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Poesia de Hermeto Silva sobre uma capa de violão já sem serventia.
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À Tapera da Guitarra Hermeto Silva
A capa de um instrumentoTem a arte diferenteDe se extraviar pelo mundoGuardando os sonhos da gente.
Mas, como tudo na vida,Um dia perde a funçãoE alguns deixam que apodreçaQuem protegeu um violão.
Eu tive um parceiro dessesMas com honras despacheiQuem soube todas as léguasDos rumos que eu já trilhei.
Juntei amigos e vinhoE um fogo grande no SulPra que as asas do guerreiroSubissem ao céu azul:
“Adeus, companheiro velho,Já cumpriste o teu papel,Eu te despacho pra as nuvensPra fazer parte do céu...
Adeus, rancho das guitarrasQue eu dedilhei tempo afora,Te dou despedida grataNa tua derradeira hora.
Adeus! Guardarás a lira,Talvez, de algum querubim,Que agradecido e contenteMelhor olhará por mim.
Adiós, que te vayas bién,Cruzaste o Rio Grande inteiroGuardando as armas da almaDo batalhar de um Fronteiro.
Adeus, adeus, meu amigo,Cumpriste bem teu papelE eu te despacho pra as nuvensPra fazer parte do céu !!!