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A resistência, o irresistível e a poesia em crise de Marcos Siscar Celia Pedrosa O valor de resistência, como se sabe, foi um dos pr fundamentos da demanda de modernidade novecentista, cujas diferentes manifestações no entanto evidenciaram desde logo seu carter comple!o, problemtico " recalcado por toda sorte de uso idealista# Ainda $oje, em nosso tempo c$amado de p%s&moderno, permanece constante a referência a tal valor e ad'uire especial import(ncia seu 'uestionamento# )ste pode ser considerado parte de um processo mais am 'ue o *l%sofo +ean& rançois -.otard, por meio de um termo re0e!1o freudiana sobre a mem%ria, nomeia como perlaboração da modernidade 1 # A contrapelo de todo $istoricismo, e das polari2a simplistas entre o moderno e o p%s&moderno dele decorrentes processo implica na possibilidade de compreens1o de nossa pr%pria contemporaneidade como força de reativaç1o das tensões irresolvidas 'ue marcaram a artee o pensamentomodernos en'uanto e!periências de enfrentamento da temporalidade# 3essas e!periências, passam agora a ser ressaltadas contradições, aporias, lacunas " diferentes modos de um estado produtivo de inacabamento, de crise , inerentemesmo / presenti*caç1o 'ue desestabili2a todo fundamento# Pode&se lembrar a esse prop%sito, e j no campo especí*co da literatu o ensaio 4Crítica e crise5 de Paul de Man, publicado originalme em 6786 9 # Seu pressuposto : 'ue toda verdadeira crítica se d 6 Cf# -;O<A=>, +ean& rançois# =e&escrever a modernidade# ?n@ O Inumano# Considerações sobre o tempo# -isboa@ editorial )stampa, 6778# 9 ?n MA3, Paul de# O ponto de vista da cegueira. Braga Coimbra -isboaD Angelus 3ovus E Cotovia, 6777, p#F8&G9#

A Resistência, o Irresistível e a Poesia Em Crise de Marcos Siscar (1)

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artigo acadêmico sobre poesia

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A resistncia, o irresistvel e a poesia em crise de Marcos Siscar Celia Pedrosa

O valor de resistncia, como se sabe, foi um dos principais fundamentos da demanda de modernidade novecentista, cujas diferentes manifestaes no entanto evidenciaram desde logo seu carter complexo, problemtico recalcado por toda sorte de uso idealista. Ainda hoje, em nosso tempo chamado de ps-moderno, permanece constante a referncia a tal valor e adquire especial importncia seu questionamento. Este pode ser considerado parte de um processo mais amplo, que o filsofo Jean-Franois Lyotard, por meio de um termo prprio reflexo freudiana sobre a memria, nomeia como perlaborao da modernidade. A contrapelo de todo historicismo, e das polarizaes simplistas entre o moderno e o ps-moderno dele decorrentes, esse processo implica na possibilidade de compreenso de nossa prpria contemporaneidade como fora de reativao das tenses irresolvidas que marcaram a arte e o pensamento modernos enquanto experincias de enfrentamento da temporalidade. Nessas experincias, passam agora a ser ressaltadas contradies, aporias, lacunas diferentes modos de um estado produtivo de inacabamento, de crise, inerente mesmo presentificao que desestabiliza todo fundamento. Pode-se lembrar a esse propsito, e j no campo especfico da literatura, o ensaio Crtica e crise de Paul de Man, publicado originalmente ainda em 1971. Seu pressuposto que toda verdadeira crtica se d no modo da crise identificado pelo autor de incio no ensaio no por acaso intitulado Crise de vers, de Mallarm, em que este aborda a substituio do alexandrino pelo verso livre na obra de poetas de seu tempo. Reconhecendo pouca importncia nesses poetas a citados, Man conclui que a crise tematizada por Mallarm diz respeito de fato a suas prprias experincias poticas. E tambm, principalmente, que ela se instala a mesmo no ensaio que a refere, na medida em que atravs da auto-reflexo, tem lugar uma separao entre aquilo que na literatura est conforme inteno original e aquilo que se afastou irrevogavelmente desta fonte. Recuperando as palavras do poeta, Man considera ainda que nesse texto , como em seus poemas, O acto de escrever reflecte efetivamente sobre a sua prpria origem e abre um ciclo de questes de que nenhum de seus verdadeiros sucessores se pode esquecer. Ampliando o mbito de sua abordagem, ele avalia que a concepo hegemnica de literatura moderna se assentava na crena em uma relao intrnseca entre capacidade crtica e uma progressiva e inequvoca desmistificao racional das iluses romnticas quanto plenitude do potico. E ao mesmo tempo vai evidenciar nessa relao o aspecto ele mesmo por sua vez mitificante, mas produtivo na medida em que convida a questionar os pressupostos que o legitimam . Nesse modo de crise, entre mistificao e desmistificao, cabe ressaltar a importncia que adquire para o ensasta aquilo que na prtica literria e crtica se revela aberto ao imprevisto e ao contraditrio, para alm de toda certeza ou crena e do vnculo destas a uma definio do valor de resistncia associado aos de autenticidade e autonomia. Os desdobramentos de tal perspectiva podem ser acompanhados no ensaio Poesia lrica e modernidade, que Man dedica mais especificamente releitura da poesia de Mallarm e de seu cnone crtico, e em especial relao evolucionista ou opositiva que se estabeleceu entre ela e a modernidade ainda romntica da poesia baudelaireana. Dentre as vrias questes e aspectos que levanta a propsito, ressaltamos aqui sua nfase na importncia do lirismo, e na necessidade de pens-lo como solo de uma tenso entre potico e prosaico; no consequente reinvestimento no valor problemtico e por isso produtivo do Eu ; e, finalmente, a partir da, no carter que considera ao mesmo tempo simblico e alegrico, representativo e auto-reflexivo, subjetivo e impessoal, dessa poesia. Sob uma perspectiva diversa, a perlaborao desse cnone vai ter interesse central tambm para a reflexo de Jacques Rancire. Alm de constantes referncias ao poeta em seus diferentes livros e ensaios sobre a literatura moderna, o filsofo vai dedicar a ele um livro especfico, Mallarm. La politique de la sirene. A, antes de mais nada, questiona a obscuridade e o hermetismo que so atribudos sua poesia como consequncia incontornvel de um teor anti-representativo, auto-reflexivo, autnomo e resistente considerado por extenso prprio a toda poesia verdadeiramente moderna. A essas qualidades vai contrapor a de uma poesia na verdade difcil - de uma dificuldade decorrente da necessidade de romper o crculo convencional em que se confundiriam tanto o banal quanto o oculto, e anloga quela que caracterizaria cada poeta e cada poca, assim como a relao entre um e outra. Detendo-se, como Man, tambm no ensaio sobre a crise du vers, Rancire vai considerar que, para abordar a simples dificuldade da obra do poeta, deve-se perceber que ela obit une potique exigeant qui rpond ellemme une conscience aig de la complexit dun moment historique et de la manire dont les crises du vers sy nouaiente la crise idale et la crise sociale indicando assim, a contrapelo de qualquer esteticismo solipsista, uma conflagrao do horizonte scio-poltico de unanimidade. Seguindo essa trilha, o filsofo ressalta que na poesia de Mallarm as metforas do cu, do sol, da nuvem, perdem seu valor de absoluto e ganham ressonncias relativas a problemas temporais, encenando a possibilidade de uma elevao do humano sua grandeza e de uma comunidade de acordo com ela. Essas ressonncias, Rancire vai perceber tambm na imagem da sereia, ao mesmo tempo sedutora e enigmtica, oferecida e recolhida, e assim emblema da potncia virtual de um canto que sabe ao mesmo tempo se fazer entender e se transformar em silncio. O mesmo efeito marcaria seu uso to frequente de imagens da msica, da sinfonia, que diriam respeito ao ritmo criado pela fragmentao do verso linear. Transformado assim em arabesco, isto , em jogo polissmico de articulaes/resssonncias virtuais, potenciais, ele performaria um movimento das ideias, do pensamento - e neles da prpria histria como escolha de possibilidades, de hipteses anteriores e superiores ordem discursiva estabelecida. Segundo Rancire, justamente por isso, para Mallarm, a escritura em crise do poema - a contrapelo do mutismo tagarela da voz - constituiria o acontecimento vivo do discurso, dotado da potncia dos discursos emanveis de qualquer boca , aptos a evitar no s o mal da incompreenso mas tambm, e principalmente, o mal da compreenso rpida e, nela, o da apropriao ideolgica, identitria da vontade de ser comum. Essa perspectiva implica em pensar seja a singularidade da poesia seja sua interlocuo de um modo que afeta profundamente as concepes idealistas de resistncia. Nesse sentido, no provocativo ensaio Ser que a arte resiste a alguma coisa?, Rancire vai apontar o incontornvel paradoxo que impulsionaria a vontade de escrever poesia na modernidade - entre uma demanda de resistncia enquanto capacidade de autonomia, de persistir em seu ser e uma demanda de resistncia enquanto potncia de sada de si ao encontro dos homens que se recusam a persistir em dada situao. Segundo ele, esse termodesigna bem a ligao ntima e paradoxal entre uma ideia da arte e uma ideia da poltica. H dois sculos que a arte vive da tenso que a faz existir, ao mesmo tempo em si mesma e alm de si mesma e prometer um futuro fadado a permanecer inacabado. O problema no mandar cada qual para o seu canto, mas de manter a tenso que faz tender, uma para outra, uma poltica da arte e uma potica da poltica que no podem se unir sem se auto-suprimirem . [...] Para que a resistncia da arte no esvanea no seu contrrio, ela deve permanecer a tenso irresolvida entre duas resistncias.

Apostar na produtividade dessa tenso implica em recusar a tentao ontolgica de definio da diferena resistente do artstico face aos outros discursos e prticas sociais, ao mesmo tempo recusando a vaidade totalitria de todo sonho de fraternidade e libertao. A elas se contraporiam uma prtica da resistncia e da diferena constituda pelo artista passo a passo, a cada passo arriscando-se confuso com os clichs de um mundo do qual nenhuma barreira o separa. Segundo Rancire, A diferena esttica deve ser feita a cada vez sob a forma do como se. A obra a metfora prolongada da diferena inconsistente que a faz existir como presente da arte e futuro de um povo.

claro que essa releitura de Mallarm e das relaes entre poesia, autonomia e resistncia tem especial interesse tambm para uma reviso da tradio potica e crtica brasileira, onde so constantes e vrios os modos de avaliar a herana do poeta. Sem dvida o que conquistou maior alcance foi aquele proposto pela potica concretista, que dela fez emblema do autntico e radical esprito vanguardista da arte moderna. Nessa avaliao, teve lugar de destaque justamente a ideia de crise du vers . Esta foi a entendida como prenunciadora de um inevitvel e desejvel fim do ciclo histrico do verso, associado a uma urgncia anti-lrica e ao consequente abandono dos efeitos convencionalmente poticos de ritmo e rima relacionados afetividade solipsista do Eu. A estes se contrapunha uma proposta de palavra tomada em sua concretude, anloga da pgina do livro e dos tipos que nele a inscreveriam, constituindo o poema como construo racionalista semntico-visual .

Essa proposta, aqui sumariamente resumida, foi na prtica percorrida por tenses e contradies bastante profcuas, em geral deixadas de lado na maioria das leituras crticas que motivou, influenciadas, decerto, pelo tom dogmtico prprio aos discursos fundacionais de todo movimento. Essa rica complexidade se evidencia na constante e diversificada apropriao de procedimentos concretistas pelas geraes posteriores de poetas, inclusive mesmo aquelas que tentaram se definir por oposio a sua herana, como a dos poetas marginais. Ou nos efeitos tambm vrios de sua intensa atividade de releitura e traduo de autores de nosso cnone potico e da tradio potica ocidental desde a idade mdia. Toda essa riqueza ainda pode ser percebida nos desdobramentos da prpria produo de suas principais lideranas, em princpio bem distintos das formas com que inauguraram o movimento. Nesse sentido, tanto a provocante pesquisa de Augusto de Campos em torno da vocalidade e, por essa via, da relao entre poesia e msica, quanto a aposta neobarroca no excesso verbal empreendida por Haroldo de Campos, representam manifestaes distintas da crise moderna da relao entre poesia e verso que se inscrevem/escrevem de modo vivo e problematizante a contemporaneidade na/da poesia brasileira, suscitando sempre novas leituras. A essa contemporaneidade Haroldo de Campos chamou de ps-utpica, porque marcada pela conscincia da provisoriedade e da pluralidade do potico, pelo esvaziamento da pretenso a qualquer palavra monolgica, esttica ou poltica . Essa conscincia implica na reativao da discusso sobre o valor de resistncia do potico, cujos paradoxos parecem se tornar ainda mais significativos nesse momento de desierarquizao entre o artstico e o no-artstico, de desvinculao entre produtividade e ruptura/inovao, por um lado, ou tradio/monumentalizao, por outro; de ampliao e heterogeinizao do pblico e de fragmentao das identidades sociais. E na esteira dessa perlaborao das relaes entre arte, modernidade e contemporaneidade que se inscreve a produo potica e crtica de Marcos Siscar. Sua importncia pode ser atestada pelo modo como, num cenrio caracterizado pelo convvio de dices mltiplas - ora aceitas acriticamente em nome da liberdade de juzo, ora prestigiadas em funo de pertencenas a grupos diversos ela tem se distinguido por uma acolhida intensa, e contnua, que no exclui a polmica, desde sua primeira coletnea de poemas, No se diz, publicada em 1999 pela Editora 7 letras. Nesta, como nas que se lhe seguem , ressalta desde logo o uso de procedimentos at ento fortemente antagonizados pela poesia e pela crtica. Assim, vai ser nela intenso o uso da primeira pessoa, caracteristicamente lrico, associado a um exerccio prosaico de narrao, que mistura percepo e memria afetivas. Isso de certo modo o aproxima da poesia que, nos anos 80, se propunha a uma vitalidade compreendida por oposio ao formalismo identificado especificamente na genealogia concretista e em toda forma bibliotecvel de literatura. Mas esse exerccio do/com o lrico e o prosaico vai ser adensado e simultaneamente desestabilizado pelo como nele se integram tambm procedimentos formalistas , como a citao literria , a reflexo metapotica e a ousadia construtiva. Esse jogo entre diferentes dices poticas se manifesta no uso tambm intenso de imagens visuais e nos seus distintos efeitos de sentido. Antes de mais nada, no se pode deixar de observar sua dupla referncia literria. Pois ele por um lado bsico para uma figurao da experincia subjetiva cotidiana dada como imediata - como queriam os marginais, atualizando a demanda modernista de Oswald de Andrade de uma poesia equivalente ao ato de ver com olhos livres. E, por outro lado, remete a uma visualidade objetivante que atualiza da potica concretista o empenho anti-lrico e anti-discursivo .

Na construo dessas imagens visuais, Siscar ento exercita um tensionamento entre ponto de vista impessoal e a j referida presena constante do eu - desdobrando-o por meio do duplo valor atribudo nos poemas ideia de interior, ao mesmo tempo geogrfico, objetivo, e afetivo, subjetivo. Esse jogo, em que se confundem interior e exterior, ainda frequentemente vinculado a um ns, fazendo com que o ntimo e o geogrfico adquiram tambm uma ressonncia mais ampla. Assim, a experincia particular do sujeito potico pode ser a todo momento remetida a uma memria da migrao que diz respeito tanto a uma histria familiar quanto a um movimento geral da histria scio-cultural brasileira. Ou pode referir-se a paisagens, cenas e procedimentos comuns vivncia contempornea da cidade e da natureza em suas relaes com a presena intensa da tecnologia da comunicao e do transporte globalizados. Percebe-se ento que, sob diferentes aspectos, espaciais e temporais, a duplicidade visual de interior e exterior serve na potica de Siscar a um movimento entre a territorializao e a desterritorializao que afeta tambm os limites entre o prximo e o distante. Por meio dele, a evidncia da imagem ganha uma potncia imprevista de sentido. o que ocorre, por exemplo, com sua associao a uma viso do alto, produzida por um satlite - como no ttulo de sua ltima coletnea de poemas, Interior via satlite ou propiciada, por exemplo, por uma viagem de avio; ou ainda pelo acaso que faz fugir da mo do menino o apanhado de bales que julgava ter seguros . Segundo o poeta, nesse movimento outra duplicidade se instala e, na relao entre poesia e experincia sensvel, a realidade prosaica das inovaes tecnolgicas funciona tambm como uma forma inesperada de elevao e de reencontro com o sublime. Em entrevista concedida a Mas Lemos, ele explica, a propsito dessa duplicidade, queA questo controversa e est ligada com a ideia da crise, a que me referia. A meu ver, no se trata de afirmar que o sublime tornou-se impossvel na modernidade; eu preferiria dizer que a possibilidade do sublime aquilo que est em jogo na poesia, um saber que ela elabora quando coloca em primeiro plano a violncia que aniquila seu desejo ou sua fora de voo. [...]Se retomei esse aspecto da altura nos meus ltimos textos (embora j estivessem em textos anteriores como A cidade dana,ou Tmulo de caro, por exemplo), porque ele permite um cruzamento (uma aproximao, uma comparao) entre questes que para mim so importantes: a experincia pessoal de um determinado espao fsico e geogrfico, os novos modos de relao com a tecnologia (que se relacionam com novas maneiras de percebera realidade) e a prpria questo potica do sublime, qual voc se referiu.

Subir, nesses poemas, uma exaltao, mas tambm um risco: a exaltao e a angstia da bexiga de gs que escapa da mo de uma criana. O sublime tambm sufoca. Por outro lado, a paisagem achatada que se v do alto (por exemplo, numa viagem de avio ou numa foto de satlite) nos devolve uma imagem do todo que, no absoluto descentramento do tradicional ponto de vista humano, pode conter surpresas para o olhar mergulhado no invisvel de sua horizontalidade habitual.

A experincia do olhar lhe serve a retomada da ideia de crise- que nomeia inclusive sua primeira coletnea de ensaios - associada retomada da ideia de sublime como objeto de uma aposta, um risco, uma questo - solicitando e ao mesmo tempo desestabilizando valores poticos e crticos convencionais. Por conta disso, essa experincia no por acaso vai ser recurso privilegiado por Siscar para encenar sua reflexo sobre o verso, principalmente atravs da imagem do rio. Nesta reposto novamente o jogo espao-temporal entre interior e exterior, prximo e distante mobilizado agora insistentemente pela relao ao mesmo tempo tensa e desatada, condensada e xtima entre experincia de vida, de escritura e de leitura. o que se pode ver, por exemplo, no poema sem ttulo em cujos versos ressoam os de Joo Cabral de Melo Neto: o filho do rio contempla a imobilidade/aspirando sua realidade de pedra/ dilogo amoroso entre animal e mineral.Ou ainda em outro poema tambm sem ttulo, no qual ecoa a meditao de Mrio de Andrade sobre o rio Tiet: Dentro do peito dos filhos do rio o rio/ um vegetal que cresce invade vegeta/ que os carrega consigo plancie adentro/ dando costas ao mar brisa corrosiva do mar.... Mas talvez sejam referncias extradas da prosa narrativa de Guimares Rosa as mais emblemticas dessa viso potico-crtica: O que o rio o rio uma ponte/entre mundos distintos uma estrada/deitada sobre o abismo uma nascente/ a precipitar-se nas noites escuras/ o abismo serto da prpria vereda/refletindo o avesso de campos e matas/perturba o sossego de toda a natureza

E se o rio a ponte entre pedra e gua, mineral e animal, abismo e estrada, noite e nascente, sua semelhana o verso-ponte transborda limites entre o discursivo e o anti-discursivo, a palavra e a frase, o imagtico e o narrativo, o potico e o prosaico. E o valor atribudo por Siscar a esse movimento pode ser melhor compreendido atravs das consideraes que desenvolve a propsito justamente do texto mallarmaico sobre a crise du vers , no ensaio Poetas beira de uma crise de verso. Associando o exerccio potico e crtico ao tradutrio, ele a aponta o problema da traduo habitual do francs du pelo portugus do. Pois ela imprimiria ao verso um valor de objeto cujas identidade e estabilidade, consideradas garantias de sua fora e sentido, seriam negativamente afetadas por algo externo e diverso. Seguindo outro caminho, Siscar considera que pensar uma crise de verso implica semelhana do que ocorre tambm na expresso crise de nervos em pensar algo que ocorre dentro do verso, a propsito dele, como uma sua funo fundamental, relacionvel a uma crise mais ampla, histrica, concernente s relaes entre poesia e cultura. Assim, ao contrrio do fim do verso, a reflexo sobre o presente da poesia, desse modo inscrita no verso, implicaria o interesse pelo corte, pela cesura, pela hesitao que faz a forma sinttica se acentuar como dico . Pensada por esse vis, a crise de verso aponta para uma compreenso da experincia moderna da forma, aqum de todo formalismo, como experincia da dificuldade, da crise da forma. Em decorrncia desqualificam-se as demandas identitrias dicotmicas como as que at hoje opem, por exemplo, o discursivo ao visual, ou o potico ao prosaico fixando formas e estilos, contraditoriamente, em nome de uma libertao progressista da linguagem. E na relao entre verso e prosa colocada de novo em jogo a duplicidade entre exterior e interior, prximo e distante. Segundo Siscar,

No h retorno ao verso. O verso (do latim versus, retorno )j significa o retorno, j mobiliza o retorno: repetio da linha e deslocamento da linha. Do mesmo modo no h nada alm do verso em poesia. Mesmo as propostas mais radicais de prosificao, como a do poeta francs contemporneo Jean-Marie Gleize, que interpreta a poesia objetiva em oposio ao verso, entendido como lirismo, so formuladas a partir do verso e em simbiose com sua tradio particular.

Esse modo de crise da imagem e do verso vai ser condio de um trabalho potico e crtico com a questo tambm marcadamente moderna da subjetividade. De fato, no s sua poesia que d funo destacada e provocativa ao jogo entre impessoalidade e primeira pessoa, como j comentamos acima. Tambm sua avaliao da produo potica brasileira contempornea tem como uma das marcas mais significativas o resgate do que ele vai chamar de discursos do corao, considerados em sua contrariedade constitutiva, e cuja genealogia ele vai remontar ao pr-romantismo. Mobilizado a propsito da leitura da poesia de Ana Cristina Csar, esse resgate implica desde logo no ultrapassamento das tradicionais dicotomias entre experincia e experimentalismo,subjetivismo e construtivismo, utilizadas para avali-la e produo potica a partir dos anos 80. Assim, na articulao de corao e contrariedade, Siscar ressalta um valor dramtico que no deixa de dizer respeito intensidade emocional; embora ao mesmo tempo se vincule a procedimentos de ficcionalizao que problematizam a subjetividade, sim, sem no entanto representar apenas estratgias de fingimento e sem precisar por isso anul-la. Se os equvocos da crena na expressividade no mediada da linguagem potica sempre foram bastante discutidos, o fingimento, ao contrrio, se tornara, em contraposio, dogma crtico que Siscar passa ento a enfrentar: Entretanto, a simples reiterao do carter refletido, fingido e construdo da poesia em oposio biografia, como espao do mito, me parece enfraquecer alguma coisa que faz parte de seu apelo para a poesia de hoje: no sei bem se o teatro (A intimidade era teatro, A teus ps) ou a inveno, mas algo que chamo, por ora, com a prudncia dos itlicos, de trao tico da encenao da intimidade, e no qual est envolvida uma poltica da alteridade.

Em sua concepo, a subjetividade potica dramtica, em crise, intensa porque lacunar, irresolvida isto , dotada de uma potencialidade que se efetiva como impulso de busca de exterioridade, de alteridade :

Trata-se , no fundo, de outro tipo de experincia da tica em que a tcnica no um mero abridor de lata da subjetividade escolhida a dedo, mas, em sua produtividade caracterstica, um modo de apontar para os vazios da interioridade em que nos situamos; um modo to contundente que transforma esses vazios em espao de convivncia, de destinao, de herana . Analogamente ao que observa na poesia de Ana Cristina Csar, na sua prpria o uso da primeira pessoa intrinsecamente vinculado a procedimentos de interlocuo que encenam de outro modo essa dramaticidade e essa busca. Neles, o lugar do interlocutor instvel, ocupado tanto por figuras de intimidade o filho, o pai, o av, a amada - quanto por uma segunda pessoa annima qual pode se identificar a figura potencial da alteridade e da exterioridade ao texto potico o leitor. Propondo articulaes, deslizamentos e ressonncias entre esses diferentes lugares/figuras da destinao, o poema enfatiza-lhe o carter potencial, imprevisto, diverso de si mesmo. Veja-se a propsito o poeta intitulado/dirigido Ao filho: o acontecimento no o que acontece/mas o que vem acontecendo e talvez/ um dia se possa dizer que ter acontecido/ [...] talvez voc nasa voc vem nascendo/voc meu pai meu filho no h/dia em que no se morra ou no se nasa. Ou a interlocuo no poema tambm sem ttulo: O que voc quer me dizer me diga/ na sua frente sou um puro espelho/ um espelho s seu eu o aparo/ pelos ombros me diga o que fazer/ o que fazer para tirar a sua dor/como viver diante de sua dor no.... E ainda no poema nomeado/dirigido Ao leitor, o jogo de proximidade e distanciamento que confunde um leitor genrico com o sujeito feminino de uma ao ntima e cotidiana: a sinceridade difcil entre ns/ eu de intenes to carente e voc/ voc com suas broas de palavras/ cuidando do po que o diabo amassou/ [...] (sentei-me na sala clara escancarado/ o sol entre ns ajuza a parlamentao/nunca mais voc me disse to clara/doem os olhos abrir janelas de manh) . Com esse movimento interlocutivo, a forma em crise do poema e da subjetividade performa simultaneamente, tambm no modo de crise, a poltica da alteridade na relao entre a prtica da poesia e sua circunstncia. No ensaio O discurso da crise e a democracia por vir, ele vai considerar ento que... o discurso literrio da crise (objeto) , em crise (condio), ou simplesmente o discurso crtico (destinao), diferente ao mesmo tempo da crena nostlgica da origem e da teleologia utpica, continua sendo uma das injunes mais significativas que a literatura dirige ao nosso contemporneo e qual, de fato, no temos sido indiferentes.

Ainda a esse respeito, no ensaio A cisma da poesia brasileira, ele avalia como o hbito de pensar atravs de claros cismas fundamenta crenas e teleologias que atrelam o carter interlocutivo da poesia a sua capacidade de fornecer perguntas e respostas unvocas a destinatrios que desse modo tambm so univocamente concebidos. Em seu lugar, ele ressalta na poesia e na crtica em crise o valor de promessa decorrente justo da capacidade de cismar, colocando em suspenso toda verdade, todo diagnstico, toda compreenso una e totalitria de si mesma e de sua relao com o mundo. Assim, contrapondo-se tanto euforia acrtica, meramente catalogadora de diversidades, quanto atmosfera crtica melanclica, que desqualifica a poesia brasileira contempornea pela ausncia nela de grandes questes assim consideradas pelo vis da perspectiva nacional-modernista, ele considera: Ora, a insignificncia do mundo, algo prximo da privao de sentido e de mundo, a condio para que alguma coisa acontea, se verdade que ainda no aconteceu. A vitalidade incomum que se constata hoje na poesia brasileira (na circulao de revistas, textos, leituras), qualquer que seja seu sentido, um dado que merece ateno na perspectiva daquilo que pode surgir. O fato de ser designada como responsvel, ainda que faltosa, pelo sentido do contemporneo mostra que, para muitos dentre ns, mesmo na aflio, a poesia permanece um lugar de promessa ou de maturao daquilo que advm.

Tal carter de promessa vai ser atribudo, por exemplo, poesia de Haroldo de Campos: Que um tal tipo de discurso nos interessa (culturalmente, intelectualmente), o de ao precisar responder? O direito de no responder ao contemporneo, ao se colocar bem no meio dele e sentir o seu fluxo, o direito de no prestar contas a ele, se, por um lado, alimenta o risco da arbitrariedade e do capricho polticos, , ao mesmo tempo, por outro lado e de maneira aportica, a condio bsica para que haja liberdade e responsabilidade, ou seja, escolha.

Nesse modo de pensar a fora interlocutiva do potico est implicado um reinvestimento no carter paradoxal do valor de resistncia. Ele aparece de modo explcito como tema de reflexo metapotica, no livro Interior via satlite, na srie de trs poemas intitulada Palavras gastas. Neles desde logo se instala uma instigante apropriao de tudo o que em princpio no serviria mais ao uso segundo um valor de inovao ironicamente comum na modernidade demanda artstica de resistncia e demanda mercadolgica de consumo como material de uso potico, esttico e reflexivo , a prpria forma serial implicando simultaneamente a expectativa de repetio e a de desdobramento inacabado, em aberto. Nesse movimento, a palavra resistncia apresentada como exemplo de uma gastura comum a inmeras outras palavras, a toda palavra, na verdade . Essa inscrio promscua no s desqualifica a associao da ideia de resistncia a uma diferena ontolgica, como ainda desqualifica a crena na consistncia de qualquer discurso ontolgico e originrio, que todos tem em palavras gastas seu fundamento incontornavelmente problemtico. 1.tenho gosto por palavras gastas. a palavra palavra por exemplo. palavra gasta. distingue-se da palavra rara da palavra exata como preferem filsofos e poetas. uma palavra gasta para o poeta aquela que o uso tornou imprprio. que a conveno da lngua destituiu de sua aderncia material. para o filsofo parece gasta a palavra que perdeu a agudeza conceitual. tornou-se refm de interpretaes vagas.

a palavra gasta soa abstrata tem uso corrente. palavras gastas so traioeiras como a corrente de um rio. significam sempre mais do que se pode saber delas. e de tanto encadear coisas desconexas nos ameaam com seu bojo. com a palavra palavra acontece. assim para resistir (resistncia palavra gasta) fora da palavra necessria alguma astcia.

[...]

Se a associao de resistncia e gastura por um lado denuncia o uso convencional e repetitivo dessa palavra e o esvaziamento que em consequncia acomete sua potncia significativa, por outro lado revela como - esse uso sendo condio e modo mesmo de sua existncia, da existncia de toda palavra, de toda ideia - a gastura intrnseca ideia de resistncia, assim como capacidade de resistncia de tudo que, como a palavra, existe por exposio ao uso. Por isso, o uso, a gastura e seus efeitos, a impropriedade, a pouca clareza, vo estar associados tambm possibilidade de um suplemento imprevisvel, traioeiro, ameaador mesmo de sentido o que lhes atribui mais um valor e efeito contraditrios, assim como resistncia que nesse atrito mesmo e s frente a ele se constitui.2.

desconfio que palavras gastas so a porta de entrada para algo que no tem dentro por no ter fundo. pensando nelas refao o caminho no qual encontro solues reais para problemas imaginrios. a genealogia de erros que me constituem. antigas sensaes de prazer ou de dor tornadas hierarquia de palavras. refao o percurso da garganta no que tem de spero. [ ... ]

3. palavras so gastas porque outros as usaram. esto no bolso de roupas doadas a asilos em livros riscados de bibliotecas em frases no dorso de fotos antigas. na palavra gasta reconheo a histria (palavra gasta) de tramas pudas cuidados e obsesses impasses de gosto e pensamento. no vazio em que me deixam em vertigem e desamparo sinto que no estou s.[...]

Ao optar por escrever com palavras gastas, declarando seu gosto por elas, o poeta ento se coloca e sua poesia merc da surpresa traioeira, do desconhecido sem fundo, aberto ao encadeamento desconexo de sensaes, lembranas e imaginaes, afetos e pensamentos, prazeres e dores, onde se confundem o singular e o comum, o interior e o exterior. Essa vulnerabilidade - como ele aponta na interioridade lacunar da poesia de Ana Cristina Csar - define uma proposta potica, tica e poltica de endereamento/ interlocuo a uma alteridade no culturalizada, muito aqum de qualquer lgica consensualizante de pergunta e resposta.

Nessa proposta Siscar por um lado reafirma a resistncia do potico no como a de uma forma-monumento autnoma, mas como forma em crise, aberta ao que reacende na linguagem seu carter de dico, de percurso spero e inacabado, entre a garganta e o pensamento. E voltando a tomar Mallarm como referncia, ele considera:Se a experincia moderna da forma costuma ser entendida como singular (elaborada segundo um trabalho de harmonizao entre a circunstncia e a matria, entre o sentido e a realizao) a partir de uma leitura de Mallarm, talvez pudssemos pensar a forma no como uma singularidade, mas como resultado de uma experincia de crise que complica consideravelmente a totalidade desse singular. [...] A forma no uma experincia da identidade, mas da crise. [...] Em suma, a forma no est apenas no carter verbal ou visual, no uso de relquias da tradio ou de transferncias de suporte: est antes no acontecimento da crise, na irritao do entrelugar, ou para dizer com uma figura prpria versificao: na experincia da direse (hesitao entre corte e prolongamento, figura estudada por Michel Deguy, 2007).

Ao mesmo tempo, por outro lado, ressalta que justo enquanto spera e equvoca experincia do vazio e da solido, da vertigem e da hesitao, a poesia pode representar um gesto de resistncia poltica e convite ao ser em comum:

Se algo como um valor democrtico est em jogo na literatura no pela suposta necessidade de chegar ao grande pblico, mas pelo fato de mostrar que a soberania do interesse dito comum est sempre a ser elaborada, est sempre a ser conquistada, e que ter lugar apenas na medida em que for capaz de levar em considerao as excluses que o discurso inevitavelmente opera, no prprio gesto que procura reconstituir a justia social. Outro modo de dizer que a tenso entre a solido do sujeito e a experincia numrica da multido, esse conflito j tpico da tradio potica moderna, permanece como uma condio e um desafio para o pensamento que aspira comunidade. Para este, a democracia mais justa aquela que conseguir ser pensada a partir de seu ponto de saturao e de contradio, da capacidade que tem de acolher aquilo que a coloca em jogo.

Por isso, sua proposta tica e poltica para a poesia s pode se constituir mesmo a partir do paradoxo, como paradoxo, que, lembrando as palavras de Jacques Rancire de incio referidas, . Tal paradoxo formulado incisiva e provocantemente em depoimento sobre o tema mesmo poesia e resistncia:

Em primeiro lugar, a poesia uma forma de suportar o drama do apagamento do irresistvel. Dizendo de outro modo (para torn-lo mais imediata aos nossos ouvidos), poesia aquilo que explicita o drama da resistncia, o drama do descompasso entre o que decidimos e o que queremos, entre o que julgamos e o que podemos ver.

[...]Ou seja: explicitar aquilo que no nos permite resistir um aspecto importante do modo como a poesia trabalha com nosso interesse em resistir. Isso no anula sua fora ou seu interesse, digamos, poltico. Ao contrrio, estabelece uma interpretao do poltico como algo que deve ser entendido na relao com o irresistvel, sem prejuzo do voluntarismo militante. O que chamo de discurso da crise, em poesia, tem sido, historicamente, um modo de pensar o irresistvel, aquilo que emperra o raciocnio do tempo e do lugar homogneo. A prosa no deixa de ser um dos nomes do irresistvel para a poesia, hoje, aquilo por meio do qual ela se ope a si prpria.[...]A poesia para mim tem (ou tem tido) lugar. (ou tem sido) meu modo de descobrir, de experimentar ou de suportar a tenso do acontecimento, de defrontar o que escapa a qualquer poltica e, ao mesmo tempo, de afrontar as polticas ou os discursos do fato. Outra maneira de dizer que a poesia, para mim, (ou tem sido) o irresistvel.

Cf. LYOTARD, Jean-Franois. Re-escrever a modernidade. In: ___ O Inumano. Consideraes sobre o tempo. Lisboa: editorial Estampa, 1997.

In MAN, Paul de. O ponto de vista da cegueira. Braga/Coimbra/Lisboa; Angelus Novus & Cotovia, 1999, p.37-52.

Optamos por manter o ttulo francs original justamente porque as diferenas de traduo, oscilando entre Crise de verso e Crise do verso, indicam diferentes interpretaes da questo proposta por Mallarm, conforme mostraremos adiante. Para nosso uso, em funo disso, preferimos a primeira das duas formas, tal como se apresenta na coletnea de textos do poeta francs traduzidos por Fernando Scheibe, intitulada divagaes (Florianpolis, Editora da Universidade Federal de Santa Catarina, 2010.

MAN, op.cit., p.41.

Op. cit., p.41.

Idem, p.46-47.

Idem, p.50-51.

Idem, p.188-207.

Paris: Hachette, 2006.

Cf. no ensaio referido as ressalvas feitas por de Man concepo de modernidade defendida por Hugo Friedrich em seu clssico Estrutura da lrica moderna (So Paulo, Cultrix, 1978) .

RANCIRE, op.cit., p.12-13.

Idem, p.99.

Idem, p.80.

Idem, p.24.

Idem, p.90.

Idem, p.107.

RANCIRE,op.cit.In:LINS, D. (org.)Nietszche/Deleuze: arte, resistncia. Rio de Janeiro/Fortaleza: Forense Universitria/FCET, 2007, p. 140.

Idem, ibidem.

Cf. CAMPOS, Haroldo de. Poesia e modernidade: da morte da arte constelao. O poema ps-utpico. In: ______. O arco-ris branco. Rio de Janeiro: Imago, 1997.

Marcos Siscar publicou ainda Tome seu caf e saia (7 Letras, 2001), Metade da Arte (Cosac & Naify / 7 Letras, 2003) , O Roubo do Silncio (7 Letras, 2006) e Interior via satlite (Ateli Ediorial, 2010).

Na esteira de certa tendncia hegemnica valorizao da poesia racional-construtiva, Flora Sussekind escreveu ensaio emblemtico, embora polmico, sobre o ponto de vista anti-subjetivo na poesia de Carlito Azevedo. Cf. A poesia andando. In: ________. A voz e a srie. Rio de Janeiro/Belo Horizonte: Sette Letras/EduFMG, 1998.

In: Revista Alea. UFRJ/Programa de PG em Letras Neolatinas, 2001, n 13, p.171-172.

SISCAR, Marcos. Poesia e crise. Campinas: EdUNICAMP, 2010.

SISCAR, Metade da arte, p.164.

Idem, p.161.

Idem, p.160.

In: ___________. Poesia e crise. Campinas: EdUNICAMP, 2010.

Idem, p.110-111.

Idem, p.116.

Cf. SISCAR, Marcos. Apresentao. In: Ana Cristina Csar. Rio de Janeiro: Eduerj, 2011, Coleo Ciranda da poesia, p.15.

Idem, p.48.

Metade da arte, p.17.

Idem, p.16.

Idem, p.67

O discurso da crise e a democracia por vir.Op.cit., p.40

A cisma da poesia brasileira, in Poesia e crise, p. 167.

CF.. Estrelas extremas: sobre a poesia de Haroldo de Campos. Op. cit., p.317.

Op.cit., p.93.

Op.cit., p.94.

Idem, p.95.

Cf. Poetas beira de uma crise de verso, p.114-115. O estudo de Michel Deguy referido nessa citao est em seu livro Reouverture aprs travaux (Paris, Galile, 2007), publicado no Brasil como Reabertura aps obras, em traduo de Marcos Siscar e Paula Glenadel ( Campinas, EdUNICAMP, 2010).

Cf. O discurso da crise e a democracia por vir, p.39-40.

Cf. Do irresistvel. Depoimento publicado em dossi sobre o tema Poesia e resistncia no site do Grupo de Pesquisa Lyra: compoetics ( HYPERLINK "http://www.lyracompoetics.org" www.lyracompoetics.org) em 2012.