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A SOCIALIZACAO DO PARTICULAR IM PROGRAMAS DETELEVISAO Monica Santos de Souza MELO UFV E inegavel a importancia da televisao como veiculo responsavel pela reproducao, difusao e revisao de valores,habitos e comportamen- los em nossa sociedade. E incontestavel tambem o fato de que esse veiculo vem se transformando dia a dia, remodelando-se em confor- midade com as mudancas pelas quais passa a sociedade. Tal transfor- inacao fica evidente se observarmos a grande variedade de programas que passam pela "telinha" diariamente, mesmo se nos restringirmos ;ios canais deTV aberta.Tal proliferacao se relaciona, historicamente, ,'i cisao que, de acordo com Lochard e Boyer (1998), opoe infor- macao a programas de entretenimento. Neste artigo discutiremos a composicao de um desses generos televisivos emergentes: os progra- mas que promovem a socializacao de experiencias particulares dos telespectadores, pessoas anonimas cujas historias passarn a circular no espaco publico. Para isso, tomaremos como objeto de analise o pro- grama Mania, da apresentadora Marcia Goldschmidt, veiculado todas as tardes pela emissora de TV aberta Bandeirantes. Discutiremos a configuracao geral desse programa, incluindo a encenacao linguistica

A Socialização do particular em programas de televisão

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Page 1: A Socialização do particular em programas de televisão

A SOCIALIZACAO DO PARTICULARIM PROGRAMAS DETELEVISAO

Monica Santos de Souza MELOUFV

E inegavel a importancia da televisao como veiculo responsavel

pela reproducao, difusao e revisao de valores,habitos e comportamen-los em nossa sociedade. E incontestavel tambem o fato de que esse

veiculo vem se transformando dia a dia, remodelando-se em confor-

midade com as mudancas pelas quais passa a sociedade. Tal transfor-

inacao fica evidente se observarmos a grande variedade de programas

que passam pela "telinha" diariamente, mesmo se nos restringirmos;ios canais deTV aberta.Tal proliferacao se relaciona, historicamente,

,'i cisao que, de acordo com Lochard e Boyer (1998), opoe infor-

macao a programas de entretenimento. Neste artigo discutiremos a

composicao de um desses generos televisivos emergentes: os progra-

mas que promovem a socializacao de experiencias particulares dos

telespectadores, pessoas anonimas cujas historias passarn a circular noespaco publico. Para isso, tomaremos como objeto de analise o pro-

grama Mania, da apresentadora Marcia Goldschmidt, veiculado todas

as tardes pela emissora de TV aberta Bandeirantes. Discutiremos a

configuracao geral desse programa, incluindo a encenacao linguistica

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Analises do discuno hoje A socializafao do particular em programas de televisao

e visual. Para isso, foram gravados alguns programas, a fim de que :.'

identificassem ritualizacoes, ou seja, estruturas recorrentes a organ i/..icao do programa. Deteremo-nos, no entanto, na discussao em torn"

de uma entrevista veiculada em Janeiro de 2008, analisando as estralcgias de captacao nela adotadas, especialmente no que diz respeito ; i < -agenciamento de recursos destinados a promover urn efeito patemicosobre o publico.

Um estudo discursive das emofoes

Charaudeau (2000) propoe um estudo discursive das ernococs,utilizando o termo patemizacao para delimitar e diferenciar esse ol)

jeto do de outras disciplinas, como a psicologia e a sociologia. Ness.iperspectiva, as representacoes patemicas sao sociodiscursivas. Uma re

presentacao pode ser considerada patemica quando ela descreve um.i

situacao a proposito da qua! um julgamento de valor coletivamentr

partilhado e instituido em norma social envolve urn actante que c

urn ser beneficiario ou vitima e ao qual o sujeito da representacilose encontra ligado. Tambem Amossy (2000) propoe que a emocao sc

inscreve num saber de crenca que provoca um tipo de reacao dian ti-

de representacoes social e moralmente vigentes. Ou seja, as emococs

provocadas dependem de normas, valores e crencas compartilhados.

De acordo com Charaudeau, as emocoes apresentam as seguintoscaracteristicas:

1. revelam um estado qualificativo de ordem afetiva;

2. revelam ao mesmo tempo um estado mental intencional de ordem

racional, ja que visam a um objeto que e representado por um su-

jeito que tern uma visao sobre o mundo e que possui valores quefazem parte de um consenso social;

3. constituem saberes de crenca a partir de imaginarios sociodiscursi-vos que servem para provocar uma reacao comportamental;

4. sao origern de um comportamento.

Deve-se estar atento, no entanto, a possibilidade de nao coinciden-

Icia entre a emocao exprimida e a suscitada no outro. A esse respeitoLochard e Boyer (1995) afirmam que a producao do sentido de urn

broduto audiovisual nao obedece a qualquer predeterminacao tex-tual. Essa afirmacao condiz con a visao de Kerbrat-Orechioni (2000)

IB respeito da diferenca entre emocao sentida, exprimida (aquela queconsiste no nosso objeto central de investigacao) e a suscitada/pro-

j Vocada (o pathos aristotelico, que, contrariamente ao ethos, se localiza

no ouvinte).Pode ocorrer, portanto, que a emocao expressa nao coincida com

a emocao sentida, assim como pode acontecer de a emocao expressa

I nao coincidir com a emocao provocada. Ou seja, urn discurso, por

[ mais carregado de emocao que seja, pode nao provocar qualquer efei-

to sobre o interpretante.Segundo Charaudeau (2000), ha uma dupla enuiiciacao de efeito

patemico:

1. uma enunciacao da expressao patemica, enunciacao ao mesmotempo elocutiva e alocutiva que visa a produzir um efeito de pate-

mizacao seja pela descricao ou manifestacao do estado emocionalno qual o locutor se encontra, seja pela descricao do estado emo-

cional no qual o outro deveria se encontrar;2. uma enunciacao da descricao patemica, enunciacao que propoe ao

destinatario a narrativa (ou um fragmento) de uma cena drama-tizante susceptivel de produzir um tal efeito. Nesse caso, o efeitopatemico e construido por uma constru^ao identitaria entre os inter-

locutores, ou seja, depende do elo que se supoe unir o destinatario

a situacao descrita e aos protagonistas.

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CARACTERÍSTICAS DAS EMOÇÕES
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Emoção sentida x emoção expressa
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Representação patêmica: descreve uma situação na qual um julgamento de valor coletivamente partilhado e instituído e norma social envolve um ser beneficiário.
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AnaKses do discurso hoje A sodalizafao do particular em programas de televisao

A promofao da intimidade na TV

Tern se tornado cada vez mais comuns na televisao brasileira pro-

gramas construidos em torno de confidencias de pessoas anonimas,

ancoradas por um apresentador, que exerce a funcao de debatedor e,ao rnesmo tempo, de confidente e conselheiro.

Segundo Lopes (2008, p. 19), a televisao tern promovido um rl"

social entre experiencias individuals e coletivas. Para a autora, os pro

gramas televisivos, sobretudo os que elegern a realidade como anguN >

de construcao, tern se concentrado na "vertente publica do indivi

dual privado" e "na esfera privada do individuo publico", alterando .1:,

fronteiras desses dominios que se diluem cada vez mais um no outn >.

Trata-se da chamada "televisao da intimidade", nos termos de Domi-nique Mehl (apud LOPES, 2008).

Ao tratar do chamado "dispositivo pedagogico da midia", Fislioi

(2001) se apropria da nocao de "tecnicas de si", de Poucault. Essastecnicas poderiam ser vistas como procedimentos que

[...] perniitern aos individuos efetuar, por conta propria ou corn a ajud;i

de outros, certo numero de operacoes sobre seu corpo e sua alma, pen

sarnento, conduta, ou qualquer fornra de ser, obtendo assim uma trans--

formacao de si niesmos com o fim de alcancar certo estado de felicidadc,

pureza, sabedoria ou imortalidade. (FISHER, 2002, p. 44)'

Poderiamos dizer que a midia oferece, por meio de talk shows so-

bre a vida real, urn aparato, tanto verbal quanto visual, que promove

o discurso sobre si mesrno, e que esse construto teria uma funcao de

proporcionar aquele que se expoe publicamente algum tipo de bem-

-estar, consequencia de uma transformacao interior, promovida pelo

programa. Alem disso, tais espacos permitem uma identificacao e uma

reflexao por parte do telespectador, a fim de que este tambem extraia

1 Tradugao de Fisher para o texto de Foucault (1995, p. 48).

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nlgo de positive para si mesmo. Promovendo essa "publicacao" da vida

privada, a midia estaria remodelando a ideia do que e publico e do

I que e privado.

Talk shows sobre a vida real

A instancia midiatica se ve, por imposicoes de mercado, obrigada a

I recorrer a estrategias capazes de emocionar seu publico, mobilizando

sua afetividade e desencadeando nele o interesse pelo produto midia-

tico. Charaudeau (2006) reconhece que, para satisfazer esse principio

de emocao, a instancia midiatica deve proceder a uma encenacao sutil

do discurso de informacao, baseando-se, ao mesmo tempo, nos apelos

emocionais que prevalecem em cada comunidade sociocultural e no

conhecimento dos universes de crencas que ai circulam, uma vez que

I as emocoes sao socializadas, resultam da regulacao coletiva das trocas

I e sao estruturadas por imaginarios sociodiscursivos. Trata-se de acio-

nar o dispositivo de espetacularizacao, espelho deformante do saber,

que funciona como uma especie de maquina que bloqueia toda troca

racional e explicativa acerca do assunto abordado, em favor de um

tratamento passional do tema. A propria selecao do tema atende a im-

perativos da atualidade e deve center fortes indices de dramatizacao.

Charaudeau (2006) comenta as mudancas que vem afetando os

generos televisivos. Aponta, nesse sentido, algumas tendencias, dentre

as quais destacamos:

• o uso crescente de "indices de contato" com a instancia publica,

pela presen9a cada vez maior, nos estudios, de um publico que re-

presenta o telespectador. Por meio desse recurso, cria-se'a ilusao de

uma televisao que promove a proximidade com o publico;

• a mistura de temas que pertencem aos espacos publico e privado.

Um exemplo seriam os talk shows que tern como linha condutora

a discussao de problenias da "vida real".Tais programas se constro-

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Analises do discurso hoje

em em torno de relates pessoais que podem servir conio pretext opara a discussao de questoes e problemas que afligem o ser humano, tais como dificuldades no relacionamento amoroso.

Esses programas, em que prevalece o contrato de entretenimento,tern ganhado cada vez mais espaco na programacao televisiva. Elcsrepresentariam um.a dimensao dedicada a distracao, que e rnuitas veziv;desvalorizada aos olhos dos jornalistas.

No contrato de entretenimento prevalece o fazer-sentir em de-trimento do fazer-saber, que normalmente e uma das principals fi-nalidades da comunicacao midiatica. Para Lysardo-Dias (1998, p.18), no contrato de entretenimento o ato comunicativo visa a "des-pertar no outro estados emocionais positives", tendo como intencionalidade "atingir a sensibilidade do sujeito interpretante atraves dasatisfacao emocional e/ou atraves do ludico".

Como produto midiatico, o talk show e marcado por uma finalida-de dupla: finalidade de fazer-saber, para satisfazer o principio de serie-

dade ao produzir efeitos de credibilidade, e finalidade de fazer-sentir,ja que pressupoe escolhas estrategicas apropriadas a encenacao parasatisfazer o principio de emocao ao produzir efeitos de dramatizacao.

Macroestrutura do programa Marcia

O programa Marcia e gravado nos estudios da TV Bandeirantes,num espaco dividido em estudio (palco e auditorio) e bastidores. Nopalco, e eventualmente nos bastidores, encontram-se os convidados,enquanto a apresentadora se coloca o tempo todo proxima da pla-teia. Tambem nos bastidores se encontra o especialista. No programaidentificam-se as seguintes partes:

A sodalizafdo do particular em programas de tdevisao

Abertura

apresentacao sucinta dos temas a serem abordados;

vinheta;publicidade;

• introducao: a apresentadora se dirige a plateia e depois ao publico

telespectador. Em seguida, chama o primeiro convidado.

/ Intrevistas

Normalmente algumas questoes sao colocadas pela apresentadora

para motivar um desabafo por parte do(s) entrevistado(s). Na maio-[ria das vezes tenta-se promover uma conciliacao entre duas pessoas:

amigas, namorados, marido e inulher, vizinhos, pais e filhos. Ocorremintervencoes por parte da apresentadora para solicitar esclarecimeiitos

I ou para expressar sua avaliacao. Tambem ocorre a avaliacao do casopor parte de um especialista (em geral, uma psicologa) e da plateia.

Ao longo do programa sao apresentados dois casos.

Encenamento

O programa se encerra com uma avaliacao final do segundo caso

por parte da apresentadora, agradecimento e despedida.

Situafao de comunica9ao das entrevistas

A situacao de comunicacao se refere a identidade dos participan-

tes, a(s) finalidade (s) do ato de linguagem, ao proposito, a sua estrutu-

racao tematica e as circunstancias.

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SITUAÇÃO DE COMUNICAÇÃO
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Andlises do discurso hoje A sodalizacao do particular em programas de televisao

Participantes

Quanto a identidade dos participantes, tem-se, de urn lado, a ins-

tancia midiatica, responsavel, nesse caso, por atender a finalidade do

entretenimento, e, de outro, o telespectador. No circuito interne da

entrevista, estao envolvidos: a apresentadora, os entrevistados, um es-

pecialista e a plateia, que se organizarn em tipos variados de interafao:

ora entre a apresentadora e os entrevistados, ora entre a apresentadora

e a especialista e, ainda, ora entre a apresentadora e os representantes

da plateia. Todas essas iriteracoes tern como destinatario as telespecta-

doras que assistem ao programa.Vejamos, um pouco rnais de perto, a

funcao de cada um desses participantes na entrevista:

1. A apresentadora: funciona como um agente principal do programa,

uma vez que exerce uma funcao de interface, de um lado, entre os

convidados, a plateia e a especialista e, de outro, entre os persona-

gens da encenacao midiatica e o telespectador. Cabe a ela, portanto,

conduzir o programa, gerenciando o tempo das falas e das insercoes

publicitarias; animar a discussao, incitando os convidados a darem

seus depoimentos; abrir espaco para as manifestacoes da plateia; ava-

liar e comentar os casos; e aconselhar os convidados.

2. Convidado(a) (s): e uma pessoa comum, que envia uma carta e se

submete a uma selecao para participar do programa, com a inter)-

cao de resolver algum problema, em geral de relacionamento, por

meio da intervencao da apresentadora. O conjunto de dados

por nos coletado permite-nos afirmar que a maior parte dos con-

vidados sao do sexo feminino. Tal ocorrencia parece confirmar a

hipotese de que mulheres manifestam mais as suas emocoes do que

os homens.A esse respeito, afirma Kerbrat-Orechioni (2000, p. 56):''

2 Traducao livre da autora.

[...] as mulheres possuem urn "ethos" mais emocional que os homens, o

que quer dizer nao que elas provam rnais emocoes, mas que elas as mani-

festam mais (atraves de mais risos, lagrimas, interjeicoes, manifestacoes de

entusiasmo e de engajamento conversacional) e que elas as decodificam

melhor que os homens.

1. Especialista: em geral, uma psicologa que comenta os casos e que

tambem aconselha os entrevistados.

2. Plateia: publico exclusivamente feminino que assiste a gravacao

do programa e que se manifesta por meio de aplausos, risos ou da

expressao de opinioes sobre os casos relatados.

3. Enunciador in off: voz que se manifesta ao longo da entrevista por

meio de textos escritos, na parte inferior da tela, de responsabilida-

de da producao do programa. Tern a funcao ora de expressar uma

avaliacao a respeito do caso, ora de resumir o que se passa. Pode

ainda simular a voz do convidado. Manifesta, em geral, um forte

apelo emocional. Sao exemplos:

a) Ela esta sofrendo: Quero que ele volte para mini!

b) Volta pra mim.Ja fiz de tudo para reatar nosso namoro!

c) Volta pra rnim: Ele diz que nao pode ficar com Daniele.

d) Ele diz: Nao te amo! Nossa historia acabou.

Finalidade

A finalidade corresponde a uma inteiicionalidade psicossociodis-

cursiva que "se define atraves da expectativa de sentido em que se

baseia a troca" (Charaudeau, 2006,p. 69). Nesse tipo de entrevista pre-

domina uma finalidade dupla, uma vez que, do ponto de vista das per-

sonagens diretamente envolvidas, ela tern o objetivo de buscar solucao

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FINALIDADE DUPLA
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Analises do dismrso hoje

para um problema do(s) entrevistado(s),por meio do aconselhamento.Contudo, se considerarmos a entrevista um produto midiatico des-tinado a telespectadores, perceberemos que, embora a apresentadorareafirme constantemente uma atitude de solidariedade em relacaonao so aos entrevistados, mas tambem ao publico telespectador (dai oslogan "Mexeu com voce, mexeu comigo"),predomina o contrato doentretenimento, uma vez que nas entrevistas se evidencia um quercrfazer-sentir, legitimado por urna posicao de superioridade da instan-

cia de producao, que visa a provocar no telespectador instantes de en-tretenimento que sejam responsaveis pela manutencao da audiencia.

Vejamos uma avaliacao do proposito do programa, numa de suasemissoes, feita pela propria apresentadora:

Tern rnuita gente, quer dizer, a maioria, quase urna unanimidade, quo

entende a dificuldade do nosso trabalho, qual e a nossa inissao aqui: o

que nos tentamos fazer e dar para as pessoas que estao no palco um mo-

mento de conciliacao, de superacao e para voce ai de casa uma reflexao

para que o mesmo problema nao aconteca com voce.

Tematica

A tematica predominante gira em torno de problemas pessoaisligados a questoes universais, tais como: amor, ciume, traicao, conflitosentre pais e filhos, entre outros.

O caso Daniele

A entrevista analisada, sendo uma emissao televisiva, se caracterizapor emissoes de fala estruturadas, de acordo com Lochard e Boycr

(1998), numa dupla encenacao, sujeita a tipos especificos de rituali-zacoes: a encenacao verbal e a encenacao visual. Esses dois tipos do

encenacao sao interrelacionados. Sao eles que focalizaremos a partir

A sodalixafao do particular em programas de tdevisao

dc agora, descrevendo o agenciamento das emocoes na entrevista que

identificaremos como "o caso Daniele".3A entrevista analisada teve duracao de 36 minutos, descontadas as

insercoes publicitarias.Tal apresentacao sera, como dissemos, avaliadado ponto de vista da utilizacao dos componentes da encenacao visuale da encenacao verbal, a fim de se promover a captacao dos telespec-tadores. Sabemos que a televisao e, como afirma Charaudeau (2006, p.

222),"lugar de combinacao de dois sistemas semiologicos, o da ima-I gem e o da palavra". Sua compreensao, portanto, nao pode prescindir

da analise desses dois estratos.

A encena5ao verbal

Esta sob a responsabilidade da apresentadora e tern por objetivo

organizar a troca entre os participantes no espaco televisivo. O modode gestao da fala pode adquirir formatos diversos em funfao de va-riaveis, tais como os temas abordados, o contexto situacional (incluin-do a cenografia e a distancia entre os participantes) e a identidade dos

participantes. No caso analisado, a encenacao verbal tern como eixo

os "relatos pessoais".

Relates pessoais

Identificaremos como "relatos pessoais" os depoimentos em tornodos quais se desenrola o programa Mama. Os relatos pessoais asse-

melham-se, em parte, aos testemunhos, uma vez que ambos se cons-tituern em formas de enunciacao que revelam a existencia de umarealidade com a qual o enunciador teve contato. No entanto, enquan-to no testemunho nao ha analise ou julgamento por parte das teste-munhas, nos relatos pessoais o enunciador relata o que presenciou ouviveu, externando sua avaliacao a respeito de suas experiencias. Assirn

3 A entrevista compoe o programa que foi ao ar em 09 de novembro de 2008.

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Andlises do discurso hoje A sodalizafSo do particular em progmmas de televisao

como o testemunho, o relate pode ser enunciado por um sujeito qiu-

tenha certa notoriedade ou por um sujeito anonimo. No ultimo caso,

para que seu relato componha um acontecimento midiatico, o sujeito

deve de alguma forma se achar instituido em arquetipo social, seja poi

seu desempenho destacado na vida profissional, seja por se apresentni

como vitima ou por manifestar um comportamento fora dos padroo,

normais. O cidadao, entao, faz parte de fatos dramaticos ou curiosos,

o que faz com que esses fatos possam ser exibidos em espetaculo. (>:;

relates apresentados no programa Mama, apesar de envolverem pcs

soas anonimas, sao promovidos a narrativas publicas, uma vez quc

dizem respeito a problemas que afligem, com maior ou menor intci i

sidade, todos os individuos. A utilizacao, desde o inicio dos relates, tic

uma enunciacao ao mesmo tempo elocutiva e alocutiva que descrevc

ou manifesta o estado emocional no qual o locutor se encontra, favo

rece a producao de um efeito patemico sobre o telespectador.

Encenacao verbal e efeitos patemicos no "caso Daniele"

Tendo em vista a descricao da situacao e dos componentes lin

guistico e visual do programa analisado e considerando a descricao

de Charaudeau (2000) a respeito dos efeitos patemicos do discurso,

podemos afirmar que o talk show Mania atende as condicoes par.iproducao do efeito patemico, a saber:

1. o discurso produzido se inscreve num dispositive comunicativo

cujos componentes (sua finalidade e os lugares que sao atribuidos

antecipadamente aos parceiros da troca) predispoem ao surgimento de efeitos patemicos;

2. o campo tematico sobre o qual se apoia o dispositive comunica

tivo preve a existencia de um universo de patemizacao e propoc

uma certa organizacao dos topicos (imaginarios sociodiscursivos)susceptiveis de produzir tal efeito;

3. no espaco das estrategias deixado disponivel pelas restricoes do

dispositive comunicativo, a instaiicia de enunciacao adota uma en-

cenacao (mise-en-scene) discursiva com finalidade patemizante.

Baseados em Bertrand, Matsangos, Perichon e Vion (2000), iden-

tificamos varies mementos associados a gestao da emocao no rela-

to analisado. Vale lembrar que o conteudo emotive da entrevista e

acentuado pelo fundo musical, ora dramatico, era melancolico, em

i consonancia com o torn do dialogo.Vejamos alguns desses mementos:

Introdufao, com integrafao dos participantes

Marcia: Ola, Daniele, e ai, menina?

Daniele: Tudo bem?

Marcia: Eu e que te pergunto.

Daniele: E, tudo mais ou menos.

Marcia: Ne? Mais ou menos, tie?

Daniele: Sofrendo um pouco.

Marcia: Um pouco?

Daniele: Agora menos, jd sofri mais.

Marcia: Ja sofreu mais?

Daniele: (GESTO AFIRMATIVO)

Marcia: Por amor? Tern coisa que doi mais do que esta?

Exposi9&o do problema

Marcia: Bom, mas voce ta sofrendo ha quanta tempo?

Daniele: Faz um ano que agente terminou.

Verbalizacao da emofao

A sucessao de fatos narrados parece causar um estado de forte ten-

sao a ponto de provocar a exteriorizacao, por parte da convidada, da

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Page 8: A Socialização do particular em programas de televisão

Andliscs do discurso hoje

emocao sentida que, a partir de entao, perpassa tocia a interacao. Essa

manifestacao se da desde o inicio ate o fim do quadro. Ha no inicio

da interacao uma manifestacao de solidariedade da entrevistadora em

relacao aos sentimentos expresses pela entrevistada:

Daniele: Mas eu sofro muito, muito mesmo.

Marcia: Por amor? Tern coisa que doi mais do que esta?

Relate de fatos suscetiveis de provocar emofao

O relato da convidada e recheado de eventos suscetiveis de provo-car comocao, tais como:

Ja tentei me matar seis vezes.

[...] eu tenho o nome dele tatuado no pe e eu nao vou apagar nunca. [...]

Ele tinha o meu [nome] tatuado. Ele apagou. Com fogo. Colocou fogoem cima do [nome] tatuado.

Dai ele falou: to muito bem solteiro, eu nao aguento mais a sua pressao. E

acabou. Ele falou isso um dia depois do mcu aniversario. Ai eu deixei ele

na rodoviaria pra ele vir pra Sao Paulo. Ai eu sai correndo desesperada,

me joguei na frente de um caminhao de mudanca. Quando eu acordei,

minha mae tava segurando minha mao na UTI, tava com a cabeca todaenfaixada...

Confronto entre os convidados

Durante as entrevistas normalmente ha uma especie de confronto

entre os convidados, por meio do qual se tenta promover uma conci-

liacao ou acordo entre as partes, com a intervencao da entrevistadora.

E o momento culminante da expressao da emocao. No caso analisado,

ocorre uma declaracao de amor da entrevistada, Daniele, direcionadaa seu ex-namorado, Rogerio:

A sodalizafao do particular em progmmas de televisao

Eu so vim aqui porque eu te amo demais e que a minha vida nunca mais

teve sentido sem voce. Ce sabe que eu ja tentei de tudo, ce sabe que

quando a gente tava junto eu fiz de tudo para te fazer feliz. Se eu errei

em alguma coisa, me perdoa, porque eu perdoei tanta coisa que voce fez

pra mini e nunca nada nem ninguem vai fazer a minha vida tao especial

que nem voce fez.Vbce sabe quanto voce me fez feliz e voce sabe quanto

voce e especial pra mini. Eu quero te agradecer por tudo que voce me

fez e te dizer que nao da pra viver sem voce. Ce sabe disso... que pode

passar um ano, pode passar 30 anos, sabe, que eu carrego no meu peito

para sempre...

Avaliacao

No programa Mama a avaliacao e feita por tres envolvidos na in-

teracao: a propria apresentadora, uma especialista e pessoas da plateia.

Trata-se de um momento em que ocorre uma especie de ponderacao

sobre os fatos relatados. E uma fase em que se supoe uma certa distan-

cia por parte dos envolvidos na troca comunicativa e na qual se espera

que o bom senso fale mais alto. E um momento de reflexao e aconse-

Ihamento. Nessa etapa a pessoa que mais intervem e a apresentadora.

No entanto, avaliacoes sao feitas ao longo de todo o relato, nao so por

parte da entrevistadora, mas tambem pela especialista e pela plateia.

Verifica-se, em relacao a esses momentos de avaliacao, uma cons-

tante oposicao entre as manifestacoes de um ethos emodonado, por par-

te da entrevistada, e as ponderacoes de um ethos contido/rational, que

caracterizam as intervencoes da entrevistadora ao assumir o papel de

conselheira. Enquanto as manifestacoes da entrevistada poderiam ser

responsaveis por uma comocao dos demais envolvidos na situacao,

por meio de uma especie de "contaminacao" da entrevistadora, da

plateia e do telespectador, a postura serena e equilibrada da apresen-

tadora confere-lhe credibilidade. A seguir sintetizamos essa oposicao,

recortando passagens do dialogo entre Daniele e Marcia:

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Analiscs do discurso hoje A socializcifao do particular em program' ts de televisao

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Mrt'dito tjiii: eu fui too fane df faver /,w."EMOP ek se arrcfieiiticn depots.

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Quadro 1

A encena^ao visual

E responsavel pela cria^ao de um espafo televisual. Sua analise

deve levar em conta os seguintes aspectos:

• os niveis de presenf a dos participantes na tela;

• o ponto de vista;• os modos de presenga desses participantes, incluindo o enquadra-

mento e as variaveis proxemicas.Sao basicamente esses tres aspectos que iremos comentar, tendo

cm vista o seu agenciamento a fim de se obter um efeito de emocao

sobre o telespectador.

Encena9ao visual e efeitos patemicos

Apresentaremos a seguir uma analise da relacao entre os elemen-tos que compoem a encenacao visual e os efeitos patemicos que elespodem provocar. Serao levados em conta os seguintes aspectos: o nivel

de presenca dos participantes, o ponto de vista e o modo de presenca

na tela.

Nivel de presen9a dos participantes

Pode-se dizer que o agenciamento das imagens ao longo do pro-grama confere-lhe um equilibrio no que diz respeito ao aparecimen-to, diante das cameras, da entrevistadora e da entrevistada. Esse equili-brio e favorecido pelo recurso ao quadro lado a lado, que permite que

as protagonistas aparecam simultaneamente.Tal recurso representa uma valorizacao da figura da entrevistada,

uma reafirrnacao da sua importancia para o programa (ou pelo me-nos uma tentativa), a fim de que o telespectador tenha essa ilusao. Asdemais personagens e destinado um tempo de aparicao mais reduzido.

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Page 10: A Socialização do particular em programas de televisão

Analises do discurso hoje

Ponto de vista

Predomina o ponto de vista personalizado implicito, que propoc

ao telespectador a presenca de um interlocutor no espac o midiatico,

que pode ser a entrevistada, a entrevistadora ou outro convidado. As-

sim, o olhar da entrevistada se dirige a apresentadora, e nao a camera.

Modo de presenfa

Com relacao ao modo de presenca dos protagonistas, abordare-mos, conjuntamente, a questao das variaveis proxernicas e da escala depianos, ja que elas estao relacionadas, sendo o tipo de distanciamento

desejado com relacao as personagens focalizadas determinante para a

escolha do tipo de enquadramento a ser adotado. O jogo proxemico

esta associado a escala de pianos usada para representar as imagens e aspersonagens na tela deTV.A variagao da distancia pela qua! os sujeitos

sao representados na tela sugere nao so a relacao entre os protagonistas

no interior da encenacao, como tambem a relacao que o telespectadorvai manter com estes.

Embora haja um consideravel distanciamento fisico entre a entre-

vistada e a entrevistadora e, naturalmente, entre ambas e o telespecta-

dor, nota-se uma tentativa de se criar uma ilusao de proximidade en-tre essas instancias. Essa preferencia em termos da variavel proxemicaesta relacionada as escolhas no tipo de enquadramento. A proximidade

ilusoria e obtida pelo uso dos pianos mais proximos (primeiro pianoe close-up), que aproximam as personagens midiaticas do publico te-

lespectador, e pelo quadro lado a lado, que cria uma ilusao de proxi-

midade e intimidade entre a apresentadora e a convidada. For outrolado, a ocorrencia dos pianos mais abertos e baixa.

Verifica-se urn predominio daquilo que Soulages (1999) denomi-

na "ponto de vista holistico" na exposicao das interacoes verbais, com

a utilizacao do quadro lado a lado, que permite que os protagonistas

aparecam simultaneamente. Tal estrategia e um recurso valioso para

A soaalizafao do particular em programas dc tdevisao

|que o telespectador possa observar as rea9oes dos envolvidos na inte-

.acao verbal.Verificamos o uso deste recurso quando aparecem, divi-

fndo a tela, ora a entrevistada e a apresentadora, ora a entrevistada e ou ex-namorado. Com isto, cria-se uma ilusao de proximidade tanto

entre e a entrevistadora e os entrevistados quanto entre as personagens

midiaticas e o publico.A predominancia de pianos proximos reflete uma tendencia das

imagens de televisao, uma vez que o tamanho da tela nao e muitoapropriado para tornadas a grande distancia, ja que elas dificultam

a identificacao do objeto focalizado. A escolha de enquadramentos

mais proximos se deve, ainda, a propria tematica do programa, quese refere a intimidade dos convidados. Pianos gerais sao adotados em

situacoes especificas: os momentos iniciais e finais do programa. Talescolha no nivel do enquadramento tem a funcao de apresentar ao

telespectador o local onde ocorrera a encenafao, assim como de deli-mitar, nesse local, os espacos destinados as personagens: a entrevistada

permanece no centra do palco, como a grande estrela do quadro,

enquanto a apresentadora se mantem proxima da plateia.O close-up e adotado em situacoes especificas em que a imagem

assume uma funcao de revezamento (BARTHES, 1964) em relacao

ao estrato linguistico, e visa destacar o sentimento das personagens

por meio da visualizacao de sua expressao. Esse tipo de piano ocorreprincipalmente nos momentos em que a entrevistada esta chorando.

Esse recurso permite tambem que se visualize algum detalhe que te~

nha sido niencionado nas entrevistas, como ocorre no momenta em

que a entrevistada se refere a uma tatuagem que fez em homenagem

ao ex-namorado.

Consideraf oes finais

Os programas que exploram relatos da vida real produzidos por

pessoas anonimas fazem parte de um fenomeno de valorizacao da

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Page 11: A Socialização do particular em programas de televisão

Andlises do discurso hojc A soaalizacao do particular em programas de televisao

esfera privada no espaco midiatico, que tern como unia de suas mani-

festacoes niais populates os reality shows, tais como Big Brother, entre

outros. Construidos em torno de relates, os talk shows com pessoas co-

muns, como o apresentado por Marcia Goldshmidt, conseguem sedu-

zir uma parcela cada vez maior do publico telespectador, por meio de

urna organizacao planejada, com a finalidade de provocar uma iden-

tificacao entre este publico e a pessoa entrevistada. Para isso, recorrem

a ritualizacoes, tanto no piano verbal quanto no piano visual, capazes

de provocar a emocao por parte do telespectador. Entre tais recursos

destacam-se os relatos pessoais, repletos de fatos susceptiveis de pro-

vocar emocao, associados a escolhas no piano visual que favorecem a

visualizacao das expressoes fisionomicas das personagens envolvidas e

sugerem uma proximidade entre eles.Tudo isso associado a uma "tri-

Iha sonora" condizente com o torn das entrevistas.Tais manifestacoes

resultam de um processo de renovacao iiicessante da TV, renovacao

essa que reflete as transformacoes pelas quais passa a nossa sociedade.

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