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A TEORIA DOS GÊNEROS
GÊNEROS DISCURSIVOS/TEXTUAIS E GÊNEROS LITERÁRIOS
Universidade Federal de PelotasMaterial para fins didáticosProfessora: Taís Ferreira
GÊNEROS DISCURSIVOS/ TEXTUAIS:
A transformação do entendimento dos conceitos de gênero e texto se deu de forma muito acentuada nas últimas duas décadas, principalmente a partir da utilização das teorias de Mikhail Bakhtin (1895-1975), compiladas e publicadas postumamente. Para este autor há três elementos (conteúdo temático, estilo e construção composicional) que se fundem indissoluvelmente no todo do enunciado, e todos eles são marcados pela especificidade de uma esfera da comunicação, que elabora, por sua vez, seus tipos relativamente estáveis de enunciados, sendo isso que denominamos gêneros do discurso.
GÊNEROS DISCURSIVOS/ TEXTUAIS:
Todas as manifestações lingüísticas e comunicativas do homem passam a ser vistas como textos, veiculando representações e significando o mundo a sua volta. A ligação intrínseca do conceito de gênero à especificidade literária, fundada na Poética de Aristóteles, sofre uma sensível e transgressora mudança. A noção de gênero não está mais somente ligada aos cânones da arte e da literatura. Os gêneros passam a ser compreendidos, através das interpretações das teorias bakhtinianas, como eventos discursivos contingentes, estritamente ligados a condições socioculturais específicas de enunciação e a grupos sociais determinados. Esses grupos se utilizam de discursos recorrentes e fundamentados em determinadas bases lingüísticas e estratégias de construção e interpretação de textos, apropriando-se de conteúdos, formas e funções adequadas aos seus objetivos específicos.
GÊNEROS DISCURSIVOS/ TEXTUAIS: Todo texto ou discurso estará inserido em um dos
incontáveis gêneros, o que não significa que haverá fidelidade exclusiva às características intrínsecas de forma e função deste determinado gênero. É justamente a contingência histórica e social dos discursos e enunciados que faz dos textos produzidos artefatos eminentemente híbridos, permeados pela influência, direta ou indireta, voluntária ou não, de características formais ou funcionais de outros e variados gêneros do discurso.
Desta forma, toda a comunicação humana seria impossível se não mediada pelos gêneros, espécie de categorização e classificação facilitadora do entendimento mútuo e da produção de sentidos dentro das especificidades das culturas.
GÊNEROS DISCURSIVOS/ TEXTUAIS: O reconhecimento e uso dos gêneros nas relações
se dão, geralmente, de forma empírica, sem haver necessidade de aprendizagem formal prévia dos locutores e interlocutores. Há alguns gêneros conhecidos por sua notável “institucionalização” e especialização, como discursos jurídicos, médicos, redações comerciais, entre outros, o que provavelmente prevê um processo de apropriação formal-didática pelos usuários. Contudo, a grande maioria dos gêneros que permeiam e constituem as relações humanas são utilizados pelos integrantes das comunidades discursivas como marcadores identitários, formas ou categorias determinadas de comunicação social que constroem não só as relações entre os indivíduos como os próprios indivíduos.
GÊNEROS DISCURSIVOS/ TEXTUAIS:
Para encerrar essas brevíssimas considerações, faço uso da objetiva definição de Marchuschi para o domínio prosaico dos gêneros nos construtos
“quando dominamos um gênero textual, não dominamos uma forma lingüística e sim uma forma de realizar lingüisticamente objetivos culturais: específicos em situações sociais particulares” (MARCHUSCHI, 2002, p.29).
A TEORIA DOS GÊNEROS LITERÁRIOS SEGUNDO “A POÉTICA” DE ARISTÓTELES: Aristóteles, em sua Poética, define três
grandes gêneros literários, aos quais uma obra deveria ser fiel: o lírico, o épico e o dramático.
Lírico – poesia Épico – narrativa Dramático - diálogo
LÍRICO ÉPICO DRAMÁTICO
PRONOME EU ELE TU
FORMA POESIA NARRATIVA DIÁLOGO
EXTENSÃO/ FINITUDE
POEMA DE EXTENSÃO MENOR: ODE, ELEGIA, CANTO, HINO ETC.
MUSICALIDADE, FORMA, VERSO, RIMA
NARRAÇÃO EM VERSO OU PROSA, DE MAIOR EXTENSÃO;
EPOPÉIA, ROMANCE, NOVELA, CONTO
DIÁLOGOS QUE PRECISAM SER COMPLETADOS PELA EXECUÇÃO CÊNICA
TRAGÉDIA, FARSA, DRAMA, COMÉDIA...
TEMPO TEMPO IMEDIATO, QUE PODE REMETER AO PASSADO OU AO FUTURO
TEMPO PRETÉRITO
TEMPO PRESENTE
OLHAR DO POETA
SUBJETIVO OBJETIVO SUBJETIVO+
OBJETIVO
AUTOR X MUNDO
EU LÍRICO+MUNDO= SE CONFUNDEM
NARRADOR EXPLICA/CONTA O MUNDO A PARTIR DE SITUAÇÕES
MUNDO É AUTÔNOMO: A AÇÃO É REALIZADA POR PERSONAGENS
RELAÇÃO SUJEITO-OBJETO
SUJEITO=OBJETO
(SUBJUGADO PELO SUJEITO)
SUJEITO DIFERENTE DO
OBJETO
SUJEITO E OBJETO SÃO INTERDEPENDENTES
Questionário, a partir do texto de Anatol Rosenfeld, “A teoria do gêneros”:
Qual a importância do estudo dos gêneros literários para os estudos teatrais?
Quais as características que diferenciam o gênero dramático do gênero épico e lírico?
Dêem exemplos de obras com as quais vocês tiveram contato nos três gêneros literários (lírico, épico e dramático):
Dêem exemplos de filmes a que vocês assistiram e que podem ser considerados (adjetivados) como líricos, épicos e/ou dramáticos. Justifique a escolha.