21
5/7/2014 A reprise (resposta ao pós-dramático) – Questão de Crítica – Revista eletrônica de críticas e estudos teatrais http://www.questaodecritica.com.br/2010/03/a-reprise-resposta-ao-pos-dramatico/ 1/21 A reprise (resposta ao pós-dramático) Tradução de Humberto Giancristofaro do artigo La reprise O artigo aqui traduzido foi publicado como introdução ao livro Études Théâtrales 38-39/2007 – La Réinvention du drame (sous l’influence de la scène). “Reprise: I. [...] 2º Ação de fazer de novo depois de uma interrupção [...]. 4º (1611, “reparação”) Técnico. Reparação de uma parede, de um pilar [...]. 5º Remendar um tecido para reconstituir sua tecelagem [...] II. 1º O fato de voltar a vida, vigor (planta). O fato de dar um novo impulso após um momento de parada, de crise [...] 2º O fato de recomeçar, de voltar.” (Petit Robert) A obra de Hans-Thies Lehmann recentemente publicada na França (1) e, mais largamente, a moda do nome “teatro pós-dramático” têm ao menos a vantagem de lembrar-nos da dissociação entre teatro e drama: o drama – entendamos a forma dramática – não está mais necessariamente no fundamento do teatro; há todo um teatro que não consiste mais na encenação de um drama anteriormente escrito, um OK Nome Email Selecionar o mês Autor: Jean-Pierre Sarrazac (http://www.questaodecritica.com.br/author/jean-pierre-sarrazac/) (HTTP://WWW.QUESTAODECRITICA.COM.BR) Seções (#) Revista (#) Busca (#)

A reprise (resposta ao pós-dramático) – Questão de Crítica – Revista eletrônica de críticas e estudos teatrais.pdf

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Texto de Jean Pierre Sarrazac

Citation preview

  • 5/7/2014 A reprise (resposta ao ps-dramtico) Questo de Crtica Revista eletrnica de crticas e estudos teatrais

    http://www.questaodecritica.com.br/2010/03/a-reprise-resposta-ao-pos-dramatico/ 1/21

    A reprise (resposta ao ps-dramtico)Traduo de Humberto Giancristofaro do artigo La reprise

    O artigo aqui traduzido foi publicado como introduo ao livro tudes Thtrales

    38-39/2007 La Rinvention du drame (sous linfluence de la scne).

    Reprise: I. [...] 2 Ao de fazer de novo depois de uma interrupo [...]. 4 (1611,

    reparao) Tcnico. Reparao de uma parede, de um pilar [...]. 5 Remendar

    um tecido para reconstituir sua tecelagem [...] II. 1 O fato de voltar a vida, vigor

    (planta). O fato de dar um novo impulso aps um momento de parada, de crise

    [...] 2 O fato de recomear, de voltar. (Petit Robert)

    A obra de Hans-Thies Lehmann recentemente publicada na Frana (1) e, mais

    largamente, a moda do nome teatro ps-dramtico tm ao menos a vantagem de

    lembrar-nos da dissociao entre teatro e drama: o drama entendamos a forma

    dramtica no est mais necessariamente no fundamento do teatro; h todo um

    teatro que no consiste mais na encenao de um drama anteriormente escrito, um

    OK

    Nome

    Email

    Selecionar o ms

    Autor: Jean-Pierre Sarrazac (http://www.questaodecritica.com.br/author/jean-pierre-sarrazac/)

    (HTTP://WWW.QUESTAODECRITICA.COM.BR)

    Sees (#) Revista (#) Busca (#)

  • 5/7/2014 A reprise (resposta ao ps-dramtico) Questo de Crtica Revista eletrnica de crticas e estudos teatrais

    http://www.questaodecritica.com.br/2010/03/a-reprise-resposta-ao-pos-dramatico/ 2/21

    teatro que s vezes vira as costas para o drama. No sculo XX, notadamente com

    Craig e Artaud, o teatro se liberta da literatura dramtica; j no se coloca em

    segundo plano de uma operao na qual a pea escrita ser o primeiro plano. Chegou

    ao fim a relao de subordinao do opsis* com as outras partes constitutivas do

    poema dramtico: ns entramos na era da representao emancipada e desta

    nova aliana entre o texto e a cena que Bernard Dort teorizou:

    Definitivamente, o que ns assistimos hoje a uma emancipao de diferentes

    fatores da representao teatral. Uma concepo unitria do teatro, seja ela baseada

    no texto ou na cena, est em vias de apagar-se. Ela deixa progressivamente espao

    para a ideia de uma polifonia, e mesmo para uma competio entre as artes irms

    que contribuem para o fazer teatral. [...] a representao teatral como jogo entre

    as prticas irredutveis de um ao outro e, todavia, conjugadas como momento onde

    eles se confrontam e questionam, como combate mtuo no qual o espectador , no

    final das contas, o juiz e o que est em jogo, que a partir de agora deve-se tentar

    pensar. (DORT: 1995)

    Incompletude do drama

    Para ns que trabalhamos no destino da forma dramtica aps os anos 1880, quer

    dizer depois do incio do que Peter Szondi identificou como a crise da forma

    dramtica: esta autonomia do teatro em relao ao drama e esta exaltao

    concomitante da teatralidade no senso barthesiano do teatro, menos o texto e

    do dado de criao, no de realizao no significa em caso algum uma perda

    para o drama, ou ainda mais, a perda do drama. Ao contrrio, ns temos razo para

    acreditar que a forma dramtica tem tudo a ganhar com essa dissociao e que, se

    ela pde evitar a petrificao e se renovar consideravelmente ao longo do sculo XX

    e nesse incio do sculo XXI, foi ampla e paradoxalmente tendo em conta alguns

  • 5/7/2014 A reprise (resposta ao ps-dramtico) Questo de Crtica Revista eletrnica de crticas e estudos teatrais

    http://www.questaodecritica.com.br/2010/03/a-reprise-resposta-ao-pos-dramatico/ 3/21

    avanos, alguma ambio de um teatro liberto do textocentrismo, do logocentrismo,

    em breve da tutela da literatura dramtica.

    Tudo comeou com Antoine, Stanislavski e a inveno da encenao moderna

    Certamente ns ainda lidamos nesta poca com artistas que se apresentam como os

    servos da arte dramtica, mas essa posio no os impede de se afirmarem como

    coautores do espetculo. A partir do momento que Zola declara que agora o cenrio

    deve ter no teatro a mesma funo que as descries tm no romance, e quando

    Antoine no s contribui com Zola considerando que com a encenao tomada

    globalmente que esse papel retorna, mas tambm especifica que o primeiro gesto do

    diretor deve consistir em criar o ambiente da ao dramtica, a causa clara: a

    forma dramtica mostra sua incompletude; a encenao no mais uma simples

    arte do espetculo, mas sim um dado de criao. Em termos (anti-) hegelianos, a

    encenao traz para uma obra dramtica fundada na totalidade do movimento,

    esta totalidade de objetos, esta dimenso pica, que a torna defeituosa.

    Certamente, esta totalidade de objetos ser naturalmente de forte diferena para

    Antoine e para Lugn-Poe: ela se fixar, no teatro naturalista, na reconstituio do

    ambiente, mobilirios e acessrios e, no teatro simbolista, na atmosfera, na

    influncia do cosmos, nos objetos invisveis por isso que ns no podemos

    compartilhar com o ponto de vista de Hans-Thies Lehmann segundo o qual mesmo

    com uma inteno naturalista onde aparece o meio com seu poder particular sobre

    o homem o contexto cnico funciona no teatro dramtico, por princpio, s como

    moldura e pano de fundo do drama humano. Ns no pensamos, como este

    brilhante terico, que a encenao do teatro da poca moderna no geralmente

    mais que declamao e ilustrao do drama escrito.

    Mas a divergncia no para por a, ela mais amplamente sobre o que faz desse

  • 5/7/2014 A reprise (resposta ao ps-dramtico) Questo de Crtica Revista eletrnica de crticas e estudos teatrais

    http://www.questaodecritica.com.br/2010/03/a-reprise-resposta-ao-pos-dramatico/ 4/21

    livro uma obra com duplo fundo, com duplo discurso: de um lado no qual preciso

    reconhecer que ela essencial uma notvel explorao destes teatros geralmente

    exteriores ao drama que so os de Abou Reza, de Jan Fabre, de Robert Wilson, de

    Maguy Marin, etc.; de outro lado e a que ns nos levantamos contra as

    consideraes sobre a obsolescncia e, por assim dizer, sobre a morte do drama.

    Compreenderemos que o que ns temos a inteno de contestar na noo de ps-

    dramtico justamente que ela se defina historicamente como ps dramtico.

    Uma morte anunciada

    A tentao grande em considerar que a forma dramtica viveu e que ela de

    agora em diante obsoleta. O drama seria o ramo morto da rvore do teatro. Na

    melhor das hipteses, ele continuaria a produzir alguns frutos anmicos,

    desprovidos de qualidades essenciais da arte: a novidade, a atualidade, a

    contemporaneidade Existe hoje uma tendncia em por em pane a dialtica de um

    presente aberto ao passado e ao futuro e, a ele, preferir uma concepo abusiva da

    contemporaneidade: erigir esta contemporaneidade como um valor em si, que se

    substitui pela antiga noo de vanguarda. Autenticamente contemporneo,

    extremamente contemporneo so os rtulos cada vez mais correntes. De sua

    parte, Lehmann invoca a verdadeira contemporaneidade: a questo seria saber

    se a esttica de certa prtica teatral testemunha uma verdadeira

    contemporaneidade, ou se ela no perseguiria apenas antigos modelos com tcnicas

    bem dominadas.

    preciso dizer que Lehmann no o primeiro a decretar a no-contemporaneidade

    do drama. Nessa via, Adorno o precedeu amplamente, quem nos anos sessenta,

    decretou que o drama no releva mais que um gesto ltimo: sua prpria autpsia,

  • 5/7/2014 A reprise (resposta ao ps-dramtico) Questo de Crtica Revista eletrnica de crticas e estudos teatrais

    http://www.questaodecritica.com.br/2010/03/a-reprise-resposta-ao-pos-dramatico/ 5/21

    tal como Beckett a praticou no Fim de jogo:

    Os componentes do teatro aparecem aps sua prpria morte. Exposio, nu,

    peripcia e catstrofe reaparecem, decompostos, por uma autpsia dramatrgica: a

    catstrofe, por exemplo, substituda pelo anncio de que no h mais calmantes.

    Esses componentes sucumbem junto ao sentido que o teatro derramava outrora

    (ADORNO: 1984)

    Para Adorno, a morte do drama consubstancial sua incapacidade salvo sobre o

    modo de ironia (oposto ao escrnio), da pardia, enfim da autpsia beckettiana

    para dar conta do mundo depois de Auschwitz e Hiroshima: Toda pea que tentou

    tratar da era atmica foi seu prprio escrnio, at porque sua fbula tranquilizadora

    minimizou o horror histrico do anonimato fazendo-o passar pelas personagens e

    aes humanas. Adorno no considera em nenhum momento a possibilidade de

    que os autores de teatro podem elaborar formas de dilogo e tipos de personagens

    que expressem este anonimato (no entanto, isto eles fizeram em coro polifonia do

    anonimato cada vez mais presente nas peas). Manter o curso do drama mesmo

    neste oximoro, o drama pico brechtiano , seria, portanto, segundo Adorno,

    dedicar-se ao infantil (as parbolas brechtianas) ou a pueril fico cientfica.

    Para Adorno, para Lehmann, para certo nmero de tericos do teatro, a crise da

    forma dramtica, que se manifesta a partir dos anos 1880 e da qual Peter Szondi se

    fez terico, seria Denis Gunoun a afirma uma crise terminal:

    Tentemos formular trs questes que se pem, entre outras, escritura dramtica

    hoje. 1. A primeira: escrever depois do fim da crise do drama [...] Ela balanou a

    forma dramtica da escritura teatral com uma brutalidade crescente. Esse processo

    crtico chegou a seu ponto extremo nos anos cinquenta ou sessenta, com sua maior

  • 5/7/2014 A reprise (resposta ao ps-dramtico) Questo de Crtica Revista eletrnica de crticas e estudos teatrais

    http://www.questaodecritica.com.br/2010/03/a-reprise-resposta-ao-pos-dramatico/ 6/21

    radicalidade em Beckett [...] Nossa questo seria ento: como escrever aps

    Beckett? [...] Aps pressupe que alguma coisa aconteceu e parou. Quais so os

    campos abertos por essa travessia? Eles so diversos, cada um reconhece o seu.

    Abolio dos gneros e cruzamento de artes; constituio de um objeto cnico global,

    onde o texto como roteiro, como partitura; dobraduras nos escritos de distncias

    interpretativas. Em todos os casos trata-se de uma escritura problemtica na sua

    relao com o de fora, de seu envolvimento com o outro, o corpo, o jogo, a cena, a

    beneficente babelizao das lnguas. (GUNOUN: 2005)

    A via parece livre ento para o ps-dramtico. Lehmann enfia-se nesse aps

    Beckett um tanto mitolgico: no somente ele alia ao ps-dramtico, em cima de

    critrios bastante disparatados, certos autores que ns poderamos considerar como

    dramticos numa concepo realmente alargada do dramtico tais como

    Handke, Duras, Deutsch, Kolts, mas tambm ele anexa o prprio Beckett, que ele

    afirma ter evitado a forma dramtica. Em seguida, comeamos a suspeitar que o

    ps-dramtico um cavalo de Troia destinado a destruir ou a demonstrar o que j

    est destrudo (depois dos anos sessenta) o dramtico:

    O novo texto de teatro [...] frequentemente um texto de teatro que deixou de ser

    dramtico. A aposentadoria da representao dramtica na conscincia da nossa

    sociedade e na dos artistas , em todo caso, inegvel e demonstra que com esse

    modelo nada mais toca a experincia. Ns constatamos o desaparecimento da

    impulso do drama pouco importa se a razo reside na sua usura, na medida em

    que ele afeta um modo de agir que ns no reconhecemos em parte alguma ou que

    ele retrata uma imagem obsoleta dos conflitos sociais e pessoais.

    Mutao do drama: o novo paradigma

  • 5/7/2014 A reprise (resposta ao ps-dramtico) Questo de Crtica Revista eletrnica de crticas e estudos teatrais

    http://www.questaodecritica.com.br/2010/03/a-reprise-resposta-ao-pos-dramatico/ 7/21

    Reler a Teoria do drama moderno, elaborar uma crtica da teoria szondiana da

    crise do drama, de seu hegelo-marxismo, de suas perspectivas teleolgicas de

    ultrapassagem do drama pela pica, tais foram at agora meu esforo e tambm do

    Grupo de pesquisa sobre a Potica do drama moderno e contemporneo [1]. Uma

    das questes que nos colocamos hoje consiste precisamente em pr em dvida o

    modelo crsico quer a crise seja ou no terminal sustentado por Szondi. O pr

    em dvida no no contexto dos anos 1950 onde ele foi aplicado com sagacidade, mas

    porque ele realmente no permite mais, hoje, nos anos 2000, dar conta das

    evolues das escrituras dramticas em casamento com o seu devir. Em vez de crise

    uma crise s pode ser breve e s pode conduzir a uma resoluo, a morte do

    drama sendo efetivamente uma , eu preferiria falar de mutao, e mesmo de

    mutao lenta, e de uma mudana de paradigma do drama. De fato, ns

    constatamos que as questes dramatrgicas novas, que aparecem por volta do sc.

    XX em Maeterlinck, Strindberg, Tchekhov, tais que a fragmentao, e mesmo a

    hiperfragmentao da fbula, a desconstruo do dilogo e da personagem, esto

    sempre nas obras atuais dos dramaturgos como Kane, Fosse ou Kolts.

    Para dar conta desta mutao, eu propus um modelo sensivelmente diferente da

    dialtica elaborada por Peter Szondi. Em Teoria do drama moderno, Szondi chama

    drama absoluto a forma aristotlico-hegeliana que repousa sobre o trip

    acontecimento interpessoal no presente. Quanto ao drama da crise, que ela seja

    submetida (por Ibsen, Tchekhov, Srtindberg pr-Inferno e alguns outros) ou em

    vias de passagem (graas ao Strindberg do ps-Inferno, a Brecht e a alguns

    dramaturgos de tendncia pica), Szondi no d nome a eles. Eu procedo ao inverso.

    Eu dou um nome quilo que me parece ser, em oposio com o critrio aristotlico-

    hegeliano do belo animal que supe ordem, extenso e completude, o novo

    paradigma do drama a partir dos anos 1880: eu chamo drama-da-vida. Quanto ao

    antigo paradigma o drama absoluto de Szondi , eu proponho de nome-lo

  • 5/7/2014 A reprise (resposta ao ps-dramtico) Questo de Crtica Revista eletrnica de crticas e estudos teatrais

    http://www.questaodecritica.com.br/2010/03/a-reprise-resposta-ao-pos-dramatico/ 8/21

    drama-na-vida.

    O drama-na-vida remete a uma forma dramtica fundada sobre uma grande

    reverso do destino passagem da felicidade tristeza ou ao contrrio , sobre uma

    grande coliso dramtica, provido de um incio, meio e fim. Enfim, sobre um

    desenvolvimento por vezes orgnico e lgico da ao. O drama-da-vida no se

    limita, quilo que Sfocles chama de um dia fatal, ele arruna as unidades de

    tempo, de lugar, e mesmo de ao e sua extenso cobre toda uma vida. Para abarcar

    uma existncia inteira, o drama-da-vida recorre retrospeco at agora

    privilgio do pico e a processos de montagem. De fato, o drama-da-vida marca

    uma mudana profunda na medida do drama, ou seja, na sua extenso, mas

    tambm no seu ritmo interno. O drama-na-vida corresponderia intimamente a um

    momento da existncia dos heris; a extenso o drama-da-vida inversamente

    proporcional intensidade da existncia do homem ordinrio. poca de Ibsen,

    Strindberg, Maeterlinck, Tchekhov, Schopenhauer deu um nome ao drama-da-

    vida: ele o chamava tragdia universalmente humana.

    Meu sentimento que Hans-Thies Lehmann, a partir do momento em que ele taxa

    de ps-dramticos certas escrituras dramticas de Handke, Kolts, etc. , passa

    margem desse novo paradigma do drama.

    O Infradramtico

    Lucks a quem devem Adorno, Lehmann, e at certo ponto, Szondi, no tinha

    palavras suficientemente duras para denunciar a influncia nefasta de

    Schopenhauer sobre os destinos do drama, particularmente em Strindberg. Para

    ele, a tragdia universalmente humana no faz mais que exprimir a inanio da

    vida em geral e exprime aqui filosoficamente uma tendncia que [...] adquire cada

  • 5/7/2014 A reprise (resposta ao ps-dramtico) Questo de Crtica Revista eletrnica de crticas e estudos teatrais

    http://www.questaodecritica.com.br/2010/03/a-reprise-resposta-ao-pos-dramatico/ 9/21

    vez mais importncia na literatura dramtica e conduz cada vez mais seguramente

    dissoluo da forma dramtica, desintegrao dos seus elementos realmente

    dramticos. (LUKCS: 1965) Sem aderir a essa ideia de uma dissoluo,

    preciso reconhecer que a dramaticidade do drama-da-vida fortemente diferente

    daquela do drama-na-vida (ou, pra retomar uma expresso de Szondi, do drama

    absoluto), que ela se situa principalmente naquilo que podemos chamar o

    infradramtico.

    Para falar como Tchekhov, o drama-da-vida parece, ao lado de outros mais

    salientes, todos estes eventos minsculos, ao final insignificantes, que fazem uma

    vida plana. No drama-da-vida, ns j vimos maiores reverses do destino:

    felicidade e tristeza no param de se alternar e s vezes de se confundir. No regime

    do infradramtico, mais heris, mais personagens muito originais; mais mitos, mas

    tudo alm do fait divers, como j visto em Bchner. A divisa do drama-da-vida

    poderia se sustentar em uma frmula de Beckett: tudo segue seu curso. Mais

    progresso dramtico, mais enlace e desenlace, mais de grandes catstrofes, mais

    uma srie de pequenas. A dramaturgia entrou nesta era e nesta ria do

    cotidiano que faz Tchekhov dizer que nada acontece nessas peas e na qual

    Lukcs, que no se resigna tenra banalidade da vida que os dramaturgos se

    contentam em expor, lamenta o poder dissolvente:

    O drama moderno no perodo de declnio geral do realismo segue a linha da menor

    resistncia. Ou seja, ele acomoda seus meios artsticos aos aspectos mais

    insignificantes de sua matria, aos momentos mais prosaicos de sua vida cotidiana.

    Assim a tenra banalidade da vida torna artisticamente o tema que figurado; ela

    sublinha precisamente os aspectos do sujeito que so desfavorveis para o drama.

    Produzimos peas que do ponto de vista dramtico se situam a um nvel inferior ao

    da vida da qual elas participam.

  • 5/7/2014 A reprise (resposta ao ps-dramtico) Questo de Crtica Revista eletrnica de crticas e estudos teatrais

    http://www.questaodecritica.com.br/2010/03/a-reprise-resposta-ao-pos-dramatico/ 10/21

    Mas o infradramtico no reside somente na pequenez dos personagens, dos

    eventos e outros microconflitos; ele tem igualmente parte ligada com a subjetivao

    e, portanto, com a relativizao que marca esses eventos e microconflitos. Em

    outros termos, a um teatro ntimo e a conflitos muitas vezes intrasubjetivos e

    intrapsquicos que ns nos relacionamos. O fato de que o drama seja demasiado

    voltado ao subjetivo e ao cotidiano no significa evidentemente que os grandes

    conflitos histricos desapareceram, mas que estes ltimos foram absorvidos por

    este anonimato de que fala Adorno.

    O infradramtico no substitui o dramtico: ele alarga seu espectro, ele desloca o

    centro do dramtico da relao interpessoal sobre o homem sozinho, sobre o homem

    separado. Seu resultado que a ao dramtica ser muito menos uma ao

    ativa, que uma ao passiva.

    O argumento decisivo daqueles que endossam a ideia da morte do drama, que

    drama significa ao, hoje em dia j no h praticamente ao no teatro. Joseph

    Danan relativizou esta crise da ao: quando a possibilidade se desvela no final do

    sc. XIX, a grande ao, tal como foi imposto pelo modelo dos trgicos gregos

    durante milnios: uma ao, inicialmente projetada, se engatilha no comeo da pea

    e encontrar sua realizao no final. (DANAN: 2005)

    Ao mesmo tempo, Danan prope, para o drama contemporneo, noes de

    substituio tais como micro-ao, princpio ativo Contudo, ns poderamos

    conservar o termo ao num sentido expandido. Lembremos que nesse contexto

    que o conceito da ao no tem, unilateralmente em Aristteles, o sentido puro ativo

    que lhe atribumos. Na sua introduo Potica, R. Dupont-Roc e Jeans Lallot

    escrevem acertadamente:

  • 5/7/2014 A reprise (resposta ao ps-dramtico) Questo de Crtica Revista eletrnica de crticas e estudos teatrais

    http://www.questaodecritica.com.br/2010/03/a-reprise-resposta-ao-pos-dramatico/ 11/21

    A traduo, ainda na falta de uma melhor, de prxis por ao no boa: prxis,

    em grego, cobre um campo mais largo que ao e designa tambm, para um

    sujeito humano, o que ns qualificamos por estado felicidade ou tristeza por

    exemplo; a definio da tragdia como representao da ao refere a esse sentido

    estendido de prxis. (ARISTTELES: 1980)

    Sempre teremos interesse, quando tivermos que lidar com a questo da ao na

    dramaturgia moderna e contempornea, a nos reportar a uma tal concepo

    estendida da ao. A que Nietzsche nos engaja vigorosamente:

    Concepo do drama como ao./ Esta concepo em sua raiz muito ingnua: o

    mundo e o hbito do olho decidem aqui./ Mas o que finalmente se pensarmos de

    uma forma mais espiritual, no ao? O sentimento que se declara, a compreenso

    de si no so eles aes? (NIETZSCHE: 1977)

    O que, por sua vez, se encontra implicado aquilo que Szondi faz do critrio da ao

    no seio do drama absoluto, a saber, a deciso. Nas dramaturgias modernas e

    contemporneas, no o homem ativo que est no centro da ao, mas antes de

    tudo o homem em sofrimento, um homem em Paixo esta Paixo do homem da

    qual Mallarm fez a medida do drama novo. Joseph Danan nos d as razes dessa

    reverso da ao de ativa para passiva:

    Agir primeiro querer agir. A crise da ao encontra sem dvida sua origem na

    crise do sujeito, nas falhas do eu e de sua capacidade de desejar. Certo nmero de

    dramaturgos do final do sc. XIX e do sc. XX, de Tchekhov a Beckett, tem essa

    capacidade de tornar problemtico o prprio tema de suas obras.

    Sncope da ao no significa ausncia de ao. Tratamos agora de uma ao

  • 5/7/2014 A reprise (resposta ao ps-dramtico) Questo de Crtica Revista eletrnica de crticas e estudos teatrais

    http://www.questaodecritica.com.br/2010/03/a-reprise-resposta-ao-pos-dramatico/ 12/21

    descontrada, de um drama desdramatizado.

    Colapso e reprise

    Incontestavelmente a forma dramtica tornou-se, ao decorrer do sc. XX, cada vez

    mais difcil de identificar, cada vez mais mvel e difusa. Sobretudo, cada vez mais

    complexa. Entre o novo paradigma e o antigo, a ruptura se fez sobre a rejeio da

    dialtica hegeliana do dramtico como ultrapassagem do lrico (objetivado) e do

    pico (subjetivado). O que dava movimento ao drama agora considerado como um

    falso movimento. As novas dramaturgias libertam-se desta dialtica e procedem

    por ajuntamento, pelo jugo de elementos refratrios uns aos outros dramticos,

    picos, lricos, argumentativos, etc. Cada elemento se ajusta ao outro ou melhor, o

    transborda e deste transbordamento provm o movimento prprio da obra.

    Na tradio hegeliana, o dramtico no existe em si; ele no nada alm do produto

    conceitual da dialtica da pica e do lrico. O que explica que ns no encontramos

    nenhuma definio do dramtico na obra de Hans-Thies Lehman, salvo esta, talvez

    um pouco limitada:

    Se o drama moderno se baseia sobre um homem que se constitui nas suas relaes

    interpessoais, o teatro ps-dramtico ao contrrio implica um homem para quem

    mesmo os conflitos mais graves, parece-me, no tomam mais a forma do drama [...]

    Certamente, podemos num momento ou noutro reconhecer uma expresso

    dramtica no tal combate de dirigentes, mas percebemos de novo, razoavelmente

    cedo, que no fundo todo conflito se decide em outro lugar nos blocos de poder.

    Nesta concepo, que parece resumir o dramtico s cenas agonsticas,

    reconhecemos, atravs da aluso aos blocos de poder, a influncia de Adorno e,

  • 5/7/2014 A reprise (resposta ao ps-dramtico) Questo de Crtica Revista eletrnica de crticas e estudos teatrais

    http://www.questaodecritica.com.br/2010/03/a-reprise-resposta-ao-pos-dramatico/ 13/21

    mais geralmente, uma rejeio no somente da forma dramtica, mas do dramtico

    por ele mesmo. Na nossa concepo, o dramtico, mesmo difuso, primordial, retorna

    a este acontecimento especfico, primordial: o reencontro catastrfico com o outro

    ainda que o outro seja ele mesmo.

    As duas concepes so inconciliveis? No parece, pelo menos se nos fiarmos a

    esses incidentes da obra de Lehmann segundo a qual o teatro ps-dramico

    significa antes de tudo o desenvolvimento e a ecloso de uma potncia da

    desintegrao, da desmontagem e da desconstruo do drama. Por uma tal

    observao, o autor no est longe de dissolver o prprio conceito de ps-dramtico

    no que Volkner Klotz teorizou como a forma aberta do drama que ele define como

    livre, atectnica, tend[ente] rumo dissoluo da estrutura (KLOTZ: 2005). No

    muito longe de estar de acordo com a proposta que eu tenho, aps O futuro do

    drama (com os seus desenvolvimentos sobre o coro e sobre o monlogo, categorias

    julgadas muito ps-dramticas por Lehmann), a forma rapsdica do drama

    que concluo ser a forma mais livre, mas no ausente de forma (SARRAZAC:

    1999).

    Tal como ns a consideramos, a forma dramtica moderna e contempornea o

    terreno extremamente mvel de mutaes e experimentaes incessantes. Ao longo

    do tempo, o romance (notadamente na poca naturalista) e a poesia (em particular

    com o movimento simbolista) exerceram sua influncia: romantizao ou

    poetizao do drama. Hoje, as artes exteriores tais como o cinema, o vdeo, a

    performance, a dana contempornea penetram em torno do drama e tendem a

    transform-lo.

    Esta interveno das artes exteriores participa dessa pulso rapsdica que trabalha

    a forma dramtica. Pulso permanente de renovao, de emancipao em relao

  • 5/7/2014 A reprise (resposta ao ps-dramtico) Questo de Crtica Revista eletrnica de crticas e estudos teatrais

    http://www.questaodecritica.com.br/2010/03/a-reprise-resposta-ao-pos-dramatico/ 14/21

    norma o drama-na-vida. Pulso de irregularidade, que se manifesta de forma

    mais forte, ou imperativa no perodo do barroco, das luzes, do Sturm und Drang, na

    virada do sc. XX e, indiscutivelmente, na poca atual. Pulso rumo ao heterogneo,

    rumo assimilao de elementos dspares que tambm concernem os grandes

    modos de expresso como o dramtico, o pico, o lrico, o argumentativo e, alm

    disso, a combinao do cmico, do trgico, do pattico. Ou ainda a incluso da

    oralidade na escritura.

    Claramente, estando o campo sempre aberto, a multiplicao das experincias

    fragiliza o drama-da-vida e disfara os contornos. Victor Hugo j havia constatado

    que a cada criao dramtica ele deveria repensar a forma dramtica cada pea

    sendo ao mesmo tempo modelo, prottipo e a obra nica. Da forma dramtica

    moderna e contempornea, podemos dizer que ela est sempre beira da

    evanescncia, do colapso.

    Sempre a ponto de esgotar-se sobre si mesma. Quanto mais incerta de sua prpria

    perpetuao, mais as transformaes que ela no cessa de conhecer a tornam difcil

    de identificar e no coincidente com ela mesma. Mas, ao mesmo tempo, no

    podemos constatar que a renovao, a vitalidade da forma dramtica, tem esse

    preo. O preo de uma permanente desterritorializao.

    Nossa inteno, na presente obra, situada no signo da reinveno do drama, de

    seguir uma entre outras linhas de fuga da forma dramtica da virada do sc. XX

    para o sc. XXI. De abarcar um aspecto ou um momento entre outros desta

    desterritorializao que apontamos mais acima: quando aquilo que penetra a forma

    dramtica, aquilo que a permite destacar-se do colapso, encontrar uma energia, se

    recolocar em tenso, sobressair-se, no nada alm do teatro em si. Este teatro

    diferente do drama, destacado do drama, autnomo em relao ao drama, s vezes

  • 5/7/2014 A reprise (resposta ao ps-dramtico) Questo de Crtica Revista eletrnica de crticas e estudos teatrais

    http://www.questaodecritica.com.br/2010/03/a-reprise-resposta-ao-pos-dramatico/ 15/21

    hostil ao drama.

    Chamaremos este momento de reprise que o contrrio de uma restaurao

    onde o drama se reconstitui, se regenera sob a influncia de um teatro que se tornou

    seu prprio Estrangeiro.

    Inveno do teatro, reinveno do drama

    Dos anos 1880 aos dias de hoje, o teatro liberto de seu assujeitamento literatura

    dramtica produziu certo nmero de invenes que poderamos qualificar de

    utopias de teatro. Algumas so famosas, outras so discretas, mas todas tiveram um

    duplo efeito: por um lado elas permitiram o desenvolvimento de uma arte do teatro

    e da encenao independentes; por outro lado elas fizeram o objeto de uma reprise

    atravs de autores dramticos ao proveito da sua prpria concepo do drama.

    sobre este segundo tempo, o tempo da reprise do drama, que decidimos centrar

    nosso estudo.

    Sintoma desse processo de apropriao a posteriori das utopias polidas pelos

    diretores e tericos ou poetas do teatro, o fato que vrios autores dramticos

    preferem chamarem-se autores de teatro ou escrives de teatro. Como se eles

    quisessem abordar a escritura pelo vis da cena. No no objetivo de saturar sua

    escrita com rubricas e outras prescries de encenao, mas ao contrrio com a

    ambio de participar da liberao do teatro e de inscrever sua prpria escritura

    neste(s) espao(s) utpico(s). Isto quer dizer que, em nosso esprito, a reinveno

    permanente do drama profundamente solidria inveno ou s invenes do

    teatro.

    Estabelecer um vai-e-vem entre algumas dessas utopias e as escrituras dramticas

  • 5/7/2014 A reprise (resposta ao ps-dramtico) Questo de Crtica Revista eletrnica de crticas e estudos teatrais

    http://www.questaodecritica.com.br/2010/03/a-reprise-resposta-ao-pos-dramatico/ 16/21

    de 1880 e dos dias de hoje, foi esse o objetivo da pesquisa coletiva cujo resultado

    est aqui presente.

    Primeiramente, seguindo um movimento que vai do teatro ao drama, uma

    dezena de snteses: identificao de uma dessas invenes utpicas, por exemplo,

    Supermarionete craigiana ou o teatro de andrides materlinkiano, depois o

    recenseamento de certo nmero de peas que, com o passar do tempo foram

    alimentadas com essa inveno. Sero abordados assim como a utopia preciso

    aqui compreender utopia concreta, no sentido de quando o utopista sonha o

    castelo na Espanha, ele d os planos (Ernest Bloch) ; a utopia da obra de arte

    total de Wagner; a utopia daquele despejo do vivente comum, atravs dos

    tempos, por Maeterlick e Kantor, como um teatro fora das palavras portado por

    Artaud e revisitado por certo nmero de autores gestuais e/ou de glossolalias, ou

    que esta consistindo em Piscator numa encenao do evento, reprisado e

    transformado por Brecht ou, mais tarde, por um Peter Weiss ou um Heinar

    Kipphardt, ou ainda aquela do teatro de imagens de Robert Wilson que vai

    esbarrar com a escritura de Heiner Muller, etc., etc.

    Num segundo momento, ns adotaremos o movimento inverso, do drama ao

    teatro e remontaremos, atravs de uma dzia de analises, de uma pea

    (excepcionalmente de duas) at a utopia (ou utopias) de teatro que puderam

    fecund-la (las). Ser, por exemplo, a ocasio de identificar em O Caminho de

    Damasco de Strindberg a presena da utopia de um retorno teatralidade do

    mistrio, da Paixo medieval cara a Mallarm e a muitos outros inventores do

    teatro, de remontar a duas peas de Yeats ao teatro sonhado por Craig, de seguir a

    evoluo de Duras dos Viadutos de Seine-et-Oise a A amante inglesa a fim de da

    extrair a influncia do teatro segundo Rgy, de encontrar em Rodrigo Garca-

    dramaturgo o trao de Rodrigo Garca-performer

  • 5/7/2014 A reprise (resposta ao ps-dramtico) Questo de Crtica Revista eletrnica de crticas e estudos teatrais

    http://www.questaodecritica.com.br/2010/03/a-reprise-resposta-ao-pos-dramatico/ 17/21

    Assim esperamos (ajudar a) melhor compreender, atravs do processo da reprise

    que sucede a crise as (razes de) mutaes da forma dramtica na virada do sc.

    XX a este sc. XXI. De resto, temos conscincia dos limites de nossa interveno

    num domnio complexo e ainda pouco explorado, aquele das relaes entre o texto e

    a cena ou, mais precisamente, entre o teatro e o drama. a que estamos

    contrariamente persuadidos de que no resolveremos o problema invocando uma

    pretensa morte do drama, ou colando num certo nmero de obras que intitulamos

    muito abertamente de a reprise do drama uma etiqueta ps-dramtica, dais

    quais sabemos todos que ela se descolar em breve. Alguns parecem, a propsito,

    dedicarem-se a isso, notadamente Thomas Ostermeier, que estima que a teoria do

    teatro ps-dramtico hoje em dia ultrapassada, pois os conflitos devm

    novamente to fortes nas sociedades contemporneas quanto o drama revm em

    fora na vida, e o teatro deve ser seu eco (OSTERMEIR: 2006).

    Talvez o diretor alemo reenvie aqui o balano muito longe em direo ao passado

    e em direo ao drama-na-vida -; ele to pouco aponta para a necessidade do drama

    hoje em dia.

    Notas:

    *[nota do tradutor] Opsis: o que visvel, oferecida para o olhar, portanto, suas

    conexes com os conceitos de espetculo e performance. Na Potica de Aristteles, o

    espetculo um dos seis elementos constitutivos da tragdia, mas est abaixo de

    outras consideradas mais essenciais O lugar na histria do teatro atribudo

    posteriormente ao opsis, o que hoje chamaramos de encenao, determinou o modo

    de transmisso e do significado global da performance. Opsis uma caracterstica

    especfica das artes do espetculo. In PAVIS, Patrice. Dictionnaire du Thtre.

    Paris: Editions sociales, 1980.

  • 5/7/2014 A reprise (resposta ao ps-dramtico) Questo de Crtica Revista eletrnica de crticas e estudos teatrais

    http://www.questaodecritica.com.br/2010/03/a-reprise-resposta-ao-pos-dramatico/ 18/21

    [1] A revista tudes Thtrales relatou uma parte dessas pesquisas: Mis-en-crise

    de la form dramatique 1880-1910 (n. 15-16), Lavenir dune crise. critures

    dramatiques 1980-2000 (n. 24-25), Dialoguer. Um Nouveau partage des voix, vol.

    I e II (n. 31-32 e 33).

    Referncias bibliogrficas:

    LEHMANN, Hans-Thies, Le Thtre postdramatique. Paris: LArche, 2002. (a

    edio alem de 1999).

    DORT, Bernard, Le Spectateur en dialogue. Paris: P.O.L., 1995.

    ADORNO, Theodor, Pour comprendre Fin de partie, in Notes sur la littrature.

    Paris: Flammarion, 1984.

    GUNOUN, Denis, Actions et acteurs: raison dudrame sur scne. Paris: Belin,

    2005, coleo Lextreme contemporain, pg. 27-31.

    SZONDI, Peter. Thorie du drame moderne. Trad. de Sibylle Muller. Belval: Circe,

    2006, coleo Penser l thtre.

    LUKCS, Georges. Le Roman historique. Paris: Payot, 1965. coleo Bibliotque

    historique.

    DANAN, Joseph, Actions(s), in Jeans-Pierre Sarrazac (dir.), Lexique du drame

    moderne et contemporain, Beval: Circe/ Poche, 29, 2005 (a edio original foi

    publicada pelos thudes thtrales em 2001).

  • 5/7/2014 A reprise (resposta ao ps-dramtico) Questo de Crtica Revista eletrnica de crticas e estudos teatrais

    http://www.questaodecritica.com.br/2010/03/a-reprise-resposta-ao-pos-dramatico/ 19/21

    ARISTTELES. La Potique, texto, traduo, notas, de R. Dupont-Roc e J. Lallot.

    Paris: Seuil, 1980, coleo Potique.

    NIETZSCHE, Friedrich. Fragment posthume [90] in La naissance de la tragdie.

    Paris: Gallimard, 1977, coleo Folio essais 32

    KLOTZ, Volker, Forme ferme et forma ouvert dans le thtre europen. Belval:

    Circe, 2005.

    SARRAZAC, Jean-Pierre. LAvenir du drama. Balval: Circe/ Poche, 24, 1999 (a

    edio original de 1981).

    OSTERMEIR, Thomas. Introduction et entretien par Sylvie Chalaye. Arles: Actes

    Sud-Papiers, 2006 coleo Mettre en scne

    Compartilhe (javascript:void(0))

    19 de maro de 2010 | Tradues (http://www.questaodecritica.com.br/category/traducoes/) | georg

    lukcs (http://www.questaodecritica.com.br/tag/georg-lukacs/) , hans-thies lehmann

    (http://www.questaodecritica.com.br/tag/hans-thies-lehmann/) , jean-pierre sarrazac

    (http://www.questaodecritica.com.br/tag/jean-pierre-sarrazac/) , teatro ps-dramtico

    (http://www.questaodecritica.com.br/tag/teatro-pos-dramatico/) , theodor adorno

    (http://www.questaodecritica.com.br/tag/theodor-adorno/) | Comentrios

    (http://www.questaodecritica.com.br/2010/03/a-reprise-resposta-ao-pos-dramatico/#comments)

    Um comentrio para A reprise (resposta ao ps-dramtico)

  • 5/7/2014 A reprise (resposta ao ps-dramtico) Questo de Crtica Revista eletrnica de crticas e estudos teatrais

    http://www.questaodecritica.com.br/2010/03/a-reprise-resposta-ao-pos-dramatico/ 20/21

    Nome (obrigatrio)

    E-Mail (No ser publicado)

    Website

    Mensagem

    COMENTAR

    (http://cooperadosprojeteis.blogspot.com)

    (HTTP://WWW.QUESTAODECRITICA.COM.BR)

    Rafael Martins disse:

    Queria tanto ler isto. Vou imprimir para ler agora mesmo. Obrigado pela traduo!

    8 de setembro de 2011 s 3:14 (http://www.questaodecritica.com.br/2010/03/a-reprise-resposta-ao-pos-

    dramatico/comment-page-1/#comment-1854)

  • 5/7/2014 A reprise (resposta ao ps-dramtico) Questo de Crtica Revista eletrnica de crticas e estudos teatrais

    http://www.questaodecritica.com.br/2010/03/a-reprise-resposta-ao-pos-dramatico/ 21/21

    A Questo de Crtica Revista eletrnica de crticas e

    estudos teatrais foi lanada no Rio de Janeiro em maro

    de 2008 como um espao de reflexo sobre as artes cnicas

    que tem por objetivo colocar em prtica o exerccio da crtica.

    Com edies mensais e atualizao constante, a Questo

    de Crtica se apresenta como um mecanismo de fomento

    discusso terica sobre teatro e como um lugar de

    intercmbio entre artistas e espectadores, proporcionando

    uma convivncia de ideias num espao de livre acesso.

    Modularity um tema WordPress

    criado por Graph Paper Press

    (http://graphpaperpress.com/) .

    (http://creativecommons.org/licenses/by-

    nc-nd/2.5/br/)