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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA A TEORIA E PRÁTICA DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL: UM ESTUDO DE CASO Graziela Francine Cazela São Carlos Junho/2007

a teoria e prática da orientação educacional: um estudo de caso

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Page 1: a teoria e prática da orientação educacional: um estudo de caso

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS

CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

A TEORIA E PRÁTICA DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL:

UM ESTUDO DE CASO

Graziela Francine Cazela

São Carlos

Junho/2007

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS

CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

A TEORIA E PRÁTICA DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL:

UM ESTUDO DE CASO

Graziela Francine Cazela

Trabalho apresentado ao Curso de Licenciatura em Pedagogia do Centro de Educação e Ciências Humanas da Universidade Federal de São Carlos, como parte dos requisitos para a obtenção de diploma de Graduada em Pedagogia.

São Carlos

Junho/2007

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PARECERISTAS

Prof. Dr. Celso Luiz Aparecido Conti _________________________

Prof. Dr. Flávio Caetano da Silva _________________________

.Prof. Dr. Eduardo Pinto e Silva _________________________

Page 4: a teoria e prática da orientação educacional: um estudo de caso

iv

Profª. Drª. Maria Cecília Luiz.

Orientadora

Page 5: a teoria e prática da orientação educacional: um estudo de caso

v

Dedicatória

Dedico este trabalho a minha família,

pelo amor, carinho, força, incentivo e

intenso companheirismo nos momentos

decisivos da minha vida.

Também dedico este trabalho à minha

orientadora, Profª. Drª. Maria Cecília

Luiz, professora, amiga e ajudadora..

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vi

AGRADECIMENTOS

Primeiramente à Deus pelo dom da vida e por ser sempre meu guia em todos os

momentos de minha vida.

Agradeço aos meus pais pela educação que me proporcionaram em toda a minha vida e

pelo incentivo, pela força e pelos exemplos que sempre me dão, os quais uso em todos

os segmentos de minha vida; e à minha irmã por estar sempre ao meu lado me apoiando

e me ajudando.

Agradeço ao meu esposo pelo companheirismo absoluto e pelo auto-astral que me ajuda

sempre a superar os obstáculos e dificuldades.

À Professora Maria Cecília Luiz, meus sinceros votos de gratidão, não somente pela

orientação na elaboração deste trabalho, mas principalmente pela força, pelo ânimo,

pelos ensinamentos e pela sincera amizade que dividimos nesses meses de elaboração

deste trabalho.

Agradeço aos professores, funcionários e direção da instituição educacional localizada

no município de São Carlos, a qual me permitiu fazer a pesquisa de campo, em especial

à Orientadora Educacional, pela colaboração na realização deste trabalho.

E finalmente agradeço a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a

realização deste trabalho.

Page 7: a teoria e prática da orientação educacional: um estudo de caso

vii

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.............................................................................................................01

CAPÍTULO 1.................................................................................................................04

A Cultura organizacional e o cotidiano escolar..........................................................04

1.1. A estrutura escolar como organização ...............................................................04

1.2. As influências da cultura organizacional............................................................07

CAPÍTULO 2.................................................................................................................08

A Orientação Educacional: uma visão do passado e do presente.............................08

2.1. Breve panorama sobre a história da profissão através das

Leis..........................08

2.2. A Orientação Educacional nos dias atuais..........................................................10

CAPÍTULO 3.................................................................................................................12

A Orientação Educacional em face a realidade da escola..........................................12

3.1. A Caracterização da escola..................................................................................12

3.2. O papel da Orientadora Educacional na escola...................................................17

3.2.1. A função do Orientador: o que diz os documentos e o que nos revela a

Prática.................................................................................................................17

3.2.2. A atuação da Orientadora Educacional na visão de professores

e coordenadores da escola .................................................................................21

3.3. As possibilidades entre a teoria e a prática no cotidiano escolar.........................23

CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................28

REFERÊNCIAS.............................................................................................................30

ANEXOS

Anexo 1 – Documentos consultados: Planejamento Escolar e Regimento Interno

Anexo 2 – Entrevistas

Page 8: a teoria e prática da orientação educacional: um estudo de caso

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INTRODUÇÃO

Essa monografia teve como propósito investigar possibilidades e limites de

atuação de um Orientador Educacional. Entende-se aqui o campo da Orientação

Educacional como aquele que está, em especial, compromissado com os alunos, e de

modo geral, com toda a escola e a comunidade, sempre tendo que “esclarecer” –

principalmente, para aqueles que não acreditam no seu papel dentro da escola –, qual

sua intenção de trabalho e quais os benefícios de sua atuação.

A escolha pelo tema surgiu quando fomos lecionar numa escola particular, na

cidade de São Carlos, que emprega um profissional na área de Orientação Educacional,

nos dando, assim, oportunidade de investigar melhor o desempenho deste profissional

nesse ambiente escolar.

Outro motivo que nos moveu a escolha desse tema foi verificar com mais

profundidade as perspectivas teóricas e práticas que ressaltam a importância da sua

atuação na cultura organizacional da escola. É interessante destacar que, apesar do

Orientador Educacional não ter espaços de atuação no estado de São Paulo, não

existindo mais concursos para esse cargo nas escolas públicas estaduais, sabemos que

“alguém” tem que realizar este trabalho, por isso a relevância de um olhar mais

aprofundado com relação à ação desse profissional.

Buscamos ler alguns referenciais teóricos sobre a atuação do Orientador

Educacional, e mesmo levando em consideração que as realidades escolares se

diferenciam – dependendo da época e/ou local –, selecionamos uma escola particular

em São Carlos e acompanhamos uma Orientadora Educacional com a intenção de

respondermos algumas questões, como: Quais são as possibilidades de trabalho de uma

Orientadora Educacional na prática cotidiana da escola? Como, hoje, o Orientador

Educacional está realizando seu trabalho na escola? Qual têm sido as suas funções como

profissional entendendo que seus limites estão atrelados a cultura organizacional da

escola? Como a sua atuação tem contribuído para uma educação de qualidade?

Para estas inquietações, a princípio, tínhamos algumas hipóteses, e entre elas,

de que nessa escola, especificamente, o que acontecia, geralmente, era uma indefinição

das funções do orientador educacional. Isto estaria ocorrendo devido ao acúmulo de

Page 9: a teoria e prática da orientação educacional: um estudo de caso

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trabalho atribuído a orientadora, dificultando, muitas vezes, a clareza quanto ao seu

papel dentro da instituição.

Para aferirmos essas hipóteses traçamos como objetivo geral analisar e

comparar a perspectiva teórica da função do Orientador Educacional, com a realidade

prática de uma profissional que atua em uma escola particular. E como objetivos

específicos:

• Entender como alguns autores descrevem a função do Orientador

Educacional e verificar a realidade vivenciada por uma profissional que

atua em uma escola particular (perspectiva prática).

• Observar e elencar as possibilidades na prática cotidiana da Orientadora

Educacional em questão numa escola particular de São Carlos.

No primeiro momento, fizemos um levantamento bibliográfico preliminar sobre

os temas principais como: o campo de atuação da Orientação Educacional, e a sua relação

com a teoria e a prática, além de um levantamento do histórico dessa profissão. A

metodologia utilizada foi o estudo de caso considerado um tipo de análise qualitativa,

podendo incluir dados quantitativos.

Conforme afirma Marli André (2005), o estudo de caso possui quatro

características: particularidade, descrição, heurística e indução. Particularidade porque

focaliza um fenômeno em particular; a descrição significa que o produto final do estudo

de caso é uma descrição densa do fenômeno em estudo, incluindo a questão das normas,

costumes e valores culturais. O termo heurístico é usado para indicar que os estudos de

caso iluminam a compreensão do leitor sobre o fenômeno estudado ampliando seus

significados e a indução explica que parte dos estudos de caso baseia-se na lógica

indutiva. A opção por essa metodologia deve-se ao fato de permitir que se identifiquem

as características específicas do “caso”, pois o propósito deste estudo não é realizar

comparações, mas verificar a dinâmica própria, estudando um caso singular,

considerando seu contexto.

Selecionamos uma escola do município que tivesse uma Orientadora

Educacional atuando como profissional (contratada). Essa escola foi facilmente

encontrada, pois tínhamos essa realidade no local em que estava lecionando, e obtive o

consentimento da instituição, que nos deu a oportunidade de realizar a pesquisa de

Page 10: a teoria e prática da orientação educacional: um estudo de caso

3

campo. Os dados empíricos foram recolhidos no segundo semestre de 2006 e no primeiro

de 2007, nesta perspectiva nos utilizamos de:

1. Observação direta e constante da atuação da Orientadora da escola: no

segundo semestre de 2006.

2. Análise do Planejamento escolar e regimento interno.

3. Entrevistas com professores e coordenadores: foi realizada no segundo

semestre de 2006 e primeiro semestre de 2007.

Esta monografia, além desta introdução, está estruturada em três capítulos, mais

as considerações finais.

O primeiro capítulo “A cultura organizacional e o cotidiano escolar” foi dividido

em duas partes. Na primeira explicitamos a importância da estrutura escolar como

organização. Logo após, refletimos sobre as influências da cultura organizacional.

O segundo capítulo intitulado, “A orientação Educacional: uma visão do

passado e do presente” abarca numa primeira parte um breve panorama sobre a história

da profissão através da Lei, e logo em seguida, a Orientação Educacional nos dias

atuais.

O terceiro capítulo “O Papel da orientação Educacional em face a realidade da

escola” foi divido em três etapas. Neste estudo de caso, buscamos primeiro entender a

cultura organizacional da escola em questão para depois, numa segunda etapa

evidenciarmos a atuação da Orientadora Educacional, vislumbrando o Planejamento

Escolar e os relatos de professores e coordenadores. E finalmente, num terceiro

momento relacionamos as possibilidades entre a teoria e a prática nesse contexto

escolar.

Nas Considerações Finais, retomamos algumas questões sobre a dicotomia

entre teoria e prática. Vislumbramos a importância de investigar e constatar na prática

aquilo que aprendemos na teoria.

Nos anexos, estão registrados os dados recolhidos de documentos como:

Planejamento Escolar e Regimento Interno; além das entrevistas.

Page 11: a teoria e prática da orientação educacional: um estudo de caso

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CAPÍTULO 1

A Cultura organizacional da Escola

1.1. A estrutura escolar como organização

Para chegar ao que é hoje, a escola passou por muitas transformações no

decorrer dos anos, das décadas, das eras, das revoluções, as quais lhe influenciaram,

remoldando-a a fim de atender sempre aos desejos daqueles que estavam no domínio da

situação. E com a cultura dos povos, não foi diferente.

CHAUÍ (apud OLIVEIRA, 2005, p. 67), diz que

“a cultura pode ser compreendida como a maneira pela qual os

humanos se humanizam por meio de práticas que criam a existência

social, econômica, política, religiosa, intelectual e crítica”,

e por esse motivo tem que ser visualizada como fator fundamental no processo

de produção do homem e da sociedade.

Complementando, OLIVEIRA (ibid, 2005) traz a cultura como algo que ao

mesmo tempo é instituído, que já está concretizado, e instituinte, que ainda não é

realidade, ou seja, “cultura é continuidade, história e é mudança e perspectiva de

futuro”.

Nesse contexto, a cultura organizacional, usada nas empresas, vem para a

escola como uma forma de facilitar a compreensão do cotidiano desta, do modo como

as coisas nela são realizadas, preservadas e construídas.

Pode-se dizer que a cultura organizacional vai sendo construída por cada um

dos personagens os quais fazem parte da escola. Dessa forma, contribuição dos

professores seria a de maior tamanho, pois é este que está em contato direto com os

alunos, seus pares e outros membros da instituição, concebendo valores, posturas e

visões de mundo, influenciando assim a cultura da escola.

NÓVOA (1999, p. 25) dirá que “o funcionamento de uma organização escolar

é fruto de um compromisso entre a estrutura formal e as interações que se produzem no

seu seio, nomeadamente entre grupos com interesses distintos”, e em seguida separa as

características organizacionais das escolas em três grandes áreas:

Page 12: a teoria e prática da orientação educacional: um estudo de caso

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“- estrutura física da escola: dimensão da escola, recursos materiais,

número de turmas, edifício escolar, organização dos espaços, etc.;

- a estrutura administrativa da escola: gestão, direcção, controlo,

inspecção, tomada de decisão, pessoal docente, pessoal auxiliar,

participação das comunidades, relação com as autoridades centrais

e locais, etc.;

- a estrutura social da escola: relação entre alunos, professores e

funcionários, responsabilização, e participação dos pais, democracia

interna, cultura organizacional da escola, clima social, etc” (ibid, 1999).

SHEIN (1991. apud OLIVEIRA, 2005: p. 68) traz três elementos existentes na

cultura organizacional:

• Artefatos: se traduzem na infra-estrutura da escola: tipo de

linguagem oral e escrita que é veiculada, produção científica e

artística, modo de relacionamento e atitudes comportamentais.

• Valores e crenças: os valores vão definir a moral, as normas e

regras da conduta da escola; enquanto que a crença é que vai

afirmar a verdade de uma coisa, mesmo que não se consiga

comprová-la.

• Concepções básicas: operações pelas quais os sujeitos formam,

através de experiências diversas, a representação de um objeto de

pensamento ou conceito, que uma vez interiorizadas, servem

para orientar as ações individuais e coletivas.

FREITAS (1991, apud OLIVEIRA, 2005, p. 68 e69) e SARMENTO (1994,

ibid 2005) trazem outros elementos existentes na cultura organizacional, além dos que

foram citados anteriormente:

• Comunicações: processos de interlocução entre os sujeitos da

escola que permitem a criação, a permanência e a transmissão

dos traços culturais da instituição.

• Histórias: narrativas de cunho verdadeiro que legalizam os

comportamentos tidos como cabíveis.

Page 13: a teoria e prática da orientação educacional: um estudo de caso

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• Mitos: narrativas legendárias pertencente à tradição cultural de

um povo que, mesmo não possuindo justificativa, são

comumente aceitas.

• Heróis: personificação dos valores da escola.

• Símbolos: objetos que representam outros, de forma semelhante

ou convencional, através dos quais se indica um objeto.

• Ritos, rituais e cerimônias: formas simbólicas que objetivam a

transmissão das formas de comportamentos esperados na escola.

• Tabus: áreas tidas como proibidas, interditadas a qualquer

contato e geralmente de cunho disciplinador.

Sobre o mesmo assunto irá discorrer HEDLEY BEARE (1989, apud NÓVOA,

1999), que separa os elementos da cultura organizacional da escola em:

- Bases conceituais e pressupostos invisíveis: valores, crenças e as ideologias

dos membros da organização – elementos-chave das dinâmicas instituintes e dos

processos de institucionalização das mudanças organizacionais.

- Manifestações verbais e conceptuais: objetos organizacionais, linguagem,

narrativa, heróis e histórias.

- Manifestações visuais e simbólicas: arquitetura e imagem do edifício,

materiais, ocupação do espaço, cores, limpeza, conservação, vestuário dos alunos

professores e funcionários, logotipos e formas com as quais a escola se apresenta para o

exterior.

- Manifestações comportamentais: todos os elementos susceptíveis de

influenciar o comportamento dos integrantes da organização: atividades normais da

escola e a forma com a qual são desempenhadas; normas e regulamentos, rituais e

cerimônias diversas.

OLIVEIRA (2005, p. 69), a fim de objetivar esses elementos, traz alguns

exemplos de como eles aparecem na escola:

“promover Feira de Ciências; elaborar o jornal da escola; hastear a

bandeira; cultuar a memória de uma ex-diretora; comemorar o dia

do professor; usar uniforme; abonar faltas, somente com justificativa

escrita; usar o logotipo da escola, etc. Esses elementos utilizados,

com regularidade, acabam sendo incorporados à cultura da escola,

personificando-a e constituindo seu ethos” (grifo da autora).

Page 14: a teoria e prática da orientação educacional: um estudo de caso

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1.2. As influências da cultura organizacional

O próprio dia-a-dia da escola, seu funcionamento, se institui como um ritual

incluindo: a forma de relações existentes, as punições, a burocracia, a metodologia, a

didática, etc (Oliveira, 2005).

A cultura organizacional da escola ainda vai sofrer influências internas e

externas, sendo muito susceptível a mudanças. Como influências internas teremos a

estrutura física e seus artefatos, a disciplina, os símbolos, os processos administrativos e

pedagógicos, a gestão escolar, etc; enquanto que como influência externa teremos

concepções educacionais recentes, políticas públicas em educação, normas e

determinações do sistema de ensino e o contexto socioeconômico dos alunos

(TEIXEIRA, 2000 apud OLIVEIRA, 2005, p. 69). Mas a escola pode resistir a

mudança, a qual pode ser justificada pelo costume que os professores têm de resistir

sempre a novos governos e novas políticas (OLIVEIRA, 2005, p. 70).

Podemos dizer que a abordagem da cultura organizacional na escola é

importante para permitir seu conhecimento, numa perspectiva mais humana, unificada e

coletiva, a qual revela as tramas, as relações, as correlações de força, que identificando a

escola, podem contribuir para seu melhor conhecimento e, assim, para uma gestão mais

coletiva, transparente e democrática da instituição. Mas é necessário que haja cautela

para que a cultura organizacional não seja usada como meio de manipulação, fazendo

com que todos defendam os mesmos ideais, mesmo não acreditando neles (ibid, 2005,

p. 71).

A atuação da Orientação Educação por fazer parte do âmbito escolar, através

da observação, da análise de contextos que ocorrem no espaço escolar, exige que este

profissional conheça a cultura organizacional da escola. Para que o Orientador

Educacional de uma escola possa realizar seu trabalho em busca de uma educação de

qualidade, deve conhecer com total domínio a cultura a qual rege a organização da

escola em que atua. Ou seja, deve conhecer seus valores, suas crenças, sua história, seus

heróis para que possa da melhor maneira orientar os professores em seu trabalho e

dificuldades, assim como fornecer aporte para as necessidades dos alunos.

A conduta do orientador Educacional pode ajudar no bom andamento da

cultura organizacional à medida que através de seu trabalho, busca o contato constante

entre escola, aluno e pais, resolvendo seus conflitos, temores, inserindo-os cada vez

mais na participação da realização do projeto político-pedagógico da escola.

Page 15: a teoria e prática da orientação educacional: um estudo de caso

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CAPÍTULO 2

A Orientação Educacional: uma visão do passado e do presente

2.1. Breve panorama sobre a história da profissão através das Leis

Alguns autores os quais discorrem sobre o tema da Orientação Educacional,

nos trazem a história desta, assim com a forma em que se encontra atualmente.

GRINSPUN (2002) reúne todos os artigos sobre o tema Orientação

Educacional, situando o profissional desta área em várias questões do cotidiano escolar,

seu histórico e como a legislação rege tal trabalho. Na introdução do seu livro, ela situa

o leitor na história da profissão, a qual andou sempre junto à educação, “na busca das

finalidades de um projeto político-pedagógico formulado para a escola em favor de

seus próprios alunos” (GRINSPUN, 2002, p. 17).

A autora (ibid, 2002) relata a origem da Orientação Educacional, a qual se

iniciou com a Orientação Vocacional, nos Estados Unidos, em 1908, com um caráter de

aconselhador que marca toda sua trajetória. Movimentos da época teriam feito eclodir

tal prática no mundo todo, como os movimentos em prol da psicometria, da revolução

industrial, da saúde mental e das novas tendências pedagógicas.

Já a preocupação com a organização escolar surgiu apenas em 1912, em

Detroit, nos Estados Unidos, através de Jessé Davis, mas com a particularidade básica

de acolher a problemática vocacional e social dos alunos de sua escola (ibid, 2002).

No Brasil, segundo GRINSPUN (2002), a Orientação Educacional teve início

em 1924, no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, também com a função de

Orientação Vocacional. Já NÉRICI (1976) acredita que a primeira tentativa de

Orientação Educacional no Brasil deve-se à Lourenço Filho, que quando diretor do

Departamento de Educação do Estado de São Paulo, criou o “Serviço de Orientação

Profissional e Educacional”, em 1931, o qual tinha como maior objetivo, guiar o

indivíduo na escolha de seu lugar social pela profissão.

Começaram a surgir, também, experiências isoladas nas escolas, nos molde

americanos e europeus, sendo a pioneira a de Aracy Muniz Freire e Maria Junqueira

Schimit, no Colégio Amaro Cavalcanti, no Rio de Janeiro, em 1934 (GRINSPUN, 2002,

p. 18).

Page 16: a teoria e prática da orientação educacional: um estudo de caso

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Foi com as Leis Orgânicas de 1942, do ministro de Getúlio Vargas, Gustavo

Capanema, que pela primeira vez se encontraram referências explicitas à Orientação

Educacional. Sua função teria caráter corretivo e direcionado para o atendimento aos

alunos problemas. Outra função seria a de velar para que os estudos e descanso do aluno

ocorressem de acordo com as normas pedagógicas mais adequadas. Também teria o

papel de esclarecer possíveis dúvidas dos alunos e orientar seus estudos para que

sozinhos buscassem sua profissionalização. A profissão também seria regulamentada,

tendo o Orientador Educacional que fazer um curso próprio de Orientação Educacional.

(GRINSPUN, 2002).

Mas ainda o curso principal da Orientação Educacional seria o ensino técnico,

em que ajudava na formação de uma mão-de-obra especializada e qualificada,

assumindo caráter terapêutico, preventivo, psicometrista, identificando aptidões, dons e

inclinações dos indivíduos.

Na Lei de Diretrizes e Bases da educação nº. 4024 de 1961, previa-se que o

ensino normal se encarregue da formação de Orientadores Educacionais para o

primário, assim como prevê que as faculdades de Filosofia formem esse profissional

para o atendimento do Ensino Médio (ibid, 2002). A referida lei fala mais sobre a

formação do Orientador Educacional do que sobre o Conceito da função deste

profissional. Nesta lei, a Orientação Educacional vem com a função de contribuir para a

formação integral da personalidade do adolescente, para seu ajustamento pessoal e

social. Suas principais áreas de abrangência seriam as orientações escolar, psicológica,

profissional, da saúde, recreativa e familiar (GRINSPUN, 2002).

Já na Lei de Diretrizes e Bases da educação nº. 5692 de 1971, a Orientação

Educacional assume um papel fundamental, sendo a área da Orientação Vocacional a

mais privilegiada para atender aos objetivos de ensino da própria lei.

Na década de 1980, o orientador vai deixando as funções/denominações de

atender alunos-problema, de psicólogo e facilitador de aprendizagem e vai com o tempo

ostentando com mais autoridade técnica seu compromisso político com e na escola. A

produção acadêmica na área da Orientação vai sendo ampliada numa dimensão mais

crítica e questionadora; assim como os orientadores adotam uma função política

comprometida com as causas sociais (ibid, 2002).

Na verdade, na década de 80, os orientadores pensam e discutem muito sobre

sua profissão e seu papel na educação, mas acabam ficando só no teórico pois na prática

o que se vê é o mesmo das décadas anteriores.

Page 17: a teoria e prática da orientação educacional: um estudo de caso

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2.2. A Orientação Educacional nos dias atuais

GRINSPUN (2002) trata a situação em que se encontra a Orientação

Educacional nos dias de hoje. Para ela, atualmente, a orientação possui papel mediador

junto aos demais educadores da escola, buscando assim o resgate de uma educação de

qualidade nas escolas.

Da ênfase ao individual de antes, passa-se, agora, a reforçar o aspecto coletivo,

sem deixar de levar em conta que este é formado por pessoas com pensamentos e

contextos sociais diferentes que as levam a pensar de maneira própria sobre as questões

que lhes cercam, devendo elas chegarem a realizações bem sucedidas.

Essas novas mudanças começam a surgir no início da década de 1990, quando

muitos acontecimentos permitem tal processo, passando a educação e a orientação a

andarem juntas, sendo “os orientadores (...)os coadjuvantes na prática docente” (ibid,

2002, p. 27).

Hoje o Orientador Educacional, no discurso de GRINSPUN (2002), não atua

mais por ser uma profissão que deva existir pela “obrigação”, pois na Lei 9394/96 não

há a obrigatoriedade da Orientação,

“mas por efetiva consciência profissional, o orientador tem espaço

próprio junto aos demais protagonistas da escola para um trabalho

pedagógico integrado, compreendendo criticamente as relações que

se estabelecem no processo educacional.” (GRINSPUN, 2002, p.28)

A autora relata a importância da interdisciplinaridade dentro da escola, em que

o trabalho de todos é realizado em conjunto, conectado, no qual todos buscam os

melhores processos e resultados (ibid, 2002). A Orientação tem que servir para esse

novo tempo, no qual a educação lida com o real e suas perspectivas.

“O principal papel da Orientação será ajudar o aluno na formação

de uma cidadania crítica, e a escola, na organização e realização de

seu projeto pedagógico. Isso significa ajudar nosso aluno ‘por inteiro’ (grifo da autora): com utopias, desejos e paixões. (...)a

Orientação trabalha na escola em favor da cidadania, não criando

um serviço de orientação (grifo da autora) para atender aos

excluídos (...), mas para entendê-lo, através das relações que

ocorrem (...) na instituição Escola.” (GRINSPUN, 2002, p. 29)

Page 18: a teoria e prática da orientação educacional: um estudo de caso

11

Segundo a autora, a Orientação está nomeada como fazendo parte da educação

e por esse motivo deve pensar, hoje, nas dimensões sociais, culturais, políticas e

econômicas na qual ela acontece. Por esse motivo, devem-se definir as tarefas de um

orientador engajado com as transformações sociais, com a o momento histórico em que

está inserido.

Page 19: a teoria e prática da orientação educacional: um estudo de caso

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CAPÍTULO 3

A orientação Educacional em face a realidade da escola

3.1. A Caracterização da escola

A pesquisa de campo desta monografia foi realizada numa escola particular,

religiosa (católica) que está localizada na cidade de São Carlos, próxima ao centro da

cidade e nas redondezas de um bairro antigo e tradicional. Nesta escola são oferecidos

vários níveis de ensino, da Educação Infantil ao Ensino Médio, além do Ensino

Técnico.

NÓVOA (1999, p.33-36), criticando o sistema das escolas portuguesas as quais

tiram os pais e as comunidades da participação da escola, diz que há “três áreas de

intervenção nas escolas para além dos domínios relacionados com o sistema educativo

e a administração do ensino”. Distinguir essas três áreas seria um esforço imaginário,

mas que ajuda a distinguir o papel que os diferentes grupos exercem na escola. E

seguindo a idéia que o autor traz sobre essas três áreas, faremos a caracterização da

escola em questão.

A primeira área seria a escolar, que “diz respeito ao conjunto das decisões

ligadas ao estabelecimento de ensino e ao seu projeto educativo” (NÓVOA, 1999, p.

34). Dentro dessa área, trataremos do espaço físico da escola.

O Colégio conta com uma estrutura física ampla, possuindo teatro, quadras

cobertas e campos gramados, academia de ballet, piscina, playground, sala de música,

salas de informática, laboratórios, biblioteca, sala de artes e salas de apoio.

Por fazer parte de uma rede nacional de escolas católicas, possui também uma

Igreja ao lado, na qual a comunidade escolar realiza seus eventos, assim como a

freqüência nas missas, e também um seminário, que forma padres segundo sua ordem,

para que esses possam futuramente, também, trabalhar na administração da Rede.

A Escola realiza vários eventos durante o ano letivo. Abaixo, citarei alguns

deles, assim como suas características.

O aniversário da escola, que se dá no mesmo mês em que os irmãos La

Sallistas, fundadores da rede, chegaram ao Brasil, é comemorado com um cerimonial, o

qual conta com orações e músicas.

Page 20: a teoria e prática da orientação educacional: um estudo de caso

13

As Olimpíadas, realizadas no mês de maio, contam em sua abertura com um

evento o qual simula a abertura das Olimpíadas que ocorrem em contexto mundial a

cada quatro anos. Nessa abertura, realizada em um grande ginásio da cidade, todas as

séries com suas respectivas salas fazem uma volta olímpica, representando cada uma

um sub-tema dentro de um tema maior que, na maioria das vezes tem relação com a

“Campanha da Fraternidade”. Nesse momento, também, há apresentações artísticas e é

acesa a tocha olímpica.

Durante toda a semana, são realizadas competições esportivas, envolvendo

futebol, handebol, basquete, vôlei, salto a distância, etc., e delas participam todos os

alunos, da Educação Infantil ao terceiro ano do Ensino Médio. No último dia da

semana, é realizado o encerramento do evento, sendo que nesse momento são revelados

e premiados os times campeões (no caso).

Na mesma época das Olimpíadas é realizado o “La Salle Fashion”, o qual conta

com desfiles de moda, realizados por lojas de roupas da cidade. Junto com esse desfile é

realizada a eleição dos “Casais La Salle”, na qual participam alunos do ensino

Fundamental e Médio e representam a escola em vários eventos durante o ano.

No mês de outubro é realizada a Open House, a qual é vinculada às disciplinas

de Ciências e Educação Artística e os alunos apresentam vários trabalhos sobre temas

diversos realizados por eles próprios. Nesse evento, a escola é aberta à cidade, sendo

que várias escolas da cidade fazem visitas à ela na ocasião e aprendem com as

exposições.

A escola organiza, também, acampamentos, os quais são realizados nas

próprias dependências do colégio. Envolvem desde a educação infantil até o Ensino

Médio, não sendo para todos no mesmo dia. Enquanto acampam, realizam atividades

musicais, gincanas, luais, etc.

No final do ano, como festa de encerramento do ano letivo, além de uma missa

na catedral da cidade, é realizado o “Encontro com a arte”, no quais vários trabalhos

artísticos dos alunos são apresentados à comunidade, como danças, pinturas, esculturas,

encenações teatrais, etc.

Além desses eventos anteriormente citados, os eventos tradicionais do

calendário letivo também são realizados, como o carnaval, no qual é preparado um

“baile” para as crianças; a festa junina, Dia dos Pais e Dia das Mães, comemorações que

contam também com uma missa em homenagem à esses personagens; a Celebração

Pascal, na qual é celebrada a missa do “Lava Pés” para os professores e funcionários do

Page 21: a teoria e prática da orientação educacional: um estudo de caso

14

colégio; a formatura da Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, assim

como um Festival de dança realizado pelas crianças da Educação Infantil, o qual conta

sempre com um tema.

As aulas são ministradas nos três períodos, sendo que à tarde estão presentes

somente as aulas da Educação Infantil e Séries Iniciais do Ensino Fundamental, e a

noite são ministradas apenas as aulas dos cursos técnicos.

No período da tarde, também, a escola permanece aberta para que os alunos da

manhã realizem atividades extra-sala, sendo elas esportivas, artísticas e musicais, além

de reforços e plantões. De manhã, as aulas ocorrem das 07:20 às 11:50 e, à tarde, das

13:20 às 17:50.

Seguindo a perspectiva de Nóvoa (1999), a segunda área é a pedagógica que

refere-se “à relação educativa professor-aluno”. Passando para a análise da pesquisa

de campo, citarei aqui o contexto social dos alunos.

Os alunos, em geral, são provenientes de famílias de classe média, sendo seus

pais pequenos empresários, profissionais liberais, funcionários de empresas conhecidas

na cidade e funcionários e professores da própria escola, sendo raros os casos de alunos

provenientes das classes mais baixas.

Alguns alunos também são provenientes das famílias que fazem parte da

comunidade católica da escola, a qual possui um grupo da terceira idade, que realiza

encontros religiosos, culturais e interativos, sendo que seus filhos e netos estudam e/ou

estudaram na escola.

Essas famílias, na maioria das vezes, preocupam-se com a educação de seus

filhos, pois os querem ver inseridos numa boa universidade; por esse motivo pagam

professores particulares e psicólogos para eles quando necessário, tendo a escola apenas

o papel de encaminhamento e acompanhamento nos casos de dificuldade de

aprendizagem dos alunos.

E, por fim, a terceira área, ainda, segundo Nóvoa (1999), é a profissional,

“onde se situam as questões do desenvolvimento profissional, da carreira docente e da

organização técnica dos serviços”.

A gestão da escola é composta por diversos membros: tanto pelos religiosos

que colaboraram com a fundação da escola, como por profissionais da educação. Quem

cuida da direção da escola é um padre, que conta com a ajuda de um diretor

administrativo e de dois coordenadores pedagógicos. Também é auxiliado pelo SOE,

Serviço de Orientação Educacional, coordenado por uma pedagoga que se encontra na

Page 22: a teoria e prática da orientação educacional: um estudo de caso

15

escola no período matutino. Esta cuida dos problemas de aprendizagem dos alunos,

atende aos pais que querem resolver juntamente com a escola os problemas de seus

filhos, analisa os planos de aula dos professores e organiza e coordena suas reuniões.

Quanto ao professorado, as salas de Educação Infantil e primeiro ciclo das

Séries Iniciais, têm uma única professora (polivalente), apesar das crianças

freqüentarem aulas extras na própria escola, como: inglês, música e Educação Física

(ministradas por outros docentes). A partir da terceira série do Ensino Fundamental até

o Ensino Médio cada matéria é dada por um professor, como geralmente ocorre nas

escolas particulares.

A biblioteca da escola conta com uma bibliotecária formada na área de

educação, que realiza eventos de “contação de histórias” e ajuda as crianças com

trabalhos e tarefas de casa. Nos momentos de “Hora do conto” essa professora conta e

interpreta várias histórias e estórias que envolvem vários temas, como folclore, história

de vida de poetas e escritores, Campanha da Fraternidade, etc, sempre envolvendo

conteúdos que levem à discussão da moral e do bom comportamento das crianças. Esse

evento ocorre todos os meses e são oferecidos para a Educação Infantil e Ensino

Fundamental.

É importante ressaltar que nessa escola os pais e a comunidade têm grande

participação, ajudando na realização dos eventos como Festa Junina, Casal La Salle,

Olimpíadas, assim como a presença nas missas e eventos artísticos. Apesar disso, não

são convidados pela escola para a realização de uma discussão sobre sua proposta

pedagógica, tanto quanto não participam de sua elaboração.

Na tabela nº 1, apresentamos o número de alunos por cada sala e período,

assim como seu total.

Page 23: a teoria e prática da orientação educacional: um estudo de caso

16

TABELA 1 – Número de alunos por sala e período

Alunos por Turno Curso Série Salas

Manhã Tarde Total

3 anos 2 2 12 14 4 anos 2 5 21 26 5 anos 3 10 31 41

Sala A 10 0 10

Sala B 0 16 16

Educação Infantil

Sala C 0 15 15

1o. ano 2 20 21 41 2o. ano 2 29 31 60 2a. série 2 34 30 64 3a. série 2 35 26 61 4a. série 2 34 20 54 5a. série 3 79 0 79

Sala A 29 0 29

Sala B 27 0 27

Sala C 23 0 23

6a. série 3 86 0 86 Sala A 31 0 31

Sala B 29 0 29

Sala C 26 0 26

7a. série 3 88 0 88 Sala A 29 0 29

Sala B 27 0 27

Sala C 32 0 32

8a. série 58 0 58 Sala A 27 0 27

Ensino Fundamental

Sala B 31 0 31

1a. série 70 0 70

Sala A 35 0 35

Sala B 35 0 35

2a. série 60 0 60 Sala A 29 0 29

Sala B 31 0 31

3a. série 45 0 45 Sala A 25 0 25

Ensino Médio

Sala B 20 0 20

Total de Alunos 655 192 847 Fonte: Secretaria da escola

Page 24: a teoria e prática da orientação educacional: um estudo de caso

17

3.2. O papel da Orientadora Educacional na escola

3.2.1. A função do Orientador: o que diz os documentos e o que nos revela a

prática

Iniciaremos este tema afirmando que pudemos perceber que as tarefas e

responsabilidades da orientadora dessa escola são muitas, e isso foi averiguado através

de observação direta e constante, ou seja, acompanhando-a no seu dia-a-dia. Mesmo

assim, decidimos também investigar se existia algum documento na escola que

pontuasse a função do Orientador Educacional, já que esse profissional é contratado

pela instituição com tal cargo.

Começamos relatando que a Orientadora Educacional possui a

responsabilidade de identificar as dificuldades dos alunos, para tentar resolvê-las. Na

sua sala, também, se “abrem os corações”, pois, muitas vezes, problemas psicológicos e

emocionais como o de relacionamento entre pais e alunos é tratado na sua presença.

O Serviço de Orientação Educacional (SOE), assim chamado pela escola,

possui um regimento que define as funções da Orientação na escola. Este regimento

interno da escola (ver anexo 1-A) encontra-se, do artigo 25 ao 27, as “Atribuições do

Orientador Educacional”, dentre as quais estão presentes:

• VII Desenvolver processo de aconselhamento junto aos alunos, abrangendo conduta, estudos e orientação para trabalho, em cooperação com professores, família e comunidade;

• Assessorar o trabalho docente:

a) acompanhando o desempenho dos professores em relação a peculiaridades do processo ensino-aprendizagem; b) acompanhando o processo de avaliação e recuperação do aluno;

• Encaminhar os alunos a especialistas quando se fizer necessário; • Montar e coordenar e desenvolvimento de esquema de contato permanente

com a família do aluno.

È fundamental ressaltar que essas atribuições referidas ao Orientador

Educacional não são iguais para todos os colégios da mesma denominação religiosa,

mas que variam de acordo com a cidade, pois tais funções são traçadas de acordo com o

que é solicitado pelo Sistema de Ensino de cada cidade.

Page 25: a teoria e prática da orientação educacional: um estudo de caso

18

Verificamos no Planejamento escolar (ver anexo 1-B), e existe a mesma

definição e as mesmas atribuições para o Orientador Educacional. Quanto à proposta

pedagógica da escola, não encontramos nenhuma descrição sobre o trabalho, ou a

função e/ou atuação do Orientador e do SOE.

Na prática constatamos que muitas são as funções da Orientadora Educacional

nessa escola em questão, sendo que seu trabalho está relacionado aos alunos, familiares

e professores.

Todos os bimestres os professores têm que entregar à Orientadora um plano de

aula em que os mesmos devam colocá-lo em prática. Esses planos são lidos, analisados

e arquivados. Na Semana Pedagógica, realizada em janeiro do ano seguinte, a

Orientadora retoma estes planos e faz sugestão a respeito dos mesmos, ou apontando

críticas ou elogiando e mantendo o que foi bom e realizado no ano anterior. Durante

essa semana de janeiro, também realiza um Work Shop para os professores sobre como

deve ser realizado um bom plano de aula.

Com relação aos professores, enumera e arquiva os certificados de cursos em

que estes participaram durante o ano – completando 40 horas de trabalho e estudo extra-

escola. Também cuida de questões burocráticas da escola, como a documentação e

“contratação” dos estagiários, os quais somam por volta de 40 neste semestre.

Fica ao seu encargo expedir todos os documentos relacionados à Diretoria de

Ensino da cidade, principalmente, quando aparecem recursos de alunos que repetem de

série. Ou quando existe a necessidade de um trabalho com a inclusão de um aluno

portador de necessidades especiais – número significativo nesta escola.

Mas sua atuação mais expressiva está no cotidiano escolar com os alunos e

com relação à escola-família.

No trabalho com o reforço de 1ª a 4ª série do Ensino Fundamental, por

exemplo. No caso da 1ª série, ela acompanha o rendimento escolar nos dois semestres,

analisando os cadernos, tomando a tabuada, tomando a leitura e verificando a

interpretação de texto de todos os alunos. Já nas demais séries (2ª, 3ª e 4ª) são os

professores que indicam os alunos com dificuldades de aprendizagem para o reforço

escolar.

No primeiro semestre a Orientadora faz uma avaliação constatando as

dificuldades de aprendizagem dos alunos, e quem terá que freqüentar o reforço escolar.

No segundo semestre, ela verifica os resultados deste reforço, através da melhora na

Page 26: a teoria e prática da orientação educacional: um estudo de caso

19

aprendizagem, e caso algum aluno não tenha se recuperado totalmente, registra os

problemas e dificuldades para a professora do ano seguinte.

Com os alunos de 5ª a 8ª do Ensino Fundamental e do Ensino Médio a

Orientadora realiza “Orientação ao Estudo”, na qual os próprios alunos têm a liberdade

de agendar um horário. Para estes alunos ela aplica testes e conversa, dando orientações

de como eles podem se organizar para estudar, principalmente, quanto à ordem das

disciplinas, além, de ensinar como fazer um cronograma de organização de horários,

posicionando da melhor maneira possível as disciplinas a serem estudadas. Tal

programação é feita levando em conta as atividades extra-escolares dos alunos.

Para o Ensino Médio, também, é feita uma orientação quanto ao vestibular.

Para aqueles que estão no último ano, é oferecido um teste vocacional e orientação

profissional no início do ano, assim como palestras com especialistas e profissionais de

várias áreas, permitindo melhor decisão aos alunos. A orientadora, também, constrói um

espaço – um painel – com pôsteres de diversas faculdades e universidades, com o

propósito de chamar a atenção dos alunos com relação aos locais (e os seus respectivos

vestibulares) e os cursos que estão sendo oferecidos.

Com relação à vida escolar do aluno na escola, a Orientadora fica responsável

em arquivar todos os seus documentos, ano a ano, desde quando entra até sua saída.

Fica a seu encargo, também, a questão da inclusão de alunos portadores de

necessidades especiais. Verifica como está a integração deste aluno especial e a escola,

e como está sendo desenvolvido o trabalho com ele durante o ano. Atua como aquela

que intermediará, durante o ano, a comunicação entre a escola, família e profissionais

que ajudarão no processo de melhoria da qualidade de ensino oferecido a este aluno.

Com relação à comunidade usuária, ou seja, aos pais que possuem filhos na

escola, seu trabalho inclui oferecer palestras sobre questões delicadas, como Distúrbio

de Déficit de Atenção (DDA), Hiperatividade, como ajudar os filhos a estudarem, etc.

É da sua incumbência, também, atender em horários agendados, os pais que

possuem inseguranças em relação ao desenvolvimento de seus filhos, auxiliando-os a

procurarem, às vezes, um profissional fora da escola, como uma professora particular,

uma psicóloga ou psicopedagoga.

A Orientadora, também, se responsabiliza em anotar o nome dos alunos mais

velhos (Ensino Médio) que estão com média baixa (suas notas) no bimestre, pois os pais

dos alunos acabam procurando-a para saberem mais sobre a avaliação de seus filhos –

principalmente aqueles que escondem ou jogam fora suas provas e avaliações.

Page 27: a teoria e prática da orientação educacional: um estudo de caso

20

Os pais, também, confiam muito no trabalho dela, e para tirar suas dúvidas com

relação a parte pedagógica da escola acabam procurando-a. Isto tem fortalecido os laços

entre ela e os pais, mesmo porque a sua atuação nesta escola é de muito tempo. Existe

uma expectativa negativa quanto a troca de coordenadores da escola, porque isto já

aconteceu três vezes em um curto espaço de tempo. Assim, qualquer assunto

envolvendo os alunos, os pais acabam procurando apenas ela (Orientadora),

sobrecarregando as suas tarefas. Para amenizar suas obrigações ela transferiu algumas

áreas de atuação para os demais coordenadores, como a questão da disciplina, provas

substitutivas e recuperação.

No final do segundo semestre de 2006, a Orientadora saiu de licença

maternidade, e seu trabalho foi dividido em três frentes: o atendimento aos pais e alunos

ficou a cargo da coordenação; a leitura e análise dos planos de aula e acompanhamento

dos alunos da primeira série do Ensino Fundamental, assim como o arquivo documental

dos alunos e certificados dos professores ficaram sob a responsabilidade de duas

estagiárias (sendo que eu serei uma delas); e as demais atividades foram interrompidas

por este tempo de licença, por não ter quem se responsabilizasse por elas.

Page 28: a teoria e prática da orientação educacional: um estudo de caso

21

3.2.2. A atuação da Orientadora Educacional na visão de professores e

coordenadores da escola

A percepção que os professores e coordenadores da escola tinham a respeito

do trabalho da Orientadora Educacional era outra perspectiva que gostaríamos de

abordar nesse trabalho. Para percebermos um pouco mais como isso ocorria aplicamos

um mesmo questionário em três professores da escola, que na época escolhemos

aleatoriamente, um professor que lecionava na Educação Infantil, um no Ensino

Fundamental e um no Ensino Médio. Quanto à coordenação, devido a diversas

dificuldades, aplicamos um único questionário, somente, para a Coordenadora

Pedagógica da Educação Infantil.

Verificamos conforme anexo 2 B e C, que a percepção da equipe escolar

(segundo esses professores e coordenadora) estava fortemente inclinada a considerar o

atendimento do SOE (Serviço de Orientação Educacional) eficiente. A princípio

percebemos que as colocações são todas positivas e sempre com uma visão de que a

Orientadora Educacional era aquela que detectava, juntamente, com o professor

dificuldades de aprendizagem nos alunos. A atuação da Orientadora estava centralizada

em orientar o professor no seu trabalho com o aluno e seus pais.

Na visão dos professores fica evidente que a forma como eles deveriam

desenvolver seus trabalhos, na sala de aula, com os alunos, partiria da decisão da

Orientadora Educacional. Quanto à coordenadora essa perspectiva não mudou, fica

claro na sua fala que eram “elas” (coordenação e orientação) que decidiam o melhor

procedimento a ser tomado, de acordo com o tipo de problema detectado no aluno. Nos

pareceu que a função do SOE estava bem clara para ambas categorias dentro da escola,

ou seja, a Orientadora tinha como papel fundamental resolver problemas de alunos com

dificuldades de aprendizagem.

Segundo GRINSPUN (2002) a Orientação não deveria exercer um papel na

escola que caracterizasse um “serviço à parte”, com preocupações voltadas apenas para

resolver problemas. Ao contrário, a função do Orientador seria de auxiliar na elaboração

do projeto político-pedagógico a ser desenvolvido na escola, e de preferência que este

fosse pensado de forma coletiva, numa perspectiva de que todos se sentissem co-

responsáveis tanto pelos fracassos quanto pelas vitórias.

Quando a escola administra a questão do fracasso dos alunos com um discurso

científico acaba por naturalizar esse problema na percepção de todos os envolvidos no

Page 29: a teoria e prática da orientação educacional: um estudo de caso

22

processo (alunos, pais, professores, coordenadores etc). Assim, a orientação deveria

ajudar a desmistificar esse discurso científico, em que a escola abre caminhos para que

o aluno internalize esse fracasso como algo pessoal, social ou biológico. Para Grinspun

(2002), o trabalho do Orientador Educacional não deveria ser reduzido apenas a técnicas

que favoreçam diagnosticar os alunos em um lado do processo de aprendizagem. A

Orientação deveria ser a parceira competente da escola para refletir sobre soluções que

minimizem o fracasso escolar. Assim, seu papel estaria muito mais relacionado a

promover discussões e debates na escola a respeito de seus alunos e professores, das

suas relações, do currículo e dos objetivos de seu projeto político-pedagógico etc.

Page 30: a teoria e prática da orientação educacional: um estudo de caso

23

3.3. As possibilidades entre a teoria e a prática no cotidiano escolar

Faremos uma comparação e analisaremos, brevemente, o papel da Orientação

Educacional observado durante a pesquisa de campo e analisada na entrevista feita com

essa profissional (ver anexo 2-A), em relação ao que alguns autores descrevem a

respeito da profissão. Essa análise será feita passando por várias perspectivas as quais

foram vistas na escola em questão.

Levando em conta que a Orientação Educacional caminha lado-a-lado com a

educação, sofrendo assim as mesmas influências desta no decorrer do tempo,

iniciaremos essa discussão sob a perspectiva teórico-prática a qual a educação é

submetida. E sobre isso GRINSPUN (2002), traz que cada linha teórica acabou

definindo esta prática educativa (do Orientador) dentro do âmbito da escola, como

vemos:

Educação tradicional: para os autores a Orientação se caracteriza como

terapêutica e psicológica destinada ao alunos-problema;

Educação renovada progressivista: para os autores desta linha teórica, o

Orientador deve auxiliar o desenvolvimento cognitivo de seus alunos;

Educação não-diretiva: para estes teóricos a Orientação está relacionada a

afetividade, tendo nesse momento a função de facilitadora de mudanças;

Educação tecnicista: para esta linha teórica a Orientação tem o papel de

identificar as aptidões dos alunos para um determinado mercado de trabalho;

Educação libertária: os teóricos desta perspectiva acreditam que o Orientador

possui o papel de assessorar o professor na medida em que era um catalisador do grupo

junto aos alunos;

Educação libertadora: os autores desta teoria afirmam que a Orientação

possui o papel de captar o mundo real dos alunos, sendo que estes devem ser percebidos

como indivíduos históricos, concretos e reais;

Educação crítico-social dos conteúdos: os autores desta linha teóricas

indicam que a Orientação serve como um caminho de preparação do aluno para o

mundo adulto;

Educação construtivista: os teóricos deste pensamento afirmam que a função

da Orientação está relacionada a promover meios para a aquisição do conhecimento por

parte do aluno.

Page 31: a teoria e prática da orientação educacional: um estudo de caso

24

“(...) a Orientação Educacional hoje, em termos de teoria e pratica

da educação, posiciona-se como uma prática político-pedagógica

que procura respostas para as perguntas: Por que e para quê faço

Educação?” (ibid, 2002, p. 46)

Na evolução teórico-prática da educação brasileira fica nítido, também, o

progresso pelo qual a Orientação Educacional passou.

Durante longo período a escola teve como função ensinar o aluno que, por sua

vez, tinha o papel de aprender. Se nesse processo alguma coisa desse errado, a causa era

de inteira responsabilidade do aluno, precisando ele de um acompanhamento para

resolver seu problema. E nesse encaixe é que aparecia a função do Orientador, sendo ela

plural, multifacetada, tendo esse profissional apenas de ajudar o aluno a se encaixar no

sistema.

Com o tempo, a educação passa a não ser mais exclusividade da escola,

estando presente, também, nos meios de comunicação, por exemplo, ocorrendo

acidentalmente. Nesse contexto, o aluno passa a ser sujeito, fazendo sua história, sua

formação. E a Orientação Educacional passa a ter uma amplitude de ações nessa prática

pedagógica, sendo um profissional que respeita o senso comum, aprecia o conhecimento

científico, e está ciente de que seu exercício só é possível porque existe uma teoria que

lhe permite desenvolver sua proposta pedagógica (GRINSPUN, 2002, p. 48).

Comparando a realidade da escola observada, verificamos que várias atividades

realizadas pela Orientadora podem ser evidenciadas conforme GRINSPUN (2002) traz

em suas definições teóricas. Começaremos com a questão do cotidiano escolar, sendo

que nele está implícita a cultura escolar, a cultura que cada um carrega consigo, a

linguagem que é usada pelo indivíduo, seus costumes, e todas as outras ações e

meditações que explícita e implicitamente contempla pelo espaço que ocupamos em

nosso cotidiano (ibid, 2002, p. 54).

“Quanto mais procuro compreender os mecanismos da prática

social que se configuram pelo cotidiano escolar, melhores condições

tenho para analisar as rotinas e rupturas que ocorrem nesse interior.

(...) O cotidiano escolar me desvela tudo aquilo que ocorre em se

contexto, como forma de traduzir, de efetivar as práticas sociais que

são do domínio de todos e que são colocadas em processo no dia-a-

dia da escola” (GRINSPUN, 2002. p. 54) - grifos da autora.

Page 32: a teoria e prática da orientação educacional: um estudo de caso

25

Pode-se dizer que a Orientação Educacional esteve sempre pautada aos

acontecimentos do dia-a-dia, pois a ela se conectavam fatores que estavam ocorrendo na

escola ou na família e que se refletiam nos estudos ou no comportamento dos alunos

(ibid, 2002).

“O orientador faz a análise, junto com todos os protagonistas desse

cotidiano, para que se tenha, tanto quanto possível, uma visão mais

objetiva do que ocorre nesse dia-a-dia. Se a Orientação deve star

compromissada com o projeto político-pedagógico da escola, a

forma de melhor atuar nele, garantindo a qualidade, é conhecer sua

cotidianidade” (ibid, 2002, p.55).

Podemos afirmar que a Orientadora cumpre uma função na escola em questão

muito próxima do que é colocado pela autora, pois está sempre em contato com os

alunos, professores e coordenadores conhecendo seus problemas, angustias e aflições,

tentando resolvê-las a fim de buscar uma harmonia na escola, permitindo um melhor

trabalho e, conseqüentemente, uma educação de qualidade. Outra questão é que ela

participa, também, da elaboração do Plano de Trabalho da escola e da Proposta

Pedagógica, com vistas ao cumprimento do que foi estabelecido da melhor forma

possível.

Quanto ao papel da Orientação face ao fracasso escolar, assim como relata a

autora (ibid, 2002, p.79) pudemos constatar que diante das diferenças individuais, esta

profissional procura “identificar essas diferenças através dos instrumentos de

mensuração, como teste, escalas, provas e questionários”.

Quando um professor identifica que algum aluno está com dificuldades de

aprendizagem, a primeira coisa que faz é encaminhá-lo ao SOE. Lá a Orientadora faz

um diagnóstico dos alunos e se necessário solicita a ajuda de outros profissionais.

Depois desta avaliação a Orientadora realiza todo um trabalho, juntamente, com a

família desse aluno. Este aluno passará a freqüentar as aulas de reforço escolar

oferecidas pela escola, ou deverá ser encaminhado para professores particulares,

psicólogos, psicopedagogos, etc.conforme as características do seu caso.

Acreditamos que como já foi dito antes, conforme Grinspun, o trabalho do

Orientador Educacional não deveria ser reduzido apenas a técnicas que favoreçam

diagnosticar os alunos com dificuldade de aprendizagem, e sim refletir sobre soluções

que minimizem o fracasso escolar. Aqui nos pareceu que a atuação da Orientadora

Page 33: a teoria e prática da orientação educacional: um estudo de caso

26

Educacional, muitas vezes, ficou direcionada, exclusivamente, para a questão do

fracasso escolar, restringindo seu trabalho a alguns procedimentos específicos.

Outro destaque importante é a questão da organização escolar. Segundo a

autora (ibid, 2002, p. 107), o trabalho coletivo na escola deve ser real, e a função da

Orientação Educacional seria possibilitar esta organização na escola.

O esforço do Orientador com cada membro da escola (ibid, 2002, p.107-109),

desenvolvendo um trabalho na escola proporcionaria:

• Junto aos alunos: o seu desenvolvimento pessoal, visando à participação

dele na realidade social.

• Junto aos professores: a colaboração e participação na construção do

projeto político pedagógico da escola, contribuindo para a discussão sobre as

questões técnico-pedagógicas da escola.

• Junto à direção: participando junto tanto nas decisões tomadas pela

direção com à obtenção de dados inerentes aos aspectos administrativos. O

Orientador deve participar de toda a prática que organiza a escola.

• Junto aos pais: fazer com que eles participem da escola do projeto da

escola de diferentes formas, desde o planejamento do projeto pedagógico até

as decisões que a escola deve tomar.

“O Orientador Educacional deve procurar se envolver com a

comunidade, resgatando sua realidade socioeconômica-cultural

como meio de contribuir para a adequação curricular, tendo em

vista a transformação da escola e da sociedade. (...) A Orientação

deve trabalhar com um planejamento participativo, sempre voltado

para para uma concepção crítica. Um diálogo entre as comunidades

das disciplinas teóricas e das disciplinas práticas permitirá a busca

dessa concepção crítica” (GRINSPUN, 2002. p. 109).

Para que haja a construção de uma escola de qualidade deve haver um projeto

coletivo, que requer ação coordenada e participação de todos nela envolvidos. Numa

escola de qualidade deve existir uma discussão sobre as finalidades da educação, a

atuação do professor, as metodologias e até o abandono de alunos e professores (ibid,

2002).

Page 34: a teoria e prática da orientação educacional: um estudo de caso

27

“O Orientador é aquele que discute as questões da cultura escolar

promovendo meios/estratégias para que sua realidade não se

cristalize em verdades intransponíveis, mas se articule com

prováveis verdades vividas no dia-a-dia da organização escolar”

(GRINSPUN, 2002. p. 112) - grifos da autora.

No ano de 2001, a Orientadora da escola criou um planejamento para as suas

atividades (ver anexo 1-C), no qual ela descreve um cronograma de trabalho a ser

realizado. Nele está presente os trabalhos de Orientação ao estudo, Orientação

profissional, Orientação Religiosa (atualmente, estas orientações ficam sob os

cuidados de uma outra professora), Orientação sexual (não existe mais), Orientação

ao lazer, Orientação à problemas eventuais e Orientação familiar (serviços que

foram relatados no capítulo anterior deste relatório).

Segundo a autora (ibid, 2002), que escolhemos para analisarmos as funções da

Orientação Educacional, pudemos observar que, na maioria das vezes, o trabalho da

Orientadora da escola, em questão, desenvolve atividades próximas as descritas pela

literatura. Aqui queremos ressaltar que não podemos esquecer que a realidade de cada

escola é única e por isso não entendemos as funções de um orientador como um livro de

receitas pronto, mas algo que é construído conforme as questões que aparecem no dia-a-

dia, que são colocadas como desafios diários para este profissional.

Page 35: a teoria e prática da orientação educacional: um estudo de caso

28

Considerações finais

Começaremos as conclusões com uma reflexão sobre a dicotomia teoria x

prática. E esse assunto também é discutido por Candau (apud GRINSPUN, 2002, p. 34)

a qual coloca três premissas sobre o assunto:

“(...) a primeira é que a teoria depende da prática, uma vez que esta

determina o horizonte do desenvolvimento e o progresso do

conhecimento; a segunda é que a teoria tem como finalidade a

prática, no sentido de uma antecipação ideal de uma prática que não

existe; e a terceira é o fato de que a unidade entre a teoria e a

prática pressupõe necessariamente a percepção da prática como

atividade objetiva e transformadora da realidade natural e social

(...)”.

“Por ser transformadora da realidade, a prática é criadora” (ibid, 2002) e por

isso nem sempre se aproxima da teoria. Nesta investigação, ao acompanhar o trabalho

de uma Orientadora Educacional e com ela vivenciar seu cotidiano, percebemos como

foi citado no capítulo anterior, que seu trabalho muito se aproxima da teoria utilizada, e

acreditamos que isso se deu porque essa profissional era formada na área, e por tanto

adquiriu tais conhecimentos.

Quando analisamos a prática da Orientadora na perspectiva da teoria, também

levamos em consideração que cada comunidade escolar é única, sendo diverso em seu

modo de ver o mundo, de agir em cada situação, de encarar acontecimentos de formas

específicas, e isso não se faz diferente com relação à realidade observada na escola

escolhida.

GRINSPUN (2002), quando descreve o papel do Orientador Educacional,

acaba focando para a atuação desse na questão da relação do projeto pedagógico da

escola com a comunidade, principalmente ao dizer que junto aos pais o Orientador tem

a função de fazer “com que eles participem do projeto dela (da escola) de diferentes

formas, desde o planejamento do projeto pedagógico até as decisões que a escola deve

tomar” (2002, p. 109).

Ao presenciar o cotidiano da Orientação Educacional de uma escola de grande

porte da cidade de São Carlos, a qual abrange desde a pré-escola até o terceiro ano do

Ensino médio, pudemos constatar a importância de um profissional da área para o bom

funcionamento da escola, assim como um melhor aprendizado de seus alunos. A

Page 36: a teoria e prática da orientação educacional: um estudo de caso

29

importância de ter esse profissional atuando na escola nos remete a pensar que aqueles

que não acreditam em seu trabalho não entendem o que significa cotidiano escolar e

cultura organizacional. No caso específico da Orientadora observada percebemos que

ela acumulava muitas funções, dificultando assim um trabalho de orientação mais amplo

como sugere Grinspun (2002).

Quanto a este assunto, apontamos que a articulação da Orientadora (da escola

em questão) na elaboração e execução do Projeto Político Pedagógico com a

comunidade ocorria de forma pouco democrática, mesmo porque a sua atuação não lhe

dava “poderes” de grandes intervenções em ações relacionadas a este tópico. Pode-se

dizer que a escola investigada não constrói seu Projeto Pedagógico com todos os

membros da escola, ou seja, sua elaboração fica sob a responsabilidade da equipe de

direção, sem grandes participações do corpo docente, discente e dos pais dos alunos.

As finalidades do trabalho de uma escola podem ser regidas sob uma visão de

interesses de apenas uma parte dos participantes do cotidiano escolar, ou seja, de seus

mantenedores e realizadores as quais buscam, muitas vezes, além de uma educação de

qualidade, o propósito, por exemplo, de ampliação da instituição (com o objetivo de

obter mais alunos). Essa questão acaba fazendo parte da vida escolar de muitas

instituições particulares de ensino, pois sua sobrevivência depende do número de alunos

que compõem o quadro discente.

Mesmo assim chamamos a atenção de que sem a participação da comunidade e

de toda a equipe escolar na construção desse projeto pedagógico, os valores e crenças

das famílias muitas vezes ficam de fora das finalidades da educação, assim como o que

os pais desejam aos seus filhos no que tange o assunto educação escolar, e a escola

perde, assim, a sua função.

Acreditamos que como já foi dito antes, conforme GRINSPUN (2002), o

trabalho do Orientador Educacional não deveria ser reduzido apenas a diagnosticar os

alunos com dificuldade de aprendizagem, e sim refletir sobre soluções que minimizem o

fracasso escolar. E para tanto, a construção do Projeto Político Pedagógico se faz

importante. O papel do Orientador estaria muito mais relacionado a promover reflexões

na escola a respeito de seus alunos e professores, das suas relações, dos problemas

encontrados na escola e no seu entorno (comunidade), do currículo e dos objetivos

encontrados no Projeto Pedagógico que, muitas vezes, não são nem do conhecimento

dos que dela participam.

Page 37: a teoria e prática da orientação educacional: um estudo de caso

30

Referências

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Algumas considerações. 1976, p. 73-82.

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Líber Liro Editora, 2005.

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elaboração de trabalhos acadêmicos, 6ª edição. Piracicaba: Editora UNIMEP, 1998.

GRINSPUN, Mirian P. S. Zippin. A orientação educacional: conflito de paradigmas e

alternativas para a escola. São Paulo: Cortez, 2002.

LEITE, S. A. S. O papel dos ‘especialistas’ na escola pública. In: Educação e

sociedade. Campinas: CEDES, V. 22, 1985, p. 120-131.

LÜCK, Heloísa. Plano Anual de Ação. In: Planejamento em orientação Educacional.

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Ministério de Educação e Cultura – Departamento de Ensino Médio. Orientação

Educacional e currículo. Brasília, 1978.

MINICUCCI, Agostinho. Orientação Educacional: sondagem de aptidões e iniciação

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NÉRICI, Imídeo G.. Origens da Orientação Educacional e Necessidades da Orientação

Educacional & A Orientação Educacional. In: Introdução à orientação Educacional.

São Paulo. Atlas, 1976.

NÓVOA, António (Coord.). Para uma análise das instituições escolares. In: As

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OLIVEIRA, Maria Auxiliadora Monteiro (org). Gestão Educacional: novos olhares,

novas abordagens. Petrópolis. Vozes, 2005

RIZWAN, Silvana (coordenadora). A Orientação Educacional e a sondagem de

aptidões. São Paulo: SE/CENP, 1978.

________________ e outras. A Orientação Educacional no sistema de ensino do

Estado de São Paulo. São Paulo: SE/CENP, 1977.

Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (SEESP) – Fundação para o

Desenvolvimento da Educação (FDE). Gestão do Projeto Pedagógico – alavancando o

sucesso da escola – módulo IV. In: Circuito Gestão. 2001

SENA, Maria das Graças de Castro. Orientação Educacional no cotidiano das

primeiras séries do primeiro grau; Edições Loyola - 3a edição. São Paulo, s/d.

TRIVIÑOS, Augusto Nibaldo Silva (et al). Orientação Educacional: legislação e

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VIANA, Mario Gonçalves. Biblioteca de cultura geral: Orientação Educacional.

Porto: Livraria Figueirinhas, 1958.

Page 39: a teoria e prática da orientação educacional: um estudo de caso

Anexo 1 – Documentos consultados: Planejamento Escolar e

Regimento Interno

Page 40: a teoria e prática da orientação educacional: um estudo de caso

Anexo – 1 A

Do Serviço de Orientação Educacional

A Orientação Educacional é uma atividade técnica, integrante do processo

educativo, cuja ação é desenvolvida de forma intencional, através de técnicas e

atividades específicas.

Ao Orientador Educacional cabe a responsabilidade básica de coordenar,

orientar e controlar no âmbito da escola, as atividades relacionadas à sua área de

atuação.

O Orientador Educacional tem as seguintes atribuições:

I. Participar da elaboração do Plano Escolar;

II. Elaborar a programação das atividades de sua área de atuação, mantendo-a

articulada às demais programações do núcleo de apoio técnico-pedagógico;

III. Orientar a elaboração e execução do programa de currículo nos aspectos relativos

à Orientação Educacional;

IV. Controlar e avaliar a execução da programação de Orientação Educacional e

apresentar relatório das atividades;

V. Colaborar nas decisões referentes a agrupamentos de alunos;

VI. Assessorar os trabalhos dos Conselhos de Séries e de Classe;

VII. Desenvolver processo de aconselhamento junto aos alunos, abrangendo conduta,

estudos e orientação para trabalho, em cooperação com professores, família e

comunidade;

VIII. Organizar e manter atualizado dossiê individual do aluno e das classes;

IX. Assessorar o trabalho docente:

a) acompanhando o desempenho dos professores em relação a peculiaridades do

processo ensino-aprendizagem;

b) acompanhando o processo de avaliação e recuperação do aluno;

X. Cooperar com o Bibliotecário na orientação da leitura dos alunos;

XI. Encaminhar os alunos a especialistas quando se fizer necessário;

XII. Montar e coordenar o desenvolvimento de esquema de contato permanente com a

família do aluno.

Page 41: a teoria e prática da orientação educacional: um estudo de caso

Anexo – 1 B

ATRIBUIÇÕES DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

Artigo 25 - A Orientação Educacional é uma atividade técnica, integrante do

processo educativo, cuja ação é desenvolvida de forma intencional, através de técnicas e

atividades específicas.

Parágrafo único - A Orientação Educacional será exercida por um professor

devidamente habilitado, coadjuvado pêlos professores do estabelecimento.

Artigo 26 - Ao Orientador Educacional cabe a responsabilidade básica de

coordenar, orientar e controlar, no âmbito da escola, as atividades relacionadas à sua

área de atuação.

Artigo 27 - O Orientador Educacional tem as seguintes atribuições:

I - participar da elaboração do Plano Escolar;

II - elaborar a programação das atividades de sua área de atuação, mantendo-a

articulada às demais programações do núcleo de apoio técnico-pedagógico;

III - orientar a elaboração e execução do programa de currículo nos aspectos

relativos à Orientação Educacional;

IV - controlar e avaliar a execução da programação de Orientação Educacional

e apresentar relatórios das atividades;

V - colaborar nas decisões referentes a agrupamento de alunos;

VI - assessorar os trabalhos dos Conselhos de Séries e de Classe;

VII - Desenvolver processo de aconselhamento junto aos alunos, abrangendo

conduta, estudos e orientação para trabalho, em cooperação com professores, família e

comunidade;

VIII - Organizar e manter atualizado dossiê individual do aluno e das classes;

IX - assessorar o trabalho docente:

a) acompanhando o desempenho dos professores em ralação a peculiaridades

do processo ensino-aprendizagem;

b) acompanhando o processo de avaliação e recuperação do aluno;

X - cooperar com o Bibliotecário na orientação da leitura dos alunos;

XI - encaminhar os alunos a especialistas quando se fizer necessário;

XII - montar e coordenar e desenvolvimento de esquema de contato

permanente com a família do aluno.

Page 42: a teoria e prática da orientação educacional: um estudo de caso

Anexo – 1 C

PLANEJAMENTO DE ATUAÇÃO - 2001

I – Introdução

O plano de ação tem como objetivos apresentar, em linhas gerais propostas

de orientação educacional para o ano de 2001 no Colégio (...).

A ação do orientador educacional dirige-se, principalmente- oara o aluno e

sua vida escolar, na busca de soluções para as dificuldades encontradas sob todos os

pontos de vista, tais como escolha profissional, dificuldades de aprendizagem

problemas de relacionamento em eeral. entres outros

Para a realização dessas atividades. oretende-se trabalhar em coniunro

com a direção, coordenação, docentes, alunos, família e equine técnica

II – Abrangência � Educação Infantil � Ensino Fundamentai � Ensino Médio � Equipe de Apoio

III - Caracterização da realidade

Através de uma técnica dirigida ao corpo docente, identificou-se as

principais expectativas com relação à atuação do orientador educacional.

Baseado nestes resultados, foi feito um levantamento apontando-se os

principais problemas e necessidades encontrados, os quais pretende-se trabalhar durante o

ano de 2001.

Através de técnicas especificas pretende-se. também, caracterizar, de

forma geral. o corpo discente

Page 43: a teoria e prática da orientação educacional: um estudo de caso

IV – Problemas e necessidades detectados - Educação infantil

� Problemas de comportamento; � Mães que querem ficar com filhos na sala de aula � Problemas de socialização

- Ensino Fundamental (1ª a 8ª série)

� Orientação ao estudo ('problema de raciocínio, preguiça, mal hábitos,

horários, falta de estimulo, concentração): � Problemas de relacionamento/comportamento � Orientação às famílias � Orientação profissional

- Ensino Médio

� Integração disciplinar � Análise das atrvidades desenvolvidas pelo professor em relação às metas

estabelecidas pela escola � Orientação ao estudo: � Orientação às famílias: � Orientação profissional: � Problemas de relacionamento/comportamento: � Falta de interesse com relação á disciplina estudada

V - Ações sugeridas

De acordo cosa os problumis c necessidades detectados o Seivicu d*-

Orientação Educacional pretende desenvolver trabalhos nas diversas ares..

a) Orientação ao estudo: pretende-se desenvolver, em conjunto com a coordenação

pedagógica, alguns procedimentos para melhorar o aproveitamento dos alunos, através

de estímulos ao estudo em sala de aula, em casa e utiliozação dos recursos oferecidos

pela escola.

Page 44: a teoria e prática da orientação educacional: um estudo de caso

b) Oríentacão profissional: orientar, em coniunto com professores. os alunos nas

escolhas profissíonais, de acordo com as necessidades individuais e sociais através de

testes de aptidões, palestras, dinâmicas, entrevistas etc.

c) Orientação religiosa: auxiliar os coordenadores de educação religiosa na busca do

desenvolvimento dos valores cristãos integrados à todas as atividades.

d) Orientação sexual: desenvolver um programa de orientação sexual em parceria com

coordenadores de educação religiosa estimulando os professores a trabalharem com temas

relacionados, através de dinâmicas de grupo encontros temáticos, etc.

e) Orientação ao lazer: auxiliar coordenadores e professores no planeiamento de

atividades e eventos extra-curriculares.

f) Orientação à problemas eventuais: analisar e propôr sugestões de soluções para

problemas que surgirem no decorrer do ano letivo.

g) Orientarão familiar: pretende-se integrar a família em todas as atividades

desenvolvidas no Colégio, através de eventos relacionados, reuniões periódicas, etc.

São Carlos. 01 de fevereiro de 2001

Page 45: a teoria e prática da orientação educacional: um estudo de caso

Anexo 2 – Entrevistas

Page 46: a teoria e prática da orientação educacional: um estudo de caso

Anexo – 2 A

Entrevista realizada com a Orientadora Educacional

Quais são suas funções para com os professores?

O.E. – Bimestralmente eles me entregam um plano de aula contendo todas as

atividades extra-apostila que darão, com seus respectivos materiais e espaços que serão

usados, passeios que serão realizados. Os analiso, agendo somente os passeios e o

retorno eu lhes dou na semana pedagógica, a qual é realizada no início de cada ano.

Também trago idéia de palestras para a semana pedagógica, pois, por estar em contato

constante com os professores, sei de suas dúvidas e aflições.

E para com os alunos?

O.E. – Para os alunos de 1ª série do Ensino fundamental, cuido de seu

rendimento escolar, tomando tabuada e leitura nos dois semestres, assim posso detectar

quem precisa de ajuda ou não. Se essa for necessária, encaminho o aluno para o reforço,

e lá o acompanho. Nas demais séries, até a 4ª a professora me relata algum problema

ocorrente, eu o investigo e, se necessário for, eu encaminho também esse aluno para o

reforço.

Já de 5ª série do Ensino Fundamental até 3ª série do ensino médio, forneço a

orientação ao estudo, na qual faço com um aluno um cronograma de horários assim

como o ensino a como estudar: por qual matéria começar, em qual ambiente estudar,

etc.

Também arquivo todos os documentos de todos os alunos da escola, assim

como faço uma listagem dos alunos que tiraram nota abaixo da média nas provas.

Além disso, trabalho com a questão do vestibular, montando painéis de cursos

e universidades de todo o país, fornecendo palestras com diferentes profissionais,

fazendo o teste vocacional e fornecendo orientação profissional àqueles alunos

indecisos.

Page 47: a teoria e prática da orientação educacional: um estudo de caso

Você se relaciona diretamente com os pais dos alunos?

O.E. – Sim, quando isso se faz necessário. Eles me procuram bastante para

sanar suas dúvidas em relação ao rendimento de seus filhos. Também forneço a eles

palestras sobre Hiperatividade, Distúrbio de comportamento, etc.

Os pais me procuram muito para falar sobre vários assuntos pois no tempo em

que estive aqui já houve 3 mudanças na coordenação, e por isso eles sentem mais

segurança ao me procurar e conversar comigo.

Então você é responsável por todos os assuntos relacionados aos alunos?

O.E. – No momento não, pois fui passando à coordenação alguns assuntos

como os relacionados a disciplina, provas substitutas e recuperação. Fiz isso pois não

estava tendo tempo de fazer um bom atendimento a quem precisava de uma ajuda mais

complexa.

Você cuida de algum assunto burocrático da escola?

O.E. – No que trata de questões burocráticas, sou responsável pelos inúmeros

estagiários que aqui atuam, lidando com os termos de responsabilidade e documentação

necessária. Também estou sempre em contato com a Diretoria de Ensino da cidade,

principalmente para resolver questões de documentos de repetência.

Vocês trabalham com a inclusão na escola?

O.E. – O que mais ocorre é a inclusão de alunos com um grau muito grande de

dificuldade de aprendizagem, e trabalho com a inclusão deles na sala de aula, quais

conteúdos serão trabalhados, de qual maneira, faço a comunicação com outros

profissionais, como fonoaudiólogos, psicopedagogos e psicólogos, assim como a

comunicação escola-família.

Também incluímos alunos com |Necessidades Educacionais Especiais, como

cegos e portadores da síndrome de Down, fornecendo a eles um ambiente acolhedor e

propício a seu aprendizado.

Page 48: a teoria e prática da orientação educacional: um estudo de caso

Anexo – 2 B

Questionário Coordenadores

1 – Formação:

C.P. - Nível superior em Pedagogia e Especialização em Educação infantil

2 – Em qual nível de ensino atua?

C.P. – Coordenadora Pedagógica da Educação Infantil e 1° Ano do Ensino

Fundamental

3 – Você se recorda de alguma situação em que precisou do auxilio do SOE

(Serviço de Orientação Educacional) juntamente com algum de seus professores?

(X) sim ( ) não

4 – Em caso afirmativo descreva as situações mais pertinentes (positivas e/ou

negativas)

C.P. – Uma criança com medo de anjo e bruxa.

Orientou a professora para trabalhar com historinhas que falassem de anjo e bruxa

para desfazer a má impressão que a criança tinha desses personagens.

Dificuldade de aprendizagem:

Orienta-se professora e pais para que trabalhem mais com fichas do alfabeto,

joguinhos e que os pais em casa determinem um lugar tranqüilo e horário para que se

realize as tarefas e dêem uma atenção especial na hora de realizá-la.

5 - Como acontece a atuação da Orientadora Educacional na escola em que

trabalha? Existe uma ação conjunta? Como ocorre?

C.P. – A professora detecta o aluno problema, passa o caso para a coordenação;

em seguida solicitamos uma reunião com o SOE e juntos decidimos quais

procedimentos devemos tomar de acordo com o tipo de problema.

Page 49: a teoria e prática da orientação educacional: um estudo de caso

6 – Como você descreveria a função de um Orientador Educacional em seu

trabalho? De que forma isso ocorre?

C.P. – Orientando o professor na maneira mais correta de trabalhar com o aluno

que apresenta problema e desenvolvendo um trabalho individualizado com alunos e

pais.

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Anexo – 2 C

Questionário professores 1 – Formação: ____________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2 – Série que leciona: ____________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3 – Já precisou acionar o SOE (Serviço de Orientação Educacional) em algum momento de sua atuação nessa escola? ( ) sim ( ) não 4 – Se sim, qual foi o contexto em que seu aluno e/ou você se encontrava? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 5 – Como você descreveria o trabalho feito pelo SOE, e em que ele ajudou no momento em que precisou? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________________________ 6 – A atuação da Orientadora Educacional na escola resulta em situações positivas e/ou negativas? Como descreveria essas situações? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________________________