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XVIII Encontro Baiano de Educação Matemática A sala de aula de Matemática e suas vertentes UESC, Ilhéus, Bahia de 03 a 06 de julho de 2019 2019. In: Anais do XVIII Encontro Baiano de Educação Matemática. pp.xxx. Ilhéus, Bahia. XVIII EBEM. ISBN: A RESSIGNIFICAÇÃO DO TEOREMA DE PITÁGORAS ATRAVÉS DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS EM TAREFAS DE NATUREZA EXPLORATÓRIA Marianne Santos Talher 1 Universidade Federal do Espírito Santo Universidade Aberta do Brasil [email protected] Célia Barros Nunes 2 Universidade do Estado da Bahia Campus X [email protected] Resumo: A presente comunicação é fruto de uma pesquisa realizada durante um curso de especialização Ensino de Matemática para o Ensino Médio Matemática na prática, que ocorreu em sala de aula com uma turma do 1° ano do Ensino Médio, cujo objetivo foi de (re) significar o ensino-aprendizagem do Teorema de Pitágoras. Eles conheciam o enunciado do Teorema, mas continuavam a apresentar dificuldades em compreender o seu significado, detendo apenas à sua generalização algébrica. Para isso, foi utilizado como prática metodológica a resolução de problemas e o ensino exploratório que serviram de sustentação teórica para o embasamento da pesquisa. O desenvolvimento da pesquisa se deu pela abordagem qualitativa, tendo como característica a descrição e interpretação dos dados coletados. Foram utilizados como instrumentos de coleta de dados fotos e o registro escrito dos alunos, das resoluções produzidas por eles. E, após a análise dos dados, percebemos que os estudantes, em sua maioria, compreenderam o significado do Teorema de Pitágoras ao se engajar nas tarefas, despertando o fazer matemático. Palavras-chave: Teorema de Pitágoras. Ensino exploratório. Resolução de problemas. Tarefas. INTRODUÇÃO O ensino do Teorema de Pitágoras, na maioria das salas de aula é apresentado de maneira sucinta, geralmente os estudantes aprendem como utilizar a fórmula 2 = 2 + 2 , no 1 Professora da Educação Básica da rede estadual do Espírito Santo. Estudante do curso de especialização Ensino de Matemática para o Ensino Médio matemática na prática. 2 Professora da Educação Superior na Universidade do Estado da Bahia Campus X.

A RESSIGNIFICAÇÃO DO TEOREMA DE PITÁGORAS … · O ensino do Teorema de Pitágoras, na maioria das salas de aula é apresentado de maneira sucinta, geralmente os estudantes aprendem

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XVIII Encontro Baiano de Educação Matemática

A sala de aula de Matemática e suas vertentes

UESC, Ilhéus, Bahia de 03 a 06 de julho de 2019

2019. In: Anais do XVIII Encontro Baiano de Educação Matemática. pp.xxx. Ilhéus, Bahia.

XVIII EBEM. ISBN:

A RESSIGNIFICAÇÃO DO TEOREMA DE PITÁGORAS ATRAVÉS DA

RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS EM TAREFAS DE NATUREZA EXPLORATÓRIA

Marianne Santos Talher1

Universidade Federal do Espírito Santo – Universidade Aberta do Brasil

[email protected]

Célia Barros Nunes2

Universidade do Estado da Bahia – Campus X

[email protected]

Resumo: A presente comunicação é fruto de uma pesquisa realizada durante um curso de

especialização Ensino de Matemática para o Ensino Médio – Matemática na prática, que

ocorreu em sala de aula com uma turma do 1° ano do Ensino Médio, cujo objetivo foi de (re)

significar o ensino-aprendizagem do Teorema de Pitágoras. Eles conheciam o enunciado do

Teorema, mas continuavam a apresentar dificuldades em compreender o seu significado,

detendo apenas à sua generalização algébrica. Para isso, foi utilizado como prática

metodológica a resolução de problemas e o ensino exploratório que serviram de sustentação

teórica para o embasamento da pesquisa. O desenvolvimento da pesquisa se deu pela

abordagem qualitativa, tendo como característica a descrição e interpretação dos dados

coletados. Foram utilizados como instrumentos de coleta de dados fotos e o registro escrito dos

alunos, das resoluções produzidas por eles. E, após a análise dos dados, percebemos que os

estudantes, em sua maioria, compreenderam o significado do Teorema de Pitágoras ao se

engajar nas tarefas, despertando o fazer matemático.

Palavras-chave: Teorema de Pitágoras. Ensino exploratório. Resolução de problemas. Tarefas.

INTRODUÇÃO

O ensino do Teorema de Pitágoras, na maioria das salas de aula é apresentado de

maneira sucinta, geralmente os estudantes aprendem como utilizar a fórmula 𝑎2 = 𝑏2 + 𝑐2, no

1 Professora da Educação Básica da rede estadual do Espírito Santo. Estudante do curso de especialização Ensino

de Matemática para o Ensino Médio – matemática na prática. 2 Professora da Educação Superior na Universidade do Estado da Bahia – Campus X.

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Título do trabalho

Referência do trabalho

entanto, não compreendem o seu significado geométrico, nem tampouco o significado das letras

a, b e c, causando um obstáculo à aprendizagem. Por isso, acreditamos que atividades

utilizando o ensino exploratório através da resolução de problema, podem contribuir para que

esse cenário seja diferente, passando a provocar inquietações, curiosidade e aprendizagem

matemáticas em crianças, adolescentes, jovens e adultos.

O ensino exploratório através da resolução de problemas, especificamente a

metodologia de ensino-aprendizagem-avaliação de matemática através da resolução de

problemas, se apresenta neste trabalho como uma alternativa metodológica para uma melhor

compreensão do Teorema de Pitágoras.

Defendemos o ensino exploratório através da resolução de problemas por se tratar de

uma estratégia didática que oportuniza aos alunos uma participação mais ativa durante a

resolução do problema, envolvendo-os em atitudes de pensar, fazer e desenvolver a matemática

que precisam aprender. Como diz Van de Walle (2009, p. 57) “os estudantes devem resolver

problemas não para aplicar matemática, mas para aprender nova matemática” . Além disso, a

aprendizagem é assumida como um processo simultaneamente individual e coletivo, resultado

da interação dos alunos com o conhecimento matemático e também da interação com o outro

(OLIVEIRA, CANAVARRO e MENEZES, 2016).

A aprendizagem dos alunos em alguns momentos depende da atividade que realizam e

da reflexão que fazem sobre a mesma, por isso, a seleção das tarefas/problemas que são

trabalhadas em sala de aula, deve levar em conta o tipo de atividade que propõe aos alunos.

Assim, tarefas que conduzem a procedimentos rotineiros são diferentes de tarefas que exigem

aos alunos pensar conceitualmente e que os estimulam a estabelecer conexões (Stein & Smith,

1998). As tarefas são um elemento fundamental na caracterização de qualquer currículo, pois

elas determinam em grande medida as oportunidades de aprendizagem oferecidas aos alunos.

(Ponte, 2005, p. 23).

Com base nas reflexões acima, o presente trabalho traz uma experiência de ensino, na

qual buscou ressignificar o conteúdo Teorema de Pitágoras através da resolução de problemas,

centrada no ensino exploratório. O teorema foi escolhido pelos estudantes, porque

apresentavam dificuldades em aplicá-lo em problemas matemáticos, visto que não conseguiam

compreender o enunciado do teorema e tampouco a sua fórmula, muitas vezes substituíam o

valor numérico da hipotenusa no lugar do valor numérico do cateto e vice-versa.

O texto está estruturado em duas partes: a primeira contém introdução, referencial

teórico com ênfase no ensino exploratório e na resolução de problemas, especificamente na

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Título do trabalho

Referência do trabalho

metodologia de Ensino-aprendizagem-avaliação de Matemática através da Resolução de

Problemas. A segunda parte traz o desenvolvimento metodológico da pesquisa, a análise e

discussão dos resultados e por fim algumas considerações sobre o trabalho realizado.

ENSINO EXPLORATÓRIO E RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS

O ensino exploratório constitui um desafio às práticas de ensino mais habituais, não só

pelas tarefas a propor, mas pela estrutura de aula, pelos papeis que são exigidos ao professor e

aos alunos (OLIVEIRA, CANAVARRO e MENEZES, 2016, p. 54) e de desenvolver

capacidades matemáticas como a resolução de problemas, o raciocínio matemático e a

comunicação matemática (CANAVARRO, 2011, p. 11). Ela se estrutura em quatro fases:

introdução da tarefa, realização da tarefa, discussão da tarefa e sistematização dos resultados

O professor que utiliza o ensino exploratório em sua prática de ensino, oportuniza um

trabalho autônomo aos seus alunos, de modo que eles têm a possibilidade de ver os

conhecimentos e procedimentos matemático surgirem com significado. Dessa forma, o

professor precisa trabalhar com a inquirição, que é apresentada por Cyrino e Oliveira (2016),

segundo Chapman e Heater (2010) como sendo “um ensino de caráter investigativo, centrado

no aluno, orientado por questões, em que a comunicação, a reflexão e a colaboração têm um

papel muito importante”, no entanto o professor precisa fazer as perguntas corretas para

direcionar o estudo de seus alunos.

Pensando numa melhor forma de conduzir bem uma aula utilizando o ensino

exploratório, Canavarro (2011) apresenta quatro etapas fundamentais para os profissionais que

desejam conduzir suas aulas nesta perspectiva:

1- Antecipar: Ao antecipar, o professor dedica-se a: prever a interpretação e o

envolvimento dos alunos na tarefa; elencar uma diversidade de estratégias, corretas e

incorretas, que os alunos poderão usar. 2 – Monitorar: Ao monitorizar, para além de

verificar se os alunos estão a trabalhar na tarefa, o professor dedica-se a: observar e

ouvir os alunos ou grupos; avaliar a validade matemática das suas ideias e resoluções;

interpretar e dar sentido ao seu pensamento matemático. 3 – Selecionar: Corresponde a identificar os alunos ou grupos cujas resoluções são importantes para partilhar, com

toda a turma, na fase de discussão de modo a proporcionar uma diversidade de ideias

matemáticas adequadas ao propósito matemático da aula. 4 – Sequenciar: Esta

prática dá-se quase em simultâneo com a anterior, e é muito orientada pelo percurso

de exploração das ideias matemáticas que o professor entende ser mais adequado para

os seus alunos tendo em vista atingir o propósito matemático da aula.

(CANAVARRO, 2011, p. 13-15).

Estas etapas se identificam com a metodologia de ensino-aprendizagem-avaliação de

matemática através da resolução de problemas, preconizada por Onuchic (1999, 2013),

sobretudo no que se refere as ações do professor em sala de aula. O professor é o responsável

pela criação e manutenção de um ambiente matemático motivador e estimulante em que a aula

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Título do trabalho

Referência do trabalho

deve ocorrer. Segundo Onuchic e Allevato (2004), para se obter isso, toda aula deve

compreender três partes importantes: antes, durante e depois.

Para a primeira parte, o professor deve garantir que os alunos estejam mentalmente

prontos para receber a tarefa e assegurar-se de que todas as expectativas sejam claras.

Na fase durante os alunos trabalham e o professor observa e avalia esse trabalho. Na

terceira, depois, o professor aceita a solução dos alunos sem avaliá-los e conduz a

discussão enquanto os alunos justificam e avaliam seus resultados e métodos. Então

o professor formaliza os novos conceitos e novos conteúdos trabalhados (ONUCHIC

e ALLEVATO, 2004, p. 221).

É essencial que se ensine de modo que os alunos possam ver a Matemática como algo

natural e agradável em seu ambiente.

A metodologia de ensino-aprendizagem-avaliação de matemática através da resolução

de problemas possui características relevantes que precisam de destaque. Primeiro é sabido que

nesta abordagem o objetivo é promover a autonomia dos estudantes, que estes compreendam a

tarefa que estão realizando e consigam pensar, tentar, resolver e encontrar uma solução.

[...] É importante ter a visão de que compreender deve ser o principal objetivo do

ensino, apoiados na crença de que o aprendizado de matemática, pelos alunos, é mais

forte quando é autogerado do que quando lhes é imposto por um professor ou por um

livro-texto. Quando os professores ensinam matemática através da resolução de

problemas, eles estão dando a seus alunos um meio poderoso e muito importante de

desenvolver sua própria compreensão. (ONUCHIC, 1999, p. 208).

Para que haja essa compreensão é necessário que o professor encontre um problema,

chamado comumente de problema-gerador, para o início da tarefa, nesse sentido, o problema

não pode ser de difícil compreensão por parte dos alunos, o que os deixariam desestimulados;

e nem tampouco fácil, pois não causaria empolgação em resolvê-lo. Onuchic (1999) diz que

problema é o ponto de partida e orientação para a aprendizagem, e a construção do

conhecimento far-se-á através de sua resolução. Segundo a autora, “problema é tudo aquilo

que não se sabe fazer mas se está interessado em resolver” (ONUCHIC, 1999, p. 207).

Para uma melhor organização e execução de quaisquer sequências de atividades que

utilizem tal metodologia de ensino-aprendizagem é importante que as atividades sejam

organizadas em dez etapas:

(1) proposição do problema, (2) leitura individual, (3) leitura em conjunto, (4)

resolução do problema, (5) observar e incentivar, (6) registro das resoluções

na lousa, (7) plenária, (8) busca do consenso, (9) formalização do conteúdo, (10) proposição e resolução de novos problemas. (ALLEVATO; ONUCHIC,

2014, p. 44-45).

Estas etapas sevem para orientar o professor no decorrer das suas aulas, no entanto, não

é obrigatório que façam uso de todas as etapas e nessa ordem, alguns trabalhos, talvez não

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Título do trabalho

Referência do trabalho

precise da realização da etapa (3) ou não dê tempo para executar a etapa (10). Mas, elas são

fundamentais para que os envolvidos consigam desenvolver o trabalho proposto.

O papel do professor neste contexto é diferente, porque não precisa que a atenção de

seus alunos esteja voltada exclusivamente para a sua fala, e tampouco que aceitem apenas o

que ele diz, pelo contrário, os alunos podem ser questionadores, construtores do seu próprio

conhecimento e o professor irá apenas mediar esta construção, escolhendo o problema gerador,

eliminando problemas secundários que Onuchic e Allevato (2009) os caracterizam como sendo;

dúvidas referentes à notação, à passagem da linguagem vernácula para a linguagem matemática,

a conceitos relacionados e a técnicas operatórias durante a resolução e quaisquer outras dúvidas

que seus alunos apresentarem. Pólya (1967) acredita que

(…) ao ajudar o aluno, o professor deverá dar apenas uma ajuda interior, quer dizer, sugestões que teriam podido nascer no espírito do próprio aluno, e evitar uma ajuda

exterior, quer dizer dar elementos para a solução que não tenham relação com o estado

de espírito do aluno. Afirmo que é importante dar uma ajuda interior, mas não digo

que tal seja fácil. Para fazê-lo com eficácia, isto exige da parte do professor um bom

conhecimento tanto do problema como do aluno; dito de outro modo, o professor deve

ter experimentado e estar familiarizado com as etapas da resolução de problemas que

ocorrem com frequência e naturalmente. (PÓLYA, 2014, p. 49).

Como se pode perceber, o ensino exploratório em sinergia com a metodologia de

Ensino-aprendizagem-avaliação de Matemática através da Resolução de Problemas na

organização de uma aula permitem o trabalho autônomo dos alunos, a construção do próprio

conhecimento e a discussão coletiva das suas resoluções para o aprofundamento do

conhecimento matemático.

PERCURSO METODOLÓGICO

A delimitação dos sujeitos, procedimentos e instrumentos a serem utilizados foi a parte

mais delicada, como não havia um acompanhamento em uma turma do Ensino Médio houve

dificuldades na escolha do conteúdo matemático a ser trabalhado e de que forma o mesmo seria

abordado. A atuação em uma turma do 1° ano do Ensino Médio, com apenas 15 estudantes, em

uma escola da rede estadual, aconteceu no final de outubro e ao decorrer das aulas foi

delimitado o conteúdo matemático a ser trabalhado; o teorema de Pitágoras.

A escolha do conteúdo se deve ao fato de que através de explicações, exercícios e

aplicações pela professora-pesquisadora (primeira autora deste trabalho), os estudantes

continuavam a apresentar dificuldades em compreender o significado do teorema de Pitágoras,

detendo apenas à sua generalização algébrica.

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Título do trabalho

Referência do trabalho

Dessa forma, a pesquisa foi aplicada em seis aulas com duração de 55 minutos cada e,

as atividades selecionadas foram extraídas do livro Vivendo a matemática: descobrindo o

teorema de Pitágoras de Luiz Márcio Imenes (1987). Os problemas planejados sobe o Teorema

de Pitágoras foram escolhidos com o intuito de ressignificar a essência do Teorema a fim de

promover a aprendizagem dos alunos e atingir o objetivo da pesquisa. Para isso, o tipo de

pesquisa utilizada foi a qualitativa, numa abordagem descritiva e interpretativa (LUDKE e

ANDRÉ, 1986), e como metodologia de trabalho em sala de aula usou-se a metodologia de

ensino-aprendizagem-avaliação de matemática através da resolução de problemas com ênfase

no ensino exploratório.

Os instrumentos utilizados para a aplicação da aula foram: quadro, pincel, folha de

ofício, papel milimetrado, papel quadriculado, tesoura, cola, caneta, xerox da sequência de

atividades e o quebra cabeça desenhado em folha de ofício. Como instrumentos de coleta de

dados foram utilizados apenas fotografias e os registros escritos produzidos pelos estudantes.

DESCRIÇÃO E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

As atividades aplicadas tiveram como finalidade (re)significar o Teorema de Pitágoras

através da Resolução de Problemas em tarefas de natureza exploratória. Para isso, na primeira

atividade pediu-se aos estudantes que pintassem os quadrados da Figura que receberam (Figura

1), depois eles precisavam recortar as linhas tracejadas contidas nos dois quadrados pintados,

formando assim, um quebra-cabeça com 5 peças (Figura 2). Prosseguindo com a tarefa, os

estudantes precisavam montar um novo quadrado utilizando todas as peças do quebra-cabeça,

alguns conseguiram montar um retângulo (Figura 3) e diziam ter encontrado a solução correta,

no entanto, algumas perguntas foram feitas para que eles percebessem se a resposta estava

realmente correta.

Professora (P): Qual a definição de quadrado?

Estudantes (E): Uma figura com todos os lados iguais.

Professora (P): A figura que conseguiram montar tem todos os lados iguais?

Estudantes (E): Não.

Figura 1: Quebra-cabeça com os quadrados pintados Figura 2: Quadrados recortados nas linhas pontilhadas

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Título do trabalho

Referência do trabalho

Fonte: Dados da pesquisa Fonte: Dados da pesquisa

Figura 3: Retângulo montado com o quebra-cabeça Figura 4: Quadrado montado utilizando as peças do quebra-cabeça

Fonte: Dados da pesquisa Fonte: Dados da pesquisa

Após várias tentativas, cada um em seu ritmo, conseguiu formar o quadrado como na

Figura 4.

É importante salientar dois aspectos, nesse início da atividade, a importância da

inquirição, pois a ideia de inquirição está associada a um ensino de caráter investigativo,

centrado no aluno, orientado por questões, em que a comunicação, reflexão e colaboração têm

um papel muito importante. (CHAPMAN; HEATER, 2010 apud CYRINO; OLIVEIRA, 2016,

p. 22, grifo nosso). E da etapa (5) da metodologia de Resolução de Problemas, segundo Allevato

e Onuchic (2014) - observar e incentivar - que é realizada quando os estudantes estão

desenvolvendo as atividades e

O professor age, enquanto isso, observando o trabalho dos alunos, incentivando-os a

utilizar seus conhecimentos prévios e técnicas operatórias já conhecidas, e

incentivando a troca de ideias. Auxilia nas dificuldades sem, contudo, fornecer

respostas prontas, demonstrando confiança nas condições dos alunos. (ALLEVATO;

ONUCHIC, 2014, p. 45-46).

Assim, fica evidente que durante a observação e o incentivo realizados pela professora

que aplicou a sequência didática; que a mesma fez uso do processo de inquirição, o que auxilia

tanto no ensino como na aprendizagem matemática.

Prosseguindo com a atividade, os estudantes começaram a trabalhar em grupos com

quatro componentes e desenvolveram a atividade 7, que pedia para incluir o quadrado obtido e

os demais quadrados em cada um dos lados do triângulo, conforme Figura 5.

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Título do trabalho

Referência do trabalho

Figura 5: Resolução da questão 7

Fonte: Dados da pesquisa.

A questão 8 pedia aos alunos para comparar a área dos quadrados menores com a área

do quadrado maior obtido pela junção das peça do quebra-cabeça da Figura 5. Para esta questão,

três respostas se destacaram pelos alunos em seus grupos.

E1: Que as áreas são diferentes.

E2: Que a área do quadrado maior forma dois quadrados menores.

E3: Que a área dos quadrados menores juntos, formam a área do maior.

Apesar de repostas diferentes, os alunos fizeram uma comparação entre as áreas dos

quadrados, que os permitiu compreender melhor o significado do enunciado do Teorema de

Pitágoras, ao utilizarem o papel quadriculado, conforme Figura 6. Conseguiram unir os vértices

dos quadrados pequeno, médio e grande, formando no interior, um triângulo retângulo,

semelhante à Figura 5 e, além disso, escreveram com rapidez a quantidade de quadradinhos em

cada um, que pode ser notado como mostrado na Figura 7.

Figura 6: Resolução das questões 9 a 11 Figura 7: Resolução de um grupo para a questão 11.

Fonte: Dados da pesquisa Fonte: Dados da pesquisa

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Título do trabalho

Referência do trabalho

Por fim, foi perguntado aos estudantes: _ O que se pode concluir observando a

quantidade de quadradinhos em cada quadrado? Escreva sua conclusão. De acordo com a

Figura 7, questão 11, um grupo conseguiu escrever mais de uma conclusão, evidenciando a

mais importante ao dizer que “a soma dos quadradinhos dos dois quadrados menores é igual

ao total de quadradinhos do quadrado maior”.

As atividades até aqui mencionadas foram exploradas em quatro aulas com duração de

55 minutos, cada, sendo finalizada com a formalização do conteúdo na lousa. Depois, foram

utilizadas mais duas aulas para resolução de novos problemas a fim de perceber se os estudantes

compreenderam o Teorema de Pitágoras. Durante a resolução destes novos problemas, dois

problemas secundários surgiram: 1° - dificuldade em encontrar o valor algébrico da diagonal

de um quadrado; 2° - dificuldades com propriedades da radiciação e potenciação. Tais dúvidas

foram sanadas fazendo perguntas em que eles notavam os equívocos e concluíam qual era a

melhor resposta.

Abaixo, na Figura 8 são apresentadas as respostas de um único grupo, nota-se que

conseguiram encontrar o valor algébrico da diagonal, no qual perceberam que para calcular o

valor da diagonal de qualquer quadrado basta multiplicar o valor da raiz quadrada de 2, pelo

valor do lado do quadrado. No entanto, quando foram encontrar o valor da diagonal do azulejo

de lado 9,5 cm, desconsideraram a fórmula geral da diagonal encontrada. E, quando

questionados, responderam que queriam usar o teorema.

Figura 8: Respostas da atividade ‘Diagonal do quadrado’

Fonte: Dados da pesquisa.

Já, outro grupo quis poupar tempo e ser mais prático, substituiu na fórmula o valor do

comprimento do azulejo de 9,5 cm; multiplicando-o por 1,41 obtendo assim, o valor d = 13,77

cm, o que pode ser verificado na Figura 11.

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Título do trabalho

Referência do trabalho

Figura 9: Valor da diagonal utilizando a fórmula d = √2𝑙.

Fonte: Dados da pesquisa.

A resolução desta atividade reforçou o significado que os estudantes construíram sobre

o teorema de Pitágoras, as dificuldades que apareceram, através do diálogo, foram superadas e,

o mais importante os estudantes conseguiram se engajar nas atividades, a pensar

matematicamente, despertando o fazer matemático.

CONCLUSÃO

Durante a aplicação da sequência de atividades ficou visível que os estudantes de fato

compreenderam o que estavam fazendo, sem que mantivessem o foco voltado para o quadro ou

os dizeres do professor. Pelo contrário, o foco estava voltado para a atividade matemática, eles

conseguiram ter concentração, tiravam suas dúvidas que eram esclarecidas através do processo

de inquirição, que é a característica primeira do ensino exploratório, pois, o professor ao fazer

as perguntas corretas induz o estudante às respostas corretas. A atividade foi satisfatória, não

apenas porque os estudantes encontraram as respostas dos enunciados, ou conseguiram

compreender o teorema de Pitágoras, mas porque no seu desenvolvimento, eles desenvolveram

atitude de pensar, que é uma das finalidades essencial no ensino. E para aprender eficazmente,

“o aluno deverá descobrir por si mesmo uma parte da matéria ensinada tão grande quanto

possível nas circunstâncias dadas” (POLYA, 2014, p. 46). E que, possivelmente, será aquilo

que o estudante levará para a sua vida.

No que se refere ao conteúdo matemático escolhido, a princípio ele parece ser fácil sob

o ponto de vista do professor, porque este já detém o conhecimento e o compreende, mas nossos

estudantes precisam de instrumentos que viabilize a construção de seu pensamento e, utilizar o

quebra-cabeça oportunizou uma compreensão mais sólida, porque mesmo conhecendo o

enunciado do teorema, os estudantes não associam que este se refere aos quadrados cujas

medidas dos seus lados são correspondentes aos catetos e a hipotenusa de um triângulo

retângulo qualquer.

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Título do trabalho

Referência do trabalho

Durante a realização das tarefas com o uso da Metodologia de ensino-aprendizagem-

avaliação de Matemática através da Resolução de Problemas numa abordagem exploratória

pode-se perceber a geração de novos conhecimentos relevantes e úteis na aprendizagem dos

estudantes, para além da compreensão do Teorema de Pitágoras. Tais práticas possibilitaram:

um ambiente propício para a participação dos alunos nas discussões coletivas e, neste momento

da aula, a professora-pesquisadora procurou promover a qualidade matemática das

apresentações dos alunos ao lhes pedir explicações para esclarecer ideias e justificações.

REFERÊNCIAS

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exploratório da Matemática: do retrato de uma prática à formação de professores. Revista

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Lisboa, p.44-50, n.º 130, nov./dez. 2014.

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Referência do trabalho

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