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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM VIGILÂNCIA SANITÁRIA
A saúde no sistema prisional
Maria Amélia de Jesus Ribeiro1
Izabel Cristina R. da Silva2
1 Enfermeira. Aluna da Pós-Graduação em Vigilância Sanitária, pela Universidade Católica/
IFAR.
2 Orientadora: Dra. Izabel Cristina R. da Silva
Resumo
O presente trabalho é uma revisão literária sobre a saúde no sistema prisional. O objetivo da pesquisa foi
apresentar algumas ações e serviços desenvolvidos nesta área, considerando os possíveis agravos presentes
nestes ambientes, além de descrever avanços na Atenção a Saúde ao indivíduo privado de liberdade decorrente
de parcerias entre o Ministério da Saúde, da Justiça e demais colaboradores. Verificou-se que os programas de
saúde que antes eram voltados para a população geral também são utilizados nas unidades prisionais, atendendo
o indivíduo conforme a sua necessidade, buscando a integralidade. Portanto, para que este sistema apresente
bons indicadores de saúde é preciso que haja a participação e o comprometimento de todos os envolvidos nas
estratégias de atenção à saúde do indivíduo recluso.
Palavras-chaves: Sistema Prisional. Saúde. Ações em Saúde. Serviços em Saúde.
Summary
The present work is a literature review on health in prisons. The objective of the research was to present some
activities and services developed in this area, considering the possible aggravations present in these
environments, and describe advances in Health Care to the individual deprived of liberty resulting from
partnerships between the Ministry of Health, Justice and other employees. It was found that health programs that
were aimed at the general population are also used in prisons, given the individual according to his need, striving
for completeness. Therefore, for this system to good health indicators shows there must be participation and
commitment of all involved in strategies for health care of the individual inmate.
Keywords: Prison. Health Stocks in Health Services in Health
2
1 INTRODUÇÃO
Atualmente a população carcerária é composta por aproximadamente 500 mil
indivíduos. Os indicadores referentes a este grupo apontam que a maioria é de cor parda,
jovem e com ensino fundamental incompleto. (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, 2012)
Como este grupo é composto por uma parcela representativa da população brasileira
seria interessante pensar se os estabelecimentos prisionais possuem condições mínimas para
receber esses indivíduos, e nestas condições, inclui-se bem estar e programa de atendimento à
saúde. Além disto, o artigo 196 da Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988), na Seção II
descreve que a saúde é direito de todos e dever do Estado, visando a redução dos riscos de
doenças e de outros agravos mediante políticas sociais e econômicas, bem como acesso
universitário e igualitário, então este dispositivo constitucional reforça a importância do
atendimento ao sujeito preso.
Neste sentido, já existem algumas ações desenvolvidas pelo Sistema Único de Saúde
(SUS) e demais colaboradores para garantir que se cumpra esse direito. Para a garantia da
promoção integral das pessoas reclusas nas unidades prisionais, o Ministério da Saúde e da
Justiça instituíram a Portaria Interministerial n°1.777/2003 (BRASIL, 2003), que aprova o
Plano Nacional de Saúde no Sistema Prisional. Dentre essas ações estão presentes o controle
de tuberculose, hipertensão, diabetes, hanseníase, saúde bucal, saúde da mulher, atenção em
saúde mental, programa de imunização, diagnóstico, aconselhamento, tratamento em
DST/HIV/Aids.
Com isto, este trabalho buscou apresentar algumas ações e serviços desenvolvidos no sistema
prisional, de acordo com os agravos mais comuns aos indivíduos privados de liberdade, para
promover à saúde desta população.
3
2 METODOLOGIA
Para a elaboração deste trabalho de revisão, foram utilizados artigos publicados entre
2000 e 2012. Foram selecionadas legislações, teses e publicações relacionadas à “saúde no
sistema prisional”. O termo anteriormente destacado foi utilizado como o principal descritor
de busca. Os instrumentos de pesquisa utilizados foram: Scielo Brasil, Periódicos Capes, Visa
Legis (disponível no portal da ANVISA) e o Google Scholar (Google acadêmico), além de
informações nas bibliotecas virtuais do Ministério da Saúde e Ministério da Justiça.
3 DISCUSSÃO
3.1 Breve histórico sobre o sistema prisional
Em 1822, segundo Saint-hilaire (2000), alguns estados visitados nas regiões sudoeste,
centro e sul do Brasil a situação das prisões era de abandono, na qual os presos solicitavam
esmolas pelas grades para as pessoas que por ali passavam e com este dinheiro era garantida a
sua alimentação. Aqueles presos que não eram vistos não recebiam esmolas e morriam de
fome.
Foi no século XIX que as instituições passaram a preocupar com a internação e a
recuperação do preso, diferente da época dos portugueses no início da colonização do Brasil,
na qual o objetivo era castigar os detentos.
Em 1865 na Província Baiana já havia casos de internação dos presos na Santa Casa
de Misericórdia devido a várias doenças, dentre estas destacam patologias do sistema
respiratório, digestivo, geniturinário, reumáticas, nutricionais, ulcerações, pele, acidentes ou
violências. Países como os Estados Unidos e França iniciaram as reformas prisionais no final
do século XVIII e em seguida o Brasil iniciava a reforma do sistema carcerário, com a
adaptação das ideias desenvolvidas nos Estados Unidos, França e Inglaterra.
4
Como afirmam Leal; Guerreiro (2002), no relatório do Conselho Nacional de Política
Criminal e Penitenciária referente ao município do interior do Amazonas “conserva-se até
agora esse que é um depósito abominável de presos, os quais são submetidos, alguns durante
meses, a condições absolutamente desumanas, num local infecto, imundo, lacrado, abaixo do
solo, onde se quer têm acesso a banho de sol e convivem com infiltrações de água, baratas e
roedores, num suplício que nos causou impacto e revolta”.
Um dos maiores problemas enfrentado hoje é decorrente da superlotação do sistema
prisional brasileiro que contribui para a violência sexual, isto acarreta a transmissão de
doenças entre os presos, o que poderia ser amenizado com a existência de trabalhos
educativos sobre as doenças transmissíveis, as crônicas, preservando as saúde dos detentos.
O Brasil possui um dos maiores sistema prisional do mundo e são desumanas as
condições de cumprimento das penas, dentre elas as condições sanitárias precárias. (SIENNA,
2008)
Como condição sanitária precárias pode citar as condições de higiene ineficaz em alguns
estabelecimentos. A alimentação, vestuários e produtos de higiene são defasados, sendo
oferecidos muitas vezes pelos familiares dos presos. A alimentação muitas vezes chega a ser
desigual, ocorrendo desvios.
O Estado deve fornecer no mínimo três refeições diárias, com qualidade e quantidade
suficiente. Mas as cozinhas presentes nos estabelecimentos prisionais nem sempre apresentam
condições adequadas para realizar o preparo dos alimentos.
Outra situação preocupante é que as prisões estão com um número grande de detentos.
Mesmo com todos os esforços ainda não se conseguiu diminuir o problema, uma vez que o
número de presos hoje é superior a capacidade dos estabelecimentos penais. Muitos dormem
no chão das celas, ou até mesmo no banheiro. Já nos estabelecimentos mais populosos os
presos chegam a dormir amarrados nas grades ou em redes.
As rebeliões que tem acontecido cada vez com mais freqüência também é em busca de
melhores condições do sistema prisional. Mas o problema da superlotação poderá ser
diminuído com a Lei nº 12.736/ 2012 (BRASIL, 2012), na qual cita que o tempo de prisão
provisória ou medida de segurança cumprida pelo réu deverá ser considerado pelo juiz na
sentença condenatória, o que contribuirá para que as pessoas não fiquem presas por tempo
superior àquele previsto na lei.
5
De 2011 até agora houve um aumento de cerca 14 mil presos em todo o País perfazendo um
total de 218.437 mil réus em situação de prisão provisória.
Segundo Mirabete (2004), a falência do sistema carcerário brasileiro é apontada como
um dos maiores descasos do modelo repressivo brasileiro. O envio dos indivíduos para o
estabelecimento prisional é com o intuito de ressocia-lo, mas é grande a probabilidade desse
indivíduo voltar para o crime devido as condições expostas.
Hoje se faz necessário a mudança na estrutura do sistema prisional desde a arquitetura
dos estabelecimentos até a capacitação dos profissionais que atuam neste local, em busca da
ocupação do indivíduo privado de liberdade, da melhoria na assistência a saúde, do
acompanhamento da reintegração social, do retorno ao mercado de trabalho.
3.3 Definições de Estabelecimentos Penais
Segundo o MINISTÉRIO DA JUSTIÇA (2012), os estabelecimentos penais são todos
os locais utilizados pela justiça com o objetivo de encarcerar os indivíduos, sejam por
medidas de segurança, provisórios ou condenados. Diferente da cadeira pública que mantém
as pessoas em caráter provisório, porém é considerado estabelecimento de segurança máxima.
Já as penitenciárias alojam os indivíduos privados de liberdades em regime fechado.
As penitenciárias de segurança máxima especial são destinadas as pessoas com condenação
em regime fechado, nas quais possuem celas individuais. E as penitenciárias de segurança
média ou máxima diferem da segurança máxima especial por possuir celas individuais ou
coletivas.
As colônias agrícolas, industriais ou similares são destinadas aos indivíduos que cumprem
pena em regime semi-aberto. Já as casas do albergado são destinadas as pessoas sob pena
privativa de liberdade em regime aberto, ou pena de limitação de finais de semana.
Os centros de observação criminológica são estabelecimentos de segurança máxima
destinados a realização de exames gerais e criminológicos para definir o tipo de
estabelecimento e o tratamento adequado para cada preso.
6
Os hospitais de custódia e tratamento psiquiátrico são locais que recebem indivíduos
submetidos a medida de segurança.
Existem estabelecimentos para idosos destinados aos indivíduos que possuem idade de no
mínimo 60 anos ao entrarem ou aos que completam essa idade durante o tempo de reclusão,
localizados nos estabelecimentos penais próprios, seções, módulos autônomos ou
incorporados ou anexos a estabelecimentos para adulto
3.2 Avanços da saúde no sistema prisional
De acordo com a Lei de Execução Penal N° 7.210/ 1984 no Art. 14 o preso tem direito
a assistência a saúde. (BRASIL, 1984)
Pensando também nesse direito e na reformulação da política do sistema penitenciário
brasileiro que representantes do Brasil conheceram algumas realidades das penitenciárias no
EUA no ano de 2012. Neste mesmo ano realizaram uma visita técnica para conhecer o
sistema carcerário da Espanha, pretendo utilizar as boas práticas no Brasil. Nesta, a proposta é
promover parceria entre os países do MERCOSUL e a Espanha.
Estados como o Acre, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo,
Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de
Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, São Paulo e Tocantins estão qualificados para
desenvolver ações de saúde nos estabelecimentos prisionais, de acordo com a Portaria
Interministerial n.º 1.777/2003.
De acordo com essa portaria estão presentes nas unidades prisionais equipes formadas
por médico, dentista, enfermeiro, auxiliar de enfermagem, psicólogo e assistente social. E
segundo a relação das unidades prisionais cadastradas no Cadastro Nacional de
Estabelecimento em Saúde – CNES, o incentivo é repassado pelo Ministério da Saúde e da
Justiça para a Atenção a Saúde no Sistema Penitenciário e os valores deste recurso estão
definidos na Portaria Interministerial n.º 3.343/2006. (BRASIL, 2006)
7
Tabela 1 - Evolução do número de equipes cadastradas no Plano Nacional de Saúde no
Sistema Prisional
ANO NÚMERO DE
EQUIPES
2004 76
2005 171
2006/7 174
2008 199
2009 215
2010 247
Fonte: Ministério da Saúde, 201-.
Conforme apresentado na tabela 1 o número de equipes em 2010 é três vezes superior em
relação ao ano de 2004. Isto prevê um maior número de ações de saúde desenvolvidas nos
estabelecimentos prisionais, o que contribui para o controle e ou redução dos agravos mais
freqüentes.
Cada equipe será responsável por até500 presos e o atendimento será realizado no próprio
estabelecimento, desde que não ultrapasse a 100 indivíduos. A cada equipe implantada será
garantida kit de medicamentos básicos, de acordo com a Portaria Interministerial 09 de 2003.
(BRASIL, 2003)
8
Tabela 2 – Formulário categoria e indicadores preenchidos de todas as Unidades
Federais
ANO 2011 ANO 2012
Pop. Carcerária 514.582 549.577
CATEGORIA: Estabelecimentos
Penais
1.312 1.420
INDICADOR: Sessões Internas
Módulo de Saúde Feminino (gestantes e
parturientes)
46 19
Módulo de Saúde 46 52
INDICADOR: Quantidade de Leitos
Leitos para Gestantes e Parturientes 322 166
Leitos ambulatoriais 934 1.082
Leitos hospitalares 379 400
Leitos psiquiátricos 1.506 2.155
Leitos em berçários e creches 244 253
ADMNISTRAÇÃO PENITENCIÁRIA
Quantidade de servidores da saúde 7.572 7.572
Fonte: SISTEMA INTEGRADO DE INFORMAÇÕES PENITENCIÁRIA, 2011-2012.
Na tabela 2 é possível perceber que houve aumento da população carcerária e no número de
estabelecimentos prisionais no Brasil. Ocorreu uma diminuição no número de gestantes e
parturientes, o que pode ser conseqüência das ações de planejamento familiar previstas para
serem oferecidas pelas equipes de saúde presentes nos estabelecimentos prisionais. Nos
indicadores sessões internas referentes aos módulos de saúde houve um aumento de
aproximadamente 10% do ano de 2011 para 2012, mas segundo dados do Sistema Integrado
de Informações Penitenciária não ocorreram aumento do número de profissionais de saúde.
Uma das áreas mais comprometidas na saúde do individuo privado de liberdade é a saúde
mental, como mostra a tabela acima. Se o individuo já não chega com algum
9
comprometimento mental a probabilidade de desenvolver algum distúrbio psíquico é grande
devido as restrições encontradas nas unidades prisionais.
Hoje é desenvolvido no estado de Goiás o PAILI (Programa de Atenção Integral ao
Louco Infrator) inspirado no Programa de Atenção Integral ao paciente judiciário, do Tribunal
de Justiça de Minas Gerais (PAIPJ). Este trabalho tem obtido bons resultados no
acompanhamento jurídico e psicossocial dos presos.
Ações e serviços de saúde no Sistema Prisional
Houve na história dois marcos na legislação envolvendo a saúde para as pessoas
desprovidas de liberdade. O primeiro com a Lei de Execução Penal n° 7.210 de 11 de Julho
de 1984 e o segundo com a Lei 1.777 de 09 de Setembro de 2003 que aprova o Plano
Nacional de Saúde no Sistema Prisional.
A primeira lei já previa o direito a assistência à saúde. A segunda também prevê essa
assistência, mas esta lei é direcionada pelo fundamento da Atenção Básica, partindo da ideia
que a unidade prisional seja um ambiente insalubre e superlotado, necessitando de ações de
promoção e prevenção de doenças.
O Plano Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário contempla os indivíduos
recolhidos em penitenciária, presídios, colônias agrícolas e ou agroindustriais, hospitais de
custódia e tratamento psiquiátrico. Não inclui presos em penitenciárias federais, do regime
aberto, e presos provisórios em cadeias públicas e distritos policiais. (UNODC, 2012)
A atenção básica presente nos estabelecimentos penais contará com uma equipe
composta por médico, enfermeira, assistente social, psicólogo, odontólogo, auxiliar de
enfermagem, auxiliar de consultório dentário. Esta equipe será responsável por até 500
pessoas com carga horária de até 20 horas semanais.
As ações mínimas deverão compreender: controle da tuberculose, controle de hipertensão e
diabetes, hanseníase, DST/HIV/Aids, hepatites, saúde bucal, saúde da mulher, saúde mental,
programa de imunizações, exames laboratoriais, aquisição e controle de medicamentos.
10
O Estado do Mato Grosso implantou em 2009 o Controle de Aconselhamento e
Tratamento Admissional de Saúde da Unidade Prisionais – CATA. Neste mesmo ano o
Ministério da Saúde incluiu a população Prisional no Sistema de Informação de Agravos
Notificação Compulsória – SINAN para os seguintes agravos: hepatites virais, Aids,
tuberculose, hanseníase, dengue, leishmaniose, doenças exantemáticas e varicela (SISPE,
2009)
De acordo com a resolução nº 11/2006 a tuberculose no ano de 2005 apresentou a taxa
média de incidência de aproximadamente 1.106/100.000 habitantes, 23 vezes superior à taxa
da população geral (48/100.000 habitantes).
O diagnostico realizado na entrada e quando presente sinais e sintomas durante o
cumprimento da pena contribui para realizar o tratamento e impedir que se transforme em
tuberculose ativa. Em Manaus encontra-se o primeiro Centro de Diagnóstico em tuberculose
para o sistema prisional. O estado da Amazonas foi escolhido por apresentar o maior número
de casos de tuberculose, 73,5 casos por 100.000 habitantes. (SISPE, 2009)
Já no estado da Bahia acontece capacitação com os internos para auxiliar nas ações de saúde
através da busca e detecção de casos de tuberculose. Que oferece o teste, o aconselhamento e
o tratamento na unidade prisional, desde que o recluso aceite.
O HIV diminui a resposta imune no individuo e o risco da pessoa confinada no
presídio de contrair e desenvolver tuberculose é maior, sendo a principal causa de morte das
pessoas que possuem HIV.
Segundo o Programa Conjunto das Nações Unidades sobre HIV e Aids o número de
indivíduo com Aids é maior na população carcerária do que na população geral. Mas ainda é
pouco o monitoramento das pessoas privadas de liberdade. (UNODC, 2012)
Para a gestante alojada no estabelecimento prisional as ações incluem o diagnóstico de
HIV e Sífilis, prevenindo a transmissão vertical. Essa gestante também deverá ser incluída no
Programa Nacional da Rede Cegonha, que concede a gestante o atendimento integral e de
qualidade.
Outra ação de saúde nas unidades prisionais é o fornecimento de imunizações para
hepatites virais. E também diagnóstico e tratamento para os reclusos.
11
No Distrito Federal foi implantada uma sala de vacinação no Centro de Detenção Provisória
da Papuda. As vacinas são aplicadas sempre nas terças e sextas, dias em que chegam os novos
presos. Nos demais dias da semana a vacinação ocorre nos estabelecimentos penais. (SISPE,
2009)
De acordo com o guia da Organização Mundial da Saúde, para que aconteça a
promoção da saúde em prisões, é preciso que “a política de saúde na prisão deve estar
integrada com a política nacional de saúde e a administração pública deve estar estritamente
ligada com os serviços de saúde oferecidos na prisão”. (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, 2011)
Segundo o manual aprovado na Portaria 63 de 08 de abril de 2009 a assistência no
sistema penitencial federal vai desde o enxoval, o material de higiene pessoal que o preso
recebe até as funções desenvolvidas pelos profissionais de saúde para promover a assistência
à saúde.
Dentre os procedimentos para a promoção da saúde no Sistema Penitenciário Federal
está a avaliação de saúde do indivíduo, como pode ser acompanhado no fluxograma 1. Esse
indivíduo deverá ser incluído nos programas juntamente com os seus familiares durante o
cumprimento da pena. Ele deverá passar por outra avaliação antes de ser liberado ou, antes de
retornar a unidade prisional. Todas as avaliações e históricos médicos devem constar no
prontuário do paciente e se este for transferido deverá ser encaminhado juntamente com seu
prontuário (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, 2011).
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Fluxograma 1 - Procedimento para promoção da saúde no Sistema Penitenciário
Federal
Fonte: MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, 2011.
Na penitenciaria federal ocorre a triagem nos 20 primeiros dias, conforme apresentado
no fluxograma 2 na qual o recluso passará por exames médicos e será entrevistado pelas
equipes multiprofissional, de acordo com o fluxograma 3 e posteriormente encaminhado para
a cela. Deverá ser disponibilizado um prontuário no qual conterá as anamneses e os
acompanhamentos de saúde. As demandas gerais e também situações específicas de cada
indivíduo são discutidas em reuniões.
13
Fluxograma 2
Fluxograma de triagem realizado no sistema penitenciário federal:
Fonte: MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, 2011.
14
Fluxograma 3
Fluxograma da Comissão Técnica de Classificação*
Fonte: MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, 2011.
___________________
*A Comissão Técnica de Classificação é responsável pelo desenvolvimento de projetos e o acompanhamento da
evolução do preso em busca da individualização de sua pena, tendo como meta a reintegração social.
(MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, 2011)
15
Os indivíduos presos que necessitam de ações de maior complexidade deverão ser
referenciados para a rede local que será definida em cada Estado através do plano diretor
regional, comissões e conselhos estaduais de saúde.
Porém alguns gestores encontram dificuldades nas referências e contra referências para média
e alta complexidade. Mas é possível encontrar soluções, como no caso do Distrito Federal que
conta com sete leitos no hospital público da Asa Norte. A enfermaria conta com sistema de
segurança e camas para o descanso dos policiais. (SISPE, 2009)
A atenção a saúde no sistema prisional envolve a saúde das pessoas privadas de
liberdades e dos cuidadores, sugerindo o uso de processos educativos para trabalhar a
prevenção e a promoção da saúde nas unidades prisionais. Nesse processo deverão estar
envolvidos não somente a população carcerária, mas todas as pessoas que lá se encontram.
Estas e outras ações são para proporcionar que aconteça a saúde no Sistema Prisional.
É o resultado de um longo trabalho que vem sendo desenvolvido pelo Ministério da Saúde,
Ministério da Justiça, Organização Mundial de Saúde, Gestores Estaduais, Municipais,
Conferências de saúde e tantos outros colaboradores.
16
4 CONCLUSÃO
O Sistema penitenciário não é um processo estático e sim dinâmico. Envolve pessoas
com cultura, valores, conhecimentos, vivências, experiências variadas. E cada pessoa chega
ao presídio com uma realidade. Ora com patologias, ora sem. A pessoa que não chega com
alguma patologia corre o risco de adquirir algum tipo de transtorno, seja mental ou físico, por
tratar-se de um ambiente muitas vezes superlotado, com pouca ventilação, iluminação, restrito
a atividades e até isolado. O serviço de saúde presente dentro da unidade prisional como
vimos no decorrer do trabalho apresenta programas para atender o indivíduo de acordo com a
sua necessidade. Seja um atendimento ou até mesmo o tratamento de uma situação crônica.
Vale ressaltar que o ideal é que o preso seja atendido na própria unidade, pela equipe
multiprofissional, mas caso seja necessário alguma intervenção que na unidade não possua
recurso para realizar, este será encaminhado para outro serviço para que seja atendido em toda
a sua totalidade.
As ações e serviços de atenção à saúde devem contar com a participação de todos
aqueles envolvidos no contexto, ou seja, presos, equipes multiprofissional, administradores,
gestores, agentes, familiares, comunidade.
Vimos que o governo brasileiro tem buscado reformular as políticas para melhorar a
atenção a população privada de liberdade. Os programas que antes eram destinados somente a
população geral tem invadido aos poucos sistema prisional. E quando chega ao nosso
conhecimento sobre as implantações que tem acorrido nos Estados, sabemos que existem
agentes interessados em melhor o sistema. É sabido que a legislação não muda a realidade,
tanto que ainda tem regiões que não veem importância no desenvolvimento deste trabalho.
Não adianta possuir as ferramentas se não fazem uso delas. Ou seja, se existem
programas, ações e serviços de saúde dentro das prisões para realizar atividades de baixa
complexidade e referências locais para média e alta complexidade, mas não ocorre a
alimentaçãodo banco de dados referente aos atendimentos realizados, as patologias
diagnosticadas. É o mesmo que dizer que não acontece trabalho em saúde, porque sabemos
que os números de agravos existem, mas não são registrados. Ou se possui toda infraestrutura,
mas os profissionais não são capacitados, não são acompanhados. Estes além de ser
cuidadores também precisam ser cuidados.
17
As ações e serviços de saúde estão presentes em leis, portarias, programas, em
algumas penitenciárias. Mas para que o sistema penitenciário funcione como a sociedade e os
colaboradores esperam é necessário que se tenha interesse em realizar as ações e serviços de
saúde nesse sistema para apresentar bons resultados nos indicadores de saúde.
18
5 REFERÊNCIA
BRASIL. Lei nº 12.736 de 30, de novembro de 2012. Dá nova redação ao art. 387 do
Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal, para a detração
ser considerada pelo juiz que proferir sentença condenatória.Diário Oficial da União,
Brasília, 03 dez. 2012.
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AIDS, coinfecções no sistema prisional. 2012. Disponível em:
<http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/guia_sobre_genero_2012.pdf> Acesso em: 04
de out. 2012.
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[s.n.], 2011. 163p.
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2010. Disponível em:
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MINISTÉRIO DA SAÚDE, Mural informativo da área técnica de saúde no sistema
penitenciário, 2009.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Informativo da Área Técnica de Saúde do Sistema Prisional. nº
3. 2009.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Informativo da Área Técnica de Saúde do Sistema Prisional. nº
6. 2009.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Informativo da Área Técnica de Saúde do Sistema Prisional. nº
7. 2009.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Informativo da Área Técnica de Saúde do Sistema Prisional. nº
9. 2009.
19
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para Atenção à Saúde no Sistema Penitenciário e dá outras providências. Diário Oficial da
União, Brasília, 29 dez. 2006.
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casos de tuberculose entre ingressos no sistema penitenciário nas unidades da federação.
Diário Oficial da União, Brasília, 29 dez. 2006.
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Acesso em: 11 de jan. 2013.