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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO NACIONAL DE EDUCAÇÃO DE SURDOS DEPARTAMENTO DE ENSINO SUPERIOR CURSO BILÍNGÜE DE PEDAGOGIA A SALA DE RECURSOS DE ALUNOS INTEGRADOS COMO ATENDIMENTO ESPECIALIZADO NA ÁREA DA SURDEZ. ALESSANDRA MACHADO DE SANTANA RIO DE JANEIRO Dezembro, 2009

A Sala de Recursos para o aluno Surdo

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Os movimentos políticos organizados pelos próprios Surdos em prol de uma educação qualitativa e condizente com as particularidades linguísticas deste grupo exigem um rompimento com o paradigma educacional atual, uma reestruturação no currículo escolar e na especialização dos professores. Essas modificações são refletidas em todo campo escolar, principalmente em relação à formação dos professores, às propostas curriculares e as tecnologias que possam atender dignamente a este público. Vários documentos e autores ligados à educação especial são mencionados neste trabalho e serviram para auxiliar na compreensão dos espaços e movimentos educacionais viabilizados para os surdos. Este trabalho tem como objetivo geral identificar o papel da sala de recursos para o alunado Surdo, especificando como a sala de recursos de alunos surdos integrados contribui para a formação do sujeito surdo e qual o diferencial do aluno que frequenta uma sala de recursos do aluno que não participa de um atendimento especializado.

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  • MINISTRIO DA EDUCAO INSTITUTO NACIONAL DE EDUCAO DE SURDOS

    DEPARTAMENTO DE ENSINO SUPERIOR CURSO BILNGE DE PEDAGOGIA

    A SALA DE RECURSOS DE ALUNOS INTEGRADOS COMO ATENDIMENTO

    ESPECIALIZADO NA REA DA SURDEZ.

    ALESSANDRA MACHADO DE SANTANA

    RIO DE JANEIRO Dezembro, 2009

  • ALESSANDRA MACHADO DE SANTANA

    A SALA DE RECURSOS DE ALUNOS INTEGRADOS COMO ATENDIMENTO

    ESPECIALIZADO NA REA DA SURDEZ

    Monografia apresentada ao Departamento de Ensino Superior do Instituto Nacional de Educao de Surdos como requisito parcial para obteno do grau de Pedagogo. Orientador: Ms. Mauricio Rocha Cruz Coorientador: Ms. Laura Jane Messias Belm

    RIO DE JANEIRO Dezembro, 2009

  • ALESSANDRA MACHADO DE SANTANA

    A SALA DE RECURSOS DE ALUNOS INTEGRADOS COMO ATENDIMENTO

    ESPECIALIZADO NA REA DA SURDEZ.

    Monografia apresentada ao Departamento de Ensino Superior do Instituto Nacional de Educao de Surdos como requisito parcial para obteno do grau de Pedagogo. Orientador: Ms. Mauricio Rocha Cruz

    Coorientador: Ms. Laura Jane Messias Belm

    Aprovada em ____/_____/______

    BANCA EXAMINADORA

    ____________________________ Prof Ms. Maurcio Rocha Cruz

    ____________________________

    Prof Ms. Gil Felix Instituto Nacional de Educao de Surdos DESU

    ___________________________

    Prof Ms. Laura Jane Messias Belm Secretaria Municipal de Educao do Rio de Janeiro

  • DEDICATRIA

    DEDICO ESTE TRABALHO

    Auricelia SantAna, Elaine Machado, Eduardo Cavichio pelas

    dignssima representatividade que ocupam em minha vida,

    oferecendo-me sempre apoio e firmeza nos momentos mais

    angustiantes e de fraqueza que vivenciei ao longo desta jornada;

    Aos meus queridos avs, tios e primos Machados, famlia

    Cavichios e amigos que compreenderam a minha ausncia

    durante este perodo acadmico e que tiveram uma extensa

    pacincia de escutarem minhas releituras monogrficas

    contribuindo para a realizao de mais este objetivo;

    Ao meu querido e ausente Pai que em vida me deixou o modelo

    de persistncia e fora, pondo-me sempre a repensar nas falhas,

    ensinando a humildade para admiti-las e que muito torceu pelas

    minhas conquistas, acreditando e motivando em cada passo dado.

  • AGRADECIMENTOS

    So tantos e imensamente especiais...

    Deus por me permitir chegar at aqui!

    Aos familiares, amigos, alunos, professores e diretores da E. M. Frei Vicente do

    Salvador por tudo que representam. Pelo apoio pessoal e por acreditarem e

    confiarem no meu trabalho, sempre motivando-me a conhecer mais sobre as

    questes pertinentes a rea da surdez, somando foras na busca de uma melhora

    desta realidade educacional e que, atualmente, vivenciam nas turmas regulares e

    nos outros espaos das salas de recursos para alunos surdos e com deficincia

    auditiva;

    Monica Astuto, Vronica Lima, Maria Cristina, Regina Coeli, Karla Maria Costa,

    Renata P. Tostes, Tarcio R. Duque, Cintia Assis, Beatriz Jandira, Isaac Gomes, Ana

    Cristina, Priscilla Cavalcante, Marlene Prado, Simone Gonalves, Gilvana Amorim e

    Roberta Gomes, Fabiano Guimares, Roseni dos Santos, Maria Manuela, lida

    Brando que muito interferiam nas minhas prticas educacionais e nas minhas

    atribuies enquanto formadora de alunos surdos refletindo diretamente nos estudos

    desta pesquisa;

    Aos Mestres: Mauricio R. Cruz, Laura Jane, Janete Mandelblatt, Aline Lage, Yrlla

    Ribeiro, Eugnia, Maria das Graas, Robson Cavalcanti e igualmente a todos os

    Mestres e Doutores que compartilharam, ou ainda, compartilham neste espao

    acadmico os seus conhecimentos e teorias, que ao longo destes quatros anos nos

    propuseram reflexes e proporcionaram sbios momentos de aprendizagem e de

    interferncias que contriburam para o meu crescimento acadmico e profissional, os

    quais resultaram no aperfeioamento da minha postura como pesquisadora,

    direcionando e guiando-me na busca dos conceitos e aprofundamentos necessrios

    para que eu pudesse concluir esta pesquisa,.

    A todos que entrevistei, pela confiana em prestarem seus depoimentos e por

    disporem de seus tempos e seus espaos escolares para enriquecimento desta

    pesquisa.

  • O discurso e a prtica da deficincia ocultam, com

    sua aparente cientificidade e neutralidade, o problema da

    identidade, da alteridade e, em resumo, a questo do outro,

    de sua complexidade. O discurso da deficincia tende a

    mascarar a questo poltica da diferena; nesse discurso a

    diferena passa a ser definida como diversidade, que

    entendida quase sempre como variante aceitvel (SKLIAR,

    2001, p. 95).

    A educao especial se organizou tradicionalmente

    como atendimento educacional especializado substitutivo ao

    ensino comum, evidenciando diferentes compreenses de

    terminologias e modalidades que levaram a criao de

    instituies especializadas... (Poltica Nacional de Educao

    Especial na Perspectiva de Educao Inclusiva, 2008, p.6)

  • RESUMO

    Os movimentos polticos organizados pelos prprios Surdos em prol de uma

    educao qualitativa e condizente com as particularidades lingusticas deste grupo

    exigem um rompimento com o paradigma educacional atual, uma reestruturao no

    currculo escolar e na especializao dos professores. Essas modificaes so

    refletidas em todo campo escolar, principalmente em relao formao dos

    professores, s propostas curriculares e as tecnologias que possam atender

    dignamente a este pblico. Vrios documentos e autores ligados educao

    especial so mencionados neste trabalho e serviram para auxiliar na compreenso

    dos espaos e movimentos educacionais viabilizados para os surdos. Este trabalho

    tem como objetivo geral identificar o papel da sala de recursos para o alunado

    Surdo, especificando como a sala de recursos de alunos surdos integrados contribui

    para a formao do sujeito surdo e qual o diferencial do aluno que frequenta uma

    sala de recursos do aluno que no participa de um atendimento especializado.

    Palavras-Chave: Educao de Surdos; Sala de Recursos; Recursos Educacionais.

  • SUMRIO

    INTRODUO...........................................................................................................09

    QUADRO SINPTICO DO PRIMEIRO CAPTULO..................................................12

    CAPTULO I - PANORAMA DA EDUCAO DE SURDOS NO BRASIL E NO

    MUNICPIO DO RIO DE

    JANEIRO................................................................................14

    - Conhecendo um pouco sobre a educao de surdos no Brasil.............................15

    - A educao de surdos no municpio do Rio de Janeiro..........................................17

    - Modalidades de atendimentos para alunos surdos e com deficincia auditiva no

    municpio de Rio de Janeiro.................................................................................18

    - Recursos educacionais...........................................................................................26

    - Quem atua nas salas de recursos e formao dos profissionais que lecionam nas

    turmas comuns/regulares ....................................................................................27

    QUADRO SINPTICO DO SEGUNDO CAPTULO.................................................29

    CAPTULO II - REFLETINDO SOBRE A EDUCAO DE SURDOS NAS

    ESCOLAS MUNICIPAIS DO RIO DE JANEIRO......................................................30

    - A pesquisa:.............................................................................................................31

    - Coleta de dados, grficos e reflexes.....................................................................33

    CONSIDERAES FINAIS.......................................................................................39

    REFERNCIAS BIBLIOGRAFICAS .........................................................................43

    ANEXOS....................................................................................................................45

  • INTRODUO

    Com base nas literaturas que dispem do histrico educacional para surdos,

    podemos resumir que todas as lutas do grupo tm como fundamentao central o

    respeito lingstico e o direito de cidadania. Estes sujeitos fazem a distino entre o

    ser surdo e o ser deficiente auditivo1, pois o termo deficiente considerado pelos

    surdos politizados, a estigmatizao da pessoa que no tem algo, em relao s

    outras. Dentro deste histrico, apontamos que uma das metodologias que melhor

    tem correspondido s reivindicaes deste grupo de surdos o bilinguismo.

    Defensores do bilinguismo (SKLIAR, QUADROS, GOLDFELD e tantos outros)

    argumentam que a estratgia usa primordialmente a lngua de sinais para estruturar

    o pensamento como meio de significao e de interao com o espao, no se

    excluindo totalmente a oralizao do surdo, apenas no faz dela o objetivo central.

    Arruda nos conduz a pensar que o surdo aprende mais quando usa sua

    prpria lngua. Sendo assim, o bilingusmo - diferente do oralismo (metodologia que

    objetiva a fala e nega a comunicao gestual) - no v a surdez como doena, mas

    como uma caracterstica que traz algumas particularidades ao indivduo,

    por este motivo o surdo no tem que ser curado, ele tem o direito de ser aceito com as suas caractersticas lingusticas e culturais e o Estado deve promover seu acesso aos seus direitos respeitando tais caractersticas (ARRUDA, 2008, p. 30).

    Assim, com o rompimento de alguns mitos, preconceitos e com a busca do

    respeito singularidade lingustica dos surdos, gradativamente forma tornando

    presentes e atuante nos espaos sociais, em especial nos escolares, quebrando

    paradigmas na educao.

    Cientes de que a escola possui um papel fundamental na transformao

    social e cidad no indivduo, coerente pontuarmos que no s os professores

    como tambm os gestores do espao escolar devam estar em constante pesquisa

    dos saberes que auxiliam seu trabalho e o atendimento especializado na rea da

    surdez. Aguados a compreender e dominar os conceitos que envolvam a

    1 Ver captulo I.

  • problemtica da surdez, as suas especificidades, as propostas curriculares e as

    estratgias que condizem com a poltica de educao reivindicada pelos surdos.

    Com base em tais argumentos, selecionou-se desenvolver uma pesquisa de

    campo em trs escolas da rede municipal do Rio de Janeiro, especificamente

    concentrada na modalidade de atendimento doravante denominada de Salas de

    Recursos. A metodologia utilizada foi o estudo de caso, privilegiando os

    procedimentos de pesquisa em que os envolvidos tivessem espao para suas

    opinies (entrevistas semi-dirigidas), onde em que pudessem ser observados e que

    os documentos tambm fossem analisados. Portanto, os procedimentos auferiram

    diversas formas de compreenso e anlise dos dados.

    Nos documentos do Instituto Helena Antipoff (IHA)2, observamos que a

    poltica de educao no Municpio do Rio de Janeiro apia-se na proposta inclusiva

    elencada pelo Ministrio da Educao e Cultura (MEC), referido no documento

    Subsdios para a organizao e funcionamento de servios de educao especial:

    rea de deficincia auditiva, do ano de 1994.

    Na busca de conhecer os espaos e as propostas que a Prefeitura Municipal

    de Educao do Rio de Janeiro oportuniza aos alunos surdos, encontra-se algumas

    modalidades de atendimento, e as quais sero detalhadas ao longo deste trabalho.

    Dentre os espaos investigados, a sala de recursos de alunos surdos integrados

    chama a ateno pelo confronto entre os documentos norteadores, a realidade

    pesquisada (presenciada em trs espaos escolares) e a poltica educacional

    almejada pelos surdos.

    Pretendemos ter alcanado alguns objetivos, dentre eles o de proporcionar

    uma leitura destes espaos ainda pouco conhecidos pelos professores de nosso

    estado. Algumas prticas so analisadas com auxlio de autores importantes no

    tema e documentos referncias sobre a educao de surdos. Alguns documentos

    nos direcionam a uma leitura jurdica enquanto outros nos apontam mecanismos

    pedaggicos. Porm toda dedicao e empenho, nesta pesquisa desejam alm de

    oportunizar o conhecimento sobre o papel especfico3

    2 Instituto da Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro, responsvel pela capacitao dos professores que atuam na educao especial.

    3 A especificidade da sala de recursos est definida no captulo 1 no item 1.3.

  • da sala de recursos para alunos surdos integrados, como tambm proporcionar aos

    leitores uma provocativa de construo direcionada as prticas pedaggicas

    propostas no mbito escolar para os alunos surdos e com deficincia auditiva.

    No primeiro captulo apresentaremos o conceito de surdez, um breve histrico

    da educao de surdos no Brasil, destacando as principais mudanas que

    interferiram na educao deste grupo, no municpio do Rio de Janeiro, explicitando

    os espaos para os surdos e definindo as propostas de trabalho de cada espao.

    No segundo captulo, apontamos por meio de entrevistas semi-dirigidas a

    professores, alunos e diretores, as estratgias das salas de recursos, as prticas

    pedaggicas e os resultados quanto ao desenvolvimento cognitivo do aluno surdo.

    Fazendo uma anlise dos materiais dos espaos de atendimento especializados na

    rea da surdez, cuja proposta deste trabalho prev reflexes construtivas, em busca

    de melhorias na educao de alunos surdos e que possam auxiliar ao professor

    alcanar um melhor resultado.

    A entrevista proposta tem tambm como intuito, levantar alguns

    questionamentos, das prticas e teorias concernentes a esses levantamentos.

    No terceiro captulo temos a concluso sobre a temtica estudada, sem

    qualquer objetivo de encerrar as reflexes, mas sim com a proposta de lanar

    desafios para que outras contribuies sejam produzidas.

  • QUADRO SINPTICO DO CAPTULO Captulo I PANORAMA DA EDUCAO DE SURDOS NO BRASIL E NO

    MUNCIPIO DO RIO DE JANEIRO

    Assunto tratado

    Histrico e modalidades de atendimentos na rea da surdez, na Prefeitura Municipal

    do Rio de Janeiro.

    Objetivos do Captulo

    Definir o que a surdez; Apresentar um histrico sobre a educao de surdos;

    Identificar as modalidades e propostas dos atendimentos na rea da educao especial

    (enfatizando os espaos especficos para os alunos surdos); Pontuar o que se entende

    por recursos educacionais;

    Quadro:

    Principais Conceitos /

    Idias analisadas

    Autores e Teorias

    Argumentos / Contra argumentos

    Surdez GODFELD,2003 SILVA; NEMBRI, 2008

    Definio de surdez; Modalidades de atendimento.

    Histrico da educao de surdos ARRUDA,2008; BRASIL, 2001; BRASIL, 2008;

    BRASIL, 1994; PREFEITURA,2001 PREFEITURA,2003

    Atendimento legal e educacional

    As modalidades de atendimentos na rea da surdez oferecidas pela

    Secretaria de Educao do municpio do Rio de Janeiro

    PREFEITURA,2001 PREFEITURA,2003

    Apresentao das modalidades de atendimentos e definio das propostas norteadas para cada um dos espaos citados.

    Recursos educacionais SANTANNA;SANTANNA, 2004

    CANDAU,1997

    Considerao das teorias dos referidos autores para justificar o que foram considerados como recursos educacionais.

    Os profissionais que lecionam nas turmas modalidades de

    atendimento na rea da surdez

    PREFEITURA,2001 PREFEITURA,2003

    Apresentar os profissionais e sua formao para atuar nos espaos descritos.

    Concluso do Captulo Apresentou-se o conceito de surdez, um breve histrico

    da educao de surdos no Brasil, destacando as principais mudanas que

    interferiram na educao deste grupo, no municpio do Rio de Janeiro, com base nos

    documentos especficos, mostrando as finalidades dos espaos frequentados por

    surdos.

  • CAPTULO I

    PANORAMA DA EDUCAO DE SURDOS NO BRASIL E NO MUNCIPIO DO RIO

    DE JANEIRO

    Os conceitos gerais sobre surdez, classificaes e as caractersticas dos

    diversos tipos de surdez, so fundamentais para compreendermos as implicaes

    da deficincia auditiva no espao escolar.

    Com base nos preceitos propostos por GOLDFELD (2003), a deficincia

    auditiva a incapacidade parcial ou total de audio, podendo ter como causa as

    questes de doena posteriores ao parto ou, ainda, gentica. O grau de perda

    auditiva, medido habitualmente em decibis, calculado em funo da intensidade

    necessria para amplificar um som de modo a que seja percebido pela pessoa

    surda. Uma pessoa com audio normal pode captar como limiar inferior, desde -10

    dB at + 25 dB. Uma perda de

    100 dB (profunda) considerada bem mais difcil, para o prognstico de reabilitao.

    Ainda em GODFELD (2003), a surdez, classificada de deficincia auditiva, ou

    hipoacsia, tambm categorizada quanto ao grau de perda auditiva, sendo eles:

    Perda auditiva leve (26 a 40 dB): No tem efeito significativo no

    desenvolvimento desde que no progrida, geralmente no necessrio uso de

    aparelho auditivo;

    Perda auditiva moderada (41 a 70 dB): Pode interferir no desenvolvimento da fala e linguagem, mas no chega a impedir que o indivduo fale;

    Perda auditiva severa (71 a 90 dB): Interfere no desenvolvimento da fala e linguagem, mas com o uso de aparelho auditivo poder receber informaes utilizando a audio para o desenvolvimento da fala e linguagem;

    Perda auditiva profunda (a partir de 91): Sem interveno a fala e a linguagem dificilmente iro ocorrer.

    Cabe ressaltar que a autora considera que a maior privao para surdo no

    a leso auditiva, mas sim o atraso na aquisio de linguagem e pode ter

    conseqncias cognitivas, comportamentais e interferir na escolarizao.Diferente

    das maiorias das definies encontradas no campo da sade, o ponto de vista

  • proposto neste trabalho, sobre a capacidade de aprendizagem do surdo,

    semelhante ao conceito educacional4

    , pois ambos consideram que surdez refere-se incapacidade da criana aprender a

    linguagem por via auditiva, porm no um impeditivo no desenvolvimento

    cognitivo, desde que ele tenha um espao que privilegie sua linguagem, evitando o

    atraso lingustico. Na rede municipal de ensino do Rio de Janeiro, para que se defina

    um aluno como deficiente auditivo e ou surdo e determine o grupamento e

    atendimentos que ele participar, utilizam-se os exames e laudos fornecidos pelos

    especialistas da sade. Pois somente na apresentao dos documentos citados,

    onde aqueles que so capacitados em realizar os procedimentos clnicos, fazer suas

    leituras comprobatrias; ou no, da perda auditiva, que a equipe de profissionais da

    Educao Especial se apoiar para selecionar os espaos educacionais e as

    modalidades que beneficiaro o sujeito investigado.

    1.1 Conhecendo um pouco sobre a educao de surdos no Brasil

    No Brasil, o atendimento s pessoas com deficincia iniciou-se apenas na

    poca do imprio com a criao de duas instituies na cidade do Rio de Janeiro: o

    Imperial Instituto dos Meninos Cegos, em 1854, atual Instituto Benjamin Constant-

    IBC, e o Instituto dos Surdos Mudos, em 1857, atual Instituto Nacional de Educao

    de Surdos INES.

    No ano de 1911 o INES seguiu a tendncia mundial do oralismo. Com base

    em GOLDFELD podemos afirmar que esta ideologia ou mtodo oralista se apia nas

    abordagens que enfatizam a fala e a amplificao da audio e rejeitam,

    explicitamente e de maneira rgida, qualquer uso da lngua de sinais (2003, pp. 99-

    100). Acreditando nesta metodologia de trabalho, proibiu-se oficialmente, no ano de

    1957, o uso da linguagem gestual.

    Em 1961, o atendimento educacional s pessoas com deficincia passa ser

    fundamentada pelas disposies da Lei de Diretrizes e Bases da Educao

    4 Consideram como polticas educacionais o decreto 5.626, de 22 dezembro de 2005, que

    regulamenta a Lei n 10.436, de 24 de abril de 2002, e o art. 18 da Lei n 10.098, de 19 de dezembro de 2000.

  • Nacional, Lei n 4.024/61, que aponta o direito dos excepcionais educao,

    preferencialmente dentro do sistema geral de ensino.

    Em 1970, chega ao Brasil a filosofia da Comunicao Total (mtodo que

    utilizava os recursos gestuais, juntamente com o oralismo, alm de gravuras para

    mediar o aprendizado). A comunicao total veio significar a mistura da fala e da

    lngua dos sinais. Como uma abordagem educacional a comunicao

    total/bimodalismo objetiva o aprendizado da lngua da comunidade majoritria, no

    nosso caso a lngua portuguesa, atravs da utilizao de todos os recursos

    possveis (GODFELD, 2003, pp. 100-101).

    Em 1973, o MEC cria o Centro Nacional de Educao Especial CENESP,

    que estimulou as aes educacionais voltadas s pessoas com deficincia e

    superdotao, sob a gide integracionista.

    Na dcada de 90, o Bilingusmo inicia sua predominncia pela maioria dos

    espaos educacionais que atende surdos e nas Escolas Municipais da Prefeitura do

    Rio de Janeiro estendendo-se aos dias atuais. Segundo a Poltica Nacional de

    Educao Especial compreende-se que a proposta bilnge refere-se o ensino

    escolar desenvolvido na lngua portuguesa e na lngua de sinais para os alunos

    surdos. O ensino da lngua portuguesa como segunda lngua na modalidade escrita

    para alunos surdos (MEC, 2008, p. 17).

    Mesmo com tantos resultados positivos percebidos na educao de surdos

    atravs da proposta bilngue, ainda percebe-se alguns autores resistentes as

    experincias bilngues. Neste caso, a resistncia do uso da Libras e sua aceitao

    impedem o prprio desenvolvimento do bilingismo. Vejamos;

    No Brasil, como em muitos outros pases, as experincias com educao

    bilnge ainda se encontram restritas. Um dos motivos para este quadro , sem

    dvida, a resistncia de muitos a considerar a lngua de sinais como uma lngua

    verdadeira ou aceitar a sua adequao ao trabalho com o surdo (LACERDA, 1996,

    p. 79 apud SILVA; NEMBRI, 2003, p. 26).

    Muitos profissionais que atuam nos espaos regulares com alunos surdos

    integrados, ou at mesmo nas salas de recursos dentro da Prefeitura da Cidade do

    Rio de Janeiro, no tem noo ou conhecimento da Libras, ignorando a primeira

    lngua deste sujeito, que o principal canal para organizao e reestruturao do

    pensamento, suas reais capacidades e as adaptaes necessrias para mediar o

  • aprendizado, conflitando a prtica com o sentido da educao e os supostos

    objetivos encontrados na proposta inclusiva do MEC. O significativo no a

    deficincia em si mesma, no o que falta, mas como se apresenta seu processo de

    desenvolvimento (MONTEIRO, 1998, p. 75). Para se planejar um trabalho

    pertinente, com atividades que faam sentido para o alunado surdo, relacionadas

    com o seu cotidiano, oportunizando uma educao voltada para o desenvolvimento

    das funes psquicas mentais que auxiliem o aluno a superar as suas dificuldades

    fundamental que o professor conhea seu aluno; no apoiar-se no que falta nele,

    mas ter uma idia, sobre o que ele possui, o que ele trs e o que ele

    (VYGOTSKY, 1989b apud MONTEIRO, 1998).

    Em 1996 a Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional, Lei 9.394/96,

    recomenda que os sistemas de ensino assegurem aos seus alunos currculo,

    mtodos, recursos e organizao especficos bem como oportunidades educacionais

    apropriadas, consideradas as caractersticas especficas do alunado, seus

    interesses, condio de vida e de trabalho.

    No ano de 2000 temos o primeiro reconhecimento da LIBRAS, como lngua

    para surdos, com a Lei n 10.436, porm esta lei s ganhou uma maior repercusso

    em 2005, no decreto 5.626/05, que firma a incluso dos alunos surdos, a

    organizao da educao bilnge, a incluso da Libras como disciplina curricular, a

    formao e a certificao de professor, instrutor e tradutor/intrprete de Libras e o

    ensino da lngua portuguesa como segunda lngua para alunos surdos no ensino

    regular.

    Em 2006, lanado o Plano Nacional de Educao em Direitos Humanos que

    dentre suas aes objetiva, no currculo da educao bsica, aes temticas

    condizentes s pessoas com deficincia e o desenvolvimento de aes que

    possibilitem a incluso, o acesso e a permanncia na educao superior.

    Em 2007, o decreto n 6.094/2007 estabelece dentre as diretrizes do Compromisso

    Todos pela Educao, com a garantia do acesso e permanncia no ensino regular e

    o atendimento s necessidades educacionais especiais dos alunos, fortalecendo a

    incluso educacional nas escolas pblicas.

  • 1.2. A educao de surdos no municpio do Rio de Janeiro

    Atravs das literaturas pesquisadas observa-se que logo depois da criao do

    Instituto de Educao do Excepcional, em 1959, na antiga Guanabara (capital), atual

    municpio do Rio de Janeiro, inicia-se a educao de surdos nas escolas pblicas.

    Apenas no ano de 1961 encontra-se registrado a criao o Ncleo de D. A.

    (deficiente auditivo) demonstrando a iniciao do trabalho com pessoas portadoras

    de deficincia auditiva.

    Em 1964 foram criados setores especializados para atender s diversas

    deficincias: setor de deficincia mental, setor de deficincia auditiva, setor de

    deficincia visual e setor de deficincia fsica.

    No ano de 1974, por meio um Decreto do governador, o Instituto de Educao

    do Excepcional passa a designar-se Instituto de Educao do Excepcional Helena

    Antipoff.

    Em 1983 surgem turmas especficas para portadores de deficincia auditiva,

    cujo objetivo era promover a alfabetizao para que, ento, esse aluno fosse

    integrado na turma convencionada de comum/ regular.

    No ano 1986 os alunos eram submetidos a uma avaliao e classificados para

    freqentar a classe especial de alfabetizao de D. A, com apoio da sala de

    recursos/ D.A.

    Em 1992 os responsveis pela organizao da educao especial dentro da

    SME-RJ, com base nas observaes de campo, repensaram a situao inicial da

    matrcula do aluno classificado de D. A. e definiram que ao invs de um processo

    avaliativo a todos os alunos surdos que chegassem na rede, iniciando sua vida

    escolar, seriam matriculados nas classes especiais para alunos surdos, com

    atendimento na sala de recursos em horrio oposto ao da classe.

    A partir de 1996 as classes especiais passaram a ser organizadas atravs da

    multisseriao5, da classe de alfabetizao quarta srie, atualmente classificada

    de quinto ano na rede municipal.

    5 Com base na proposta bilngue de 2003 e nas prticas educacionais da SME/RJ, entende-se por multisseriao, nas classes especiais, os diversos nveis/sries de cada aluno que pode-se ter numa mesma classe especial. Cada aluno muda de nvel conforme o desenvolvimento obtido ao final de cada bimestre.

  • 1.3. Modalidades de atendimentos para alunos surdos e com deficincia auditiva6 no municpio de Rio de Janeiro

    As Diretrizes Nacionais para a Educao Especial na Educao Bsica, do

    ano de 2001, defende uma incluso escolar que compartilhe com todas as

    modalidades de atendimento e suporte educacional da Educao Especial. A

    educao especial um

    processo educacional escolar definido por uma proposta pedaggica, que assegure recursos e servios educacionais especiais, organizados institucionalmente para apoiar, complementar, suplementar e, alguns casos, substituir os servios educacionais comuns, de modo a garantir a educao escolar e promover o desenvolvimento das potencialidades dos educandos (BRASIL, 2001, p. 69).

    Nesta mesma perspectiva, o projeto poltico pedaggico da SME/RJ

    estabelece uma proposta de Educao Inclusiva, onde os alunos com deficincias

    ou outras necessidades especiais tem matrcula assegurada em qualquer escola e o

    IHA garante para os alunos que se escolarizam nesta rede, variadas modalidades de

    atendimentos:

    1. A Escola Especial: destinadas a alunos com necessidades educacionais que

    precisem de uma quantidade maior de adaptaes fsicas, materiais e

    curriculares, assim como funcionrios de apoio, para realizar sua locomoo e

    higiene;

    2. As Classes Especiais que funcionam em escolas regulares, sendo uma das

    alternativas de educao inclusiva;

    3. As Classes Hospitalares, abertas em hospitais conveniados com a Prefeitura

    da cidade do Rio de Janeiro para atender a crianas e adolescentes internados

    em enfermarias, a fim de proporcionar-lhes aprendizado;

    4. As Salas de Recursos, que o foco desta pesquisa, prestam atendimento

    educacional a alunos especiais;

    6 A terminologia surdo proposta em respeito aos sujeitos com perda auditiva profunda, que assumem a identidade surda e firmam a lngua de sinais como primeira lngua. J o termo deficiente auditivos utilizado para definir os alunos com perda auditiva, mas que no se julgam surdos, apresentando resistncia ao uso da lngua de sinais como primeira lngua, ou que ainda esto construindo a sua identidade.

  • 5. O Professor Itinerante assessora o trabalho desenvolvido com os alunos

    especiais, j integrados em turma regular. Ele acompanha e d suporte ao

    professor, escola que atende este aluno e ao responsvel.

    6. O Professor Itinerante Domiciliar que atende os alunos com necessidades

    educacionais especiais em suas respectivas residncias.

    7. Os Plos de Educao Infantil so plos destinados ao trabalho educacional

    de alunos especiais, na faixa etria compreendida de 0 a 3 anos e 11 meses.

    Alguns recortes das polticas pblicas, referentes aos direitos que asseguram

    a incluso dos alunos surdos e seus direitos lingsticos devem ser aqui

    mencionados. O primeiro recorte extrado do Decreto 5.626/2005.

    Art. 22. As instituies federais de ensino responsveis pela educao bsica devem garantir a incluso de alunos surdos ou com deficincia auditiva, por meio da organizao de: II - escolas bilnges ou escolas comuns da rede regular de ensino, abertas a alunos surdos e ouvintes, para os anos finais do ensino fundamental, ensino mdio ou educao profissional, com docentes das diferentes reas do conhecimento, cientes da singularidade lingstica dos alunos surdos, bem como com a presena de tradutores e intrpretes de Libras - Lngua Portuguesa. Art. 23. As instituies federais de ensino, de educao bsica e superior, devem proporcionar aos alunos surdos os servios de tradutor e intrprete de Libras - Lngua Portuguesa em sala de aula e em outros espaos educacionais, bem como equipamentos e tecnologias que viabilizem o acesso comunicao, informao e educao. 2o As instituies privadas e as pblicas dos sistemas de ensinos federais, estaduais, municipais e do Distrito Federal buscaro implementar as medidas referidas neste artigo como meio de assegurar aos alunos surdos ou com deficincia auditiva o acesso comunicao, informao e educao.

    O segundo recorte extrado da Lei n 9.394/96,

    Art. 4, III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficincia, preferencialmente na rede regular de ensino. Art. 58. Entende-se por educao especial, para os efeitos desta lei, a modalidade de educao escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais. 1 Haver, quando necessrio, servios de apoio especializado, na escola regular, para atender s peculiaridades da clientela de educao especial. 2 O atendimento educacional ser feito em classes, escolas ou servios especializados, sempre que, em funo das condies especficas dos alunos, no for possvel a sua integrao nas classes comuns de ensino regular.

  • A intencionalidade em destacar os presentes trechos, artigos de cada

    documento, de firmar que as aes propostas pelos municpios que beneficiam a

    educao de surdos no so escolhas optativas de cada governo, mas uma ao

    normativa a ser cumprida.

    No levantamento sobre o quantitativo de alunos surdos da SME/RJ o IHA nos

    forneceu a mdia de 64 escolas, 117 professores que oferecem atendimento

    especfico na surdez, distribudos entre as dez coordenadorias da Prefeitura. No foi

    especificado o total de alunos surdos atendidos .

    Os alunos encaminhados para as turmas e salas de recursos definidos pela

    equipe de educao especial do IHA ou Coordenadoria Regional de Educao

    (CRE) devem cumprir com o percentual de presena determinados na LDB (Lei

    9394/96) para sua permanncia neste espao.

    Atualmente, encontramos na rede Municipal de educao classes especiais,

    sala de recursos de conversao, turmas comuns com alunos surdos e/ ou com

    deficincia auditiva integrados e as salas de recursos para alunos integrados, como

    modalidades de atendimento, para surdos e deficientes auditivos.

    Observando a realidade atual nas Escolas Municipais da Prefeitura do Rio de

    Janeiro, podemos dizer que, no perodo em que decorreu esta pesquisa, a poltica

    municipal no contempla a presena e parceria do tradutor intrprete de Libras nem

    o ensino da lngua portuguesa como segunda lngua nas turmas comuns/regulares,

    ou seja estes profissionais da lngua de sinais no fazem parte deste contexto

    educacional. Entretanto percebeu-se ensaios e desejos na nova gesto do Instituto

    Helena Antipof (IHA) de mudanas desta poltica vigente, porm nenhum dado ou

    ao foi ainda efetivada.

    1.3.1 As classes comuns com surdos integrados

    Atualmente, os alunos surdos e deficientes auditivos, aps conclurem suas

    etapas de desenvolvimento previstas pelos profissionais da classe especial, so

    integrados7

    7 Grifou-se a expresso integrados para pontuar que o trabalho pedaggico descrito nos

    documentos da Prefeitura Municipal de Educao do Rio de Janeiro, apesar de ter a inteno inclusiva, no demonstrou a ao terica e prtica correspondente ao que encontra-se nas literaturas sobre a teoria da incluso. Sendo assim foi definida como uma integrao do surdo no espao

  • nas turmas comuns para acompanhar e participar das dinmicas propostas nestes

    espaos sem contar com a presena de intrprete da Lngua Brasileira de Sinais.

    A nova Poltica Nacional de Educao Especial na Perspectiva da Educao

    Inclusiva (MEC, 2008) faz referncia a importncia do aluno surdo frequentar o

    sistema regular de ensino, por ser um cidado com os mesmos direitos que qualquer

    outro sujeito. Ele precisa de um modelo orientador da Lngua Portuguesa, de ficar

    exposto lngua nacional, pois no ambiente que oportunizado a troca lingstica

    e o contato direto com os falantes dessa lngua, que a aprendizagem da lngua

    portuguesa se efetivar para o aluno surdo, bem como a oportunidade do

    aprendizado da lngua de sinais para os ouvintes.

    Nesse sistema, ele far uso da leitura orofacial, exercitar a expresso oral e

    a escrita, em classes especiais ou em classes comuns, com apoio de salas de

    recursos.

    Com base nas Diretrizes Nacionais para Educao Especial na Educao

    Bsica (2001) e nas caractersticas da surdez, poderamos resumir que os

    professores e demais profissionais que atuam junto ao aluno surdo na escola regular

    devem atentar para a boa relao do grupo; tratar o aluno sem discriminao ou

    distino; no ficar de costas para o aluno, ou de lado, quando estiver falando; ao

    falar, dirigir-se diretamente ao aluno surdo, usando frases curtas, porm com

    estruturas completas e com o apoio da escrita; verificar se ele est atento as

    dinmicas da aula, utilizar todos os recursos que facilitem sua compreenso; utilizar

    a lngua escrita, e se possvel, a Lngua Brasileira de Sinais; estimular o aluno a se

    expressar; solicitar ajuda da escola especial, sempre que for necessrio; procurar

    obter informaes atualizadas sobre educao de surdos; utilizar, se for necessrio,

    os servios de intrpretes; acreditar de fato nas potencialidade do aluno, observando

    seu crescimento.

    Acompanhando este campo notamos durante as aulas ministradas: o

    desconhecimento dos professores sobre as adaptaes condizente a um aluno

    surdo e deficiente auditivo, a falta do uso da lngua de sinais, a no utilizao de

    recursos visuais, materias pedaggicos (apostilas, folhas mimeografadas) e provas

    sem qualquer adaptao para os alunos integrados. As avaliaes so iguais para

    escolar, uma vez que no viabilizada a este alunado, condio igualitria de participao e interao coletiva no espao educacional o qual frequenta.

  • todos os alunos (algumas provas com termos complexos,ou seja, no forma

    anteriormente trabalhadas, palavras ilegveis, etc).

    Esta situao provocativa, remete ao histrico da educao de surdos e de

    pouca mudana na poltica educacional atual. Estes fatos ainda nos permite indagar

    sobre o valor que esta forma avaliativa, a qual estes alunos so submetidos

    entendida pelo professor da turma comum como retorno aos conceitos propostos,

    ou seja, como ele consegue atribuir um conceito a este aluno sem entender,

    compartilhar uma comunicao efetiva com seus alunados surdos e/ou deficientes

    auditivos. Pensou-se, ainda sobre o que realmente se efetiva neste espao? O que

    de fato estes alunos conseguem, conceitualmente, absorver nas classes comuns? E

    o que tem representado este espao comum para o alunado surdo? Algumas

    sondagens foram realizadas, porm os dados no so suficientes para sugerirmos

    apontamentos a cerca destes itens.

    1.3.2 As classes especiais para deficientes auditivos e surdos (CE/DA) na

    educao municipal do Rio de Janeiro

    O aluno surdo classificado ou reclassificado pela equipe de educao

    especial do IHA ou CRE pode freqentar a classe especial, nas escolas regulares,

    at 18 anos de idade. A equipe responsvel por levantar as necessidades

    educacionais especiais deste aluno, a modalidade de atendimento e, em seguida,

    encaminh-lo para a escola adequada.

    As classes especiais que costumam estar organizadas por faixa etria e nvel

    de escolaridade, funcionam nas escolas regulares e so consideradas uma turma

    como qualquer outro grupamento da escola, oportunizando uma das alternativas de

    educao inclusiva. O horrio de funcionamento da Classe Especial o mesmo das

    demais turmas da Unidade Escolar.

    As classes especiais de alunos surdos so constitudas com o mnimo de seis

    alunos por turma (essa numerao difere conforme o que for estabelecido por

    Portaria relativa formao de turmas, divulgada anualmente no Dirio Oficial),

    atendidos por um professor que, preferencialmente, porm no obrigatoriamente,

    devem possuir alguma especializao ou capacitao na rea de ensino para surdo

    e ter noes bsicas sobre o ensino da lngua portuguesa como segunda lngua e da

  • lngua brasileira de sinais como primeira lngua. O professor desta Classe lotado

    na escola onde funciona o atendimento, por este motivo, a freqncia, o horrio e

    todas as questes administrativas relacionadas a este servidor so de

    responsabilidade da Direo da escola.

    Apoiando-se nos documentos da SME/RJ-IHA, percebemos que cabe a

    responsabilidade ao professor atuante na classe especial de surdos promover a

    alfabetizao na lngua portuguesa escrita, e todo o atendimento pedaggico aos

    alunos surdos utilizando atividades diversificadas, nas quais atuem como agentes

    facilitadores do desenvolvimento da escolaridade do surdo e do seu processo de

    integrao no mundo ouvinte.

    As classes Especiais baseiam-se na proposta curricular8 da SME-RJ/IHA. O

    eixo desta proposta que se desenvolvam competncias e habilidades com os

    alunos surdos e/ou deficientes auditivos dentro de uma proposta comum para todos,

    diversificando o grau de aprofundamento proposto para os nveis de acordo com as

    limitaes e possibilidades de aprofundamento apresentados por cada aluno, com a

    finalidade de realizar as adaptaes curriculares e atender as suas necessidades

    educacionais especiais. Neste mesmo documento pode-se encontrar, tanto nas

    competncias gerais como no ensino da lngua portuguesa, a preocupao da

    compreenso e produo de textos escritos e orais. O que nos chama a ateno e

    causa estranheza a preocupao com o ensino na lngua portuguesa oral, uma

    vez que a proposta direciona-se para o grupo de alunos surdos.

    Os planejamentos das classes so feitos a partir de um tema interesse/

    necessidades dos alunos e atividades que permitam englobar os diferentes

    contedos das diversas reas do conhecimento. Compete, ainda, a esse

    profissional, promover a sensibilizao de toda comunidade escolar a respeito das

    potencialidades dos alunos surdos; dar incio ao processo de integrao escolar dos

    alunos surdos; viabilizar o processo ensino-aprendizagem, desenvolvendo a

    proposta curricular especfica para cada nvel de agrupamento, proposto no

    documento da SME-RJ / IHA; encaminhar os alunos para a classe comum to logo

    tenham, tanto escrita como na linguagem oral, bom ou razovel domnio de lngua

    8 A proposta definida como provisria desde o ano 2001, mas que ainda hoje a base dos planejamentos dos profissionais da classe especifica para surdos e/ou deficientes auditivos.

  • portuguesa (receptiva e expressiva) de modo que consigam integrar-se no Sistema

    Regular de Ensino.

    Podemos resumir que a classe especial tem como objetivo desenvolver

    competncias e habilidades que correspondem ao primeiro segmento do ensino

    fundamental e que o aluno da classe especial poder ser integrado em turma regular

    a qualquer momento, desde que seja reavaliado em conjunto, pela equipe da

    unidade escolar, da Coordenadoria Regional de Educao e pelo Instituto Helena

    Antipoff.

    At o momento, a organizao curricular da classe especial para alunos

    surdos ocorre atravs de trs nveis, com durao de trs anos cada. Porm, a

    previso da nova diretora do IHA de que brevemente estes alunos das classes

    especiais, sejam inclusos nas turmas comuns, por faixa etria, buscando-se cumprir

    a nova Poltica Nacional de Educao Especial na Perspectiva da Educao

    Inclusiva.

    1.3.3 As salas de recursos

    A sala de recursos uma modalidade de atendimento da educao especial: um espao destinado ao trabalho educacional com alunos portadores de necessidades educacionais especiais integrados em classes regulares, tendo como objetivo aprofundar conhecimentos que contribuam para o seu desenvolvimento e aprendizagem, com a utilizao de recursos especficos que atendam s suas necessidades (Educao Especial -SME/RJ, 2001, p. 01).

    Os alunos surdos ou deficientes auditivos a serem atendidos pela sala de

    recursos podem estar matriculados na educao infantil, ensino fundamental e

    projeto de educao de jovens e adultos. Estes alunos devero estar matriculados

    nas turmas regulares/comuns, na rede municipal de educao do Rio de Janeiro e

    em horrio oposto ao da sala de recursos.

    A orientao do trabalho pedaggico realizado pela Sala de Recursos (SR)

    elaborada pela equipe do IHA/CRE e o professor poder agrupar seus alunos de

    diferentes formas, desde que no se faa individualmente e atentando de que a

    forma mais adequada de atendimento aproveite o maior nmero de dias e de horas

    distribudos em quatro dias na semana, pois o quinto dia destinado a atribuies

    de acompanhamentos destes alunos nas unidades escolares, onde o aluno da SR.

    est matriculado na turmas comuns: seleo dos recursos educacionais; confeco

  • de materiais; planejamento de novas estratgias educacionais; reunies com

    familiares e relatrios.

    1.3.3.1 Sala de recursos de conversao

    A proposta da Sala de Recursos Conversao, presentes nos documentos

    fornecidos pela SME/RJ) oferecer contextos, situaes e recursos educacionais

    que favoream a aquisio de um sistema lingustico atravs da lngua portuguesa e

    da Lngua Brasileira de Sinais, aprimorando as estratgias de interao e

    interlocuo entre crianas surdas e ouvintes.

    A metodologia de trabalho da sala de recursos de conversao no tem a

    obrigao de construir conceitos cientficos como nas classes especiais, porm

    devero contemplar os interesses e desejos do grupo ou ainda aproveitar as

    temticas utilizadas pela professora da classe especial.

    Com base nos relatos das profissionais da sala de recursos de conversao,

    acompanhadas no estudo, este espao nos apresenta um histrico instigante, e

    conflituoso, onde terminologia conversao para surdos, sempre est em foco nos

    debates e construes das metas a serem estabelecidas por este atendimento.

    Por um tempo a sala de recursos de conversao traou objetivos como o de

    desenvolver a oralidade do aluno surdo. Atualmente acompanhou-se uma

    divergncia de pensamento, metodologia e prtica de trabalho traado em cada para

    um dos espaos estudados. Uma das profissionais acompanhadas acredita e

    desenvolve o trabalho no linha da oralidade, j as demais profissionais

    apresentaram um novo conceito e entendimento sobre conversao, acreditando

    que a conversao pode se referir ao aprimoramento do discurso em Libras e que o

    desenvolvimento da oralizao, cabe a profissional de fonoaudiologia,

    complementando que aqueles alunos cujo apresentam habilidade na oralidade ou

    que esto em desenvolvimento da sua oralidade, podem tambm se posicionar

    neste espao conforme suas preferncias (em Libras ou oral).

    Todavia e independente dos divergentes olhares sobre a funo da sala de

    recursos de conversao para surdos e/ou deficientes auditivos, os(as) profissionais

    visam preparar o aluno para sua incluso na turma regular, propondo-lhe opes

  • lingusticas para que ele possa se fazer entender e compreender as informaes

    que lhe sero transmitidas.

    1.3.3.2 Salas de recursos de alunos integrados

    No documento da Educao Especial da SME/RJ-IHA (2001)9 so

    delimitados os objetivos deste espao, que de auxiliar o professor de turma regular

    na busca de recursos pedaggicos como firmas de avaliao, metodologias, que

    melhor atendam as necessidades educacionais do aluno; auxiliar o aluno no

    processo de constituio da lngua portuguesa em suas modalidades escrita, a partir

    dos conceitos trabalhados em sala de aula e relacionado a temas vividos; aproveitar

    o resduo auditivo, visando a melhor compreenso e expresso da lngua oral;

    orientar os responsveis sobre a especificidade da surdez, o trabalho realizado, o

    aproveitamento dos alunos e capacidade dos mesmos; auxiliar os professores das

    turmas comuns na busca de recursos educacionais que melhor atendam as

    necessidades especiais dos alunos surdos e deficientes auditivos.

    Ambas as modalidades das salas de recursos apresentadas, tem como

    funo o envolvimento das escolas no processo de incluso dos alunos com

    necessidades educacionais especiais.

    Na prtica da observao dos campos alvos delimitados para esta pesquisa,

    analisou-se que o(a) profissional da sala de recursos atua mais do que um apoio a

    turma comum. Na maioria dos momentos acompanhados, presenciou que neste

    espao foi aonde o aluno compreendeu o conceito proposto na turma comum.

    Em muitos momentos presenciamos os alunos surdos e/ou deficientes

    auditivos chegarem contestando a falta de ateno do professor da turma comum, a

    negativa deste em explicarem determinado vocbulo, falta de apoio visual, falarem

    muito e tambm darem as costas falando e a ao motivacional do(a) profissional da

    SR atuando nos momentos de contestaes objetivando evitar a evaso deste

    sujeito do espao escolar.

    Muitas so as angustias relatadas por destes especialistas, das salas de

    recursos, pois se vem no meio de um entrave educacional desmerecido pela

    9 Consideraes importantes sobre o trabalho das salas de recursos.

  • poltica de educao ouvintista e nada inclusiva para este alunado da SR

    compartilhado com a classe comum.

    1.4 Recursos educacionais

    Durante as descries das modalidades de atendimentos na rea da surdez

    encontramos a terminologia recursos educacionais, ento se realizou um

    levantamento para definir o que so e para que servem estes recursos com a

    finalidade de mais adiante, no momento da pesquisa de campo, identificarmos se os

    profissionais aproveitam coerentemente estes recursos mediante o espao que

    atuam.

    Com base em Santanna (2004), tradicionalmente e na maioria das escolas,

    so considerados recursos educacionais: todos os profissionais envolvidos no

    processo de aprendizagem dos educandos, o ambiente fsico onde ocorrer maior

    parte ou todo processo da aprendizagem (sala de aula, laboratrios, comrcio,

    museus, etc.), os materiais (smbolos orais, smbolos visuais, imagens fixas, rdio e

    gravaes, filmes, televiso, computador) bem como as dramatizaes, experincia

    simulada, experincia direta, exposies, etc.

    Os recursos de ensino se constituem por materiais instrucionais que atuam positivamente na aprendizagem, so estimuladores e reforadores da mesma. Quando estes recursos de ensino so selecionados e aplicados adequadamente, mediam os educandos a desvendar um conceito/ realidade de forma crtica (2004, p. 19).

    Santanna (pp. 21-47) ressalta a importncia dos recursos audiovisuais com

    base na pesquisa realizada pela Secondy Vaceium Oil Co (EUA) e nas anlises de

    Bertand. Ambos ressaltam que o mtodo de ensino significativo responsvel pela

    maior parte da reteno de conceitos ocorre pela via audiovisual, pois estes

    recursos proporcionam uma memorizao mais eficiente; interpretao mais clara;

    fcil compreenso; aprendizagem mais rpida, eficaz e duradoura; e, aquisio de

    novos saberes. Outros pesquisadores da temtica consideram como meios

    audiovisuais at mesmo o sorriso do professor.

    Segundo Leslie Brigs (in Santanna, 2004, p. 22) considera-se meio como

    sinnimo de mtodos e meios de instruo, ou seja, os meios so recursos fsicos

  • utilizados com o fim de apresentar estmulos ao educando e interao do processo

    ensino-aprendizagem, tais como: livros, grficos, gravaes, dispositivos, filmes, a

    voz e os gestos do docente, texto programados, mquinas de ensinar, televiso

    educativa e registro em vdeo.

    1.5 Quem atua nas salas de recursos e formao dos profissionais que

    lecionam nas turmas comuns/regulares

    Para atuar na sala de recursos da rede Municipal do Rio de Janeiro, o

    profissional deve pertencer ao quadro funcional da secretaria municipal de

    educao, ter lecionado durante cinco anos na sala de aula dentro da prefeitura e

    ser indicado para avaliao pela equipe de profissionais do IHA, onde ele poder ser

    requisitado ou solicitado para atuar na educao especial. O professor no precisa

    ter curso especfico, ou formao semelhante na rea da educao especial ou na

    deficincia escolhida, mas ao ser selecionado para atuar em uma das salas de

    recursos, o professor encaminhado para uma sala de recursos especfica na

    deficincia indicada para realizar um estgio de uma semana antes de assumir

    efetivamente o seu espao.

    Os professores das turmas regulares/comuns possuem a formao

    necessria para atuar nas sries que lecionam e recebem algumas capacitaes ou

    atualizaes sobre as estratgias condizentes com a poltica de ensino da rede,

    porm nada especfico para o trabalho com aluno integrado.

  • QUADRO SINPTICO DO CAPTULO Captulo II REFLETINDO SOBRE EDUCAO DE SURDOS NAS ESCOLAS

    MUNICIPAIS DO RIO DE JANEIRO

    Assunto tratado

    As estratgias pedaggicas das modalidades de ensino observadas

    diretamente em algumas Instituies Municipais de Educao, interferncias e

    reflexes dos profissionais de educao e dos alunos envolvidos no processo

    pesquisado.

    Objetivos do Captulo

    Definir as salas de recursos; Esclarecer os fatores particulares ao caso que

    nos levem a um maior entendimento das estratgias oportunizadas pelas

    modalidades de atendimento educacional especializado na rea da surdez e as

    interferncias proporcionadas pelas salas de recursos aos alunos surdos;

    Quadro:

    Principais Conceitos /

    Idias analisadas

    Autores e Teorias

    Argumentos / Contra argumentos

    O espao de pesquisa LDKE; ANDR, 1986 Apresentao dos espaos de campo da pesquisa, e um breve relato dos procedimentos e desenvolvimentos da pesquisa semi-estruturada.

    Metodologia de pesquisa LDKE; ANDR, 1986 Apresentao da metodologia: Estudo de Casos

    Pesquisa no campo escolar PREFEITURA,2001 PREFEITURA,2003

    Coleta de dados, grficos e reflexes.

    Concluso do Captulo Atravs dos dados coletados e da metodologia de

    pesquisa este trabalho no apresenta uma concluso, mas consideraes que

    possam oportunizar futuras reflexes que visem o desenvolvimento de uma

    educao qualitativa para o aluno com surdez que frequenta uma ou as diversas

    modalidades de atendimento ditas como especficas para suas necessidades.

  • CAPTULO II

    REFLETINDO SOBRE EDUCAO DE SURDOS NAS ESCOLAS MUNICIPAIS DO

    RIO DE JANEIRO

    Visitamos a E. M10. Frei Vicente do Salvador, em Padre Miguel; E. M. Tasso

    da Silveira, em Realengo e a E. M. Getlio Vargas, localizada em Bangu11, com

    alunos surdos integrados e atendidos nas salas de recursos, no objetivo de solicitar

    autorizao para a realizao do trabalho de pesquisa de campo. Especificamente, a

    solicitao foi para aplicar um questionrio aos professores, diretores e alunos das

    salas de recursos e turmas regulares com surdos integrados. Aps a permisso

    concedida, marcamos previamente dia e horrio do encontro com os profissionais

    envolvidos na educao de surdos e com alunos das salas de recursos integrados

    destas escolas para a aplicao do questionrio.

    Foram quatro meses, dedicados somente a pesquisa de campo. Todas as

    questes respondidas e os discursos dos profissionais entrevistados foram fielmente

    por mim registrados. Ao trmino de cada pesquisa semi-dirigida e de cada relatrio

    os profissionais rubricavam estes documentos, conferindo os dados coletados/

    registrados.

    O pblico dos alunos surdos entrevistados tinham uma faixa etria entre 13

    17 anos de idade, matriculados no segundo segmento do ensino fundamental. Na

    pesquisa realizada com este alunado foi necessrio que eu interpretasse as

    questes escritas e propostas na lngua portuguesa para lngua de sinais,

    interferindo em um vocbulo ou outro para facilitar o entendimento do pesquisado,

    registrando todos os discursos e outras interferncias oferecidas pelos alunos na

    lngua portuguesa.

    Ao todo conseguimos alcanar quatro professores de turma regular/comum,

    dois professores das salas de recursos, trs diretores e dez alunos surdos

    pertencentes s escolas delimitadas no estudo.

    A proposta adotada para pesquisa foi estudar a sala de recursos para alunos

    surdos integrados e o seu valor para os sujeitos que a freqentam, buscando no

    campo elementos que pudessem acrescentar ou confrontar com os dados

    10 E.M. como abreviao de Escola Municipal.

  • conhecidos, sempre considerando a realidade do contexto pesquisado.

    Partindo dos pressupostos tericos descritos por LDKE; ANDR (1986) sobre

    as metodologias de pesquisa e visando a proposta descrita, procuramos conhecer

    as metodologias que norteassem o presente trabalho. Nesta lgica percebe-se que o

    estudo de casos condiz com o objetivo idealizado e, por conseguinte realizado.

    Das respostas fornecidas pelos questionrios aplicados aos pesquisados,

    pudemos analisar os diversos olhares sobre a sala de recursos para alunos surdos

    integrados, identificar as estratgias e recursos educacionais que as salas de

    recursos e turmas comuns se apropriam na mediao do aprendizado, perceber o

    domnio do profissional sobre as questes e documentos que pautam o trabalho na

    rea da surdez e como se estabelece a comunicao entre estes profissionais de

    educao e seus alunos surdos, alm de demonstrar atravs dos relatos dos

    professores e dos alunos, o reflexo na formao escolar que a sala de recursos

    representa para estes sujeitos.

    Admitimos que a falta de interesse, conhecimento ou compromisso dos

    pesquisados em responder as perguntas, bem como o desconhecimento e falta de

    registro da histria de formao das modalidades de atendimento especfica para o

    alunado surdo e/ou deficiente auditivo presentes nos espaos das escolas

    pesquisadas, podem interferir em alguns grficos e na coleta de enriquecimento dos

    dados objetivados para a esta pesquisa.

    2.1. A pesquisa:

    O Estudo de Caso um tipo de pesquisa que tem sempre um forte cunho

    descritivo, podendo ter um profundo alcance analtico, interrogando a situao ou

    confrontando-a com outras j conhecidas e com as teorias existentes. Este mtodo

    deve ter uma orientao terica bem vincada. Que sirva de suporte formulao

    das respectivas questes e instrumentos de recolhimento de dados e guia na anlise

    dos resultados. Esta teoria necessria para orientar a investigao. Para isso o

    pesquisador deve valer-se de uma variedade de instrumentos e estratgias, sem a

    pretenso de intervir sobre a situao, mas d-la a conhecer tal como ela lhe surge.

    11 Escolas pertencentes 8 Coordenadoria de Educao do Rio de Janeiro (8 CRE).

  • As caractersticas ou princpios associados ao estudo de caso destacam-se

    por visarem descobertas; conhecer o seu como e os seus porqus, evidenciando

    a sua unidade e identidade prprias. uma investigao que se assume como

    particular apoiada sobre uma situao especfica, procurando descobrir o que h

    nela de mais essencial e caracterstico. Tambm faz parte da caracterstica do

    estudo de casos: enfatizar a interpretao em contexto; representar os diferentes

    pontos de vista presentes numa situao social; retratar a realidade de forma

    completa e profunda, usando uma variedade de fontes de informao; revelar

    experincias do pesquisador durante o estudo e permitir generalizaes

    naturalsticas, onde o leitor possa fazer as suas generalizaes atravs da

    indagao que permitam aproximar ou no o dado fornecido e a sua aplicabilidade

    na realidade deste leitor.

    Argumenta-se que a principal diferena entre o Mtodo do Estudo de Caso e

    as demais metodologias de pesquisa esteja na coleta e anlise dos dados, pois na

    metodologia do Estudo de Casos no se pretende chegar a concluses tericas que

    representem avano cientfico, mas sim desenvolver questes que nos permita

    compreender o esquema de referncia. No caso da presente pesquisa o objetivo

    definir as salas de recursos e esclarecer os fatores particulares ao caso que nos

    levem a um maior entendimento das estratgias oportunizadas pelas modalidades

    de atendimento educacional especializado na rea da surdez e as interferncias

    proporcionadas pelas salas de recursos aos alunos surdos.

    Podemos afirmar que a coerncia entre a metodologia e os objetivos da

    presente pesquisa, se encontra na proposta que idealizada para esta parte do

    discurso, ou seja, se encontram na proposta de propiciar o registro da conexo entre

    a experincia dos espaos envolvidos na situao de estudo e as teorias que

    embasam cada espao educacional, consideradas importantes para a anlise do

    mesmo, apresentando qual a interferncia da sala de recursos para o alunado surdo,

    seguindo um protocolo para coleta dos dados que ocorreu por intermdio da anlise

    de documentos, pesquisas semi-dirigidas, etc.

    A forma de abordagem da temtica ocorreu por intermdio de uma pesquisa

    qualitativa, por considerar que h um vnculo dinmico e indissocivel entre o mundo

    real e o sujeito. A interpretao dos fenmenos e a atribuio de significados so

    bsicas neste processo de pesquisa. Os principais focos desta abordagem foram os

  • 0123456789

    10111213141516171819

    USAM A LIBRAS

    NO USAM LIBRAS

    processos educacionais nos espaos oportunizados para os surdos, observados em

    determinadas escolas municipais do Rio de Janeiro, e seu significado. O ambiente

    natural foi a fonte para coleta de dados, descritos para que se podesse analisar os

    dados indutivamente.

    2.2 Coleta de dados, grficos e reflexes]

    Grfico I Utilizao da LIBRAS por professores, diretores e alunos :

    A primeira interrogativa desta pesquisa visou identificar, entre os espaos

    pesquisados, quais profissionais e alunos utilizam a lngua brasileira de sinais nos

    espaos escolares e qual a justificativa que pautam para recorrer a esta lngua.

    Os alunos e os professores que utilizam a LIBRAS afirmam a facilidade de

    assimilar os conceitos e trocar opinies pela lngua de sinais. Os professores

    pontuaram que atravs da lngua de sinais eles estabelecem uma comunicao

    efetiva com os seus alunos surdos, entendendo quais informaes eles assimilaram,

    compartilhando e viabilizando trocas de informaes.

    Os alunos afirmaram que preferem assistir as aulas dinamizadas em LIBRAS,

    questionando os profissionais (incluram no s o grupo escolar como tambm os

    mdicos, profissionais da sade, vendedores, etc.) que no sabem a lngua de sinais

    e por isso no os entendem e no compreendem o que eles precisam ou desejam

    conhecer. A maioria dos alunos declarou uma maior satisfao em frequentar os

  • espaos das salas de recursos para alunos surdos integrados, por causa de seus

    amigos e os professores deste espao saberem lngua de sinais.

    da prpria lngua, reforando a necessidade da capacitao dos professores

    em Libras e nas metodologias que privilegiam o trabalho com este alunado.

    Grfico II - Conhecimentos dos professores e diretores sobre os documentos da

    educao especial:

    Na pesquisa, em campo, percebemos muito profissionais desvinculados das

    polticas educacionais voltadas para os sujeitos surdos, acarretando numa carncia

    e/ou ausncia de uma proposta curricular adequada para esse grupo de alunos, que

    continuam discriminados linguisticamente, sofrendo assim atrasos na aquisio de

    conhecimentos e, por conseguinte, tem seu desenvolvimento cognitivo

    comprometido, levando-os ao menosprezo dentro dos espaos escolares.

    O desconhecimento dos documentos que definem a surdez apresentam os

    espaos para alunos surdos e descrevem a proposta de trabalho para cada espao

    pode ter como consequncia um desmembramento de um trabalho que deve ser de

    parceria. Afinal, o aluno surdo que frequenta a turma comum o mesmo da sala de

    recursos para alunos integrados.

    Caso o professor da turma comum no conhea a proposta da sala de

    recursos ou o da sala de recursos desconhea o da turma comum, o trabalho ser

    solitrio, sem questionamento e reflexes entre os profissionais que compartilham do

    mesmo discente. Se cada espao est contribuindo na formao e ampliao dos

    conceitos para estes sujeitos, nota-se a necessidade de um projeto parceiro entre as

    modalidades de atendimentos.

    A falta de conhecimento e entendimento dos documentos sobre a educao

    0

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    7

    Conhecem

    Conhecem, mas no leram

    ou nunca tiveram acesso

    No conhecem

  • especial dispostos pela Secretaria Municipal de Educao do Rio de Janeiro

    impossibilitam que os professores possam interferir na melhoria das propostas ou

    reivindicar a atuao dos profissionais em seus espaos como parceiros. Em

    contrapartida, aqueles que dominam os documentos, afirmam terem realizado

    diversas tentativas em busca da reviso e atualizao dos textos que direcionam as

    prticas da educao especial, no mbito da SME/RJ.

    Grficos III e IV - Identificao dos recursos educacionais mais utilizados com surdos

    integrados

    O grfico III representa o quantitativo de profissionais que utilizam os

    determinados recursos descritos. Todos os recursos foram considerados conforme a

    frequncia que estes materiais so aproveitados em aula.

    O grfico IV nos aponta as consideraes dos alunos durante a entrevista e os

    recursos que eles consideram como melhores mediadores na reteno dos conceitos

    transmitidos por seus professores.

    Percebeu-se, com o grupo de profissionais entrevistados, que quem mais

    utiliza os recursos educacionais tecnolgicos (televiso, computador, etc.) so os

    0123456789

    10

    ALUNOS SURDOS ENTREVISTADOS

    TELEVISO/VIDEO/FILMES

    CARTAZES

    LIVROS/REVISTAS

    REPRESENTAO

    COMPUTADOR/INTERNET

    0123456789

    10

    PROFESSORES DE TURMA COMUM E DA

    S.R.

    TELEVISO/VIDEO/FILME

    S

    CARTAZES

    LIVROS/REVISTAS

    REPRESENTAO

    COMPUTADOR/INTERNET

  • professores das salas de recursos.

    Os professores das salas de recursos afirmaram que, dentre os recursos

    utilizados nas prticas de seus espaos, os de mdia so grandes atrativos para seus

    alunos, pela riqueza de detalhes que privilegiam o meio visual. Estes mesmos

    professores complementaram que recorrem com grande frequncia a estes recursos

    na finalidade de explicar os conceitos planejados pelas S.R, acreditando que no

    conseguiriam dar conta somente na lngua de sinais. Alguns argumentaram que com

    a ajuda dos computadores e da internet eles motivam seus alunos a usarem os

    meios cibernticos que lhes permitam autonomia na busca da compreenso das

    matrias aplicadas pelos professores das turmas comuns.

    A preferncia dos alunos, possivelmente, deve-se ao fato de que a surdez tem

    como via de assimilao e conhecimento do mundo as experincias apropriadas pelo

    campo visual. Sendo assim, a riqueza visual proporcionada pelas tecnologias de

    mdia inevitavelmente atraem amplamente este grupo de alunos.

    Os alunos entrevistados pontuaram negativamente a forma como os

    profissionais usam do livro e/ ou revista nas turmas regulares, pois usam estes

    exaustivamente para explicar vrias temticas e apresentam diversos vocbulos que

    eles (os alunos surdos) desconhecem e que os professores no lhes disponibilizam

    um tempo para explic-los. Os alunos tambm reivindicaram a carncia das

    tecnologias como computador e vdeos nas turmas regulares. Os alunos ainda

    questionaram que os professores das turmas regulares falam muito de costas para

    eles, quase no demonstram os conceitos (fazendo referncia a carncia de recursos

    visuais), com pouca pacincia para explicar os vocabulrios desconhecidos pelos

    alunos surdos e, assim, afirmam que no conseguem compreender efetivamente as

    matrias nestes espaos. Os alunos ainda questionaram a quantidade de alunos na

    turma e o comportamento indevido dos seus colegas durante as aulas.

    J os professores alegaram que no utilizam os recursos tecnolgicos com

    freqncia pelo fato da escola no ter como disponibilizar a todos os alunos da

    turma, ou por no terem tais recursos.

    Podemos confirmar que das trs escolas visitadas; duas dessas escolas no

    possuem computadores e as televises. Uma grande parte deste materiais estavam

    com defeito, aguardando verbas para conserto ou para reposio. Entretanto, as

    alegaes relatadas no eximem a habilidade do professor em criar estratgias que

  • possam amenizar as carncias que suas realidades os desafiam.

    Nas demais questes, desejou-se perceber como os profissionais da

    educao e alunos definem a sala de recursos e coletar dados que nos permitisse

    identificar a contribuio deste espao na formao deste alunado.

    Durante a pesquisa solicitou-se aos professores das classes comuns registros/

    relatrios de avaliao, boletins ou outro documento que pudssemos analisar o

    processo de aprendizado dos alunos surdos envolvidos nesta pesquisa.

    Foram apresentados dirios com registros, boletins e algumas avaliaes/

    provas e testes propostas para turmas. Primeiramente, buscou-se entender como

    so desenvolvidos e explicados os conceitos a estes alunos na modalidade regular

    de ensino. Os professores das turmas regulares, em unanimidade, informaram que

    as aulas so apresentadas na lngua portuguesa oral e sem a presena de intrprete

    ou de qualquer outro profissional fluente na lngua de sinais. Observou-se as

    avaliaes propostas eram idnticas para todos, sem qualquer adaptao para os

    alunos surdos.

    Na averiguao dos relatrios, podemos perceber que os alunos apresentam

    pequenos avanos em relao aos que so objetivados pelos professores das turmas

    regulares. Haviam tambm algumas notas e consideraes registradas, informando-

    nos que os conceitos alcanados pelos alunos surdos no correspondem ao mesmo

    que foi assimilado pela turma. Contudo, todos os conceitos e relatrios analisados

    dos alunos surdos pouco diferiam dos demais alunos da turma.

    Considerando os argumentos destes profissionais, avanamos para o item da

    sensibilidade, pois preciso que o professor tenha a clareza de que para o seu aluno

    consiga atingir com sucesso os objetivos esperados em uma situao de

    aprendizagem, necessrio que este educador enxergue seu aluno em sua

    pluralidade (um sujeito cognitivo, inteligente em conjunto com suas emoes) e

    permitir a ele demonstrar suas tentativas.

    Os professores das salas de recursos por sua vez, narraram que em todas as

    suas visitaes nas turmas regulares dos seus alunos surdos integrados, a maioria

    dos professores destas turmas no expem as dificuldades que encontram no

    trabalho com surdos. Aes como esta bloqueiam o pensar coletivo (entre S.R e

    turma comum) sobre as estratgias e adaptaes para alcanar o aluno na turma

    regular.

  • Retornando ao roteiro de pesquisa de campo, encontramos instigantes relatos

    do grupo entrevistado nas questes que permeiam as prticas da educao de

    surdos. Alguns destes relatos chamaram-nos a ateno.

    Os professores das escolas entrevistadas que atuam na turma regular

    consideraram importante o trabalho da sala de recursos, mesmo que muitos deles

    no tenham contato frequente ou quase nenhum com os professores das salas de

    recursos. Observam que seus alunos avanam gradativamente no ambiente escolar,

    porm reconhecem que os conceitos no so transmitidos para seus alunos surdos

    integrados com os recursos visuais e no tempo necessrio para que o grupo possa

    assimilar cada contedo aplicado.

    Os profissionais narram que a interferncia do trabalho da S.R para alunos

    integrados viabiliza uma ponte entre o professor da turma regular e o aluno surdo.

    Porm uma das professoras, da turma regular entrevistada, atenta-nos que, devido o

    quantitativo reduzido de alunos, h profissionais que assumem este espao de

    atendimento especializado por acomodao e no por afinidade e deixam os alunos

    sem apoio ou sem um trabalho adequado.

    Refletindo sobre os espaos escolares observados podemos afirmar que uma

    parte dos profissionais que atuam com os alunos surdos no so cobrados e to

    pouco recebem capacitao para atuar na educao com alunos surdos integrados.

    Na questo em que os profissionais discursaram suas opinies sobre as

    habilidades que o profissional atuante na educao de surdos, encontramos itens

    como: respeito ao direito do deficiente, formao especfica, saber lngua de

    sinais, e muitos outros que podemos resumir como dedicao e afetividade com

    rea da surdez.

    Ao conflitarmos os argumentos com as prticas torna-se contraditrio os

    discursos de sensibilidade apresentados com a realidade observada, pois os prprios

    profissionais no apresentam formao especfica e um profissional relatou que

    atuava com este alunado devido a poltica do atual sistema educacional.

    Quando os alunos foram questionados sobre o espao da turma comum em

    comparao com as salas de recursos, no grupo de dez alunos questionados, oito

    destes discente creditaram o desenvolvimento dos contedos escolares e o

    desenvolvimento da LIBRAS a modalidade da sala de recursos para alunos

    integrados.

  • Durante a pesquisa ouvimos professores a respeito das suas angstias,

    dvidas e incertezas no trabalho pedaggico na rea da surdez. Esta inquietao o

    primeiro passo para buscar a mudana, revisar metodologias e repensar o objetivo

    maior da educao.

    Sabemos que no fcil romper as barreiras e padres constitudos

    socialmente, mas percebemos que o respeito lingstico e a apropriao dos

    conceitos mediada atravs dos recursos visuais, e privilegiada pela Lngua Brasileira

    de Sinais no representa apenas e simplesmente o respeito a uma conquista de um

    grupo minoritrio, mas sim uma ferramenta essencial de comunicao necessria

    para a efetivao da aprendizagem, o que firma o merecimento e o reconhecimento

    da LIBRAS como lngua, pois possibilitam no s aos surdos demonstrarem as suas

    potencialidades no processo de aprendizagem, como permitem aos professores

    interagirem com estes sujeitos e avaliar o que conseguiram transmitir aos seus

    alunos.

  • CONSIDERAES FINAIS

    Atravs das pesquisas, das anlises dos espaos das turmas comuns com

    surdos integrados e das salas de recursos que os surdos frequentam, o presente

    trabalho observou que para este grupo, em especial para estes alunos surdos, a sala

    de recursos tem uma representatividade importante para a mediao do aprendizado

    atravs da lngua de sinais e dos recursos visuais, aproveitados pela S.R. com uma

    freqncia maior do que os da turma comum. As polticas atuais no tem sido

    suficientes para proporcionar especializao para todos os profissionais de ensino na

    rea da surdez e outras deficincias.

    Nas turmas regulares/comuns das escolas da rede municipal de educao do

    Rio de Janeiro, o currculo desenvolvido para o aluno com surdez o mesmo

    desenvolvido para o sujeito que ouve. A diferena que o aluno surdo tem a opo

    de freqentar uma sala de recursos, onde a metodologia e a didtica so diferentes

    das propostas nas classes comuns, objetivando a contextualizao dos conceitos,

    oportunizando vivencias, atravs de passeios e recorrendo aos recursos

    educacionais que privilegiam o apoio visual.

    Percebe-se tambm a importncia de que a gesto educacional proponha um

    projeto poltico pedaggico que preveja as adaptaes que possam atender s

    necessidades do aluno com surdez; que tambm se responsabilize pela capacitao

    da comunidade escolar, busque parcerias necessrias para o desenvolvimento de um

    trabalho que objetive a formao cidad.

    Perante as anlises dos resultados obtidos na presente pesquisa podemos

    identificar alguns empecilhos, pontuados na ausncia dos intrpretes da Lngua

    Brasileira de Sinais e na formao de professores que atuam nas salas de recursos

    da rede municipal. Indagamo-nos se o direito do aprendizado do alunado surdo est

    realmente assegurado nos espaos de educao regular, bem como repensar se

    estes entre outros fatores podem ser sinalizados como uma causa plausvel da falha

    na execuo da proposta que visam incluso efetiva destes sujeitos no espao

    escolar.

    Diante das extensas questes e carncias presentes nas classes comuns com

    alunos integrados, torna-se evidente que a sala de recursos de alunos surdos

  • integrados tem sido uma modalidade de atendimento especializado importante.

    Porm, as dificuldades apontadas emitem um sinal de alerta que deve ser percebido

    como um potencial de aproveitamento ainda melhor destes espaos.

    Atravs das pesquisas, documentos e das anlises dos espaos das turmas

    comuns com surdos integrados observamos que as polticas educacionais e a

    formao docente deste espao precisam melhorar.

    J as salas de recursos, que apresentaram um grupo privilegiado na questo

    lingustica e de formao, ou seja, os profissionais tem noo de LIBRAS e

    conhecem a necessidade educacional do alunado surdo e/ ou deficiente auditivo, a

    compreenso dos contedos apresentadas neste espao so melhores

    compreendidos e dominados pelos alunos que as frequentam. s observarmos as

    respostas dos alunos na pesquisa proposta, refletindo sobre os espaos que eles

    frequentam: a sala de recursos e a turma comum, onde alm de apresentarem e

    justificarem suas afinidades pelas salas de recursos, conseguiram exemplificar os

    contedos que foram significativos ao longo do perodo. Quando solicitamos uma

    lembrana das atividades em turma comum, os alunos s apresentaram reclamaes

    e contestamentos.

    Fica claro que no se tem a inteno de relacionarmos nesta pesquisa as

    condies, critrios, forma e qualidade que viabilizam a formao do profissional da

    sala de recursos. Foi possvel constatar que as salas de recursos impulsionam o

    desenvolvimento cognitivo do aluno surdo.

    As escolas comuns tm trabalhado com o aluno surdo sob a tica dos

    ouvintes, desconsiderando as especificidades que marcam as diferenas humanas,

    ratificando o hegemnico paradigma ouvinte, retirando o elemento de maior

    significncia neste processo de aprendizado: a lngua de sinais, o que firma a

    significativa importncia da sala de recursos para estes sujeitos, uma vez que as

    polticas atuais no favorecem a especializao de todos os profissionais que atuam

    com alunos surdos e /ou com outras necessidades educativas especiais.

    Dentro dos espaos pesquisados no encontramos nenhum aluno surdo ou

    deficiente auditivo integrado na turma regular/comum que no fosse privilegiado do

    atendimento da sala de recursos, para que nos permitisse comparar a diferena entre

    o aluno surdo ou deficiente auditivo com apoio do aluno surdo ou deficiente auditivo

    sem o atendimento desta sala. Porm diante das propostas de educao

  • acompanhadas durante a pesquisa e que so oportunizadas para estes sujeitos,

    possvel hipotetizarmos que a educao especializada para surdos ainda no a

    ideal, porm seria muito mais complicado e complexo o processo de incluso deste

    sujeito sem qualquer apoio dos profissionais das salas de recursos para alunos

    integrados. Levando-nos ainda a presumir uma possvel evaso destes sujeitos das

    turmas comuns/regulares.

    Atravs dos dados coletados podemos considerar que o desenvolvimento de

    uma educao qualitativa para o aluno com surdez que frequenta uma ou as diversas

    modalidades de atendimento especficas sua necessidade um processo; para

    realiz-lo, h primeiramente que se entender todo seu benefcio e o que estes

    espaos podem oportunizar, se atuarem dentro de uma parceria, para esse alunado.

  • REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    ARRUDA, F. E. C. Libras: Uma histria de perseverana. Conhecimento prtico Lngua Portuguesa. Edio n15. So Paulo: Escala Educacional, 2008 pp.28-31. BRASIL. Secretaria de Educao fundamental. Parmetros Curriculares: Adaptaes Curriculares. Estratgias para a educao dos alunos com necessidades educacionais especiais. Secretaria de Educao Fundamental. Secretaria de Educao Especial. Braslia: MEC/SEF/SEESP, 1999. Disponvel em: www.mec.gov.br BRASIL. Ministrio da Educao. Secretaria de Educao Especial. Poltica Nacional de Educao Especial na Perspectiva da Educao Inclusiva. Braslia: MEC, 2008. _____. Declarao de Salamanca e linha de ao sobre necessidades educacionais especiais. Braslia: CORDE, 1994. _____. Subsdios para a organizao e funcionamento de servios de educao especial: rea de deficincia auditiva. Braslia: MEC/SEESP, 1994. _____. Anais do Seminrio Surdez, Diversidade Social. Rio de Janeiro: INES, 2001 _____. Diretrizes nacionais para educao especial na educao bsica. Braslia: CNE, 2001. CANDAU V. M. (org.) Magistrio: construo cotidiana. Petrpolis, RJ: Vozes, 1997. DAMZIO, M. F. M. Formao Continuada a Distncia de Professores para o Atendimento Educacional Especializado: pessoas com surdez. Braslia - DF: SEESP/SEED/ MEC, 2007. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessrios prtica educativa. So Paulo: Paz e Terra Coleo Leitura. 1996. GES, M. C. R.; LACERDA, C. Surdez, processos educativos e subjetividade. SP: Lovise, 2000 GOLDFELD, M. Surdez. _____ In: Fundamentos em fonoaudiologia: Linguagem. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003, 2ed. p.97-112. LDKE, M; ANDR, M. E. D. A. Pesquisa em Educao: abordagens qualitativas. So Paulo: EPU, 1986. MANTOAN, M. T. E. Incluso Escolar: O que ? Por qu? Como fazer? So Paulo: Moderna, 2003.

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  • ANEXOS

    (Roteiros utilizados nos estudos de casos)

    Pesquisa para o trabalho monogrfico:

    A IMPORTNCIA DA SALA DE RECURSOS DE ALUNOS INTEGRADOS COMO MODALIDADE DE ATENDIMENTO ESPECIALIZADO

    Aluno:____________________________________ Idade: ______ Turma:________ Formao ( Grau de instruo)________________________________________________ Sabe LIBRAS( ) sim ( ) No Por que objetivo?_____________________________ Escola que freqenta a turma regular: _________________________________________ Faz sala de recursos? ( ) sim ( ) No Em qual escola?_______________________ Seus professores da turma comum sabem LIBRAS? ( )Sim ( )No Seus professores da Sala de recursos sabem LIBRAS? ( )Sim ( )No Como voc aprende na sala de aula da turma regular (com o professor, algum colega, prof. da SR. ajuda)?________________________________________________________________ Voc tem dificuldades para se comunicar com algum professor? ( )Sim ( )No Por qu?_________________________________________________________________ O que voc acha da sala de recursos?__________________________________________ Seu professor da turma regular usa algum desses recursos: ( ) livros ( )cartaz ( ) Vdeo ( ) computador ( )som ( )outros Seu professor da Sala de recursos (integrados) usa algum desses recursos: ( ) livros ( )cartaz ( ) Vdeo ( ) computador ( )som ( )outros Quais dos recursos voc gosta mais?_________________________________________ Por que?________________________________________________________________ Comparando a sua classe de sala de recursos e a turma regular/ comum o que voc diria ( as dificuldades foram maiores em qual espao SR ou Regular) e por que?______________ __________________________________________________________________________ Voc afirmaria que a sala de recursos contribuiu/ ajudou na sua formao escolar? ( )Sim ( )No Como?_________________________________________________________ O que voc gostaria que mudasse na educao de surdos proposta pela sua escola?________ ____________________________________________________________________________ Reconheo que as informaes registradas pela pesquisadora Alessandra M. de Santana, expressam o meu discurso e que este levantamento tem a finalidade acadmica e enriquecimento profissional.

    _________________________________________________________ Ass. do entrevistado

  • Instuituio_______________________________________________________________

    ( ) Privada ( ) Pblica

    Pesquisadora : Alessandra M. de Santana

    Pesquisa para o trabalho monogrfico:

    A IMPORTNCIA DA SALA DE RECURSOS DE ALUNOS INTEGRADOS COMO MODALIDADE DE ATENDIMENTO

    ESPECIALIZADO

    ( ) Professor ( ) Equipe de Ed