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Formação em Física Médica: Panorama Atual dos Cursos de Graduação e Perspectivas Ricardo A. Terini Depto. de Física PUC-SP CONFIME 2010_ Formação em Física Médica 1 II ConFiMe II Congresso de Física Médica da Unicamp

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Formação em Física Médica:

Panorama Atual dos Cursos de

Graduação e Perspectivas

Ricardo A. Terini

Depto. de Física

PUC-SP

CONFIME 2010_ Formação em Física

Médica 1

II ConFiMeII Congresso de Física Médica da Unicamp

A Necessidade da Formação e do Treinamento

em Física Médica

A tecnologia médica é essencial para a medicina moderna e a demanda por físicos médicos e engenheiros biomédicos cresce rapidamente em todo o mundo. Atenção especial na formação e no treinamento de tais especialistas.

Em paralelo, o espectro dos equipamentos médicos torna-se cada vez mais amplo. Dificuldade de atualização dos cursos de formação e treinamento (em todo o mundo).

Grandes organismos profissionais (AAPM, IPEM, ...) elaboraram guias específicos para o desenvolvimento de cursos adequados.

Em nível internacional, têm papel ativo nesse sentido, entre outras:

IOMP (International Organization for Medical Physics)

IAEA (International Atomic Energy Agency)

WHO (World Health Organization)

CONFIME 2010_ Formação em Física

Médica2

A Necessidade da Formação e do Treinamento em

Física Médica

Ao mesmo tempo, muitas Universidades pelo mundo unem forças

em projetos internacionais visando desenvolver cursos práticos, com

base nas orientações disponíveis.

Diversas Conferências e Workshops internacionais foram

organizados nos últimos 15 anos, tentando sincronizar tais esforços

(p. ex., no ICTP, em Trieste).

Vários documentos têm sido produzidos nesse sentido, entre eles:

“Towards a European Framework for Education and Training in

Medical Physics and Biomedical Engineering” (2001, IOS Press,

Amsterdam)

“The present status of Medical Physics Education and Training in

Europe. New perspectives and EFOMP recommendations” (2009,

EFOMP, Physica Medica)

"Medical Radiation Physics - A European Perspective“ (1995,

disponível em www.emerald2.net )CONFIME 2010_ Formação em Física

Médica3

A Necessidade da Formação e do Treinamento em

Física Médica

A preocupação com a formação em FM vem crescendo...

Um Workshop on Education and Training in MP foi inserido (com o

patrocínio da IOMP) no World Congress on Medical Physics and

Biomedical Engineering de 2003, e, nos WC2006 e WC2009 um

track foi também acrescentado no programa (que incluia a

apresentação de pesquisas), com o objetivo de:

permitir a interação e a troca de idéias e experiências entre

físicos médicos e engenheiros biomédicos sobre atividades e

programas para educação e treinamento em Física Médica,

visando

melhorar a qualidade e a efetividade do processo de

formação e fomentar novas atividades e métodos de

ensino nesse campo.

CONFIME 2010_ Formação em Física

Médica4

A Formação em Física Médica pelo mundo

EFOMP – European Federation of Organizations for Medical Physics

a EFOMP apoia fortemente o reconhecimento da Física Médica como profissão da saúde.

Busca a harmonização da formação superior na área nos diversos países da Europa.

Busca o reconhecimento de profissionais formados em países diferentes daquele em que trabalha.

CONFIME 2010_ Formação em Física

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A Formação em Física Médica pelo mundo

Síntese dos objetivos da Declaração de Bologna

.

CONFIME 2010_ Formação em Física

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Eudaldo T, Olsen K, The European Federation of Organisations for Medical Physics. Policy Statement No. 12: The present status of

Medical Physics Education and Training in Europe. New perspectives and EFOMP recommendations, Physica Medica (2009).

A Formação em Física Médica pelo mundo

Apesar da recomendação, ainda há alguma variedade de

currículos teóricos e práticos nos países da União Européia. Em

pouquíssimos casos, há a opção de início da formação

específica em FM na graduação (ex.: Grécia (1)).

Somente após o processo de 7 anos, o físico pode ser

reconhecido como Físico Médico, competente para agir

independentemente, podendo ser registrado pela EFOMP como

um “Qualified Medical Physicist”.

Após mais 5 anos de Desenvolvimento Profissional Contínuo

(CPD), o profissional poderá ser considerado um “Specialist

Medical Physicist ”.

CONFIME 2010_ Formação em Física

Médica7

A Formação em Física Médica pelo mundo

EUA - Diferenças em relação à União Européia

Na maioria dos casos, tanto para países europeus como da

América do norte, trabalhar como Físico Médico requer Mestrado

em Física Médica e 1-3 anos de experiência clínica.

A formação em FM tem lugar tanto na universidade como em

hospitais, e a duração total dos programas varia de 4,5 a 9 anos.

Em 61 % dos países europeus é obrigatório ter um diploma ou

licença para trabalhar como Físico Médico. Nos EUA e no Canadá,

um certificado de organismos das sociedades responsáveis (como

ABMP) é suficiente.

EFOMP e os organismos dos países norte-americanos

recomendam que se formalize um programa de desenvolvimento

contínuo para os Físicos Médicos.CONFIME 2010_ Formação em Física

Médica8

A Formação em Física Médica pelo mundo

AFOMP – Asia Oceania Federations of Organizations

of Medical Physics tem buscado nos últimos anos,

para os países da AFOMP, em parceria com a IAEA:

Construir um programa regional consensual para formação em FM

Construir mecanismos para registros e licenciamentos nacionais de

físicos médicos.

Organizar cursos regionais (com apoio da IAEA) em Física da

Garantia de qualidade em CR, DR, CT, MRI, etc., para qualificação

dos físicos médicos dos países da região.

A maioria dos países da AFOMP iniciam a formação em FM

a partir do nível de Mestrado. Há, entretanto, algumas

poucas experiências em formação a partir da graduação (ex.:

Indonésia, 1998).

CONFIME 2010_ Formação em Física

Médica9

A Formação em Física Médica pelo mundo

Por outro lado, a IAEA tem uma longa história de envolvimento

com a educação em Física Médica.

Dados compilados mostram que a maioria dos países da África

não têm nenhum programa de formação e grandes áreas da

Ásia, Europa e América Latina não têm programas clínicos ou

de acreditação de físicos médicos.

Nesse sentido, a IAEA atua participando e financiando inúmeros:

Treinamentos clínicos curtos e extensivos para físicos médicos

Programas e iniciativas educacionais em FM

Fortalecendo programas nacionais de MSc em FM novos ou existentes.

Desenvolvendo materiais de referência para programas de estudo,

disponibilizados livremente na Internet.

CONFIME 2010_ Formação em Física Médica 10

Alguns recursos didáticos on-line para a Formação em FM

EMERALD, EMIT, EMITEL – European Medical Radiation Learning

Development (desde 1996) – www.emerald2.eu - recursos on-line,

dicionário, enciclopédia, etc..

IAEA - Radiation Protection of Patients (RPoP) -

http://rpop.iaea.org/RPOP/RPoP/Content/AdditionalResources/Training/

1_TrainingMaterial/ - Diagnostic and Interventional Radiology,

Radiotherapy, Nuclear Medicine, Prevention of Accidental Exposure in

Radiotherapy, Cardiology, PET/CT.

IPEM (Institute of Physics and Engineering in Medicine ) and Institute of

Physics - Medical Physics Teaching Materials for primary and

secondary Schools - http://www.teachingmedicalphysics.org.uk/ -

Vários tópicos, imagens, etc....também em CD.

Perry Sprawls’ Web page – Education and Educational Resources -

http://www.emory.edu/X-RAYS/Sprawls/ - The Physical Principles of

Medical Imaging.CONFIME 2010_ Formação em Física

Médica11

A Formação em Física Médica no Brasil

No Brasil, existem dezenas de milhares de equipamentos

emissores de radiação ionizante que necessitam de

profissionais com a formação dos Físicos Médicos para, por

exemplo, realizar o controle de qualidade, como exigem as

normas nacionais (ex.: Portaria MS/453, 1998):

Exemplo: “4.44. Todo equipamento de raios-x diagnósticos deve ser

mantido em condições adequadas de funcionamento e submetido

regularmente a verificações de desempenho. Atenção particular

deve ser dada aos equipamentos antigos.

4.45. O controle de qualidade previsto no programa de garantia de qualidade, deve incluir o seguinte conjunto mínimo de testes de constância, com a seguinte freqüência mínima:...

a) Testes bianuais: ... b) Testes anuais: ... c) Testes semestrais: ....”

CONFIME 2010_ Formação em Física Médica 12

O Mercado de trabalho em alguns números:

• 200 serviços de Medicina Nuclear;

• 18.000 equipamentos de

radiodiagnóstico médico;

• Milhares de equipamentos de

raios X odontológicos

• 215 centros de Radioterapia no

país. (fonte: Sociedade Brasileira de Física – “Física

Médica”, texto para a 4a. CNCTI, 2010.)

A Formação em Física Médica no Brasil

Por exemplo, na área de dosimetria pessoal: estima-se que as poucas empresas e centros de dosimetria atendam cerca de 50.000 usuários/ano.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde [OMS], existe a necessidade de, pelo menos, 5 a 20 profissionais de Física Médica por milhão de habitantes.

Necessitamos, então, de aproximadamente 400 profissionais no estado de São Paulo e no Brasil um total mínimo de 1800 profissionais na área...

Até 2009, só 324 profissionais obtiveram o Título de Especialista da ABFM:

233 em Radioterapia,

61 em Radiodiagnóstico e

30 em Medicina Nuclear. ............CONFIME 2010_ Formação em Física Médica 13

A Formação em Física Médica no Brasil

Isso ocorre porque poucos profissionais qualificados são

formados por ano em cursos de aperfeiçoamento ou pós-

graduação na área.

Para acelerar um pouco esse processo e tentar atender

demandas antigas do país, algumas universidades, logo

seguidas por várias outras, implementaram cursos de

graduação em Física Médica ou com ênfase em Física

Médica.

Tais cursos já têm permitido a formação anual, no país, de

um número maior de profissionais para a área, mesmo

que para um espectro inicialmente limitado de funções.

Vejamos alguns dados....CONFIME 2010_ Formação em Física Médica 14

A Formação em Física Médica no Brasil –

Formação Complementar: Aprimoramentos e Especializações

07 aprimoramentos – SP

04 especializações – SP, RJ, PR, GO

Maia, A. – Formação em Física Médica –Panorama no Brasil, Workshop sobre Formação em Física Médica, PUC-SP e ABFM, 2010.

A Formação em Física Médica no Brasil - Formação

complementar: Mestrado e doutorado em áreas afins

12 pós-graduações:

9 Mestrado e Doutorado (6 SE, 2 NE, 1 S)

3 Mestrado (2 RJ e 1 MG)

Todos em Física (5)

ou Engenharia (7)

Maia, A. – Formação em Física Médica – Panorama no Brasil, Workshop sobre Formação em Física Médica, PUC-SP e ABFM, 2010.

01 Nordeste (SE)

08 Sudeste (MG,SP,RJ) ~67%

03 Sul (RS)

02 Nordeste (SE,PE)

08 Sudeste (MG,SP,RJ) ~62%

03 Sul (RS)

A Formação em Física Médica no Brasil –

Cursos de Graduação

Maia, A. – Formação em Física Médica – Panorama no Brasil, Workshop sobre Formação em Física Médica, PUC-SP e ABFM, 2010.

A Formação em Física Médica no Brasil – Alguns números

Maia, A. – Formação em Física Médica – Panorama no Brasil, Workshop sobre Formação em Física Médica, PUC-SP e ABFM, 2010. CONFIME 2010_ Formação em Física Médica 18

Número de vagas de graduação

oferecidas para 2010 no país:

380 para Física Médica e

345 para cursos de Física com possibilidade

de opção por Física Médica

Carga horária total dos cursos: De 2520h a 3380h

Carga horária em estágio

obrigatório:

De 136 a 945h, sendo mais comum 180h (3),

200h (2) e 300h(2)

Duração do curso: Entre 8 e 10 semestres, sendo a maioria de 8

semestres (6) e grande parte dos de 9 e 10

são cursos noturnos

Carga horária dedicada a

disciplinas de biologia e medicina: De 5,7 a 18,6%, em média 10%

Carga horária dedicada a

disciplinas específicas: De 14,0 a 30,4%, em média 20%

A Formação em Física Médica no Brasil

CONFIME 2010_ Formação em Física Médica 19

A Formação em Física Médica no Brasil

PUC-SP e ABFM, 4-5 fev. 2010.

CONFIME 2010_ Formação em Física Médica 20

O Físico Médico é um Físico ou não? Deve-se definir Diretrizes curriculares específicas para a Física Médica ou apenas como subsídio para a parte específica das Diretrizes de Física? O formando de um curso de Física Médica deve prestar o ENADE de Física?

O egresso de um curso de Física Médica é um Físico Médico?

Que tendências internacionais na formação em Física Médica caberiam para o Brasil?

Quais as melhores definições para: (a) competências e habilidades específicas a serem desenvolvidas nos cursos de graduação em Física Médica; (b) Conteúdo básico, Conteúdo específico de Física Médica e suas cargas horárias mínimas? (c) Estágios curriculares em Física Médica e sua carga horária mínima?

O Físico Médico como Pesquisador e o Físico Médico como profissional de saúde: esses dois perfis são necessários na formação em Física Médica?

Qual seria o perfil acadêmico e profissional sugerido para os formadores que atuam nos cursos de graduação em Física Médica?

O que os hospitais/empresas/órgãos públicos esperam de um egresso de um curso de FM?

O que as associações médicas e profissionais na área da saúde esperam de um egresso de um curso de Física Médica?

O que os cursos de Aperfeiçoamento e Pós-Graduação esperam de um egresso de um curso de Física Médica?

A Formação em Física Médica no Brasil

O desafio, no momento, é qualificar os cursos de

graduação em Física Médica, garantindo

formação básica e aplicada sólidas, bem como

a realização de estágios em hospitais e

clínicas com profissionais qualificados.

Dessa forma, os formandos terão maior chance

de ter competência profissional e ética para

assumir o papel que deles se espera na área da

saúde.....

CONFIME 2010_ Formação em Física Médica 21

Formação em Física Médica: Panorama Atual

dos Cursos de Graduação e Perspectivas

Obrigado !

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CONFIME 2010_ Formação em Física Médica 22