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A SURDEZ E A EDUCAÇÃO MATEMÁTICA NAS LEMBRANÇAS DE UM ALUNO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS Lizmari Greca 1 Universidade Federal do Paraná [email protected] Anna Carolina Galhart 2 Universidade Federal do Paraná [email protected] Viviane Aparecida Bagio 3 Universidade Estadual de Ponta Grossa [email protected] Illoine Maria Hartmann Martins 4 Universidade Federal do Paraná [email protected] Resumo: Essa comunicação científica tem como objetivo apresentar uma entrevista que foi realizada para a disciplina História da Educação Matemática no Brasil, ministrada pelo Prof. Dr. Carlos Roberto Vianna, durante o primeiro semestre de 2014, no Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e em Matemática, da Universidade Federal do Paraná. A entrevista foi realizada com um aluno surdo, que frequenta a Educação de Jovens e Adultos, a partir da metodologia da História Oral. A temática da entrevista proposta por uma das pesquisadoras era de resgatar as lembranças sobre as experiências escolares nos anos iniciais, a respeito da Educação Matemática como também as dificuldades e facilidades em relação à comunicação, aos professores, a escola, aos colegas e também as práticas pedagógicas dos professores. 1 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e em Matemática da Universidade Federal do Paraná. Orientador: Prof. Dr. Carlos Roberto Vianna. Pedagoga com Especialização em Educação Especial e Educação Bilíngue para Surdos. Professora intérprete e Formada do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa - Curitiba PR. 2 Mestre em Educação em Ciências e em Matemática pela Universidade Federal do Paraná. Graduada em Letras Português-Espanhol e Pedagogia. Coordenadora de Língua Portuguesa e Literatura e Co- coordenadora do Projeto Ler e Pensar da Secretaria Municipal de Educação Cultura e Esporte do município de Campo Largo. Cursa a Especialização Docência do Ensino Superior. Orientadora de Estudos do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa - Campo Largo - PR. 3 Mestre em Educação em Ciências e em Matemática pela Universidade Federal do Paraná. Professora colaboradora da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Graduada em Matemática. 4 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e em Matemática da Universidade Federal do Paraná. Orientador: Prof. Dr. Carlos Roberto Vianna. Pedagoga com Especialização em Gestão Educacional e Educação Especial. Acadêmica em Psicologia e Formada do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa - Curitiba PR.

A SURDEZ E A EDUCAÇÃO MATEMÁTICA NAS LEMBRANÇAS DE …sites.uepg.br/XIIIEPREM/anais/trabalhos/Eixo_9/CC55_9.pdf · Palavras-chave: Educação Matemática. Surdez. História Oral

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A SURDEZ E A EDUCAÇÃO MATEMÁTICA NAS LEMBRANÇAS

DE UM ALUNO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

Lizmari Greca1

Universidade Federal do Paraná

[email protected]

Anna Carolina Galhart2

Universidade Federal do Paraná

[email protected]

Viviane Aparecida Bagio3

Universidade Estadual de Ponta Grossa

[email protected]

Illoine Maria Hartmann Martins4

Universidade Federal do Paraná

[email protected]

Resumo: Essa comunicação científica tem como objetivo apresentar uma entrevista que foi realizada para

a disciplina História da Educação Matemática no Brasil, ministrada pelo Prof. Dr. Carlos

Roberto Vianna, durante o primeiro semestre de 2014, no Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e em Matemática, da Universidade Federal do Paraná. A entrevista foi

realizada com um aluno surdo, que frequenta a Educação de Jovens e Adultos, a partir da

metodologia da História Oral. A temática da entrevista proposta por uma das pesquisadoras era

de resgatar as lembranças sobre as experiências escolares nos anos iniciais, a respeito da Educação Matemática como também as dificuldades e facilidades em relação à comunicação,

aos professores, a escola, aos colegas e também as práticas pedagógicas dos professores.

1 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e em Matemática da Universidade

Federal do Paraná. Orientador: Prof. Dr. Carlos Roberto Vianna. Pedagoga com Especialização em

Educação Especial e Educação Bilíngue para Surdos. Professora intérprete e Formada do Pacto Nacional

pela Alfabetização na Idade Certa - Curitiba – PR. 2 Mestre em Educação em Ciências e em Matemática pela Universidade Federal do Paraná. Graduada em

Letras Português-Espanhol e Pedagogia. Coordenadora de Língua Portuguesa e Literatura e Co-coordenadora do Projeto Ler e Pensar da Secretaria Municipal de Educação Cultura e Esporte do

município de Campo Largo. Cursa a Especialização Docência do Ensino Superior. Orientadora de

Estudos do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa - Campo Largo - PR. 3 Mestre em Educação em Ciências e em Matemática pela Universidade Federal do Paraná. Professora

colaboradora da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Graduada em Matemática. 4 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e em Matemática da Universidade

Federal do Paraná. Orientador: Prof. Dr. Carlos Roberto Vianna. Pedagoga com Especialização em

Gestão Educacional e Educação Especial. Acadêmica em Psicologia e Formada do Pacto Nacional pela

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Através desse estudo, conclui-se que na leitura do depoente, a Matemática é difícil, associada a problemas e contas, e que para ser bem apreendida, necessita de manipulação, de vivência e de

experiência, bem como a importância da língua de sinais para a efetiva comunicação e suas

experiências com as professoras surdas, contribuindo assim de certa forma para as atuais discussões sobre a escola para surdos e a escola inclusiva.

Palavras-chave: Educação Matemática. Surdez. História Oral. Narrativa.

Introdução

Este estudo consiste em uma entrevista piloto para a disciplina de História da

Educação Matemática no Brasil, do Programa de Pós-Graduação em Educação em

Ciências e em Matemática da Universidade Federal do Paraná – PPGECM – UFPR,

ministrada pelo Prof. Dr. Carlos Roberto Vianna, durante o 1º semestre de 2014, tendo

em vista a metodologia da História Oral. Para Portelli (1997, p. 26), a História Oral trata

da subjetividade, memória, discurso e diálogo, consequentemente o que criamos é um

texto dialógico de múltiplas vozes e múltiplas interpretações.

A temática da entrevista realizada é resgatar as lembranças de uma pessoa surda

sobre as experiências escolares nos anos iniciais a respeito da alfabetização matemática,

instigando o entrevistado a contar as suas dificuldades e facilidades em relação à

comunicação, aos professores, à escola, aos colegas e também às práticas pedagógicas

dos professores. A História Oral Temática é quase sempre usada como técnica, pois,

frequentemente, articula diálogos com outros documentos históricos ou teóricos

(MEIHY, 2002, p. 145).

Neste trabalho não serão apresentados outros documentos ou fontes teóricas

sobre o tema proposto para a entrevista, somente o depoimento do aluno, a partir da

entrevista realizada por uma das autoras dessa comunicação científica.

A análise da entrevista se dá através de um conto, ou seja, é uma leitura das

pesquisadoras sobre a leitura do depoente. É uma narrativa sobre uma narrativa. “Na

análise narrativa de narrativas, o pesquisador desempenha o papel de constituir

significados às experiências dos narradores mediante a busca de elementos unificadores

e de alteridade, supondo que, mediante esse procedimento, estaria desvelando o modo

autêntico da vida individual” (CURY, 2011, p.164). No conto exprime-se o olhar do

depoente sobre as suas experiências com a surdez, o qual foi possível, por intermédio da

História Oral, contribuindo assim, com suas vivências para a comunidade surda.

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Metodologia da pesquisa e da coleta de dados

Segundo Meihy (2002, p. 51), a História Oral se apresenta como forma de

captação de experiências de pessoas dispostas a falar sobre aspectos de sua vida. Para o

autor, quanto mais elas os contarem a seu modo, mais eficiente será seu depoimento. As

narrativas orais posteriormente passam a materializar-se em documentos escritos.

A História Oral garante o seu status como metodologia, porque requer

procedimentos específicos, tais como: seleção dos depoentes, planejamento e

agendamento das entrevistas, gravação em áudio (ou vídeo), o moroso processo de

transcrição das gravações e o delicado processo de textualização, ou seja, a produção de

uma narrativa (GALHART, 2015; BAGIO, 2014).

Os depoimentos tornam-se, desta forma, as fontes para construir a compreensão

e a reflexão do seu interesse de estudo, não há preocupação com a verdade, mas sim

com as experiências vividas pelas pessoas.

Antes da entrevista com o aluno Jeam5, ocorreram dois momentos que

esclareceram ao depoente a importância de seu relato. Primeiramente foi encaminhada

uma carta de apresentação com o objetivo de esclarecer o motivo da entrevista. Em

seguida, a explicação de que a entrevista faria parte de um trabalho na disciplina de

mestrado e que, possivelmente, o trabalho poderia ter continuidade com a intenção de

ser apresentada na versão final da dissertação da pesquisadora.

Diante do exposto, a estratégia metodológica parte da entrevista inicial,

conduzida por perguntas relativas ao tema, a qual está apresentada na íntegra, com a

tradução6 feita das Libras – Língua Brasileira de Sinais – para a Língua Portuguesa,

gravada em vídeo por uma câmera fotográfica7. O vídeo foi traduzido para o português

escrito, sendo este momento caracterizado como a transcrição da entrevista, ou seja, a

5 Nome real de um dos participantes do trabalho de dissertação de Lizmari Merlin Greca, uma das autoras

do artigo. O nome não foi substituído, por escolha do entrevistado. 6 Favoreto da Silva (2011) esclarece em sua dissertação sobre o processo de tradução das entrevistas “não

é uma tarefa simples e neste trabalho há uma especificidade a se considerar devido ao fato de que os

entrevistados são usuários de outra língua – a Libras – o texto se constitui numa tradução interlingual, ou

seja, uma tradução realizada de uma língua de partida para uma língua alvo. Neste caso, a língua de

partida é a Libras e a língua alvo é a Língua Portuguesa, na modalidade escrita. Destacamos que, toda

tradução, por mais que seja fiel e/ou fidedigna, possui parte da subjetividade do tradutor”. 7 Pelo fato de a Língua Brasileira de Sinais, utilizar-se dos movimentos com as mãos e gestos, a entrevista

necessitou ser gravada em vídeo (e não em áudio como normalmente acontece), para que, na transcrição

fosse traduzida para a Língua Portuguesa.

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conferência do vídeo com o texto escrito. Após a transcrição do vídeo, foi elaborada a

textualização. Esta consiste em reescrever a entrevista deixando-a mais clara, sem as

marcas da língua oral (neste caso, a entrevista é em língua de sinais e, posteriormente,

traduzida e transcrita para o português escrito) e a escrita coerente para o leitor.

A História Oral tem contribuído em diversas áreas relacionadas à educação. Essa

abordagem metodológica tem sido utilizada para os estudos referentes à História da

Educação Matemática. O grupo de pesquisa em História Oral e Educação Matemática –

GHOEM (Grupo de História Oral e Educação Matemática) tem como intenção estudar

as possibilidades de utilização da História Oral como um recurso teórico-metodológico

para as pesquisas em Educação Matemática (GARNICA, 2006).

A História Oral contribui especialmente nas áreas pouco estudadas ou ainda

setores obscuros da sociedade, como é o caso da história da Educação dos Surdos. Esta

é contada nos livros por educadores e profissionais que se envolveram nesta área,

contudo há poucas narrativas em trabalhos acadêmicos de sujeitos que não obtiveram o

sucesso esperado na sua vida acadêmica e profissional. Diante disso, fez-se a escolha do

aluno Jeam8 para compor o cenário principal desse trabalho e também por ser um

estudante surdo, com passagem por escolas inclusivas e em escolas especiais para

surdo. Como a entrevistadora atuou em duas das escolas que o Jeam frequentou, pode-

se afirmar que faz parte da trajetória escolar deste jovem.

No quadro abaixo, temos uma descrição sobre a realização das entrevistas com o

aluno Jeam:

Quadro 1: Dados das entrevistas realizadas com o aluno Jeam

ENTREVISTAS COM O ALUNO JEAM

Data Local da entrevista Duração da entrevista

1ª ENTREVISTA 14/05/2014 Sala de aula do

CEEBJA em que estuda 14’25”

2ª ENTREVISTA 02/06/2014 Sala de aula do

CEEBJA em que estuda 21’

Fonte: Adaptado de GRECA (2015)

As duas entrevistas foram realizadas em uma sala de aula do CEEBJA Paulo

Freire, com a presença das professoras de Ciências e Matemática, e dois alunos dessas

8 Jeam tem 22 anos, atualmente é estudante de um EJA. Na data da entrevista, o depoente estava cursando

as disciplinas de Língua Portuguesa e Ciências – Ensino Fundamental.

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disciplinas. É importante ressaltar que Jeam não se sentiu constrangido na presença

dessas pessoas, pois ele está sempre nesta sala e conhece muito bem as pessoas. É

importante destacar que não houveram interrupções nas entrevistas.

É relevante informar que Jeam possui dificuldades para a leitura em Língua

Portuguesa, pelo fato de ser a sua segunda língua. Por essa razão, optou-se por usar

perguntas em Libras e as respostas espontâneas também na sua língua. Não seria

adequado utilizar das fichas com palavras-chave, por Jeam desconhecer algumas

palavras e a tradução das fichas poderia interferir em suas respostas. Segue um trecho

do depoimento da entrevistadora, sobre a sua relação com o aluno:

Quando conheci Jeam ele estava matriculado em uma escola para surdos em Curitiba na 5°

série, nesta ocasião eu estava como Pedagoga da escola, muitos anos depois reencontro Jeam

ainda em busca da sua certificação do Ensino Fundamental, na educação de jovens e adultos.

Atualmente Jeam é aluno da EJA, tem 22 anos, está cursando o Ensino Fundamental nas

disciplinas de Língua Portuguesa e Ciências e eu sou a tradutora e intérprete de Libras e

Língua Portuguesa. Jeam finalizou as seguintes disciplinas: História, Geografia, Educação

Física e Artes. (Depoimento de Lizmari, que além de pesquisar o tema é intérprete do aluno

atualmente).

Nessa seção abordou-se a metodologia para a coleta de dados. Na sequência será

realizada uma breve explanação sobre a surdez como experiência visual e a atual

legislação que dispõe da garantia do ensino bilíngue para os surdos no Brasil, a fim de

proporcionar ao leitor uma compreensão sobre o tema.

A surdez como experiência visual

A história da educação dos surdos se constitui por conflitos polêmicos em

relação às questões linguísticas, considerando que por muitos anos as propostas

educacionais direcionadas a esses sujeitos estavam voltadas às terapias de fala. A partir

do Decreto Federal Nº 5626/05 que regulamenta a Lei Federal N° 10.436/2002

(BRASIL, 2005), houve então o fortalecimento das políticas públicas que envolvem a

educação de surdos, trazendo para os contextos educacionais a proposta educacional

bilíngue, tanto nas escolas inclusivas, bem como nas escolas para surdos.

Atualmente, no Brasil, a educação bilíngue é garantida pela legislação tanto nas

escolas para surdos como nas escolas inclusivas. O Decreto 5626/05, no artigo 2º,

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conceitua a pessoa surda como a que se comunica através de experiências visuais e de

Libras: “Considera-se pessoa surda aquela que, por ter perda auditiva, compreende e

interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura

principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais – Libras” (BRASIL, 2005).

Atualmente a surdez é entendida como uma diferença linguística e não como a

deficiência pela falta do não ouvir ou falar. Segundo Strobel (2008), as pessoas surdas

participam de “experiências visuais” e percebem o mundo de maneira diferente. A

língua de sinais é o meio e o fim da interação social, cultural e científica da comunidade

surda (QUADROS; SCHMIEDT, 2006).

Na abordagem bilíngue é através da língua de sinais que o sujeito surdo participa

efetivamente das interações sociais. Entretanto, ocorre que muitos alunos surdos

(independentemente da idade) chegam à escola sem contato anterior com a língua de

sinais, pelo fato de que muitas dessas crianças são filhas de pais ouvintes e têm o seu

primeiro contato com as Libras no contexto escolar. Dessa forma, vale considerar que

nem sempre é possível encontrar alunos fluentes em Libras nos anos iniciais do Ensino

Fundamental em escolas inclusivas e escolas para surdos.

De acordo com Luria (2014a), desde pequena o desenvolvimento mental da

criança ocorre por influência da realidade objetiva e pela comunicação com os adultos.

As crianças surdas as quais não tem acesso ao ambiente claro e completo ao fluxo

contínuo da língua são privadas de acesso às compreensões do legado cultural e

maneiras de pensar, afirma Daniels (2011).

Assim sendo, cabe à escola promover o acesso e o desenvolvimento da língua,

através da participação nas atividades permanentes com profissionais fluentes nesta

língua porque é por ela que terá acesso ao conhecimento historicamente produzido. O

contato com o ambiente sociocultural na relação com os outros, com oportunidades

apropriadas de aprendizagem, o potencial superior das crianças se manifesta. Para

Vigotski9 (2007), as funções psíquicas superiores não nascem com as pessoas, elas se

desenvolvem a partir de condições disponibilizadas para cada sujeito em atividade, em

ação, em tarefas, em desafio, em problemas.

9 Devido às diversas grafias do nome de Vigotski, optamos por manter a escrita com “i”. No entanto, nas

consultas feitas em referenciais, temos livros nos quais seu nome aparece com “y” e, por serem parte das

referências essa escrita foi mantida.

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Goldfeld (2002) afirma que se a criança estiver inserida em uma comunidade e

interagir com seus membros ela poderá empregar essa língua tanto para a comunicação

como para o desenvolvimento cognitivo. Levando em consideração a criança surda, a

língua de sinais pode resolver dificuldades no desenvolvimento das funções superiores

que necessitam da linguagem como mediadora.

Isto é observado na entrevista com Jeam, que construiu memórias com seus

professores que lhe ensinaram a Libras e por ela aprendeu que os objetos e as pessoas

tinham nomes, sinais e com eles podia se comunicar. Na primeira infância existe uma

união íntima entre a palavra e o objeto, ou entre o sinal e o objeto. De acordo com

Vigotski (apud MINICK, 2002), a criança pequena está presa aos campos perceptivos,

assim como “os significados das palavras estão igualmente presos a seus objetos para a

criança pequena” (MINICK, 2002, p. 51), mas pela atividade lúdica, “o pensamento e os

significados são libertados de suas origens no campo perceptivo” (MINICK, 2002,

p.51).

Abordou-se em linhas gerais a surdez como experiência visual. Na seção

seguinte apresenta-se uma breve discussão sobre a Educação Matemática.

Educação Matemática

O aprendizado da Matemática, de acordo com a teoria Histórico-Cultural,

também começa muito antes da criança entrar na escola. Antes de entrar na escola as

crianças já tiveram experiências com a contagem, já desenvolveram atividades de

contagem, estabeleceram relações, talvez no simples ato de arrumar a mesa colocando

pratos para todos os membros da família fazendo relação termo a termo, já fazendo

operações de divisão e adição. Para Buriasco (1988, p.34), as noções de quantidade

estão presentes no ambiente em que vivem as crianças, como por exemplo, “quantos

anos têm, quantos irmãos têm, quantos cômodos tem a casa onde moram, etc.”.

Pela sua importância, este processo de aprendizagem, que só produz

antes que a criança entre na escola, difere do modo essencial do

domínio de noções que se adquirem durante o ensino escolar. Todavia, quando a criança, com suas perguntas, consegue apoderar-se dos

nomes dos objetos que a rodeiam, já está inserida numa etapa

especifica de aprendizagem. Aprendizagem e desenvolvimento não entram em contato pela primeira vez, na idade escolar, portanto, mas

estão ligadas entre si desde os primeiros dias de vida da criança

(VIGOTSKI, 2014, p.110).

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O conceito de número é abstrato e surge pela necessidade do contar e é no

período escolar que a criança desenvolve as habilidades e os conceitos abstratos

necessários para a contagem. Para Luria (2014b), os conhecimentos pré-escolares não

garantem uma continuidade no desenvolvimento aritmético da criança na escola. A

Matemática pré-escolar, aquela aprendida pela criança antes de entrar na escola, sempre

entra em choque com a Matemática aprendida na escola10

. O professor deve saber que a

assimilação da Matemática cultural pela criança é sempre conflitiva (VYGOTSKY,

2012). Dito de outro modo, o desenvolvimento produz uma ruptura, um choque entre as

formas de operar com quantidades elaboradas pelas crianças e aquelas que os adultos

propõem. Para o autor, a Matemática escolar constitui um momento de mudança, pois os

conhecimentos matemáticos pré-escolares entram em conflito com os escolares. Isso

não significa que a escola aborde um ensino de maneira puramente mecânica. Nesse

choque tem lugar uma etapa nova, ulterior, de desenvolvimento do cálculo

(VYGOTSKY, 2012)11

.

A temática da entrevista proposta pela pesquisadora Lizmari era resgatar as

lembranças sobre as experiências escolares nos anos iniciais a respeito da Educação

Matemática como também as dificuldades e facilidades em relação à comunicação, aos

professores, a escola, aos colegas e também às práticas pedagógicas dos professores.

Nesse processo Jeam rememora a relação com a mãe, irmãos, amigos, professores,

inclusive aspectos físicos das pessoas como também os sentimentos que estas pessoas e

a interação com elas lhe provocava. Jeam também sinaliza outras palavras e, entre elas,

a palavra Matemática, mas nada além dela. Nossos questionamentos iniciais se voltaram

para a questão da memória. A memória "é um processo criador de elaboração de reações

percebidas e alimenta todos os campos do nosso psiquismo" (VIGOTSKY, 2010,

p.195).

De acordo com Luria (2014b), a história da criança fora da escola tem grande

peso no desenvolvimento da escrita. Não é na escola que se inicia o processo de

aprendizagem da linguagem escrita e tampouco o aprendizado da Matemática, mas é

nela que os conceitos de origem superior se desenvolvem.

10 Segundo Luria (2014b), a Matemática aprendida na escola é chamada de Matemática Cultural, pois se

refere ao conhecimento científico aprendido nas instituições de ensino. A Matemática natural seria

considerada como todo conhecimento espontâneo nessa área de conhecimento. 11 Tradução nossa.

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Apresentou-se um debate sobre a Educação Matemática. Na sequência

apresentaremos a entrevista textualizada do aluno Jean. Em negrito deixamos

destacados alguns trechos que serão utilizados na análise do seu depoimento.

Jeam e a surdez

Nasci surdo, tenho quatro irmãos ouvintes, meu pai saiu de casa quando eu era

pequeno.

Lembro me quando os meus irmãos falavam e eu me sentia isolado, mas eu brincava

com meus amigos. Estava sempre junto com a minha mãe. Meus irmãos sabiam um pouquinho

de Libras, eles usavam a linguagem gestual. Era muito difícil.

Frequentei uma escola próxima à prefeitura de Piraquara com outros surdos era muito

bom. A professora sabia um pouco de Libras.

Quando passei a frequentar o CRESA12,

eu aprendi muito com a professora Karin, ela

me ensinava Libras e Português e eu compreendia tudo. Fazíamos teatro, era muito legal!

A melhor escola que frequentei foi o CRESA. Eu fazia muitas coisas boas,

brincadeiras, festas, passeios, etc. As professoras eram carinhosas.

Depois eu fui para outra escola, e lá foi mais difícil, a escola tinha mais alunos. Eu

copiava o mau comportamento dos alunos, muitas brigas e desentendimentos. Eu gostava da

professora de Educação Física que era loura de cabelo encaracolado, brincava e jogava bola.

Nesta escola a professora me entregava cópias para pintar, muitas cópias.

Não sei bem o que significa a educação bilíngue, acho que deve ser algo com o

Português.

Eu acho que podemos ensinar uma pessoa, mostrando alguns sinais como, por

exemplo: oi, nome, sinais das frutas e assim por diante.

Para o ensino do Português podemos explicar como se constrói a frase, exercícios de

ligar o desenho à palavra, caça-palavras e cruzadinhas.

As professoras surdas Karin no CRESA e, Elizanete na outra escola me ensinavam o

Português e a Matemática e eu entendia tudo. Com o professor ouvinte é diferente, ele

ensinava diferente e eu não entendia, às vezes eu aprendia um pouquinho.

Quanto às aulas de Matemática, eu aprendia a escrever os números e desenhar as

quantidades, por exemplo: 8. A Matemática não é fácil, principalmente as continhas

horizontais. O melhor é a criança desenhar, usar peças de encaixe, movimentar as peças e

saber responder quantas peças tem em cada lugar.

Aprendo muito com a professora Eliana no CAES13

. Ela me ensina os verbos e as

frases em Língua Portuguesa, levo os textos daqui da escola para ela me explicar. Também

aprendo sobre temas como a escravidão, Páscoa, etc. E também sobre a criação do Jardim

Botânico. Gostaria que no CAES estivessem frequentando mais surdos, talvez jovens e

crianças. Eu sei que é difícil para os jovens frequentarem o CAES comigo e a com a Glaci,

12

CRESA – Centro de Reabilitação Sydnei Antonio, esta instituição encerrou suas atividades no

município. 13 CAES – Centro de Atendimento Especializado na Área da Surdez.

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pois já somos adultos. Já convidei o meu amigo César e outros também.

Não gosto de aprender a falar, em minha opinião o surdo tem que ir direto para o

aprendizado da Libras, a Libras é visual, ela é a minha língua. Em casa eu tenho vários

vídeos em Libras. Gosto também da presença do intérprete.

Também não compreendo a fala das pessoas, esse movimento dos lábios, realmente

não gosto da oralidade.

Atualmente frequento a EJA, gosto do professor de História, Educação Física e a

professora Kátia de Ciências, não gostava do jeito da professora de Ciências do ano passado.

O professor de Geografia tem o jeito dele, eu respeito. Eram legais as aulas de Artes, eu

desenhava e recortava gravuras.

Na semana passada a intérprete estava fazendo um curso e não compareceu, fiquei

com vergonha quando a professora de Português dava as atividades para fazer, tudo bem eu

tive paciência.

Nesta escola têm intérpretes de Libras, ano passado estava a Rute e a Lizmari. Neste

ano a minha intérprete é a Lizmari, tem também a Daniele e o Reginaldo.

Quando acabar a disciplina de Ciências, vou fazer Inglês e para o próximo ano a

última disciplina, a Matemática. A Matemática é difícil tem problemas para resolver e a

também a multiplicação. Talvez no próximo ano tenha uma nova professora de Matemática.

Análise narrativa de narrativa

Nas seções anteriores percebe-se que a História Oral é uma metodologia

qualitativa que possibilita trazer à tona as histórias desconhecidas das pessoas.

Apresentamos, a seguir, uma análise narrativa da narrativa de Jeam, na ótica das

pesquisadoras. Não é a intenção buscar elementos de justificativa ou contradição, mas

apresentar uma leitura da narrativa do depoente.

Nas mãos: o mundo14

...

Silêncio! O silêncio fez parte da vida de Jeam.

14 Optou-se por uma análise em forma de conto, uma vez que não é objeto da História Oral analisar a

veracidade ou não de sua fala ou inferir sobre ela, mas proporcionar contribuições à comunidade ao qual

o depoente pertence, a fim de constituir novas histórias sobre aqueles que nem sempre são ouvidos. Além

disso, ao apresentarmos um conto podemos recriar os espaços e os acontecimentos retratados na

entrevista de forma diferenciada.

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Surdo de nascença em uma família de ouvintes. Desde muito pequeno conheceu

o significado da diferença, mas não da indiferença, pois entre gestos e brincadeiras, a

acolhida! Do pai recorda-se a ausência. Da mãe, a paciência.

Na segunda instituição que frequentou, conheceu Karin, a professora surda,

mediadora da primeira e da segunda língua. Escola boa, da Libras, de interação,

passeios, brincadeiras e afeto!

Na outra escola, maus exemplo, muitos alunos, conheceu a professora Elizanete

e a professora loura de Educação Física que jogava bola. Jeam pintou folhas e folhas

para conter a indisciplina.

Karin, Elizanete, e Eliana, as professoras surdas, e as intérpretes Lizmari e Rute

compreenderam o seu calar e o seu comunicar-se. Proporcionaram-lhe dispositivos de

boas lembranças.

Jeam conhece o que seja educação bilíngue, na sua forma de compreensão.

Refuta a oralidade e não compreende a leitura labial. É fluente em sua primeira língua.

E para quem tem o mundo nas mãos, realmente precisa de outra língua?

***

Qual é a importância das lembranças de um surdo? Qual é?

As minhas lembranças da escola não são muitas! Recordo-me das brincadeiras,

das cruzadinhas, das datas comemorativas, da história do Jardim Botânico, dos colegas

e das professoras surdas.

Um surdo deve ter o direito de se comunicar em sua língua, a Libras. Tenho

muitos vídeos em minha casa, eu os vejo.

A Matemática não é fácil, principalmente as continhas horizontais. A

Matemática através de objetos manuseados é mais fácil, pois é visual.

Na EJA, vou cursar a Matemática por último, por que é mais difícil. Há

problemas para resolver.

O meu mundo é visual. É assim que leio o mundo! Compreendo o mundo com

os olhos e também com as mãos!

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Considerações

Essa comunicação científica tem como objetivo apresentar uma entrevista

apresentada para a disciplina História da Educação Matemática no Brasil, ministrada

pelo Prof. Dr. Carlos Roberto Vianna, durante o primeiro semestre de 2014, no

Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e em Matemática, da

Universidade Federal do Paraná. A entrevista foi realizada com um aluno surdo, que

frequenta a Educação de Jovens e Adultos, a partir da metodologia da História Oral. A

temática da entrevista proposta, com base nos direcionamentos da disciplina cursada foi

o resgate das lembranças sobre as experiências escolares nos anos iniciais a respeito da

Educação Matemática como também as dificuldades e facilidades em relação à

comunicação, aos professores, a escola, aos colegas e também as práticas pedagógicas

dos professores.

Apresentou-se uma discussão sobre a educação dos surdos, e a Educação

Matemática pautadas em teóricos que subsidiaram as leituras. A análise da narrativa se

constituiu através de uma narrativa, ou seja, narrativa de narrativa, pois não foi a

proposta desse estudo analisar o depoimento do entrevistado, pois esse fala por si.

Alguns aspectos da entrevista de Jeam são relevantes e possibilitam reflexões.

Na frase em que Jeam trata da Matemática, especificamente, é breve, mas nos

proporciona diversos entendimentos. Quando ele afirma: “As professoras surdas [...] me

ensinavam Português e Matemática e eu entendia tudo. Com o professor ouvinte é

diferente, ele ensinava diferente e eu não entendia, às vezes eu aprendia um pouquinho”.

É importante esse destaque entre o professor que é surdo e o ouvinte. A aprendizagem

se torna mais fácil com o ensino sendo feito por um professor surdo, pois a

comunicação é direta, assim os conteúdos são melhores apreendidos. Por outro lado,

quando o aluno possui um professor específico da disciplina e o intérprete de Libras

(TILS), seu foco tem de se dividir entre a interpretação do profissional intérprete e as

explicações. Este tema está presente nas atuais discussões da comunidade surda a favor

da escola bilíngue para surdos.

Na leitura de Jeam, a Matemática é algo de difícil compreensão. Ele a associa a

problemas e contas, contas difíceis na horizontal. Tanto que durante o curso na

Educação de Jovens e Adultos irá cursá-la por último. No entanto, Jeam alerta, em seu

XIII EPREM – Encontro Paranaense de Educação Matemática

Ponta Grossa - PR, 02 a 04 de outubro de 2015

ISSN 2175 - 2044

depoimento que a Matemática para ser bem apreendida, necessita de manipulação, de

vivência e de experiência. Além de ressaltar a importância da língua de sinais para a

efetiva comunicação e o quanto foram significativas as suas experiências com as

professoras surdas, contribuindo assim de certa forma para as atuais discussões sobre a

escola para surdos e a escola inclusiva.

Espera-se que essa comunicação científica possibilite um debate acerca da

relação entre surdez e Educação Matemática e venha a contribuir e a dialogar com

pesquisas futuras.

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