demonstrating its reduction when the scale in the University
has increased, indicating, again, the presence of a scale economy. Finally, this
work evidenced the possibility of evaluating the relation between the scale and the
average cost per pupil from a private institution of higher education in a way to
generate information which enable the managers to take decisions that result in a
better utilization of the available resources and in a higher efficiency in the
allocation of them.
Keywords: scale economies, average cost per pupil, private institution for higher
education.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AEDISI Associação das Empresas Industriais do Jatobá BID Banco Interamericano de Desenvolvimento BM Banco Mundial CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CES Câmara de Ensino Superior CI Conceito Insatisfatório CNE Conselho Nacional de Educação CRA Conselho Regional de Administração CRC Conselho Regional de Contabilidade CUB Custos Unitários Básicos DEAES Diretoria de Estatísticas e Avaliação da Educação Superior DOU Diário Oficial da União FEAD Faculdade de Estudos Administrativos FHC Fernando Henrique Cardoso FMI Fundo Monetário Internacional FUMEC Fundação Mineira de Educação e Cultura IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IEC Instituto de Educação Continuada IES Instituição de Ensino Superior IESP Instituição de Ensino Superior Privada INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira LDBEN Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional MEC Ministério da Educação ONUDI Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial
PBH Prefeitura de Belo Horizonte PROEP Programa de Expansão da Educação Profissional PUC Pontifícia Universidade Católica SAAE Sindicato dos Auxiliares em Administração Escolar SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SESU Secretaria de Educação Superior SINDUSCON Sindicato da Indústria da Construção SINEPE Sindicato das Escolas Particulares SINPRO Sindicato dos Professores UNA Centro Universitário UNA UNESCO Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura
LISTA DOS GRÁFICOS
Gráfico 1
Evolução do número de IESP´s no Brasil, Minas Gerais e Belo
Horizonte – 2002-2003....................................................................... 15
Gráfico 2
Proporção da população por grandes grupos de idade (%) – Brasil
– 1980-2000....................................................................................... 19
Gráfico 3
Projeção da população – Brasil e Minas Gerais – 2000-
2003.................................................................................................... 20
Gráfico 4
Projeção da população – Belo Horizonte – 2000-
2003.................................................................................................... 20
Gráfico 5
Evolução da Ociosidade nas IESP – Brasil, Minas Gerais e Belo
Horizonte-2002-2003.......................................................................... 23
Gráfico 6
Número de alunos matriculados e custo médio por
aluno................................................................................................... 81
Gráfico 7
Gastos médios por aluno: Faculdade, Centro Universitário e
Universidade....................................................................................... 83
Gráfico 8
Total dos gastos por aluno – 1 turma de graduação e pós
graduação(Universidade)................................................................... 86
Gráfica 9
Gastos totais por aluno – representação por
ponto................................................................................................... 88
Gráfico 10
Gastos totais por aluno – representação por
colunas............................................................................................... 89
LISTA DAS FIGURAS
Figura 1 Tipos de Rendimentos por Escala........................................................ 30
Figura 2 Tópicos Metodológicos da Análise de Projetos Tradicional................. 38
Figura 3 Mapa Geográfico de Belo Horizonte, por Regiões Administrativas...... 43
Figura 4
Categorização das Regiões Administrativas segundo classes de
crescimento populacional – Belo Horizonte 1991 –
2000...................................................................................................... 45
Figura 5 Gastos Médios por Aluno x Número de Alunos -Faculdade, Centro Universitário e Universidade................................................................. 84
Figura 6
Custo Médio por aluno de 2 a 5 turmas – custo de oportunidade de
6,06%................................................................................................... 87
Figura 7
Custo Médio por aluno de 2 a 5 turmas – custo de oportunidade de
2,96, 6,06% e 15,5%............................................................................ 90
Figura 8
O Comportamento do custo médio por aluno por cada tipo de
organização.......................................................................................... 92
LISTA DAS TABELAS
Tabela 1 Número de Cursos de Graduação Presenciais por Categoria Administrativa – Brasil – 2003... 16
Tabela 2 Número de Cursos de Graduação Presenciais – Minas Gerais – 2003............................................................................................................................................
16
Tabela 3 Número de Cursos de Graduação Presenciais – Belo Horizonte – 2003................................... 17 Tabela 4 Evolução das matrículas no Ensino Superior (IES) no Brasil - 2003.......................................... 17
Tabela 5 Evolução das matrículas no Ensino Superior Privado (IESP) Minas Gerais.............................. 18
Tabela 6 Evolução das matrículas no Ensino Superior Privado (IESP) por turno - Belo Horizonte,...................................................................................................................................
18
Tabela 7 Divisão da população por situação de domicílio – Brasil – 1980 – 2000.................................... 21
Tabela 8 Vagas Oferecidas, Candidatos Inscritos, Ingressos e Ociosidade – Brasil, Minas Gerais e Belo Horizonte – 2000-2003.......................................................................................................
22
Tabela 9 Evolução do Número de Vagas nos Processos Seletivos, na Graduação Presencial, por Categoria Administrativa–Brasil-1993-2003...............................................................................
24
Tabela 10 Posição ocupada pelos 100 maiores municípios em relação ao Produto Interno Bruto nacional e participações percentuais relativa e acumulada – Municípios e Estados selecionados– 2002....................................................................................................................
27 Tabela 11 Distribuição da população residente segundo sexo, faixa etária e região administrativa –
Belo Horizonte 1996...................................................................................................................
44
Tabela 12 Média dos valores do metro quadrado para bairros de referência de cada regional................. 46
Tabela 13 Características principais dos cursos a serem implantados na IESP. ....................................... 51
Tabela 14 Rentabilidade do PL das 500 maiores empresas não financeiras Brasil – 1994-2004.............. 55
Tabela 15 Taxa Selic e Inflação – Brasil – 1995-2004................................................................................ 55
Tabela 16 Taxas Internacionais de Juros – 1995-2004.............................................................................. 56
Tabela 17 Cálculo do efeito da inadimplência no Capital Circulante.......................................................... 57
Tabela 18 Número máximo de postos de trabalho por tipo de organização............................................... 59
Tabela 19 Parâmetros por posto de trabalho / em M2................................................................................. 60
Tabela 20 Os vários espaços da Escola..................................................................................................... 61
Tabela 21 Percentual médio das áreas dos tipos de ambiente................................................................... 62
Tabela 22 Projeção dos bebedouros e banheiros ...................................................................................... 62
Tabela 23 Taxas de depreciação linear – em % ........................................................................................ 65
Tabela 24 Total dos Investimentos acumulados em 25 anos...................................................................... 67
Tabela 25 Despesas por aluno/ano – em 25 anos...................................................................................... 68
Tabela 26 Plano de Contas – Contas de Resultado................................................................................... 70-71
Tabela 27 Valor de Salário Aula Base vigente entre 01/02/2005 e 31/01/2006.......................................... 72
Tabela 28 Detalhamento dos encargos sociais........................................................................................... 74
Tabela 29 Gastos com Pessoal Direto (professores) e Indireto (técnicos e administrativos) acumulados em 25 anos.................................................................................................................................
74
Tabela 30 Gastos por aluno/ano com Pessoal Direto (professores) e Indireto (técnicos e administrativos............................................................................................................................
76
Tabela 31 Gastos de cunho administrativo, material, financeiro e tributário acumulados em 25 anos............................................................................................................................................
77
Tabela 32 Gastos por aluno/ano de cunho administrativo, material, financeiro e tributário........................ 79
Tabela 33 Gastos totais alunos matriculados e custo por aluno ao final dos 25 anos................................ 80
Tabela 34 Gasto médio por aluno – variando-se o número de alunos e turma por curso...........................................................................................................................................
82
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO....................................................................................................................... 13 1.1. Justificativa e Problema................................................................................................ 13 1.2. Objetivos....................................................................................................................... 28 1.2.1. Objetivo Geral............................................................................................... 28 1.2.2. Objetivos Específicos.................................................................................... 28 2. RERENCIAL TEÓRICO......................................................................................................... 28 3. METODOLOGIA DA PESQUISA.......................................................................................... 34 3.1. Avaliação de projetos................................................................................................... 36 3.2. A localização e dependência em relação aos custos................................................... 41 3.3. Perfil e características da Região Administrativa do Barreiro...................................... 47 4. ÁREAS DE ATUAÇÃO E CURSOS DE GRADUAÇÃO OFERECIDOS.................... 49 4.1. A estruturação dos cursos............................................................................................ 50 4.2. Determinação dos custos - os quadros financeiros...................................................... 51 4.2.1. Quadro de investimento................................................................................ 51 4.2.1.1. A projeção do custo de oportunidade de capital.......................................... 53 4.2.1.2. O Capital Circulante...................................................................................... 56 4.2.1.3. A determinação da “quantidade de espaço” necessário.............................. 58 4.2.1.4. O Horizonte do projeto e a projeção dos investimentos da IESP................. 62 4.2.1.5. Cálculo dos custos médios por aluno da IESP............................................. 63 4.2.1.6. Tratamento da depreciação.......................................................................... 64 4.2.1.7. Total dos investimentos................................................................................ 65 4.2.2. A projeção dos custos e despesas operacionais da IESP............................ 69 4.2.2.1. Projeção dos custos de Mão de obra(Gastos com Pessoal)........................ 71
4.2.2.2. Projeção das despesas administrativas, materiais, tributárias e de cobrança....................................................................................................... 77
5. ANÁLISE DE SENSIBILIDADE............................................................................................. 85 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS, CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES................................. 91 7. REFERÊNCIAS..................................................................................................................... 94 8. ANEXOS ..................................................................................................................... 103
1. INTRODUÇÃO
“É importante que se produza informações úteis e consistentes com a
filosofia da empresa, particularmente
quanto à sua estrutura.”
Eliseu Martins, 2003.
1.1. Justificativa e Problema
A partir do governo Fernando Henrique Cardoso, o ensino superior brasileiro
experimentou acelerado processo de massificação, assentado na vertiginosa
expansão da rede privada. Tal fato pode ser confirmado através dos dados do
MEC: assim, enquanto em 1993 existiam 439.801 estudantes ingressantes na
educação em nível de graduação no Brasil, em 2003 esse número havia atingido
1.262.954 alunos, o que representa um crescimento de 187% em onze anos,
período em que, estima-se, foram abertas, em média, três instituições de ensino
superior privadas (IESP’s) por semana.
A natureza desordenada deste processo de crescimento e o conseqüente
comprometimento da qualidade do ensino vêm sendo alvo de duras críticas (Ruiz,
2004, p.21), em que pese a escassez de estudos sobre as organizações de
ensino superior, sejam elas de natureza pública ou privada, em seus aspectos
econômicos e organizacionais. De fato, trata-se de um problema complexo, que
demanda análise acurada, para se chegar a soluções que não sejam precárias,
considerando que a IESP está inserida num entorno social e necessita possuir as
estruturas administrativa e acadêmica a fim de prestar um bom serviço de
educação e formação.
Ainda, segundo Lima (2005, p.84), no contexto mundial, as estruturas e sistemas
de educação superior passaram por novas reformas a partir de 1980, em
decorrência da globalização econômica e dos seus fortes impactos nos demais
setores, dentre eles a educação.
Desta forma, é correto afirmar que o setor educacional sofre os efeitos das
mudanças econômicas, políticas e culturais operadas no âmbito do capitalismo,
(Lima, 2005, p. 84, e Ferretti, apud Carvalho, 2004, p. 15). Dentre os impactos
observados, destaca-se a desregulamentação dos mercados, que está
acarretando acirrada concorrência entre os agentes econômicos, com a
conseqüente fusão de empresas monopolistas e oligopolistas e a saída do
mercado daquelas que não conseguirem sobreviver.
Dentro deste contexto, a educação vem sendo encarada como uma das mais
promissoras áreas de mercado deste século (Kotler e Fox, 1994 apud Fiúza,
2004, p.16). De ato meramente pedagógico, como era vista no passado, a
educação tornou-se um negócio altamente rentável, com grandes perspectivas de
crescimento.
A partir deste cenário e sob a óptica de desempenho e conduta das IES, pode-se
afirmar que a atual estrutura de concorrência do ensino superior brasileiro,
analisada pelo lado da oferta de serviços e produtos de ensino superior, revela
dois segmentos diferenciados: 1
��Um segmento caracterizado pela geração de serviços e produtos de
excelência (qualidade de ensino e produção científica teórica e aplicada),
mas com baixo nível de mobilização de investimentos e ampliação de
oferta compatível com o nível de qualidade que apresentam. Este
segmento é, na sua quase totalidade, ocupado pelas denominadas
Universidades Públicas (Federais e Estaduais), concentrando-se
principalmente nas regiões sudeste e sul do país.
��Outro segmento caracterizado por um amplo espectro de instituições
apresentando um desempenho de qualidade baixa na produção científica e
aplicada, e entre média e boa de ensino – com raras constatações de
instituições em nível de excelência neste requisito. Este sub-setor é
predominantemente ocupado por instituições privadas de ensino superior2
e instituições públicas municipais. Neste segmento, constata-se um alto
nível de mobilização de investimentos, principalmente para implantação
(entrada) de novas instituições e ampliação e/ou diversificação de unidades
de ensino existentes. Outra característica típica deste segmento se refere a 1 Esta subdivisão e qualificação dos segmentos se fundamenta nos procedimentos normativos de Avaliação da Educação Superior-Provão- ( Portarias 249,256-M.E.C.) 2 Adota-se ao longo do trabalho uma única terminologia, pela sigla IESP, referindo-se às diferentes entidades mantidas e administradas por pessoas físicas ou jurídicas de direito privado, e, que quanto à sua organização acadêmica podem ser classificadas em Universidades, Centros Universitários , Faculdades Integradas, Faculdades , Institutos Superiores ou Escolas Superiores ( Conf. Decr.2306 de 19/08/97-D.O .U. 20/08/97).
que geralmente as instituições do mesmo atuam em bases locais e
regionais, procurando atingir específicas áreas de mercado.
Atualmente, conforme afirmado anteriormente, torna-se evidente o alto nível de
turbulência por que passa este último segmento, como efeito do redirecionamento
das políticas públicas brasileiras, que têm priorizado a expansão da rede privada,
em detrimento da pública (M.E.C./I.N.E.P, 1998;1999;2000).
Confirmando este cenário, pode-se perceber, conforme registra o Gráfico 1, que o
número de IESP’s no Brasil cresceu 64,5% em apenas quatro anos, passando de
1.004 instituições em 2000 para 1.652 em 2003. No caso de Minas Gerais, o
aumento foi da ordem de 105,1%, com o número de instituições passando de 118
para 242 no mesmo período, enquanto em Belo Horizonte ocorreu um
crescimento de 46,7%, passando de 75 instituições em 2000 para 110 instituições
em 2003. Este crescimento é fruto da liberalização do mercado de ensino
superior, onde novos empreendedores entraram no segmento, acirrando a
concorrência entre as IESP’s, que começaram a enfrentar a dura realidade
mercadológica de disputar clientes.
Gráfico 1 Evolução do Número de IESP’s
Brasil, Minas Gerais e Belo Horizonte 2000-2003
1.004
1.208
1.4421.652
118 142 185 242
75 83 94 110
-
200
400
600
800
1.000
1.200
1.400
1.600
1.800
2000 2001 2002 2003 2000 2001 2002 2003 2000 2001 2002 2003
Fonte: MEC/INEP/Deaes , 2003
Brasil
Minas Gerais
Belo Horizonte
46,67%
105,08%
64,54%
Já o Censo do INEP de 2003 (Tabela 1) registrou um total de 16.453 cursos de
graduação presenciais no país. Em sintonia com o número de instituições, estes
cursos são predominantemente oferecidos pelo setor privado (10.791 cursos). O
aumento do número de cursos presenciais de graduação no setor privado foi de
100,4%, entre 1999 e 2003, com concentração nas áreas de Ciências Sociais
Aplicadas e Ciências Humanas, destacando-se Direito e Administração ( Franco,
1994, p. 231-232 e INEP, 2003). A principal motivação para isso é o baixo custo
de criação e manutenção destes cursos, assim como a elevada procura, derivada,
entre outros fatores, do crescimento do número de concluintes do ensino médio e
a incorporação de novos públicos até então sem acesso ao ensino superior
(INEP, 2003).
Tabela 1 Número de Cursos de Graduação Presenciais por
Categoria Administrativa Brasil, 2003
Categoria Administrativa
Número de Cursos %
Federal 2.392 15 Estadual 2.788 17 Municipal 482 3 Privada 10.791 66 Total 16.453 100
Fonte: MEC/INEP/Deaes , 2003.
Em Minas Gerais, o número de cursos oferecidos pelas IESP’s passou de 974 em
2000 para 1.726 em 2003 (INEP, 2003), o que representa um acréscimo de
77,2%, em quatro anos (Tabela 2).
Tabela 2 Número de Cursos de Graduação Presenciais
Minas Gerais, 2003 Anos Número de Cursos 2000 974 2001 1.107 2002 1.412 2003 1.726
Fonte: MEC/INEP/Deaes , 2003, adaptado pelo autor
Já em Belo Horizonte, o número de cursos oferecidos pelas IESP’s passou de
111 em 2000 para 193 em 2003 (INEP, 2003), o que representa um acréscimo de
73,8%, em quatro anos (Tabela 3).
Tabela 3
Número de Cursos de Graduação Presenciais Belo Horizonte, 2003
Anos Número de Cursos 2000 111 2001 129 2002 154 2003 193
Fonte: MEC/INEP/Deaes , 2003, adaptado pelo autor
Quanto ao número de matrículas, o seu crescimento acumulado no ensino
superior privado brasileiro foi de somente 15% entre 1985 e 1989 e de 1% no
período de 1990 a 1994. Em contrapartida, foi de 45% no período de 1995 a 1999
e de 52% entre 2000 e 2003, atingindo 2.750.652 neste último ano, quando se
matricularam nas instituições públicas somente 1.137.119 alunos, representando
29% do total (Tabela 4).
Tabela 4
Evolução das matrículas no Ensino Superior (IES) Brasil, 2003
Ano Privadas P ú b l i c a s T o t a l
1985 810.929 556.680 1.367.609
1986 840.564 577.632 1.418.196
1987 885.590 584.965 1.470.555
1988 918.209 585.351 1.503.560
1989 934.490 584.414 1.518.904
1990 961.455 578.625 1.540.080
1991 959.320 605.736 1.565.056
1992 906.126 629.662 1.535.788
1993 941.152 653.516 1.594.668
1994 970.584 690.450 1.661.034
1995 1.059.163 700.540 1.759.703
1996 1.133.102 735.427 1.868.529
1997 1.186.433 759.182 1.945.615
1998 1.321.229 804.729 2.125.958
1999 1.537.923 832.022 2.369.945
2000 1.807.219 887.026 2.694.245
2001 2.091.529 939.225 3.030.754
2002 2.428.258 1.051.655 3.479.913
2003 2.750.652 1.137.119 3.887.771 Fonte: MEC/INEP/Deaes, 2003
Já em Minas Gerais, conforme Tabela 5, o número de matrículas no ensino
superior privado demonstrou um crescimento da ordem de 86,3%, entre os anos
de 2000 e 2003, saindo de 154.201 para 287.250 alunos matriculados em apenas
4 anos, demonstrando um crescimento maior do que a média nacional. Entretanto
nas Instituições Públicas percebe-se que as matrículas tiveram uma pequena
retração de (0,88%), no mesmo período analisado, passando de 85.255 em 2000
para 84.502 em 2003.
Tabela 5 Evolução das matrículas no Ensino Superior Privado (IESP)
Minas Gerais, 2003
Ano Privada Pública T o t a l
2000 154.201 85.255 239.456
2001 180.693 88.326 269.019
2002 221.860 85.035 306.895
2003 287.250 84.502 371.752
Evolução(2000 – 2003) 86,28% (0,88%) 55,25% Fonte: MEC/INEP/Deaes, 2003, adaptado pelo autor
No caso de Belo Horizonte, percebe-se, pela leitura da Tabela 6, que o número de
matrículas nas IESP’s cresceu 64% entre 2.000 e 2003, ano em que se atingiu
81.331 alunos.
Tabela 6
Evolução das matrículas no Ensino Superior Privado (IESP), por turno
Belo Horizonte, 2003
Ano Turno Dia Turno Noite T o t a l
2000 21.633 27.958 49.591
2001 25.749 32.913 58.662
2002 30.468 38.091 68.559
2003 35.264 46.067 81.331
Evolução(2000 – 2003) 63,01% 64,77% 64,00% Fonte: MEC/INEP/Deaes, 2003, adaptado pelo autor
Desta forma, ao que tudo indica, o rápido processo de crescimento do ensino
superior brasileiro iniciado durante o governo Fernando Henrique Cardoso,
fundamentado na expansão da rede privada, deverá sofrer expressiva
desaceleração, em que pese o crescimento populacional, devido ao estreitamento
do mercado resultante do esgotamento do estoque de candidatos que não haviam
passado em exame vestibular em condições de cursar o terceiro grau.
Para começar, apesar de expressivo, o crescimento populacional tem se dado a
um ritmo menos rápido do que a expansão da oferta de vagas. Conforme
salientado por Woiler e Mathias (1996), a taxa de crescimento da população,
acompanhada da composição das faixas etárias e o grau de urbanização,
representam fatores dos mais importantes na análise de mercado educacional. De
acordo com os dados divulgados pelo IBGE, a população em idade de freqüentar
a Universidade (entre 15 e 64 anos) tem crescido sem interrupção (Gráfico 2).
Gráfico 2 Proporção da população por grandes grupos de idade(%)
- Brasil, 1980-2000
38,234,72
31,54 29,6
57,6860,45 62,85 64,55
4,01 4,83 5,35 5,850
10
20
30
40
50
60
70
0-14 anos15-64 anos65 e mais
Fonte: IBGE (2005)
Para completar a informação, é importante apresentar a projeção da população
entre os anos 2000-2003. Percebe-se, conforme retrata o gráfico 3, um
crescimento populacional da ordem de 4,5% em nível Brasil, e de 4,0 %, em
Minas Gerais, durante o período pesquisado.
1980 1990 1996 2000
Gráfico 3
Projeção da População Brasil e Minas Gerais, 2000-2003
-
50.000.000
100.000.000
150.000.000
200.000.000
Brasil Minas Gerais
2.000 2.001 2.002 2.003
Fonte: IBGE (2005)
Já para a cidade de Belo Horizonte, conforme o gráfico 4, o crescimento da
população alcançou o patamar de 3,01%, entre os anos de 2000-2003, ficando,
pois, um pouco abaixo da evolução do país e de Minas Gerais.
Gráfico 4
Projeção da População Belo Horizonte, 2000-2003
-
500.000
1.000.000
1.500.000
2.000.000
2.500.000
Belo Horizonte
2.000
2.001
2.002
2.003
Fonte: IBGE (2005) (*) Valores estimados para os anos de 2001, 20002 e 2003
4,5%
4,0%
3,01%
Acompanhar a evolução da população é de suma importância, entretanto, é ainda
de grande valia salientar que, a partir dos dados do IBGE, juntamente com a
evolução da população, deve-se perceber uma maior concentração desta na área
urbana, representando, em 2000, 81,25% da população em nível Brasil (tabela 7).
Analisando a mesma informação enquanto Minas Gerais, o índice de urbanização
da população cresceu desde a década de 80, alcançando o patamar de 82%, em
2000; já na Cidade de Belo Horizonte, tem-se o grau de urbanização máximo em
2000, quando os dados do IBGE (tabela 7) demonstram 100% da população na
área urbana. Esta maior concentração da população na área urbana contribui
para o aumento do público alvo das IESP’s, tornando o segmento ainda mais
atrativo.
Tabela 7 Divisão da população por situação de domicílio
Brasil, 1980 – 2000
Ano Brasil, Unidade da Federação e Município
Situação do domicílio
1980 % 1991 % 1996 % 2000 %
Total 119.011.052 100,00% 146.825.475 100,00% 157.070.163 100,00% 169.799.170 100,00%
Urbana 80.437.327 67,59% 110.990.990 75,59% 123.076.831 78,36% 137.953.959 81,25% Brasil
Rural 38.573.725 32,41% 35.834.485 24,41% 33.993.332 21,64% 31.845.211 18,75%
Total 13.380.105 100,00% 15.743.152 100,00% 16.672.613 100,00% 17.891.494 100,00%
Urbana 8.983.371 67,14% 11.786.893 74,87% 13.073.852 78,42% 14.671.828 82,00% Minas Gerais
Rural 4.396.734 32,86% 3.956.259 25,13% 3.598.761 21,58% 3.219.666 18,00%
Total 1.780.839 100,00% 2.020.161 100,00% 2.091.371 100,00% 2.238.526 100,00%
Urbana 1.775.073 99,68% 2.013.257 99,66% 2.080.068 99,46% 2.238.526 100,00% Belo
Horizonte - MG
Rural 5.766 0,32% 6.904 0,34% 11.303 0,54% 0 0,00%
Fonte: IBGE (2005)
Agora, analisando a evolução do número de vagas, de ingressos e da ociosidade,
percebe-se, em nível Brasil, um crescimento de 50% do número de ingressos no
período 2000-2003, tendo o mesmo saltado de 664.474 para 995.873; em
contrapartida, o número de vagas cresceu 77% no mesmo período, passando de
970.655 para 1.721.520. No caso de Minas Gerais, observa-se que o crescimento
do número de ingressos foi de 110% no período 2000-2003, tendo o mesmo
saltado de 54.515 para 114.602; em contrapartida, o número de vagas cresceu
148% no mesmo período, passando de 63.141 para 156.749. Essa diferença
entre a variação da demanda e variação da oferta demonstra a nova realidade do
ensino superior privado em Minas Gerais, onde a evolução do número de
ingressos não está acompanhando a evolução da oferta de novas vagas,
causando um acirramento da concorrência e a necessidade da administração das
IESP’s voltar sua atenção para o gerenciamento da sua estrutura frente ao
aumento da ociosidade (Tabela 8).
A mesma tendência se confirma no caso de analisar Belo Horizonte, pois o
crescimento da oferta foi de 105,0% entre 2000 e 2003, tendo o número de vagas
passado de 18.077 para 37.065 no período; já o número de ingressos cresceu
apenas 78,3%, confirmando, assim, que a evolução da demanda por serviços
educacionais de nível superior na Capital Mineira não está acompanhando a
evolução do número de vagas ofertadas nas IESP’s.
Tabela 8 Vagas Oferecidas, Candidatos Inscritos, Ingressos e Ociosidade
Brasil, Minas Gerais e Belo Horizonte, 2000-2003
Brasil Ano Vagas Ingressos Ociosidade 2003 1.721.520 995.873 725.647 42% 2002 1.477.733 924.649 553.084 37% 2001 1.151.994 792.069 359.925 31% 2000 970.655 664.474 306.181 32%
Minas Gerais Ano Vagas Ingressos Ociosidade 2003 156.749 114.602 42.147 27% 2002 120.730 96.749 23.981 20% 2001 79.324 69.672 9.652 12% 2000 63.141 54.515 8.626 14%
Belo Horizonte Ano Vagas Ingressos Ociosidade 2003 37.065 30.939 6.126 17% 2002 29.857 25.926 3.931 13% 2001 23.432 22.119 1.313 6% 2000 18.077 17.355 722 4%
Evolução 2000 - 2003
105,04% 78,27% 748,48%
Fonte:Deaes/INEP/MEC, 2003
Assim, conforme se depreende da análise da Tabela 8, o nível de ociosidade no
País, definido como a diferença entre as vagas oferecidas por todos os processos
seletivos e o número de ingressos nas IESP’s, apresentou um crescimento
considerável nos últimos anos, passando de 32% em 2000 para 42%, em 2003.
Em Minas Gerais a taxa de ociosidade quase que dobrou no mesmo período,
passando de 14% para 27%, de modo que 42.147 vagas não foram preenchidas
em 2003. Quanto a Belo Horizonte, a taxa de ociosidade saltou de 4% em 2000
para 17% em 2003, quando 6.126 vagas ficaram sem ser preenchidas (ver gráfico
5).
Gráfico 5 Evolução da Ociosidade nas IESP’s
Brasil, Minas Gerais e Belo Horizonte, 2003
Fonte: Adaptado - MEC/INEP/Deaes, 2003
Como se não bastasse, a análise da evolução do número de vagas nos processos
seletivos, representada na Tabela 9, demonstra que em 1993 as IESP’s ofereciam
69% do total das vagas, havendo nos anos seguintes um crescimento contínuo e
acentuado, passando a oferecer 86% do total das vagas disponibilizadas em
2003. Através de uma leitura atenta, ainda na Tabela 9, percebe-se que o
crescimento da participação na oferta de vagas nas IESP’s teve como
contrapartida a redução da oferta pelas Instituições Públicas, registrando, de 2002
para 2003, um decréscimo de 4,8% das vagas ofertadas, que saltaram de
295.354 em 2002 para 281.163, em 2003. Para não ficar na análise apenas
destes dois anos é importante destacar que o crescimento do número de vagas
nas IESP’s entre 1993-2003 foi da ordem de 357%, passando de 377.051 vagas
em 1993, para 1.721.520, em 2003; enquanto que nas IES Públicas, o
crescimento do número de vagas foi de 64%, passando de 171.627 vagas e,
1993, para 281.163 vagas, em 2003 (veja-se a Tabela 9).
4%6%
13%17%
32% 31%
37%
42%
12%14%
20%
27%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
2000 2001 2002 2003
Brasil Minas BH
Tabela 9
Evolução do Número de Vagas nos Processos Seletivos, na Graduação Presencial, por Categoria Administrativa
Brasil, 1993-2003.
Participação Ano Total Pública Privada Pública Privada
1993 548.678 171.627 377.051 31% 69%1994 574.135 177.453 396.682 31% 69%1995 610.355 178.145 432.210 29% 71%1996 634.236 183.513 450.723 29% 71%1997 699.198 193.821 505.377 28% 72%1998 803.919 214.241 589.678 27% 73%1999 969.159 228.236 740.923 24% 76%2000 1.216.287 245.632 970.655 20% 80%2001 1.408.492 256.498 1.151.994 18% 82%2002 1.773.087 295.354 1.477.733 17% 83%2003 2.002.683 281.163 1.721.520 14% 86%
Variação entre 2002 - 2003 12,9% -4,8% 16,5% Fonte:Deaes/INEP/MEC, 2003
Em face desta nova realidade, a evolução da relação candidato/vaga, nos
processos seletivos, por categoria administrativa, no período de 1993-2003 indica
que, enquanto nas Instituições Públicas houve um aumento considerável,
passando de 6,6 candidatos/vaga em 1993 para 8,4 em 2003, nas Instituições
Privadas, por outro lado, houve uma queda ao longo da década, passando de 2,4
em 1993 para 1,5 em 2003.
Pode-se perceber, então, que a expansão da rede privada de ensino superior no
Brasil no período recente, inclusive em Minas Gerais e em Belo Horizonte, com o
conseqüente aumento da oferta de cursos e vagas, deu-se de forma mais rápida
que o crescimento da demanda e, portanto, o não preenchimento integral das
vagas, caracterizando uma nova realidade do segmento educacional superior
privado, que enfrenta um processo de esgotamento do mercado, onde as vagas
oferecidas não preenchidas trazem consigo uma elevação no nível de ociosidade,
com a oferta ultrapassando a demanda.
Como se não bastasse, Braga (2005, p.3) afirma que já está longe o tempo em
que os concorrentes de uma escola eram apenas as outras escolas situadas na
mesma região. Hoje as instituições de ensino começam a enfrentar a
concorrência de diversos novos entrantes, entre eles estão: o ensino a distância;
os cursos livres (universidades abertas), as instituições de ensino corporativas
(universidades corporativas), as instituições de ensino setoriais (universidades
setoriais) e as instituições de intermediação. Desta forma, atualmente o setor de
ensino no Brasil está sendo confrontado por uma ampla gama de desafios
competitivos, entre eles: (i) o crescimento da capacidade instalada e do número
de vagas é muito maior do que o da demanda; (ii) a expansão do setor não foi
planejada, há excesso de IES em determinadas regiões; (iii) o crescimento da
concorrência levou a relação ingresso/vaga despencar nas IES privadas, gerando
um excesso de vagas ociosas; (iiii) o crescimento da renda per capita da
população brasileira não acompanhou o aumento das mensalidades; e (iiiii)
grandes instituições de ensino esgotaram sua capacidade de crescimento em seu
local de origem e agora, buscam uma expansão para todo o território nacional
(Braga, 2005).
Desta forma, ao se depararem com um ambiente de forte competição, as IESP’s
necessitam de fatores diferenciadores em sua oferta para superar os
concorrentes. O sucesso então, passa a depender da identificação e reforço das
habilidades da empresa nesse mercado, estabelecendo-se uma vantagem
competitiva, por meio de estratégias que contribuam para a manutenção e
sobrevivência do negócio.
Sendo assim, no setor educacional, o conceito de competitividade vem se
transformando a cada ano e adquirindo nuances inéditas; a situação de
esgotamento de mercado e sua conseqüente saturação significa que a
despreocupação das IESP’s com os custos e preços dos serviços educacionais é
coisa do passado e o acirramento da concorrência entre as mesmas passou a
impor, de forma crescente, a preocupação com políticas e diretrizes de
administração e redução dos custos.
Segundo Tavares (2005, p. 290-291) e Oliveira (2004, p. 198) o confronto entre a
realidade externa e a interna do negócio deve permitir que a organização defina
uma estratégia que considera mais adequada ao seu estágio de crescimento e
proporcione um posicionamento competitivo adequado. Entre as estratégias mais
usuais relacionadas ao seu estágio de crescimento estão: (i) estratégia de
sobrevivência, (ii) de crescimento; (iii) de manutenção, e; (iiii) de desenvolvimento.
Estando porém as IESP’s inseridas na iminência da situação de sobrevivência,
destaca-se dentre as principais opções disponíveis para uma empresa que deseja
adotar a estratégia de sobrevivência: (i) introdução de inovações tecnológicas; (ii)
racionalização de processos, com o corte de pessoal e despesas operacionais; e
(iii) ampliação da escala produtiva, caso prevaleçam economias de escala que
permitam diminuir os custos com a ampliação das dimensões da empresa. No
entanto, a formulação da estratégia mais adequada depende, entre outros fatores,
do conhecimento da realidade dos estabelecimentos de ensino, tanto no nível
externo ou mercadológico, quanto do nível interno ou estrutural, ou seja, para se
determinar a estratégia a ser adotada é necessário um estudo sobre a situação do
mercado do ensino superior privado no Brasil e além deste, um profundo
conhecimento da estrutura das organizações, sua necessidade de gastos e o
nível de ociosidade frente ao investimento nas instalações. Entretanto, no Brasil,
não existem estudos sobre este assunto neste segmento específico, fato que
pode se confirmado por Cruz, Dias e Luque (2004, p.45), quando diz:
“no Brasil, a discussão acerca das características de custos/produção nas universidades é bastante incipiente (...) não há registro de publicações recentes relacionadas à estimações de funções de custo e mesmo à avaliação da existência de economias de escala e de escopo em instituições de ensino superior.”
Diante desta necessidade, estabeleceu-se o propósito desta pesquisa, que
consiste em investigar a relação entre a escala e o custo médio por aluno em
Instituições de ensino superior de cunho privado em Belo Horizonte; ou seja,
verificar como se comportam os custos médios unitários em relação às dimensões
(escala) do estabelecimento, considerando que, no Brasil, a Faculdade é diferente
do Centro Universitário em função da sua escala e que a Universidade pode ser
considerada uma Faculdade multi-curso, pluridisciplinar, de formação de quadros
profissionais de nível superior, que desenvolve atividades regulares de ensino,
pesquisa e extensão. Além disso também é importante destacar que a escolha
por esta organização acadêmica (Faculdade, Centro Universitário e
Universidade), se deu em função do que foi estabelecido na 2ª versão da
Proposta de Reforma do Ensino Superior, que estabelece as normas gerais da
educação superior, e no seu Art. 15 propõe que as Instituições de educação
superior, quanto à sua organização e prerrogativas acadêmicas, poderão ser
classificadas como: (i) Faculdade; (ii) Centro Universitário; ou, (iii) Universidade.
Também é primordial voltar a atenção para Belo Horizonte, buscando justificar o
por quê de sua escolha neste trabalho. Neste sentido, é importante destacar que,
conforme dados do IBGE, a cidade ocupa o quinto lugar na classificação dos 100
maiores municípios em relação ao Produto Interno Bruto Nacional (tabela 10),
posição de destaque e que a torna uma cidade em franco desenvolvimento
econômico, sendo, pois uma produtora e consumidora de produtos e serviços das
mais variadas naturezas, sobretudo a educação superior. Como se não bastasse,
a decisão em realizar esta pesquisa também levou o pesquisador a escolher,
entre várias áreas, aquela que lhe fosse mais conveniente, haja vista o fato do
mesmo trabalhar como docente na área de administração e contabilidade de
IESP’s, tendo, pois, facilidade em operacionalizar a pesquisa nesta cidade, em
virtude da disponibilidade de acesso aos dados.
Tabela 10 Posição ocupada pelos 100 maiores municípios em relação ao Produto Interno Bruto e
participações percentuais relativa e acumulada Municípios e Estados Selecionados – 2002.
Participação percentual Municípios e respectivas Unidades da Federação
Posição ocupada
Produto Interno Bruto a preços de
mercado (1 000 R$)
Relativa Acumulada
São Paulo/SP 1º 140 066 059 10,41 10,41 Rio de Janeiro/RJ 2º 62 862 104 4,67 15,08 Brasília/DF 3º 35 672 414 2,65 17,73 Manaus/AM 4º 20 355 938 1,51 19,24 Belo Horizonte/MG 5º 18 622 989 1,38 20,62 Duque de Caxias/RJ 6º 14 066 468 1,05 21,67
Fonte: IBGE (2005), adaptada pelo autor.
Este estudo divide-se em 6 partes. No capítulo 2 apresenta-se o marco teórico da
dissertação, discutindo-se, dentre outros, o conceito de economia de escala. No
capítulo 3 explicita-se a metodologia utilizada. Já no capítulo 4 realiza-se a
pesquisa propriamente dita, onde são definidas e demonstradas as áreas de
atuação e cursos de graduação oferecidos, as estruturas mínimas de uma IESP e
elaboradas as projeções dos investimentos, custos e despesas. No capítulo 5 são
realizados testes de sensibilidade, analisando-se os resultados obtidos. No
capítulo 6 são tecidas as conclusões e considerações finais, buscando responder
aos objetivos e questões inicialmente levantadas.
1.2. Objetivos
1.2.1 Objetivo Geral
Verificar se existem economias de escala na atividade privada de ensino superior
tomando-se como base espacial o Município de Belo Horizonte.
1.2.2. Objetivos Específicos
1.2.2.1 Identificar a estrutura mínima necessária para o credenciamento de uma
Instituição de Ensino Superior de cunho Privado como Faculdade, Centro
Universitário e Universidade no Município de Belo Horizonte.
1.2.2.2 Determinar o custo médio por aluno considerando a estrutura mínima de
uma Instituição de Ensino Superior de cunho Privado como Faculdade, Centro
Universitário e Universidade no Município de Belo Horizonte.
1.2.2.3 Relacionar o custo médio por aluno à escala da Instituição de Ensino
Superior de cunho Privado como Faculdade, Centro Universitário e Universidade
no Município de Belo Horizonte.
2. RERENCIAL TEÓRICO
Adam Smith (1996, p. 65-80), em sua célebre obra “A Riqueza das Nações”
afirma que “o maior aprimoramento das forças produtivas do trabalho, e a maior
parte da habilidade, destreza e bom senso com os quais o trabalho é em toda
parte dirigido ou executado, parecem ter sido resultados da divisão do trabalho”.
Desta forma, portanto, ele propõe que é possível, através da divisão do trabalho,
aumentar a produtividade do trabalho, incrementando o número de unidades
produzidas sem aumento da força de trabalho, contudo, cabe ressalvar que a
divisão do trabalho somente é possível com a ocorrência ou existência de escala.
Originou-se aí a idéia de rendimento de escala.
Marshall (1982, v. 1, p. 229), por sua vez, contribui para com a teoria dividindo as
economias que se derivam de um aumento da escala de produção em duas
classes: (i) economias externas, correspondendo àquelas que dependem do
desenvolvimento geral da indústria, onde se destacam a própria população, a
riqueza social e a aglomeração das indústrias em determinadas localidades; e (ii)
economias internas, correspondendo àquelas que dependem dos recursos das
empresas que a ela se dedicam individualmente, da organização e eficiência da
administração das mesmas, originando-se, principalmente, da ampliação da
divisão do trabalho, da mecanização crescente do processo produtivo; da
economia de mão-de-obra, de máquinas e de insumos; da concentração da alta
direção da empresa nas questões mais relevantes ao sucesso do
empreendimento; entre outros. Woiler e Mathias (1996), também compartilham da
afirmação de que as economias de escala podem aparecer em virtude de: i) maior
divisão e especialização do trabalho e menor custo unitário na aquisição e
transporte de matéria-prima ou outros insumos que são feitos em grandes
quantidades ou volume, dado o melhor acesso ao mercado de capital das grades
empresas; ii) do uso de tecnologia mais avançada, sobretudo no processo
produtivo e obtenção de melhor utilização de equipamentos indivisíveis e, iii)
menores perdas, maior padronização, melhor uso dos subprodutos.
Ainda Marshall (1982, v. 1, p. 268), corroborando com Pindyck e Rubinfeld (2002)
apresenta os diferentes tipos de rendimentos de escala, onde conta: (i)
rendimentos crescentes por escala, onde a produção, em unidades, cresce mais
que o dobro quando se dobram todos os insumos, ou seja, o nível de produção
aumenta relativamente ao insumo; logo, o custo variável e o custo total caem
relativamente à produção; (ii) rendimentos decrescentes de escala, representando
a situação em que a produção aumenta em menos do que o dobro quando se
dobram todos os insumos, ou seja, o nível de produção diminui relativamente aos
gastos com insumos; logo, o custo total aumenta relativamente à produção; e (iii)
rendimentos constantes de escala, onde a produção dobra quando se dobram
todos os insumos, ou melhor dizendo, uma produção maior é obtida por um
aumento exatamente proporcional de trabalho e de sacrifício. Neste caso,
segundo os autores ocorre uma compensação, onde as ações das leis do
rendimento crescente e do rendimento decrescente se equilibram.
Desta forma, considerando que Marshall (1982, vol. 1, p. 138) afirma que o preço
de oferta ou o custo de um bem, representado “pelo sacrifício necessário para
produzir qualquer quantidade de mercadoria” é determinado pelo trabalho e
capital gasto na sua produção, é possível então, derivar três tipos de curvas de
oferta, sendo: rendimentos crescentes (figura 1a), rendimentos decrescentes
(figura 1b) e rendimentos constantes (figura 1c).
Figura 1 – Tipos de Rendimentos por Escala
a) Rendimentos Crescentes Custo
Custo médio
Quantidade
b) Rendimentos Decrescentes Custo
Custo médio
Quantidade
c) Rendimentos Constantes
Custo Custo médio
Quantidade
Fonte: Adaptação – Gontijo - 2004
Diante disso, Sandroni (2002) levanta uma questão muito importante sobre a
determinação das economias de escala, quando afirma que “escala” deve ser
entendida como uma unidade de medida (volume) e que as economias de escala
correspondem ao aproveitamento racional e intensivo dos fatores de produção,
visando queda nos custos unitários dos produtos, caracterizando-se como uma
condicionante tecnológica, aliada a (i) fatores internos, tais como coordenação ou
controle administrativo e a (ii) fatores externos, onde se destaca a oferta de
insumos utilizados pela empresa. Inicialmente, ao estabelecer o negócio, a
empresa incorre em custos variáveis altos por unidade produzida por uma série
de razões: primeiro, porque seu poder de negociação com fornecedores é
pequeno, para compras de pequenos lotes de insumos; depois, porque alguns
recursos empregados no processo produtivo são semivariáveis, como é o caso da
mão de obra – para baixos volumes de produção, sua utilização é menos
eficiente, comparativamente a altos volumes; por último, porque à medida que a
escala de produção vai aumentando, o processo de combinação de recursos
variáveis e semi-variáveis conduz a melhores rendimentos e a mais altos padrões
de produtividade (Sandroni, 2002).
Por sua vez Cruz, Dias e Luque (2004, p.49) consideram que a existência de
economia de escala acontece quando o custo total de uma firma em produzir um
determinado produto ou serviço é menor do que o somatório do custo total de
duas ou mais firmas em produzirem este mesmo produto ou serviço.
Dentro dessa visão, Pindyck e Rubinfeld (2002) afirmam que:
“Economias de escala (Ec) são, freqüentemente, medidas em termos de elasticidade de custo do produto, correspondente ao percentual de mudança no custo de produção devido a um aumento de 1% no nível do produto.Quando uma firma altera seu nível de atividade, economias de escala ocorrem se ela é capaz de diminuir os custos por unidade do produto, permanecendo os outros fatores constantes.”
Desta forma então pode-se afirmar que o conceito de economias de escala
corresponde à propriedade pela qual o custo total médio no longo prazo cai com
os aumentos de produção. Já segundo Sandroni (2002), em produções de
pequena escala, pode-se aumentar o rendimento até com o simples aumento da
produção, mas esse aumento de produção só pode ir até certo nível, pois pode
diminuir o rendimento, decrescendo a eficiência produtiva. De maneira geral, os
aumentos de rendimento de escala são conseguidos pela especialização da mão
de obra e do trabalho realizado. Os trabalhadores concentram-se em menor
número de processos e tarefas, criando-se equipes especializadas. É o que
acontece em produções de grande escala como nas fábricas de automóveis, onde
há equipes especializadas de funcionários para cada fase de produção. Em
produções de pequena escala, isso não pode ser aplicado da mesma forma, tanto
pela indivisibilidade dos fatores de produção como também porque as equipes
especializadas apresentam custos unitários mais altos.
Por sua vez, Sandroni (2002, p. 190) em obra de sua organização e supervisão,
“Novíssimo Dicionário de Economia”, apresenta que:
“ economia de escala – produção de bens em larga escala (...) resultam da
racionalização intensiva da atividade produtiva, graças ao empenho de
processos avançados de automação (...) possibilitando o emprego de amplo
contingente de mão de obra altamente qualificada, capacidade de estocagem
de produção e matéria-prima (...)”
Similarmente, então, pode-se dizer que economia de escala numa empresa
prestadora de serviços ocorre quando os custos unitários caem com o aumento
do nível de atividade da firma. Além disso a obtenção de uma curva em forma de
“U” sugere a existência de ponto de escala ótimo onde os custos dos serviços são
minimizados(Silva e Neto, 2001).
Dentro desta ótica, conforme afirma Abreu (1995) algumas operações ou serviços
apenas são possíveis de ser realizadas sem aumentos significativos de custos
totais da empresa, a partir de um tamanho mínimo da planta, como por exemplo
serviços de operações em pesquisa técnica e de marketing. Samsão e Woiler
(1996) por sua vez, esclarecem que os aspectos locacionais são muito relevantes
em termos de tamanho. Por um lado, a localização será dependente da
distribuição geográfica do mercado e, por outro lado, da existência de economias
de escala. Desta forma, determinar o tamanho, ou seja, a capacidade de
produção a ser instalada é uma questão de grande importância para a empresa,
pois uma fábrica de grande capacidade pode representar um potencial de bons
lucros, se houver economia de escala e se a demanda para o produto crescer a
uma taxa elevada. Já Melnick (1972) apregoa que ao pensar no tamanho da
organização deve-se buscar a solução que conduza ao resultado econômico mais
favorável. Este resultado, ainda segundo o autor, pode ser avalizado através da
apuração de um ou mais dos seguintes coeficientes: i) utilidades por unidade de
capital(rentabilidade); ii) custo unitário mínimo; iii) quociente de vendas a custo; e
iiii) número total de unidades. Dentre algumas relações existentes entre os
diferentes aspectos destaca-se, em primeiro lugar, a relação tamanho-mercado;
em segundo lugar encontra-se a relação entre o tamanho e o custo de produção,
também conhecida como economia de escala. Cada Indústria tem uma curva
característica de custos de produção em função do tamanho e o conhecimento
desta curva é fator condicionante para o sucesso do empreendimento (Melnick,
1972, p. 121).
Ao tratar da dimensão da organização e em face do dinamismo da demanda já
observado neste trabalho, deve-se ter em mente que, para determinado tamanho
de empresa, os custos unitários, serão decrescentes, à medida que se utilize uma
percentagem maior da capacidade instalada. Portanto, o tamanho adequado será
o que leve ao custo mínimo unitário para atender a demanda atual, desde que
tenha capacidade disponível para atender a demanda futura. (Melnick, 1972, p.
121).
Desta forma a determinação da existência da relação entre escala e custos
passa, antes de tudo, pelo entendimento de que as empresas privadas buscam a
maximização de seus lucros, sendo a busca da eficiência econômica um objetivo
implícito. Esta eficiência é definida como a obtenção de determinada quantidade
de produto ao menor custo possível, dado um nível de produção ou um máximo
da quantidade do produto com determinado custo dos fatores de produção, dados
os preços dos fatores de produção. As atividades administrativas e gerenciais das
empresas dependem de um fluxo sistemático e coerente de informações sobre
custos, entre outras, que subsidiem a tomada de decisões para atingir seus
objetivos. Contudo, um dos grandes problemas da economia é determinar o ótimo
para o tamanho de uma unidade produtiva.
Então, determinar se há relação entre escala e custos nada mais é do que
analisar o comportamento dos custos a partir de uma dada estrutura ou fatores
produtivos, pois a existência da economia de escala pressupõe a otimização da
capacidade produtiva, fazendo com que haja uma redução do custo unitário de
produção e ao mesmo tempo uma evolução da capacidade produtiva ou aumento
da estrutura de produção.
Ainda assim é crucial destacar a importância e a contemporaneidade do tema
através dos usos posteriores (atuais) do conceito de rendimentos crescentes de
escala, a começar pela discussão acerca da Lei de Kaldor-Verdoorn que os
utilizaram no âmbito da teoria do desenvolvimento econômico, onde, segundo
Oliveira (2002, p.7), e Marinho, Nogueira e Rosa (2002, p. 4), a chamada lei de
Kaldor-Verdoorn propõe que há uma relação direta entre o crescimento da
produção e da produtividade; já o segundo uso atual do conceito de rendimentos
crescentes de escala se dá por Krugman na teoria da chamada Nova Economia
Internacional, onde conforme Gontijo (2004, p. 23), “parte da idéia de que, na
presença de rendimentos crescentes de escala, o modelo de concorrência
imperfeita mostra que o comércio internacional possibilita o aumento da variedade
de bens disponíveis aos consumidores de cada país.”
Assim, a partir do arcabouço conceitual apresentado, demonstra-se na próxima
parte do trabalho as metodologias e as variáveis utilizadas para o
desenvolvimento deste.
3. METODOLOGIA DA PESQUISA
Diante da necessidade de não fugir dos preceitos metodológicos, cabe ressaltar
que a pesquisa que ora se apresenta pode ser considerada, quanto aos fins, de
cunho exploratório e descritivo. Exploratória porque, embora as empresas
prestadoras de serviços de ensino superior privado atuem no mercado há
algumas décadas, não se verificou a existência de estudos que abordassem ou
identificassem a relação entre a escala e o custo médio por aluno em uma
Instituição de Ensino Superior Privado, em particular de instituições localizadas
em Belo Horizonte. Neste contexto, Mattar (1996), afirma que a pesquisa
exploratória visa prover o pesquisador de um maior conhecimento sobre o tema
ou problema de pesquisa em perspectiva, sendo útil quando ainda não se tem
conhecimento seguro sobre o tema em questão. Com isso, proporciona-se ao
pesquisador um maior aprofundamento e esclarecimento sobre o assunto, além
da possibilidade de se clarificar conceitos. Já quanto ao caráter descritivo da
pesquisa, pode-se destacar características bem específicas que passam pela
definição clara dos objetivos, existência de procedimentos formais, boa
estruturação e direção para a solução de problemas ou a indicação de
alternativas de ação, pois através da pesquisa descritiva torna-se possível
descrever: (i) a estrutura mínima necessária para o credenciamento de uma
Instituição de Ensino Superior de cunho Privado como Faculdade, Centro
Universitário e Universidade; (ii) o relacionamento entre o custo médio por aluno
da Instituição de Ensino Superior de cunho Privado, quanto à sua evolução
acadêmica, iniciando suas operações como Faculdade, transformando-se em
Centro Universitário e Universidade, em relação à escala. Muito precisa é a
abordagem de Mattar(1996, p.23) que ressalta que, para este tipo de pesquisa, é
muito importante que se tenha um planejamento rigoroso, sabendo-se, para o
problema em particular, quais são os dados relevantes a serem coletados. “O
pesquisador precisa saber exatamente o que pretende com a pesquisa, ou seja,
quem (ou) o que deseja medir, quando e onde o fará, como fará e por que deverá
fazê-lo”.
Já quanto aos meios, a pesquisa pode ser classificada como bibliográfica3 e
documental4. Bibliográfica, porque para a fundamentação teórico-metodológica do
trabalho realiza-se uma investigação sobre: economias de escala; a legislação do
ensino superior no Brasil, sua organização e evolução, evolução do mercado de
ensino no Brasil e em Belo Horizonte. Já a investigação documental, acompanha
o proposto por Marconi e Lakatos (2003, p. 65), onde se valendo de documentos
escritos primários (compilados pelo autor), na forma de arquivos públicos,
estatísticas(censos), documentos de arquivos privados, cartas, contratos,
3 Pesquisa bibliográfica ou de fontes secundárias, abrangerá toda a bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, materiais diversos, cuja finalidade será colocar a pesquisa em questão com contato direto com tudo o que foi escrito, oferecendo meios para definir, resolver os problemas, dúvidas existentes.
4 Pesquisa documental escrita primária, através de compilações na ocasião pelo autor(documentos de arquivos privados, cartas, contratos, documentos de órgãos representativos de classe, comunicações, tabelas, informativos e relatos de visitas às instituições).As pesquisas bibliográfica e documental justificam-se, à medida que contribuirão para o levantamento das possíveis divergências entre a formulação, aplicação e a implementação de teorias, leis e contratos. (Gil, 2002)
convenções coletiva, leis, decretos e portarias, relatos de visitas a instituições de
ensino, sindicatos representativos, institutos de pesquisa, planilhas e textos de
controles internos das empresas visitadas, tabelas de preços5 e descrição de
produtos dentre outros, apura-se dados preciosos para o desenvolvimento do
trabalho, alguns destes que ainda não haviam sequer sido formatados e
estruturados de maneira clara e coerente para se transformar em informações
gerenciais úteis e fidedignas.
Duas últimas observações são importantes, pois quanto à natureza, a pesquisa
classifica-se como aplicada, objetivando gerar conhecimentos para uma possível
aplicação prática em empresas prestadoras de serviços educacionais, situada em
Belo Horizonte. E em relação à abordagem do problema, opta-se por uma
abordagem qualitativa, por oferecer possibilidade de interpretar, explicar e
compreender a realidade objetiva, balisando-se em Patton apud Alves-Mazzotti e
Gewandsznajder(1999) que considera:
“(...) a principal característica das pesquisas qualitativas é de fato de que estas seguem a tradição compreensiva ou interpretativa [...] partem do pressuposto que as pessoas agem em função de suas crenças, percepções, sentimentos e valores e que seu comportamento tem sempre um sentido, um significado [...] que precisa ser desvelado”.
3.1 –Avaliação de Projetos
Diante da metodologia de pesquisa especificada, e considerando que a
determinação da escala está ligada ao comportamento dos custos das instalações
e estruturas, a partir das diferentes tecnologias existentes e diferentes padrões de
recursos (trabalho, capital, materiais e energia), a metodologia de construção e
avaliação de projetos caracteriza-se como a melhor forma para elaborar a
projeção dos custos, investimentos e despesas, e analisar o seu comportamento.
Há de se ressaltar que o processo de elaboração e análise de projetos deve-se
ter como ponto de partida a projeção dos dados econômicos e financeiros dos
mesmos para um dado período.
5 Para o desenvolvimento desta pesquisa, várias visitas foram realizadas aos fornecedores de móveis e utensílios, equipamentos e demais componentes cujo custo foi considerado relevante e sua atualização importante para o desenvolvimento do trabalho.
Dentro desta linha de raciocínio, Thiry-Cherques (2004), afirma que a construção
de projetos teve suas origens remotas, tendo documentos datados de pelo menos
6.000 anos, na Mesopotâmia. Entretanto, com a configuração como é praticada
no mundo moderno, a avaliação de projetos tem suas raízes em experiências de
projetos de engenharia, cuja visão foi ampliada nos anos de 1940 e 1960.
Segundo Campos, Roses e Baumgartber (2003); Casarotto Filho, Fávero e Castro
(1999); Clemente et al (1998); Woiler e Mathias (1996); Buarque (1975/1984) e
Melnick (1972); um projeto pode ser entendido como um conjunto de informações,
coletadas e processadas de modo a simular uma dada alternativa de investimento
a fim de verificar a sua viabilidade, podendo variar o grau de necessidade de
informações. Ainda segundo Maximiano apud Campos, Roses e Baumgartber
(2003), “projetos são empreendimentos finitos, que têm objetivo claramente
definido em função de um problema, oportunidade ou interesse de uma pessoa ou
organização”. Esta perspectiva é corroborada por Thiry-Cherques (2004), que
define um projeto como uma organização transitória, compreendendo uma
seqüência de atividades dirigidas à geração de um produto ou serviço, que é
singular em um tempo dado. É importante entender, como regra básica, que para
cada objetivo que a empresa almeja, deve-se ter um projeto, de modo que, como
premissa básica, “o projeto deve ter um único objetivo”, claramente identificável
em termos de custos, prazos e qualidade.
Elaborar um projeto constitui uma atividade criativa que exige que se passe pelas
seguintes fases: a) idealização, quando procura-se ter uma visão geral do
produto-serviço a ser gerado e imagina-se a dimensão aproximada do projeto; b)
a elaboração, que acontece quando delineia-se as diversas fases, estima-se
melhor os recursos, os custos e os riscos envolvidos; c) a formulação, que
acontece quando se dá uma forma final ao documento de apresentação do
projeto.
A elaboração e análise de projetos procura conjugar aspectos econômicos, de
engenharia, financeiros e administrativos, os quais auxiliam na análise e avaliação
das possíveis alternativas de investimento e a possibilidade de construir e analisar
a estrutura e a escala do projeto, propiciando assim a sua análise.
Dentro do raciocínio desenvolvido e de acordo com a metodologia proposta pelas
Nações Unidas, e também adotada por autores brasileiros, destacando-se Woiler
e Mathias (1996), os tópicos da elaboração e análise de projetos, de forma
tradicional, podem ser sintetizados conforme Figura 2.
Figura 2 - Tópicos Metodológicos da Análise de Projetos Tradicional
Fonte: Adaptado de Woiler e Mathias (1996)
A partir do exame da Figura 2, fazer-se-á uma breve descrição dos tópicos
utilizados neste trabalho. Convém, entretanto, esclarecer que alguns tópicos da
figura 2, como (1) receitas; (2) financiamentos; (3) justificativa econômica; e (4)
feedback não são abordados neste trabalho pelo fato de não se estar buscando
conhecer a viabilidade econômica da IESP e sim a relação entre o custo médio
por aluno e a escala, tornado-se, pois, todos estes tópicos citados desnecessários
para tal objetivo.
O primeiro aspecto a ser considerado é a Engenharia, destacando-se a
especificação dos processos de produção, dos equipamentos e da estrutura física
necessária para o projeto, bem como o tipo de tecnologia adotada, a qualidade e
quantidade de insumos requeridos, os espaços existentes e sua ocupação. Para
tanto, faz-se necessário projetar todos os equipamentos, utensílios, recursos
tecnológicos e estruturais necessários para a consecução do projeto, a partir dos
padrões pré-estabelecidos pelos órgãos competentes (MEC). Assim,
correspondendo à primeira fase, desenvolve-se o levantamento dos elementos
que orientem a elaboração do projeto de pesquisa e sua sistematização. Nesta
fase, foram efetuados vários contatos, sobretudo com os funcionários do MEC em
Brasília, examinando-se a legislação educacional pertinente, que tem sofrido
contínuas alterações. Também foram realizados contatos e consultas preliminares
com o Superintendente Geral do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino
Particular de Minas Gerais – SINEPE MG, para se levantar informações sobre o
segmento. Além disso, foram realizadas visitas nas regionais administrativas do
Barreiro e Venda Nova, bem como na Prefeitura e IBGE – Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística, a fim de se obter informações mais detalhadas que não
estavam disponíveis. Também ocorreram reuniões com o encarregado geral da
PUC Minas Barreiro a fim de se levantar as principais despesas e sua
periodicidade, bem como se conhecer medidas de espaço físico que serviriam de
base comparativa neste trabalho. De mais a mais, foram realizadas visitas à Pró-
reitoria de Infra-estrutura da PUC Minas para encontros com o engenheiro civil
(Augusto), responsável pela obras na Universidade, levantando-se informações
sobre a estrutura física requerida para um empreendimento escolar. Com a
finalidade de se comparar os dados, visitou-se a FUMEC, a UNA, a FEAD-Minas
e o IEC-PUC.
Ainda para fins desta pesquisa, foi utilizada a análise de documentos internos de
IESP’s já em funcionamento, tais como atas de reunião, jornais, boletins
informativos setoriais, revistas especializadas, anais de seminários, teses e
dissertações que abordaram o tema, programas de ensino, projetos pedagógicos,
convenções (acordo) coletivas; informações e resoluções dos sindicatos e órgãos
representativos (SINPRO- Sindicato dos Professores, SAAE – Sindicato dos
auxiliares em administração escolar, SINEPE – Sindicato das Escolas
Particulares, SEBRAE – Serviço de Apoio às Micros e Pequenas Empresas,
AEDISI – Associação das Empresas Industriais do Jatobá), bem como dos
documentos dos Conselhos Regionais (Conselho Regional de Contabilidade –
CRC e Conselho Regional de Administração – CRA) e SINDUSCON MG –
Sindicato da construção civil de Minas Gerais. Foram realizadas consultas aos
fornecedores de equipamentos, materiais, móveis e utensílios para escolas com o
objetivo de realizar cotações de preços, marcas e modelos a serem usados nesta
pesquisa.
Outro tópico em destaque refere-se ao Tamanho e a Localização do projeto; a
definição da localização do projeto influencia a dimensão estrutural e, neste
trabalho, torna-se informação essencial, pois faz-se uma projeção de três
ambientes diferentes, mas integrados (Faculdade, Centro Universitário e
Universidade) e somente é possível definir a localização a partir da aferição da
capacidade de suporte de todos os ambientes projetados.
O terceiro tópico não menos importante, mas crucial para o desenvolvimento
deste trabalho refere-se aos Investimentos. Outrossim, é calculado o valor total
dos mesmos, considerando-se a aquisição de ativos fixos e o capital de giro, além
das despesas pré-operacionais.
O quarto tópico diz respeito à projeção dos custos, tendo-se procurado apresentar
uma estimativa dos mesmos nos três níveis propostos (Faculdade, Centro
Universitário e Universidade).
Com base nas informações obtidas referentes aos tópicos citados anteriormente,
elabora-se as análises de sensibilidade, onde as principais variáveis usadas são:
i) custo do terreno em cada região da Cidade de Belo Horizonte, e; ii) custo de
Oportunidade do Capital requerido pelo investidor.
Por último, os dados obtidos são tabulados e recebe, tratamento, compreendendo
as seguintes etapas do processo:
1) O tratamento dos custos obedece o sistema de Acumulação de Custos
denominado Custeio por Absorção6, definido por Martins (2003) e Crepaldi
(1999);
2) A tabulação dos valores segue a metodologia de fluxo de caixa proposta
por Gersdorff (1979) e Thiry-Cherques (2004); 6 No Custeio por absorção os custos tanto fixos como variáveis são absorvidos pelos produtos produzidos ou serviços prestados no período, compondo, assim, o Custo dos Produtos Vendidos ou serviços prestados. Este sistema é aceito pela Legislação brasileira por obedecer às regras ou princípios contábeis.
3) Com o intuito de se obter a caracterização das variáveis investigadas,
realiza-se os cálculos dos Custos Médios Totais, propostos pela Teoria dos
Custos Econômicos (PASSOS, 2001) e por Thiry-Cherques (2004);
4) Os cálculos acontecem a partir da simulação das informações e condições
necessárias para o credenciamento da Instituição, em cada nível
(Faculdade, Centro Universitário e Universidade);
5) Realiza-se a análise dos dados visando estabelecer a relação entre a
escala e o custo médio por aluno.
A estruturação dos dados pesquisados obedece a metodologia proposta pelo
MEC para a elaboração de Projeto Escolar (PROEP, 2001), onde devem ser
consideradas informações relacionadas ao estudo do mercado em que a IESP
pretende atuar, ao levantamento e tratamento de informações de natureza
técnica-pedagógica, bem como à projeção da infra-estrutura física e ambiental, e
às necessidades de investimentos e gastos com a operação.
Desta forma, a partir de agora demonstra-se a determinação da estrutura mínima
das IESP.
3.2 A localização e a sua dependência em relação aos custos
Um dos aspectos de maior importância em qualquer projeto, principalmente em se
tratando de uma instituição de ensino, diz respeito à localização, de modo que
não há de se pensar em um projeto, qualquer que seja a natureza, sem passar
primeiramente pela análise e escolha da localização. Quando as empresas
buscam se posicionar geograficamente elas devem vislumbrar um horizonte de
planejamento de produção considerando longo, pois a mudança da localização
pode gerar gastos desnecessários. O estudo da localização consiste em analisar
as variáveis que podem ser chamadas, segundo Melnick (1972, p. 123), de forças
de localização e tem como objetivo determinar a localização em que a resultante
das referidas forças possam conduzir a uma taxa máxima de lucro ou a um custo
unitário mínimo.
“A escolha da localização mais adequada para uma unidade nova produtora deve ser orientada com os mesmos objetivos do tamanho ótimo, isto é, a taxa máxima de lucro, se se trata de investimento privado, e do custo unitário
mínimo, se se considera o problema do ponto de vista social.” (Melnick, 1972, p. 123).
Conforme salientam Woiler e Mathias (1996), “o problema de encontrar a
localização ótima corresponde, em termos de empresa, a achar a localização que
dê a maior diferença entre receitas e custos”. Em outras palavras, procura-se a
localização que dê o maior lucro possível para a empresa, considerando o prazo
de vida útil do empreendimento. Ocorre que as empresas devem levar em conta
os custos e benefícios associados à determinada localização, procurando àquela
que proporcione a melhor razão custo/benefício.
É importante destacar que, na busca pela melhor razão custo/benefício, alguns
fatores quantitativos são relevantes, tais como: (i) fatores que tornam a
localização dependente das entradas – neste caso a empresa busca se
posicionar próximo da fonte de matéria-prima; (ii) fatores que tornam a localização
de dependente das saídas – neste caso a empresa busca se posicionar próximo
ao mercado a ser atendido; (iii) fatores que tornam a localização dependente do
processo – neste caso a empresa busca conhecer e se posicionar próximo de
onde haja, em quantidade suficiente para a operação, água, energia, condições
atmosféricas e ambientais favoráveis, oferta de mão de obra abundante e/ou
especializada, vias de transporte (rodoviário, ferroviário, hidroviário e aéreo); (iv)
impostos, fatores legais e incentivos – neste caso a empresa busca se posicionar
onde haja uma motivação representada pela ausência ou redução da carga
tributária (incentivo fiscal), ausência de leis, doações de terrenos, entre outros.
Diante dessas necessidades e buscando embasar o desenvolvimento desta
pesquisa compara-se as seguintes informações sobre as regiões metropolitanas
administrativas de Belo Horizonte (Figura 3): i) distribuição de atividades
econômicas (voltadas para o comércio e serviço) e centros urbanos; ii) número de
residentes; iii) custo do terreno, por m2; iv) disponibilidade de terreno; v) existência
de concorrentes instalados nas proximidades; e, vi) facilidade de transporte.
Figura 3
Mapa Geográfico de Belo Horizonte, por Regiões Administrativas
'Fonte: www.pbh.gov.br, 2005
Quanto à distribuição das atividades econômicas (voltadas para o comércio e
serviço) e centros urbanos, segundo divulgado no site da Prefeitura Municipal de
Belo Horizonte (www.pbh.gov.br), as regiões do Barreiro e Venda Nova se
destacam como maiores centros urbanos da capital e de maior homogeneidade
de atividades:
“Além do centro principal, os centros do Barreiro e de Venda Nova constituem os dois maiores centros urbanos regionais. Afora esses três, a distribuição do comércio e dos serviços tem como referência a circulação e o transporte, conformando corredores de atividades ao longo das principais vias da cidade. Tais corredores constituem centros urbanos de maior ou menor escala, diferenciando-se sobretudo segundo a hierarquia viária.”
Quanto ao número de residentes, ao se comparar as regiões administrativas,
cumpre destacar que a região do Barreiro, apesar de ser a menor em número de
residentes totais, conforme tabela 11, é uma das regiões que apresentam um
crescimento populacional médio, segundo dados e critérios da Prefeitura
Municipal de Belo Horizonte, demonstrados na figura 4; pois acredita-se,
segundo informações da AEDISI, que com a realização de novos e vultosos
investimentos na região, haverá um processo de valorização do espaço urbano e
o surgimento de novas comunidades. Como exemplo destes investimentos na
região pode-se citar: i) a implantação de duas IESP; ii) a construção do Itaú
Power Center e do Via Shopping, iii) a construção de uma unidade do Via Brasil
Atacado. Além disso, através de visitas à entidade representativa dos
comerciantes e industriais da região (AEDISI), percebeu-se interesse incomum
em organizar estruturalmente a região, tanto em termos de recursos econômicos
quanto humanos, através da criação de pólos específicos de determinados
negócios, além de uma melhor formação técnica e profissionalizante, advinda dos
estudos formais, numa instituição de ensino, e que a implantação das IESP’s foi
interpretada como uma vitória da associação (AEDISI), fortemente atuante. Ainda
através da tabela 11, percebe-se que o público alvo das IESP no Barreiro ( 99.793
pessoas), constituído pela população entre 20 a 44 anos, em termos numéricos,
acompanha a média das outras regiões, garantindo assim, as mesmas
necessidades das regiões que já foram desenvolvidas, como por exemplo a
região Centro-sul que apresenta 103.006 pessoas, a regional Leste com 103.016
pessoas, a regional Nordeste com 105.365 pessoas, e por fim a regional
Noroeste, com 143.032 pessoas.
Tabela 11 Distribuição da população residente segundo sexo, faixa etária e região
administrativa Belo Horizonte, 1996
�
REGIÃO ADMINISTRATIVA – BELO HORIZONTE
Barreiro Centro-sul Leste Nordeste Noroeste Faixa Etária
Masc. Fem. Masc. Fem. Masc. Fem. Masc. Fem. Masc. Fem.
0 a 4 11.411 10.799 7.275 6.909 10.076 9.819 10.329 10.289 12.964 12.691
5 a 9 11.490 11.349 8.211 8.303 10.708 10.353 11.543 11.183 13.994 13.835
10 a 14 12.485 12.381 10.326 10.201 11.423 11.714 12.513 12.744 15.288 15.081
15 a 19 13.248 13.522 12.362 14.243 11.720 12.799 13.029 14.073 16.587 17.382
20 a 24 12.157 12.008 11.302 13.821 10.645 11.762 11.564 12.158 15.489 16.418
25 a 29 10.876 11.170 9.056 11.263 10.366 11.279 10.447 11.485 14.713 15.521
30 a 34 9.850 10.662 8.954 11.059 10.265 12.109 10.198 11.806 14.615 16.376
35 a 39 8.524 9.446 8.180 10.786 9.351 10.798 9.544 10.941 12.646 14.755
40 a 44 7.372 7.728 7.955 10.630 7.419 9.022 8.053 9.169 10.290 12.209
45 a 49 5.618 6.014 7.171 9.185 5.527 6.996 5.917 6.967 8.146 9.880
50 a 54 4.237 4.525 6.029 7.467 4.301 5.736 4.551 5.205 6.488 8.160
55 a 59 3.121 3.439 4.556 5.907 3.624 5.063 3.371 4.148 5.224 6.671
60 a 64 2.290 2.652 3.708 5.243 3.146 4.523 2.708 3.673 4.343 5.970
65 a 69 1.502 1.900 3.100 4.617 2.389 3.818 2.036 3.115 3.315 5.014
70 a 74 878 1.171 2.031 3.611 1.716 2.674 1.338 2.106 2.241 3.555
75 a 79 453 814 1.428 2.662 1.029 1.938 785 1.398 1.379 2.356
80 ou + 447 874 1.417 3.273 1.013 2.136 715 1.642 1.177 2.638
Total 115.959 120.454 113.061 139.180 114.718 132.539 118.641 132.102 158.899 178.512
Total Geral 236.413 252.241 247.257 250.743 337.411 Fonte: IBGE. Contagem Populacional. 1996. Org.: DITPL. 2000.
A partir da Figura 4, é possível então perceber, conforme já comentado
anteriormente, a categorização do crescimento populacional por unidade
administrativa, em crescimento negativo, baixo, médio e alto, entre o ano de 1991
a 2000, conforme critérios e dados publicados pela Prefeitura Municipal de Belo
Horizonte. Percebe-se, também, a partir da figura 4, que a região da Pampulha é
a única a apresentar nível de crescimento alto, já as regionais Barreiro, Norte e
Venda Nova que compõem a terceira categoria (crescimento médio), ostentam
taxas de crescimento populacional superiores à média belo-horizontina.
Figura 4 Categorização das Regiões Administrativas segundo classes de crescimento
populacional Belo Horizonte, 1991 – 2000.
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O custo do terreno foi outro fator relevante para a definição da localização. A
partir de visitas à regional Centro da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, foi
realizado, junto à Gerência de Arrecadação de Tributos Municipais um
levantamento dos valores médios do metro quadrado para bairros representativos
em suas regionais e realizado um resumo do valor por metro quadrado de cada
área escolhida – veja-se a Tabela 12.
Tabela 12.
Média dos valores do metro quadrado para bairros de referência de cada Regional
Belo Horizonte, 2005
Regional Bairro/referência Valor do Terreno(m2)
Centro-sul Centro R$ 1.534,00 Norte Planalto/Floramar R$ 69,00
Venda Nova Laranjeira R$ 162,75 Pampulha São Luíz R$ 77,00 Nordeste São Gabriel R$ 78,00
Leste Esplanada R$ 130,00 Noroeste Inconfidência R$ 104,00
Oeste Estoril/Buritis R$ 121,00 Barreiro Das Indústrias R$ 68,00
Fonte: Dados de pesquisa PBH, 2005
É importante destacar que através da leitura da Tabela 12 , a Região do Barreiro
apresenta o menor valor por metro quadrado de todas as áreas selecionadas,
tornando-se assim, uma das áreas a ser pesquisada, haja vista que o custo do
metro quadrado é uma das variáveis escolhidas neste trabalho para se definir a
localização da IESP.
Já quanto à disponibilidade de terreno, foi constatado, através de visita à
Prefeitura de Belo Horizonte, que apenas as regiões de Venda Nova e Barreiro
apresentavam espaço físico para construção de imóveis nas dimensões
requeridas por uma IESP, com capacidade para circulação de em média 5.000
alunos por dia, e com capacidade de transporte. Cabe ressaltar ainda que, nas
regiões citadas, não há imóveis prontos para receber este tipo de
empreendimento, fato confirmado através de visitas às duas imobiliárias
presentes na região da Praça dos trabalhadores (Barreiro). Quanto à existência
de concorrentes instalados nas proximidades, novamente destacam-se as regiões
do Barreiro e de Venda Nova, por haver apenas duas IESP’s presentes em cada
uma dessas regiões. A facilidade de transporte foi outro tópico de avaliação,
destacando, desta vez, a Região do Barreiro, por ter uma estação de ônibus
(Estação Via Shopping), na principal rua da região, onde as linhas são
interligadas à todas as outras Regiões da capital. A Estação Via Shopping
localiza-se a 100 metros da PUC-Minas do Barreiro, o que facilita a rotina do
estudante que depende do transporte coletivo e precisa se deslocar com rapidez
e segurança, pois os ônibus circulam em horários com intervalos de apenas 3
minutos e o embarque e o desembarque se dá em locais com a presença de
técnicos de segurança pública.
É importante ainda ressaltar que, entendendo a importância da instalação de uma
universidade para o desenvolvimento da região, a Prefeitura de Belo Horizonte
firmou, em dezembro de 2001, um convênio com a Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais, para instalação de uma unidade no Barreiro. Este
convênio efetivou a doação de um terreno para instalação da unidade, o que
ocorreu em 3 de abril de 2002, quando o Prefeito Fernando Damata Pimentel
assinou decreto municipal nº 11.004 concedendo à PUC Minas permissão de uso
do solo de uma área de aproximadamente 36 mil metros quadrados, por 40 anos.
A partir da análise acima, definiu-se a região do Barreiro como localização ótima
para a implantação da Instituição de Ensino Superior de cunho privado.
Apresenta-se, a seguir, um breve histórico da referida região.
3.3. Perfil e características da Região Administrativa do Barreiro
Conforme a Secretaria Municipal da Coordenação de Gestão Regional Barreiro, e
da Lei nº 4158, de 16 de julho de 1985, a Regional Barreiro tem como área
jurisdicionada a formada pela linha perimétrica que tem início no ponto em que a
BR-040 cruza com as divisas dos Municípios de Nova Lima e Belo Horizonte; até
o trevo com o Anel Rodoviário; por este, até o Viaduto sobre a RFFSA – Rede
Ferroviária Federal; pelo leito ferroviário até a divisa com o Município de
Contagem; deste ponto, pelas linhas limítrofes dos Municípios de Contagem,
Ibirité, Brumadinho e Nova Lima, até novamente a BR-040. O Barreiro representa
a maior Região do Município de Belo Horizonte, com uma extensão territorial de
53,58 Km².
Segundo dados do Censo Demográfico de 2000, do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística - IBGE, a Região Administrativa Barreiro de Belo Horizonte
possui uma população de 262.194 habitantes, sendo 134.470 mulheres e 127.724
homens, o que significa densidade demográfica de 4.893,32 hab./Km.
Quanto à habitação, o Censo Demográfico de 2000 mostrou, também, que a
região possui 69.746 domicílios particulares permanentes, em que cerca de 90%
são casas. Dos responsáveis por esses domicílios, 73% são homens e quase
27% têm entre 30 e 39 anos. A maior parte - 49,65% - tem um rendimento entre ½
e 3 salários mínimos.
Distante 18 km do centro da capital, a Região possui dois distritos industriais e
participa com mais de 38% do VAF (Valor Agregado Fiscal) municipal. Conta com
dez agências bancárias e uma estrutura tradicional de serviços e comércio, de
porte significativo. Na área da educação, a região conta com 27 escolas
municipais, 25 escolas estaduais, diversas escolas particulares de ensino
fundamental e médio e 02 Instituições de Ensino Superior, que oferecem cursos
na área de gestão, instaladas recentemente, a partir de 2002.
Quanto aos aspectos históricos, o processo de formação do Barreiro remonta o
século XVII, quando aí se localizou colônia agrícola. O seu perfil industrial
somente se consolidou na década de 50, com a instalação da Companhia
Siderúrgica Mannesmann, constituindo, desde então, núcleo industrial com forte
concentração de operários. O crescimento da região está diretamente ligado à
instalação de novas unidades industriais que se seguiram à implantação da
Mannesmann.
Como resultado da industrialização e o conseqüente desenvolvimento econômico,
a Região se tornou um centro polarizador de atividades econômicas e sociais
básicas (saúde e educação). Conforme dados da Prefeitura Municipal de Belo
Horizonte, 65% dos atendimentos pediátricos da Unidade de Pronto Atendimento
do Jatobá e 40% das vagas ocupadas no sistema municipal de ensino, refere-se a
moradores de municípios vizinhos, caracterizando assim, o grau elevado de
dependência destes em relação aos centros de prestação de serviços de saúde
localizados na Região do Barreiro.
De fato, a Região conta, na área de saúde, com 28 unidades de prestação de
serviços sob a responsabilidade da Prefeitura, sendo 17 Centros de Saúde, 05
Unidades Especializadas, 01 Unidade de Emergência, 01 Unidade de Pronto
Atendimento - Barreiro, 01 Centro de Referência em Saúde Mental, 01 Centro de
Referência em Saúde Mental para Infância e Adolescência, 01 Centro de
Referência em Saúde do Trabalhador e 01 Farmácia Distrital. Dentro dos limites
da região Barreiro, encontram-se, também, 02 unidades da Fundação Hospitalar
do Estado de Minas Gerais - FHEMIG: os hospitais Eduardo de Menezes e Júlia
Kubitscheck. E ainda dois hospitais privados conveniados com o Sistema Único
de Saúde - SUS: o Hospital Santa Lúcia e o Hospital Infantil de Urgência São
Paulo.
Além de unidades de prestação de serviços na área de saúde, a Região tem, à
sua disposição, duas importantes unidades no segmento de lazer – o Centro de
Apoio Comunitário Barreiro - CAC Barreiro - e o Centro de Apoio Comunitário
Parque das Águas - CAC Parque das Águas - que oferecem atividades culturais,
esportivas e de lazer. Finalmente, a comunidade regional tem acesso ao Núcleo
de Apoio à Família - NAF, que presta assistência psicológica e social às famílias e
a grupos comunitários.
4. ÁREAS DE ATUAÇÃO E CURSOS DE GRADUAÇÃO OFERECIDOS
Ao se definir as áreas de atuação e os cursos a serem oferecidos pela IESP, o
fator decisivo para a escolha dos mesmos corresponde ao baixo custo de
implantação e de operacionalização, conhecido segundo alguns autores pela
expressão “cuspe e giz”, caracterizando-se, sobretudo pelo baixo valor de
investimentos, haja vista a necessidade de uma infra-estrutura bem mais modesta
e de poucos laboratórios (unicamente de informática), a serem implantados, se
comparados com outros cursos, por exemplo, como medicina e engenharia. Desta
forma, determinou-se trabalhar com as seguintes áreas de atuação, considerando
o critério utilizado pela CAPES:
Área do Saber: Ciências Sociais Aplicadas – Cursos: Administração, Ciências
Contábeis e Economia.
Área do Saber: Ciências Humanas e Sociais – Curso: Letras e Pedagogia
4.1. Estruturação dos Cursos
A Faculdade, sendo a primeira unidade acadêmica credenciada, está estruturada
a partir da implantação do Curso de Ciências Contábeis. A escolha deste curso
para iniciar a estruturação da faculdade pode ser explicada pela proximidade dos
Projetos Pedagógicos, onde grande parte da grade curricular pode ser
aproveitada na oportunidade da implantação do curso de Administração e de
Economia, além do laboratório de informática que precisará ser implantado numa
única vez e é o curso que mais o utiliza em função das disciplinas de Gestão
Tributária (Municipal, Estadual e Federal). O Centro Universitário, a segunda
unidade acadêmica credenciada, preocupa-se em atender o Decreto Presidencial
nº 3860, de 09 de julho de 2001, a Resolução nº 10, de 11 de março de 2002 do
Conselho Nacional de Educação, bem como o Decreto Presidencial nº 4914, de
11 de dezembro de 2003, onde dispõem sobre o credenciamento e autorização
dos cursos de graduação e determina os pré-requisitos para o credenciamento de
uma IES como Centro Universitário. O Centro Universitário deste trabalho é
composto dos Cursos de Administração, Economia e Ciências Contábeis(que já
existia enquanto Faculdade), Letras e Pedagogia. Para o recredenciamento da
IESP como Universidade, se supõe a criação de 03(três) cursos de mestrado
(Administração, Economia e Educação) e são observados os preceitos emanados
na LDBEN (1996), na Resolução nº 2, de 7 de abril de 1998, emitida pela Câmara
de Educação Superior, na Resolução nº 10, de 11 de março de 2002, do
Conselho Nacional de Educação e no Decreto Presidencial nº 3860, de 09 de
julho de 2001. Cabe ressaltar que além das leis, dos decretos e das resoluções já
citadas, são importantes fontes de pesquisas: i) Padrões de qualidade
disponibilizados no site do MEC; ii) Parecer emitidos pelo Conselho Nacional de
Educação, especialmente o de nº 329/2004, que versa sobre a Carga horária
Mínima dos cursos de graduação; iii) Diretrizes curriculares dos cursos de
graduação, emitida pela Secretaria de Educação Superior; iv) Formulários de
avaliação in loco dos avaliadores do MEC disponibilizados pelo Ministério da
Educação, quando do processo de avaliação das IESP´s. As principais
características, tomando-se como referência uma turma por curso a ser
implantado estão descritas na Tabela 13.
Tabela 13
Características principais dos cursos a serem implantados na IESP
Natureza Cursos Nº Alunos entrantes CH Total/Meses Períodos Anos
Graduação Ciências Contábeis 50 3000 horas/aulas 8 4 Graduação Administração 50 3000 horas/aulas 8 4 Graduação Economia 50 3000 horas/aulas 8 4 Graduação Letras 50 3000 horas/aulas 8 4 Graduação Pedagogia 50 3000 horas/aulas 8 4
Pós Graduação Mestrado em Administração 35 24 meses 4 2 Pós Graduação Mestrado em Economia 35 24 meses 4 2 Pós Graduação Mestrado em Educação 35 24 meses 4 2
Fonte: Dados da pesquisa - 2005
A partir destas características foram possíveis projetar os quadros financeiros e
iniciar as análises necessárias, que segue à frente.
4.2. Determinação dos Custos – Quadros financeiros
O objetivo primordial deste capítulo é detalhar os quadros financeiros e
econômicos que compõem, segundo Thiry-Cherques (2004)7, “a seqüência
normalmente seguida para se elaborar um projeto de viabilidade”; ou seja,
procurou-se ordenar os elementos previamente coletados à decisão de investir,
de modo que a análise fosse possível. Desta forma a seqüência da análise de
projetos proposta pelos autores citados corresponde à elaboração: i) do quadro
de investimento; ii) do quadro de fontes e aplicações de recursos; e iii) do quadro
de projeção dos resultados. Outrossim, serão demonstrados cada um destes
quadros a partir de agora.
4.2.1 Quadro de investimento
Conforme Buarque (1984, p. 25), dentro do processo de elaboração dos projetos
tem-se dois tipos de custos: (i) os investimentos e as despesas pré-operacionais,
que correspondem aos custos efetivados antes que a empresa comece a
funcionar e; (ii) os custos operacionais, que são aqueles que se repetem a cada
período de tempo considerado – um ano, por exemplo.
7 Vide também “Woiler e Mathias (1996)”
É através dos investimentos que se determinam as necessidades de recursos
financeiros para executar o projeto, pô-lo em marcha e garantir o seu
funcionamento inicial. Os investimentos necessários para a instalação e o
funcionamento inicial do projeto dividem-se em investimentos fixos e
investimentos circulantes, sendo, pois a diferença entre eles apresentada por
Melnick (1972, p. 138), quando afirma que “os recursos necessários para a
instalação, constituem o capital fixo ou o imobilizado do projeto e os necessários
ao funcionamento, o capital de trabalho ou de giro”. Desta forma o cálculo do
capital fixo deve prever, em essência, a especificação e determinação dos
componentes dos investimentos, em termos de: a) custo das pesquisas,
experiências e estudos prévios; b) custo dos terrenos para a instalação; c) custo
dos recursos naturais comprados de uma vez (jazidas minerais e bosques); d)
custo dos equipamentos; e) custo das instalações dos equipamentos; f) custo dos
edifícios industriais; g) custo das instalações complementares; h) custo do estudo
do projeto final; i) custos de organização da empresa; j) custo de patentes e
similares; l) custos de engenharia e da administração durante a montagem e
construção; m) custo do início do funcionamento; n) juros durante a montagem e
construção; o) custo das instalações para início das atividades; p) despesas
extraordinárias. É importante considerar também, que dentre os investimentos
tem-se bens de capital (edifícios, maquinaria, equipamentos, móveis, entre
outros) e estes têm vida útil determinada e precisam ser renovados ao final desta
vida útil, para tanto, além de seu valor a preço de mercado, deve-se também,
considerar a determinação do novo acréscimo nos investimentos para a sua
renovação ao fim de sua vida útil, significando então que periodicamente a
empresa precisa desembolsar recursos para repor o bem de capital depreciado,
possibilitando a continuação do empreendimento. De acordo com Thiry-Cherques
(2004) e Melnick, (1972), as principais fontes de informações para a elaboração
do quadro de investimento são: (a) Experiência passada – neste caso a empresa
pode utilizar-se de seus próprios recursos históricos devidamente inflacionados
para a data de análise e corrigi-los caso necessário; (b) Valores informados pelos
fornecedores – neste caso e empresa realiza consulta aos eventuais
fornecedores, favorecendo com isso, a obtenção de boas estimativas dos valores
a serem levantados; e (c) Uso de firmas de consultoria e/ou de consultores
especializados – neste caso o uso de serviço de consultoria muitas vezes
corresponde à única saída para especificar o valor de um projeto.
Já os investimentos circulantes dependem do nível efetivo de produção da
empresa e seu cálculo exige o conhecimento dos recursos financeiros
necessários para por em funcionamento a unidade de produção, garantir este
funcionamento sem risco de escassez de insumos, nem de liquidez (dinheiro),
necessários para todas as suas atividades. Compreendem, portanto, todo o
patrimônio da empresa em conta corrente, ou seja, inventário geral de matérias-
primas, combustíveis e outros materiais, mercadorias terminadas ou em processo
de elaboração, mercadorias em trânsito, contas a cobrar, adiantamentos aos
fornecedores, saldos líquidos em caixa e bancos. Tal conceito é aferido por
Melnick (1972, p. 141) quando apresenta que “chama-se capital de giro ou de
trabalho o patrimônio em conta corrente necessário às empresas para atender as
operações de produção ou distribuição de bens ou serviços, ou ambas”.
4.2.1.1 A projeção do custo de oportunidade de capital da IESP
Segundo Gitman8 (2004, p. 402), o custo de capital corresponde à taxa de retorno
que uma empresa deve conseguir nos projetos em que investe para manter o
valor do mercado de sua ação. Também pode ser considerada a taxa de retorno
exigida pelos fornecedores de capital no mercado para que seus fundos sejam
atraídos, independentemente se os recursos tiveram sua origem no capital próprio
ou de terceiros.
Primeiramente, então, deve-se entender que o conhecimento do custo de
oportunidade de capital é condição essencial para o sucesso de um projeto. Ao
buscar conhecer o custo de oportunidade de capital de uma empresa, deve-se na
verdade tentar responder a seguinte pergunta: Qual é o rendimento mínimo
aceitável do capital de uma empresa?
Segundo Mishan (1976, p. 93), o custo de oportunidade do uso corrente de um
bem ou insumo corresponde ao seu valor no melhor emprego alternativo do
mesmo. Isto significa que, conforme salienta Buarque (1984, p. 108), tomando
como base a metodologia da ONUDI, o custo de oportunidade de um investimento
é igual a quanto a economia deixa de produzir (em termos de consumo), pelo fato
de aplicar esses recursos em um determinado projeto. Por fim, Bacha et al (1974,
8 Ver também Assaf Neto (2003, p.358)
p. 83-84), inspirado na metodologia da OECD9 apresenta que custo de
oportunidade de capital é entendido como aquela taxa de retorno que é obtida
pelos projetos de investimento mais rentáveis dentre aqueles que se deixam de
realizar, devido à exaustão do volume de poupança disponível na economia. Buarque (1984, p. 109), apresenta ainda o conceito de taxa social de desconto,
que significa a taxa de desconto à qual a sociedade está disposta a trocar um
consumo atual por um consumo futuro. A taxa social de desconto, portanto, é a
taxa de desconto com que se devem atualizar os fluxos futuros dos custos e dos
benefícios econômicos. Em temos privados a taxa social de desconto deve ser
igual ao custo de oportunidade do capital, pois representa quanto pode receber o
capitalista na sua melhor alternativa de investimento, estando relacionada à taxa
de juros encontrada no mercado financeiro10. Convém, entretanto salientar que
Gitman (2004, p. 184) propõe que o administrador financeiro não deve avaliar
somente a melhor taxa, mas deve saber avaliar dois fatores importantes, em
busca da maximização da riqueza, que são o risco e o retorno. Ele define risco
como a possibilidade de perda financeira e que os investimentos (ativos) que
possuem maior risco11 devem oferecer maiores possibilidades de ganho (taxa) a
fim de atrair os investidores.
Entretanto, neste trabalho, não foi considerada a variável “risco”, pelo fato de não
haver a possibilidade de desistência do negócio, ou seja, o investimento será
feito, com ou sem risco, além de que para uma mensuração fidedigna deste risco
faltam informações do mercado financeiro, informações estas que a pesquisa não
acredita ter a necessidade de fazer; desta forma então para efeito do cálculo de
sensibilidade, ou seja, para obter a estimativa da taxa que reflete o custo de
oportunidade de capital, seguiu-se o proposto por Bacha et al (1972, p. 84-91),
onde ele apresenta as recomendações do manual da OECD e do trabalho do
Prof. Harberger12, onde se procurou extrair de dados de balanços de empresas as
informações necessárias para o cálculo do custo de oportunidade do capital no
9 I.M.D. Litle e J.A Nirrlees. Manual of Industrial Project Analysis in Developing Countries. Vol II: Social Cost benefit Analysis. (Paris: Developt Centre of the Organization for Economic Co-Operation and Development, 1969 10 Para Melnick (1972), a determinação da taxa real ou social de juros para projetos é uma tarefa muito difícil, pois nos países em desenvolvimento esta taxa deveria equivaler àquelas previstas em regulamentos especiais, entretanto pela escassez de recursos, esses patamares nunca são obedecidos, fato é que, às vezes, ainda segundo o autor, uma estimativa relativamente arbitrária seria preferível ao uso das taxas de mercado. 11 A palavra risco é usada como incerteza, referindo-se à variabilidade dos retornos associados a um ativo. 12 A.C. Harberger, “ Taxa de desconto para análise de custo-benefício”, Revista de Pesquisa e Teoria Econômica (Publicação do Instituto de Pesquisas Econômicas da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo), vol. I, abril 1970, nº 1, pp. 37-54.
Brasil. Desta forma, para este trabalho, foram considerados três diferentes custos
de oportunidade de capital, sendo: (i) 6,06% a.a. calculada a partir da média
aritmética simples das medianas do Retorno sobre o Patrimônio Líquido (Lucro
Líquido dividido pelo Patrimônio Líquido) das 500 maiores empresas de Capital
aberto (Sociedades Anônimas) entre os anos de 1994 a 2004, conforme tabela
14:
Tabela 14 Rentabilidade do PL das 500 maiores empresas não financeiras
Brasil, 1994-2004
Ano Base Rentabilidade do PL -Mediana13 - em %
1994 7,95 1995 3,51 1996 4,83 1997 4,40 1998 4,62 1999 1,23 2000 6,27 2001 5,74 2002 2,76 2003 11,26 2004 14,10
Média 6,06 Fonte: Revista Conjuntura Econômica – 1994 – 2005
(ii) A segunda projeção do Custo de Oportunidade do Capital, conforme tabela 15,
se deu através do cálculo da média aritmética simples da Taxa Selic real, dos
anos de 1995-2004, equivalendo a 15,55% a.a.
Tabela 15 Taxa Selic e Inflação
Brasil, 1995-2004 Taxa Selic Nominal Inflação(INPC) Selic – s/ Inflação
1995 38,92 21,98 16,94 1996 23,94 9,12 14,82 1997 42,04 4,34 37,70 1998 31,24 2,49 28,75 1999 18,99 8,43 10,56 2000 16,19 5,27 10,92 2001 19,05 9,44 9,61 2002 23,03 14,74 8,29 2003 16,91 10,38 6,53 2004 17,50 6,13 11,37
Média 24,78 9,23 15,55 Fonte: www.fgvdados.br -2005 13 A mediana, é uma medida de localização do centro da distribuição dos dados. Ordenados os elementos da amostra, a mediana é o valor (pertencente ou não à amostra) que a divide ao meio, isto é, 50% dos elementos da amostra são menores ou iguais à mediana e os outros 50% são maiores ou iguais à mediana.
(iii) A terceira e última projeção do Custo de Oportunidade do Capital se deu
através do cálculo da média aritmética simples das taxas Internacionais de Juros,
equivalendo a uma taxa média de 2,96% a.a., conforme tabela16, abaixo:
Tabela 16 Taxas Internacionais de Juros.
1995-2004
Anos Taxas Internacionais de Juros – Anuais (%)
1995 3,58 1996 3,62 1997 3,24 1998 4,44 1999 3,76 2000 3,32 2001 4,28 2002 1,23 2003 0,92 2004 1,22
Média 2,961 Fonte: Banco Central do Brasil -2005
4.2.1.2 O capital Circulante
Quanto ao capital circulante, Gersdorff (1979) salienta que “é preciso saber
quanto de dinheiro vamos precisar para tocar a nova fábrica após a instalação de
todos os equipamentos principais e auxiliares, dos móveis e utensílios até o
recebimento das primeiras receitas após as primeiras vendas”. Tal conceito é
complementado e aprimorado por Buarque (1984), quando apresenta que o
capital de trabalho, também conhecido como capital circulante, corresponde ao
montante dos recursos destinados ao financiamento do custo inicial, que permita
à empresa funcionar, vender e receber o pagamento, sendo formado
basicamente pelos: (i) recursos que a empresa deverá manter para fazer face de
caixa na cobertura de necessidades correntes; (ii) custos para manter um
estoque completo de matéria-prima e outros requerimentos necessários para
permitir que a empresa não pare de funcionar; (iii) custo para financiar materiais e
outros insumos necessários à elaboração dos produtos durante o tempo em que
os mesmos estejam sendo processados; (iiii) custo correspondente à certa
quantidade de produtos fabricados que ficarão no estoque de produtos
terminados até a sua venda; (iiiii) custo dos produtos que já foram vendidos, mas
cujo pagamento ainda não foi realizado, pois os compradores assinaram letras
com vencimento posterior.
Desta forma, neste trabalho, para o cálculo do Capital Circulante (investimento no
circulante), utilizou-se a fórmula abaixo (utilizando-se, para demonstração, o custo
de oportunidade de capital de 6,06% e que para aplicação dos demais custos de
oportunidade basta alterá-lo e adaptá-lo):
1,0606 x (Investimentos + despesas pré-operacionais) + Despesas Operacionais
Mensalidade = 1 + 0,0606 x 0,25
Após a aplicação da fórmula acima se deve dividir o resultado (mensalidade) pelo
número de alunos matriculados, e por fim multiplicar por 0,25.
Convém esclarecer que a taxa de 6,06% corresponde ao Custo de Oportunidade
do Capital, calculada a partir da média das medianas da Rentabilidade do
Patrimônio Líquido das 500 Maiores Sociedades Anônimas do Brasil, dos anos de
1994 a 2004, publicadas na Revista Conjuntura Econômica e já devidamente
demonstrada anteriormente.
Já os 25% correspondem à necessidade de capital circulante calculado em face
do impacto da inadimplência sobre o recebimento da mensalidade num semestre.
Para se chegar a este valor foi considerado que: (i) o aluno efetua o pagamento
antecipado da mensalidade; (ii) apenas no primeiro mês, que corresponde ao mês
da matrícula, o aluno paga a mensalidade sem inadimplência; (iii) a partir do
segundo mês de recebimento há uma taxa de inadimplência de 30% e; (iiii) foi
considerada uma mensalidade de R$ 100, no semestre. Desta forma tem-se o
seguinte fluxo de caixa, representado na tabela 17:
Tabela 17 Cálculo do efeito da inadimplência no Capital Circulante
Meses Recebimento Rec. Acumulado
Mensalidade Gerada
Mens. Acumulada
Taxa Inadimplência
Efeito sobre o Cap. Circulante
1 R$ 100,00 R$ 100,00 R$ 100,00 R$ 100,00 0,00% 0,00% 2 R$ 70,00 R$ 170,00 R$ 100,00 R$ 200,00 30,00% -15,00% 3 R$ 70,00 R$ 240,00 R$ 100,00 R$ 300,00 30,00% -20,00% 4 R$ 70,00 R$ 310,00 R$ 100,00 R$ 400,00 30,00% -22,50% 5 R$ 70,00 R$ 380,00 R$ 100,00 R$ 500,00 30,00% -24,00% 6 R$ 70,00 R$ 450,00 R$ 100,00 R$ 600,00 30,00% -25,00%
Total R$ 450,00 R$ 600,00 Fonte: Dados simulados - 2005
4.2.1.3 A determinação da “quantidade de espaço” necessário
A decisão de construir (ou investir numa) área comercial capaz de abarcar toda a
estrutura necessária para o funcionamento da IESP considera, primeiramente,
que o pagamento de aluguel representa uma simples transferência interna de
recursos entre os detentores dos fatores de produção, não representando, do
ponto de vista do empreendimento em seu conjunto, um investimento. Em
segundo lugar, através de pesquisa no Sindicato dos Corretores de Imóveis de
Belo Horizonte, chegou-se a conclusão de que não há na Região do Barreiro uma
estrutura comercial que possa abrigar uma IESP, nas dimensões requeridas. Em
terceiro lugar, não existe um padrão homogêneo e oficial de valor fixado de
aluguel para a Região, de modo que qualquer estimativa sobre os custos de
aluguel teria caráter subjetivo se fosse baseada nos preços de mercado14. Como
resultado, em lugar de se considerar os custos com a locação de imóveis, deve-
se computar os custos da construção das instalações necessárias.
Outrossim, o dimensionamento da IESP se dá a partir do primeiro ano de
funcionamento e em função dos cursos a serem oferecidos, da quantidade de
alunos e do número de turnos de funcionamento. É previsto um cronograma de
obras de engenharia seguindo a evolução prevista da demanda. Devido às
técnicas de construção civil hoje disponíveis, estima-se em dois meses o período
de construção das instalações necessárias para o funcionamento do primeiro
curso. É importante esclarecer que a determinação da “quantidade de espaço”
necessário, isto é, “a capacidade instalada” da escola está de acordo com a sua
real necessidade, garantindo racionalização e redução de custos decorrentes,
com índices de ociosidade muito baixos, senão nulos.
Desta forma para projetar a IESP usa-se a metodologia proposta pelo PROEP,
considerando o número de alunos, carga horária dos cursos, número de turnos,
mais precisamente o chamado fator “Aluno x Hora x Ano”, projetado para todo o
projeto. O fator “Aluno x Hora x Ano” reflete o número de horas que cada aluno,
de fato, ocupa espaço na escola, durante o ano letivo. Se considerado apenas o
14 Assim, por exemplo, o valor do aluguel de uma sala comercial com 1 banheiro e 20 m2 poderia variar de R$ 200,00 a R$ 300,00. Projetando-se esse valor para a estrutura necessária para o Curso de Ciências Contábeis (2.797 m2) ter-se-ia um custo de aluguel de R$ 37.299,70 para a Faculdade.
número de alunos não se teria a precisão necessária. Assim, o fator projetado de
aluno x hora x ano é que define o número adequado de “postos de trabalho”.
Posto de trabalho é o espaço físico reservado para que cada usuário desenvolva,
adequadamente, o seu trabalho em um ambiente. Numa sala de aula com 30
carteiras, existem 30 postos de trabalho, mesmo que a escola funcione em 3
turnos (PROEP, 2001). Como o que promove o funcionamento real da IESP são
as suas salas de aula e os seus laboratórios, projetando-se adequadamente o
número de posto de trabalho destes ambientes, ter-se-á os espaços pedagógicos
racionalizados e bem dimensionados. Porém, quanto aos laboratórios, nenhum é
usado todos os horários e as salas de aula também poderão ficar vazias alguns
horários (quando os alunos estarão nos laboratórios). Como resultado, considera-
se, conforme o índice de elegibilidade proposto pelo PROEP, índice de ocupação
mínimo de 60% dos espaços pedagógicos, sendo em torno de 80%, o índice
ideal. Assim, para que a IESP esteja dentro dos parâmetros do PROEP/MEC, ela
deverá ter, no máximo os postos de trabalho demonstrados na tabela abaixo, para
cada turma, conforme as características dos cursos:
Tabela 18 Número Máximo de Postos de Trabalho
Por tipo de Organização
Semestre Faculdade 1 Curso de Graduação
C. Universitário 5 Cursos de Graduação
Universidade 5 Cursos de Graduação
e 3 de Mestrado 1º semestre 83 417 592 2º semestre 167 833 1.183 3º semestre 250 1.250 1.775 4º semestre 333 1.667 2.367 5º semestre 417 2.083 2.783 6º semestre 500 2.500 3.200 7º semestre 583 2.917 3.617 8º semestre 667 3.333 4.033
Fonte: dados da pesquisa - 2005
Através da leitura da Tabela 18, pode-se observar que, se a IESP for projetada
com 50 postos de trabalho no primeiro semestre, estará ocupando 100% de sua
capacidade instalada e se for projetada com 83 postos de trabalho, estará
utilizando 60% da sua capacidade instalada. Cada tipo de ambiente deve estar
associado a um índice que indique a sua capacidade de utilização, sem
desperdício ou excesso no aproveitamento do seu espaço. A análise do
PROEP/MEC respeita o índice de capacidade definido pelo planejador, desde que
não prejudique as atividades pedagógicas por falta ou excesso. Nos estudos
realizados através do PROEP chega-se a alguns índices médios aqui
relacionados na tabela 19, como parâmetros para este trabalho:
Tabela 19 Parâmetros por Posto de Trabalho
Em m2 / posto de trabalho
Equipamento Parâmetro
Sala de Aula 1,4
Laboratório de Informática 2,0
Laboratório de Física 4,0
Laboratório de Eletrônica 4,0
Laboratório de Mecânica 8,0
Laboratório de Construção 10
Fonte: PROEP/MEC – Manual de Planejamento Estratégico Escolar - 2001
Conforme mostra a Tabela 19, há grande variedade de laboratórios e,
conseqüentemente, de índices de capacidade. Por isso, usa-se, neste trabalho,
um índice médio entre 4,0 e 5,0 m2 /posto de trabalho.
Com isto, é possível dimensionar as áreas destinadas as salas de aula e aos
laboratórios necessários. Entretanto, cabe lembrar que as escolas, de acordo com
o manual do PROEP/MEC, são formadas por outras áreas como ambientes
administrativos, espaços complementares e outros, demonstrados na tabela 20,
abaixo:
Tabela 20 Os Vários Espaços da Escola
Nome do ambiente Tipo do ambiente
Sala de aula Pedagógico
Laboratórios Pedagógico
Sala de Diretoria Administrativo
Sala de Coordenação Administrativo
Sala de Professores Administrativo
CPD Administrativo
Secretaria Administrativo
Financeiro/Contabilidade Administrativo
Biblioteca Espaços complementares
Auditório Espaços complementares
Monitoria Espaços complementares
Sala de multimeios Espaços complementares
Circulação/corredores Demais espaços
Banheiros Demais espaços
Copa Demais espaços
Depto Médico(Desde que não componha o laboratório) Demais espaços
Fonte: PROEP/MEC – Manual de Planejamento Estratégico Escolar – 2001 (adaptado pelo autor)
Também a partir do PROEP e através de levantamento de uma amostra de
escolas técnicas federais, estaduais e algumas internacionais, o Manual de
Planejamento Estratégico Escolar definiu parâmetros com relação ao percentual
médio das áreas dos tipos de ambientes que compõem a escola (tabela 21) e que
serão, conseqüentemente, tratados neste trabalho. Estes ambientes compõem a
área básica, que representa 70% aproximadamente do espaço, e a área restante,
destinada para diversos fins.
Tabela 21
Percentual médio das áreas dos tipos de ambientes
Tipo de ambiente % da Área Projetada
Laboratórios 30% da área projetada
Sala de Aula 20% da área projetada
Apoio Administrativo 10% da área projetada
Área Básica(= 70%)
Espaço Complementar 10% da área projetada
Áreas diversas(=30%) Demais espaços 30% da área projetada
Fonte: PROEP/MEC – Manual de Planejamento Estratégico Escolar – 2001 (adaptado pelo autor)
Na Tabela 22 encontram-se as projeções dos banheiros, vestiários e bebedouros,
a partir do que é estabelecido pelas normas da Organização Mundial de Saúde
(PROEP/MEC, 2001):
Tabela 22 Projeções de Bebedouros e Banheiros
Bebedouros – 01 bebedouro para cada 80 alunos
Banheiros Masculinos – 01 vaso e 01 mictório para cada 40 alunos
(considerando por turno), 01 chuveiro para cada 20 alunos e 01 lavatório para
cada 70 alunos
Banheiros Femininos – 01 vaso para cada 25 alunas (considerando por turno),
01 chuveiro para cada 20 alunas e 01 lavatório para cada 70 alunas
Fonte: PROEP/MEC – Manual de Planejamento Estratégico Escolar – 2001 (adaptado pelo autor)
4.2.1.4 O Horizonte de projeção dos investimentos da IESP
O horizonte de um empreendimento, que, segundo Gersdorff (1979, p. 226), é
condição essencial para fins de avaliação econômica de projetos, corresponde à
determinação prévia do número de anos de duração do mesmo, tomando-se o
cuidado de se estabelecer um critério justo, pois um horizonte muito longo pode
ser inconveniente, visto que, à medida que se afasta do instante inicial de
projeção, menor se torna a confiabilidade da mesma; por outro lado, um horizonte
curto demais também pode prejudicar a análise de um projeto cuja maturação é
mais demorada. É necessário, então, estabelecer uma solução baseada no bom
senso e nos indicadores disponíveis.
Um primeiro critério é fixar o horizonte do projeto em função da vida útil média dos
seus bens de capital (Woiler e Mathias, 1996, p. 167). Já Gersdorff (1979, p. 226)
afirma que a vida de um projeto pode ser determinada pela duração do seu ativo
fixo (máquinas e instalações). Desta forma, para este trabalho, sendo as
construções o principal ativo fixo em termos de valor, toma-se a sua vida útil
média, que é de 25 anos, como balizador para definição do horizonte de projeção
dos investimentos da IESP.
Aliado ao horizonte de projeção dos investimentos é importante destacar,
conforme já explicitado no capítulo da metodologia, que o modelo de cálculo para
o alcance dos custos médios por alunos, apresentado neste trabalho, segue a
metodologia de fluxo de caixa proposta por Gersdorff (1979) e Thiry-Cherques
(2004), que a propõem como o método de medição mais afinado e também
dinâmico de se conhecer os comportamentos das entradas e saídas de dinheiro,
permitindo a percepção imediata dos momentos de escassez, deficiência ou
ociosidade de recursos. Neste trabalho deve-se, contudo, lembrar também que
esta metodologia é aliada ao sistema de acumulação de custos (Custeio por
absorção), por ser o único aceito pela legislação fiscal, garantindo, assim, um
procedimento fidedigno para as devidas projeções. Os sistemas de acumulação
de custos determinam a forma como os mesmos são acumulados aos produtos
ou serviços, e a metodologia de fluxo de caixa especifica a ordem de entrada e
saída dos recursos da organização, ou seja, como os dispêndios de recursos
acontecem.
4.2.1.5 Cálculo dos Custos Médios por Aluno da IESP
Desta forma, considerando a metodologia de fluxo de caixa apresentada por
Gersdorff (1979) e Thiry-Cherques (2004), e ainda a partir das estimativas obtidas
por meio dos modelos apresentados por Cruz, Dias e Luque (2004, p.49), tem-se
uma estimativa do custo médio por aluno a partir do quociente entre o somatório
dos gastos anuais durante um período de 25 anos (que corresponde a vida útil
das edificações) e o número de alunos matriculados nos 25 anos de
funcionamento da IESP projetada. Tem-se, assim, a fórmula a seguir:
� Gastos anuais até o 25º ano de atividade
= _____________________________________________________________
Custo Médio por Aluno
Nº de alunos matriculados em 25 anos de atividades
Assim, os dados (gastos) obtidos a partir das projeções anuais, obedecendo à
categoria administrativa (Faculdade, Centro Universitário e Universidade), são
projetados, ano a ano, para um intervalo de tempo equivalente a 25 anos de
atividades da IESP; e após a devida projeção, é realizado um somatório destes
valores, obtendo-se o valor total dos gastos no período. Concomitantemente, são
projetados o número de alunos matriculados, por ano e o total de alunos no 25º
ano de funcionamento. Após a obtenção destas duas informações, procura-se
apurar o quociente entre os gastos totais e o número de alunos matriculados
totais, alcançando-se assim o valor de custo médio por aluno da Faculdade,
Centro Universitário e Universidade. Simulações são realizadas, alterando-se a
região de instalação da IESP, o custo de oportunidade do capital e o número de
turmas a serem abertas a fim de se conhecer o comportamento dos custos
médios por aluno nas diversas situações propostas.
4.2.1.6 Tratamento da Depreciação
Para a projeção dos valores nos 25 anos (horizonte do projeto), os critérios de
depreciação linear aceitos pelo fisco e utilizados neste trabalho são os
apresentados na Tabela 23, sendo que o método de depreciação adotado é o
“Método da depreciação linear ou de linha reta”, apresentado por Gersdorff(1979)
e Woiler e Mathias (1996).
Tabela 23
Taxas de Depreciação Linear
Em %
Item Taxa (% ao ano)
Construção civil 4%
Máquinas e
equipamentos
10%
Acessórios e ferramentas
e veículos
20%
Móveis e utensílios 10%
Fonte: Woiler e Mathias (1996)
Dado o critério de fluxo de caixa escolhido, tornar-se importante explicar a
importância de se calcular os valores da depreciação, haja vista que estes valores
não representam “saída” de recursos, entretanto sua utilidade se dá pelo fato de
que é importante conhecer o valor residual do equipamento no último ano da vida
do ativo, pois neste caso ao final dos 25 anos projetados, este valor residual deve
ser considerado como receita, ou redutor dos investimentos (gastos).
4.2.1.7 Total dos Investimentos
Na projeção dos investimentos num horizonte temporal de 25 anos, é importante
destacar que: i) o valor do terreno obedece aos valores obtidos através de
pesquisa realizada na PBH e constantes na tabela 12, sendo escolhida para a
projeção, a região do Barreiro, cujo valor por metro quadrado de terreno equivale
a R$ 68,00(sessenta e oito reais), sendo o menor de todos os valores
pesquisados; ii) para obras é tomada a média nacional divulgada nos Boletins do
CUB e índices do SINDUSCON, que considera o valor de R$ 552,32
(novembro/2005) para o metro quadrado de construção, padrão normal, ou seja,
prédio comercial; iii) os móveis e utensílios tem os seus valores projetados a partir
de cotações realizadas em lojas e fornecedores diretos, estas cotações
aconteceram presencialmente; iv) o levantamento da bibliografia básica do curso
de Ciências Contábeis aconteceu na seguinte ordem: a) levantamento das
disciplinas que compõem o curso e seu ordenamento por período letivo; b)
verificação na legislação própria sobre a bibliografia básica pré-determinada pelo
Ministério da Educação. Como não há uma lista dos livros exigidos e sim a
quantidade, ou seja, para reconhecimento seriam necessários 800 títulos (Manual
de Verificação em loco do Ministério da Educação), opta-se, neste trabalho, em
alinhar a bibliografia dos Cursos de Ciências Contábeis e Economia com a
bibliografia do Curso de Administração, uma vez que, neste curso há a
determinação mínima da bibliografia, com a relação completa das obras,
disponibilizada pelo MEC; c) pesquisa na editoras e livrarias sobre os valores dos
livros, e em bibliotecas(PUC e FEAD) sobre a ficha catalográfica das obras, e; d)
elaboração de uma planilha com o título da obra, quantidade e valor de mercado
atualizado. Importante destacar que para os demais cursos implantados, utiliza-se
uma média aritmética simples, por semestre, para se chegar ao valor das obras
do curso.
As despesas pré-operacionais referentes aos serviços prestados de recrutamento
e seleção, taxa de credenciamento junto ao MEC, treinamentos, limpeza e
conservação e vigilância são projetadas a partir de dados reais15, oriundos de
consultas às empresas prestadoras de serviços e entrevista com o supervisor
administrativo da PUC Minas, Sr. Paulo Lobato. Para estimar-se os custos
salariais, toma-se a tabela de salários do SAAE – Sindicato dos Auxiliares em
Administração Escolar de Minas Gerais, que será detalhada adiante.
Através dos anexos pode-se projetar e consolidar os valores que compuseram os
investimentos, as despesas pré-operacionais, o Custo de Oportunidade de Capital
e o Capital Circulante da IESP, para implantação de uma turma, por curso,
conforme demonstrado na Tabela 24. Desta forma é de suma importância
esclarecer que a projeção de uma turma representa o mínimo que se pode ter
para cada organização administrativa entrar em atividade, e que uma turma
corresponde a 50 (cinqüenta) alunos na Faculdade, 250 (duzentos e cinqüenta)
alunos no Centro Universitário e por fim, 355 (trezentos e cinqüenta e cinco)
15 Valores contratados e pagos, na época da pesquisa, pelas empresas consultadas.
alunos, enquanto Universidade. Ainda convém esclarecer que os valores de
reposição dos ativos permanentes, constantes nos anexos, são projetados a partir
do vencimento de sua vida útil, sendo, pois calculado e demonstrado, no 25º ano
o valor residual daqueles que não completaram mais um ciclo ao término deste
período (ver anexos).
Tabela 24 Total dos Investimentos Acumulados em 25 anos; ( com custo de oportunidade de
capital de 6,06%)
IESP localizada na Região do Barreiro Rubricas Faculdade Centro Universitário Universidade
Investimentos e Outros Gastos R$ 2.851.821 R$ 4.943.585 R$ 5.520.356 Terreno R$ 198.696 R$ 358.156 R$ 399.500 Construção R$ 1.580.046 R$ 2.813.151 R$ 3.146.044 Móveis R$ 281.150 R$ 651.065 R$ 763.879 Equipamentos R$ 747.670 R$ 926.470 R$ 990.190 Bibliografia R$ 44.260 R$ 194.743 R$ 220.743 Despesas Pré-operacionais R$ 57.924 R$ 60.141 R$ 55.641 Contratação e treinamento R$ 18.000 R$ 40.500 R$ 31.000 Gasto com pessoal R$ 39.924 R$ 19.641 R$ 24.641 Custo de Oportunidade Capital R$ 176.357 R$ 303.271 R$ 337.956 Capital Circulante R$ 10.026.027 R$ 32.977.206 R$ 49.874.446 Total Geral R$ 13.112.130 R$ 38.284.202 R$ 55.788.399 Comparação dos Gastos 100% 292% 425% Alunos Matriculados 18.600 93.000 113.370 Comparação dos alunos 100% 500% 610% Despesas por aluno matriculado R$ 704,95 R$ 411,66 R$ 492,09
Fonte: Dados da pesquisa - 2005
Mister se faz observar os gastos com investimento, despesas pré-operacionais,
custo de oportunidade do capital e capital circulante considerando-se os tipos de
organização (Tabela 24). Assim, enquanto que, no caso de uma Faculdade com
um curso e uma turma tem-se um investimento total de R$ 13.112.130, no caso
de um Centro Universitário com cinco cursos e cinco turmas (uma turma por
curso), o montante dos investimentos alcança R$ 38.284.202. Já no caso de uma
Universidade, com cinco turmas em nível de graduação e três turmas, em nível de
pós-graduação, o total dos gastos com investimentos alcança R$ 55.788.399. A
existência de economias de escala, derivadas do aproveitamento da estrutura
administrativa (sala da diretoria, sala dos professores, CPD, coordenações) e da
estrutura acadêmica (auditório, sala de monitoria, sala de multimeios,
departamento médico, biblioteca, dentre outros), pré-existente, manifesta-se pela
redução do montante dos investimentos por aluno, que é de R$ 704,95 no caso
de uma Faculdade, de R$ 411,66 no caso de um Centro Universitário e de R$
492,09 no caso de uma Universidade, conforme o descrito no texto.
Já na tabela 25, abaixo, estão demonstradas as despesas por aluno/ano,
representadas por: Investimento, Despesas Pré-operacionais, Custo de
Oportunidade de capital e Capital circulante. Percebe-se então, que no primeiro
ano de funcionamento a Faculdade apresenta um gasto por aluno de R$
15.900,54, já no Centro Universitário o gasto se reduz para R$ 4.725,81 e na
Universidade o gasto apresenta-se em R$ 4.288,68. É importante observar que,
em geral, estes gastos por aluno ao decorrer dos anos se apresentam
decrescentes, chegando a ser irrisórios no 25º ano de funcionamento, em função
do reconhecimento, neste ano, do valor residual dos bens de capital, pois estes
valores “entram como receita” no último ano, conforme demonstrados nos anexos.
Tabela 25 Despesas por Aluno/ano, em 25 anos
(com custo de oportunidade de capital de 6,06%)
IESP localizada na Região do Barreiro
Anos Faculdade Centro Universitário Universidade
1 R$ 15.900,54 R$ 4.725,82 R$ 4.288,68
2 R$ 1.122,45 R$ 644,52 R$ 719,64
3 R$ 672,90 R$ 379,16 R$ 372,62
4 R$ 369,51 R$ 237,68 R$ 239,47
5 R$ 147,44 R$ 102,33 R$ 120,71
6 R$ 112,74 R$ 78,25 R$ 93,42
7 R$ 91,27 R$ 63,35 R$ 76,20
8 R$ 76,67 R$ 53,21 R$ 64,34
9 R$ 66,09 R$ 45,87 R$ 55,67
10 R$ 58,08 R$ 40,31 R$ 49,06
11 R$ 119,32 R$ 52,51 R$ 58,50
12 R$ 48,71 R$ 34,40 R$ 42,02
13 R$ 44,38 R$ 31,35 R$ 37,63
14 R$ 40,75 R$ 28,79 R$ 34,60
15 R$ 36,16 R$ 25,10 R$ 30,79
16 R$ 33,63 R$ 23,34 R$ 28,65
17 R$ 31,42 R$ 21,81 R$ 26,79
18 R$ 29,49 R$ 20,47 R$ 25,16
19 R$ 27,78 R$ 19,28 R$ 23,72
20 R$ 26,26 R$ 18,22 R$ 22,43
21 R$ 57,34 R$ 25,23 R$ 28,38
22 R$ 24,65 R$ 17,41 R$ 21,44
23 R$ 23,49 R$ 16,59 R$ 20,06
24 R$ 22,44 R$ 15,85 R$ 19,17
25 R$ 1,71 R$ 7,39 R$ 11,44
Acumulado R$ 704,95 R$ 411,66 R$ 492,09 Fonte: Dados da pesquisa - 2005
4.2.2 A projeção dos custos e despesas operacionais da IESP
Buarque (1984) assinala que o cálculo dos custos operacionais é uma das mais
importantes e detalhadas etapas de um projeto. Os custos são divididos
basicamente em custos fixos e custos variáveis, sendo os custos fixos aqueles
que não dependem, em cada monumento, do nível de produção da unidade; já os
custos variáveis são os que dependem diretamente do nível de produção da
unidade em dado período de tempo. Além destas duas classificações, é
importante conhecer os custos unitários, isto é, os custos para produzir uma
unidade do produto, em diferentes níveis de produção.
Desta forma, após a projeção dos investimentos permanentes, gastos pré-
operacionais, custo de oportunidade de capital e capital circulante, busca-se
projetar os gastos operacionais, ou seja, aqueles gastos que estão relacionados
diretamente com a atividade produtiva da organização. Observe-se que, de
acordo com Campos, Roses e Baumgartber (2003), termos como gastos, perdas,
custos e despesas sempre provocaram alguma confusão quanto ao seu
verdadeiro significado e sua influência nos resultados das organizações. Torna-
se, portanto, importante apresentar algumas das definições que norteia este
trabalho, tais como: i) gasto – corresponde ao sacrifício financeiro para obtenção
de um produto ou serviço; ii) investimento – gasto que deverá proporcionar
benefícios futuros; iii) desembolso – pagamento resultante da aquisição de bens
e/ou serviços; iv) perda – bem ou serviço consumido de forma anormal ou
involuntária; v) custos variáveis – correspondem àqueles que variam numa
relação direta à variação da produção e; vi) custos fixos – são aqueles que não
oscilam de acordo com a produção.
Conforme salienta Melnick (1972),
“(...) para calcular e relacionar os custos de produção de um projeto, começa-se por decompô-los em rubricas parciais(...) nos orçamentos industriais podemos distinguir entre custos diretos, que se relacionam com o processo de produção propriamente dito, e os indiretos, ou seja, os de serviços complementares à produção”.
Deve-se lembrar também os conceitos trazidos por Martins (2003), que trata da
diferença entre custos e despesas e suas respectivas definições: “O Custo
corresponde ao gasto relativo ao bem ou serviço utilizado na produção de outros
bens e serviços; são todos os gastos relativos à atividade de produção”. Podem
ser classificados, neste trabalho, como: i) Custos Diretos, sendo aqueles relativos
ao processo de ensino e aprendizado, representados pelos professores, ou
relacionado diretamente ao corpo docente e; ii) Custos Indiretos, sendo àqueles
relativos ao processo de apoio ao ensino e aprendizado, da Diretoria,
Coordenação e demais setores que prestam apoio ao corpo docente. Já as
despesas, ainda segundo Martins (2003), correspondem “à administração geral
da organização, que não têm nenhum contato, direto ou indireto, com o processo
de transformação dos insumos em produtos acabados, ou com a efetiva
prestação de serviço”.
Dessa forma, os custos e despesas são projetados levando-se em consideração
o seu comportamento em relação ao nível de ocupação ou na proporção das
necessidades.
A fim de se estabelecer uma ordem na apresentação das informações,
demonstra-se um modelo de Plano de contas, tabela 26, com uma descrição
reduzida das contas, que é usado na confecção das planilhas.
Tabela 26
Plano de Contas – Contas de Resultado. Denominação Interpretação/Descrição
Custo Operacional Custo Direto Pessoal Salários Remuneração paga ao Professor INSS Parcela da contribuição ao INSS devida pelo empregador FGTS Contribuição do empregador para a formação do FGTS do empregado Provisão 13º Salário Provisão de um doze avos do salário mensal bruto de cada empresado Provisão de Férias Provisão de um doze avos do salário mensal do empregado Gratificação de Férias Provisão de um terço da Provisão de Férias
Recomposição dos Dias Não trabalhados Provisão para cobertura de faltas, férias e aviso prévio
Administrativas Atividades Extra Curriculares Gastos com a finalidade de complemento do ensino ou congraçamento dos alunos Laboratórios Melhoria, conservação de equipamentos bem como material de laboratório Áudio Visual Melhoria, conservação e utilização dos recursos de audiovisual Propaganda e Publicidade Gastos com contratos de publicidade firmados com empresas ou autônomos Materiais Material Didático Gastos de materiais específicos para fins didáticos Material Gráfico Gastos de materiais produzidos pela Gráfica Material Esportivo Gastos de Materiais específicos para fins esportivos - bolas, redes e outros Custo Indireto Pessoal
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Salários Remuneração paga ao funcionário Técnico/Administrativo INSS Parcela da contribuição ao INSS devida pelo empregador FGTS Contribuição do empregador para a formação do FGTS do empregado Provisão 13º Salário Provisão de um doze avos do salário mensal bruto de cada empresado Provisão de Férias Provisão de um doze avos do salário mensal do empregado Gratificação de Férias Provisão de um terço da Provisão de Férias
Recomposição dos Dias Não trabalhados Provisão para cobertura de faltas, férias e aviso prévio
Administrativas Deprecações e Amortizações Desvalorização dos bens devido ao seu desgaste conforme legislação específica Manutenção e Reparos Serviços ou materiais utilizados em reparo ou melhoria dos imóveis da empresa Energia Elétrica Gastos com utilização de energia elétrica Água Gastos com pagamento de taxas de água e esgoto Telefone, Fax e Internet Gastos com utilização de telefone, fax e internet Correios e Malotes Gastos com utilização dos serviços postais Assistência Social Gastos com melhoria do bem estar dos funcionários Jornais, Livros e Revistas Gastos com aquisição de jornais, livros e revistas Viagens Gastos com viagens de funcionários e diretores a serviço da escola Manutenção de Veículos Gastos com reparo e manutenção de veículos - inclusive combustíveis Copa, Cozinha e Refeitório Refeições preparadas para alimentação dos funcionários Condução Gastos com transporte de pessoas, não incluídas na viagem Treinamento de Pessoal Gastos visando a melhoria e especialização do quadro de pessoal Serviços Prestados Pessoa Jurídica Pagamento de serviços prestados por terceiros Relações Públicas Gastos com efetivação das relações sociais da empresa com o público e outros Vale Transporte Pagamento de despesas com transporte dos funcionários Participação do Trabalhador no VT Desconto das despesas de transporte dos funcionários Programa de Alimentação Pagamento de despesas com alimentação dos funcionários Participação do Trabalhador no PA Desconto de % referente ao total das despesas com alimentação Reparação de Equipamentos Gastos com reparos de máquinas e equipamentos, inclusive peças de reposição Materiais Material de Consumo Consumo de material de uso administrativo Material de Limpeza Consumo de material para limpeza e higiene Tributárias IPTU Imposto Predial e Territorial Urbano Impostos e Taxas Impostos e taxas diversas Financeiras Despesas Bancárias Despesas relativas à utilização de serviços bancários Fonte: Manual de Orçamento e Custos e sua Aplicação na Escola, 1997. Nota : Adaptado para este trabalho pelo autor. Estabelecido o Plano de Contas, passa-se a explicar cada grupo de despesas,
com a conseqüente demonstração dos valores apurados através das projeções.
4.2.2.1 Projeção dos custos de mão-de-obra (gastos com pessoal)
Os gastos com pessoal têm uma importância muito grande neste trabalho, pois,
segundo Campos, Roses e Baumgartber (2003), na atividade de prestação de
serviços, o item ”pessoal” assume valor significativo na composição dos gastos. O
seu dimensionamento deve ser bem avaliado, levando-se em consideração as
possíveis terceirizações e o uso de tecnologia. Para o dimensionamento de
pessoal se faz necessário calcular o número de funcionários necessários e o
momento em que será preciso contratar novos empregados, tendo-se em vista as
modificações na estrutura organizacional e o crescimento esperado em termos de
alunos matriculados.
Os gastos com pessoal considera os salários vigentes na região de Belo
Horizonte. Neste sentido, conforme determina a Convenção Coletiva de Trabalho
para 2005/2006, homologada pelo SINPRO/MG e pelo SINEPE/SUDESTE, em
sua Cláusula Quadragésima Terceira - Pisos Salariais, nenhum professor
abrangido por esse “Instrumento contratual” poderia perceber salário-aula-base
inferior aos mínimos estabelecidos na Tabela 27, entre o dia 1º (primeiro) de
fevereiro de 2005 e o dia 31 (trinta e um) de janeiro de 2006. Destaque-se que,
para o docente do Ensino Superior lotado em Belo Horizonte, o salário-aula
estabelecido correspondia a R$ 22,04 (vinte e dois reais e quatro centavos).
Tabela 27 Valor de Salário Aula Base
vigente entre 01/02/2005 a 31/01/2006
Salário-aula-base (R$)
Segmento
a partir de 1/2/05 Educação Infantil (zero a três anos) 5,59 Educação Infantil/Pré-escolar e Ensino Fundamental (1a a 4a séries) 7,00 Ensino Fundamental (5a. a 8a séries) e Ensino Médio 10,24 Ensino Superior e Posterior (Belo Horizonte) 22,04 Ensino Superior e Posterior (Demais Municípios) 16,92 Cursos Livres, Supletivo e Preparatório 12,13 Curso Pré-vestibular 16,49
Fonte: Sindicato dos Professores de Minas Gerais, 2005 – adaptado pelo autor
Quanto ao quadro de docentes este trabalho segue o que determina o Formulário
para Avaliação de Pedidos de Autorização e de Reconhecimento de Cursos de
Graduação, divulgado pelo Ministério da Educação e Secretaria de Educação
Superior. Neste formulário, exige-se, na média, para obtenção do Conceito
Regular, de 20 a 29% do corpo docente em regime de tempo integral e, para o
Conceito Bom, de 30 a 40% do corpo docente em regime de tempo integral. Já no
quesito de Titulação acadêmica, para receber o conceito Regular, a IESP deve ter
no mínimo 100% do corpo docente com pelo menos especialização, e para
Conceito Bom deve-se ter de 30 a 59% do corpo docente com
Mestrado/Doutorado. Para este trabalho, considera-se o conceito Bom, para todas
as projeções.
Em relação aos salários dos técnicos e funcionários administrativos, supõe-se
uma estrutura do corpo técnico composta por: diretor, coordenador, secretária
escolar, técnico em informática, bibliotecária, gerente de CPD, gerente
administrativo e financeiro e auxiliar de enfermagem. Quanto ao quadro
administrativo, assume-se que o mesmo seria composto por: auxiliar de
secretaria, assistente administrativo e financeiro, auxiliar de biblioteca e auxiliar
de áudio e vídeo. Os valores dos salários são estabelecidos a partir dos valores
constantes no “Relatório de pesquisa salarial por 44 horas semanais”, onde
consta os salários médios praticados nos estabelecimentos de ensino no Estado
de Minas Gerais, divulgado pelo SAEE – MG – Sindicato dos Auxiliares em
Administração Escolar do Estado de Minas Gerais, em maio de 2005, com
vigência até fevereiro de 2006.
Os encargos sociais utilizados para cálculo do custo de pessoal, estão
demonstrados na tabela 28, correspondendo a 64,44% do valor da folha. Para se
chegar a esta porcentagem, deve-se tomar em consideração as parcelas básicas
(cota patronal do INSS e FGTS), bem como encargos sociais a serem
provisionados de modo a fazer face às determinações legais (décimo terceiro
salário, gratificação de férias, substituição), bem como estimativas para faltas,
licenças, aviso prévio e outros. O total a ser recolhido de INSS corresponde a
25,50%, sendo formado por 21% de INSS correspondendo à parcela patronal,
mais 2,5% de salário educação, mais 2,0% de SESI, SENAI e SENAC. A alíquota
correspondente ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviços – FGTS - é de
8,5%, sendo que 8% é depositado em conta vinculada do empregado e 0,5% vai
para o Governo. A Provisão de 13º Salário e Provisão de Férias correspondem,
cada uma delas a um mês de salário, o que significa o percentual de 8,33%.
Deve-se lembrar que, conforme a CLT, as Férias são acrescidas de uma
Gratificação, correspondente à 1/3 das mesmas, ou seja, 33,33% do valor das
férias. Por último a Recomposição dos Dias Não Trabalhados14.
16 Percentual médio, encontrado através de cálculos internos, e que tem o objetivo de cobrir as eventuais faltas, avisos prévios e férias, onde um funcionário estará ausente e seu serviço deverá ser realizado por outro; no caso desta pesquisa optou-se trabalhar com o percentual médio apurado no Grupo Pitágoras, em 2001.
Tabela 28
Detalhamento dos encargos sociais.
Natureza %
INSS s/ Salário 25,50%
FGTS s/ Salário 8,50%
Provisão 13º Salário (1/12 avos) do Salário 8,33%
Provisão Férias (1/12 avos do Salário) 8,33%
Provisão Gratificação Férias (1/3 de 1/12 avos do Salário) 2,78%
INSS s/ Provisões 4,96%
FGTS s/ Provisões 1,65%
Recomposição dos Dias Não Trabalhados 4,39%
Total 64,44%
Fonte: Dados da pesquisa – 2005 Os cálculos detalhados encontram-se nos anexos deste trabalho, demonstrando-
se aqui apenas o resultado consolidado (tabela 29) do gasto mensal de salários,
tanto do corpo docente quanto ao meio técnico e administrativo, bem como as
suas variações.
Tabela 29 Gastos com Pessoal Direto (Professores) e Indireto (Técnicos e Administrativos)
Acumulados em 25 anos IESP localizada na Região do Barreiro.
Rubricas Faculdade Centro
Universitário Universidade Pessoal (Professores) R$ 19.311.484 R$ 96.557.420 R$ 156.808.302 Comparação 100% 500% 812%Custo (Professores) por aluno R$ 1.038 R$ 1.038 R$ 1.383 Pessoal (Téc/Administrativos) R$ 11.126.812 R$ 16.346.801 R$ 18.334.801 Comparação 100% 147% 165%Custo (Téc/Adm) por aluno R$ 598 R$ 176 R$ 162 Total Geral (Professores+Téc/Adm.) R$ 30.438.296 R$ 112.904.221 R$ 175.143.103 Comparação 100% 371% 575%Custo por aluno(Professores+Téc/Adm) R$ 1.636 R$ 1.214 R$ 1.545
Fonte: Dados da pesquisa - 2005
Conforme se pode perceber através da leitura da Tabela 29, em relação ao re-
credenciamento da Faculdade para o Centro Universitário, o custo por aluno com
pessoal direto (Professores), não sofre nenhuma alteração, permanecendo em R$
1.038; por sua vez, o custo por aluno com pessoal indireto (técnico/administrativo)
sai de R$ 598 para R$ 176, representando uma queda de 70,57%. Desta forma,
considerando-se o somatório dos custos por aluno com pessoal direto e indireto,
tem-se R$ 1.636 no caso de uma Faculdade, passando para R$ 1.214 no caso
de Centro Universitário, denotando um decréscimo de 25,79%. É importante
observar que em relação ao total gasto com os professores, há uma variação de
400%, passando de R$ 19.311.484 para R$ 96.557.420 respectivamente; já nos
custos indiretos a variação fica em apenas em 47%, ou seja, de R$ 11.126.812
para R$ 16.346.801, demonstrando, desta forma, uma maior utilização da
capacidade ociosa que existia enquanto Faculdade, existente em vários setores
como biblioteca, sala de multimeios, auditório, departamento médico, laboratórios
de informática e espaços administrativos (secretaria, sala da diretoria,
coordenação e outros).
Já quando se considera a oportunidade de re-credenciamento do Centro
Universitário para a Universidade, o custo por aluno com pessoal direto
(Professores), sofre um crescimento de 33,24% , saindo de R$ 1.038 para R$
1.383; por sua vez, o custo por aluno com pessoal indireto sai de R$ 176 para R$
162, representando uma pequena queda (7,95%); desta forma, considerando-se o
somatório dos custos por aluno com pessoal direto e indireto, tem-se no Centro
Universitário um valor de R$ 1.214, que sobe para R$ 1.545 quando se tem uma
Universidade, denotando um acréscimo de 27,27%.
É ainda importante observar que, em relação ao total gasto com pessoal,
percebe-se que a variação dos custos diretos é 5 vezes maior (62%) em relação à
variação do custo indireto (12%), pois enquanto os Custos Diretos saltam de R$
96.557.420 (Centro Universitário) para R$ 156.808.302 (Universidade), os
indiretos passam de R$ 16.346.801 para R$ 18.334.801, respectivamente;
demonstrando que a organização chega bem próximo à sua capacidade máxima
de utilização dos custos indiretos ou estruturais, onde que para propiciar maior
crescimento deverá haver incrementos nos custos indiretos, ou seja,
considerados fixos, a fim de continuar mantendo o padrão de qualidade na
prestação de serviços, em cada “fase” de sua implantação.
Já na tabela 30, abaixo, estão demonstradas as despesas com pessoal por
aluno/ano. Percebe-se que, no seu primeiro ano de funcionamento, a Faculdade
apresenta um gasto por aluno de R$ 4.152,34; já no Centro Universitário, o gasto
se reduz a R$ 2.057,02 e no caso da Universidade o gasto é de R$ 3.786,22. É
importante observar que os gastos por aluno se apresentam decrescentes no
decorrer dos anos, chegando a R$ 68,23 na Faculdade, R$ 51,33 no Centro
Universitário e R$ 64,07 na Universidade, no 25º ano de funcionamento.
Tabela 30
Gastos por ano/aluno com Pessoal Direto (Professores) e Indireto (Técnicos e Administrativos)
IESP localizada na Região do Barreiro. Em R$
Faculdade Centro Universitário Universidade Anos
Professores Téc/Adm Total Professores Téc/Adm Total Professores Téc/Adm Total
1 1.185,19 2.967,15 4.152,34 1.185,19 871,83 2.057,02 3.097,59 688,63 3.786,22
2 790,75 890,14 1.680,89 790,75 261,55 1.052,30 1.235,75 206,59 1.442,34
3 581,42 423,88 1.005,30 581,42 124,55 705,97 765,05 102,72 867,77
4 457,77 247,26 705,04 457,77 72,65 530,43 556,69 62,52 619,21
5 316,92 171,18 488,10 316,92 50,30 367,22 394,09 44,26 438,35
6 242,35 130,90 373,25 242,35 38,46 280,81 305,00 34,25 339,25
7 196,19 105,97 302,16 196,19 31,14 227,33 248,76 27,94 276,70
8 164,80 89,01 253,81 164,80 26,15 190,95 210,04 23,59 233,62
9 142,07 76,74 218,80 142,07 22,55 164,62 181,74 20,41 202,15
10 124,85 67,44 192,28 124,85 19,81 144,66 160,17 17,99 178,16
11 111,35 60,14 171,50 111,35 17,67 129,02 143,17 16,08 159,25
12 100,49 54,28 154,76 100,49 15,95 116,44 129,44 14,54 143,97
13 91,55 49,45 141,01 91,55 14,53 106,09 118,10 13,26 131,37
14 84,08 45,42 129,50 84,08 13,34 97,43 108,60 12,20 120,79
15 77,74 41,99 119,72 77,74 12,34 90,07 100,51 11,29 111,80
16 72,28 39,04 111,32 72,28 11,47 83,75 93,54 10,51 104,05
17 67,54 36,48 104,02 67,54 10,72 78,26 87,47 9,82 97,30
18 63,38 34,24 97,62 63,38 10,06 73,44 82,15 9,23 91,37
19 59,71 32,25 91,96 59,71 9,48 69,19 77,43 8,70 86,13
20 56,44 30,48 86,92 56,44 8,96 65,40 73,23 8,22 81,46
21 53,51 28,90 82,41 53,51 8,49 62,00 69,46 7,80 77,26
22 50,86 27,47 78,34 50,86 8,07 58,94 66,06 7,42 73,48
23 48,47 26,18 74,65 48,47 7,69 56,16 62,98 7,07 70,05
24 46,29 25,00 71,30 46,29 7,35 53,64 60,17 6,76 66,93
25 44,30 23,93 68,23 44,30 7,03 51,33 57,60 6,47 64,07
Médio 1.038,25 598,22 1.636,47 1.038,25 175,77 1.214,02 1.383,16 161,73 1.544,88
4.2.2.2 Projeção das despesas administrativas, materiais, tributárias e de
cobrança.
As despesas administrativas, materiais, tributárias e de cobrança correspondem
aos gastos necessários para a gestão das operações da empresa, abrangendo os
gastos relativos ao consumo de água, energia elétrica, telefonia, manutenção e
reparos, serviços terceirizados, viagens, correio, fax, material de escritório e
gráfico, material de limpeza, seguros, taxas, benefícios (assistência médica, vale-
transporte e vale-refeição) entre outros especificados no Plano de Contas (Tabela
26). Estas despesas são quase que exclusivamente relacionadas à administração
da empresa, ao pessoal burocrático e aos gastos de expediente, incluindo custos
comerciais, marketing, custos financeiros e custos tributários.
Os cálculos detalhados encontram-se nos anexos deste trabalho, apresentando-
se aqui, através da tabela 31, apenas os resultados consolidados dos gastos de
cunho administrativo, material, financeiro e tributário, tanto do corpo docente,
quanto ao meio técnico e administrativo.
Tabela 31 Gastos de cunho administrativo, material, financeiro e tributário
Acumulados em 25 anos IESP localizada na Região do Barreiro.
Rubricas Faculdade Centro Universitário Universidade Custo direto R$ 441.000 R$ 2.205.000 R$ 3.510.000 Administrativas R$ 336.000 R$ 1.680.000 R$ 2.670.000 Materiais R$ 105.000 R$ 525.000 R$ 840.000 Comparação dos custos 100% 500% 796%Custo por aluno R$ 23,71 R$ 23,71 R$ 30,96 Custo indireto R$ 6.746.379 R$ 13.491.323 R$ 17.953.573 Administrativas R$ 6.028.379 R$ 11.867.323 R$ 15.509.573 Materiais R$ 177.000 R$ 531.000 R$ 708.000 Tributárias R$ 490.000 R$ 940.000 R$ 1.430.000 Cobrança R$ 51.000 R$ 153.000 R$ 306.000 Comparação dos custos 100% 200% 266%Custo por aluno R$ 362,71 R$ 145,07 R$ 158,36 Custo Total R$ 7.187.379 R$ 15.696.323 R$ 21.463.573 Comparação dos Custos 100% 218% 299%Alunos Matriculados 18.600 93.000 113.370 Custo por aluno R$ 386,42 R$ 168,78 R$ 189,32
Fonte: Dados da pesquisa - 2005 De maneira similar ao que ocorre no caso do custo da mão de obra, nas
projeções dos 25 anos dos gastos administrativos, materiais, tributários e de
cobrança, é possível perceber (Tabela 31), que o custo direto por aluno é o
mesmo (R$ 23,71) considerando-se a Faculdade e o Centro Universitário; por sua
vez, o custo classificado como indireto cai de R$ 362,71 para R$ 145,07,
representando uma redução de 60%; desta forma, considerando-se o somatório
dos custos direto e indireto, por aluno, tem-se um custo por aluno de R$ 386,42
no caso da Faculdade, custo que passa para R$ 168,78 quando se considera o
Centro Universitário, denotando um decréscimo de 56,32%. É importante
observar que, em relação ao total direto gasto, há uma variação de 400%,
passando de R$ 441.000 para R$ 2.205.000; já nos custos indiretos esta variação
não alcança o mesmo percentual, ficando apenas em 100%, ou seja, de R$
6.746.379 para R$ 13.491.323, demonstrando, mais uma vez, a melhor utilização,
no Centro Universitário, da capacidade ociosa que existia na Faculdade, sendo a
capacidade ociosa percebida em setores como biblioteca, sala de multimeios,
auditório, departamento médico, laboratórios de informática e espaços
administrativos (secretaria, sala da diretoria, coordenação e outros).
Já quando se considera a oportunidade de re-credenciamento do Centro
Universitário para a Universidade, o custo direto por aluno sofre um crescimento
de 30,58% , saindo de R$ 23,71 para R$ 30,96; por sua vez, o custo indireto por
aluno sai de R$ 145,07 para R$ 158,36, representando uma pequena elevação de
9,16%. Somando, então, os custos administrativos, materiais, de cobrança e
tributários, tanto diretos como indiretos, apura-se que o custo por aluno é de R$
386,42 no caso da Faculdade, de R$ 168,78 no caso Centro Universitário, ou
seja, 56,32% menor em relação à Faculdade e, na Universidade, é de R$ 189,32,
ou seja 51,01% menor em relação à Faculdade e 12,17% maior em relação ao
Centro Universitário. É ainda importante salientar que, quando se considera a
oportunidade de re-credenciamento do Centro Universitário para a Universidade,
apura-se que a variação dos custos diretos totais é da ordem de 59%, enquanto a
variação dos custos indiretos é de apenas 33%, com destaque para os gastos
financeiros, que dobraram na relação Centro Universitário - Universidade.
Na tabela 32 estão demonstradas as despesas de cunho administrativo, material,
financeiro e tributário, por aluno/ano, onde se percebe então, que no primeiro ano
de funcionamento a Faculdade apresenta um gasto por aluno de R$ 1.916,63; já
no Centro Universitário o gasto se reduz para R$ 837,14 e na Universidade o
gasto apresenta-se em R$ 806,14. É importante observar que estes gastos por
aluno ao decorrer dos anos se apresentam decrescentes, chegando a R$ 15,46
na Faculdade, R$ 6,75 no Centro Universitário e R$ 7,57 na Universidade, no 25º
ano de funcionamento.
Tabela 32 Gastos por ano/aluno de cunho administrativo, material, financeiro e tributário
IESP localizada na Região do Barreiro Em R$
Faculdade Centro Universitário Universidade Anos
Professores Téc/Adm Total Professores Téc/Adm Total Professores Téc/Adm Total
1 117,60 1.799,03 1.916,63 117,60 719,54 837,14 131,83 674,31 806,14
2 35,28 539,71 574,99 35,28 215,86 251,14 39,55 202,29 241,84
3 16,80 257,00 273,80 16,80 102,79 119,59 19,66 100,58 120,24
4 9,80 149,92 159,72 9,80 59,96 69,76 11,97 61,22 73,19
5 6,78 103,79 110,58 6,78 41,51 48,30 8,47 43,34 51,81
6 5,19 79,37 84,56 5,19 31,74 36,93 6,56 33,54 40,10
7 4,20 64,25 68,45 4,20 25,70 29,90 5,35 27,36 32,71
8 3,53 53,97 57,50 3,53 21,59 25,11 4,52 23,10 27,61
9 3,04 46,53 49,57 3,04 18,61 21,65 3,91 19,99 23,89
10 2,67 40,89 43,56 2,67 16,35 19,03 3,44 17,61 21,06
11 2,38 36,47 38,85 2,38 14,59 16,97 3,08 15,75 18,82
12 2,15 32,91 35,06 2,15 13,16 15,31 2,78 14,23 17,02
13 1,96 29,98 31,94 1,96 11,99 13,95 2,54 12,99 15,53
14 1,80 27,54 29,34 1,80 11,01 12,81 2,33 11,94 14,28
15 1,66 25,46 27,12 1,66 10,18 11,85 2,16 11,05 13,21
16 1,55 23,67 25,22 1,55 9,47 11,01 2,01 10,29 12,30
17 1,45 22,12 23,57 1,45 8,85 10,29 1,88 9,62 11,50
18 1,36 20,76 22,12 1,36 8,30 9,66 1,77 9,03 10,80
19 1,28 19,55 20,83 1,28 7,82 9,10 1,66 8,52 10,18
20 1,21 18,48 19,69 1,21 7,39 8,60 1,57 8,05 9,63
21 1,15 17,52 18,67 1,15 7,01 8,15 1,49 7,64 9,13
22 1,09 16,66 17,75 1,09 6,66 7,75 1,42 7,26 8,69
23 1,04 15,87 16,91 1,04 6,35 7,39 1,35 6,93 8,28
24 0,99 15,16 16,15 0,99 6,06 7,05 1,29 6,62 7,91
25 0,95 14,51 15,46 0,95 5,80 6,75 1,24 6,33 7,57
Custo Médio 23,71 362,71 386,42 23,71 145,07 168,78 30,96 158,36 189,32
Tendo discutido os gastos de forma discriminada, é possível , apresentá-los de
forma consolidada (Tabela 33), salientando as diferenças entre Faculdade, Centro
Universitário e Universidade.
Tabela 33
Gastos totais, alunos matriculados e custo por aluno ao final dos 25 anos IESP localizada na Região do Barreiro
Rubricas Faculdade Centro Universitário Universidade
Investimentos e Outros Gastos R$ 2.851.821 R$ 4.943.585 R$ 5.520.356 Terreno R$ 198.696 R$ 358.156 R$ 399.500 Construção R$ 1.580.046 R$ 2.813.151 R$ 3.146.044 Móveis R$ 281.150 R$ 651.065 R$ 763.879 Equipamentos R$ 747.670 R$ 926.470 R$ 990.190 Bibliografia R$ 44.260 R$ 194.743 R$ 220.743 Despesas Pré-operacionais R$ 57.924 R$ 60.141 R$ 55.641 Contratação e treinamento R$ 18.000 R$ 40.500 R$ 31.000 Gasto com pessoal R$ 39.924 R$ 19.641 R$ 24.641 Custo de Oportunidade do Capital R$ 176.357 R$ 303.271 R$ 337.956 Capital Circulante R$ 10.026.027 R$ 32.977.206 R$ 49.874.446 Despesas Operacionais R$ 37.625.676 R$ 128.600.544 R$ 196.606.676 Custo Direto R$ 19.752.484 R$ 98.762.420 R$ 160.318.302 Pessoal R$ 19.311.484 R$ 96.557.420 R$ 156.808.302 Administrativas R$ 336.000 R$ 1.680.000 R$ 2.670.000 Materiais R$ 105.000 R$ 525.000 R$ 840.000 Custo Indireto R$ 17.873.192 R$ 29.838.124 R$ 36.288.374 Pessoal R$ 11.126.812 R$ 16.346.801 R$ 18.334.801 Administrativas R$ 6.028.379 R$ 11.867.323 R$ 15.509.573 Materiais R$ 177.000 R$ 531.000 R$ 708.000 Tributárias R$ 490.000 R$ 940.000 R$ 1.430.000 Cobrança R$ 51.000 R$ 153.000 R$ 306.000 Total Geral R$ 50.737.806 R$ 166.884.746 R$ 252.395.075 Comparação dos Gastos 100% 329% 497%Alunos Matriculados 18.600 93.000 113.370 Comparação dos alunos 100% 500% 610%Gastos por aluno R$ 2.728 R$ 1.794 R$ 2.226 Comparação dos gastos alunos 100% 66% 82% (*) Taxa utilizada para cálculo do Custo de Oportunidade de Capital – 6,06% Fonte: Dados da pesquisa – 2005 Através da leitura da tabela 33, verifica-se que, enquanto o número de alunos é
multiplicado por 5 quando se transita da estrutura correspondente a uma
Faculdade para um Centro Universitário, saindo de 18.600 alunos para 93.000
alunos matriculados, os custos totais crescem apenas 3,29 vezes, passando de
R$ 50.737.806 para R$ 166.884.746, acarretando com isso uma redução no custo
médio por aluno da ordem de 34%, demonstrando-se, desta forma, que o
aumento dos custos não acontece de maneira proporcional ao aumento do
número de alunos, trazendo desta forma uma queda no custo médio por aluno.
Por outro lado, no caso das simulações deste estudo, quando se transita de um
Centro Universitário para uma Universidade, percebe-se que, enquanto o
percentual de incremento de alunos é de 22%, o incremento dos gastos é de
51,24%, fazendo com que o custo médio por aluno suba de R$ 1.794 no caso do
Centro Universitário para R$ 2.226 no caso da Universidade, representando um
aumento de 24%. Em outras palavras, o aumento do número de alunos faz-se
acompanhar por elevação dos custos por aluno quando se transita da estrutura
correspondente a um Centro Universitário para uma Universidade (veja-se o
Gráfico 6). A explicação do aparente paradoxo está nos elevados custos dos
cursos de Pós-graduação implantados no re-credenciamento da IESP enquanto
Universidade, fazendo com que o custo médio por aluno se eleve.
Gráfico 6 Número de Alunos Matriculados e Custo Médio por Aluno
IESP localizada na Região do Barreiro
Custo Médio por Aluno (Barreiro)
R$ 2.728
R$ 1.794
R$ 2.226
R$ 1.700
R$ 1.900
R$ 2.100
R$ 2.300
R$ 2.500
R$ 2.700
Faculdade Centro Universitário Universidade
Fonte: Dados da pesquisa – 2005
Após as análises já realizadas onde foram contempladas as variáveis localização
(Barreiro), custo de oportunidade de capital (6,06%) e apenas uma turma por
curso, se torna essencial, com o objetivo de se alcançar uma compreensão
melhor do assunto, eliminando a variável estrutura, realizar outra simulação, que
tem como base as seguintes premissas: 1) região do Barreiro; 2) custo de
Oportunidade de Capital igual a 6,06% e; 3) número crescente de turmas de
graduação implantadas por curso, iniciando em uma turma e terminando com
-34%
+24%
18.600 alunos
93.000 alunos
113.370 alunos
vinte e cinco turmas e ainda uma turma de cada curso de pós-graduação
(Universidade). O resultado pode ser verificado na tabela 34 e no gráfico 7.
Tabela 34 Gasto Médio por Aluno
Variando-se o número de alunos e turmas por curso (Custo de Oportunidade de Capital de 6,06%)
IESP localizada na Região do Barreiro Nº Turmas/por Curso Nº Alunos Faculdade Nº Alunos Centro Universitário Nº Alunos Universidade 1 Graduação e 1 Pós(*) 18.600 R$ 2.727,84 93.000 R$ 1.794,46 113.370 R$ 2.226,30 2 Graduação e 1 Pós(*) 37.200 R$ 2.060,04 186.000 R$ 1.578,31 206.370 R$ 1.844,76 3 Graduação e 1 Pós(*) 55.800 R$ 1.837,44 279.000 R$ 1.506,26 299.370 R$ 1.700,27 4 Graduação e 1 Pós(*) 74.400 R$ 1.726,14 372.000 R$ 1.470,23 392.370 R$ 1.624,27 5 Graduação e 1 Pós(*) 93.000 R$ 1.659,36 465.000 R$ 1.448,62 485.370 R$ 1.577,40 6 Graduação e 1 Pós(*) 111.600 R$ 1.614,84 558.000 R$ 1.434,21 578.370 R$ 1.545,60 7 Graduação e 1 Pós(*) 130.200 R$ 1.583,04 651.000 R$ 1.423,91 671.370 R$ 1.522,61 8 Graduação e 1 Pós(*) 148.800 R$ 1.559,19 744.000 R$ 1.416,20 764.370 R$ 1.505,22 9 Graduação e 1 Pós(*) 167.400 R$ 1.540,64 837.000 R$ 1.410,19 857.370 R$ 1.491,60 10 Graduação e 1 Pós(*) 186.000 R$ 1.525,80 930.000 R$ 1.405,39 950.370 R$ 1.480,64 15 Graduação e 1 Pós(*) 279.000 R$ 1.481,28 1.395.000 R$ 1.390,98 1.415.370 R$ 1.447,46 20 Graduação e 1 Pós(*) 372.000 R$ 1.459,02 1.860.000 R$ 1.383,77 1.880.370 R$ 1.430,69 25 Graduação e 1 Pós(*) 465.000 R$ 1.445,66 2.325.000 R$ 1.379,45 2.345.370 R$ 1.420,57 (*) Presente apenas na Universidade Fonte: Dados da pesquisa – 2005
Convém salientar que as comparações de custo médio por aluno se dão no
âmbito da turma completa, pois não é possível aceitar uma turma com menos de
50 alunos para a Graduação e de 35 alunos para a Pós-graduação.
Considerando a formação de turmas fechadas, pode-se através da leitura da
Tabela 34 e da representação do gráfico 7, perceber que o custo por aluno
decresce quanto se aumenta o número de alunos e, ainda que, a partir de
determinado número de alunos, os custos associados teoricamente com uma
estrutura “mais cara” (Universidade) se tornam menores do que os custos
associados a uma estrutura “mais barata” (Faculdade), com menos alunos.
Gráfico 7
Gastos Médios por Aluno Faculdade, Centro Universitário e Universidade (Custo de Oportunidade de Capital de 6,06%)
IESP localizada na Região do Barreiro
R$ 2.727,84
R$ 2.060,04
R$ 1.837,44
R$ 1.726,14
R$ 1.659,36
R$ 1.794,46
R$ 1.578,31
R$ 1.506,26R$ 1.470,23 R$ 1.448,62
R$ 2.226,30
R$ 1.844,76
R$ 1.700,27
R$ 1.624,27R$ 1.577,40
R$ 1.400,00
R$ 1.600,00
R$ 1.800,00
R$ 2.000,00
R$ 2.200,00
R$ 2.400,00
R$ 2.600,00
R$ 2.800,00
1 Graduação e 1 Pós 2 Graduação e 1 Pós 3 Graduação e 1 Pós 4 Graduação e 1 Pós 5 Graduação e 1 Pós
Faculdade
Centro Universitário
Universidade
Fonte: Dados da pesquisa – 2005 Ainda sob a análise de turmas fechadas, o Gráfico 7 também revela que, o melhor
aproveitamento da capacidade instalada, refletido pela racionalização dos
recursos e espaços se dá quando a IESP está organizada como um Centro
Universitário, onde apresenta os menores custos por aluno, tendo seu ápice
quando chega à 465.000 alunos matriculados, apresentando um custo por aluno
de R$ 1.448,62.
Entretanto, é importante estabelecer outro tipo de análise, que leva em
consideração não somente a possibilidade do efeito-escala, pressupondo-se uma
mesma estrutura, mas também o efeito organizacional, considerando Faculdade,
Centro Universitário e Universidade. Desta forma, através da Figura 5, tem-se o
custo (linha do y - vertical), o número de alunos (linha do x - horizontal) e o custo
médio por aluno, classificados em três categorias: Faculdade, Centro Universitário
e Universidade. Ainda por meio de sua leitura, pode-se afirmar que existe um
padrão de comportamento entre as variáveis apresentadas, onde o custo médio
por aluno da Universidade apresenta-se, em geral, maior que o custo médio por
aluno do Centro Universitário e este superior ao da Faculdade, sendo possível
perceber ainda que quando o número de alunos cresce o Custo médio por aluno
se apresenta decrescente.
Figura 5 Gastos Médios por Aluno x Número de Alunos Faculdade, Centro Universitário e Universidade (Custo de Oportunidade de Capital de 6,06%)
Fonte: Dados da pesquisa – 2005
R$ 1.794,46
R$ 1.578,31
R$ 1.506,26R$ 1.470,23
R$ 1.448,62
R$ 1.659,36
R$ 1.726,14
R$ 1.837,44
R$ 2.226,30
R$ 1.844,76
R$ 1.700,27
R$ 1.624,27
R$ 1.577,40
R$ 2.727,84
R$ 2.060,04
R$ 1.400,00
R$ 1.500,00
R$ 1.600,00
R$ 1.700,00
R$ 1.800,00
R$ 1.900,00
R$ 2.000,00
R$ 2.100,00
R$ 2.200,00
R$ 2.300,00
R$ 2.400,00
R$ 2.500,00
R$ 2.600,00
R$ 2.700,00
R$ 2.800,00
- 18.600 37.200 55.800 74.400 93.000 111.600 130.200 148.800 167.400 186.000 204.600 223.200 241.800 260.400 279.000 297.600 316.200 334.800 353.400 372.000 390.600 409.200 427.800 446.400 465.000 483.600
R$ 1. 7 9 4 , 4 6
R$ 1. 5 7 8 , 3 1
R$ 1. 5 0 6 , 2 6R$ 1. 4 7 0 , 2 3 R$ 1. 4 48 , 62
R$ 1. 6 5 9 , 3 6
R$ 1. 72 6 , 14
R$ 1. 83 7 , 44
R$ 2 . 2 2 6 , 3 0
R$ 1. 8 44 , 7 6
R$ 1. 7 00 , 2 7
R$ 1. 6 24 , 27R$ 1. 5 77 , 40
R$ 2 . 72 7 , 84
R$ 2 . 06 0 , 0 4
R$ 1.400,00
R$ 1.500,00
R$ 1.600,00
R$ 1.700,00
R$ 1.800,00
R$ 1.900,00
R$ 2.000,00
R$ 2.100,00
R$ 2.200,00
R$ 2.300,00
R$ 2.400,00
R$ 2.500,00
R$ 2.600,00
R$ 2.700,00
R$ 2.800,00
- 18.600 37.200 55.800 74.400 93.000 111.600 130.200 148.800 167.400 186.000 204.600 223.200 241.800 260.400 279.000 297.600 316.200 334.800 353.400 372.000 390.600 409.200 427.800 446.400 465.000 483.600
Universidade Centro Universitário Faculdade
5. ANÁLISE DE SENSIBILIDADE
Os cálculos realizados até o presente momento, utilizaram-se de informações
consideradas como constantes durante todo o período da simulação. Entretanto,
com o objetivo de verificar se existem economias de escala na atividade de
ensino superior em Belo Horizonte, toma-se o proposto por Buarque (1984, p.
182), quando afirma que vale a pena, incluir um passo a mais no procedimento de
análise para que permita ao avaliador conhecer de que forma as variações de
cada uma das variáveis podem influir nos resultados esperados, seja do projeto
ou da análise de desempenho de um ativo. Noutras palavras, qual é a
sensibilidade do resultado do projeto a cada uma das duas variáveis principais.
Conforme Assaf Neto (2003, p. 334), a análise de sensibilidade corresponde a
uma metodologia de avaliação do risco que revela em quanto o resultado se
modificará diante de alterações em variáveis utilizadas para se montar o fluxo de
caixa. A análise de sensibilidade envolve os resultados líquidos de caixa para
cada modificação possível do valor das variáveis consideradas relevantes,
auxiliando o processo de decisão de investimento em condições de risco. Através
da análise de sensibilidade, é possível conhecer em que medida as variáveis
consideradas relevantes influenciam os resultados de um projeto.
Nesta mesma direção, Buarque (1984) salienta que, através da análise de
sensibilidade, é possível determinar em que medida um erro ou modificação de
uma das variáveis incide nos resultados finais do projeto, definindo, desta forma,
quais elementos devem ser melhor estudados. Noutras palavras, trata-se de se
determinar qual é a sensibilidade do projeto em relação a cada variável
considerada relevante.
Considerando-se os objetivos deste estudo, as principais variáveis usadas para a
análise de sensibilidade foram: i) custo do terreno em cada região da Cidade de
Belo Horizonte e ii) custo de Oportunidade do Capital requerido pelo investidor.
i) A localização
Dentro do proposto, a primeira simulação considera que a IESP pode ser
instalada em qualquer uma das regiões de Belo Horizonte, mantendo-se
inalterado o custo de oportunidade de capital (igual a 6,60% ao ano), e que se
teria uma turma de 50 alunos para cada curso de graduação e uma turma com 35
alunos em cada curso de pós-graduação da IESP (Universidade). Os resultados
desta primeira simulação são apresentados no gráfico 8, abaixo:
Gráfico 8 Total dos Gastos por Aluno
(1 turma de Graduação e de Pós-graduação(Universidade), Custo de Oportunidade de Capital de 6,06%)
IESP localizada em todas as Regiões de Belo Horizonte
R$ 2.748
R$ 3.032
R$ 1.802
R$ 1.904
R$ 2.233
R$ 2.327
R$ 2.741R$ 2.739R$ 2.735R$ 2.730R$ 2.730R$ 2.728 R$ 2.728
R$ 1.794 R$ 1.795 R$ 1.795 R$ 1.795 R$ 1.797 R$ 1.798 R$ 1.799
R$ 2.226 R$ 2.226 R$ 2.227 R$ 2.227 R$ 2.229 R$ 2.230 R$ 2.231
R$ 1.700
R$ 1.900
R$ 2.100
R$ 2.300
R$ 2.500
R$ 2.700
R$ 2.900
R$ 3.100
Barreiro Norte Pampulha Nordeste Noroeste Oeste Leste Venda Nova Centro-Sul
Faculdade
Centro Universitário
Universidade
Fonte: Dados da pesquisa – 2005
Percebe-se, através da leitura do gráfico 8, que o menor custo médio por aluno se
dá na região do Barreiro, sendo R$ 1.794 no Centro Universitário, R$ 2.226 na
Universidade e R$ 2.728 na Faculdade. Quanto ao maior custo médio por aluno,
ele é encontrado na região Centro-sul, apontando R$ 1.904 no Centro
Universitário, R$ 2.327 na Universidade e R$ 3.032 na Faculdade. Considerando
as regiões analisadas a variação dos custos médios por aluno entre a Faculdade
e o Centro Universitário é da ordem de -34% e entre o Centro Universitário e a
Universidade de +24%. Também é importante analisar que, através da Figura 6,
onde mesmo variando a escala, a relação entre os gastos médios por aluno e a
escala não se altera, ou seja, o Centro Universitário continua apresentando a
melhor relação de aproveitamento e racionamento dos gastos em função do
número de alunos matriculados, seguida da Universidade e, por fim, da
Faculdade.
Figura 6
Custo Médio por aluno de 2 a 5 turmas - (Custo de oportunidade de 6,06%)
IESP localizada em todas as Regiões de Belo Horizonte
.
C ust o M édio p or A luno ( t o das as reg io nais) co m 2 t urmas d e Graduação e 1 t uams d e Pós g rad uação
R$ 2 . 0 7 5
R$ 2 . 2 8 7
R$ 1. 5 8 4
R$ 1. 6 7 1
R$ 1. 8 5 1
R$ 1. 9 3 4
R$ 2 . 0 7 0R$ 2 . 0 6 8R$ 2 . 0 6 6R$ 2 . 0 6 2R$ 2 . 0 6 1R$ 2 . 0 6 0 R$ 2 . 0 6 0
R$ 1. 5 7 8 R$ 1. 5 7 8 R$ 1. 5 7 9 R$ 1. 5 7 9R$ 1. 5 8 1 R$ 1. 5 8 2 R$ 1. 5 8 2
R$ 1. 8 4 5 R$ 1. 8 4 5 R$ 1. 8 4 5 R$ 1. 8 4 5 R$ 1. 8 4 7 R$ 1. 8 4 8 R$ 1. 8 4 9
R$ 1. 5 0 0
R$ 1. 6 0 0
R$ 1. 7 0 0
R$ 1. 8 0 0
R$ 1. 9 0 0
R$ 2 . 0 0 0
R$ 2 . 10 0
R$ 2 . 2 0 0
R$ 2 . 3 0 0
Bar r eir o Nor t e Pampulha Nor dest e Nor oest e Oest e Lest e Ven da Nova Cen t r o- Sul
Faculdade
Cen t r o Un iver sit á r io
Un iver sidade
Custo Médio por Aluno (todas as regionais) com 3 turmas de Graduação e 1 tuams de Pós graduação
R$ 1.850
R$ 2.038
R$ 1.512
R$ 1.593
R$ 1.706
R$ 1.785
R$ 1.846R$ 1.845R$ 1.842R$ 1.839R$ 1.839R$ 1.837 R$ 1.838
R$ 1.506 R$ 1.506 R$ 1.507 R$ 1.507 R$ 1.508 R$ 1.509 R$ 1.510
R$ 1.700 R$ 1.700 R$ 1.701 R$ 1.701 R$ 1.702 R$ 1.703 R$ 1.704
R$ 1.400
R$ 1.500
R$ 1.600
R$ 1.700
R$ 1.800
R$ 1.900
R$ 2.000
R$ 2.100
Barreiro Norte Pampulha Nordeste Noroeste Oeste Leste Venda Nova Centro-Sul
Faculdade
Centro Universitário
Universidade
Custo Médio por Aluno (todas as regionais) com 4 turmas de Graduação e 1 tuams de Pós graduação
R$ 1.738
R$ 1.914
R$ 1.476
R$ 1.554
R$ 1.630
R$ 1.707R$ 1.734R$ 1.733R$ 1.731R$ 1.727R$ 1.727R$ 1.726 R$ 1.726
R$ 1.470 R$ 1.470 R$ 1.471 R$ 1.471 R$ 1.472 R$ 1.473 R$ 1.474
R$ 1.624 R$ 1.624 R$ 1.625 R$ 1.625 R$ 1.626 R$ 1.627 R$ 1.628
R$ 1.400
R$ 1.500
R$ 1.600
R$ 1.700
R$ 1.800
R$ 1.900
R$ 2.000
Barreiro Norte Pampulha Nordeste Noroeste Oeste Leste Venda Nova Centro-Sul
Faculdade
Centro Univ ersitário
Univ ersidade
Custo Médio por Aluno (todas as regionais) com 5 turmas de Graduação e 1 tuams de Pós graduação
R$ 1.671
R$ 1.839
R$ 1.454
R$ 1.531
R$ 1.583
R$ 1.658R$ 1.667R$ 1.666R$ 1.664R$ 1.661R$ 1.660R$ 1.659 R$ 1.659
R$ 1.449 R$ 1.449 R$ 1.449 R$ 1.449 R$ 1.451 R$ 1.452 R$ 1.452
R$ 1.577 R$ 1.577 R$ 1.578 R$ 1.578 R$ 1.578 R$ 1.580 R$ 1.581
R$ 1.400
R$ 1.450
R$ 1.500
R$ 1.550
R$ 1.600
R$ 1.650
R$ 1.700
R$ 1.750
R$ 1.800
R$ 1.850
Barreiro Norte Pampulha Nordeste Noroeste Oeste Leste Venda Nova Centro-Sul
Faculdade
Centro Universitário
Universidade
Fonte: Dados da pesquisa – 2005
ii) Custo de Capital
A segunda simulação considera que a IESP será instalada na região do Barreiro,
ainda que é requerido um custo de oportunidade de capital igual a 2,96%, ou
6,06% ou então de 15,55%, conforme já calculado e detalhado anteriormente, e
que se term uma turma de 50 alunos para cada curso de graduação e uma turma
com 35 alunos em cada curso de pós-graduação da IESP(Universidade). Os
resultados desta primeira simulação são apresentados nos gráficos 9 e 10 abaixo:
Gráfico 9
Gastos Totais por aluno (Diversos Custos de Oportunidade de Capital)
IESP localizada na Região do Barreiro
R$ 2.726 R$ 2.728 R$ 2.734
R$ 1.795 R$ 1.794 R$ 1.793
R$ 2.228 R$ 2.226 R$ 2.222
R$ 1.700
R$ 1.900
R$ 2.100
R$ 2.300
R$ 2.500
R$ 2.700
R$ 2.900
0,00% 2,00% 4,00% 6,00% 8,00% 10,00% 12,00% 14,00% 16,00% 18,00%
Faculdade
Centro Universitário
Universidade
Fonte: Dados da pesquisa – 2005
Percebe-se, através da leitura dos gráficos 9 e 10, que o menor custo médio por
aluno é apurado na região do Barreiro, com a IESP classificada como Centro
Universitário, ficando os custos médios por aluno entre R$ 1.793 e R$ 1.795, para
os custos de oportunidade de capital considerados. Já para a Universidade tem-
se o custo por aluno entre R$ 2.222 e R$ 2.228, dados os custos de oportunidade
de capital; por último, apresenta-se a Faculdade com o custo médio por aluno
entre R$ 2.726 e R$ 2.734, dados os custos de oportunidade de capital. Mais uma
vez, cabe ressaltar que ao analisar a relação entre os gastos médios por aluno e
a escala percebe-se que a mesma não se altera, ou seja, o Centro Universitário
continua apresentando a melhor relação de aproveitamento e racionamento dos
gastos em função do número de alunos matriculados, seguida da Universidade e,
por fim, da Faculdade.
Gráfico 10 Gastos Totais por Aluno
(Diversos Custos de Oportunidade de Capital) IESP localizada na Região do Barreiro
2,96%6,06%
15,55%
Centro Universitário
Universidade
Faculdade
R$ 2.726 R$ 2.728 R$ 2.734
R$ 2.228 R$ 2.226 R$ 2.222
R$ 1.795 R$ 1.794R$ 1.793
R$ -
R$ 500
R$ 1.000
R$ 1.500
R$ 2.000
R$ 2.500
R$ 3.000
Fonte: Dados da pesquisa – 2005
Percebe-se ainda, através da leitura do gráfico 10, que a seqüência dos custos
médios por aluno se dá, do mais baixo para o mais alto: (1) Centro Universitário,
em torno de R$ 1.793; (2) Universidade, R$ 2.222 em média, e; (3) Faculdade,
por volta de R$ 2.726. Mais uma vez, cabe ressaltar que ao analisar a relação
entre os gastos médios por aluno e a escala percebe-se que a mesma não se
altera, ou seja, o Centro Universitário continua apresentando a melhor relação de
aproveitamento e racionamento dos gastos em função do número de alunos
matriculados, seguida da Universidade e, por fim, da Faculdade.
Por fim, considerando a região do Barreiro, variando a escala (de 2 a 5 turmas de
graduação por curso e 1 turma de Pós-graduação por curso (Universidade)), e
variando o custo de oportunidade de capital é possível, através da Figura 6,
abaixo, projetar os custos por aluno, e ao analisar a relação entre os gastos
médios por aluno e a escala, concluir que a mesma não se sofre alteração em
nenhuma das situações apresentadas, ou seja, o Centro Universitário continua
apresentando o menor custo por aluno, demonstrando uma melhor relação de
aproveitamento e racionamento dos gastos em função do número de alunos
matriculados, seguida dos custos por aluno da Universidade e, por fim, da
Faculdade.
Figura 7 Custo Médio por aluno de 2 a 5 turmas
(Custo de oportunidade de 2,96%, 6,06% e 15,55%) IESP localizada no Barreiro
R$ 2.059
R$ 1.579
R$ 1.846
R$ 2.060
R$ 1.578
R$ 1.845
R$ 2.063
R$ 1.576
R$ 1.841
R$ - R$ 500 R$ 1.000 R$ 1.500 R$ 2.000 R$ 2.500
2,96%
6,06%
15,55%
2 T u r ma s d e G r a d u a ção e 1 d e P ós - g r a d u a ção
Universidade
Cent ro Universit ário
Faculdade
R$ 1.837
R$ 1.507
R$ 1.701
R$ 1.837
R$ 1.506
R$ 1.700
R$ 1.839
R$ 1.504
R$ 1.697
R$ - R$ 200 R$ 400 R$ 600 R$ 800 R$ 1.000 R$ 1.200 R$ 1.400 R$ 1.600 R$ 1.800 R$ 2.000
2,96%
6,06%
15,55%
3 Turmas de Graduação e 1 de Pós-graduaçãoUniversidade
Centro Universitário
Faculdade
R$ 1.726
R$ 1.471
R$ 1.625
R$ 1.726
R$ 1.470
R$ 1.624
R$ 1.728
R$ 1.468
R$ 1.621
R$ 1.300 R$ 1.350 R$ 1.400 R$ 1.450 R$ 1.500 R$ 1.550 R$ 1.600 R$ 1.650 R$ 1.700 R$ 1.750
2,96%
6,06%
15,55%
4 Turmas de Graduação e 1 de Pós-graduação
Universidade
Centro Universitário
Faculdade
R$ 1.659
R$ 1.450
R$ 1.578
R$ 1.659
R$ 1.449
R$ 1.577
R$ 1.660
R$ 1.446
R$ 1.574
R$ 1.300 R$ 1.350 R$ 1.400 R$ 1.450 R$ 1.500 R$ 1.550 R$ 1.600 R$ 1.650 R$ 1.700
2,96%
6,06%
15,55%
5 Turmas de Graduação e 1 de Pós-graduação
Universidade
Centro Universitário
Faculdade
Fonte: Dados da pesquisa – 2005
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS, CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES.
A pesquisa apresentada na presente dissertação buscou fundamentalmente
verificar se existem economias de escala na atividade de ensino superior privado,
tomando-se como base espacial o Município de Belo Horizonte. Para tanto se fez
necessário analisar os dados a partir de dois efeitos: a) o efeito-escala,
pressupondo-se uma mesma estrutura organizacional, e; b) o organizacional,
considerando Faculdade, Centro Universitário e Universidade.
Relativamente ao efeito-escala, onde foi considerada uma mesma estrutura
organizacional, deve-se ressaltar que no caso da IESP, os valores dos custos
médios por aluno apresentaram-se decrescentes (ver figura 8), demonstrando
desta forma o aproveitamento racional e intensivo dos fatores de produção, a
partir do aumento da escala do estabelecimento, com a conseqüente queda nos
custos por aluno, indicando, por fim, a presença de economia de escala.
Pressupondo-se a análise sob o efeito organizacional, conclui-se que o custo
médio por aluno da Universidade apresenta-se, em geral, maior que o custo
médio por aluno do Centro Universitário e este superior ao da Faculdade, sendo
possível perceber ainda que quando o número de alunos cresce o Custo médio
por aluno se apresenta decrescente. Contudo, considerando turmas fechadas, a
partir da mudança estrutural, quando se transita do Centro Universitário para a
Universidade, percebe-se que há uma alteração considerável do custo médio por
aluno, apesar da ampliação da escala. Esta elevação do custo médio por aluno
pode ser justificada principalmente em função do custo direto, especialmente com
despesas de pessoal (professores) que, em relação ao Centro Universitário
apresentou um crescimento de 62%, bem superior à ampliação da escala
(incremento ao número de alunos), que foi de 22%, passando de 93.000 alunos,
para 113.370 alunos. Deve-se a isto o fato de que na Universidade, além do
número de alunos por turma ser menor, apenas 35 alunos, os professores do
curso de Pós-graduação têm dedicação exclusiva, recebendo por uma carga
horária de 30 horas/semana, ficando todos estes custos embutidos no curso,
sendo que, estes fatos acumulados aos outros gastos, que também cresceram,
divididos por um menor número de alunos, fez com que o custo médio por aluno
se elevasse na ocasião da mudança estrutural entre Centro Universitário e
Universidade, entretanto demonstrando a sua redução quando se aumenta a
escala na Universidade, indicando, novamente, a presença de economia de
escala.
Figura 8 O comportamento do custo médio por aluno por cada tipo de organização
(Custo de oportunidade de 6,06%) IESP localizada no Barreiro
O comportamento do custo médio por aluno na Faculdade
R$ 2.727,84
R$ 2.060,04
R$ 1.837,44
R$ 1.726,14R$ 1.659,36
R$ 1.600,00
R$ 1.800,00
R$ 2.000,00
R$ 2.200,00
R$ 2.400,00
R$ 2.600,00
R$ 2.800,00
18600 alunos 37200 alunos 55800 alunos 74400 alunos 93000 alunos
O com portam ento do custo m édio por aluno na Centro Universitário
R$ 1.794,46
R$ 1.578,31
R$ 1.506,26R$ 1.470,23
R$ 1.448,62
R$ 1.400,00
R$ 1.450,00
R$ 1.500,00
R$ 1.550,00
R$ 1.600,00
R$ 1.650,00
R$ 1.700,00
R$ 1.750,00
R$ 1.800,00
93000 aluno s 186000 aluno s 279000 aluno s 372000 aluno s 465000 alunos
O comportamento do custo médio por aluno na Universidade
R$ 2.226,30
R$ 1.700,27
R$ 1.624,27R$ 1.577,40
R$ 1.844,76
R$ 1.500,00
R$ 1.600,00
R$ 1.700,00
R$ 1.800,00
R$ 1.900,00
R$ 2.000,00
R$ 2.100,00
R$ 2.200,00
R$ 2.300,00
113370 alunos 206370 alunos 299370 alunos 392370 alunos 485370 alunos
Fonte: dados da pesquisa - 2006
Finalmente, este trabalho evidenciou a possibilidade de se avaliar a relação entre
a escala e o custo médio por aluno de uma mesma instituição de ensino superior
de cunho privado de forma a produzir informações que possibilitem aos gestores
tomar decisões que resultem em um melhor aproveitamento dos recursos
disponíveis e em uma maior eficiência na alocação dos mesmos.
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