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Também escritos por Colin Woodard

The Lobster Coast 

Ocean’s End 

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verdadeira história dos Piratas do Caribe e do homem que os derro

COLIN WOODARD

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Republic of Pirates

yright © 2007 by Colin Woodard

yright © 2014 by Novo Século Editora Ltda.

tor:  Luiz Vasconcelos

tor-assistente:  Mateus Duque Erthal 

istente editorial: Vitor Donofrio

dução: Deborah Guerra

paração: Sílvia Helena Cavicchio

gramação e Arquivo Eletrônico ePub: Sergio Gzeschnik visão:  Jonathan Busato

to de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (Decreto Legislativo nº 54, de 1995)

dos Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

mara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

odard, Colin, 1968-A república dos piratas: a verdadeira história dos Piratas do Caribe e do homem que os derrotou/

n Woodard; [t radução Deborah Guerra]. Barueri, SP: Novo Século Edito ra, 2 014.

EISBN: 978-85-428-0373-0Título original: The republic of piratesBibliografia.

. Bucaneiros – História – Século 18 2. P iratas – Caribe – História – Século 18 3. Viagens marítimasítulo.

3181 CDD-910.45

ices para catálogo sistemático:iratas do Caribe: Viagens marítimas: Século 18: História 910.45

4 Edição Diginal

os os direitos reservados à Novo Século Editora Ltda.

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Para S

minha esposa e meu amor verda

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SUMÁRIO

ogo: A Era de Ouro da Pirataria

ítulo Um: A lenda 1696

ítulo Dois: Indo para o mar 1697-1702

ítulo Três: Guerra 1702-1712

ítulo Quatro: Paz 1713-1715

ítulo Cinco: Reunião de piratas Janeiro - Junho de 1716

ítulo Seis: Irmãos dos mares Junho de 1716 - Março de 1717ítulo Sete: Bellamy Março - Maio de 1717

ítulo Oito: Barba Negra Maio - Dezembro de 1717

ítulo Nove: Pedindo perdão Dezembro de 1717 - Agosto de 1718

ítulo Dez: Atitudes temerárias Julho - Setembro de 1718

ítulo Onze: Caçado Setem bro de 1718 - Março de 1720

ogo: O fim da pirataria 1720-1732

adecimentos

as Finais

Abreviações

Prólogo

Capítulo um: A lenda

Capítulo dois: Indo para o mar 

Capítulo três: Guerra

Capítulo quatro: Paz

Capítulo cinco: Reunião de piratas

Capítulo seis: Irmãos dos mares

Capítulo sete: Bellamy

Capítulo oito: Barba Negra

Capítulo nove: Pedindo perdãoCapítulo dez: Atitudes temerárias

Capítulo onze: Caçado

Epílogo: O fim da pir ataria

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PRÓLOGO

A Era de Ouro da Pirataria

ara seus admiradores, os piratas são vilões românticos: homens temíveis dispostos a levar

da fora do alcance da lei e do governo, que se libertaram de seus empregos e das restriçõ

ciedade para buscar riqueza, diversão e aventura. Três séculos se passaram desde que

sapareceram dos mares, mas os piratas da Era de Ouro continuam sendo heróis populares p

ião de seus fãs. Eles serviram de inspiração para alguns dos maiores personagens de ficç

pitão Gancho e Long John Silver, capitão Blood e Jack Sparrow –, evocando imagens de lut

pada, caminhadas na prancha, mapas do tesouro e baús de ouro e joias.

Atrativa como suas lendas – principalmente tão abrilhantadas p

Robert Louis Stevenson e Walt Disney – a verdadeira história dos

 piratas do Caribe é ainda mais cativante: um conto de tirania e

esistência perdido há muito tempo, uma revolta marítima que abalou

alicerces do recém-formado Império Britânico, levando o comércio

transatlântico a uma paralisação e alimentando os sentimentos

democráticos que mais tarde impulsionariam a Revolução American

No seu centro havia uma república pirata, uma zona de liberdade n

meio de uma era autoritária.

A Era de Ouro da Pirataria durou apenas dez anos, de 1715 a 17

e foi conduzida por um grupo de vinte a trinta comodoros e alguns

ilhares de tripulantes. Praticamente todos os comodoros se conheci

endo servido lado a lado a bordo de navios mercantes ou piratas ou

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cruzado na base que dividiam, a colônia britânica malsucedida da

ahamas. Os piratas eram, na maioria, ingleses ou irlandeses, mas ha

um grande número de escoceses, franceses e africanos, assim como

alguns de outras nacionalidades: holandeses, dinamarqueses, sueco

ndios americanos. Apesar das diferenças de nação, raça, religião e a

mesmo de língua, eles desenvolveram uma cultura em comum. Ao sencontrarem no mar, os navios piratas frequentemente uniam forças

m ao auxílio uns dos outros, até mesmo quando uma tripulação era

sua maioria francesa e na outra predominavam seus inimigos

radicionais, os ingleses. Eles operavam seus navios democraticamen

elegendo e depondo seus capitães por voto popular, dividindoigualmente os ganhos e tomando decisões importantes num conselh

berto – tudo em nítido contraste com os regimes ditatoriais encontra

bordo de outros navios. Numa época em que marinheiros comuns n

recebiam proteção social de qualquer espécie, os piratas das Baham

 proporcionavam benefícios por incapacidade para suas tripulações

Os piratas existem há muito tempo. Havia piratas na Grécia anti

durante o Império Romano, na Europa medieval e durante a Dinast

Qing na China. Ainda hoje os piratas infestam as rotas marítimas d

mundo, se apossando de cargueiros, navios de contêineres e até mesm

de navios de passageiros, saqueando seus conteúdos e, não raramen

matando suas tripulações. Eles são diferentes dos corsários, indivídu

ue, em tempos de guerra, saqueiam navios inimigos com a autorizaç

de seu governo. Alguns confundem sir Francis Drake e sir Henry

Morgan com piratas, mas eles eram, na verdade, corsários, e realizav

uas depredações com o total apoio de seus soberanos, rainha Elizab

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rei Charles II. Longe de serem considerados criminosos, ambos for

ondecorados por seus serviços, e Morgan foi nomeado vice-governa

a Jamaica. William Dampier era um corsário, assim como a maioria

 bucaneiros2 ingleses no final dos anos 1600. Até mesmo o famoso

capitão William Kidd era um corsário bem-nascido, que acabou se

ornando pirata por acaso, quando entrou em conflito com os diretoda Companhia das Índias Orientais, a maior empresa da Inglaterra

Os piratas da Era de Ouro não eram como os bucaneiros da gera

de Morgan e nem como os piratas que os precederam. Diferentemen

dos bucaneiros, eles eram bandidos notórios, considerados ladrõesiminosos por todas as nações, incluindo suas próprias. Ao contrário

seus antecessores piratas, eles estavam envolvidos em mais do que

crimes simples e realizaram até mesmo uma revolta social e política

Eram marinheiros, trabalhadores forçados e escravos fugitivos se

rebelando contra seus opressores: capitães, donos de navios e osautocratas das grandes plantações de escravos da América e das Índ

Ocidentais.

A insatisfação era tão grande a bordo dos navios mercantes qu

quando os piratas capturavam um, era comum que uma parte da su

pulação se juntasse entusiasticamente ao grupo. Até mesmo a MariReal Britânica estava vulnerável; quando o navio HMS Phoenix

enfrentou os piratas em seu covil nas Bahamas, em 1718, alguns

marinheiros da fragata desertaram, escapando à noite para servir sob

bandeira preta. Na verdade, a expansão dos piratas foi incentivada e

grande parte pelas deserções de marinheiros, em proporção direta a

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tratamento brutal a que eram submetidos tanto na marinha de guerr

como na marinha mercante.

 Nem todos os piratas eram marinheiros descontentes. Escravo

ugitivos migraram para a república pirata em números significativos

medida que se espalhou a notícia de piratas atacando navios negreiroconvocando muitos a bordo para participar como membros de sua

ipulações em igualdade de condições. No auge da Era de Ouro, não

ncomum que escravos fugitivos representassem um quarto ou mais

tripulação de um navio pirata, e vários mulatos progrediram até se

tornarem capitães piratas de pleno direito. Essa zona de liberdadeameaçava as colônias da região das Bahamas, em cujas plantações

redominava o trabalho escravo. Em 1718, o governador das Bermud

informou que os “homens negros se tornaram tão imprudentes e

insultantes que nós temos razões para suspeitar de sua insurreição

contra nós e […] ter medo de sua união com os piratas”.Alguns piratas também tinham motivações políticas. A Era de O

irrompeu logo após a morte da rainha Anne, cujo meio-irmão e

pretendente à sua sucessão, James Stuart, teve o trono negado porq

ra católico. O novo rei da Inglaterra e da Escócia, o protestante Geo

era um primo distante da rainha falecida, um príncipe alemão que nligava muito para a Inglaterra e não sabia falar sua língua. Muitos

britânicos, incluindo alguns futuros piratas, acharam isso inaceitáve

se mantiveram fiel a James e à Casa de Stuart. Vários dos primeiro

piratas da Era de Ouro foram reunidos pelo governador da Jamaica

Archibald Hamilton, um simpatizante dos Stuarts que, aparentemen

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 pretendia usá-los como marinha de guerra rebelde para apoiar uma

futura revolta contra o rei George. Como diz Kenneth J. Kinkor, d

Museu da Expedição do Whydah, em Provincetown, Massachusett

“esses eram mais do que apenas alguns bandidos saqueando lojas d

 bebidas”.

Os bandos de piratas das Bahamas foram consideravelmente be

ucedidos. Em seu apogeu, eles conseguiram separar a Grã-Bretanha

rança e a Espanha de seus impérios do Novo Mundo, cortando rota

comércio, sufocando o fornecimento de escravos para as plantações

çúcar das Américas e das Índias Ocidentais e interrompendo o fluxonformações entre os continentes. A Marinha Real, além de ser incap

de prender os piratas, passou a ter medo de encontrá-los. Embora

fragata de vinte e dois canhões HMS Seaford  tivesse sido designad

para proteger as Ilhas de Sotavento, seu capitão informou que estav

“em perigo de ser dominado” se cruzasse com os piratas. Em 1717, piratas tinham se tornado tão poderosos que eram capazes de ameaç

não apenas navios, mas colônias inteiras. Eles ocuparam postos

fronteiriços britânicos nas Ilhas de Sotavento, ameaçaram invadir a

Bermudas e bloquearam a Carolina do Sul repetidas vezes. Enquan

isso, alguns acumularam fortunas surpreendentes, com as quais

compraram a lealdade de comerciantes, de donos de plantações e at

mesmo dos próprios governadores coloniais.

As autoridades faziam os piratas parecerem monstros, estuprado

e assassinos cruéis e perigosos, que matavam homens por capricho

orturavam crianças por prazer; de fato, alguns eram assim. No entan

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muitas dessas histórias eram intencionalmente exageradas, para

influenciar um público cético. Para o horror dos donos de navios e

 plantações das Américas, muitos colonos comuns consideravam o

 piratas heróis populares. Cotton Mather, líder puritano de

Massachusetts, enfureceu-se com o nível de apoio aos piratas entre

plebeus “pecadores” de Boston. Em 1718, quando as autoridades dCarolina do Sul se preparavam para levar um bando de piratas a

julgamento, seus simpatizantes resgataram o líder da prisão e quas

omaram o controle da capital, Charleston. “As pessoas são facilmen

levadas a favorecer essas pragas da humanidade quando elas têm

peranças de ganhar parte de sua riqueza ilícita”, se queixou, no meano, o governador da Virgínia, Alexander Spotswood, acrescentand

que havia “muitos apoiadores dos piratas” em sua colônia.

Eu comecei a pensar em escrever sobre esses piratas em especiquando estava sentado embaixo de uma palmeira, ao lado da minh

futura esposa, numa ilha na costa de Belize, uma nação da Améric

entral fundada por piratas e bucaneiros ingleses, cujas palavras e fr

do final do século XVII ainda fazem parte da fala cotidiana. Há

ezentos anos, essa, assim como a minha terra nativa, o Maine, era uterra de ninguém, um litoral selvagem repleto de ilhas com uma

 população indígena escassa e ainda não governada por europeus.

maginei aparecendo no final da ilha um gurupés3, as velas remendad

casco colado com piche de um navio pequeno, suas laterais perfura

com portinholas de canhões e uma bandeira de caveira tremulando e

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seu mastro principal. O navio parecia bastante real, desde o cheiro

lona até a penugem abrasiva de suas grossas cordas de cânhamo4. A

pulação era menos definida, uma mistura de referências da cultura

– bandanas e brincos, um tapa-olho para esse, uma perna de pau pa

aquele, um papagaio no ombro do capitão, facas e garrafas de rum e

todo lugar – decorando homens com sorrisos levemente sinistros,latindo clichês frequentemente pontuados com a assinatura “Arrrr!

Percebi que, apesar de toda a sua popularidade, cultivada por filmes

 propagandas, eu ainda não tinha uma ideia real de quem os piratas

realmente foram. De onde eles vieram, o que os levou a fazer o qu

fizeram, como eles usavam seus saques, e será que algum deles tinhconseguido escapar?

Boas respostas não estavam disponíveis de imediato. A maioria

ivros, filmes e programas de televisão sobre o assunto continua a ti

proveito dos mitos dos piratas, não fazendo distinção entre os eventocumentados e os comprovadamente fabricados, muitos dos quais s

riginários de um livro de 1724 denominado História geral dos rou

e assassínios dos mais notáveis piratas, escrito sob o pseudônimo

apitão Charles Johnson5. Aqueles que o fazem tendem a se concent

ão nos verdadeiros piratas, mas nos bucaneiros e corsários de uma

anterior – homens mais respeitáveis, cujas atividades eram em gran

arte legalmente sancionadas. As vidas dessas pessoas – Henry Morg

William Kidd ou William Dampier – estão documentadas por uma

 papelada muito mais volumosa. Algumas excelentes visões gerais

ermanecem, mas elas se concentram na pirataria como uma instituiç

ão na vida de piratas específicos. Como eu descobriria ao escrever e

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livro, a abordagem biográfica apresenta um conjunto de perguntas

totalmente diferente, revelando conexões, motivações e eventos qu

caso contrário, deixariam de ser notados.

O que se segue está fundamentado em materiais encontrados n

arquivos da Grã-Bretanha e das Américas. Nenhum diálogo foiinventado e as descrições de tudo, cidades, eventos, roupas, navios

ima estão baseadas em documentos originais. Aspectos da história

piratas anteriormente perdidos foram recuperados mediante a inclus

de depoimentos legais e dos documentos de julgamentos, cartas do

governadores, autoridades coloniais e capitães navais ingleses eespanhóis, relatos em panfletos, jornais e livros da época, rabiscos e

vros de registro de casas de alfândega, registros paroquiais e os diá

de bordo dos navios de guerra da Sua Majestade.

Ao citar fontes dos séculos XVII e XVIII, apliquei a pontuação

ortografia moderna, para garantir que ficassem compreensíveis aoleitores do século XXI. Todas as datas no texto correspondem ao

calendário juliano, que na época estava em uso na parte do mundo q

falava inglês; isso exigiu que fossem subtraídos dez ou onze dias n

datas das fontes francesas e espanholas, que já usavam o calendári

regoriano de hoje6. As fontes originais serão encontradas nas notasfinal deste livro.

Minha pesquisa me levou a muitos dos cenários listados a segu

Londres, Bristol, Boston, Charleston e Bahamas. Visitei refúgios d

 piratas no leste da Carolina do Norte, onde mergulhadores do

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Departamento de Recursos Culturais do Estado estão explorando o q

se acredita ser o naufrágio da capitânia de Barba Negra. Artefatos d

outro navio pirata da Era de Ouro, o Whydah, ainda estão sendo

descobertos nas praias de Cape Cod. Aproveitei muito as conversas

ocas de correspondências com arqueólogos e historiadores nesses e

outros lugares, que continuam a analisar cuidadosamente evidência para mais pistas a respeito do passado dos piratas.

Este livro conta a história da Era de Ouro da Pirataria através d

vidas de quatro das suas principais figuras. Três eram piratas: SamuBlack Sam” Bellamy, Edward “Barba Negra” Thatch e Charles Van

dos se conheciam. Bellamy e Barba Negra eram amigos, tendo serv

untos sob seu preceptor, Benjamin Hornigold, que fundou a repúbl

pirata em Nassau, na Ilha Nova Providência. Ambos também eram b

familiarizados com Vane, o protegido do rival de Hornigold, Henrennings, um corsário turbulento, declarado fora da lei pelo rei Geor

Vane compartilhava muitas das características de seu mestre: uma

propensão para a crueldade, violência desnecessária e uma veia sádi

ue eventualmente prejudicava sua própria autoridade. Bellamy e Ba

 Negra, seguindo a liderança de Hornigold, eram mais prudentes noemprego da força, geralmente usando o terror apenas para obrigar su

ítimas a se renderem, evitando, assim, a necessidade da violência. N

escrições volumosas dos ataques de Bellamy e Barba Negra a navio

cerca de trezentos navios ao todo – não existe um exemplo registrad

sequer deles matando um prisioneiro. Era mais frequente suas vítim

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elatarem, mais tarde, que haviam sido tratadas de forma justa por es

ratas, que normalmente devolviam navios e cargas que não serviam

seus propósitos.

Ao longo do tempo, esses bucaneiros conseguiram seguidore

 poderosos, navegando ou se divertindo com praticamente todos oslíderes piratas da época: John “Jack Calicô” Rackham, que se vest

extravagantemente; o excêntrico Stede Bonnet; o famoso Olivier L

Buse; Paulsgrave Williams, que usava peruca; e a mulher pirata An

Bonny. No auge de suas carreiras, cada um comandou uma pequen

ota de navios piratas, uma comitiva constituída de centenas de home, no caso de Bellamy e Barba Negra, uma capitânia capaz de desaf

ualquer navio de guerra nas Américas. Suas campanhas foram tão b

ucedidas que logo os governadores, comerciantes de escravos, dono

lantações e magnatas do transporte – a estrutura do poder completa

América britânica – estava clamando para que algo fosse feito.Isso nos leva ao nosso quarto e último personagem, Woodes

Rogers, o homem que a Coroa enviou para enfrentar os piratas e

pacificar as Bahamas. Mais do que ninguém, Rogers deu fim à Era

uro da Pirataria. Ele não era um pirata, é claro, mas tinha servido co

um corsário durante a guerra mais recente da Inglaterra contra FrançEspanha e sabia como os piratas pensavam e operavam. Um herói d

uerra e autor famoso, Rogers tinha liderado um ataque bem-sucedid

uma cidade espanhola, tinha sido desfigurado durante uma batalha

piche contra um enorme galeão7 de tesouro no Pacífico e era um do

poucos homens que haviam dado a volta ao mundo navegando. Ape

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do seu passado fanfarrão, Rogers não tinha nenhuma empatia com

iratas. Ele representava tudo aquilo contra o que os piratas estavam

rebelando. Ao contrário de muitos dos seus colegas, Rogers era

corajoso, altruísta e surpreendentemente patriótico, dedicando-se d

orma abnegada ao rei e ao país. Enquanto muitos outros governador

oficiais navais e ministros do governo rotineiramente enchiam seubolsos à custa da Coroa, Rogers esvaziava os seus em apoio a proje

que, como ele acreditava, iriam promover o bem comum e a ordem

stabelecida do jovem Império Britânico. Apesar do seu serviço hero

Rogers sofreu nas mãos de seus superiores e colegas.

Bellamy, Barba Negra e Vane não começaram sua sociedade pir

do zero. Eles tinham um modelo a seguir em Henry Avery8, um “re

 pirata” conhecido por liderar seus colegas tripulantes a saírem da

opressão entre os conveses para uma vida de luxo inimaginável em u

reino pirata próprio. As proezas de Avery foram realizadas enquantBellamy, Barba Negra e Vane ainda eram crianças e já eram lendári

quando eles se tornaram jovens. Suas aventuras inspiraram autores

 peças de teatro e romances, historiadores e escritores de jornais e

finalmente, os próprios piratas da Era de Ouro. O mito romântico d

pirataria não seguiu a Era de Ouro, ele ajudou a criá-la. O conto do

 piratas, portanto, começa com Henry Avery e a chegada de um

misterioso navio a Nassau três séculos atrás.

 

Os piratas da Era de Ouro naturalmente não existiam há muito tempo quando 1776 chegou, mas o espírito de rebelião mersistiu ao longo do século. Marinheiros e afroamericanos descontentes lideraram manifestações e tumultos em massa co

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andos de recrutamento forçado da Marinha Real em Boston em 1747 e 1768; em Newport, Rhode Island, e em Portland, Ma764; em Nova York em 1764 e 1765; e em Norfolk, Virgínia, em 1767. Nas manifestações de 1747 – que duraram três cravos, servos e marinheiros invadiram a prefeitura de Boston, obrigaram o governador a fugir de sua casa, espancaram o xtiveram um oficial naval. Os marinheiros também lideraram tanto a resistência ao Ato do Selo como a multidão enfurecida de

ue foi reprimida a tiros pelos soldados britânicos, no que ficou conhecido como o Massacre de Boston.ucaneiro é um termo impreciso, que se refere aos piratas e corsários que operavam fora das Índias Ocidentais no século

pecialmente nas décadas de 1670 e 1680. A palavra originalmente se referia a grupos de homens sem lei, a maioria deles fraue vagavam pela Ilha de São Domingos, caçando gado selvagem e secando a carne em um boucan, um tipo de defumador casionalmente caçavam também navios pequenos. Mais tarde, os ingleses adotaram o termo “bucaneiro” para se refequeadores marítimos do Caribe em geral, embora a palavra não fosse usada assim na época.urupés é um mastro colocado obliquamente na proa de um navio (N.T.).

ânhamo é a fibra que se obtém da planta Cannabis, utilizada para fins têxteis (N.T.).

Como visto posteriormente, esse autor não foi Daniel Defoe, como afirmaram gerações de estudiosos e bibliotecário

tencionados.maioria das nações católicas adotava o calendário gregoriano em 1582, quando os dois sistemas tinham dez dias de diferen

700, a diferença aumentou para onze dias, a qual permaneceu até 1752, quando a Grã-Bretanha finalmente adotou o novo calenGaleões são navios de quatro mastros, frequentemente utilizados no transporte de cargas que possuíam alto valor na nav

ceânica entre os séculos XVI e XVIII (N.T.).ambém escrito como “Every” ou “Evarie” em documentos do período.

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CAPÍTULO UM

A lenda

1696

O veleiro chegou na parte da tarde do Dia da Mentira de 1696, balançando na extensão ba

nosa da Ilha Hog e adentrando o largo porto de Nassau, deslumbrantemente azul. No iníc

eões na praia e os marinheiros no porto deram pouca atenção. Pequeno e de aparência com

e veleiro era uma visão familiar, um navio mercante da vizinha Ilha Eleutéria, a oi

ilômetros ao leste. Ele vinha frequentemente a Nassau, capital das Bahamas, para trocar

mentos frescos por tecido e açúcar, e para saber as notícias trazidas da Inglaterra, da Jama

s Carolinas. Os espectadores esperavam ver a tripulação jogar a âncora, colocar as mercad

escaler 1 e remar em direção à praia, já que a capital não tinha cais ou píer. Mais tarde, tend

rado da carga, a tripulação iria beber numa das casas públicas de Nassau, trocando novi

bre a guerra em curso e os movimentos dos franceses infernais, e amaldiçoando a ausênc

arinha Real.

Mas não nesse dia.

A tripulação do veleiro remou até a terra. Seu capitão, um hom

local familiar para todos, pulou para a praia, seguido por várias

estranhos. Esses últimos usavam roupas incomuns: sedas, da Índiatalvez, um lenço com alegres estampas da África, diversos tipos de

hapéus da Arábia, tudo tão fétido e sujo quanto as roupas de lã bar

sadas por qualquer marinheiro comum. Aqueles que chegaram pert

uficiente para ouvir sua conversa ou olhar para seus rostos bronzea

odiam dizer que eles eram marinheiros ingleses e irlandeses, não mu

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iferentes daqueles de outros navios grandes que vinham do outro la

do Atlântico.

O grupo seguiu seu caminho através da pequena aldeia, algum

ezenas de casas agrupadas ao longo da costa, à sombra de uma mod

fortaleza de pedras. Eles atravessaram a praça recém-limpa da cidadassando pela humilde igreja de madeira da ilha, finalmente chegand

asa nova do governador Nicholas Trott. E lá eles ficaram, descalços

areia suja e queimada pelo sol, o cheiro fértil dos trópicos enchend

uas narinas. Os habitantes da cidade pararam para observar os home

de aparência selvagem esperando na porta do governador. Umempregado abriu a porta e, após trocar algumas palavras com o mest

do veleiro, correu para informar à Sua Excelência que uma mensage

urgente havia chegado.

 Nicholas Trott já estava com as mãos cheias naquela manhã. S

colônia passava apuros. A Inglaterra se encontrava em guerra com

rança há oito anos, interrompendo as vias de comércio e abastecime

das Bahamas. Trott recebeu um relatório de que os franceses tinham

capturado a Ilha Exuma, a duzentos e vinte e cinco quilômetros de

distância, e estavam a caminho com três navios de guerra e trezento

vinte homens. Nassau não tinha nenhum navio de guerra à disposiçã

na verdade, nenhum navio da Marinha Real passava por ali há vário

anos, pois não existia um número suficiente de navios para proteger

império da Inglaterra em expansão. Havia o Forte Nassau, recém-

onstruído com pedras locais, com vinte e oito canhões encaixados

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uas muralhas, mas, com muitos colonos fugindo para a melhor prote

da Jamaica, Carolina do Sul e Bermudas, Trott estava achando qua

mpossível manter a estrutura guarnecida. Não havia mais do que sete

homens sobrando na cidade, incluindo os idosos e deficientes. Meta

da população masculina, além das suas ocupações habituais, realiza

também o serviço de guarda em outros horários, o que deixava muit

nas palavras de Trott, “terrivelmente cansados”. Ele sabia que, se o

franceses atacassem com força, existia pouca esperança de manter

 Nassau e o resto de Nova Providência, a ilha na qual sua pequena

apital estava empoleirada. Essas eram as preocupações de Trott qua

ele recebeu o capitão mercante de Eleutéria e seus companheirosmisteriosos.

O líder dos estranhos, Henry Adams, explicou que ele e seus

olegas tinham chegado recentemente às Bahamas a bordo do Fancy,

navio de guerra privado com quarenta e seis canhões e cento e trezhomens, e pediu a permissão de Trott para entrar no porto de Nassa

Adams entregou uma carta do seu capitão, Henry Bridgeman, conten

uma proposta muito estranha. O Fancy, Bridgeman alegava, tinha

acabado de chegar a Eleutéria vindo da costa da África, onde ele tin

eito tráfico de escravos sem a permissão da Companhia Real da Áfr

que detinha um monopólio sobre tais atividades. A carta do capitã

Bridgeman explicava que o Fancy estava com um nível baixo de

mantimentos e que sua tripulação precisava de um tempo em terra. S

governador tivesse a amabilidade de permitir que o navio entrasse n

orto, ele seria amplamente recompensado. Cada membro da tripula

aria a Trott um presente pessoal de vinte peças de oito e duas de ou

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Bridgeman, sendo o comandante, daria o dobro. Os estranhos estav

oferecendo-lhe uma propina no valor de cerca de novecentas libras

numa época em que o salário anual do governador era de apenas

trezentas libras3. Para completar, a tripulação também lhe daria o

próprio Fancy, uma vez que eles tivessem descarregado e se livrado

ainda) não especificada carga. Ele poderia embolsar quase três anossalário e tornar-se o proprietário de um navio de guerra consideráve

simplesmente permitindo que os estranhos ficassem em terra e não

fazendo nenhuma pergunta.

Trott guardou a carta e convocou o conselho de administração colônia para uma reunião de emergência. A ata dessa reunião está

erdida, mas, a partir do testemunho de outros presentes em Nassau

época, fica claro que o governador Trott “esqueceu” de mencionar

suborno aos conselheiros. Em vez disso, ele apelou para o interess

omum na segurança da colônia. O Fancy, ele ressaltou, era tão granquanto uma fragata de quinta classe da Marinha Real, e sua presen

oderia impedir um ataque francês. O acréscimo de sua tripulação qu

obraria o número de homens capazes em Nova Providência, garantin

que os canhões do Forte Nassau seriam utilizados no caso de uma

invasão. E, além disso, como eles ficariam se Bridgeman escolhess

reequipar seu navio no porto francês da Martinica, ou pior, decidis

atacar a própria Nassau? Violar o monopólio da Companhia Real d

África era um crime muito menor, uma razão insuficiente para negar-

entrada.

Os membros do conselho concordaram. O governador mandou

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Henry Adams uma “carta muito educada” acolhendo o Fancy em

Nassau, onde ele e sua tripulação “eram bem-vindos para ir e vir com

quisessem”.

 Não muito tempo depois, um grande navio contornou a Ilha Ho

seus conveses cheios de marinheiros, suas laterais perfuradas comportinholas de canhões e seu casco submerso profundamente na águ

ob o peso de sua carga. Adams e seu grupo foram os primeiros a pi

em terra, seu escaler cheio de sacolas e baús. A recompensa prometi

tava lá: uma fortuna em moedas de prata e de ouro cunhadas na Ará

e além. Escaleres transportaram os tripulantes para a terra ao longo dia. O resto da tripulação se assemelhava ao primeiro grupo:

marinheiros de aparência comum vestidos com ornamentos orientai

ada um portando grandes parcelas de ouro, prata e joias. O homem

identificava como capitão Bridgeman também veio a terra e, depoi

uma reunião a portas fechadas com Trott, entregou o grande navio dguerra para ele. Quando o governador chegou a bordo do Fancy,

descobriu que eles tinham lhe deixado uma gorjeta: o porão continh

mais de cinquenta toneladas de presas de elefante, cem barris de

ólvora, vários baús cheios de armas e mosquetes e uma notável cole

de âncoras de navio.

Mais tarde, Trott afirmaria não ter tido nenhuma razão para

suspeitar que a tripulação do Fancy estivesse envolvida com piratar

Como eu poderia saber?”, ele testemunhou sob juramento. “Suposi

não é prova.” O capitão Bridgeman e seus homens afirmaram ser 

comerciantes não licenciados, ele acrescentou, e as pessoas de Nov

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Providência “não viram nenhuma razão para não acreditar neles”. M

rott não era nenhum tolo. Ele próprio havia sido um capitão mercan

sabia muito bem que tesouros do tipo dos que o Fancy carregava nã

eram produtos de alguma negociação não sancionada com o povo d

osta de Escravos da África. Em pé, a bordo do Fancy, seu porão ch

e marfim e armas, suas velas remendadas dos danos feitos por canhõbalas de mosquete incrustadas em seu convés, Trott foi forçado a fa

ma escolha: fazer cumprir a lei ou ficar com o dinheiro. Ele não pen

 por muito tempo.

Sob a ordem do governador, barcos começaram a transportar arga restante do Fancy para terra. Logo a praia estava cheia de baús

 presas de marfim e armas de fogo, pilhas de velas, âncoras e

quipamentos, barris de pólvora e mantimentos, canhões pesados e s

respectivas munições. Trott colocou seu contramestre pessoal e vári

scravos africanos a bordo do navio. As presas de marfim, as moedasrata e as de ouro foram entregues em seu alojamento privado. O cap

Bridgeman e seus homens estavam livres para beber e festejar nos d

 bares de Nassau e poderiam ir embora quando desejassem.

Foi assim que o homem mais procurado da Inglaterra comprou a

vendeu seu navio pirata para um dos governadores da Sua Majestacapitão Bridgeman era, na realidade, Henry Avery, o pirata mais be

sucedido de sua geração, um homem cujas façanhas já estavam se

tornando material para lendas. Naquele momento, dezenas de navio

entenas de oficiais, milhares de marinheiros, informantes e soldado

todo o mundo estavam à procura de Avery, sua tripulação e o valor

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resgate de um rei em tesouros roubados. Agentes da Companhia da

Índias Orientais estavam acompanhando os rumores de que ele hav

sido avistado perto de Mumbai e Calcutá. Capitães da Marinha Re

açavam o Fancy ao longo da costa da África Ocidental, Madagasca

Arábia. Caçadores de recompensas navegavam pelo oceano Índico e

rredores do Canal da Mancha. Poucos poderiam imaginar que Averseus homens estavam, naquele momento, relaxando à sombra de um

forte inglês.

Henry Avery tinha passado a maior parte dos seus trinta e seis ano mar. Nascido nos limites da cidade costeira de Plymouth, no

rritório ocidental inglês, ele foi para o mar quando ainda era um jov

apaz e serviu como marujo em vários navios comerciais. Pouco tem

epois da Inglaterra entrar em guerra contra a França, em 1688, Aver

alistou na Marinha Real, servindo como suboficial a bordo do HMRupert  e do HMS Albemarle e presenciando combates em ambas a

fragatas. Ao longo dessa jornada, ele e outros marinheiros tinham

aguentado espancamentos e humilhações de oficiais, engolido comi

odre ou abaixo do padrão, que intendentes corruptos lhes davam co

se fosse cortesia, e ficado sem salários por anos a fio. Companheiroque perdiam braços, pernas, mãos, pés ou olhos em acidentes ou

batalhas passavam a viver como mendigos. Os marinheiros diziam q

isioneiros levavam uma vida melhor que eles e, depois de mais de d

décadas no mar, Avery tinha que concordar.

 Na primavera de 1693, ele achou que tinha encontrado um negó

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melhor. Avery ouviu dizer que um grupo de comerciantes ricos esta

montando uma esquadra de navios mercantes para uma missão

extraordinariamente audaciosa. Quatro navios fortemente armados

deixariam a Inglaterra, recolheriam os documentos necessários na

Espanha e navegariam para o Caribe. Uma vez lá, eles iriam negoci

com as colônias espanholas e atacar e saquear navios e plantações

rancesas. Os comerciantes estavam pagando bem e, o mais importan

contrato prometia perspectivas mais certas: um salário mensal de va

usto e garantido, com o pagamento de um mês adiantado antes mes

de os navios deixarem a Inglaterra. Avery sabia que haveria comida

ebida melhores do que aquelas a bordo dos navios do rei, bem compossibilidade de embolsar uma pequena parcela do lucro ao longo d

aminho. Ele se candidatou e, com suas referências de primeira linh

eu histórico de serviços prestados com distinção, foi contratado co

 primeiro oficial a bordo da capitânia de quarenta e seis canhões d

expedição, Charles II , sob o comando do capitão Charles Gibson

 No início de agosto, antes de a esquadra partir, os homens

receberam, como prometido, seu primeiro salário mensal. Ainda ma

ncorajador, o titular da esquadra, sir James Houblon, foi pessoalme

a bordo dos navios, garantindo aos homens que eles ou suas famíli

eriam pagos a cada seis meses durante seu deslocamento. Com isso

Charles II  e outros três navios, James, Dove e Seventh Son, levantar

ncora e navegaram rio Tâmisa abaixo. Para Avery e seus companhei

 parecia ser o início de uma aventura rentável.

As coisas correram mal desde o início. A viagem para La Corun

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no norte da Espanha, deveria ter demorado duas semanas, mas por

alguma razão, para o Charles II  e sua esquadra, demorou cinco mes

Após a chegada, eles descobriram que os documentos de que eles

precisavam ainda estavam para chegar de Madri, então eles lançara

âncora e esperaram. Uma semana se passou, depois duas e depois u

mês, sem nenhuma indicação de que as rodas da burocracia espanhoestavam girando. A bordo dos navios lotados, os homens estavam

cando inquietos, e alguns começaram a perguntar por que o pagame

os seus salários semestrais prometidos ainda não havia sido feito. E

enviaram uma petição a sir James Houblon pedindo que os salário

fossem pagos aos marinheiros ou suas esposas, como tinha sido previamente acordado. Em resposta, Houblon mandou seu agente

olocar vários peticionários a ferros e trancá-los nas prisões úmidas

navios.

Tal reação não aquietou as mentes dos marinheiros. Ao visitaoutras embarcações no porto sonolento de La Corunha, alguns do

marinheiros casados conseguiram enviar mensagens para suas espos

na Inglaterra. Uma carta informava às mulheres a situação de seus

maridos e pedia que elas se encontrassem pessoalmente com Houbl

ara exigir os salários que elas, sem dúvida, precisavam para sobrevi

Então as mulheres confrontaram Houblon, um comerciante rico, dire

fundador do Banco da Inglaterra, cujo irmão era presidente do Banc

ogo se tornaria prefeito de Londres. A resposta dele congelou até se

ossos. Os navios e seus homens estavam agora sob o controle do rei

spanha e, até onde ele sabia, o rei poderia “pagá-los ou enforcá-los

quisesse”.

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Quando os boatos da resposta de Houblon chegaram a La Corun

os marinheiros começaram a entrar em pânico. Vários imploraram a

apitão de um navio de guerra inglês que estava de passagem para lev

os de volta, mas não foram atendidos. O mordomo pessoal do capit

Gibson, William May, ofereceu abrir mão de trinta libras dos seus

alários atrasados se lhe fosse permitido deixar o Charles II ; Gibson

isse para voltar ao trabalho ou ele seria jogado na cadeia. A tripula

do navio concluiu que tinha sido vendida para o serviço do rei de

Espanha por “todos os dias de sua vida”.

Henry Avery descobriu uma solução. Em 6 de maio de 1694, queses depois de chegar a La Corunha, ele e alguns dos seus marinhe

remaram para a cidade. Vagando pelas ruas estreitas e sinuosas, ele

euniram homens dos outros navios ingleses que estavam no porto. E

tinha um plano para conquistar sua liberdade.

Às nove horas da noite seguinte, vários desses recrutas partiram

Charles II  num pequeno barco. Quando eles chegaram ao lado do

James, um dos marinheiros saudou uma figura no convés usando um

enha combinada: “O seu contramestre bêbado está a bordo?” Eles n

obtiveram a resposta esperada, então falaram mais claramente, algo

como: “Nós fazemos parte do plano secreto para tomar o controle dCharles, então todos vocês subam a bordo e nós os levaremos até lá

Infelizmente, o homem no convés do James não era um membro d

conspiração e correu para alertar seu capitão. Antes de este soar o

arme geral, no entanto, vinte e cinco conspiradores do James lança

pinaça – o maior de seus barcos – ao mar e seguiram seus colegas

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direção ao Charles.

 No Charles, Avery ouviu os sons da comoção do James ecoan

ravés do porto. Ele sabia que eles não podiam esperar mais. Ele e d

dúzias dos seus homens correram para o convés, capturaram o vigia

ssumiram o controle do tombadilho superior, onde o leme e muitos outros controles de um navio ficam localizados. Quando os barcos d

onspiradores do outro navio chegaram, o capitão do James abriu fo

mandando duas balas de canhão que esguicharam água no porto ao l

do Charles. O fogo do canhão alertou os espanhóis que guardavam

fortaleza medieval de La Corunha, que a esse ponto já estavampreparando suas armas. Avery dava as ordens. Os homens corriam p

ortar as grossas cordas da âncora do navio ou subiam nos mastros p

oltar as velas; o timoneiro colocou o navio a favor do vento, enquan

outros puxavam as velas para o lugar. Lentamente, o Charles saiu d

 porto sob os canhões do forte e seguiu para alto-mar no AtlânticoA poucos quilômetros de distância do porto, Avery desceu do

onvés para falar com o capitão Gibson, que estava doente e acamad

om o imediato, Jonathan Gravet, ambos sob guarda em suas respecti

abines. De acordo com eles, Avery os tratou com cortesia e até ofere

a Gibson o comando do Charles se ele se juntasse à sua conspiraçãEle recusou. Avery, no entanto, prometeu deixar os dois homens irem

rra firme num dos barcos assim que a manhã chegasse, juntamente c

uaisquer outros homens que desejassem ir embora. Avery deu a Gra

rês presentes de despedida: um casaco, um colete e seu próprio salá

de primeiro oficial. Mais tarde, Gravet relembrou que o mordomo d

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Gibson, William May, “pegou minha mão, me desejou boa partida e

 pediu que falasse dele para sua esposa”.

De manhã, Gibson, Gravet e quinze outros homens entraram nu

dos botes do Charles II  e remaram em direção ao continente. “Eu s

um homem de boa sorte e devo buscar o meu destino”, Avery disseGibson antes de partirem.

Mais tarde naquele dia, Avery realizou uma reunião geral com

ripulação do navio: oitenta e cinco homens no total, cada um deles oluntariamente, exceto pelo médico, de cujos serviços eles não estav

dispostos a abrir mão. Avery propôs uma nova e melhor forma de

manterem a si mesmos e suas famílias: eles atacariam navios e

ssentamentos, como estava previsto inicialmente, só que não no Car

e não para o lucro de Houblon. Em vez disso, eles navegariam até ceano Índico, onde atacariam navios mercantes carregados de rique

e manteriam o saque para si próprios. Ele tinha ouvido falar que a Il

Madagascar daria uma base de operações perfeita; localizada na cos

sudeste da África, ela não tinha nenhuma presença europeia, tinha

entenas de quilômetros de litoral isolado e nativos que ficariam feli

m negociar alimentos e outras necessidades. Quando tudo terminas

Avery disse-lhes, eles poderiam voltar discretamente para a Inglater

com suas riquezas.

Avery deve ter sido convincente, porque os homens concordara

om seu plano e o nomearam capitão. Em grupo, eles estabeleceram

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sistema justo para dividir os futuros saques. Enquanto na maioria d

embarcações de corso5 o capitão recebia entre seis e catorze partes

mais do que um marinheiro comum, Avery receberia apenas uma par

ais, e seu imediato metade de uma parte a mais. Eles tomariam toda

principais decisões democraticamente, exceto quando estivessem e

combate, ocasião em que a ordem de Avery seria absoluta. Todosambém votaram para mudar o nome do navio: dali em diante, ele se

chamado de Fancy.

Eles passaram o mês de maio navegando pelo Atlântico, parando

Ilha do Maio, no arquipélago de Cabo Verde, a pouco mais dequinhentos e sessenta quilômetros de distância do litoral oeste da

África. Maio era um lugar deprimente, sem árvores, uma ilha

ozinhando sob o sol tropical. Era frequentada por navegadores devi

às suas extensas salinas afastadas da costa, já que o sal era o princip

onservante de alimentos da época. Na enseada sombria que servia coporto havia três navios mercantes ingleses sendo carregados com o

que os nativos tinham empilhado para eles na praia. Diante do

esmagador poder de fogo do Fancy, os capitães se renderam sem lu

Avery roubou seus mantimentos e uma âncora para substituir a que

tinha deixado no fundo do porto de La Corunha, mas educadament

deu-lhes um recibo de tudo o que ele tinha roubado. Deixando a

olicitude de lado, obrigou nove membros da tripulação a se unir ao

ando de piratas, provavelmente porque, como aconteceu com o méd

eles tinham habilidades especiais necessárias para manter o Fancy e

funcionamento.

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Avery aparentemente se arrependeu de ter saqueado navios ingle

m tempo de guerra. Poucos meses depois, ele escreveu uma carta ab

a todos os capitães ingleses, dizendo que eles não tinham nada a tem

o Fancy e de seus homens. “Eu nunca ataquei nenhum navio inglês

olandês”, ele escreveu, “nem tenho a intenção de fazê-lo enquanto

comandante”. Assinou como “Ainda amigo de um inglês”. Pode-se v

porque Avery se tornaria um herói para os pobres e oprimidos, um

espécie de Robin Hood marítimo. Ele tinha se revoltado contra a

injustiça e tratado seus prisioneiros com uma notável humanidade

roubando apenas o que ele e seu bando precisavam para sobreviver

Mas nem todas as ações seguintes de Avery foram particularme

honrosas. Seus futuros admiradores destacavam seu comportament

íntegro para com prisioneiros ingleses e europeus, mas eles tendiam

pular essa parte ou disfarçar a forma como ele tratava os estrangeiro

que não eram brancos e que caíam em suas garras. Mais tarde, suatripulação e seus prisioneiros descreveriam muitos atos de crueldad

Uma vez, na costa da África Ocidental, Avery atraiu um grupo de

homens de tribos locais a bordo de seu navio com a promessa de

comércio e em seguida roubou seu ouro, prendeu-os a ferros e vend

pelo menos sete deles como escravos. Houve numerosos casos em q

sua tripulação capturou pequenas embarcações mercantes árabes

desarmadas e, depois de roubar suas cargas humildes de arroz e peix

ueimou-as, em vez de devolvê-las aos seus capitães. Enquanto naveg

por onde hoje fica a Somália, a tripulação do Fancy colocou fogo n

cidade inteira de Mayd porque os moradores se recusaram a negoci

com eles. Antes de deixar a Ásia, Avery e seus homens fariam muit

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 pior.

Em meados de junho de 1695, treze meses após a rebelião na

Espanha, o bando de Avery tinha capturado pelo menos nove navios

navegado da Ilha do Maio a Madagascar, do Cabo da Boa Esperanç

osta da Índia. Eles haviam montado acampamento nos portos isolade Madagascar, feito uma revisão completa no Fancy nas ilhas Como

e se fartado com potes de mel comprados de comerciantes em Gabã

Sua tripulação tinha aumentado para mais de uma centena, incluind

catorze voluntários de um navio mercante dinamarquês e um grupo

corsários franceses que estavam presos numa ilha perto do Canal dMoçambique. Eles haviam roubado grandes parcelas de arroz, grão

onhaque, lã, linho e seda, mas apenas quantidades muito pequenas

ouro, prata e outros objetos de valor de fácil transporte. Se eles

quisessem fazer uma verdadeira fortuna, eles teriam que ir atrás de u

butim maior. Com seus prisioneiros, eles descobriram que uma granota em breve sairia de Mocha, um porto onde atualmente fica o Iêm

passaria pela entrada do Mar Vermelho a caminho de Surate, na Ín

A bordo dos navios estariam milhares de muçulmanos voltando de s

 peregrinação anual ao santuário sagrado de Meca e dezenas de

comerciantes repatriando os lucros de sua missão comercial anual. O

navios de tesouro do comboio – propriedade do grão-mogol da Índia

eram os mais valiosos a singrar pelo oceano Índico.

Avery e sua tripulação navegaram para o norte, em direção à

desembocadura do Mar Vermelho, onde planejavam esperar pela fro

ue vinha de Mocha. Mas eles não eram os únicos piratas ingleses c

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o horizonte; era o Fath Mahmamadi, um navio maior do que o Fan

mas também mais lento e armado com apenas seis canhões. A tripula

o Fath Mahmamadi disparou uma patética salva de três tiros enqua

os navios piratas se reuniam em torno dele. O Fancy respondeu com

uma artilharia ensurdecedora de vinte e três canhões de bordo e um

saraivada de tiros de mosquete. O capitão indiano se rendeu, o Fanez a abordagem e a tripulação de Avery se atirou sobre sua pilhagem

trezentas e cinquenta toneladas. Nos porões, encontrou o produto d

omércio do Fath Mahmamadi em Mocha: o equivalente a uma quan

entre cinquenta mil e sessenta mil libras em ouro e prata que perten

ao proprietário do navio, o comerciante Abdul Ghafur. Era umaquantidade impressionante, suficiente para comprar o Fancy cinque

ezes, mas Avery queria mais. Ele deixou o navio sob o comando de

grupo de seus homens – uma tripulação de captura – e, junto com se

colegas capitães, continuou sua busca pela grande frota.

Dois dias depois, ao longo da costa oriental da Índia, um vigi

vistou ao longe outro navio a caminho do porto indiano de Surate.

piratas logo alcançaram o Ganj-i-sawai, um gigantesco navio merca

ue pertencia ao próprio grão-mogol Aurangzeb. Ele era, sem dúvida

maior navio operando perto de Surate, com oitenta canhões,

quatrocentos mosquetes e oitocentos homens robustos a bordo. Se

apitão, Muhammad Ibrahim, tinha motivos para estar confiante de q

ia expulsar os invasores, tendo mais canhões e mais do que duas ve

o número de homens do que o Fancy e os três navios corsários

americanos juntos. As apostas eram altas, no entanto, pois o Ganj-

 sawai estava pesado, lotado de passageiros e tesouros.

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Assim que o Fancy ficou ao seu alcance, o capitão Ibrahim orde

que uma tripulação armada entrasse em ação. Eles carregaram seu

esados canhões com balas e os rolaram para fora de suas portinhola

atirador mirou, acendeu o pavio e deu alguns passos para trás com

sto de sua equipe, à espera do ricochete. Em vez de um estrondo al

de uma explosão de fumaça, veio um lampejo horripilante. Devido

algum defeito interno, o pesado canhão explodiu, atirando fragment

em todas as direções. A tripulação armada explodiu em pedaços.

Enquanto Ibrahim absorvia o espetáculo macabro, o Fancy atacou d

volta. Uma de suas balas de canhão atingiu o Ganj-i-sawai na part

inferior do seu mastro principal, a mais crítica das localizações. Omastro desabou parcialmente, lançando velas e cordames em desorde

gravando o caos a bordo do navio. A perda de espaço de área vélica

om que o Ganj-i-sawai começasse a se movimentar mais devagar. S

 perseguidores chegaram mais perto.

Espadas em punho e mosquetes prontos, mais de cem piratas s

agacharam atrás dos parapeitos do Fancy, esperando que os navios

juntassem. Quando eles se encostaram, cordas arrebentando, velas

asgando, cascos de madeira gemendo e rangendo com a pressão, Av

e companhia correram por cima das laterais e para o convés do navi

mutilado.

Um historiador indiano chamado Muhammad Hashim Khafi Kh

ue estava em Surate na época, escreveu que levando em conta que ha

tantos canhões a bordo do Ganj-i-sawai, a tripulação certamente ter

derrotado os piratas ingleses “se o capitão tivesse oferecido algum

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esistência”. O capitão Ibrahim aparentemente entrou em pânico e fu

ara baixo do convés, para os quartos das meninas turcas que ele ha

omprado em Mocha para servirem como suas concubinas pessoais. “

colocou turbantes em suas cabeças e espadas em suas mãos e as

ncorajou a lutar”, Khafi Khan escreveu. A resistência a bordo do na

indiano caiu. Os homens de Avery começaram seu saque.

De acordo com as histórias que mais tarde circulariam pelos bar

beira-mar da Inglaterra, Avery se comportou cavalheirescamente. Um

das histórias mais populares conta que ele encontrou “algo mais

agradável do que as joias” a bordo do navio capturado: a neta domperador mogol, a caminho do seu casamento, com um vasto dote e

upo barulhento de belas donzelas. Avery, dizia-se, pediu a princesa

asamento e, ao receber seu consentimento casou-se com ela ali mesm

om a ajuda de um clérigo muçulmano. Nessa versão da história, que

publicada em Londres em 1709, “o resto da tripulação então sorteouas servas e, para seguir o exemplo de seu comandante, até esperara

mesmo padre rezar por eles”. Foi dito que os felizes recém-casado

passaram toda a viagem de volta para Madagascar envolvidos em su

felicidade conjugal.

A verdadeira história é menos romântica. Documentos delgamentos e relatos de testemunhas indianas e oficiais ingleses deix

laro que Avery presidiu uma orgia de violência. Durante vários dias

 piratas estupraram passageiras de todas as idades. Entre as vítima

stava uma parenta do imperador mogol – não uma jovem princesa, m

a esposa idosa de um de seus cortesãos. Khafi Khan relatou que vár

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mulheres se mataram para evitar tal destino, algumas pulando ao ma

outras se apunhalando. Sobreviventes disseram que os piratas tratav

as prisioneiras “muito barbaramente”, em um esforço para fazê-las

onfessar onde tinham escondido seus objetos de valor. Um membro

ipulação de Avery, Philip Middleton, mais tarde testemunhou que e

mataram vários homens a bordo do navio capturado. Os fatos e a lenó concordam no tamanho das riquezas que os piratas carregaram par

 Fancy: um tesouro de ouro, prata, marfim e joias valendo cento e

cinquenta mil libras ou mais.

Uma vez que os piratas ficaram satisfeitos, o Ganj-i-sawai foautorizado a navegar para Surate com sua tripulação e passageiros

obreviventes. Os piratas foram embora na direção oposta, rumo ao s

m direção a Madagascar e ao Cabo da Boa Esperança. Na Ilha Reun

no meio do caminho para o Cabo, Avery e os capitães corsários

dividiram o saque e seguiram caminhos separados. A maioria datripulação recebeu uma participação individual de mil libras, o

quivalente a vinte anos de salário a bordo de um navio mercante. Av

ugeriu à sua tripulação que navegassem diretamente para Nassau pa

evitar a vingança do imperador. Em novembro de 1695, o Fancy

começou sua longa jornada para o outro lado do mundo, para a Ilh

 Nova Providência.

Tendo concluído seu acordo com o governador Trott, Avery e s

omens passaram vários dias em Nassau, bebendo os refrescos de Tr

e debatendo o que fazer a seguir. Alguns homens – sete ou oito, pe

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menos – resolveram ficar ali mesmo e logo se casaram com mulhere

locais. O restante dos piratas se dividiu em três grupos, cada um co

sua própria ideia de como melhor cair no esquecimento com sua par

do saque. Um grupo de vinte e três homens, liderado por Thomas

Hollingsworth, comprou dos habitantes da ilha um saveiro de trint

oneladas chamado Isaac e partiu para a Inglaterra na segunda sema

de abril de 1696, aparentemente querendo voltar discretamente par

asa. O segundo grupo, de aproximadamente cinquenta homens, par

 para a colônia inglesa mais próxima, Charleston, na Carolina, a

aproximadamente seiscentos e cinquenta quilômetros ao norte. O

erceiro grupo consistia em Avery e mais vinte, que pagaram seiscenlibras por um saveiro de longo curso de cinquenta toneladas, o Sea

Flower , armado com quatro pequenos canhões. Em meados de 1º d

unho, eles carregaram seus pertences e tesouros e se prepararam pa

partir. Henry Adams, o homem que tinha levado a mensagem de Ave

ara o governador Trott, se casou com uma menina de Nassau e a levom ele a bordo do saveiro. Avery ordenou que as velas fossem solta

Sea Flower  começou sua rota para o norte, aproveitando a corrente

Golfo, com destino à Irlanda.

 Nicholas Trott passou a primeira parte de junho limpando

ompletamente o Fancy. Para tornar esse processo mais fácil – e por

o navio já estava em mau estado – ordenou que a embarcação foss

ncalhada na Ilha Hog, pouco antes da partida do Sea Flower . Não e

claro se ele conhecia a verdadeira identidade do navio, mas em algu

momento daquele verão outros marinheiros passaram por Nassau e

econheceram o casco encalhado como sendo o Charles II . Trott trou

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guns homens para interrogatório, mas alegou que “eles não podiam

nenhuma informação”. Em dezembro, recebeu uma carta de seu cole

da Jamaica, informando que Bridgeman não era ninguém menos que

bandido Henry Avery. Trott trouxe alguns dos colegas de Avery pa

interrogatório. Ele logo os liberou, lembrando que o governador d

Jamaica “não deu nenhuma prova”. Meses depois, “ordenou” que  Fancy fosse “apreendido, na esperança de que provas possam ser

encontradas”. Trott acabaria por perder seu cargo por causa do

incidente, mas terminou seus dias de forma bastante próspera.

Alguns dos homens de Avery encontraram abrigo em outros porVários daqueles que tinham ido para Charleston continuaram até

Filadélfia, onde compraram a lealdade de outro governador, Willia

Markham, da Pensilvânia, por aproximadamente cem libras por home

Markham, que aparentemente sabia quem eles eram, não só deixou

 prendê-los mas os acolheu em sua casa e permitiu que um deles secasasse com sua filha. Quando um dos magistrados do rei, Robert

nead, tentou prender os piratas, o governador o desarmou e o ameaç

de prisão. Snead, impassível, aprisionou dois piratas, mas eles

“escaparam” da prisão em poucas horas. O incidente, Snead escreve

para as autoridades em Londres, tinha permitido que “todas as pesso

vissem como o ouro árabe trabalha em algumas consciências”.

O Isaac, o primeiro dos saveiros que transportavam os piratas c

destino à Inglaterra, ancorou na remota Ilha Achill, na costa oeste d

Irlanda, durante a primeira semana de junho. Cerca de uma dúzia d

piratas desembarcou no sopé da Ponta de Achill, empilhando sacos

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moedas de ouro e prata na larga praia. Mais tarde, eles seguiram

caminho para Dublin e lá desapareceram sem deixar vestígios. O

restante da tripulação do Isaac navegou até Westport, no Condado

ayo, onde descarregaram apressadamente e se separaram. Oferecera

cada morador dez libras por cavalos velhos que não valiam nem um

quinto do valor, e trocaram sacos de prata espanhola por bolsas deguinéus6 de ouro a preços acima do que valiam, simplesmente para

aliviar sua carga. Em pequenos cavalos irlandeses carregados de

guinéus, sedas e outros objetos de valor, muitos saíram da cidade e

direção a Dublin. Hollingsworth, seu líder, vendeu o Isaac para

omerciantes locais e também foi embora. Autoridades locais estimarue o saveiro chegou a Westport com aproximadamente vinte mil lib

em ouro e prata, além de várias toneladas de valiosas toras de uma

espécie tropical de madeira das Bahamas, da qual eram extraídos

corantes. Apenas dois homens, James Trumble e Edward Foreside

oram aprisionados, embora outros tivessem sido vistos em Dublin mtarde naquele verão.

Avery e o Sea Flower  chegaram ao seu destino no final de junh

desembarcando em Dunfanaghy, no Condado de Donegal, no norde

da Irlanda. Foram confrontados pelo funcionário da alfândega loca

Maurice Cuttle, com o qual eles lidaram da maneira usual; cada um d

o Sr. Cuttle cerca de três libras em ouro e, em troca, ele não só emi

ermissões para eles irem para Dublin, mas os acompanhou em parte

aminho. A dez quilômetros de Dunfanaghy, Avery se separou do re

dos homens, dizendo que ia para a Escócia e, em última instância, a

Exeter, para sua cidade natal Devonshire. Apenas uma pessoa

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companhou o pirata: a mulher de Henry Adams. Juntos, Avery e a S

Adams seguiram seu caminho a partir da cidade de Donegal.

Os outros homens do Sea Flower  viajaram para Dublin. Um de

John Dan, reservou uma passagem para a Inglaterra e depois se

aventurou por terra para Londres. Ao passar pela cidade de St. Albaem Hertfordshire, ele se encontrou com a Sra. Adams, que estava

embarcando numa diligência. Ela disse a Dan que estava indo se

ncontrar com Avery, mas recusou-se a levá-lo junto com ela ou a co

nde ele estava. Alguns dias depois, numa pousada em Rochester, K

os arredores de Londres, uma empregada encontrou as quase mil e clibras que Dan tinha costurado em sua jaqueta acolchoada.

Ele acabou na prisão, assim como sete de seus ex-companheiros

navio. Cinco deles, incluindo o mordomo William May, foram

enforcados na Doca de Execução em Londres, em 25 de novembro

1696.

Avery nunca mais foi visto.

Rumores sobre o destino de Avery circularam pelos territóriocujos habitantes falavam a língua inglesa nas décadas seguintes,

passando de marinheiro para marinheiro dentro dos navios e bares d

império. Foi dito que ele era literalmente o Rei dos Piratas e tinha

voltado para Madagascar com seus cúmplices para reinar sobre o se

óprio domínio pirata. Lá, ele estaria vivendo com sua esposa, a neta

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grão-mogol, num palácio suntuoso e seguro, fora do alcance da le

inglesa. Piratas chegavam até ele dos quatro cantos do mundo.

A lenda ganhou força em 1709, quando um livreiro de Londre

publicou The Life and Adventure of Captain John Avery [A vida e

ventura do capitão John Avery], supostamente baseado no diário dehomem que havia escapado de seu reino pirata. O autor anônimo

afirmava que Avery presidiu uma frota de mais de quarenta grande

navios de guerra e um exército de quinze mil homens. “Cidades fora

construídas, comunidades estabelecidas, fortificações e trincheira

guidas, tornando seus domínios inconquistáveis e inacessíveis por e terra.” Avery tinha tanta prata e ouro que começara a cunhar sua

próprias moedas ostentando sua imagem. “O famoso pirata inglês”

escreveu ele, tinha ido “de grumete a rei”. A história cativou tanto

úblico inglês que, alguns anos depois, o Teatro Real de Londres ex

ma peça baseada na vida de Avery. Em The Successful Pyrate [O pibem-sucedido], Avery vivia num enorme palácio, “um ladrão imperi

liderando cem mil […] irmãos ladrões […] queimando cidades,

devastando países e despovoando nações”.

Para jovens marinheiros e grumetes vítimas de abuso, Avery tin

se tornado um herói. Ele era um deles, um homem que defendeu seucolegas marinheiros e os liderou até uma terra prometida, um céu n

erra para os marujos. Um campeão em um homem comum, o Avery

lenda era um símbolo de esperança para uma nova geração de

marinheiros oprimidos, bem como um modelo para homens que um

se tornariam os piratas mais famosos e temíveis da história.

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quivalente a uma pistole (moeda espanhola), a qual valia trinta e dois ryals (reais espanhóis).m 1713, esse era o salário do governador da Carolina do Norte, uma colônia pequena de propriedade dos mesmos aristocra

ossuíam as Bahamas.m 1962, o governo das Bahamas a renomeou Ilha Paraíso, a pedido do magnata americano dos supermercados Huntington H

a agora está ocupada por resorts e hotéis de luxo.orso é uma modalidade de guerra que consiste na investida de navios armados contra navios inimigos no intuito de saqueá-los,

utorização de seu governo (N.T.).uinéu é uma antiga moeda de ouro inglesa (N.T.).

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CAPÍTULO DOIS

Indo para o mar 

1697-1702

Quando Henry Avery desapareceu na noite irlandesa, os homens que formariam a Era de Ou

ataria eram meninos ou rapazes muito jovens. Do começo da vida daqueles que se torn

ítimos piratas sabe-se muito pouco.

A maioria das pessoas na Inglaterra do final do século XVII dei

poucos registros de seu tempo. O nascimento, casamento e a morte

um plebeu honesto e cumpridor da lei podiam ser anotados por um

adre no registro da igreja paroquial local. Se tivesse dinheiro suficie

para ter uma propriedade, poderia sobreviver um testamento com uinventário de seus bens e para quem eles seriam legados. Se a pesso

tivesse cometido ou sido vítima de um crime, seus registros

rovavelmente seriam mais volumosos, principalmente se o caso tive

do a julgamento. Na verdade, muito do que sabemos sobre os grand

 piratas vem de depoimentos, transcrições de julgamentos e outrosregistros legais guardados nos arquivos da Grã-Bretanha, Espanha

suas ex-colônias no Novo Mundo. Em outras palavras, a história te

 pouco a dizer sobre eles antes de se tornarem piratas.

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Samuel Bellamy, o homem que chamaria a si próprio de Robi

Hood dos mares, talvez fosse filho de Stephen e Elizabeth Pain

Bellamy, nascido em 18 de março de 1689 na aldeia de Hittisleigh,

Devon. Se assim for, ele era o mais novo de cinco filhos, tendo o ma

velho morrido na infância, cinco anos antes do nascimento de Samu

Como o único filho homem restante, ele iria herdar a propriedade d

família, que provavelmente não valia muito. Hittisleigh era um luga

xtremamente modesto, um punhado de casas dispersas sobre colinas

periferia do lado norte das rígidas ruínas de Dartmoor, o cenário de

cão dos Baskervilles, de Arthur Conan Doyle. O solo de argila er

ompacto, complicando tanto o cultivo quanto a drenagem dos camps habitantes faziam o melhor que podiam para ganhar a vida plantan

igo, cevada e batatas. O solo da região, conforme Daniel Defoe rela

na década de 1720, era “estéril por natureza” e “muito prejudicial

specialmente às ovelhas, que naqueles lugares são de um tipo meno

muito sujeitas a definhar e morrer em grande número”. Era uma terrnde não crescia “nada além de juncos ou um tipo grosseiro e amargo

 pasto do qual o gado não se alimentava”.

Como muitos meninos, Bellamy provavelmente deixou sua faze

ogo que pôde, para escapar da crescente catástrofe social e econôm

ue engolia a zona rural inglesa. O antigo sistema medieval estava se

substituído pelo capitalismo, e a dor dessa transição caía sobre os

ombros dos camponeses do país. Em meados de 1500, lordes ingles

começaram a expulsar os camponeses de suas terras, seja comprand

com dinheiro seus direitos de arrendamento medievais, seja

simplesmente se recusando a renovar suas concessões. Em toda a

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Inglaterra, campos e pastos que eram usados coletivamente por 

moradores locais foram confiscados por senhores feudais, delimitad

om muros, cercas e fileiras de sebes e incorporados a grandes fazen

 particulares e fazendas de ovelhas. Esse “movimento de cercar”

ransformou senhores feudais em aristocratas com terras e fez com q

milhões de agricultores autossuficientes se tornassem indigentes se

terra.

Como resultado, a vida rural inglesa estava cada vez mais arrisca

Sem terras, os camponeses não podiam mais criar gado, o que

gnificava que eles não podiam mais produzir seu próprio leite, queã ou carne. Como eles tinham que pagar aluguel em dinheiro aos se

enhorios para utilizar os campos e viver nas casas deles, a maioria

obrigada a trabalhar para eles, junto com seus filhos. Para a famíli

camponesa típica, isso representava uma enorme perda na renda real

rodução leiteira anual de apenas uma vaca valia tanto quanto o saláanual de um trabalhador adulto. “Pobres arrendatários”, um viajant

observou, “não podem se dar ao luxo de comer os ovos que suas

alinhas põem, nem as maçãs e peras que crescem em suas árvores [

mas devem transformá-los todos em dinheiro”. Sir Francis Bacon

escreveu os arrendatários como um pouco melhores do que “mendig

em um abrigo”. No ano de nascimento de Bellamy, três milhões de

ngleses – cerca de metade da população do país – estavam no nível

ubsistência, ou até abaixo, e a maioria vivia na zona rural. Desnutri

doenças deixaram sua marca nessa metade submersa da população

nglaterra: em média, eles eram quinze centímetros mais baixos e viv

menos do que a metade do tempo que seus conterrâneos de classe mé

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e alta viviam.

Um grande número deles abandonou suas terras ancestrais e seg

 para as cidades da Inglaterra em busca de trabalho. O jovem Sam

Bellamy foi provavelmente um deles. Apesar de não conhecermos s

tinerário, sabe-se que, no final das contas, ele chegou a um dos porda Inglaterra. Talvez ele tenha sido inspirado pelas façanhas de Hen

Avery, cujas histórias haviam se espalhado por Devon partindo da

cidade natal de Avery, Newton Ferrers, a apenas cerca de cinquent

quilômetros de Hittisleigh. Sonhos de aventuras de capa e espada

riquezas reais podem ter passado pela cabeça do jovem enquanto eravessava o brejo em direção a Plymouth, subia as colinas em direç

Bristol ou andava pela longa estrada até Londres, seguindo sua rota

direção ao mar.

Sobre Charles Vane, que um dia iria desafiar um esquadrão inte

de navios de guerra de Sua Majestade, sabe-se menos ainda. Há um

retrato dele na edição de 1725 do livro História geral dos roubos

ssassínios dos mais notáveis piratas, uma xilografia cujo criador te

trabalhado a partir do que ele tinha ouvido ou lido, não pelo que el

inha visto; ele retrata Vane usando uma peruca na altura dos ombro

um casaco longo de soldado, espada desembainhada, apontando

resolutamente em direção a um objetivo invisível; ele tem estatura

média, um nariz adunco, cabelos escuros, um cavanhaque fino

estacando-se entre uma barba de poucos dias. Seu local de nascime

de infância ficaram perdidos na história, nos deixando para adivin

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do período medieval. O comércio pulsava nas ruas, paralelepípedo

coando sob as rodas de carrinhos de comerciantes, carrinhos de mão

vendedores ambulantes, cascos dos cavalos de transporte dos

avalheiros e sob os rebanhos de gado e ovelhas destinados ao abate

mercados de carne do centro. Lojas e bancas não apenas se enfileirav

nas ruas e praças, mas se espalhavam em vias públicas e até mesmosufocavam o fluxo do tráfego para atravessar a Ponte de Londres, a

única forma de cruzar o rio Tâmisa. Muitas das mais belas igrejas d

Londres eram “tão lotadas com lojas e casas de moradia”, um escrit

amentou, “que se poderia pensar que a religião estava em risco de s

sufocada pelo crescimento do comércio”.

A principal artéria da cidade, o Tâmisa, era ainda mais

movimentado do que as ruas. Rio acima, a partir da Ponte de Londre

ob cujos arcos estreitos a correnteza fluía como cachoeiras –, cente

e barqueiros remavam barcos, transportando passageiros e cargas pma, para baixo e de uma margem para a outra. Era esse rio que rece

o conteúdo de meio milhão de penicos, o sangue e as vísceras de

ilhares de animais abatidos, e os corpos de gatos, cães, cavalos, rat

tudo o que não se queria mais. Rio abaixo, também a partir da pont

centenas, às vezes milhares de navios de longo curso esperavam par

arregar e descarregar suas cargas, geralmente três ou quatro amarrad

ado a lado, uma floresta flutuante de mastros que se estendia por m

de um quilômetro. Saveiros de comércio costeiro traziam pilhas de

carvão de Newcastle; navios de dois e três mastros descarregavam

madeira do Báltico, tabaco da Virgínia, açúcar da Jamaica e de

Barbados e bacalhau salgado da Nova Inglaterra e da Terra Nova. M

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diante, ainda rio abaixo, na periferia da metrópole, os navios de gue

da Marinha Real se reuniam nos estaleiros navais de Deptford e

Rotherhithe, à espera de ordens, consertos ou reforços.

Se eles tivessem ido para Londres, Charles Vane e Samuel Bella

riam acabado no bairro de Wapping, presos na área ribeirinha entrestaleiros navais e a Ponte de Londres. Wapping era um labirinto lot

de casas em ruínas e cervejarias tristes, intercaladas com cais,

madeireiras e armazéns. Construído num terreno espremido entre o

pântanos e o rio, o bairro há muito era conhecido como “Wapping n

Lodo”, e era a casa de quem não podia se dar ao luxo de viver emqualquer outro lugar.

A vida em Wapping e nos outros bairros mais pobres de Londr

ra suja e perigosa. Muitas vezes, quinze ou vinte pessoas viviam em

só quarto em casas frias, mal iluminadas e precárias. Não havia um

oleta de lixo organizada; penicos eram esvaziados para fora das janesujando todos e tudo nas ruas abaixo. Estrume de cavalos e outros

nimais se empilhavam nas ruas, assim como os cadáveres dos própr

animais. As chuvas frequentes de Londres levavam uma parte da lam

mas tornavam o fedor insuportável dos cemitérios ainda pior; indigen

eram enterrados em valas comuns, que permaneciam abertas até seretotalmente ocupadas. O tempo frio trazia seus próprios riscos

atmosféricos, já que o pouco aquecimento doméstico que existia vin

da queima de carvão de baixa qualidade.

As doenças eram galopantes. Oito mil pessoas se mudavam pa

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Londres a cada ano, mas o afluxo mal conseguia acompanhar a taxa

mortalidade. Infecção intestinal e disenteria matavam em média mil p

ano, e mais de oito mil eram consumidos por febres e convulsões.

arampo e varíola matavam mais mil, muitos deles crianças, a maiori

ebilitada por raquitismo e vermes. Entre um quarto e um terço de to

os bebês morriam em seu primeiro ano de vida, e apenas metadesobrevivia até a idade de dezesseis anos.

As ruas fervilhavam de crianças sozinhas. Algumas delas haviam

tornado órfãs por acidentes ou doenças, outras foram simplesment

abandonadas nos degraus da igreja por pais que eram incapazes dealimentá-las. Autoridades paroquiais sobrecarregadas alugavam beb

ara pedintes usarem como se fossem suas por quatro pences1 (dezes

milésimos de libra) ao dia e vendiam centenas de crianças com idade

nco a oito anos para sete anos de escravidão por vinte ou trinta xeli

ma ou uma libra e meia) cada. As criancinhas também eram compra por limpadores de chaminé, que as mandavam entrar nos canos da

chaminés para fazer a verdadeira limpeza, às vezes enquanto o fog

ainda queimava embaixo delas, limpando a poeira do carvão sem

máscaras ou roupas de proteção. Esses “meninos escaladores” logo

sucumbiam a doenças pulmonares e cegueira, ou simplesmente caía

 para a morte. Autoridades da Igreja colocavam as crianças que não

conseguiam vender de volta na rua “para mendigar durante o dia e,

noite, dormir nas portas, nos buracos e nas esquinas das ruas”, com

uma testemunha relatou. Um grande número desses moleques sujos

famintos percorria as ruas em bandos denominados Guardas Negro

assim chamados porque poliam as botas dos soldados da cavalaria e

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roca de um pouco de dinheiro. “Da mendicância, eles passavam par

roubo”, o mesmo londrino concluiu, “e do roubo, para a forca”.

 Nem todo mundo em Wapping era indigente. Havia donos de ba

estivadores, comerciantes e fabricantes de velas de navio, proprietá

de bordéis e donos de pensões e até mesmo autoridades e capitães davio de recursos modestos. Alguns artesãos notáveis também viviam

vizinhança, inclusive um Sr. Lash, que construía as carruagens da

ainha, e o cervejeiro Altoway, em cujos barris mais de mil e quinhen

bras em cerveja estavam sempre armazenados, esperando a distribui

para uma cidade sedenta. O abastecimento de água de Londres era tnsalubre que toda a população bebia cerveja em vez de água, incluin

as crianças. Ali perto havia o estaleiro de Roberts, que proporciona

aos seus trabalhadores uma vista privilegiada para a maior atração d

vizinhança: a Doca de Execução, para onde o tribunal do almiranta

mandava marinheiros condenados e piratas capturados para encontrseu Criador.

Preços e Salários do Início do Século XVIII

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Se Charles Vane cresceu em Wapping, onde teria visto inúmer

ortes de piratas, incluindo as dos cinco homens da tripulação de He

Avery no outono de 1696 e de William Kidd e outros quatro piratas

maio de 1701. Vane seria apenas um menino, mas naquela épocaninguém perdia uma execução: era uma das formas mais populares

entretenimento.

A diversão começava dias ou semanas antes, nas prisões de

Marshalsea ou de Newgate, onde os visitantes davam gorjetas aos

guardas em troca de uma chance de dar uma olhada no condenado. N

ia da execução, milhares se enfileiravam nas ruas ao longo do camin

 para Wapping, esperando pela passagem das carroças com os

 prisioneiros amarrados e escoltados por guardas até o oficial do

lmirantado. Tantas pessoas tentavam ter um vislumbre dos prisionei

que a viagem de cinco quilômetros muitas vezes demorava quase duhoras. Quando o cortejo chegava à Doca de Execução, multidões s

concentravam alegremente na margem e no cais do rio, obstruindo

Escadaria de Wapping e se espalhando na lama fedorenta exposta n

maré baixa. As forcas sobressaíam no lodo e, atrás delas, centenas

barcos de passageiros manobravam, procurando uma vista melhor devento iminente.

Vane teria visto os homens de Avery proferindo suas últimas

palavras. De acordo com testemunhas, cada um dos piratas expresso

eu arrependimento, mas John Sparcks esclareceu que seu remorso e

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strito às “barbaridades horríveis” que eles tinham cometido a bordo

navio do grão-mogol. “Roubar e fugir com o Charles II ” era, Sparc

disse, uma “preocupação menor”. Com seus discursos concluídos, e

eram conduzidos ao patíbulo um a um e enforcados, chutando e

engasgando. Quando o último homem terminava de se contrair, os

ajudantes do xerife arrastavam os corpos para os lodaçais, amarravamnos a postes e os deixavam para serem lentamente cobertos pela mar

No início da manhã seguinte, a maré recuava e seus corpos inchado

cavam expostos por algumas horas até a próxima maré cheia subme

los novamente. Era costume que as autoridades do almirantado só

vassem os corpos depois que eles tivessem sido lavados por três maOs ajudantes enterravam a maioria dos piratas em covas rasas ou o

entregavam aos cirurgiões para dissecação, mas os mais notórios era

cobertos com piche e colocados em gaiolas de ferro penduradas em

ontos estratégicos ao longo do rio. Marinheiros e barqueiros veleja

para cima e para baixo do Tâmisa veriam esses espantalhos macabrodestinados a meter medo nos corações daqueles que pretendiam se

 piratas. O tempo iria dizer como eles eram ineficazes.

Muitas pessoas estavam tentando atrair jovens como Bellamy ane a bordo de seus navios. Marinheiros profissionais eram escasso

os capitães tanto dos navios mercantes como dos navios de guerra d

Marinha Real estavam constantemente com falta de pessoal. Segund

algumas estimativas, mesmo que todos os marinheiros da Inglaterr

estivessem saudáveis e trabalhando ao mesmo tempo, eles

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representariam apenas cerca de dois terços da mão de obra necessár

 para as frotas mercantes e navais. Ambos aceitavam voluntários –

Marinha oferecia uma recompensa de dois meses de salário para

qualquer um que se inscrevesse –, mas eram poucos os interessado

Havia um ditado que dizia: “Aqueles que fossem para o mar por praz

riam para o inferno por passatempo”. Apenas os ignorantes e ingênuse juntavam a qualquer um dos serviços voluntariamente, meninos d

campo como Sam Bellamy, ansiosos por aventura, mas não havia u

número suficiente deles.

Comerciantes eram obrigados a adotar táticas agressivas para preencher suas tripulações. Alguns contratavam “aliciadores”, ou

homens que, nas palavras do marinheiro Edward Barlow, iam a

 pousadas e tabernas procurando “seduzir qualquer um que eles

chassem que eram pessoas do campo ou estranhos […] ou qualquer

ue eles achassem que estava fora de lugar, que não conseguiria trabaestivesse andando à toa pelas ruas”. Os aliciadores prometiam a es

desocupados salários altos e adiantamentos em dinheiro se eles

ssinassem na linha pontilhada. Aqueles que assinavam logo se viam

um navio que estava de partida, como aprendizes de marinheiro ma

pagos, e o aliciador embolsando vários meses do seu salário a título

comissão. Outros capitães contratavam homens chamados de

embaucadores”, que procuravam marinheiros bêbados ou endividad

tentavam persuadi-los a se inscreverem em troca de bebidas ou do

 pagamento de sua dívida. Se e quando isso falhava, embaucadores

articularmente inescrupulosos simplesmente algemavam e sequestrav

marinheiros bêbados, prendendo-os durante a noite antes de vendê-

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os capitães mercantes. Quaisquer que fossem as circunstâncias, o n

marinheiro era legalmente obrigado a servir no navio até que

completasse uma viagem que duraria meses, às vezes anos.

A Marinha Real tinha a reputação de oferecer salários mais bai

e disciplina mais severa do que o serviço mercante, e recorria a umabordagem mais radical e violenta: o bando de recrutamento forçad

Liderados por um oficial da Marinha, os bandos de recrutamento

forçado se espreitavam pelas ruas, encurralando qualquer marujo co

quem se deparassem, com o auxílio de cassetetes. Marinheiros eram

ceis de identificar por causa de sua maneira diferente de falar, se veandar. Edward Ward, um escritor e às vezes taberneiro, encontrou

grupo de marinheiros em Londres nessa época e os comparou a “um

inhada de rinocerontes gorduchos, vestidos com roupas humanas”.

uas jaquetas manchadas de piche, os marinheiros cantavam mulhere

com seus porretes, golpeavam todos os postes de amarrar cavalo peluais passavam, e fazendo com que qualquer cachorro de rua com o q

e deparassem fugisse com “seu rabo entre as pernas para evitar o per

de se aproximar do mal”.

Por mais valentes que fossem, os marinheiros fugiam aterroriza

quando um bando de recrutamento forçado estava por perto. Por diaio, escondendo-se em seus quartos localizados em cima de cervejari

Um marujo fugiu de Londres para Dover apenas para encontrar os

bandos operando lá também. “Eu ainda estava com medo do bando

 porque não podia andar pelas ruas sem perigo, nem dormir em

segurança”, o marinheiro disse mais tarde, descrevendo sua vida com

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“a vida de um prisioneiro”. Outros homens fingiam se casar com

proprietárias de bares ou cafeterias para que pudessem afirmar sere

 proprietários, isentos do serviço naval. Outros evitavam o serviço

conseguindo ser nomeados como policiais ou funcionários da

vizinhança, ou simplesmente se inscreviam em um navio mercante. U

grande número de marinheiros fugiu definitivamente da Inglaterra

Os bandos de recrutamento forçado eram persistentes, sobretu

orque seus líderes recebiam vinte xelins (uma libra) para cada hom

que capturavam. Eles invadiam residências e pensões no meio da no

m busca de marinheiros e regularmente atacavam navios mercantes ntravam em Londres e em outros portos. Homens que tinham estado

mar por meses ou anos eram arrastados para fora de seus navios

mercantes até navios de guerra antes que pudessem pôr os pés em ter

ter um vislumbre de suas famílias ou recolher seu salários. Alguns

navios mercantes eram deixados tão sem homens que mal conseguiachegar ao porto. Ocasionalmente, os marinheiros que estavam

retornando de viagens particularmente longas se rebelavam para evi

serem forçados a continuar; uma vez no controle, eles abandonavam

navio num de seus barcos ou pegavam em armas para lutar contra o

bandos quando eles tentavam entrar no navio. Em navios carvoeiro

 pequenas embarcações que navegavam junto à costa transportando

arvão para Londres e outras cidades, os marinheiros mais competen

se escondiam assim que o barco do bando de recrutamento forçado

parava ao lado. Líderes de bandos frustrados revidavam apreendend

rumetes e dando chicotadas neles até que revelassem a localização

homens escondidos. Quando os marujos estavam particularmente

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scassos, os bandos invadiam as casas de ceramistas, tecelões, alfaia

e outros comerciantes pobres, apreendendo os homens e seus

aprendizes, que eram, de acordo com um panfleto escrito pelo

dramaturgo John Dennis em 1705, “levados de suas famílias como

achorros ou os piores dos criminosos”, muitas vezes sem sequer dei

eles se vestirem. Muitos morreram por falta de roupas adequadas “aqueles que permaneceram foram de pouca utilidade”, por falta de

abilidades. Mendigos, vagabundos e crianças de rua eram perseguid

mplacavelmente pelo bando. Muitos desses marinheiros de água do

nunca mais veriam a Inglaterra novamente.

Por meio desses métodos variados, milhares de meninos e hom

deixavam a Inglaterra para o mar a cada ano. Em algum lugar nessa

massa de ingênuos, azarados e desesperados, estavam dois rapazes q

iriam ajudar a levar o comércio do Império Britânico a um impasse

Em meados de 1700, Edward Thatch, o homem que se tornari

Barba Negra, já era um marinheiro experiente. Ele nasceu por volta

1680 em Bristol ou perto dali, o segundo maior porto da Inglaterra e

centro de seu comércio transatlântico. Aparentemente ele era de um

família razoavelmente confortável, talvez até respeitável: ele tinha

alguma escolaridade, então, ao contrário da maioria dos seus coleg

arinheiros, sabia ler e escrever. Nenhum “Thatch” (ou “Tach”, “Tea

u “Thach”) aparece nos registros fiscais de Bristol em 1696 – o ún

registro completo daquela cidade a sobreviver a esse período –, e is

levou historiadores a acreditar que Edward Thatch era um nome

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da Inglaterra para as Américas. Nos séculos XVI e XVII, seus

comerciantes tinham sido pioneiros na exploração da pesca na Terr

Nova e no Golfo do Maine. Até o início do século XVIII, o comérc

americano influenciava quase todos os aspectos da vida em Bristol.

pequena cidade de vinte mil habitantes ainda era cercada por muralh

medievais, mas seu centro agora estava contornado por cais de pedronde dezenas de navios de longo curso ficavam amarrados. Lojas

armazéns transbordavam com produtos americanos. Os artesãos da

cidade ficaram ricos fornecendo aos comerciantes tecidos, remédios

ens manufaturados. A maioria desses produtos era enviada diretame

ara as Américas, mas alguns eram carregados em navios com destinÁfrica, onde os chefes locais ficavam felizes em trocá-los por escrav

Os navios então levavam os escravos para Barbados e Jamaica e seu

capitães os trocavam por açúcar, que era trazido de volta para Brist

para completar o comércio triangular. Sinais das Américas estavam

todo lugar: comerciantes vindos de Boston e Nova York, senhores ngenho de Barbados e da Jamaica vistosamente vestidos e fidalgote

Virgínia e das Carolinas. A grande igreja gótica dos marinheiros, S

Mary Redcliffe, tinha uma capela inteira dedicada às Américas, ond

estava exposta uma costela de baleia doada por John Cabot, o

explorador que “descobriu” o continente norte-americano em 1497.América parecia ser o lugar onde as fortunas eram feitas. Thatch

descobriu que ser um marinheiro não era a melhor forma de consegu

isso.

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 protegerem dos respingos do mar e da chuva. Ainda assim, não era

ncomum que eles passassem dias a fio com a roupa encharcada no f

do inverno, o que resultava em doença ou morte. Nos trópicos, ele

trabalhavam sem camisa, sofrendo terríveis queimaduras de sol. Dr

Hans Sloane, viajando para a Jamaica em 1687, disse que toda a

tripulação do HMS Assistance tinha se tornado de um vermelho brilhante e em sua pele estavam “estourando em todos os lugares

 pequenas bolhas, espinhas e pústulas”.

 Não havia muito consolo embaixo do convés. Marinheiros

ercantes ficavam amontoados em um alojamento coletivo na proa, oo movimento do navio era mais violento. Eles dormiam em fileiras

compactas de redes, num espaço escuro e mal ventilado, que fedia

gua de esgoto e carne suja. Piolhos, ratos e baratas invadiam os nav

espalhando doenças como tifo, febre tifoide e peste. Gottleib

Mittelberger, que cruzou o Atlântico em 1750, disse que os alojamenram um lugar de “mau cheiro, fumaça, horror, vômitos, muitos tipos

njoo, febre, disenteria, dor de cabeça, calor, definhamento, furúncu

escorbuto, câncer, podridão de boca e outras coisas semelhantes, o

uais provêm de comida e carne velha e extremamente salgada, além

água muito ruim e em falta, de modo que muitos morrem

miseravelmente”.

A comida que eles recebiam era totalmente repugnante. As carn

de boi e de porco salgadas, que eram a base da dieta do marinheiro

saíam dos barris secas e duras, na melhor das hipóteses; podres e co

bichos, na pior. Os marinheiros fechavam os olhos antes de comer

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iscoitos “mofados e fedorentos” do navio para evitar ver as larvas e

gorgulhos que se mexiam neles. Depois de algumas semanas no mar

gua doce ficava verde e fedorenta e causava surtos mortais de disent

e perda de sangue. Em vez de beber água, marinheiros bebiam grand

quantidades de álcool em seu lugar; o racionamento da Marinha Re

dava a cada homem quase meio litro de rum e cerca de um galão deerveja todo dia, o que significa que a tripulação ficava bêbada na m

 parte do tempo.

Apesar de serem ruins como eram, esses mantimentos eram mel

do que nada, como algumas tripulações dolorosamente descobriramDonos de navios mercantes especialmente gananciosos comument

tentavam aumentar seus lucros abastecendo seus navios com estoqu

nsuficientes de fornecimento de comida para a tripulação, deixando

passando fome se tempestades ou ventos adversos fizessem com que

viagem demorasse mais do que o esperado. Navios que transportamimigrantes pobres ou escravos africanos para as Américas eram

articularmente vulneráveis. Nas embarcações de passageiros, um gra

número de pessoas morria de fome. Um navio, o Katharine, deixo

Londonderry com destino a Boston em 1729 com cento e vinte e tr

pessoas entre tripulação e passageiros, mas aportou capengando se

meses depois, no oeste da Irlanda, com apenas catorze pessoas viva

Mais tarde naquele ano, o Lothrop chegou à Filadélfia com apena

oventa sobreviventes; trinta crianças e setenta adultos tinham morri

de fome no caminho, incluindo todos os tripulantes, exceto três del

Quando a comida estava acabando em navios negreiros, o capitão

costumava jogar a carga humana ao mar.

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O capitão governava com autoridade absoluta e muitos deles

xerciam com uma brutalidade chocante. Os registros de julgamento

almirantado são cheios de relatos de marinheiros sendo açoitados o

panhando por pequenos erros: perder um remo, esquecer-se de cum

ma tarefa ou pilotar de forma instável. Muitos perderam dentes, olh

braços e dedos por causa dos espancamentos. Outros perderam sua

vidas. Quando o marinheiro Richard Baker ficou acamado com

disenteria numa viagem de São Cristóvão a Londres, seu capitão o

orçou a guiar o leme do navio por quatro horas e, em seguida, mand

que o açoitassem e amarrassem a um mastro fino do navio; ele morr

uatro dias depois. Anthony Comerford, acusado de roubar um pássvivo no navio mercante Ridge, foi amarrado ao estaiamento do navio

chicoteado até a morte.

E havia os capitães verdadeiramente sádicos. Numa viagem d

Charleston a Bristol, o capitão John Jeane desenvolveu uma antipatpor seu camareiro, a quem ele mandou açoitar “várias vezes e de um

rma muito cruel” e aumentou a dor derramando salmoura de picles

feridas. Jeane amarrou o menino no mastro por nove dias e noites co

seus braços e pernas totalmente esticados. Ele então o arrastou para

corredor e caminhou sobre seu corpo, e ordenou que o resto da

ripulação fizesse o mesmo. Os outros marinheiros se recusaram, en

ele chutou o menino várias vezes e “pisou em seu peito de forma tã

violenta que suas fezes saíram involuntariamente”; Jeane finalment

pegou as fezes e “forçou-as várias vezes goela abaixo”. O jovem lev

ezoito dias para morrer, apesar de ser chicoteado todos os dias. Pou

antes de morrer, ele pediu água. Jeane se apressou até sua cabine e

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voltou com um copo de sua própria urina e forçou o menino a bebe

uando os marinheiros preparavam o corpo para ser jogado ao mar, e

descobriram “que ele estava tão colorido quanto o arco-íris” com “

carne como gelatina em muitos lugares” e uma “cabeça inchada tão

grande quanto a cabeça de dois homens do maior tamanho”. Depois

udo, Jeane foi executado por seus atos. Outros capitães conseguiram

ivrar das acusações de assassinar homens que não gostavam negand

hes comida ou espancando-os até que eles mal conseguissem ficar e

pé e forçando-os a escalar o mastro, enquanto outros se livravam d

homens indesejados entregando-os para a Marinha, o que podia se

equivalente a uma sentença de morte.

Legalmente falando, capitães mercantes só deveriam emprega

disciplina “moderada” em suas tripulações. Mas não era assim na

Marinha Real, onde os capitães tinham ordens para infligir puniçõe

brutais. Suboficiais batiam nos ombros dos tripulantes vagarosos covaras de rattan3. Um tripulante pego roubando pequenos objetos fo

obrigado a “correr o desafio”, isso é, forçado a caminhar entre linh

aralelas compostas pelos demais membros da tripulação enquanto e

chicoteavam suas costas nuas. Roubos maiores resultavam numa

lagelação mais violenta, com um chicote de nove tiras cheias de nós

que também acontecia com “aquele que urinava entre os conveses”

Cometer crimes graves resultava em açoites potencialmente fatais d

setenta e duas a trezentas chicotadas ou enforcamento direto.

É de impressionar que algum marinheiro tenha sobrevivido. A

xas de mortalidade entre as tripulações de embarcações empregadas

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omércio de escravos africanos eram comparáveis àquelas dos própr

escravos. Não era incomum que quarenta por cento da tripulação

falecesse durante uma única viagem, a maioria de doenças tropicai

contra as quais eles não tinham nenhuma resistência. Cerca de meta

os marinheiros forçados da Marinha Real morriam no mar. Capitães

ambos os tipos de navios tinham que carregar homens extras comosegurança contra a perda inevitável de mão de obra.

Até mesmo os marinheiros que conseguiam sobreviver ao seu

empo de serviço raramente recebiam os salários que lhes eram devid

Capitães mercantes usavam uma variedade de artifícios para enganarsuas tripulações. Frequentemente os marujos descobriam que seus

anhos tinham sido retidos por danos à carga, até mesmo quando o d

ra causado por tempestades ou por má embalagem feita pelos própr

comerciantes. Edward Barlow, que foi um dos poucos marinheiro

comuns da época a registrar suas experiências, relatou que seu capitnormalmente deduzia três libras do salário de cada um, o equivalent

dois meses de salário de um marinheiro comum. Alguns capitães

 pagavam em moedas coloniais, que valiam apenas vinte e cinco a

inquenta por cento do valor das libras esterlinas. Homens cujos nav

fossem destruídos ou que haviam sido forçados a entrar na Marinh

aramente recebiam alguma quantia dos salários que lhes eram devid

o que significava um desastre para as famílias que eles deixavam pa

trás.

A Marinha tinha uma política semioficial resumida na máxim

“Segure o pagamento, segure o homem”. Na chegada ao porto, os

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marinheiros muitas vezes não eram pagos até pouco antes de o navi

partir novamente e qualquer um que saísse antes dessa hora sacrifica

utomaticamente todos os seus salários atrasados. O pagamento mui

vezes era feito na forma de “cupons”, notas promissórias oficiais

emitidas pelo governo que seriam honradas em algum momento nã

especificado do futuro. Os marujos que precisassem imediatamente dinheiro eram forçados a vender seus cupons para agiotas por uma

ação do seu valor real. Finalmente, havia aqueles que serviam por a

a fio sem receber nada.

 Não é de se admirar, então, que jovens marinheiros como SamuBellamy, Charles Vane e Edward Thatch considerassem Henry Ave

um herói.

Woodes Rogers, o homem que enfrentaria os piratas, sabia quhavia dinheiro a ser ganho com a marinha mercante, isto é, levando

conta que a pessoa fosse o proprietário das embarcações. Como

ellamy, Vane e Thatch, Rogers foi para o mar ainda jovem. No enta

le teve um ponto de partida diferente; seu pai era um capitão merca

bem-sucedido e tinha participação em vários navios. Woodes era se

herdeiro.

A família de Rogers era uma das principais famílias de Poole, u

porto modesto no Canal da Mancha a quase cem quilômetros ao sul

Bristol, no Condado de Dorset. Vários dos antepassados de Wood

nham servido como prefeito. O pai de Woodes, capitão Woods Rog

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tornou-se bem-sucedido no comércio de pesca na Terra Nova e, com

capitão mercante, tinha passado pela Espanha, pelo Mar Vermelho

pela costa da África. Ele regalava os ouvintes contando histórias d

hipopótamos atacando os barcos do seu navio. Woodes, nascido em

6794, era o mais velho dos três filhos do capitão Rogers, um ano m

velho do que Mary Rogers e nove anos mais velho do que John.

Ele passou sua infância em Poole, que era localizada à cabeceir

ma grande e bem protegida baía. A cidade era famosa por duas cois

stras e peixe. As ostras de Poole eram conhecidas como as melhore

maiores da região e as melhores de toda a Inglaterra por suas pérolashabitantes da cidade conservavam em salmoura um grande número

dessas ostras por ano, enviando-as em barris para Londres, Espanh

tália e as Índias Ocidentais. O peixe – bacalhau cortado, seco no so

algado – vinha de mais longe; o pai de Woodes e outros comercian

deravam uma pequena frota de navios de pesca do Atlântico Norte aTerra Nova todos os anos. Essas frotas podiam ficar viajando por no

meses ou mais, de uma vez, puxando bacalhaus das profundezas do m

e secando-os no litoral frio e duro da Terra Nova. Enquanto seu pa

estava fora, o jovem Woodes provavelmente frequentou a escola loc

 pois seus escritos posteriores revelam um homem de estudo

considerável. Aos domingos, ele e seus irmãos ouviam os sermões d

u pastor puritano, Samuel Hardy, na igreja de St. James. À medida

ficava mais velho, Woodes provavelmente acompanhava seu pai em

iagens curtas até o canal, ajudando-o a descarregar bacalhau nas do

de Londres e a carregar sal e outras mercadorias para sua próxima

viagem.

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Em algum momento entre 1690 e 1696, o pai de Woodes se mu

com a família para Bristol, provavelmente para expandir seu comérc

com a Terra Nova. Seu pai tinha amigos em Bristol, assim como um

provável parente, um comerciante influente chamado Francis Roger

ue investiria em muitas de suas aventuras posteriores. Na época em

o coletor de impostos fez suas rondas em junho de 1696, a família

Rogers estava morando no bairro mais marítimo de Redcliffe, do ou

lado do rio, no centro de Bristol.

Bristol é um local estranho para um porto. Fica a onze quilômet

o mar, num rio estreito e sinuoso – o Avon – com correntezas tão foque as embarcações da época não tinham nenhuma chance contra el

As marés da primavera subiam e baixavam até treze metros, e na ma

baixa a maior parte do porto tortuoso virava um lamaçal. Navios co

menos de cento e cinquenta toneladas tinham que esperar até que

correnteza estivesse fluindo na direção da viagem, e mesmo assimtinham dificuldade para contornar o rochedo St. Vincent, a meio

aminho rio abaixo. Era quase certo que os navios maiores iriam aca

encalhados num banco de lama ao tentar transpor o desafio, e

precisariam ser rebocados por grandes barcos a remo, tanto para ent

como para sair das docas de Bristol. Muitos capitães optavam por n

fazer a viagem de forma alguma, ancorando, em vez disso, na foz d

Avon, onde eles carregavam e descarregavam suas cargas numa série

alsas e escaleres que podiam navegar mais facilmente na correnteza

rio. Bristol, situada numa curva do Avon, ficava congestionada com

embarcações. Visitando a cidade em 1739, Alexander Pope disse qu

as se estendiam ao longo da margem do rio até onde o olho alcança

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seus mastros tão grossos quanto pudessem ser para ainda se manter

é, um ao lado do outro, era a visão mais estranha e mais surpreende

que se podia imaginar”.

A cidade em si ainda tinha um caráter medieval. Dentro de seu

muros, casas de madeira em estilo Tudor se empoleiravam em ruas testreitas que pessoas que estavam nas janelas dos andares de cima

odiam apertar as mãos das que estivessem do outro lado da rua. As r

 principais não tinham mais do que seis metros de largura e eram a

únicas pavimentadas. As demais eram cobertas de lama e lixo, ond

orcos fuçavam. O centro da cidade ficava separado por apenas algumcentenas de metros das fazendas e campos que o rodeavam. O foco

omércio era um ancoradouro artificial – o rio Frome – onde os nav

e longo percurso descarregavam suas cargas para o cais em plena vi

da aduana. A apenas algumas quadras de caminhada ao sul do cais

ficavam os portões que davam para um pântano. De lá, entre vacas pastando, podia-se olhar através do rio e ver as costas íngremes de

Redcliffe, onde a família Rogers fez a sua casa.

Crescendo em Redcliffe, Woodes Rogers pode muito bem te

sbarrado em Edward Thatch, ou até mesmo tê-lo conhecido. Eles er

quase da mesma idade, tinham a mesma profissão e provavelmenteviam a poucos quarteirões um do outro. Rogers, o caçador de pirata

Barba Negra, o pirata, podem ter rezado juntos quando adolescente

embaixo do grande osso de baleia trazido por John Cabot, no interi

frio da igreja paroquial com porte de catedral de Redcliffe.

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As façanhas de Henry Avery eram bem conhecidas dentro da ca

dos Rogers por meio de um dos amigos mais próximos do capitão,

marinheiro William Dampier, um ex-bucaneiro que tinha circum-

avegado o mundo. Dampier renovou sua amizade em meados da déc

e 1690, enquanto preparava dois livros para publicação. O primeiro

New Voyage Round the World  [Uma nova viagem ao redor do mund

m relato de sua circum-navegação, faria dele uma celebridade nacio

após sua publicação na primavera de 1697. O segundo, Voyages an

Descriptions [Viagens e descrições] (1699), continha excertos de vá

artas de capitão Rogers, a quem Dampier se referia como “meu ami

engenhoso”. O mais velho dos Rogers tinha compartilhado suasxperiências no Mar Vermelho e na costa africana; Dampier, em tro

tinha conhecimento íntimo e em primeira mão de Henry Avery e seu

omparsas piratas, cujas aventuras estavam, naquela época, começand

cativar o público inglês.

Dampier tinha passado meses preso com Avery e seus homens

porto de La Corunha, em 1694. Enquanto Avery estava servindo com

primeiro oficial no Charles II , Dampier era o segundo oficial em ou

avio da frota, o Pombo. Dampier pode ter dado a Avery orientações

avegação para Madagascar, o Mar Vermelho e o Oceano Índico, já

ele era uma das únicas pessoas em La Corunha com conhecimento e

 primeira mão daquelas águas. Dampier tinha compartilhado das

frustrações de Avery com a forma como os proprietários da frota o

estavam tratando, mas se recusou a participar do motim. De volta à

Inglaterra, participou da ação judicial da tripulação contra James

Houblon e os outros proprietários e, mais tarde, testemunhou no

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tribunal a favor de um dos seis tripulantes de Avery que tinham sid

capturados, Joseph Dawson, o único a ficar livre da forca. Anos ma

rde, enquanto servia como comandante da fragata de quarenta canh

HMS Roebuck , ele encontrou vários dos tripulantes fugitivos de Ave

durante uma parada num porto no Brasil. Ao invés de prendê-los,

socializou com eles e inscreveu um para servir a bordo de seu navio

Como herdeiro de negócios em desenvolvimento no ramo da

navegação, o jovem Woodes Rogers provavelmente encarava Avery

como um vilão, não um herói. Mas ele também pode ter internalizad

algumas lições importantes da história de Dampier sobre o motim dvery e suas consequências. Numa época em que a maioria dos capit

governava seus navios usando o terror, Rogers acabaria por fazer um

bordagem mais branda e imparcial. Ganhar o respeito da tripulação

mostrou um método muito mais confiável para controlá-los do que

mantê-los em um estado de medo.Em novembro de 1697, Rogers começou seu aprendizado com

marinheiro John Yeamans, que vivia a apenas algumas portas de

istância da sua casa. Aos dezoito anos, ele estava um pouco velho p

omeçar uma aprendizagem que durava sete anos, sobretudo levando

onta a história marítima de sua família. Rogers provavelmente já tinviajado para a Terra Nova5 com seu pai e aprendido os elementos

essenciais da marinheiraria, do comércio e da arte do comando. Bry

Little, o melhor dos biógrafos de Rogers no século XX, suspeita que

ovem Rogers entrou para a tutela de Yeamans com fins políticos. T

aprendizagem dava aos recém-chegados a Poole sua entrada para o

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círculos fechados da elite comerciante de Bristol e era uma forma d

estabelecer contatos e relações essenciais para um comércio marítim

em-sucedido. Era também um meio pelo qual Rogers poderia tornar

um cidadão com direitos políticos e civis, um eleitor, embora, como

soube depois, a família Rogers fosse capaz de garantir esse privilég

cobiçado para seu filho por outros meios.

Enquanto Rogers navegava com Yeamans, seu pai estava

acumulando uma pequena fortuna com o crescente comércio

ansatlântico de Bristol. Como muitos comerciantes ingleses, o capiRogers dividiu seu risco comprando ações de navios diferentes, e

raramente detinha o controle total de uma embarcação. Caso um nav

afundasse, Rogers compartilharia as perdas com outros comerciante

ainda contaria com os lucros dos outros navios. Ele também reduziu

insegurança – e aumentou sua renda – sendo capitão de alguns donavios nos quais ele investia. O capitão Rogers navegava regularmen

para a Terra Nova, tendo passado toda a primavera e verão de 1700

bordo do navio de sessenta toneladas, Elizabeth, comprando óleo d

caçadores de baleias na baía de Trinity, Terra Nova, onde os

omerciantes de peixes de Poole tinham estabelecido suas operaçõesmérica do Norte. Ele pode ter deixado ali servos para manter as doc

armazéns e esteiras de secar peixe que eles tinham construído lá,

ajudando a colonizar a Terra Nova.

Foi na Terra Nova que o mais velho dos Rogers provavelment

lidificou sua aliança mais importante. Em 1696 ou 1697, ele conhe

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William Whetstone, um ambicioso capitão da Marinha Real. Whetsto

que também era de Bristol, era um ex-capitão mercante com estreito

laços comerciais com Woods Rogers. Em meados da década de 169

capitão Rogers e outros comerciantes de peixes de Poole e Bristo

estavam se tornando cada vez mais preocupados com uma expansã

gressiva dos postos avançados de pesca franceses na Terra Nova e c

ataques franceses contra suas próprias estações de pesca. Os

omerciantes pediram ajuda. O almirantado os atendeu, ordenando q

Whetstone levasse o navio de guerra de quarta classe HMS

 Dreadnought  até a Terra Nova com a frota de pesca, e uma vez lá

 protegesse suas instalações na baía de Trinity. Durante as longasemanas no mar, os capitães Rogers e Whetstone tiveram muito tem

 para cimentar sua amizade.

Quando 1702 chegou, o capitão Rogers era rico o suficiente pa

omprar propriedades na nova área mais elegante de Bristol. Os notávrepresentantes da cidade tinham decidido derrubar os muros que

separavam o centro da cidade dos pântanos na curva do rio. Onde o

ântanos tinham estado, eles construíram a Praça da Rainha, o prime

local pré-planejado de Bristol. Era para ser um lugar completamen

moderno. Em vez de becos apertados e sujos, as residências teriam v

ara uma grande praça – a segunda maior da Inglaterra – com limoeir

ardins formais e acessada por largas avenidas pavimentadas. Em vez

madeira, todos os prédios seriam construídos com tijolos vermelho

 janelas de vidro e ornamentados com pedras. Em suma, seria tão

onfortável e uniforme quanto qualquer distrito construído em Lond

depois do grande incêndio de 1666. Pouco antes do Natal de 1702,

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capitão Rogers comprou um terreno de tamanho duplo na Praça da

Rainha, números 31 e 32, onde trabalhadores começaram a constru

uma nova mansão elegante. Os Whetstones, que viviam no elegant

morro de St. Michael, compraram um lote no número 29, duas port

abaixo, ao longo da calçada sul da praça.

William Whetstone não teve a oportunidade de supervisionar

onstrução de sua casa, já que a Marinha o havia chamado de volta p

o mar. Whetstone, agora um comodoro, passou a maior parte de 170

tentando levar um esquadrão de navios de guerra para a Jamaica, m

seus navios foram repetidamente atingidos por tempestades e nunc passaram da Irlanda. Em fevereiro de 1702, ele partiu novamente,

nquanto estava atravessando o Atlântico, a Inglaterra entrou em gue

contra a França e a Espanha. Ele não voltaria para casa por quase do

anos.

A guerra estava sendo preparada há algum tempo, por causa domplicações na política e na sucessão consanguínea real. Por mais

vinte anos, o trono mais poderoso da Europa havia sido ocupado pe

desfigurado e abobalhado rei Carlos II da Espanha, que não era apen

deficiente mental e físico, mas impotente. Autoridades espanholas

zeram o possível para reabilitar o seu rei, mas não importava a quanexorcismos o submetessem, ele permanecia quase incapaz de andar

alar. Era uma criança crescida que passou seu reinado chafurdando

sua própria sujeira, atirando com armas de fogo em animais e olhan

 para os corpos decompostos de seus antepassados, que ele tinha

rdenado aos seus cortesãos que fossem exumados para essa finalida

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uando morreu em novembro de 1700, a linha de sucessão espanhola

Casa de Habsburgo morreu com ele. Seus parentes de fora

imediatamente começaram as disputas sobre quem herdaria seu

atrimônio que, além da Espanha, incluía a Itália, as Filipinas e a ma

arte do Hemisfério Ocidental. Infelizmente para as pessoas da Euro

sses mesmos parentes de fora eram Luís XIV, rei francês, e Leopoldimperador do Sacro Império Romano. Muito em breve os exército

stavam se enfrentando e, por várias razões geopolíticas e genealógi

próprias, a maioria dos governantes da Europa foram atraídos para

onflito. Na primavera de 1702, a Inglaterra entrou em guerra, se alia

os holandeses, austríacos e prussianos contra a França e a Espanha.zê-lo, eles estavam preparando o campo para o maior surto de pirat

que o Atlântico veria.

A Guerra da Sucessão Espanhola tornou a vida mais perigosa p

o capitão Rogers, cujos navios mercantes eram presas fáceis para oinvasores franceses. Ele e outros comerciantes também podem ter

perdido navios na terrível tempestade de 1703, a pior na história d

Inglaterra, que destruiu treze navios de guerra e mais de setecentos

navios mercantes. Apesar de suas perdas, seus negócios devem ter

 permanecido lucrativos nos primeiros anos da guerra, porque a

onstrução continuou na mansão da Praça da Rainha. Ela foi termin

em 1704 (o mesmo ano em que o jovem Woodes terminou seu

prendizado); com três andares de altura, um sótão para os empregad

e as janelas de trás com vista para o rio Avon. Em algum momento

durante esse período, Woodes notou a vizinha Sarah Whetstone, d

dezoito anos de idade, a filha mais velha e herdeira do comodoro.

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Em janeiro de 1705, as famílias Rogers e Whetstone viajaram p

Londres e testemunharam três cerimônias importantes. No dia dezoi

William Whetstone, do nada, foi nomeado contra-almirante pelo mar

da rainha, príncipe George, o máximo almirante da Marinha. O recé

omeado almirante foi o anfitrião do evento seguinte, seis dias depoi

casamento de Sarah e Woodes Rogers, realizado na igreja de St. Ma

Magdalene no centro de Londres. Não muito tempo depois, o almira

Whetstone foi renomeado comandante em chefe das Índias Ocidenta

omeçou a se preparar para velejar novamente para a Jamaica. Os rec

casados provavelmente ficaram em Londres até fevereiro, para ver

partida do almirante Whetstone e testemunhar uma terceira cerimônsua condecoração como cavaleiro pela rainha Anne.

 No final de fevereiro, sir William partiu para a Jamaica, cujo

dadãos estavam esperando um ataque inimigo a qualquer momento

famílias Rogers e Whetstone voltaram para Bristol, onde seu impérmercante os aguardava. O capitão Rogers estava numa boa situação:

ho casado com a filha de um cavaleiro e almirante, que também era

amigo querido. Mal sabia ele que não veria sir William novamente

Um ano depois, o capitão Rogers estava morto. No inverno d

1705-1706, ele morreu no mar e foi entregue ao oceano, onde tinhpassado grande parte da sua vida. Sua fortuna, sua empresa e sua ca

passariam para sua viúva e seu filho de vinte e cinco anos de idade

então um pleno cidadão de Bristol, em decorrência de um casament

nobre.

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O jovem aristocrata comerciante de Bristol era alto e forte, tinh

cabelos castanho-escuros, um nariz protuberante e queixo forte. An

do final da guerra, o inteligente e ambicioso Woodes Rogers seria u

ome familiar de Londres a Edimburgo, de Boston a Barbados. Mas

rança e na Espanha, eles o conheceriam por apenas uma palavra: pir

 

ence é o plural de penny, a divisão da moeda inglesa, equivalente aos nossos centavos (N.T.).

elim é uma moeda inglesa extinta, equivalente a cinco pence (N.T.).

attan é um tipo de palha utilizado para fazer assentos (N.T.).

mbora os registros de nascimento de Rogers não tenham sido encontrados, concluímos que ele nasceu em 1679 porque seus

ais novos nasceram em 1680 e 1688, e porque sabemos que ele tinha cerca de 25 anos quando se casou, em 1705.abemos que Rogers já havia viajado para a Terra Nova fazendo pesca comercial antes de 1708 devido a uma referência que

o livro A Cruising Voyage Around the World  [Uma expedição ao redor do mundo].

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CAPÍTULO TRÊS

Guerra

1702-1712

O início da Guerra da Sucessão Espanhola (1702-1712) tornou a vida de Sam Bellamy mais in

que já era. Ele tinha treze anos de idade quando o conflito começou, um grumete num n

rcante ou num navio de guerra da Marinha Real. Quando a guerra terminou, ele era um marin

bil, capaz de guiar um navio por mil e seiscentos quilômetros, lidar com ganchos, armas de f

nhões.

 Nos primeiros anos do conflito, as marinhas francesa e inglesa

enfrentaram em dois grandes combates navais. Essas batalhas

envolveram apenas os maiores navios da Marinha Real, os navios d

linha: fortalezas de madeira enormes e pesadas com três andares d

anhões pesados. Esses navios, de primeira, segunda e terceira class

eram muito lentos e incômodos de usar em operações mais sutis, ta

como as que comboios mercantes faziam, atacando navios inimigos

atrulhando os recifes e bancos de areia não mapeados do Caribe. E

eram construídos para uma finalidade: participar de uma linha de batalha em um enorme combate.

Se o jovem Bellamy tivesse tido o azar de ser apreendido por u

bando de recrutamento forçado, ele poderia muito bem ter acabado

ordo de um desses navios de linha, pois eles absorviam grande parte

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mão de obra disponível. Cada um dos navios das sete primeiras clas

da Marinha tinha uma tripulação de oitocentos homens, que eram

amontoados num casco de duzentos metros de comprimento com ce

canhões pesados e estoques para meses de suprimentos e alimento

incluindo vacas, ovelhas, porcos, cabras e aves vivas. Bellamy teri

cordado em sua rede ao rufar de tambores, os gritos chamando todous postos enquanto o enorme navio manobrava para a linha de bata

duzentos metros à frente de um navio e dois metros atrás de outro. O

navios inimigos se enfileiravam de forma semelhante e depois de ho

ou mesmo dias de manobras, as duas linhas se cruzavam, disparando

artir de seus costados. Os navios às vezes se cruzavam a poucos mede distância, atirando balas de canhão de quinze quilos nos cascos u

os outros. Essas balas atingiam em cheio as pessoas, as eviscerando

decapitando e pulverizando as plataformas de canhões com partes d

corpos e lascas de madeira. Canhões enfileirados nos conveses era

eralmente carregados com metralha ou com um par de balas de canhorrentadas, que poderiam reduzir uma multidão de homens a um rio

carne mutilada. De onde ficava a mareagem, atiradores de elite

acertavam oficiais inimigos ou, se os navios se encostassem, atirava

granadas primitivas no convés do seu oponente. Acima e abaixo, tod

as superfícies logo estavam cobertas de sangue e partes de corpos, qescorriam pelos ralos de escoamento de chuva e pelas valas quando

avio adernava com o vento. “Eu me imaginava nas regiões do infern

um veterano de tal batalha recordou, “onde cada homem parecia um

demônio”.

Esses primeiros conflitos tiraram a vida de milhares de homen

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mas não foram decisivos. Sete navios ingleses e quatro navios de lin

franceses travaram uma batalha de seis dias perto da Colômbia em

agosto de 1702, por exemplo, com nenhum dos lados perdendo sequ

um único navio. Dois anos depois, cinquenta e três navios de linh

ingleses e holandeses se encontraram com cerca de cinquenta navio

franceses na costa de Málaga, Espanha, na maior batalha naval daguerra; a luta e a carnificina duraram um dia e terminaram em um

empate.

Foi por acaso que a Marinha Real dizimou seus rivais francese

espanhóis no início da guerra. Em outubro de 1702, uma frota deatalha inglesa encurralou doze navios de linha franceses e a maior p

da marinha espanhola numa entrada semelhante a um fiorde1 na cos

norte da Espanha, destruindo ou capturando todos eles. Cinco ano

depois, uma força anglo-holandesa capturou à força o porto francês

oulon e tantos navios de guerra que os franceses não foram capazese envolver em novas ações navais. Posteriormente, em muitos navios

inha ingleses, haviam se reduzido substancialmente as probabilidad

e seus tripulantes morrerem em campo de batalha, embora as doenç

os acidentes e o abuso ainda levassem quase a metade dos homens q

se alistavam.

Navios mercantes do início do século XVIII

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Se Bellamy estivesse servindo na marinha mercante em vez de Marinha Real, essas primeiras vitórias inglesas teriam tornado sua v

muito mais perigosa. Após essas derrotas, os franceses e os espanhó

decidiram concentrar sua guerra naval não na marinha inglesa, mas e

seus navios mercantes, na esperança de cortar a ilha de suas fontes

queza e mantimentos. A marinha francesa reuniu algumas esquadra

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navios de guerra rápidos para o objetivo. No entanto, o rei Luís XIV

ecidiu que seria mais barato terceirizar a maior parte do trabalho pa

tor privado, oferecendo subsídios generosos para incentivar as pess

construir seus próprios navios corsários. Após a batalha de Málaga

anceses enviaram um grande número desses navios com uma tripula

reforçada, que normalmente levavam entre dez e quarenta canhões. o porto francês de Dunquerque partiram mais de cem navios corsári

Juntamente com outros que saíram de dezenas portos franceses de

Calais à Martinica, corsários franceses apreenderam quinhentas

mbarcações inglesas e holandesas a cada ano; dezenas de outras for

vítimas de corsários espanhóis que operavam a partir de Cuba e deoutros pontos das Índias Ocidentais espanholas. Navios mercante

ingleses não deixavam Dover e outros portos ingleses por medo de

serem capturados.

A França e a Espanha logo provariam do seu próprio veneno, Thatch e Rogers estariam entre aqueles que o serviriam.

Em algum momento antes ou durante a Guerra da Sucessão

spanhola, Edward Thatch foi para as Américas em busca de um des

elhor, e em algum navio não identificado ele partiu para o grande p

de Port Royal, na Jamaica.

A Jamaica tinha sido uma colônia inglesa por meio século. N

entanto, era o lugar mais não inglês que se podia encontrar. O sol e

nsuportável. Em vez de nevoeiro e frio, o mar carregava um ar pesad

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quente, sufocando seus residentes ingleses vestidos de lã. Thatch nã

ncontrou nada que se assemelhasse às colinas suaves do vale do Av

Os cumes das montanhas vulcânicas cortavam sua manta florestal

arrotando vapor e enxofre. Vindo da Europa, o mar tinha perdido su

igmentação, tornando-se tão claro que se podia ver seu piso arenos

cravejado de corais e seus habitantes coloridos, mesmo a umarofundidade de trinta metros ou mais. Havia peixes que podiam voa

pássaros que podiam falar. Legiões de tartarugas gigantes rastejava

aindo do mar aos milhares, botando pilhas de ovos, cada um tão gra

quanto um faisão crescido. No outono, tempestades atingiam a ilha

algumas tão poderosas que destruíam cidades e deixavam as praiaepletas de navios quebrados. Às vezes a própria ilha acordava com

terremoto sacudindo cidades, plantações e pessoas como percevejo

Além disso, a Jamaica e suas ilhas vizinhas acolhiam seus novos

moradores com doenças contagiosas invisíveis: a malária e a febre

amarela, a disenteria e a peste.

Navios da Marinha Real

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stava debaixo d’água, consequência do terremoto devastador de 16

que engoliu um trecho da cidade e destruiu a maior parte do resto

matando pelo menos dois mil de seus sete mil habitantes. Em 1703,

cêndio queimou o que restava, poupando apenas as fortalezas de pe

que guardavam a entrada do porto e uma casa, que restou desampara

no que agora era uma ilha, já que parte da península de areia tinhadesmoronado no terremoto. Uma cidade outrora conhecida por seu

esplendor, Port Royal era, na época de Thatch, um pouco mais do q

uma favela com casas “pequenas, baixas e irregulares” e ruas que o

visitantes comparavam desfavoravelmente com as dos bairros mais

pobres de Londres. Para piorar a situação, as autoridades jamaicanorçavam os escravos locais a descarregar seus penicos num amontoa

e resíduos centralizado que ficava contra o vento, espalhando um fe

terrível que dominava os moradores quando a brisa do mar soprava

tarde.

Contornando Port Royal e seu vento de odor fétido, navios qu

chegavam cruzavam o movimentado porto da Jamaica, passando po

aveiros comerciais costeiros, navios negreiros de longo curso e fraga

navais. A maioria dos navios ancorava perto da costa norte, onde o

obreviventes do incêndio de 1703 tinham fundado o novo povoado

Kingston, no pé das Montanhas Azuis. Ao leste, uma estrada de ter

passava por casebres de escravos e plantações de cana-de-açúcar, n

direção do povoado de St. Jago de la Vega ou Spanish Town, a oit

quilômetros de distância, que a rainha Anne tinha recentemente

designado como a nova capital da colônia.

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A Jamaica tinha uma reputação duvidosa. Depois de uma visita

1697, o escritor londrino Edward Ward não tinha nada de bom a diz

obre ela. “O receptáculo de vagabundos, o santuário dos falidos e u

ssento de privada para limpar nossas prisões”, ele declarou. A Jama

era “tão doentia quanto um hospital, tão perigosa quanto a peste, tã

quente quanto o inferno e tão malvada quanto o diabo”. Ela era a

“estrumeira do universo”, a “pilha de lixo desavergonhada e

negligenciada por Deus quando Ele criou o mundo em sua ordem

admirável”. O seu povo, ele discursou, “não se importa com nada alé

do dinheiro e não dá valor ao modo como o obtém, não havendo

nenhuma outra felicidade para ser apreciada além da riqueza pura”

Para além das docas de Kingston e Port Royal, a ilha foi esculp

em grandes fazendas de gado e plantações de açúcar, muitas delas

 propriedade de donos ausentes que viviam em relativa segurança e

onforto na Inglaterra com os lucros sendo enviados para eles. Duradécadas, as autoridades inglesas tinham usado as plantações da ilh

como uma lixeira para as pessoas que consideravam indesejáveis:

puritanos e outros religiosos fora do padrão, nacionalistas escocese

irlandeses, seguidores de revoltas fracassadas contra a Coroa,

camponeses sem terra, mendigos e um grande número de criminoso

omuns, todos se encontravam servindo plantadores de cana e algod

Hordas desses trabalhadores forçados morriam dominados por doen

tropicais enquanto trabalhavam os campos dos fazendeiros sob o so

mplacável; outros simplesmente fugiam e se juntavam aos corsários

savam Port Royal como base para atacar o transporte espanhol dura

as guerras das décadas de 1660 e 1670.

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 No início dos anos 1700, quando Thatch chegou, os proprietár

e plantações tinham desistido completamente dos servos, substituin

s por exércitos de escravos africanos trazidos para a ilha. A Jamaic

havia se tornado mais do que apenas uma sociedade que permitia a

scravidão, ela era a sociedade escravista aperfeiçoada. Todos os an

ezenas de navios chegavam da África Ocidental, expelindo milhares

scravos. Apesar do fato de que a taxa de mortalidade dos africanos

muito maior do que sua taxa de natalidade, a população escrava da i

tinha dobrado desde 1689 para cinquenta e cinco mil, e no início d

anos 1700 tinha ultrapassado a população inglesa numa proporção

oito por um. Fora de Kingston e Port Royal, a Jamaica era uma terrnde um pequeno quadro de plantadores, supervisores e servos bran

vivia em constante medo de uma rebelião do mar de africanos que

abalhavam em seus campos, pastos e no plantio da cana. Para mant

ordem, os ingleses aprovaram leis escravistas draconianas, que

 permitiam que os mestres disciplinassem seus prisioneiros negrospraticamente da forma que quisessem, embora assassinar um sem ju

causa ocasionasse uma multa de vinte e cinco libras. Escravos podia

ser punidos com castração, tendo seus membros cortados, ou send

queimados vivos, punições que eram infligidas sem um processo n

ribunal. Três proprietários de terras quaisquer podiam se juntar a duízes de paz para aprovar a sentença que quisessem. Um morador q

osse pego escondendo um escravo fugitivo suspeito de ter cometido

crime enfrentava uma multa de cem libras, mais do que a maioria da

 pessoas ganhava em quatro anos. Mesmo assim, dezenas de negro

escapavam todos os anos. Eles fundavam assentamentos clandestin

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nas montanhas, onde plantavam, formavam famílias, praticavam su

ligião e treinavam grupos de guerreiros de selva rápidos e eficazes p

atacar as plantações, libertar os escravos e matar os ingleses. Em su

apital, Nanny Town, dizia-se que os fugitivos eram liderados por u

ntiga e poderosa bruxa, Vovó Nanny, que protegia seus guerreiros c

fórmulas mágicas.

Com o início da guerra em 1702, os fazendeiros da Jamaica tinh

que se preocupar não só com uma rebelião de escravos, mas com um

invasão inimiga também. A Jamaica era uma ilha num mar espanho

localizada perto da Cuba espanhola, a centenas de quilômetros dequalquer outra possessão inglesa. Em 1703, forças francesas e

espanholas saquearam e destruíram Nassau, o vizinho inglês mais

próximo da Jamaica, destituindo o governo e forçando os colonos

ugir para as florestas. Havia boas razões para temer que a Jamaica fo

a próxima.Do ponto de vista espanhol, os ingleses nunca deveriam ter fixa

residência no Novo Mundo, para começo de conversa. Cristóvão

Colombo tinha “descoberto” a América para a Espanha em 1492,

embora ele nunca tivesse colocado os pés nem no continente norte

americano, nem no continente sul-americano. No ano seguinte àdescoberta de Colombo, o papa Alexandre VI, atuando em nome d

Deus, tinha dado todo o hemisfério ocidental à Espanha, embora qu

nenhuma parte dele tivesse sido descoberta ainda. Da Terra Nova at

ponta da América do Sul, o papa deu tudo para a Espanha, exceto p

 parte oriental, que hoje é o Brasil, que ele deu ao rei de Portugal.

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oncentraram nas pequenas ilhas no extremo leste das Índias Ocident

instalando-se em São Cristóvão em 1624, em Névis em 1628, em

Barbados em 1627, em Antígua e Montserrat no início da década d

630 e em algumas ilhotas das Bahamas na década de 1640. Em 165

ma força expedicionária inglesa atacou e conquistou a Jamaica, que

maior do que todas as outras ilhas juntas (sete mil quilômetrosuadrados, um pouco menor do que Connecticut ou a Irlanda do Nor

Ocupando a passagem de Windward – uma das principais rotas

omerciais entre a Europa e o Continente Espanhol –, a Jamaica ingl

era uma ameaça para o comércio da Espanha, e os espanhóis quisera

recuperar o lugar desde então.

Durante a Guerra da Sucessão Espanhola, os plantadores da

amaica tinham motivos para se preocupar com uma invasão espanho

ou francesa. Com a maior parte de seus navios de guerra ocupados

 protegendo o Canal da Mancha ou fazendo comboios com naviosmercantes, a Marinha Real da Inglaterra não podia gastar muitos

recursos para defender suas colônias dispersas pelo Caribe. Durante

maior parte da guerra, a colônia das Ilhas de Sotavento (São Cristóv

Névis, Antígua e Montserrat) era protegida por uma única fragata d

quinta classe, e durante longos períodos não havia nenhuma proteç

aval. Barbados, localizada perigosamente perto das colônias france

e Martinica e Guadalupe, só tinha uma embarcação de quarta ou qu

classe, no melhor das hipóteses. Os assentamentos das Bahamas nã

ontavam com nenhuma proteção e eram queimados repetidamente pe

nvasores franceses e espanhóis. Até mesmo a Jamaica, sede regional

marinha, geralmente tinha apenas meia dúzia de navios de guerra

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stacionados, e eles raramente eram maiores do que um navio de qua

classe.

As fragatas baseadas em várias colônias também não podiam aju

mas às outras de forma eficaz. Simplesmente ir de um lugar para ou

 podia ser quase impossível. Os navios de guerra da época eram maquipados e não podiam navegar contra o vento num eixo menor do

essenta e oito graus. Com o vento e as ondas empurrando os navios

direção contrária ao seu destino, faziam pouco ou nenhum progress

Como os ventos sopravam do leste, era muito fácil para os navios

avegarem saindo de, digamos, Barbados ou das Ilhas de Sotavento pa Jamaica com o vento nas suas costas – que era a direção de todas

viagens de vinda da Europa; navegar da Jamaica para Barbados, po

outro lado, era extremamente difícil, razão pela qual os navios com

estino à Europa navegavam pela costa atlântica seguindo a corrente

Golfo para pegar os fortes ventos do oeste que os levavam para o oulado do Atlântico Norte. Se Barbados fosse atacada, havia pouca

sperança de alguém na Jamaica ajudá-la. Saveiros e escunas menore

mais ágeis podiam navegar mais perto do vento e levar mensagens d

uma ilha para outra, mas até isso podia demorar semanas; então, o

ontingente naval de cada colônia estava geralmente por conta própr

Os navios de guerra, em qualquer caso, tinham pouquíssimas

ondições de navegar, muito menos conseguiam enfrentar um inimigo

clima tropical apodrecia as velas e o cordame e corroía aparelhagen

âncoras. Nada disso podia ser facilmente substituído nas Índias

Ocidentais. Se um mastro fosse perdido numa tempestade com raios

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numa batalha, o navio tinha que navegar o longo percurso até a Nov

nglaterra para substituí-lo, já que não havia nenhuma árvore adequa

sobrando nas ilhas. Pior ainda, o próprio mar era o lar do turu, um

arasita comedor de madeira voraz que perfurava os cascos de carva

dos navios de guerra, causando vazamentos. O único meio eficaz d

ombater o parasita era querenando o navio a cada três meses: esvazie, em águas rasas, virá-lo todo para um lado e depois para o outro

aspando, limpando e tirando todos os parasitas e as plantas que tinh

se acumulado lá.

 Navios menores podiam fazer isso em praias levemente inclinadmas os maiores, como as fragatas da marinha, necessitavam de algum

espécie de base para encostar o navio – um cais especialmente

construído para isso ou o casco de um navio velho, por exemplo, qu

eralmente não estavam disponíveis nas ilhas. Como resultado, quand

squadra jamaicana tentou partir de Port Royal em 1704 para repelirprovável ataque francês, o HMS Seahorse de sexta classe e com vin

canhões estava vazando tanto que precisou retornar imediatamente

porto; o Experimento, de quinta classe, foi avaliado como incapaz d

navegar, e dois navios de apoio jamaicanos foram considerados

struturalmente defeituosos demais para entrar em combate. Em 171

governador das Ilhas de Sotavento informou que o único navio

estacionado lá estava “tão estragado, suas velas e cordames tão

desgastados, resumindo, tudo tão fora de ordem devido à falta de

estoque que se ele fosse para Sotavento” para proteger um comboio

avios mercantes que estava partindo “seria impossível para ele virar

olta para a direção do vento novamente e ele seria obrigado a ir ou p

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a Jamaica ou para a Nova Inglaterra”.

As tripulações muitas vezes estavam piores do que os navios. O

homens, que já sofriam com má alimentação, disciplina severa,

xposição e doenças, tinham dificuldades para se acostumar com o c

e a umidade do Caribe. O fato de que eles usavam roupas de lã esobreviviam à base de carnes salgadas, biscoitos pesados e grande

uantidades de cerveja e rum não ajudava. Uma vez expostos às doen

dos trópicos – malária, febre amarela, varíola e hanseníase –, os

marinheiros começavam a cair como moscas. William Kerr, comanda

a Jamaica em 1706, tinha perdido tantos homens para doenças que capaz de sair do porto de Port Royal para realizar um ataque planej

à frota espanhola que transportava o tesouro anual. Nos meses que

seguiram, a frota inglesa ficou sem comida e não conseguiu adquir

mantimentos suficientes dos jamaicanos que, como outros colono

ingleses, se recusavam a cultivar ou comer produtos tropicais,dependendo, em vez disso, de farinha importada e carnes salgadas d

nglaterra ou da América do Norte. Quando o abastecimento oficial

Kerr chegou em julho de 1707, a maior parte da sua tripulação estav

morta, e ele teve que pegar um grande número de homens dos navio

recém-chegados apenas para conseguir ir para casa.

Mesmo quando operativos, os navios de guerra não conseguia

dar com os ágeis navios corsários da França que fervilhavam por tod

Caribe, saindo de Martinica e Guadalupe. Corsários usavam saveiro

rápidos e bergantins de dois mastros, que podiam navegar muito ma

 perto do vento do que um navio mal equipado. O capitão Charles

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Constable, que estava posicionado em Barbados em 1711, alertou

governador de que os navios corsários franceses navegavam “tão bem

que geralmente era impossível para qualquer navio de guerra alcanç

os. “Ao ver qualquer navio de guerra, eles só se afastam na direção

vento e continuam procurando por nossos navios mercantes, e muit

vezes os atacam”. O governador, ele sugeriu, precisava comprar “umsaveiro extraordinário” que pudesse desafiar os corsários. O ingles

 precisavam combater o fogo com fogo, e os mercadores da Jamaic

estavam ansiosos para fazer exatamente isso.

A atuação dos corsários tinha uma longa história em Port Roy

 Nas décadas de 1660 e 1670, Henry Morgan e outros bucaneiros

nvadiram navios espanhóis sob licença do governador da Jamaica. O

orsários capturaram centenas de navios espanhóis, levando-os para P

Royal, que foram julgados legais pelo tribunal do vice-almirantadocomo butim de guerra.

Os bucaneiros entregavam dez por cento do valor do butim par

almirantado, apenas um pequeno obstáculo que não os impedia de

acumular uma riqueza incrível. Sabe-se que bucaneiros gastavam

individualmente de duas mil a três mil peças de oito (quinhentas a

setecentos e cinquenta libras) numa única festa. Como os bucaneir

haviam desaparecido, os comerciantes jamaicanos estavam bem

conscientes de que a atividade de corsário poderia ser muito lucrativ

les começaram a preparar navios corsários assim que souberam que

ação estava em guerra. No verão de 1702, nove desses navios partir

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a Jamaica para o Continente Espanhol com mais de quinhentos hom

bordo. Eles voltaram para a Jamaica na primavera seguinte, seus nav

arregados de escravos, prata, ouro em pó e outros bens preciosos, te

queimado e saqueado várias colônias espanholas no Panamá e em

rinidad. Em 1704, um corsário jamaicano derrotou um navio francê

inte e quatro canhões e, em conjunto com as fragatas da Marinha R

começou a limpar as rotas marítimas dos corsários inimigos.

À medida que a guerra avançava, a frota jamaicana de corsário

resceu para trinta embarcações, que transportavam entre setenta e ce

e cinquenta homens cada, o equivalente a três quartos da populaçãmasculina branca da ilha. “O maior propósito das pessoas dessa ilha

encorajar os corsários e, embora às vezes eles sofressem perdas

consideráveis, as muitas capturas ricas que eram trazidas diariamen

ram um retorno suficiente”, um morador recordou um quarto de séc

mais tarde.

Edward Thatch servia a bordo de um desses navios corsários, q

cruzava as águas em torno de Cuba e São Domingos2, atacando navi

mercantes espanhóis mal defendidos. Ocasionalmente, eles navegav

nas Ilhas de Sotavento, no estreito da Flórida ou perto de Vera Cruz

utras partes do Continente Espanhol. Em seus anos de serviço a bodos corsários, Thatch nunca se tornou capitão, embora ele

 provavelmente tenha sido promovido para a posição de oficial (o

mediato do capitão), intendente (encarregado das operações do nav

contramestre (no comando de grupos de desembarque) ou canhoneir

Ele certamente conhecia o Caribe: como navegar nas traiçoeiras

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passagens não mapeadas entre as ilhas, onde encontrar ancoradouro

escondidos a partir dos quais se pudesse procurar comida, água, um

oa praia para querenar o casco de um veleiro e, o mais importante, o

encontrar e pegar ricos butins.

Enquanto isso, do outro lado do Atlântico, Woodes Rogers

também tinha virado um corsário. Os comerciantes de Bristol estava

 perdendo um grande número de navios para os corsários franceses

muitos queriam vingança e uma chance de recuperar algumas das su

perdas. Dezenas se inscreveram para receber autorização para equipembarcações corsárias ou, pelo menos, para poder manter qualque

utim que por acaso seus navios mercantes armados trouxessem de s

agens. As autorizações encontraram um público receptivo em Lond

A rainha Anne estava bastante preocupada com os prejuízos no

ansporte marítimo e emitiu um decreto, em 1708, revogando a partemirantado relativa ao dinheiro dos butins; a partir de então, os don

tripulantes dos navios corsários podiam dividir tudo o que era

arrecadado entre si. Licenças de corso – ou cartas de corso – foram

concedidas a cento e vinte e sete embarcações de Bristol durante a

guerra, incluindo pelo menos quatro que pertenciam parcialmente Rogers.

Rogers foi um comerciante de escravos ativo ao longo de sua vi

e o início de sua aventura como corsário não foi diferente. Ele receb

sua primeira autorização para o Whetstone Galley, de cento e trint

toneladas, do qual ele e três comerciantes de Bristol eram

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coproprietários. Embora carregasse dezesseis canhões, o navio qu

Rogers nomeou em homenagem ao seu sogro não era na verdade um

avio de guerra particular, mas sim um navio negreiro armado. Regis

alfandegários de Bristol mostram o Whetstone Galley deixando ess

idade em 3 de fevereiro de 1708 com destino à Costa dos Escravos

África, com mil libras em mercadorias. Na chegada à Guiné, o capit

Thomas Robbins deveria usar as mercadorias para comprar duzento

setenta escravos e, em seguida, levá-los para a Jamaica para serem

vendidos. Ele nunca chegou à África. Na saída da Inglaterra, o

Whetstone foi capturado por corsários franceses.

Em março de 1707, Rogers recebeu a carta de corso para o Eug

rize, um navio corsário completo, do qual ele e outro comerciante e

oproprietários. Essa embarcação de cem toneladas levava oito canh

vinte homens bem armados e, aparentemente, navegava perto de ca

Rogers tinha fornecido apenas uma bola para cada canhão do EugePrize. Os próximos corsários nos quais ele investiria navegariam ma

longe.

Rogers passou os primeiros anos da guerra em Bristol, começan

uma família e administrando seus negócios em expansão. No final d

1707, ele recebeu um visitante, um dos velhos amigos do seu pai, oavegador William Dampier. Dampier tinha deixado Bristol quatro a

meio antes, no início da guerra, numa missão corsária, muito ousad

comum, ao Oceano Pacífico. Ele tinha vindo para Bristol na espera

e convencer os comerciantes a financiar outra missão assim. O capi

e cinquenta e um anos de idade deve ter ficado triste ao saber da mo

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do velho Woods Rogers, mas descobriu em seu filho um patrocinad

ainda mais capaz.

Para a maioria dos comerciantes ingleses, o Oceano Pacífico ain

ra uma terra desconhecida. A Espanha monopolizava todo o comér

uropeu nesse vasto oceano, tendo colonizado as Filipinas, Guam e ta costa do Pacífico nas Américas, dos fiordes glaciais do sul do Ch

até os áridos povoados indígenas de Nuestra Señora de Loreto na

 península de Baja. Os espanhóis consideravam seus territórios no

Pacífico salvos de ataques, especialmente vindos do leste, por onde

avios só tinham acesso enfrentando as condições horríveis da passage Drake, no extremo sul da América Latina, casa das tempestades m

frequentes e ferozes do mundo. Os ingleses concordavam, chamando

Pacífico de “Lago Espanhol”.

Dampier sabia que isso não era uma verdade absoluta. Ele tinh

avegado ao redor do mundo três vezes, duas vezes através da passagde Drake, saqueando cidades no Panamá e no Peru e, como capitão

HMS Roebuck , explorando a Austrália e a Nova Guiné. Grandes

riquezas, Dampier sabia, aguardavam aqueles que encontravam um

caminho para o Lago Espanhol.

O império espanhol era abastecido pelas minas de ouro e prata

México e do Peru, onde exércitos de índios escravizados trabalhava

é a morte. A peruana “montanha de prata” em Potosí sozinha produ

dois milhões de pesos (quinhentas mil libras) desse metal precioso

cada ano, e as demais minas de ouro e prata do México e do Peru

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acrescentavam aproximadamente outros nove milhões de pesos (pou

mais de dois milhões de libras). Havia pouco para se comprar no No

Mundo, então todas essas riquezas tinham que ser enviadas para a

Espanha. Por isso a necessidade de ter grandes frotas de tesouro.

 Na época da Guerra da Sucessão Espanhola, a Espanha tinha do três frotas de tesouro. As duas primeiras atravessavam o Atlântic

ada ano saindo de Cádiz, na Espanha, seus porões cheios de soldad

canhões, vinhos, equipamentos de mineração e bens manufaturado

necessários em suas colônias americanas. Uma delas, a frota Tierr

irma [Terra Firme], navegava para Cartagena, onde hoje é a Colômbpara trocar sua carga por milhões de pesos em prata de Potosí. A ou

rota, Nova Espanha, ia para Veracruz, no México, onde era carrega

com ouro e prata das minas do México e com as cargas trazidas pe

rceira frota. Essa última atravessava o Pacífico saindo de Acapulco

osta do Pacífico, no México, indo até Manila, nas Filipinas, a catomil quilômetros de distância, carregando prata e ouro. Lá, os capitã

desses “galeões de Manila” – normalmente apenas um ou dois – 

ompravam grandes quantidades de sedas, porcelanas e outros produ

e alta qualidade dos comerciantes asiáticos. Os galeões então fazia

viagem de volta, levando os luxos para Acapulco, no outro lado do

Pacífico. Esses bens eram transportados por todo o México até

Veracruz, por tropeiros armados, e eram carregados a bordo dos gale

da frota Nova Espanha, que se encontrava com a Tierra Firma em

Havana antes de navegar pelos estreitos da Flórida e de volta a Cádi

Cheias com os tesouros do México, Peru e do Oriente, as frotas

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tesouro do Atlântico sempre tinham sido alvos tentadores para navi

ucaneiros e corsários ingleses e para navios de guerra da Marinha R

Os galeões de Manila eram outra história. Eles eram construídos pa

serem invencíveis: fortalezas flutuantes de quinhentas a duas mil

toneladas, levando centenas de homens e fileiras de canhões pesado

Apenas um inglês já havia capturado um – o bucaneiro Thomasavendish, em 1587 –, e tinha sido um navio relativamente pequeno

setecentas toneladas. O próprio Dampier tinha atacado um galeão d

Manila durante sua última viagem, mas, nas palavras de um de seu

ripulantes, “eles eram muito difíceis para nós”. As balas de canhão

dois quilos do seu navio quase nem amassaram o casco de madeirtropical do galeão de tesouro, enquanto as balas de dez quilos dos

espanhóis despedaçaram o casco infestado de germes do seu navio

odavia, nas palavras de outro contemporâneo, Dampier “nunca desi

o projeto” e estava ansioso para receber o apoio do jovem Rogers p

o seu plano.

Dampier estava mais desesperado para deixar a Inglaterra do q

Rogers poderia saber. Apesar da sua fama, sua carreira estava em

frangalhos. Seu comando no HMS Roebuck  tinha sido um desastrefragata de duzentas e noventa toneladas afundou no caminho de vol

para a Inglaterra, e quando ele e sua tripulação abandonada finalmen

foram resgatados, Dampier enfrentou três cortes marciais. O tribuna

multou em todo o seu salário da jornada de três anos, decidindo qu

Dampier não é uma pessoa apta a ser empregada como comandante

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qualquer dos navios de Sua Majestade”. Em sua expedição corsária

Pacífico, ele brigou com seus oficiais, perdeu o respeito de seus

ipulantes e, na batalha, se escondeu atrás de uma barricada de cama

cobertores que ele tinha construído no tombadilho superior. Ele err

o não limpar adequadamente os cascos de seus navios – o St. Georg

e duzentas toneladas, e o galeão Cinque Ports, de noventa toneladadeixando que os vermes devorassem ambos. Um tripulante até tinh

preferido tentar sua sorte numa ilha desabitada do Pacífico em vez

continuar a bordo de um navio em decomposição. No final, os verm

anharam e ambos os navios afundaram, mas não antes de uma série

motins resultando na maior parte da tripulação abandonando seucomodoro. Dampier de alguma forma conseguiu voltar para casa e

enfrentou uma série de ações judiciais decorrentes de sua péssima

atuação no comando.

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Sem saber de grande parte disso, Woodes Rogers se lançou a

squema de Dampier, uma expedição corsária no Pacífico para captu

um galeão de Manila. O principal desafio era angariar fundos. Com

experiência de Dampier, ele sabia que atacar um galeão de Manila

xigiria pelo menos duas fragatas bem armadas, com homens suficien

 para permitir um grupo de abordagem de dimensão considerável.

Mandar esses navios para o Pacífico seria caro, muito além do que

Rogers poderia bancar. Eles precisariam de um estoque enorme de

alimentos e suprimentos para velejar para tão longe de casa e uma

equipe de oficiais experientes e de confiança que pudesse manter

sciplina numa viagem que duraria três ou quatro anos. Felizmente pRogers, seu sogro bem relacionado, sir William Whetstone, tinha

acabado de voltar para Bristol e estava disposto a apresentar o plan

ousado para os principais comerciantes da cidade.

Eles foram com tudo, anzol, linha e chumbada. Prefeitos, exrefeitos, futuros prefeitos, delegados, secretários municipais e o ch

da todo-poderosa Sociedade de Comerciantes Empreendedores de

Bristol compraram todas as ações, assim como o amigo e possível

 parente de Rogers, Francis Rogers. Juntos, esses eruditos locais

concordaram em comprar e equipar duas novas fragatas que já estava

em construção nos estaleiros de Bristol.

O Duke era o maior deles, um navio de trezentas e cinquenta

oneladas, com trinta e seis canhões, o Dutchess ligeiramente menor

uzentas e sessenta toneladas, com vinte e seis canhões. Rogers inve

nos navios e foi apontado comodoro da expedição e capitão do Duk

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utro investidor, o comerciante nobre de nascimento Stephen Courtn

capitaneou o Dutchess. Dampier foi contratado como piloto da

expedição, indispensável para quem ia ao Oceano Pacífico. Dentre

outros oficiais estavam o irmão mais novo de Rogers, John, e o ofic

xecutivo do Dutchess, Edward Cooke, um capitão mercante de Bris

ue tinha sido atacado duas vezes por navios franceses no ano anteriUm dos maiores investidores, Dr. Thomas Dover, também foi, com

residente da expedição, uma posição que lhe permitia dar sua opin

sobre as decisões estratégicas, tais como por onde navegar e quem

tacar. Médico formado em Oxford, Dover havia recebido o apelido

Dr. Mercúrio, por sua propensão em administrar mercúrio aos seupacientes para tratar uma ampla gama de doenças. Os proprietários

apontaram como oficial médico-chefe e também como capitão dos

fuzileiros navais, com autoridade máxima sobre as operações militar

m terra, o que era estranho, já que ele não tinha nem experiência mi

em, como eventos subsequentes iriam mostrar, talento para a lideran

A expedição de Rogers, que o tornaria famoso entre seus

contemporâneos, também forneceu aos historiadores o único relato

detalhado da vida a bordo de um navio corsário do início do séculoXVIII. Tanto Rogers quanto Cooke mantiveram diários detalhados

suas experiências na viagem de três anos e os publicaram como livr

independentes logo após seu retorno. Juntamente com outras cartas

documentos, eles não só permitem uma visão abrangente de alguns d

esafios de comando na formação de Rogers, mas também nos dão u

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ideia dos desafios enfrentados por Thatch, Vane e outros corsário

durante a Guerra da Sucessão Espanhola.

A expedição partiu em 1º de agosto de 1708, os navios exibind

nova insígnia da bandeira nacional da Grã-Bretanha, uma nação qu

havia sido criada em 1707 com a união da Inglaterra e Escócia. Rogoi forçado a passar um mês na Irlanda, adaptando os navios, estocan

mantimentos e recrutando a tripulação. Eles deixaram a Irlanda com

complemento de trezentos e trinta e três homens, um terço dos qua

eram irlandeses, dinamarqueses, holandeses ou outros estrangeiros.

onselho da expedição se reuniu logo depois para discutir um problemportante: a escassez de álcool e de roupas de frio para a viagem ge

através da passagem de Drake. Rogers argumentou que o álcool era

mais importante dos dois, já que “para marinheiros, uma boa bebid

alcoólica é melhor do que roupa”, de modo que o conselho resolve

 parar na Ilha da Madeira para estocar o vinho homônimo.Ao longo do caminho, um grande número de membros da

ripulação do Duke se revoltou, depois que Rogers se recusou a tom

m navio sueco neutro como butim, uma decisão que, na opinião de

s privou de lucro. Os oficiais do Duke sacaram mosquetes e facas p

manter o controle do tombadilho superior durante a noite e, pela manconseguiram prender os líderes da rebelião. Muitos capitães teriam

xecutado os rebeldes, mas Rogers sabia que o terror nem sempre er

melhor maneira de conquistar o respeito e a lealdade de uma tripulaç

Ele ordenou que os líderes rebeldes fossem presos com ferros e os

principais instigadores fossem “fortemente chicoteados” e enviados

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volta para a Inglaterra num navio de passagem. Os outros ele libero

com punições leves – multas ou porções reduzidas – e voltaram ao

trabalho. Ele até se deu ao trabalho de abordar toda a tripulação,

explicando por que não seria prudente tomar um navio neutro, o qu

rovavelmente resultaria em processos judiciais contra eles. Essas aç

quebraram a determinação dos rebeldes, embora a atmosfera no Dunha permanecido tensa por muitos dias. Se o navio não tivesse o do

do número normal de oficiais, Rogers anotou em seu diário, o moti

 podia ter sido bem-sucedido.

Eles passaram dezembro de 1708 velejando pela costa atlântica

América do Sul, e o clima ia ficando mais frio à medida que viajava

ara o sul. Rogers mandou seis alfaiates trabalharem fazendo roupas

rio para a tripulação com lençóis, tecidos de comércio e roupas velh

dos oficiais. Os ventos sopraram mais forte quando eles passaram platitude conhecida como Roaring Forties [Quarenta Rugidores], e

grandes ondas inundavam os conveses do navio menor, Dutchess. À

vezes, os navios eram cercados por baleias que saltavam para fora d

água ou grandes grupos de golfinhos exuberantes que, como Roger

escreveu, “muitas vezes saltavam uma boa altura para fora da águairando com sua barriga branca para cima”. Havia um grande número

focas, um pinguim ou outro, e albatrozes voando alto. Em 5 de jane

de 1709, os navios tinham entrado no Oceano Antártico e as onda

alcançavam nove metros ou mais, levantando tanto os navios que o

omens podiam sentir o sangue inchando seus pés, e depois, baixan

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s tão rapidamente que, na depressão entre duas ondas, eles se senti

quase sem peso. Quando a velocidade do vento aumentava, os capitã

nviavam homens até a mareagem acima para baixar as velas superior

encurtar as menores, impedindo que elas fossem despedaçadas. D

epente, houve um terrível acidente a bordo do Dutchess. Enquanto

homens baixavam a verga do mastro grande – a madeira transversauspendendo a vela principal – um lado escorregou, derrubando parte

grande vela na água. Na velocidade em que o Dutchess estava se

movendo, a vela agiu como uma âncora gigante, puxando o bombor

tão para baixo que o gélido oceano cinza começou a entrar no conv

 principal. O capitão Courtney ordenou que as outras velas fossemoltas. O Dutchess virou na direção do vento, com as velas se agitan

omo bandeiras, sua proa virada para o mar alto. “Nós esperávamos

navio afundasse a qualquer momento”, Edward Cooke relembrou,

debatendo com o peso da água que estava nele”. A tripulação firmou

vela principal; Courtney a girou, de popa ao vento gritante. O navicomeçou a singrar rapidamente para o sul, em direção ao continent

inda não descoberto da Antártida. Rogers, no Duke, observando es

ventos, foi ficando mais preocupado, enquanto seguia o Dutchess, q

a se afastando cada vez mais na direção dos icebergs e blocos de ge

utuantes que Dampier tinha avisado que existiam nessas águas do s

Às nove horas da noite – o sol da primavera ainda alto acima d

horizonte – os oficiais exaustos do Dutchess desceram à cabine

rincipal para o jantar. Pouco antes da comida ser servida, uma enor

nda bateu na popa do navio, quebrando as janelas e levando tudo o

alcançava, humano ou não, pelo navio. Edward Cooke estava certo

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que todos eles teriam se afogado na cabine submersa se sua parede

nterior não tivesse sido derrubada pela força da onda. A espada de

oficial foi encontrada enfiada diretamente na rede que pertencia ao

empregado de Cooke que, felizmente, não estava nela no momento

Surpreendentemente, apenas dois homens ficaram feridos, mas todo

meio do navio estava cheio de água, molhando cada peça de vestuárroupa de cama e carga com a água gélida do mar.

De alguma forma, o Dutchess continuou flutuando durante a no

durante a qual a tempestade diminuiu. Na manhã, Rogers e Dampie

remaram do Duke até o Dutchess e encontraram a tripulação “numtuação difícil mas muito ordenada”, ocupando-se com o bombeame

da água do porão e armazenando embaixo alguns dos canhões pesad

para tornar o navio menos pesado em cima. Seus mastros e cordam

estavam cobertos com vestimentas, roupa de cama e redes molhada

enduradas para secar no vento gelado. Os capitães concordaram queois navios tinham sido empurrados para cerca de sessenta e dois gr

o sul (quase até a Antártida), um pouco antes do ponto mais distante

ul que se sabia que alguém tinha viajado. No final do dia, eles tinh

virado para o noroeste e faziam seu caminho em direção ao Pacífico

 boca de mais um vendaval da passagem de Drake.

Enquanto eles se arrastavam para fora da Antártida em direção

calor da primavera do sul, a tripulação começou a adoecer. Alguns

ofriam com a exposição depois de passar dias com roupas molhadas

congeladas; outros foram acometidos por escorbuto, a doença que o

marinheiros temiam mais do que qualquer outra. Uma aflição causa

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pela falta de vitamina C, o escorbuto pode ter levado mais marinheir

na era da navegação do que todas as outras causas combinadas. Sem

vitamina C, os corpos dos marinheiros não podiam mais manter os

tecidos conjuntivos, fazendo com que as gengivas ficassem pretas

esponjosas, os dentes caíssem e contusões se formassem sob a pel

scamosa. Perto do fim, quando os marinheiros definhavam e ofegavem suas redes, ossos que tinham sido quebrados muito tempo antes

uebravam de novo e velhas cicatrizes se abriam em feridas novamen

A maioria dos marinheiros acreditava que a doença era causada pel

xposição a roupas frias e úmidas, mas Rogers e Dover estavam cien

e que tinha mais a ver com a falta de frutas e legumes frescos em lonviagens no oceano. Numa época em que a Marinha Real não tinha

nenhum tratamento para a doença, Rogers abasteceu seus navios co

imões, que eram ricos em vitamina C. O estoque agora tinha acabad

então os navios estavam numa corrida contra o tempo para obter 

odutos frescos. O primeiro homem do Duke a morrer foi John Vealdia 7 de janeiro. Ele foi sepultado no mar, na passagem de Drake

De suas viagens anteriores, Dampier sabia de um santuário on

eles iriam encontrar um amplo abastecimento sem alertar os espanhó

do Chile para a sua presença: a ilha Juan Fernández3, desabitada,

seiscentos e quarenta quilômetros da costa. No momento em que o

 picos irregulares de Juan Fernández foram avistados no dia 31 de

aneiro, mais de trinta homens estavam doentes e sete haviam pereci

á, para sua surpresa, eles viram um fogo na praia, uma indicação de

um navio espanhol estava visitando a ilha remota.

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 Na manhã seguinte, o Duke e o Dutchess passaram pela entrada

porto, suas armas prontas para a ação. O porto estava deserto. Roge

ncorou o navio a um quilômetro e meio da costa, enquanto o Dr. Do

ansioso para garantir mantimentos, liderou um grupo de desembarq

ara a terra em um dos barcos do navio. Quando eles se aproximaram

raia, ficaram chocados ao ver um homem solitário, vestido com pele

cabra, acenando um pano branco e gritando exuberantemente para e

em inglês. Alexander Selkirk, o náufrago cuja história iria inspira

Daniel Defoe a escrever Robinson Crusoé, estava prestes a ser 

resgatado.

Selkirk tinha ficado preso na ilha Juan Fernández por quatro an

e quatro meses, na verdade desde que a missão corsária mal fadada

William Dampier tinha passado por esses lados no último semestre

1704. Selkirk, um escocês, tinha sido o imediato a bordo de um donavios de Dampier, o Cinque Ports, cujo capitão e oficiais haviam

perdido a fé na liderança de seu comodoro e partido por conta própr

Infelizmente, o casco do Cinque Ports já estava infestado por verme

anto que quando o navio a remo parou em Juan Fernández para peg

gua fresca e mantimentos, o jovem Selkirk decidiu ficar – tentar a sna ilha ao invés de tentar atravessar o Pacífico em um navio se

eteriorando. Segundo o extenso relatório que fez para Rogers, Selk

 passou a maior parte de um ano em profundo desespero, olhando o

horizonte em busca de embarcações amigáveis que nunca aparecera

Lentamente, ele se adaptou ao seu mundo solitário. A ilha era o lar

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centenas de cabras, descendentes das que foram deixadas para trá

quando os espanhóis abandonaram uma tentativa de colonização fe

sem muita vontade. Ele acabou aprendendo a persegui-las e pegá-la

om suas próprias mãos. Construiu duas cabanas com paredes de pel

abra e telhado de grama, uma para servir como cozinha e a outra com

alojamento, onde ele lia a Bíblia, cantava os salmos e lutava contra xércitos de ratos que vinham morder seus dedos dos pés enquanto

dormia. Ele derrotou os roedores alimentando e fazendo amizade co

muitos dos gatos selvagens da ilha, que se espalhavam às centenas p

 perto da sua cabana. Como segurança contra a fome, em caso de

cidentes ou doença, Selkirk tinha conseguido domesticar várias cabque ele criava e com as quais dançava de vez em quando na sua caba

olitária. Quando suas roupas se desgastaram, ele costurou roupas no

de pele de cabra usando uma faca e um prego velho e deixou cresce

calos em seus pés como um substituto para os sapatos. Ele raramen

ficava doente e tinha uma dieta saudável de nabos, cabras, lagostasepolhos selvagens. Mal tinha conseguido se esconder de um grupo

desembarque espanhol, subindo no topo de uma árvore, na qual algu

de seus perseguidores urinaram, sem saber da sua presença.

Embora Selkirk tenha recebido os homens de Rogers com

entusiasmo, ele ficou relutante em se juntar a eles depois de saber q

seu antigo comodoro, William Dampier, estava servindo com eles

Cooke escreveu que Selkirk desconfiava tanto de Dampier que ele

preferia escolher permanecer em sua solidão a ir com Dampier, até

formado de que ele não estava no comando” da expedição. Dr. Dov

seu grupo de desembarque só foram capazes de resgatar o náufrago

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rometendo que iriam levá-lo de volta à ilha se ele não ficasse satisfe

com a situação. Selkirk, por sua vez, os ajudou a pegar lagostas,

mpilhando-as no banco do barco antes de remarem para o Duke. Ao

elkirk pela primeira vez, Rogers disse que ele parecia mais selvagem

ue as verdadeiras donas da sua roupagem de pele de cabra. “Assim

ele chegou a bordo, tinha esquecido tanto seu idioma por falta de uque nós mal conseguíamos entendê-lo, pois ele parecia falar pela

metade”, Rogers escreveu em seu diário. “Nós lhe oferecemos uma d

de bebida mas ele não tocou nela, tendo bebido apenas água desde q

tinha chegado à ilha, e demorou algum tempo antes que ele pudess

aborear os nossos mantimentos”. Selkirk estava extremamente saudáe alerta no início, mas Rogers observou que “esse homem, quando

voltou para o nosso método habitual de dieta e vida, embora estives

sóbrio o suficiente, perdeu muito de sua força e agilidade”.

A expedição permaneceu na ilha por doze dias. Uma cidade dtendas foi construída na praia e lá os homens doentes foram cuidad

com folhas de nabo e o caldo de cabra especial de Selkirk até ficare

saudáveis; apenas dois dos cinquenta pacientes morreram. Rogers

lojou-se numa das barracas, supervisionando o conserto da mareage

dos barris e das velas. Selkirk matava três ou quatro cabras por dia

enquanto os oficiais atiravam em algumas das focas e leões marinh

ue descansavam aos milhares na costa. “Os homens que trabalhavam

mareagem em terra comiam focas jovens, que eles gostavam mais do

s mantimentos do nosso navio, e disseram que eram tão boas quant

cordeiro inglês”, escreveu Rogers, “embora da minha própria parte

teria ficado feliz com a troca”.

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Selkirk decidiu que gostava da companhia dos homens e juntou

à expedição como oficial. No dia 13 de fevereiro, ajudou a carregar

tima tora de madeira, barris de água e peixes recém-salgados a bord

se despediu da sua casa na ilha.

O mês seguinte se mostrou frustrante. Os corsários rondaram

costa do Peru sob um sol intenso durante semanas a fio sem ver um

nico navio. Rogers ficou crescentemente preocupado com o clima c

vez mais sombrio da tripulação. Não ajudava o fato de que alguns

homens estavam mostrando novos sinais de escorbuto ou que um dmeninos do Dutchess choramingava em sua rede, tendo quebrado

 perna numa queda do mastro. Os vigias de Rogers não avistaram

nenhuma vela até a tarde de 16 de março. E ela provou ser um míse

 butim: uma embarcação de cabotagem de dezesseis toneladas,

transportando vinte e dois quilos de carga, uma tripulação de setehomens e oito escravos negros e incas. A tripulação de captura de

Rogers assumiu a embarcação, para a qual ele deu o nome esperanço

de Começo.

Depois disso, as capturas finalmente começaram a acontecer

Baseados na altura da Ilha dos Lobos, deserta e coberta de esterco d

ves marinhas, a quarenta e oito quilômetros da costa peruana, os nav

de Rogers capturaram quatro navios espanhóis, um deles com

quinhentas toneladas transportando uma carga familiar para Roger

scravos. Havia setenta e três deles, em sua maioria mulheres e crianç

cujos nomes foram adicionados posteriormente aos livros de registr

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contábeis da expedição, cuidadosamente separados por sexo e

ategorias: dos dois “homens úteis” (marinheiros Jacob e Quasshee)

duas crianças, as meninas Teresia e Molly. Em meio ao fedor da ilh

ogers agora presidia uma frota considerável e um exército crescente

 prisioneiros e escravos, todos capturados sem um tiro sequer.

Com cerca de duzentos prisioneiros para alimentar, o

bastecimento de água da expedição estava desaparecendo rapidamen

e Rogers percebeu que eles teriam que fazer uma viagem para o

ontinente. Os corsários organizaram um conselho oficial e concorda

que se tinham que denunciar sua presença, eles poderiam muito bemaproveitar para fazer um ataque surpresa a uma cidade rica ao mesm

mpo. Eles escolheram o porto de construção naval de Guayaquil, o

hoje é o Equador, que Dampier já tinha saqueado quando era um

 bucaneiro em 1684.

 No caminho, no entanto, eles perseguiram um grande navio fran

e, na batalha que se seguiu, o irmão de Woodes, John, levou uma ba

de mosquete na cabeça e morreu, um evento que Rogers recebeu co

“tristeza indescritível”. O único consolo era que o butim, o navio

construído por franceses Havre de Grace, carregava “uma quantida

considerável de pérolas”, setenta e quatro escravos e diversospassageiros espanhóis ricos, melhorando o moral dos seus tripulant

O cerco de Guayaquil foi uma comédia de erros. Sob o manto

curidão, os invasores remaram pelo rio Guayas em barcos, enquant

navios permaneceram fora de sua embocadura. Rogers, Dover e

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Courtney lideravam um grupo de sessenta e cinco homens cada, ma

Dover, como capitão dos fuzileiros navais, era o comandante geral

Demorou duas noites para alcançarem a cidade. Primeiro, passaram

ia do ataque escondidos em mangues infestados de mosquitos. Dep

ao se aproximarem da cidade, eles confundiram uma celebração festi

com os gritos de um exército de defesa. Rogers aconselhou um ataqimediato, mas Dover preferiu passar mais um dia escondido nos

mangues. Na noite seguinte, Dover insistiu em negociar com os

espanhóis, perdendo completamente o elemento da surpresa. O

governador de Guayaquil, Don Jerónimo Bosa y Solis y Pacheco, s

mostrou indeciso sobre o pagamento de um resgate durante dias,enquanto sua equipe removia cerca de cem mil libras em bens valios

para fora da área. Finalmente, Rogers, revoltado tanto com o médic

quanto com o governador, se apoderou do comando e ordenou um

ataque à cidade. Ele a capturou com a perda de apenas dois homen

Como a maioria dos bens valiosos de Guayaquil tinha sido leva

os corsários encontraram apenas mercadorias volumosas e barris d

lcool. Muitos dos homens ficaram bêbados e, em sua busca por luc

começaram a desenterrar cadáveres no cemitério, sem saber que

Guayaquil tinha recentemente sido acometida pela peste bubônica

nquanto os marinheiros vasculhavam os cadáveres, expondo-se à m

negra, Rogers e seus oficiais desfrutavam de um jantar oferecido po

Don Jerónimo que, no fim, resgatou sua cidade por cerca de vinte e s

mil pesos (quase sete mil libras), uma fração do que um ataque ma

rápido poderia ter capturado.

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Os homens trabalharam durante toda a noite preparando o Duke

 Dutchess para a ação enquanto navegavam através da escuridão em

ireção ao galeão. O romper do dia revelou que o navio espanhol est

a apenas cinco quilômetros de distância da proa do Duke. O Dutchetinha ultrapassado a sua presa no escuro e teria que voltar um

quilômetro e meio para chegar até ela. Analisando o navio espanho

Rogers percebeu que o Duke poderia ser capaz de atacá-lo sozinho.

uestra Señora de la Incarnación Disenganio não era um galeão típ

mas uma embarcação de quatrocentas e cinquenta toneladas, com vin

anhões, que se movia com dificuldade. Rogers mandou colocarem u

onel de chocolate quente no convés para os homens e, com essa beb

econfortante na mão, a tripulação fez suas orações enquanto a prime

 bola de canhão do Incarnación espirrava na água.

Rogers ordenou que o Duke fosse para o lado do navio espanhodeu ordem para atirar. Seu navio balançava enquanto os canhões era

descarregados, um após o outro. Os canos de canhão do Incarnació

queimavam em resposta. Uma bala de mosquete atingiu a bochech

squerda de Rogers, espirrando grande parte da sua mandíbula super

e alguns dentes no convés. Enquanto estava deitado numa poçacrescente de sangue, ele viu o castelo de proa do inimigo passando

longo do seu corrimão. Tentou gritar uma ordem, mas a dor era mui

rande; então rabiscou o comando num pedaço de papel. Assim, o D

virou-se bruscamente, passou à frente do gurupés do Incarnación 

descarregou seus canhões de efeito mortal. O capitão francês do

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ncarnación, Jean Pichberty, se entregou e os ingleses subiram a bor

da sua maior presa.

O capitão Pichberty deu aos seus captores uma informação

ascinante: dois navios de tesouro tinham deixado Manila naquele a

e o Incarnación era o menor deles. O outro, o Nuestra Señora deBegoña, era um verdadeiro galeão de tesouro, um navio poderoso d

novecentas toneladas, com plataformas duplas de canhões e um gran

stoque de artigos de luxo orientais. Rogers deu outras ordens escri

ara a frota escoltar o Incarnación até o porto isolado de Baja, que e

estavam usando como base, e para os oficiais se prepararem paranterceptar o Begoña. Ele então se retirou para a sua cabine, seu rost

garganta grotescamente inchados, mal capaz de beber. Ele ainda nã

estava ciente de que uma bala de mosquete espanhol estava

 profundamente alojada no fundo do céu da sua boca. Seus colega

ntaram convencer Rogers a ficar no Incarnación enquanto eles part para encontrar o Begoña, mas ele se recusou a deixar o Duke.

A tripulação do Duke ainda estava consertando o navio depois

ua luta com o Incarnación no dia de Natal, quando o Begoña apare

no horizonte. No momento em que Rogers tirou o Duke do porto

aquela noite, o Dutchess e o Havre de Grace já estavam a quilômetde distância no mar, se aproximando do enorme galeão. Durante tod

oite, ele assistiu aos flashes da troca de canhonaços entre os navios.

manhã, notou que o Dutchess tinha sido duramente atingido, que se

mastros estavam danificados e a mareagem em desordem. Naquela tar

Rogers observou o Dutchess e o Havre de Grace empenhados no

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ombate ao galeão por horas, apenas para recuar novamente. O Duke 

e uniu à batalha que estava acontecendo até o final da tarde do dia

quando os três navios corsários rodearam o Begoña, bombardeando

com tiros de canhão. Na ação, uma lasca de madeira atingiu o pé

querdo de Rogers, deixando o osso do seu calcanhar exposto e met

de seu tornozelo faltando.

Cooke, que comandava o Havre de Grace, estimou que a frot

tinha descarregado trezentas balas de canhão e disparado cinquent

rodadas de tiros de barras destruidoras de vela no Begoña, mas seu

canhão de três quilos tinha pouco efeito no casco espesso e duro dgaleão. “Nós podíamos muito bem ter lutado contra um castelo de

nquenta canhões como esse navio”, Cooke lamentou. O canhão pes

do Begoña destruía os navios ingleses, fazendo furos em seus casco

hegando a matar ou ferir trinta e três homens. Com pouca munição,

corsários tiveram que admitir que haviam sido derrotados eabandonaram o Begoña para continuar sua viagem até Acapulco.

Rogers, incapaz de falar ou andar, preparou a frota para a longa viag

 para casa.

Foram necessários mais vinte e dois meses para chegar à Inglate

 período no qual as relações entre os oficiais se deterioraram. Eles

brigavam sobre quem iria assumir o comando do Incarnación, cujo

orões estavam cheios de seda, especiarias, joias, prata e outros ador

e, como mais tarde foi descoberto, valiam mais do que cem mil libra

Surpreendentemente, Courtney e Cooke estavam dispostos a permi

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que o Dr. Dover comandasse o navio. Ainda sentindo uma dor 

nsuportável, Rogers reuniu os outros oficiais para impedir a nomeaç

declarando que Dover era “totalmente incapaz de ser um oficial”. N

“guerra de papel” que se seguiu, os oficiais fecharam um acordo, pe

qual Selkirk e outros iriam realmente operar o Incarnación, enquan

Dover detinha o título cerimonial de capitão-mor. O conflito deu

Rogers alguns inimigos jurados.

 No final de junho de 1710, eles chegaram à capital das Índia

Orientais Holandesas, Batávia (atual Jacarta, na Indonésia), o prime

porto amigável que tinham visto em um ano e meio. Lá, limparam ocascos enfraquecidos dos navios Duke, Dutchess e Incarnación e

enderam como sucata o Havre de Grace, que estava totalmente com

por vermes. Courtney e alguns dos outros oficiais do grupo de Dov

iriam a afirmar depois que o Duke ainda estava vazando perigosame

precisando de uma nova querenagem, e que Rogers tinha se recusadresolver o problema. Também suspeitavam que ele tivesse “projeto

secretos” de navegar para a Terra Nova ou ao Brasil e contrabandea

bens do leste da Índia. Essa era uma acusação séria, pois a Companh

das Índias Orientais Inglesa tinha um monopólio legal sobre todo

comércio britânico com o sudeste asiático. Atravessar o caminho d

poderosa instituição, eles observaram, “podia arruinar” a expediçã

Muitos na tripulação chegaram a acreditar que Rogers tinha roubad

uma grande quantidade de tesouro e o escondido em Batávia, embo

sso parecesse tanto improvável quanto fora da realidade. Sabe-se q

durante sua estada de seis meses em Batávia, ele passou por uma

cirurgia para consertar seu calcanhar e remover a bala de mosquete

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céu da boca. Ele também supervisionava de perto a compra de coisa

necessárias para a viagem de volta para casa, para evitar complicaçõ

om a Companhia das Índias Orientais, embora até essas precauções

tenham livrado os homens de Bristol da ganância insaciável dos

diretores da companhia.

Quando os três navios finalmente ancoraram no Tâmisa em 14

utubro de 1711, os agentes da Companhia das Índias Orientais estav

à espera deles. A compra de mantimentos feita pelos corsários em

Batávia, eles argumentaram, constituía uma violação do monopólio

companhia. Eles confiscaram o grande “navio de Acapulco”, que jtinha ficado famoso pelos jornais de Londres, e envolveram os

proprietários dos navios corsários numa prolongada disputa legal. N

final, mais de seis mil libras das quase cento e cinquenta mil libras

receitas foram pagos aos diretores da companhia. Uma vez que as

espesas foram deduzidas, cada um dos proprietários tinham duplicaeu investimento. Rogers, com seu rosto mutilado, seu pé destroçad

eu irmão morto, recebeu cerca de mil e seiscentas libras, a maior pa

 provavelmente consumida pelas dívidas da sua família em Bristol

Muitos dos membros da tripulação não receberam nada, tendo sido

forçados a bordo de navios da Marinha Real assim que o Duke e o

Dutchess chegaram a Londres. Rogers voltou para sua esposa e filh

em Bristol para tratar seus ferimentos e preparar seu diário para

 publicação.

Sua circum-navegação e a captura bem-sucedida de um navio d

Manila fizeram dele um herói nacional, mas também o deixaram

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leijado, ressentido e um pouco mais rico do que ele era no dia em q

saiu de casa, três anos antes.

Rogers não era o único se recuperando de um trauma no final d

erão de 1712. Do outro lado do Atlântico, na Jamaica, Edward Tha

e Charles Vane tinham testemunhado um fato muito pior. Em 28 d

agosto de 1712, a Jamaica foi atingida por um dos furacões mais

 poderosos de sua história.

De Charles Vane, sabe-se três coisas: durante a Guerra de SucesEspanhola, ele chegou a residir em Port Royal; ele era um marinhei

 profissional; e ele conhecia o capitão que logo se tornaria famoso

Henry Jennings. Quando os ventos de repente mudaram do norte par

ul na fatídica noite de agosto, Vane podia muito bem ter estado a bo

o veleiro de quatro canhões do capitão Jennings, Diamante, que estancorado entre centenas de outros navios no porto de Port Royal.

 Naquela noite, o porto estava particularmente lotado devido a u

mbargo na navegação; um ataque francês era considerado iminente.

causa disso, Edward Thatch provavelmente também estava lá,

escansando em terra. Também em Port Royal estava o capitão de nanegreiro londrino Lawrence Prince e o mestre de navio mercante d

Massachusetts William Wyer. Ambos um dia iriam entrar em confli

com os piratas. Jennings, um consagrado capitão mercante jamaican

“de boa reputação e bens”, comandava um navio com porões vazio

qualquer que tenha sido a carga que ele estava transportando, já hav

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do descarregada há muito tempo, durante o embargo de uma semana

ilha.

A tempestade chegou por volta das oito da noite, “um furacão

furioso de raios, vento e chuva sem trovão”. Ela derrubou árvores

achatou casas e armazéns, derrubou os engenhos de açúcar e rasgocampos inteiros de plantação de cana. Inúmeras pessoas em terra

 perderam a vida quando suas casas, o hospital e metade da igreja

principal de Kingston desabaram, mas a maior carnificina ocorreu n

orto. Pelo menos cinquenta e quatro embarcações naufragaram, vira

ou foram carregadas para terra, incluindo a corveta de guerra HMS Jamaica e o navio negreiro Joseph Galley, que perderam todos os

embros de sua tripulação e todos os cento e sete escravos acorrenta

em seu porão. O capitão Wyer estava em terra quando a tempestad

afundou seu navio negreiro, o Ann Galley, afogando cem escravos

etade dos seus vinte e oito tripulantes. Lawrence Prince perdeu o naue estava sob seu comando, o bergantim Adventure, assim como He

nnings, embora nenhum dos dois tenha perdido homens. Quando o

nasceu na manhã seguinte, revelou praias e salinas com embarcaçõe

esmagadas e sem mastros e inúmeros cadáveres. Além dos escravos

cerca de quatrocentos marinheiros perderam a vida.

Assim como Jennings, Vane, Thatch e outros marinheiros fizer

um balanço da destruição nas semanas seguintes, quando um navio

chegou carregando as notícias dramáticas da Europa. A rainha Ann

nha declarado a cessação das hostilidades com a França e a Espanh

guerra estava chegando ao fim4

 e, com ela, o fluxo de riqueza e lucr

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trazido para a Jamaica pelo comércio corsário. Com a maior parte d

frota mercante jamaicana destruída no litoral, centenas de marinheir

estavam sem trabalho, deixados para se virar sozinhos em meio ao

destroços de Kingston e Port Royal. Ironicamente, outro furacão lh

traria riquezas, numa escala que os corsários do tempo de guerra s

 podiam sonhar.

 

orde é uma grande entrada de mar entre altas montanhas rochosas (N.T.).

ma ilha agora dividida entre as nações do Haiti e da República Dominicana.

enomeada como Ilha Robinson Crusoé em 1966 pelo governo chileno.o final de setembro, a notícia já havia se espalhado até Antígua.

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CAPÍTULO QUATRO

Paz

1713-1715

Com o fim da Guerra da Sucessão Espanhola em 1713, dezenas de milhares de marinheir

ente se viram sem trabalho. A Marinha Real, falida pela guerra mundial que durou doze

idamente se desmobilizou, guardando navios e demitindo cerca de três quartos de sua for

balho, mais de trinta e seis mil homens, nos primeiros vinte e quatro meses após a assinatu

atado de Utrecht. Cartas de corso deixaram de ter valor, seus proprietários foram obrigad

corar seus navios de guerra e pôr as tripulações na rua pelos cais da Inglaterra e da América.

lhares de marinheiros implorando por trabalho em cada porto, os capitães mercantes cortara

ários pela metade; aqueles com sorte suficiente para encontrar trabalho tinham que sobre

m vinte e dois a vinte e oito xelins (entre uma e uma libra e meia aproximadamente) por mês.

A paz não trouxe segurança para aqueles marinheiros ingleses qencontraram trabalho nas Índias Ocidentais. Navios da guarda coste

spanhola, os guarda-costas, continuaram a capturar navios ingleses

passavam para a Jamaica e os que voltavam, declarando que eles era

contrabandistas se uma única moeda espanhola fosse encontrada a

ordo. Eles sempre encontravam as moedas “ilícitas”, porque elas era moeda oficial de todas as colônias da Inglaterra no Caribe. Trinta

to embarcações jamaicanas foram apreendidas nos dois primeiros a

de paz, custando aos seus proprietários cerca de oitenta mil libras

Quando as tripulações resistiam, os guarda-costas frequentemente

matavam alguns em represália; o resto passava meses ou anos nas

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prisões cubanas. “O mar”, como o governador da Jamaica recordar

mais tarde, tinha se tornado “mais perigoso do que em tempos de

guerra”.

À medida que os meses passavam, as ruas, os bares e as pensões

Port Royal ficavam cheias de marinheiros necessitados e com raivaComerciantes, atormentados por suas perdas, mandavam menos navi

reduzindo ainda mais a quantidade de trabalho para a marujada. Ess

marinheiros que tinham sido capturados – alguns mais de uma vez

eram fisicamente afrontados pelos espanhóis e oprimidos

financeiramente por seus empregadores, que reduziam suas própriaerdas deixando de pagá-los pelo tempo que estavam servindo na pri

“O ressentimento e a falta de emprego”, um morador recordou mai

tarde, “foram certamente os motivos para um curso de vida que eu

acredito que a maioria ou muitos deles não teria tomado, se tivesse

ido reaproveitados ou pudessem, de alguma forma legal, se sustentaBenjamin Hornigold foi um dos primeiros a se voltar para ess

outro “curso de vida”, e ele levou Edward Thatch com ele. Eles tinh

servido a bordo de corsários jamaicanos durante a guerra e agora s

encontravam presos no porto de Port Royal. No verão de 1713, ele

estavam fartos da pobreza e da guarda costeira espanhola. Hornigolugeriu para uma série de ex-companheiros e amigos de bebida que e

nissem suas habilidades para resolver os dois problemas. Deviam vo

a atacar a navegação espanhola, vingando-se e enriquecendo-se ao

mesmo tempo. Tudo o que precisavam era de uma pequena embarcaç

alguns bons homens e um refúgio seguro de onde iniciar seus ataqu

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Hornigold conhecia o lugar certo para isso.

As Bahamas, todo jamaicano sabia, era uma base bucaneira

perfeita. O extremo ocidental do arquipélago de setecentas ilhas fica

o lado do estreito da Flórida, o principal canal de navegação para to

os navios com destino à Europa, América do Sul, México e GrandeAntilhas, incluindo a Cuba espanhola, a Jamaica inglesa e a nova

colônia francesa na Ilha de São Domingos. Embarcações à vela nã

nham muita escolha a não ser passar por esse caminho para alcança

colônias da costa leste ou pegar os ventos de volta para a Europa. O

ratas podiam se esconder no labirinto de ilhas, aproveitando-se de ucentena de ancoradouros pouco conhecidos onde água e frutas fresc

odiam ser coletadas, os navios podiam ser querenados e consertado

o saque dividido de forma segura. Ninguém teria coragem de segui-

ara os canais estreitos entre aquelas ilhas sem um piloto experiente

Bahamas a bordo; com centenas de pedaços de terra e areia, alguém podia facilmente se perder e submeter suas embarcações a recifes

ontiagudos e cardumes desconhecidos. Mais importante, já que ata

os espanhóis era tecnicamente contra a lei, as Bahamas não tinha u

overno desde a invasão franco-espanhola de julho de 1703. Assim,

final daquele primeiro verão em tempos de paz, em 1713, Hornigold

um pequeno bando de seguidores deixaram Port Royal e navegaram

setecentos e vinte quilômetros ao norte, passando entre Cuba e Sã

Domingos e entrando no labirinto cravejado de corais das Bahama

Durante a guerra, os espanhóis e os franceses saquearam a ilh

Nova Providência quatro vezes, incendiando Nassau, bloqueando o

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canhões das fortalezas, levando embora o governador e a maioria do

escravos africanos e forçando o resto da população a ir para a flores

Na sequência, a maioria dos sobreviventes abandonou a ilha, deixan

apenas um punhado de colonos que, de acordo com o morador Joh

Graves, viviam “dispersos em pequenas cabanas, prontos para se

esconderem na floresta a qualquer ataque”. Quando as notícias doprimeiro ataque chegaram a Londres, os aristocratas que possuíam

Bahamas nomearam um novo governador, Edward Birch, e o mandar

através do Atlântico para restabelecer a ordem na colônia estagnad

uando Birch chegou, em janeiro de 1704, encontrou Nova Providên

quase completamente deserta e, de acordo com o historiador contemporâneo John Oldmixon, “não se deu ao trabalho de abrir su

licença”. Birch permaneceu por três ou quatro meses, dormindo n

floresta, antes de deixar seu “governo” por sua própria conta e risc

 Nove anos depois, pouco coisa tinha mudado. Quando Hornigoseus companheiros pisaram na praia em Nassau, eles não encontrara

uma cidade, mas uma coleção de edifícios parcialmente desabados

cobertos de mato e vegetação tropical, reunidos em torno das ruína

queimadas de uma igreja e uma fortaleza que Nicholas Trott tinha

construído um quarto de século antes. Em toda a ilha, havia

provavelmente menos do que trinta famílias morando em casebres

asas rudimentares, ganhando a vida pescando peixes, cortando árvo

ou pegando os ossos de navios infelizes o suficiente para encalhar n

margens traiçoeiras1. Hornigold deu uma boa olhada ao seu redor

 percebeu que tinha feito a escolha certa.

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Tudo começou humildemente. Hornigold e seus homens

onstruíram ou “adquiriram” três barcos grandes de madeira conheci

como barcas ou canoas, capazes de transportar trinta homens e um

mpla oferta de carga. Equipados com bancos de remos e uma única v

de manipulação de frente e ré, eles estavam bem preparados para a

pirataria de pequena escala: velozes, capazes de remar em linha reta

direção do vento para pegar ou fugir de um navio de velas quadrada

usando tão pouco calado que poderiam navegar sobre bancos de are

corais e outros perigos para se livrar de supostos perseguidores.

Armados com espadas, mosquetes, lanças e porretes, os homens d

Hornigold dominariam com facilidade tanto um veleiro de comércievemente tripulado como os supervisores de uma plantação espanh

ou francesa afastada. Cuba estava a apenas duzentos e oitenta

quilômetros ao sul, a Flórida espanhola a duzentos e cinquenta

uilômetros a oeste, e a São Domingos francesa a seiscentos e quare

quilômetros ao sudeste. O pequeno bando de piratas foi perfeitamen preparado para atacar seus inimigos de guerra.

Os homens se organizaram em três bandos, cada um com vinte

cinco homens e uma canoa. Hornigold liderava um e John West, sob

uem pouco se sabe, e John Cockram, um jovem marinheiro ambicio

om um talento para o comércio, lideravam os outros. Ao longo dos

meses seguintes, eles atacaram pequenas embarcações comerciais

spanholas e plantações de açúcar isoladas, desde o estreito da Flór

até o litoral de Cuba. O bando de Hornigold voltou para Nassau

carregado de fardos de tecidos caros da Silésia e da Prússia; Cockra

ouxe sedas asiáticas, cobre, rum, açúcar e moedas de prata roubada

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avios espanhóis na costa da Flórida e em outros lugares; e West vol

para casa com catorze escravos africanos roubados de uma plantaçã

cubana. Juntos, eles trouxeram às ruínas de Nassau cargas que valia

cerca de treze mil libras, dez vezes o valor das importações anuais d

toda a colônia das Bermudas.

Os bandos de piratas inexperientes precisavam de alguém par

quem vender seus bens roubados, de preferência sem realizar a long

viagem para a Jamaica, onde as autoridades podiam exigir uma parc

sob a ameaça de complicações legais. Felizmente, eles encontraram

compradores entre o colonos relativamente estáveis da ilha Harbouroitenta quilômetros ao norte de Nassau, que tinha cerca de duzento

abitantes. Richard Thompson, o maior e mais rico proprietário de te

e comerciante da ilha, não tinha escrúpulos em receptar os bens do

piratas de Nassau e nutria pouca simpatia pelos espanhóis, que tinh

feito tanto mal para a população das Bahamas. Ele e John Cockramareciam ter se dado muito bem. Na verdade, ao final de março de 17

Cockram tinha se casado com uma das filhas de Thompson e vivia

contente com ela em Eleutéria, a maior e menos desenvolvida ilha

izinha de Harbour. Thompson ainda fez do seu novo genro o mestre

um de seus veleiros de comércio, mandando-o para viagens de

contrabando de especiarias até a ilha holandesa de Curaçao, a mil

seiscentos quilômetros de distância, com cargas de madeira de

 brasiletto, a partir da qual um corante vermelho valioso podia ser

xtraído. Presumivelmente era Thompson quem comprava a maioria

cargas dos piratas; não demoraria muito para que ele e Cockram

emergissem como os principais comerciantes do mercado negro da E

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de Ouro da Pirataria.

Ao final do inverno de 1714, os boatos começaram a circular e

Nova Providência de que as autoridades espanholas em Havana estav

reparando um ataque de retaliação. Os piratas consultaram-se uns c

os outros e decidiram dividir seu saque – que agora valia sessenta mibras – e se separar. West e muitos dos piratas comuns aparentemen

escolheram desistir enquanto podiam, e se espalharam pela Jamaica

lém. Um punhado permaneceu nas Bahamas, incluindo Hornigold,

juntou a John Cockram e outros na relativamente segura ilha Harb

num porto confortável e facilmente defensável com sua bateria decanhões. Edward Thatch muito provavelmente estava entre eles,

 passando despercebido e esperando a ira dos espanhóis diminuir.

O Tratado de Utrecht também tinha colocado Sam Bellamy paora do mercado de trabalho. De acordo com trezentos anos de histó

oral, ele seguiu sua rota para Eastham, Massachusetts, localizada n

ponto mais afastado de Cape Cod, em 1714 ou no início de 1715. N

á provas documentais para confirmar essas histórias, embora o povo

Cape Cod as venha contando mais ou menos da mesma forma desde

dias dos grandes piratas; mas também não há qualquer prova do

contrário. Na verdade, as provas que existem se encaixam

tentadoramente bem na lenda de Cape Cod.

Famílias que viviam em Eastham e em seu entorno tinham laço

estreitos com a região ocidental inglesa, de onde acredita-se que

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Bellamy tenha vindo, e alguns tinham sobrenomes e linhagens que

ugeriam que podiam ter sido parentes de sua mãe. Mais importante

ersonagem principal da lenda, a figura ao redor da qual a história g

ra uma pessoa de verdade, cujos detalhes de vida são consistentes c

as tradições folclóricas de Cape Cod.

Entre 1713 e o início de 1715, Sam Bellamy muito provavelme

chegou a Boston, onde a maioria dos navios de entrada passavam pe

alfândega antes de prosseguir para outros portos da Nova Inglaterra

Com dez mil pessoas, Boston era a maior cidade da parte britânica América do Norte e o porto através do qual a maioria do comércio

ansatlântico da costa leste passava. A cidade cresceu a partir do cen

do porto, um amontoado de edifícios de tijolos e madeira em torno

opé de Beacon Hill2, cujo topo era coroado por um farol que lhe de

nome. O navio de Bellamy teria ancorado no final de Long Wharf, uais recém-construído com extensão de quatro mil e oitocentos metr

permitindo que trinta navios de longo curso ficassem simultaneamen

ancorados em águas tão profundas que eles podiam descarregar sua

argas diretamente nas docas em qualquer maré. Isso era mais do que

utros portões de entrada de Boston. A cidade ficava empoleirada nupenínsula montanhosa, com três quilômetros de comprimento e um

argura, ligando-se ao continente por uma faixa de terra tão baixa e f

que submergia durante tempestades e nas marés da primavera. Ir d

Boston para Roxbury pela estrada peninsular era sempre perigoso,

muitas pessoas se afogavam atravessando-a na névoa ou na escuridã

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inda não havia pontes, portanto, além das três barcas que atravessav

a foz do rio Charles, Long Wharf era a porta da frente da cidade.

Bellamy entrou por ela, passando entre os armazéns construídos a

longo do seu comprimento até o pé da rua King.

Subindo a rua recém-pavimentada, um visitante sabia que tinh

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chegado a uma cidade particularmente culta. Na caminhada de mei

uilômetro até a nova prefeitura3 de tijolos e sua impressionante torre

sino, Bellamy teria passado por não menos do que cinco gráficas e

dezenove livreiros, incluindo Nicholas Boone, que vendia cópias d

ornal semanal Boston News-Letter  [Boletim de Notícias de Boston]

único na América britânica. Se ele parasse para ler o Boston NewsLetter  – se, de fato, ele soubesse ler – teria recebido as notícias ma

centes da Europa e das outras colônias, que eram relatas por capitã

passageiros de navios recém-chegados, incluindo, talvez, histórias d

atividades saqueadores dos homens de Hornigold. A existência do

 Boston News-Letter  fazia de Boston o centro da infraestrutura denformação da América no século XVIII. Ela era publicada pelo age

do Correio da cidade, John Campbell, que era o primeiro a receber

arteiro semanal de Nova York; a perigosa viagem de uma semana er

 parte mais longa do sistema postal nascente do continente, que se

estendia da Filadélfia até Portsmouth. Se houvesse alguma notícia relevância para os habitantes de Boston – um ataque de piratas, po

exemplo –, era pelo Boston News-Letter  que a maioria deles iria fic

sabendo. Se o jornal não tivesse chamado a atenção de Bellamy, el

oderia ter percebido as mercadorias na loja de Andrew Faneuil4 na

ing, abastecida com sedas de Veneza, sais franceses e outros requineuropeus. É altamente provável que ele tenha parado no Câmbio Re

uma taberna no topo do morro conhecida por sua comida e bebida. L

le pode ter perguntado sobre a melhor forma de reservar uma passag

 para Cape Cod, no outro lado da baía de Massachusetts.

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Como marinheiro, Bellamy teria se sentido em casa em Outer Ca

presença do mar estava em todos os lugares em Eastham, seu povo

 principal: nas brisas que sopravam sobre a cidade, no estrondo da

ondas do leste e nas posses das pessoas da cidade, tiradas de centen

de navios naufragados na costa do Atlântico. Nem todos os naufrág

eram puramente acidentais. Em uma noite escura, um navio podia s

raído para a costa dura e sem porto de Cape Cod por um homem de

na praia, balançando suavemente a sua lâmpada. Um capitão de nav

inexperiente, nervoso por navegar no perigoso Outer Cape, seguiria

lâmpada, pensando ser a luz da popa do outro navio, descobrindo s

rro apenas quando já era tarde demais para salvar seu navio. Claro, n podia haver nenhuma testemunha de tais enganos, e um número

surpreendentemente alto de navios era encontrado mais tarde nessa

 praias, sem sobreviventes nem carga.

Eastham era literalmente uma ilha naqueles dias. Um riachopantanoso ao sul da cidade na área do Porto Nauset separava Oute

Cape do resto de Massachusetts. O pântano fornecia muita forrage

audável para vacas e a área rapidamente tornou-se conhecida pela a

qualidade de seus produtos lácteos. Ao leste, entre a aldeia e o alto

Atlântico, ficavam os planaltos de outro mundo – dunas desertas e

miseráveis varridas pelo vento que terminavam com uma rapidez

assustadora em penhascos de areia de vinte e sete metros ou mais d

altura até as praias do Atlântico.

De acordo com a lenda de Cape Cod, Bellamy começou a

requentar uma taberna de Eastham. Numa noite de primavera em 17

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ele conheceu uma garota de dezesseis anos de idade chamada Mary

Maria Hallett, encantando-a com contos de aventuras marítimas5. Sam

Mary dormiram juntos naquela mesma noite e, na maioria das versõe

istória, ficaram tão apaixonados um pelo outro que começaram a fa

obre casamento. No entanto, os pais de Mary eram fazendeiros rico

se recusaram a permitir que sua filha se casasse com um marinheirobre, da mais baixa categoria. Sam, furioso, jurou que faria sua fort

retornaria para pegar sua noiva. Depois da sua partida em setembro

1715, a menina apavorada descobriu que estava grávida e mais tard

naquele inverno teria sido descoberta num celeiro com um bebê mo

em seus braços. As pessoas boas de Eastham, descendentes doseregrinos, submeteram Mary a chicotadas em público antes de jogá

na cadeia da cidade para aguardar julgamento pelo assassinato do s

filho. Segundo alguns relatos, ela ficou louca enquanto estava presa

possivelmente com a ajuda do diabo) fugiu para viver como eremita

planaltos desertos acima da praia do Atlântico. Lá, ela perambulavassustando crianças, em busca de Bellamy e trazendo tempestades

esagradáveis para cima de marinheiros em trânsito, o que lhe rende

apelido de Bruxa do Mar de Billingsgate, antigo nome da área mais

norte da cidade, depois conhecida como Wellfleet.

Embora floreada, a lenda pode ter sido baseada em eventos

verídicos. Nos últimos anos, os historiadores descobriram que exist

uma jovem chamada Mary Hallett que viveu em Eastham em 1715, e

ue sabemos da vida dela é surpreendentemente coerente com a lenda

Mary Hallett histórica tinha cerca de vinte anos de idade em 1715 e

filha de um dos colonos mais ricos da área, John Hallett de Yarmou

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Tal como seu sósia lendário, Hallett, um ex-policial e veterano da

Guerras da Índia, parece que se importava profundamente com sua

propriedades, tendo se envolvido numa disputa amarga e prolongad

om seu irmão pela divisão das pastagens de seu falecido pai. Em ma

de 1715, o irmão mais velho de Mary, John Hallett Jr., se casou co

uma menina de Eastham chamada Mehitable Brown, cuja famíliaacredita-se ter administrado a Taberna da Ilha Grande, um

estabelecimento que servia aos marinheiros em Billingsgate. Mary,

exta das dez crianças Hallett, podia muito bem estar vivendo com s

mão e sua cunhada em 1715, ajudando na cozinha, atendendo clien

a taberna e limpando os quartos do primeiro andar, que eles alugavpara marinheiros. Além disso, os registros mostram que Mary Halle

unca se casou e morreu sem filhos com cerca de sessenta anos em a

e 1751. Em seu testamento, descoberto por Kenneth Kinkor do Mu

da Expedição do Whydah em Provincetown, ela legou todos os seu

bens aos seus irmãos sobreviventes e sobrinhos; e havia nomeado srmão, John Jr., para executar seu testamento, sugerindo que eles er

e fato muito próximos, mesmo após os acontecimentos de 1715, se

realmente tiverem acontecido.

Seja qual for a verdade sobre Mary Hallett, sabe-se que Sam

Bellamy fez outra amizade mais duradoura enquanto estava na Nov

nglaterra. Com trinta e nove anos de idade quando eles se conhecera

aulsgrave Williams era um ourives de uma família influente de Rho

Island, com uma esposa e dois meninos em casa. À primeira vista

Williams teria parecido a pessoa mais improvável para ser um pirat

Seu pai, John Williams, era o procurador-geral de Rhode Island, um

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comerciante excepcionalmente rico que dividia seu tempo entre um

mansão em Boston e propriedades em Newport e na Ilha Block. Su

mãe, Anna Alcock, era uma descendente dos reis plantagenetas da

Inglaterra e filha de um médico formado em Harvard. Ainda assim

Paulsgrave iria escolher a vida de um fora da lei, juntando-se a um

sociedade de marinheiros pobres lutando pela riqueza e liberdade qle tinha desfrutado desde que nasceu. Não faz sentido até levarmos

conta seu padrasto e vizinhos de infância.

John Williams morreu em 1687, quando seu filho tinha onze an

de idade, deixando a execução do seu testamento e a tutela de seufilhos nas mãos de seu amigo, um exilado escocês chamado Rober

Guthrie. Guthrie se casou com a mãe de Paulsgrave um ano e meio

depois, instalando a família em sua propriedade na ilha Block, na ba

de Narragansett, em Rhode Island, uma mudança que alterou

profundamente a trajetória do jovem Williams. O pai de Guthrie tinsido um famoso pregador nacionalista escocês e foi executado pelo

ngleses na frente da sua família, quando Guthrie ainda era um bebê

mãe e os irmãos de Guthrie foram banidos do país, juntando-se a u

grande contingente de prisioneiros de guerra escoceses transportad

ara a Nova Inglaterra para serem escravos nas oficinas de ferragens

Lynn e Braintree, em Massachusetts. Um grande número desses

escoceses acabou se mudando para a ilha Block, tornando-se parte

uma comunidade com uma reputação para o crime organizado. Atrav

e Guthrie, o jovem Williams provavelmente passou a conhecer algum

verdades desagradáveis sobre a conquista inglesa da Escócia e a te

algumas noções radicais sobre quem deveria estar sentado no trono

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britânico. Na ilha Block, a família de Paulsgrave se ligou a alguns d

rincipais contrabandistas, lavadores de dinheiro e comerciantes neg

da Nova Inglaterra. Sua irmã mais velha, Mary, se casou com Edwa

Sands, um amigo do capitão Kidd; o casal tinha ajudado a esconde

alguns dos contrabandos de Kidd em sua casa enquanto ele era um

fugitivo da lei. Sua irmã mais nova, Elizabeth, também tinha sidoenvolvida para ajudar Kidd; seu marido, Thomas Paine, provavelmen

era o sobrinho e xará de um pirata aposentado, o velho Thomas Pain

que também vivia na área e tinha um longo histórico de comprar e

ender saques. Nessa companhia, Williams pode ter sido influenciad

buscar aventuras ilegais. Tudo o que ele precisava era encontrar um parceiro disposto, alguém que sabia mais do que ele sobre navega

 barcos a vela e sobre o mar.

Bellamy e Williams se tornaram amigos rapidamente e formara

uma parceria. Com sua riqueza e conexões, Williams era o sóciomajoritário, capaz de garantir os mantimentos e uma embarcação em

ondições de navegar para uso em atividades marítimas. Bellamy trou

s habilidades de navegador e os conhecimentos das Índias Ocidenta

e Williams o contratasse para ser o mestre da sua embarcação, Bella

teria direito a uma participação nos lucros de qualquer esquema

comercial ou de contrabando que ele estivesse planejando. Todos o

planos que eles estavam pensando foram jogados pela janela quando

notícia de uma oportunidade maior chegou.

 Nas Bahamas, o ataque espanhol que todos tinham esperado nã

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concretizou, e os piratas começaram a se reagrupar. Em Eleutéria,

Hornigold começou a recrutar um novo grupo a partir das filas de

olonos disponíveis. Ele foi ajudado por um dos velhos marujos da i

Jonathan Darvell, que, quando era um jovem marinheiro, tinha

participado de um motim, apreendido um navio negreiro e vendido s

carga viva para comerciantes holandeses em Curaçao. Darvell agor

estava velho demais para participar de uma aventura pirata, mas fico

feliz em investir em uma. Ele contribuiu com seu saveiro, o Happy

eturn, com seu filho de dezessete anos de idade, Zacheus, e seu gen

Daniel Stillwell. Um punhado de estranhos também apareceu, a maio

deles da Jamaica, incluindo Ralph Blackenshire e, possivelmenteEdward Thatch.

 No verão de 1714, Hornigold conduziu o Happy Return da Ilh

Harbour para as costas das colônias espanholas da Flórida e Cuba.

equeno veleiro provavelmente não tinha mais do que quinze toneladmas era consideravelmente melhor do que as canoas à vela: mais segu

mais rápido e capaz de transportar mais homens e saques. Quando e

voltaram, Darvell obteve um bom lucro. Emprestando seu navio par

uma viagem curta, ele recebeu uma parte do saque – barris de produ

ecos, sebo e um escravo que valia duas mil libras, o que era suficie

ara comprar o Happy Return quatro vezes. Dentro de algumas seman

ele enviou o Happy Return novamente. Hornigold não participou

daquela viagem, talvez por estar decepcionado com o tamanho de su

parte. Ele provavelmente não sentiu inveja quando o Happy Retur

voltou do litoral norte de Cuba com apenas uma carga de couro cru

outros bens no valor de apenas trezentas e cinquenta libras.

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 No final do outono, Hornigold e outros dois homens comprara

m barco aberto de um colono de Eleutéria. Eles navegaram até a co

e Cuba e, no início de dezembro, interceptaram uma canoa à vela e u

equena lancha que pertenciam ao aristocrata cubano señor  Barriho

s embarcações cubanas eram quase tão pequenas quanto a sua próp

mas estavam carregadas com moedas e objetos de valor que valiam

quarenta e seis mil peças de oito (onze mil e quinhentas libras). A

aptura tornou Hornigold e seus comparsas os piratas mais respeitad

das Bahamas. Ela também chamou a atenção das autoridades de trê

impérios.

Thomas Walker era o único representante oficial que ainda viv

nas ilhas. Ele tinha sido uma figura importante nas Bahamas desde

einado do rei William, tendo servido como juiz da Sua Majestade p

o tribunal do vice-almirantado. Ele provavelmente morava em Nov

Providência quando o pirata Henry Avery subornou o governador Trcom seus tesouros. Com o colapso da colônia durante a Guerra da

Sucessão Espanhola, Walker tinha assumido o papel de vice-

governador, embora não esteja totalmente claro se os lordes

roprietários das Bahamas aprovaram esse acordo. Ele tinha de algu

rma sobrevivido à guerra em Nova Providência, continuando a vive

ua propriedade rural a cinco quilômetros de Nassau com a sua espo

arah, que era uma negra livre, e seus filhos mulatos: Thomas Jr., Ne

Charles e Sarah6, que tinha quinze anos de idade.

Thomas Walker não gostou nem um pouco da chegada dos pira

A última coisa de que ele e seus vizinhos precisavam era trazer a ira

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Espanha sobre eles mais uma vez. Hornigold e seus comparsas tinha

que ser detidos, e Walker percebeu que ele era o único homem par

fazer isso.

Primeiro ele pediu reforços, despachando cartas para todos d

quem ele se lembrava – os senhores do almirantado e do comércio, duque de Beaufort, outros donatários das Bahamas e até mesmo par

semanário Boston News-Letter  –, informando-os da situação cada v

mais perigosa. Assegurou aos lordes proprietários que ele era um

“perseguidor e perturbador de todos os piratas, ladrões e vilões qu

esperam se abrigar ou fazer sua morada nessas ilhas que lhes pertenciam”. Até um novo governador ser nomeado, ele mesmo iri

“acalmar os temperamentos exorbitantes de algumas pessoas dessa

ilhas e fazer justiça contra os piratas”.

Logo, cada capitão que ia de Boston a Port Royal estava ciente

façanhas de Hornigold e Cockram. O governador em exercício dasBermudas, Henry Pulleine, enviou cartas para Londres advertindo q

os dois homens estavam transformando as Bahamas em um “ninho

 piratas”. Pulleine até ofereceu anexar as Bahamas ao seu governo

prometendo destruir os “patifes infames, que dão um prejuízo infin

ao comércio, tornando-nos infames para os nossos vizinhos”.

Após as depredações piratas de 1713, Walker decidiu que escre

artas não era suficiente. Logo após o Natal, ele reuniu alguns home

embarcou em um navio e navegou até a ilha Harbour para fazer justi

 por si próprio.

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A campanha de Walker teve um início auspicioso. Na ilha Harb

ele surpreendeu os piratas, capturando Daniel Stillwell, o adolescen

Zacheus Darvell e um dos seus cúmplices, Matthew Low. Os outro

adrões do mar fugiram para a floresta e se defenderam “em resistên

armada”, mas Walker foi capaz de apreender o Happy Return,

erminando sua carreira como navio pirata. Ele obrigou Low e o men

Darvell a entregar Daniel Stillwell, assinando depoimentos escritos q

ligavam aos ataques piratas recentes aos espanhóis. Walker não tin

utoridade para julgar Stillwell, no entanto, pois sua licença como ju

o almirantado havia expirado décadas antes. Em vez disso, ele teria

nviar Stillwell para o tribunal de Justiça mais próximo, na Jamaica,urso de ação que o prisioneiro na verdade implorava que ele seguis

Walker tinha suas preocupações – a longa viagem por mar oferecia

risioneiro uma oportunidade fácil de escapar – mas ele não tinha ou

opção. Ele colocou Stillwell e cópias dos depoimentos acusadores n

mãos de Jonathan Chase, o capitão do veleiro Portsmouth, queoncordou em entregá-los diretamente ao governador de Jamaica, lo

Archibald Hamilton. Ele partiu em 2 de janeiro de 1715.

Walker conduziu o Happy Return de volta para Nassau e contra

homens para ajudá-lo a capturar Hornigold e os outros fugitivos, ago

condidos em meio ao pau-santo e às árvores de campeche de Eleuté

Pouco tempo depois, ele recebeu relatos de que os espanhóis em Cu

tavam preparando um ataque maciço às Bahamas, como vingança p

ratarias cometidas por Hornigold e seus amigos fora da lei. Um hom

da região que tinha sido mantido em cativeiro pelos espanhóis disse

Walker que uma frota de navios de guerra tinha zarpado de Havana c

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para se perguntar por que Daniel Stillwell não lhe tinha sido entregu

 para se preocupar com os piratas das Bahamas ou, de fato, com a

colônia insignificante das Bahamas. Ele foi envolvido num projeto

muito mais significativo e perigoso: ajudar a orquestrar um plano

ecreto para derrubar e substituir o rei da Grã-Bretanha. Seus esforç

curiosamente, iriam inchar dramaticamente as fileiras de piratas quoperavam a partir das Bahamas.

A rainha Anne tinha morrido, sem filhos, em agosto de 1714. E

ircunstâncias normais, a coroa teria sido passada para seu meio-irm

James Stuart, o próximo na linha de sucessão dinástica, uma situaçue, na cabeça de muitos na época, era ordenada pelo próprio Deus.

entanto, James era católico e, segundo uma lei aprovada em 1701

nenhum católico podia sentar-se no trono. Infelizmente, não havia

utros membros da Casa de Stuart que não fossem católicos também

nico protestante que eles conseguiram encontrar era um dos primossegundo grau de Anne, George Ludwig, membro votante do estado

alemão de Hannover. Embora ele não falasse inglês e não estivesse

nteressado em aprender, George Ludwig foi levado para a Inglaterr

coroado rei George I, tornando-se o membro fundador de uma nov

família reinante, a Casa de Hanover, que ainda ocupa o trono hoje

Muitos britânicos ficaram descontentes com esse rumo dos

acontecimentos, especialmente na Escócia. Os escoceses já estavam

hateados com a perda de sua independência com o Tratado de União

1707, mas pelo menos os Stuarts – isto é, os Stewarts – tinham sido

família real legítima da Escócia. Agora, apenas sete anos após a fus

das monarquias inglesa e escocesa, os ingleses tinham colocado n

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trono um príncipe alemão extremamente hostil ao presbiterianismo

escocês. Outros britânicos ficaram chateados com a vinda dos

hanoverianos, como os católicos adeptos da Igreja da Inglaterra e

entusiastas do direito divino, mas foram as famílias nobres da Escóc

que lideraram os esforços para colocar James Stuart no trono.

Lorde Hamilton era membro de uma dessas famílias. Seu irmã

mais velho de todos, James, o quarto duque de Hamilton, tinha lider

a oposição à união da Escócia com a Inglaterra e foi preso em vária

ocasiões, por atividades pró-Stuarts. Seu outro irmão mais velho,

George, o conde de Orkney, estava profundamente envolvido em planpara uma revolta militar em apoio a James Stuart, um esforço no qu

pelo menos dois dos seus sobrinhos também estavam envolvidos. O

overnador Hamilton pretendia fazer a sua parte. Desde que assumiu

cargo em 1711, ele tinha limpado o conselho de administração da

Jamaica, a milícia e o serviço público dos adversários dos Stuartssubstituindo-os por católicos, escoceses e outros jacobitas, como o

poiadores de James Stuart eram chamados. Ele deixou um companh

escocês encarregado das fortificações de Port Royal, as principais

defesas da ilha, e se recusou a dar explicações sobre a pólvora

acumulada lá ou o conteúdo dos navios mercantes que ele apreendi

supostamente por contrabando. Os plantadores e comerciantes qu

inham assento na assembleia jamaicana ficavam aterrorizados com

número de papistas e jacobitas” empregados na administração de

Hamilton. E quando as preparações se desdobraram em direção a um

rande revolta jacobita na Grã-Bretanha, Hamilton começou a organi

ma frota de navios de guerra particulares em Port Royal, uma força

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 pode ter sido planejada para ser usada como uma marinha jacobita

colonial.

Hamilton negou ser qualquer coisa além de um servo fiel de Geo

. A pequena frota que ele organizou no verão e no início do outono

1715, conforme ele insistiu mais tarde, era para o único propósito ddefender o transporte da ilha contra corsários espanhóis, e era isso q

as autorizações que ele emitiu para sua frota afirmavam. Hamilton

explicava que os comerciantes jamaicanos tinham implorado que se

governo os protegesse dos espanhóis. “Nós tínhamos apenas um nav

e guerra e um veleiro de guerra deixados ancorados na Jamaica, ambujos e impróprios para ir atrás desses navios ágeis que nos infestava

escreveu Hamilton. Com esses dois navios de guerra prestes a segu

ara a Grã-Bretanha, ele acrescentou, não havia muita escolha a não

substituí-los com suas próprias embarcações. Assim, Hamilton entr

em contato com vários de seus aliados na ilha, estimulando-os a suntarem a ele, investindo numa frota de dez corsários armados. Tud

que precisavam era de alguns marinheiros experientes e de confianç

 para operá-los. Um desses marinheiros seria Charles Vane.

É razoável supor que Vane estava desempregado, vagando pel

ocas de Port Royal e Kingston em busca de trabalho. Ele finalmentencontrou, sendo contratado por seu futuro preceptor, capitão Henr

Jennings, para servir na tripulação de um corsário.

A Jennings foi oferecido o comando de um dos navios corsários

governador Hamilton, um veleiro de quarenta toneladas chamado

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Barsheba, que podia transportar oito canhões e oitenta homens. O

nvestidores que eram donos dele escolheram Jennings com base na

reputação: um capitão mercante veterano, com experiência de guerra

uma propriedade jamaicana que lhe rendia comprovadamente

quatrocentas libras por ano, independentemente do que ele ganhava

mar. Confiável, experiente e destemido, Jennings era exatamente o tde homem que eles queriam que comandasse seu navio de guerra.

Ao final de julho, enquanto se preparavam para partir, os céus n

redores da Jamaica escureceram e o vento começou a soprar com fo

vindo do sudeste. Uma grande tempestade estava se formando, umtempestade que mudaria o destino de Jennings e Hornigold, Thatch

ane, Williams e Bellamy. De fato, depois que ela passou, o Caribe

Américas nunca mais foram os mesmos.

Em 13 de julho de 17157, uma frota espanhola de tesouro deix

Havana com destino a Cádiz. Por causa da guerra, tinham se passad

vários anos desde a última vez que os espanhóis haviam despachad

suas frotas de tesouro para o Novo Mundo, então os galeões estava

transportando uma carga excepcionalmente valiosa: moedas, sedas

porcelanas, barras de ouro e joias que valiam cerca de sete milhões

eças de oito (um milhão e setecentas mil libras). Eles também estav

 partindo extraordinariamente tarde para a estação do ano.

O comandante da frota combinada, capitão-geral Don Juan Este

de Ubilla, tinha se preocupado com os atrasos por meses. Primeiro,

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frota Tierra Firma, sob o comando do general Don Antonio de

cheverz, tinha sido atrasada em Cartagena, esperando que as carava

de lhamas carregadas de prata chegassem de Potosí, do outro lado d

ordilheira dos Andes. Então, a frota da Nova Espanha de Ubilla tin

ficado presa em Vera Cruz durante meses a fio, esperando que os

aleões de Manila chegassem a Acapulco. No momento em que as duotas uniram forças em Havana, Ubilla começou a se preocupar que

odiam não conseguir sair dos trópicos antes do início da temporada

furacões. Houve mais atrasos em Cuba, enquanto comerciantes de

Havana carregavam suas mercadorias e o governador Torres y Ayal

insistia na presença dos oficiais em suas festas suntuosas. No últimminuto, um navio extra, a fragata de propriedade francesa El Grifo

untou-se à frota, porque seu comandante temia que seu navio carreg

de tesouros fosse presa fácil para o bando de piratas, conhecido po

estar operando fora das Bahamas. Ubilla estava preocupado em par

tão tarde, mas ele não tinha outra escolha. A corte do rei Felipe V, neto de Louis XIV, cujo controle do trono espanhol foi aprovado pe

Tratado de Utrecht, precisava desesperadamente de um fluxo de caix

tava fazendo pressão sobre Ubilla há mais de um ano. Relutanteme

comodoro espanhol deu a ordem para zarpar, agarrando-se à espera

de que nenhum furacão apareceria tão cedo na temporada.

A armada de onze navios partiu de Havana para o estreito da

Flórida, suas velas enfunadas e as bandeiras tremulando. Os enorm

galeões de combate de Ubilla e Echeverz assumiram a liderança, se

conveses de popa elevando-se acima das ondas do mar como arranh

céus de madeira. Seis galeões de tesouro formavam o corpo da frot

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seus cascos lotados de carga navegando fundo na água. El Grifon,

fragata francesa, corria para trás e para frente, sendo mais ágil do qu

seus companheiros que pareciam fortalezas. Dois outros galeões d

combate vinham na retaguarda, com dezenas de canhões pesados d

 bronze escondidos atrás de suas portinholas.

 Na sexta-feira, 19 de julho, os ventos de leste que sopravam d

costa da Flórida começaram a mudar. O ar ficou surpreendentemen

quente e úmido e alguns dos marinheiros veteranos começaram a sen

dores em suas articulações. Lentamente, os ventos começaram a fic

mais fortes, mas dessa vez vindos do horizonte a leste, onde nuvenfinas e insignificantes tinham pairado desde a manhã. Até o meio d

rde, os céus tinham escurecido, aguaceiros tinham varrido os galeõ

s ventos começaram a ganhar mais força. Primeiro a trinta quilômet

por hora, depois a cinquenta e até mais. Marinheiros se agarravam a

mastros enquanto lutavam para encurtar as velas. Em cada navio,canhões eram protegidos, escotilhas fechadas e cargas verificadas

enquanto os espanhóis se preparavam para encontrar a tempestade q

e aproximava. À meia-noite, estavam lutando contra ventos com for

de furacão. O medo virou terror quanto os galeões desajeitados

omeçaram a subir por ondas montanhosas com doze a quinze metros

altura. Quando os ventos atingiram cento e sessenta quilômetros po

hora, as velas enroladas se soltaram e rasgaram-se em tiras, e pedaç

esados da mareagem começaram a cair sobre o convés. Durante tod

tempo, Ubilla e seus companheiros ficavam olhando por cima de se

mbros, sabendo que o vento e as ondas estavam levando a frota par

traiçoeira costa da Flórida. Eles também estavam cientes de que nã

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havia sequer um único refúgio entre Key West e o grande posto

vançado espanhol de St. Augustine, e havia pouca esperança de che

tão longe.

 Nas primeiras horas da manhã, os homens viram ondas estrondo

atingindo os conveses de popa erguidos dos navios. Lutasse o quanudesse, a tripulação não podia fazer nada para impedir que os galeõ

fossem conduzidos para os recifes e a areia pelos mares montanhoso

Um por um, os navios foram atingidos. A capitânia de quatrocentas

etenta toneladas de Ubilla, Nuestra Señora de la Regla, teve seu fu

rancado por um recife e naufragou a nove metros de profundidade. os galeões da retaguarda desapareceu sob uma onda, enquanto outr

Santo Cristo de San Roman, de quatrocentas e cinquenta tonelada

irou nas ondas a poucos quilômetros ao sul do Regla e se desintegr

O comandante de um dos galeões de tesouro, o Urca de Lima,

conseguiu encalhar seu navio na proteção de uma boca de rio, mas eainda foi estragado pela tempestade. No final, todos os dez foram

destruídos, sujando as praias com centenas de corpos. Só o El Grifo

que havia navegado à frente da frota, foi capaz de escapar do furacã

Menos da metade dos dois mil homens a bordo dos navios

ondenados conseguiu chegar vivo às praias, rastejando em terror atrada chuva ardente e da escuridão para se abrigar no meio das dunas

utras dezenas morreram devido às suas feridas e à desidratação dura

s dias seguintes, enquanto eles se amontoavam na praia, alertas con

ndios hostis. Tanto Ubilla quanto Echeverz tinham se afogado, mas

lmirante Don Francisco Salmon conseguiu chegar à terra e colocou

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sobreviventes para trabalhar, cavando poços à procura de água e

construindo abrigos grosseiros usando os destroços de seus navios

Vários homens partiram para St. Augustine no barco de um dos nav

restantes. Uma semana depois, eles chegaram ao porto de lá, remand

é o forte gigantesco, Castillo de San Marcos9, para dar a notícia de

os maiores desastres marítimos da história das Américas. Junto comdestroços de dez navios e mil cadáveres, sete milhões de pesos em

souro estavam espalhados perto das praias do leste da Flórida, a m

parte em águas tão rasas que um bom mergulhador poderia alcança

tudo.

A notícia se espalhou pelas Américas mais rápido do que a pes

de St. Augustine e Havana para a Jamaica e as Bahamas. Capitães d

avio espalharam a informação por Charleston, Williamsburg, Newp

e Boston. O Boston News-Letter  fez o resto. Sua edição do final dverão foi levada para longe por navios, veleiros e carteiros, alertand

leitores de Cape Cod a Londres sobre o desastre. Logo, de todos o

antos da América britânica, homens se amontoavam em navios de to

os tipos numa viagem para “pescar nos destroços”.

Para Williams e Bellamy era um sonho tornado realidade. Em

algum momento no início do outono eles seguiram para os locais d

naufrágio na Flórida. Talvez tenha havido despedidas lacrimosas en

Sam e Mary Hallett, entre Paulsgrave e sua esposa, Anna. Quando

dois homens finalmente voltassem para a Nova Inglaterra, seria em

circunstâncias muito diferentes.

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Quando a notícia do naufrágio da frota de tesouro chegou à

amaica, começou o inferno. Todo marinheiro da cidade parecia esta

eparando para navegar para conseguir seu pedaço do tesouro espan

Os marinheiros logo estavam abandonando a fragata baseada em PoRoyal, o HMS Diamante, em uma média de cinco por dia, mesmo co

ele se preparando para navegar para a Inglaterra. “Se eu tivesse fica

uma semana mais eu acredito que não teria homens suficientes par

oltar para casa”, o comandante do Diamante, John Balchen, relatou

marinheiros estavam “todos loucos para ir ao naufrágio, como eles

diziam, pois a maioria na ilha achava que tinha o direito de pescar n

destroços, embora os espanhóis não os tenham abandonado”.

Ao invés de impedir os saqueadores, o governador Hamilton ten

entrar em ação. Ele se aproximou do capitão Davis, do HMS Jamai

sugerindo que o jovem oficial fosse com seu veleiro de guerra paraFlórida, saqueasse os destroços, e dividisse os lucros com Hamilto

Davis ficou ofendido com o pedido, assim como o comodoro Balche

que informou categoricamente ao governador que não permitiria qu

seus navios fossem usados para uma tarefa tão desprezível. Rejeitad

ela Marinha, Hamilton agiu rapidamente para comprar ações dos navcorsários que tinha autorizado. Suas ordens oficiais para os corsári

ram “executar todos os tipos de atos de hostilidade” contra os pirat

Particularmente, ele os orientou a ir direto para o naufrágio espanho

trazer de volta todo o tesouro que pudessem.

Henry Jennings levou sua missão a sério. Ele contratou catorz

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uantidade de tesouro acumulado lá. Pedro de la Vega disse a Jennin

Wills e Vane o que ele havia dito aos outros: que só tinha ancorado

osta do acampamento por algumas horas e sabia pouco sobre o que

passava por lá. Se de la Vega soubesse mais, ele não estava disposto

udar. Ele também deixou de mencionar as mil e duzentas peças de

escondidas a bordo do San Nicolas.

De la Vega e sua tripulação ficaram presos a bordo do Barsheb

lhes foram roubadas duas peças de ouro (que valiam oito libras) e

gumas de suas roupas, mas não foram maltratados de forma alguma

fato de que de la Vega havia concordado em mostrar aos corsários aminho para o acampamento de resgate espanhol ajudou. Era fácil,

hes disse: bastava se deixar empurrar pela corrente do Golfo ao lon

da costa plana e inexpressiva da Flórida por cento e sessenta

quilômetros e não havia como não encontrá-lo. Na verdade, não hav

nada mais entre um lugar e outro.

Foi como disse o espanhol. Durante todo o dia e toda a noite

seguinte, os três navios seguiram seu caminho até a costa deserta d

lórida, drapejando as cores espanholas. Na manhã seguinte, eles vir

os primeiros sinais da frota de tesouro destruída. Pedaços do navio

atrulha, Nuestra Señora de las Nieves, estavam espalhados no altopraia de um arrecife, a poucos quilômetros ao norte da enseada de S

Lucie. O casco do navio estava visível na água rasa, a algumas centen

de metros da praia. Estava claro que ele já tinha sido completamen

esvaziado pelos espanhóis. Na margem, havia sinais da operação d

esgate: restos de fogueiras e cruzes grosseiras marcando as sepultur

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daqueles que não tinham sobrevivido. A frota continuou em direção

orte, passando pelos restos do Urca de Lima, encalhado na enseada

orte Pierce; o galeão também tinha sido limpo completamente por

ripulação sobrevivente e, em seguida, queimado, para desencorajar

recuperadores de destroços independentes.

As fogueiras dos acampamentos de resgate espanhóis brilhava

vermelhas contra a praia escura. Era, mais uma vez, como de la Veg

tinha descrito: dois acampamentos com dez quilômetros de distânc

entre eles, perto de um bosque de palmeiras plantadas por nativos d

Flórida, os índios ayzes. Palmar de Ayz, como de la Vega chamou lugar, era o local de descanso final da capitânia do falecido genera

Ubilla, bem como de um dos galeões de tesouro combates, o San Cr

de San Roman.

Qualquer tesouro que os espanhóis tivessem recuperado estaria

campamento principal, o facho de luz mais afastado na praia. Jenninordenou que todas as lâmpadas fossem apagadas, todos saíssem da

redes e que os barcos fossem preparados para o desembarque.

O almirante Francisco Salmon, comandante do acampamento, tisorte de estar vivo. Com o furacão, seu navio perdeu o mastro e se

smagou em três pedaços ao passar sobre os bancos de areia; a parte

meio afundou, levando uma centena de homens para a morte, mas a p

e a popa foram atiradas em terra, poupando Salmon e metade da su

tripulação.

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Quando a ajuda chegou de St. Augustine e Havana, os

sobreviventes já tinham comido os últimos cachorros, gatos e caval

ue haviam chegado a terra e começado a devorar os frutos amargos

rvores de palmito que crescem ao longo da praia. Salmon estava doe

mas se recusava a deixar o local do naufrágio. “Eu vou ficar nesta il

mal de saúde e apenas meio vestido”, ele escreveu ao seu rei, “mesm

ue isso signifique sacrificar a minha vida”. Ele tinha ordenado que s

homens mais fortes ficassem como sentinelas perto do casco do Reg

numa tentativa de impedir que outros homens saqueassem os baús d

tesouro que estavam dentro dele. Então começou a tentar recuperar

áximo de carga possível. Estava claro que era preciso fazer uma graquantidade de mergulhos perigosos, e poucos dos homens de Salmo

stavam ansiosos para entrar na água infestada de tubarões. Aqueles

chegaram a mergulhar adoeceram após algumas semanas, sob a tens

do trabalho pesado. Com centenas de toneladas de tesouro para salv

do fundo do oceano, ficou óbvio que era necessário encontrar outrolução. Salmon enviou um homem para Havana com ordens para reu

mergulhadores africanos e indígenas.

As técnicas de mergulho do início do século XVIII eram primiti

extremamente perigosas. Mergulhadores livres – quase todos escrav

eram enviados para o local dos naufrágios em jangadas simples. C

m pegava uma pedra grande e inspirava muito ar antes de mergulhar

o fundo do oceano, de seis a quinze metros de profundidade. Lá, el

procuravam apressadamente por alguns minutos, pegando moedas

miudezas, marcando os locais de baús, caixas, canhões e outros obje

esejáveis. Na superfície, eles eram revistados e, em seguida, manda

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de volta para o fundo com cordas ou correntes para prender os objet

maiores, que seriam então recolhidos com guindastes montados em

navios. Em águas mais profundas, os mergulhadores não conseguia

car embaixo d’água tempo suficiente para serem úteis, então um gra

sino era enviado para baixo com eles. Quando um mergulhador fica

sem fôlego, ele podia enfiar o rosto sob o sino e dar uma respirada

 bolsa de ar que se formava lá. Se eles não tomassem cuidado para

expirar completamente antes de ir para a superfície, seus pulmões

 podiam se romper, resultando numa morte dolorosa. Outros eram

obrigados a ficar embaixo d’água por tanto tempo que acumulavam

veis perigosos de nitrogênio em seu sangue; quando eles subiam, o dissolvido borbulhava em suas veias – a doença da descompressão

causando paralisia permanente, lesões nos nervos e morte. As taxas

mortalidade eram extremamente elevadas entre os escravos

mergulhadores, e um terço dos trezentos mergulhadores em Palmar

Ayz não sobreviveram.

 Não importa qual tenha sido o custo humano, o almirante Salm

estava satisfeito com os resultados. Mais de quatro milhões de peso

um milhão de libras) em moedas e carga já haviam sido recuperados

maior parte proveniente do Regla e do Roman, que jazia em águas

relativamente rasas perto de seu acampamento. Para agilizar as

perações, ele tinha montado um campo auxiliar perto do Roman, a

quilômetro e meio do acampamento principal. A grande maioria d

esouro que Salmon recuperou já estava em Havana sob forte vigilân

mas cerca de trezentas e cinquenta mil peças de oito (oitenta e sete m

quinhentas libras) estavam enterradas na areia dentro de seu campo

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rincipal fortificado. Esses baús de prata devem ter sido a primeira c

que veio à sua mente quando seus ajudantes o acordaram nas primei

horas de 27 de dezembro para lhe dizer que os acampamentos estava

sendo atacados.

Enquanto seus navios balançavam na escuridão, Jennings

selecionou cento e cinquenta homens, armou-os até os dentes e os

dividiu em três grupos iguais. Cada grupo embarcou em um barco

grande e, às duas da manhã, remou para terra. Eles desembarcaram n

eio do caminho entre os dois acampamentos espanhóis. Ao amanhemarcharam pela praia em direção ao acampamento principal, um rufa

e um porta-bandeira à frente de cada grupo. O pânico se espalhou n

acampamento. Os homens do almirante Salmon tinham construído u

dique de areia para se defender contra ataques dos ayzes, mas sabia

que não seriam páreo para ingleses com espingardas em punho. Eletambém estavam em menor número; Salmon tinha apenas sessenta

soldados e alguns canhões sob o seu comando. Uma dúzia de seus

omens fugiu do local quanto o “ratatata” dos tambores de Jennings

proximou. Salmon, tendo uma premonição, pegou uma bandeira bra

e saiu sozinho para encontrar os ingleses.

Jennings e Salmon se olharam:

 – Isso é uma guerra? – Salmon perguntou.

 – Não, nós viemos para pescar os destroços, para reivindicar

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“montanha de riqueza” – o inglês respondeu.

 – Não há nada para você aqui – Salmon insistiu.

O naufrágio “pertencia à Sua Majestade Católica”, rei Filipe V

os homens de Salmon o estavam protegendo para ele. Essa linha draciocínio não ajudou em nada, então Salmon ofereceu-lhes vinte

cinco mil peças de oito para irem embora em paz. Jennings recusou

Salmon, sabendo que a resistência seria inútil, se rendeu, entregand

localização do tesouro enterrado. Os homens de Vane e Jennings

colocaram a prata na lancha, adicionando quatro canhões giratórios

ronze e vários artigos roubados do pessoal de Salmon. Eles sabotar

s três canhões que eram grandes demais para levar e voltaram para

veleiro com o equivalente a quase noventa mil libras em ouro e pra

espanhola.

Depois de liberar o barco do correio espanhol, os ingleses partirara o sudeste. Eles precisavam de um lugar seguro para dividir o saq

ennings suspeitava que as Bahamas iriam servir bem a esse propósi

 Nas Bahamas, as coisas tinham ficado muito mais movimentaddesde a destruição da frota do tesouro. Os destroços estavam atrain

bandidos, aventureiros e marinheiros desempregados de todo o mun

que falava inglês. A maioria usava as Bahamas como sua base de

operações, já que ela era o território nominalmente britânico mais

róximo de Palmar de Ayz. Para esses invasores, caçadores de tesour

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piratas, a ausência de governo nas Bahamas era uma atração a mais

 No final do verão e no outono de 1715, Hornigold e Thatch

ontinuaram a atacar navios mercantes espanhóis ao longo das costas

Cuba e da Flórida. Eles espalharam que se recusavam a respeitar o

Tratado de Utrecht e que ainda consideravam os espanhóis e francesinimigos. Os ingleses e holandeses, segundo eles, não tinham nada

temer, já que eles estavam apenas vingando seus compatriotas dos

estragos feitos por homens da guarda costeira espanhola. Embora el

nham mantido essa política no verão de 1715, ela começou a vacila

outono. No início de novembro, Hornigold e Thatch apreenderam uveleiro inglês, o Mary da Jamaica, ao largo da costa de Cuba. O Ma

representava uma melhoria significativa para os piratas; o veleiro er

grande o suficiente para acomodar cento e quarenta homens e seis

canhões, com provavelmente trinta e cinco a quarenta toneladas, o

tamanho do Barsheba de Jennings e dos outros navios corsários dlorde Hamilton. Hornigold e Thatch trataram bem os marinheiros e

guns deles podem até ter se voluntariado para se juntar a eles, atraí

 por salários mais altos e maior liberdade.

Em novembro, Hornigold levou o Mary de volta para as Baham

untamente com um veleiro espanhol que ele havia capturado cujo poestava cheio de açúcar e produtos secos em barris. Dessa vez, no

ntanto, ele não retornou para a segurança da ilha Harbour, mas anco

direto no porto de Nassau. Ele reuniu os piratas, provocadores de

aufrágios e outros patifes que viviam na capital arruinada para anun

que todos eles estavam sob sua proteção pessoal. Os piratas, que

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stavam começando a superar os residentes que cumpriam a lei em N

Providência, começaram a passear pela cidade como se fossem don

dela. Eles até criaram um nome para si: a Gangue Voadora.

 Naquela época, Thomas Walker tinha voltado para Nassau de u

viagem comercial para Cuba com seu filho de vinte anos de idadeThomas Jr. Um dia, enquanto Walker estava resolvendo negócios e

casa, ele enviou seu filho à cidade para cumprir algumas tarefas. O

jovem sentiu imediatamente a mudança na atmosfera. Alguns de seu

amigos contaram que haviam sido revistados pelos brutos da Gangu

oadora em busca de dinheiro. Outros disseram que não era mais segdeixar suas esposas e filhas andarem sem escolta. Os piratas, dizia-

tinham conseguido “uma abundância de dinheiro” nos naufrágios

espanhóis e o estavam usando para se armar e para comprar a lealda

e quem quer que fosse que eles precisassem. Então, em algum lugar

cidade, Walker ficou cara a cara com Benjamin Hornigold. – Onde está aquele velho malandro, o seu pai? – ele pergunto

irritado a Thomas Jr.

 – Meu pai está em casa – o jovem respondeu, segundo um

depoimento que ele deu mais tarde aos oficiais de Charleston.

 – Ele é um velhote problemático – exclamou Hornigold –, e se e

vir vou atirar e matá-lo.

 – Meu pai está em casa e se você tiver alguma coisa a lhe dizer

melhor maneira seria ir lá e falar na cara dele – o filho respondeu

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Hornigold advertiu que se os Walkers não se importassem com

rópria vida, ele iria incendiar a casa deles, matar o velho e chicotear

utros até eles desmaiarem. Com mais de cem homens e um veleiro b

armado sob seu comando, Hornigold não tinha oposição à sua

autoridade.

A situação dos Walkers se tornou mais grave a cada semana. E

dezembro, Hornigold e os capitães de pelo menos outros dois veleir

piratas navegaram pela costa da Flórida para interceptar o transpor

panhol entre Cuba e os destroços. Para horror dos Walkers, Hornig

voltou no final do mês com um veleiro espanhol ainda maior. Elerebatizou-o de Benjamin, em homenagem a si mesmo, e transferiu

canhões e materiais para ele do Mary. Testemunhas mais tarde

escreveram o Benjamin como um “grande saveiro” ou veleiro de gue

capaz de transportar duzentos homens e uma variedade de armas.

Com tal navio de guerra, Hornigold não precisava do Mary. E

nviou o veleiro inglês de volta à Jamaica com os membros da tripula

que não desejavam se juntar à Gangue Voadora.

 No dia primeiro de janeiro, ou em data próxima, os Walkers

observaram, boquiabertos, os navios corsários de Jennings navegare para o porto, seus porões cheios de prata espanhola saqueada. O

Thomas Walker mais velho olhou para a crescente frota de navios d

uerra no porto de Nassau e, pela primeira vez, entendeu que uma no

era havia começado.

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upõe-se que a situação em 1706 estava como descrito, a partir de comentários de testemunhas oculares registrados por John G

cenário era provavelmente o mesmo em 1713, já que qualquer avanço que os ilhéus tivessem tentado fazer depois de 1esmanchado por ataques franceses posteriores; essa suposição é reforçada pelo mau estado do desenvolvimento da ilha emnforme descrito por Samuel Buck.eacon Hill é um bairro pequeno e histórico de Boston, Massachusetts (N.T.).

prefeitura (de 1713) ainda está de pé até hoje, rodeada de arranha-céus, e é conhecida como a Antiga Casa do Estado. A ruagora é conhecida como rua State. As planícies de maré que então atravessavam Long Wharf foram preenchidas para fazer aar de Boston.ndrew Faneuil, em cuja homenagem o famoso Faneuil Hall de Boston foi nomeado.

utras histórias sobre Sam e Mary podem ser encontradas no livro de Edwin Dethlefson, Whidah: Cape Cod’s Mystery Tr

hip  [Whidah: O navio de tesouro misterioso de Cape Cod]. Para uma análise mais detalhada, veja o livro de Barry Clifríncipe pirata.

A jovem Sarah Walker (c. 1700-1731) acabaria se casando com William Fairfax, em cuja homenagem o condado de Fairf

irgínia, foi nomeado. Sua filha, Anne, foi amante de George Washington, uma situação particularmente desagradável, já que sada com o irmão dele, Lawrence Washington. O próprio irmão de Anne, George Fairfax, aparentemente tinha a

racterísticas africanas; ele foi humilhado durante uma visita à Inglaterra na sua infância, quando seus parentes paternos comespecular em voz alta se sua pele iria ficar preta na puberdade.ara dar coerência, todas as datas deste livro correspondem ao calendário juliano, que na época estava em uso na Grã-Br

spanha e França já estavam usando o calendário gregoriano moderno que, durante esse período de tempo, estava onze dias ào juliano, o que significa que os documentos espanhóis registram a frota do tesouro de 1715 partindo em 24 de julho.

El Grifon chegou a Brest, França, em 2 de setembro (do calendário gregoriano), sem que seus passageiros soubessem do

ue se abatera sobre a frota.sse forte, concluído em 1695, sobrevive até hoje, totalmente intacto. É a mais antiga fortaleza de alvenaria nos Estados

ntinentais.Agora ao lado da cidade de Miami, que, naquela época, era um pântano desabitado. Ainda não havia assentamentos entre Cub

ugustine.

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CAPÍTULO CINCO

Reunião de piratas

Janeiro - Junho de 1716

Desde que tinha voltado de sua viagem de volta ao mundo, Woodes Rogers estava enfrentando

cepção atrás da outra.

Em Bristol, ele descobriu que seu sogro, William Whetstone, ti

morrido. Sua esposa e filhos foram viver com os Whetstones durant

longa ausência de Rogers, tendo sido obrigados a entregar a posse

ua mansão na Praça da Rainha para a senhora Whetstone a fim de pa

s despesas para o sustento de todos. Com pouco a contribuir depois

ês anos de trabalho perigoso, Rogers também foi morar lá, cuidandoseu rosto e perna feridos e guardando luto pela perda de seu irmão

Dentro de algumas semanas, sua convalescença foi interrompi

or uma intimação judicial. Um homem chamado Stephen Creagh est

processando Rogers em nome de duzentos e nove ex-tripulantes duke e do Dutchess. Os clientes de Creagh estavam convencidos de

o galeão de tesouro Incarnación tinha uma carga que não valia cent

uarenta mil, mas três milhões de libras, e que Rogers havia escondid

maior parte do tesouro “que estava faltando” em Batávia. Os

marinheiros estariam se sentido menosprezados e afrontados. Muit

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nham sido forçados a entrar na Marinha Real antes mesmo de pisar

erra firme, e foi Creagh que pagou as custas e taxas legais para libe

los. Em janeiro de 1712, Rogers viajou a Londres para se defender

 para assistir ao leilão dos lucros de sua expedição.

Enquanto estava em Londres, Rogers descobriu que sua espostava grávida do seu quarto filho. Talvez impulsionado por essa notí

e se dedicou a preparar seus diários para publicação. Ele foi supera

até mesmo nisso, pelo relato da viagem feito por Edward Cooke, qu

apareceu nas livrarias de Londres poucos meses antes do dele.

ntretanto, essa batalha ele acabou vencendo, quando o seu A CruisVoyage Around the World  [Uma expedição ao redor do mundo] fo

lançado e rapidamente superou em vendas seu concorrente escrito à

pressas. Os leitores ficaram particularmente atraídos pelo relato fei

por Rogers sobre o náufrago Alexander Selkirk, que tinha recebid

ouca atenção no livro de Cooke. Entre eles estava o escritor e jornalDaniel Defoe, que procurou Selkirk em Bristol e o usou como mode

ara o herói de seu romance mais famoso, Robinson Crusoé. O livro

Woodes passaria por duas edições e numerosas reimpressões,

 proporcionando-lhe a fonte de renda de que ele tanto necessitava

Em agosto, houve outro motivo de felicidade, quando Sarah deluz um filho. O menino foi batizado com o nome de Woodes, em

homenagem ao pai, avô e bisavô. A guerra também estava chegando

fim, trazendo a perspectiva de melhores tempos à frente para a famí

em dificuldade financeira.

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Em seguida, sua sorte mudou mais uma vez. Em dezembro, o lo

hanceler Simon Harcourt anunciou a sua decisão no caso de Creagh

Rogers. Rogers perdeu, e os termos da sentença o levaram à falênci

Alguns meses mais tarde, enquanto Rogers ainda estava se recuperan

desse desastre, seu filho de oito meses de idade morreu e foi enterra

no cemitério de St. Michael. O estresse dessas perdas parece ter 

nalmente desfeito o casamento de Rogers. Sarah e Woodes começa

a viver separados, ele em Londres e ela em Bristol, e logo não estava

nem se falando mais. Dentro de alguns anos, um estava fingindo que

outro estava morto.

Fiel à sua natureza, Rogers lançou-se em outro projeto ousado

Com o fim da guerra, a pirataria estava prestes a mostrar sua cara fe

rovavelmente no mais famoso antro de piratas, Madagascar. O lendá

reino de Henry Avery, da assombração de Thomas Tew e do falecid

apitão Kidd era um ninho de anarquia e desordem, que se espalhav por todos os lados nas principais rotas de comércio interligando a

Europa com a Índia e as Índias holandesas. Rogers tinha ouvido o

contos de Dampier e outros e certamente já ouvira muito mais de

comerciantes, diretores e funcionários holandeses em Batávia e na

Cidade do Cabo. Ele deve ter suado um pouco em dezembro de 171

quando seus navios carregados de tesouros e infestados por verme

passaram pela extremidade sul de Madagascar em sua longa viagem

volta para casa, esperando ver, a qualquer momento, um bando de

leiros piratas aparecer no horizonte. Rogers era um comerciante, af

de contas, e nada era pior para o comércio do que a pirataria. No ver

de 1713, Rogers começou a planejar um esquema para reprimir os

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piratas e, finalmente, trazer seu território selvagem para o controle d

autoridades competentes.

A primeira fase desse esforço envolveria uma missão secreta par

ilha, onde ele iria fazer contato com os piratas, avaliar sua força e

número e tentar negociar sua rendição pacífica. A intenção de Rogecaso tivesse sucesso, pode ter sido se aproximar do rei, oferecendo-

 para supervisionar a colônia pacífica da ilha como seu primeiro

governador. Os benefícios dessa colônia para a Grã-Bretanha seriam

muitos. Ela não só iria sufocar uma das principais ameaças ao comér

asiático do império, mas serviria como um refúgio vital e base parabastecimento dos navios na metade do caminho entre a Inglaterra

ndias Orientais. Nessa fase, contudo, Rogers sabia que precisava fi

quieto. A Companhia Britânica das Índias Orientais já tinha

demonstrado que iria longe para manter seu monopólio real sobre

comércio lucrativo da Ásia. Rogers não podia correr o risco de vê-lacabar com seu projeto antes mesmo que ele saísse do papel.

Sua primeira viagem a Madagascar iria ser realizada, portanto,

o disfarce do comércio. Ele se aproximou de seus antigos parceiros

negócios em Bristol – e provavelmente de alguns novos de Londre

mbém – e negociou a compra de um navio adequado. O resultado felícia, um navio mercante armado de quatrocentas e sessenta tonela

e com trinta e seis canhões, um pouco maior do que o Dutchess e

equivalente a uma das maiores fragatas de quinta classe da marinha

Com um casco arredondado grande, o Delícia era capaz de transpor

randes cargas, tornando-o perfeito para o comércio e abastecimento

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marcado antes de levá-lo para a sede espaçosa.

A proposta de Rogers era simples. Ele pediu que os funcionári

da empresa permitissem que ele levasse escravos de Madagascar par

ase da empresa em Benkoelen, Sumatra1. O Delícia iria fazer a viag

como um “navio de abastecimento, independente”, ou seja, seusroprietários iriam financiar a viagem sozinhos. A empresa iria comp

os escravos que Rogers trouxesse ou pagar-lhe uma taxa de transpo

per capita por seus serviços. De uma forma ou de outra, ela teria u

om retorno, sem qualquer investimento. Os homens da empresa, tal

e divertindo por ter o famoso autor e herói de guerra implorando-lhor trabalho, concederam-lhe um contrato. Algumas semanas mais ta

Rogers estava a caminho do sul, encarapitado no tombadilho do se

novo comando.

O Delícia chegou à costa oriental de Madagascar em março d

714. Na época, havia cerca de uma dúzia de piratas ingleses vivendoorto que ele visitou, aparentemente liderados por Thomas Collins,

dos tripulantes de Henry Avery. Seu “Reino dos Piratas” era uma

ocupação muito mais modesta do que os romancistas e dramaturgo

estavam dizendo lá em Londres. A maioria deles estava na ilha há um

década ou mais, uma porção de piratas, ex-presidiários e desertoredesfrutando de uma existência mais fácil e mais simples nessa terr

ropical pertencente a ninguém. O povo local, os malgaxes, praticav

poligamia, que parecia sensata para os bandidos ingleses. A maior

deles tinha várias esposas e um grande número de filhos mulatos, be

como um pequeno exército de escravos, que tinham adquirido pelo

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omércio ou intervindo nas guerras tribais que atormentavam a ilha. E

protegiam suas enormes famílias em casas fortificadas, escondidas

mata perto da costa, que cercavam com muros altos de madeira e val

Os caminhos de ida e de volta desses complexos tinham

ntencionalmente um tracejado confuso e complicado, para dar aos s

roprietários muito tempo para se espalharem pela floresta caso fossdescobertos. Foi exatamente isso que eles fizeram quando Woode

Rogers chegou ao porto. Sem dúvida temeram seu navio, que, com su

longas filas de canhões, parecia uma das fragatas de Sua Majestad

Quando Rogers e seus homens chegaram a terra, havia apenatribos malgaxes para cumprimentá-los e nenhum sinal dos piratas

Rogers ofereceu negociar escravos, sabendo que um escravo podia s

omprado lá por dez xelins (meia libra) em bens comerciais, um sétim

ou um oitavo do preço corrente na África Ocidental. Vendo que o

sitantes tinham vindo comerciar, os piratas saíram da floresta. “Eu osso dizer que eles estavam esfarrapados, uma vez que eles não tinh

oupa”, lembrou o autor de História geral…, que mais tarde entrevis

Rogers sobre suas façanhas. “Eles não tinham nada para se cobrir al

de peles de animais, que não eram curtidas, não calçavam nenhum

apato ou meia, então eles pareciam as imagens de Hércules na pele

leão, as figuras mais selvagens que a imaginação de um homem pod

ventar.” Um comércio lucrativo se seguiu, com Rogers comprando “

rande número” dos escravos malgaxes dos piratas, em troca de roup

 pólvora e ferramentas de metal.

Rogers permaneceu na ilha por quase dois meses, socializando c

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s piratas e coletando informações sobre o acordo deles. Descobriu q

os nativos estavam envolvidos numa guerra contínua e apresentaria

 pouca resistência aos eventuais futuros colonizadores. Os piratas

estavam, naquele momento, fracos e desorganizados, sem um navio

ongo curso para causar algum estrago. A moral estava baixa e Roge

sentiu que eles poderiam ser facilmente persuadidos a se entregar etroca de clemência. Porém, isso teria que ser feito rapidamente:

inquenta marinheiros do navio holandês Schoonouwen estavam pre

na costa ocidental da ilha e estavam planejando se juntar aos pirata

Os piratas, por sua vez, examinaram atentamente o Delícia e stripulação, esperando por uma chance para capturar aquele navio

poderoso. O plano era esperar até o anoitecer e subir todos juntos d

eus barquinhos até o convés do navio, sobrepujando os vigias. Eles

izeram amizade com alguns homens da tripulação de Rogers, e pod

ter recrutado alguns conspiradores entre eles. Mas Rogers tinhaexperiência suficiente para farejar o perigo iminente. Ele cortou o

ontato entre os piratas e seus homens e organizou um esquema forte

vigia a bordo do Delícia, dia e noite. O piratas “acharam que faze

qualquer tentativa seria em vão”, e no momento em que Rogers part

chegaram até a lhe contar o que tinham planejado.

Rogers tinha conseguido convencer muitos dos piratas que su

melhor esperança era voltar para a Inglaterra. Ele os ajudou a elabor

uma petição formal à rainha Anne, implorando sua clemência e seu

erdão e declarando seu desejo de voltar para casa e viver pacificame

omo homens honestos. Com a petição em mãos e um carregamento

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scravos acorrentados no porão, Rogers ordenou que as âncoras foss

vantadas e que eles seguissem viagem de volta para a Cidade do Ca

e chegou lá em maio de 1714, colocou a petição dos piratas num na

om destino a Londres e navegou para Sumatra, onde precisava vend

sua carga de escravos.

 Navios negreiros desse período não eram construídos com ta

propósito, como eram os do século XIX, com seu porões divididos e

plataformas sob tetos baixos. Os capitães consideravam os escravo

apenas mais uma carga para levar em seu porão, com a única diferen

de que ela precisava de alimentação. Como um veterano do comércafricano, Rogers provavelmente seguiu suas práticas no Delícia. O

scravos foram, como de costume, acorrentados dois a dois e colocad

o porão, tão apertados que cada um mal tinha espaço suficiente par

deitar. Mulheres e meninas foram confinadas separadamente dos

homens e meninos, provavelmente por uma lona ou uma divisãomporária. Um tripulante armado ficava de sentinela em cada escotil

pronto para disparar em qualquer um que tentasse invadir o convés

nde um baú de mosquetes carregados e várias granadas explosivas e

mantidos. Se os escravos conseguissem chegar ao convés principal,

oficiais podiam matar um grande número deles a partir da torre do

convés de popa, cujos parapeitos abrigavam pequenos canhões

giratórios. Quando os escravos eram levados para fora para serem

alimentados, os atiradores mantinham esses canhões giratórios

apontados, prontos para pulverizá-los com balas. No mau tempo, o

escravos permaneciam confinados no porão quente e mal ventilado

espirando com dificuldade em meio ao suor, às fezes e à urina. Algu

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evitavelmente adoeciam com disenteria, o que podia resultar no con

tornar-se “tão coberto de sangue e muco da doença dos escravos qu

parecia um matadouro”. A doença se espalhava rapidamente em tai

circunstâncias e a mortalidade era alta entre os escravos e a tripulaç

ndo comum que ambas as populações perdessem cerca de quarenta

ento dos seus números. E se a varíola, a malária, a dengue, o sarampa disenteria não os levassem, havia também o risco de suicídio: os

resos ficavam muitas vezes tão aterrorizados e desanimados que tinh

que ser vigiados de perto quando estavam no convés para que não s

atirassem no oceano, com correntes e tudo mais.

Poucos ficavam incomodados com a escravidão naquela época

europeus, africanos, ou malgaxes – porque todos eles participavam

omércio de escravos como compradores ou vendedores. Rogers não

uma exceção. A fortuna da sua família tinha sido em grande parte

construída com o comércio de escravos africanos, e os escravos erauma parte lucrativa do espólio de sua expedição corsária ao redor d

mundo. Os malgaxes miseráveis no porão de seu navio eram apena

outra maneira de pagar as contas, uma forma de ganhar capital par

nvestir em esquemas maiores. Não se sabe quantos escravos o Delíc

levou para Sumatra, só que Rogers os entregou no verão de 1714,

mbarcou o carregamento da Companhia e voltou para a Inglaterra. E

estava ansioso por chegar em casa, ansioso para dar andamento ao s

 plano de expulsar o ninho de piratas e confiscá-lo para o império

Ele nunca veria Madagascar novamente.

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De volta às Bahamas, Benjamin Hornigold e Henry Jennings

tavam tendo um mau começo. Pode ter sido por causa dos seus dia

corsário na Jamaica; ou Jennings, capitão de navio, estudado, dono

uma propriedade confortável, pode ter desprezado Hornigold, que e

provavelmente um marinheiro sem um tostão. Jennings aparentemen

achava que somente aqueles que tinham uma das cartas de corso

emitidas pelo lorde Hamilton deveriam estar atacando os espanhói

Caso contrário, seria algo um pouco melhor do que a pirataria.

Pouco depois de chegar a Nassau, Jennings tomou um dos buti

de Hornigold, um pequeno veleiro de comércio espanhol. Tendo cerde duzentos homens bem armados e pelo menos dois veleiros sob se

comando, Hornigold não podia fazer muito para detê-lo. Alguns do

homens de Jennings se mudaram para o navio capturado, aliviando

superlotação dos outros veleiros. Depois de alguns dias de folia e d

stribuição ordenada do prêmio em dinheiro entre parte da tripulaçã pequena frota partiu para a Jamaica. Eles eram corsários, afinal, e

tinham que entregar seus saques ao tribunal do vice-almirantado, u

etor presidido por ninguém menos que o próprio governador Hamilt

Eles voltariam mais cedo do que pensavam.

Em sua rota para a Jamaica, a pequena frota de Jennings foi

econhecida por marinheiros cubanos. Os espanhóis seguiram Jennin

or todo o caminho ao longo da costa de Cuba, através da passagem

Windward e direto para a boca do porto de Port Royal. O governad

Torres y Ayala ficaria sabendo disso e, quando ele soubesse, ficari

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furioso.

O Barsheba ancorou na Jamaica em 26 de janeiro de 1716. Tha

Jennings e Wills só tinham ficado afastados por cerca de dois mese

mas nesse tempo, a situação de lorde Hamilton tinha mudado

rasticamente. Perto do Ano Novo, tinha chegado às colônias a históde que “uma terrível e diabólica intriga e conspiração” contra o re

George tinha acontecido na Grã-Bretanha. “A Torre, o Tesouro Públ

e o Banco da Inglaterra estão para ser tomados”, o semanário Bosto

News-Letter  relatava aflitivamente, “a cidade de Londres será queim

em muitos lugares e revoltas surgirão em vários lugares da Inglaterraames Stuart ia invadir com um exército da França, “tudo no dia 25

setembro”. O principal exército jacobita tinha sido criado na Escóc

com dois mil rebeldes comandados pelo irmão de lorde Hamilton

enente-general George Hamilton, mas eles tinham perdido a iniciati

para as forças do rei. Revoltas simultâneas tinham sido planejadas nPaís de Gales e em Devonshire, mas as autoridades tinham ficado

abendo sobre elas e prendido os conspiradores. Ao final de janeiro

notícias da Grã-Bretanha eram ruins para Hamilton. A revolta estav

acassando claramente, e o rei tinha posto a cabeça de seu irmão Geo

a prêmio. O governador sabia que tinha chegado a hora de começar

cobrir seus rastros.

Jennings e Wills trouxeram seu tesouro para Hamilton, de acor

com suas licenças. Eles podem não ter dito que tinham roubado o

tesouro do acampamento de resgate, ao invés de terem eles mesmo

pescado os destroços, mas eles realmente não precisavam dizer. Hav

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simplesmente dinheiro demais para os corsários terem recuperado e

tão pouco tempo. Ainda assim, ninguém tinha interesse em pergunt

Hamilton mais tarde alegou que não pegou as partes do tesouro que

eram devidas “porque eu ouvi dizer que ele tinha sido tirado da terra

Ele também não prendeu Jennings e seus comparsas. Eles andavam p

á, livres e independentes, aproveitando os prazeres da terra e gastanseus ganhos ilícitos, assim como as tripulações de vários outros

orsários que Hamilton tinha licenciado. No final de fevereiro, quan

Jennings se aproximou do governador para conseguir permissão pa

 partir em outra expedição, Hamilton assinou pessoalmente seus

ocumentos de partida. Enquanto ele esperava mais notícias da rebelamilton manteve seus corsários por perto, sem impedi-los nem pren

los.

 No início de março, Jennings enviou uma mensagem aos seu

homens e colegas capitães informando que ele estava fazendo outrexpedição para os naufrágios espanhóis. Vários responderam, feliz

por uma chance de obter algum tesouro para si próprios. Um deles e

Leigh Ashworth, que havia assumido o comando de um dos outro

avios corsários de Hamilton, o veleiro de guerra de cinquenta tonela

 Mary. Os outros se juntaram a eles, mesmo sem licença – Samuel

iddell do Cocoa Nut  e James Carnegie do Discovery –, colocando s

pequenos veleiros sob o comando geral de Jennings. Charles Vane

 bruto e malvado, avidamente voltou para a tripulação de Jennings

As corvetas deixaram Bluefields na manhã de 9 de março, zarpa

do porto para longe da Jamaica. Naquela noite, os quatro navios for

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separados pelo vento, mas um ou dois dias depois eles se reagrupara

em Isla de los Pinos2, uma pequena ilha desabitada situada atrás d

onto mais oriental de Cuba. Seu plano era navegar ao redor do extre

de Cuba, seguir o canal do Golfo diretamente para os destroços e

aproveitar tudo o que fosse encontrado. Eles contornaram Cabo

Corrientes em 2 de abril, e no dia 3 estavam em sua rota ao longo dcosta nordeste de Cuba quando o vigia na Barsheba gritou.

A poucos quilômetros para o oeste, Sam Bellamy viu o veleiro n

entificado aparecer no vento, vindo em sua direção, seguido por qunavios. Ele e Paulsgrave Williams não gostaram da aparência deles

Bellamy e Williams, profundamente bronzeados, seus cabelo

clareados por meses sob o sol tropical, provavelmente tinham chega

os naufrágios espanhóis em janeiro, logo após os homens de Jenninnvadirem Palmar de Ayz. O trabalho foi árduo, perigoso e competiti

Ao final do mês, havia sete ou oito outros navios ingleses ancorado

onde o Regla e o San Roman tinham afundado, mas por mais que

entassem, nenhum deles foi capaz de localizar as principais seções

casco dos grandes navios. Em vez disso, eles tiveram que se content

om a carga e as moedas espalhadas; depois de semanas de trabalho,

piratas tinham surrupiado apenas cinco mil ou seis mil peças de oit

mil duzentas e cinquenta ou mil e quinhentas libras) para dividir en

centenas de homens. Quando o capitão Ayala Escobar chegou de

avana com reforços, em 22 de janeiro, e dispersou os ingleses, Bella

Williams provavelmente estavam tão felizes quanto ele por terem s

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expulsos.

Eles seguiram seu caminho para o sul, passando a ponta da Flór

o lado oeste de Cuba, indo além das costas da América Central par

aía de Honduras. Eles provavelmente queriam recrutar mais homens

área era, na época, uma terra de ninguém, maltratada, habitada peloíndios mosquitos e por grupos de madeireiros ingleses brutos e

selvagens, conhecidos como baymen, que viviam em cabanas nos

ântanos fumegantes onde hoje ficam Belize, Yucatán e Campeche,

México. Eles estavam em um estado deplorável, tendo seu fornecime

de alimento acabado durante o outono anterior, causando a morte pinanição de vários madeireiros em seu acampamento principal em

Campeche. Pelo menos duzentos outros decidiram virar piratas,

onstruindo grandes canoas à vela e saindo pela perigosa passagem p

Nova Providência ou para os naufrágios espanhóis em Palmar de Ay

Em fevereiro de 1716, os espanhóis atacaram Campeche, capturandomatando muitos dos madeireiros restantes e dispersando o resto.

Quando Bellamy e Williams chegaram à baía de Honduras, alguma

semanas depois, praticamente todos nos campos dos madeireiros

stavam à procura de uma maneira de ir embora. Os dois tiveram pou

dificuldade em conseguir homens dispostos a se tornar piratas.

Ao final de março, Bellamy e Williams estavam comandando u

bando de piratas que operava a partir de um par de piráguas, o mesm

po de canoa à vela com a qual Hornigold e Thatch tinha começado d

anos antes. Em algum lugar na baía de Honduras, eles embarcaram e

sua primeira presa, um navio holandês comandado por um tal John

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vento, seus veleiros não seriam capazes de alcançá-los antes que ele

chegassem aos recifes que protegiam a costa cubana. Em vez disso

chegou ao lado do navio e saudou o seu mestre, o capitão Young.

Young, esperando seu resgate, explicou que os homens nas duas

iráguas “eram uma porção de vilões” que tinham acabado de fugir c

todo o seu dinheiro. Young achou que os corsários do governador

Hamilton estavam lá para lutar contra os piratas e proteger comercian

omo ele. Ele logo ficou decepcionado. Jennings não estava com pre

para liberar o capitão Young. Ele colocou alguns dos seus homens

bordo e sinalizou aos outros navios que o acompanhavam. A frota ir

seguir caminho para a vizinha baía Honda, um ancoradouro protegim um trecho da costa cubana pouco povoado. Lá eles decidiriam o

fazer com o capitão Young e seu navio.

Ao ancorar fora da entrada estreita do ancoradouro, poucas hor

depois, Jennings e seus homens foram recebidos com uma surpresmaravilhosa. Parado no porto em forma de fechadura estava um gran

avio comerciante armado, drapejando as cores francesas, com boa p

de sua tripulação em terra, coletando água e lenha. Com a frota de

Jennings na entrada do porto, não havia forma de escapar. O vento

oprava da terra, no entanto, e até mesmo nos saveiros mais ágeis se

impossível para a frota de Jennings se mover pela entrada do estreit

Ele deu ordens para que os cinco saveiros ancorassem, enquanto e

tentava elaborar um plano.

Examinando o navio com seu monóculo, Jennings podia ver q

seria suicídio realizar um ataque direto. Um ataque secreto, ao que

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arecia, era a melhor abordagem. Ele mandou três de seus homens n

barco a remo para avaliar a situação. Eles remaram para o porto e at

avio francês e saudaram o capitão amigavelmente. Estavam vindo p

o porto para coletar água, disseram. O capitão francês os convidou

bordo e, mantendo uma conversa fiada, os ingleses olhavam ao redo

Eles estavam a bordo do navio St. Marie de Rochelle, equipad

om fragata, sob o comando do capitão Escoubet, um homem rico, do

de um quarto do navio e da carga. Os piratas estimaram que havia

quarenta e cinco homens a bordo e catorze ou dezesseis canhões,

embora o navio fosse capaz de levar o dobro. O St. Marie seria um presa excelente.

Quando o barco a remo voltou com essa notícia, Jennings

onvocou uma reunião de capitães. Ele declarou seu desejo de fazer u

mboscada para o St. Marie, classificá-lo como um navio pirata e lev

de volta para a Jamaica como presa. Samuel Liddell, capitão do Cocut , argumentou que isso seria um erro terrível. Ele disse aos outros

capitães que tinha visto o St. Marie em Vera Cruz, no México, algu

meses antes, e que certamente ele era “um comerciante agindo

legalmente”.

Os outros homens não foram convencidos pelo argumento de

ddell. – Para que você veio? – um deles gritou. – Para ficar só olha

e voltar com o dedo na boca?

Jennings interrompeu, dizendo que estaria a bordo do navio fran

naquela mesma noite, mas que seu Barsheba “não devia ir para se

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apturado”. Se eles chegassem ao lado do St. Marie, que era maior, “

 provavelmente seremos afundados”, declarou. Eles precisariam

urpreender o navio francês e tomá-lo usando seus barcos. Os capitã

Ashworth e Carnegie concordaram.

Liddell fez um último esforço para salvar a situação. Os proprietários do Cocoa Nut  o tinham enviado para mergulhar nos

aufrágios espanhóis, não para se envolver em pirataria aberta. A me

que o St. Marie pudesse ser considerado um navio pirata ou estives

ransportando mercadorias inglesas ilegalmente, os corsários não tin

motivos para apreendê-lo. Ele implorou aos seus comparsas para adiataque até a manhã seguinte, oferecendo-se para embarcar pessoalme

no St. Marie para ver se eles podiam “fazer dele uma captura legal”

iddell foi derrotado e deixou claro que ele não participaria desse ato

 pirataria.

Os homens de Liddell assistiam com inveja enquanto as tripulaç

do Barsheba e do Mary se reuniam e preparavam os barcos para um

taque. Finalmente, seu intendente anunciou que eles iam se juntar a

utros, abandonando Liddell com no máximo uma dúzia de homens

ser uma aventura arriscada remar os pequenos barcos por três

uilômetros ao longo da baía para ocupar um navio fortemente armaAo pôr-do-sol, aconteceu algo que mudou tudo.

Enquanto Bellamy e Williams escapavam na direção do vento, e

ram os corsários ingleses subirem a bordo do veleiro do capitão Yo

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ara uma conversa inevitável entre capitães. O que aconteceu depois

ntrigou. Young era claramente um comerciante legítimo, mas em vez

liberá-lo, os corsários colocaram uma tripulação de captura a bordo

levaram-no junto com eles. Escondidos entre os recifes e mangueza

eles assistiram à pequena frota ancorar na entrada da baía Honda. O

homens nas piráguas começaram a perceber que os homens queoperavam aquelas corvetas não estavam agindo nem um pouco com

xerifes.

Por volta de sete horas da noite, enquanto o sol tropical estava

ondo no horizonte colorido, eles remaram para as corvetas de Carnee Young e entre o Barsheba, o Mary e o Cocoa Nut . Bellamy e

Williams, que estavam a bordo da mesma canoa à vela, saudaram o

capitão do Barsheba. Jennings, Vane, Bellamy e Williams, todos s

olharam pela primeira vez. Eles precisavam um do outro, perceberam

 para capturar aquele grande prêmio francês.Um pouco antes das dez horas da noite, o Barsheba e o Mary

levantaram suas âncoras enquanto seus oficiais lideraram um grito d

uerra: “Um por todos e todos por um!” Os homens soltaram um “Viv

e alguém estupidamente disparou um tiro. Quem quer que tenha fei

sso devia ser expulso, alguns dos homens disseram, pois não queriaalertar o St. Mary. Então, em meio à luz bruxuleante das lanternas,

corsários viram uma coisa muito incomum. As grandes canoas de

Bellamy e Williams remavam entre os saveiros, suas tripulações

espidas, pistolas e espadas em mãos, como um bando de selvagens.

homens do Barsheba jogaram uma corda para uma das piráguas; a

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tripulação do Mary jogou a corda dela para os outros. As canoas d

Bellamy e Williams continuaram seguindo para o outro lado da baí

eus homens forçando seus remos, cada canoa rebocando um saveiro

guerra repleto de homens fortemente armados.

Eles devem ter proporcionado uma visão terrível para o capitãEscoubet e os homens perplexos a bordo do St. Marie: duas canoas

uerra em estilo indígena, cheias de homens nus, de aparência selvag

rasgando através da água, com saveiros de guerra a reboque. Escoub

tinha suspeitado dos saveiros ingleses desde o início e tinha até

scondido um baú de tesouro em terra, por medo de que eles pudessacar. Mesmo assim, ele não estava preparado. Enquanto as pirágua

aproximavam, os homens de Bellamy soltaram os saveiros e partira

diretamente para o seu navio. – Onde vocês estão indo? – um dos

omens de Escoubet gritou para as canoas. – A bordo, o que você ac

– veio a resposta, seguida de uma saraivada de tiros de mosquete. Uajada de fogo saiu do Barsheba e uma bala de canhão rasgou por ci

a cabeça de Escoubet. Ele estava numa desvantagem de pelo menos

homens por um. Escoubet ordenou que alguns dos seus homens

subissem a bordo de seu barco a remo, com o qual, em seguida, el

entou chegar a terra. Uma pirágua os alcançou e os capturou, enqua

os homens da outra invadiram o convés. Da segunda pirágua, Bellam

advertiu os franceses que, se eles resistissem, todos seriam mortos

Escoubet se rendeu. Seus homens não dispararam um único mosque

Para Sam Bellamy, essa foi uma lição sobre o valor do terror. E

tinham tomado uma fragata bem armada porém pouco tripulada, sem

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causar dano à tripulação, aos navios ou à carga. Eles tinham ido par

 batalha parecendo que eram capazes de qualquer coisa e, como

sultado, não tiveram que fazer nada. Para Bellamy, foi uma lição so

omo conduzir a pirataria: o medo pode ser a mais poderosa das arm

Enquanto o Barsheba e o Mary vinham ancorar ao lado de sebutim, os homens de Jennings se juntaram para vasculhar os porões

St. Marie e interrogar seus homens. Charles Vane, impetuoso e

ropenso à violência, pode ter apertado mãos e compartilhado rum c

Bellamy e Williams. Esse não era o tipo de sujeito que Bellamy e

Williams precisavam em sua tripulação. Eles pretendiam lutar de forinteligente, com poucos danos e grandes ganhos.

 Na manhã seguinte, 4 de abril de 1716, Jennings começou a

interrogar a tripulação francesa. Escoubet relatou mais tarde que o

gleses “atormentaram a tripulação com um alto grau de desumanida

e “da maneira mais perversa”, forçando-os a revelar onde eles tinhaescondido as trinta mil peças de oito (sete mil e quinhentas libras) e

terra. Jennings também ficou com o St. Marie, nomeando Carnegi

omo seu mestre e dando a Escoubet e seus homens o instável Discov

e Carnegie. Os piratas tinham capturado um navio, tesouro e carga

valiam setecentas mil libras francesas, ou cerca de trinta mil librasnglesas. Jennings também forçou o capitão francês a escrever uma c

ao lorde Hamilton na Jamaica absolvendo os corsários de qualque

regularidade. “Devo informar a Vossa Excelência que aqueles senh

me trataram muito civilmente e estavam muito dispostos a me dar u

tanto por mês pela contratação e aluguel do meu navio”, Escoubet

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screveu. Os corsários só “pegaram minha embarcação porque ela est

apta para a expedição da qual eles estavam participando”.

Enquanto os piratas e corsários se ocupavam com a divisão d

aque e a transferência de carga e pessoal de um navio para outro, um

rande canoa à vela chegou à baía Honda. Sua tripulação inocentemeseguiu até o St. Marie, perguntando pelo capitão Escoubet. A bord

stavam um oficial mercante francês e dezoito homens, que haviam s

enviados de Mariel, trinta e dois quilômetros costa acima, onde se

avio, o saveiro Marianne, estava ancorado. Eles tinham vindo nego

com Escoubet, mas em vez disso se descobriram prisioneiros dosingleses. Jennings “impôs punições” aos seus novo prisioneiros qu

depois de “vários tormentos”, concordaram em levá-los de volta ao s

navio. Jennings fez uma reunião com Bellamy e Williams, que

concordaram em enviar uma de suas canoas para Mariel com o

 Discovery para capturar essa segunda embarcação francesa. Na manhã seguinte, as tripulações das duas piráguas de Bellamy

separaram. Uma foi para Mariel com Carnegie. Bellamy e William

ficaram para trás com a outra, para se certificar de que seus compars

ecém-encontrados não tentariam enganá-los com sua parte do saque

. Marie. Algumas horas depois, o Cocoa Nut  levantou âncora e saiudireção oposta; Liddell não queria nada com essas piratarias e estav

voltando para a Jamaica, com vinte e três membros a menos na sua

tripulação.

Jennings e seus homens ficaram na baía Honda, esperando que s

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comparsas voltassem logo com outro prêmio. Um dia e uma noite s

assaram e, na luz da manhã, um par de saveiros foi visto passando p

ntrada do porto. Um deles, os prisioneiros de Mariel confirmaram,

o seu navio, o Marianne. No outro, um saveiro armado com dez

anhões, tremulava uma bandeira preta. Jennings e Vane o reconhece

imediatamente. Era o grande veleiro do capitão Benjamin Hornigol

Hornigold tinha ficado em Nova Providência por dois meses apó

artida de Jennings, sem dúvida agitado com o péssimo tratamento q

tinha recebido do corsários e esperando dar o troco.

Enquanto isso, a população fora da lei de Nassau estava

umentando a cada dia. Cerca de cinquenta homens tinham abandon

as corvetas que trabalhavam nos naufrágios espanhóis, a maioria del

depois que ondas de reforços espanhóis chegaram em fevereiro e ninício de março. Esses homens, como o morador John Vickers viria

denunciar, estavam causando “grandes transtornos, saqueando os

habitantes, queimando suas casas e violentando suas esposas”. Os

 bandidos eram liderados por Thomas Barrow, um ex-imediato num

bergantim jamaicano que tinha fugido com uma quantia de objetos

valor que supostamente tinham pertencido a “um marquês espanhol

arrow não tinha embarcação própria, mas andava se vangloriando p

lha, afirmando ser “o governador de Providência” e prometendo “fa

dela uma segunda Madagascar”. Dezenas de cortadores de lenha

hegavam a cada semana de Campeche, atraídos por contos inflados

esouro espanhol, voltando-se para a pirataria após sua chegada. Out

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vieram da Nova Inglaterra, Carolina do Sul e Jamaica: marinheiros

esempregados, servos, criminosos em fuga e até mesmo alguns escra

ugidos de Cuba, São Domingos e mais além. Colonos comuns ficar

ada vez mais temerosos, e muitos deles estavam discretamente fazen

anos para ir embora. Outros – prostitutas, contrabandistas e trafica

de armas – estavam sempre chegando. Nova Providência tinha se

transformado em um estado fora da lei.

Hornigold tinha começado a nascente república pirata das

ahamas, mas entre os bandidos de Barrow e os corsários de Hamilt

ele deve ter sentido que sua liderança com a Gangue Voadora estavcomeçando a lhe escapar. Afinal, ao contrário dos corsários, os seu

uzentos tripulantes não serviam sob contratos legalmente sancionad

ue davam a maior parte do saque aos proprietários e capitães. Além

alguns homens forçados, o serviço a bordo dos navios piratas era

essencialmente voluntário. A maioria dos piratas da ilha erammarinheiros, que durante muito tempo sofreram abusos e exploração

força naval e na marinha mercante. Ele não tinha a intenção de copi

sse sistema, mas sim de virá-lo de cabeça para baixo. Eles elegiam s

apitães e, se ficassem insatisfeitos com sua seleção, podiam votar p

rá-lo do poder também. Os piratas da Gangue Voadora davam aos s

capitães autoridade absoluta enquanto estavam em combate, mas a

maioria das outras decisões eram tomadas democraticamente, em um

assembleia geral da tripulação, incluindo para onde ir, o que ataca

uais prisioneiros reter ou libertar e como punir transgressões dentro

seus grupos. Hornigold e outros capitães piratas comiam a mesma

comida que os seus homens e tinham que dividir suas cabines. A

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ripulação mantinha sua autoridade ainda mais na linha, elegendo ou

uncionário, o intendente, que assegurava que os alimentos, o saque

trabalhos fossem distribuídos de forma equitativa. Os capitães

normalmente recebiam apenas cinquenta por cento a mais do saque

que um marinheiro comum, ao contrário de, talvez, mil e quatrocent

or cento a mais que um corsário ganhava. Se os homens confiassemseu líder e estivessem satisfeitos com o seu desempenho, eles o

eguiriam até o fim. Caso contrário, eles podiam depô-lo num piscar

olhos. Hornigold precisava mostrar resultados ou o seu mandato com

líder pirata podia acabar em breve.

Com Thatch a bordo, ele partiu rumo ao litoral escassamente

ocupado do nordeste de Cuba, que dividia as rotas marítimas que

igavam Havana ao Continente Espanhol e Nova Orleans à França. A

longo dessas costas fracamente patrulhadas, os butins estavam

esperando.Hornigold seguiu sua rota através do estreito da Flórida,

rovavelmente passando longe de Havana, e ancorou em Cuba por vo

e 8 de abril, perto do porto isolado de Mariel. Ali ancorado estava u

corveta mercante grande, drapejando as cores francesas. Era o

Marianne, de Santo Domingo, que ia de São Domingos para o povoarancês pantanoso de Nova Orleans, sob o comando de um oficial na

francês, Ensign Le Gardew. Ele tinha parado para enviar um pacote

cartas para Havana e, enquanto estava lá, Le Gardew ouviu que seu

colega, o capitão Escoubet do St. Marie, estava por perto, ao longo

osta. Ansioso para trocar mantimentos e conselhos, Le Gardew env

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metade de sua tripulação até a baía Honda, no barco do navio. Com

oucos homens e armado levemente, ele não era páreo para o Benjam

com seus dez canhões e duzentos homens. Le Gardew prontamente

endeu e Hornigold tomou posse do saveiro e de doze mil e quinhen

libras em carga. Uma tripulação de captura foi colocada a bordo e o

ois saveiros seguiram sua rota pela costa, talvez na esperança de tomo St. Marie também.

 Na entrada da baía Honda, uma frota de corsários ingleses hav

hegado à sua frente. Hornigold podia ver que um deles era aquela pe

no seu sapato, Henry Jennings.

Quando Jennings deu a ordem para todas as embarcações

levantarem a âncora e perseguirem Hornigold, Bellamy e Williams

estavam a bordo do St. Marie e sua pirágua amarrada à popa. Elesudaram a tripulação de captura a levantar as âncoras do navio franc

iram o Barsheba e o Mary zarparem. No momento em que o St. Ma

estava a caminho, o resto da frota já tinha saído de vista. A

oportunidade, os dois homens perceberam, estava batendo à sua por

Quando o St. Marie saía do porto, Bellamy e Williams deram sinal. Seus homens se levantaram em uníssono, surpreendendo a

tripulação de captura de Jennings e os prisioneiros franceses, e

assumiram o controle do navio. Enquanto alguns dos homens de

Bellamy mantinham seus prisioneiros na mira de armas, os outros

rapidamente puxaram a pirágua para a lateral e nela jogaram sacos

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baús de moedas a bordo. Mantendo um olho no Barsheba e no Mar

ntre nove e doze quilômetros de distância, Bellamy e Williams tamb

rdenaram seus homens para irem a bordo da canoa e remaram contr

vento. Seu saque: vinte e oito mil e quinhentas peças de oito (pouc

mais de sete mil libras). Para contextualizar, a renda anual de um

capitão mercante do início do século XVIII era cerca de setenta libr

Enquanto isso, Jennings, Vane e os outros homens a bordo d

Barsheba sabiam que eles nunca alcançariam Hornigold e o Marian

Eles também perceberam que o St. Marie tinha ficado perigosamen

para trás. Melhor voltar para a baía Honda, observou Jennings, do qerder nossa própria presa. Ao seu sinal, o Barsheba e o Mary virara

Uma ou duas horas mais tarde, eles se aproximaram do St. Marie. S

ripulação saudou-os, visivelmente perturbada. Os homens de Bellam

inha se revoltado contra eles e fugido com tudo, disseram. Murmúr

de descontentamento se espalharam pelo Barsheba. Jennings tinh perdido muito de seu saque. Furioso, o corsário ordenou que seus

homens tomassem a outra pirágua e, como o carpinteiro do Mary,

Joseph Eels, recordou mais tarde, mandou que ela fosse “picada em

 pedaços”, aparentemente junto com qualquer um dos homens de

Bellamy que estivessem a bordo no momento. Durante esse ataque

úria, Jennings também ordenou que o saveiro do infeliz capitão You

fosse queimado até a linha de flutuação.

Algum tempo depois, sua raiva passou e Jennings deu novas

rdens. A frota iria navegar até Nassau para dividir o que havia resta

de seus saques.

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Após o assalto, Bellamy e Williams alcançaram Hornigold. O

iratas se encontraram cara a cara ao largo da costa de Cuba. Hornig

deve ter ficado feliz em saber que os homens nas canoas tinham

onseguido roubar o tesouro de Jennings por debaixo de seu nariz. Epoderia usar homens como esses. Bellamy e Williams, depois que

condições dos piratas foram estabelecidas, se juntaram à tripulação

 Benjamin.

Marinheiros apreciam competência e Bellamy deve ter inspirad

uma grande parte dela, pois, apesar da sua juventude, Hornigold onomeou capitão do recém-capturado Marianne, à frente de vários

omens mais velhos da sua própria tripulação, incluindo Edward Tha

seu intendente, William Howard. Bellamy presumivelmente tripulo

Marianne com os vinte ou trinta homens da sua pirágua, além de un

inta a quarenta homens de Hornigold. Ele e Williams agora tinham saveiro de longo curso bem construído à sua disposição, um baú d

tesouro no porão e o pirata inglês mais famoso da época navegand

nto com eles. Tudo o que precisavam era de alguns canhões para ar

seu novo navio de ataque.

Por uma semana ou mais, eles continuaram rondando o extrem

este de Cuba, esperando para interceptar o tráfego espanhol ou fran

que vinha através do canal de Yucatán. Mas, em vez de uma presa ri

eles se depararam com mais um pirata.

Olivier La Buse, capitão da corveta armada Postillion, se junto

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quadra pirata. La Buse e Hornigold eram aliados peculiares. La Bu

maioria de sua tripulação eram franceses, enquanto Hornigold aind

via como um patriota, fazendo uma guerra justa contra os inimigos

Inglaterra. La Buse e seus homens eram legítimos piratas, felizes em

aquear qualquer um por lucro. De alguma forma, o pirata francês e

capitães ingleses concordaram em trabalhar juntos, cimentando umrelação transnacional que duraria muitos anos.

É provável que Bellamy tivesse algo a ver com esse arranjo. O

ovem não estava lutando pela Grã-Bretanha, ele estava lutando cont

sistema: os capitães, os proprietários de navios, os reis, todo o lotenão eram poucos os homens da própria tripulação de Hornigold qu

pensavam da mesma forma. Se Hornigold se opusesse a navegar com

 pirata francês, seus homens prevaleceriam sobre ele. O Postillion

armado com oito canhões, velejaria com eles.

Pouco tempo depois, os três piratas – Hornigold, Bellamy e LBuse – viram um navio mercante vindo através do canal de Yucatán,

ireção de Campeche. Era um navio inglês com destino à Holanda, c

ma carga de madeira: um navio amigável, não uma presa. Ao contrá

e Hornigold, La Buse e Bellamy não tinham escrúpulos em saquear

navio inglês. Uma votação foi realizada e os homens de Hornigoldnovamente prevaleceram sobre ele. Enquanto Bellamy e o Mariann

desarmado ficavam para trás, La Buse e Hornigold garantiam o butim

Uma tripulação foi enviada a bordo para examinar e navegar a

embarcação. Eles pegaram tudo o que parecia útil – bebidas, moeda

mantimentos, peças de reposição, um tripulante qualificado ou dois –

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depois de oito ou dez dias, liberaram o navio para seguir sua rota

 provavelmente por causa da insistência de Hornigold.

Poucos dias depois, no extremo oriental de Cuba, eles fizeram u

captura com a qual todos ficaram felizes: dois bergantins espanhói

carregados de cacau, que eles conseguiram capturar sem disparar uiro. Depois de saquear as embarcações, eles partiram para a Isla de

Piños, onde encontraram três ou quatro saveiros ingleses lotados d

gua e abastecimento de lenha. Os cascos dos navios piratas precisav

de uma limpeza, então os piratas anunciaram aos mestres das pequen

corvetas que seus navios deveriam ajudar com o processo deuerenagem. Hornigold pode ter encontrado uma surpresa desagradá

a parte de baixo do Benjamin. Aparentemente os turus tinham caus

um dano sério, algo que requeria os serviços de um estaleiro adequa

 para os reparos. Hornigold começou a considerar o descarte de seu

rande saveiro, cuja posse havia causado tanto alarde entre os cidadãcumpridores da lei de Nova Providência.

Com a querenagem concluída, os piratas continuaram ao longo

costa sul de Cuba, com destino à passagem de Windward. La Buse

conhecia alguns bons esconderijos ao longo das margens da

escassamente povoada São Domingos francesa, e dirigiu a frota nesdireção. Essa ilha era bem localizada para saquear o comércio que

entrava e saía do Caribe. Um esconderijo foi encontrado e os pirata

decidiram trabalhar juntos para saquear quantas embarcações foss

 possível.

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Hornigold queria se livrar do Benjamin primeiro e, em algum

momento perto do final de maio de 1716, resolveu navegar até Nass

ara esse fim3. O saveiro estava lotado de cargas volumosas para ven

para o crescente quadro de traficantes sem escrúpulos das Bahama

Bellamy e Williams podem ter ido junto, no interesse de garantir u

anhão para o Marianne. Hornigold, Thatch e pelo menos outros cen

inquenta homens deixaram La Buse, concordando em voltar dentro

algumas semanas.

Em 22 de abril de 1716, a frota corsária de Henry Jennings chegao porto movimentado de Nassau. Era uma visão e tanto: o St. Mar

agora equipado com trinta e dois canhões, escoltado pelo navio de d

anhões do próprio Jennings, o Barsheba, e pelo navio de dez canhõ

de Ashworth, o Mary. Era a força naval mais poderosa que Nova

Providência já tinha visto desde que Henry Avery aparecera com oancy, vinte anos antes. Jennings, Ashworth e Carnegie desembarcar

para a cidade indecente de Nassau, deixando seus navios nas mãos

ubordinados de confiança. Depois de dois ou três dias, o intendente

St. Marie, o fraco Allen Bernard, remou para a cidade e interrompeu

evassidão de Jennings. Com exceção de quatro ou cinco homens, too pessoal do Barsheba estava a bordo do St. Marie saqueando a car

estante. – Isso não pode ser! – Jennings teria exclamado. Ele disse p

Bernard “ir a bordo e dissuadi-los”, afirmando que “nenhum dele

poderia se dar ao luxo de atrasar a partida para pescar os destroços

Cá entre nós”, ele confidenciou, “se eu conseguir colocar esse navio

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mar novamente, com todas as mercadorias nele, eu vou navegar para

amaica e protegê-lo, pois esses companheiros me arrastaram para e

onfusão e, sem dúvida, depois que eles tiverem dividido seus bens, i

me deixar para responder por tudo o que fizemos”.

Bernard, sofrendo de uma dor de estômago, implorou ao capit para ele mesmo ir, para usar o peso de sua autoridade. Com a sua

autoridade e a grande quantidade de objetos de valor em jogo, teri

parecido uma medida prudente. Mas Jennings recusou, dizendo ao s

intendente que “ele não se preocupasse com esses bandidos”.

Aparentemente o capitão tinha coisas mais importantes a fazer entretabernas e os prostíbulos.

Em seu caminho para a costa, Bernard se deparou com Carnegi

Ashworth e os informou sobre a situação. Os dois capitães a levara

mais a sério do que o seu comodoro, cada um se oferecendo para aju

Bernard a restaurar a ordem no St. Marie. Ashworth imediatamentremou para o Mary para se certificar de que a sua tripulação não tin

aderido à revolta, enquanto Carnegie e Bernard seguiram para o St

 Marie.

O navio francês estava um caos. Cem homens se espalhavam soele, roubando mercadorias e mantimentos europeus de seus porões

mpilhando-os em barcos e remando até a praia deserta da ilha Hog,

distante dos restos apodrecidos do Fancy de Henry Avery. Nenhum

deles mostrava o menor interesse no que Carnegie e Bernard tinham

izer. Desconcertado, Bernard voltou para a praia para tentar conven

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Jennings para entrar em ação. O capitão foi mais uma vez impassíve

disse para Bernard vigiá-los e não tomar qualquer carga à força.

Bernard passou o resto do dia observando as ações dos homens

costa da ilha Hog. Eles haviam dividido o saque em três lotes e, ao

contrário da prática dos corsários, tinham separado dois lotes para óprios e um para os proprietários, ao invés do contrário. Eles dever

ter levado todo o saque de volta à Jamaica para ser distribuído e

tributado pelo tribunal do vice-almirantado. Em vez disso,

imediatamente dividiram a sua porção entre si.

Apenas o lote dos proprietários deveria ser enviado para a Jama

Não querendo confiar o lote dos proprietários a Jennings, a tripulaç

ontratou os serviços de um saveiro local, o Dolphin. Esse navio de

toneladas curiosamente pertencia a um dos filhos de Thomas Walke

 Neal.

Antes da partida do Dolphin, Jennings, Ashworth e Carnegie

ecidiram que o melhor curso de ação era informar aos proprietários

seus navios sobre a tomada do navio francês e a insubordinação do

homens. Eles redigiram um manifesto do conteúdo do Dolphin e

escreveram cartas detalhadas para seus proprietários e parceiros denegócios, confiando-as a Allen Bernard e ao intendente do Mary,

oseph Eels. Bernard e Eels embarcaram no Dolphin, cartas em mão

começaram a viagem de volta para casa.

Após a partida do Dolphin, Jennings conseguiu garantir o contr

do St. Marie e reuniu uma tripulação para ele, o Barsheba e o Mar

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navegarem para os naufrágios espanhóis. Eles chegaram poucos dia

depois, seu poder de fogo considerável presumivelmente assustando

navios de guarda espanhóis. Um navio mercante inglês que estava

passando relatou mais tarde que o St. Marie estava comandando um

tal de vinte e quatro navios ingleses nos destroços, metade jamaica

metade bermudenses, que “não permitiriam que franceses ou espanh

viessem aqui”. De acordo com o jovem médico do Barsheba, John

Cockrane, os mergulhadores conseguiram pegar “algum dinheiro d

água” antes de navegar de volta para Nassau. Não muito tempo depo

Jennings, ainda se considerando um corsário honrado, liderou o

 Barsheba e o St. Marie de volta para a Jamaica.

É provável que Charles Vane não tenha retornado à Jamaica com

 Barsheba. Não tinha nada lá para ele, exceto a possibilidade de

processos judiciais. Por outro lado, em Nova Providência ele tinha s

cota do tesouro, um bom porto à sua disposição e uma cidade cheia mãos de armas. Dada a sua personalidade, Vane foi provavelmente

líder do saque do St. Marie, então os proprietários não ficariam

atisfeitos com ele. Era melhor ficar em Nassau e desfrutar de uma v

alegre até o dinheiro acabar.

Hornigold e Thatch chegaram a Nassau no início de junho. El

tinham passado dois meses fora e a sociedade pirata em Nova

Providência tinha crescido na sua ausência. Dezenas de piráguas,

lanchas e saveiros se abrigavam dentro da ilha Hog, suas linhas

indicando uma mistura de origens: espanhóis, franceses, ingleses

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holandeses. Ao longo da costa, os piratas tinham encalhado algun

saveiros indesejados que haviam capturado, seus cascos saqueado

assando ao sol.

Em meio às palmeiras, palmitais e arbustos tropicais, a fumaç

subia dos fogos de cozinha de uma centena de cabanas, tendas ehoupanas. A maioria era feita de qualquer coisa que fosse útil: tronc

mastros antigos, conveses e cascos tomados por vermes e cobertos c

alha de palmito ou pedaços de lona velha. O tipo mais rude era o la

grupos de lenhadores trazidos de Campeche ou escravos negros e

ndígenas fugindo de seus donos em Cuba, São Domingos ou Jamaiigeiramente melhores eram os casebres dos bandidos e ex-marinhei

 Nassau parecia um acampamento de náufragos, com marinheiros

cantando, dançando, bebendo e fornicando. Um número crescente d

mulheres e prostitutas estavam fixando residência na ilha, servindo

tabernas, consertando roupas, cozinhando e fazendo companhia aohomens durante a noite. Um jovem marinheiro, James Bonny, tinh

hegado recentemente da Carolina do Sul com sua esposa de dezess

anos de idade, Anne, a qual rapidamente ganhou má reputação por s

omportamento libertino. Para a maioria dos marinheiros, era um son

ealizado: muita comida, bebida, mulheres e lazer. E quando o dinhe

acabava, havia sempre algum outro navio para capturar, uma plantaç

 para saquear, um naufrágio de navio de tesouro onde mergulhar.

As habitações melhores – casas simples de madeira – pertencia

aos comerciantes/contrabandistas que compravam o saque dos pirat

com rum barato, tabaco e munições, e às figuras importantes dos

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assentamentos. Uma vez essas casas haviam pertencido aos colono

cumpridores da lei de Nova Providência, mas a maioria tinha sido

forçada a fugir da cidade “por medo de ser assassinada”. Thomas

Barrow, o líder dos bandidos, os tinha ameaçado sem misericórdia

vistando-os em busca de dinheiro para bebidas e chicoteando qualq

um que se recusasse.

Até mesmo os comerciantes que vinham negociar com os pirat

não estavam necessariamente seguros. No porto, Barrow roubou um

 bergantim da Nova Inglaterra e espancou o capitão de um saveiro

bermudense. Algumas embarcações ficavam aparentemente fora dolimites, incluindo o Richard & John, o saveiro de catorze tonelada

 pertencente ao velho amigo pirata de Hornigold e Thatch, John

Cockram, e ao sogro influente de Cockram, Richard Thompson.

Cockram e seus irmãos, Joseph e Phillip, estavam comandando um

sindicato comercial de sucesso, com origem na ilha Harbour,transportando mercadorias piratas para Charleston e açúcar e

antimentos de volta para Nassau. Eles competiam com Benjamin Si

m veterano de quarenta anos de Nova Providência, e Neal Walker, c

saveiro Dolphin estava supostamente na Jamaica naquela época,

transportando uma carga do saque de Henry Jennings. Juntos, esse

comerciantes/contrabandistas forneciam apoio logístico vital para o

ratas das Bahamas. “Os próprios piratas muitas vezes me disseram

e não tivessem sido apoiados pelos comerciantes que traziam muniç

e mantimentos para eles, de acordo com suas orientações”, um ofici

colonial iria relatar em 1718, “eles nunca poderiam ter se tornado t

formidáveis, nem chegado a esse grau de força que eles têm”.

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Enquanto Hornigold procurava alguém para quem vender o

Benjamin, os outros compravam e vendiam bens e objetos pessoais

trocavam notícias e histórias com os bandidos e cortadores de lenh

 Nesse meio-tempo, eles descobriram que os próprios homens deennings tinham se virado contra ele para saquear o St. Marie. Come

eixe fresco, abacaxi, carne de porco e de frango que nunca tinham v

o interior de um barril, e beberam vinho Madeira e rum de Barbado

Bellamy pode ter achado que tinha encontrado o paraíso: um

epública de marinheiros, libertados daqueles que queriam explorá-llivres para viver uma vida feliz, contanto que os agentes do império

 pudessem ser mantidos afastados.

Hornigold encontrou um comprador para o Benjamin, um

omerciante da Virgínia chamado Perrin, que também adquiriu satisfa maior parte do seu butim. Com os recursos, o comodoro pirata

comprou outro saveiro, transferiu seus canhões e o batizou de

 Adventure. O Adventure era consideravelmente menor e menos

ameaçador do que o Benjamin, provavelmente com apenas vinte

oneladas, aproximadamente. O negócio, Thomas Walker relatou, ha

nfraquecido Hornigold e “de certa forma, o tinha incapacitado de fa

s ataques em alto-mar que ele faria se tivesse continuado no coman

do Benjamin. Com o negócio feito, Hornigold supervisionou a

montagem de seu terceiro saveiro de guerra pirata.

Ele também estava preocupado com o futuro da república pira

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Tudo o que era necessário para acabar com ela, ele sabia, era que o

ingleses, franceses ou espanhóis enviassem três ou quatro navios d

uerra para Nassau. Mas se a cidade pudesse ser mais bem fortificad

autoridade podia ser mantida na baía. Ele olhou para os canhões d

variados tipos expostos nos veleiros no porto, depois para as ruínas

Forte Nassau. Sim, ele percebeu, tinha chegado o momento de armailha, e não apenas seus navios. Ele organizou Thatch e outros para

obterem canhões, polias, munições e pólvora e começou a rearmar

velha fortaleza.

Para Thomas Walker, essa foi a última gota. Por quase um ano, ua esposa e seus filhos tinham sido ameaçados e maltratados por es

adrões. Ele tinha implorado para o mundo exterior aniquilar os pira

ntes que eles ficassem fortes demais, mas não obteve sucesso. Ele sa

que seria morto se tentasse impedi-los de fortificar o porto. Se ele

conseguissem, seria muito mais difícil arrancá-los de lá. Reuniu sufamília e fugiu para Charleston, deixando Nassau para os piratas.

De volta à Jamaica, a vida de lorde Archibald Hamilton estava i

de mal a pior. A cada semana que passava, as notícias da Grã-Bretan

ficavam mais desanimadoras. Em meados de março, ele soube que

principal exército jacobita tinha sofrido uma derrota devastadora pe

da cidade inglesa de Preston e que pelo menos quatro mil homens

nham sido feitos prisioneiros. Segundo as notícias, James Stuart e

comitiva tinham desembarcado na Escócia, mas “não encontrando a

oisas de acordo com suas expectativas”, fugiram de volta para a Fra

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uatro dias4 depois. No final de abril, lorde Hamilton encontrou o no

o seu sobrinho Basil numa lista de nobres capturados em Preston e

estavam presos em Londres. A revolta tinha fracassado antes das

colônias terem tido a oportunidade de se juntar a ela.

As atividades jacobitas de lorde Hamilton estavam começando aazer consequências. Em março, Samuel Page, o secretário do conse

e administração da Jamaica, tinha embarcado para a Inglaterra levan

um maço de documentos condenatórios, cartas e depoimentos que

pretendia apresentar ao rei George. A Assembleia da Jamaica e o ex

comodoro do destacamento naval local estavam apresentando provacontra ele. Peter Heywood, um membro da conselho de administraçã

estava manobrando para substituir Hamilton como governador,

rofessando o seu apoio à “pessoa sagrada do rei George e sua famíl

Os corsários de Hamilton estavam lhe causando mais problema

As atividades de Jennings, Wills, Fernando, Ashworth e outros tinh

gerado uma enxurrada de cartas hostis dos governadores de Cuba e

São Domingos francesa. O governador Torres y Ayala de Havana

escreveu que “vários senhores da Jamaica” tinham dito a ele que

amilton “era proprietário de parte de todas as embarcações que tinh

sido enviadas para o nosso acampamento” em Palmar de Ayz; todoesouro tinha que ser devolvido e os autores apreendidos e punidos.

embaixador de Cuba na Jamaica tinha rastreado uma parte do dinhe

oubado até a casa do próprio Hamilton. Recentemente, houve a ques

o Dolphin, uma pequena corveta bahamense que tinha aparecido ch

e bens que Jennings e seu bando haviam recentemente saqueado de

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navio francês.

Em seguida, veio o próprio Henry Jennings, com o St. Marie 

reboque, embora sem as moedas e objetos de valor que um dia ele

carregou. Para completar, uma delegação oficial francesa chegou

trazendo uma carta do governador de São Domingos exigindo adevolução do seu navio e de outro veleiro francês que teria sido

apturado por Jennings. “Eu acredito, meu senhor, que todas essas aç

evem ocasionar horror”, o governador tinha escrito a Hamilton. “Eu

que vários corsários têm propriedades na Jamaica. É mais do que ju

que elas sejam vendidas e o dinheiro empregado em reparar o mal qzeram. Eu assim o exijo de Vossa Excelência, em nome da justiça”

comitiva incluía o capitão Escoubet, que estava extremamente irrita

por ver seu navio, o St. Marie, ancorado em Port Royal aguardando

condenação de Hamilton.

Se a revolta jacobita tivesse tido sucesso, Hamilton poderia teusado os corsários para financiar sua administração e proteger as

olônias vizinhas para o legítimo rei da Inglaterra e da Escócia. Em v

disso, eles tinham se tornado um fardo; teriam que ser reunidos e

sacrificados pela causa. Ele deu ordens para que Jennings e os outr

capitães não conseguissem permissão para sair da ilha.

Pouco tempo depois, no final de julho, bateram à porta de

Hamilton. O HMS Adventure tinha chegado da Grã-Bretanha trazen

rdens do rei George. Lorde Hamilton deveria ser preso e entregue p

a Inglaterra em correntes. Peter Heywood, o líder dos adversários d

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amilton no conselho de administração, tinha sido nomeado governa

e imediatamente começou uma investigação completa nos corsários

Hamilton. A licença de Jennings tinha sido apreendida e ele se

escondeu.

Mas isso foi uma coisa boa, pois no final de agosto outro navhegou de Londres trazendo uma proclamação oficial do rei George.

foi impressa e afixada pela ilha em 30 de agosto e distribuída nas

Américas britânicas nas semanas que se seguiram. O rei tinha declar

Jennings, Carnegie, Ashworth, Wills e outros como piratas.

Quando isso aconteceu, Jennings e seus homens já estavam a m

caminho de seu santuário, fora do alcance da lei: as Bahamas.

 

oje, parte da Indonésia.A Isla de los Piños [Ilha dos Pinheiros] mais tarde serviu de modelo para o livro  A ilha do tesouro, de Robert Louis Ste

egunda maior ilha de Cuba, ela foi renomeada após a revolução de 1959, passando a se chamar Isla de la Juventud.abe-se que Bellamy se livrou do Benjamin entre o final de maio e a primeira semana de julho, quando Musson o capturou. Re

ue parecem datar de maio de 1716 colocam um navio pirata compatível com o Benjamin nas Bahamas.a realidade, James Stuart chegou a ficar várias semanas na Escócia.

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CAPÍTULO SEIS

Irmãos dos mares

Junho de 1716 - Março de 1717

o final de junho ou início de julho de 1716, os piratas se reagruparam em seu esconderijo em

mingos: Bellamy e Williams no Marianne, Hornigold e Thatch no recém-adquirido sa

venture e La Buse a bordo do Postillion. Tudo devia estar indo bem. Os três saveiros tinham

mpos recentemente e estavam abastecidos, com água doce, vinho, munições e pólvora de

ardados embaixo do convés. Havia cerca de duzentos homens entre eles e um refúgio segu

de podiam sair repentinamente e atacar navios mercantes que navegassem pela passage

ndward.

Mas as relações entre as tripulações piratas estavam tensas. O

ontrole de Hornigold sobre a pequena esquadra estava fracassando, causa da sua relutância em atacar navios ingleses e holandeses. Ele

onsiderava um justiceiro, acertando contas antigas com os francese

espanhóis; navios amigos eram atacados apenas como um último

recurso, para conseguir mantimentos vitais ou substituir tripulante

mortos. Bellamy e Williams pensavam diferente, e La Buse e suapulação, em grande parte francesa, não via nenhuma razão para pou

a navegação inglesa.

Enquanto Hornigold esteve afastado em Nassau, Bellamy e L

Buse tinham atacado vários navios ingleses na costa sul de Cuba,

apreendendo homens, mantimentos e bebidas alcoólicas. Quando

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etornou, Hornigold ficou com raiva ao saber disso. No calor de ago

s tensões chegaram a seu ponto mais alto. Bellamy e La Buse queri

saquear um navio inglês; Hornigold novamente recusou. A bordo d

dventure, muitos dos homens de Hornigold pediram seu impeachm

O comodoro estava fazendo vista grossa para capturas valiosas e tin

perdido o Benjamin. Talvez uma liderança mais nova e mais radicafosse melhor. O intendente provavelmente chamou o bando para um

votação. Hornigold tinha perdido a confiança de dois terços da

tripulação. A maioria estava pronta para uma pirataria vale-tudo e

decidiu juntar-se a Bellamy e a La Buse a bordo de suas corvetas.

Hornigold, eles decretaram, podia ficar com o Adventure, mas devedeixar o ponto de encontro imediatamente e não voltar lá novament

Humilhado, o comodoro deposto voltou para as Bahamas, com vinte

seis homens leais, incluindo o seu protegido, Edward Thatch.

Até mesmo para um pirata, a velocidade com que Samuel Bella

subiu ao poder foi impressionante. Apenas um ano depois de deixa

Nova Inglaterra como um marinheiro sem dinheiro, ele tinha se torna

o comodoro de um bando de cento e setenta piratas.

Ele e Williams já tinham conquistado butins no valor de milha

de libras, mais dinheiro do que ele e seus companheiros marinheiro

 jamais poderiam ter esperado ver em uma vida inteira de serviço

legítimo. Ele tinha vinte e sete anos e sua carreira estava apenas

começando.

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A maioria dos noventa homens na tripulação do seu próprio nav

ra de ingleses e irlandeses, com alguns escoceses, galeses, espanhó

holandeses, um sueco e pelo menos dois descendentes de africanos

maioria deles estava com seus vinte ou trinta e poucos anos, ex-

arinheiros e corsários que haviam entrado voluntariamente na pirata

Alguns tinham sido forçados a servir, pelo menos no início. John

Fletcher, que Hornigold tinha sequestrado do Blackett  em outubro

1715, acabou abraçando a vida pirata; a tripulação gostava e confiav

nto nele que o tinha elegido para servir como intendente do Marian

utros eram prisioneiros relutantes, como Richard Caverley, apreend

e um saveiro inglês por causa de suas habilidades de navegação, e PHoff, um sueco de trinta e quatro anos de idade com amplo

conhecimento do sul do Caribe. Bellamy precisaria dos seus

conhecimentos nos meses seguintes.

Depois da partida de Hornigold, Bellamy e La Buse detiveramvárias canoas à vela, lanchas e barcos de carga, que mantiveram seu

galeões abastecidos. Eles parecem ter relaxado no final do verão,

omendo, bebendo e se divertindo. Em setembro, Bellamy achou que

hora de expandir seus horizontes. Propôs à sua tripulação que

navegassem para o leste, ao longo das Antilhas até o Continente

Espanhol, perseguindo qualquer vela que cruzasse sua rota. Seus

homens concordaram, assim como aqueles sob o comando de La Bu

No auge da temporada de furacões, eles começaram sua jornada sain

de São Domingos.

 Navegaram contra as correntes de vento, alinhavando sua rota

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longo das margens montanhosas de São Domingos e Porto Rico. F

uma viagem tranquila, pontuada apenas pela variedade de vida marin

ue atravessava sua rota: um curioso bando de golfinhos ou uma casc

e peixes voadores se dispersando assustados diante do casco do nav

Mas quando eles estavam passando pelo extremo de Porto Rico e

começavam a travessia para St. Thomas, um vigia avistou o contornrevelador de um navio de três mastros no horizonte. Enquanto ele

minuíam a distância, Bellamy pôde ver que ele era muito grande – u

ragata, na verdade –, drapejando as cores francesas. Uma longa fila

portinholas de canhões apontava em sua lateral, com uma segunda f

mais curta na popa e na proa. Eram quarenta canhões ao todo, fazendela uma fragata menor, semelhante ao St. Marie, o navio francês q

les tinham saqueado debaixo do nariz de Jennings. Ao contrário do

Marie, no entanto, esse navio estava totalmente armado e não estav

onfinado em um porto, ancorado ao fundo do mar. Suas velas estav

çadas e seus grandes canhões estavam prontos para a ação. Uma prepoderosa, com certeza, uma que poderia permitir que eles atacassem

quase qualquer coisa nas Índias Ocidentais, mas não uma fácil de

conquistar. Bellamy consultou La Buse e seus homens e resolveu

arriscar um ataque ousado.

Bellamy e La Buse estavam perdendo em número de canhões d

dois por um, então eles tinham que contar em manobrar seu podero

oponente. Eles não foram capazes de fazê-lo, infelizmente. O navi

francês soltou uma salva de artilharia contra o Marianne, com as ba

e canhão rasgando suas plataformas e mandando estilhaços em toda

ireções. Depois de uma hora de batalha, Bellamy suspendeu o ataq

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Um de seus homens estava morto e três estavam gravemente feridos.

navio francês prosseguiu seu caminho.

Eles passaram outubro e novembro rondando as Ilhas Virgens

então um arquipélago esparsamente povoado, disputado por quatro

nações. Quinhentos colonos dinamarqueses viviam em St. Thomasupervisionando o trabalho de mais de três mil escravos africanos; vá

centenas de ingleses viviam em Tortuga, a parte mais ocidental da

olônia britânica espalhada nas Ilhas de Sotavento, que se estendia p

quatrocentos e oitenta quilômetros das Antilhas às ilhas Antígua e

Névis. Ambos, dinamarqueses e ingleses, reivindicavam a desabitadilha St. John, franceses e dinamarqueses discutiam por causa de St

Croix, enquanto os espanhóis detinham várias outras ilhas. Com tan

nações rivais disputando uma área tão pequena, as Ilhas Virgens

roporcionavam condições ideais para rápidas incursões de ataque co

as de Bellamy e La Buse. Eles poderiam roubar um navio mercantefugir “pela fronteira”, se um navio de guerra ou embarcação da guar

osteira tentasse persegui-los. Os butins acabaram sendo pequenos, m

eles se mantiveram com comida e bebida, atacando uma variedade d

navios de pesca infelizes e um navio de carga francês transportand

arinha e bacalhau. Em pelo menos uma ocasião, eles forçaram home

solteiros a se juntar a eles, mas deixaram os homens casados livres

sabendo que seus laços familiares faziam com que fosse muito mai

difícil moldá-los em bandidos comprometidos.

 Na manhã do dia 9 de novembro, enquanto os piratas cruzavam

rga passagem entre St. Thomas e St. Croix, o sol nascente revelou u

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orveta se aproximando do oeste. Ainda era manhã, o vento mal enc

uas velas, mas ela estava atrás deles. Bellamy e La Buse eram capaz

de se apossar do navio, um navio mercante drapejando as cores

 britânicas.

Bellamy ordenou ao seu canhoneiro que disparasse um canhãsobre a proa do veleiro, enquanto La Buse tinha uma grande bandei

egra “com uma cabeça e os ossos cruzados da morte” hasteada no to

do mastro do Postillion.

O capitão do saveiro, Abijah Savage, viu que não havia nenhu

sentido em resistir. Cada um dos saveiros piratas tinha oito canhões

entre oitenta e noventa homens. O navio de Savage, o Bonetta, esta

desarmado e lotado com passageiros que viajavam da Jamaica para s

ha natal de Antígua, a capital das Ilhas de Sotavento britânicas. Ha

um menino temperamental de nove ou dez anos de idade viajando co

ua mãe, um fazendeiro antiguano indo para casa na companhia de senino índio escravo, um negro ou dois, e alguns ajudantes contratad

não eram páreo para os saveiros que se aproximavam, seus convese

cheios de homens armados e com aspecto selvagem. Savage fez o qu

praticamente todo comandante fazia quando confrontado por pirata

em organizados. Recolheu sua bandeira e virou o navio contra o vendeixando suas velas esvoaçando inutilmente, como roupa pendurad

 para secar – o sinal marítimo universal de capitulação. O Bonetta

derivou até parar, balançando suavemente nas ondas. Savage e seu

homens içaram um barco pela lateral, entraram nele e remaram até

 Marianne para ver o que seus captores queriam deles.

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Em assembleia, os piratas decidiram deter o Bonetta e tudo ma

naquele momento. Não demoraria muito para que os saveiros

precisassem ser limpos novamente, e eles precisariam de um navio

sobra para apoiá-los na querenagem. Savage e seus homens ficaram

onfinados a bordo do Marianne enquanto os piratas tomaram posse

ua embarcação e seguiram caminho para a nada deserta ilha St. Cro

Savage e sua tripulação permaneceram presos por quinze dias, qua

todos passados ancorados no porto de St. Croix. Durante esse temp

conforme Savage relatou mais tarde, Bellamy e La Buse estavam

preocupados principalmente em trocar seus saveiros por um navio c

capacidade para entrar em combate, o que, com sorte, eles acreditavue “deveriam ser capazes de conquistar e fazer uma viagem”. Enqua

os piratas limpavam os cascos de suas embarcações, três dos homen

prisionados fugiram para a folhagem densa que circundava o porto.

piratas recapturaram um dos fugitivos, o sueco Peter Hoff, a quem e

“severamente chicotearam” pela infração.

Com os saveiros limpos, Bellamy informou a Savage que ele, s

homens e sua carga estavam livres para partir. Os piratas, que uma

testemunha disse que “fingiam ser os homens de Robbin Hood”,

também tinham uma inclinação por roupas caras e pegaram as roup

dos passageiros ricos. Eles também apreenderam o escravo negro e

menino índio pertencentes ao fazendeiro antiguano, mas estavam

dispostos a liberar o restante dos passageiros e tripulantes. Porém, u

os passageiros de Savage, a criança de nove ou dez anos de idade Jo

ing, implorou para os piratas levá-lo com eles. Quando sua mãe ten

mpedi-lo, King a ameaçou com violência e, segundo Savage, “declar

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ue se mataria se fosse impedido” de se juntar à tripulação de Bellam

Os piratas devem ter se divertido com o menino, vestido com meias

seda e sapatos de couro fino, e o levaram a bordo do Marianne. Hav

ma abundância de meninos de dez anos de idade em navios da mari

navios mercantes, e agora eles próprios tinham dois. Para o horror

Sra. King, seu filho fez um juramento de lealdade para com os pirat

 prometendo não roubar sequer uma única peça de oito do bando,

navegou com seus novos companheiros.

Bellamy estava bem ciente de que uma vez que o capitão Savag

chegasse a Antígua, o alarme iria se espalhar através das Ilhas deSotavento. Os piratas precisavam ficar à frente de seus ex-prisioneir

navegando rapidamente pela corrente com destino ao Continente

Espanhol. De St. Croix, eles seguiram para Saba, uma ilha holande

alta e irregular, cento e vinte quilômetros mais ao leste, com os olho

abertos em busca de um navio de combate adequado.Eles não esperaram muito. No dia seguinte, com Saba aparecen

o nordeste, eles avistaram e alcançaram um navio mercante armado

Sultana, um galeão britânico com mareagem de navio e vinte e sei

anhões, era uma embarcação formidável, mas consideravelmente me

do que o navio francês de quarenta canhões que eles tinham tentadomar várias semanas antes. Bellamy e La Buse içaram as bandeiras

caveira e ossos cruzados, confiantes de que desta vez eles tinham

encontrado um adversário com o qual eles poderiam lidar. Mal sabia

eles como a batalha seria fácil! O capitão do Sultana, John Richard

stava em sua cabine, sofrendo com os ferimentos que tinha recebido

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início da viagem e inteiramente incapaz de organizar a sua defesa.

Marianne e o Postillion rapidamente o alcançaram. O Sultana nun

chegaria à baía de Campeche para pegar uma carga de lenha, como

 planejado. Em vez disso, ele se tornaria um navio pirata.

Com a aprovação da tripulação, Bellamy assumiu o comando dSultana. O navio representava um aumento significativo no poder d

ratas. Como um galeão, ele havia sido construído para ter velocidad

manobrabilidade, com plataformas de acesso e um casco liso e estrei

O Sultana não era tão grande quanto Bellamy gostaria, mas era um

xcelente trampolim, uma ferramenta que iria ajudá-lo a conseguir ufragata adequada. O prestígio de Bellamy entre a tripulação era tão

grande que eles selecionaram seu amigo e confidente, Paulsgrave

Williams, para assumir o comando do Marianne. O ourives e o men

de fazenda agora estavam no nível de causar sérios prejuízos aos

comerciantes do Atlântico.Poucas horas depois, os piratas capturaram um segundo navio,

navio mercante desajeitado sob o comando de um capitão chamado

Tosor, que estava navegando para Campeche sob a proteção das arm

do Sultana. A embarcação de Tosor foi saqueada e, como os pirata

estavam sentindo cada vez mais a falta de mão de obra, vários de sehomens foram forçados ao serviço.

O próprio Tosor foi libertado para seguir sua rota para Campec

em seu navio. Um dos tripulantes de Bellamy, Simon Van Vorst, u

holandês de vinte e quatro anos de idade nascido na ex-cidade

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olandesa de Nova York, mais tarde se lembrou de ter visto muitos d

orçados “chorar e expressar sua dor” por causa de seu destino. Mais

que alguns mudariam de ideia ao perceberem o tesouro que se

acumularia ao longo dos próximos meses.

A esquadra de três navios continuou ao longo das Ilhas de

Sotavento, passando os postos britânicos em São Cristóvão, Névis

Montserrat. Desejando evitar confusão com a Marinha Real, eles

fizeram um grande desvio em Antígua. Não precisavam ter se

 preocupado. Naquela época, não havia um único navio de guerra britânico entre a Jamaica e Barbados.

Em Antígua, o governador das Ilhas de Sotavento britânicas,

Walter Hamilton1, com a chegada do capitão Savage, tinha sido

informado da presença dos piratas, mas não tinha meios para revidaNaquele momento, um saveiro mercante estava correndo para Barbad

com uma mensagem urgente para seu colega de lá, pedindo que ele

espachasse seu navio de guarda, o HMS Scarborough, para protege

transporte inglês da “bicharada de piratas”. Mas a distância até

Barbados era de quatrocentos quilômetros, e se seu pedido fosse

atendido, Hamilton sabia que demoraria três semanas até que a ajud

 pudesse chegar à sua colônia afastada e mal defendida.

 Na segunda semana de dezembro, os piratas capturaram um par

embarcações mercantes dentro da área de visão da ilha francesa de

Guadalupe, que eles saquearam à procura de alimentos e outras

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necessidades. Em seguida, voltaram-se ao Sudoeste, deixando as

Pequenas Antilhas e seus governadores irritados desaparecerem

entamente atrás do horizonte. Bellamy sabia que era hora de encont

um refúgio para revisar seu navio mais importante, seu novo navio

rincipal, e se preparar para coisas maiores. Eles navegaram para águ

spanholas, até a remota ilha La Blanquilla, onde poderiam realizar tarefas sem perturbação.

Em 19 de dezembro, a quarenta quilômetros de La Blanquilla

fizeram outra captura, cercando o St. Michael , um navio mercante

britânico de longo curso vindo de Bristol para a Jamaica. O capitãames Williams estava transportando uma carga de mantimentos que

tinha embarcado em Cork três meses antes: barris de farinha, grãos

carne de porco salgada e a carne curada tão valorizada pelo povo d

ingston e Port Royal. O St. Michael  estava armado apenas levemen

a resistência era inútil. Os homens do Marianne e do Postillionassumiram o controle do navio e definiram um caminho para La

Blanquilla.

La Blanquilla, “a branca”, ficava a cento e sessenta quilômetros

osta do que hoje é a Venezuela, uma ilha baixa, de calcário, cercada

raias de areia branca largas e suavemente inclinadas. Uma área afastsolitária, La Blanquilla há muito era a parada de descanso favorita

marinheiros. Suas praias eram perfeitas para querenar, e os únicos

habitantes eram papagaios e atobás. Os piratas permaneceram na ilh

 por pelo menos duas semanas, até o Natal e o Ano Novo, período

durante o qual eles converteram o Sultana num navio de guerra e

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adicionaram quatro dos canhões do St. Michael  ao Marianne.

Pretendiam libertar o capitão Williams e o St. Michael , mas forçara

catorze de seus homens a ajudar a tripular o Sultana. Bellamy deve

se preocupado com a manutenção de seu novo navio principal, poi

uatro dos homens recrutados eram carpinteiros. Muitos desses hom

ficaram horrorizados e imploraram aos piratas para os deixarem noMichael . Um deles, Tom South, ouviu da tripulação do navio que el

“prometiam que iriam matá-lo antes de libertá-lo”; quando South

sistiu, Bellamy ameaçou abandoná-lo numa ilha deserta para morre

de ou fome. A outro carpinteiro, Owen Williams, foi prometido qu

ele viesse em silêncio e ajudasse os piratas com os reparos em cursles iriam libertá-lo na próxima captura que fizessem. Silenciosamen

ou não, os homens forçados viram, pesarosos, o St. Michael  levant

âncora e continuar sua rota para a Jamaica. Pouco depois, o Postilli

também levantou âncora. Os homens de Olivier La Buse tinham

decidido pegar sua quota do saque e ir embora por conta própria. Elsaíram em bons termos com seus irmãos ingleses, mas não devem te

ficado interessados no grande plano de Bellamy: capturar um navi

ainda maior e fazer um navio de guerra capaz de destruir o HMS

Scarborough ou qualquer outro navio de guerra britânico servindo n

Índias Ocidentais.

Bellamy e Williams pensavam que as coisas podiam ter esfriad

uficiente para que eles voltassem até as Ilhas de Sotavento. Eles far

seu caminho de volta pela passagem de Windward, prontos para

interceptar qualquer navio que cruzasse seu caminho. Então, talvez

chegaria a hora de voltar para as Bahamas. Eles forçaram os novos

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omens tirados do St. Michael  a fazerem o juramento, lendo as regra

navio e fazendo-os prometer não roubar o saque comunitário, que e

mantido num grande depósito a bordo do Sultana, cuidadosament

gistrado pelo intendente recém-eleito de Bellamy, Richard Noland.

prisioneiros relataram mais tarde que Noland declarou que “se algu

quisesse dinheiro, podia tê-lo”. Ele marcava as retiradas num livrocaixa, deduzindo-as da quota do interessado no saque, como se el

stivesse fazendo uma espécie de cooperativa de crédito pirata. Com

novos homens jurados, os dois navios piratas começaram a seguir d

volta para as Ilhas Virgens.

O clima, até então, tinha sido consistente: os ventos soprando

onstantemente do nordeste e leste-nordeste, às vezes trazendo porç

e nuvens de chuva, um banho de água doce bem-vindo para resfriar

corpos dos homens e lavar dias de sal e sujeira acumulados. Mas, n

final de janeiro, os ventos começaram a acelerar, esculpindo cristaespumosas, brancas e raivosas na superfície do mar, que encapelou

ondas altas2. A temporada de furacões tinha acabado, mas a ventan

estava se tornando perigosa. Os piratas decidiram não arriscar e

buscaram abrigo no porto mais próximo, que acabou sendo um lug

amiliar: St. Croix, a ilha desabitada onde eles tinham passado a ma

 parte de novembro. Mas havia uma surpresa esperando por eles ali

O ancoradouro deserto estava cheio de detritos de batalha. No

ecifes que guardavam a entrada do porto, as ondas golpeavam os res

de um navio que aparentemente tinha queimado na linha de flutuaçã

Outra grande corveta estava semissubmersa dentro do porto, seu cas

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erfurado com feridas de balas de canhões de dois e três quilos. Qua

Sultana se aproximava, Bellamy pôde ver que alguém tinha tirado

mastro, gurupés, âncoras, carga e mareagem. Uma pequena bateria d

eças de artilharia havia sido montada por trás de muralhas de barro

 praia, mas tinha sido claramente bombardeada do mar.

Bellamy não teve que esperar muito tempo para descobrir o qu

tinha acontecido. Homens esfarrapados se arrastaram para fora da

floresta e começaram a acenar e chamar por eles da praia. Alguns era

brancos, alguns negros e outros no meio termo, mas todos pareciam

cansados e com fome. Esses homens eram também piratas, os cerca em sobreviventes de uma pequena frota de seis navios comandada p

hn Martel, outro corsário jamaicano que virou pirata. Como Bellam

Williams, o bando de Martel tinha saqueado as Antilhas durante mes

capturando navios e corvetas de todos os tipos, e tinha vindo para S

Croix no início de janeiro para limpar seus navios. Infelizmente pales, em 16 de janeiro, o HMS Scarborough3 ancorou na foz do port

começou a bombardear as embarcações com seus canhões. Os pirat

revidaram com a artilharia de quatro canhões que tinham montado n

raia, mas os canhões do Scarborough logo os tiraram de ação. Por

curto período de tempo, os piratas pensaram que poderiam ser 

poupados: a fragata de quinta classe era muito grande para entrar n

orto e se retirou. Os piratas se amontoaram a bordo do navio princi

e Martel, o galeão de vinte e dois canhões John & Marshall , para fu

mas acabaram encalhando no recife. Vendo o Scarborough voltando

direção a eles, Martel ordenou que os homens abandonassem e

ncendiassem o galeão, que carregava quarenta escravos negros que

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iratas haviam tomado algumas semanas antes. Vinte escravos morre

ueimados, provavelmente porque ainda estavam acorrentados no po

Martel e dezenove dos piratas fugiram num pequeno saveiro captura

ntes que o Scarborough chegasse, mas os outros cerca de cem pirat

escravos foram deixados para se esconder na mata. Os marinheiros

fuzileiros navais do Scarborough recapturaram oito dos escravos esaquearam a carga e bens de valor dos saveiros antes da partir com

resto de seu butim.

Os piratas de Martel ficaram extremamente felizes em ver os

homens de Bellamy, sabendo que era apenas uma questão de tempantes que as autoridades voltassem para caçá-los. Os sentimentos d

mais ou menos vinte negros no grupo de Martel é mais difícil de

determinar. O fato de terem sobrevivido sugere que eles não estavam

acorrentados no porão do John & Marshall  e, portanto, não eram

considerados carga. Quando Martel capturou o navio negreiroGreyhound Galley, pode ser que cerca de vinte ou mais homens de s

tripulação fossem de ascendência africana. Não era incomum para o

egreiros empregar marinheiros negros em sua tripulação. Esses hom

eram geralmente nascidos nas Índias Ocidentais, alguns filhos de

africanos que haviam sido libertados por seus senhores. Eram mai

sistentes às doenças tropicais mortais da África Ocidental e das Índ

Ocidentais do que os marinheiros britânicos, e como eles (ou seus

donos) provavelmente recebiam menos, eram mercenários atrativos.

 piratas daquela época eram conhecidos por muitas vezes libertar o

africanos que encontravam a bordo de navios negreiros, sabendo qu

les eram lutadores ferozes e comprometidos; outros os tratavam com

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arga e os vendiam como tal. O bando de Martel pode ter feito ambo

ipulação e os serviçais das Índias Ocidentais que falavam inglês for

onvidados a se juntar ao bando de piratas, enquanto os assustados q

lavam akan e igbo permaneceram no porão. Seja qual for a posição

vinte negros que sobreviveram, Bellamy e Williams parecem tê-lo

ecebido a bordo como membros iguais de seu bando, juntamente cos oitenta ou noventa piratas brancos que os saudaram naquela praia

St. Croix.

A escassez de mão de obra de Bellamy tinha sido resolvida com

tomada de um só saveiro. Mas o recrutamento repentino de cerca dcento e trinta homens deixou os membros veteranos da tripulação u

ouco incomodados. Os oitenta piratas originais de Bellamy e Willia

ue tinham aprendido a confiar uns nos outros durante as aventuras

últimos seis meses, agora tinham sido superados por estranhos, num

proporção quase de dois por um, incluindo homens recrutados à forSerá que esses novos homens podiam ser de confiança no calor da

batalha, ou será que eles iriam aproveitar a primeira oportunidade p

ugir com o tesouro do bando, como o próprio Bellamy tinha feito c

Henry Jennings no ano anterior? Apenas o tempo diria.

Temendo o retorno do Scarborough, os piratas resolveram deixSt. Croix o mais rápido possível. Eles precisavam de um novo refúg

para enfrentar a tempestade. A solução de Bellamy era particularmen

audaciosa e sugestiva da crescente força e confiança de seu

mpreendimento. Em vez de se esconder em alguma ilha desabitada,

piratas seguiram diretamente para o principal posto avançado britân

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ara colonizar nem para ter qualquer despesa com ela”. Ainda assim

 piratas deve ter se divertido com a mudança nas circunstâncias,

dominando um dos bens de Sua Majestade como se fosse deles

róprios. Alguns dos colonos menos respeitáveis ficaram felizes em

s piratas e supostamente “os mimaram e lhes deram dinheiro”. Algu

podem até ter se juntado ao bando de Bellamy, com suas perspectivomo serviçais em terra parecendo menos atraentes em comparação. M

enquanto alguns dos colonos se engraçavam para o lado dos pirata

ários dos tripulantes forçados de Bellamy pularam para fora do bar

implorando ao vice-governador Hornby que os abrigasse. Hornby

oncordou, mas voltou atrás em sua promessa quando Bellamy manddizer “que eles iriam queimar e destruir a cidade” se os desertores n

fossem devolvidos. Hornby obedeceu e os piratas deixaram Spanis

Town com mais homens do que tinham quando chegaram.

Bem alimentados, descansados e com seus números reforçadosratas estavam prontos para enfrentar o Scarborough ou qualquer ou

avio com o qual se deparassem. Eles conversaram entre si e decidir

que a passagem de Windward provavelmente seria o melhor lugar pa

emboscar um navio de grande porte com capacidade para combate

ellamy e Williams estavam voltando para onde haviam iniciado, só

com cerca de três vezes mais homens e poder de fogo. A cada mês q

assava, mais e mais pessoas menos “respeitáveis” pareciam disposta

 participar de seu bando: marinheiros, escravos e servos. Bellamy e

Williams tinham começado como ladrões, mas estavam se descobrin

deres de uma revolução nascente. O que eles realmente precisavam

de um navio propriamente adequado.

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 Naquele exato momento, no porto de Port Royal, o navio merca

armado Whydah estava se preparando para partir para Londres. O

Whydah tinha tudo o que um pirata podia querer. Ele era poderoso

inha dezoito canhões de três quilos montados, e espaço para mais dm tempos de guerra. E era rápido: um navio construído como galeão

três mastros, capaz de atingir uma velocidade de até vinte e quatro

quilômetros por hora, perfeito para o transporte de escravos pelo

Atlântico. Seu casco de trezentos litros era capaz de transportar ent

quinhentos e setecentos escravos ou um grande estoque de tesouro

aqueados. Ele representava um dos mais avançados sistemas bélicos

eu tempo, o tipo de tecnologia que podia ser extremamente perigosa

caísse em mãos erradas.

O capitão do Whydah, Lawrence Prince, estava ansioso para che

m casa. Ele tinha estado no mar durante a maior parte do ano, primeiajando de Londres para a Costa de Escravos do Golfo da Guiné, on

onseguiu comprar centenas de escravos a preço de pechincha, pagan

“trinta barras de ferro” cada mulher adulta. Prince tinha atravessado

Atlântico para a Jamaica, vendendo seus escravos nas docas de

Kingston. A tripulação estava carregando para bordo do Whydah o qhaviam arrecadado com a venda dos escravos: açúcar da Jamaica,

corantes índigos e baús de prata e ouro. Com sorte, o capitão Prince

sua tripulação de cinquenta homens estariam de volta em Londres n

início de junho, completando o “comércio triangular” lucrativo, qu

podia converter uma carga de ferro e contas coloridas em montes d

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ouro.

O Whydah levantou âncora na última semana de fevereiro e

omeçou o que o capitão Prince sabia que seria a parte mais perigosa

sua jornada. Antes de chegar ao Atlântico aberto, o navio teria que

enfrentar um corredor de redutos de piratas: Cuba oriental, Sãoomingos e o mais famoso, as Bahamas. Mas Prince se sentia confia

u navio rápido e poderoso podia ganhar de alguns saveiros piratas.

nha navegado o Whydah por essas águas antes, em 1714, e nenhum

guarda-costas, corsários franceses ou bandidos em piráguas das

Bahamas tinham ousado desafiá-lo.

O primeiro sinal de perigo surgiu depois de apenas alguns dias

iagem, enquanto o Whydah fazia sua rota entre Cuba e São Doming

Um vigia percebeu que um par de embarcações os estava seguindo

através da passagem de Windward e parecia estar se aproximando

Quando Prince examinou as embarcações – um navio de guerra detamanho médio e um saveiro de guerra –, ele pode ter pensado que

Marinha Real estava se aproximando. Eles levavam a bandeira com

insígnia da Union Jack 4 e pareciam do tamanho certo para serem o

 Adventure e o Swift , os navios da Sua Majestade estacionados na

amaica. O navio de guerra era, em todo caso, muito grande para ser avio pirata. Mas à medida que o dia passava, Prince ficou preocupa

O casco do navio maior era um galeão, não uma fragata, o que

escartava o HMS Adventure. Tanto o galeão quanto o saveiro parec

er homens demais no convés para serem inocentes navios mercantes

s velas do saveiro estavam cobertas de remendos, como se não tives

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visto um estaleiro próprio em um ano ou mais. O mais preocupante e

que eles continuaram seguindo um curso de interceptação e estavam

aproximando. Prince ordenou mais vela e colocou a tripulação em

estado de alerta. A perseguição começou.

Ela durou três dias. Quando o Whydah finalmente entrou noalcance dos canhões do Sultana e do Marianne, os navios estavam

metade do caminho para as Bahamas, perto de Long Island e a cerca

quatrocentos e oitenta quilômetros de onde eles haviam começado

O Whydah, testando seu alcance, disparou um par de tiros no

Marianne com um pequeno canhão de perseguição montado na pop

eles espirraram na água do mar morno. Uma luta sangrenta parecia

iminente.

Bellamy avaliou a situação. Ele sentia confiança de que ele e

Williams podiam tomar o navio maior, mas uma batalha prolongadcausaria um dano extenso a todos os três navios, dano que os pirata

 podiam não ser capaz de reparar facilmente. Eles tentariam

 primeiramente a guerra psicológica. Ele, Williams e todos os seus

homens colocaram todos os seus mosquetes, espadas e lanças de ca

longo em ampla exposição. Alguns seguravam granadas artesanaissferas de ferro cheias de pólvora e com um pavio. Muitos deles usav

oupas finas roubadas dos capitães e passageiros ricos que eles tinh

aqueado – coletes, abotoaduras, colares, chapéus elaborados de sed

feltro, talvez até uma peruca ou duas. Nesses homens de aparência

elvagem e áspera, tudo isso só podia ser interpretado como troféus

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guerra. Particularmente aterrorizante para o capitão Prince e sua

tripulação negreira eram os vinte e cinco homens negros espalhado

entre os piratas, suas mãos livres segurando espadas e machados.

Prince se rendeu, tendo disparado apenas dois tiros. Os piratas

espalharam pelo Whydah, algazarrando e gritando em triunfo. “BlacSam” Bellamy tinha adquirido um navio digno de Henry Avery. O

menino pobre da região oeste era agora um próprio rei pirata.

Enquanto Bellamy estava formando sua frota pirata, HornigoldThatch estavam supervisionando o desenvolvimento da base dos pira

nas Bahamas. Eles continuaram atacando a navegação no estreito d

Flórida, empilhando os destroços de seus navios capturados nas pra

do porto de Nassau. Mas entre as viagens, Hornigold continuou a ag

como o líder da Gangue Voadora. Ele e seu tenente organizaram atransferência de canhões para as muralhas em ruínas do Forte Nass

ara ajudar a repelir um ataque espanhol ou inglês. No outono de 17

m dos bandos de piratas capturou um grande navio espanhol de Cád

trouxe para Nassau. Esse navio espanhol, grande e desajeitado dem

 para se tornar um navio pirata, normalmente teria sido encalhado

queimado na costa da ilha Hog. Mas Hornigold percebeu que o nav

poderia cobrir uma brecha nas defesas do porto. Os piratas o armara

com trinta e dois canhões retirados de vários navios capturados e, e

meados do final do inverno, ele estava de sentinela perto da entrada

orto, uma plataforma de canhões flutuante capaz de expulsar visitan

indesejados. Tais precauções funcionaram. Quando um grupo de

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omerciantes preocupados mandaram um par de navios de Londres p

ver “qual seria a melhor forma de desalojar os piratas”, os piratas

capturaram um e mandaram o segundo de volta para a Inglaterra.

A notícia da república pirata se espalhou por todo o hemisféri

ocidental. Pessoas descontentes continuaram afluindo para Nassauindas de outras colônias, e nem todos eram marinheiros. Numa colô

de plantation, como era o sistema econômico na Jamaica, Barbado

Carolina do Sul e Virgínia, havia pouco espaço para pequenos

gricultores e nenhuma possibilidade para as centenas de pessoas pob

ganharem a vida quando terminassem seus termos de servidão. Mas Bahamas nunca tinham sido uma colônia de plantation, por isso hav

muita terra barata disponível. Mesmo antes de os piratas tomarem

ontrole, negros e mulatos tinha aproveitado uma liberdade considerá

nas Bahamas: muitas mulheres se casaram com colonos brancos,

incluindo altos oficiais como Thomas Walker. Sob o controle dospiratas, Nova Providência se tornou um santuário, tanto para escrav

ugidos como para mulatos livres, enquanto outros se mudaram para

fim de se juntar às tripulações piratas, aos mercadores, comerciante

agricultores que os apoiaram. A presença desse estado estava

desestabilizando as sociedades escravistas em torno dele. Os “home

egros ficaram tão descarados e insultuosos ultimamente que nós tem

razões para desconfiar que eles poderão se revoltar contra nós”, o

governador das Bermudas relatou. “Nós não podemos ficar na

dependência da ajuda deles, pelo contrário, às vezes chegamos a tem

sua união com os piratas”.

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Entre os novos moradores estava Henry Jennings, capitão do

 Barsheba. Ele podia já ter tido pretensões de ser melhor do que o

piratas, mas agora ele próprio era um homem procurado. As relaçõe

entre Jennings e Hornigold permaneciam tensas, mas havia espaço

suficiente para os dois naquele território pirata heterogêneo. Jennin

anhou o respeito dos outros piratas porque era muito bom no que fa

gualmente capaz de capturar navios franceses ou de liderar ataques

lantações espanholas. Até o final do inverno, ele foi reconhecido co

um dos maiores piratas de Nassau, com cem homens sob seu coman

Mas em um aspecto Jennings continuou a se diferenciar do resto do

iratas. Ele ainda se recusava a atacar navios ingleses. Numa viagemCuba, Jennings deteve um navio inglês, o Hamilton Galley da Jamai

as apenas porque era um caso de necessidade extrema: a dias do po

seus homens ficaram sem bebida. Sua tripulação embarcou no navio

apreendeu vinte litros de rum, deixando o resto da sua carga intact

Jennings tratou o capitão “civilmente e disse-lhe que eles não feriahomem ingleses”, e, na despedida, deu-lhe objetos que valiam muit

mais do que o próprio rum.

À medida que os bandidos chegavam, os residentes de longa d

de Nassau fugiam “para se proteger dos piratas”. Alguns foram par

Ábaco, a noventa e seis quilômetros a nordeste, onde Thomas Walke

sua família tinham se reassentado junto com várias outras famílias d

Nova Providência que procuraram escapar “da grosseria dos piratas

Outros se mudaram para as ilhas Harbour e Eleutéria, em parte porq

era muito fácil chegar lá. Os Thompsons, Cockrams e outros

omerciantes tinham barcos velejando para lá e para cá entre Nassau

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ilha Harbour para trazer mantimentos e provisões para os piratas. P

algum tempo eles trouxeram mantimentos e encomendas especiais d

Charleston e da Jamaica com seus próprios saveiros, mas, no final d

inverno de 1717, começaram a comprar mercadorias de comerciante

independentes que vinham de longe, como Boston, para manter os

armazéns da ilha de Harbour abastecidos com mantimentos suficien

para manter em operação a frota pirata, que estava se expandindo.

omércio era tão vital para os piratas que eles destacaram uma força

inquenta homens para fazer parte do quadro de pessoal que guardav

entrada do ancoradouro da ilha Harbour.

Um dia, no outono de 1716, o bando de Hornigold capturou u

aveiro de cerca de vinte ou trinta toneladas. Normalmente eles levav

uas capturas de volta para Nassau para saquear a carga, queimar o na

recrutar o máximo possível de homens da tripulação. Mas esse save

era veloz, manobrável e capaz de carregar meia dúzia de canhões: uxcelente navio pirata. Hornigold convocou um conselho e sugeriu q

eles mantivessem o saveiro e colocassem-no sob o comando de um

seus membros mais respeitados e confiáveis: Edward Thatch. A

ripulação concordou. Thatch, o tenente leal do fundador da repúbli

 pirata, finalmente tinha seu próprio navio pirata.

Foi nessa época que Thatch começou a chamar a si mesmo de

Barba Negra. Em seus anos de pirataria, ele havia deixado a barba

rescer, resultando em uma aparência temível. “A barba era negra, ba

essa que ele sofreu para deixar crescer até alcançar um compriment

extravagante”, um historiador do início do século XVIII escreveu

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Quanto à extensão, ela ia até seus olhos” e “como um meteoro terrív

cobria seu rosto inteiro e assustava a América mais do que qualque

outro cometa que tinha aparecido durante muito tempo.” Ele a prend

m muitas tranças pequenas, cada uma amarrada com um pequeno la

lgumas das quais ele colocava atrás das orelhas. Esse arranjo incom

chocava observadores da época por assemelhar-se às tranças quedesciam das perucas cheias de pó dos soldados da infantaria britânic

alguns historiadores do final do século XX acham que isso pode se

uma indicação de que o próprio Barba Negra era um mulato de pel

lara, com cabelos crespos herdados de seus antepassados africanos.

palavra thatch, segundo o falecido historiador Hugo Prosper Leaminargumentava, era uma gíria para “cabelo duro”.) De qualquer manei

eram os olhos “ferozes e selvagens” de Thatch, não a sua barba, o q

impunha respeito em seus homens e medo no coração de seus

oponentes.

Quando março de 1717 chegou, Barba Negra tinha uma tripulaç

e setenta homens a bordo de seu saveiro de seis canhões, tornando-

uarto pirata mais poderoso de Nassau, depois de Hornigold, Jenning

um capitão de saveiro chamado Josiah Burgess. Em pouco tempo, e

seria o mais poderoso pirata do Atlântico.

Ele continuou a realizar operações conjuntas com Hornigold

urante todo o inverno e na primavera. Seu preceptor foi humilhado p

eserção de Bellamy e a venda forçada do Benjamin. Por alguns mes

seus homens foram apaziguados por pequenos furtos: um saveiro d

omércio aqui, alguns barris de rum lá; mas Hornigold precisava de o

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prata para manter a fidelidade de seus homens, dos comerciantes q

ompravam seus bens e da multidão rude e desordeira de Nassau. Ha

inúmeros piratas em ascensão operando a partir de Nassau. Burges

recém-chegado à ilha, já tinha um saveiro de oito canhões e uma

tripulação de oitenta homens. E havia o prodígio de Jennings, o

impulsivo Charles Vane, que gostava de aterrorizar tanto os colonoelhos quanto os armazéns de cerveja. Se Hornigold quisesse manter

osição, ele precisava de um grande resultado. Barba Negra, sempre l

concordou em navegar com ele. No início de março, os dois saveiro

levantaram âncora e navegaram em direção ao sul para as rotas de

navegação.

Algum tempo depois de deixar Nassau, um dos tripulantes de

Hornigold, um mulato livre, ficou gravemente doente. O homem

precisava de cuidados médicos, mas não havia um único médico o

rurgião entre os cento e oitenta piratas. Quando passavam pelo estrda Flórida, Hornigold e Barba Negra pararam embarcações de todos

tipos à procura de um médico. Em meados de março, eles finalmen

ncontraram seu homem, a bordo de um navio jamaicano que contorn

extremo sul da Flórida. John Howell, uma alma gentil com um tale

para as artes da cura, implorou aos homens da tripulação de embarq

de Hornigold que o libertassem. Os piratas se recusaram: um bom

médico era difícil de encontrar e muitos homens de sua tripulação

tinham sofrido desnecessariamente de dores de dente, infecções e

doenças venéreas. Antes que os piratas o arrastassem para seu barc

Howell implorou que o seu capitão, Benjamin Blake, “lhe fizesse

ustiça, declarando aos seus amigos e ao mundo a maneira pela qual

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i forçado”. Howell estava abatido quando subiu a bordo do Advent

mas ele tratou o marinheiro mulato sem hesitação. Embora o homem

estivesse muito doente, o tratamento de Howell funcionou

maravilhosamente; dentro de alguns dias, ele estava de pé novament

Hornigold ficou muito feliz e insistiu em dar ao cirurgião infeliz algu

otões de prata quebrados como recompensa. Howell, não querendonvolver em crimes, mais tarde passou os botões para outro homem.

uma jogada que um dia ajudaria a salvar sua vida.

Os piratas continuaram em direção ao sul, passando Havana

ontornando o extremo leste de Cuba e seguindo ao longo da Costa Mosquito da América Central. No final do mês, chegaram à costa d

Portobello, hoje Panamá, onde comerciantes de todas as nações iam

trocar escravos por ouro e prata espanhola. Em 1º de abril, os pirat

nalmente conseguiram pistas valiosas: o Bonnet  da Jamaica, um gra

saveiro armado, estava indo para casa após as negociações emortobello. Desarmado pelos piratas, o capitão Hickinsbottern entreg

seu comando. Em sua cabine, os piratas encontraram um baú cheio

moedas de ouro. O Bonnet  significaria uma respeitável valorização:

era maior, mais rápido e estava em melhores condições do que o

dventure. Como Hickinsbottern tinha sido inteligente o suficiente p

e render sem luta, eles lhe dariam o Adventure em troca de seu nav

Enquanto os piratas transferiam seus canhões e outros bens para se

novo navio principal, Howell implorou a Hornigold para deixá-lo i

mbora com o Adventure, mas a tripulação se recusou a libertá-lo. Co

um deles disse depois, ele era “rigorosamente valioso demais, sendo

único cirurgião bom do qual Hornigold e tripulação dependiam”.

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A sorte dos piratas continuou em seu retorno para casa. Em 7

abril, no sul da Jamaica, Barba Negra e Hornigold capturaram outr

saveiro lotado de tesouros, o Revenge, o qual eles saquearam e

liberaram. Entre os dois saveiros, os piratas tinham conseguido um

quantia deslumbrante de quatrocentos mil pesos (cem mil libras). Is

ra mais do que Jennings tinha tomado em seu ataque ao acampamen

de resgate espanhol de Palmar de Ayz. Para os membros negros e

mulatos da tripulação, o fato de que grande parte do dinheiro tinha

 pertencido ao maior cartel de escravos da Índia Ocidental britânic

tornava a vitória ainda mais doce. Para Hornigold e Barba Negra, nã

averia mais os receios de um golpe contra eles. A partir de agora, seúnicos desafios sérios viriam de fora das Bahamas.

Woodes Rogers ficou obcecado por piratas. Desde que voltou

Madagascar no verão de 1715, ele não havia pensado em outra coisTinha certeza de que, com uma cuidadosa combinação de punição

incentivo, um ninho de piratas poderia ser reprimido e uma colôni

rodutiva e cumpridora da lei se ergueria em seu lugar. Presumindo

a maioria dos piratas fosse como suas próprias tripulações corsária

eles podiam ocasionalmente fazer algo precipitado como desobedecordens ou tomar o navio do capitão; mas a maioria deles poderia se

trazida de volta ao rebanho com uma oferta de perdão e um gesto d

compreensão. Os piratas de Madagascar lhe pareceram homens

solitários e desamparados, desesperados para voltar para o abraço

maternal da civilização, curvando-se novamente às ordens de seu pa

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de sua Coroa e de seu Deus. Haveria alguns que permaneceriam

mpenitentes, que recusariam uma segunda chance. Tais homens seri

tratados com severidade para servir de exemplo para o resto.

Rogers vivia em Londres, sustentando-se com os rendimentos

seu livro e da expedição de comércio de escravos para as ÍndiasOrientais. Ele ficara assustado com a revolta jacobita contra o rei

eorge em 1715 e fez amizade com alguns dos polêmicos apoiadores

rei. Estes incluíam Richard Steele e Joseph Addison5, amigos de

nfância que tinham fundado o influente Clube Kit-Kat6, um círculo

membros proeminentes do Partido Whig, que apoiava os interesseristocráticos. Steele, um escritor e jornalista irlandês, tinha acabado

ser condecorado pelo rei George, enquanto Addison estava servind

omo secretário de Estado real para o Departamento do Sul, que incl

Índias Ocidentais. Ambos exerciam uma influência considerável e

os principais tomadores de decisões do império e tinham acesso àmelhores áreas da informação e da inteligência. Eles iriam desempen

um papel fundamental para promover os esquemas antipirataria de

Rogers.

Outro dos conhecidos de Rogers era o doutor Hans Sloane, méd

do rei, que foi considerado responsável por manter a rainha Anne viempo suficiente para que os whigs organizassem a sucessão com a c

de Hanover. Sloane também era um naturalista obsessivo, que coleta

spécimes de plantas, animais e formações geológicas de todo o mun

ue enchiam “cada armário e chaminé” de sua imensa casa em Chels

criando o maior repositório de informações sobre história natural d

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rã-Bretanha7. Na primavera de 1716, Rogers enviou uma carta a Slo

explicando que estava “ansioso para dar início a uma colônia em

Madagascar”, e pedindo que Sloane lhe enviasse “as informações q

tinha sobre aquela ilha”.

Rogers também contactou a Society for Promoting ChristianKnowledge [Sociedade para a promoção do conhecimento cristão], u

rganização missionária anglicana famosa por sua extensa produção

panfletos, livros e folhetos religiosos. Com a esperança de reformar

comportamento moral dos piratas, Rogers pediu e recebeu um

carregamento de livros para distribuir entre “os habitantes ingleses Madagascar.” Todos gostariam de saber o que os veteranos da campa

e 1696 de Henry Avery teriam feito com os folhetos cristãos, mas e

cabaram nunca sendo distribuídos. No final de 1716, Addison e Ste

informaram a Rogers que seu plano para Madagascar tinha pouca

sperança de conseguir apoio oficial. Aparentemente, a Companhia Índias Orientais, que detinha o monopólio sobre o comércio britâni

no Oceano Índico, achava que uma colônia real próspera seria um

ameaça maior para os seus interesses comerciais do que alguns pirat

miseráveis escondidos em suas cabanas na selva. Mas Addison tamb

nha boas notícias: havia outro ninho de piratas precisando dos servi

de Rogers, a mil e seiscentos quilômetros de distância da jurisdição

Companhia das Índias Orientais.

Addison e outros funcionários do governo estavam sendo

bombardeados com relatórios alarmantes sobre os piratas das Índia

Ocidentais, que pareciam estar ganhando força num ritmo notável. A

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Bahamas, conforme o governador da Virgínia, Alexander Spotswoo

dvertiu no verão de 1716, tinham se tornado “um ninho de piratas”

iriam “se revelar perigosos para o comércio britânico se não fossem

rapidamente reprimidos”. Em dezembro daquele ano, o governador

amaica informou que os piratas “atacavam mais da metade dos navio

mbarcações” que seguiam para a Jamaica ou São Domingos, minandcomércio de sua colônia. Quando o meio do inverno chegou, até o

capitães de navios de guerra de Sua Majestade temiam por sua

segurança. O capitão do saveiro de guerra de seis canhões Swift  tinh

medo de se aventurar para fora de Port Royal, e o governador das Ilh

e Sotavento, Walter Hamilton, foi forçado a cancelar uma visita ofis Ilhas Virgens na fragata de seis canhões HMS Seaford , com medo

que fossem capturados pelo “navio pirata e saveiro comandado po

Bellamy”8. Na primavera, os principais diplomatas de Londres

nformaram a Addison que os piratas tinham “se tornado tão numero

que infestavam não só os mares perto da Jamaica, mas até aqueles dcontinente do norte”. “A menos que alguma proteção eficaz e imedi

eja enviada”, eles advertiram, “todo o comércio da Grã-Bretanha pa

ssas partes não vai estar apenas obstruído, mas em perigo iminente

ser perdido”. Com o comércio transatlântico do império em jogo, al

precisava ser feito a respeito dos piratas, e Addison conhecia o homcerto para fazê-lo.

Rogers concordou imediatamente. Seus planos para Madagasc

eram facilmente aplicáveis às Bahamas, ele disse a Addison, e com

poio adequado certamente iriam livrar as Américas da pirataria. Rog

imaginou uma parceria público-privada com a qual o governo

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terceirizaria a gestão das Bahamas para uma empresa de investidore

privados. A empresa iria fornecer os soldados, colonos e mantiment

ecessários, além de vários navios de guerra privados e um governad

na pessoa do próprio Rogers. A Coroa contribuiria com um esquadr

de fragatas para apoiar o desembarque inicial e conceder o perdão p

aqueles piratas que aceitassem se render pacificamente ao novogovernador. Com os piratas expulsos, Rogers e seus colegas

nanciadores recuperariam seus investimentos com os lucros da colô

udo o que era preciso era a aprovação da Coroa e o consentimento

enhores proprietários, o círculo de aristocratas que ainda detinham

títulos da colônia.

Rogers passou a maior parte de 1717 reunindo apoio político p

o empreendimento. Ele pediu a ajuda de todos em que pôde pensar

xplorando sua rede de negócios em Bristol, suas relações pessoais

Londres e os contatos de seu falecido sogro dentro do almirantadoFormou uma aliança com o rico comerciante Samuel Buck, agente d

longa data dos senhores proprietários das Bahamas que havia perdi

 pessoalmente mais de duas mil e setecentas libras para os piratas.

Juntos, eles formaram uma sociedade com o nome prolixo de The

Copartners for Carrying on a Trade & Settling the Bahama Islands

[Sócios para realizar comércio e colonizar as ilhas das Bahamas],

angariando outros cinco investidores de toda a Inglaterra. Os dois

homens conseguiram que cento e sessenta e três dos principais

omerciantes de Londres e Bristol assinassem petições ao rei em apo

o empreendimento. “Woodes Rogers”, os peticionários informaram

overno, “é uma pessoa de integridade e capacidade, bem intenciona

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erante o governo de Sua Majestade9, uma pessoa qualificada em tod

os sentidos para tal incumbência”.

Rogers e Buck conseguiram induzir os senhores proprietários

renunciar ao seu direito de governar as Bahamas em favor da Coro

apontando que os piratas representavam uma grave ameaça às suasparticipações mais valiosas na Carolina. Eles também podem ter sid

influenciados pelo engajamento de um comerciante de escravos

conhecido como Rogers, que provavelmente transformaria a colôni

ebelde numa sociedade agrícola adequada, tornando a fuga mais dif

para os escravos da Carolina do Sul. Os donatários manteriam seureitos de propriedade e comerciais nas Bahamas, mas concordaram

rendá-los para Rogers e seus parceiros durante vinte e um anos por

preço simbólico. Enquanto isso, Joseph Addison conduziu a propo

dos Copartners pelos corredores do poder e para a mesa do rei Geor

Em 3 de setembro de 1717, Addison recebeu a resposta do reWoodes Rogers seria nomeado governador e comandante da guarniç

nas Bahamas. Só havia um pequeno problema: se Rogers quisesse

rabalho, ele teria que fazê-lo pro bono10. Não haveria nenhum salár

Ele já tinha comprometido três mil libras – mais do que o seu

atrimônio – à corporação dos Copartners, mas tal era o seu entusiaselo projeto que ele concordou em aceitá-lo sem remuneração. Foi u

decisão que acabaria por levá-lo à falência mais uma vez.

Enquanto a papelada volumosa desses acordos estava sendo

rocessada, Rogers e Buck corriam em Londres, fazendo os preparati

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 para a expedição. O navio de quatrocentas e sessenta toneladas de

Rogers, Delícia, serviria como navio principal, apoiado por um do

avios de Buck, o Samuel, de cento e trinta e cinco toneladas, com s

canhões e vinte e seis homens; e pelo saveiro de guerra de setenta

inco toneladas, Buck , também com seis canhões. Eles contrataram u

empresa independente composta por cem soldados e cento e trintacolonos ingleses, alemães e huguenotes. Milhares de quilos de

mantimentos foram encomendados: madeira para as casas e carros d

canhões; ferramentas para reparar o forte e limpar a terra para a

agricultura; armas, canhões e roupas para os soldados; e bastante sa

ão, farinha e conservas para alimentar as quinhentas e trinta pessoasxpedição por mais de um ano. Grande parte da carga seria transport

por uma quarta embarcação, um robusto navio de trezentas tonelad

chamado Willing Mind , montado com vinte canhões. Antes do fim d

no, Rogers e seus outros cinco sócios já tinham gasto onze mil libr

 No final de outubro, Rogers recebeu a notícia de que os senho

proprietários tinham assinado os papéis renunciando ao governo da

Bahamas. Feliz, Rogers se ofereceu para ele próprio entregar os

documentos no Palácio de St. James, com o que os proprietários

oncordaram. Em 6 de novembro, sua carruagem seguiu o caminho en

s grandes casas de tijolos que revestiam a larga e reta extensão de te

e Pall Mall até a alta torre de guarda estilo Tudor 11 do Palácio Real

uardas o levaram para o primeiro de uma série de pátios interiores. A

no coração do Império Britânico, ele provavelmente foi recebido po

Addison, de longa peruca de cachos castanhos, com um aperto de m

e um sorriso de realização. O trabalho duro estava dando bons fruto

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Em 6 de janeiro de 1718, o rei George publicou o comissioname

e Rogers e as instruções oficiais. “Em razão da grande negligência

proprietários das ilhas das Bahamas”, o rei proclamou, “as referida

has estão sujeitas a serem saqueadas e destruídas por piratas e outro

perigo de serem perdidas por nossa Coroa da Grã-Bretanha. Nós, p

este meio, constituímos e o nomeamos Woodes Rogers para ser nos

capitão geral e governador em chefe.”

Rogers havia realizado seu desejo. Não demoraria muito para q

ele desejasse que o rei tivesse recusado.

 

enhuma relação com o lorde Archibald Hamilton.

econstituição do clima feita com base nos registros do HMS Scarborough, que estava em Barbados e nas Ilhas Virgens d

se período.capitão Francis Hume, do Scarborough, na verdade estava procurando por Bellamy e Williams, atendendo o pedido do gov

Walter Hamilton para eliminá-los das Ilhas de Sotavento.

nion Jack é o nome dado à bandeira nacional do Reino Unido (N.T.).utor da peça “Cato, um Drama”, uma fonte de muitas ideias libertárias.

iz-se que ele inspirou o nome do chocolate “Kit Kat”.

pós sua morte, a coleção de Sloane formaria o núcleo do Museu Britânico.

HMS Swift  era capaz de carregar oitenta homens e até dezoito canhões, a maioria deles de balas de um quilo e meio, mas s

is canhões e quarenta homens na Jamaica. Ele era um saveiro de cento e vinte e oito toneladas construído em 1704. Oeaford  era uma fragata grande, de duzentas e noventa e três toneladas e sexta classe, com trinta e dois canhões de balas duilos e meio.u seja, ele não é um jacobita como o governador Archibald Hamilton era.

Pro bono é uma expressão latina que significa “para o bem do povo”, empregada quando o trabalho é sem remuneração (N.T

Tudor é o nome da antiga família real britânica (N.T.).

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juntamente com vinte libras em prata e ouro, como um gesto de bo

vontade.

Os piratas se ocuparam transferindo a carga e os canhões do

ultana para o Whydah, tentando armazenar o máximo possível de b

valiosos no porão do navio maior. Os itens mais valiosos, prata, ourpedras preciosas, ficaram em uma única pilha de sacos na cabine d

Whydah. Os piratas se gabaram aos presos de que apenas essa pilh

valia entre vinte mil e trinta mil libras. No momento da captura do

Whydah, Bellamy e Williams tinham mais de cento e vinte homens s

seu comando, e cada um deles, desde o menino de nove anos de idaohn King até o afro-indígena John Julian, tinham direito a pelo men

cem libras. Além disso, os porões do Whydah e do Marianne

ansbordavam com marfim, índigo e outros objetos de valor. Não é à

que quando o momento chegou, vários homens de Prince pediram p

ficar com os piratas e foram acolhidos no grupo.Os dias se passaram com os piratas instalando mais canhões e

seus lugares no convés do Whydah, aumentando seu armamento d

dezoito para vinte e oito canhões e baixando unidades extras para

 porão do Marianne. Os piratas também carregaram o Sultana com

supérfluos, de acordo com os desejos do capitão Prince. Enquanto reparavam para a partida, o estoque de tesouros foi colocado em ba

levado para fora da cabine e arrumado no convés de canhões com o

homens. A confiança era tão grande entre os piratas, conforme o

tripulante Peter Hoff relatou mais tarde, que o tesouro foi deixado

sem qualquer guarda, mas ninguém devia pegar nada sem a autoriza

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do intendente”. Antes de içar a âncora, os piratas também recrutaram

força dois ou três dos tripulantes solteiros do capitão Prince para s

 juntar a eles, aparentemente achando que estavam precisando de

especialistas.

 No início de março, Bellamy reuniu os piratas para decidir o qfazer com seu “navio militar”. A primavera estava perto, então eles

concordaram em avançar até a costa leste da América do Norte,

apreendendo navios enquanto passavam pela entrada das baías de

hesapeake e Delaware ou pelos portos de Charleston e Nova York

fossem separados pelo mau tempo ou por imprevistos, o Whydah eMarianne se reagrupariam na ilha Damariscove, no Maine. No camin

Williams pararia na sua casa, na ilha Block em Rhode Island, para

visitar familiares; ele provavelmente queria dar-lhes uma parte do se

utim. Os piratas sabiam que podiam contar com suas grandes famíl

ara fazer compras e se livrar discretamente de sua carga mais volumellamy pode ter revelado seu interesse em fazer uma parada semelha

em Outer Cape, para voltar para a sua amada, Mary Hallett.

 No início de março, o Whydah e o Marianne contornaram o

extremo sul de Long Island até seus gurupés apontarem na direção d

Flórida. Eles estavam rumando para o que seria a viagem mais

desafiadora de suas carreiras.

Capturaram seu primeiro navio na costa norte de São Domingo

um ou dois dias depois de zarpar. O navio mercante de três mastro

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Tanner  tinha saído a apenas algumas horas do porto francês de Pet

Goave1. Quando os piratas embarcaram no Tanner , descobriram qu

aquela era uma embarcação peculiar: um navio britânico sob contra

om a França, levando uma tripulação mista anglo-francesa e um enor

lote de açúcar haitiano de volta para La Rochelle, o maior porto

omercial da França. Enquanto procuravam objetos de valor no Tanns piratas disseram à tripulação que eram “os homens de Robin Hoo

Pelo menos um dos tripulantes do Tanner  ficou impressionado. Joh

Shuan, um marinheiro de vinte e quatro anos de idade, de Nantes, n

sabia falar inglês, mas declarou em voz alta em francês que queria s

um pirata também. Bellamy falava com ele através de um tripulantilíngue. Shuan ouviu sua primeira ordem como pirata: subir no alto

ordame do Tanner  e tirar seu mastaréu; isso retardaria o navio quan

os piratas o liberassem, tornando impossível levantar alarme

imediatamente. Shuan, ansioso para provar sua capacidade, subiu

orrendo no mastro e desaparelhou a parte superior, usando polias pbaixá-la até o convés. Ele também ajudou os piratas a encontrar cin

mil libras francesas (duzentas e oito libras inglesas) escondidas na

abine do capitão John Stover e, com a ajuda do intérprete, foi receb

a bordo do Marianne. O Tanner  foi então liberado.

Williams pegou o mastaréu do Tanner  porque, a essa altura,

Marianne estava em péssimas condições. Os piratas estavam em pos

o saveiro de cinquenta toneladas por quase um ano, durante o qual

inham enfrentado tempestades, lutado pelo menos uma batalha séri

apturado quase cinquenta embarcações. Mantinham seu fundo limpo

melhor forma possível, querenando regularmente e mantendo as áre

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abaixo da linha de flutuação cobertas com tinta branca de chumbo

Como piratas, no entanto, eles não tinham nenhum acesso a estaleir

ou instalações portuárias. Acima da linha de flutuação, o Mariann

estava se tornando uma ruína. A borda amarela e azul que decorava

ombadilho superior estava descascando, assim como a pintura azul

opa. Seu único mastro tinha quebrado pouco acima do convés, abrinuma fenda crítica, e foi reforçado amarrando-se contra ele um mastr

elho como uma tala numa perna quebrada. Suas velas estavam velha

todas remendadas. A antiga bandeira inglesa com a cruz vermelha d

São Jorge tremulava em seu gurupés, sob o qual um grande pedaço

 proa estava faltando. Williams podia reforçar um pouco seuparelhamento ferido com o mastaréu do Tanner , mas logo ele precis

comprar um novo para o Marianne.

Quando escolheram sua rota para o norte ao longo da borda sul

ahamas, os piratas pensaram em ir até Nassau, onde eles poderiam tm mastro de algum navio capturado abandonado e revisar o Marian

m segurança. Embora esse possa ter sido um caminho atraente, Bella

Williams foram contra. Se eles parassem agora, iriam perder a lucra

temporada de pirataria da primavera, quando a Costa Leste fervilhav

com a navegação após o longo e amargo inverno. Com um navio che

de tesouro, seria sábio evitar encontros potencialmente rebeldes co

qualquer um dos líderes rivais das Bahamas, Benjamin Hornigold

Henry Jennings, já que ambos tinham razão para estar bravos com

Bellamy e Williams. Além disso, com um navio como o Whydah, o

iratas tinham a confiança necessária para criar seu próprio posto pir

avançado sazonal. A Guerra da Sucessão Espanhola, Williams lhe

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disse, tinha deixado a costa do Maine mais ou menos na mesma

condição que as Bahamas. Os índios e seus aliados franceses havia

queimado a maior parte do assentamentos ingleses, deixando

desabitados centenas de quilômetros de costa, incluindo inúmeros

ancoradouros onde uma frota inteira de navios podia se reequipar

espercebida aos olhos europeus. O mais importante era que o litoralprotegido por florestas, com tantos pinheiros grandes que a própri

Marinha Real contava com a região para abastecer seus navios de gue

com resina, lenha e mastros. Williams provavelmente sugeriu que el

varressem a Costa Leste, vendessem as cargas pesadas na ilha Bloc

descansassem e revisassem o Marianne na costa central do Maine. Opiratas concordaram e, poucos dias depois, viram o último vestígio d

Bahamas desaparecer atrás deles.

Eles ficaram bem longe do litoral das Carolinas, com a intenção

tomar o caminho mais curto para a entrada da baía de ChesapeakeApesar de estarem a mais de cem quilômetros da costa, eles se

depararam com um pequeno saveiro comerciante de Newport, Rhod

Island. O mestre do saveiro, capitão Beer, estava a caminho de

Charleston e provavelmente tinha optado pela passagem de fora

exatamente para evitar os piratas, pois se dizia que eles estavam

infestando o estreito da Flórida e a passagem de Windward. Em ve

disso, Beer acabou prisioneiro a bordo do maior navio pirata que el

seus colegas marinheiros já tinham visto.

Beer passou apenas duas horas a bordo do Whydah, mas escrev

posteriormente tudo o que havia acontecido, inclusive uma transcriç

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e sua conversa com Samuel Bellamy, na qual o comodoro pirata exp

as motivações políticas para suas ações.

Beer foi levado a bordo do Whydah enquanto os piratas estava

saqueando a carga do seu saveiro e tentando decidir se devolveriam

navio para ele ou não. Tanto Williams quanto Bellamy eram a favordar a Beer o seu saveiro, que era pequeno demais para ter alguma

utilidade para eles, mas seus homens, com seus egos inflados pelo

sucessos recentes, recusaram. Bellamy ordenou que Beer lhe fosse

azido para que ele pudesse, desculpando-se, dar a má notícia ao inf

capitão.

 – Maldito seja o meu sangue, eu sinto muito que eles não deix

você ficar com seu saveiro, pois eu desaprovo causar dano a qualqu

um quando não é para a minha vantagem – Bellamy disse a Beer. –

saveiro está condenado, iremos afundá-lo e ele poderia ser útil par

ocê! – O pirata fez uma pausa, olhando o homem de Rhode Island, solidariedade se esvaindo a cada segundo.

 – Maldito seja você, você é um cachorrinho servil, assim como

dos aqueles que se submetem a ser governados por leis que os hom

icos fizeram para sua própria segurança, porque os cachorros covardnão têm coragem nem para defender o que recebem por sua

desonestidade – ele completou, sua raiva crescendo a cada palavra.

Mas malditos sejam todos vocês! Malditos sejam eles como um ban

de patifes astutos. E vocês capitães e marinheiros, que os servem com

um bando de idiotas com coração de galinha! Eles nos difamam, o

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canalhas, quando há apenas esta diferença entre nós: eles roubam o

obres sob a cobertura da lei e nós roubamos os ricos sob a cobertur

nossa própria coragem.

Bellamy olhou mais uma vez para Beer, pesando cuidadosamen

feito de suas próximas palavras. – Será que não seria melhor que vofosse um de nós – ele perguntou ao capitão – do que esgueirar-se at

dos rabos desses vilões por emprego?

Beer não demorou a responder. Sua consciência, ele disse ao

dente comodoro pirata, não lhe permitiria “romper as leis de Deus e

homem”.

Bellamy olhou para ele com nojo. – Você é um malandro

onscientemente diabólico, maldito seja você! – ele declarou. – Eu s

m príncipe livre e tenho tanta autoridade para fazer a guerra em tod

mundo quanto aquele que tem uma centena de navios no mar e umexército de cem mil homens no campo. E isso é o que a minha

consciência me diz: Não há como argumentar com tais filhotes

horamingantes que deixam seus superiores chutá-los pelo convés c

razer, e que fixam sua fé sobre um cafetão de um Parson, um gordo

nem pratica nem acredita no que diz aos tolos cacarejantes a quem e prega2.

Com isso, Bellamy ordenou que Beer partisse. Mandou que

tripulação remasse o capitão de volta para o Marianne, para que

Williams pudesse deixá-lo na ilha Block. Quando os piratas termina

e transferir os últimos alimentos e cidra para o Marianne, atearam f

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o saveiro de Beer. O rastro de fumaça podia ser visto a quilômetros

istância enquanto o navio queimava até a linha de flutuação, e então

chamas foram apagadas pelo mar.

Alguns dias depois, os piratas notaram que os céus estavam

escurecendo. Era início de abril e uma corrente de ar que tinha seaquecido sobre as enseadas e os pântanos abafados da região de

hesapeake migrou para fora, sobre o mar mais frio, criando uma név

tão espessa quanto sopa de ervilha. Ela apareceu tão rapidamente q

Williams e Bellamy não tiveram tempo para se aproximar e rapidame

e perderam de vista um do outro. Os homens de Bellamy soaram o sde bronze do Whydah, mas não ouviram nenhuma resposta do

 Marianne. A noite caiu e na manhã seguinte, quando a névoa se

dissipou, revelando os Cabos da Virgínia, não se via o Marianne e

ugar algum. Bellamy garantiu à sua tripulação que eles se encontrar

om Williams na ilha Block como planejado ou, se isso não desse cena ilha Damariscove, a poucos quilômetros da costa do Maine.

Enquanto isso, era hora de caçar.

Além da névoa, velas podiam ser vistas no mar: pelo menos trê

mbarcações, cada uma com mastros demais para pertencer a Paulsgr

Williams. Navios mercantes, Bellamy suspeitou, e ordenou que oWhydah virasse de costas para o vento para alcançá-los.

Aproximadamente às oito horas, eles se aproximaram do primeiro, u

avio que parecia gasto de tanto uso, o Agnes de Glasgow. Seu capit

Andrew Turbett, sabiamente não ofereceu nenhuma resistência. Turb

estava indo de Barbados para a Virgínia com uma carga de produto

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típicos daquela colônia: açúcar, melaço e o mais importante para o

iratas, rum. Eles fizeram outra descoberta no porão do Agnes: o na

desgastado estava vazando muito e só podia ser mantido à tona com

homens fazendo as bombas funcionarem durante horas a fio. O Agn

eles sabiam, não teria nenhuma utilidade para eles. O Whydah segu

 para seu próximo alvo.

Esse era um brigue de cem toneladas, o Ann Galley, uma

mbarcação pequena porém útil, que Bellamy sugeriu manter como u

navio de armazenamento extra e para ajudar a querenar o Whydah n

Maine. A tripulação concordou, colocou vinte e oito de seus homen bordo e nomeou o intendente Richard Noland para comandá-lo.

Enquanto isso, o Whydah deteve a terceira embarcação, um navio

modesto chamado Endeavor , que estava navegando de Brighton,

Inglaterra, para a Virgínia. Com as capturas concluídas, a frota pira

ontinuou em alto-mar, onde terminou seus saques. Eles iriam afund Agnes, e sua tripulação seria enviada para a Virgínia a bordo do

Endeavor , que era pequeno demais para os propósitos deles. Apena

nn Galley seria mantido quando a frota continuasse seu caminho p

o norte, em direção à ilha Block, Cape Cod e seu refúgio no Maine

 Naquela época, na manhã de 9 de abril de 1717, o Marianne est

apenas alguns quilômetros ao longe no horizonte, defronte aos Cab

da Virgínia, em busca de suas próprias presas. Williams já não pare

mais o filho de meia-idade de um comerciante rico. Sua peruca bran

ontrastava com a sua pele, tão profundamente bronzeada depois de

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ano nos trópicos que as testemunhas ficavam chocadas com sua “pe

moreno-escura”. Sua tripulação heterogênea – cinco franceses, cinc

fricanos, um índio e quase trinta ingleses – parecia tão grosseira qua

o próprio Marianne. Williams deve ter percebido a impressão que i

causar em seus amigos e familiares quando chegasse à ilha Block, m

estava ansioso para vê-los. Havia muito dinheiro a entregar para su

ãe, esposa e filhos ou para trocar com seus amigos contrabandistas

mantimentos de primeira necessidade.

Desde que tinha se separado de Bellamy, Williams não tinha fe

uma única captura sequer. Sem o poder de fogo do Whydah, ele tinque escolher seus alvos com cuidado, ficando longe de qualquer 

embarcação que pudesse ser bem defendida. Enquanto o Marianne 

scondia nas margens montanhosas do que hoje é a praia de Virgínia

gia de Williams viu uma possível vítima indo do mar aberto em dire

aos cabos. Com o vento em suas costas, os piratas aceleraram e, emmenos de uma hora, estavam ao lado do navio infeliz, o Tryal , tamb

de Brighton, a caminho de Annapolis, Maryland. Eles gritaram para

capitão do navio desarmado, John Lucas, que se ele não remasse até

arianne eles iriam afundar seu navio. Os piratas sabiam que Lucas

tinha escolha a não ser obedecer; ele tinha apenas sete homens e do

meninos contra seus quarenta homens e dez canhões. O Tryal  deu

volta, ficando à deriva até parar. Lucas foi até o Marianne.

Mesmo continuando à procura do Whydah, Williams aproveito

empo para saquear tranquilamente. Com o capitão Lucas encarcera

no Marianne, Williams enviou vários de seus homens para o Trya

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Durante onze horas, os piratas vasculharam seu porão e cabines,

arrombando baús e caixas, rasgando fardos de mercadorias, manten

lgumas coisas e jogando outras ao mar. O Tryal  tinha mais dois bar

e, uma vez que os piratas os tinham enchido com coisas que queria

guardar, remaram de volta ao Marianne, devolveram Lucas para bor

e seu navio e ordenaram que ele os seguisse, sob pena de morte. Ounavio tinha sido avistado no horizonte e, na esperança de que fosse

Whydah, o Marianne dirigiu-se para interceptá-lo. Pouco tempo dep

o vento começou a perder a força e o Tryal  passou a se mover mai

rápido do que o Marianne. Lucas, percebendo sua vantagem, virou

Tryal  e conseguiu se salvar.

Os homens de Williams haviam recolhido tudo de valor do Try

mas a última coisa que eles precisavam era que Lucas alertasse toda

região de Chesapeake sobre sua presença. Depois de interrogar os

marinheiros capturados, Williams soube que o HMS Shoreham, umragata da Marinha Real de trezentas e sessenta toneladas e com trin

dois canhões, estava ancorada perto de Williamsburg, capital da

Virgínia. Dali em diante, eles teriam que se mover com cuidado para

certeza de que não iriam se colocar numa posição onde o Shoreham

odia trazer seus canhões para atingir seu saveiro alquebrado. Para s

decepção, as velas no horizonte acabaram por não ser de Bellamy.

ripulação de Williams pode ter ficado preocupada com o que estava

rnando uma separação muito prolongada do enorme tesouro que est

no porão do Whydah.

Williams permaneceu fora da embocadura do Chesapeake po

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vários dias, mas o medo de se deparar com o Shoreham o deixou

etraído. Em meados de abril, os piratas capturaram um navio inglês

Whitehaven, mas começaram a brigar entre si para decidir se iam

estruí-lo. Durante essa briga, que parece ter colocado Williams con

lguns de seus oficiais, outro veleiro e um navio chegaram à entrada

aía. Os piratas interromperam sua briga, deixaram sua presa ancorad partiram para a baía em busca desses novos butins. Infelizmente,

enquanto eles seguiam sua rota até a costa de Virgínia, avistaram u

grande navio equipado como fragata na baía de Lynnhaven e, temen

ser o Shoreham, bateram em retirada, abandonando até mesmo a pre

ancorada.

Com a tensão crescendo a bordo de seu veleiro, Williams decidi

para casa. Na ilha Block sua tripulação podia comprar mantimento

ebidas e alimentos frescos fariam muito bem para melhorar o moral

sua tripulação. Com alguma sorte, iriam encontrar o Whydah lá.A ilha Block, dezessete quilômetros quadrados de areia varrid

elo vento, estava a trinta e dois quilômetros da costa de Rhode Isla

ssa colônia era visivelmente mais pobre e mais frouxamente govern

do que Massachusetts, com poucas estradas e um grande número d

contrabandistas. Até mesmo sua capital, Newport, era pouco mais dque uma aldeia grande, seus três mil habitantes tendo começado a d

omes às suas ruas apenas cinco anos antes. A ilha Block era ainda p

ma ilha deixada à própria sorte, longe dos olhos, ouvidos e braços

autoridades em Newport e Boston. A lealdade dos ilhéus era, em

rimeiro lugar, de uns aos outros, e Williams era um deles, filho de

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líder proprietário de terras, enteado de um dos primeiros colonos,

relacionado por lei, sangue ou casamento. Era um refúgio tão segur

uanto Williams poderia desejar, na falta de uma colônia arruinada p

guerra como as Bahamas ou o Maine.

O Marianne ancorou na vila principal da ilha Block em 17 ou de abril. Por parte do capitão Beer, de Richard Caverley e de outro

risioneiros a bordo do Marianne, sabemos que Williams desembarc

 para visitar sua mãe, Anna Guthrie, e suas irmãs Mary Westcott,

Catherine Sands e Elizabeth Paine4. Ele provavelmente deu-lhes pa

de seus haveres recentemente obtidos, talvez pedindo que elaspassassem uma parte para sua esposa e filhos em Newport. Ficou e

erra durante algumas horas, ou possivelmente um ou dois dias, já q

suas atividades foram encobertas para a história pela cumplicidade

seus amigos e parentes.

Williams retornou ao Marianne, ancorado a alguma distância praia, acompanhado por sete homens locais, incluindo seus cunhad

John Sands (administrador local e juiz de paz), Thomas Paine

(provavelmente sobrinho do grande pirata de mesmo nome) e um do

rebeldes escoceses companheiros do seu falecido padrasto, John

Rathbon. Os homens, de acordo com um depoimento dado soburamento um mês depois, ficaram a bordo do Marianne por “cerca

uma hora ou duas”, e então embarcaram em um barco “sem serem

molestados” e começaram a remar de volta para a vila. Os homens

alegaram que foram subitamente obrigados a retornar para o Marian

quando três dos homens no barco – William Tosh, George Mitchel

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Dr. James Sweet – foram “levados de nós à força e ordenados a subi

ordo”. Dado que Sands, como juiz de paz, não relatou o incidente p

mais de um mês depois do acontecido, parece provável que os home

na verdade tenham se oferecido para se juntar aos piratas, e que os

negócios dos cunhados de Williams a bordo do Marianne não teria

ocasionado um exame minucioso oficial.

Antes de deixar a ilha Block, Williams libertou o capitão Beer

eus tripulantes, que acabariam viajando para Newport para relatar s

captura. Quando Beer chegou ao continente, outros eventos tinham

tornado irrelevantes as suas notícias sobre Bellamy.

Williams cruzou a embocadura do estreito de Long Island,

procurando pela ilha Gardiner, uma área de três mil e quinhentos ac

na costa de Long Island, Nova York, e a reserva feudal da família d

mesmo nome5. O capitão Kidd, Williams sabia, tinha visitado a ilha

1699 e não tinha apenas socializado com John Gardiner e seus servndígenas; ele tinha conseguido deixar dois baús e uma série de fard

de tesouro sob a custódia dele. Williams pode ter feito o mesmo,

olocando sua riqueza nas mãos capazes “do terceiro lorde da mansã

 para pegar de volta mais tarde, no final da temporada de verão.

 Na tarde de 26 de abril, o céu escureceu e um vento poderoso

omeçou a soprar do sudeste. O estreito de Long Island estava agitad

ondas com sua crista de espuma branca num mar encapelado e rajad

oderosas ameaçavam rasgar as velas remendadas e o mastro consert

com tala do Marianne. Uma terrível tempestade estava golpeando

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Nova Inglaterra. Williams foi capaz de encontrar abrigo, provavelme

ninhado atrás da ilha Gardiner e entre os dois espaços do leste de L

sland. O vento uivava através da mareagem, mas Williams estava nu

porto seguro. No oceano aberto, ele sabia, seria uma noite perigosa

A menos de duzentos e quarenta quilômetros ao leste, Bellam

estava navegando no mar calmo, sendo levado em direção a Cape C

or um vento tranquilo. O dia tinha começado bem. Às nove da man

nquanto a terra ainda estava fora da vista, eles haviam interceptado u

mbarcação de dois mastros, entre os bancos de areia de Nantucket ede Georges, locais de pesca mais produtivos do sul da Nova Inglater

Bellamy exigiu que o navio se rendesse, enfatizando sua ordem com

sparo de um tiro de canhão da frente da sua proa. Sete de seus hom

remaram para a presa, o Mary Anne de Dublin, e ordenaram que o

capitão e a maior parte de sua tripulação remassem para o Whydahellamy questionou o capitão, Andrew Crumpsley, e ficou satisfeito

escobrir que ele estava a caminho de Nova York, vindo de Boston, c

uma carga de vinho. Ele enviou mais quatro tripulantes para pegare

algumas garrafas para distribuir no Whydah e no Ann Galley.

Infelizmente, eles tiveram problemas para entrar no porão do MaryAnne: os pesados cabos de ancoragem estavam empilhados em cima

entrada. Por enquanto, os homens do Whydah teriam que se conten

om as cinco garrafas de vinho fresco que haviam encontrado na cab

e Crumpsley. Não importava, eles iriam levar o Mary Anne com ele

encontrar tempo para saqueá-lo mais tarde. Entre os conveses, o mo

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dos piratas presumivelmente cresceu, com a perspectiva de uma fes

regada a vinho nas margens de uma ilha afastada no Maine.

Primeiro, haveria uma curta parada em Cape Cod, pois, depois

captura do Mary Anne, Bellamy ordenou que todos os três navios

seguissem pelo nordeste rumo ao norte. Isso os levou não às ilhas dMidcoast Maine, mas direto para Provincetown e, por extensão, pa

Eastham. De acordo com relatos dos presentes, Bellamy disse à su

ripulação que eles parariam em Cape para estocar alimentos fresco

antimentos. Mas, de acordo com o folclore de Eastham, seu verdad

bjetivo era se encontrar com a jovem senhorita Hallett e mostrar a eà sua família o sucesso que ele havia se tornado.

Por volta das três horas da tarde, uma névoa se formou em torno

Whydah e suas duas capturas, tão densa e impenetrável que os pirat

tiveram dificuldade em manter os navios juntos. Sem um piloto par

ada, Bellamy sabia que seria muito perigoso se aproximar das margtraiçoeiras de Cape Cod; se seu grande navio encalhasse num dos

muitos bancos de areia escondidos, eles seriam alvos fáceis para a

Marinha Real ou qualquer outra autoridade armada. Apesar de seu

desejo de chegar ao ancoradouro de Provincetown, Bellamy ordeno

que os navios parassem. Com o vento açoitando suas velas em vão, três navios balançavam em meio à névoa sinistra, esperando que a

isibilidade melhorasse. Menos de meia hora depois, os piratas tiver

m golpe de sorte. Flutuando através da névoa, direto para o meio de

nha um pequeno saveiro de comércio, o Fisher , que ia da Virgínia p

Boston. Ficou claro que o capitão do saveiro conhecia essas águas b

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o suficiente para estar disposto a atravessá-las nessas condições;

exatamente o homem que os piratas precisavam. Bellamy saudou o

avio, perguntando “se o senhor era familiar” com a costa. O capitão

 Fisher , Robert Ingols, respondeu que “ele conhecia muito bem”.

Bellamy insistiu que Ingols remasse até seu navio para liderar o

caminho. Às cinco horas, Ingols e seu primeiro imediato estavam ntombadilho do Whydah, sob guarda pesada, aconselhando Bellam

obre a melhor forma de seguir pela costa extensa e sem porto de Ou

Cape.

Bellamy ficou contente em poder ordenar que suas três capturseguissem o Whydah enquanto Ingols o guiava através da névoa em

ireção à costa ainda oculta. Logo ficaria escuro e nebuloso, então e

colocaram uma grande lâmpada na popa de cada navio para ficar ma

fácil para acompanharem um ao outro. Eles seguiram para o norte

Bellamy no Whydah, com mais de cento e trinta dos piratas e a maiodos prisioneiros, Noland e dezessete piratas no Ann Galley, o Mar

Anne carregado de vinho sob o controle de oito homens de Bellamy

ma tripulação de quatro piratas guardando os prisioneiros no Fisher

 bordo do Mary Anne, sete dos oito piratas foram prontamente em

direção aos tonéis de vinho no porão. Thomas South, um dos

carpinteiros do St. Michael  recrutado à força cinco meses antes,

ermaneceu mal-humorado, silencioso e desarmado, mantendo distân

do resto dos piratas. Enquanto os outros empurraram para o lado o

cabos de ancoragem empilhados em cima das escotilhas, South

sussurrou para um dos tripulantes prisioneiros do Mary Anne que e

stava planejando escapar dos piratas o mais rápido possível. Enqua

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so, o resto dos piratas continuaram se revezando no comando enqua

os outros arrombavam os primeiros barris de vinho Madeira e

começavam o que eles pretendiam que fosse uma longa noite de

ebedeira. Não demorou muito para que o Mary Anne começasse a f

para trás do resto dos navios. Bellamy, a bordo do Whydah, perceb

sso e reduziu a velocidade o suficiente para permitir que a embarcaçarregada de vinho o alcançasse. Gritou para que os líderes dos pira

o Mary Anne, Simon Van Vorst e John Brown, “tivessem mais pres

Brown, já embriagado, jurou que faria o navio “velejar tanto até que

velas levassem seus mastros para longe”. Ele e os outros homens

ordenaram que seus prisioneiros os ajudassem a lidar com as velas uando perceberam que o Mary Anne tinha um casco furado, fizessem

trabalho árduo de fazer as bombas funcionarem. Eles amaldiçoaram

 própria embarcação, dizendo que “desejavam que nunca a tivessem

sto”. No momento em que a escuridão caiu, entregaram o leme para

dos seus prisioneiros, liberando outro pirata para a tarefa principal beber vinho. Brown declarou-se capitão enquanto um deles, Thoma

Baker, começou a se gabar aos prisioneiros, dizendo-lhes que a

ripulação tinha uma carta de corso do próprio rei George. “Nós vam

estendê-la até o fim do mundo”, Van Vorst disse.

Por volta das dez horas da noite, o tempo fechou. Pesadas rajad

de chuva começaram a cair, raios e relâmpagos irromperam pelo cé

escuro. O pior de tudo era que o vento tinha mudado; agora ele esta

vindo do sudeste e do leste, levando os navios em direção à costa

condida de Cape Cod. Os piratas bêbados a bordo do Mary Anne l

erderam as outras embarcações de vista. Baker, talvez aflito, começo

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amaldiçoar o cozinheiro do Mary Anne, Alexander Mackconachy, q

estava manejando o leme e, aparentemente, tinha levado o navio pa

mais perto da terra. Ele “não ficaria mais preocupado se o matasse d

que se estivesse matando um cão”, Baker gritou, espingarda em mão

“Você nunca vai chegar em terra para contar a sua história!”

 Não muito tempo depois, a costa apareceu, como se para

epreender Baker. O Mary Anne agora estava sendo atingido por ond

de seis a nove metros de altura, que quebravam em cascatas de espum

ao redor dele. Todos perceberam que podiam encalhar a qualquer

momento e serem despedaçados pelo mar raivoso. Mackconachymplorou aos piratas para virar o navio, proa para a praia, para lhe da

melhor chance de sobreviver à colisão inevitável com o fundo. Log

depois que eles viraram, o Mary Anne atingiu o fundo, sacudindo

iolentamente o casco e fazendo com que barris de vinho rolassem p

convés. Baker pegou um machado e começou a acertar seus mastrocomo se derrubá-los fosse reduzir a pressão sobre o casco que rang

Com dois dos três mastros no chão, outro pirata gritou de terror “Pe

mor de Deus, vamos descer para o porão e morrer juntos!” Os home

 prisioneiros e piratas juntos, amontoaram-se no convés e no porão

esperando se afogar a qualquer momento. Os piratas analfabetos

imploraram para Mackconachy ler o Livro de Oração Comum.

Enquanto ouviam as orações no sotaque gaélico do cozinheiro,

relâmpagos iluminavam o céu, o vento uivava através da mareagem e

casco de madeira estremecia na arrebentação.

A tripulação dos outros navios capturados estava mais sóbria

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ossivelmente como resultado, mais afortunada. Enquanto a tempest

formava, Richard Noland no Ann Galley perdeu de vista a lanterna

Whydah, mas se manteve perto do pequeno Fisher . As ondas

montanhosas os estavam empurrando em direção às arrebentações, q

eles podiam ouvir se chocando na costa deserta de Cape. Noland

percebeu que sua única chance era soltar suas âncoras e esperar quegrandes ganchos de ferro segurassem forte o suficiente para mantê-l

fora da praia até que a tempestade se acalmasse. Ele virou o Ann e

homens atiraram as âncoras ao mar. Gritou e gesticulou para a Fish

fazer o mesmo. Em ambos os navios, piratas e prisioneiros juntos

assistiram ansiosamente os cabos de ancoragem afundarem e sefirmarem, fazendo com que os navios de madeira milagrosamente

parassem a poucos metros da praia. Se orações foram feitas durante

noite, elas foram, sem dúvida, voltadas para as âncoras, para que

 permanecessem agarradas ao fundo de areia enquanto o Atlântico

liberava sua fúria.

A poucos quilômetros para o norte, o Whydah também estava

sendo conduzido inexoravelmente em direção à costa. Enquanto a

normes ondas jogavam o navio cada vez mais perto da arrebentação

ondas, Sam Bellamy pode muito bem ter se lembrado dos destroços

frota de tesouro espanhola, grandes cascos transformados em gravet

pelas ondas violentas guiadas pela tempestade. Bellamy sabia onde

estava. Ao clarão de relâmpagos, podia ver os grandes penhascos d

Eastham avolumando-se a uma centena de metros acima das ondas q

explodiam. Se eles batessem aqui, haveria poucos sobreviventes. A

ndas iam quase até o sopé dos penhascos que subiam vertiginosame

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para as chapadas, aquelas planícies pouco habitadas e varridas pel

ento que separavam os moradores de Eastham e Billingsgate do mar

eia-noite, ele sabia que as âncoras de meia tonelada do Whydah era

única esperança de salvá-los.

Os homens lutaram para seguir as ordens enquanto as ondasnvadiam o convés. Os timoneiros, de pés afastados, giravam a roda

leme, deixando a proa do grande navio cara a cara com o vento. A

âncoras caíram na água e suas cordas pesadas começaram a se estica

Todos prenderam sua respiração enquanto as linhas se retesavam. Po

r havido um momento de pausa enquanto o Whydah brevemente pade balançar em direção ao caos espumoso atrás deles, mas então ele

sentiram as âncoras se arrastando. O Whydah estava condenado.

Havia uma última chance de salvar a tripulação, fazer exatamen

como os homens do Mary Anne tinham feito. Eles tinham que tenta

evar a embarcação à terra cuidadosamente, a proa primeiro, esperandeixá-la suficientemente perto da arrebentação violenta das ondas p

dar a quem soubesse nadar alguma esperança de alcançar a terra.

Bellamy gritou para os homens cortarem os cabos das âncoras. Ass

que o último golpe de seus machados acertaram – as grossas cordas

ancoragem se rompendo –, Bellamy ordenou que os pilotos virassemnavio totalmente ao contrário, para chegar com a frente primeiro n

praia. Mas o navio não virou. Todos assistiram aterrorizados ao nav

deslizar para trás com a popa primeiro, sobre ondas de mais de nov

metros de altura, em direção ao caos branco e nebuloso no pé das

falésias.

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O Whydah encalhou com uma força chocante. O solavanco

provavelmente jogou qualquer homem que estava na mareagem para

ondas mortais, onde eles iam alternadamente sendo puxados para

fundo do mar e jogados de volta para longe da praia, pela correntez

Canhões se soltaram de seus guinchos e rolaram pelo convés inferio

esmagando todos em seu caminho. Um pirata foi arremessado pelo

convés de forma tão violenta que o osso do seu ombro ficou

completamente cravado na alça de um bule de cobre6. O pequeno Jo

King, o pirata voluntário de nove anos de idade, foi esmagado entre

onveses, ainda usando as meias de seda e os sapatos caros de couro

ua mãe tinha calçado nele a bordo do Bonetta meses antes. No espade quinze minutos, o movimento violento das ondas fez o mastro

rincipal do Whydah desabar para o lado. As ondas quebravam sobre

deques e a água se derramava sobre o tumulto de canhões e barris d

carga que caíam convés abaixo. Ao romper do dia, o casco do Whyd

se partiu, lançando para a água tanto os vivos quanto os mortos.

À medida que a tempestade se alastrava pelas horas da manhã,

maré vazante deixava mais e mais corpos empilhados na praia. Em m

os cadáveres inchados e mutilados, apenas dois homens se mexiam.

eles era John Julian, o índio mosquito que tinha servido com Bellam

ordo de suas piráguas. O outro era Thomas Davis, um dos carpintei

o St. Michael  que tinha sido recrutado à força. Samuel Bellamy e ce

de cento e sessenta outros homens – piratas e prisioneiros, brancos

negros e índios – tinham morrido na tempestade.

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A dezesseis quilômetros ao sul, os piratas a bordo do Mary An

estavam gratos por estarem vivos. Ao amanhecer, eles puderam ver q

haviam encalhado numa ilha semissubmersa no meio de uma baía

 pequena e protegida. A tripulação do Mary Anne provavelmente

econheceu o lugar: ilha Pochet, ao sul de Eastham. Com a maré bai

metade do Mary Anne estava encalhada contra a ilha e os homens

odiam desembarcar sem molhar os pés. Eles ficaram na praia por vá

horas, comendo guloseimas e bebendo mais vinho.

Por volta das dez horas da manhã, dois homens que tinham nota

o navio naufragado remaram até lá numa canoa e levaram os náufragpara o continente. Os habitantes locais, John Cole e William Smith

parentemente não ficaram desconfiados, nem mesmo quando os pira

entraram em discussões acaloradas numa mistura de inglês, francês

holandês. Eles perceberam que alguns dos náufragos queriam chega

Rhode Island o mais rápido possível – provavelmente para procuraabrigo entre as pessoas de Williams. Os outros pareciam mais quiet

sentados calmamente perto do fogo na casa de John Cole até que, d

epente, um deles falou. Era Alexander Mackconachy, que revelou q

os outros oito eram piratas impiedosos, membros da tripulação infam

de “Black Sam” Bellamy. Os piratas sabiam que era hora de ir. Eles

despediram da boquiaberta família de John Cole e saíram

apressadamente para a chuva.

Eles chegaram até a Taberna de Eastham antes do juiz de paz Jo

Doane e seus homens os alcançarem. Alertado por John Cole, Doan

nha indo direto para a taberna, um dos poucos lugares onde estranh

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podiam comprar cavalos. Logo Doane tinha toda a população do Ma

nne – tanto piratas quanto prisioneiros – sob guarda armada, andan

 pelo caminho lamacento em direção à prisão Barnstable.

Os piratas a bordo do Ann Galley e do Fisher  tiveram mais sorte

que os demais. Por causa de sua boa sorte – ou talvez por força da

eveza dos seus navios –, suas âncoras se mantiveram firmes durante

noite. Às dez da manhã, ainda chovendo a cântaros, o vento virou d

volta para o oeste, soprando para longe da terra ao invés de vir em

direção a ela. Com grande alívio, Noland ordenou que as velas e aâncoras fossem levantadas. Com o vento às suas costas, eles partira

para longe da arrebentação das ondas, com destino à costa do Main

onde esperavam encontrar o Whydah e seu tesouro.

Dezesseis quilômetros depois, Noland decidiu que era hora delivrar do Fisher . Os piratas transferiram toda a tripulação e pertenc

para bordo do Ann e deixaram o Fisher  flutuando em mar aberto, se

tripulação e com as escotilhas abertas para a tempestade.

Dois dias depois, em 29 de abril, o Ann ancorou no abrigo da i

Monhegan, uma ilha alta e rochosa, dezesseis quilômetros ao largo costa do Maine. Monhegan vinha sendo habitada e desabitada por

gleses desde 1614, e era o local de uma das primeiras estações pere

de pesca da Nova Inglaterra. Mas, naquele dia tempestuoso de 171

pode não ter havido ninguém na ilha para receber os piratas. A maio

dos assentamentos do Maine tinha sido destruída pelos índios

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wabanaki, aliados dos franceses. As porções central e oriental da co

inda estavam sendo disputadas entre França e Grã-Bretanha, incluin

Monhegan e outras ilhas marítimas, como Damariscove e Matinicu

Monhegan tinha estoque de água e fácil acesso a alguns dos melhor

cais de pesca de bacalhau nas Américas. Podia estar faltando um po

colhedor, mas para bandidos em fuga, era um lugar seguro para ficaesperar o Whydah, o Marianne e o Mary Anne chegarem.

Os dias se passaram sem nenhum sinal deles. Noland e os outr

homens começaram a temer o pior: que eles eram tudo o que restava

maior frota pirata das Américas.

Thomas Davis, um dos dois sobreviventes do naufrágio do

Whydah, tinha se arrastado para fora da arrebentação e, tremendo

exausto, tropeçou através da escuridão em busca de abrigo. Ele andum pouco pela praia, atingido pela chuva, com falésias de areia

ntransitáveis o empurrando contra o mar. Iluminada por relâmpagos

arede de areia parecia continuar para sempre em ambas as direções.

havia uma maneira de escapar. Davis começou a escalar.

Felizmente, ele era um jovem de vinte e dois anos e,resumivelmente, tinha boa saúde, pois, apesar do frio e da exaustão

lguma forma ele conseguiu chegar ao topo da parede de areia de tri

metros. Ele deve ter descansado um pouco na cúpula, uma planície

misteriosa de grama estendida diante dele na névoa. Atrás dele, lá

embaixo na arrebentação, os destroços do Whydah brilhavam com o

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elâmpagos, como uma aparição fantasmagórica. Por fim, ele se mov

 para frente, tremendo no vento e na chuva, para longe do mar.

Às cinco da manhã, Davis finalmente chegou à fazenda de Sam

Harding, a três quilômetros do local do naufrágio. De alguma form

Davis relatou sua história para aquele nativo de Eastham. As orelhasHarding devem ter ficado em pé quando ele ouviu falar do naufrági

ois quase imediatamente ele pegou seu cavalo. Davis, meio ensopa

viu-se sendo levado para a praia agarrado às costas do agricultor.

Harding contornou as falésias e, guiado por Davis, foi até o cen

da destruição. As duas metades do Whydah tinham se separado, e

continuavam se afastando cada vez mais pela tempestade, enquant

edaços do navio, da sua carga e da tripulação estavam se espalhando

ongo da base do penhasco. Eles recolheram diversas coisas de valor

 prenderam no cavalo e, completamente carregados, voltaram para

zenda de Harding, que imediatamente foi à praia novamente e repetviagem várias vezes até as primeiras horas da manhã.

Por volta das dez da manhã, Harding, seu irmão Abias, os vizin

Edward Knowles e Jonathan Cole7 e outros sete homens estavam

ecolhendo objetos de valor tão rapidamente quanto possível, sabenue as autoridades podiam chegar a qualquer momento. Eles podem

vasculhado o crescente número de cadáveres ceifados pela tempesta

ue se acumulavam na praia, mais de cinquenta naquela tarde, pegan

dos mortos botões e fivelas de prata, joias e moedas. No final, ele

tiveram muito tempo. O juiz de paz de Eastham, Joseph Doane, fico

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cupado durante o dia inteiro interceptando e prendendo a tripulação

Mary Anne no outro lado da cidade e escoltando-os até Barnstable

oane não chegou ao local do naufrágio até a manhã seguinte, domin

ia 28, quando descobriu que “tudo de valor tinha sido levado”. Doa

mais tarde alegou que, em seguida, “ordenou que os habitantes” da á

salvassem o que podiam para o rei”, enquanto o legista local – o sode Jonathan Cole – supervisionou o enterro de sessenta e dois home

afogados, coletando “várias coisas que pertenciam ao naufrágio” n

processo. O valor total dos itens reservados para o rei alcançou apen

uzentas libras, o que sugere que objetos no valor de muitas milhare

libras chegaram às mãos das boas pessoas de Eastham. Dificilmentpoderia ter sido diferente. Dentro de alguns dias, duzentas pessoas –

maioria dos habitantes sãos da cidade – estavam saqueando os

destroços, cortando pedaços de vela e pegando “riquezas da areia”

Uma ocorrência estranha foi posteriormente relatada às autoridandas de Boston. Na segunda-feira, 29, menos de três dias depois qu

Whydah afundou, um “grande saveiro” chegou à praia. O navio

misterioso se aproximou da parte maior do Whydah e baixou um bar

 para a água. Alguns tripulantes remaram até lá e examinaram os

escombros, expulsando várias embarcações de pesca locais antes d

navegar para o mar aberto. Autoridades coloniais presumiram que

ivesse sido um dos navios que acompanhavam o Whydah, um erro q

 passou para a história.

Em 29 de abril, Paulsgrave Williams estava a pouco mais de

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uzentos quilômetros a sudeste, navegando em busca de butins perto

entrada do estreito de Long Island, ainda sem saber sobre a destruiç

do Whydah.

 No dia anterior, sua tripulação tinha saqueado um saveiro de

Connecticut8, levando três alqueires9 de sal e dois de seus marinheirUm deles, Edward Sargeant, conhecia bem as atividades de imediato

i forçado a agir como seu piloto enquanto eles se escondiam nas ág

entre Montauk e Martha’s Vineyard. Infelizmente, nenhuma presa

ruzou seu caminho naquele dia e durante vários dias depois, causan

muito descontentamento entre a tripulação.

Em 3 de maio, perto de uma ilha deserta chamada No Man’s La

[Terra de Ninguém], ao sul de Martha’s Vineyard, eles atacaram do

aveiros comerciais vindos da Carolina do Norte. Do Hannah & Ma

les levaram itens para ajudar na revisão do Marianne, e um homem

Devonshire que morava em Boston e poderia guiá-los de forma segu

em torno de Cape Cod e até o Maine. O segundo saveiro, uma

embarcação menor de Portsmouth, New Hampshire, não tinha nada

valor. Tais presas insignificantes não conseguiram apaziguar a

ipulação; sem dúvida os resmungos continuaram enquanto o Maria

fracassava em suas tentativas de pegar alguma captura que valesse pena. Outra semana se passou, depois duas, todas sem saques. A es

altura, eles seguiram diretamente para o Maine, onde esperavam

ncontrar Bellamy e o Whydah: um comandante de confiança e um na

invencível iriam acertar as coisas.

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Guiado por seu piloto prisioneiro, o Marianne passou bem dista

da costa de Cape Cod numa rota definida para ir direto a Cape

Elizabeth, um cabo protuberante no sul do Maine, que podia ser 

vistado do mar a quilômetros de distância. Eles não tinham como sa

que naquele mesmo momento o Whydah estava espalhado na

arrebentação de ondas no horizonte ocidental.

Ao meio-dia de 17 de maio de 1717, a cerca de cento e vinte

uilômetros no mar, eles interceptaram um veleiro de pesca, o Elizab

indo de Salem, Massachusetts, em direção aos grandes pesqueiros

bacalhau no banco de areia de Georges. Não havia ouro nessa presinsignificante, é claro, apenas dezesseis grandes barris cheios de sa

ca e comida. O veleiro era pequeno, mas Williams achou que ele ti

aproximadamente o tamanho certo para ajudar a querenar o Marian

uando eles finalmente encontrassem o caminho para Damariscove.

iratas forçaram o capitão do Elizabeth a vir a bordo, colocando alguos seus próprios homens no veleiro de pesca, e seguiram para o Ma

Após o amanhecer do domingo, dia 18, os homens de William

viram o contorno nítido de Cape Elizabeth. Como seu piloto não

conhecia o caminho para Damariscove, os piratas decidiram navegar

 Marianne direto para o porto mais próximo, para sequestrar ummarinheiro local. Em poucas horas, ancoraram entre Cape Elizabeth

lha Richmond, de onde as docas e os detritos de uma estação de pe

e setenta anos de idade olhavam fixamente para eles. Os pescadores

estação tinham partido há muito, mas havia uma fazenda na costa

ontinental, um pequeno veleiro ancorado no porto e um ou dois bar

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bertos parados na praia repleta de algas. Certamente, Williams pens

um piloto podia ser encontrado ali.

 Na fazenda, Dominicus Jordan sentiu o cheiro de problema. E

havia nascido às margens do pequeno ancoradouro, mas já tinha vis

mais guerra e violência do que a maioria dos piratas. No início daGuerra da Sucessão Espanhola, um bando de índios havia ocupado

asa fortificada de seus pais; o pai de Dominicus, um homem gigante

e com uma reputação temível, partiu a cabeça de um índio com um

machado. Os outros índios o mataram e levaram Dominicus, então c

ezenove anos de idade, sua mãe e seus cinco irmãos mais novos parcativeiro na selva canadense. A família passou os treze anos seguint

om os índios, aprendendo sua língua e muitos de seus costumes, an

de ser libertada em 1715. Dominicus deu uma olhada para o saveiro

guerra fortemente tripulado e percebeu que deveria fugir. Pegou su

sposa e seu filho de três anos de idade e fugiu para a floresta com sempregados.

Os homens de Williams passaram o dia e a noite em Cape

lizabeth, vasculhando as posses dos Jordans. Numa determinada ho

os piratas detiveram um infeliz barco de pesca que tinha entrado n

ancoradouro. Um dos pescadores admitiu conhecer o caminho parDamariscove e Monhegan e foi obrigado a assumir o serviço como

piloto. Seu jovem assistente foi libertado em terra e correu pela ma

para alertar a cidade mais próxima, Falmouth, da presença dos pirat

 Naquela tarde, eles navegaram quase cinquenta quilômetros par

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leste até a ilha Damariscove, na costa de onde hoje é o porto de

Boothbay. Uma ilha rochosa com uma enseada confortável aninhada

seu extremo sul, Damariscove tinha sido um ponto de encontro par

pescadores por mais de um século. Após a devastação das guerras co

s índios, a ilha foi desocupada, exceto, talvez, as visitas ocasionais

pescadores que precisavam de um lugar para dormir após um longo puxando bacalhaus de um metro ou um metro e meio de comprimen

das águas frias do Golfo do Maine. O Marianne ficou firmemente

ncorado na enseada, com os topos dos seus mastros quase escondid

da vista pelos cumes espinhosos que se erguiam de cada lado da ilh

la era, de fato, um lugar seguro para se esconder, descansar e consesaveiro. No entanto, não havia nenhum sinal de que o Whydah já ti

agraciado a ilha com a sua presença.

Williams ficou em Damariscove por cinco dias, esperando em v

ue Bellamy aparecesse de repente com o navio e o tesouro intactos. ez tudo que pôde para deixar o Marianne em forma, descarregando

arga, tirando seu mastro quebrado e querenando a parte de baixo de

casco. Aqueles que não estavam trabalhando se reuniram na praia n

frente da enseada, fazendo um apurado balanço de seu insignifican

souro: dez canhões; alguns fardos de lã e panos de linho; um pouco

ferro; alguns barris de comida, sal e água. À medida que os dias se

passaram e se tornava cada vez mais claro que o Whydah não estav

vindo, a imagem do grande monte de ouro e joias empilhados em se

 porão deve ter assombrado os homens cansados.

Embora eles estivessem a menos de vinte e cinco quilômetros

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Monhegan, o bando de Williams aparentemente nunca encontrou se

ompanheiros piratas do Ann Galley e do Fisher . Como a tripulação

arianne, Noland e companhia tinham permanecido nas ilhas exterio

e Midcoast Maine por um tempo, consertando seus navios e saquea

 pequenos barcos de pesca que cruzassem sua rota. Esses piratas,

timamente conscientes dos perigos que a tempestade tinha apresento Whydah, provavelmente já tinham perdido as esperanças, e seguir

 para o sul, para a segurança das Bahamas.

Em 23 de maio, Williams também foi forçado a aceitar que se

migo tinha perdido o encontro. Com um sentimento de mau presságo grupo votou por começar a longa e perigosa viagem de volta para

assau. Eles navegaram para o sul até Cape Elizabeth, onde libertara

Elizabeth e o outro barco de pesca e seguiram caminho para Cape C

 No final da manhã do dia 25, já avistando a ponta de Cape Cod

homens de Williams finalmente souberam do destino do Whydah. portador da má notícia foi Samuel Skinner, mestre da escuna Swallo

e Salem, Massachusetts, que havia sido detido pelos piratas na entr

da baía. A destruição do Whydah já estava na boca de todos, de

Portsmouth a Newport e além, como Skinner pode ter dito a eles,

ocupava as páginas do Boston News-Letter . O Whydah, o tesouro eamigo e cúmplice de Williams tinham ido embora, destruídos pelo

róprio mar. Williams, presumivelmente abalado com a notícia, liber

o Swallow e navegou para fora da baía.

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Em Boston, a maior cidade do continente americano britânico

destruição do Whydah tinha trazido pouco alívio. Pouco a pouco, o

avios iam chegando aos portos da Nova Inglaterra trazendo história

aques piratas: barcos de pesca no Maine e no golfo aberto; saveiros

comércio em Connecticut, Rhode Island, Martha’s Vineyard e Cap

ela primeira vez desde o início da pirataria, nenhum lugar nas águas

 Nova Inglaterra parecia livre dos homens da bandeira negra.

O governador de Massachusetts, Samuel Shute, colocou a colô

em pé de guerra. Incapaz de confiar na segurança das rotas marítima

le ordenou que os nove piratas sobreviventes fossem transportados terra, de Barnstable para Boston, “sob uma guarda forte e

suficientemente segura, de condado para condado, e de xerife para

xerife”. Nos primeiros dias após o naufrágio, Boston permaneceu se

roteção naval. Mesmo depois de 2 de maio, quando a fragata de qui

classe HMS Rose finalmente chegou das Índias Ocidentais, Shutepermaneceu preocupado com a segurança do comércio. No dia 9, e

espachou a fragata para Cape Cod, onde ela passou quase três sema

 patrulhando em busca de piratas, incluindo um dia passado nos

rredores do próprio local do naufrágio. Notícias dos desembarques

Marianne em Cape Elizabeth chegaram ao governador em 21 de mai

rritaram-no o suficiente para que ele ordenasse o fechamento do po

e Boston por uma semana. Ele armou um saveiro, o Mary Free Lov

o enviou como um corsário para caçar Williams e Noland. Ele até

 permitiu que o capitão do Rose recrutasse à força vinte homens de

Boston para se certificar de que ele não seria dominado por pirata

enquanto patrulhava a costa. Toda a Nova Inglaterra estava por um f

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 Ninguém tinha mais medo do que os próprios piratas prisioneir

Eles haviam chegado a Boston em 4 de maio, foram levados para o a

a colina, passando a prefeitura, e despejados nas celas da velha pris

de Boston. Além dos sete homens do Mary Anne, os prisioneiros

cluíam Thomas Davis e John Julian, que haviam sido apreendidos p

uiz Doane antes de terem ido para longe da praia. Logo depois, Juli

foi separado do resto e destinado, por causa da sua pele escura, para

mercado de escravos10. Os outros oito prisioneiros podem ter deseja

pela primeira vez que não fossem brancos, porque, a menos que algu

os seus comparsas viessem a Boston para libertá-los, todos sabiam

stavam fadados a morrer na forca. Talvez eles esperassem, deitados uas celas, que seus irmãos que estavam nas Bahamas tivessem ouvi

falar de seu destino e estivessem vindo resgatá-los.

 

ntão o principal porto da São Domingos francesa, e que agora faz parte da nação do Haiti.

lguns autores questionam se essa conversa, que acabou sendo publicada no livro  História geral dos roubos e assassínios do

otáveis piratas,  realmente aconteceu, perguntando-se quem teria transcrito a conversa. A resposta é: o próprio Beer. Apncontro com Bellamy, o capitão foi colocado a bordo do Marianne , onde teve muitas horas livres para registrar essa costórica. Ele foi libertado na ilha Block uma ou duas semanas mais tarde e, em 29 de abril, apareceu em Newport e relatouavia acontecido com ele para um correspondente da Boston News-Letter . É quase certo que os detalhes da conversagistrados pelas autoridades de Rhode Island e enviados a Londres, onde ficaram disponíveis para o autor do referido livro.

Williams não precisava ter se preocupado. Ao navegar pela costa da Carolina em maio de 1716, o Shoreham encalhou em um

frendo grandes danos em sua quilha e no revestimento do seu casco. Ele se arrastou capengando até Charleston, em 29 de m

ão conseguiu retornar ao mar por quase um ano. Enquanto Williams e Bellamy estavam rondando os Cabos da Virgínia, o Shonda estava carregando suprimentos em Charleston; ele não chegaria a Kinquotan (Hampton Roads) antes de 1º de maio de 17

primeiro marido de Mary, Edward Sands, amigo do capitão Kidd, tinha morrido em 1708. A meia-irmã de Paulsgrave, Ca

690-1769) se casou com o sobrinho dele, John Sands (1683-1763), enquanto Mary se casou depois com um Robert Westcott.ilha, situada na costa de East Hampton, NY, tem sido mantida na mesma família há quatrocentos anos. Robert David Lion Ga

último a ter o nome da família, chamava a si mesmo de “16º lorde da mansão” até sua morte em 2004.escápula, ainda cravada na alça do bule, está em exposição no Museu do Whydah.

nathan era o filho de John Cole, um dos dois homens que remaram para resgatar os piratas do Mary Anne naquela manhã, de

uilômetros ao sul. É possível que o filho tenha mandado notícias do naufrágio ao seu pai e o alertado para a possibilidade deavios piratas naufragados na área, o que pode explicar a aparente despreocupação do velho Cole com o aspecto e o comport

os náufragos.

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ste saveiro era o Elizabeth , de Weathersfield, com o capitão Gersham em seu caminho para casa saindo de Salt Tortugas.

lqueire, neste caso, é uma medida de capacidade usada antigamente para medir cereais (N.T.).

É possível que John Julian tenha se tornado escravo da família de um futuro presidente. Naquela altura, um índio chamado J

ndido para John Quincy de Braintree, bisavô do presidente (e abolicionista) John Quincy Adams e avô da esposa do presidendams, Abigail.

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CAPÍTULO OITO

Barba Negra

Maio - Dezembro de 1717

Quando Barba Negra e Hornigold voltaram para as Bahamas do Continente Espanhol, em pos

nnet , um ótimo saveiro de guerra, e cem mil libras em saque, a reputação deles aume

rnigold agora era um líder indiscutível da república pirata, tomando seu lugar ao lado d

al, Henry Jennings. Barba Negra, que tinha trinta e sete anos de idade na época, era consid

m dos melhores capitães do arquipélago, corajoso e eficaz. Ao contrário de Bellamy, Barba N

o tinha a intenção de deixar seu comodoro de lado, especialmente levando em conta que Horn

via se tornado menos relutante em atacar navios ingleses.

O boato tinha se espalhado de que o jovem Sam Bellamy havi

apturado um navio de guerra e o levado para o norte, para interceptacarregamentos de primavera da Europa e do Caribe indo para aquel

colônias. Vários outros bandos de piratas preparavam-se para segui

exemplo, e estavam ocupados carregando seus saveiros com os

suprimentos necessários. O pirata francês Olivier La Buse estava e

assau e tinha adquirido seu próprio navio poderoso, que, com duzee cinquenta toneladas e vinte canhões, era quase tão forte quanto o

Whydah. O francês estava ocupado recrutando mais tripulantes; quan

chegasse a cento e cinquenta, ele pretendia navegar para a Nova

Inglaterra, explorar com Bellamy e continuar até a Nova Escócia e

Terra Nova. Jennings, no entanto, não tinha interesse em velejar par

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norte; sozinho entre os capitães piratas, ele continuava a se recusar

atacar navios britânicos, que era o único tipo que se encontraria co

lguma regularidade lá. Charles Vane, por sua vez, também parecia n

r interesse em navegar em climas mais frios; como muitos do bando

Jennings, ele parecia contente em desfrutar de sua riqueza e liberda

em terra.

Depois de uma pequena pausa, durante a qual Hornigold reequi

o Bonnet  como um bom saveiro de guerra, Barba Negra e Hornigol

partiram em expedição, embora tivessem ficado muito mais perto d

casa. No início de julho, eles se esconderam no leste de Cuba em serespectivos saveiros, na esperança de interceptar alguns navios

ransatlânticos bem carregados. Em vez disso, eles atacaram um save

ob o comando de um capitão Bishop, indo de Havana para Nova Yo

om uma carga de farinha. Não era ouro, é verdade, mas farinha sem

era procurada nas Bahamas, onde o número de piratas ultrapassavamplamente os poucos agricultores restantes. Eles usaram seu temp

transferindo cento e vinte barris do produto para bordo dos seus

róprios saveiros antes de deixar o capitão Bishop seguir seu camin

Mais ou menos uma semana depois, capturaram outro navio de comé

com destino a Nova York, sob o comando de um capitão Thurbar, q

nha partido há alguns dias da Jamaica; os piratas não encontraram n

de interesse a bordo dele além de “alguns litros de rum”, que eles

confiscaram antes de liberar a embarcação. Colheitas magras, o ban

e piratas deve ter pensado. Talvez eles realmente devessem seguir s

comparsas em direção ao norte.

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Em agosto, Thatch e Hornigold estavam de volta a Nassau, su

arinha assegurando que ninguém iria passar vontade de comer pão n

 próximos meses. Nos dias seguintes, eles provavelmente ficaram

descarregando essa carga e se preparando para uma expedição mai

onga até a costa leste. Seus irmãos pareciam quase invulneráveis, co

m controle das rotas marítimas da Jamaica até Nova York praticame

incontestável por qualquer autoridade. Como eles compartilhavam

formações colhidas de prisioneiros e dos comerciantes da ilha Harb

com os outros capitães piratas, concluíram que a Marinha Real er

mpotente para detê-los. O HMS Shoreham tinha acabado de voltar p

a Virgínia e aparentemente estava em condições tão precárias que scapitão não se atrevia a deixar a proteção da baía de Chesapeake. O

omens de Sam Bellamy tinham aterrorizado tanto as Ilhas de Sotave

britânicas que o simples boato de seu retorno tinha feito com que

governador da colônia desistisse de uma viagem a bordo do HMS

Seaford  por medo de ser capturado. Em Barbados, sabia-se que atripulação do Scarborough estava incapacitada por doença. Fora d

amaica, isso deixava mais dois ou três navios para proteger milhares

quilômetros de litoral de Barbados ao Maine. Havia boatos de que

eforços estavam a caminho vindos da Inglaterra, mas naquele momen

ao que parece, as Américas pertenciam a eles.

Alguns dos piratas, principalmente os escoceses e os corsários

ex-governador Hamilton, tinham começado a expressar maiores

aspirações. Esses indivíduos detestavam o rei George e tinham ficad

frustrados com o fracasso da rebelião jacobita de 1715 contra ele

entindo seu poder, esses piratas pró-Stuart pensaram em oferecer s

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serviços ao pretender , o candidato a rei pela casa de Stuart, James I

que estava novamente exilado na França. Essa facção, que

provavelmente incluía Jennings, Vane e vários dos homens de Barb

 Negra e Williams, estava entrando em contato com simpatizantes

cobitas na Inglaterra, através de quem eles esperavam um dia conse

cartas de corso do rei Stuart. A república desorganizada dos pirata

estava pronta para assumir um lugar no cenário mundial e para tom

 partido na grande luta geopolítica da época.

Então a má notícia chegou.

O Marianne, com suas velas rasgadas e seu mastro improvisado

rrastou até o porto de Nassau, seguido do Ann Galley danificado p

empestade e sob o comando de Richard Noland. Paulsgrave William

podia ser visto no tombadilho do Marianne, mas Sam Bellamy, se

companheiro inseparável, não era visto em nenhum lugar.

Williams e Noland relataram a notícia trágica da destruição d

Whydah, e que nove sobreviventes estavam esperando julgamento e

Boston com pouca esperança de absolvição. Mas Bellamy não estav

entre eles. Os governadores de Massachusetts e Rhode Island tinha

equipado pelo menos três navios corsários para caçar Williams,rçando os piratas a saírem das águas da Nova Inglaterra. O pirata ti

continuado a saquear navios enquanto seguia sua rota pelas costas d

Nova Jersey, Delaware e das Carolinas, obtendo vinho e mantiment

m quantidade suficiente para manter seus homens vivos. Por morte

eserção, seu bando reduziu-se a pouco mais de trinta homens. Nola

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com quem ele tinha se encontrado pelo caminho, tinha cerca de vin

homens a bordo. Dos cento e vinte cinco ou mais piratas que havia

deixado o sul das Bahamas com Bellamy no início daquela primave

apenas cinquenta permaneceram.

Barba Negra estava particularmente irritado com a notícia. Seamigo Bellamy estava morto e os beatos ignorantes de Boston estav

empenhados em executar os últimos dos sobreviventes. Isso não pod

acontecer, e se acontecesse, Barba Negra executaria uma vingança

terrível sobre o povo da Nova Inglaterra. Enquanto conversava com

Williams e Noland, ele provavelmente considerou a possibilidade datacar Boston e libertar os prisioneiros da velha prisão. Para pôr em

rática um plano tão ousado, precisaria do seu próprio navio de guer

 No final de agosto, entrou no porto uma embarcação desconhec

om velas e mareagem desgastados e conveses marcados com as ferid

eveladoras de uma batalha prolongada. Era um saveiro de guerra combandeira negra hasteada, mas ninguém em Nassau o tinha visto ante

Quando seu capitão apareceu, os espectadores ficaram horrorizado

Vestido com roupas finas e com o corpo cheio de bandagens estava

enhor gordo que dificilmente parecia ter passado um dia no mar em

ida. Nenhuma das pessoas que viram esse senhor bem educado manelo convés jamais teria imaginado que ele estava destinado a se torn

 principal cúmplice de Barba Negra.

Stede Bonnet, o homem das roupas finas, era o mais improváv

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os piratas. Ele tinha nascido em Barbados vinte e nove anos antes,

688, numa rica família de plantadores de açúcar. Os ingleses tinham

estabelecido em Barbados no final da década de 1620, uma geraçã

ntes do que na Jamaica ou nas Bahamas, e o bisavô de Stede, Thom

stava entre seus pioneiros. Nas nove décadas desde então, os Bonn

tinham limpado centenas de acres de floresta de várzea ao sudeste dapital da colônia, Bridgetown, plantando primeiro tabaco e depois, c

mais sucesso, cana-de-açúcar. Como outros plantadores bem-sucedid

eles tinham comprado escravos africanos para cuidar das plantações

os tonéis de xarope de cana nas casas de açúcar. Quando Stede nasc

os Bonnets tinham uma das propriedades mais prósperas da ilha,uatrocentos acres plantados, dois moinhos de vento e um operado p

gado para moer a cana e obter o xarope. Os primeiros anos de vida d

Stede foram passados na imensa fazenda, sua família sendo auxilia

por três empregados e noventa e quatro escravos. Mas sua vida não

vre de tragédias. Em 1694, quando ele tinha apenas seis anos de idaseu pai faleceu, e parece que sua mãe morreu pouco tempo depois.

ropriedade foi colocada sob os cuidados de seus guardiões até que

casse maior de idade. Ele se tornou uma criança órfã com um pequ

exército de empregados e escravos.

Bonnet foi preparado para assumir o seu lugar na aristocracia

Barbados. Ele recebeu uma educação liberal, serviu como oficial n

milícia da ilha e cortejou a filha de outro grande plantador, William

llamby. Em 1709, quando Bonnet tinha vinte e um anos de idade, e

a jovem Mary Allamby se casaram na igreja de St. Michael em

ridgetown, a poucos passos da cintilante superfície da baía de Carl

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Montaram sua casa ao sul do porto de Bridgetown, onde Bonnet era

modo geral, estimado e honrado”. Então tudo começou a dar errado

Seu primeiro filho, Allamby Bonnet, morreu no início da infân

Isso causou um impacto duradouro em Stede Bonnet. Mais três filh

vieram – Edward, Stede Jr. e Mary – mas mesmo assim o estado despírito de Bonnet não melhorou. Ele caiu em depressão e até mesm

em insanidade. Seus amigos achavam que ele sofria de “um transtor

em sua mente, muito perceptível nele por algum tempo” e que

upostamente era causado “por alguns desconfortos que ele encontr

na vida de casado”.

Perto do fim de 1716, ele chegou ao seu limite. Seus colegas

lantadores estavam em alvoroço por causa das incursões de Bellam

Williams, que haviam causado muitos danos ao comércio das Ilhas

Sotavento ali perto. Bonnet ficou encantado. Embora ele fosse um

perfeito proprietário de terras e um grande desconhecedor das artes marinharia e navegação, decidiu construir seu próprio navio de guer

Contratou um estaleiro local para construir um saveiro de guerra d

essenta toneladas, capaz de transportar dez canhões e setenta home

u mais. Ele deve ter dito às autoridades que pretendia usá-lo como

corsário, alegando que iria para Antígua ou Jamaica, onde esperaveceber uma licença para caçar os piratas. Na realidade, queria se tor

um deles.

Quando o saveiro ficou pronto, Bonnet o batizou com o nome

Revenge e começou a contratar uma tripulação. Traindo sua ignorân

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obre os costumes corsários e piratas, ele pagaria aos homens um sal

m vez de uma participação nos butins que fossem conquistados. Te

ue remunerar bem seus oficiais, já que ficaria inteiramente depende

eles para operar o navio. Os tripulantes podem ter tido razões políti

para se juntar ao plantador excêntrico; entre eles estava um númer

urpreendentemente grande de escoceses e, nos meses que se seguiraalguns expressariam tendências jacobitas. Enquanto os oficiais se

ocuparam encomendando armas, estoques e mantimentos apropriado

Bonnet se concentrava no que ele considerava mais importante para

sucesso na pirataria: equipar sua cabine com uma extensa bibliotec

 Numa noite no final da primavera de 1717, ele embarcou no

Revenge e ordenou que seus contratados se preparassem para a parti

ob o manto da escuridão, o saveiro partiu da baía de Carlisle, deixa

a esposa de Bonnet para trás com sua filha recém-nascida e seus filh

 pequenos, com idades de três e quatro anos. Ele nunca mais veriaqualquer um deles.

Temendo, talvez, ser reconhecido nas Ilhas de Sotavento, Bonn

ordenou que seu intendente levasse o Revenge diretamente para o

continente norte-americano. Seus contratados lhe disseram que el

odia esperar encontrar grandes capturas perto de Charleston, Caroldo Sul. Presumivelmente, ninguém iria reconhecer Bonnet lá, mas n

caminho ele disse à sua tripulação para se referir a ele como capitã

Edwards, apenas por segurança.

Embora separadas por três mil quilômetros de oceano e ilhas

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Barbados e Charleston eram incrivelmente parecidas. Charleston hav

sido fundada menos de cinquenta anos antes por um grupo de

plantadores de Barbados que tinham reproduzido com sucesso a su

sociedade escravista da Índia Ocidental nos pântanos costeiros da

Carolina do Sul. Era uma cidade pequena e murada de três mil

habitantes. Em suas ruas e na via costeira, baixas e pantanosas, havcasas enfileiradas, no estilo de Barbados, estruturas de tetos altos co

grandes janelas, varandas e cobertas por telhas. Fora dos muros,

lantações de arroz e cana se espalhavam por quilômetros ao longo d

os Ashley e Cooper, em campos escaldantes cuidados por exércitos

escravos negros supervisionado por um punhado de brancos armadoAssim como em Barbados, os brancos da colônia eram superados e

número por seus escravos, nesse caso numa proporção de dois por u

or terra, a cidade ficava totalmente isolada do resto da América ingl

toda a comunicação acontecendo por mar. A Carolina do Sul era,

fetivamente, uma ilha de escravos das Índias Ocidentais encalhada margens pantanosas da América do Norte.

Charleston, a única cidade de verdade em toda a Carolina do S

ra particularmente vulnerável a ataques navais, pois localizava-se nu

península na confluência de dois rios, a oito quilômetros do mar. A

entrada para esse estuário era parcialmente bloqueada por um long

banco de areia, e três pilotos se ocupavam guiando navios que tinha

que passar por ele para ir ao oceano e na volta. A própria costa, ond

milhares de mosquitos e outros insetos incômodos atormentavam ta

s homens quanto os animais” era escassamente povoada. A Carolina

Norte adjacente mal era governada, havendo lá apenas um punhado

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aldeias e menos de dez mil almas carentes espalhadas ao longo de

milhares de quilômetros quadrados de igarapés pantanosos e riacho

mansos entre Charleston e os cabos da Virgínia.

Para um pirata, esse era o cenário perfeito. Eles poderiam patru

a entrada do banco de areia, como uma aranha, prendendo todos onavios em sua teia. Quando chegasse a hora de encontrar um refúgi

 para saquear as embarcações e fugir da lei, havia centenas de

uilômetros de córregos, enseadas e ilhas na costa da Carolina do No

ara se esconder, lugares com entradas muito rasas ou complicadas p

um grande navio de guerra segui-los. Para um pirata novato com umnavio poderoso, as Carolinas eram uma caixa de areia perfeita para

aprender o ofício.

Os homens de Bonnet guiaram o Revenge para o exterior do ban

de areia de Charleston no final de agosto de 1717 e esperaram por s

 presa. Em 26 de agosto, ela veio na forma de um bergantim sob ocomando do capitão Thomas Porter, de Boston. O Revenge, com su

lataformas repletas de homens e canhões, ultrapassou o capitão Por

e o obrigou a se render. A tripulação de captura de Bonnet ficou

decepcionada ao descobrir o bergantim desprovido de saques de val

mas eles o mantiveram mesmo assim para que Porter não pudesse alea cidade para a sua presença. Poucas horas depois, eles avistaram u

saveiro vindo do sul. Aproximaram-se dele e mostraram suas arma

obrigando-o a se render imediatamente. Bonnet ordenou que o save

osse revistado enquanto ele conversava com seu capitão. Bonnet ha

dito a todos que ele era o capitão Edwards, mas o capitão do saveir

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Joseph Palmer, não pôde ser enganado; ele era de Barbados e

provavelmente ficou surpreso ao encontrar o major Stede Bonnet n

omando de um saveiro pirata. Bonnet, envolvido na pirataria há men

de um dia, já tinha sido descoberto.

O saveiro de Palmer carregava uma carga pequena, mas valiosa,produtos primários de Barbados: açúcar, rum e escravos. O Reveng

com seus porões ainda quase repletos de mantimentos, não podia

recolher mais, nem Bonnet queria empilhar escravos a bordo do se

eleiro lotado. Bonnet, talvez aconselhado por seu intendente, resolv

assumir o controle de ambos os navios e navegar para a Carolina dNorte para resolver o problema. Poucos dias depois, o Revenge anco

as calmas águas escuras de uma das entradas da colônia, provavelme

em Cape Fear, um refúgio famoso dos piratas e corsários do século

anterior. Descarregaram o saveiro de Palmer e, depois de usá-lo par

querenar o Revenge, tocaram fogo nele. Palmer, sua tripulação e oescravos foram colocados a bordo do bergantim de Porter, o qual o

iratas livraram de âncoras e da maioria de suas velas e aparelhamen

Ao reduzir sua capacidade de ganhar velocidade, os piratas tiveram

ntenção de obter para si uma grande vantagem, diminuindo a chance

Porter chegar a Charleston e dar o alarme. Eles podem ter exagerado

bergantim ficou tão lento que Porter foi forçado a deixar a maior pa

os escravos em terra “ou todos eles teriam morrido de fome por falta

mantimentos”. A Carolina do Sul não ficou sabendo sobre as piratar

e Bonnet até 22 de setembro, quatro semanas depois de terem ocorr

Mas então ele já estava muito longe.

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“O major não era um marinheiro”, um historiador escreveria so

Bonnet alguns anos mais tarde, “e, portanto, era obrigado a ceder

muitas coisas que eram impostas a ele por falta de conhecimento

ompetente sobre os assuntos marítimos”. A primeira de tais imposiç

ocorreu quando o Revenge partiu do seu refúgio na Carolina do Nor

Bonnet já estava começando a perder seu controle sobre a tripulaçã

que discutia abertamente sobre para onde eles deveriam navegar em

seguida. Por fim, em meio a “nada além de confusão”, eles navegara

ara o sul, para o estreito da Flórida, talvez querendo tentar a sua so

pescando” nos famosos naufrágios espanhóis. Em vez disso, em alg

ugar na costa de Cuba ou da Flórida, eles tropeçaram em uma situaçque quase custou a vida de Bonnet.

Piratas experientes sabiam que não deviam desafiar um navio m

mais poderoso do que eles e sabiam distinguir um navio mercante

pesado de um navio de guerra mortal. Stede Bonnet não tinha essaabilidades. Por causa de sua arrogância, fraqueza ou incompetência

ermitiu que o Revenge se envolvesse numa verdadeira batalha com

navio de guerra espanhol. Quando finalmente ele conseguiu bater e

tirada, os conveses do Revenge estavam inundados de sangue. Mai

metade da tripulação, de trinta a quarenta homens, foi morta ou ferid

o próprio Bonnet havia sofrido uma grave lesão, com risco de vida.

Revenge escapou, provavelmente porque ele era mais rápido e mais á

do que o navio de guerra espanhol, sugerindo que Bonnet podia te

evitado completamente o incidente.

Enquanto Bonnet estava deitado em sua cabine, entre seus livr

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dilacerado pela dor, a tripulação definiu seu caminho: a ilha Nova

Providência, o santuário derradeiro, a base pirata lendária de Nassa

Os piratas de Nassau ouviram atentamente a história contada p

onnet e pelos seus homens. Nas discussões que se seguiram, os pir

resolveram conceder refúgio ao plantador excêntrico, pelo menos a

que ele se recuperasse de seus ferimentos consideráveis. Em troca, n

entanto, eles queriam fazer uso do seu ótimo saveiro de guerra. Bar

 Negra, conforme Benjamin Hornigold assegurou, podia conseguir

grandes feitos, se colocado no comando do Revenge, que era muituperior ao saveiro que ele estava usando. Bonnet, mal capaz de deix

sua cama, podia continuar a ocupar a cabine do capitão, mas Barb

Negra ficaria responsável pelo navio. Bonnet, agora sofrendo de dor

físicas e mentais, não estava em posição de recusar.

Barba Negra transferiu muitos homens e dois canhões para o

Revenge e começou os reparos no saveiro de guerra recém-construíd

Dentro de uma semana ou duas, ele estava pronto para partir, com

evenge agora equipado com doze canhões e cento e cinquenta home

entre eles o intendente de longa data de Hornigold, William Howar

Hornigold tinha negócios a resolver, mas ele pode ter marcado de s

encontrar com Barba Negra na costa da Virgínia dentro de alguma

semanas. Em meados de setembro, Barba Negra estava velejando pe

orrente do Golfo, encarregado do seu primeiro comando independen

Demoraria muitos meses até ele ver Nassau novamente.

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Depois da partida de Barba Negra, Hornigold colocou seus

assuntos em ordem. Alguns dos preparativos para sua próxima

xpedição foram documentados, proporcionando uma visão de aspec

pouco compreendidos da vida pirata. Primeiro, ele recrutou Richar

 Noland, intendente do falecido Sam Bellamy, para servir como seu

agente em Nassau, tornando-o responsável por recrutar homens e fic

e olho em seus interesses na ilha. Ele então colocou uma grande ca

e mercadoria saqueada a bordo de seu navio pirata, o Bonnet  – farin

açúcar e outros itens – e navegou até a ilha de Harbour. Lá, ele pass

vários dias, negociando e visitando Richard Thompson e os outro

comerciantes da ilha, que estavam ficando ricos contrabandeandomercadorias piratas para a Jamaica e Charleston. Enquanto estava n

lha, ele ficou surpreso ao se deparar com Neal Walker, o filho de s

velho inimigo Thomas Walker. Os Walkers tinham aparentemente

ecidido que, se não podiam reprimir os piratas, eles podiam muito b

ganhar dinheiro com eles. Neal estava ocupado carregando seu savecom barris de açúcar pirata, o qual depois foi visto pelos membros

ripulação de Hornigold do lado de fora da nova residência de exílio

Thomas Walker, numa ilhota na costa de Ábaco.

Ancorado em segurança na ilha Harbour, Hornigold também

encontrou um recém-chegado às Bahamas, um pirata francês chama

Jean Bondavais, cujos homens já tinham uma reputação de “tratar

uramente” os habitantes da ilha. Bondavais, como Hornigold, estav

preparando para uma nova expedição pirata, e os dois logo se viram

competindo pelos mesmos recursos. Seu saveiro, o Mary Ann, pod

muito bem ter sido o Marianne, que Williams e sua tripulação ficar

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lizes em vender depois de sua odisseia assustadora; se fosse, isso t

ritado Hornigold, que era o pirata que tinha originalmente capturad

saveiro, dezoito meses antes. Ambos os capitães estavam tentando

comprar mantimentos dos comerciantes da ilha Harbour e cada um

recisava de um barco para seu navio e mais tripulantes, principalme

médicos. Hornigold tinha ficado com pena de seu médico prisioneir

John Howell, e o tinha libertado algumas semanas antes. O pobre

homem, que detestava a vida de pirata, tinha sido incapaz de arranj

transporte para Nova Providência e vivia em constante medo de se

brigado a se juntar a uma das tripulações piratas. Bondavais de algu

orma ficou sabendo disso, talvez pelos próprios homens de Hornigoe discretamente mandou buscarem-no em Nassau.

Howell estava vivendo com o comerciante William Pindar e am

estavam em casa quando os homens de Bondavais bateram à porta. A

bri-la Pindar se encontrou cara a cara com um bando de franceses cfacões em punho. Eles disseram ao comerciante que tinham vindo e

busca de Howell e de “um barril de rum” e que iriam “cortá-lo com

acão” se ele não entregasse ambos. Pindar tinha apenas um litro de r

ue Howell tinha trazido da cidade, e quando disse isso aos piratas, e

e tornaram “muito rudes” e ameaçaram arrastar Howell embora naqu

instante. Howell disse a Pindar, entre lágrimas, “que ele preferia

Hornigold a esses franceses, que lidavam tão mal com ele”. De algum

forma ele e Pindar os distraíram por um tempo suficiente para How

orrer até a casa onde Richard Noland estava hospedado. Ele implor

para que Noland o recrutasse, dizendo que “ele preferia ficar com o

gleses a servir os franceses, se tivesse que escolher um deles”. Nola

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endiam sem disparar um tiro. Era exatamente essa a intenção de Ba

egra. Através do terror, ele eliminava a necessidade de gastar home

munição na batalha e garantia que os navios que capturasse

 permanecessem intactos, portanto proporcionando o máximo valo

ossível para o seu bando. O Betty, uma embarcação humilde que fa

egularmente o caminho do vinho da Virgínia até a Ilha da Madeira,rendeu, e os piratas saquearam o melhor da sua carga. Não querend

deixá-lo alertar todos da Virgínia e Maryland quanto à sua presenç

Barba Negra ordenou que todos os prisioneiros fossem levados para

Revenge. William Howard, seu intendente, fez buracos perfurando

casco do Betty e, enquanto ele afundava, subiu num barco a remo voltou para o Revenge.

Agora era início de outubro, e o Revenge estava perto dos cab

altos e arenosos de Delaware, com cinco balas armazenadas ao lado

ada um de seus canhões, à espera de uma presa. O próximo a entrarconflito com os homens de Barba Negra foi um navio mercante

ompletamente carregado, drapejando as cores britânicas. O navio est

completando a jornada de dez a doze semanas de Dublin para a

Filadélfia, com cento e cinquenta passageiros amontoados embaixo

seus conveses junto da carga. Quase todos os passageiros eram

trabalhadores forçados e, como tais, provavelmente estavam em um

estado miserável. A doença corria desenfreada no alojamento lotado

mal ventilado dos imigrantes, onde eles enfrentavam “falta de

mantimentos, fome, sede, geada, calor, umidade, ansiedade, vontad

aflição e lamentações, além dos piolhos, que eram abundantes de um

forma tão assustadora que podiam ser raspados do piso”. Tais

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assageiros estariam desesperados para chegar a terra; em vez disso,

e encontraram prisioneiros de um homem selvagem com fogo e fum

saindo de sua cabeça.

Sob o comando de Hornigold, Barba Negra tinha se comportad

com moderação, levando apenas o que precisava dos navios quecapturava. Agora, estava livre para propor seu próprio plano para a

tripulação, um muito mais ambicioso do que o do seu preceptor.

Hornigold tinha limitado suas operações aos roubos marítimos, ma

depois da morte de Bellamy, Barba Negra queria causar o máximo

possível de danos ao comércio britânico, exceto tirar a vida humanaforma desnecessária. Parecia que ele havia declarado guerra contra

mpério Britânico e usaria a pirataria e o terror para fazê-lo ajoelhar-

Os serviçais a bordo do navio de passageiros tinham pouco a tem

dessa abordagem mais radical da pirataria, mas os comerciantes, sim

Como outros piratas, os homens de Barba Negra levaram toda a cargbjetos de valor que desejaram: moedas, joias, rum, alimentos, muniç

instrumentos de navegação. Ao contrário de Hornigold ou Bellamy

entanto, eles despejaram o resto da carga no mar. Um comerciante

bordo do navio viu sua carga pessoal no valor de mil libras ser joga

ora e implorou para ser autorizado a manter tecido suficiente para faapenas um conjunto de roupas, mas os piratas recusaram, jogando

última peça de tecido ao mar. Quanto eles libertaram o navio, nad

restava de sua carga.

Durante as duas semanas seguintes, Barba Negra levou uma on

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de terror e destruição às costas do Atlântico Médio como nunca tin

sido visto em tempo de paz. O Revenge navegou pelos cabos de

elaware e pela vizinhança das Bermudas, de Chesapeake e do porto

Nova York, nunca ficando mais de quarenta e oito horas no mesm

ugar. Eles capturaram navios vindos de todas as direções: embarcaç

com destino à Filadélfia vindas de Londres, Liverpool e da Ilha daMadeira; saveiros viajando de Nova York para as Índias Ocidentai

comerciantes da Pensilvânia a caminho da Inglaterra e além. Barba

egra capturou pelo menos quinze navios ao todo e, com isso, tornou

o pirata mais temido das Américas praticamente do dia para a noite

Capitães traumatizados se juntavam em Nova York e na Filadél

eproduzindo histórias de suas desventuras. O capitão Spofford cont

ue, nem um dia depois de sair da Filadélfia, havia sido forçado a ve

homens de Barba Negra despejarem mil aduelas de barris no mar e,

eguida, encher seu porão de carga com os tripulantes aterrorizados ea Nymph, uma escuna de Bristol que eles tinham capturado assim

ela tinha iniciado sua viagem para Portugal. Um dos homens do Se

Nymph, o comerciante Joseph Richardson, tinha sido “tratado mui

barbaramente” pelos piratas, que jogaram sua carga de trigo ao mar.

capitão Peter Peters contou como os piratas tinham apreendido seu

saveiro, roubado vinte e sete barris de vinho Madeira, cortado seu

mastro e o deixado para encalhar. Os piratas ancoraram o saveiro d

apitão Grigg na entrada da baía, com seus mastros cortados e sua ca

de trinta servos roubada. Os piratas levaram todo o vinho de um nav

om destino à Virgínia antes de afundá-lo. O saveiro do capitão Farm

 já tinha sido saqueado por outros piratas vindo da Jamaica, mas o

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omens de Barba Negra insistiram em tirar a mareagem e remover ma

âncoras, para servir como peças de reposição para o Revenge, antes

colocar trinta servos prisioneiros a bordo dele e deixá-lo à deriva at

terra perto de Sandy Hook, New Jersey. O capitão Sipkins foi

ispensado de seu comando de um “grande saveiro” de Nova York, q

s homens de Barba Negra mantiveram em sua flotilha, montando-o ctreze canhões.

Os piratas se vangloriavam de estar aguardando “um navio de tr

canhões” para juntar-se a eles, e que, quando ele chegasse, pretendi

navegar para Delaware e fazer o cerco à própria Filadélfia. Outros sangloriavam de planejar navegar até os cabos de Virgínia para captu

um bom navio lá, que eles queriam muito”. Barba Negra fazia ques

e aterrorizar os prisioneiros da Nova Inglaterra em nome dos memb

sobreviventes da tripulação de Bellamy, que estavam apodrecendo n

prisão de Boston, dizendo-lhes que se “algum de seus companheiropiratas sofresse em Boston, eles iriam se vingar neles”. Ele acumulo

um número considerável de informações com seus prisioneiros.

Descobriu que os sobreviventes do naufrágio de Bellamy seriam

ulgados a qualquer momento e provavelmente enfrentariam a forca.

arba Negra pretendia resgatá-los, ele foi dissuadido pela notícia de

o rei George tinha ordenado “uma força adequada” para reprimir a

irataria nas Américas. Duas fragatas estariam em Boston, a HMS R

e a Squirrel . O HMS Phoenix havia chegado a Nova York e, na

Virgínia, o navio de sexta classe Lyme agora estava substituindo o

surrado Shoreham. Um dos prisioneiros de Barba Negra, Peter Pete

isse-lhe que enquanto estava carregando seu vinho na Ilha da Made

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na costa da África, duas fragatas da Marinha Real tinham entrado n

orto, uma a caminho de Nova York e a outra indo para a Virgínia1.

á não tivessem chegado, Peters informou, elas chegariam logo. Bar

 Negra reconheceu que a costa leste da América do Norte estava se

rnando um lugar arriscado para um saveiro pirata. Era hora de conc

eus negócios e seguir para o sul, até as ilhas do Caribe, indefensávor serem inúmeras, pelo menos até que ele pudesse estar no control

um navio de guerra.

Perto do fim de outubro, o saveiro e as capturas de Barba Neg

oram vistos velejando ao longo da costa de Long Island, na direçãoilha Gardiner ou da ilha Block. Eles podiam estar indo para uma o

outra, a fim de pegar itens deixados para trás por Williams, ou talv

para deixar parte de seu próprio tesouro. Seja qual fosse o motivo d

viagem, os piratas seguiram para o sul logo depois, navegando para

ilhas do leste do Caribe.

Ao contrário de muitos relatos populares, Barba Negra não

retornou para as Bahamas na sua rota para o Caribe, nem há evidênc

onvincente de que ele uniu forças com Benjamin Hornigold, que par

ter seguido rumo norte naquele momento, no seu “grande saveiro”

nomeado, por incrível que pareça, Bonnet . Barba Negra tinha

terrorizado tanto a costa que seus homens foram responsabilizados

ma série de ataques que não poderiam ter cometido, já que relatos m

detalhados e confiáveis o colocavam a centenas ou milhares de

quilômetros de distância no momento em que eles ocorreram. Vário

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desses relatórios errôneos o tinham colocado trabalhando com

Hornigold, sugerindo que seu antigo preceptor pode ter sido de fat

esponsável por eles, mas operando com um novo navio semelhante

evenge2. Se assim tiver sido, Hornigold estava navegando para o no

enquanto Barba Negra e seus homens estavam navegando para o su

rovavelmente em alto-mar, a caminho do extremo leste do Caribe, o

as ilhas Windward se imobilizavam contra o Atlântico aberto.

Aumentando a confusão, Barba Negra agora operava sozinho d

saveiros: o Revenge e uma de suas capturas, um saveiro de quarent

oneladas, construído em Bermudas, provavelmente o navio tomado capitão Sipkins. Esse segundo saveiro, ao qual os documentos

existentes não deram nome, agora carregava oito canhões e cerca d

trinta piratas; o Revenge, que era maior, tinha doze canhões e cento

vinte homens. Marinheiros tinham sido preparados para esperar qu

arba Negra e Hornigold estivessem operando em conjunto, cada umseu próprio navio; agora que cada um estava operando separadamen

mas com dois navios cada, não é de se surpreender que as vítimas d

ada um acreditassem erroneamente que o outro estava no comando

segundo navio.

Como Bellamy antes dele, Barba Negra estava querendo captuum navio de guerra que permitiria que seu bando de piratas dominas

até mesmo as fragatas da Marinha Real. Com dois saveiros de guerr

sua disposição, eles tinham uma boa chance de dominar um, e Barb

 Negra sabia exatamente o lugar onde procurar. No mar, um pouco

depois do arco das ilhas Windward, que marcam o extremo do Carib

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s rotas marítimas transatlânticas convergiam. Podia-se encontrar nav

do da França para Martinica e Guadalupe, da Inglaterra para Barba

e da Espanha para o Continente Espanhol através das passagens d

águas profundas entre as ilhas. Os homens de Barba Negra decidira

que era ali onde eles iriam lançar sua rede.

Foi uma boa escolha. Em 17 de novembro3, poucos dias ou at

esmo horas depois de chegar, o vigia soltou um grito. Lá, no horizo

estavam as velas de um navio que se aproximava.

Pierre Dosset, capitão do navio negreiro francês La Concorde,

pôde ter ficado feliz em ver dois grandes saveiros se aproximando p

este. Ele sabia que isso significava problemas. Por causa das corren

de vento, muitos navios navegavam para o Caribe nessa latitude, m

ninguém na direção oposta. O La Concorde era grande, rápido epoderoso: um navio negreiro bem equipado de duzentas e cinquent

neladas, com um casco forte de carvalho e portinholas suficientes p

comodar até quarenta canhões. A tripulação de Dosset, no entanto,

estava em condições de enfrentar uma batalha.

Os franceses haviam deixado sua base portuária de Nantes há omeses, com uma tripulação de setenta e cinco homens e um porão ch

e mercadorias para o comércio com os reis e príncipes de Whydah,

golfo do Benin, na África. O proprietário do La Concorde, o

comerciante René Montaudoin, tinha dado ao capitão Dosset uma

antagem competitiva sobre os capitães dos navios negreiros rivais, u

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arga que os africanos dariam muitos escravos para possuir. O povo

reino de Whydah tinha uma propensão pelas estampas coloridas d

godão produzido na Índia. Montaudoin, o homem mais rico de Nan

tinha construído sua própria fábrica têxtil perto da foz do rio Loire,

fazia imitações de calicôs e indiennes4 estampados. Com seu navi

heio de algodão colorido, Dosset esperava uma viagem fácil e rentáv

As coisas correram mal desde o início. A poucos dias de distân

de Nantes, Dosset se deparou com duas tempestades poderosas qu

ausaram danos ao seu navio, provocando a perda de uma âncora vali

a morte de um tripulante. Ele chegou a Whydah em julho, após setee sete dias no mar, e conseguiu trocar seus bens por quinhentos e

dezesseis escravos e uma pequena quantidade de ouro em pó. Ele

também pegou micróbios e bactérias tropicais suficientes para faze

doecer muitos membros da tripulação. Dezesseis tripulantes morrer

durante sua estada de três meses na África ou durante as seis semanue eles passaram atravessando o Atlântico. Outros trinta e seis estav

doentes com “escorbuto e fluxo de sangue”. Sessenta e um escravo

também tinham morrido. Agora Dosset temia nem ser capaz de cheg

aos mercados de escravos da Martinica.

Com setenta por cento da sua tripulação morta ou incapacitadDosset não tinha a mão de obra necessária para operar as armas e o

aparelhamento do navio ao mesmo tempo. Um capitão na sua situaç

oderia blefar, exibindo seus canhões para afastar os atacantes, mas

ocasião Dosset também ficou privado dessa opção. Como ele estav

ransportando um número surpreendentemente alto de escravos – qu

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em a mais do que em qualquer viagem anterior do La Concorde –,

eve que aumentar sua capacidade de carga colocando no navio apen

dezesseis canhões. Se os estranhos acabassem por ser piratas, Doss

sabia que ele estava com problemas.

Quando os saveiros se aproximaram, ele e seu tenente, FrançoErnaud, devem ter sentido um crescente sentimento de terror. Uma

luneta revelou dois saveiros de guerra com canhões para fora de sua

ortinholas e seus conveses atolados de homens. Qualquer dúvida so

suas intenções desapareceram quando os saveiros exibiram uma

andeira preta com uma caveira, e fumaça e fogo começaram a girar torno da cabeça do temível homem barbudo no tombadilho do maio

saveiro.

Baforadas de fumaça apareceram ao longo do comprimento de

os saveiros quando ele disparou uma salva completa de tiros de can

no La Concorde. Balas de canhão caíam na água e voavam sobre oonvés, imediatamente seguidas por uma cascata de balas de mosque

Dosset continuou seguindo sua rota e tentou reunir os tripulantes, m

uma segunda salva de balas de canhões e mosquetes minou o últim

edaço de moral que eles tinham. Dosset ordenou que a bandeira fo

baixada e o timoneiro virou o La Concorde contra o vento, deixandque ele flutuasse lentamente até parar. Monsieur Montaudoin ia fic

muito zangado.

Quando olhou para o seu novo butim, Barba Negra sabia que

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nalmente tinha encontrado um navio adequado. O La Concorde era

rande, rápido e poderoso quanto o agora indigno Whydah de Bellam

talvez até mais. Com essa embarcação, Barba Negra sabia que seu

omens poderiam causar mais estragos do que o resto da antiga Gang

Voadora junto. Tudo o que o navio negreiro francês precisava era d

alguns ajustes e uma mudança de nome.

Os piratas levaram o La Concorde para Bequia, uma ilha

montanhosa e arborizada com um grande ancoradouro protegido,

localizada a dezessete quilômetros ao sudeste de St. Vincent. Barb

egra sabia que eles provavelmente não seriam incomodados lá, poiscontrário da maioria das ilhas circundantes, St. Vincent e Bequia n

eram controladas pelos europeus, mas pelos descendentes mestiços

ndios caraíbas e de sobreviventes africanos do naufrágio de dois nav

negreiros em 1635. Esse povo, os garífunas5, tinham defendido

ferozmente sua terra dos europeus, mas suas operações navais eramlimitadas a um punhado de canoas de guerra no estilo dos caraíbas

Mesmo se aparecessem em grande número, eles provavelmente ficari

satisfeitos com os piratas por terem impedido um navio negreiro d

chegar ao seu destino.

 No entanto, as centenas de escravos no porão do La Concordtinham pouca razão para celebrar. Embora Barba Negra tivesse vári

ipulantes de descendência africana, eles provavelmente tinham nasc

nas Índias Ocidentais, homens familiarizados com os costumes, a

inguagem e a tecnologia europeia. A maior parte dos africanos que

homens de Barba Negra capturavam “direto do navio” parece ter sid

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tratada como carga, criaturas de uma cultura diferente que não eram

egíveis para se juntar aos piratas. A grande maioria dos quatrocento

cinquenta e cinco escravos acorrentados no porão do La Concorde 

entregue ao capitão Dosset e deixados vigiados na costa de Bequia

Barba Negra manteve sessenta e um escravos a bordo do La Concor

rovavelmente para usar como trabalhadores, embora alguns possamsido introduzidos em seu bando. Sobre isso, infelizmente, o registr

histórico tem pouco a dizer.

Os piratas forçaram dez dos tripulantes de Dosset a se juntar a e

e sua escolha ilustra as necessidades do bando: o médico-chefe e sessistente piloto, ambos atiradores; o mestre carpinteiro e seu assiste

especialista na arte da calafetagem6 de cascos; um cozinheiro e um

marinheiro com habilidades não especificadas. Além disso, quatro d

omens de Dosset imploraram aos piratas para deixá-los se juntar a e

ncluindo o timoneiro e seus dois camareiros. Os meninos, Louis Are quinze anos de idade, e Julien Joseph Moisant, um pouco mais ve

eram os membros que recebiam a pior remuneração da tripulação d

navio negreiro, reles cinco e oito libras francesas (vinte e trinta e cin

entavos de libra inglesa) por mês, respectivamente. O jovem Arot po

er tido razões para não gostar de Dosset e seus oficiais, já que ele s

o seu caminho para prejudicá-los, contando aos piratas que eles tinh

ma quantidade de ouro em pó num esconderijo secreto em algum lu

a bordo do navio ou neles próprios. Os homens de Barba Negra

nterrogaram Dosset e seus oficiais, ameaçando cortar suas gargantas

eles não entregassem o ouro. Os franceses cederam e foram

recompensados com o pequeno saveiro de quarenta toneladas dos

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piratas, que mantiveram o La Concorde com eles. Os piratas també

es deram “duas ou três toneladas de feijão” para evitar que os escra

morressem de fome. Dosset rebatizou esse saveiro com o nome de

Mauvaise Rencontre [Mau Encontro], e o usou para transportar su

tripulação e escravos de volta à Martinica, uma tarefa que exigiu du

viagens separadas.

Barba Negra supervisionou a transferência de seus bens pessoa

do Revenge para o La Concorde, junto com os canhões e os

mantimentos do saveiro de quarenta toneladas e boa parte do seu ban

de piratas. Stede Bonnet tinha se recuperado dos seus ferimentos d batalha e, apesar de sua inexperiência, foi autorizado a retomar o

comando do Revenge e de uma tripulação de pelo menos cinquent

omens. Por relatos de testemunhas oculares alguns dias depois, sabe

que o La Concorde agora levava vinte e dois canhões e cento e

cinquenta homens, indicando que pelo menos alguns dos africanomantidos pelos piratas tinham sido aceitos na tripulação. Os pirata

ambém deram um novo nome ao La Concorde: Queen Anne’s Reven

[Vingança da Rainha Anne]. A escolha do nome sugere inclinaçõe

políticas jacobitas na tripulação de Barba Negra, evocando o nome

ltima monarca Stuart e prometendo vingança em seu nome contra o

George e sua linhagem Hanover.

Agora no comando de um navio de guerra poderoso, Barba Neg

estava pronto para deixar sua marca. Ele ficou ciente do estado

elativamente fraco das colônias europeias nas Pequenas Antilhas, f

que os homens de Sam Bellamy teriam atestado com base em suas

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incursões no ano anterior. Ele propôs ao bando que eles varressem

rquipélago de dois mil e duzentos quilômetros de extensão de pont

onta, atacando tanto navios quanto portos, até chegarem à passagem

Windward, onde eles podiam armar uma cilada para um galeão espan

ue transportasse a folha de pagamento para Cuba. Com essa estraté

cordada, o Revenge e o Queen Anne’s Revenge navegaram para foraporto em direção ao sul, com um caminho definido para Granada,

primeira ilha no arquipélago. Quando chegassem à ilha francesa, el

ecuariam até St. Vincent e continuariam para o norte, pulando de il

em ilha e colhendo objetos de valor como se estivessem passando p

uma fileira de árvores frutíferas.

Essa primeira etapa da viagem, que durou apenas dois dias, foi u

mistura de sucessos. Apesar da presença de seu piloto francês, ou

possivelmente por causa dele, os piratas acabaram encalhando um d

eus navios em Granada. Eles foram capazes de tirá-lo do recife que havia atingido e, embora não tivesse sofrido danos graves, os pirata

acharam necessário abandonar alguns escravos. (Dosset mais tarde

conseguiu recuperá-los, em parte porque ele os tinha marcado com

iniciais do La Concorde.) Mas eles também fizeram sua primeira

captura: um grande bergantim, uma embarcação de dois mastros

equipada para o mar e armada com dez canhões. Nenhum relato da

captura desse navio sobreviveu, então não há como saber de onde e

vinha ou o que estava a bordo, mas os piratas o mantiveram como u

erceiro membro de sua frota. Presumivelmente, alguns homens de s

ripulação foram forçados ao serviço e os restantes foram libertados

um dos barcos do navio ou deixados em terra em Santa Lúcia. Em

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qualquer caso, os piratas tomaram esse bergantim entre o momento e

que deixaram o capitão Dosset em Bequia e quando encontraram su

róxima presa um ou dois dias depois, na passagem de águas profun

ao norte de St. Vincent.

Era o Great Allen de Boston, um navio mercante muito grandseguindo o caminho de Barbados para a Jamaica. Barba Negra, aind

urioso com as autoridades de Massachusetts, permitiu que a tripulaç

espancasse o capitão, Christopher Taylor, para fazê-lo revelar o

aradeiro de seus objetos de valor. O capitão, algemado, ou se recuso

dizer ou negou que houvesse qualquer riqueza além de tudo o que enham encontrado no porão do Great Allen. Os piratas não acreditar

nele e o chicotearam profundamente. Ele tendo confessado ou não,

 piratas acabaram com as mãos cheias de riquezas e artesanatos tão

requintados que os futuros prisioneiros se lembrariam deles acima

todos os tesouros que eles viram a bordo dos navios de Barba NegrTaylor então teve que assistir enquanto os piratas queimavam seu

norme navio até a linha de flutuação. No dia seguinte, o capitão e s

ripulação foram colocados a bordo de um barco a remo e levados pa

uma costa esparsamente habitada em Martinica.

Levaria três meses para que notícias do ataque chegassem ao poatal do Great Allen em Boston. A essa altura, o destino dos tripulan

de Bellamy já tinha sido selado.

Os homens de Barba Negra confirmaram que tinham pouco a tem

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das autoridades francesas naquela parte do Caribe. Martinica, um

colônia açucareira com uma população de nove mil e quatrocentos

brancos e mais de vinte e nove mil escravos, era o centro do impéri

francês das Índias Ocidentais, mas não tinha proteção naval alguma

nada de nenhum tipo. Barba Negra teria sido dissuadido de atacar

próprio porto, por causa da presença do Forte Real, com suas paredgrossas e armas pesadas fornecendo ampla defesa. No entanto,

Guadalupe, a colônia-irmã de Martinica, a cento e vinte quilômetros

norte, não era tão fortemente fortificada, um fato que os piratas teria

descoberto quando interrogavam Dosset e sua tripulação. Seria a pa

e lá que Barba Negra faria a primeira de muitas incursões ousadas pas próprias capitais das colônias europeias nas Américas.

Só são conhecidos apenas alguns detalhes do ataque à cidade

uadalupe, que provavelmente aconteceu na noite de 28 de novembro

1717. Os piratas navegaram direto para o porto disparando seusanhões, antes que os navios ancorados pudessem fugir. Eles tomaram

ontrole de um grande navio francês que tinha acabado de receber um

carga de açúcar, levantando suas velas e cortando as cordas de sua

âncoras para empreender uma fuga rápida. Em seguida, na ação ma

hocante feita por um pirata caribenho até hoje, atearam fogo à cida

rovavelmente disparando balas de canhão em brasas na direção de s

leiras de casas de madeira. À medida que eles zarparam do porto, u

nuvem crescente de fumaça emergiu atrás deles. Quando os morador

da ilha finalmente conseguiram controlar o incêndio, metade da cida

de Guadalupe estava em cinzas.

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A manhã do dia 29 encontrou os piratas, com seu grande navi

çucareiro francês, navegando para o norte com um vento leve, entran

a passagem de sessenta e quatro quilômetros de largura que separav

uadalupe francesa das ilhas inglesas vizinhas de Montserrat, Antígu

évis. Um grande navio mercante apareceu drapejando as cores ingle

Antes que eles tivessem oportunidade de atacar, no entanto, vários

homens do navio foram vistos subindo em seu escaler. Para a surpre

dos piratas, em vez de tentar escapar, o barco começou a remar dire

para o mais próximo dos seus três navios, o Revenge de Stede Bonn

Bonnet orçou suas velas, permitindo que o barco ficasse ao seu lad

Ele olhou por cima do parapeito e foi saudado por um homem que presentou como Thomas Knight, um oficial do Montserrat Mercha

O oficial comandante de Knight, Bonnet logo descobriu, tinha

confundido o Revenge e o Queen Anne’s Revenge com dois navio

negreiros ingleses que chegavam da África, e os enviou para pergun

e eles estavam trazendo cartas com destino a Montserrat ou às IlhasSotavento britânicas. Bonnet, que devia parecer um traficante de

escravos aristocrático, se apresentou como capitão Edwards e disse

Knight que ele estava indo de Barbados para a Jamaica. Disse que,

ato, tinha algo para eles, e insistiu que subissem a bordo. Nessa altu

da conversa, Knight finalmente percebeu uma bandeira de caveirapendurada na popa do Revenge. Tentando esconder seu desconfort

Knight recusou educadamente. Bonnet então mudou de tom, ordenan

que Knight e sua tripulação de barco subissem a bordo, caso contrá

le iria afundá-los ali mesmo. Os homens infelizes fizeram como for

ordenados, subindo para o convés em meio a uma multidão de home

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armados. Knight se recordou mais tarde que “quando nós fomos a

bordo, as primeiras palavras que nos disseram foram que nós éramo

 bem-vindos a bordo do pirata”, ou seja, de sua embarcação.

Durante as horas seguintes, Knight e seus homens foram mantid

em um estado de terror e confusão. Primeiro, os homens de Bonnet convidaram para uma refeição. Knight recusou. Os piratas fizeram

convite pela segunda vez, dessa vez acrescentando que se ele fosse

cusado “eles lhes causariam danos”. Durante essa refeição obrigató

Bonnet e sua tripulação interrogaram seus convidados, coletando

informações sobre as Ilhas de Sotavento britânicas. O Forte deMontserrat em Kinsale era grande? Quantos canhões protegiam o

 principal porto da ilha, Plymouth, e os navios ancorados lá eram

poderosos? Knight disse-lhes o que sabia: o forte de sessenta anos

dade de Kinsale tinha quatro canhões, mas havia outros sete guardan

entrada de Plymouth. Nenhum outro navio era armado com algo mao que armas de fogo pessoais. Então ele implorou para que os pirata

ibertassem e a seus homens, ou pelo menos os deixassem em terra,

uadalupe ou Montserrat, pois o capitão de seu navio já tinha perceb

situação e fugido. Os homens de Bonnet se recusaram, dizendo que

prisioneiros “deviam ir falar com o navio de guerra” – o Queen Ann

 Revenge – antes de serem liberados.

O dia passou e Bonnet alcançou o Queen Anne’s Revenge e o na

çucareiro francês. Ele chegou ao lado do navio de Barba Negra, pert

uficiente para gritar uma pergunta ao seu comodoro: O que ele deve

azer com os homens que havia capturado? A ordem que voltou era q

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ele enviasse os prisioneiros em um barco. Knight e seus homens

emaram para o poderoso navio de guerra, que para eles parecia ter s

construído com linhas holandesas, rápido e ágil. À medida que eles

proximavam, alguém a bordo do grande navio pirata os saudou atrav

de um megafone. A mensagem foi a mesma de antes: “Bem-vindos

 bordo do pirata”.

Uma vez no convés do Queen Anne’s Revenge, o grupo de Knig

foi convidado para outra refeição. Dessa vez eles não recusaram. O

iratas se gabavam de suas conquistas, mas ocultavam os nomes de s

omandantes, chamando Bonnet de “Edwards” e dizendo que o nomeBarba Negra era “Kentish”. Barba Negra não se juntou a eles, no

entanto, e os prisioneiros logo souberam que ele estava doente,

 provavelmente com uma doença vinda da África em seu navio ex-

negreiro. O capitão falaria com eles mais tarde. No meio-tempo, ele

foram colocados para trabalhar como empregados temporários a bordo navio.

Os piratas navegaram durante a noite, deixando Montserrat se

destruição em direção a Névis, a segunda ilha mais importante na

colônia da Grã-Bretanha nas Ilhas de Sotavento, um pico vulcânic

novecentos e setenta e cinco metros acima do mar cintilante. Eleschegaram a Névis no amanhecer do dia e Barba Negra ordenou qu

seguissem para a ancoragem principal na costa oeste da ilha.

Algumas horas depois, a esquadra pirata chegou ao porto de Né

as Barba Negra estava tão doente que mal podia deixar seus aposen

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William Howard, seu intendente, inspecionou os navios ancorado

contra as costas margeadas de cana-de-açúcar. Havia uma grande

variedade de embarcações mercantes para serem tomadas – saveiro

anoas à vela e alguns grandes bergantins ou navios – mas havia tamb

uma grande fragata, que Howard acreditou ser o navio de guerra

atribuído às Ilhas de Sotavento, o HMS Seaford , de sexta classe. Oiratas reagiram com entusiasmo, não medo. O combinado era que e

deveriam atacar a fragata onde ela estava, invadir seus conveses, cor

as cordas de sua âncora e, antes que as autoridades em terra pudesse

reagir, navegá-la para o mar. Howard propôs esse plano ousado par

Barba Negra, mas o pirata se sentia fraco demais para tomar parte nataque arriscado e convenceu o bando a não seguir com ele. Haveri

outras oportunidades, ele lhes disse, uma vez que eles estivessem m

familiarizados com seu navio e sua capacidade; em vez disso, eles

deveriam se concentrar em alvos mais fáceis. Seu argumento ganhou

Howard ordenou que a pequena frota navegasse para Antígua, a capias Ilhas de Sotavento britânicas, que eles esperavam que estivesse s

 proteção naval.

Os piratas navegaram drapejando as cores inglesas, fazendo o

ossível para parecerem navios mercantes simples seguindo sua rota.

caminho para Antígua, seus três navios navegaram entre dois outro

avios mercantes desavisados. Talvez não querendo despertar um alar

eral, os piratas não atacaram. Em vez disso, enviaram Bonnet um po

à frente dos outros navios no Revenge para pegar mais informações.

edida que o dia avançava, um saveiro comerciante passou ao lado d

onnet ou um de seus oficiais o saudou, alegando ser de Barbados. U

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omem a bordo do saveiro respondeu que ele era Richard Joy, capitã

oprietário do New Division, a caminho de São Cristóvão para Antíg

s piratas disseram que ele deveria embarcar em seu navio e promete

ão lhe fazer mal algum. “Quando eu subi a bordo, eles me convidar

para comer e beber e perguntaram quais navios estavam ao longo d

costa”, Joy relatou mais tarde. “Eu não sabia dizer.”

Enquanto Joy estava fazendo sua refeição, alguns dos homens

Bonnet embarcaram no New Division, assumiram o controle do

ombadilho e obrigaram toda a tripulação a embarcar no Revenge. E

continuaram a interrogar Joy, exigindo saber quais navios estavam nporto de São Cristóvão. A princípio, o comerciante alegou ignorânc

mas quando os piratas ameaçaram queimar seu navio, ele lhes conto

do. Havia dois navios, um recém-chegado de Liverpool com uma ca

de produtos alimentícios ingleses. Os piratas ficaram satisfeitos com

notícia, mas anunciaram que iriam afundar o New Division mesmossim. Joy abordou Bonnet, implorando para deixá-lo manter seu nav

Eu lhe disse que era tudo que eu tinha para sustentar a minha famíl

Bonnet teve pena do homem e disse à sua tripulação para deixá-lo fi

com seu saveiro, mas não libertá-lo até depois do anoitecer. Quando

New Division finalmente se separou dos piratas, o intendente de Bar

Negra, William Howard, permitiu que Thomas Knight e seus home

partissem com ele. Enquanto seus prisioneiros se afastavam, os pira

untaram seus navios para fazer uma consulta e, com base em suas no

informações, resolveram atacar São Cristóvão em vez de Antígua. O

rês navios fizeram a volta novamente, seguindo a noroeste em direç

ao seu novo alvo.

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A pequena frota de Barba Negra chegou em 1º de dezembro. O

colonos ingleses não podem ter ficado felizes ao ver os três navios

chegando a Sandy Point, com suas bandeiras negras tremulando n

aparelhagem. Os colonos, que ainda não tinham se recuperado de u

grave ataque francês durante a guerra, não conseguiram manter as

defesas da ilha. Os canhões mal estavam em condições de

funcionamento e pólvora, munições e canhoneiros qualificados era

escassos até mesmo no principal forte da ilha em Brimstone Hill, co

vista para o ancoradouro. A milícia supostamente havia sido chama

para fazer funcionar os canhões que eles tinham, mas foram incapaz

e impedir os homens de Barba Negra de apreender e saquear uma sée saveiros comerciais. (O navio Liverpool  não foi encontrado em lu

nenhum.) Em uma demonstração simbólica de desprezo pelo forte d

ei, Barba Negra fez seus homens navegarem o grande navio açucare

rancês até bem debaixo dos canhões do forte e colocou fogo nele, b

no pé de Brimstone Hill. O navio, ainda carregado com açúcar, setransformou num inferno; uma grande nuvem de fumaça acre subia

deriva sobre as muralhas de pedra do forte. Ao mesmo tempo em qu

Revenge e o Queen Anne’s Revenge saíam do porto, os piratas tamb

ueimaram vários saveiros comerciais, deixando Sandy Point como s

franceses a tinham invadido de novo.

Barba Negra e Bonnet continuaram a subir as Ilhas de Sotaven

us navios carregados de prata, ouro em pó e açúcar. Barba Negra ha

roubado mais seis canhões, e enquanto eles navegavam para as Ilha

Virgens, sua tripulação os montou em carros de canhões e os rolou

eus lugares atrás das portinholas extras do Queen Anne’s Revenge

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apitânia de Barba Negra agora tinha vinte e oito canhões de um qui

e um quilo e meio, com espaço para mais doze. O próprio Barba Ne

tinha recuperado sua saúde e talvez estivesse arrependido de não te

atacado o que ele achava ser o HMS Seaford  em Névis.

 Na verdade, o Seaford  não tinha estado em Névis. Enquanto BaNegra e Bonnet estavam rondando Névis e São Cristóvão, o Seafor

estava navegando nas Ilhas Virgens, levando o governador Walter

amilton numa excursão pelos bens distantes de sua colônia. A pequ

ragata tinha acabado de fazer a volta para iniciar sua viagem de volt

Antígua, o que a colocava em rota de colisão com Barba Negra eBonnet.

O governador Hamilton e o capitão do Seaford , Jonathan Rose

estavam preocupados com sua segurança. O Seaford  era o único nav

de guerra designado para a colônia espalhada pelas Ilhas de Sotaven

mas ele era também uma das menores fragatas da Marinha. Aembarcação de vinte anos de idade tinha apenas vinte e oito metros

omprimento e duzentas e quarenta e oito toneladas, com vinte e qua

anhões e uma tripulação de oitenta e cinco homens, muitos deles, co

e costume, incapacitados por uma doença tropical ou outra. Hamilto

Rose estavam conscientes de que ele não seria páreo para um saveiruma fragata pirata fortemente armados, especialmente se eles fosse

abordados. Na verdade, quando Sam Bellamy passou pela colônia n

no anterior, eles tinham sido forçados a cancelar o giro do governad

Hamilton pelas ilhas. Finalmente estavam fazendo a viagem, mas j

inham passado por uma experiência com o perigo. Apenas alguns d

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antes, haviam encontrado um navio pirata “de cerca de vinte e seis

canhões e duzentos e cinquenta homens” na costa de St. Thomas. O

avio, que drapejava um “estandarte branco com a figura de um hom

morto estendido” era, de acordo com o capitão Rose, comandado p

ninguém menos que Olivier La Buse. Apesar de ter menos canhões

homens, o Seaford  perseguiu La Buse, mas foi incapaz de alcançá-ltambém tendo menor capacidade de navegação que ele.

Os homens de Barba Negra avistaram o Seaford  perto de St.

homas em 2 de dezembro, ou em data próxima, a certa distância. El

identificaram, provavelmente reconhecendo o estandarte com odistintivo da Marinha voando de seu aparelhamento. Uma discussão

seguiu. Sabiam que tinham que ter mais homens do que a fragata, m

 para fazer valer essa vantagem eles precisariam embarcar nela. Era

elativamente fácil embarcar de surpresa em um navio ancorado, que

que os piratas haviam considerado fazer em Névis, mas era muito marriscado fazê-lo em uma batalha no mar. Os canhoneiros da Marin

Real eram bem treinados, capazes de disparar seus canhões duas vez

mais rápido que seus concorrentes franceses e espanhóis; se

onseguissem atirar uma saraivada de metralha bem cronometrada, e

 podiam acertar uma centena de homens em poucos segundos. No

Revenge, tripulantes veteranos se lembraram do massacre horrível q

testemunharam quando Bonnet tinha atacado um navio de guerra

espanhol, uma batalha da qual este tinha acabado de se recuperar. N

final, votaram contra o ataque, que lhes pareceu desnecessariament

rriscado. Como os piratas mais tarde contariam a um prisioneiro, “e

tinham encontrado o navio de guerra dessa estação, mas disseram q

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ão queriam nada com ele. Mas se ele os tivesse perseguido, eles teri

solvido as coisas de sua maneira”. Eles se mantiveram no seu camin

e viram o Seaford  desaparecer.

A bordo do Seaford , o capitão Rose e o governador Hamilton

acharam que tinham acabado de passar por um navio negreiro e umaveiro comerciante, não percebendo quão perto eles tinham chegado

 perigo até mais tarde naquele dia. Aproximando-se da ilha Santo

Eustáquio, eles foram saudados por um saveiro “enviado direto de S

Cristóvão”, a dezesseis quilômetros a sudeste. A tripulação do save

nformou ao governador a identidade dos piratas e sobre sua invasãoandy Point dois dias antes. O ataque, o governador Hamilton lembr

mais tarde, “deixou o povo de São Cristóvão muito apreensivo pel

minha segurança”, os levando a equipar voluntariamente um saveiro

eis canhões para escoltar o Seaford  de volta até Antígua. Uma cente

de milicianos se ofereceu para ocupá-lo e mais dez embarcaram noSeaford  para reforçar sua tripulação em caso de uma abordagem po

ratas. Enquanto o governador navegava afobado de volta para Antíg

escreveu uma carta para o capitão Francis Hume em Barbados

mplorando-lhe para trazer imediatamente o HMS Scarborough às Il

de Sotavento para ajudar o Seaford  a caçar os piratas.

As futuras gerações de historiadores relatariam que Barba Neg

tou contra o Scarborough até dilacerá-lo, um evento visto como a m

fantástica de suas muitas realizações. No entanto, a batalha nunca

aconteceu, como provado por um exame aprofundado dos diários d

bordo do Scarborough e do Seaford  e das cartas dos capitães Hume

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Rose. O Scarborough e o Seaford  perseguiram os piratas, seguindo

movimentos de Barba Negra e de Bonnet através das Antilhas por qu

m mês; mas eles sempre estavam mais de uma semana para trás. Nun

alcançaram os piratas. Em vez disso, os capitães navais receberam u

elato falso de que Barba Negra tinha sido visto em Dominica, perto

St. Vincent, o que os enviou quatrocentos e oitenta quilômetros ndireção errada, numa caçada inútil. De alguma forma, relatos do

ncontro do Seaford  com Barba Negra se misturaram com os relatos

 batalhas do Scarborough com John Martel e outros piratas e foram

aumentados para uma batalha naval completa que nunca aconteceu

 Na realidade, depois de passar pelo Seaford  na manhã do dia 2

dezembro, Barba Negra e Bonnet partiram para St. Croix, o local d

encontro dos piratas usado por Martel e Bellamy no ano anterior. N

caminho, eles capturaram dois saveiros, um dinamarquês e um inglê

que levaram para o porto de St. Croix. Ficaram lá por uma noite ouduas, renovando seu fornecimento de água e lenha e montando mai

anhões capturados a bordo do Queen Anne’s Revenge, deixando-o c

inta e seis canhões. Por diversão, também queimaram o saveiro ing

acrescentando seu casco aos destroços queimados do navio e saveir

 piratas de John Martel. Mais uma vez, as tripulações dessas

embarcações comerciais não foram machucadas. Quando Barba Neg

estava pronto para partir, colocou os prisioneiros a bordo do saveir

dinamarquês, juntamente com “um índio e um negro pertencentes à

Bermudas”. Os últimos indivíduos provavelmente tinham ficado

prisioneiros por alguns meses, aparentemente simpatizando com o

piratas, pois eles estavam transportando quatrocentos e vinte e cinc

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gramas de ouro em pó. (Que foi roubado deles pelos capitães dos

saveiros dinamarquês e inglês durante sua viagem para Tortola.)

Barba Negra e Bonnet seguiram para leste e em 5 de dezembr

estavam na costa do extremo oriental de Porto Rico. Naquele dia,

capturaram um último saveiro das Ilhas de Sotavento, o Margaret  dão Cristóvão, depois que o Queen Anne’s Revenge disparou um ún

ro sobre a proa. O capitão do Margaret , Henry Bostock, foi ordena

remar até o navio pirata principal, com cinco de seus homens. Bost

mais tarde deu às autoridades inglesas um dos relatos mais detalhad

de Barba Negra e seu navio. Os piratas “aparentemente não queriamantimentos”, mas apreenderam alguns bois e suínos vivos que Bost

estava carregando em seu saveiro, bem como seus livros, instrument

e navegação, espadas e armas de fogo. Barba Negra, conforme Bost

latou, “era um homem alto e esguio, com uma barba bem preta, que

usava muito longa”. Sua tripulação totalizava trezentos e seu naviorincipal era um “navio da Guiné Francesa construído por holandes

com trinta e seis canhões. Havia uma grande quantidade de prata a

 bordo, bem como o “cálice refinado” tirado do capitão Taylor. Os

piratas não abusaram de Bostock ou seus homens, mas forçaram trê

deles a servir a bordo de seu navio. Um quarto, Robert Biddy de

Liverpool, se juntou a eles voluntariamente.

Barba Negra interrogou Bostock e sua tripulação, querendo sab

que os outros navios mercantes estavam negociando na costa de Por

Rico. Bostock se recusou a falar, mas Biddy e outros membros da

ripulação contaram a ele sobre saveiros franceses e dinamarqueses q

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tinham passado por seu caminho. Bonnet foi enviado na frente, no

 Revenge, para persegui-los, enquanto os homens de Barba Negra

erminavam de transferir suínos guinchando e bovinos infelizes para

Queen Anne’s Revenge. Os piratas se gabavam de ter encontrado o

eaford  e queimado vários navios e saveiros. Bostock os ouviu discu

ua intenção de navegar para a baía Samana, São Domingos (hoje denda República Dominicana), onde iriam querenar e “ficar à espera d

Armada Espanhola”, que eles esperavam que navegaria de Havana “c

inheiro para pagar as guarnições” em Porto Rico. “Eles acham que

fomos embora”, Barba Negra disse sobre os espanhóis, “mas em bre

nós estaremos às suas costas, de surpresa”.

Por alguma razão, Barba Negra e seus homens estavam

extremamente ansiosos para descobrir o paradeiro de um capitão

Pinkentham, sobre quem os piratas “perguntavam muitas vezes”.

Pinkentham, um capitão de mar com laços com a Jamaica e Rhodesland, tinha sido um corsário durante a Guerra da Sucessão Espanho

comandando uma embarcação rápida com uma tripulação de cento

essenta homens; Barba Negra certamente o teria conhecido, e pode

er servido em sua tripulação, o que levanta a possibilidade de que s

otivos para encontrar Pinkentham podem ter sido mais complicado

que simplesmente querer saquear o navio do homem. Os homens d

ostock disseram a Barba Negra que eles tinham visto Pinkentham p

última vez em St. Thomas, uma da Ilhas Virgens controladas por 

inamarqueses, num saveiro de oito canhões; ele planejava navegar p

a Jamaica e, em seguida, até a Flórida, para mergulhar nos naufrágio

espanhóis, e já tinha permissão oficial britânica para fazê-lo. Barb

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Negra provavelmente esperava alcançar Pinkentham em seu caminh

ara a Jamaica. (Eles não tiveram sucesso; o saveiro de Pinkentham m

arde foi capturado por um pirata das Bermudas chamado Grinnaway

ripulação de Pinkentham – dez homens, dois meninos e seis negros

mais tarde conseguiu dominar seus captores e fugir.)

Bostock tinha outra informação que iria deixar o mundo dos

piratas de cabeça para baixo. Acreditava-se que George I tinha emiti

m Ato de Graça perdoando todos os piratas por seus crimes, desde

e rendessem. A proclamação real não tinha chegado às autoridades Ilhas de Sotavento, mas marinheiros haviam visto o decreto na

nglaterra, onde ele tinha sido publicado na London Gazette [Gazeta

ondres] onze semanas antes. Uma cópia do decreto chegaria a qualq

a, Bostock lhes disse e, mais tarde, relatou que os piratas ouviram e

otícia, “mas pareceram ignorá-la”. A informação era inquietante, e n podia ser diferente. Cada um dos cerca de quatrocentos homens d

equena frota de Barba Negra estava pensando que havia dado um pa

irrevogável para a criminalidade e a rebelião, e agora descobriam a

possibilidade de uma segunda chance. Cada homem, incluindo Bar

Negra, deve ter cogitado desistir da pirataria e se aposentar com seuganhos ilícitos.

Se os piratas de Barba Negra discutiram essa notícia uns com

outros, o conteúdo de seus debates foram perdidos para sempre. N

erdade, Henry Bostock foi o último inglês a ver Barba Negra por qu

três meses. Depois que Barba Negra libertou Bostock, os piratas

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navegaram mais para dentro do território francês e do espanhol, e a

informações que os capitães do HMS Scarborough e HMS Seafor

estavam colhendo minguaram. Os últimos relatos que eles recebera

olocavam os piratas em Mona Island, entre Porto Rico e São Domin

e, finalmente, perto da baía Samana. Lá, Barba Negra sumiu dos

registros ingleses para um mundo espanhol onde ninguém sabia se

nome.

 

sses eram, de fato, dois navios de quinta classe com quarenta canhões, o HMS  Pearl , com destino à Virgínia para lihoreham que estava em dificuldade, e o HMS Diamond , seguindo para a sede da frota na Jamaica.so colocaria Hornigold bem ao largo da costa da Carolina do Norte em 17 de outubro de 1717 (quando ele capturou dois navio

sta dos cabos de Virgínia em 26 de novembro de 1717 (onde ele capturou um navio vindo de Maryland). Em 17 de outubro, arece ainda ter operado em torno dos cabos de Delaware, onde ele capturou uma série de embarcações entre 12 e 22 de ontes de navegar para o norte em direção a Long Island. Em 26 de novembro (no calendário inglês ou juliano), Thatch estava a duzentos quilômetros a sudeste, perto de São Vicente, nas ilhas Windward.ataque ocorreu em 28 de novembro de 1717, conforme o calendário gregoriano usado na França. Essa data corresponde a

ovembro no calendário juliano, que permaneceu em uso na Grã-Bretanha e suas colônias até 1752.alicô e indienne são tecidos indianos de algodão (N.T.).

povo garífuna sobrevive até hoje, embora os britânicos tenham deportado todos de São Vicente no final do século XVIII. es têm suas próprias comunidades nas ilhas da baía de Honduras e em torno de Placencia, no sul de Belize.alafetar é vedar fendas e pequenos buracos (N.T.).

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CAPÍTULO NOVE

Pedindo perdão

Dezembro de 1717 - Agosto de 1718

Henry Bostock não tinha mentido para Barba Negra. Como parte de seu plano para reprim

atas, o rei George I havia, de fato, emitido uma proclamação real, em 5 de setembro de

cretando que qualquer pirata que, dentro de um ano, se rendesse a um governador britânico

rdoado por todas as piratarias cometidas antes de 5 de janeiro de 1718. Enquanto Barba N

vegava pelas Grandes Antilhas, cópias dessa proclamação para reprimir os piratas estav

minho, vindo da Inglaterra a bordo de navios mercantes com destino a Boston, Charles

rbados. Quando os navios chegassem aos seus destinos, até os piratas presos seriam libertado

Os indultos tinham sido concebidos e promovidos por Woode

Rogers e tinham a intenção de reduzir o número de piratas ativos anda contraofensiva do rei George. Esperava-se que os piratas que se

aproveitassem do Ato de Graça voltassem a ser súditos produtivos

cumpridores da lei. Os que resistissem seriam caçados sem piedade.

ei George tinha ordenado que todos os militares e colonos capturass

sses resistentes, oferecendo uma recompensa de cem libras por capipirata capturado, mais cinquenta libras por “oficiais” e vinte a trint

libras por outros membros da tripulação de um navio pirata. Entre a

capturas e os perdões, os conselheiros do rei argumentaram, os pira

do Caribe ficariam fracos demais para resistir a Rogers quando ele

finalmente chegasse para restabelecer o controle das Bahamas.

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O texto oficial do perdão chegou primeiro a Boston1 e o da

proclamação foi publicado no semanário Boston News-Letter  em 9

dezembro de 1717. Mas era tarde demais para os sobreviventes da

ripulação de Bellamy. Durante a primavera e o verão de 1717, os o

presos esperaram em vão serem resgatados de suas celas na prisão d

oston. Eles foram levados a julgamento no final de outubro, na sala

udiências do segundo andar da prefeitura, construída há quatro ano

ocalizada a noventa metros da prisão2. Os dois carpinteiros forçado

permanecer no St. Michael  – Thomas South e Thomas Davis – fora

inocentados e liberados. Os outros seis homens foram condenados

forca.

Os condenados passaram suas duas últimas semanas na compan

do homem que era talvez o mais influente de toda a Nova Inglaterra

regador puritano Cotton Mather. Com cinquenta e nove anos de ida

descendente de uma família que tinha dominado a vida espiritual epolítica de Massachusetts desde a sua fundação, Mather se interess

elos piratas. Ele os visitava em suas celas, onde os submetia a serm

rolixos, condenando seu comportamento vil e os acusando, falsame

e assassinar todos os seus prisioneiros quando seu navio naufragou

Cape Cod. Ao longo desses encontros, um prisioneiro, Simon Van

Vorst, declarava sua inocência, lembrando que tinha sido recrutado

orça. “À força, não!”, Mather censurou o homem na época. “Melhor

morrido como um mártir pelas mãos cruéis dos piratas do que se torn

um dos seus irmãos”. Depois de voltar para casa, no entanto, Math

rabiscou uma lista de “coisas para fazer” em seu diário: “obter um

suspensão temporária da sentença e, se der, um perdão para um do

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ratas, que não é apenas o mais arrependido, mas também mais inoc

o que o resto”. Se ele de fato tentou conseguir esse perdão, seu esfo

não foi bem-sucedido.

 Na tarde do dia 15 de novembro, Mather acompanhou os

risioneiros condenados em sua caminhada da prisão para a plataforde desembarque do rio Charles. Depois que ele ouviu as confissõe

inais, os xerifes os levaram para a forca que havia sido erguida sobr

areia da vazante. Uma enorme multidão presenciou os homens fazen

seus discursos finais. De acordo com Mather, a maioria estava

“nitidamente arrependida”, particularmente Van Vorst, que leu umalmo em sua língua nativa, holandês, antes de aconselhar “os joven

levar uma vida na religião, guardar o sábado e obedecer a seus pais

Então os homens foram enforcados até morrer. “Eis”, Mather escrev

num relato3 publicado sobre as horas finais dos condenados, “o fim

 pirataria!”A Era de Ouro da Pirataria estava longe de terminar.

A partir de Boston, a notícia do perdão do rei lentamente se

espalhou em todas as direções. Uma violenta nevasca atrasou oscavaleiros do correio que levavam a notícia para Rhode Island e No

ork, mas um navio mercante anônimo levou a notícia para as Bermu

em pouco mais de uma semana, às mãos do governador Benjamin

Bennett. Bennett, que há muito tempo vinha aconselhando seus

superiores em Londres a fazer algo sobre a república pirata nas

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Bahamas, tomou para si a responsabilidade de informar aos piratas

xistência do perdão. Ele mandou fazer cópias da proclamação e ped

que seu próprio filho as levasse para Nassau num rápido saveiro da

ilhas Bermudas.

O filho do governador estava indo direto para a boca do leãoarmado com apenas uma pilha de papéis impressos. Os piratas tinha

capturado muitos dos navios dos seus conterrâneos e até ameaçaram

atacar o próprio arquipélago das Bermudas. Se eles reagissem mal,

 jovem Bennett podia acabar morto.

A essa altura, tantos comerciantes estavam contrabandeando

mercadorias de e para as Bahamas que os piratas provavelmente sequ

 pensaram duas vezes sobre o saveiro estranho. Embora ele fosse o

primeiro visitante oficial da ilha em quase dois anos, os piratas pod

ão ter tido conhecimento da presença de Bennett até ele desembarc

começar a distribuir cópias da oferta de perdão do rei. Ela foi passa para os alfabetizados, que leram seu conteúdo para os demais. Em

oucas horas, todos na ilha devem ter sabido que tinha sido oferecid

eles uma segunda chance.

Os piratas de Nassau prontamente se dividiram em dois grupoonflitantes. Pelo menos metade dos piratas estava em êxtase, saudan

jovem Bennett como seu herói e salvador. Esse grupo era represent

por Henry Jennings, que nunca teve a intenção de se tornar um fora

ei, e incluía Leigh Ashworth, o antigo intendente de Bellamy; Rich

Noland; o capitão veterano de saveiro pirata Josiah Burgess; e Jea

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Bondavais, o pirata francês que anteriormente havia tentado tirar o

médico prisioneiro John Howell de Hornigold. O próprio Hornigol

estava no mar quando Bennett chegou, mas sua simpatia estava com

es. Esse grupo consistia de piratas mais moderados – ex-marinheiro

corsários que tinham caído na pirataria tendo em mente o lucro. Es

multidão favorável ao indulto estava ansiosa para ter a chance deecuperar a legitimidade, para serem livres para investir em comércio

suas partes dos butins. Apoiados pelas dezenas de prisioneiros e

homens forçados da ilha, eles comemoraram, subindo ao topo do Fo

 Nassau, onde levantaram a Union Jack numa demonstração de

submissão à Coroa.

O outro grupo estava furioso com essa ação. Eles eram os bandi

bstinados, homens amargos e irados que se viam não como empresá

ou ladrões, mas como rebeldes ou guerrilheiros, em guerra contra

proprietários de navios, comerciantes e, em muitos casos, o próprio George. Essa turba contrária ao indulto incluía muitos piratas que

simpatizavam com os jacobitas pró-Stuarts e que tinham ficado

ecepcionados com o fracasso da revolta de 1715 contra o rei George

Casa de Hanover. Essa facção incluía Paulsgrave Williams, os crué

capitães de saveiro Christopher Winter e Nicholas Brown e vários

jovens ambiciosos cujos nomes logo se tornariam famosos: Edwar

England, Edmund Condent e John “Jack Calicô” Rackham. Seu líd

incontestável era Charles Vane.

Até agora, Vane tinha ficado em segundo plano; era apenas um

entre centenas de piratas de baixa patente que farreavam pelas ruas

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Nassau, bebendo, jogando, brigando e sendo mulherengo. Ele estav

vivendo com seus ganhos da época em que servia com Henry Jennin

articularmente sua parte na pilhagem roubada dos naufrágios espanh

em 1716. Ele pode ter feito viagens curtas com outros capitães pirat

mas parece que ele passou a maior parte do ano e meio que se seguiu

mesma forma que Jennings: descansando sobre seus louros em terrapreciando as liberdades oferecidas pela república pirata das Baham

A notícia do perdão ameaçou colocar um fim ao ninho pirata, assim

omo os boatos de que o rei George tinha nomeado um novo governa

real para as Bahamas. Vane, que era um simpatizante jacobita, não

poderia ter ficado satisfeito quando leu a proclamação do rei GeorgFicou furioso quando viu seus comparsas menos comprometidos

omemorando em cima do forte sob a recém-hasteada bandeira britân

O grupo de Vane se reuniu na praça principal, que logo se ench

de centenas de homens armados e zangados. Eles avançaram sobre fortaleza, expulsaram os foliões de dentro dela e arrancaram a Unio

Jack do mastro. Em seu lugar, içaram uma bandeira que não deixou

nenhuma ambiguidade sobre sua fidelidade, “a bandeira negra com

caveira”.

Eles tentaram atrair apoio externo também. Através de sua redeontrabandistas e contatos jacobitas na Inglaterra, esses piratas passa

uma mensagem para George Cammocke, um capitão da Marinha Re

que havia desertado para lutar pela causa do pretender  e agora estav

vivendo na França. Na mensagem, os piratas “proclamaram com um

coração e uma só voz James III como seu rei” e estavam “resolvidos

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rosperar ou perecer em seu empreendimento ousado” contra Georg

Como Cammocke mais tarde diria, os piratas escreveram que “eles

tinham rejeitado com desprezo tal perdão”; seu “humilde desejo” e

que os Stuarts “enviassem para eles uma pessoa de alta reputação n

Marinha Real da Inglaterra” para servir como o “capitão geral jacob

da América, por mar e terra”, com o poder de licenciar os piratas comorsários e de ajudar a organizar a resistência ao rei da Casa de Hano

Com essa orientação, eles disseram que poderiam realizar um ataqu

urpresa bem-sucedido às Bermudas e garantir a colônia para os Stua

Essa proposta extraordinária chegou a Cammocke, em apenas tmeses, através de simpatizantes na Inglaterra. O oficial naval vetera

entusiasticamente abraçou o plano dos piratas e imediatamente se

ofereceu para ir ele próprio a Nassau. Em uma carta enviada em 28

março de 1718 à mãe de James Stuart, a rainha deposta Mary de

Módena, Cammocke propôs comprar um navio de guerra de cinquencanhões em Cádiz por quinze mil libras, tripulá-lo com os jacobita

ingleses e navegar para as Bahamas como almirante dos Stuarts. Um

ez em Nassau, Cammocke iria, com a permissão de James III, emitir

 perdão para todos os piratas e os licenciar como corsários. Ele

estabeleceria um serviço de correio naval programado entre Nassau

Espanha para que o tribunal exilado de Stuart pudesse ser mantido e

ontato próximo com os piratas. “Empregá-los contra o inimigo com

será o único meio de abrir caminho para a restauração” da Casa de

Stuart, Cammocke escreveu. “Porque se nós podemos destruir o

comércio da Índia Ocidental e da Guiné, nós faremos os comerciant

ngleses desejarem, em vez disso, uma Restauração, para impedir qu

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reinado de George, o duque de Brunswick, continue”. Eventos na

Bahamas, no entanto, engoliriam o plano de Cammocke antes que e

saísse do papel.

A situação em Nassau continuou tensa ao longo de janeiro d

718. Vários navios piratas retornaram com um número de capturas barregadas que serviram como um lembrete dos benefícios da piratar

Essas incluíam o Mary Galley de Bristol, com seus porões repletos

garrafas de licor, e três grandes navios franceses, que transportavam

aguardente, vinho branco e vinho tinto. Hornigold trouxe dois navi

mercantes holandeses bem armados, subtraídos de Vera Cruz, noMéxico; um tinha vinte e seis canhões, o suficiente para reforçar o F

Nassau, enquanto o outro, Younge Abraham, de Flushing na Holand

tinha quarenta, bem como um grande lote de peles de animais mal

curadas cuja influência iria, em breve, afetar gravemente a vida em

 Nassau.Os piratas fizeram uma reunião geral para resolver suas diferenç

mas, nas palavras do livro História geral…, “havia tanto barulho

amor que nada conseguia ser resolvido”. O grupo de Vane argumen

que eles deveriam fortalecer a ilha, obrigando o rei George a negoci

enquanto eles esperavam notícias da corte no exílio de James Stuarennings, por outro lado, insistiu que eles deviam aceitar o perdão e

render “sem mais delongas”, entregando a ilha para o governador re

quando ele aparecesse. As divisões “desconcertaram tanto” os pirat

reunidos “que seu congresso separou-se abruptamente, sem fazer

qualquer coisa”.

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Depois disso, quase todo mundo de Nova Providência parecia e

zendo as malas. Os teimosos começaram a equipar os navios e save

no porto, preparando-se para o que poderiam ser viagens longas e

árduas. Christopher Winter e Nicholas Brown navegaram para Cub

ara abrigar-se entre os espanhóis. Edmund Condent e outros noven

ete homens se inscreveram para embarcar no saveiro Dragon, que e

equiparam para uma expedição à África e ao Brasil. Vane e dezesse

eguidores adquiriram o controle do saveiro Lark  e o esconderam nu

ancoradouro isolado nas proximidades, onde o modificaram para o

erviço pirata. Enquanto isso, outros moradores estavam navegando p

aceitar o perdão em colônias britânicas vizinhas. Jennings e quinze eus homens foram para as ilhas Bermudas no Barsheba e receberam

erdão do governador Bennett. Outros reservaram passagem em save

mercantes com destino à Carolina do Sul, Rhode Island e Jamaica

Hornigold ficou em Nassau, mas enviou um saveiro para a Jamaica c

itenta dos seus homens; ele deve ter temido por sua segurança entreiratas contrários ao indulto, porque instruiu os homens que partiram

pedir às autoridades navais em Port Royal que enviassem um navio

guerra para Nassau para “proteção”.

A essa altura, uma fragata da Marinha Real estava, de fato, a

caminho, mas vindo de Nova York e não da Jamaica.

O capitão Vincent Pearse, comandante do navio de sexta class

HMS Phoenix, recebeu a notícia da proclamação no dia de Natal,

durante uma intensa nevasca que tinha reduzido a velocidade dos

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avaleiros do correio de Boston. Enquanto os capitães de outros nav

de guerra receberam a notícia da proclamação passivamente,

continuando seus negócios como de costume, Pearse era jovem,

mbicioso e estava pronto levar a novidade diretamente para os pirat

Ele recebeu a bênção do governador de Nova York e imediatament

omeçou a preparar seu navio, que estava parado para o inverno, rola

os canhões de volta para seus lugares, garantindo os mantimentos

remontando mastaréus e outras mareagens.

Pearse sabia que sua fragata precisaria de todas as vantagens se

piratas se mostrassem hostis. O Phoenix era uma das menores fragatritânicas. Com duzentas e setenta e três toneladas e vinte e oito met

de comprimento, ela não era maior do que um navio pirata de grand

orte como o Whydah ou o Queen Anne’s Revenge, e tinha menos po

e fogo. Durante o ano anterior, o almirantado havia removido os qua

canhões do tombadilho superior que ele levava em tempos de guerreixando a fragata com apenas vinte canhões de dois quilos. Ela tamb

ra vulnerável ao embarque, tendo uma tripulação em tempos de paz

apenas noventa homens. O Phoenix não era particularmente bem

construído. Como seu nome sugere, ele foi originalmente construíd

como um brulote, destinado a ser encharcado de combustível,

incendiado e navegado em direção da frota do inimigo, com sua

tripulação escapando no último momento num barco de fuga. Quan

ele partiu para Nassau na tarde do dia 5 de fevereiro, o capitão Pear

deve ter esperado não estar metendo os pés pelas mãos.

 Na manhã de 23 de fevereiro, o Phoenix chegou à entrada princ

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do porto de Nassau, seus homens olhando nervosamente para os

canhões do forte que se deteriorava e para a bandeira de caveira qu

tremulava no seu mastro. Ancorados no porto estavam catorze navio

drapejando as cores de muitas nações: holandesas, inglesas, frances

espanholas e as bandeiras pretas ou vermelhas usadas pelos piratas

inco eram navios de grande porte, incluindo os navios holandeses barmados capturados por Hornigold, bem como o Mary Galley, o nav

de vinho francês desarmado, e um pequeno navio mercante inglês. O

outros nove, Pearse escreveu mais tarde em seu registro, “comerciav

com esses piratas, mas fingiam que nunca o fizeram até depois que

Ato de Graça foi publicado”.

Pearse ordenou que seu tenente, Sr. Symonds, organizasse um

grupo de desembarque para distribuir cópias da proclamação em ter

firme. Enquanto o barco do Phoenix lentamente entrava no porto, co

ymonds erguendo uma bandeira branca de trégua, os piratas tiveramomento para considerar. Eles poderiam facilmente expulsar o Phoe

lém dos canhões no forte, alguns piratas já estavam a bordo do You

Abraham de trinta e seis canhões e do outro navio holandês de vinte

eis canhões. Se fizessem isso, haveria uma perda de vidas considerá

nenhum dos sobreviventes teria qualquer chance de obter um perd

Hornigold, o pirata mais experiente e influente da ilha na época,

aconselhou uma abordagem conciliatória. Aqueles que desejavam te

perdão e voltar para a sociedade civilizada poderiam fazê-lo; aquel

que não desejavam ainda podiam aceitar o perdão, usando-o em

vantagem própria, para ganhar mais tempo. Os piratas comuns

concordaram. Quando Symonds pisou na praia com a proclamação e

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mãos, “ele foi recebido por um grande número de piratas com muit

civilidade”, como o diário de bordo de Pearse atesta. O tenente leu

gora familiar proclamação em voz alta para os piratas, que a receber

om o que ele considerava ser “uma grande alegria”. Symonds ficou

erra por algumas horas, durante as quais ele recebeu informações d

membros do grupo favorável ao indulto. Eles queriam se livrar doincendiário Charles Vane mais do que qualquer outra pessoa no

acampamento anti-indulto, e disseram ao tenente como encontrar se

ancoradouro secreto. Os piratas favoráveis ao indulto devem ter fica

atisfeitos em ver o Phoenix navegar para fora do porto em busca de

inimigo; já os aliados de Vane sentiram apreensão.

Pearse encontrou o saveiro de Vane escondido atrás de uma

 pequena ilhota chamada Buskes Cay, bem onde seus informantes

isseram que ele estaria. Ele posicionou o Phoenix de modo a bloqu

entrada para o ancoradouro e, em seguida, deu ordem para começara disparar contra ele.

A bordo do Lark , o bando de Vane tinha pouca escolha a não

se render. Enquanto balas de canhão de dois quilos caíam na água e

orno de sua embarcação pequena, os dezesseis homens inventaram u

história. Eles iriam dizer ao comandante do Phoenix que estavam spreparando, não para ir para a pirataria, mas para navegar para Nass

ara encontrá-lo e saber mais sobre o perdão do rei. Com isso em me

Vane e seu novo intendente, um destemido irlandês chamado Edwa

England, partiram para o Phoenix e se renderam.

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Pearse não se deixou enganar pela história de Vane e apreende

Lark  em nome do rei George, levando Vane e companhia em custód

mbora o sol estivesse se pondo, Pearse se sentiu confiante de que e

 podiam encontrar o caminho de volta para Nassau, de modo que o

Phoenix navegou durante a noite, chegando de manhã. Ele ancorou

águas de trinta metros de profundidade, com o Lark  ancorando na

roximidades. Seguindo o protocolo, os piratas a bordo dos dois nav

holandeses dispararam seus canhões em saudação ao navio da Sua

Majestade, um sinal de que eles reconheciam a sua autoridade.

Pouco tempo depois, alguns barcos remaram para fora da cidadarregando o que Pearse descreveu como “seus comandantes e lídere

Hornigold, Francis Lesley, Josiah Burgess e Thomas Nichols. Pear

elembrou sua conversa em seu diário de bordo, mais tarde naquele d

Eles “me informaram que o meu ato de tomar o saveiro tinha alarma

muito todos eles, com os piratas em geral achando que Vane e os outhomens capturados seriam executados”. Os comandantes piratas

garantiram a Pearse que se ele libertasse o bando de Vane, “seria u

ótima forma de induzir os habitantes de Nassau a se render e aceitar

Ato de Graça”. Pearse, consciente de sua posição delicada, seguiu

onselho dos comandantes piratas e libertou Vane, England e os out

catorze homens, assegurando-lhes a “bondade da Sua Majestade pa

com eles”. Ele manteve o Lark , no entanto, mandando alguns de se

homens equipá-lo como um navio mercante. Pearse informou aos

comandantes piratas que Woodes Rogers, o famoso circum-navegad

que havia capturado um galeão de Manila durante a guerra, tinha si

nomeado governador das Bahamas e era esperado em Nassau naque

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verão. Ele acrescentou que estava disposto a dar a cada homem qu

ueria aceitar o perdão do rei um certificado assinado que lhes garan

algum grau de proteção até Rogers chegar, ou enquanto os piratas

estivessem a caminho de outras colônias para obter o perdão de seu

governadores. Hornigold, Vane e os outros comandantes piratas

maram para terra, prometendo fazer o máximo possível para conven

os outros a aceitar o perdão.

Depois que os piratas foram embora, começou a chover e contin

ssim durante todo o dia seguinte. Pearse esperou em sua cabine que

por notícias de terra. Na segunda manhã, 26 de fevereiro de 1718, ufluxo de barcos começou a remar em meio à chuva, cada um cheio d

piratas que desejavam se render. Pearse os recebeu ao longo dos do

dias seguintes, reconhecendo suas rendições, assinando seus

ertificados de proteção e adicionando seus nomes a uma lista cresce

de piratas que logo seriam perdoados. Os primeiros barcos incluíamHornigold, Williams, Burgess, Lesley e Nichols, bem como o antig

ntendente de Bellamy, Richard Noland, e o intendente de Hornigo

ohn Martin. A lista de Pearse cresceu de cinquenta nomes para cem

finalmente, para duzentos e nove, um verdadeiro “Quem é Quem” d

 piratas da Era de Ouro. Ela logo incluiria a maioria dos antigos

arceiros de Hornigold nos seus dias de pirágua – Thomas Terrill, Jo

ockram e Daniel Stillwell; o companheiro corsário de Henry Jennin

Leigh Ashworth e vários homens cujas carreiras como pirata estava

onge de acabar, incluindo Samuel Moody e Charles Vane. No final

sua primeira semana nas Bahamas, Pearse sentiu que tinha tido sort

Ao invés dos vários milhares de piratas que ele esperava encontrar n

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ontentado com saques moderados e brincadeiras menos maldosas, m

a geralmente voto vencido e, como estava envolvido naquela socied

abominável, era obrigado a ser um parceiro em todos os seus atos

perversos.” A “sociedade abominável” de Vane consistia de quaren

omens. John Rackham se destacava do resto por causa do seu estran

ábito de usar roupas feitas de calicôs4 indianos com estampas alegros outros homens já tinham se acostumado a chamá-lo de Jack Calic

Tudo que o bando de Vane tinha era dois barcos e uma pilha de arm

de pequeno porte, mas era apenas isso que Hornigold, Barba Negra

ellamy tinham quando começaram. Se o capitão Pearse e o governa

Bennett pensavam que a pirataria nas Bahamas tinha acabado, Vantinha algumas surpresas reservadas para eles.

Por vários dias, o bando de Vane espreitou ao leste de Nassau

spera de uma oportunidade. Em 21 de março, as condições perfeitasapresentaram. O vento estava fraco e ficava mudando de direção,

tornando possível para os piratas dominarem um navio à vela com o

seus barcos a remo. Um saveiro mercante da Jamaica surgiu, vindo d

extremo leste de Nova Providência, flutuando lentamente em direção

estreita entrada oriental do porto de Nassau. Quando ele passou po perto, os homens de Vane remaram os barcos para fora de seu

esconderijo e, com cordas e ganchos de luta, invadiram o pequeno

aveiro. Sua tripulação se rendeu sem luta. Os piratas agora precisav

de um lugar para guardar seu butim e reequipar sua captura. Eles

decidiram ir para o porto de Nassau, bem debaixo do nariz do

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 problemático capitão Pearse.

Os homens de Vane iam explorar a geografia peculiar do port

Uma das razões pelas quais os piratas tinham escolhido Nassau com

ua base era que, além de sua entrada principal a oeste, o porto ofere

uma porta de trás – um canal estreito, porém navegável em suaextremidade oriental, pelo qual um navegador experiente podia pass

om um saveiro. Perto dessa entrada, um banco de areia baixo chama

de Potter’s Cay quase dividia o porto em dois: qualquer navio que

precisasse de mais de oito metros de água não poderia passar por ci

dos bancos de areia em ambos os lados dessa ilhota. O Phoenix estaancorado no lado ocidental desse banco de areia e era grande dema

ara atravessar. Os piratas poderiam navegar seu saveiro pela passag

oriental e saquear sua presa por trás de Potter’s Cay, em plena vista

capitão Pearse.

Era um teatro político por excelência. Os piratas renegados vierara o porto, com uma bandeira vermelha ou “sangrenta” esvoaçando

topo de seus mastros, ancoraram na enseada segura e começaram a

saquear ruidosamente sua presa em plena vista do Phoenix. Vane

colocou a tripulação do saveiro em terra em Potter’s Cay, de onde e

odiam nadar até a cidade, mas manteve o capitão, prometendo devoua pequena embarcação assim que eles capturassem outra mais ao s

gosto. Eles celebraram durante a noite, com o barulho de sua folia

convidando os piratas em terra a retomarem seu comércio ilícito.

O capitão Pearse percebeu que ele estava sendo feito de bobo

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Todas as Bahamas sabiam que ele tinha libertado Vane do cativeiro

assinado seu certificado de perdão. Agora ele tinha a audácia de

provocá-lo. Alguma coisa tinha que ser feita, e rápido. Ele juntou se

oficiais e delineou um plano.

À uma da manhã, depois que o som da festa dos piratas tinhaacabado, Pearse armou um contingente de homens e ordenou que el

ubissem no maior barco do Phoenix. O mais silenciosamente possív

eles remaram através do porto escuro, em torno de Potter’s Cay e em

direção ao veleiro pirata, esperando pegá-los de surpresa. No entant

Vane tinha armado guarda, e quando o grupo naval chegou dentro dlcance das balas de mosquete, foi saudado com uma saraivada de ba

de armas leves. Os homens do Phoenix devolveram o fogo, mas dep

e algumas trocas de tiros ficou claro que os piratas eram mais forte

eles tiveram que fazer uma retirada precipitada. A Marinha Real tin

tentado mostrar sua força, mas tinha sido posta a correr.Essa breve batalha impulsionou fortemente a moral dos piratas

assau. De repente, o navio de guerra parecia vulnerável e os homen

Vane, heroicos. Durante a noite, o clima mudou de renúncia para

desafio. “Eu muitas vezes reuni os habitantes em nome de Sua

Majestade, e usei todos os argumentos possíveis para convencê-los audar a reprimir os referidos piratas”, Pearse escreveu mais tarde. “M

eles sempre rejeitavam todos os métodos que propus. Eles se

ocializavam com o bando de Vane e o assistiam com os mantimento

demais necessidades, e em todas as ocasiões demonstravam um ódi

nem um pouco pequeno do governo.”

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Daí em diante, a situação de Pearse se deteriorou. Na noite de

e março, ele deixou o porto para acompanhar quatro saveiros para f

as Bahamas em segurança; ele tinha um interesse pessoal em um de

o saveiro de Vane, o Lark , que tinha tripulado com marinheiros do

Phoenix para uma lucrativa missão comercial privada em St. Augusti

Quando ele retornou seis dias depois, descobriu mais uma afronta à

autoridade. Os piratas de Nassau tinham colocado fogo no Young

Abraham e no Mary Galley e tinham encalhado o navio holandês d

inte e seis canhões na ilha Hog. Em 31 de março, Vane voltou para

antuário na enseada oriental do porto de Nassau para provocar Pea

om seu mais recente prêmio, o Lark , que ele havia recapturado, apedos esforços de Pearse. E o mais preocupante, três dos marinheiros

Marinha Real que ele tinha colocado a bordo do Lark  tinham deserta

 para a tripulação de Vane. Agora Pearse não apenas tinha menos

homens e menos armas, ele precisava se preocupar com seus própri

marinheiros considerando os piratas como heróis.

Enquanto transferiam canhões e mantimentos para o Lark , o

omens de Vane gritavam insultos contra o Phoenix, que Vane ameaç

em voz alta queimar. Em seguida, remaram audaciosamente através

enseada ocidental para a cidade, passando perto do navio de guerra

earse abriu fogo contra o barco e ordenou que os piratas embarcass

no Phoenix. Eles ignoraram as ordens e a artilharia salpicando na ág

em torno deles e seguiram para a cidade.

Em apenas três dias, a quadrilha de Vane cresceu de dezenove p

mais de setenta e cinco homens. Durante esse tempo, ele também

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capturou mais dois saveiros, cujos capitães, inconscientes do perig

tinham ancorado ao lado dos piratas. Pearse tentou avisar os saveir

çando suas velas de mastaréu “com lençóis voando”, mas sem suces

Em 4 de abril, Vane hasteou uma bandeira negra no topo do ma

o Lark  e zarpou para o mar. Com um saveiro ágil de seis canhões e om grupo de homens, Vane estava em posição de levar todo o comé

nas Bahamas para um impasse. Ele tinha pouca compaixão por sua

timas, especialmente os comerciantes contrabandistas da ilha Harb

que tinham se rendido a Pearse no momento em que ele mostrou a

bandeira britânica. Eles pagariam um preço por sua deslealdade pacom a república pirata.

Mesmo com Vane longe, o capitão Pearse se viu numa posiçã

insustentável. Os piratas “tinham alterado seu comportamento e fei

ameaças ao capitão para que ele fosse embora ou seria pior para ele

egundo o governador Bennett relatou depois de questionar piratas quscavam perdão nas Bermudas. “Eu concluo que todos que pretend

se render já o fizeram e eu temo que em breve eles irão se multiplica

pois muitos marinheiros tornam-se dispostos a se juntar a eles quan

seus navios são tomados.”

Pearse fez o máximo possível para não demonstrar fraqueza, m

em 6 de abril seu carpinteiro acidentalmente colocou fogo no Phoen

enquanto fervia piche na cozinha do navio. A tripulação rapidamen

controlou o fogo, mas o dano simbólico era irreparável. Dois dias

depois, o Phoenix levantou suas âncoras e, na companhia de cinco

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saveiros mercantes, zarpou com destino a Nova York. Para o

constrangimento final do capitão, ele encalhou na saída. Por algum

horas, os moradores de Nassau observaram os homens do Phoenix

abalhando para libertá-lo. Então ele se foi, deixando Nassau nas m

de piratas mais uma vez.

Barba Negra e Bonnet passaram o inverno5 entre 1717 e 1718

erritório espanhol, mas seus movimentos e atividades ficaram perdid

ara as autoridades britânicas. Marinheiros espanhóis disseram aos s

colegas jamaicanos que um pirata conhecido apenas como “the GreDevil” [o Grande Diabo] estava navegando pelo Golfo do México, s

avio cheio de “muitos tesouros”. Pouco tempo depois, foi relatado

Bonnet e Barba Negra estavam “navegando perto” da entrada de Ve

ruz pelo golfo mexicano, com quatro saveiros e “um navio de quare

e dois canhões”. Aparentemente, eles estavam à procura de um navchamado Royal Prince e tinham se vangloriado de que “quando

udessem, eles teriam o navio de guerra Adventure”. Era uma vangló

e tanto: o HMS Adventure, de quatrocentas e trinta e oito tonelada

rinta e seis canhões e quinta classe, com base na Jamaica, era a frag

mais poderosa da Marinha Real em todo o hemisfério ocidental naépoca.

 No final de março, Barba Negra e Bonnet haviam se separado

baía de Honduras. Barba Negra levou o Queen Anne’s Revenge para

lha Turneffe, um grande anel de manguezais e ilhotas de areia e cor

ocalizado a quarenta quilômetros da costa de onde hoje é Belize e u

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ocal de descanso popular para comerciantes ingleses. Bonnet levou

 Revenge para cento e sessenta quilômetros mais ao sul e estava

navegando em busca de capturas no arquipélago Baía, três ilhas

rodeadas de corais ao largo da costa de onde hoje é Honduras.

Em 28 de março de 1718, os homens de Bonnet avistaram umgrande navio perto de Roatán, a maior das ilhas Baía. O Protestan

Caesar , de Boston, era um navio mercante enorme, de quatrocenta

toneladas, com as bocas de vinte e seis canhões saindo de suas

ortinholas. Ele era mais do que quatro vezes maior do que o Reven

que transportava apenas dez canhões e cinquenta homens. Apesar dtudo, Bonnet e sua tripulação decidiram atacar, correndo o risco d

repetir a batalha desastrosa do fazendeiro excêntrico com o navio d

guerra espanhol no ano anterior. Eles alcançaram o Protestant Caes

s nove horas da noite, habilmente chegando por trás da popa vulnerá

o grande navio. Os homens de Bonnet dispararam cinco canhões e uraivada de tiros de mosquete, que foram revidados por dois canhõe

opa e uma saraivada de balas. Enquanto a fumaça se dissipava, Bon

gritou que se o navio disparasse outra arma, eles não dariam “nenhu

desconto”, uma ameaça de matar todos a bordo. O capitão veterano

 Protestant Caesar , William Wyer, de Boston, reconhecia um blef

quando via um. Ele disparou outro salva de seu canhão. A batalha

continuou por três horas, canhões iluminando a noite, até Bonnet

finalmente desistir e se retirar para a escuridão.

Os homens de Bonnet estavam descontentes: seu comandant

claramente tinha aprendido pouco em seu ano de aprendizagem com

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arba Negra. Eles votaram por navegar para Turneffe, onde poderiam

ecuperar de sua batalha imprudente. Eles também deixaram claro p

Bonnet que seu comando estava na corda bamba.

Em 2 de abril, o Revenge entrou na lagoa de oito quilômetros

argura de Turneffe. Para alívio da tripulação, o Queen Anne’s Revenestava ancorado lá. Alguns dos homens imploraram para Barba Neg

usar sua influência para dar fim ao comando de Bonnet. Barba Neg

ediu aos homens de Bonnet que convocassem uma reunião com tod

ando, onde ele propôs que substituíssem Bonnet por um dos oficiai

Barba Negra, um homem chamado Richards. Os homens aceitaramplano, e Bonnet foi transportado para o Queen Anne’s Revenge. Lá

Barba Negra teria dito ao seu comparsa teimoso que “como ele não

estava acostumado com as fadigas e os cuidados de tal cargo”, seri

melhor para ele ficar com Barba Negra, onde poderia “viver 

tranquilamente, à vontade, num navio como esse, onde ele não seriobrigado a desempenhar as obrigações necessárias de uma viagem

marítima”. Bonnet tinha sido colocado em prisão domiciliar e assim

continuaria durante muitos meses.

Os piratas ficaram em Turneffe por mais alguns dias, se

recuperando, enchendo a barriga de peixes e tartarugas marinhas eapturando embarcações perdidas. Sua primeira captura foi um save

de madeira de corte, de oitenta toneladas, da Jamaica, chamado

 Adventure, que tinha entrado por engano na lagoa de Turneffe. Os

 piratas gostaram do saveiro e ficaram com ele, mantendo seu

omandante, David Herriot, como prisioneiro a bordo do Queen Ann

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Revenge. O imediato de Barba Negra, Israel Hands, assumiu o contr

do Adventure no seu lugar. Poucos dias depois, eles apreenderam pe

menos mais quatro saveiros, três da Jamaica e um de Rhode Island,

Land of Promise. Os homens de Barba Negra atearam fogo a um do

aveiros jamaicanos por causa de uma aversão ao seu capitão, mas e

olocaram bandeiras vermelhas nos outros e os adicionaram ao que gora uma frota de cinco navios. Em meados de 6 de abril, eles deixa

Turneffe, com Barba Negra dizendo a um de seus prisioneiros que

estavam “indo para a baía de Honduras para incendiar o navio

rotestant Caesar ” e garantir que o capitão Wyer “não pudesse se ga

de ter vencido um pirata quando fosse para a Nova Inglaterra”.

 Na manhã de 8 de abril, os piratas encontraram o Protestant

Caesar  ancorado na costa de Honduras, com seus porões cheios pe

metade com lenha recém-cortada. Quando Wyer viu os piratas – “u

grande navio e um saveiro com bandeiras negras e caveiras e mais trsaveiros com bandeiras sangrentas” –, chamou todos os seus homen

para o convés para perguntar se eles estavam dispostos a defender

navio dos atacantes. De acordo com Wyer, seus homens respondera

que “se fossem espanhóis, eles iriam apoiá-lo enquanto tivessem vid

mas se fossem piratas, eles não iriam lutar”. Quando ficou claro que

atacantes eram os mesmos do saveiro contra o qual eles haviam luta

anteriormente, agora apoiados pelo famoso Barba Negra, todos os

homens de Wyer “declararam que não iriam lutar e deixaram o navi

acreditando que seriam assassinados pelo bando do saveiro”. Duran

três dias, o capitão Wyer e seus homens se abrigaram em meio à

folhagem da selva e pilhas de lenha em terra, observando os pirata

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saquearem seu navio enorme. Em 11 de abril, Barba Negra enviou u

mensageiro a Wyer, dizendo-lhe que se ele se rendesse pacificamen

nenhum mal seria feito a ele. Barba Negra tinha uma reputação temí

entre os capitães mercantes das Américas, mas o pirata não era

conhecido por voltar atrás na sua palavra e, até onde se sabia, nunc

nha matado um homem. Wyer decidiu confiar nele e se rendeu. Eleevado até Barba Negra, que lhe disse que ele tinha sido inteligente

não queimar ou sabotar o Protestant Caesar , “caso contrário seus

homens a bordo de seu veleiro teriam causado danos a ele por luta

contra eles”. Infelizmente, Barba Negra também tinha uma má notíc

Ele tinha que queimar o Protestant Caesar  porque ele era de Bostonseu bando estava comprometido em destruir todas as embarcações d

Massachusetts em vingança “pela execução dos seis piratas” que tinh

sobrevivido aos naufrágios de Cape Cod. No dia seguinte, Wyer 

observou quando os piratas embarcaram no seu navio e atearam fog

com a carga de lenha e tudo. Fiel à sua palavra, Barba Negra libertoWyer e seus homens ilesos, juntamente com a tripulação do saveir

 Land of Promise; todos os prisioneiros finalmente voltaram para

Boston.

O bando de Barba Negra também resolveu seguir para o norte.

rimavera estava no ar e havia chegado a hora de transferir seus ataq

ara a costa leste da América do Norte. Antes, porém, eles iriam para

ilha Nova Providência e conferir a situação de seus irmãos piratas

Depois de humilhar Vincent Pearse, Vane e seu bando não

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retornaram para Nassau por três semanas e meia, período no qual el

desencadearam um reinado de terror no arquipélago das Bahamas. A

ontrário de Bellamy e Barba Negra, que evitavam força desnecessár

Vane presidia uma orgia de violência e crueldade que ajudava as

utoridades reais a pintar todos os piratas das Bahamas como monstr

Nessa única viagem, que durou de 4 a 28 de abril de 1718, seu band

modesto capturou uma dezena de navios mercantes, todos se renden

sem luta. No entanto, eles trataram a maioria dos seus prisioneiro

 barbaramente.

O pior tratamento foi reservado para as tripulações vindas daBermudas, que representavam sete dos doze navios6 capturados. O

bermudenses visitavam as Bahamas regularmente para extrair sal –

 principal conservante de alimentos naquela época – nas ilhas

desabitadas de Turks e Caicos, que compreendia a parte oriental d

arquipélago. Como eles normalmente seguiam as mesmas rotas parahas, eles eram um alvo especialmente fácil. Os homens de Vane tinh

desenvolvido recentemente uma animosidade particular para com el

aparentemente porque seu governador tinha prendido recentemente u

pirata chamado Thomas Brown por suspeita de pirataria. Brown tin

sido liberado – provavelmente por falta de provas – mas Vane quer

retaliar mesmo assim. Era como se alguém tivesse mexido com um

“iniciado” na máfia; seus comparsas eram obrigados a dar uma lição

vizinhança.

O saveiro de Edward North, William & Mary, caiu nas mãos d

Vane na costa da ilha Rum Cay em 14 de abril. Ao embarcar no nav

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os homens de Vane imediatamente começaram a bater em North, no

seus passageiros e na sua tripulação, insistindo que eles entregasse

odos os seus tesouros. A pequena embarcação tinha poucas coisas

valor a bordo: dezessete pistoles (moedas de ouro) espanholas

dezessete libras), alguns alimentos e dez onças de âmbar cinzento, u

ubstância dura produzida por algumas baleias que frequentemente trazida pela maré para as praias das Bahamas e usada em joias.

nsatisfeito com o saque, Vane capturou um dos marinheiros de Nor

amarrou suas mãos e pés e o prendeu à parte de cima do gurupés d

William & Mary. Os piratas então enfiaram um mosquete carregado

 boca do marinheiro e palitos de fósforo dentro das pálpebras domarinheiro desamparado; se ele não entregasse o dinheiro que estav

scondido a bordo, eles deixariam os fósforos queimar até alcançar s

lhos e o cegarem, depois do que ele seria baleado. Depois disso, Va

e sentia confiante de que eles tinham pegado tudo de valor, exceto p

tripulante negro de North, que eles apreenderam como saque.

Mesmo enquanto esses interrogatórios estavam ocorrendo, o ba

de Vane capturou um segundo saveiro das Bermudas, o Diamond , e

trouxe para o lado do William & Mary. Como fizeram antes, eles

começaram a bater no capitão John Tibby e em sua tripulação e

colheram um dos seus marinheiros para mais tortura. Eles amarrara

homem azarado, Nathaniel Catling, colocaram um laço ao redor do s

pescoço e o ergueram no mastro, chutando e engasgando. Ali ele fic

endurado, seu rosto ficando azul, até desmaiar. Os piratas o soltara

o deixaram para morrer no convés. Algum tempo depois, Catling

começou a recuperar a consciência. Um dos piratas desembainhou s

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facão e cortou o marinheiro caído ao longo de sua clavícula. Ele

levantou seu facão para continuar esfaqueando o homem até a mort

mas um dos outros piratas o impediu, dizendo, como Catling record

mais tarde, que era “crueldade demais”. Os piratas saquearam do

Diamond  objetos de valor – trezentas peças de oito (setenta e cinc

libras) e “um homem negro” – e forçaram toda a sua tripulação aembarcar no Lark , que os piratas agora estavam chamando de Rang

m seguida, derrubaram os mastros de ambos os navios das Bermuda

atearam fogo ao Diamond . Antes de deixarem os homens irem embo

o William & Mary mutilado, eles se vangloriaram de ter maltratado

tripulações de outros dois saveiros das Bermudas na semana anterioles disseram a North e Tibby que, quando eles voltassem para casa

Bermudas, deveriam dizer ao governador Bennett que os piratas “iri

juntar todas as forças que pudessem e viriam tomar seu país” e “faz

ele uma nova Madagascar”. Durante as celebrações regadas a bebid

como North e outras testemunhas se lembraram, os homens de Vanrindavam pela “condenação do rei George”, do governo e de “todos

oderes Superiores”, enquanto ameaçavam ocupar as Bermudas naqu

mesmo verão. Os homens de Vane, ao que parece, estavam bem

formados sobre os apelos que os piratas tinham enviado para o exil

James Stuart e estavam otimistas de que logo estariam recebendo oapoio daquela parte.

Quando voltou para Nassau em 28 de abril, Vane tinha assumid

controle de mais três saveiros das Bermudas, três da Jamaica, um d

Nova York e um navio vindo de Boston. Com isso, sua tripulação ha

aumentado para noventa ou mais, a maioria recrutada das embarcaçõ

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amaicanas, cujos marinheiros podem ter conhecido Vane de seus d

m Port Royal. Eles tinham, provavelmente, recebido apenas mil lib

u mais em tesouro, mas suas ações acabaram com o comércio legítim

nas Bahamas. Se os piratas não estivessem no controle do comércio

arquipélago, Vane argumentou, então ninguém estaria.

Vane deve ter ficado satisfeito ao descobrir que o HMS Phoen

tinha se retirado de Nassau, deixando incontestado o controle da ilh

 pelos piratas. E ficado ainda mais feliz quando um navio de guerr

norme entrou no porto alguns dias depois, a bandeira com a caveira

u mastro, acompanhado por um saveiro de guerra pirata e dois savecapturados. Barba Negra tinha retornado.

Barba Negra estava no comando de cerca de setecentos homens

ue quase quadruplicou a população pirata na ilha Nova Providência

noite para o dia. Durante algum tempo, as ruas de Nassau voltaram

vida com Barba Negra trocando histórias com Vane, PaulsgraveWilliams e outros capitães piratas obstinados da cidade. Seu band

provavelmente repartiu o butim a essa altura, já que aproximadamen

trezentos de seus homens deixaram o bando. Alguns, sem dúvida,

 pretendiam esperar até o governador Rogers chegar para receber o

erdão do rei. Outros, incluindo o canhoneiro de Barba Negra, WilliCunningham, queria se divertir em terra antes de voltar para a piratar

Alguns podem ter sido fiéis jacobitas que queriam ficar para trás co

Vane para aguardar reforços da corte exilada de Stuart. Alguns pode

er ido embora escondidos com Paulsgrave Williams, que deixou que

palhasse a notícia que ele partiria da ilha em breve rumo à África, p

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caçar navios negreiros europeus.

É possível imaginar Williams e Barba Negra dividindo uma beb

sob os toldos feitos com velas de navios de uma das cervejarias ao

vre de Nassau, contando histórias da destruição do Whydah, da cap

do Queen Anne’s Revenge e dos encontros com os navios de guerra Sua Majestade. Eles provavelmente trocaram informações sobre se

antigo comodoro, Benjamin Hornigold, então na Jamaica, se

perguntando se ele realmente tinha desistido da pirataria. Barba Neg

icou sabendo que um conterrâneo bristoliano, Woodes Rogers, seri

novo governador das Bahamas. Se Edward Thatch era, na verdade, u pseudônimo para proteger a família de Barba Negra, essa notícia

descartou qualquer possibilidade de aceitar o perdão em Nassau, po

Rogers iria reconhecê-lo. Barba Negra tinha duas escolhas: ficar co

Vane e tentar resistir a Rogers ou deixar Nassau para sempre.

Um ou dois dias depois, Barba Negra chamou todos os homenbordo de sua frota de cinco navios. Algumas caras novas apareceram

piratas que não tinham nenhuma intenção de abrir mão da vida “po

conta”, incluindo o antigo intendente de Hornigold, John Martin. A

maior frota pirata em atividade zarpou de Nassau, com suas velas

direcionadas para o estreito da Flórida, Palmar de Ayz e os naufrágiespanhóis.

Praticamente no mesmo momento, a milhares de quilômetros d

istância, outra frota estava levantando âncora no rio Tâmisa, no sul

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Londres: a que levaria Woodes Rogers para as Bahamas.

Era uma expedição impressionante, que tinha demorado muito

meses para Rogers organizar. Havia ao todo sete embarcações, cinc

delas de propriedade de Rogers e seus parceiros comerciais. Ele

navegava no Delícia, seu navio de guerra particular de quatrocentassessenta toneladas, com uma tripulação de noventa homens e trint

canhões, acompanhado pelo navio-transporte de trezentas tonelada

Willing Mind  (vinte canhões e vinte e dois tripulantes); pelo navio

cento e trinta e cinco toneladas Samuel  (seis canhões e vinte e sei

ripulantes); e pelo saveiro de guerra privado Buck  (seis canhões e dhomens). Juntos, esses quatro navios levavam a Companhia

ndependente de cem soldados, muitos deles recentemente liberados

hospital militar de Chelsea; cento e trinta colonos do sexo masculin

com suas esposas e filhos, a maioria deles refugiados protestantes d

França, Suíça e do Palatinado da Alemanha; alimentos e suprimentara alimentar e vestir todas essas pessoas durante catorze meses; to

as ferramentas e materiais necessários para, nas palavras dos

coinvestidores de Rogers, “construir fortalezas e casas”, limpar os

ampos e plantá-los com “cana, gengibre, índigo, algodão […] e taba

ara cheirar, igual ao de Havana”. Rogers, convencido de que os pira

responderiam aos ensinamentos espirituais, trazia no navio até um

 pacote de panfletos religiosos da Society for Promoting Christian

Knowledge [Sociedade para a promoção do conhecimento cristão]. A

odo, a expedição representava um investimento de onze mil libras a

 parceiros, enquanto Rogers tinha contribuído com três mil libras.

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Além dos soldados, da tripulação e dos colonos, Rogers estav

acompanhado por vários cavalheiros que pretendiam ajudá-lo a leva

ordem para a colônia decadente. O principal deles era sir William

Fairfax, um nobre de vinte e seis anos de idade, cuja família possu

cerca de cinco milhões de acres na Virgínia, e pretendia servir com

chefe de Justiça de Rogers. Fairfax, como seus colegas aristocrata

considerava as Bahamas muito perigosas para que sua esposa o

companhasse naquele momento. “Embora eu espere ficar pouco tem

separado da minha esposa […] confio em Deus que ela não vai quer

nada para consolar suas mágoas”, ele escreveu para sua mãe, pouc

antes da partida do Delícia.

Escoltando os navios de Rogers para Nassau estavam três navio

guerra da Marinha Real: a fragata de quinta classe HMS Milford  (d

uatrocentas e vinte toneladas e com trinta canhões), sob o comando

comodoro Peter Chamberlaine; o HMS Rose de sexta classe (deduzentas e setenta e três toneladas e com vinte canhões); e o saveiro

guerra Shark  (de cento e treze toneladas e com dez canhões), cada u

eles levando cem homens. Esses navios de guerra representavam a a

aval mais concentrada já desencadeada contra os piratas das Baham

unto com as embarcações bem armadas de Rogers, eles representav

ma força esmagadora: sete navios armados e tripulados com quinhen

cinquenta soldados e marinheiros. Enquanto eles navegavam para f

da embocadura do rio Tâmisa, no dia 22 de abril de 1718, poucos

ordo dos navios tinham qualquer dúvida de que a república dos pira

estava prestes a conhecer seu fim.

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Barba Negra tinha chegado a uma decisão que ele não tinha

ompartilhado com sua tripulação: a época da pirataria ostensiva est

prestes a acabar. O perdão do rei George tinha dividido a classe do

piratas, provocando a rendição de um grande número de seus melho

líderes e a dispersão de muitos outros. Ele pode ter ficado

mpressionado com o compromisso de Charles Vane de manter a ba

pirata a todo custo, mas era um estrategista prudente demais para s

comprometer com uma causa perdida. A menos que eles recebessem

eforços do rei Stuart, as poucas centenas de piratas em Nassau tinh

ouca esperança de repelir uma força militar concentrada do tipo que

 poderia esperar que o governador Rogers trouxesse com ele. Barb Negra não era como Vane. Ele não queria sair no esplendor de su

lória. Barba Negra preferia ser o pirata que conseguia escapar de tu

lvez agindo como uma versão do século XVIII de O Poderoso Chef

um chefe criminoso rico e poderoso, operando com a conivência d

algumas autoridades num papel indetectável ou impossível de serprovado para o resto. Ele tinha uma boa ideia de onde estabelecer es

cenário. Antes, porém, precisava de mais uma grande vitória.

O pobre Stede Bonnet pode ter dado a ele a ideia de bloquea

harleston, cujos navios mercantes eram obrigados a navegar sobre u

restinga e através da embocadura estreita do porto. Bonnet havia

oqueado a capital da Carolina do Sul no Revenge no ano anterior, m

teve que se limitar a uma operação relâmpago, atacando e fugindo d

local antes que os moradores da cidade viessem atrás dele em seus

róprios saveiros. Com sua frota poderosa, no entanto, Barba Negra

nha nada a temer dos pequenos saveiros armados dos comerciantes

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Charleston. A Marinha Real não tinha presença permanente nas

Carolinas, e mesmo se por acaso uma fragata estivesse no porto, el

eria facilmente vencida pelo Queen Anne’s Revenge e os três saveir

que o acompanhavam. Eles poderiam subjugar toda a colônia e até

mesmo saquear a própria cidade. Os piratas concordaram em segui

caminho para Charleston.

Enquanto navegavam para o norte, alguns dos homens adoecer

com uma doença não especificada, possivelmente sífilis adquirida d

 prostitutas de Nassau. Seu médico não tinha os medicamentos

considerados necessários para o tratamento, e consegui-los estavarapidamente se tornando uma prioridade. A frota pirata atacou vário

avios no estreito da Flórida, incluindo dois saveiros e um bergantim

esperança de angariar informações, além do saque. Eles acertaram e

cheio. Dois deles eram comandados por membros da antiga Gangu

Voadora. Josiah Burgess, um dos capitães veteranos de saveiros pirade Nassau, estava navegando de volta para as Bahamas vindo de

Charleston, no saveiro de dez toneladas, Providence, com cerveja

ngarrafadas e duas placas de cerâmica, dois produtos aparentemente

alta no covil dos piratas. Burgess ficou feliz em compartilhar o que

sabia a respeito de Charleston, onde ele tinha passado várias seman

depois de receber seu perdão. Ele tinha viajado para lá com alguns

eus amigos piratas, muitos dos quais ainda continuavam ali e ficari

lizes por ver seus velhos amigos. Barba Negra gostou de ouvir que

avia nenhum navio de guerra no porto, mas vários navios mercantes

reparando para partir para Londres e a Nova Inglaterra. Os homens

arba Negra compraram toda a carga de Burgess e o mandaram de vo

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 para Charleston para agir como seus olhos e ouvidos em terra; os

egistros da alfândega da Carolina do Sul comprovam que ele retorn

 para Charleston apenas alguns dias depois de partir, com seu navi

vazio, apenas algumas horas antes da frota de Barba Negra chegar a

 porto.

Poucos dias depois de encontrar Burgess, os piratas também

interceptaram o saveiro de trinta e cinco toneladas, Ann, da Jamaic

comandado por outro pirata arrependido, Leigh Ashworth. Ele hav

navegado num navio diferente cheio de contrabando de Nassau par

harleston algumas semanas antes. Ao receber o perdão, Ashworth ticomprado o Ann no nome de um membro da sua família e enchido s

porão com barris de alcatrão, piche e carne para vender em Port Roy

Ele estava pronto para se aposentar e ir para sua casa de campo

amaicana, disse a Barba Negra. Ashworth pode ter reforçado a deci

de Barba Negra de partir para a semilegitimidade, mas não antes dinvadir Charleston.

A frota pirata chegou aos bancos de areia de Charleston, a cato

quilômetros ao sul da cidade, em 22 de maio de 1718, e apreendeu

 barco-piloto antes que ele pudesse navegar para a cidade e alarma

todos. Então espalharam seus quatro navios por todas as entradas destinga e esperaram como aranhas os navios caírem em sua teia. Den

de poucos dias, eles capturaram pelo menos cinco embarcações: do

navios de saída para Londres, dois navios chegando da Inglaterra e u

pequeno saveiro de oito toneladas, o William, voltando para casa n

Filadélfia7

. O capitão do último, Thomas Hurst, era um rosto famili

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ele tinha estado em Nassau recentemente, onde havia comprado oit

“grandes canhões” dos piratas de lá, canhões que ainda estavam no

porão do seu pequeno saveiro. Um dia ele estava negociando com o

 piratas, agora ele era seu prisioneiro.

A primeira dessas capturas provou ser a mais valiosa. O navio cento e setenta e oito toneladas, Crowley, havia saído do rio com

destino a Londres. Seus porões estavam cheios, com mais de mil e

duzentos barris, mas que estavam cheios de piche, alcatrão e arroz

exportações da Carolina que não eram particularmente úteis para o

piratas. Em suas cabines, no entanto, o Crowley levava uma série dpassageiros pagantes, entre eles muitos dos mais ilustres cidadãos d

Charleston. Enquanto os piratas saqueavam as provisões e os

antimentos do Crowley, os passageiros assustados eram levados pa

Queen Anne’s Revenge, onde foram exaustivamente interrogados: qu

eram eles, o que seu navio estava transportando e quais outrasembarcações estavam ancoradas em Charleston? Um acabou sendo

Samuel Wragg, membro do conselho de administração da colônia, q

possuía vinte e quatro mil acres na província e estava voltando para

nglaterra com seu filho de quatro anos de idade, William. Barba Ne

percebeu que esses prisioneiros valiam mais para os piratas do que

carga no porão do Crowley. Era hora de reunir um conselho geral pa

decidir seu destino.

 Na preparação para a reunião, todos os prisioneiros dos piratas

um total de oitenta pessoas de várias embarcações – foram enfiados

 porão do Crowley e trancados na escuridão. “Isso foi feito com ta

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 pressa e precipitação que ocasionou um grande terror nas pessoas

nfelizes, que acreditavam verdadeiramente que estavam indo para a

destruição”, conforme o autor de História geral… escreveu mais tar

aparentemente depois de falar com testemunhas. Wragg e os outro

assageiros, tendo ouvido contos sanguinários sobre piratas, esperav

que seus captores ateassem fogo ao navio, “e o que parecia confirmessa ideia foi que nenhuma consideração foi dada às qualidades do

prisioneiros”, com os “comerciantes, senhores distintos e até mesmo

ilho do Sr. Wragg” sendo confinados com os empregados comuns e

marinheiros, nas suas mentes um prenúncio de morte.

Enquanto os prisioneiros se refugiavam no porão “lamentando

condição”, os piratas se reuniam a bordo de seu navio principal par

laborar um plano. Eles iriam enviar um barco para Charleston e exi

esgate por seus prisioneiros; se não fossem atendidos, eles ameaçar

não só matar todos os prisioneiros e queimar seus navios, mas tambnavegar para o porto de Charleston, afundar todos os navios lá e talv

atacar a própria cidade. Seja qual for a doença que os piratas havia

contraído, ela deve ter se tornado extremamente preocupante, pois

único resgate que eles exigiram foi um baú contendo uma lista de

medicamentos elaborada pelo seu médico, com um valor total de cer

de quatrocentas libras. A reunião terminada, Barba Negra mandou q

prisioneiros fossem levados perante os piratas reunidos e os inform

o plano. Wragg implorou aos piratas que enviassem um dos cavalhe

risioneiros com quem fosse entregar o pedido de resgate, para que e

pudessem mostrar ao governador como a situação era grave. Os pira

oncordaram, com alguns sugerindo que eles enviassem o próprio Wr

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mantivessem seu filho como refém. Barba Negra, sempre estrategis

era contra essa tática; ele não queria perder a posse de sua moeda d

oca mais valiosa, porque se ele não fosse atendido, não tinha inten

alguma de realmente matar o jovem William Wragg e os outros

risioneiros. Em vez disso, os piratas escolheram outro prisioneiro,

Marks, para viajar com seus emissários. Se a comitiva não voltasse cos medicamentos em dois dias, os piratas disseram que iriam torna

realidade suas ameaças.

O barco partiu, carregando Marks e dois piratas, no que se prov

uma viagem burlesca. No caminho para a cidade, uma tempestadepentina virou seu pequeno barco de cabeça para baixo. Os três hom

onseguiram nadar até a segurança em uma ilha desabitada e esperar

por resgate durante grande parte do dia, conscientes de que o temp

estava passando. Na tarde seguinte, com fome e esfarrapados, eles

 perceberam que teriam que resgatar a si mesmos. Encontraram umrande cobertura de escotilha de madeira na praia, mas ela não boiav

suficiente para aguentar todos eles. Na falta de outras opções, Mark

ubiu na escotilha e os piratas a empurraram para dentro d’água; qua

água ultrapassou suas cabeças, eles se agarraram à borda da escotilh

nadaram fortemente, empurrando a jangada improvisada na direção

Charleston, a catorze quilômetros de distância. Eles seguiram dess

forma durante toda a noite, fazendo pouco progresso. Pela manhã

tinham certeza de que iriam morrer, mas foram salvos por alguns

pescadores que passavam e os levaram para seu acampamento. Mark

percebendo que o tempo dos prisioneiros já tinha acabado, pagou a

 pescadores para ir contar a Barba Negra o que tinha acontecido.

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Enquanto isso, ele contratou um segundo barco para levar os três pa

Charleston.

Quando os pescadores encontraram os piratas, Barba Negra esta

urioso. O prazo tinha chegado e passado mais de um dia, e o comod

pirata tinha ameaçado Wragg e os outros “chamando-os de miserávemil vezes e jurando que eles não deveriam viver mais duas horas”

mbora ele feito o máximo possível para aterrorizar os prisioneiros,

os tinha machucado de nenhuma maneira. Quando os pescadores

lataram o infortúnio de Marks e pediram, em seu nome, mais dois d

Barba Negra consentiu. No entanto, mais dois dias se passaram e oemissários não voltaram, e mesmo assim o bando de Barba Negra n

matou ninguém. Em vez disso, eles resolveram navegar para Charles

e aterrorizar a cidade.

Enquanto isso, em Charleston, Marks estava procurando

desesperadamente os dois piratas com quem ele tinha viajado. Assiue eles chegaram à cidade, ele tinha corrido para a casa do governa

obert Johnson, que tinha concordado imediatamente com as exigên

de Barba Negra. Os dois piratas, no entanto, tinham saído para bebe

encontraram alguns dos seus velhos comparsas. Havia mais de um

dúzia de piratas de Nassau na cidade, que tinham ido receber o perddo rei. Enquanto os dois piratas vagavam pelas ruas da cidade murad

descobriram que muitas pessoas comuns os admiravam. Apreciando

fama e a companhia de velhos amigos, tinham ido de casa em casa

ebendo até se esquecerem do tempo. Não se lembraram da sua miss

até ouvirem, um ou dois dias depois, gritos nas ruas. A frota de Bar

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Negra tinha chegado ao porto, assustando tanto os moradores que “

mulheres e as crianças corriam pela rua como loucos”. Os dois pirat

bêbados cambalearam até a beira-mar, evitando que seus comparsa

dessem o troco na cidade.

Marks remou para o navio de guerra pirata com o baú demedicamentos e uma mensagem do governador Johnson oferecend

perdoar Barba Negra se ele quisesse baixar suas armas. Barba Neg

rejeitou a oferta mas libertou todos os seus prisioneiros e seus

respectivos navios, embora as autoridades locais dissessem que ele

nham “destruído a maioria de suas cargas […] e causado alguns daaos navios, tudo por maldade pura”. No final, os piratas foram embo

apenas com os remédios, mantimentos e alguns barris de arroz, quat

mil peças de oito (mil libras) e as roupas de seus prisioneiros

aristocratas, que eles tinham despido antes de liberar. Eles deixara

Charleston com apenas um butim: um saveiro espanhol que eles tinhapturado na Flórida. Barba Negra havia paralisado uma colônia inte

or mais de uma semana, mas, por razões desconhecidas, estava dispo

a se contentar com um saque que provavelmente valia menos que du

mil libras. Enquanto navegavam para o norte, a frota pirata deteve m

dois navios vindos da Carolina do Sul, o navio de sessenta tonelada

William, de Boston, carregado com madeira e milho, e o bergantim

quarenta e cinco toneladas Princess, de Bristol, transportando um

carga de oitenta e seis escravos africanos de Angola. Do Princess, o

piratas pegaram catorze do que um funcionário de Charleston cham

e “seus melhores negros”, acrescentando a um número já considerá

de africanos a bordo dos quatro navios da frota pirata. (Enquanto o

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escravos eram transferidos, Barba Negra disse ao comandante do

rincess, capitão John Bedford, que ele “tinha conseguido uma dúzia

rade”8, sugerindo que ele considerava esses negros em particular co

mercadoria, e não recrutas.) Quanto ao William e sua carga, as últim

alavras do bando de piratas ao sair de Charleston foram que eles iri

jurar vingança contra os homens da Nova Inglaterra e seus navios” pxecutar os homens de Bellamy. No entanto, foi o Revenge, na verda

que capturou o William, e por alguma razão seu comandante, o tene

de Barba Negra, Sr. Richards, o liberou. Depois, prisioneiros ouvira

Barba Negra brigando com Richards por “não ter queimado tal

embarcação, porque ela pertencia a Boston”.

Barba Negra logo deixou de lado sua raiva, pois havia assunto

mais importantes a tratar. Ele havia decidido secretamente que tinh

chegado o momento de acabar com seu bando, mas sem a intenção

dividir o recente butim com todos os quatrocentos homens. Enquantava na América Central, alguns dos piratas comuns haviam se torn

ebeldes, depois que o estoque de rum tinha acabado. “Nosso bando

alguma forma sóbrio”9, Barba Negra escreveu em seu diário na époc

“Uma confusão maldita entre nós! Causa uma conspiração e muito

oatos de separação.” Felizmente, o butim seguinte da frota tinha “u

grande quantidade de bebida alcoólica a bordo” que “manteve o ban

quente, extremamente quente, e então tudo correu bem novamente”

Barba Negra nunca perdoou os conspiradores, no entanto, e não tin

ntenção de recompensar tal comportamento. Ele bolou um plano pa

livrar-se deles, juntamente com o incompetente Stede Bonnet e seu

partidários. Compartilhou o plano apenas com alguns comparsas d

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confiança, incluindo o seu intendente, William Howard, e o

contramestre, Israel Hands, que estava no comando de uma das

embarcações da frota, o saveiro capturado de oitenta toneladas

Adventure. Esses homens o ajudaram a convencer o bando a naveg

ara uma das baías menos povoadas da Carolina do Norte para quere

supostamente em preparação para interceptar a frota anual de tesouespanhol no estreito da Flórida.

Seis dias depois de deixar Charleston – por volta de 3 de junho

1718 –, a frota de Barba Negra entrou no que hoje é chamado de

 passagem de Beaufort, na metade do caminho da costa baixa e pantanosa da Carolina do Norte. Para evitar os bancos de areia

desconhecidos, as embarcações tiveram que transpor um canal estre

em forma de vírgula criado por um canal de maré, cuja embocadur

amacenta fornecia uma ancoragem tranquila. Embora esse porto fos

localizado bem em frente à aldeia de Beaufort, os piratas não tinhanada a temer do punhado de famílias que morava lá, pois eles não

inham uma maneira prática de enviar um pedido de ajuda por terra.

aveiros – Adventure, Revenge e o pequeno navio espanhol capturad

ntraram primeiro, atravessando a barreira exterior de quatro metros

profundidade e prosseguindo pelo canal curvado para a ancoragem

Barba Negra navegou com segurança o Queen Anne’s Revenge sobr

barreira exterior, mas quando ele se aproximou da entrada do canal

maré sob vela cheia, aparentemente ordenou que o timoneiro seguis

m caminho que o levou direto para os bancos de areia. O grande na

estremeceu e parou; a força da colisão foi tão poderosa que derrubo

homens e quebrou as cordas de uma das âncoras de proa do navio, q

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caiu na água. Segundo o plano, Barba Negra mandou William Howa

 pelo canal num barco para dizer a Israel Hands que viesse com o

dventure, supostamente para ajudar a tirar o Queen Anne’s Revenge

banco de areia antes que a maré baixasse. Hands navegou o Adventu

retamente para o banco de areia bem perto do navio principal, faze

normes buracos em seu casco. Quando o Revenge e o saveiro espanchegaram ao local, o navio de Barba Negra tinha começado a inclin

seus porões se enchendo de água. Os piratas levaram uma das âncor

do Queen Anne’s Revenge para um local a trezentos e sessenta e cin

etros de distância do canal, a soltaram, e tentaram arrastar o navio p

ora do banco de areia com seu cabrestante, mas o esforço fracassou bando percebeu que seu Queen Anne’s Revenge estava condenado

Todos foram transferidos para o Revenge e o saveiro espanhol, que

levaram para Beaufort.

Enquanto os piratas faziam um balanço da situação, Barba Negcolocou em prática a próxima parte do seu plano. Stede Bonnet vin

numa condição de absoluta depressão há semanas, declarando a um

odos que ele deixaria a pirataria de bom grado, mas por causa de su

ações tinha tanta “vergonha de ver o rosto de qualquer homem inglê

novamente” que ele teria que “passar o resto de seus dias” vivendo

escondido na Espanha ou em Portugal. Assim, os piratas devem te

ficado muito surpresos quando Barba Negra anunciou que estava

devolvendo o comando do Revenge para aquele sujeito patético.

Bonnet, quase incapaz de acreditar no que ouvia, decidiu garan

um perdão o mais rapidamente possível. Os moradores de Beaufor

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podem ter dito a ele que o governador da Carolina do Norte, Charl

den, vivia na pequena aldeia de Bath, a um dia de navegação pelo ca

depois pelo rio Pamlico. Bonnet e um punhado de legalistas subir

um barco de pequeno calado e navegaram imediatamente, prometen

voltar em breve para pegar o restante dos homens.

Mal Bonnet tinha partido, Barba Negra e sua centena ou mais

conspiradores sacaram suas armas e tomaram seus companheiros em

ustódia. Eles abandonaram dezesseis deles – e o capitão do Adventu

David Herriot – no recife de Bogue, uma ilha de areia desabitada a u

quilômetro e meio do continente. Outros duzentos piratas foramdeixados à própria sorte em Beaufort. Barba Negra e seus comparsa

“quarenta homens brancos e sessenta negros” – subiram a bordo d

saveiro espanhol e partiram, levando todo o lucro do bando com ele

rca de duas mil e quinhentas libras. “Em toda parte se acreditava qu

al Thatch tinha encalhado seu navio de propósito”, Herriot mais tardisse às autoridades, para que ele pudesse “acabar com os bandos

garantir o dinheiro e as propriedades que ele tinha conseguido para

mesmo”. Quando Bonnet retornou com o seu perdão três dias depois

Revenge estava esperando por ele em Beaufort, mas o tesouro tinh

esaparecido. Ele resgatou os náufragos da ilha Bogue e jurou vinga

de seu preceptor traidor.

Mal sabia Bonnet, mas Barba Negra também tinha navegado pa

Bath, seguindo pela passagem externa em torno dos arrecifes das ilh

em vez de seguir pelo estreito raso entre elas. Enquanto Bonnet

navegava de volta para Beaufort, seu inimigo estava apenas do outr

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lado dos abrolhos, indo na direção oposta. Quando Bonnet descobr

sua traição, o saveiro de oito canhões de Barba Negra estava seguin

ua rota por um riacho estreito que levava à modesta capital da Carol

do Norte.

Embora Bath fosse o centro administrativo, a cidade mais antigporto oficial de entrada da Carolina do Norte, ela era pouco mais q

uma vila: três ruas longas, duas dúzias de casas, um engenho e um

equeno forte de madeira posicionado ao longo do riacho de Bath, cu

margens cobertas de cipreste eram tão baixas, planas e pantanosas q

ra impossível dizer onde a água acabava e a terra começava. O savede Barba Negra veio ao sabor do vento e ancorou na água marrom

manchada de tanino10, com a cidade de um lado, um cais e uma casa

fazenda no outro. Os cem ou mais moradores de Bath não puderam

deixar de notar seus visitantes: a população da cidade duplicou. A

chegar a terra, os piratas podem muito bem ter perguntado ondepoderiam encontrar o tribunal ou a sede do governo, e os moradore

riam informado que a Carolina do Norte não tinha nenhum dos doi

conselho de administração era migratório, e se reunia na casa de um

membro ou de outro, às vezes a muitos quilômetros da aldeia. Para

ceber o perdão do rei, Barba Negra foi aconselhado a remar para o

do outro lado do riacho; a casa do governador Charles Eden ficava n

final dele.

 Nenhum relato de testemunhas oculares da reunião inicial ent

Barba Negra e o governador Eden sobreviveu, mas aparentemente tu

correu bem. Eden, quarenta e cinco anos de idade, era um rico nob

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nglês com uma propriedade de quatrocentos acres, mas ele governa

uma colônia pobre, um lugar afastado e pestilento, povoado por índ

ssentidos e colonos sem um tostão. Os homens de Barba Negra tinh

dinheiro – duas mil e quinhentas libras em moeda espanhola, além

udo o que tinham guardado de seu ano anterior de pirataria – e meio

isposição para trazer mais, contanto que o governador se abstivessefazer muitas perguntas sobre de onde ele vinha. Eles chegaram a um

acordo. Eden emitiria perdões a todos os homens de Barba Negra,

maioria dos quais se dispersariam. Barba Negra e um punhado de se

enentes mais próximos se estabeleceriam em Bath, construindo casa

levando o que podia parecer, à primeira vista, uma vida honesta. Nalidade, eles continuariam a secretamente deter embarcações subind

descendo a costa leste ou de e para a Virgínia, que ficava nas

 proximidades, e cujos líderes arrogantes há muito tempo haviam

menosprezado seus vizinhos retrógrados do sul. Eden e seus amigo

sconderiam seus bens, e os piratas se beneficiariam de sua proteçãoCarolina do Norte se tornaria, com efeito, as novas Bahamas, só qu

elhor, por ter um governo soberano e, portanto, não estar sujeita a u

invasão britânica.

A maior parte do bando de Barba Negra prontamente deixou

arolina do Norte para a Pensilvânia e Nova York. William Howard

para Williamsburg com dois escravos, um tomado do La Concorde 

outro do bergantim Princess. Barba Negra e outros vinte homens,

incluindo pelo menos seis piratas negros livres, ficaram em Bath.

Segundo a história local, Barba Negra passou a residir em Plum Poi

um promontório na extremidade da aldeia. De acordo com o autor d

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livro História geral… Barba Negra logo se casou com “uma jovem

criatura de cerca de dezesseis anos de idade, com o governador 

realizando a cerimônia”, supostamente sua décima quarta esposa,

quem ele “forçaria a se prostituir” com “cinco ou seis dos seus

companheiros brutais” enquanto ele assistia. A história foi muito

exagerada. Barba Negra não teria encontrado tempo para se casar cocatorze mulheres, dada a quantidade de tempo que ele passou no m

om seu histórico extraordinariamente humano como pirata, é duvid

ue ele tivesse planejado que sua noiva adolescente fosse regularme

stuprada. No entanto, Barba Negra realmente se casou com alguém

Bath, já que suas núpcias foram posteriormente comentadas por umcapitão da Marinha Real baseado na vizinha Virgínia, que vinha

companhando suas atividades. Tradições locais afirmam que essa no

era Mary Ormond, filha de um futuro xerife de Bath, uma história

apoiada por pelo menos um dos descendentes de Ormond no início

éculo XX. Outra história de Barba Negra no História geral… diz: “muitas vezes se distraía em terra firme entre os plantadores, onde e

eleitava noite e dia. Por essas pessoas ele era bem recebido, mas se

 por amor ou medo, eu não posso dizer”.

Como Henry Avery, Barba Negra tinha comprado a lealdade de

overnador colonial, mas ainda tinha que acumular o tipo de fortuna

lhe permitiria viver como um rei para o resto de seus dias. Portanto

depois de algumas semanas de descanso, ele voltou a trabalhar.

De volta às Bahamas, Charles Vane não tinha a intenção de

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esconder suas atividades. Após sua viagem de abril, ele havia passa

quase um mês se preocupando em Nassau, à espera de reforços

jacobitas, os quais não viriam. Pouco depois de George Cammock

ncaminhar seu plano para as Bahamas à mãe de James Stuart, a rain

Mary de Módena, ela faleceu, o plano, aparentemente, morrendo co

ela. À medida que as semanas passavam, Vane percebeu que Wood

Rogers, o governador de George I, ia chegar primeiro que os Stuarts

 Nassau. A república pirata, como ele começou a perceber,

 provavelmente estava condenada. Hornigold e outros piratas

arrependidos que tinham voltado para Nassau pretendiam se coloca

serviço do governador Rogers. Jennings tinha ido mais longe, tendecebido uma licença corsária do governador Bennett para caçar Van

trazê-lo de volta para as Bermudas para ser julgado por seus crimes

izia-se que ele estaria equipando dois ou três saveiros para ir a Nas

com esse propósito. Vane queria continuar na pirataria, mas estava

ciente de que estava ficando sem saída.

Em meados do final de maio, ele não pôde mais esperar. Andou

Nassau chamando sua antiga tripulação. Setenta e cinco teimosos q

 pensavam como ele concordaram em se juntar no Lark , incluindo

Edward England e “Jack Calicô” Rackham. O plano era sair numa

última viagem antes que o governador Rogers aparecesse e,

esperançosamente, adquirir uma embarcação pirata maior, capaz d

perar sem precisar de um porto de base por longos períodos de tem

Se Vane fosse empurrado para fora do ninho pirata, ele queria esta

ronto para voar o tempo e a distância necessários para encontrar ou

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A primeira captura de Vane foi audaciosa. Em 23 de maio de 17

perto de Crooked Island, Bahamas, a trezentos e vinte quilômetros

udeste de Nassau, eles tomaram um navio familiar. O saveiro de cato

oneladas Richard & John tinha ficado permanente em Nassau dura

muitos anos, trazendo mantimentos para os piratas de Charleston

maica e trocando-os por butins piratas. Vane e todo mundo a bordo

Lark  sabiam que ele pertencia a Richard Thompson, o cidadão líder

ilha Harbour, e ao seu genro John Cockram, um dos fundadores d

república pirata, que havia navegado em canoas com Hornigold em

714. O Richard & John sempre esteve fora dos limites dos piratas, m

ão dessa vez. Cockram tinha sido um dos principais membros do gravorável ao indulto e não era amigo de Vane nem de seus homens. E

iraram no Richard & John, forçando seu capitão, o irmão de Cockr

Joseph, a virar para o vento e se render. A tripulação de Vane os

abandonou desamparados nas margens da ilha Crooked e foi embo

com seu saveiro. Vane estava fazendo uma declaração clara: em selivro, piratas arrependidos eram inimigos legítimos.

 Na primeira quinzena de junho, Vane capturou várias outras

mbarcações, incluindo um barco de dois mastros e um navio francês

vinte canhões11. O barco de dois mastros foi entregue a Edward

England, e a tripulação votou no extravagante John Rackham para

substituí-lo como intendente do bando. O navio francês era grande

nha de duzentas a duzentas e cinquenta toneladas, bem adequado p

pirataria, e Vane o adotou como seu novo navio principal. (Depois

er desarmado, o Lark  foi aparentemente dado aos franceses.) Em 23

unho, navegando fora do porto francês de Leogane, perto da Port-a

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Prince dos dias atuais, no Haiti, eles capturaram outro navio francês

 bergantim St. Martin de Bordeaux, transportando açúcar, índigo,

onhaque, vinho tinto e vinho branco. Vane deixou seu capitão e vár

 passageiros na costa, mas manteve o St. Martin e treze de seus

tripulantes. Satisfeito com esses saques e fortificado com a bebida,

ando de Vane decidiu voltar para Nassau: Vane em seu navio franc

England no barco de dois mastros e o St. Martin e o Richard & Joh

navegados por tripulações capturadas.

Com esses grandes navios, os piratas foram forçados a pegar

passagem de águas profundas em torno das ilhas Harbour e EleutérEssa rota demorava mais do que cortar diretamente através dos recif

das Bahamas, mas revelou-se fortuita. Na manhã de 4 de julho, a

equena frota pirata se encontrou entre um pequeno enxame de savei

mercantes indo e vindo da ilha Harbour. Em apenas algumas horas,

piratas capturaram três deles: o Drake de Rhode Island (capitão JohDraper), transportando vinho, rum e bebidas alcoólicas; o Ulster  d

 Nova York (John Fredd), carregado com madeira tropical da ilha

Andros; e o Eagle de Rhode Island (Robert Brown), com açúcar, pã

ois barris de pregos. Nenhuma frota de tesouro, mas os saveiros ser

bons pagamentos e o álcool iria manter os homens felizes por algun

dias, pelo menos. Naquela noite, o comboio de Vane chegou a Nass

nde seus homens imediatamente capturaram mais dois saveiros, o D

(William Harris) e o Lancaster , comandado por ninguém menos qu

Neal Walker, o filho do ex-juiz Thomas Walker, cuja família Hornig

tinha expulsado de Nova Providência em 1716. Vane tinha deixad

Nassau com um único saveiro seis semanas antes, mas agora estava

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controle de pelo menos nove embarcações.

Ele rapidamente consolidou seu controle sobre a ilha. Diz-se q

invadiu a terra tempestuosamente com sua espada desembainhada

ameaçando “queimar as principais casas da cidade e tomar muitas

essoas como exemplo”. Vane agiu contra Benjamin Hornigold e ouratas arrependidos, tomando “muitas pessoas como exemplo” e agi

e forma “extremamente insolente com todos que não fossem vilões

randes quanto ele próprio”, de acordo com o autor de História gera

que tinha fontes excelentes em Nassau. “Ele reinou aqui como

governador durante vinte dias, parou todos os navios que chegavamnão tolerou que nenhum saísse […] Jurou que, enquanto estivesse n

porto, não toleraria nenhum outro governador a não ser ele próprio

Com seus oponentes intimidados, Vane e seus homens começar

a trabalhar, transferindo a carga do St. Martin para vários saveiros

colocando canhões adicionais a bordo do grande navio francês. Suquadrilha pretendia navegar para a costa do Brasil, onde eles poderi

perar juntar forças com La Buse, Condent e outros piratas invetera

Talvez outra república pirata poderia ser constituída nas costas da

América do Sul, além do alcance do rei de Hanover, onde os pirata

 poderiam se reagrupar.

 Na noite de 24 de julho de 1718, com os homens de Vane a ape

rês ou quatro dias da partida, ouviu-se o grito: as velas de uma frag

da Marinha Real tinham sido vistas chegando, contornando a parte

trás da ilha Hog. Woodes Rogers havia chegado.

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lguns historiadores sugerem que a notícia do perdão chegou antes da execução dos piratas de Bellamy em 15 de novembro, m

egação não é sustentada por evidências. Há documentos demonstrando que a notícia chegou a Boston entre 1º e 9 de dezemermudas em 19 de dezembro (ou antes), a Nova York em 25 de dezembro e à Virgínia em 3 de janeiro. Os documentos demara atravessar o Atlântico, em parte porque nenhum navio da Marinha Real precisou viajar entre o momento em que o rei eoclamação e a chegada de Woodes Rogers às Bahamas em julho de 1718.

Prisão de Boston, onde o capitão Kidd também ficou detido em 1699, era localizada onde hoje é a rua Court, 26, um prédio dm pouco depois da prefeitura (1713) que é agora o conhecido museu Old State House [Antiga Casa do Estado]. A prisão é d forma um pouco fantasiosa no livro A Letra Escarlate, de Nathaniel Hawthorne.

Uma semana após as execuções, Mather escreveu em seu diário: “Posso não fazer o bem ao dar ao livreiro algo que tor

ondição dos piratas recentemente executados rentável?” O resultado foi o relato Instructions to the Living, from the Condie Dead  [Instruções ao Vivos, da Condição dos Mortos], publicado pouco depois em Boston.alicô é um tecido indiano de algodão (N.T.).

o hemisfério norte, a estação do inverno dura de 21 de dezembro a 20 de março (N.T.).

s sete saveiros das Bermudas eram, em ordem de captura: dois saveiros sem nome comandados por Daniel Styles e James B

William & Mary   (Edward North); o Diamond   (John Tibby); o Penzance  (William Hall); o Samuel   (Joseph Besea) e um

m nome (John Penniston). Os outros eram o Betty  (Benjamin Lee), um saveiro sem nome (John Gainsby) e o saveiro Fortto metros (George Guy), os três da Jamaica; um saveiro de Nova York (Samuel Vincent) e um navio de Boston (Richards).ssas embarcações eram o navio Crowley  (capitão Robert Clark); o navio de cinquenta toneladas  Ruby, de Charleston (Jo

raigh); o saveiro William, da Filadélfia; o navio de sessenta toneladas William, de Weymouth, Inglaterra (Naping Kieves) e e oitenta toneladas Arthemia, de Londres (Jonathan Darnford).

expressão “dúzia de frade”, que corresponde a treze unidades e não doze, está ligada aos hábitos dos conventos antigos q

aticarem a caridade, não se preocupavam com o rigor das contas. É equivalente ao inglês baker’s dozen   [uma dúzia de pxpressão originada na Inglaterra que também representa treze unidades: para não serem punidos no caso de um cliente pedães e só receber onze, os padeiros costumavam colocar um pão a mais nas encomendas (N.T.).sse diário mais tarde caiu nas mãos da Marinha Real mas, infelizmente, foi perdido depois. Esse parece ser o único trecho qu

gistrado.Tanino é uma substância adstringente encontrada em certos vegetais (N.T.).

O navio ainda não estava na posse de Vane quando ele capturou o  Richard & John , mas é mencionado regularmente em

s acontecimentos de 4 de julho, então provavelmente era seu navio principal durante a captura do St. Martin.

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CAPÍTULO DEZ

Atitudes temerárias

Julho - Setembro de 1718

Woodes Rogers estava no tombadilho do Delícia, bengala na mão para apoiar seu pé defeituo

hou através do oceano. Seu grande navio inclinou suavemente para estibordo, com as velas

vento, e ele viu o contorno sombrio da ilha Nova Providência, a quatro quilômetros de sua

minando o horizonte ao sul. O principal navio do comodoro Peter Chamberlaine, HMS Mi

vegava ao lado, com vigias em cima de seus mastros principais e trinta canhões pe

eparados. Atrás, no rastro do Delícia, o navio-transporte Willing Mind  navegava fundo nas

m sua carga pesada de soldados e mantimentos, além do saveiro de guerra privado Buck

ava nas proximidades. De tempos em tempos, Rogers olhava pelo seu monóculo, procuran

gata HMS Rose, que levava uma lanterna acesa pendurada em seu mastro, agora contornan

remidade ocidental da ilha Hog, a quatro quilômetros e meio de distância. Ele via o savei

erra HMS Shark  seguindo a um quilômetro atrás dela. Nas primeiras horas da manhã, o comoamberlaine tinha colocado pilotos locais a bordo do Rose e do Shark  e os enviado na frente

ssau, para reconhecer o cenário. Agora, quinze horas depois, o momento do acerto de contas

egado. O Rose  estava entrando no porto. Rogers e Chamberlaine, em falta de pilotos para

vios amplos e de grande calado, planejavam passar a noite velejando para lá e para cá na

ofunda. Até o amanhecer, eles só podiam observar, ouvir e esperar pelos relatórios do  Rose

ark . Rogers sentiu como se ele próprio estivesse afundando quando, poucos minutos depois,

om inconfundível de tiros de canhão ecoando no porto de Nassau.

Às seis e meia da noite, o capitão do Rose, Thomas Whitney

denou que as âncoras da fragata fossem arremessadas bem no início

ntrada principal do porto. A embarcação balançou no vento leste, c

eus vinte canhões apontando, inutilmente, para trechos desocupado

costa: a ponta do porto da ilha Hog e os matos e arbustos fora de

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Nassau, a estibordo. O ancoradouro principal jazia morto à frente, u

ena de desolação. Os destroços de umas quarenta embarcações estav

espalhados pela margem, alguns queimados, mas todos arruinados

avios holandeses, bergantins franceses, saveiros de todos os tamanh

nacionalidades –, aparelhos e velas faltando e pedaços soltos voan

ao vento. No meio do ancoradouro, um grande navio com vinte a trin

anhões, francês pelo que parecia, permanecia ancorado, a bandeira

St. George voando em seu mastro, em sinal de lealdade à velha

Inglaterra, em vez da nação de uma década de idade da Grã-Bretanh

Saveiros e outros navios estavam ancorados ao seu redor, alguns

drapejando a bandeira de caveira. A mesma que podia ser vistatremulando sobre o Forte Nassau, cujas paredes voltadas para o ma

tavam tão gastas que seus buracos eram visíveis a uma longa distân

O vento trazia o cheiro nauseante de carne em putrefação através d

porto, como se as carcaças de mil animais estivessem apodrecendo e

algum lugar da costa.

De repente, para o susto de Whitney, um clarão de fogo e um

nuvem de fumaça surgiram no navio grande – o de Charles Vane – n

centro do porto. O som chegou momentos mais tarde – o estampido

um canhão montado na popa –, seguido pelo barulho de uma bala d

canhão atingindo a superfície da água, não muito longe do Rose. M

uas balas de canhão passaram por cima de sua cabeça, pelo menos u

rasgando alguns dos aparelhamentos do Rose, antes que Whitney

evantasse uma bandeira branca de trégua. Certamente o jovem capit

deve ter pensado que não ia ser fácil.

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Com o navio pirata parecendo aceitar a bandeira de trégua,

Whitney enviou seu tenente para o porto num barco para, em suas

 palavras, “descobrir a razão” da hostilidade dos piratas. O tenente

hegou ao lado do navio de Vane e saudou seu capitão, perguntando

que ele tinha disparado em direção ao navio do rei. “Sua resposta”

Whitney escreveu em seu diário de bordo “foi que ele iria usar o

máximo do seu esforço para queimar a nós e a todas as embarcações

porto”. Vane também deu ao tenente uma carta dirigida ao governad

Woodes Rogers, em cujo lado de fora estava escrito: “Aguardamos u

resposta rápida”. A carta, que pode ou não ter sido entregue a Roge

naquela noite, dizia:

24 de julho de

Vossa Excelência pode por favor entender que estamos dispostos a aceitar o muito gracioso perdão d

Majestade no seguinte termos, a saber:

Que nos será permitido manter todos os nossos bens atualmente em nossa posse. Da mesma forma, pod

agir da forma que nós acharmos certo em relação a cada coisa que nos pertence, como o Ato de Graça

Majestade especifica.

Se Vossa Excelência fizer o favor de cumprir isso, nós deveremos, com toda a prontidão, aceitar o A

Graça de Sua Majestade. Se não, somos obrigados a agir em nossa própria defesa…

Seus humildes se

Vane estava simplesmente tentando ganhar um pouco de temp

para encontrar uma maneira de escapar de Nova Providência com se

ovo navio e todo o seu saque. Seu navio era grande demais para pas

or cima do banco de areia de Potter Cay e pela passagem oriental r

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o porto. O Rose estava ancorado na entrada ocidental, prendendo-o

porto. Qualquer ideia de passar correndo por seus canhões – trocan

iros pelos costados dos navios – foi colocada de lado quando, algu

minutos depois, o HMS Shark , de dez canhões, navegou porto adent

ancorou bem à frente do Rose, seguido pelo navio-transporte de vin

canhões Willing Mind  e o corsário de dez canhões Buck . O navio dane estava encurralado, seus homens à mercê das forças do governa

Rogers. O sol se pôs, mergulhando o porto na escuridão.

Vane pensou por algumas horas até finalmente decidir que Rog

ão pretendia honrá-lo com uma resposta. Seu bando concordou quenavios de guerra na entrada do porto pareciam falar por si mesmos.

avio estava condenado, Vane disse a eles, mas ainda havia uma man

de escapar das garras do governador. Os noventa homens de sua

ipulação ouviram atentamente enquanto ele explicava um ousado pl

de fuga.Às duas horas da manhã, capitão Whitney foi acordado em su

abine por um subordinado sem fôlego. Os piratas estavam atacando

Rose estava em perigo. Ele apressou-se até o convés e foi recebido p

uma visão terrível: o navio de Vane, envolto em chamas, estava ind

direto para o Rose e seus vizinhos. No meio da noite, os homens dVane tinham descarregado seu navio e encharcado seus conveses e

mareagem com piche e alcatrão. Eles empurraram todos os canhões p

fora de suas portinholas e encheram cada um com pólvora e duas ba

de canhão. Içando a âncora, eles tinham discretamente o rebocado n

ireção dos intrusos. Enquanto a distância diminuía, um pirata ficou

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leme, mantendo o navio mirado diretamente no Shark  e no Rose, qu

estavam ancorados, enquanto os outros piratas corriam pelo navio

ondenado, baixando velas e incendiando os conveses e aparelhamen

anhados de piche. Se tudo corresse como planejado, o navio ia coli

com as embarcações da Marinha Real, consumindo-as no incêndio

resultante.

Quando os últimos piratas abandonaram seu navio, os marinhei

estavam correndo sobre os conveses do Rose, Shark , Buck  e Willin

Mind , alguns soltando velas, outros acertando as cordas de ancorag

om machados, tentando libertar as embarcações em perigo. Assim qâncoras se soltaram, Whitney e os outros capitães viraram seus nav

com o vento em suas costas – em direção ao mar aberto. Houve alg

minutos assustadores enquanto o navio em chamas se aproximava,

rimeiro de seus canhões duplamente carregados atirando à medida q

uas cargas de pólvora acendiam com o calor. Então, lentamente, o Ras outras embarcações ganharam força e se afastaram do inferno qu

aproximava.

O próprio Vane assistiu esses eventos do convés do Katherine,

saveiro rápido construído nas Bermudas que ele havia capturado d

outro pirata no meio da noite. O proprietário do Katherine, um piraenor chamado Charles Yeats, continuou a bordo e não ficou nada f

em ter seu navio tomado dele. Os homens de Vane tinham carregad

seus bens no saveiro e aumentado seu armamento para dez ou doz

canhões. Eles assistiram com decepção enquanto o Rose e o Shark

escaparam para o mar, mas a ação lhes tinha comprado tempo. Na

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uatro horas restantes até o amanhecer, eles teriam que fugir de Nass

ane enviou homens para a cidade, para pegar tudo o que eles achass

útil: equipamentos, mantimentos, armas, objetos de valor e o melho

iloto e carpinteiro da ilha, que eles tiraram da cama e levaram a bor

o Katherine. Então eles esperaram, bandeira preta no mastro, pelo r

do dia.

Às sete horas da manhã, logo após o amanhecer, toda a frota d

Rogers apareceu na entrada do porto. O primeiro vislumbre que o

overnador teve de sua nova capital foi das madeiras fumegantes de

grande navio balançando no meio do canal, brasas assobiando, oemitério de embarcações destruídas na praia e um par de navios pira

ancorados no porto, logo atrás de Potter’s Cay. Se ele tinha a intenç

de fazer uma entrada digna, Rogers ficou decepcionado. Em seu

aminho para o porto, tanto o Delícia quanto o Milford  encalharam n

anco de areia e tiveram que esperar duas horas para a maré alta levalos. Os homens de Vane provavelmente acharam muito engraçado

observando os navios que drapejavam as bandeiras pessoais do

governador e do comodoro ficarem parados no banco de areia da ilh

Hog. O riso parou aproximadamente às dez horas, quando, com a m

agora alta, o navio de estrutura rasa Buck  e outro saveiro começaram

lejar em torno do banco de areia de Potter’s Cay, seus conveses ch

de soldados. Vane sabia que eles tinham demorado o suficiente. El

ordenou que as âncoras fossem puxadas e as velas levantadas. O

Katherine deu a volta e saiu pela entrada oriental estreita do porto, c

o Buck  em perseguição.

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Os ventos sopraram fortes do sul-sudeste naquela manhã, e a

 perseguição seguiu perto do vento. Vane teve algumas horas

preocupantes, com o Katherine se provando mais lento do que seu

perseguidores a esse altura. Ele ficou aliviado quando finalmente el

contornaram o extremo leste de Nova Providência, soltaram as velas

começaram a ganhar distância. Os homens de Vane dispararam seu

anhões em provocação e o Buck  foi forçado a desistir da perseguiçã

oltar para Nassau. Vane e seus homens permaneceriam foragidos, m

ilha Nova Providência, pelo menos por enquanto, estaria na posse d

governador Rogers.

 Na manhã do dia 27, Rogers desembarcou em terra, um event

ontuado por muita pompa. O Rose e o Shark  dispararam saudações

onze canhões enquanto o barco de Rogers chegava à praia, onde, pa

seu grande alívio, ele foi alegremente recebido pelos moradoresavoráveis ao indulto. Thomas Walker, que tinha voltado para a ilha

últimas semanas, foi o primeiro a cumprimentar o governador,

juntamente com seu velho inimigo, Benjamin Hornigold. Esses do

homens – o “governador pirata” e o ex-juiz – lideraram Rogers e su

comitiva até a massa desintegrada do Forte Nassau. Ao longo doaminho, as tripulações de vários capitães pirata perdoados – Hornig

osiah Burgess e outros – formaram filas ordenadas em ambos os lad

da estrada, cada homem disparando seu mosquete para o ar quando

Rogers passava, criando um corredor de saudação por todo o camin

até os portões da fortaleza.

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Rogers subiu ao topo do forte para falar para a multidão reunid

Ele pôde ver num instante que o forte estava em estado terrível. O la

oltado para o mar parecia que iria desabar a qualquer momento, ten

como Rogers disse, “só uma parede absurdamente rachada em seu

licerce”. O chão estava cheio de ervas daninhas, e em vez de armazé

 para a guarnição ele continha uma única cabana, na qual um velho

ridículo estava morando. Os piratas tinham fugido com os canhões

eixando para trás um único exemplar de quatro quilos, o que explic

por que Vane não tinha tentado se proteger no forte. Quando Roge

chegou ao telhado, tendo William Fairfax, Walker e Hornigold ao s

ado e um grupo de soldados atrás, cerca de trezentas pessoas tinhamreunido na praça abaixo. Rogers desenrolou um pergaminho e leu e

voz alta a licença do rei, o nomeando governador das Bahamas. As

 pessoas, Rogers disse, “mostraram muitos sinais de alegria pela

reintrodução do governo”.

Rogers passou os dias seguintes consolidando o controle da ilh

inspecionando suas condições. Sua Companhia Independente de ce

homens assumiu o controle de Forte Nassau, construindo abrigos d

paus e folhas de palmeiras, enquanto os colonos cansados do mar s

organizaram construindo barracas com velas emprestadas do Delíci

uck  e Willing Mind . Marinheiros do Rose garantiram para si, em no

do rei, o St. Martin, o Drake, o Ulster , o Dove, o Lancaster  e outra

embarcações que por acaso estavam no porto. Rogers se mudou para

casa do antigo governador – uma das únicas construções que tinha

sobrevivido à Guerra da Sucessão Espanhola. Em seu escritório

improvisado, ele trocou ideias com vários moradores, procurando p

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“habitantes que não tinham sido piratas […] que eram os menos

centivadores de comercializar com eles” para servir como seu conse

administrativo de doze homens. Seus nomeados iniciais, conforme f

nunciado em 1º de agosto, incluíram o rei do contrabando de Harbo

Island, Richard Thompson, e vários homens que tinham vindo com

ogers, como Fairfax (o novo juiz) e o capitão e o primeiro imediato

Delícia. O conselho se reuniu na casa de Rogers naquele mesmo dia

passou horas aceitando as rendições de cerca de duzentos piratas qu

ainda não tinham recebido o perdão do rei.

A população pirata na ilha foi estimada em quinhentos a setecenhabitantes, sugerindo que um grande número daqueles que tinham

eixado Nassau para aceitar o perdão em outras colônias tinha volta

Outros duzentos não piratas também estavam na ilha, pessoas que, n

palavras de um dos oficiais de Rogers, “tinham fugido dos espanhó

durante a guerra e agora “viviam na floresta desprovidos de todas anecessidades”. Rogers colocou todas essas pessoas para trabalhar

limpando uma espessa camada de vegetação que os piratas tinham

deixado crescer para esconder prédios, pátios e campos. Outros fora

recrutados para ajudar os soldados a armar e reparar o forte e criar u

agrupamento de artilharia para proteger a entrada oriental do porto.

última embarcação na frota de Rogers, o navio de abastecimento

Samuel , finalmente chegou são e salvo no porto, com seu porão de

grande capacidade cheio com alimentos e mantimentos. Depois da

primeira semana de seu governo, Rogers provavelmente estava otimi

de que teria sucesso.

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Relatos da pirataria nas águas que o cercavam acabaram com s

umor. Primeiro veio uma mensagem de Charles Vane, que havia det

dois navios que chegavam e disse que iria se juntar a Barba Negra

anejando, como Rogers descreveu, “queimar meu navio de guarda e

visitar muito em breve para devolver a afronta que eu lhe dei na min

chegada, ao enviar dois saveiros atrás dele em vez de lhe responder

Pouco tempo depois, em 4 de agosto, um marinheiro da Filadélfia

chamado Richard Taylor chegou com notícias mais sinistras. Taylo

havia sido capturado no sul das Bahamas por corsários espanhóis qu

pesar da paz, tinham continuado a saquear as aldeias inglesas nas il

Catt e Crooked. O líder dos corsários tinha dito a Taylor que um noovernador espanhol tinha chegado a Havana “com ordens do rei Phi

para destruir todas as colônias inglesas nas ilhas das Bahamas”; el

tinha cinco navios de guerra e mais de mil e quinhentos homens pa

realizar essa tarefa. Se o ingleses se rendessem, Taylor explicou, o

governador espanhol tinha instruções para deportá-los para a Virgínu as Carolinas, “mas em caso de resistência, para enviá-los a Havan

de lá […] à Velha Espanha como prisioneiros”.

Enfrentando ameaças simultâneas de Charles Vane e do rei d

Espanha, Rogers sabia que precisava terminar suas fortificações o m

pido possível. Infelizmente, sua suprimento de mão de obra começo

desaparecer. Primeiro, os soldados, marinheiros e colonos que viera

com ele adoeceram às dezenas. A doença não identificada – e o che

 pútrido que tinha pairado sobre a cidade durante semanas – foram

tribuídos às enormes pilhas de couro cru de animais em decomposiç

ue os piratas haviam abandonado na praia. Embora a doença tivesse

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astrado duas semanas antes da chegada de Rogers, ele escreveu que

“como se só o sangue europeu fresco pudesse atrair a infecção”;

esidentes de longa data “rapidamente se tornavam livres” do contág

nquanto os recém-chegados eram “atingidos tão violentamente que

á tive mais de cem doentes ao mesmo tempo e sequer um único ofic

audável”. Oitenta e seis do grupo de Rogers morreram, assim como

tripulantes do Rose e do Milford  e dois dos moradores locais que

serviam no conselho administrativo de Rogers. O próprio Rogers

doeceu com “comoções intestinais e […] indisposições contagiosas

em meados de agosto, foi incapaz de participar das reuniões do

conselho. A maior parte do gado da ilha também pereceu, dando umgolpe na oferta de alimentos.

Moradores antigos de Nassau resistiram não só à doença, mas a

esforços de Rogers para colocá-los para trabalhar. “A maioria deles

pobre e tão viciada na ociosidade que eles praticamente escolheriamorrer de fome a trabalhar”, Rogers informou em carta para sua cas

“Eles odeiam mortalmente o trabalho, limpam um pequeno pedaço

terra que irá fornecer-lhes batata e inhame e um pouco mais, e send

 peixes tão abundantes e estando tanto tartarugas quanto iguanas

disponíveis nas ilhas vizinhas, eles os comem em vez de carne e nã

obiçam ter nem um estoque, nem gado; portanto, eles vivem na pobr

indolentemente e não rezam por nada além de naufrágios ou os pira

…] e preferem gastar tudo o que têm em uma casa de bebida do que

pagar um imposto para salvar suas famílias e tudo o que tem valor p

eles.” Os locais também se mostraram milicianos pouco confiáveis

“Esses desgraçados não ficam de vigia à noite e, quando ficam, ele

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muito raramente vêm sóbrios e é difícil que permaneçam acordado

urante toda a noite, embora nossos oficiais e soldados muitas vezes

surpreendam na guarda, tomem suas armas e os punam, multem ou

onfinem, quase todos os dias”, o governador reclamou. “Eu não ten

medo, mas todos ficarão ao meu lado no caso de qualquer tentativa

invasão, exceto se for feita por piratas. Mas, caso seus velhos amigtenham força suficiente para me atacar, eu duvido muito que eu

encontrarei metade de um para se juntar a mim.”

Foi nessa época que o comodoro Chamberlaine anunciou que s

rês navios de guerra estavam indo embora. Rogers ficou espantado.colônia estava em sua fase mais vulnerável, seus defensores doentes

uas fortificações inacabadas. O Milford , o Rose, o Shark  e os trezen

omens que serviam neles eram essenciais para a sua defesa. No enta

Chamberlaine estava inflexível: ele tinha limpado o casco do seu nav

pego sua parte da recompensa apreendida das capturas dos piratas qestavam no porto e, francamente, “não tinha ordens” para ficar mai

tempo. Rogers não tinha poder sobre a guarnição naval e assim fo

forçado a implorar ao comodoro que não abandonasse a colônia. A

contragosto, Chamberlaine concordou em deixar o Rose de vinte

canhões para trás por mais três semanas, quando Rogers disse que

“tinha esperança de que meus homens e a fortificação estariam em

melhor estado” para se defenderem dos piratas e espanhóis. Assim,

nove e meia da manhã de 16 de agosto, o Milford  e o Shark  partira

 para Nova York.

A situação de Rogers se deteriorou. Nos dias seguintes, as

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Bahamas foram atormentadas por relâmpagos, trovões e chuva, e o

capitão Whitney, esperando um furacão, fez seus homens tirarem o

mastaréus do Rose. Rogers se revirava na cama em seu quarto úmid

om entranhas doloridas e febre alta. O progresso no forte ia a passo

tartaruga, com os tenentes de Rogers mal sendo capazes de fazer o

piratas arrependidos limparem o matagal em todo o forte, quanto maobrigá-los a participar do trabalho extenuante de resgatar canhões d

destroços da ilha Hog e transportá-los para o forte. A chuva continu

or duas semanas, quando então um barco chegou trazendo homens q

na verificação, viu-se que eram membros do bando de Vane. Esses

omens confessaram que Vane, num bergantim, estava indo para o nomas havia prometido encontrá-los em meados de 14 de setembro em

Ábaco, uma das ilhas das Bahamas, a noventa e seis quilômetros d

 Nassau. Será que ele estava indo para o norte para unir forças com

Bonnet ou Barba Negra? Se fosse, será que estava se preparando pa

umprir sua ameaça de atacar Nassau? Em 8 de setembro, mais uma otícia. Um barco chegou trazendo o irmão de John Cockram, Philli

ários outros homens que tinham sido mantidos em cativeiro pela gua

osteira espanhola por dois meses. Durante esse tempo, eles tinham s

forçados a servir como pilotos para os espanhóis enquanto eles

navegavam em torno de Ábaco e Nova Providência, coletandonformações para uma invasão iminente. Eles tinham libertado Cockr

seus colegas para que eles pudessem levar uma mensagem para Rog

prove para nós que você é um legítimo governador e não um pirata,

espere o pior.

Rogers rapidamente elaborou uma carta para o governador de

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Havana, enquanto seus tenentes começaram a carregar o Buck  com

mercadorias para o comércio em Cuba. O saveiro de guerra partiu em

e setembro na companhia de um saveiro menor, o Mumvele Trader

uck , no entanto, nunca chegou a Havana. No caminho, sua tripulaçã

uma mistura de piratas arrependidos e marinheiros de Rogers – se

rnou pirata. Alguns dos marinheiros que tinham vindo da InglaterraBuck  aparentemente acharam a pirataria atraente. As motivações de u

esses homens, Walter Kennedy, mais tarde foram registradas. Kenne

o jovem filho de um ancoreiro do distrito londrino de Wapping, tin

ervido na Marinha Real durante a Guerra da Sucessão Espanhola, o

ele “teve a oportunidade de ouvir sobre as façanhas dos piratas […esde a época de sir Henry Morgan […] até as façanhas mais modern

do capitão Avery em Madagascar”. Inspirado por essas histórias,

ennedy pensou “que podia ser capaz de se tornar uma figura tão gra

quanto qualquer um desses heróis desonestos, quando uma

oportunidade adequada fosse oferecida”. Kennedy aproveitou essaoportunidade, aparentemente matando o capitão do Buck , Jonathan

Bass, e os outros que resistiram antes de navegar para a África.

Com a perda do Buck , Rogers implorou ao capitão Whitney pa

ficar e ajudar a proteger a ilha contra Vane, que agora podia chegar

qualquer momento. Whitney atrasou sua partida em uma semana, m

nas primeiras horas da manhã de 14 de setembro, ignorando a fort

bjeção de Rogers, o Rose deixou Nassau. Whitney prometeu a Rog

que voltaria em três semanas. Era uma promessa que ele não tinha

ntenção de manter. Rogers observou enquanto sua última escolta na

desaparecia no horizonte em uma brisa de sudoeste.

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Poucas horas depois, outro barco chegou ao porto, trazendo um

notícia alarmante: Charles Vane estava em Ábaco.

Depois de escapar do Buck  na noite de 26 de julho, os movimen

xatos de Vane são incertos. Seu bando parece ter continuado veleja

ara o sul com o saveiro Katherine, cujo capitão pirata original, Cha

eats, permanecia a bordo, ressentido e descontente. Os piratas pare

ter passado a primeira quinzena de agosto pulando entre o sul das

Bahamas e a costa cubana. Em 28 de julho, eles capturaram um save

e Barbados, que foi dado a Yeats e seus homens sob a condição de es continuassem acompanhando Vane. Dois dias depois, outro vele

o John & Elizabeth, caiu em suas garras, e não muito tempo depoi

disso um bergantim, do qual Vane assumiu o comando. Um jornal d

Londres relatou mais tarde que mais ou menos nessa época dois nav

ue iam em direção a Londres foram atacados quando saíam de Nassor um pirata que, baseado em seu comportamento, muito provavelm

era Vane. O Weekly Journal  [Semanário] de Londres relatou que o

apitão pirata queria afundar ambos os navios “com seus comandante

homens”, mas que a tripulação dele não consentiu “com um ato de

barbárie tão desumana”. Os piratas mantiveram seus reféns por cincas, durante os quais seu capitão prometeu capturar mais dois navio

Londres que eram esperados em Nassau, dizendo que ele iria “cortá-

m pedaços do tamanho de uma libra”. Enquanto esses piratas bebiam

limpavam suas embarcações em algum refúgio isolado nas Bahama

outro navio chegou com mantimentos para eles, além de “notícias d

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onde outros piratas navegavam e quais navios de guerra os estavam

perseguindo”. Ouviu-se o capitão se gabar “que se viessem dois nav

de guerra para atacá-lo, ele lutaria com eles, e se não pudesse escap

ntraria no compartimento de pólvora e explodiria seu navio, mandan

qualquer um deles a bordo para o inferno junto com ele”.

 No meio de agosto, Vane enviou vários homens a Nassau par

egar informações e mantimentos, que eles deveriam levar para ele n

ancoradouro isolado perto de Ábaco. Vane aparentemente estava

assando seu tempo, observando o inimigo e esperando finalmente u

forças com Barba Negra ou Bonnet para atacar a ilha; pode ser até qle tivesse esperança de que os espanhóis fossem atacar, enfraquecen

u destruindo as forças de Rogers, criando um vácuo para que os pir

pudessem retornar. Nesse meio-tempo, ele contava com velhos amig

 para comprar seus bens, contrabandear mantimentos vitais para seu

bando e mantê-lo a par dos acontecimentos de Nova Providência. Emeados de agosto, a moral do seu bando pode ter começado a fraque

 porque ele decidiu fazer uma pequena viagem até Charleston, na

sperança de encher os bolsos dos tripulantes. Os piratas bloquearam

orto em 30 de agosto de 1718, Vane em seu bergantim de doze canh

om noventa homens e Yeats num saveiro – provavelmente o Kather

– de oito canhões e vinte homens. Os comerciantes da Carolina do S

evem ter sido intimidados para ficar à mercê de piratas mais uma vez

ue navio após navio caía nas garras deles. Durante um período de tr

e seis horas, Vane e Yeats tomaram oito no total, desde o pequeno

aveiro de quinze toneladas Dove, de Barbados, até o navio de trezen

toneladas Neptune, de Londres. Do bergantim de oitenta tonelada

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Dorothy, de Londres, Vane apreendeu noventa escravos da Guiné e

obrigou a embarcar no saveiro de Yeats, que ele pretendia usar com

armazém flutuante. Yeats, no entanto, tinha outros planos. Com se

aveiro cheio de carga humana valiosa, ele partiu em outra direção, c

a intenção de fugir do seu comandante arrogante. Vane iniciou um

erseguição e soltou pelo menos uma salva de artilharia, mas foi incae impedir a fuga do seu subordinado. Yeats escondeu seu navio na b

de Edisto, cinquenta e seis quilômetros ao sul de Charleston, e envi

um mensageiro para a cidade oferecendo se render se o governado

concedesse o perdão aos seus homens. No final das contas, o

governador concordou.

Vane estava, sem dúvidas, furioso com a deserção de Yeats, m

uas outras capturas o consolaram. Eram os navios Emperor  e Neptu

mbos com destino a Londres levando piche, alcatrão, arroz e aguarr

Essas cargas encontrariam um mercado pronto nas Bahamas, mas elcompreendiam dois mil e novecentos barris grandes, muito volumos

para serem transferidos para o bergantim modesto de Vane. Em ve

disso, o bando de Vane resolveu levar os dois navios para as Baham

nde eles podiam saqueá-los livremente. Eles iriam para seu esconde

erto de Ábaco, onde esperavam que seus informantes e fornecedore

 Nassau estivessem à espera.

Os homens de Vane deixaram Charleston no momento exato, p

m pelotão armado estava vindo para levá-los à justiça. Os comercian

da Carolina do Sul tinham equipado dois saveiros bem armados e be

tripulados sob o comando do coronel de milícia William Rhett, um

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omerciante rico que tinha perdido uma boa quantidade de dinheiro p

os piratas ao longo dos anos. Quando os navios de Rhett saíram d

 porto de Charleston, Vane estava longe de vista. Rhett decidiu

isbilhotar na costa da Carolina do Norte, na esperança de encontrar

 piratas em um de seus refúgios. Na tarde de 27 de setembro, ele

ncontrou alguns no porto de Cape Fear – não a tripulação de Vane, já estava no meio do caminho para as Bahamas, mas outro bando d

 piratas, que pareciam simplesmente não ter descanso.

Pobre Stede Bonnet! Depois de Barba Negra tê-lo traído na baíaopsail, desaparecendo com o saveiro espanhol capturado e grande p

do tesouro do bando, Bonnet passou grande parte de junho de 171

ntando caçá-lo. Quando ele ouviu um boato de que Barba Negra est

na baía de Ocracoke, a oitenta quilômetros de distância pela costa d

Carolina do Norte, navegou até lá no Revenge, mas encontrou apenalgumas ilhas de areia desertas.

Bonnet caiu em desespero. Ele tinha sido um pirata por mais de

ano e conseguiu pouco mais do que o que tinha quando começou: s

veiro Revenge, uma tripulação de quarenta homens e, graças ao per

do governador da Carolina do Norte, um histórico legal limpo. Com

um capitão pirata, ele tinha sido um fracasso total, suas más decisõ

ndo custado a vida de muitos de seus homens e o resto do seu tesou

Qualquer esperança que ele possa ter tido de participar de uma revo

jacobita contra o rei George tinha sido frustrada: o “verdadeiro” re

onhecido por eles como James III, mal podia ajudar a si mesmo, mu

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menos aos piratas das Américas. Bonnet tinha uma reputação desastr

em ambos os círculos, o respeitável e o fora da lei, e ele não podia

uportar a humilhação de voltar para sua antiga vida entre as plantaç

de escravos de Barbados, ou de viver entre seus comparsas piratas n

Bahamas. Ele teria que viver em cima do muro. Enquanto recebia se

erdão em Bath, Bonnet ficou sabendo que o rei da Dinamarca – um

liados minoritários da Grã-Bretanha na Guerra da Sucessão Espanh

ainda estava em guerra contra a Espanha. Talvez se Bonnet fosse p

St. Thomas, a principal colônia da Dinamarca no Caribe, poderia

convencer seu governador a lhe conceder uma carta de corso2. Seu

 bando achava que era uma boa ideia; alguns dos ex-prisioneiros dirata, como o capitão David Herriot, se inscreveram para participar

 plano.

Quando eles deixaram a baía de Beaufort, os piratas elegeram

Robert Tucker como seu intendente. Tucker era um marinheirojamaicano que Barba Negra havia capturado de um saveiro mercan

lgumas semanas antes. Como muitos outros prisioneiros, ele descob

ue gostava da vida de pirata e tinha se tornado um membro popular

tripulação. Mal respeitava Bonnet e não estava particularmente

interessado em voltar a ser um sujeito cumpridor da lei. Quando a

ripulação descobriu que o Revenge tinha apenas dez ou onze barris

omida a bordo – Barba Negra havia roubado o resto –, Tucker resolv

ue eles deveriam simplesmente roubar mais do próximo navio merca

que eles encontrassem. Bonnet se opôs a esse plano e até ameaçou

enunciar e deixar o Revenge, mas a tripulação não pareceu se impor

om a ideia de perdê-lo, e a maioria apoiou Tucker com seus votos.

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 piratas apreenderam o próximo navio que encontraram, levando os

antimentos. Em seguida, capturaram outro. Logo estavam nos cabo

Virgínia, apreendendo todas as embarcações nas quais puderam colo

suas mãos.

Bonnet tentou impedir o bando de invalidar seu perdão. Paraesconder sua identidade, ele insistiu em ser chamado de capitão

Edwards ou capitão Thomas, um artifício que não enganava todos o

seus prisioneiros. Para ocultar ainda mais seus rastros, os piratas

ebatizaram o Revenge de Royal James, em homenagem a James Stu

onnet também insistiu que os piratas dessem aos seus prisioneiros “pagamento” pelos bens que eles roubassem, para que eles pudessem

mais tarde, afirmar que eram comerciantes, não piratas. Suas duas

primeiras vítimas receberam pequenas parcelas de arroz, melaço e a

mesmo um velho cabo de âncora em troca de barris de carne de porc

 pão que foram tomados deles. Depois de uma semana ou duas, nontanto, a maioria dos piratas se recusou a participar desse subterfúg

e alguns homens do grupo exclusivo de Tucker passaram a ameaçar

abusar dos prisioneiros. Em 29 de julho, em Cape May, New Jersey

ucker embarcou no saveiro de cinquenta toneladas Fortune e “come

bater e cortar pessoas com seu facão, e cortou o braço de um homem

de acordo com uma testemunha ocular. Dois dias depois, eles

embarcaram num saveiro ancorado no porto de Lewes, Delaware,

fizeram uma festa na cabine do capitão, comendo abacaxis, bebend

onche de rum, cantando músicas e brindando à saúde de James Stu

izendo que eles “esperavam vê-lo rei da nação inglesa”, de acordo c

m dos tripulantes do saveiro. Tucker era, a essa altura, capitão em t

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xceto no nome, e os piratas até haviam começado a se referir a ele co

seu “pai”.

 Nem todos os homens a bordo do Royal James desejavam volt

para a pirataria, e estes assumiram grandes riscos para fugir das garr

de Tucker. Sete homens tiveram sucesso em 21 de julho, roubando uaveiro capturado, que levaram para Rhode Island; as autoridades de

os prenderam, mas cinco deles conseguiram escapar antes de serem

levados a julgamento. Quando, depois de tomar pelo menos treze

mbarcações de New Jersey, Delaware e Virgínia, os piratas voltaram

Cape Fear para esperar a temporada de furacões passar, váriostripulantes forçados à pirataria fugiram para a floresta. Incapazes d

ncontrar comida, abrigo ou habitantes no deserto pantanoso, os hom

não tiveram escolha a não ser voltar alguns dias depois, e foram

ondenados a trabalhar “entre os negros”, limpando o Royal James.

os prisioneiros, um mulato, lamentou a outro que “ele não era capazsuportar por mais tempo, mas era forçado a obedecer aos piratas, po

les lhe disseram que não teriam nenhuma consideração pela cor de

pele e fariam dele um escravo”. Em outra ocasião, um pirata disse a

mesmo prisioneiro mulato que ele “era como um negro, e eles faziam

escravos todos nós dessa cor se nós não nos juntássemos” aos pirat

No bando de Bonnet, ao que parece, os negros podiam escolher entr

escravidão e a pirataria.

Bonnet não tentou escapar do Royal James quando o bando

retornou à pirataria. Os piratas planejavam continuar até St. Thoma

depois que a temporada de furacões passasse, então ele pode ter tid

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esperança de ainda poder se tornar um corsário legítimo a serviço d

Dinamarca.

Em 27 de setembro de 1718, os dois saveiros caçadores de pira

da Carolina do Sul, sob o comando do coronel William Rhett,

encontraram o Royal James ancorado atrás de Cape Fear. Os piratastavam em desvantagem numérica de quase dois por um, Rhett com

saveiros Henry (oito canhões, setenta homens) e Sea Nymph (oito

anhões, sessenta homens) contra o saveiro de dez canhões e quaren

nco homens de Bonnet. No entanto, Rhett perdeu o elemento surpr

quando encalhou e foi forçado a enfrentar os piratas numa verdadeibatalha naval. O bando de Bonnet levantou âncora e tentou correr e

linha reta entre os saveiros da Carolina do Sul, em direção ao mar

berto. Em vez disso, todos os três saveiros encalharam, o Royal Jam

e o Henry a uma curta distância um do outro. Os piratas tinham

antagem, já que o Royal James, por acaso, ficou inclinado para o lado estibordo, de forma que seu parapeito levantado protegeu os pira

durante a batalha de mosquete que se seguiu. O Henry, do corone

Rhett, ao contrário, se inclinou em direção ao porto, deixando todo

eu convés desprotegido do ataque dos piratas. As duas partes trocar

ros pelas cinco horas seguintes, até a maré que subia levantar e libe

Henry. Ainda presos e de frente para os canhões do Henry, os pira

e renderam. Nove morreram como resultado dos ferimentos recebid

na batalha, assim como catorze homens do coronel Rhett.

Bonnet, que tinha sobrevivido ileso, foi levado para Charleston

de outubro e colocado sob custódia armada, para alegria considerá

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de alguns habitantes da colônia, mas não todos. Ele era o primeiro

capitão pirata notório a ser capturado pelas autoridades britânicas

Por volta do final de julho de 1718, Barba Negra decidiu que e

ora de voltar ao trabalho. Ele e seus homens tinham estado envolvid

m pequenos furtos: testemunhas relataram que ele estava “insultand

busando dos mestres de todos os saveiros comerciais e tirando dele

ens e bebidas que ele quisesse”. Em suas festanças bêbadas, ele e s

omens haviam causado “algumas confusões” na própria Bath, segun

o governador da Carolina do Norte, Charles Eden, que talvez tenhncorajado Barba Negra a levar seus homens para o mar por um tem

Eden já havia concedido a Barba Negra a propriedade incontestável

saveiro espanhol capturado no qual ele tinha vindo de Beaufort; ago

e assinou documentos alfandegários, o liberando para levar o saveir

ue Barba Negra tinha renomeado, sem originalidade, como Adventu – para St. Thomas, onde ele poderia manter seus homens ocupado

como corsários, se ele assim desejasse. No final, ele não desejava

Em vez de ir para St. Thomas, Barba Negra e seus homens

aparentemente navegaram pelo rio Delaware, a quatrocentos e doi

uilômetros ao norte, onde ele secretamente foi para terra, na Filadél

a fim de vender alguns tesouros selecionados. O governador da

Pensilvânia, William Keith, relatou mais tarde que Barba Negra tin

ido visto nas ruas da cidade, e que ele era bem conhecido entre mui

essoas de lá, por causa das suas visitas de anos antes, enquanto ser

como imediato num navio jamaicano. No início dos anos 1840, algu

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dosos da Filadélfia contariam ao historiador John Watson que, quan

ovens, eles ou seus parentes tinham se encontrado com Barba Negr

membros da sua tripulação, um dos quais tinha sido “um velho negr

que morava com a família do cervejeiro George Gray. De acordo co

us relatos, Barba Negra visitou uma loja na rua High, número 77, o

“ele comprou livremente e pagou bem”. Também foi dito que ele

equentou uma hospedaria na rua High, sempre com “sua espada ao

ado”. Ninguém ousava prendê-lo, por medo de que sua tripulação v

 para terra “e vingaria sua causa em algum ataque durante a noite”

 Na segunda semana de agosto, os piratas, tendo terminado seunegócios, levaram o Adventure da baía de Delaware para o mar aber

Era hora de encher seus cofres longe de seu reduto familiar. Eles

navegaram diretamente para o Atlântico, na direção das Bermudas,

procura de navios estrangeiros cujas tripulações provavelmente seria

incapazes de denunciá-los por seus crimes. Eles podem ter tomadoalguns navios ao longo da rota de navegação muito utilizada da

Filadélfia, mas suas primeiras capturas documentadas foram em 22

agosto de 1718, ao leste das Bermudas. As vítimas eram um par de

avios franceses, um deles muito carregado e o outro praticamente va

caminho de casa na França, vindos da Martinica. Os franceses lutar

danificando o Adventure e ferindo alguns de seus homens, mas fora

finalmente dominados pelos piratas. A tripulação de Barba Negra

ansferiu toda a carga para um só navio, que eles mantiveram, e todo

ripulantes franceses para o outro, que foi enviado para seguir sua ro

Quando Barba Negra começou a velejar de volta à Carolina do Nor

ele não tinha ideia de quantos problemas esse incidente causaria.

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Perto de 12 de setembro, eles ancoraram sua presa por trás da

assa de areia da desabitada ilha Ocracoke e começaram a desequipá

tirando os mastros valiosos, as vergas e as cordas, e descarregando

mercadorias: açúcar e cacau. Barba Negra recusou-se a permitir qu

ualquer pessoa embarcasse em seu navio, conforme um marinheiro

passava por ali relatou mais tarde, “com exceção de um médico par

curar seus homens feridos”, que alegavam ter sido feridos quando u

canhão saiu do lugar em mares revoltos.

Deixando ambos os navios em Ocracoke na tarde do dia 13, Ba

Negra e quatro marinheiros negros se dirigiram pelo rio Pamlico paBath em um de seus barcos. Ele levava doces, pão doce, um saco d

chocolate e algumas caixas misteriosas encontradas a bordo do nav

francês, tudo presente para o vizinho do governador Eden, Tobias

Knight, o chefe de Justiça da Carolina do Norte e cobrador de impos

e Sua Majestade. De acordo com seus quatro tripulantes negros, Baegra chegou à plantação de Knight “perto das doze da noite ou uma

madrugada”, deu a Knight seus presentes e entrou na casa com ele “

cerca de uma hora antes do nascer do dia”, quando ordenou que o

homens voltassem para Ocracoke. A quatro quilômetros de distânc

pelo rio Pamlico, Barba Negra notou uma pirágua amarrada na área

desembarque de uma fazenda isolada com dois homens e um menino

ordo. Decidiu saquear essa canoa mercante e ordenou que seus hom

remassem até o lado dela.

William Bell, o proprietário da pirágua, tinha passado a noite

área de desembarque de John Chester e tinha visto o barco de Barb

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egra passar por ali mais cedo. A tripulação de Bell consistia apenas

seu filho jovem e um servo índio, então, quando os cinco piratas

chegaram ao lado de seu barco, ele sabia que resistir seria difícil. N

início, Barba Negra simplesmente perguntou se Bell tinha algo par

beber, ao que Bell respondeu que “estava tão escuro que ele não po

er bem para tirar qualquer” bebida do barril. Barba Negra virou-se pum dos seus marinheiros negros, que lhe entregou uma espada. El

então pulou para a pirágua e ordenou que Bell “colocasse suas mão

para trás, para que elas fossem amarradas” e “que a maldição caíss

sobre ele, ele iria matar Bell se ele não lhe dissesse realmente ond

estava o dinheiro”. Bell, que era de Currituck, perto da fronteira dVirgínia, não reconheceu Barba Negra e exigiu saber quem ele era

Thache [sic] respondeu que vinha do inferno e que hoje ele iria levá

ara lá”, Bell foi capaz de contar às autoridades, apesar de ter sido t

suficiente para agarrar Thatch e tentar forçá-lo a sair da pirágua. Ba

Negra chamou seus homens, que rapidamente dominaram Bell. Enteles remaram a pirágua para o meio do rio com eles e roubaram sua

pistolas, conhaques, uma caixa de cachimbos de barro, sessenta e se

libras em dinheiro e “uma taça de prata de modelo notável”. Barba

 Negra, em seguida, jogou os remos e as velas de Bell na água e, em

tribuição à sua resistência, o espancou com a extremidade plana despada até ela quebrar. Barba Negra seguiu seu caminho para Ocraco

Bell deve ter conseguido novos remos na área de desembarque de

Chester, porque duas horas depois ele estava na casa de Tobias Knig

em Bath para relatar o crime. Knight, segundo Bell mais tarde depo

em tribunal, ouviu pacientemente e fez um relatório, mas nunca

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mencionou que os criminosos tinham passado a noite em sua casa

Em 24 de setembro, Barba Negra navegou até Bath no Adventu

onde ele afirmou ao governador Eden, sob juramento, que “o navio

rancês e as mercadorias foram encontradas por ele como um naufrág

o mar”. Quando um pirata astuto bate na porta de alguém alegando encontrado” um navio flutuando no meio do oceano, cheio de obje

e valor e navegabilidade boa o suficiente para ser conduzido por ce

e mil e cem quilômetros de volta para a Carolina do Norte, pode-se

motivos para suspeitar. Eden e Barba Negra aparentemente tinham u

acordo. O governador prontamente declarou o navio francês como propriedade de Barba Negra por direito de resgate, e uma grande

uantidade de açúcar do naufrágio encontrou, de alguma forma, sua r

para o celeiro do chefe de Justiça, Knight, e se escondeu embaixo d

uma pilha de feno. Eden também deu permissão a Barba Negra par

rontamente atear fogo ao navio francês, considerando-o um perigo pnavegação, convenientemente eliminando qualquer evidência física

que a pirataria tinha ocorrido.

Com o governador e o chefe de Justiça no seu bolso, a Carolina

Norte estava se tornando um esconderijo pirata mais seguro do que

Bahamas jamais tinha sido. Barba Negra nunca teria imaginado quegovernador de outra colônia teria a audácia de invadir.

 

Neptune era um navio de trezentas toneladas sob o comando do capitão John King; o  Emperor , de cinquenta toneladas, est

comando de Arnold Powers.

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onnet chegou a obter os documentos de liberação do governador Eden, endossando oficialmente sua partida para St. Thomas.

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CAPÍTULO ONZE

Caçado

Setembro de 1718 - Março de 1720

Alexander Spotswood, o governador da Virgínia, estava acompanhando Barba Negra há mese

via recebido informações sobre o encalhe intencional do Queen Anne’s Revenge , o perdã

vernador Eden e as depredações subsequentes de embarcações de comércio nos riachos úmid

rolina do Norte. Spotswood tinha trabalhado em conjunto com o capitão de uma das duas fra

marinha na Virgínia, Ellis Brand, do HMS Lyme, enviando espiões para a Carolina do N

ara fazer uma determinada investigação dos piratas”. Ele até mesmo tinha prendido o a

endente de Barba Negra, William Howard, que havia recebido o perdão do rei e continuava

edores de Hampton, sob o pretexto de que não podia explicar como havia adquirido as cinq

ras que estavam em seu bolso ou os dois escravos africanos em sua companhia. Com

otivos legais questionáveis, Spotswood e o capitão Brand forçaram Howard a embarcar no Ly

pois o encarceraram na prisão de tijolos de Williamsburg. Interrogando Howard e questionus espiões, Spotswood formou uma imagem detalhada do que Barba Negra estava fazendo,

passava seu tempo e como ele comprava a proteção dos oficiais de alto escalão na Carolin

rte. No final de outubro, ele decidiu agir.

Spotswood argumentaria mais tarde que Barba Negra representa

ma ameaça para o comércio da Virgínia e que sua presença encorajaoutros a entrar na pirataria. Tudo isso estava certo, mas essa não era

erdadeira razão da decisão de Spotswood de agir contra o pirata. Co

odos os políticos antes e depois dele, Spotswood pretendia lançar u

expedição militar no exterior para desviar a atenção pública de seu

 próprios atos ilícitos em casa.

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Spotswood governava a segunda colônia mais poderosa da cos

americana, atrás apenas de Massachusetts, com uma população de

setenta e três mil brancos e vinte e três mil negros. A Virgínia era

talmente diferente daquela colônia do norte. Era uma terra de mans

cercadas por campos de tabaco e casebres de seus serviçais e escrav

Cada fazenda tinha seu próprio cais e servia como sua própria fábri

com seus funcionários e seu patrimônio humano produzindo os ben

os serviços mais necessários no próprio local. Como resultado, qua

ão existiam vilas ou cidades; os plantadores realizavam grande parte

seu negócio em áreas de desembarque rurais, igrejas, tribunais e

mercados semanais. Até mesmo a capital, Williamsburg, era pouco mo que um centro administrativo, com seus elegantes prédios do gove

tuados perto da construção de tijolos da Faculdade William and M

Durante a maior parte do ano, Williamsburg tinha uma população d

pouco mais de mil pessoas: administradores, artesãos, professores

estudantes. Quando os parlamentares aristocráticos da colônia sereuniam no grande capitólio de tijolo, Williamsburg revivia. Suas

 pousadas, pensões e tabernas ficavam lotadas, enquanto plateias

ntusiasmadas se reuniam para assistir às produções no único teatro

América britânica, uma estrutura de dois anos de idade no lado leste

 bem cuidado Palace Green.

 Nos últimos anos, os parlamentares se reuniram para criticar

governador Spotswood e a cultura de corrupção que ele tinha nutrid

durante os oito anos em que vinha supervisionando a colônia. Ele

edigiram uma reclamação oficial de como “ele esbanjou o dinheiro

país” no quase concluído Palácio do Governador, com suas salas d

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jantar ricamente decoradas, lareiras de mármore esculpido, pomare

ardins e portões de entrada. Outros estavam irritados com as corrup

ransações de terra de Spotswood. Ele ainda transferiria oitenta e cin

mil acres de terras públicas para si mesmo, através de um esquema

procurações com plenos poderes, numa área que veio a ser conhecid

como Spotsylvania County. A maioria dos legisladores se opôs à su

arrogante reivindicação para controlar a nomeação de todos os

cerdotes e oficiais de alto escalão da igreja anglicana, a religião ofi

da colônia. Em 1717, o legislativo havia conseguido pedir ao rei pa

anular algumas das suas ordens de caráter econômico e agora estav

trabalhando para tirá-lo do cargo por completo.

Com tantos inimigos em sua porta, foi em sigilo absoluto que

potswood se reuniu com o capitão Brand do Lyme e o capitão Geo

Gordon do HMS Pearl  no início de outubro de 1718. Ele pediu a aju

deles para libertar as Américas de Barba Negra de uma vez por toda

Em Nassau, Woodes Rogers também estava se preparando par

enfrentar os piratas. Em 14 de setembro de 1718, ele recebeu a notíc

de que Charles Vane estava em Green Turtle Cay, perto de Ábaco,

ento e noventa e três quilômetros ao norte de Nassau. Esperando u

invasão espanhola e desprovido de recursos humanos ou apoio da

Marinha Real, Rogers sabia que sua única esperança eram os líderes

acampamento pirata pró-indulto.

Benjamin Hornigold e John Cockram responderam ao chamado

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governador e decidiram se tornar caçadores de piratas. Rogers equip

um saveiro para eles – provavelmente o Bonnet  de Hornigold – e o

despachou para coletar informações e, se possível, confrontar Van

Eles deixaram Nassau quatro dias depois. Ninguém os viu novamen

durante semanas.

Enquanto esperava pelo retorno de Hornigold, Rogers tentou

olocar as defesas de Nassau em ordem. O conselho de administração

cidade concordou em impor uma lei marcial, criando “uma vigilânc

muito rígida” e ordenando que as pessoas da ilha e seus escravos

ajudassem a consertar a fortaleza. Praticamente todas as noites, nontanto, os piratas roubavam barcos e fugiam da ilha, na esperança d

 juntar a Vane. Rogers estimou que cento e cinquenta o tinham

bandonado entre o final de julho e o final de outubro. À medida que

dias se tornaram semanas, Rogers começou a temer que Hornigold

ivesse sido preso por Vane ou tivesse recomeçado sua velha prática pirataria”. A maioria dos habitantes concordou. Mas três semanas

depois de sua partida, o saveiro de Hornigold navegou de volta para

 porto com um punhado de prisioneiros piratas capturados.

Hornigold contou a todos como ele e Cockram tinham passado

maior parte do tempo se escondendo perto de Green Turtle Cay,observando Vane e esperando por uma oportunidade para emboscá-

quando ele estivesse longe de sua força principal. Infelizmente, ess

chance nunca veio, e Hornigold e Cockram julgaram o bando de Va

oderoso demais para atacar diretamente. Além do seu bergantim pir

ane tinha o Neptune e o Emperor  com ele, os dois navios que ele ti

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apturado no banco de areia de Charleston, e seu grupo passou a ma

arte do tempo saqueando esses navios e querenando suas embarcaçõ

Depois de decorridas quase três semanas, os piratas se despediram d

ipulações prisioneiras do Neptune e do Emperor  “desejando-lhes u

 boa viagem para casa”, mas enquanto eles navegavam para fora do

ancoradouro, avistaram outro saveiro chegando. Esse, conformeHornigold pôde relatar, era o saveiro de trinta toneladas Wolf , que tin

zarpado de Nassau alguns dias antes com a permissão de Rogers pa

caçar tartarugas marinhas. Na verdade, o capitão do Wolf , um pirat

erdoado chamado Nicholas Woodall, estava contrabandeando muni

mantimentos e informações para Vane. Vane ancorou e conversou cWoodall, que lhe deu uma descrição detalhada das atividades e defe

de Rogers. Vane, talvez esperando que seus companheiros piratas

tivessem se revoltado contra o governador, ficou aparentemente

decepcionado. Quando um dos prisioneiros perguntou aos piratas q

notícias eles tinham de Nassau, eles responderam “nenhuma boa” disseram-lhe para não fazer muitas perguntas. Os piratas, “estando

muito perturbados com as notícias”, votaram a favor de abandonar o

risioneiros e destruir o Neptune cortando seus mastros e equipame

, em seguida, disparar um canhão “duplamente carregado” diretame

em seu porão. Os piratas de Vane deixaram o porto no bergantim e Wolf . A essa altura, Hornigold navegou para dar aos prisioneiros

mantimentos e para avisá-los que a ajuda tinha chegado. Naquela no

Hornigold partiu em perseguição dos piratas e, poucos dias depois

interceptou o Wolf  e o trouxe com ele para Nassau.

A captura do Wolf  por Hornigold aumentou o moral de Rogers.

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capitão Hornigold se provando honesto”, Rogers escreveu aos seu

superiores em Londres, “desobriga seus velhos amigos […] divide

pessoas aqui e me torna mais forte do que eu esperava.” Incerto de s

utoridade para julgar Woodall, Rogers o manteve preso e o mandou

volta para a Inglaterra no próximo navio que estava de saída. Com

udança das estações, o tempo também melhorou, e o pessoal de Rogcomeçou a se recuperar de suas doenças. Um comboio de saveiros

mercantes deixou a ilha para negociar com contatos amistosos em Cu

de quem eles esperavam garantir mantimentos adicionais. Com o fo

uase pronto e um dos principais piratas ao seu lado, Rogers sentia u

sensação crescente de segurança.

Em 4 de novembro, Rogers recebeu a notícia de que as tripulaç

de todos os quatro saveiros mercantes que ele tinha enviado para Cu

nham se tornado piratas e estavam planejando se juntar a Vane. Diz

e que os renegados estavam em Green Turtle Cay, no entanto, e ain podiam ser pegos. Rogers mais uma vez se voltou para Hornigold

Cockram, que navegaram para a ilha e envolveram os criminosos num

verdadeira batalha. Os piratas transformados em caçadores de pirat

voltaram para Nassau em 28 de novembro com dez prisioneiros –

ncluindo o ex-canhoneiro de Barba Negra, William Cunningham – e

corpos de mais três. Rogers ficou em êxtase. “Eu estou contente co

essa nova prova que o capitão Hornigold deu ao mundo para limpar

ome infame pelo qual ele era conhecido anteriormente”, ele escreveu

ecretário de Estado britânico, “embora mesmo nos atos de pirataria

ele cometeu a maioria das pessoas falaram bem de sua generosidade

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Os prisioneiros piratas se tornaram um desafio, já que faltava

Rogers os homens para garantir que eles ficassem presos. Julgá-los

xecutá-los em Nassau poderia desencadear uma revolta. Ele convoc

ma sessão secreta de seu conselho de administração, que agora incl

o ex-chefe de Justiça Thomas Walker, e listou as opções. Mais do q

tudo, os conselheiros se preocupavam que Vane, alertado por seu

umerosos informantes, podia tentar libertar os prisioneiros. “Se alg

medo fosse mostrado da nossa parte”, eles resolveram, “isso poderi

animar vários piratas agora aqui a incitar os piratas lá fora a tentar

resgate daqueles em custódia. Portanto […] para evitar os projetos

Vane, o pirata”, o conselho concluiu que eles deveriam “o mais brev possível […] levar os prisioneiros a julgamento”. Sem uma prisão

ogers acorrentou os dez prisioneiros a bordo do Delícia antes de pa

 para o que ele sabia que seria um confronto arriscado com os

simpatizantes dos piratas na ilha.

Ao deixar Green Turtle Cay, Vane seguiu para o norte. As

informações que ele tinha recebido de Woodall sugeriram que ele

precisaria de reforços se fosse cumprir sua ameaça de atacar Nassa

Tendo perdido a esperança de que os Stuarts enviariam auxílio, Vansabia que tinha que se voltar para seus antigos camaradas em busca

ajuda. La Buse havia desaparecido para o sul. Williams, England

Condent tinham navegado para a África e o Brasil. Um pirata, no

entanto, ainda estava na região e todos sabiam onde encontrá-lo. O

homens de Vane concordaram; eles iriam navegar para o estreito d

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Pamlico na Carolina do Norte, onde esperavam se encontrar com se

comparsa Barba Negra.

Chegaram à baía de Ocracoke na segunda semana de outubro. L

atrás da ilha, eles avistaram um saveiro armado, que mais tarde se

revelaria ser o Adventure de Barba Negra. Deve ter se passado alguminutos de confusão até que eles se identificassem, já que nenhum

estava navegando em um navio que fosse familiar para o outro. De

alguma forma – provavelmente falando por cornetas acústicas – Bar

 Negra e Vane confirmaram a identidade um do outro. Vane

imediatamente saudou o companheiro, disparando os canhões de sebergantim bem alto no ar, com Barba Negra respondendo da mesm

orma. Vane ancorou seu navio ao lado do Adventure. Homens remar

de um navio para o outro, iniciando um festival pirata que duraria p

vários dias e se espalharia pela costa da ilha Ocracoke.

Os dois homens compartilharam suas experiências ao longo dúltimos meses. Barba Negra foi provavelmente o primeiro a informa

ane sobre a captura de Stede Bonnet, um evento que estava na boca

odos, de Charleston a Boston. Vane contou a Barba Negra sobre se

confrontos com Pearse e Rogers em Nassau, e sobre o progresso d

overno deste último. Vane pode ter tentado convencer seu ex-parceiacompanhá-lo num ataque conjunto em Nova Providência. Se isso

aconteceu, Barba Negra, confortável em sua nova situação, se recuso

Seus homens estavam sãos e salvos, livres para continuar sua pirata

sem medo de represálias.

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Com sua festança encerrada, Charles Vane e Edward Thatch

deixaram um ao outro para seguir em caminhos separados.

O governador Spotswood planejou seu ataque a Barba Negra s

m manto de sigilo. Ele não informou nem o conselho de administra

a Virgínia nem seu legislativo, e ele certamente não tinha a intenção

ompartilhar o assunto com o governador Eden. Os piratas, ele expli

mais tarde, eram simplesmente populares demais. “Eu sequer 

omuniquei ao Conselho de Sua Majestade aqui, nem a qualquer ou

pessoa além daquelas que precisavam ser empregadas na execução dprojeto, pelo menos entre os muitos favorecedores dos piratas que n

temos por estas bandas, alguns deles podem enviar informações a

Thatch.” Ele tinha motivos para se preocupar. Poucos meses antes

lguns dos homens de Barba Negra tinham passado pela colônia em

aminho para a Filadélfia e tentaram seduzir um número de marinheimercantes para se juntar a eles. As autoridades locais queriam prend

s piratas, mas relataram a Spotswood que eles “não conseguiam ach

ninguém disposto a ajudá-los no desarmamento e repressão daquel

ando”. Spotswood conseguiu prender William Howard, intendente

Barba Negra, mas pouco tempo depois um dos juízes de seu própritribunal de vice-almirantado, um amigo do governador Eden chama

John Holloway, ordenou a prisão do capitão George Gordon e do

tenente Robert Maynard do HMS Pearl , no qual Howard tinha sid

detido. Holloway entrou com uma ação civil contra os dois oficiais

Marinha em nome do pirata, pedindo quinhentas libras de cada um d

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por danos. Temendo que o júri pudesse liberar Howard, Spotswoo

ordenou que ele fosse julgado sem júri, sendo veementemente

condenado pelo conselho de administração. Os residentes da Virgín

potswood percebeu, tinham “uma tendência inexplicável para favore

 piratas”.

Foi no julgamento de Howard que Spotswood revelou seu plano

capitão Brand e ao capitão Gordon, que tinha compartilhado

nformações com ele durante meses. Era a oportunidade perfeita para

reunir com os oficiais da Marinha Real sem levantar suspeitas, já q

ambos estavam em Williamsburg para servir como oficiais da corteDepois do julgamento – no qual Howard foi considerado culpado –

rand e Gordon andaram as quatro quadras do belo Capitólio em for

de H, através da praça do mercado e passando o Palace Green até o

Palácio do Governador. Numa das salas opulentas do palácio,

Spotswood explicou seu plano. Como Barba Negra dividia seu tementre Bath e Ocracoke, haveria um ataque em duas vertentes. Brand

omo o oficial mais antigo, lideraria um contingente de fuzileiros nav

 por terra para Bath, se encontrando com simpatizantes ao longo do

aminho. Uma segunda força viajaria por mar para Ocracoke, garanti

ue nenhum pirata fugisse para o Atlântico. O Pearl  (quinhentas e u

toneladas, quarenta canhões) e o Lyme (trezentas e oitenta e quatr

oneladas, vinte e oito canhões) eram ambos grandes demais para ven

s bancos de areia perigosos dos riachos de água salobra e das ilhas

arrecifes da Carolina do Norte. Em vez disso, Spotswood se oferece

ara comprar, com seu próprio dinheiro, dois saveiros ágeis, que ser

colocados à disposição dos oficiais. Brand e Gordon concordaram e

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tripular, armar e abastecer os saveiros e colocá-los sob o comando d

 primeiro oficial do capitão Gordon, o tenente Robert Maynard. (O

 próprio Gordon ficaria para trás com as fragatas a caminho de

Hampton.) Além da possibilidade de reivindicar parte do tesouro d

Barba Negra, a guarnição naval tinha um incentivo a mais para

participar: Spotswood tinha acabado de passar uma nova lei crianduma recompensa especial para a captura de Barba Negra ou seus

asseclas. Gordon e Brand concordaram com o plano. Se tudo corres

 bem, ele podia ser patriótico e rentável.

O plano de Spotswood também era totalmente ilegal, uma vez qnem o governador nem os oficiais tinham autoridade para invadir ou

colônia. Barba Negra era, legalmente falando, um cidadão de boa

reputação; ele havia sido perdoado por seus crimes anteriores, tinh

pedido e recebido sanção legal do governador Eden para recuperar s

naufrágio” francês e ainda não havia sido indiciado por qualquer criA expedição partiu de Hampton em 17 de novembro. Maynard,

a o mais antigo oficial da Marinha servindo nos Estados Unidos, su

a bordo de seu navio principal, o Jane, o maior dos dois saveiros

ontratados pelo governador Spotswood. A bordo do Jane estavam tr

e cinco homens; um amplo estoque de mosquetes, facões e espadamantimentos para um mês; mas nenhum canhão, já que o Jane era

pequeno demais para transportá-los. O outro saveiro, o Ranger , er

nda menor, transportando vinte e cinco marinheiros sob o comando

aspirante Edmund Hyde do Lyme. Sem nenhum canhão e apenas

sessenta homens, Maynard sabia que, se seus saveiros encontrassem

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Barba Negra, eles teriam que surpreendê-lo ancorado. Às três horas

rde naquele dia de novembro, eles levantaram as âncoras e zarparam

Chesapeake.

Algumas horas mais tarde, o capitão Brand do Lyme partiu a cav

da vila de Hampton com um pequeno contingente de marinheiros. Eavalgaram por caminhos de terra pela zona rural da Virgínia, passan

por campos vazios e grupos de escravos cuidando de fileiras de folh

de tabaco secando no ar frio do outono. No dia seguinte, os último

ampos, plantações e estradas ficaram para trás quando eles entraram

deserto sem caminhos da Carolina do Norte.

Eles passaram três dias agonizantes atravessando quilômetros

pinheiros infrutíferos e um pântano, apropriadamente conhecido com

reat Dismal Swamp [Pântano do Grande Desânimo], antes de surgir

em 21 de novembro, em Edenton, um dos poucos assentamentos d

colônia. Por ele vir das terras pastorais da Virgínia, a pobreza dosnativos da Carolina do Norte teria deixado Brand impressionado. “A

pessoas realmente são ignorantes, existindo poucos que sabem ler

menos ainda que sabem escrever, até mesmo entre seus juízes de paz

outro visitante do início do século XVIII disse sobre os habitantes

região. “Eles se alimentam geralmente de carne de porco salgada, àvezes de carne de boi, e seu pão de milho indígena, que eles são

forçados a consumir por falta de moinhos, e nisso eles são tão

escuidados e sem higiene que há apenas uma pequena diferença ent

milho na manjedoura do cavalo e o pão em suas mesas.”

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oubados escondidos no celeiro de seu vizinho, Tobias Knight. É fá

imaginar Brand sentado em frente à lareira de Eden até o amanhece

mosquete carregado ao seu lado, esperando que Barba Negra cruzass

caminho de pedra da doca de Eden.

Barba Negra nunca veio.

Enquanto navegava pelos bancos de areia da Carolina do Norte

enente Maynard ouviu todos os tipos de histórias sobre Barba Neg

eu piloto, um homem da Carolina do Norte contratado por Spotswodisse que Barba Negra estava transportando carga roubada entre

cracoke e Bath. Na enseada de Roanoke, na metade do caminho até

ancos de areia, marinheiros locais disseram-lhes que na segunda-fe

anterior eles tinham visto o Adventure de Barba Negra encalhado e

Brant, uma ilhota pantanosa no estreito de Currituck, a quarenta e ouilômetros voltando na direção da Virgínia. Maynard passou o resto

dia velejando para frente e para trás ao longo do estreito de Currituc

mas não viu nenhum sinal de Barba Negra ou de qualquer outra pess

O próprio Spotswood tinha advertido que Thatch estava “fortalecen

uma ilha na entrada de Ocracock e fazendo dela um ponto de encon

geral para tais ladrões”. Dos outros marinheiros, Maynard

 provavelmente ouviu outra história perturbadora que chegaria a

Williamsburg alguns dias depois: “outras tripulações piratas tinham

untado” a Barba Negra em Ocracoke, aumentando seus números pa

ento e setenta homens; Maynard não tinha como saber que a tripula

 pirata de Vane tinha chegado e partido oito semanas antes.

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Às quatro horas da tarde, com crescente receio, os pequenos

aveiros de Maynard chegaram à enseada de Ocracoke, quarenta e o

quilômetros ao sul de Cabo Hatteras. Uma vez contornada a borda

xterior da ilha Ocracoke, Maynard viu dois saveiros ancorados atrás

ha, num lugar agora conhecido como Thatch’s Hole [Cova de Thatc

um deles com nove canhões, atendendo à descrição do Adventure d

Barba Negra. O outro estava desarmado e parecia ser um saveiro d

abotagem. Na ilha, Maynard teria visto uma grande tenda, os restos

fogueiras, alguns baús e barris vazios talvez, mas nenhum sinal de

ortificações. Ele prestou atenção no vento, nas correntes e no sol ba

o céu e deu a ordem para o Jane e o Ranger  ancorarem. Ele não qulutar com Barba Negra na escuridão.

Desde que Vane tinha ido embora, Barba Negra realmente fico

indo e vindo entre Bath e Ocracoke, passando algumas semanas

supervisionando mais ou menos vinte homens em Ocracoke e emeguida, passando outras semanas com sua esposa em Bath. Seu reto

 para a cidade estava, então, atrasado. Cinco dias antes – em 17 de

ovembro – ele tinha recebido uma carta de Tobias Knight pedindo-

para “seguir seu caminho de volta o mais breve possível, pois eu ten

go mais a dizer-lhe do que posso escrever agora”; o juiz tinha assin

como “seu verdadeiro amigo e servo, T. Knight”. Barba Negra tinh

assuntos mais importantes para resolver do que Knight ou os dois

saveiros modestos que tinham acabado de aparecer na enseada; seu

 bando de piratas estava se divertindo com um de seus amigos

comerciantes, Samuel Odell, cuja navio mercante estava ancorado a

ado do Adventure. Enquanto os homens de Maynard tentavam dorm

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e preparando para a luta à frente, os homens de Barba Negra beber

até tarde da noite.

Às nove horas da manhã seguinte, Maynard deu a ordem para

zarpar e navegou em direção ao Adventure, esperando embarcar ne

antes que Barba Negra pudesse preparar seus canhões. Ao entrarem ancoragem na menor das brisas, o Ranger  do aspirante Hyde encalh

um banco de areia. Ele ordenou que seus homens começassem a jog

ao mar as pedras de lastro, usadas para dar estabilidade ao navio, n

esperança de tornar o saveiro leve o suficiente para voltar a flutuar

Maynard prosseguiu no navio maior, Jane, apenas para encalhar também, eliminando qualquer possibilidade de um ataque surpresa

Apesar da ressaca, os homens de Barba Negra não puderam deixar

notar os dois saveiros que claramente tinham tentado surpreendê-los

cujas tripulações, suspeitosamente grandes, estavam jogando

uidosamente lastro e barris de água para o mar, na tentativa urgentee libertar. Quando lhes ocorreu que eles estavam sob ataque, os pira

entraram em ação, correndo para soltar velas, cortar os cabos de

ancoragem e aprontar os canhões. Tudo aconteceu tão rápido que se

convidado, Samuel Odell, e seus três tripulantes não tiveram tempo

sair do navio de Barba Negra. Bem na hora em que as velas do

Adventure pegaram seu primeiro sopro de vento fraco, Hyde consegu

bertar o Ranger  e seguiu diretamente para os piratas, com a maioria

seu vinte e cinco homens forçando os remos.

Os piratas começaram a disparar seus mosquetes, e quando a

embarcações tinham se aproximado a uma distância da “metade de u

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tiro de pistola”, Barba Negra sinalizou para as tripulações atirarem

Chamas explodiram dos canos dos canhões do Adventure e, uma fra

de segundo depois, balas de canhão de um quilo e oitocentos e doi

quilos e setecentos rasgaram através da proa do Ranger , demolindo

elas de traquete e matando Hyde e seu imediato, o timoneiro do Lym

llen Arlington. Homens feridos convulsionavam no convés encharce sangue do Ranger  enquanto o saveiro desacelerou até parar. No m

da confusão, alguns dos marinheiros conseguiram soltar uma saraiva

de balas de pequenas armas de fogo enquanto o Adventure passava p

ele. Uma das balas de mosquete acertou a lança adriça, a linha que

segurava as velas de traquete do navio pirata, fazendo com que odventure perdesse velocidade. Esse foi um lance de sorte fundamen

 para os homens de Maynard. Tendo libertado o Jane, eles agora

emavam loucamente em direção aos piratas, na esperança de atacá-l

e a adriça não tivesse sido atingida, o Adventure poderia ter escapa

para o mar aberto. Em vez disso, os dois navios se aproximaram a udistância de quinze metros um do outro.

A essa altura, Barba Negra saudou Maynard.

 – Danem-se vilões, quem são vocês e de onde vieram? – ele

 perguntou, de acordo com o livro História geral…

 – Você pode ver pelas nossas cores que nós não somos piratas

Maynard deve ter respondido.

Thatch, com a barba amarrada em fitas pretas, segurou um copo

bebida alcoólica e, de acordo com Maynard, “bebeu para condenaç

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minha e dos meus homens, a quem ele denominou de filhotes de

cachorro covardes, dizendo que ele não daria nem aceitaria piedade

Maynard respondeu que por ele, tudo bem. Barba Negra então sinali

ara seu canhoneiro, Phillip Morton, lançar a outra artilharia do cost

do navio. Morton tinha carregado os canhões com balas de uvas e

perdizes que rendiam uma descarga semelhante a tiros de armas e e

xtremamente mortal a uma distância tão curta. Outros piratas jogar

ranadas de mão improvisadas, que eles tinham feito enchendo garra

e rum vazias com pólvora, balas de mosquete e pedaços de ferro vel

uando a fumaça levantou, o convés do Jane estava coberto com cor

Em apenas alguns segundos, vinte e um homens da tripulação deMaynard tinham sido mortos ou feridos. Apenas dois ainda estavam

pé no convés do saveiro. A batalha, Barba Negra concluiu, tinha sid

vencida. Ele ordenou que o Adventure chegasse perto do Jane e qu

seus homens se preparassem para embarcar.

Sob o manto de fumaça de pólvora, no entanto, Maynard havi

rdenado que uma dúzia de homens não machucados se escondessem

porão do Jane e esperassem seu sinal. Agachando-se na escada, el

sussurrou instruções para seu timoneiro e seu primeiro imediato, o S

Baker, dizendo-lhes para ficarem quietos e sinalizarem para ele quan

os piratas chegassem ao navio.

Quando o Adventure bateu contra o Jane, Barba Negra foi o

rimeiro a passar por cima do parapeito “com uma corda em suas mã

para amarrar ou unir os dois saveiros”. Ao sinal de Baker, Maynar

subiu correndo do porão, espada em mãos e uma dúzia de tripulant

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atrás dele. Em uma cena que inspirou muitos filmes de Hollywood

Barba Negra e Maynard se enfrentaram – um tenente naval impetuo

contra um pirata temível –, espadas fora de suas bainhas. Humphre

Johnson, o marinheiro da Carolina do Norte que levou a notícia d

 batalha para a Nova Inglaterra, descreveu a luta desta maneira:

“Maynard dando um golpe, a ponta da sua espada batendo contra caixa de cartuchos de Teach” – onde ele guardava sua munição – “

dobrando-a ao máximo”. Barba Negra em seguida deu um golpe qu

quebrou a guarda da espada de Maynard, cortando fora os dedos d

ficial. Maynard pulou para trás, “jogou sua espada fora e disparou

stola, que feriu Teach”. A essa altura, dez dos homens de Barba Netinham subido a bordo do Jane e estavam lutando com os homens d

Maynard. No caos, o timoneiro do Jane, Abraham Demelt, foi até o l

de Maynard e conseguiu fazer um corte bem no rosto de Barba Neg

s piratas a bordo do Jane estavam em menor número do que os hom

e Maynard e caíram rapidamente no convés manchado de sangue. Mhomens miravam suas pistolas em Barba Negra, que cambaleava

 balançando sua espada na direção de Maynard e Demelt, sangue

jorrando de seu rosto e corpo. Mais balas de mosquete atingiram su

alta estatura, ao mesmo tempo em que os marinheiros o rodearam,

espadas em mãos, se preparando para o golpe final.

De acordo com Humphrey Johnson, o golpe final veio de um

escocês que decapitou Barba Negra com um poderoso golpe de su

spada, “deixando-a pendurada em seu ombro”, presa por um pedaço

carne. O autor do livro História geral… discorda, dizendo que Bar

 Negra morreu de repente “enquanto estava armando outra pistola”

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nalmente sucumbindo às suas feridas. Em cartas aos amigos e paren

Maynard não disse como Barba Negra morreu, mas observou que e

aiu “com cinco tiros nele e vinte cortes mortais em várias partes do

orpo”. A briga durou menos de seis minutos, durante os quais todos

iratas que embarcaram foram mortos sem matar sequer um dos hom

de Maynard, embora ele tenha relatado que vários “estavammiseravelmente cortados e mutilados”.

O Ranger  chegou ao lado para ajudar a acabar com os piratas

estantes a bordo do Adventure, que foram vencidos numa proporção

quase três por um. Muitos pularam na água, onde os marinheiros dMarinha os pegaram. (De acordo com o relatório de ação do capitã

Gordon, um dos piratas conseguiu chegar à praia, não resistiu aos

ferimentos e foi “descoberto alguns dias depois nos recifes, devido

aves que pairavam sobre ele”.) Um dos marinheiros do Ranger  tinh

sido morto por fogo amigo, trazendo o número total de vítimas daMarinha para onze mortos e mais de vinte feridos. Os vencedores

tiveram mais um susto do lado de fora do quarto de pólvora do

Adventure: Eles descobriram um pirata negro chamado Caesar, fósfo

m mãos, lutando para se libertar do comerciante Samuel Odell e de

dos seus tripulantes, de modo que pudesse seguir a última ordem d

Barba Negra: Em caso de derrota, exploda todos eles em pedacinho

Caesar foi contido com sucesso e se tornou um dos catorze pirata

 prisioneiros – nove brancos e cinco negros – que foram levados em

custódia. Odell, seu corpo tendo “nada menos do que setenta ferida

também foi preso, embora tenha sido liberado depois.

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Após a batalha, os homens de Maynard revistaram o Adventure

sperança de encontrar uma profusão de ouro e prata espanhóis. Em

sso, encontraram um pouco de ouro em pó, alguns itens feitos de p

(incluindo a taça roubada de William Bell) e “outras coisas pequen

aqueadas”. Eles também encontraram a carta recente de Tobias Kni

para Barba Negra e uma série de papéis que ligavam Knight e Eden

pirataria de Barba Negra. A tenda na praia ocultava os restos de car

dos navios franceses: cento e quarenta sacos de cacau e dez barris d

çúcar. Se Barba Negra tinha acumulado uma riqueza fantástica, ele

a mantinha com ele em Ocracoke.

Quer tenha sido decepada durante ou após a batalha, a cabeça

arba Negra foi colocada no gurupés do Adventure: um troféu grote

que daria aos marinheiros uma recompensa de cem libras quando el

oltassem para a Virgínia. Maynard ordenou que o corpo decapitado

Barba Negra fosse lançado no estreito de Pamlico, onde, segundo nda, ele boiou dando a volta ao redor do Adventure três vezes ante

afundar na água escura.

Devido a uma onda de mau tempo, Maynard e Brand não se

encontraram até 27 de novembro, quando o tenente se aproximou d

Bath para entregar as evidências encontradas contra Knight e Eden

Brand já estava furioso com Knight, que, segundo ele, estava

colocando uma abundância de dificuldade, aconselhando o governa

não me ajudar e constantemente justificando as atitudes dos pirata

O chefe de Justiça tinha “negado completamente que qualquer 

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mercadoria pirata estivesse em sua plantação”. Brand agora confront

Knight com as provas incriminatórias da carta para Barba Negra, o

“memorando no livro de bolso de Thache” e depoimentos de vária

testemunhas que tinham participado do descarregamento do saque

Knight finalmente “admitiu tudo” e mostrou a Brand vinte barris d

çúcar e dois sacos de algodão “cobertos com forragem” em seu cele

Eden, vendo que o jogo tinha começado, ordenou que seu oficial

entregasse a Brand seis escravos e sessenta barricas de açúcar que

tinham pertencido a Barba Negra ou aos seus homens e estavam na

posse do governador. Brand também rastreou “vários piratas à espre

em Bath”, incluindo o contramestre de Barba Negra, Israel Hands, qo final concordaria em testemunhar contra seus companheiros em tr

de sua vida. O valor total da carga encontrada em Bath e Ocracoke f

estimado em pouco mais de duas mil e duzentas libras, incluindo

 próprio Adventure.

O tenente Maynard retornou a Hampton no Adventure em 3 d

 janeiro de 1719, com a cabeça de Barba Negra ainda pendurada no

urupés. Quando ele passou pelo HMS Pearl , saudou o capitão Gord

com todos os nove canhões do Adventure. Gordon ofereceu ao seu

tenente uma honra rara: uma saudação igual em retorno de uma da

agatas da Sua Majestade. Gordon e Maynard apresentaram a cabeça

Barba Negra ao governador Spotswood, que ordenou que ela ficass

pendurada em um poste alto no lado oeste do rio Hampton, num lug

hoje conhecido como Blackbeard’s Point [Promontório do Barba

 Negra], como uma advertência macabra para supostos piratas.

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Em poucas semanas, Maynard seria um nome familiar de Nov

nglaterra a Londres, Port Royal e mais além. Em Boston, um Benjam

ranklin de treze anos de idade, então aprendiz de tipógrafo, escreve

publicou uma “canção de marinheiro” sobre a realização de Maynar

ue ele vendeu na rua. O texto foi perdido, com exceção de uma estr

final com os versos

 É melhor nadar no mar abaixo

 Do que balançar no ar e alimentar o corvo,

 Diz o alegre Ned Teach de Bristol 

A expedição manteve o sistema judicial ocupado por muitos annquanto os vários interessados tentavam acertar suas contas uns com

outros. Em 12 de março de 1719, os prisioneiros foram julgados n

Capitólio em Williamsburg e, exceto por de Samuel Odell, foram

considerados culpados. Treze piratas foram executados, e seus corp

ficaram pendurados em forcas amarradas ao longo do caminhoHampton–Williamsburg. O último, Israel Hands, foi libertado pouc

antes da execução, devido à chegada oportuna de um navio que

transportava uma extensão do perdão do rei, um evento que também

salvou William Howard. Com base nas provas recolhidas por Brand

Maynard, Tobias Knight foi levado a julgamento na Carolina do No

por conspirar com os piratas; ele foi considerado inocente, em gran

arte porque conseguiu que o testemunho dos quatro homens negros

tripulação de Barba Negra fossem descartados porque, como

argumentou, “pelas leis e costumes de toda a América” o testemunh

os negros não tinha “qualquer validade contra qualquer pessoa bran

que fosse”. Eden ameaçou processar Brand por invasão das terras d

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nhores proprietários da Carolina do Norte e brigou durante meses c

Spotswood sobre a legalidade da invasão e da posse do saque, embo

tais tentativas não tenham dado em nada. Edward Moseley e Mauri

Moore invadiram a casa de um oficial numa tentativa frustrada de

encontrar evidências ligando Eden a Barba Negra e foram pegos,

 julgados e condenados por sedição. De sua parte, Robert Maynardentrou com uma ação judicial malsucedida contra Gordon e Brand

depois que os capitães decidiram dividir o dinheiro da recompensa

Spotswood entre a tripulação do Lyme e do Pearl , e não apenas ent

aqueles que tinham lutado em Ocracoke; no final, a maioria dos

marinheiros recebeu apenas uma libra por sua parte na batalha.

Em Charleston, os tribunais não só tinham estado ocupados, el

tinham literalmente estado sob cerco. Os habitantes estavam em

desacordo sobre o destino de Stede Bonnet e dos outros piratas quecoronel William Rhett tinha capturado em Cape Fear. A maioria do

colonos estava feliz, sem dúvida, pelos autores de alguns dos últim

loqueios estarem finalmente sendo levados à Justiça. Esse sentimen

era particularmente forte entre comerciantes e plantadores que tinha

erdido navios e cargas nesses incidentes. Mas havia um grande númde pessoas em Charleston que apoiavam os piratas, e seu sentiment

uperava o de seus opositores na Carolina do Norte e na Virgínia. E

grupo incluía um grande número de piratas perdoados e ex-

contrabandistas de Nassau, bem como serviçais, marinheiros, negro

vres e outros membros do enorme contingente das classes inferiores

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Carolina do Sul. Bonnet, eles argumentaram, era “um cavalheiro, u

homem de honra, um homem de fortuna e um homem que teve um

educação liberal”. Seus tripulantes eram vistos como heróis, homen

sem medo de confiscar os bens de homens ricos ou de beber à

ondenação do pretenso rei da Grã-Bretanha. Eles insistiram, não mu

discretamente, que todos os piratas deveriam ser libertados.

Como Woodes Rogers em Nassau, o governador Johnson não ti

nta certeza de que podia manter os piratas sob custódia. A Carolina

ul tinha acabado de lutar numa grande guerra indígena, e a mão de o

estava escassa. Charleston não tinha prisão alguma, então Johnson orçado a prender os piratas no Tribunal de Guarda, um pequeno pré

de dois andares que ficava na Half-Moon Battery, uma fortificação

 beira-mar na rua Bay. As paredes de madeira da estrutura tinham

inúmeras janelas, tornando-a menos segura, apesar da presença de

guardas armados. Como uma concessão à gentileza de Bonnet – e paimpedi-lo de conspirar com os seus homens –, Johnson prendeu o

apitão pirata na casa de Nathaniel Partridge, o oficial administrativo

colônia, onde “sentinelas eram colocados no início da noite” para

 proteger contra fugas. Com esses arranjos improvisados, Johnson

sperava segurar os piratas de 3 de outubro, quando eles foram trazid

até 28 de outubro, quando seu julgamento estava agendado para

começar.

 No entanto, na noite de 24 de outubro de 1718, Bonnet escapou

casa do administrador com a ajuda de Richard Tookerman, um

comerciante que tinha feito uma pequena fortuna contrabandeando

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mercadorias para lá e para cá das Bahamas quando elas estavam sob

domínio de piratas. Partridge pode ter sido cúmplice na fuga, que

parentemente aconteceu sem dificuldade; ele foi demitido poucos d

epois. Curiosamente, Bonnet fugiu na companhia de David Herriot,

homem que tinha sido recrutado à força e que quase certamente ter

sido absolvido, já que ele havia se transformado em testemunha doEstado naquela manhã, dando um longo depoimento contra os pirat

Ele tinha sido transferido do Tribunal de Guarda para a casa do

administrador como uma recompensa por sua cooperação. No entan

erriot escolheu fugir com Bonnet. No momento em que o alarme so

eles estavam na metade da travessia do porto, na canoa de Tookermaremada por vários de seus escravos pretos e índios.

 Não muito tempo depois, Charleston caiu em desordem civil. O

etalhes do evento que veio a ser chamado de “as perturbações” não

claros, mas por passagens e referências em documentos legaisosteriores, parece que um grupo armado cercou o Tribunal de Guar

a tentativa de libertar os piratas restantes. “Nós não podemos esque

por quanto tempo esta cidade tem trabalhado sob o cansaço de assis

aos piratas e quais perturbações foram recentemente feitas com o

bjetivo de liberá-los”, o advogado assistente general Thomas Hepwo

disse poucos dias depois. “Nós estávamos aparentemente em perigo

perder nossa vida nas últimas perturbações quando, em nome da hon

da Carolina, os manifestantes ameaçaram na nossa frente colocar fo

na cidade.” O ataque, Hepworth concluiu, “mostra como é necessár

que a lei seja rapidamente executada para com eles, para o terror do

outros e para a segurança das nossas próprias vidas”. Os julgament

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omeçaram em 28 de outubro e, quando terminaram em 5 de novemb

inte e nove dos trinta e três prisioneiros foram considerados culpad

Vinte e dois foram enforcados três dias depois em White Point, um

península de terra pantanosa que saia do extremo sul de Charleston

Enquanto remavam para a Carolina do Norte, Bonnet e Herriotdepararam com uma tempestade que os obrigou a ir para terra na ilh

Sullivan, a apenas seis quilômetros ao sul de Charleston. Lá, em 8

novembro, eles foram emboscados por outro grupo de buscas lidera

por William Rhett. Houve uma breve troca de tiros, na qual Herriot

orto e dois escravos foram feridos. Bonnet foi recapturado, levado pharleston e, em 12 de novembro, considerado culpado de pirataria.

uma estranha coincidência, o juiz chefe era Nicholas Trott, sobrinho

homônimo do governador desonrado das Bahamas que tinha ajudad

Henry Avery a ser libertado. Se Bonnet tinha esperança de que o

sobrinho de Trott pudesse conceder-lhe clemência, ele ficoudecepcionado. “Você deve ir daqui para o lugar da execução”, o ju

Trott lhe disse, “onde deve ser enforcado até morrer”.

Dizem que Bonnet fez uma exibição tão patética ao ouvir ess

entença que alguns cidadãos de Charleston – a maioria deles mulhe

apelou ao governador para poupar sua vida. De acordo com o autorvro História geral …, o governador também foi abordado por “algu

os amigos de Bonnet” com uma proposta de enviar o pirata cavalhe

 para a Inglaterra “para que o seu caso pudesse ser levado à Sua

Majestade”. Dizem que o coronel Rhett se ofereceu para ir com Bon

para angariar fundos para pagar a viagem. Essas e outras intervenç

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evaram Johnson a adiar a execução de Bonnet sete vezes, conforme

Original Weekly Journal  [Semanário Original] de Londres relatou m

arde, uma situação que irritou tanto os comerciantes da cidade que e

abordaram o governador “em um grupo” e exigiram a “execução

imediata do infrator”. Bonnet, temendo que o fim estivesse próxim

escreveu uma carta lamuriosa ao governador, implorando que eleolhasse para ele com olhos de piedade e compaixão” e “pensasse n

como um objeto para sua misericórdia”. “Faça de mim um servo

subalterno à sua honra e a este governo, e receberá a boa vontade d

meus amigos, a ser vinculada ao meu bom comportamento e ao

tendimento constante das suas ordens.” O governador não se comov

Em 10 de dezembro de 1718, o major Stede Bonnet foi conduz

ao patíbulo em White Point e enforcado.

 Notícias das “perturbações” e da execução dos homens de Bon

viajaram rapidamente até Nassau, convencendo Woodes Rogers e s

onselho de administração da necessidade de agirem rapidamente co

os dez piratas que tinham sob custódia a bordo do Delícia.

Rogers estava, no mínimo, numa posição mais vulnerável do qugovernador Johnson. Até a sua chegada, as Bahamas tinham sido o

epicentro da pirataria no Atlântico, e apesar da partida de muitos, o

iratas e seus seguidores ainda constituíam a maioria dos habitantes

Nova Providência. Ao final de novembro de 1718, Rogers mal tinh

omens suficientes para manter seus dez prisioneiros sob guarda, me

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ainda para defender a colônia contra Vane ou uma frota de invasão

espanhola. Sua Companhia Independente tinha sido dizimada pela

doença, que até matou seu médico1. Das quatro embarcações que e

trouxe, ficou sem três: o Buck , de dez canhões, roubado por piratas

Willing Mind , de vinte canhões, naufragado num banco de areia, e

amuel , de seis canhões, que voltou a Londres para garantir mais tro mantimentos2. A única coisa que estava entre Rogers e seus inimig

era o Delícia, um forte mal guarnecido e em ruínas, e a influência d

Hornigold, Cockram e Josiah Burgess. Tinha chegado o momento p

um teste final de vontades entre Rogers e os simpatizantes piratas d

ilha.

Em 9 de dezembro, os prisioneiros foram levados para o forte

escoltados até a sala da guarda onde o julgamento seria realizado

Robert Beauchamp, presidente da Companhia Independente, antes

entrar no recinto, ordenou que todos os sessenta de seus soldadosobreviventes guardassem as entradas. Ele se sentou com Rogers, com

hefe de Justiça William Fairfax e com outros cinco homens que Rog

tinha nomeado como juízes, incluindo o capitão pirata arrependid

Burgess (agora um oficial da milícia) e Thomas Walker, que sem

úvidas estava feliz por finalmente estar presenciando o julgamento

piratas das Bahamas. O julgamento durou dois dias, durante os qua

numerosas testemunhas confirmaram a culpa de nove dos piratas. O

ltimo, John Hipps, provou ter sido recrutado à força e foi absolvido

sto, incluindo o ex-canhoneiro de Barba Negra, William Cunningh

oi condenado à morte por enforcamento, com a execução marcada p

dois dias depois. Alguns dos homens pediram a Rogers para adiar

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execução, mas o governador recusou. De acordo com o registro do

ulgamento, “o governador disse-lhes que, a partir do momento em q

foram apreendidos, eles deveriam ter se considerado condenados”

 Na manhã de 12 de dezembro, um grupo de trezentas pessoas

ormou na base da muralha nordeste do forte, na orla de areia onde uorca havia sido erguida à beira d’água. A multidão consistia quase q

inteiramente de ex-piratas que poderiam ter ido lá para interromper

rocesso. “Poucos homens além dos adeptos do governador eram ape

spectadores da tragédia”, o registro oficial do julgamento dizia, “ma

maioria era de quem ultimamente merecia o mesmo destino”. Às dehoras da manhã, os nove prisioneiros foram desacorrentados de sua

elas pelo oficial administrativo e conduzidos, sob forte vigilância, a

 parte superior da plataforma. O comportamento da multidão era

irregular. Alguns aplaudiam seus antigos irmãos, outros olhavam

cautelosamente para as muralhas de onde o canhão pesado os miravpara os cem soldados, marinheiros e oficiais armados posicionado

espaçadamente em torno do perímetro da forca. De pé em cima da

lataforma, os prisioneiros foram intimidados, incluindo seu líder, J

Auger, que estava vestido com roupas sujas e não tinha nem tomad

anho nem feito sua barba. Por outro lado, Dennis McCarthy, de vin

oito anos de idade, e Thomas Morris, de vinte e dois, estavam vestid

stosamente, com fitas longas azuis e vermelhas adornando seus pul

pescoço, joelhos e cabeça. Morris estava de bom humor, sorrindo co

equência. McCarthy olhou para a multidão alegremente antes de gr

que “ele conheceu uma época em que existiam muitos companheiro

orajosos na ilha que não o deixariam morrer como um cão”. Jogou c

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um de seus sapatos por cima da parede e para o meio da multidão

acrescentando que “alguns amigos dele tinham muitas vezes dito qu

morreriam em seu lugar, mas que ele iria torná-los mentirosos”. A

multidão murmurou, mas ninguém tentou correr para a fortaleza be

guardada. A pedido dos presos, o padre huguenote da ilha leu vária

rações e salmos, e “todos os presentes participaram”. Quando o parminou, o administrador conduziu os presos, um a um, pela platafor

subindo a escada para a forca. Thomas Morris parou no topo da esc

para ironizar: “Nós temos um bom governador, mas ele é rigoroso”

Perto do fim da escada, nove forcas estavam penduradas em um úni

alco de madeira erguido sobre três grandes barris. Cada um dos pirafoi levado ao seu respectivo laço, e “o carrasco prendia as cordas co

estreza, como se ele tivesse servido em Tybourne”, o principal local

xecução de Londres, conforme o registro do julgamento observou. C

as mãos amarradas nas costas e o laço no lugar, os prisioneiros

ceberam, para distribuir entre eles, quarenta e cinco minutos para dsuas últimas palavras, beber sua última taça de vinho e cantar seus

últimos salmos diante da multidão barulhenta.

A maioria dos prisioneiros decidiu beber para amortecer o med

particularmente William Lewis, um ex-caçador de butins que estav

nsioso para brindar aos seus companheiros prisioneiros e espectado

Quando Lewis pediu mais vinho, um dos prisioneiros rabugentos

William Ling, rebateu que “a água era mais adequada para eles naqu

momento”. William Dowling, um irlandês de vinte e quatro anos d

dade, ficou tão bêbado que “seu comportamento no palco estava mu

solto”. McCarthy e Morris não tinham desistido da multidão,

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stimulando-os a correrem em direção ao palco. De acordo com o liv

História geral…, Morris começou a “acusar os espectadores de timi

covardia, como se fosse desonroso por parte deles não se levantarem

os salvarem da morte desonrosa que eles teriam”. Alguns dos “seu

elhos companheiros” e outros avançaram e “chegaram o mais próxim

do pé da forca permitido pela guarda”, de acordo com o relato ofici“mas perceberam que o que eles desejavam estava muito acima de s

 poder para que pudessem fazer alguma coisa”.

O momento passou, Rogers se adiantou para anunciar o adiame

no último minuto da morte do jovem George Rounsivell, porque, comele explicou mais tarde: “Eu ouvi dizer que ele é filho de pais leais

 bons em Weymouth”, na cidade natal de Rogers, Dorset. O jovem

sortudo foi desamarrado e levado para fora do local. Os homens d

dministrador, em seguida, agarraram as cordas amarradas aos barris

apoiavam o palco e esperaram pelo sinal de Rogers. Nesses últimoomentos, Morris gritou que ele “poderia ter sido uma praga maior p

essas ilhas e agora desejava realmente ter sido”.

Rogers deu o sinal, os guardas puxaram as cordas e, nas palavr

do registro oficial, “o palco caiu e os oito ficaram pendurados”. Ao

oito cadáveres balançando na forca diante das águas azuis plácida porto de Nassau, Rogers soube que ele tinha finalmente levado a

melhor.

 Na verdade, Rogers iria perceber que as execuções tinham sido

golpe mortal para aqueles da ilha que queriam derrubar seu govern

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lgum tempo depois do Natal, vários moradores descontentes realiza

uma reunião secreta na qual eles arquitetaram um plano para mata

Rogers e seus oficiais “e, em seguida, entregar o forte para o uso do

ratas”. Mas a opinião de Nassau era contra os conspiradores. Algu

par da conspiração passaram as informações para Rogers, que orden

ue três dos líderes fossem presos “e punidos com chicotadas severaComo consequência das execuções, o golpe atraiu tão pouco apoio q

Rogers decidiu que seus novos prisioneiros não poderiam fazer-lh

nenhum mal. “Eu vou liberá-los”, ele escreveu ao secretário de Esta

ritânico algumas semanas mais tarde, “e ser mais cuidadoso” no futu

Sua casa estava segura, mas Rogers enfrentava outras ameaças.

ainda estava mantendo vigilância sobre os espanhóis e também sob

Charles Vane e um punhado de outros piratas verdadeiros que aind

operavam ao redor das Bahamas.

À medida que Vane navegava para o sul, saindo de Ocracoke n

meio de outubro de 1718, ele deve ter se sentido decepcionado. Tin

sido incapaz de convencer Barba Negra a unir forças com ele contr

Nassau e tinha menos que noventa homens a bordo do seu bergantim

doze canhões. Baseado no que seus informantes lhe disseram, até

mesmo as forças esgotadas de Rogers em Nova Providência seriam

apazes de resistir a um ataque por um contingente tão pequeno. Se

quisesse derrubar o governador e restaurar a república pirata, teria q

esperar até ter acumulado uma força maior ou até que os espanhói

vadissem mais uma vez, destruíssem o governo e abandonassem a i

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Por enquanto, ele teria que se contentar com alvos menores e mais

fáceis. A ilha Harbour também era forte demais para ele, suas

fortificações bem guarnecidas e mantidas por Richard Thompson e

Cockrams. A vila agrícola na Eleutéria adjacente era outra questão

Havia apenas algumas famílias vivendo em toda a ilha de trezentos

vinte quilômetros quadrados, que só conseguiriam reunir uma força

milícia de setenta pessoas. Vane propôs que eles saqueassem Eleuté

rmazenassem mantimentos e seguissem para o sul, em direção à pou

povoada São Domingos, para estabelecer seu próprio acampament

pirata e esperar que os eventos se desdobrassem nas Bahamas ali a

lado. O bando, que incluía o intendente “Jack Calicô” Rackham e  primeiro imediato Robert Deal, concordou.

O ataque a Eleutéria foi um sucesso completo. Os piratas fora

para terra, saquearam os habitantes, levando suas bebidas alcoólica

grande parte do seu rebanho de animais vivos, tudo quanto pudesse carregado. O bergantim partiu tão rapidamente quanto chegou, seu

conveses cheios de suínos, caprinos, ovinos e aves vivas, ingredient

ara muitos banquetes. Em 23 de outubro, enquanto seguiam para o

ravés das Bahamas, eles capturaram dois navios: um pequeno savei

o bergantim de quarenta toneladas Endeavor, de Salem, a caminho

casa vindo de Kingston. “Vane se abateu sobre ele, içou uma bande

preta e disparou um tiro nele”, o capitão do Endeavor , John Shattoc

depôs mais tarde. “Ele o mandou baixar o barco e ir a bordo de seu

avio, o que ele fez.” Aparentemente, a tripulação do barco de Shatto

ão remou rápido o suficiente, porque os piratas começaram a gritar

iriam “disparar uma pequena saraivada na direção deles se eles não

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pressassem”. Os piratas mantiveram os homens de Shattock a bordo

seu navio durante dois dias, batendo e abusando de seu capitão

enquanto saquearam toda a pólvora, sal e óleo de baleia do Endeavo

uando Shattock queixou-se da tortura, Robert Deal respondeu: “Da

e, cachorro velho, e diga onde o seu dinheiro está. Se nós o pegarm

em uma mentira, nós vamos condená-lo e o seu navio também”. Ocapitão assustado disse-lhes o que eles queriam saber e, no vigésim

quinto dia, foi colocado a bordo do Endeavor  e autorizado a veleja

Vane manteve o menor saveiro como uma lembrança e o levou com

 para São Domingos.

 No caminho, os piratas viveram “de modo desordeiro” a bordo

bebendo muito e enchendo a barriga com a carne fresca dos anima

recém-abatidos. Talvez como resultado desses excessos, eles não

conseguiram capturar uma única embarcação durante a maior parte

mês. Mas, quando eles mataram os últimos frangos e beberam os resde seus barris de vinho, sua moral começou a minguar. Eles tinham

recusado o perdão na esperança de viver bem, adquirindo riquezas

importunando as forças do rei hanoveriano; agora estavam sóbrios

entediados e cheios de descontentamento.

O humor azedo aumentou em 23 de novembro, quando os vigiavistaram um grande navio equipado como fragata em uma posição

favor do vento. Vane ordenou que o bergantim e o saveiro o

perseguissem e ergueu uma bandeira preta em seu mastro principa

esperando que o navio se rendesse como quase todos tinham feito a

então. Em vez disso, o capitão do navio ergueu uma bandeira branc

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ravejada com minúsculas flores-de-lis de ouro: a bandeira da Marin

francesa. Os canos dos canhões rolaram para fora de suas até entã

despercebidas portinholas e, numa explosão estrondosa, o navio d

guerra francês detonou uma saraivada de todo o costado lateral na

direção do bergantim de Vane. Ao esconder suas armas até o últim

minuto, no entanto, os canhoneiros franceses aparentemente não forcapazes de mirá-los corretamente, já que o bergantim sofreu pouco

nenhum dano com esse pontapé inicial.

Vane não era de desistir de uma luta, mas vendo-se vencido em

número de armas, ordenou que seus navios virassem e fugissem paraento. A fragata francesa diminuiu suas velas e, para a surpresa de V

s seguiu. Então, como um prisioneiro mais tarde recordou, “os pira

igaram entre si” sobre como proceder dali para frente. Vane era a fa

e escapar, mas o intendente Jack Rackham e grande parte da tripula

queria enfrentar o navio de guerra, argumentando “que embora eletivesse mais armas e um peso de metal maior, eles poderiam embarc

ele e, então, os melhores iriam ganhar o dia”. Vane respondeu que “

uma iniciativa muito precipitada e desesperada, o navio de guerra

arecendo ter o dobro da força deles” – vinte e quatro canhões – “e q

seu bergantim poderia ser afundado antes que eles pudessem subir

ordo”. Deal e quinze outros piratas concordaram, mas os outros sete

e cinco apoiaram Rackham. Não disposto a embarcar no que ele

onsiderava uma missão suicida, Vane impôs sua posição, forçando

piratas a baterem em retirada por força de seu poder absoluto com

capitão enquanto eles estivessem “lutando, perseguindo ou sendo

erseguidos”. O bando ficou indignado mas, respeitando os artigos q

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eles tinham assinado, seguiram as ordens, fechando suas velas e

finalmente deixando a fragata francesa para trás.

O incidente custou caro a Vane. No dia seguinte, os piratas

stavam fora de perigo, pondo fim aos poderes de guerra de Vane. Ja

Rackham, vestido em suas estampas indianas multicoloridas, convocuma reunião da tripulação do navio para desafiar a liderança de Van

or um voto de confiança. “Uma resolução foi aprovada contra a hon

dignidade de Vane”, o autor do livro História geral… escreveu algu

anos mais tarde, “marcando-o com o nome de covarde, tirando-o d

omando e tirando-o da tripulação com marcas de infâmia”. Vane, De quinze legalistas foram colocados a bordo do saveiro que os pirat

tinham capturado ao largo de Long Island, com alguns mantimentos

munição. Rackham, que os piratas haviam elegido como seu novo

apitão, navegou o bergantim para longe, com destino à Jamaica. Va

tinha sido deposto do comando.

Depois de toda a sua bravata – desafiando a Marinha Real,

loqueando cidades, colocando colônias inteiras em um estado de te

 –, a carreira pirata de Vane terminou com um gemido.

Reduzido a um único saveiro, quinze homens e um canhão ou d

Vane já não estava em posição de ameaçar os governos de Sua

Majestade, mas tentou se recompor mesmo assim. Enquanto navegav

ara o sul, na direção das costas cobertas de selva da baía de Hondu

le e Deal deram o melhor de si para transformar o navio insignifica

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num navio de guerra, montando canhões, mudando lastros e

modificando a mareagem. No final de novembro, permaneceram vári

dias ao largo da costa noroeste da Jamaica, capturaram duas pirágua

um saveiro e convenceram a maior parte ou toda a sua tripulação a

 juntar ao bando. Deal assumiu o comando do segundo saveiro e o

piratas continuaram rumo ao sul. Eles chegaram a um ancoradouro aía de Honduras em 16 de dezembro, onde surpreenderam dois save

mercantes e os mantiveram para ajudar a querenar seus navios. Pouc

ias depois, Vane fez o que seria sua captura final: o Prince, um sav

e quarenta toneladas de Kittery, Maine, navegado pelo capitão Thom

Walden. Com seus homens agora separados em cinco embarcaçõesVane liderou o caminho para o seu destino final: as ilhas Bay, sesse

e quatro quilômetros ao largo da costa de Honduras.

As ilhas Bay eram o ninho perfeito para um capitão pirata em

recuperação. Elas tinham servido como refúgio para gerações desaqueadores, de Henry Morgan a John Coxon. Exuberantes,

montanhosas e fora do caminho, as ilhas tinham tudo o que os home

de Vane precisavam: fontes frescas, ancoradouros isolados, madeir

caça e recifes de corais coalhados de peixes localizados tão perto d

costa que era praticamente possível andar até eles. Vane montou um

acampamento em Guanaja, que tinha um ancoradouro na margem s

om nada menos do que sete entradas e saídas entre recifes pontiagu

bancos de areia. Lá, do final de dezembro ao início de fevereiro, V

impou suas embarcações, conversou com seus homens e festejou co

eixes, caranguejos e carne de porco salgada nas praias da ilha. No f

desse intervalo pacífico, Vane e Deal carregaram seus respectivos

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aveiros e zarparam para navegar pelo Continente Espanhol, sem dúv

a esperança de conquistar um “navio de força” que os colocaria no j

novamente.

Depois de poucos dias no mar, os piratas foram surpreendidos p

m furacão violento. Vane e Deal se perderam um do outro no meio marés altas e dos ventos uivantes e, depois de ser golpeado durante d

dias, o saveiro de Vane foi levado à costa de uma pequena ilha

esabitada na baía de Honduras. A embarcação quebrou-se em pedaç

a maior parte de sua tripulação e todos os alimentos e mantimentos

ordo foram perdidos. Vane sobreviveu, mas “enfrentou grandes apupor falta de suprimentos básicos”. Ele viveu como um náufrago po

várias semanas, sendo mantido vivo pela caridade de caçadores de

artaruga que passavam por lá, que vinham do continente em pequen

embarcações e lhe davam carne. Os caçadores de tartarugas deviam

um grupo muito miserável, já que Vane preferiu ficar na ilha em veze juntar a eles em seus acampamentos na selva. Ele sabia que um na

mercante inglês apareceria em busca de água ou lenha e o levaria d

volta à civilização.

Ele provou que estava certo quando, em algum momento no fin

do inverno ou início da primavera de 1719, um navio da Jamaicancorou na costa de sua ilha. Vane os cumprimentou e ficou surpreso

saber que o capitão era um velho amigo, um bucaneiro aposentado

ome Holford. Mas Holford sabia da reputação do seu velho amigo e

ecusou a levá-lo a bordo. “Charles, eu não confio em você a bordo

meu navio a menos que eu o leve como prisioneiro”, ele teria dito a

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irata. Caso contrário, “vou encontrá-lo conspirando com meus hom

para bater na minha cabeça e fugir com o meu navio para a pirataria

Ele deixou Vane em terra, dizendo a ele que voltaria em cerca de u

mês com uma carga de lenha. “Se eu o encontrar nesta ilha quando

voltar”, ele prometeu, “eu vou levá-lo para a Jamaica e enforcá-lo”

Felizmente para Vane, antes que o mês terminasse, um navio

diferente veio em busca de água, um cujo capitão e tripulação não

conheciam. Ansioso para sair da ilha, Vane deu um nome falso e s

inscreveu como tripulante para o resto da viagem.

Holford chegou ao ancoradouro logo em seguida e o capitão d

avio em que Vane agora era tripulante convidou Holford a bordo pa

 jantar. Ao fazer o seu caminho através do convés para a cabine do

capitão, Holford por acaso olhou para baixo na direção do porão e v

Vane trabalhando. Ele foi direto para o capitão, um velho amigo dele

o informou da verdadeira identidade e da reputação do náufrago.Holford, que estava em sua rota de volta à Jamaica, ofereceu-se par

vá-lo à Justiça. Vane logo se encontrou na mira de uma arma enqua

os tripulantes de Holford o prendiam em ferros. A tripulação de um

navio mercante humilde havia capturado o pirata mais famoso das

Américas.

Uma ou duas semanas depois, Vane estava na Jamaica, como

 prisioneiro do rei que ele tanto desprezava. Por razões que não são

laras, ele foi autorizado a apodrecer na prisão durante a maior parte

m ano, antes de ser levado a julgamento em Spanish Town, a capita

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Jamaica, em 22 de março de 1721. Ele sabia que não restava dúvid

sobre o veredito. Inúmeras testemunhas vieram depor contra ele:

capitães, tripulantes e passageiros de várias embarcações que ele tin

capturado, e até mesmo Vincent Pearse do HMS Phoenix, que relat

como Vane zombou do perdão do rei. Quando foi a vez de Vane

apresentar sua defesa, ele não chamou nenhuma testemunha e não fnenhuma pergunta. Sua carreira pirata tinha começado a bordo de u

dos corsários de lorde Hamilton. Agora era o sucessor de Hamilton

governador Nicholas Lawes, que pronunciava o que ele chamou de

ntença usual”: ser “enforcado pelo pescoço até morrer, e que o Sen

tenha piedade de sua alma”.

 Na quarta-feira, 29 de março de 1721, Charles Vane foi enforca

em Gallows Point, Port Royal. Lawes ordenou que seu corpo foss

cortado, levado a Gun Cay, na entrada do porto, onde deveria fica

endurado por correntes em uma forca para todos os marinheiros verAo longo dos meses e anos que se seguiram, eles o assistiram

desaparecendo pouco a pouco, devastado por pássaros, insetos e o

elementos, até que tudo o que restava de Vane – e da Era de Ouro d

Pirataria – eram as histórias contadas na frente da lareira da taberna

em redes entre os conveses de milhares de navios miseráveis e

 barulhentos.

 

ames Buett morreu por volta do começo de janeiro de 1719, quando ele foi substituído por John Howell, o médico cobiça

ornigold e Bondavais.

Samuel  partiu para a Inglaterra em 11 de novembro, enquanto o Willing Mind  foi perdido enquanto transportava carga recue volta de Green Turtle Cay.

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EPÍLOGO

O fim da pirataria

1720-1732

Com a execução dos piratas em Nassau em dezembro de 1718, Woodes Rogers não receava

e seu governo fosse derrubado por um golpe de Estado, mas a ameaça dos espanhóis perman

rante todo o inverno de 1718-1719, ele fez o melhor que pôde para colocar a colônia empobr

ma boa posição defensiva, obrigando seus súditos indolentes a escorar o Forte Nassau, escrev

didos de reforços e implorando, sem sucesso, por apoio naval de Chamberlaine, comandan

quadra da Jamaica. Em março de 1719, ele recebeu a notícia oficial de que a Grã-Bretanh

panha estavam novamente em guerra1 e prontamente entregou cartas de corso para muitos do

atas das Bahamas, a maioria dos quais provavelmente estava ansiosa para voltar ao tra

melhante ao dos piratas. Quando seu governo ficou sem recursos financeiros pouco tempo de

gers pagou, alimentou e abasteceu os marinheiros e soldados da colônia com dinheiro d

óprio bolso, esperando ser reembolsado por seus colegas investidores ou pela Coroa. Asses esforços, Rogers sabia que as Bahamas não estavam de forma alguma prontas para re

ma tentativa séria de invasão.

Uma frota de invasão espanhola partiu de Cuba em maio de 17

ransportando de três mil a quatro mil soldados. Se ela tivesse ataca

Nova Providência, como planejado, ela certamente teria esmagado defesas fracas da ilhas. No caminho, no entanto, o comodoro espanh

ecebeu a notícia de que os franceses – então aliados da Grã-Bretanh

tinham capturado uma fortaleza estrategicamente importante em

ensacola. A frota, portanto, virou-se e partiu para aquele assentame

na costa do Golfo da Flórida, poupando as Bahamas por mais nov

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meses.

Rogers continuou empurrando e cutucando os cidadãos “muit

 preguiçosos” de Nassau para que eles terminassem o forte. Uma

experiência próxima a uma invasão fez com que todos ajudassem, m

apenas por algumas semanas, após as quais a maioria abandonou selocais de trabalho, deixando Rogers com “alguns dos melhores del

…] os negros e os meus próprios homens”. Sem receber nenhum ap

nanceiro da Coroa, ele continuou comprando materiais de guerra vi

no crédito – um valor de vinte mil libras até o final de 1719, uma pa

dele no seu próprio nome, ao invés de no nome de seu grupo deinvestimento. Muitos fornecedores começaram a cortá-lo por falta d

agamento. “Não tendo nenhuma notícia das minhas contas serem pa

em casa, eu sou forçado a ficar numa dívida muito grande”, ele alert

os funcionários do Conselho do Comércio e Plantações no início d

720. “Eu preciso continuar fazendo isso ou nós vamos morrer de foou virar sacrifício para os espanhóis.” Sua carta ficou sem resposta

assim como todas as outras cartas que ele lhes tinha enviado. Na

erdade, ele não tinha recebido resposta de ninguém no governo cen

durante a maior parte de um ano. Com os piratas derrotados, a

administração do rei George parecia ter se esquecido da existência d

Bahamas. Rogers também não tinha recebido muito apoio da Marinh

ujos capitães, nas palavras de Rogers, tinham “pouca consideração

ta jovem colônia”. Em seu primeiro ano como governador, apenas d

navios de guerra visitaram Nassau: um para entregar correspondênc

oficial, o outro – o Rose, do capitão Whitney – forçado a vir em bus

de água doce pelas más condições de navegação. “Eu observei um

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insatisfação geral por parte do governador”, Whitney bufou num

elatório ao almirantado. Rogers ainda estava “reclamando por falta

ajuda, que eu temo que ele e seus companheiros investidores sempr

rão até terem resgatado seus créditos” – pago suas contas – “por to

América”.

Mesmo assim, quando uma frota de invasão espanhola apareceu

costa de Nassau em 24 de fevereiro de 1720, Rogers foi capaz de

enfrentá-los com um forte com cinquenta canhões, o batedor de de

canhões, Delícia, cem soldados e quinhentos milicianos armados. P

sorte, a fragata de sexta classe HMS Flamborough (vinte e quatroanhões) estava em Nassau no momento, embora Rogers tenha tido q

ntimidar seu rude capitão, John Hildesley, para ficar e defender a il

Os espanhóis, por outro lado, tinham três fragatas de quarenta, vinte

eis e vinte e dois canhões, um bergantim de doze canhões, oito save

armados e uma força de invasão de mil e trezentos homens. As defesde Rogers dissuadiram os espanhóis de um ataque direto ao porto. E

ez disso, eles desembarcaram na parte de trás da ilha Hog e, no meio

oite, tentaram atravessar o estreito canal oriental em pequenos barc

Um par de sentinelas heroicos – ambos negros livres – de alguma for

onseguiu disparar saraivadas de mosquete suficientes para assustar

espanhóis, que bateram em retirada. Ironicamente, dois homens qu

provavelmente tinham sido escravos salvaram Rogers, um traficante

escravos profissional.

As Bahamas estavam seguras, mas o esforço esgotou os recurs

sicos e financeiros de Rogers. O governo imperial continuou a igno

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uas cartas, os comerciantes a lhe negarem crédito e a economia de s

olônia permaneceu paralisada por falta de colonos produtivos. Rog

tava com uma saúde tão frágil que quase morreu em duas ocasiões.

novembro de 1721, ele passou seis semanas na Carolina do Sul,

esperando que um descanso no clima mais fresco e no ambiente ma

ameno de Charleston recuperasse a sua saúde. Em vez disso, eleencontrou uma cidade em convulsão política e, enquanto estava lá, f

ferido num duelo com o capitão Hildesley do HMS Flamborough p

ausa de “disputas que eles tiveram em Nova Providência”. Ele mand

um último conjunto de cartas para Londres antes de retornar para

Nassau, implorando por apoio e instruções. Elas, como muitos outrantes, ficaram sem resposta.

Por volta do meio do inverno, Rogers não aguentava mais. “Eu

 posso mais viver na situação na qual fui deixado desde a minha

hegada”, ele escreveu ao Conselho do Comércio em 23 de fevereiro722. “Não tenho nenhuma outra satisfação neste lugar e nesta condi

e abandonado, exceto ter cumprido meu dever para com Sua Majest

e meu país, embora tenha sido às custas da minha inteira ruína.”

Deixando a colônia nas mãos de William Fairfax, Rogers navegou p

Inglaterra um mês depois, na esperança de que reuniões cara a cara

rovassem mais produtivas do que suas cartas. Ele chegou a Londres

agosto, justamente para descobrir que o rei George o havia demitido

que um novo governador já estava a caminho de Nassau. Pior, seu

ócios investidores tinham liquidado a Copartners, não fazendo nenh

eembolso das seis mil libras que Rogers tinha adiantado em seu no

essoal. Rogers estava arruinado mais uma vez. Seus credores partir

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 para cima dele e, em pouco tempo, ele estava trancado na prisão d

devedores. O homem que tinha capturado um galeão de Manila,

dispersado os piratas do Caribe e defendido com sucesso uma poss

estratégica fundamental contra uma força de invasão duas vezes mai

que a dele foi deixado atrás das grades.

Muitos ex-piratas se tornaram corsários durante o curso da Gue

da Quádrupla Aliança, com vários graus de sucesso. Benjamin

Hornigold, fundador da república pirata, recebeu sua licença de Rog

e navegou contra os piratas espanhóis partindo do abrigo familiar dporto de Nassau. Na primavera de 1719, enquanto espreitava perto

Havana, sua embarcação foi capturada por um navio e um bergantim

espanhol; ou ele morreu na batalha ou em uma prisão cubana, já qu

seus colegas das Bahamas nunca mais o viram. Josiah Burgess, qu

chegou a ser o terceiro pirata mais poderoso de Nassau, serviu Rogeomo tenente da Companhia Independente, depois como juiz do tribu

do vice-almirantado e finalmente como corsário. Na última função, s

avio naufragou perto de Ábaco; Burgess se afogou, junto com Geor

Rounsivell, o jovem que Rogers tinha perdoado na forca, que havi

voltado para a água para tentar resgatá-lo.

Henry Jennings e Leigh Ashworth operaram navios corsários d

amaica. Jennings foi particularmente bem-sucedido, chegando a No

York em outubro de 1719 em seu fiel Barsheba com dois bergantin

uma saveiro tomados dos espanhóis na costa de Vera Cruz. Jenning

obreviveu à guerra e retornou ao serviço respeitável de comerciante

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Bermudas. Em 1745, durante a Guerra da Sucessão Austríaca, seu

aveiro foi capturado nas Índias Ocidentais; a prisão pode ter sido fa

ara um homem de sessenta e poucos anos. O destino de Ashworth n

ficou claro, mas em maio de 1719 ele havia novamente cruzado a lin

entre o corso e a pirataria, atacando um dos corsários de Rogers e

sequestrando um dos filhos de Thomas Walker na costa de Cuba.

Outros pularam essa linha com ambos os pés; principalmente

ninguém menos famoso do que o antigo intendente de Vane, “Jack

Calicô” Rackham.

A Rackham não faltava coragem, mas talvez discernimento. Dep

de abandonar Vane em novembro de 1718, ele convenceu seu bando

avegar pela costa da Jamaica, um ambiente particularmente perigoso

ue a ilha era a casa da frota da Marinha Real das Índias Ocidentais m grande número de navios mercantes armados. Com o risco vieram

recompensas. Em 11 de dezembro, os piratas perseguiram o navio

mercante Kingston, conquistando-o tão perto de Port Royal que o

habitantes da cidade assistiram ao ataque. O navio, como eles

descobriram, estava transportando uma carga avaliada em vinte mi

bras, grande parte dela na forma de muitos relógios de ouro escondi

na carga volumosa. Seus proprietários jamaicanos não iam deixar u

roubo tão descarado ter sucesso. Como sempre, não havia navios d

guerra no porto, mas, com a bênção do governador, os proprietário

equiparam um par de embarcações corsárias para recuperar seu navi

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Três meses depois, no início de fevereiro de 1719, os corsário

nalmente encontraram o Kingston em Isla de los Piños, ao sul de Cu

O bergantim de Rackham estava ancorado ao lado, mas a maior parte

sua tripulação estava em terra, dormindo para se recuperar da ressac

sob as velas do bergantim, que eles tinham convertido em tendas e

oldos temporários. Surpreso e sem condições de se defender, o ban

e Rackham fugiu para a floresta, escondendo-se lá até os corsários i

embora levando o Kingston e a maior parte de sua carga. Rackham

seus homens ficaram com dois barcos, uma canoa, algumas armas d

pequeno porte, vinte relógios de prata e vários grandes fardos de me

de seda e chapéus enfeitados. Depois de vestir as roupas elegantes, iratas se dividiram sobre como prosseguir. Com seus prisioneiros, e

inham ficado sabendo que o rei George havia prorrogado o seu perd

(a mesma prorrogação que havia permitido que alguns dos homens

Barba Negra escapassem da forca na Virgínia). Rackham e seis

seguidores decidiram aceitar o perdão em Nassau, onde eles poderiaalegar que Vane os tinha forçado à pirataria. Eles partiram num do

 barcos e fizeram seu caminho em torno da ponta oriental de Cuba

capturando vários barcos espanhóis ao longo do caminho.

Rackham chegou a Nassau em meados de maio de 1719 e

onvenceu Rogers a perdoar seus homens. Eles viveram em Nassau p

um tempo, vendendo relógios e meias, bebendo em tabernas e bordé

que ainda permaneciam funcionando. (Rogers, que continuou a

distribuir panfletos religiosos protestantes aos ex-piratas,

resumivelmente apertou o cerco contra alguns dos excessos morais

Nassau.) À medida que seu dinheiro acabava, os amigos de Rackha

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am embora em navios corsários ou saveiros mercantes. Rackham, co

sua parte dobrada do saque, por ser capitão, durou mais. Durante es

tempo, ele se familiarizou com uma das prostitutas mais indignas d

Nova Providência, Anne Bonny, esposa de James Bonny, um pirat

comum que havia se tornado um dos informantes de Rogers. Rackha

gostou da jovem mulher ardente, que xingava como um pirata e tinh

traído o marido em muitas ocasiões. Ele gastou a última parte do se

inheiro cortejando-a, depois partiu numa das últimas missões de co

e Burgess e gastou sua parte nos lucros com sua nova paixão. Os d

e apaixonaram e, em algum momento da primavera ou início do ver

de 1720, procuraram James Bonny para buscar a anulação de seuasamento. Bonny concordou em fazê-lo em troca de um pagamento

dinheiro substancial, mas eles precisariam de uma testemunha

espeitável para assinar os papéis apropriados. Eles escolheram mal

testemunha. Richard Turnley, um marinheiro desprezado em algun

rculos por ter pilotado o HMS Rose com segurança até o porto quaRogers chegou, não só se recusou a atuar como testemunha, mas

nformou ao governador Rogers sobre a situação. Rogers, talvez dep

e ter lido muitos dos panfletos religiosos que ele tinha trazido com

sse a Bonny que se ela anulasse seu casamento, ele a jogaria na pri

onde forçaria Rackham a chicoteá-la. Anne “prometeu ser muito boviver com seu marido e não ter mais relacionamentos avulsos”. Ela n

tinha intenção nenhuma de fazer qualquer uma dessas coisas.

Incapazes de continuar com seu relacionamento em terra, Rackh

e Bonny decidiram levá-lo para o mar, como piratas. O casal recruto

meia dúzia de ex-piratas descontentes, bem como uma amiga íntima

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Anne, uma marinheira travestida chamada Mary Read. O autor do liv

 História geral… erroneamente afirmou que Bonny e Read se

conheceram no mar, quando Read, vestida como um homem, foi

ecrutada à força para o serviço a bordo do saveiro pirata de Rackha

De acordo com esse relato repetido frequentemente, Bonny gostou

recruta de rosto jovem, só descobrindo seu verdadeiro sexo depois entar seduzi-lo. Dizem que Read explicou que sua mãe a tinha cria

omo um menino, a fim de fazer com que ela se passasse como filho

utro homem, e que ela tinha servido como um marinheiro e soldado

nfantaria e tinha vindo para Nassau quando os piratas capturaram u

avio mercante no qual ela estava servindo. Realmente, as duas mulhodem muito bem terem se conhecido depois de Bonny confundir R

om um homem jovem e bonito, mas o encontro certamente não ocor

no mar, mas em Nassau. Sabemos disso porque no momento em qu

Rackham e Bonny decidiram ir para a pirataria juntos, Mary Read n

ó estava com eles, mas sua identidade e gênero já eram bem conhecielo governador Rogers, que identificou as mulheres pelo nome em

anúncio oficial divulgado para os jornais de Boston.

O relato está parcialmente correto: as mulheres de fato se tornar

ratas travestidos. No final da noite de 22 de agosto de 1720, Rackh

Anne Bonny, Mary Read e seis homens roubaram um dos navios ma

rápidos das Bahamas, o William, um saveiro de doze toneladas e se

anhões pertencente ao corsário John “Prenda-me se for Capaz” Ham

vigia a bordo do Delícia desafiou os piratas enquanto eles deixava

 porto, mas estes se livraram de problemas conversando com ele,

alegando que iam ficar fora do porto durante a noite, depois de ter

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uebrado sua linha de âncora. Em vez disso, eles levaram o William p

a parte de trás de Nova Providência e começaram a saquear canoas d

pesca e outras embarcações de locais espalhados pelas Bahamas, se

números crescendo, já que marinheiros descontentes e ex-piratas s

untavam ao seu bando. Rackham e Bonny também saíram de sua ro

 para rastrear Richard Turnley, que eles sabiam que estava caçandortarugas numa das ilhotas exteriores das Bahamas. Eles destruíram

barco e recrutaram à força três de seus tripulantes, enquanto Turnle

seu jovem filho se escondiam na mata. Eles deixaram para trás um

quarto tripulante com uma mensagem para Turnley: se Rackham e

Bonny se deparassem com ele de novo, iriam chicoteá-lo até a mort

Ao longo dos dois meses seguintes, Bonny e Read se tornaram

inseparáveis e, em matéria de moda, fizeram um acordo entre si.

Quando elas viam qualquer embarcação que fossem perseguir ou ata

savam roupas de homens”, como Read preferia, um ex-prisioneiro mtarde testemunharia em seu julgamento, “e em outros momentos ela

usavam roupas femininas”. Numa época em que não se ouvia falar d

mulheres marinheiras, Bonny e Read participavam ativamente em

combate, levando pólvora para os homens, lutando nas batalhas e

terrorizando seus prisioneiros. Dorothy Thomas, uma pescadora det

pelos piratas no lado norte da Jamaica, declarou que as duas mulher

“usavam jaquetas masculinas e calças compridas e tinham lenços

nvoltos em torno de suas cabeças […] machete e pistola em suas m

e amaldiçoavam e xingavam os homens, pedindo que eles a matasse

ara evitar que ela testemunhasse contra eles”. Thomas acrescentou

a única razão pela qual ela sabia que elas eram mulheres “era pelo

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manho dos seus seios”. Em 20 de outubro de 1720, os piratas ataca

udaciosamente o saveiro Mary & Sarah enquanto ele estava ancora

no Porto Seco, na costa norte da Jamaica; o capitão do navio observ

que Bonny tinha “uma arma na mão”, e que “elas eram ambas muit

imorais, xingando e praguejando muito, prontas e dispostas a faze

qualquer coisa a bordo”.

Apesar de ter sua amante a bordo, Rackham continuou seguind

uma estratégia imprudente. Ele passou grande parte do mês de outub

s margens da Jamaica, pulando de porto em porto, roubando pequen

mbarcações e recrutando tripulantes adicionais. Logo ele estaria sen perseguido por vários saveiros corsários jamaicanos, incluindo um

comandado pelo ex-pirata das Bahamas Jean Bondavais, que vinh

aterrorizando o transporte espanhol. Bondavais alcançou Rackham

nquanto ele estava angariando recrutas na costa perto da ponta oeste

Jamaica. Ao invés de tentar esconder sua identidade, Rackham prontamente atirou no navio de Bondavais. Bondavais recuou par

relatar o incidente ao capitão Jonathan Barnet, um corsário que tinh

estado à caça de Rackham em seu próprio veleiro bem armado. Barn

erseguiu Rackham durante toda a tarde e a noite, durante a qual mu

dos homens de Rackham se dedicaram à bebida. O álcool pode ter

afetado a manipulação rápida da embarcação por parte dos piratas

 porque, às dez horas, Barnet se aproximou. Ele lhes ordenou que

“parassem imediatamente em nome das cores do rei da Inglaterra”

Alguém no saveiro de Rackham respondeu: “Nós não vamos parar

nada”, e então os homens de Barnet dispararam um canhão giratóri

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A essa altura, a maior parte dos homens de Rackham haviam fug

ara o porão, deixando Read e Bonny no convés. Read, de acordo co

vro História geral…, “chamou aqueles no porão para virem lutar co

homens e, notando que eles não se mexeram, disparou suas armas pa

baixo em direção ao porão, matando um e ferindo outros”. Moment

depois, os homens de Barnet dispararam uma saraivada de artilhari

poiados por uma chuva de pequenas armas de fogo, fazendo com qu

etranca de apoio dos piratas caísse no convés, seguida da vela princ

furada por tiros. Incapaz de manobrar seu navio, os piratas implorar

or piedade. Os homens de Barnet pularam sobre os parapeitos, leva

odos a bordo, em custódia, e, na manhã seguinte, os entregaram paroficial da milícia em terra. Logo depois, Jack Calicô, Anne Bonny

Mary Read encontravam-se na prisão de Spanish Town, aguardand

 julgamento.

Entre os seus companheiros de prisão estava Charles Vane. Nãosabe se os piratas puderam falar uns com os outros, mas se o fizeram

Vane pode ter dito algumas palavras duras para seu ex-intendente.

ackham não tivesse liderado a revolta contra ele dois anos antes, V

 podia ter conseguido armar uma frota pirata comparável àquelas

comandadas por Bellamy e Barba Negra. Uma vez divididos, nenhu

os dois homens teve força para causar qualquer dano grave ao Impé

Britânico. Rackham estava entre os primeiros a ser julgado e

considerado culpado. Em 18 de novembro de 1720, no dia de sua

execução, Anne Bonny foi autorizada a vê-lo uma última vez. “Sint

muito por ver você aqui”, ela aparentemente disse, “mas se você tive

lutado como um homem, você não precisaria ser enforcado como um

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cão”. Mais tarde naquele dia, ele e outros quatro homens foram

executados em Gallows Point, em Port Royal. Seu corpo foi coloca

numa forca numa pequena ilha, no porto agora conhecido como

Rackham’s Cay; ele e Vane podem ter sido enforcados separadamen

mas seus cadáveres balançavam à vista um do outro no porto de Po

Royal.

Quanto a Mary Read e Anne Bonny, elas foram julgadas em 28

novembro de 1720, consideradas culpadas e condenadas à morte. M

tinham uma surpresa para o governador Lawes e os demais oficiais

ribunal da Spanish Town. Elas “defenderam suas barrigas”, afirmanstarem “grávidas de crianças” e, portanto, inelegíveis para a execuç

uma vez que era ilegal que o tribunal tirasse a vida de fetos. Lawes

denou que as mulheres fossem examinadas, quando foi descoberto

as alegações eram verdadeiras. Suas sentenças foram adiadas e as

mulheres, presumivelmente, voltaram para a prisão. Mary Read morrlá de uma febre violenta e foi sepultada na igreja de St. Catherine, n

Jamaica, em 28 de abril de 1721. O destino de Anne Bonny é incert

embora, aparentemente, ela não tenha sido executada. Durante sua

gravidez, seu pai, um plantador de boas condições da Carolina do S

ue há muito tempo estava distante, pode ter sido capaz de lhe conse

uma libertação. Se ela morreu na Jamaica, os registros do seu enter

foram perdidos.

Com a execução de Rackham e Vane, a Era de Ouro da Piratar

tinha terminado. Embora os navios continuassem a ser atacados –

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particularmente na costa da África Ocidental –, os piratas nunca ma

viram o poder. Com poucas exceções, os piratas da década de 1720

passaram seu tempo brincando de gato e rato com as autoridades; n

haveria mais nenhuma ameaça às próprias colônias. As autoridade

 britânicas estimaram que a população mundial pirata era de

aproximadamente dois mil entre 1716 e 1718, mas inferior a duzent

em 1725, uma queda de noventa por cento. Depois de 1722, a maior

dos piratas havia abandonado qualquer esperança de conquistar su

 própria república ou de ajudar a derrubar os reis hanoverianos da

Inglaterra, e passava a maior parte de seu tempo lutando pela mera

sobrevivência.

Isso não quer dizer que todos os piratas da Gangue Voadora for

errotados. De fato, muitos dos teimosos que abandonaram as Baham

em 1718 continuaram a piratear por anos, e alguns conseguiram se

posentar confortavelmente. Olivier La Buse, companheiro de longa de Bellamy, foi para as Ilhas de Sotavento com seu navio armado an

do colapso da república pirata. Em 12 de junho de 1718, o HMS

Scarborough do capitão Francis Hume encurralou La Buse em La

Blanquilla, onde ele tinha ancorado para saquear um pequeno savei

apturado. Enquanto a fragata se aproximava, La Buse e a maior parte

ua tripulação fugiram no saveiro mais rápido e ágil. Ele eventualme

chegou à África Ocidental, encontrando-se com comparsas das

Bahamas, incluindo Edward England e Paulsgrave Williams. Teve u

carreira longa e em geral próspera na África e no Oceano Índico at

730, quando foi detido pelas autoridades francesas e executado na i

Reunião. Seu túmulo é um ponto turístico popular por lá.

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Paulsgrave Williams também acabou na África, onde foi visto p

última vez em abril de 1720, servindo como intendente a bordo do

ergantim de La Buse. Um homem mantido em cativeiro naquele nav

o capitão negreiro William Snelgrave, relatou que Williams era

abugento e desanimado, ameaçando-o com violência sem provocaçã

“Não tenha medo dele, pois é sua maneira normal de falar”, outro

 prisioneiro disse a Snelgrave. “Mas não se esqueça de chamá-lo d

apitão assim que você embarcar” no seu navio. Na verdade, William

calmava quando seu antigo título era usado, pois ele era infeliz por

star no comando. Snelgrave também informou que os membros da fr

 pirata brindavam ao “rei James III”, sugerindo a continuidade dasinclinações jacobitas entre os associados de Williams. Ele

 provavelmente navegou com La Buse por algum tempo depois,

possivelmente se instalando entre outros piratas que envelheciam e

Madagascar. Williams nunca mais viu sua esposa e filhos em Rhod

sland, mas seu filho mais velho aparentemente nunca se esqueceu deQuando cresceu, Paulsgrave Williams Jr. se tornou um peruqueiro,

especializando em fazer as perucas que seu pai gostava tanto de usa

Os piratas comuns que roubaram o navio corsário de Rogers, Bu

ajudaram a gerar uma nova onda de bandidos que aterrorizariam o

ceanos Atlântico e Índico. Liderados por Howell Davis, um destem

galês, eles saquearam embarcações da Virgínia até a África Ocident

Em novembro de 1719, ele recrutou à força um carpinteiro chamad

artholomew Roberts para servir a bordo do Buck . Depois que Davis

morto, pouco tempo depois, durante um ataque a uma fortaleza de

cravos portuguesa, Roberts presidiu o que foi, provavelmente, uma

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companhias piratas mais produtivas da história, capturando mais d

uatrocentas embarcações antes de serem capturados pela Marinha R

em fevereiro de 1722. Outro amotinado do Buck  era Walter Kenned

um irlandês inspirado à pirataria pelos contos de Henry Avery. Depo

de comandar seu próprio saveiro pirata por um tempo, ele retornou

Londres para desfrutar de suas riquezas, criou o seu próprio bordel

a Deptford e se envolveu em assaltos e outros crimes menores. Aca

endo preso e executado por pirataria em 1721 em Wapping, onde ha

nascido vinte e seis anos antes. Um dos antigos companheiros de

ennedy a bordo do Buck , Thomas Anstis, também se tornou um cap

pirata bem-sucedido, mas foi morto por sua própria tripulação duranum motim em 1723.

Foi Edward England, primeiro intendente de Vane, que pode t

hegado mais perto de viver a lenda de Avery. Após se separar de Va

England se especializou em atacar navios negreiros na costa oeste dÁfrica, cujas tripulações desmoralizadas eram fontes confiáveis de m

de obra nova. Ele capturou nove desses navios na primavera de 1719

mais de um terço dos marinheiros deles desertaram para o seu band

m Cape Corso, ele quase capturou o novo navio de Lawrence Princ

Whydah II , de duzentas e cinquenta toneladas, que fugiu para a prote

de um forte de escravos, evitando seguir seu xará para a pirataria. E

assim como Avery, passou um tempo considerável navegando pelo

Oceano Índico. England atacou os navios do Império Mogol e, apó

capturar um navio de trinta e quatro canhões, o nomeou Adventure

assim como Avery tinha feito. No final, seus homens o tiraram do

comando por se recusar a permitir que eles machucassem os

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 prisioneiros, abandonando-o numa das ilhas Mauritius, no leste d

África. England conseguiu construir uma jangada e navegou até

Madagascar, onde viveu o resto de seus dias entre os piratas

sobreviventes de Avery.

Em sua maioria, os nobres e opositores de alto nível dos piratas

saíram pior do que os próprios piratas.

Depois de abandonar Rogers em Nassau, o comodoro Peter 

Chamberlaine do HMS Milford  permaneceu encarregado da frota dMarinha Real nas Índias Ocidentais até junho de 1720, quando receb

rdens para escoltar catorze navios mercantes de volta para Londres.

8 de junho, ao passar pela passagem de Windward, a frota se depar

om uma tempestade violenta, que afundou todos os navios no extre

oeste de Cuba. Uma testemunha disse mais tarde que “a costa estavcoberta de cadáveres”. Dois terços dos quatrocentos e cinquenta

marinheiros e passageiros foram mortos, incluindo Chamberlaine

todos os oficiais do Milford , além de trinta e quatro marinheiros,

comissário e um cozinheiro cego.

Francis Hume, o comandante do HMS Scarborough que destrus navios piratas de Martel e La Buse, foi recompensado em 1723 co

omando do navio de terceira classe Bedford , um de apenas doze nav

a linha então em serviço. No entanto, ele atirou em si mesmo e mor

na Escócia “por causa de algum descontentamento particular”, em

fevereiro de 1753.

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Vincent Pearse do Phoenix ficou baseado em Nova York duran

muitos anos, o que lhe permitiu construir muitas relações duradour

ntre os principais cidadãos daquela cidade. Isso o levou a casar-se c

Mary Morris, a filha do governador de New Jersey, Lewis Morris, q

possuía uma vasta propriedade no que agora é o Bronx. O casamen

não foi feliz. Quando Pearse estava na Inglaterra, Mary flertava com

outro oficial naval. Pearse não descobriu o caso até alguns anos ma

tarde, quando o casal estava vivendo em Londres. Enfurecido, ele

vou ao tribunal por adultério. O escândalo foi documentado nas ca

que a família Morris trocava e se seguiu em uma novela de ações

 judiciais, defesas, reconciliações abortadas e intrigas. Em 1742,enquanto Pearse brigava com sua esposa em Londres, um tribunal d

Nova York decidiu contra ele numa ação judicial de mil e quinhent

libras sobre outro assunto, o que talvez o tenha arruinado. Ele

rovavelmente ainda estava discutindo com sua esposa quando morr

em maio de 1745.

Pouco tempo depois de matar Barba Negra, descobriu-se que

tenente Robert Maynard mantinha uma série de objetos de valor 

etirados do Adventure, tendo desobedecido à ordem direta do capit

Gordon para devolvê-los ao inventário do saque apreendido. Seus

latos se vangloriando pelos feitos na batalha em Ocracoke mais tard

desacreditaram ainda mais perante seus superiores e o governador

Spotswood, em cujas cartas os elogios ao tenente estão completame

ausentes. Maynard não seria promovido a comandante por mais vint

um anos. Ele finalmente se tornou capitão e recebeu o comando do

navio de sexta classe, Sheerness, em setembro de 1740, quando ele

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devia ser um homem idoso. Morreu na Inglaterra em 1750.

Embora inocentado das irregularidades cometidas por seu conse

de administração, a reputação do governador Charles Eden nunca s

recuperou de suas relações com Barba Negra. Ele morreu de febre

marela em sua casa em Edenton em 17 de março de 1722, aos quarenove anos de idade. Sua lápide levou o epitáfio: “Ele levou o seu p

a uma fase próspera e morreu sendo muito lamentado”.

Ajudados pela sua precipitada invasão da Carolina do Norte, o

inimigos políticos de Alexander Spotswood conseguiram substituí-

como governador da Virgínia. Em setembro de 1722, Spotswood s

retirou para sua propriedade de quarenta e cinco mil acres, onde

nvolveu-se na mineração e produção de ferro. No final dos anos 17

tuou como diretor geral adjunto dos Correios das colônias american

estabeleceu o serviço postal entre Williamsburg e Filadélfia e

selecionou Benjamin Franklin para ser o diretor dos Correios daPensilvânia. Em 1740, foi nomeado general e pediu para liderar um

opa para lutar na Espanha durante a Guerra da Sucessão Austríaca.

7 de junho de 1740, enquanto supervisionava a partida da sua trop

morreu de febre em Annapolis, Maryland.

Ironicamente, lorde Archibald Hamilton, o governador 

desacreditado da Jamaica, se saiu melhor do que o resto. Ele havia

deixado a Jamaica preso, mas apesar de seu esquema jacobita e seu

ncentivo à pirataria, foi declarado inocente de todas as acusações pe

tribunais britânicos. Em 1721, o Conselho do Comércio e Plantaçõ

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té ordenou que o governo da Jamaica pagasse a Hamilton sua parte

aque apreendido por seus corsários em 1716. Ele se casou com a fi

e um conde, manteve propriedades e castelos na Irlanda e na Escóc

morreu em sua casa confortável em Pall Mall, Londres, em 1754, n

idade madura de oitenta e quatro anos, tendo sido sepultado em

Westminster Abby. Ele já havia perdido muito tempo antes o interena restauração dos Stuarts e parece não ter feito nada para ajudar a

revolta jacobita final, em 1745, liderada pelo filho de James Stuar

Bonnie Prince Charlie.

James Stuart e seu filho estão enterrados na cripta da Basílica ão Pedro no Vaticano. Os descendentes do rei George ocupam até h

o trono britânico.

Quanto à Woodes Rogers, ele passou os últimos anos da Era dOuro da Pirataria em Londres, doente, endividado e profundament

eprimido. “Durante algum tempo”, Rogers escreveu mais tarde, “fiq

muito perplexo com a perspectiva melancólica do meus assuntos”. S

colegas investidores tinham dissolvido sua parceria e nem eles nem

governo honrariam a dívida de seis mil libras que Rogers havia

contraído em seu nome. No fim das contas, foram seus credores qu

tiveram pena dele, perdoando suas dívidas e tirando-o da prisão do

devedores.

Em 1722 ou 1723, ele foi abordado por um homem que estav

pesquisando para um livro sobre os piratas. O autor precisava da aju

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de Rogers para preencher os detalhes da república pirata que ele tin

errubado e, quem sabe, compartilhar cópias de suas cartas e relatór

oficiais como governador. Rogers aparentemente concordou, já que

utor incluiu informações que só ele poderia ter fornecido. O resulta

em maio de 1724, foi a publicação da História geral dos roubos e

assassínios dos mais notáveis piratas, que, assim como muitos livrdaquela época, foi escrito sob um pseudônimo, neste caso “capitão

Charles Johnson”. Leitores ingleses foram cativados pelas atividad

dos piratas, mesmo enquanto elas ainda estavam acontecendo. Ele f

um enorme sucesso em ambos os lados do Atlântico, passando po

númeras edições. Artigos e propagandas que o promoviam aparecero Weekly Journal  [Semanário] de Londres, bem como no semanário

ladélfia American Weekly Mercury. O livro, ainda em impressão, c

quase sozinho as imagens populares dos piratas que permanecem

conosco até hoje.

Gerações de historiadores e bibliotecários têm erroneamente

identificado o capitão Charles Johnson como Daniel Defoe, um

contemporâneo de Rogers e autor de Robinson Crusoé e Capitão

ngleton. Recentemente, Arne Bialuschewski, da Universidade de K

a Alemanha, identificou um candidato muito mais provável: Nathan

Mist, um ex-marinheiro, jornalista e editor do Weekly Journal . O

 primeiro editor registrado do livro, Charles Rivington, já havia

publicado muitos livros de Mist, que vivia a apenas alguns metros d

eu escritório. Mais importante, o livro História geral… foi registra

na editora da Coroa em nome de Mist. Como um ex-marinheiro qu

tinha navegado pelas Índias Ocidentais, Mist, de todos os escritores

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editores de Londres, era singularmente qualificado para ter escrito

livro, sendo bem familiarizado com o mundo marítimo e as condiçõ

as quais os piratas tinham operado. Mist também estava compromet

om os jacobitas e acabaria exilado na França, servindo de mensage

entre Londres e a corte Stuart em Roma, o que explicaria o relato n

totalmente sem compaixão dos bandidos marítimos no livro Histór geral… Em 1722-1723, Mist também ficou motivado para tentar 

crever um best seller : os lucros do Weekly Journal  vinham definha

há anos, devido ao aumento da concorrência dos jornais rivais.

A publicação do livro História geral dos roubos e assassínios

mais notáveis piratas – que destacou o papel de Rogers na dispers

dos piratas das Bahamas – reviveu a reputação do governador depos

omo um herói nacional. Leitores, incluindo muitos membros da elite

Grã-Bretanha, não poderiam deixar de se perguntar o que tinhaacontecido com Rogers e ficaram, sem dúvida, envergonhados ao

descobrir como ele havia sido mal pago pelo seu serviço patriótico

Provavelmente não seja coincidência que a fortuna de Rogers tenh

omeçado a se recuperar não muito tempo depois. No início de 1726,

 pediu, com sucesso, ao rei uma reparação. Autoridades foramcompreensivas quando leram o apelo de Rogers, que foi escrito na

erceira pessoa: “Ele perdeu oito anos da melhor parte de sua vida, p

causa de sua ambição, honestidade e zelo em servir seu país, e fico

destituído de dinheiro ou de qualquer novo emprego, embora nenhu

queixa tenha sido feita de qualquer má administração ou falta de

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cumprir o seu dever.” No final, o rei não só premiou Rogers com um

ensão equivalente à metade do salário de um capitão de infantaria, c

feito retroativo a junho de 1721, mas também o nomeou, em 1728, p

um segundo mandato como governador das Bahamas.

Antes de partir para Nova Providência, Rogers posou para o qpode ter sido seu único retrato. O pintor, William Hogarth, coloco

ogers numa versão romantizada de Nassau. Rogers, de peruca branc

um elegante casaco longo, está sentado numa confortável poltrona, s

rosto virado para o lado, escondendo a desfiguração deixada pela ba

o mosquete espanhol. Atrás dele está o baluarte do Forte Nassau, ouma placa ornamental que leva seu lema pessoal pode ser vista: Du

spiro spero [Enquanto eu respiro, eu tenho esperança]. Rogers, ent

com cinquenta anos de idade, tem um globo à sua esquerda

(simbolizando sua circum-navegação) e um compasso na mão direit

om os quais ele está prestes a tomar as medidas da “Ilha Providêncnum mapa que está na mão do seu filho. Whetstone William Roger

que acompanharia o pai para Nassau, está de pé usando a peruca e

estuário elegante de um aristocrata. A filha Sarah Rogers está sentad

squerda, à espera de uma empregada com um prato de frutas. No po

atrás deles, um grande navio de guerra está disparando uma salva d

múltiplos canhões.

Quando Rogers e seu filho chegaram a Nassau em 25 de agosto

729, o lugar não era tão agradável quanto Hogarth tinha imaginado

ilha tinha acabado de ser atingida por um furacão, e muitos de seu

habitantes estavam em suas casas avariadas, enfraquecidos pela feb

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contagiosa. A economia e as fortificações permaneciam em ruínas e

esposa extrovertida do ex-governador tinha irritado muitos dos

habitantes de Nassau, tentando usar sua posição para intimidar juíz

onopolizar lojistas e contratar empregados de outras pessoas antes

s termos de seus contratos expirassem. Algumas melhorias tinham s

feitas nos oito anos em que Rogers havia ficado afastado: uma novgreja no centro da cidade, uma guarita de pedra na entrada do forte

Casa do Governo, uma residência de dois andares em estilo georgia

onde Rogers passaria os últimos anos de sua vida.

Seu último mandato foi mais fácil do que o primeiro, mas longeser tranquilo. Ele acabou enredado numa disputa acirrada com os

presentantes da nova assembleia legislativa da colônia, pela imposi

de impostos locais. Rogers queria arrecadar dinheiro para reparar

orte; os vereadores não queriam. Frustrado com a intransigência del

Rogers tomou a decisão extrema de dissolver a assembleia, irritando plantadores locais. No início de 1731, a luta tinha deixado Roger

exausto. Ele ficou doente e, como antes, foi para Charleston para

recuperar sua saúde. No meio-tempo, seu filho, como escriturário d

onselho de administração, fez o possível para conseguir uma planta

de escravos adequada para a família, fazendo várias viagens à Áfric

Ocidental para comprar a força de trabalho necessária. (Ele morreria

febre no porto de Whydah durante uma viagem parecida, em 1735

enquanto estava servindo como um dos três comerciantes chefes d

Companhia Real da África.)

O governador Rogers voltou para Nova Providência em maio d

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731, mas nunca pôde realmente recuperar sua saúde. Ele faleceu em

de julho de 1732 e foi sepultado em Nassau. A localização da sua

epultura está perdida desde então, mas seu nome adorna a rua princ

na zona portuária da cidade, e ele é homenageado no lema oficial d

Bahamas: expulsis piratis, Comercia restitua [Piratas Expulsos,

Comércio Restaurado].

 

Guerra da Quádrupla Aliança ((dezembro de 1718 a fevereiro de 1720)) colocou a Espanha contra a Grã-Bretanha, França, Á

Holanda. Nessa guerra, que um historiador britânico apropriadamente chamou de “o mais esquecido dos nossos conflitos”, a E

ntou, sem sucesso, adicionar as Bahamas, as Carolinas e a Louisiana francesa ao seu império. Rogers recebeu a declaraçãoe guerra em 16 de março de 1719, embora ele estivesse esperando por ela desde novembro do ano anterior.livro História geral dos roubos e assassínios dos mais notáveis piratas incorretamente o identifica como John Haman.

ue teria conhecido o homem pessoalmente, fornece informações mais precisas em sua declaração oficial de 5 de setembro de 1

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AGRADECIMENTOS

A  República dos Piratas é uma história e, como tal, se beneficiou do trabalho de geraçõ

toriadores, arquivistas, genealogistas, escribas e escritores. Nosso entendimento da Era de

Pirataria estaria empobrecido se John Campbell não tivesse fundado o Boston News-Lette

04 e decidido cobrir regularmente as atividades dos piratas nos anos seguintes à Guerr

cessão Espanhola. Alguns desses despachos chegaram a Londres, onde se juntaram aos relat

vernadores e outras autoridades coloniais nos arquivos do Conselho do Comércio e Plantaç

secretário de Estado da América e das Índias Ocidentais. Os capitães de navios de guer

arinha Real também coletaram informações sobre os piratas em cartas e diários de bordo

am enviados ao almirantado. Quando as autoridades coloniais conseguiam capturar piratas, c

s julgamentos resultantes geralmente eram enviadas para casa em Londres. Lá, grande parte

ontanha de informações foi disponibilizada para o autor anônimo da História geral dos rou

sassínios dos mais notáveis piratas, cujo relato ainda domina o discurso sobre os piratahamas quase três séculos após a sua publicação.

Tal livro ainda é um trabalho impressionante de conhecimento

lustração, habilmente integrando registros documentais com materi

claramente reunidos de entrevistas com Woodes Rogers e outras

personalidades. Ele está, no entanto, cheio de erros, exageros e mantendidos, a maioria dos quais não foram detectados até o século X

quando os historiadores finalmente conseguiram revisar os registro

originais. Os estudiosos britânicos, sir John William Fortescue (185

938) e Cecil Headlam (1872-1934), passaram anos montando volum

elevantes do Calendar of State Papers, Colonial Series [CalendárioDocumentos do Estado, Série Colonial], que contém trechos e resum

e muitos dos documentos mais importantes dos arquivos britânicos

verdade, eles criaram um mapa do tesouro que tem ajudado inúmero

pesquisadores a localizar e recuperar partes do passado da América

muito enterrado num milhão de folhas escritas a pena e tinta. Sou gr

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eles e ao trabalho de historiadores que seguiram suas pistas, incluin

os livros Blackbeard the Pirate: A Reappraisal of His Life and Tim

Barba Negra, o pirata: uma reavaliação de sua vida e tempo] de Rob

E. Lee (1974), Capitão Kidd e a guerra contra os piratas, de Robe

Ritchie (1986), e Crusoe’s Captain [Capitão de Crusoé], de Bryan

Little, publicado em 1960 e ainda a melhor biografia de WoodesRogers.

Eu também me beneficiei do conselho, generosidade e

ncorajamento de alguns dos estudiosos de piratas mais importantes

mundo. Marcus Rediker, da Universidade de Pittsburgh, ajudou alocalizar muitas fontes difíceis de encontrar e compartilhou sua

experiência própria na realização de pesquisas no novo complexo d

Arquivos Nacionais perto de Kew Gardens, em Londres; seus livro

Villains of All Nations: Atlantic Pirates in the Golden Age [Vilões

todas as nações: piratas do Atlântico na Era de Ouro] e Between thDevil and the Deep Blue Sea [Entre o diabo e o mar azul profundo

construíram as bases para o estudo dos piratas a partir da própria

erspectiva deles, em vez da perspectiva de seus adversários. Kennet

Kinkor, do Museu da Expedição do Whydah em Provincetown,

assachusetts, sabe mais sobre Samuel Bellamy do que os próprios

do pirata sabiam, e ele gentilmente compartilhou um grande número

ranscrições de documentos, poupando-me de semanas de trabalho e

uma boa quantidade de gasolina. Joel Baer, do Macalester College,

t. Paul, a principal autoridade sobre Henry Avery, acolheu gentilme

s minhas consultas e me forneceu as páginas que faltavam sobre alg

dos julgamentos de piratas difíceis de encontrar; os pesquisadores v

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gradecer seu próximo livro, British Piracy in the Golden Age [Pirat

britânica na Era de Ouro]. Meus mais sinceros agradecimentos a voc

três: mergulhar no passado pode ser solitário, mas vocês ajudaram

fazer disso uma experiência agradável.

O mesmo pode ser dito para outros que me auxiliaram ao longocaminho. Gail Swanson, de Sebring, Flórida, que copiou e enviou u

pacote de traduções de documentos do Arquivo das Índias Ocidenta

m Sevilha, documentos esses relacionados à frota espanhola de teso

e 1715. Também na Flórida, Mike Daniel ajudou a esclarecer os rel

franceses da captura do La Concorde por Barba Negra. Rodneyroome, de Seattle, compartilhou sugestões valiosas sobre o que e qu

procurar em sua cidade natal, Bristol. Shep e Tara Smith de Norfol

Virgínia, me deram um teto durante as minhas temporadas nas

Carolinas, enquanto Abel Bates e meus sogros, Larry e Andrea Sawy

rranjaram o mesmo para mim em Cape Cod. Daniel Howden me levara conhecer seu bairro no lado leste de Londres, uma pausa bem-vi

nos dias que passei lendo tinta desgastada em pergaminho velho.

Sou especialmente grato ao pessoal da Biblioteca Pública de

Portland, cujo serviço de empréstimo entre bibliotecas me mantev

bastecido com volumes difíceis de encontrar ao longo deste projetoao povo do Maine, cujos impostos sustentam o Maine Info Net, nos

xtraordinário sistema estadual de empréstimos – conhecimento é po

ambém no Maine, sou grato à Biblioteca de Hawthorne-Longfellow

Bowdoin College, por me emprestar repetidamente seus volumes

ncadernados do Calendar of State Papers [Calendário de Documen

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o Estado] e pelo acesso aos microfilmes dos primeiros jornais ingle

à Biblioteca Ladd, em Bates College, por disponibilizar filmes do

 primeiros jornais americanos; à Biblioteca Sociedade de Pesquisa

Histórica do Maine, em Portland, à Biblioteca Estadual do Maine, e

Augusta, e à Biblioteca Fogler, na Universidade do Maine, em Oron

Eu também me beneficiei dos recursos da Biblioteca Dimond, daniversidade de New Hampshire, em Durham, e da Biblioteca Widen

da Universidade de Harvard, onde as poucas cópias sobreviventes d

Jamaica Courant  [Corrente da Jamaica] residem num rolo de film

muito curto. Na Carolina do Norte, agradeço ao pessoal do Museu

ath, a David Moore e seus colegas do Museu Marítimo da CarolinaNorte, em Beaufort; espero que os destroços sejam do Queen Anne

Revenge. Na Inglaterra, meus agradecimentos à equipe notavelmen

eficiente dos Arquivos Nacionais, em Kew, especialmente a Geoff

Baxter, por ter uma grande pilha de registros de capitães esperando p

mim no meu primeiro dia – seu sistema de recuperação de documentoo padrão pelo qual todos os outros deveriam ser medidos. Obrigad

também ao pessoal do Escritório de Registros de Bristol, por atend

minhas pesquisas por Teaches, Thatches e Rogers numa tarde cinza

dezembro.

Meu amigo e colega Samuel Loewenberg, em Berlim, que

ncansavelmente revisou várias versões do manuscrito e deu sugestõe

feedbacks valiosos – obrigado, Sam, eu realmente precisava desse p

extra de olhos. Agradeço também a Brent Askari, de Portland, por

ajudar a suavizar as arestas daqueles primeiros rascunhos. Quaisqu

erros que permaneceram são, é claro, meus.

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Este livro não seria possível se não fosse o conselho e a perspic

e Jill Grinberg, o melhor agente de Nova York; o entusiasmo e o ap

e Timothy Bent, meu editor original em Harcourt, agora na Imprens

xford University; e Andrea Schulz, cuja habilidade, cuidado e aten

asseguraram uma transição editorial suave. Também sou grato pelo

abalho de David Hough, em Harcourt, da copidesque Margaret Jone

de Jojo Gragasin, de Logan Francis Design, que criou os mapas e

ilustrações que aparecem no livro.

Por último, mas não menos importante, agradeço aos meus pai

pelo seu amor e apoio, e à minha esposa, Sarah Skillin Woodard, qeu o manuscrito inúmeras vezes e ajudou a moldá-lo no livro que vo

egura em suas mãos; obrigado, minha querida, por sua paciência, ap

e sugestões no decorrer deste processo, e por sempre dizer “sim” a

longo da nossa caminhada.

 Dia de Ano-Novo, Portland, M

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 NOTAS FINAIS

Abreviações

M1/1471-2649: Registros do Almirantado, Cartas de Capitães, Arquivos Nacionais, Kew, UK.

M33/298: Escritório de Pagamentos do Conselho da Marinha, Livros de Pagamentos do Navio, Arquivos Nacionais, Kew, UKM33/311: Escritório de Pagamentos do Conselho da Marinha, Livros de Pagamentos do Navio, Arquivos Nacionais, Kew, UK

M51/606: Registros do Almirantado, Registros do Capitão, Milford , 16 jan. 1718 a 31 dez. 1719, Arquivos Nacionais, Kew, U

M51/672: Registros do Almirantado, Registros do Capitão, Pearl , 26 jul. 1715 a 8 dez. 1719, Arquivos Nacionais, Kew, UK.

M51/690: Registros do Almirantado, Registros do Capitão, Phoenix, 8 out. 1715 a 6 out. 1721, Arquivos Nacionais, Kew, UK.

M51/801: Registros do Almirantado, Registros do Capitão, Rose, 18 jan. 1718 a 9 maio 1721, Arquivos Nacionais, Kew, UK.

M51/865: Registros do Almirantado, Registros do Capitão, Scarborough, 11 out. 1715 a 5 set. 1718, Arquivos Nacionais, Kew

M51/877: Registros do Almirantado, Registros do Capitão, Seaford , 19 set. 1716 a 22 set. 1720, Arquivos Nacionais, Kew, UK

M51/892: Registros do Almirantado, Registros do Capitão, Shark , 18 jan. 1718 a 23 ago. 1722, Arquivos Nacionais, Kew, UK

M51/4250: Registros do Almirantado, Registros do Capitão, Lyme, 23 fev. 1717 a 14 ago. 1719, Arquivos Nacionais, Kew, UK

4/160: Registros do Tribunal, Creagh vs. Rogers, Contas do Duke & Dutchess, 1708-1711, Arquivos Nacionais, Kew, UK.

5/508: Registros dos Gabinetes Coloniais: A Navegação da Carolina do Sul Retorna, 1717-1719, Arquivos Nacionais, Kew, UK

5/1265: Registros dos Gabinetes Coloniais: Documentos relacionados à nomeação de Woodes Rogers, Arquivos Nacionais

UK.

5/1442: Registros dos Gabinetes Coloniais: A Navegação da Virgínia Retorna, 1715-1727, Arquivos Nacionais, Kew, UK.

23/1: Registros dos Gabinetes Coloniais: Correspondência das Bahamas, 1717-1725, Arquivos Nacionais, Kew, UK.

23/12: Registros dos Gabinetes Coloniais: Bahamas, Registros Diversos, 1696-1731, Arquivos Nacionais, Kew, UK.

23/13: Registros dos Gabinetes Coloniais: Bahamas, Cartas dos Governadores, 1718-1727, Arquivos Nacionais, Kew, UK.

37/10: Registros dos Gabinetes Coloniais: Correspondência das Bermudas, 1716-1723, Arquivos Nacionais, Kew, UK.

137/12: Registros dos Gabinetes Coloniais: Correspondência da Jamaica, 1716-1718, Arquivos Nacionais, Kew, UK.

142/14: Registros dos Gabinetes Coloniais: A Navegação da Jamaica Retorna, 1709-1722, Arquivos Nacionais, Kew, UK.

152/12: Registros dos Gabinetes Coloniais: Correspondência das Ilhas de Sotavento, 1718-1719, Arquivos Nacionais, Kew, UK

PCS 1696-1697: John W. Fortescue (ed.), Calendário dos Documentos do Estado, Série Colonial: América e as Índias Ocident

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PCS 1697-1698: John W. Fortescue (ed.), Calendário dos Documentos do Estado, Série Colonial: América e as Índias Ocident

utubro 1697 a 31 dezembro 1698, (v. 11), Londres: His Majesty’s Stationary Office, 1905.

PCS 1712-1714: Cecil Headlam (ed.), Calendário dos Documentos do Estado, Série Colonial: América e as Índias Ocidentai

712 a julho 1714, (v. 27), Londres: His Majesty’s Stationary Office, 1926.

PCS 1716-1717: Cecil Headlam (ed.), Calendário dos Documentos do Estado, Série Colonial: América e as Índias Ocidentais, 716 a julho 1717, (v. 29), Londres: His Majesty’s Stationary Office, 1930.

PCS 1717-1718: Cecil Headlam (ed.), Calendário dos Documentos do Estado, Série Colonial: América e as Índias Ocidentais,

717 a dezembro 1718, (v. 30), Londres: His Majesty’s Stationary Office, 1930.

PCS 1719-1720: Cecil Headlam (ed.), Calendário dos Documentos do Estado, Série Colonial: América e as Índias Ocidentais,

719 a fevereiro 1720, (v. 31), Londres: His Majesty’s Stationary Office, 1933.

PCS 1720-1721: Cecil Headlam (ed.), Calendário dos Documentos do Estado, Série Colonial: América e as Índias Ocidentais,

720 a dezembro 1721, (v. 32), Londres: His Majesty’s Stationary Office, 1933.

PCS 1722-1723: Cecil Headlam (ed.), Calendário dos Documentos do Estado, Série Colonial: América e as Índias Ocidentais

723, (v. 33), Londres: His Majesty’s Stationary Office, 1934.0/1164/2: Registros do Tesouro Público: Livros do Porto, Bristol, 1708, Arquivos Nacionais, Kew, UK.

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P: Charles Johnson, A General History of the Pyrates, Manuel Schonhorn (ed.), Columbia, SC: University of South Carolin

972. Tradução: História geral dos roubos e assassínios dos mais notáveis piratas. Lisboa: Editora Cavalo de Ferro, 2005.

A1/54: Registros da Alta Corte do Almirantado: Exames de Piratas e Outros Criminosos, 1710-1721, Arquivos Nacionais, Kew

A1/55: Registros da Alta Corte do Almirantado: Exames de Piratas e Outros Criminosos, 1721-1725, Arquivos Nacionais, Kew

T: Traduções de documentos espanhóis e do Vaticano do Arquivo das Índias Ocidentais, Sevilha, Espanha; supervisionado po

Haskins, Kip Wagner e outros. Manuscrito não publicado: Biblioteca Pública de Islamorda, Islamorda, Flórida.

P: The Trials of Eight Persons Indited for Piracy  [Os julgamentos de oito pessoas acusadas de pirataria], Boston: John E

718.

R: The Trials of Captain John Rackham and Other Pirates  [Os julgamentos do capitão John Rackham e outros piratas], K

amaica: Robert Baldwin, 1720.

B: The Trials of Major Stede Bonnet and Other Pirates   [Os julgamentos do Major Stede Bonnet e outros piratas]. L

enjamin Cowse, 1719.

Prólogo

O sentimento dos piratas e a Revolução Americana : Leia Jesse Lemisch, Jack Tar in the Streets: Merchant Seamenolitics of Revolutionary America  [Jack Tar nas ruas: marinheiros mercantes na política da América revolucionária], Will

Mary Quarterly, 3ª Série, v. 25, n. 3, julho de 1968, p. 371-407.

Benefícios por incapacidade : Marcus Rediker, Villains of All Nations: Atlantic Pirates in the Golden Age   [Vilões de t

ações: piratas do Atlântico na era de ouro], Boston: Beacon Press, 2005, p. 73-74.

Citação de Kinkor: Entrevista ao autor, Kenneth J. Kinkor, Provincetown, MA: 15 de junho de 2005.

Citação do governador das Bermudas : Benjamin Bennett ao Conselho do Comércio e Plantações, Bermudas: 31 de maio d

m CSPCS 1717-1718, n. 551, p. 261.

Medos do capitão do  Seaford : Walter Hamilton ao Conselho do Comércio e Plantações, Antígua: 15 de maio de 1717, em C

716-1717, n. 568, p. 300.impatizantes dos piratas: Alexander Spotswood para Lorde Carteret, Williamsburg, VA: 14 de fevereiro de 1719. R. A.

ed.), The Official Letters of Alexander Spottswood  [As cartas oficiais de Alexander Spottswood], v. I, Richmond, VA: Soc

Histórica da Virgínia, 1882, p. 274.

Capítulo um: A lenda

Chegada do saveiro em Nassau: O exame de John Dann, 3 de agosto de 1696. John Franklin Jameson,  Privateering and n the Colonial Period: Illustrative Documents  [Corso e pirataria no período colonial: documentos ilustrativos], Nova

Macmillan Co., 1923, p. 169-170.

Nassau descrita (1696): John Oldmixon, The British Empire in America  [O Império Britânico na América], London: J. Bro

741, p. 428-431.

Rumores de captura francesa: “O Caso de Nicholas Trott”, 25 de outubro de 1698. CSPCS 1697-1698, n. 928, p. 506; M

raton, A History of the Bahamas [Uma história das Bahamas], Londres: Collins, 1962, pp 86-87.

Marinha ausente das Bahamas por anos : Oldmixon, p. 429.

Forte Nass au, dificuldade da guarnição: Oldmixon, p. 429-430.

Conteúdo da carta levada por Adams : “O julgamento de Joseph Dawson, Edward Forseith, William May, William Bishop,

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ewis e John Sparkes no antigo Tribunal de Crime e Pirataria”, Londres: 19 de outubro de 1696, em Francis Hargrave,  A Co

Collection of State Trials and Proceedings   [Uma coleção completa de julgamentos e processos do Estado], v. V, Lond

Wright, 1777, p. 10; “O caso de Nicholas Trott”, p. 506; O exame de John Dean, p. 169-170; Declaração de Phillip Mid

ondres: 11 de novembro de 1696, em Jameson, p. 171-173.

Notas sobre a conversão das moedas espanholas em libras inglesas : Phillip A. Bruce,  Economic History of Virginia

eventeenth Century  [A história econômica da Virgínia no século XVII], Nova York: Macmillan & Co., 1896, p. 503, 507, 51

ohn Condiuitt, Observations upon the present state of our Gold and Silver Coins   [Observações sobre o estado atual do

uro e moedas de prata] (1730).

alário de governador: Garantia dos senhores proprietários a Daniel Richardson, Palácio de St. James, Londres: 13 de ag

713, em CSPCS 1712-1714, n. 451, p. 219.

Trott se encontra com seu conselho : “O caso de Nicholas Trott”, p. 506-507.

A carta muito educada de Trott: Depoimento de Phillip Middleton, p. 172; Hargrave (V), p. 10.

Gorjeta de Avery para Trott: Depoimento de Phillip Middleton, p. 173.

Alegações posteriores de inocência de Trott: “O caso de Nicholas Trott”, p. 506-507.

Trott ordena descarregar o Fancy, tripulação de africanos: Depoimento de Phillip Middleton, p. 172-173.

O início da vida e a carreira de Henry Avery : Joel H. Baer, “O capitão John Avery e a anatomia de um motim”,  Eigh

Century Life [Vida no século XVIII], v. 18 (fevereiro de 1994), p. 3-4.

Avery se junta ao Charles II : Idem, p. 4-5.

Chegando, atrasos em La Corunha: Idem, p. 5-6.

Petições a Houblon e sua res posta: Idem, p. 8-9, 11.

A oferta de William May e a resposta de Gibson: Idem, p. 9.

Tripulações sentem que foram vendidas para os espanhóis: Idem, p. 9.

De scrição do motim: Idem, p. 13-14; Hargrave (V), p. 6.

Avery fala com Gibson, Gravet: Hargrave (V), p. 6-8.

Reunião da tripulação do navio: Baer (1994), p. 15.

Participações em corsários vs. em pirataria: Para ver exemplos, leia Gomer Williams,  History of the Liverpool Privatee

etters of Marque with an Account of the Liverpool Slave Trade  [História dos corsários de Liverpool e cartas de corso c

elato do comércio de escravos de Liverpool], Montreal: Imprensa de McGill-Queen, 2004, p. 31; Angus Kostram, Privat

irates 1730-1830 [Corsários e piratas 1730-1830], Oxford, Reino Unido: Osprey Publishing, 2001, p. 20.

O Fancy em Moia: O exame de John Dann, 3 de agosto de 1696, em Jameson, p. 165; Hargrave (V), p. 10.

A declaração de Avery para não prejudicar os ingleses : Declaração de Henry Avery para todos os comandantes in

ohanna, Ilhas Comoro: 28 de fevereiro de 1694, incluso na Petição da Companhia das Índias Orientais para os senhores

ondres: julho de 1696, em Jameson, p. 154.

Captura, atrocidades no caminho para o Mar Vermelho : O exame de John Dann, p. 165-167; Hargrave (V), p. 8-10; O

e Peter Claus, em CSPCS 1697-1698, n. 404ii, p. 184.

Reunião com corsários, a frota passa: O exame de John Dann, p. 167-168; Hargrave (V), p. 9-10.

Captura do Fath Muhmamadi : O exame de John Dann, p. 168; Hargrave (V), p. 10.

Ataque ao Ganj-i-Sawai : Hargrave (V), p. 9-10.

Capitão Ibrahim faz com que as concubinas turcas lutem: “Khafi Khan” no H.M. Elliot e John Dawson, The History o

s Told by its Own Historians  [A história da Índia contada por seus próprios historiadores], v. VII, Londres: Trubner, 1867-18

21-422.

Re latos lendários do rescaldo a bordo do Ganj-i-Sawai : The Life and Adventure of Captain John Avery  [A vida e a av

o capitão John Avery], Londres: 1709, p. 30-32.

Relatos de atrocidades a bordo do  Ganj-i-Sawai : “Resumo das Cartas da Companhia das Índias Orientais de Bombay”

utubro de 1695 em Jameson, p. 158-159; “Khafi Khan” em The History of India as Told by its Own Historians  [A história d

ontada por seus próprios historiadores], v. VII, p. 421-423.

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Divisão de saques na Ilha Reunião, participações de mil libras : Hargrave (V), p. 10; O exame de John Dann, p. 169.

Sete homens ficam em Nassau: John Graves ao Conselho do Comércio e Plantações, Nova Providência, Bahamas: 11 de m

698, em CSPCS 1697-1698, n. 444, p. 208.

Um grupo compra o  Isaac, outro foi para Charleston: O exame de John Dann, p. 170.

A compra do  Sea Flower  por Avery: O exame de John Dann, p. 170.

Trott se livra do Fancy: Depoimento de Phillip Middleton, p. 174.

As alegações de Trott de que “eles não poderiam dar nenhuma informação”, governador da Jamaica “não deu nen

rova”: “O caso de Nicholas Trott…”, p. 506-507.

Os homens de Avery na Filadélfia: Robert Snead para sir John Houblon, 29 de setembro de 1697, em CSPCS 1696-1697, n 613-615; Edward Randolph para William Popple, Nova York: 12 de maio de 1698, em CSPCS 1697-1698, n. 451, p. 2

Narrativa do capitão Robert Snead, em CSPCS 1697-1698, n. 451i, p. 212-214; Informações de Thomas Robinson, em CSPC

698, n. 451ii, p. 214-215.

O grupo do  Isaac no oeste da Irlanda: O exame de John Dann, p. 171; “Resumo das cartas da Irlanda”, em Jameson,

64.

O  Sea Flower  e Avery na Irlanda do Norte: O exame de John Dann, p. 170-171.

John Dan na Inglaterra: O exame de John Dann, p. 170-171.

Execuções: Hargrave (V), p. 18.

Lendas de Avery : Charles Johnson, The Successful Pyrate  [O pirata bem-sucedido], Londres: Bernard Lintott, 1713, p. 3ife and Adventure… [A vida e a aventura…] p. 46-7, 57-59.

Relatos em  A General History of the Pyrates  [História geral dos roubos e assassínios dos mais notáveis piratas]: GHP, p.

6-57.

Capítulo dois: Indo para o mar

Nascimento de Bellamy: Kenneth J. Kinkor, “O Livro do Whydah”, documento não publicado, Provincetown: Museu do Wrovincetown, MA: 2003, p. 355; Impressões dos registros paroquiais de Hittisleigh, Devon, batizados na Inglaterra , 167

HL Film 933371, Item 4, Provo, UT: Church of Jesus Christ of Latter-day Saints Genealogical Society [Sociedade Genealóg

greja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias]. Microfilme.

Descrição de Hittisleigh: The National Gazeteer of Great Britain and Ireland   [Gazeta nacional da Grã-Bretanha e I

ondres: Virtue, 1868.

Citações sobre o solo de Devon: [Daniel Defoe] A Tour Thro’ the Whole Island of Great Britain [Uma excursão por toda a

Grã-Bretanha], 4. ed., Londres: S. Birt et al ., 1768, p. 360-361.

Direitos comuns: Jane Humphries, “Cercas, direitos comuns e mulheres: A proletarização das famílias no final do século X

nício do século XIX”, The Journal of Economic History [O Diário da História da Economia], v. 50, n. 1, março de 1990, p. 17alário de um homem conforme a produção de vacas leiteiras : Idem, p. 24.

Citações de um “viajante” e de Bacon: M. Dorothy George, England in Transition   [Inglaterra em Transição], Ba

enguin, 1953, p. 12, 15.

Metade da população inglesa quase não subsistia (1689): David Ogg, England in the Reigns of James II and William

nglaterra nos reinados de James II e William III], Oxford, UK: Oxford University Press [Imprensa da Universidade Oxford], 1

3-34.

obres com metade da expectativa de vida dos ricos: Ogg, p. 34-35.

Pobres quinze centímetros mais baixos do que os ricos : John Komlos, “Sobre pigmeus e gigantes ingleses: A estatura fí

ventude inglesa no final do século XVIII e início do século XIX”, Artigo para debate 2005-06, Munique: Departamento de EcoUniversidade de Munique, abril de 2005.

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Vane em Port Royal: TJR, p. 27.

Um terço dos piratas de Londres : Marcus Rediker, Villains of All Nations: Atlantic Pirates in the Golden Age   [Vi

odas as nações: piratas do Atlântico na era de ouro], Boston: Imprensa Beacon, 2004, p. 51.

Londres em 1700: Ogg, 132; Maureen Waller, 1700: Scenes from London Life  [1700: Cenas da Vida em Londres], Nova

our Walls, Eight Windows, 2000, p. 1-4.

Igrejas lotadas pelo comércio: New State of England  [Novo Estado da Inglaterra], 4. ed., Londres: R. J., 1702, p. 149.

Floresta flutuante de mastros : Idem, p. 149.

Wapping no lodo : John Stow citado em sir Walter Besant, The Thames  [O Tâmisa], Londres: Adam & Charles Black, 1

10.Condições de superlotação, valas comuns, carvão em Wapping : E. N. Williams, Life in Georgian England   [A v

nglaterra georgiana], Londres: B. T. Batsford, Ltd., 1962, p. 113-114.

Animais mortos apodrecem: Waller, p. 95.

Taxas de doença e morte : Waller, p. 96-102; inclui uma fotografia, “Um registro geral de todos os batizados e enterros de

ezembro de 1699 a 17 de dezembro de 1700”.

Taxas de sobrevivência de bebês e crianças : Waller, p. 62.

Aluguel de bebês por pedintes : A Trip Through the Town  [Uma Viagem Através da Cidade], Londres: J. Roberts, 1705.

Meninos escaladores : J. P. Andrews,  An Appeal to the Humane on behalf of the most deplorable class of socie

Climbing Boys [Um apelo à humanidade em nome da classe mais deplorável da sociedade, os meninos escaladores], Londretockdale, 1788, p. 8-9, 30-31.

Guardas Negros : Edward Ward, The London Spy  [O espião de Londres], Londres: The Folio Society [A Socied

Manuscrito], 1955, Originalmente publicado em 1698-1700, p. 27-28.

Artesãos proeminentes descritos : Um Relato de um Fogo Terrível e Surpreendente , Londres: Edward Harrison

anfleto.

Descrições das exe cuções de Wapping: David Cordingly, Sob a Bandeira Negra, Nova York: Harcourt, 1997, p. 224; R

acks, O Caçador de Piratas, Nova York: Hyperion, 2002, p. 386-392.

As últimas palavras de John Sparcks et al. : Um Relato do Comportamento, Últimos Discursos e Execução do Sr

Murphy, por Alta Traição, e William May, John Sparkes, William Bishop, James Lewis e Adam Forseith, por Roubo, PirCrime, Londres: T. Crownfield, 1696.

Marinheiros em falta, representando dois terços : R.D. Manning, Marinha da Rainha Anne, Londres: Sociedade dos R

a Marinha, 1961, p. 170.

A recompensa da Marinha por voluntários: Idem, p. 170.

“Mar como prazer, inferno como passatempo”: Rediker (1987), p. 13.

Citação sobre espíritos: Edward Barlow, citado em Idem, p. 81.

Espíritos e recrutadores de soldados : Idem, p. 43, 81-82.

Edward Ward descreve marinheiros: Ward (1955), p. 249-250.

Citação de marinheiro evitando recrutamento forçado: Christopher Lloyd, Os Marinheiros Britânicos 1200-1860esquisa Social , Rutherford, NJ: Imprensa da Universidade de Fairleigh Dickinson, 1970, p. 104.

Métodos para evitar o recrutamento forçado: Uma Cópia do Método do Marquês de Carmarthen para Tr

apidamente a Marinha Real de Sua Majestade e para Incentivar Marinheiros , Discurso feito em 12 fevereiro de

ondres: John Humfreys, 1706, p. 3-4.

Marinheiros vão para o exterior para evitar o recrutamento forçado: Lloyd (1970), p. 109; Marquês de Carmarthen, p.

O líder do recrutamento forçado recebe 20s por cabeça: John Dennis, Um Ensaio sobre a Marinha , Londres: Joh

702, p. 32.

Bandos de recrutamento forçado invadem casas : Marquês de Carmarthen, p. 3, Dennis, p. 32.

Recrutando à força marinheiros de navios que chegavam: Lloyd (1970), p. 108-109.Motins de marinheiros para evitar o recrutamento forçado : Idem, p. 142-143.

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Chicoteando grumetes em barcos carvoe iros : Dennis, p. 33.

Capturando comerciantes e citações sobre isso: Idem, p. 32.

Jogo justo dos mendigos, os mais ricos isentos : R.D. Merriman, Marinha da Rainha Anne, Londres: Sociedade dos R

a Marinha, 1961, p. 172.

Data e local de nascimento de Barba Negra: GHP, p. 71; Robert E. Lee,  Barba Negra, o Pirata: Uma Reavaliação

Vida e Tempo, Winston-Salem, NC: John F. Blair, 1974, p. 175-176n.

Determinação de taxas fiscais de Bristol em 1696 : Elizabeth Ralph e Mary E. Williams, Os Habitantes de Bristol em

ristol, UK: Sociedade de Registros de Bristol, 1968. O autor também analisou registros fiscais parciais da década de 1

Gabinete de Registros de Bristol.Thatch de Gloucester: Concessão de Martin Nelme para Thomas Thatch e Charles Dymock, Bristol : 27 de novem

712, Gabinete de Registros de Bristol, Bristol, Reino Unido, Documento 00452/12b; Registro de Casamento de Martin Nelme,

8 de novembro de 1712, Gabinete de Registros de Bristol, Bristol, Reino Unido, Documento 00452/12a.

A aparência física de Barba Negra : CO 152/12, n. 67iii: Testemunho de Henry Bostock, São Cristóvão, Ilhas de Sotavento

ezembro de 1717.

Bristol descrita: Roger H. Leech, A Topografia da Bristol Medieval e Moderna , Parte I, Bristol, UK: Sociedade de Regi

ristol, 1997; Visita do autor, Bristol, novembro de 2005; Frank Shipsides e Robert Wall,  Bristol: Cidade Marítima, Brist

mprensa Redcliffe, 1981, p. 47-50.

Citação de Ogg sobre marinheiros: Ogg, p. 328.

Citação de Samuel Johnson: James Boswell, A Vida de Samuel Johnson , Londres: 1791, p. 876.

Perigos apresentados pela carga: Rediker (1987), p. 89, 91, 93.

Citações de Barlow sobre escalar os cordames : Citado em Lloyd (1970), p. 106.

Grandes números morreram da queda etc.: Rediker (1987), p. 92-93.

Roupas de marinheiro: G.E. Manwaring, A Flor da Coroa da Inglaterra , Londres: Philip Allan & Co., 1935, p. 157-169;

Ward, O Mundo de Madeira Dissecado, 3. ed., Londres: M. Cooper, 1744, p. 70.

Hans Sloane com queimaduras de sol: Hans Sloane, Uma Viagem para as Ilhas de Madera, Barbados, Nieve

Cristóvão e Jamaica, vol. I, Londres: B. M., 1707, p. 25.

Aposentos dos marinheiros, vermes : Rediker (1987), p. 160-161; Stephen R. Brown, Escorbuto: Como um MédiMarinheiro e um Senhor Resolveram o Maior Mistério da Medicina da Era, Nova York: Imprensa de St. Martin, 2003, p.

A citação de passageiros sobre as condições das cabines (1750) : Gottleib Mittelberger, citado em John Duffy, “A Pa

ara as Colônias”, Resumo Histórico de Mississippi Valley, v. 38. n. 1 (junho de 1951), p. 23.

As comidas e bebidas dos marinheiros : Rediker (1987), p. 127-128; “mofada e fedorenta”, Edward Barlow citou em

970), p. 108; Website sobre o HMS Victory (1797) em www.stvincent.ac.uk/Heritage/1797/Victory/food.html.

Faltas de alimentos planejadas: Rediker (1987), p. 143.

Relatos de fome : “Despacho do Carteiro de Dublin de 11 de março”,  Boston News-Letter , 1º de maio de 1729, p. 1; “De

e Boston, 4 de novembro”, Boston News-Letter , 6 de novembro de 1729, p. 2.

Relatos de disciplina brutal: Rediker (1987), p. 215-221.Relato sádico do capitão Je ane : O Julgamento do Capitão Jeane de Bristol , Londres: T. Warner, 1726, p. 5-7.

Punições da Marinha Real: Instruções, Londres: [para o Almirantado], 1714, p. 27; Dudley Papa, Vida na Marinha de N

ondres: Unwin Irwin, 1987.

Mortalidade em escravos , Marinha: Rediker (1987), p. 32-33, 47-48, 92-93.

Enganando marinheiros: Rediker (1987), p. 144-146.

Salários da marinha: Lloyd (1970), p. 107-108; Merriman, p. 171-173; Rediker (1987), p. 33.

A casa de infância de Woodes Rogers em Bristol: Ralph e Williams, p. 107.

Rogers nasce u em 1679: Ver Little, p. 18.

A história familiar de Rogers em Poole : Newton Wade, “Capt. Woodes Rogers”  Notas e Consultas, v. 149, Número 22ovembro de 1925, p. 389; Manwaring (1935), p. 92-93; Bryan Little, Capitão de Crusoe, Londres: Imprensa de Odham, 1960

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7.

As ostras e a pes ca de Poole : Um Passeio por toda a Ilha da Grã-Bretanha , p. 346-347; sobre o comércio de peixe d

Nova, ver Michael Harris, Lamento por um Oceano, Toronto: McClelland & Stewart, 1998, p. 42-43.

Woods Rogers Sênior na África: Capitão [Woodes] Rogers para William Dampier, meados de 1695, como extraído de W

ampier, Viagens de Dampier , Volume II, John Masefiled (ed.), Londres: E. Grant Richards, 1906, p. 202-203, 321-324.

Educação, pastor Samuel Hardy: Little, p. 17-19.

Rogers em Bristol em junho de 1696: Ralph e Williams, p. 106.

As desvantagens de Bristol como porto : Kenneth Morgan, Bristol e o comércio no Atlântico no século XVIII , Cam

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Citação do papa sobre Bristol: Idem, p. 33.

Descrição do centro de Bristol, Redcliffe em 1700: Andor Gomme, Michael Jenner e Bryan Little,  Bristol: Uma Histó

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Capítulo três: Guerra

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O navio estação das Ilhas de Sotavento em 1711: Idem, p. 80 (também em CSPCS 1710-1711, n. 824).

Problemas de doença: Bourne (1939), p. 87-88.

Frota de Kerr (1706-7): Bourne (1939), p. 93-95; ver Josiah Burchett, Uma História Completa das Transações Marítima

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1704 capturas e sucess os corsários: Oldmixon, p. 342-343.

Tamanho da frota corsária jamaicana: O Estado da Ilha da Jamaica, Londres: H. Whitridge, 1726, p. 4.Citações sobre o corso jamaicano: Uma Nova História da Jamaica (1740), p. 273.

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A produção de ouro e prata na América espanhola : Timothy R. Walton,  As Frotas Espanholas de Tesouro , Saraso

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Dampier “nunca se entregou”: Edward Cooke, Uma Viagem ao Mar do Sul e em Volta do Mundo , Londres: B. Lint

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De cisões da Corte Marcial contra Dampier: Lloyd (1966), p. 96.

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Woodes Rogers ao Redor do Mundo 1708-1711 , Bristol, UK: Filial da Associação Histórica da Universidade em Bristol, 199

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Tamanho e idade do   Duke e do  Dutchess: Jones, p. 4-5.

Oficiais da expedição de Roge rs: Powell, p. 104n; Little, p. 47-48.

Utilização do mercúrio pelo Dr. Dover: Leonard A. G. Strong, Dr. Quick silver, 1660-1742: A Vida e o Tempo de T

Dover , M.D., Londres: Andrew Melrose, 1955, p. 157-159.

333 homens a bordo: Woodes Rogers, A Cruising Voyage Around the World    [Uma expedição ao redor do Mundo]

orrigida, Londres: Bernard Lintot & Edward Symon, 1726, p. 2.

Falhas de projeto, deficiências de tripulação no início: Rogers, p. 2-3.Eventos durante a travessia do Atlântico, incluindo motim: Woodes Rogers, A Cruising Voyage Around the World

xpedição ao redor do mundo], publicado originalmente 1712, Nova York: Longmans, Green & Co., 1928, p. 8-33.

Eventos no Atlântico Sul em dezembro e início de janeiro : Rogers, p. 30-33; Cooke (1712, v. I), p. 30-36; citação

olfinhos: Rogers (1726), p. 103. O autor tem sido capaz de preencher algumas informações de suas travessias da passag

rake.

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enhor Resolveram o Maior Mistério da Medicina da Era da Navegação , Nova York: Imprensa de St. Martin, 2003, p. 1

6.

Mortes por escorbuto: Cooke (1712, v. I), p. 35; Rogers (1928), p. 89-90.Biografia de Selkirk : Rogers (1928), p. 91-96; Alexander Winston,  Nenhum Homem Conhece meu Túmulo: Corsários e

665-1715, Boston: Houghton-Mifflin, 1969, p. 183-184.

A aversão de Selkirk por Dampier : Edward Cooke, Uma Viagem ao Mar do Sul e em Volta do Mundo , v. II, L

ernard Lintot & R. Gosling, 1712, p. xx-xxi.

Citações de Rogers sobre Selkirk : Rogers (1928), p. 91, 94, 96.

Corso no final de fevereiro e início de março: Rogers (1928), p. 103-113; Little, p. 80-84; Cooke (1712, v. I.), p. 126, 130-

Início dos manifestos escravos : C104/160: Relatos dos negros agora a bordo do  Ascension, Gorgona, 20 de julho de 1709

lho de 1709.

Captura do  Havre de Grace: Cooke (1712, v. I), p. 136-8; Rogers (1928), p. 116-7; C104/160: Lista de negros e de caHavre de Grace  quando capturado, 15 de abril de 1709.

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Re ação de Rogers à morte do irmão: Rogers (1928), p. 117-118.

Cerco do Guayaquil: Little, p. 87-100.

Atividades em Gorgona: Cooke (v. I), p. 164, 317; Rogers (1928), p. 167-171.

Quase-motim em Gorgona: Rogers (1928), p. 172-177.

Poucos mantimentos, estado de navios (dezembro de 1709): Rogers (1928), p. 211-213; Jones, p. 14.

Batalha contra o  Incarnación: Rogers (1928), p. 213-215.

Batalha contra o  Begoña: Rogers (1928), p. 216-222; Cooke (v. I), p. 346-352.

Rogers acusado de deixar tesouro em Batávia: Jones, p. 21.

Valor dos rendimentos da expedição, participação de Rogers : Little, p. 149, 169.Marinheiros impressionados: Jones, p. 19-21.

Charles Vane em Port Royal c. 1712: TJR, p. 37.

Citação sobre a es tatura social de Jennings: GHP , p. 41.

Embargo de navegação antes de furacão: “Uma carta contendo um relato das queixas mais comuns da Jamaica”, Jamaic

utubro de 1712, em Os Suspiros da Jamaica, Londres: 1714, p. 1.

De scrição do furacão de 1712: Oldmixon, p. 345; Boston News-Letter , 12 de janeiro de 1713, p. 1; Burchett (1720), p. 785.

A paz irrompe : Burchett, p. 784.

Capítulo quatro: Paz

RN desmobilização e redução dos salários mercantes : Rediker (1987), p. 281-282.

A posse da moeda espanhola como motivo para apreensão : Lorde Archibald Hamilton, Uma Resposta para uma C

nônima, Londres: 1718, p. 44.

Trinta e oito embarcações capturadas pelos espanhóis: CO137/12, p. 90 (iii): Uma Lista de Alguns dos Muitos Navios, S

outras Embarcações tomadas dos súditos do rei da Grã-Bretanha na América pelos súditos do rei da Espanha desde a Conclu

ltima paz, Jamaica: c.1716.

Citação do governador da Jamaica: Hamilton (1718), p. 44.

Citações , des crição da situação dos pescadores na Jamaica: A.B., O Estado da Ilha da Jamaica, Londres: H. Whitridg

8.

Hornigold entre os primeiros piratas : Idem, p. 8n.

Nova Providência durante a guerra: Oldmixon, p. 432; Craton, p. 93-94; CO5/1265, n. 76v: Memorial de Comerciantes D

ara Joseph Addison, Londres: 1717; CO23/1, n. 17: Depoimento de Samuel Buck, Londres: 2 de dezembro de 1719.

opulação, situação em Nassau e nas Bahamas e m 1713: Observações de John Graves em 1706, como citado por Craton

4. Samuel Buck em CO23/1, n. 17 e capítulos posteriores.

Fontes das piratarias iniciais, atividades de Hornigold, Cockram, West : “Artigo de Notícias de Boston”, Boston News

9 de abril de 1714, p. 2; Henry Pulleine ao Conselho do Comércio e Plantações, Bermudas: 22 de abril de 1714 em CSPCS

714, n. 651, p. 333-334.

Long Wharf e porto de Boston descrito: Carl Bridenbaugh, Cidades na Selva: O Primeiro S éculo de Vida Urba

mérica 1625-1742, Nova York: Alfred A. Knopf, 1955, p. 171-172, 151, 178-179; Justin Winsor (ed.),  História Memo

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Pessoas se afogando no caminho para Roxbury: Win Sor, p. 442n.

Lojas de King Street: Michael G. Hall, O Último Americano Puritano, Middletown, CT: Imprensa da Universidade We

988, p. 338.

Carta de notícias e rede postal: Winsor, p. 388-390, 442-443; Bridenbaugh (1955), p. 180.

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Taberna Câmbio Real: Winsor, p. 499.

Loja de Faneuil: Bridenbaugh (1955), p. 185.

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Naufrágio na área de Eastham: Jeremias Digges, Piloto de Cape Cod , Provincetown, MA: Imprensa Modern Pilgrim, 1

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Lenda de Bellamy e Hallett: Digges (1936), p. 193-197. Edwin Dethlefson, Whidah: Cape Cod’s Mystery Treasure

Whidah: O Navio de Tesouro Misterioso de Cape Cod], Woodstock, VT: Biblioteca da Herança Marítima, 1984, p. 14-22

lifford, The Pirate Prince, Nova York: Simon & Schuster, 1993, p. 21-22 (traduzido para o português como O Príncipe

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7.

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41.

Histórico de Walker: CO5/1265, n. 17: Thomas Walker ao Conselho do Comércio e Plantações, Nassau: 14 de março de

raton, p. 91.

Cartas de Walker: CO5/1265, n. 16i: Thomas Walker ao coronel Nicholson, Nova Providência: 14 de março de 1715; CO5/1

7: Thomas Walker para os proprietários das Bahamas, Nova Providência: 14 de março de 1715; Bruce T. McCully, “Nic

rancis”, em O Dicionário da Biografia Canadense, CD-ROM, Toronto: Universidade de Toronto, 2000.

Cartas e marinheiros do governador da Bermuda: Pulleine ao Conselho do Comércio, 22 de abril de 1714, p. 334.

Captura de Stillwell et al . por Walker (janeiro de 1715) : Recibo de Johnathan Chace, CO5/1265, n. 17i: Thomas Walk

Archibald Hamilton, 21 de janeiro de 1715.

Aviso de um ataque espanhol : CO5/1265, n. 17v: George Hearne para Thomas Walker, Harbour Island, Bahamas: 20 de

e 1715.

Missão de Walker para Havana: CO5/1265, n. 17iii: Marquês de Cassa Torres para Thomas Walker, Havana: 15 de fever

715.

Stillwell resgatado por Hornigold: Testemunho de John Vickers, p. 141.

A família de Archibald Hamilton : Sir James Balfour Paul, Os Perages Escoceses, v. IV, Edimburgo: David Douglas (19

80-385; Kinkor (2003), p. 342-343.

Atividades jacobitas de Hamilton enquanto estava no cargo : Samuel Page para sir Gilbert Heathcote, Londres: 8 de m

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SPCS 1716-1717, n. 158xi (a), p. 83-87; Um relato da má administração na Jamaica durante o Governo do senhor Ha

amaica: início de 1716, CSPCS 1716-1717, n. 158xii, p. 88-90.

Última defesa de Hamilton: Hamilton (1718), p. 44-48.

Detalhes do  Barsheba: CO137/12, p. 16ii: Uma lista de navios encarregados pelo governador Sr. A. Hamilton, c. maio de 17

Jennings vale £400 por ano: Hamilton (1718), p. 59.

As ações do próprio Hamilton no  Barsheba: Hamilton (1718), p. 62-63, 68.

Frota do tesouro combinada de 1715: Wagner, p. 55-73; informações atualizadas sobre os nomes, o destino e a identida

avios particulares podem ser encontradas em www.1715fleet.com. A tempestade é descrita em Don Miguel de Lima y Me

uque de Linares, Havana: 19 de outubro de 1715 (calendário gregoriano), em SAT, p. 32-34.

O  último comandante Ubilla: Marion Clayton Link, O Acampamento Espanhol e a Frota de Placa de Naufrágio de

egundo rascunho corrigido, manuscrito não publicado, c. 1970, p. 2.

Tesouro no valor de 7 milhões de pesos : Walton, p. 160. Pesquisa documental por Jack Haskins e outros marinheiros s

486.066 pesos, em SAT, p. 94.

Ações dos sobreviventes: Link (c. 1970), p. 4-6; Wagner (1966), p. 60-73.

Relato no  Boston News-Letter   sobre o desastre da frota: As edições originais – do verão de 1715 – foram perdida

eferências indiretas em edições posteriores deixam claro que o naufrágio havia sido relatado.

Thomas Paine e o naufrágio: Clifford (2002), p. 108-118, 262-264.

Primeiros relatos de naufrágios na Jamaica: Hamilton (1718), p. 49.

Belcher sobre a febre de naufrágios na Jamaica: ADM 1/1471, f24: P. Balcher (capitão) para o Almirantado, HMS  D

o Nore, Inglaterra: 13 de maio de 1716.

Hamilton aborda oficiais da Marinha: Testemunho de Samuel Page, Jamaica: 15 de maio de 1716 em CSPCS 1716-1717, n

80-81.

Hamilton compra ações de corsários : Testemunho de Walter Adlington, Jamaica: 15 de maio de 1716 em CSPCS 1716-1

58vi, p. 81; Trecho de uma carta de Don Juan Francisco de Valle ao marquês de Montelon, Jamaica: 18 de março de 171

SPCS 1716-1717, n. 158i, p. 78-79.

Licenças de Hamilton: “Instruções para o Capitão Jonathan Barnet”, St. Jago de la Vega, Jamaica: 24 de novembro de

ublicado como Anexo II em Hamilton (1718), p. 72-73.

Instruções de Hamilton para enviá-los aos destroços : Antes de deixar a Jamaica, os corsários falaram abertamente qu

erdadeiro projeto eram os destroços e, dadas as ações do passado e do futuro de Hamilton, fica claro que ele estava envolv

irecioná-los para tal missão. Veja ADM 1/1471 f24, Carta de Balcher.

Catorze mergulhadores com Jennings : Testemunho de Pedro de la Vega, Havana: 13 de janeiro de 1716, em SAT, p. 112

Saveiro  Eagle: esse navio da frota de Jennings é, por vezes, identificado erroneamente como sendo comandado por Edward

ue era, na verdade, um co-proprietário da embarcação (ver ADM1/1471, f24, Carta de Balcher). O  Eagle, comandado por W

dentificado positivamente como fazendo parte da frota de Jennings nas observações para a lista de embarcações licencia

Hamilton (CO137/12, n. 16ii).

Os movimentos de Jennings em dezembro: Marquês de Cassa Torres para Archibald Hamilton, Havana: 3 de janeiro de

omo traduzido em Kinkor (2003), p. 19-20. O original está em CO137/12, n. 9.

Captura do  San Nicolas de Vari y San Joseph : Testemunho de Pedro de la Vega, p. 112-115; Testemunho de Joseph L

amaica: 21 de agosto de 1716, Ata do Conselho da Jamaica, ff. 110-111 em Kinkor (2003), p. 67.

Localização relativa dos naufrágios : Os naufrágios do Regla (Naufrágio de Cabine), Roman (de Corrigan), Carmen (Rio

Nieves  (Douglas Beach) estão mapeados em Jim Sinclair et al . , Relatório da Temporada 2001 do Projeto de Naufrág

Costa Leste da Fl órida, Sebastian, FL: Mel Fisher Center, 2002, p. 61-69. O naufrágio do Urca de Lima  está a 3 km ao n

Nieves, muitas vezes conhecido como o Naufrágio de Wedge.

Palmar de Ayz, um palmeiral índio: Link (c. 1970), p. 5.

Salmon em Palmar de Ayz : Francisco Salmon para o rei de Espanha, Palmar de Ayz: 20 de setembro de 1715, em SAT,

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arta de Don Joseph Clemente Fernandez, Palmar de Ayz: 10 de setembro de 1715, um “documento do Vaticano”, traduzido em

112-113; Marquês de Cassa Torres para Viceroy Linares do México, Havana: 12 de outubro de 1715 (calendário gregorian

AT, p. 31-32; Miguel de Lima y Melo para Duque de Linares, 19 de outubro de 1715, p. 33-35.

Tecnologia de mergulho, trabalho de mergulhadores : Kris E. Lane, Saqueando o Império: A Pirataria nas Américas

700, Armonk, NY: M.E Sharpe, 2001, p. 161-163; Link (c. 1970), p. 7; Wagner, p. 63-65. O uso de “equipamentos de mergul

nos é confirmado em GHP , p. 35.

Quantidade de tes ouro recuperado: Wagner, p. 66, a cuja estimativa deve-se acrescentar a quantidade enviada no  Mar

eclaração de Antonio Peralta, Havana: [1716?], traduzido em SAT, p. 115-116. Mais detalhes na Carta do Capitão Don Franc

oto Sanchez, Havana: 29 de outubro de 1715, traduzida em SAT, p. 102-103.

Cerca de 350 mil peças de oito no local: GHP , p. 36.

O ataque de Jennings ao acampamento espanhol: “Parte de uma carta de Don Juan Francisco del Valle ao Marq

Monteleon”, Jamaica: 18 de março de 1716 em CSPCS 1716-1717 , inciso n. 158i, p. 78-79; Testemunho de Pedro de la Vega,

14; Declaração de Antonio Peralta, p. 115-116; Link, p. 8; Testemunho de Joseph Lorrain, p. 67-68.

Presença de Vane no ataque : GHP , p. 135.

Tortura de prisioneiros espanhóis : Representação de Comerciantes contra o governador lorde A. Hamilton, Jamaica: c. m

716 em CSPCS 1716-1717 , n. 158viii, p. 82.

Gangue Voadora rejeita o Tratado de Utrecht, poupando holandeses e ingleses : “Despacho de Nova York”,  Boston

etter , 28 de maio de 1716, p. 2.

As ações de Hornigold em novembro de 1715 : Testemunho de John Vickers, p. 140-141; CO5/1265, n. 52i: Testemu

homas Walker Jr., Charlestown, SC: 6 de agosto de 1716; CO5/1265, n. 52: Thomas Walker ao Conselho do Comércio, Charle

C: agosto de 1716.

Jennings segue para Nassau a partir de destroços: Testemunho de Joseph Lorrain, Jamaica: 21 de agosto de 1716,

onselho da Jamaica, ff. 110-111 em Kinkor (2003), p. 67-68.

Capítulo cinco: Reunião de piratas

A casa da Praça da Rainha é transferida: Little, p. 169-170.

Alegação de £3 milhões : Little, p. 168.

Creagh liberta homens recrutados à força: Jones, p. 19.

Creagh vs. Rogers: Jones, p. 19-22. Caixas dos documentos originais do julgamento sobreviveram e podem ser encontrad

Arquivos Nacionais Britânicos, C104/160.

Nascimento e morte de Woodes Rogers IV: Powell, p. 103.

Tamanho do   Delícia: CO23/1, n. 31: “Memorial dos Coparceiros para exercer atividades Comerciais e Colonizar as Ilh

ahamas”, Londres: 19 de maio de 1721. CO5/1265, n. 76ii: a proposta de Woodes Rogers aos proprietários das Bahamas, 1717Velha Casa da Índia Oriental : John Rocque, Londres, Westminster, Southwark, Primeira Edição, Mapa, 1746, Folha E2, S

Uma Vista da Velha Casa da Índia Oriental”, gravura, 1784, Biblioteca Britânica, prateleira numerada P2167; Um Passeio Por

Ilha…, p. 132-149.

A chegada de Rogers a Madagascar : Manwaring, p. 124; Little, 172. Ambos os relatos extraem documentos no Departam

Arquivos, Casas do Parlamento, Cidade do Cabo, África do Sul.

Experiências com os piratas de Madagascar: GHP , p. 58-62. Uma leitura cuidadosa do GHP  deixa claro que o autor d

onhecido Rogers e o entrevistado em detalhes para a preparação de seu livro. Os fatos que ele apresenta em relação a Mada

e encaixam perfeitamente com outras provas documentais, especialmente o interesse imediato de Rogers na aquisição de escra

O custo relativo de escravos malgaxes : Virgínia Bever Platt, “A Companhia das Índias Orientais e o Comércio de EscraMadagascar”, William & Mary Quarterly, 3ª série, v. 26, n. 4 (outubro de 1969), p. 549.

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O navio holandês  Schoonouwen: Manwaring, p. 124.

Plano abortado dos piratas para tomar o   Delícia: GHP, p. 62.

O pedido dos piratas de Madagascar à rainha Anne : Little, p. 172; Manwaring, p. 124.

Condições em navios negreiros em meados de 1700: Malcolm Cowley e Daniel P. Mannix, “A Passagem do Meio”, em

Northup (ed.), O Comércio de Escravos no Atlântico , Lexington, MA: D.C. Heath & Co., 1994, p. 103; Wilem B

Negociação na Costa dos Escravos, 1700”, em Idem, p. 71-75; Passagem de Prisioneiros: O Comércio Transatlânt

scravos e a Criação das Américas, Washington: Imprensa do Smithsonian Institution, 2002, p. 77-87.

O caminho de Sumatra na viagem de Rogers : Little, p. 172.

Jennings em Nassau, dividindo saque : Testemunho de Joseph Lorrain, Jamaica: 21 de agosto de 1716, Ata do Conseamaica, ff. 110-111, em Kinkor (2003), p. 68.

Je nnings toma o saveiro de Hornigold: Testemunho de John Vickers, p. 140.

O aviso prévio de Casa de Torres : Marquês de Cassa Torres para Archibald Hamilton, Havana: 3 de janeiro de 1716, tra

m Kinkor (2003), p. 19-20.

Cubanos seguem Jennings até a Jamaica: Alexandre O. Exquemelin,  A História dos Bucaneiros da América,   v. I,

ondres: T. Evans, 1771, p. 6.

Notícias da revolta de 1715: Boston News-Letter , 25 de dezembro de 1716, p. 1-2; “Despachos de Edimburgo em 21 e

etembro”, Boston News-Letter , 23 de janeiro de 1716, p. 1.

Tesouros trazidos por Jennings para a costa da Jamaica: Testemunho de Joseph Lorrain, Jamaica: 21 de agosto de 17

o Conselho da Jamaica, ff. 110-111 em Kinkor (2003), p. 68.

Citação de Hamilton sobre tesouro: Hamilton (1718), p. 62; CO137/12 n. 16ii: Lista de Navios Licenciados pelo governa

A. Hamilton, Jamaica: c. 15 de maio de 1716.

Hamilton assina os papéis de partida de Je nnings (laissez-passe): Hamilton (1718), p. 57-58.

Partida de Jennings, consortes, tripulação para a viagem de março : Testemunho de Samuel Liddell, Jamaica: 7 de ag

716, Ata do Conselho da Jamaica, pp. 49-50, em Kinkor (2003), p. 56-57; Testemunho de Allen Bernard, Jamaica: 10 de ago

716, Ata do Conselho da Jamaica, pp. 63-68, em Kinkor (2003), p. 58-62.

Saveiro de Carnegie chamado  Discovery: Isso foi confirmado em Uma Proclamação Relacionada aos Piratas, Jamaica

gosto de 1716, Ata do Conselho da Jamaica, pp. 153-155 em Kinkor (2003), p. 70.

Ingleses em Palmar de Ayz (janeiro de 1716) : Capitão Ayala Escobar para o governador Torres y Ayala, Palmar de

lorida: 4 de fevereiro de 1716 traduzido em SAT, p. 56, 69.

Montante levado por bandidos nesse período: Escobar para Cassa Torres, Palmar de Ayz, Florida: 9 de fevereiro de

aduzido em SAT, p. 56, 69.

Dispersos pelos e spanhóis e m feve reiro de 1716: Idem, p. 69.

Baymen: Emory King, A Grande História de Belize, vol. I, Cidade de Belize, Belize: Livros Tropicais, 1999, p. 6-8; “Despa

hode Island, 16 de setembro”, Boston News-Letter , 12 de setembro de 1715, p. 2, “Despacho de Nova York, 3 de outubro,”  

News-Letter , 3 de outubro de 1715, p. 2.

“Um marinheiro”: Testemunho de Allen Bernard.

Captura do navio de Cornelison: TEP , p. 1, 24.

Captura do navio de Young : Testemunho de Allen Bernard; CO137/12, n. 411i: Testemunho de Joseph Eeels, Port

amaica: 3 de dezembro de 1716.

Bellamy e Williams fogem do navio de Young : Testemunho de Allen Bernard.

Jennings na baía Honda: Testemunho de Allen Bernard; Testemunho de Joseph Eeels; Testemunho de Samuel Liddell.

Detalhes do  St. Marie: CO137/12, n. 21ii: Le Comte de Blenac (governador de São Domingos) para Archibald Hamilton, L

Haiti: 18 de julho de 1716; Memorial de Monsr. Moret, Jamaica: c. agosto de 1716, Ata do Conselho da Jamaica, pp. 17-23, em

2003), p. 48-50.

Be llamy e Williams chegam à baía Honda: Testemunho de Joseph Eeels; Testemunho de John Cockrane, Jamaica: 10 de

e 1716, Ata do Conselho da Jamaica, pp. 68-69, em Kinkor (2003), p. 62-63.

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Bellamy e Williams nus : Testemunho de Allen Bernard, p. 59.

Re lato do ataque e m  St. Marie: Idem, p. 60; Testemunho de Samuel Liddell.

St. Marie vale 700.000 libras: Comte de Blenac para Hamilton, 18 de julho de 1716.

Carta de Escoubet: “Trecho de uma carta do capitão Escoubet ao Senhor Hamilton”, Bay Honda, Cuba: c. 4 de abril de 171

o Conselho da Jamaica, pp. 17-23, em Kinkor (2003), p. 50-51.

Condições em Nassau no inverno de 1716: Testemunho de John Vickers, p. 140-141.

Os ataques de Fernandez aos naufrágios, o tempo em Nassau: Testemunho de Bartolome Carpenter, Havana: 24 de ju

716, traduzido em SAT, p. 117-119; Testemunho de John Vickers, p. 141.

Autoridade, eleiçõe s, partilha de saque em navios piratas: Rediker (2004), p. 61-71.Marianne descrito: Comte de Blenac para Hamilton, 18 de julho de 1716.

Be llamy e Williams roubam o  St. Marie: Testemunho de Joseph Eeels; testemunho de Allen Bernard.

Jennings ateia fogo ao saveiro, “cortar em pedaços” a pirágua: Testemunho de Joseph Eeels.

Bellamy e Williams se juntam a Hornigold: TEP , p. 24.

Captura do navio de lenha inglês : Idem, p. 23.

Captura de bergantins espanhóis, querenando na Ilha Piños : Idem

Decisão de navegar o  Benjamin para Nassau: “Despacho de Nova York, 31 de maio”  Boston News-Letter , 21 de maio d

2.

Comportamento de Je nnings, tripulações em Nassau: Testemunho de Allen Bernard; testemunho de Joseph Eeels.A propriedade do   Dolphin: É quase certo que esse é o saveiro de mesmo nome, das Bahamas, que passou pela alfând

arolina do Sul entre o início de maio e o final de julho de 1717. CO5/508: A navegação da Carolina do Sul retorna 1716-1717, p

O segundo ataque de Jennings aos destroços : “Despacho de Nova York, 31 de maio”,  Boston News-Letter , 21 de m

716, p. 2; Testemunho de John Cockrane.

Escravos fugindo para as Bahamas: Hugo Prosper Leaming, Americanos Escondidos: Quilombolas da Virg ínia

Carolinas, Nova York: Garland Publishing, 1995, p. 128-129; Frank Sherry,  Assaltantes e Rebeldes: A Era de Ouro da Pir

Nova York: William Morrow, 1986, p. 212-213.

James e Anne Bonny: GHP , p. 623-624.

Atividades de Thomas Barrow: Testemunho de John Vickers, p. 141.Sindicato de Thompson e Cockram, outros comerciantes : CO5/508: A navegação da Carolina do Sul retorna 1716-1717

0, 23; CO142/14: A navegação da Jamaica retorna 1713-1719, p. 70. Para uma referência geral aos comerciantes ilegais em N

eja CO5/1265, n. 52: Thomas Walker para o Conselho do Comércio e Plantações, Charlestown, SC: agosto de 1716

ublicado em CSPCS 1716-1717, item 328, p. 176-177).

Citação sobre a importância dos comerciantes: CO23/1, n. 12i, Sr. Gale para Thomas Pitt, Carolina do Sul: 4 de novem

718.

Homens de Jennings na ilha: Por exemplo, Capitão Forbes, em Alexander Spotswood para Lordes de Comércio, Virgíni

lho de 1716, em Brock (1882), p. 170-171.

Benjamin vendido para Perrin: Testemunho de Robert Daniell, Charlestown, SC: 14 de julho de 1716 em CSPCS 1716-167, p. 149-150.

Walker sobre perda do  Benjamin: Thomas Walker para o Conselho do Comércio, agosto de 1716.

Walker foge : Idem

Mais notícias sobre a rebelião jacobita atinge as Américas : “Notícias via Barbados e Rhode Island”, Boston News-Le

e março de 1716, p. 1; “Despacho de Whitehall, 16 de novembro”,  Boston News-Letter , 12 de março de 1716, p. 1, “Despa

Nova York, 12 de março”, Boston News-Letter , 12 de março de 1716, p. 2; “Despacho de Whitehall, 10 de dezembro”,  Boston

etter , 30 de abril de 1717, p. 1.

Reclamações dos oficiais contra Hamilton: CSPCS 1716-1717, n. 158i-XV, p. 77-90.

Reclamações diplomáticas contra os corsários de Hamilton: CSPCS 1716-1717, itens 158i, iii, p. 77-90. CO137/12, Michon para governador Hamilton, Leogane, Haiti: 18 de junho de 1716; Comte de Blenac para governador Hamilton, Leogane

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nho de 1716; CO137/12, n. 21IV: Comte de Blanc para governador Hamilton, Leogane: 25 de julho de 1716; Memorial do

Moret.

Manifesto, rota do  St. Marie: TEP , p. 18, 23.

Re moção de Hamilton: General Heywood para o Conselho do Comércio, Jamaica: 11 de agosto de 1716 em CSPCS 1716-1

08, p. 163-165; Esquema da Licença de H.M. revogando a licença do governador Sr. A. Hamilton em CSPCS 1716-1717, n. 1

1.

Jennings sobre o cordeiro no final de agosto: Archibald Hamilton para o Governador no Conselho, Jamaica: 24 de ag

716, Ata do Conselho da Jamaica, p. 126 em Kinkor (2003), p. 69-70.

Proclamação real contra os piratas : Uma proclamação relacionada aos Piratas, Jamaica: 30 de agosto de 1716, Ata do Co

a Jamaica, pp. 153-155 em Kinkor (2003), p. 70-71.

Capítulo seis: Irmãos dos mares

Membros, composição da tripulação de Bellamy: TEP , p. 23, 25; CO5/1318, n. 16ii: Informações de Andrew Turbett e

Gilmore, Williamsburg, Virgínia: 17 de abril de 1717; CO137/11, n. 45iii: testemunho de Abijah Savage, Antígua: 30 de novem

716.A captura de Bellamy e La Buse em junho-julho de 1716 : Exame de Richard Caverley, Nova York: 15 de junho de

egistros do Tribunal de Vice-Almirantado da Província de Nova York 1685-1838,   como aparece em Kinkor (2003),

xame de Jeremiah Higgins, Nova York: 22 de junho de 1717,  Registros do Tribunal de Vice-Almirantado da Província de

ork 1685-1838, como aparece em Kinkor (2003), p. 154.

Hornigold deposto como comodoro: TEP , p. 23; Exame de Jeremiah Higgins, p. 154.

As menores capturas de Bellamy e La Buse c. agosto de 1716 : Exame de Jeremiah Higgins, p. 154-155.

Batalha com o navio francês : Idem, p. 154; Exame de Richard Caverley, p. 151.

Capturas nas Ilhas Virgens : TEP , p. 23.

Recrutar à força solteiros, deixar casados livres : Idem, p. 25.Captura do  Bonetta, as intenções de Be llamy de capturar navios : Testemunho de Abijah Savage; a bandeira com “a cab

morte” descrita: testemunho de Thomas Baker em TEP , p. 24.

Wickham, um plantador de Antígua: Testamento de John McLester, Antígua: 9 de dezembro de 1730, no Livro ROE, Caix

676-1739 Item n. 1, LDS Film 1855671.

St. Croix: querenando, fugitivos, Hoff chicoteado: TEP , p. 24-25; testemunho de Abijah Savage.

Homens de Robin Hood: TEP , p. 11.

Menino índio, escravo negro e John King levado por piratas : Testemunho de Abijah Savage; Michael Levinson, “Res

dentificados como um menino pirata”, Boston Globe, 2 de junho de 2006; Thomas H. Maugh II, “Uma Vida de Pirata para Ele

Anos”, Los Angeles Times, 1º de junho de 2006. (Kenneth Kinkor do Museu da Expedição do Whydah atribuiu um osso enco naufrágio do Whydah – uma fíbula calçada com um sapato e uma meia cara – a John King; arqueólogos dizem que pert

ma criança entre oito e onze anos de idade).

Captura do  Sultana: Exame de Jeremiah Higgins, p. 155; Exame de Richard Caverley, p. 151.

“Choros e aflição” de homens capturados : TEP , p. 25.

A carta de Walter Hamilton para Barbados : Walter Hamilton ao Conselho do Comércio e Plantações, Antígua: 14 de dez

e 1717, CSPCS 1716-1717, n. 425, p. 230. Savage chegou a Antígua em 30 de novembro.

Saveiros frances es capturados : Walter Hamilton ao Conselho do Comércio, 14 de dezembro de 1717, p. 230.

Eventos e m La Blanquilla: Idem, p. 18-19.

O armamento do  Marianne aumentou para 14 canhões: Walter Hamilton ao Conselho do Comércio, 14 de dezembro de 130.

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Plano final para capturar navio maior: TEP , p. 24.

Localização e práticas de tesouro: Idem p. 24.

Temperatura do dia a dia nas Ilhas Windward (dezembro de 1716 – janeiro de 1717) : ADM 51/865: Os diários de bo

HMS Scarborough, entradas de 1º de dezembro de 1716 a 31 de janeiro de 1717.

Tempes tade, ancorando em St. Croix: TEP , p. 25.

Detalhes da batalha, naufrágios piratas em St. Croix: ADM 1/1689 f5: Um Inventário de Vários Bens Levados dos Pira

t. Cruze pelo Navio de Sua Majestade Scarborough, c. Verão de 1717; ADM 51/865: entradas de 16 – 22 de janeiro de 1717

36; Walter Hamilton ao Conselho do Comércio e Plantações, Antígua: 1º de março de 1717 em CSPCS 1716-1717, item

GHP , p. 65-69.Fontes sobre negros em navios negreiros e navios piratas : Kenneth J. Kinkor, “Homens Negros sob a Bandeira Neg

.R. Pennell, Bandidos no Mar: Um Leitor de Piratas, Nova York: Imprensa da Universidade de Nova York, 2001, p. 200-20

Descrição da Spanish Town, população : Lista de habitantes tributáveis de Spanish Town, Spanish Town, Virgin Gorda: c

ovembro de 1716 em CSPCS 1716-1717, n. 425iv, p. 231; vice-governador Hornby para Walter Hamilton, Spanish Town,

Gorda: 15 de novembro de 1716 em CSPCS 1716-1717, n. 425v, p. 231; Capitão Candler (HMS Winchlsea) ao Secretário B

2 de maio de 1717 em CSPCS 1716-1717, n. 639i, p. 339-340.

Bellamy em Spanish Town: Capitão Candler para Burchett, p. 340; TEP , p. 11, 25.

Lawrence Prince e o Whydah: CO142/14: A Navegação da Jamaica Retorna, “Um relato dos bens exportados da Ilha de J

esde o 29º dia de setembro de 1713 e o 25º dia de março de 1715 e dos bens e Negros Importados, Kingston”, n. 58; Exeremiah Higgins, p. 155; Exame de Richard Caverley, p. 151; T70/19, n. 63, Carta de David Welsh para a Companhia Real da

orte Williams, Whydah, Gana: 22 de fevereiro de 1717, como impresso em Kinkor (2003), p. 89; Donovan Webster, “Pira

Whydah”, National Geographic, maio de 1999: “Proclamação do Governador Samuel Shute”, Boston News-Letter , 13 de m

717, p. 1.

Canhões de popa disparados contra o   Marianne: TEP , p. 23.

Armas dos Piratas : “Manifesto de artefatos recuperados do navio pirata Whydah”, em Barry Clifford, O Príncipe Pirata

York: Simon & Schuster, 1993, p. 207-208 (em armamento); entrevista ao autor, Kenneth J. Kinkor, Provincetown, MA: 15 de

e 2005.

Navio espanhol capturado usado como navio de guarda: Matthew Musson ao Conselho do Comércio e Plantações, Lon

e julho de 1717, em CSPCS 1716-1717, n. 635, p. 338; Peter Heywood ao Conselho do Comércio e Plantações, Jamaica

ezembro de 1716 em CSPCS 1716-1717, n. 411, p. 213.

Captura de um dos navios enviados para “desalojar” os piratas : CO23/1, n. 31: Memorial dos coparceiros para

tividades Comerciais e Colonizar as Ilhas das Bahamas, Londres: 19 de maio de 1721. Esse era o Sarah, capitão William Tayl

artiu com o Samuel , capitão Edward Hampton. Samuel Buck era o proprietário principal de ambos os navios.

Bahamas como santuário para mulatos e escravos fugitivos : Hugo Prosper Leaming, Americanos Escondidos: Quilo

a Virgínia e das Carolinas, Nova York: Garland Publishing, 1995, p. 128-129.

Governador das Be rmudas s obre escravos e piratas: Bennett ao Conselho do Comércio, 31 de maio de 1718, p. 261.

He nry Jennings (março de 1717): Matthew Musson ao Conselho do Comércio, 5 de julho de 1717, p. 338.

O incidente do galeão de Jennings e Hamilton: “Despacho de Nova York, 29 de outubro”,  Boston News-Letter , 29 de

e 1716, p. 2.

Abaco, Harbour Island (março de 1717): Idem; Conselho do Comércio e Plantações ao Secretário Joseph Addison, Wh

ondres: 31 de maio de 1717 em CSPCS 1716-1717, n. 596, p. 321.

Primeiro comando de Thatch: “Despacho de Nova York”, Boston News-Letter , 29 de outubro de 1716, p. 2; GHP , p. 71.

Aparência de Thatch (c. 1717): GHP , p. 84-85.

Thatch como um mulato: Leaming, p. 125.

Possíveis rivais de Hornigold: Musson ao Conselho do Comércio, 5 de julho de 1717, p. 338. O papel de Vane é imagi

artir de seu comportamento subsequente e do conhecimento de que ele passou a maior parte de 1717 gastando os frutos

iratarias passadas, como observado no GHP .

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Mulato doente e tomada de John Howell: CO23/1, n. 42iii: Ata do Conselho das Bahamas (Julgamento de John H

Nassau: 22 de dezembro de 1721.

Captura do  Bonnet ,  Revenge: Depoimento de Robert Brown em CO23/1, n. 42iii; Bennett ao Conselho do Comércio e Plan

ermuda: 30 de julho de 1717 em CSPCS 1716-1717, n. 677, p. 360.

Biografia de Hans Sloane : Arthur MacGregor, “sir Hans Sloane (1660-1753)”, em  Dicionário de Biografia Nacio

Oxford , Oxford, UK: Imprensa da Universidade de Oxford, 2004.

Carta de Rogers para Hans Sloane : Museu Britânico, Coleção de Sloane, MS n. 4044, p. 155 como impressa em Man

935), p. 125.

Contato com o S.P.C.K.: Little, p. 173.Esquema de Madagascar descartado pela Companhia das Índias Orientais : Uma teoria totalmente crível desenvolv

ittle, p. 174.

Swift  teme captura por piratas : General Peter Heywood ao Conselho do Comércio e Plantações, Jamaica: 3 de dezembro d

m CSPCS 1716-1717, n. 411, p. 212.

Seaford  teme captura por Bellamy: Walter Hamilton ao Conselho do Comércio e Plantações, Antígua: 15 de maio de 17

SPCS 1716-1717, n. 568, p. 300.

Especificações  Swift ,  Seaford  (em notas): Lyon, p. 28, 32.

Carta dos diplomatas de Addison: Conselho do Comércio e Plantações ao Secretário Joseph Addison, Whitehall, Londres

maio de 1717, em CSPCS 1716-1717, n. 596, p. 321.Copartners e Samuel Buck : CO23/1, n. 31: Memorial dos Coparceiros para exercer atividades Comerciais e Colonizar a

as Bahamas, Londres: 19 de maio de 1721; Little, p. 180.

Petições ao rei: CO5/1265, n. 76iii: Petição & Proposta de Woodes Rogers para o rei para governar as Ilhas das Ba

ondres: c. julho de 1717, CO5/1265, n. 76iv: Petição dos Comerciantes ao rei de 1717; CO5/1265, n. 76v: Memorial de Comer

iversos de Joseph Addison, 1717; CO5/1265, n. 76vii: Petição dos Comerciantes de Bristol ao rei, Bristol: 1717.

Petição ao rei e sua decisão: “Carta do Secretário Joseph Addison ao Conselho do Comércio e Plantações”, Whitehall, Lon

e setembro de 1717 em CSPCS 1717-1718, n. 64, p. 25.

Argumentos para senhores proprietários : CO5/1265, n. 76ii: A proposta de Woodes Rogers aos Senhores Proprietári

ahamas, 1717; Little, p. 179-180; Carta de Richard Shelton para Sr. Popple, Londres: 6 de novembro de 1717, em CSPCS 171

183, p. 97; Cópia da Renúncia do direito de governo civil e militar dos Senhores Proprietários das Ilhas das Bahamas

ondres: 28 de outubro de 1717 em CSPCS 1717-1718, n. 176, p. 85-87.

Compras para a expedição: “Memorial dos Coparceiros…”

Documento dos senhores proprietários completo: “Cópia da renúncia…”, p. 85-87.

Palácio de St. James descrito: John Roque, Londres, Westminster e Southwark , Mapa, primeira edição, 1746, Folha B2, s

homas Bowles, Uma Vista do Palácio de St. James, Pall Mall & etc., Gravura, 1763.

As instruções do rei para Rogers : A licença de Sua Majestade para Woodes Rogers ser o governador das Ilhas das Ba

ribunal de St. James, Londres: 16 de janeiro de 1718, em CSPCS 1717-1718, n. 220i, p. 110-112; As Instruções de Sua Majest

overnador Woodes Rogers, Londres, 16 de janeiro de 1718, em CSPCS 1717-1718, n. 220ii, p. 112-113.

Capítulo sete: Bellamy

aque do Whydah, tratamento do capitão Prince : TEP , p. 23-24.

Observações de Peter Hoff : Idem, p. 25.

Cargas para Prince carregadas : Idem, p. 25.

Captura da fragata Tanner : Idem, p. 11, 23, 25.

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Condição, descrição do  Marianne (c. abril de 1717): CO5/1318, n. 16iii: testemunho de John Lucas para John Hart, An

MD: 13 de abril de 1717; CO5/1318, n. 16iv: testemunho de Joseph Jacob para John Hart, Annapolis, MD: 13 abril de 1717.

Captura do saveiro de Beer: “Despacho de Rhode Island, 3 de maio”, Boston News-Letter , 6 de maio de 1717, p. 2.

O discurso de Bellamy para Beer: GHP , p. 587.

Marianne, Whydah separados na névoa: TEP , p. 23; Exame de Richard Caverley, p. 151.

Captura do  Agnes,  Endeavor ,  Ann Galley: TEP , p. 16, 23-24; CO5/1318 n. 16ii: testemunho de Andrew Turbett, Williamsbur

7 de abril de 1717.

Aparição de William: Testemunho de John Lucas.

Captura do Tryal : Testemunho de John Lucas; testemunho de Joseph Jacob.HMS  Shoreham: ADM51/4341 pt 6: Diário de bordo do Shoreham, Lyon, p. 26.

Piratas   à procura do  Shoreham, tentativas de captura em 13 de abril: CO5/1318 n. 4: Carta anônima ao Conse

omércio e Plantações, Rappahannock, VA: 15 de abril de 1717.

Navegações para Block Island: Exame de Richard Caverley, p. 151; Exame de Jeremiah Higgins, p. 155.

Rhode Island descrita: Bridenbaugh, p. 149, 153-154; J. A. Doyle, Colônias Inglesas na América, Volume V: As Colôni

Casa de Hanover , Nova York: Henry Holt & Co., 1907, p. 18.

Ilha Gardiner: Zacks, p. 235-237, 241-242; Robert F. Worth, “Robert D. L. Gardiner, 93, Senhor do Sua Própria Ilha, Morre”

ork Times , 24 de agosto de 2004; Guy Trebay, “O Último Senhor da Ilha Gardiner”,  New York Times , 29 de agosto d

Despacho de Nova York, 19 de abril”, Boston News-Letter , 5 de maio de 1717, p. 2.Captura do  Mary Anne: Testemunho de Thomas Fitzgerald e Alexander Mackonochie, Boston: 6 de maio de 1717, em Jame

96-297; TEP , p. 9.

Caminho definido para Cape Cod: Idem.

Captura do Fisher : Testemunho de Ralph Merry e Samuel Roberts, Boston: 16 de maio de 1717, em Jameson, p. 301-302.

Luzes colocadas à popa, proceder em direção ao norte : Idem; testemunho de Thomas Fitzgerald e Alexander Macko

EP , p. 9.

Eventos no  Mary Anne: TEP , p. 9-11; Testemunho de Thomas Fitzgerald e Alexander Mackonochie, p. 301-302.

Eventos no  Ann Galley e  Fisher : Testemunho de Ralph Merry e Samuel Roberts, p. 301-302.

Eventos no  Whydah: TEP , p. 24; Cyprian Southack ao governador Shute, Eastham, MA: 8 de maio de 1717, ArquiMassachusetts item 51: 289, 289a, como impresso em Kinkor (2003), p. 121-122; Cyprian Southack ao governador

rovincetown, MA: 5 de maio de 1717, Arquivos de Massachusetts item 51: 287, 287a, como impresso em Kinkor (2003), p. 10

oronel Buffett ao governador Shute no semanário Boston News-Letter , 29 de abril de 1717, p. 2; entrevista ao autor, Ken

Kinkor.

De stino dos piratas do  Mary Anne: TEP , p. 9; testemunho de Thomas Fitzgerald e Alexander Mackonochie.

De stino dos piratas do  Ann Galley e do Fisher : Testemunho de Ralph Merry e Samuel Roberts, p. 301-302.

Thomas Davis e os vagabundos de Eastham: Cyprian Southack ao governador Shute, 8 de maio de 1717; Cyprian South

overnador Shute, 5 de maio de 1717.

Captura do saveiro de Connecticut: Testemunho de Edward Sargeant, Nova York: 3 de junho de 1717,  Registros do Tre Vice-Almirantado da Província de Nova York 1685-1838 , n. 36-3, como impresso em Kinkor (2003), p. 147-148; Ex

ichard Caverley, p. 151.

Capturas na costa de Martha’s Vinyard: “Despacho de Nova Londres, 10 de maio”, Boston News-Letter , 13 de maio de 1

; testemunho de Zacarias Hill, Boston: 11 de maio de 1717, Documentos do Tribunal de Suffolk nos Arquivos de Massachus

1945, como impresso em Kinkor (2003), p. 127.

Captura do  Elizabeth: Testemunho de Paul Mansfield, Salem, MA: 25 de maio de 1717, em Documentos do Tribunal de Suff

Arquivos de Massachusetts, p. 11945, como impresso em Kinkor (2003), p. 136.

Dominicus Jordan e Cape Elizabeth: John Lane para governador Shute, Winter Harbor [Falmouth], ME: 19 de maio de 17

ames Phinney Baxter (ed.), História Documental do Estado do Maine, v. IX, Portland, ME: Lafavor-Tower Co., 1907,

ristram Frost Jordan, O Memorial Jordan , Somersworth, MA: Imprensa da História de New England, 1982, p. 13

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estemunho de Paul Mansfield; “Despacho de Piscataqua, 24 de maio”; Boston News-Letter , 27 de maio de 1717, p. 2.

Williams em Damariscove : Testemunho de Paul Mansfield, “Despacho de Piscataqua, 24 de maio”,  Boston News-Letter

maio de 1717, p. 2.

Williams fica sabendo do desastre do Whydah: Testemunho de Samuel Skinner, Salem, MA: 26 de maio de 1717, Docu

o Tribunal de Suffolk nos Arquivos de Massachusetts, p. 11945, como impresso em Kinkor (2003), p. 138.

Ações de Shute : “Notícias de Boston, 27 de maio,” Boston News-Letter , 27 de maio de 1717, p. 1; Mandado do governado

ara o xerife do Condado de Barnstable, Boston: 29 de abril de 1717, Sociedade Histórica de Massachusetts, Coleção Belkna

61.A.22, como impresso em Kinkor (2003), p. 102.

Movimentos do  Rose e o recrutamento forçado de bostonianos : ADM51/801: Diário de bordo do Rose; Ação do T

Geral de Massachusetts, Boston: 11 de junho de 1717, Registros do Tribunal de Massachusetts, 21 de junho de 1706 a 11 de nov

e 1720, p. 144, como impresso em Kinkor (2003), p. 150.

Capítulo oito: Barba Negra

O navio e os planos de La Buse : “Despacho de Piscataqua, 19 de julho”, Boston News-Letter , 22 de julho de 1717, p. 2.

Viagem de Barba Negra e Hornigold na primavera de 1717 : “Despacho de Nova York, 29 de julho”,  Boston News-Lettegosto de 1717, p. 2; isso parece ter sido fonte para um relato inferior em GHP , p. 71.

Ataques de Williams e Noland ao longo da costa: “Despacho da Filadélfia, 20 de junho”, Boston News-Letter , 1º de j

717, p. 2, “Despacho de Nova York, 17 de junho”,  Boston News-Letter , 24 de junho de 1717, p. 2; “Despacho de Nova Yor

nho”, Boston News-Letter , 9 de junho de 1717, p. 2.

Antecedentes dos familiares de Stede Bonnet: Paróquia de St. Michael: v. 1A-2A batismos, enterros 1648-1739, R

aroquiais de Barbados, Série A, 1637-1680, microfilme, Salt Lake City, Utah: Sociedade Genealógica de Utah, 1978, Lote M5

onte 1157923; Joanne McRee Sanders,  Registros de Barbados : Testamentos e Administrações , Volume I : 1639-1680, Ma

WI: Publicações Históricas Sanders, 1979, p. 37-38; Lindley S. Butler,  Piratas, Corsários & Assaltantes Rebeldes da Co

Carolina, Chapel Hill, NC, Imprensa da Universidade da Carolina do Norte, 2000, p. 54-55.lantação de Bonnet: Richard Ford, Um Novo Mapa da Ilha de Barbados, Mapa, 1674, como detalhado em Dunn, p. 94.

O início da vida de Bonnet, posição social, doença mental: GHP , p. 95; John Camden Hotten (ed.), As Listas Origina

essoas de Qualidade, Nova York: G.A. Baker & Co, 1931, p. 451.

Tripulação de Bonnet, biblioteca, presença dos escoceses : GHP , p. 104.

Conexões de Charlestown e Barbados: Bridenbaugh, p. 150n.

Charlestown e Carolina do Sul descritos : John Lawson, Uma Nova Viagem à Carolina, originalmente publicado em 1709,

Hill, NC: Universidade da Carolina do Norte, 1967, p. 13-14; Bridenbaugh, p. 143, 150-151; Doyle, p. 46-48.

Carolina do Norte descrita: Doyle, p. 46, 48.

Capturas na costa do banco de areia de Charlestown: “Por cartas da Carolina do Sul, 22 de setembro”, Boston News-Lee outubro de 1717, p. 2; GHP , p. 96.

Divergência entre a tripulação de partida da Carolina do Norte: GHP , p. 96.

Encontro com o navio de guerra espanhol: “Despacho da Filadélfia, 24 de outubro”, Boston News-Letter , 11 de novem

717, p. 2.

Preparações Hornigolds para viajar: CO23/1: Julgamento de William Howell, Ata do Conselho das Bahamas, Nassau:

ezembro de 1721.

Primeiro nome de Bondavais : GHP , p. 637.

Roupa e livros de Bonnet: “Despacho da Filadélfia, 24 de outubro”, Boston News-Letter , 11 de novembro de 1717, p. 2.

Aparecimento de Barba Negra em batalha: GHP , p. 84-85.Captura, afundamento do  Betty: acusação de William Howard, Williamsburg, VA : 29 de outubro de 1718, em Lee,

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O5/1442: Vinhos importados e exportados de Madera, março de 1716 a março de 1717. (Esse último contém numerosas refe

o Betty, que regularmente fazia o transporte de vinho; coincidentemente, ele era geralmente capitaneado por John Perrin, o

ue comprou o saveiro de Hornigold).

Condições a bordo de navios imigrantes : Gottleib Mittelberger, citado em sua viagem da Europa para a Filadélfia em 17

ohn Duffy, “A Viagem para as Colônias”, Análise Hist órica de Mississippi, v. 38, n. 1 (junho de 1951), p. 23.

Capturas de Barba Negra, atividades ao largo da costa do meio do Atlântico: ADM 1/1472, f11 : Ellis Brand

Almirantado, Lyme, Rio Elizabeth, VA: 4 de dezembro de 1717; “Despacho da Filadélfia, 24 de outubro”,  Boston News-Letter

ovembro de 1717, p. 2; “Despacho de Nova York, 28 de outubro”,  Boston News-Letter , 11 de novembro de 1717, p. 2; “De

a Filadélfia, 31 de outubro”, Boston News-Letter , 11 de novembro de 1717, p. 2; “Despacho de Nova York, 4 de novembro”,  

News-Letter , 11 de novembro de 1717, p. 2; Acusação de William Howard, p. 102.

O que os homens de Barba Negra disseram aos prisioneiros : “Despacho da Filadélfia, 24 de outubro”, Boston News

1 de novembro de 1717, p. 2; “Despacho da Filadélfia, 31 de outubro”,  Boston News-Letter , 11 de novembro de 1717, p. 2.

O que Barba Negra aprendeu com os prisioneiros : Nos navios de Madera, “Despacho da Filadélfia, 24 de outubro”, 

News-Letter , 11 de novembro de 1717, p. 2.

A decisão do rei de reprimir os piratas: “Despacho de Whitehall, 15 de setembro”, Gazeta de Londres, 17 de setembro d

1.

Disposições dos navios da Marinha Real nas Américas: “Uma Lista dos Navios e Embarcações de Sua Majestade Utili

Serem Utilizados, nos Governos e Plantações Britânicas nas Índias Ocidentais”, Gazeta de Londres, 17 de setembro de 1717

B arba Negra visto na costa de Long Island: “Despacho de Nova York, 28 de outubro”, Boston News-Letter , 11 de novem

717, p. 2.

Atividades prováveis de Hornigold em outubro e novembro de 1717 : “Despacho da Filadélfia, 10 de dezembro”, 

News-Letter , 6 de janeiro de 1718, p. 2; “Despacho da Filadélfia, 14 de novembro”,  Boston News-Letter , 25 de novembro de 1

Navios, armamento, tamanho da tripulação de Barba Negra: David D. Moore e Mike Daniel, “A Captura do Navio de E

e Nantaise La Concorde   por Barba Negra”, Tributários, outubro de 2001, p. 24-25. Moore e Daniel mencionam e

ocumentos franceses no Centre des Archives d’Outre Mer, em Aix-en-Provence, França.

Data da batalha de Barba Negra contra o  La Concorde: Depoimentos de Pierre Dosset e François Ernaud, como relata

Moore e Daniel (2001), p. 24.

Descrição do  La Concorde e captura por Barba Negra: Moore e Daniel (2001), p. 18-19, 24; Richard W. Lawrence

Wilde-Ramsing, “À Procura de Barba Negra: Pesquisa Histórica e Arqueológica de Local de Naufrágio 0003BUI”, Geolo

udeste, v. 40, n. 1 (fevereiro de 2001), p. 2; Bulter, p. 34; entrevista ao autor, David Moore, Museu Marítimo da Carolina do

eaufort, NC: 17 de abril de 2005.

Bequia e Garífuna descritas: “Ata da Assembleia… com vista a determinar as medidas necessárias para destruir os Car

t. Vicent e Dominica”, Cul-de-sac du Marin, Martinque: 27 de agosto de 1679, Susie Post Rust, “Garífuna”,  National Geog

etembro de 2001.

Piratas em Bequia: Moore e Daniel, p. 25, “Lista da tripulação do Concorde, março de 1717”,  Idem, p. 22-23.

Armamento, tripulação dos navios de Barba Negra (c. 25 de novembro) : CO152/12, n. 67ii: Testemunho de Thomas

Antígua: 30 de novembro de 1717.

Encalhando, abandonando escravos em Grenada: Moore e Daniel, p. 21, 27.

Existência de bergantim, captura do  Great Allen: “Despacho de Nova York, 24 de fevereiro”,  Boston News-Letter

março de 1718; CO152/12, n. 67iii: Testemunho de Henry Bostock, São Cristóvão: 19 de dezembro de 1717.

Captura do comerciante  Montserrat , eventos e m Névis: Testemunho de Thomas Knight.

Captura, libertação do  New Division: Testemunho de Thomas Knight; C0152/12, n. 67i: Testemunho de Richard Joy, Antíg

e novembro de 1717.

Estado de São Cristóvão: Extrato de Carta do Tenente General Mathew ao governador Walter Hamilton

ristóvão: 29 de setembro de 1720, em CSPCS 1720-1721, n. 251i, p. 166-167.

Page 504: A Republica Dos Piratas - Colin Woodard

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Ataque a São Cristóvão: Walter Hamilton ao Conselho do Comércio e Plantações, Antígua : 6 de janeiro de 17

SPCS 1717-1718, n. 298, p. 149; testemunho de Henry Bostock.

Canhões adicionados ao Queen Anne’s Revenge : ADM1/2378 f12: Capitão Jonathan Rose para o Almirantado, HMS S

m Antígua: 23 de dezembro de 1717; tamanho dos canhões baseado em evidências arqueológicas de entrevista ao autor, Mark

amsing, Projeto do Queen Anne’s Revenge, Cidade de Moorehead, NC: 17 de abril de 2005.

Tamanho, localização, encontro do   Seaford  com La Buse : Jonathan Rose ao Almirantado, 23 de dezembro de 1717;

Hamilton ao Conselho do Comércio, 6 de janeiro de 1718; Lyon, p. 28.

Encontro do  Seaford  com Barba Negra: Walter Hamilton ao Conselho do Comércio, 6 de janeiro de 1718, p. 149.

Moradores de São Cristóvão reforçam o  Seaford : Jonathan Rose ao Almirantado, 23 de dezembro de 1717; Walter Hamionselho do Comércio, 6 de janeiro de 1718, p. 149-150.

A busca do   Scarborough  e do  Seaford   por Barba Negra: ADM 1/1879 p. 5: Francis Hume ao Almirantado, Scarbo

arbados: 16 de fevereiro de 1718; ADM 1/2378 f12: Jonathan Rose ao Almirantado, Seaford  em Barbados: 18 de fevereiro d

ADM 51/865: entradas de 1º de novembro de 1717 a 31 de março de 1717; ADM 51/877: entradas de 1º de novembro de 1717 a

março de 1717.

Barba Negra em St. Croix: Testemunho de Henry Bostock, Francis Hume ao Almirantado, 16 de fevereiro de 1718; Jo

ose ao Almirantado, 18 de fevereiro de 1718.

Captura do  Margaret : Testemunho de Henry Bostock.

Capitão Pinkentham: “Despacho de Nova York, 28 de maio”,  Boston News-Letter , 4 de junho de 1711, p. 2; “Despa

iladélfia, 24 de julho”, Boston News-Letter , 11 de agosto de 1718, p. 2.

Movimentos subsequentes de Barba Negra: Francis Hume ao Almirantado, 16 de fevereiro de 1718; Jonathan R

Almirantado, 18 de fevereiro de 1718.

Capítulo nove: Pedindo perdão

A proclamação real : George I, “Uma Proclamação para Reprimir os Piratas”, Tribunal de Hampton: 5 de setembro de 17Gazeta de Londres, 17 de setembro de 1717, p. 1.

O perdão chega primeiro a Boston: ADM 1/1472 f11: Ellis Brand para o Almirantado,  Pearl  em Virgínia: 10 de março d

ADM 1/2282 f13: Vincent Pearse ao Almirantado,  Phoenix  em Nova York: 4 de fevereiro de 1718; “Uma Proclamaçã

eprimir os Piratas”, Boston News-Letter , 9 de dezembro de 1717, p. 1; Benjamin Bennett ao Conselho do Comércio e Plan

ermuda: 3 de fevereiro de 1718, em CSPCS 1717-1718, n. 345, p. 170.

ulgamento dos piratas de Be llamy: TEP .

Localização da sala de audiências e da prisão de Boston: O tribunal ocupava o lado oeste ou lado alto do novo prédio de tij

refeitura, suas janelas com vista para a prisão. Sinclair e Catherine F. Hitchings, Teatro da Liberdade: A Velha Casa de Est

oston, Boston: Boston Safe Deposit & Trust Company, 1975, p. 1-6; “ Antiga Prisão de Boston”, placa comemorativa, rua Cooston, MA.

Envolvimento de Cotton Mather, citações : Cotton Mather, “O Diário de Cotton Mather 1681-1724” nas Coleções da So

Histórica de Massachusetts, Série 7, vol. 7, Boston: Sociedade Histórica de Massachusetts, 1911, p. 448, 483, 490; Cotton M

nstruções para os Vivos sobre a Condição dos Mortos: Uma Breve Relação dos Notáveis no Naufrágio de Mais d

Navios Piratas, Boston: John Allen, 1717, p. 17-18, 37-38.

Bennett encaminha perdões para Nassau: Bennett ao Conselho do Comércio, 3 de fevereiro de 1718; “Despacho de Berm

e fevereiro” Gazeta de Londres, 12 de abril de 1718, p. 1.

Piratas reagem à proclamação: “Trecho de uma Carta da Carolina do Sul”, 2 de fevereiro de 1718, no  Jornal Semanal ou

ritânica de Londres, 3 de maio de 1718, p. 1, 033.Proposta dos piratas anti-indulto para James III; carta de Cammocke : George Cammocke para rainha Mary de Mód

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Germaine, França: 28 de março de 1718 em Stuart Papers 29/49.

Carta jacobita para Cammocke : Craton, p. 100.

Capturas trazidas para Nassau em dezembro 1717-janeiro 1718: Trecho de uma carta da Carolina do Sul, 2 de fever

718; “Despacho da Jamaica, 28 de março”, O Jornal Semanal ou Gazeta  Britânica  [de Londres], 7 de junho de 1718, p. 1

arteret ao governador Burnet, Whitehall, Londres: 22 de agosto de 1722, CSPCS 1722-1723, item 267, p. 128; ADM 1/22

Vincent Pearse ao Almirantado, Phoenix em Nova York: 3 de junho de 1718; HCA 1/54: Testemunho de Benjamin Sims, Lond

e setembro de 1721.

Conse lho geral dos piratas: GHP , p. 41.

Piratas se dispersam (Winter e Brown): Clinton V. Black,  Piratas das Índias Ocidentais, Cambridge, UK: Impre

Universidade de Cambridge, 1989, p. 120; Black afirma incorretamente que Winter, Brown e Barba Negra aceitaram o perd

Nassau; Peter Earle, As Guerras Piratas, Nova York: Imprensa de St. Martin, p. 162.

Piratas de dispersam (Condent): ADM 1/2282 f13: Vincent Pearse ao Almirantado,  Phoenix em Nova Providência, Bah

e março de 1718; Pearse ao Almirantado, 3 de junho de 1718; GHP , p. 581-582.

Vincent Pearse obtém o perdão : ADM 1/2282 f13: Pearse ao Almirantado,  Phoenix  em Nova York: 4 de fevereiro de

earse diz que recebeu a notícia da proclamação “no dia 25 do mês passado”, mas pode-se supor que ele se referia ao

ezembro, já que parece impossível que a proclamação, impressa no semanário Boston News-Letter   de 9 de dezembro, dem

uase dois meses para chegar a Nova York.

Tempes tade de 24-25 de dezembro de 1717 : Notícia, Boston News-Letter , 6 de janeiro de 1718, p. 2. Tempestades de

ambém atrasaram a saída do carteiro postal semanal na semana de 9 de dezembro.

Histórico de Pearse : Hardy, p. 34.

Pearse reequipa o  Phoenix : ADM 51/690: entradas de dezembro de 1717-fevereiro de 1718. Pearse anota no registro que

e Nova York “tendo parcialmente reequipado”.

Especificações , história do  Phoenix : Lyon, p. 37-38; ADM 33/298: Livro de Caixa do HMS Phoenix 1716-1718.

Phoenix  deixa Nova York : Pearse ao Almirantado,  Phoenix em Nova York: 4 de fevereiro de 1718; ADM 51/690: entrad

e fevereiro de 1718.

Phoenix  chega a Nassau: ADM 51/690: entradas de 22-24 de fevereiro de 1718; Pearse ao Almirantado, 3 de junho de 1718

Identidade do Tenente Symonds, ida a terra: Resumo de uma Carta de Robert Maynard ao Tenente Symonds, Caro

Norte: 17 de dezembro de 1718 no Jornal Semanal ou Gazeta  Britânica [de Londres], 25 de abril de 1719, p. 1, 339.

Phoenix  enfrenta Vane, leva o  Lark : ADM 51/690: entrada de 24 de fevereiro de 1718.

Vane e o  Lark : ADM 51/690: entrada de 24 de fevereiro de 1717.

Pearse se encontra com líderes dos piratas, liberta Vane : ADM 51/690: entrada de 24 de fevereiro de 1718.

Perdoando os piratas, lista dos mesmos: ADM 51/690: entradas de 24-28 de fevereiro de 1718; ADM 1/2282 f13: Um

om os Nomes de tais Piratas que se Entregaram em Providence ao Capitão Vincent Pearse, Nassau, Bahamas: 26 de fevereir

e março de 1718.

Pearse calcula 500 piratas, comentários otimistas : Pearse ao Almirantado, 3 de junho de 1718; Pearse ao Almirantado

março de 1718.

Edward England des crito: GHP , p. 114.

Vários saveiros vão e voltam de Nassau: ADM 51/690: entradas de 1º a 7 de março de 1718.

Eventos de 1º de março: Idem, entrada de 1º de março de 1718.

Piratas se dispersam (Jennings): Bennett ao Conselho do Comércio, 3 de fevereiro de 1718; “Despacho de Bermuda

evereiro”, Gazeta de Londres, 12 de abril de 1718, p. 1.

Piratas se dispersam (em navios mercantes): “Despacho da Filadélfia, 5 de março”, Boston News-Letter , 17 de março d

2; Francis Leslie para Bennett, Nassau: 10 de janeiro de 1718, em CSPCS 1717-1718, n. 345iii, p. 171.

Jack Rackham descrito: GHP , p. 148, 620.

Vane captura saveiro da Jamaica: Idem, p. 141; ADM 51/690: entrada de 21 de março de 1718.

Localização do porto de Nassau: Porto de Nassau, mapa, em Little, p. 183; Pearse ao Almirantado, 3 de junho de 1718.

Page 506: A Republica Dos Piratas - Colin Woodard

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Vane saqueia saveiro no porto, Pearse contra-ataca : GHP , p. 141; ADM 51/690: entrada de 22 de março de 1718; Pe

Almirantado, 3 de junho de 1718.

Citações sobre a mudança do humor em Nassau: ADM 51/690: entrada de 22 de março de 1718; Pearse para o Almiran

e junho de 1718.

Piratas incendiam navios em Nassau: ADM 51/690: entrada de 29 de março de 1718.

Homens de Hornigold, pedido de navio de guerra: “Despacho de Rhode Island, 28 de março”, Boston News-Letter

março de 1718, p. 2; “Despacho de Nova York, 10 de março”,  Boston News-Letter , 18 de março de 1718, p. 2; Vincent Pe

Almirantado, 4 de março de 1718.

Vane foge de Nassau, juntamente com outros 24: Idem, entradas de 18-19 de março de 1718; GHP , p. 141.Vane retorna com o   Lark , ameaça  Phoenix , rema até a terra: Idem: entradas de 31 de março e 1º de abril de 1718, G

41; Pearse ao Almirantado, 3 de junho de 1718.

Crescimento da tripulação de Vane : GHP , p. 141; Pearse ao Almirantado, 3 de junho de 1718.

Vane captura dois saveiros no porto de Nassau: ADM 51/690: entrada de 2 de abril de 1718.

Bennett sobre a situação deteriorante de Pearse : Bennett ao Conselho do Comércio, 31 de maio de 1718, p. 260.

Phoenix  pega fogo, encalha: ADM 51/690: entrada de 7-10 de abril de 1718.

Deserção dos homens do  Phoenix : Pearse ao Almirantado, 3 de junho de 1718; ADM 1/2282 f13: Pearse ao Almir

hoenix em Plymouth, Inglaterra: 21 de janeiro de 1722.

“Grande Diabo” no Golfo do México: “Despacho da Jamaica, 28 de março”, Jornal Semanal ou Gazeta  Britânica  de Lde junho de 1718, p. 1.

Barba Negra, Bonnet perto de Vera Cruz, ameaçam o   Adventure: “De uma carta do Galeão Crown   da Jamaica”,

emanal ou Gazeta  Britânica  de Londres, 27 de setembro de 1718, p. 1, 161.

Especificações do  Adventure, maior fragata: Lyon, p. 25, “Uma Lista dos Navios e Embarcações de Sua Majestade Utiliz

Serem Utilizados, nos Governos e Plantações Britânicas nas Índias Ocidentais”, Gazeta de Londres, 17 de setembro de 1717

Bonnet em batalha com o   Protestant Caesar : “Relatório sobre William Wyer, 31 de maio”,  Boston News-Letter , 16 de ju

718, p. 2.

Barba Negra destitui Bonnet: GHP , p. 22, “Os Julgamentos de Major Stede Bonnet e 33 Outros”, em Francis Hargrav

Coleção Completa de Julgamentos e Processos do Estado por Alta Traição, 4. ed., v. VI, Londres: T. Wright, 1777, p. 183Captura do  Adventure,  Land of Promise: “Relatório de Thomas Newton”, Boston News-Letter , 16 de junho de 1718, p. 2;

4-45.

Captura de   Protestant Caesar : Relatório de William Wyer, GHP , p. 72; TSB, p. 44-45.

Vane captura doze navios : CO 37/10, n. 10viii: Testemunho de John Tibby, Bermudas: 24 de maio de 1718.

Navios das Bermudas nas Bahamas : Bennett ao Conselho do Comércio, 31 de maio de 1718.

Thomas Brown causa abuso por Vane : CO 37/10, n. 10i: testemunho de Samuel Cooper, Bermudas: 24 de maio de 17

7/10, n. 10v: testemunho de Nathaniel Catling, Bermudas: 17 de maio de 1718, CO 37/10, n. 10vi: testemunho de Joseph

ermudas: 28 de maio de 1718.

Torturas a bordo do William & Mary: CO 37/10, n. 10ii: testemunho de Edward North, Bermudas: 22 de maio de 1718, CO Vii: testemunho de Nathaniel North, Bermudas, 22 de maio de 1718.

Torturas a bordo de   Diamond : Testemunho de Nathaniel Catling; depoimento de Samuel Cooper.

Ameaçam atacar Be rmudas: Bennett ao Conselho do Comércio, 31 de maio de 1718; testemunho de Samuel Cooper.

Condenação para o rei George : Testemunho de Edward North; testemunho de Samuel Cooper.

Outras capturas, o crescimento da tripulação : TJR, p. 38, 40; CO 37/10, n. 10iv: testemunho de James Mack-Cuelle, Ber

6 de maio de 1718; testemunho de Edward North.

Barba Negra e Bonnet chegam a Nassau: Hargrave (VI), p. 164.

Composição, conteúdo da frota de Rogers : CO 23/1, n. 31: Memorial dos Co-Parceiros para exercer atividades Come

olonizar as Ilhas das Bahamas, Londres: 19 de maio de 1721.S.P.C.K. documentos: Little, p. 180.

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Investimento global, seis parceiros, parte de Rogers : Memorial dos Co-Parceiros…, 19 de maio de 1721; Little, p. 1

3/12/2: Apelo de Woodes Rogers para o rei, 1726.

Biografia de William Fairfax, citações : Donald Jackson (ed.), Os Diários de George Washington , v. 1, Charlottesvil

mprensa da Universidade da Virgínia, 1976, p. 3n; William Fairfax para Anna Harrison Fairfax,  Delícia  em Nore, Inglaterra

bril de 1718 em Edward D Neill, Os Fairfaxes da Inglaterra e da América nos S éculos XVII e XVIII, Albany, NY: Joel M

868, p. 70-71.

Especificações do HMS  Rose,  Milford ,  Shark : Lyon, p. 26, 37.

Data de saída (de Nore): ADM 51/892 pt. 2: entrada de 22 de abril de 1718; ADM 51/801: entrada de 22 de abril de 1718.

Parados nos naufrágios da Flórida: TSB, p. 45.Capturas no caminho para Charleston: GHP , p. 74; Hargrave (VI) p. 164.

Movimentos de B urgess , Ashworth: CO 5/508: Importações da Carolina do Sul do dia 25 de março ao dia 24 de junho d

51, 54; CO 5/508: Exportações da Carolina do Sul do dia 25 de março ao dia 24 de junho de 1718, p. 59-61.

Chegada a Charleston, apreensão de barco piloto: Governador Johnson para os Senhores Proprietários da C

harlestown, SC: 18 de junho de 1718 citado em Edward McGrady,  A História da Carolina do Sul Sob o Governo Propr

670-1719, Nova York: Macmillan Company, 1897.

Capturas de navios no bando de areia de Charleston: CO5/508: Importações da Carolina do Sul…, p. 54; CO

xportações da Carolina do Sul…, p. 60; “Despacho da Carolina do Sul, 6 de junho”,  Boston News-Letter , 7 de julho de 171

Despacho da Filadélfia, 26 de junho”, Boston News-Letter , 7 de julho de 1718, p. 2; CO5/1265: Carta aos Senhores Proprietá

arolina, Charlestown, SC: 13 de junho de 1718; Depoimento de Ignatius Pell, p. 164; GHP , p. 74.

Interrogatório de Wragg, conselho e demandas dos piratas : GHP , p. 88-89.

Presos de número oitenta: GHP , p. 91.

Eventos em Charleston: GHP , p. 89-91; Carta ao Senhores Proprietários da Carolina, 13 de junho de 1718.

Piratas vistos como heróis em Charleston: Hargrave (VI), p. 163.

Perdão oferecido a Barba Negra por Johnson: Spotswood ao Lorde John Cartwright, Williamsburg, VA: 14 de fevereiro d

m R.A. Brock (1882), p. 273.

Saque tomado, cargas destruídos, mantendo o capitão Hurst: “Despacho da Carolina do Sul, 6 de junho”,  Boston News

de julho de 1718, p. 2; “Despacho da Filadélfia, 26 de junho”, Boston News-Letter , 7 de julho de 1718, p. 2; Carta aos S

roprietários da Carolina, 13 de junho de 1718.

Captura do  Princess,  William  de Boston: Carta aos Senhores Proprietários da Carolina, 13 de junho de 1718; CO

mportações da Carolina do Sul…, p. 54-55; TSB, p. 44.

“Dúzia de padeiro”: TSB, p. 48.

Jurando vingança aos moradores da Nova Inglaterra: “Despacho da Carolina do Sul, 6 de junho”, Boston News-Lette

lho de 1718, p. 2.

Barba Negra com raiva de Richards por não queimar William: TSB, p. 44.

Citações do diário de Barba Negra: GHP , p. 86.

Plano alegado para interceptar a frota espanhola do tesouro: TSB, p. 45.Enseada, canal e vila de Beaufort em 1718 : John T. Wells e Jesse E. McNinch, “Reconstruindo a Configuração do Ba

Areia e Canal da Enseada de Beaufort”, Geologia do Sudeste, v. 40, n. 1 (fevereiro de 2001), p. 11-18; Charles L. Paul, “B

olonial”, Resumo Histórico da Carolina do Norte, v. 42, 1965, p. 139-152; Visita do autor, Beaufort, NC: 17 de abril de 2005

Barba Negra encalha o Queen Anne’s Revenge : Richard W. Lawrence e Mark Wilde-Ramsing, “Em Busca de Barba

esquisa Histórica e Arqueológica em Local de Naufrágio 0003 BUI”, Geologia do Sudeste, v. 40, n. 1 (fevereiro de 2001),

SB, p. 46; “Despacho da Filadélfia, 26 de junho”, Boston News-Letter , 7 de julho de 1718, p. 2.

Barba Negra trai Bonnet, outros piratas : Hargrave (VI), p. 163, 167, “Despacho de Nova York, 14 de julho”,  Boston

etter , 21 de julho de 1718, p. 2.

Bath descrita: Herbert R. Pascoal Jr., Uma História de Bath Colonial , Raleigh, NC: Edwards & Broughton Co., 1955, p.

Passeio a Pé pela Bath Histórica” (folheto), Bath, NC: Locais Históricos de Bath Histórica; Visita do Autor, Bath, NC: 16 de a

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7/21/2019 A Republica Dos Piratas - Colin Woodard

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005.

O histórico e a casa de Charles Eden: Wilson & Fiske, v. 7, p. 301; Lee, p. 55-65.

Os homens de Barba Negra se dispersam: Spotswood para o Lorde John Cartwright, 14 de fevereiro de 1718; Spotsw

onselho do Comércio e Plantações, Williamsburg, VA: 22 de dezembro de 1718 em CSPCS 1717-1718, n. 800, p. 430.

Barba Negra em Plum Point: Lee, p. 62 (citando entrevistas com moradores idosos de Bath durante uma viagem de pesq

966).

Barba Negra se casa em Bath: GHP , p. 76; Lee, p. 74-75; ADM 1/1826 f2: George Gordon ao Almirantado, Londres

etembro de 1721.

Barba Negra se diverte com plantadores: GHP , p. 77.

Morte de Mary de Módena; colapso do plano de Stuart: Hector McDonnell, Os Gansos Selvagens de Antrim McDo

ublin: Imprensa da Academia Irlandesa, p. 81.

Jennings pega a licença de Bennett: “Despacho de Piscatiqua (Portsmouth, NH), 4 de julho”, Boston News-Letter , 7 de j

718, p. 2.

Vane parte com 75 homens: GHP , p. 141.

Captura do  Richard & John: TJR, p. 38, 40.

Captura de navio francês e embarcação de dois mastros: GHP , p. 141-142.

Captura do  St. Martin: ADM 1/2649, f11 : Processos do Tribunal do Vice-Almirantado, Nassau: 7-9 de agosto de

especialmente o depoimento de Jacques Blondez); GHP , p. 141; Note-se que Blondez cita um “Novo Estilo” ou uma d

alendário gregoriano (1º de julho) em seu depoimento; ADM 1/2649 f11: Um Relato dos Vinhos, Flores & Carnes pertence

ergantim chamado de St. Martin de Bordeaux.

. Captura de saveiros na costa da ilha Harbour, Vane em Nassau em 4-24 de julho : GHP , p. 142; ADM 1/264

rocessos do Tribunal do Vice-Almirantado, Nassau: 7-9 de agosto de 1718 (testemunhos de Robert Brown, William Harri

raper, John Fredd).

. Rogers chega: ADM 51/801: entradas de 24-25 de julho de 1718.

Capítulo dez: Atitudes temerárias

Alienação da frota de Rogers, noite de 24 de julho : ADM 1/2282 f2: George Pomeroy ao Almirantado, Nova York

etembro de 1718; ADM 51/406 pt. 4: entradas de 23 a 25 de julho de 1718; ADM 51/801 pt. 4: entradas de 24-25 de julho de

ADM 51/892: entradas de 24-25 de julho de 1718.

Vane atira no  Rose, cena no porto: ADM 51/801 pt. 4: entrada de 25 de julho de 1718; GHP , p. 143; CO 23/1, n. 31: Memo

o-Parceiros para exercer atividades Comerciais e Colonizar as Ilhas das Bahamas, Londres: 19 de maio de 1721; CO 23/1

epoimento de Samuel Buck sobre o Estado das ilhas das Bahamas, 2 de dezembro de 1719.

Tenente se reúne com Vane : ADM 51/801pt. 4: entrada de 25 de julho de 1718.Carta de Vane : Charles Vane para Woodes Rogers, Nassau: 24 de julho de 1718 em GHP , p. 142.

Navio de fogo de Vane : ADM 51/406 pt. 4: entrada de 25 de julho de 1718; ADM 51/801pt. 4: entrada de 25 de julho de

ADM 51/892: entrada de 25 de julho de 1718; GHP , p. 143.

Vane toma o   Katherine, recolhe mantimentos, homens da cidade : GHP , p. 143; CO 23/1, n. 10viii: testemunho de

aylore, Nassau: 4 de agosto de 1718; ADM 51/406 pt. 4: entrada de 25 de julho de 1718.

Madeiras fumegantes : Rogers ao Conselho do Comércio e Plantações, Nassau: 31 de outubro de 1718 em CSPCS 1717-1

37, p. 372.

Delícia,  Milford  encalhados: ADM 51/406 pt. 4: entrada de 25 de julho de 1718; Rogers ao Conselho do Comércio, 31 de outu

718, p. 372.Buck , outro saveiro, perseguição a Vane : ADM 51/801pt. 4: entrada de 25 de julho de 1718; ADM 51/892: entrada de 25 ju

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718; GHP , p. 143; George Pomeroy ao Almirantado, 3 de setembro de 1718; Rogers ao Conselho do Comércio, 31 de outu

718.

A chegada e recepção de Rogers : Rogers ao Conselho do Comércio, 31 de outubro de 1718, p. 372; GHP , p. 616-617.

Condições do forte : Rogers ao Conselho do Comércio, 31 de outubro de 1718, p. 374; GHP , p. 615.

Acomodações para soldados, colonos: GHP , p. 617-619.

Conselho de administração nomeado: CO 23/1, n. 10ii: Ata do Conselho para 1º de agosto de 1718; Woodes Rogers ao Co

o Comércio, 31 de outubro de 1718, p. 372-373.

População pirata e não pirata: Depoimento de Samuel Buck sobre o Estado das ilhas das Bahamas, 2 de dezembro de 1719

Planos de trabalho de Rogers: CO 23/1, n. 10ii: Atas do Conselho para 5, 20 e 28 de agosto de 1718.Samuel  chega: ADM 51/892: entrada de 1º de agosto de 1718.

Mensagem de Vane : Rogers ao Conselho do Comércio, 31 de outubro de 1718, p. 376-377.

Relatório de Richard Taylor: Testemunho de Richard Taylore.

Doença atinge Nassau: Rogers ao Conselho do Comércio, 31 de outubro de 1718, p. 373-374; ADM 51/801pt. 4: entradas

e agosto de 1718; ADM 51/406 pt. 4: entradas de 6-13 de agosto de 1718; CO 23/1, n. 10i: Uma lista geral de soldados, marinh

assageiros falecidos desde que chegamos a Providence, Nassau: outubro de 1718; depoimento de Samuel Buck.

Doença de Rogers: CO 23/1, n. 10ii: Ata do Conselho para 29 de agosto de 1718, CO 23/12/2: Apelo de Woodes Rogers

ondres: 1726.

Fala de Rogers sobre a preguiça dos habitantes locais: CO 23/1, n. 15: Rogers ao Conselho do Comércio, 29 de maio dogers ao Conselho do Comércio, 31 de outubro de 1718, p. 374.

Rogers negocia com Chamberlaine: Rogers ao Conselho do Comércio, 31 de outubro de 1718, p. 376.

Milford ,  Shark  partem de Nassau: ADM 51/406 pt. 4: entrada de 16 de agosto de 1718.

Homens de Vane no barco, notícias de Jose ph Cockram: Rogers ao Conselho do Comércio, 31 de outubro de 1718, p. 3

3/1, n. 10iii: testemunho de Thomas Bowlin e outros quatro, Nassau: 8 de setembro de 1718.

Perda do  Buck , história de Walter Kennedy: ADM 51/801pt. 4: entrada de 10 de setembro de 1718; CO 23/1, n. 31: M

os Co-Parceiros para exercer atividades Comerciais e Colonizar as Ilhas das Bahamas, Londres: 19 de maio de 1721; ADM

1: Peter Chamberlaine ao Almirantado,  Milford  em Nova York: 20 de novembro de 1718; Arthur L. Hayward (ed.),  A Vi

Criminosos mais Notáveis, Londres: George Routledge & Sons, 1927 (publicado originalmente em Londres: John Osborn, 175-36.

Negociações com, partida de Whitney: Rogers ao Conselho do Comércio, 31 de outubro de 1718, p. 376; ADM 51/80

iário de bordo do Rose, entrada de 14 de setembro de 1718; CO 23/13: Rogers ao Secretário Craggs, Nassau: 24 de dezem

718.

Notícia da chegada de Vane : Rogers ao Conselho do Comércio, 31 de outubro de 1718, p. 376.

Captura do  John & Elizabeth: TJR, p. 26, 35, 37.

Captura do saveiro de Barbados   John & Elizabeth: GHP , p. 135.

Relato pirata do  Jornal Semanal : “Notícias de um navio recém-chegado da Carolina do Sul”,  Jornal Semanal ou

ritânica de Londres, 27 de dezembro de 1718, p. 1.238.Capturas de Vane em Charleston: “Despacho de Rhode Island, 10 de outubro”, Boston News-Letter , 20 de outubro de 171

Governador e Conselho de Carolina do Sul ao Conselho do Comércio e Plantações, Charlestown, SC: 21 de outubro de 17

SPCS 1717-1718, n. 730, p. 366; CO 5/508: Importações da Carolina do Sul do dia 24 de junho ao dia 29 de setembro de 1718

Dese rção de Yeats: “Despacho de Rhode Island, 10 de outubro”, Boston News-Letter , 20 de outubro de 1718, p. 2.

Capturando o  Emperor  e o  Neptune: “Protesto do Capitão King, Comandante do Neptune”, Nassau: 5 de fevereiro de 1

GHP , p. 144; Testemunho de Joseph Aspinwail, Londres: 28 de julho de 1719 em Peter Wilson Coldham (ed.),  Aventure

migrantes Ingleses 1661-1733, Baltimore: Genealogical Publishing Inc., 1985, p. 150; CO 5/508: Exportações da Carolina

ara o dia 24 de junho ao dia 29 de setembro de 1718, p. 68.

Bonnet requer carta de corso: Hargrave (VI), p. 164, 185.

Robert Tucker eleito, deposição de Bonnet: Idem, p. 162, 164, 184-185.

Page 510: A Republica Dos Piratas - Colin Woodard

7/21/2019 A Republica Dos Piratas - Colin Woodard

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Revenge tem apenas 10-12 barris de mantimentos: Idem, p. 167.

Pseudônimos de Bonnet, renomeando o  Revenge: Idem, p. 161; TSB, p. 46.

Trocando bens por saques : TSB, p. 46; GHP , p. 98.

Tucker corta vítimas: Hargrave (VI), p. 173.

B rindando a James Stuart em Lewes , Tucker “se u pai”: Idem, p. 166.

Piratas escapam para e de Rhode Island: “Despacho de Rhode Island, 8 de agosto”, Boston News-Letter , 11 de agosto d

2; TSB, p. 46; “Despacho de Rhode Island, 15 de agosto”,  Boston News-Letter , 18 de agosto de 1718, p. 2.

Relato da batalha em Cape Fear: Governador e Conselho da Carolina do Sul para o Conselho do Comércio, 21 de outu

718, p. 366-367; GHP , p. 100-102.Fuga frustrada dos prisioneiros em Cape Fear: Hargrave (VI), p. 178.

Citações sobre a condição dos negros: Idem; TSB, p. 48. O prisioneiro mulato, Thomas Gerrat, mais tarde foi julgado e cons

ocente da pirataria.

A intenção dos piratas de ir para St. Thomas: TSB, p. 47.

Homens de Barba Negra saqueando navios mercantes : ADM 1/1472 f11: Brand ao Almirantado, Lyme em Virgínia

evereiro de 1719.

Homens de Barba Negra causando problemas em Bath, Barba Negra seguiu para St. Thomas : Testemunho do gov

harles Eden ao Conselho da Carolina do Norte, Chowan, NC: 30 de dezembro de 1718 em William L Saunders,  Registros Co

a Carolina do Norte, vol. II, Raleigh, NC: P. M. Hale, 1886, p. 322.Barba Negra na Filadélfia: John F. Watson,  Anais da Filadélfia e da Pensilvânia, vol. II, Filadélfia: John Pennington &

Hunt, 1844, p. 216-218; Lee, p. 78.

Barba Negra captura navios franceses perto das Bermudas : Alexander Spotswood ao Secretário Craggs, Williamsbur

6 de maio de 1719 em Brock (1882), p. 316-319; Ata do Conselho da Carolina do Norte, Chowan, NC: 27 de maio de 17

aunders (1886), p. 341; Spotswood aos Senhores do Comércio, Williamsburg, VA: 26 de maio de 1719 em Brock (1882), p. 323

Saque do navio francês, homens feridos em Ocracoke : “Despacho de Rhode Island, 14 de novembro”, Boston News-Le

e novembro de 1718, p. 2; Brand ao Almirantado, 6 de fevereiro de 1719.

Ataque de Barba Negra a William Bell : Idem, p. 342; testemunho de William Bell, Chowan, NC: 27 de maio de 17

aunders (1886), p. 342-343.

Barba Negra vai para Bath: Atas do Conselho da Carolina do Norte, 27 de maio de 1719, p. 341.

Barba Negra se reúne com Knight: Idem, p. 341-342.

Barba Negra vai para Bath, afirma que navio francês estava naufragado : Spotswood aos Senhores do Comércio, William

VA: 26 de maio de 1719 em Brock, p. 323; Testemunho de Tobias Knight, Chowan, NC: 27 de maio de 1719 em Saunders (18

47.

Açúcar pirateado no celeiro de Knight: Resumo do testemunho de Ellis Brand dado na Virgínia, 12 de março de 1718, A

onselho da Carolina do Norte, Chowan, NC: 27 de maio de 1719 em Saunders (1886), p. 346; ADM 1/1472 f11: Bra

Almirantado, Alcance do Galeão, Inglaterra: 14 de julho de 1719.

Navio francês queimado: Spotswood ao Conselho do Comércio e Plantações, Williamsburg, VA: 11 de agosto de 1719 em C

719-1720, n. 357, p. 207.

Capítulo onze: Caçado

População da Virgínia, descrição: Brock (1882), p. xi; Doyle, p. 32-39.

Williamsburg descrita: Samuel Chamberlain, Eis Williamsburg , Nova York: Hastings House, 1947, p. 3, 9; A. Lawrence Ko

Howard Dearstyne, Williamsburg Colonial: Suas Construções e Jardins, Williamsburg, VA: Williamsburg Colonial, 1949, p.

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7/21/2019 A Republica Dos Piratas - Colin Woodard

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alácio do Governador: Instruções para William Bird, Agente da Colônia da Virgínia, Williamsburg, VA: 20 de novembro de

m CSPCS 1717-1718, n. 808iib, p. 435; Kocher e Dearstyle, p. 21, 52-55.

Negociações terres tres de Spotswood: Lee, p. 97-99.

Outras negociações de Spotswood: Discurso da Casa dos Burgueses da Virgínia ao rei, Williamsburg, VA: 20 de novem

718 em CSPCS 1717-1718, n. 808iia, p. 434; Instruções para William Bird, p. 434-435.

Rogers envia Hornigold, Cockram: Rogers ao Conselho do Comércio, 31 de outubro de 1718, p. 376.

As atividades de Rogers aguardando o retorno de Hornigold, 150 piratas abandonam a ilha : Woodes Rogers ao Cons

omércio, 31 de outubro de 1718, p. 376-377.

Atividades de Hornigold e Vane em Green Turtle Cay : Protesto do Capitão King, em GHP , p. 145-146; Testemunho deAspinwail, em Coldham, p. 150-151.

Captura de Woodall afeta o moral dos piratas:  Rogers ao Conselho do Comércio, 31 de outubro de 1718, p. 376-377.

Captura de piratas em Green Turtle Cay: CO 23/1: Julgamento & Condenação de Dez Pessoas por Pirataria em

rovidência, Nassau: 10 de dezembro de 1718; Rogers ao Conselho do Comércio, 31 de outubro de 1718, p. 377-378; Rog

ecretário Craggs, 24 de dezembro de 1718.

Conselho se reúne para decidir o destino dos prisioneiros : CO 23/1, n. 18: Atas da Conversa Privadas, Nassau:

ovembro de 1718.

Vane, Barba Negra em Ocracoke : GHP , 138; ADM 1/1826: Spotswood para George Gordon, Williamsburg, VA: 24 de nov

e 1718; na carta, Spotswood informa a Gordon que “os piratas em Okracock se uniram a algumas outras tripulações pumentaram (como disseram) para 170 homens”.

Sigilo de Spotswood, simpatizantes dos piratas na Virg ínia: Spotswood para Lorde Carteret, Williamsburg, VA: 14 de fe

e 1719 em Brock (1882), p. 274; Spotswood ao Conselho do Comércio e Plantações, Williamsburg, VA: 22 de dezembro de 17

SPCS 1717-1718, n. 800, p. 430-432; ADM 1/1472: Ellis Brand ao Almirantado, Whorstead, Inglaterra: 8 de abril de 1721.

Brand, Gordon se encontra com Spotswood depois do julgamento de Howard: Brand ao Almirantado, 6 de fever

719.

Tamanho do  Lyme,  Pearl : Lyon, p. 26, 36.

Recompensa por Thatch: Spotswood ao Conselho do Comércio, 22 de dezembro de 1718, p. 432.

Ordens de Gordon; tamanho, complemento do  Jane

,  Ranger 

: ADM 51/672 p3: entrada de 17 de novembro de 1718; R

a Carta de Robert Maynard ao Sr. Symonds do Phoenix, Carolina do Norte: 17 de dezembro de 1718 no Jornal Semanal ou

ritânica de Londres, 25 de abril de 1719, p. 1.339.

Maynard como o mais antigo oficial: ADM 1/1826 f2: George Gordon ao Almirantado,  Pearl  na baía de Carlisle, Jamaica

março de 1718.

Edmund Hyde : Resumo da Carta de Robert Maynard ao Sr. Symonds, p. 1.339; O nome completo e a posição de Hy

ncontrados em ADM 33/311: Livro de Caixa do Pearl , onde ele está listado como “Morto na invasão de Pirate Teach”.

Hora da partida de 17 de novembro : Brand ao Almirantado, 6 de fevereiro de 1719.

Área de Edenton (Chowan) descrita: William Gordon ao Secretário, Londres: 12 de maio de 1709 em Saunders (1886), p

14; Doyle (1907), p. 44-47.

Maurice Moore, Edward Moseley: Lee, p. 157-160.

Brand em Edenton, Bath: Brand ao Almirantado, 6 de fevereiro de 1719.

Maynard chega a Roanoke, Estreito de Currituck : Brand ao Almirantado, 6 de fevereiro de 1719.

Barba Negra “fortificando Ocracoke”, apoiado por 170 homens : Spotswood ao Conselho de Comércio, 22 de dezem

718, p. 430; ADM 1/1826: Spotswood a George Gordon, Williamsburg, VA: 24 de novembro de 1718.

Maynard chega a Ocracoke : Ellis Brand ao Almirantado, 6 de fevereiro de 1719.

Barba Negra viaja, carta de Knight, bebendo com Oddell: ADM 1/1826 f2: George Gordon ao Almirantado, Londres

etembro de 1721; Tobias Knight a Edward Thatch, Bath, NC: 17 de novembro de 1718 em Saunders (1886), p. 343-344; GHP

3.

Relato da batalha: Idem; Resumo da Carta de Robert Maynard ao Sr. Symonds, p. 1.339, “Despacho de Rhode Island,

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evereiro”, Boston News-Letter , 2 de março de 1719, p. 2; GHP , p. 79-83; Carta de George Gordon ao Almirantado, 14 de se

e 1721; ADM 33/311: Livro de Caixa do Lyme (para identificação do timoneiro morto Allen Arlington).

Mercadorias encontradas por Maynard: Brand ao Almirantado, 6 de fevereiro de 1719; George Gordon ao Almirantado

etembro de 1721.

Cabeça, corpo cortado de Barba Negra: Resumo da Carta de Robert Maynard ao Sr. Symonds, p. 1.339; ADM 51/6

ntrada de 3 de janeiro de 1719; Lee, 124.

Maynard vem para Bath: Brand ao Almirantado, 6 de fevereiro de 1719; GHP , p. 83.

Brand sobre Knight: Brand ao Almirantado, 14 de julho de 1719; Resumo do testemunho de Ellis Brand dado em V

aunders (1886), p. 344.

“Memorando no livro de bolso de Tache”, outra evidência: Idem

Knight mostra a Brand bens roubados : Idem

Eden entrega escravos, açúcar: ADM 1/1472 f11: Brand ao Almirantado,  Lyme  em Virgínia: março de 1719; Br

Almirantado, 6 de fevereiro de 1719.

O retorno de Maynard para a Virgínia: ADM 51/672 pt. 5: entrada de 3 de janeiro de 1719.

Cabeça dada a Spotswood, pendurada em estaca: Pedaço de algumas cartas da Virgínia,  Jornal Semanal ou Gazeta   Br

e Londres, 11 de abril de 1719, p. 1.229; Watson (II, 1844), p. 221.

Cantiga de Be njamin Franklin: Lee, p. 228-229.

Julgamento, execução dos piratas de Barba Negra: Os registros dos julgamentos infelizmente se perderam, aparentem

ncêndio que tomou conta da Capital da Virgínia em 1747. Relatos fragmentados do julgamento sobrevivem em GHP , p

aunders (1886), p. 341-344. Veja também Lee, p. 136-142.

Julgamento de Tobias Knight : O registro completo do julgamento encontra-se em: Atas do Conselho de Administra

arolina do Norte, Chowan, NC: 27 de maio de 1719, em Saunders (1886), p. 341-349.

Eden contra Brand, Spotswood: Spotswood ao Secretário Craggs, 26 de maio de 1719 em Brock (1882), p. 316-319.

Problemas de Moore e Moseley: Lee, p. 161-167.

Processo de Maynard: George Gordon ao Almirantado, 14 de setembro de 1721; Lee, p. 139.

Fuga de Bonnet, Richard Tookerman : HCA 1/55: Informações de William Rhett Jr., Londres: 28 de setembro de 1721; G

02; Hargrave (VI), p. 162-163; Shirley Carter Hughson, Os Piratas da Carolina e o Comércio Colonial , 1670-1740, Baltim

mprensa de Johns Hopkins, 1894, p. 99-101.

Perturbações para libertar piratas : Hargrave (VI), p. 164.

Julgamento, execução dos homens de Bonnet: Idem, p. 183.

Rhett recaptura Bonnet: Informações de William Rhett Jr.; GHP , p. 102-103; GHP , p. 102-103; CO 23/1, n. 12i: Sr. Ga

homas Pitt, Charlestown, SC: 4 de novembro de 1718; “Despacho de Rhode Island, 9 de dezembro”, Boston News-Letter

ezembro de 1718, p. 2.

Sentença de Trott: Hargrave (VI), p. 188.

Intervenções para salvar a vida de Bonnet: GHP , p. 111.

Sentença de Bonnet suspensa temporariamente sete vezes; comerciantes irritados : “Cartas da Carolina em

ezembro”, Diário Semanal Original de Applebee, Londres: 28 de fevereiro de 1719, p. 1.363.

Carta de Bonnet a Johnson: Stede Bonnet ao governador Johnson, Charlestown, SC (novembro ou dezembro): 1719 em G

12-113.

Eve ntos de Charleston influenciam Rogers: Atas de Reuniões Particulares, Nassau: 28 de novembro de 1718.

Médico da Companhia Independente morre : CO 23/13, n. 47: Atas do Conselho das Bahamas, Nassau: 12 de janeiro de

Perda do Willing Mind , partida do  Samuel : CO 23/13, n. 20: Woodes Rogers ao Secretário Craggs, Nassau: 24 de dezem

718; Protesto do Capitão King, em GHP , p. 147.

Julgamento dos piratas de Nassau: CO 23/1: Julgamento e Condenação de Dez Pessoas por Pirataria em Nova Provi

Nassau: 10 de dezembro de 1718 (daqui em diante: Julgamento em Nova Providência).

Piratas nas muralhas de Forte Nassau, forcas : Idem: GHP , p. 43.

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Rogers suspende temporariamente a pena de Rounsivell: Rogers ao Secretário Craggs, p. 24, dezembro de 1718.

Últimas palavras de Morris, execução: Julgamento em Nova Providência.

Tentativa de golpe contra Rogers: CO23/13, n. 28, Rogers ao Secretário Craggs, Nassau: 24 de janeiro de 1719.

Força de Eleutéria, ataque de Vane : Rogers ao Conselho do Comércio, 31 de outubro de 1718, p. 375; GHP , p. 620.

Captura do  Endeavor : CO 142/14: Uma Lista de todos os navios e embarcações que foram chamadas a Kingston na terra

Majestade, Jamaica, do dia 29 de setembro até o dia 25 de dezembro de 1718; TJR, p. 24.

Homens de Vane vivem “em desordem”: GHP , p. 620.

Navegando na Passagem de Windward: TJR, p. 24; GHP , p. 138.

Encontro com o navio de guerra francês : TJR, p. 24; GHP , p. 138-139.Vane deposto, s ubstituído por Rackham: TJR, p. 24; GHP , p. 139.

Últimas capturas de Vane : TJR, p. 24-25; CO 142/14: Uma Lista de todos os navios e embarcações que foram cham

Kingston na terra de Sua Majestade, Jamaica, do dia 29 de setembro até o dia 25 de dezembro de 1718; GHP , p. 139.

Vane em Guanaja (Bonaca) : TJR, p. 25; GHP , p. 139, Chris Humphrey, Manuais da Lua: Honduras, 3ª edição, Emeryvi

000, p. 154.

Vane náufrago: GHP , p. 139-140.

Captura de Vane : GHP , p. 140-141.

Julgamento e execução de Vane : TJR, p. 36-40, “Despacho de Nova York, 1º de maio”,  Mercury Americano Sema

iladélfia, 4 de maio de 1721, p. 2.

Epílogo: O fim da pirataria

Rogers fica sabendo da guerra, licenças corsárias : CO 23/1, n. 14ii: Atas do Conselho das Bahamas, Nassau: 31 de ma

719.

Conflito mais esquecido”, objetivos da guerra da Espanha: Little, p. 191.

Rogers paga as dívidas da colônia: CO23/12/2: Apelo de Rogers ao rei, 1726.

Frota de invasão espanhola desviada para Pensacola: Little, p. 191; Rogers ao Secretário Craggs, Nassau: 27 de maio d

m CSPCS 1719-1720, n. 205, p. 97.

Comentários de Rogers sobre o trabalho em Nassau: Rogers [ao Secretário Craggs?], Nassau: 24 de janeiro de 17

SPCS 1719-1720, n. 28, p. 8-9.

roblemas de crédito de Rogers, falta de contato com Londres: Rogers ao Conselho do Comércio e Plantações, Nassau

bril de 1720 em CSPCS 1720-1721, n. 47, p. 30; governador e Conselho das Bahamas ao Secretário Craggs, Nassau: 26 de no

e 1720 em CSPCS 1720-1721, n. 302, p. 201.

Visitas navais; comentários de Whitney: ADM 1/2649 f111: Thomas Whitney ao Almirantado,  Rose em Port Royal, Jama

e outubro de 1719; Rogers para Craggs, 27 de maio de 1719, p. 97.Defesas de Rogers, invasão de 1720: Rogers ao Conselho do Comércio, 20 de abril de 1720, p. 29; Nicholas Laws ao Cons

omércio e Plantações, Jamaica: 31 de março de 1720 em CSPCS 1720-1721, n. 35, p. 21; Little, p. 193; Lyons, p. 36.

Rogers para Charleston, luta um duelo: John Lloyd ao Secretário Craggs, Charleston, SC: 2 de fevereiro de 1721 em

720-1721, n. 372, p. 252.

Rogers se demite, navega para casa: Apelo de Rogers ao rei; Little, p. 198.

Rogers deposto, vai para a prisão do devedor: Little, p. 198-201.

Destino de Hornigold: ADM 1/2649 f11: Thomas Whitney ao Almirantado,  Rose na costa do Cabo Canaveral, Flórida: 3 d

e 1719.

Destino de Burgess: GHP , p. 640-641.

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7/21/2019 A Republica Dos Piratas - Colin Woodard

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Destino de Jennings : “Notícias da Navegação, Nova York, 10 de outubro”, Gazeta de Boston, 17 de outubro de 172

Despacho de Nova York, 15 de agosto”,  Mercury Americano Semanal , 18 de agosto de 1720, p. 2; “Despacho de Nova Y

e outubro”, Mercury Americano Semanal , 19 de outubro de 1721, p. 2; Relatório via Capitão Styles de Bermudas, Gaz

ensilvânia, Filadélfia: 4 de julho de 1745.

Piratarias de Ashworth: CO 23/13, n. 53: Testemunho de William South, Nassau: 27 de maio de 1719.

Rackham captura o  Kingston: Nicholas Lawes ao Conselho do Comércio e Plantações, Jamaica: 31 de janeiro de 1719 em

719-1720, n. 34, p. 18; GHP , p. 622.

Kingston recapturado, de Rackham para Nassau: “Despacho de Port Royal, 10 de fevereiro”, Corrente Semanal da Ja

Kingston, 11 de fevereiro de 1719, p. 3; GHP , p. 622-623; Nicholas Lawes ao Conselho do Comércio e Plantações, Jamaicamarço de 1719 em CSPCS 1719-1720, n. 132, p. 64.

Rackham em Nassau, romance com Bonny: GHP , p. 623-624.

Como Read e Bonny supostamente se conhece ram: GHP , p. 153-158.

Bonny e Rackham roubam o saveiro de Ham: “Proclamação de Woodes Rogers”, Nassau: 5 de setembro de 1720 em

e Boston, 17 de outubro de 1720, p. 3; Tenente Lawes ao Capitão Vernon, 20 de outubro de 1720 em CSPCS 1720-17

27xxxiv (e), p. 344, “Despacho de Nova Providência, 4 de setembro”, Gazeta de Boston, 17 de outubro de 1720, p. 2; GHP ,

25.

Rackham aterroriza Turnley, ataca navios de pesca: TJR, p. 8-10; GHP , p. 625-626.

Descrições de Read e Bonny por testemunhas oculares : TJR, p. 18-19.

Bondavais e Barnet enfrentam Rackham: Idem, p 10-11.

Piratas fogem para o porão, Bonny e Read ficam: Idem, p. 32-33; GHP , p. 156.

As palavras de Bonny para Rackham: GHP , p. 165.

Exe cução de Rackham: “Despacho de St. Jago de la Vega, 22 de novembro”,  Boston News-Letter , 27 de fevereiro de 172

lack, p. 115.

As gravidezes de Bonny e Read: TJR, p. 19; “Despacho de Nova York, 31 de janeiro”,  Mercury Americano Semanal , Fi

de fevereiro de 1721, p. 2; GHP , p. 165.

Morte e se pultamento de Read: Black, p. 116; GHP , p. 159.

Bonny não executada: GHP , p. 165; Black, p. 116.Colapso de 90% da população pirata: Rediker (2004), p. 29-30.

La Buse e o  Scarborough: ADM 1/1879 f5: Testemunho de Thomas Heath, São Cristóvão: 5 de julho de 1718; ADM 1/1

rancis Hume ao Almirantado, Scarborough em São Cristóvão: 6 de julho de 1718.

La Buse na África, Oceano Índico: Carta do Capitão Mackra, Bombay: 16 de novembro de 1720, em GHP , p. 118-120;

’Epinay,  Renseignements pour servier a L’Histoire de L’Ile de France , Ile Maurice (Mauritus): Nouvelle Imprimerie

890, p. 88; Madeleine Philippe & Jan Dodd, Mauritius Reunion & Seychelles, Victoria, Austrália: 2004, p. 194-195.

Williams em Sierra Leone : William Snelgrave, Um Novo Relato de Algumas Partes da Guiné e o Tráfico de Es

ondres: James, John & Paul Knapton, 1734, p. 216-217, 257-259.

Filho de Williams fabricante de peruca: Genealogias das Famílias de Rhode Island , vol. II, Baltimore: Clearfield, 2000, 06.

Howell Davis e o  Buck : “Despacho de Nova York, 17 de novembro”, Boston News-Letter , 24 de novembro 1718, p. 2; “D

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400 navios de Roberts , captura: Rediker (2005), p. 53, 169-170.

Des tino de Ke nnedy: Hayward, p. 34-38.

Destino de Anstis: GHP , p. 288-296.

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e 1720, p. 4; CO 142/14: Uma lista de todos os navios e embarcações que foram chamadas a Kingston na terra de Sua Maj

amaica, do dia 29 de setembro até o dia 25 de dezembro de 1718.

Destino de Chamberlaine : “Despacho de Nova York, 25 de julho”, Gazeta de Boston, 1º de agosto de 1720, p. 3; John

Page 515: A Republica Dos Piratas - Colin Woodard

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Mist como autor de   A General History of the Pyrates  [História geral dos roubos e assassínios dos mais notáveis piratas

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