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DANIEL RODRIGUES NOGUEIRA DIOGO SIE CARREIRO LIMA PATRÍCIA DINIZ DIAS PAIVA SOLIMAR ASSIS VINÍCIUS LIMA GANTE A TIPOLOGIA ADEQUADA PARA O ESCRITÓRIO DE PROJETOS DO GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS: O PROJECT MANAGEMENT OFFICE MINEIRO EM FOCO BELO HORIZONTE MINAS GERAIS - BRASIL 2008

A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

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Page 1: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

DANIEL RODRIGUES NOGUEIRA

DIOGO SIE CARREIRO LIMA

PATRÍCIA DINIZ DIAS PAIVA

SOLIMAR ASSIS

VINÍCIUS LIMA GANTE

A TIPOLOGIA ADEQUADA PARA O ESCRITÓRIO DE PROJETOS DO GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS: O PROJECT MANAGEMENT OFFICE MINEIRO

EM FOCO

BELO HORIZONTE MINAS GERAIS - BRASIL

2008

Page 2: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

DANIEL RODRIGUES NOGUEIRA

DIOGO SIE CARREIRO LIMA

PATRÍCIA DINIZ DIAS PAIVA

SOLIMAR ASSIS

VINÍCIUS LIMA GANTE

A TIPOLOGIA ADEQUADA PARA O ESCRITÓRIO DE PROJETOS DO GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS: O PROJECT MANAGEMENT OFFICE MINEIRO

EM FOCO

Projeto Aplicativo apresentado à Fundação Dom Cabral, como parte das exigências para conclusão do Programa de Especialização em Gestão – Pós-Graduação Lato Sensu.

BELO HORIZONTE MINAS GERAIS - BRASIL

2008

Page 3: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

ii

Dedicamos este trabalho,

Aos nossos pais, amigos e familiares

sempre presentes na realização de nossos sonhos.

A Deus, a fonte de que tudo é,

que no comando dos acasos,

nos reuniu para realizarmos este trabalho.

Aos nossos amores,

seres iluminados que nos inspiram

e nos guiam pelo caminho da evolução.

Page 4: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

iii

AGRADECIMENTOS

À Secretária de Estado, ao Secretário Adjunto de Planejamento e Gestão e ao

Subsecretário de Gestão que tornaram possível a realização deste curso.

Ao nosso orientador, Prof. Manuel Carvalho da Silva Neto, pela ajuda e atenção.

A todos que, de alguma forma, contribuíram para o desenvolvimento deste trabalho.

Page 5: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

iv

SUMÁRIO

LISTA DE ILUSTRAÇÕES ........................................................................................... 5 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS .................................................................... 6 RESUMO ......................................................................................................................... 7 ABSTRACT ..................................................................................................................... 8 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 9 2 CONTEXTUALIZAÇÃO ............................................................................................ 10 2.1 A Origem do Choque de Gestão ............................................................................... 11 2.2 Antecedentes do Escritório de Gerenciamento de Projetos no Estado de Minas Gerais ................................................................................................................................ 14 2.3 A importância adquirida pela Unidade de Apoio ao Gerenciamento de Projetos ............................................................................................................................. 17 2.4 Os produtos do GERAES ......................................................................................... 18 2.4.1 O Status Report ......................................................................................................... 19 2.4.2 O Plano de Ação ....................................................................................................... 21 2.4.3 A Agenda Positiva .................................................................................................... 22 2.4.4 O Painel de Controle ................................................................................................. 23 2.4.5 Gestão Financeira e Orçamentária dos Projetos Estruturadores ............................... 24 3. REFERENCIAL TEÓRICO ...................................................................................... 25 3.1 Conceito de projetos .................................................................................................. 25 3.2 Gerenciamento de Projetos ....................................................................................... 26 3.3 Escritório de Projetos ................................................................................................ 27 3.3.1 Papel e funções de um escritório de projetos ........................................................... 29 3.3.2 Implantação do PMO – Project Management Office ............................................... 31 3.3.3 Vantagens de implantação de um PMO ................................................................... 34 3.3.4 Tipos de PMO ........................................................................................................... 36 4 METODOLOGIA DA PESQUISA ............................................................................. 45 4.1 Pesquisa qualitativa ................................................................................................... 45 4.2 Estudo de caso............................................................................................................ 46 4.3 Etapas da pesquisa .................................................................................................... 48 5 ANÁLISE DOS RESULTADOS DA PESQUISA ..................................................... 49 5.1 As Melhores Práticas ................................................................................................. 56 6 CONCLUSÃO ............................................................................................................... 59 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 60 ANEXO I .......................................................................................................................... 66 ANEXO II ......................................................................................................................... 68 ANEXO III ....................................................................................................................... 70 ANEXO IV ....................................................................................................................... 71

Page 6: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

v

LISTA DE ILUSTRAÇOES

GRÁFICOS

Gráfico 1.0 Percentual de Investimentos realizados por meio de Projeto Estruturadores em Minas Gerais – 2004 a 2007 ........................................................................................ 17 Gráfico 2.0 Funções oferecidas pelos Escritórios de Projetos - Adaptado de Quelhas e Barcaui (2004) ................................................................................................................... 30 Gráfico 3.0 “O que o GERAES não faz atualmente, mas deveria fazer” ......................... 49 Gráfico 4.0 “O que é unânime que o GERAES deve continuar fazendo” ........................ 51 Gráfico 5.0 “O que o GERAES não faz e não deve fazer” ............................................... 52 Gráfico 6.0 Percepção dos gerentes de projetos quanto às práticas de PSO do Escritório de Projetos do Governo do Estado de Minas Gerais - Minas Gerais – 2008 .................... 71 Gráfico 7.0 Percepção dos gerentes de projetos quanto às práticas de PMCE do Escritório de Projetos do Governo do Estado de Minas Gerais - Minas Gerais – 2008 .... 72 Gráfico 8.0 Percepção dos gerentes de projetos quanto às práticas de PrgMO do Escritório de Projetos do Governo do Estado de Minas Gerais - Minas Gerais – 2008 .... 73 Gráfico 9.0 Percepção dos gerentes de projetos quanto às práticas de CPO do Escritório de Projetos do Governo do Estado de Minas Gerais - Minas Gerais – 2008 .... 74

QUADROS

Quadro 1.0 Passos propostos para implantação de um PMO – adaptado de Gerhard (2004) ................................................................................................................................. 31

FIGURAS Figura 1.0 APT: Equipe Autônoma de Projeto – adaptado de Dinsmore (1998) e Vargas (2003) .................................................................................................................... 38 Figura 2.0 PSO de abrangência departamental – adaptado de Vargas (2003) ................. 39 Figura 3.0 PSO corporativo, que atende a todos departamentos – adaptado de Vargas (2003) ................................................................................................................................. 40 Figura 4.0 Canais de comunicação e relacionamento do PMCOE – adaptado de Dinsmore (1998) ................................................................................................................ 41 Figura 5.0 Gerenciamento de benéficos de um programa – adaptado de Vasconcelos (2007) ................................................................................................................................. 43

Figura 6.0 Gerenciamento de benéficos – adaptado de Vasconcelos (2007) ................... 54

Figura 7.0 Governança de um programa – adaptado de Vasconcelos (2007) .................. 55

Page 7: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

vi

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APC Assessoria de Planejamento e Coordenação

APO Accountable Project Office - Escritório de Controladoria de Projetos

APT Autonomous Project Team - Equipe de Projetos Autônomos

CE Center of Excellence - Centro de Excelência

CPO Chief Project Officer - Escritório de Projetos de Alta Liderança

DEOP/MG Departamento de Obras Públicas do Estado de Minas Gerais

DER/MG Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de Minas Gerais

EPM MS Project Server

GERAES Gestão Estratégica de Recursos e Ações do Estado

MEPCP Metodologia Estruturada de Planejamento e Controle de Projetos

NGP Nova Gestão Pública

PE Projeto Estruturador

PMBOK Project Management Body of Knowledge

PMCOE Project Management Center of Excellence - Centro em Excelência de Gestão de Projetos

PMDI Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado

PMI Project Management Institute

PMO Project Management Office - Escritório de Gerenciamento de Projetos

PPAG Plano Plurianual de Ação Governamental

PrgMO Program Management Office - Escritório de Gerenciamento de Programas

PSO Project Support Office – Escritório de Suporte de Projetos

SAO Sistemas de Apoio Operacional

SCGERAES Superintendência Central de Gestão de Recursos e Ações do Estado

SEMAD Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável

SEPLAG Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão

SEPLAN Secretaria de Estado de Planejamento

SERHA Secretaria de Estado de Recursos Humanos e Administração

SETOP Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas

SPGF Superintendente de Planejamento, Gestão e Finanças

SUMOR Superintendência de Modernização Administrativa

GERAES Unidade de Apoio do Gerenciamento de Projetos

Page 8: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

vii

RESUMO

O gerenciamento de projetos está cada vez mais presente nas organizações ágeis e

flexíveis, que buscam modernizar sua gestão para o alcance de melhores resultados.

Em muitas destas organizações o Escritório de Projetos (EGP) também conhecido

como Project Management Office (PMO), é um instrumento de suporte aos Gerentes de

Projeto e às suas equipes e uma ferramenta efetiva de disseminação das melhores práticas de

Gestão de Projetos.

O Governo de Minas Gerais, ciente disto e sintonizado com o que há de mais moderno

em Gestão, implementou em 2003 um escritório de projetos, conhecido como GERAES, com

objetivos intrínsecos à Organização. O estudo visa analisar qual o modelo de atuação mais

adequado para o GERAES, apresentando os fatores que determinam cada uma das tipologias

existentes e comparando com as necessidades identificadas do modelo de gestão mineiro.

Para isso foram estudados e discutidos conceitos de projetos, escritórios de projetos,

vantagens, passos para implantação, tipologias e funções do Escritório de Projetos.

Como resultado do trabalho foram identificadas as expectativas das partes interessadas

e a forma de atuação mais adequada ao GERAES, além do que é necessário ser implementado

para melhorar a eficácia do modelo já em evolução, inclusive com recomendações a trabalhos

futuros.

Palavra-chave: Gerenciamento, projetos, escritórios.

Page 9: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

viii

ABSTRACT

Project Management has been an important tool to flexible and efficient organizations

that look forward to modernizing their management to reach better results.

In many organizations Project Management Office (PMO) supports Project Managers

and their teams to actually spread best practices involving Project Management.

Aware of what is modern about project management Minas Gerais Government

implemented a PMO in 2003 known as GERAES, with intrinsics goals to the Organization.

This study aims to review the most suitable office typology to GERAES, introducing factors

that set the existing types up, comparing them to needs identified for the State model.

In order to do such review project concepts, project offices concepts, advantages, steps

for its deployment, typologies and PMO`s functions were studied and discussed.

As a result, stakeholders expectations regarding the most suitable office typology to

GERAES were identified, besides what takes to improve effectiveness within the evolving

model. In addition to that, it was given advices to future studies about Project Management

Offices.

Key-word: Management, projects, offices.

Page 10: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

9

1. INTRODUÇÃO

O cenário fiscal do Estado de Minas Gerais em 2003, quando da posse do

Governador Aécio Neves, era negativo, apresentando déficit fiscal e sérios problemas de

gestão.

Dentre as diversas medidas adotadas pelo governo, construiu-se uma agenda de

desenvolvimento de médio e longo prazo, voltada para investimentos que impulsionassem a

construção de um futuro de desenvolvimento social e econômico. Nela estava prevista a

implantação de um escritório de projetos central do governo, que monitoraria um portfólio de

programas, nomeados Projetos Estruturadores, que devem ter potencial de estruturar o futuro

almejado e de multiplicar os benefícios para os cidadãos de Minas Gerais, porém com

capacidade de produção de resultados rápidos, relevantes e de alta visibilidade.

O escritório, conhecido como GERAES, foi implantado ainda em 2003 com a

responsabilidade de melhorar a implementação dos Projetos Estruturadores do Governo,

através do gerenciamento diferenciado e intensivo e ainda da manutenção dos investimentos

estratégicos nestes projetos.

Cinco anos depois o GERAES encontra-se institucionalizado, sendo responsável em

2007 pela gestão de 59% dos investimentos estatais estaduais.

A importância adquirida pelo escritório de projetos na estrutura governamental

tornou-o, portanto, extremamente atraente como objeto de estudo. Algumas perguntas podem

ser levantadas: Quais funções o GERAES desempenha? O GERAES vai de encontro aos

anseios dos gerentes de projeto estaduais? Existem atribuições que podem ser acrescentadas?

Enfim, que tipologia de escritório de projetos ele se enquadra? E em qual melhor se

enquadraria?

Visando responder a estas perguntas, foi realizado um diagnóstico da situação atual

do escritório de projetos do governo de Minas Gerais.

O estudo que se segue responde às perguntas formuladas acima e permite que se faça

uma leitura de como atua o escritório de projetos no governo de Minas Gerais e do que ele

pode vir a incorporar em seu escopo de atividades.

Page 11: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

10

2- CONTEXTUALIZAÇÃO

Minas Gerais, à exemplo do governo federal brasileiro, passou por uma profunda crise

a partir da década de 70. Ao final da década de 80, o Estado encontrava-se paralisado, sem

capacidade de desempenhar suas funções básicas na área social, de manter os setores cujo

monopólio lhe era atribuído por lei e de garantir os investimentos necessários para

manutenção e ampliação da infra-estrutura (Brasil, 1995).

Adotando os princípios da “Nova Gestão Pública (NGP)” ou New Public Management

(BRESSER PEREIRA, 1999), a Reforma da Gestão Pública de 1995 visava substituir a

administração pública burocrática misturada a práticas clientelistas ou patrimonialistas por

uma administração pública gerencial, cujo objetivo é contribuir para a formação no Brasil de

um Estado forte e eficiente. A Reforma da Gestão Pública compreende três dimensões:

a) uma dimensão institucional-legal, voltada à descentralização da estrutura

organizacional do aparelho do Estado através da criação de novos formatos organizacionais,

como as agências executivas, regulatórias, e as organizações sociais;

b) uma dimensão gestão, definida pela maior autonomia e a introdução de três novas

formas de responsabilização dos gestores – a administração por resultados, a competição

administrada por excelência, e o controle social – em substituição parcial dos regulamentos

rígidos, da supervisão e da auditoria, que caracterizam a administração burocrática, e,

c) uma dimensão cultural, de mudança de mentalidade, visando passar da

desconfiança generalizada que caracteriza a administração burocrática para uma confiança

maior, anda que limitada, própria da administração gerencial.

A NGP se caracteriza por: a) caráter estratégico ou orientado por resultado do

processo decisório; b) descentralização; c) flexibilidade; d) desempenho crescente e

pagamento por desempenho/produtividade; e) competitividade interna e externa; f)

direcionamento estratégico; g) transparência e cobrança de resultados (accountability); h)

padrões diferenciados de delegação e discricionariedade; i) separação da política da sua

gestão; j) desenvolvimento de habilidades gerenciais; l) terceirização; m) limitação da

estabilidade de servidores e regimes temporários de emprego; e n) estruturas diferenciadas

(MATOS apud MARTINS, 2004).

Este modelo adotado pelo governo federal brasileiro influenciou e ainda é fonte de

inspiração para diversos estados e municípios da federação, tais como o Estado de Minas

Gerais, objeto de nossa análise.

Page 12: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

11

2.1 – A Origem do Choque de Gestão

Em 2002, o cenário da Administração Pública Estadual mineira não era positivo.

Minas Gerais apresentava um gravíssimo quadro fiscal com déficit nas finanças públicas,

histórico e crônico, desde 1996. Faltavam recursos para custear as despesas do Estado,

inclusive com a folha de pessoal, os investimentos com recursos do tesouro estadual não

existiam. Como conseqüência havia descrédito internacional, fuga de investimentos privados

e erosão da infra-estrutura pública.

Nesse contexto, o equilíbrio fiscal preencheu integralmente as agendas dos

principais dirigentes do Estado. A capacidade de investimento do Estado, seja em políticas

sociais, seja no fomento econômico, é resultado do equacionamento da crise fiscal. O

investimento com recursos próprios do Tesouro Estadual e com financiamentos externos

dependia de um severo ajuste fiscal (BARRETO; TAVARES, 2004).

Aliado a outros fatores, os modelos de gestão não se renovavam, havia a falta da

ação governamental em virtude da carência material de recursos que implicava em servidores

públicos desacreditados e desestimulados.

Tal cenário não pode ser atribuído a um único governo ou a um único fator e sim

ao somatório de fatores negativos.

Foi neste contexto, em 2002, que a equipe do atual governo elaborou o programa

de governo baseado na contribuição de um grupo de técnicos de diversas áreas de

conhecimento e com experiência no setor público. A partir destas contribuições foi

identificado em todos os segmentos um sério problema de gestão na Administração Pública,

ou seja, não existia somente uma crise fiscal, como também a forma de funcionamento do

Estado estava ultrapassada. Desta maneira, percebeu-se que mesmo que o Estado recuperasse

a capacidade de investimento do poder público, se o modo de operar a máquina pública não

fosse alterado corria-se o risco de persistirem indicadores deficientes nas políticas públicas

estaduais.

Novos mecanismos para a gestão do Estado deveriam ser introduzidos, e de forma

rápida. Assim, logo surgiu a idéia de um choque, ou seja, um conjunto de medidas de rápido

impacto para modificar, de vez, o padrão de comportamento da Administração Estadual,

imprimindo-lhe um ritmo consentâneo com a contemporaneidade própria de uma gestão

eficiente, efetiva e eficaz (ANASTASIA, 2006). Em 2003, surgia assim o Projeto Choque de

Gestão.

Page 13: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

12

Diante do contexto apresentado foram traçadas duas agendas, uma focada no

ajuste fiscal e na redução de estruturas baseado em ações de curto prazo, outra focada na

construção de uma agenda de desenvolvimento de médio e longo prazo, voltada para

investimentos que apontassem a construção do futuro almejado.

A visão estratégica de futuro para Minas orientou dois movimentos simultâneos e

complementares: i) de um lado houve a formulação e o início da execução, ainda em 2003, da

carteira de projetos estruturadores, o GERAES, um conjunto de poucas iniciativas

estratégicas, “portadoras de futuro”, com potencial estruturador e multiplicador, com

capacidade de produção de resultados rápidos, relevantes e de alta visibilidade. O GERAES

foi lançado em julho de 2003. Inicialmente era formado por uma carteira de 30 projetos

estruturadores, que foram escolhidos estrategicamente e que contribuíam para o

desenvolvimento do Estado. Esta carteira de projetos estruturadores possuía as características

de organizar-se como um grande projeto (ou portfólio), com foco bem definido, objetivos

mensuráveis, ações, metas, prazos, custos e resultados esperados, que permitiam um

gerenciamento intensivo. A curto prazo o que se esperava do GERAES era a melhoria dos

resultados do Governo, através do gerenciamento diferenciado e da manutenção dos

investimentos estratégicos nestes projetos.

Do outro lado, elaborava-se o planejamento estratégico de longo e de médio prazo de

forma integrada ao orçamento.

A partir do uso de ferramentas de gestão estratégica no setor público e a

implementação e utilização do gerenciamento de projetos e de programas focados em

resultados com recursos assegurados, criou-se um ambiente favorável ao cumprimento das

metas e resultados propostos.

Em setembro de 2003, quando do envio do PPAG - Plano Plurianual de Ação

Governamental à Assembléia Legislativa de Minas Gerais, decidiu-se que a consultoria

responsável pela metodologia de gerenciamento de projetos iria trabalhar no apoio do

gerenciamento do portfólio dos Projetos Estruturadores do Governo de Minas Gerais. Assim,

era necessário que houvesse uma equipe do governo para trabalhar junto com os técnicos da

consultoria, no objetivo de absorver a metodologia que estes estavam implementando. Tal

equipe se deu com a imediata realocação dos três técnicos da Diretoria de Planejamento,

Racionalização e Informação para um setor que estava se formando e onde se configuraria a

interação entre os trabalhos de consultoria e as atividades de gerenciamento do Estado para

seus projetos estruturadores. Nascia naquele momento o GERAES, estruturado como um

Page 14: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

13

inovador escritório de gerenciamento de projetos do setor público, oriundo deste choque de

gestão.

Para o monitoramento do GERAES foi criada a Superintendência Central de Gestão de

Recursos e Ações do Estado, SCGERAES, na estrutura da Subsecretaria de Planejamento e

Orçamento da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão - SEPLAG.

A finalidade desta superintendência é acompanhar a implementação dos Projetos

Estruturadores do Governo de Minas Gerais, bem como coordenar a elaboração de relatórios

visando maior transparência às ações de governo.

Seu objetivo precípuo é apoiar a gestão dos Projetos Estruturadores, utilizando

ferramentas de gestão de projetos (Metodologia Estruturada de Planejamento e Controle de

Projetos - MEPCP) visando garantir os resultados esperados.

Page 15: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

14

2.2 - Antecedentes do Escritório de Gerenciamento de Projetos no Estado de

Minas Gerais

Não existem registros sobre a existência de uma estrutura de gerenciamento de

projetos no Governo de Minas Gerais, até o início do ano de 2001. Antes desse período, as

ações de um incipiente gerenciamento atuavam no sentido da adoção de práticas de

planejamento e avaliação de programas e políticas públicas, que focalizavam apenas o

produto, os custos e os prazos.

Em fevereiro de 2001, foi desenvolvido no âmbito da Secretaria de Estado de

Recursos Humanos e Administração – SERHA, através da Superintendência de Modernização

Administrativa – SUMOR, um estudo técnico, semelhante a uma cartilha, enumerando as

principais etapas e processos da prática de gerência de projetos governamentais. Mediante

trabalhos e estudos feitos pelos técnicos da SUMOR com base no Project Management Body

of Knowledge - PMBOK e de outras referências bibliográficas pertinentes à realidade do setor

público, foi concebido o Manual de Gerência de Projetos. Este documento oficial definia

claramente a sistemática e os mecanismos para um eficaz gerenciamento de projetos.

O Manual de Gerência de Projetos possibilitou que em outubro de 2001 fosse

implementada para os técnicos da SUMOR e da Assessoria de Planejamento e Coordenação -

APC/SERHA a Metodologia de Gerência de Projetos, cujo cerne era o conjunto de conceitos

e práticas postulados no PMBOK. Assim:

“A Metodologia enumera como partes envolvidas no projeto o gerente, o

cliente, a equipe, o patrocinador, o fornecedor e o parceiro. Ao tratar do ciclo de vida

do projeto, a Metodologia destaca que o projeto deve ser dividido em fases a fim de

se obter um controle gerencial mais preciso, além de se ganhar em organização, pois

a divisão em fases facilita a decomposição em tarefas. Entretanto, o manual não

adota nenhum esquema de divisão de projetos em fases, embora utilize os processos

de gerência de projetos: inicialização, planejamento, execução, controle e

encerramento”. (ALVES, 2002, p.62)

Para operacionalizar a Metodologia de Gerência de Projetos, e a conseqüente execução

das atividades de gerenciamento de projetos, foi instaurado, na mesma época, o Escritório de

Projetos, alocado na APC. O Escritório, que contava com apenas 2 técnicos, passou a

acompanhar de maneira mais estreita os projetos, realizando reuniões periódicas com seus

Page 16: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

15

respectivos gerentes. Dessas reuniões eram extraídos planos de trabalho e relatórios de

acompanhamento.

Aos poucos, observava-se a consolidação do Escritório de Projetos da SERHA perante

os órgãos envolvidos na execução dos projetos e seus respectivos gerentes.

A principal linha de ação do Escritório de Projetos tem sido a de auxiliar os

gerentes dos projetos no trabalho de gerência de escopo e prazos dos projetos. Tanto

na fase de planejamento, durante a qual o Escritório procura preencher o Plano de

Trabalho em conjunto com o gerente, de forma a auxiliar no amadurecimento de

idéias, definição de produtos, planejamento de etapas e determinação de prazos e

recursos demandados, quanto durante a execução do projeto, através de atividades de

controle e acompanhamento. (ALVES, 2002, p.68)

Já no final do ano de 2002, o Escritório de Projetos da SERHA contava com apenas

um técnico e o desenvolvimento do trabalho revelava cada vez um volume maior de

demandas, haja vista que quanto mais tempo havia no andamento dos projetos, mais

necessidades e acontecimentos iam surgindo. Centradas em apenas um funcionário e sem

contar com adequada estrutura física e operacional, as atividades do Escritório começaram a

perder força.

Em janeiro de 2003, com a mudança de Governo - início da gestão Aécio Neves -,

ocorreu uma Reforma Administrativa que reorganizou as Secretarias de Estado, sendo que as

antigas SERHA e SEPLAN se fundiram em uma só secretaria, que passou a se chamar

Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão – SEPLAG. Com a referida mudança, a APC e

o Escritório de Projetos foram extintos.

Nesse momento, foi criada na estrutura organizacional da SEPLAG, a Diretoria de

Planejamento, Racionalização e Informação, que passou a assumir todas as funções da APC

entre outras atribuições. O único funcionário do extinto Escritório de Projetos da

APC/SERHA, assumiu o cargo de diretor da Diretoria de Planejamento, Racionalização e

Informação, decidindo, por conseguinte, dar prosseguimento às atividades antes realizadas,

criando, dessa forma, o Escritório de Projetos da SEPLAG, que passou a contar com uma

equipe de 3 técnicos.

Em paralelo a isso, a Subsecretaria de Planejamento e Orçamento da SEPLAG iniciou

o processo de planejamento estratégico do governo do Estado para a elaboração do Plano

Plurianual de Ação Governamental – PPAG, e do Plano Mineiro de Desenvolvimento

Integrado – PMDI. Nesse sentido, a Subsecretaria contratou, para dar suporte a execução

Page 17: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

16

desses planos, duas consultorias, cada qual com as respectivas responsabilidades: apoio à

execução do PMDI e implantação de uma metodologia de gerenciamento de projetos para

acompanhamento dos projetos estruturadores.

Page 18: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

17

2.3 - A importância adquirida pelo GERAES

Cinco anos se passaram da implementação do GERAES na Secretaria de Estado de

Planejamento e Gestão - SEPLAG, e alguns aspectos podem ser observados para demonstrar a

consolidação deste Escritório de Projetos dentro da estrutura estatal, tais como a reprodução

de escritórios de projetos dentro de outras Secretarias de Estado e o aumento progressivo do

percentual de investimentos públicos consolidados em programas desenvolvidos com apoio

do GERAES.

26%

74%

33%

67%

45%

55%

59%

41%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

2004 2005 2006 2007

Percentual de Investimentos realizados por meio de Projetos Estruturadores em Minas Gerais

Estruturadores Não EstruturadoresFonte: Armazém SIAFI (13/08/2007).

Gráfico 1.0 – Percentual de Investimentos realizados por meio de Projeto Estruturadores em Minas Gerais – 2004 a 2007

Primeiramente, é possível observar uma tendência de instalação de escritórios setoriais

de projetos em Secretarias responsáveis pelas atividades fim do Estado de Minas Gerais,

exemplificáveis através da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento

Sustentável – SEMAD, Secretaria de Estado de Transporte e Obras Públicas – SETOP,

Departamento de Estradas de Rodagem – DER/MG, e Departamento de Obras Públicas –

DEOP/MG. Três destes escritórios foram montados sob coordenação direta de egressos do

GERAES.

Isto só demonstra a confiança crescente e possivelmente uma mudança cultural da

administração pública estadual que aceitou e incorporou a gestão de projetos via GERAES.

Page 19: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

18

2.4 - Os produtos do GERAES

A adoção de uma metodologia de gerenciamento de projetos tinha como objetivo

permitir um acompanhamento diferenciado para os projetos estratégicos do Governo e que

permitisse: i) estabelecer planos de projeto, atribuindo metas e responsáveis a cada atividade

dos projetos; ii) disseminar entre todos os envolvidos a informação sobre as metas

estabelecidas, as responsabilidades e prazos; iii) acompanhar sistematicamente o desempenho

dos projetos em relação ao planejado, gerando informação em todos os níveis - operacional,

tático e estratégico – para melhorar a coordenação e servir de insumo à tomada de decisão; e

iv) gerar informação para o estabelecimento de mecanismos de incentivo para as organizações

internalizarem a estratégia principal do governo e para criação de uma base de dados que

atenue o risco de imprecisão de metas. (TAVARES e BARRETO, 200n).

O GERAES atualmente tem a função de: i) assessorar os Gerentes de Projetos no

planejamento, execução e controle de todos os projetos; ii) manter a alta administração do

Governo de Minas Gerais informada; iii) padronizar os procedimentos de gerenciamento dos

projetos; iv) definir e utilizar as ferramentas computacionais de gerenciamento de projetos; v)

apresentar a situação do andamento dos projetos ao Comitê de Resultados; e vi) manter o

Comitê de Resultados e a alta administração informados de todos os desvios de meta.

Para operacionalizar as suas funções, como dito anteriormente, o GERAES

desempenha ações específicas, as quais são consubstanciadas em 4 (quatro) principais

instrumentos: i) o Status Report; ii) o Painel de Controle; iii) o Plano de Ação; e iv) a Agenda

Positiva. Os modelos destes instrumentos estão disponíveis no Anexo I deste estudo.

Page 20: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

19

2.4.1 - O Status Report

O Status Report é o relatório que consolida mensalmente a situação de cada Projeto

Estruturador. Como ferramenta gerencial de monitoramento dos PEs, ele tem por finalidade

informar o desempenho físico e financeiro de cada projeto e sistematizar o tratamento das

restrições à execução do mesmo.

Esta ferramenta gerencial é produzida nas reuniões de acompanhamento da execução

dos PEs, realizada mensalmente pelos técnicos do GERAES em contato in loco com os

órgãos, gerentes e equipe responsáveis pelos projetos. Nessas reuniões, o GERAES,

representado por seus técnicos, procura sempre vislumbrar situações pertinentes ao

andamento dos PEs, naquilo que tange à: execução física das metas pactuadas; pleitos

orçamentários; eventos positivos, metas realizadas ou resultados alcançados; ações não

acordadas ou fora do escopo; restrições (dificuldades ou riscos) à execução do projeto; e

atualização do Plano de Ação de tratamento de restrições.

Num primeiro momento, o GERAES agenda essas reuniões com o gerente executivo,

gerente adjunto, responsáveis por ações e Superintendentes de Planejamento, Gestão e

Finanças – SPGF`s, até o último dia útil da primeira quinzena do mês. Para essas reuniões, o

Status Report do mês anterior já segue atualizado, principalmente no que diz respeito à

posição orçamentária. A elaboração do Status Report requer o preenchimento de vários

campos que retratam um relatório de como se encontra a atual situação de cada PE. O Status

Report é composto dos seguintes campos: i) Situação Atual da Ação: é onde se dá a

identificação de cada ação que compõe o projeto, informando sua posição orçamentária no

mês de referência; ii) Farol da Ação: indica o posicionamento de execução das etapas/marcos

relativo ao cumprimento do cronograma planejado; iii) Etapas/Marcos: onde as principais

metas são identificadas para a execução da ação com suas datas de término planejadas e

previstas; iv) Descrição da solicitação financeira: é a especificação de destino do pleito de

cotas orçamentárias solicitadas pelos gerentes executivos dos PE`s; v) Comentários: é onde se

mostra os fatos de relevância ocorridos, durante o mês, que não foram identificados nas

etapas/marcos; e vi) Dificuldades e riscos para implementação do Projeto: lista todos os riscos

e dificuldades que podem comprometer o cumprimento das metas do Projeto e subsidia o

preenchimento do Plano de Ação.

Page 21: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

20

Consolidado, o Status Report é enviado ao Subsecretário de Planejamento e

Orçamento e ao Superintendente da Central de Planejamento. Além de se produzir o

documento, a GERAES também arquiva o Status Report para subsidiar seus trabalhos de

comparação e identificação de tendências ao longo do tempo.

Page 22: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

21

2.4.2 - O Plano de Ação

O Plano de Ação é um instrumento gerencial de identificação de restrições e definição

de ações corretivas com explicitação de responsáveis e prazos para execução, bem como de

acompanhamento e comunicação destas soluções/decisões.

Cabe a ele consolidar uma agenda para tratamento dessas restrições, bem entendidas

como problemas ou riscos para a implementação dos PEs, que estão gerando impactos na

execução, nas metas ou nos resultados.

Logo após a emissão do Status Report, o GERAES realiza uma análise de consistência

dos obstáculos e dificuldades de cada projeto com foco nos seguintes itens: i) causa

fundamental da restrição; ii) efetividade da ação corretiva proposta; iii) consistência do

acompanhamento da solução; e iv) relevância para encaminhamento de cada ação aos níveis

superiores de gestão.

Passada essa etapa, o Plano de Ação é consolidado, as contramedidas propostas são

acompanhadas no prazo acordado e os riscos e contramedidas de importância estratégica são

levadas ao Comitê.

Page 23: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

22

2.4.3 - A Agenda Positiva

Considerada como uma das principais ferramentas para acompanhamento dos projetos,

a Agenda Positiva apresenta os resultados alcançados pela implementação das ações que

compõem cada Projeto Estruturador em andamento, desde o início da execução dos Projetos

até a projeção dos resultados futuros assegurados no exercício, com indicação cronológica.

Nesse sentido, podemos afirmar que é a Agenda Positiva que acompanha e retrata o progresso

da execução das ações dos PEs.

Este instrumento gerencial é divulgado mensalmente para os ocupantes de cargos

estratégicos do governo, inclusive para o governador do Estado.

Num momento final, a Agenda Positiva é encaminhada à Subsecretaria de

Comunicação Social da Secretaria de Estado de Governo para que este órgão operacionalize a

divulgação oficial de governo.

Page 24: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

23

2.4.4 - O Painel de Controle

O Painel de Controle é um relatório gerencial, sintetizado, que possibilita o

acompanhamento anual do cumprimento dos marcos e metas estratégicos, relativos aos

Projetos Estruturadores. As informações deste relatório são extraídas do Status Report e o

objetivo dessa ferramenta é fornecer informações relevantes, de forma sintética, quanto ao

cumprimento de marcos e metas dos PEs, com vistas a subsidiar as decisões estratégicas do

governo. Este relatório é apresentado ao Governador do Estado, Vice Governador, secretários

de Estado em uma reunião gerencial com a presença dos gerentes e gerentes adjuntos dos

projetos que ocorre ao final de cada ano.

Page 25: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

24

2.4.5 - Gestão Financeira e Orçamentária dos Projetos Estruturadores

A gestão orçamentária e financeira dos projetos estruturadores é feita pelo GERAES,

pois permite a conciliação da liberação orçamentária e financeira dos projetos de acordo com

a execução física do projeto.

A solicitação de liberação orçamentária para o projeto é feita pelo gerente executivo

do projeto nas reuniões mensais de Status Report.

Para subsidiar a gestão orçamentária dos projetos estruturadores as atividades

seguintes são executadas pelo GERAES: i) atualização da base de dados com execução

financeira dos PEs, por meio do Armazém de Informação/SIAF; ii) liberação de cotas dos

créditos orçamentários por solicitação dos gerentes dos Projetos Estruturadores via Status

Report; iii) solicitação de liberação financeira para Empresas Subvencionadas junto à

Superintendência Central do Tesouro / Secretaria de Estado da Fazenda; e iv) realização

mensal de relatórios contendo saldo total de: créditos orçamentários autorizados, cota

orçamentária aprovada, despesa empenhada, liquidada e paga.

Page 26: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

25

3. REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 Projetos

No mundo atual, os projetos tornaram-se aparentemente cada vez maiores e mais

complexos. Qualquer empresa pode gerenciar atividades repetitivas, baseadas em padrões

históricos, mas o desafio está em gerenciar atividades nunca tentadas no passado e que podem

jamais vir a se repetir no futuro, como cita Kerzner (2002). Os projetos são fatores críticos no

sucesso de qualquer organização. O guia Project Management Body of Knowledge (PMBOK)

registra que projeto é um esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou

resultado exclusivo (PMI, 2004).

Kerzner (2002) fornece um conceito menos sucinto de que um projeto é um

empreendimento com objetivo identificável, que consome recursos e opera sob pressões de

prazo, custos e qualidade.

Chapman (2001) considera que projetos são definidos como empreendimentos nos

quais recursos humanos, materiais e financeiros são organizados de uma maneira distinta,

para atingir a um único escopo de trabalho de uma dada especificação, dentro de limitações de

custo e prazo, para obter uma mudança única e benéfica através da entrega de objetivos

quantitativos e qualitativos.

Page 27: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

26

3.2 Gerenciamento de Projetos

A tendência é que as empresas cada vez mais estejam orientadas a projetos, e Verzuh

(2003) destaca que a ênfase sobre as mudanças aumenta a importância da gestão de projetos,

já que a alta velocidade das mudanças cria uma necessidade maior de projetos. Quanto maior

a mudança, mais inovações e mais projetos surgem. Para promover estas mudanças, cada vez

com um nível maior de sucesso, as organizações passaram a adotar o gerenciamento de

projetos.

O PMI (2004) conceitua gerenciamento de projetos como a aplicação de

conhecimentos, habilidades, ferramentas e técnicas às atividades do projeto, a fim de atender

aos seus requisitos, sendo realizado através da aplicação e da integração dos processos de

iniciação, planejamento, execução, monitoramento/controle, e encerramento, sendo o gerente

de projetos a pessoa responsável pela realização dos objetivos do projeto.

Kerzner (2002) complementa a definição de gerenciamento de projetos como sendo o

gerenciamento de projetos responsável pelo planejamento, programação e controle de uma

série de tarefas integradas, de forma a atingir seus objetivos com êxito, para benefício dos

participantes do projeto, transparecendo mais uma vez que o mundo empresarial passou a

reconhecer a importância do tema, tanto para o futuro quanto para o presente.

É importante ressaltar, segundo Hallows (2002), que o gerenciamento de projetos deve

ser controlado no aspecto organizacional e não no individual, o que tem gerado uma busca

pela criação e manutenção de departamentos ou estruturas organizacionais, como os

escritórios de projetos, também conhecidos como Project Management Office (PMO).

A partir do momento que gerenciar projetos faz parte cada vez mais do cotidiano das

organizações, a necessidade da centralização e do controle das informações referentes ao

portfólio de projetos gerenciados se torna necessária. O conceito de Escritório de Projetos ou

Project Management Office (PMO) surgiu desta necessidade.

Page 28: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

27

3.3 Escritório de Projetos

Segundo o PMI (2004), o escritório de projetos está se consagrando como a estrutura

responsável por elaborar, disseminar e manter a sistemática de gerenciamento de projetos nas

organizações. Em outras palavras, o PMO é responsável por fornecer as ferramentas

adequadas para dar respaldo à gestão efetiva de projetos, mantendo o alinhamento com as

estratégias corporativas (KERZNER, 2005).

Têm-se diversos conceitos de Project Management Office – PMO – na literatura,

como: i) unidade organizacional com responsabilidade de responder às necessidades de

planejamento e controle centralizado (MANSUR, 2007); ii)unidade organizacional com nível

de função corporativa, que atua como repositório ou provedor de serviços, recursos,

processos, métodos e ferramentas de auxílio (CRAWFORD, 2000 apud ANSELMO, 2002);

iii) unidade organizacional com nível de função corporativa, que auxilia a gestão estratégica

dos projetos (MORNINGSTAR, 1999 apud ANSELMO, 2002).

O escritório de projetos visa à melhoria da eficiência no planejamento e condução

desses, podendo fornecer informações rápidas sobre cada um dos projetos existentes e,

conseqüentemente, auxiliar nas decisões a serem tomadas.

Apesar de não existir uma fórmula única para a sua implementação e funcionamento, o

conceito vem ganhando mais e mais adeptos em diversas empresas de todo o mundo. Segundo

os especialistas da área, existem diferentes abordagens para a implantação de um escritório de

projetos, já que dependerá da estrutura organizacional da empresa. Mas existe o consenso de

que este esteja diretamente ligado aos níveis de decisão e ao planejamento estratégico.

Um escritório de projetos é uma estrutura, dentro da organização, que abriga pessoas

com conhecimento de Gerenciamento de Projetos capazes de fornecer apoio aos gerentes de

projetos, a equipe do projeto e aos patrocinadores, tendo como principais finalidades: i)

padronizar informações, cronogramas, estimativas, relatórios, planos; ii) ser o elemento

central de informações; iii) ser um centro de apoio aos times de projetos; iv) estimular o

espírito de equipe; v) manter histórico dos projetos; e vi) identificar riscos e ações de

mitigação aos mesmos.

O PMO apresenta-se como instrumento necessário às práticas de uma política de

gestão (pessoas, processos, tempo, qualidade, finanças, etc...) mais eficiente e moderna,

Page 29: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

28

baseada na padronização de processos, do próprio modelo de gestão e sua importante

interação com o PMO e, portanto, com foco nos resultados e sucesso dos empreendimentos.

Parece óbvio que o papel do PMO é fundamental: o PMO diz respeito a tudo que

coloca melhorias em prática. Aliás, a própria missão de um PMO pode ser descrita assim:

“Identificar, estimular e apoiar a utilização das melhores práticas de gerenciamento de projeto

de tal forma que a organização possa implementar suas estratégias e alcançar seus objetivos”

(DINSMORE, 2005). E já que nas estruturas organizacionais convencionais não há outro

lugar lógico para posicionar esta função crítica, surge o Escritório de Projetos, PMO, para

facilitar a aplicação das melhores práticas de gerenciamento de projeto (DINSMORE, 2005).

É neste contexto que o papel do PMO cresce na Administração Pública do Governo do

Estado de Minas Gerais em função da necessidade de priorização estratégica da alocação dos

recursos existentes diante da enorme variedade de políticas públicas requeridas pela

sociedade. O alcance de melhores resultados na Administração Pública é otimizado pela

utilização do gerenciamento do portfólio de projetos, bem priorizado e bem gerenciado,

cabendo ao PMO o papel de capitanear e facilitar as melhores práticas de gerenciamento de

projetos para garantir o cumprimento de metas e a perpetuação da organização.

Page 30: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

29

3.3.1 - Papel e funções de um escritório de projetos

O Escritório de Projetos, ou PMO, surge, portanto, como um elemento organizacional

responsável pela minimização dos problemas de falta de processos definidos e padronizados,

pela divulgação de práticas de gerenciamento de projetos para toda organização,

possibilitando a diminuição do índice de falhas, garantindo que os projetos mais importantes

para a organização sejam os prioritários (ANSELMO, 2002).

Conforme Dinsmore (2005), a missão do PMO é identificar, estimular e apoiar a

utilização das melhores práticas de gerenciamento de projetos, de tal forma que a organização

possa implementar suas estratégias e alcançar seus objetivos.

Mas o PMO tem vários papéis e funções, sendo tudo determinado pelas necessidades

de cada organização e estágio de maturação pelas quais elas passam. Entre as atribuições

comuns de um PMO estão: a condução, planejamento, organização e finalização das

atividades de projetos da organização.

Desta forma, Kendall e Rollins (2003) definem as seguintes funções de um PMO: a)

facilitar a escolha dos conjuntos de projetos a serem trabalhados pela organização; b)

desenvolver e manter uma central executiva de controle dos portfólios de projetos; c) rastrear

e gerar informações sobre o progresso dos projetos; d) prestar consultorias e esclarecimentos

necessários aos projetos; e) oferecer e disponibilizar ferramentas de gestão de projetos; f)

desenvolver e manter uma central de suporte aos projetos; g) criar, manter e difundir uma

metodologia de gestão de projetos; h) identificar e implementar ações corretivas; i) oferecer

suporte e informações facilitando o trabalho do conselho de gestão; j) selecionar projetos

prioritários do portfólio; k) auxiliar e dar suporte aos projetos que encontrem dificuldades; l)

desenvolver e ministrar treinamentos em gestão de projetos; m) elaborar e desenvolver o

marketing e a comunicação dos projetos; e n) manter repositório de dados e arquivos dos

projetos.

E confirmando essas principais funções de um PMO listadas, a figura abaixo,

demonstra uma pesquisa em algumas empresas sobre as principais funções de um PMO.

Page 31: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

30

Gráfico 2.0 – Funções oferecidas pelos Escritórios de Projetos - Adaptado de Quelhas e Barcaui (2004)

Page 32: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

31

3.3.2 - Implantação do PMO – Project Management Office

Para uma melhor implantação de um escritório de projetos devemos analisar qual é a

situação futura, os papéis e os objetivos que o escritório de projetos deve nos oferecer a curto,

médio e longo prazo.

“Para uma implementação bem-sucedida de um escritório de projetos, a primeira atividade é a avaliação da situação atual dos projetos, considerando: i) a cultura da organização; ii) o ambiente de trabalho; iii) as taxas atuais de sucesso dos projetos; iv) os papéis e responsabilidades atuais no gerenciamento de projetos; v) as normas e padrões existentes; vi) os níveis atuais das habilidades; vii) as atitudes e expectativas dos clientes; viii) os sistemas atuais de incentivos e recompensas; e ix) os habilitadores para o gerenciamento de projetos;”. (MANSUR, 2007, pg.35)

A tabela a seguir demonstra um comparativo entre os passos recomendados para a

implantação de um PMO segundo três diferentes autores:

Autor Block (1998) Cleland (2002) Vargas (2003)

1 Identificar padrinho (sponsor) Definir serviços Escolher tipo de PMO

2 Definir funções Definir competências Obter suporte (sponsor)

3 Preparar plano de

comunicação Definir e anunciar início de

PMO Criar infra-estrutura

4 Preparar orçamento Trabalhar necessidades dos

GP´s Motivar e doutrinar

envolvidos

5 Obter fundos e suporte

(sponsor) Desenvolver serviços do

PMO Implementar estrutura

6 Conduzir projeto piloto Refinar habilidades Estabelecer projeto piloto

7 Entrar em operação Entregar melhores produtos Entrar em operação

8 - - Feedback e melhoria

continua Quadro 1.0 – Passos propostos para implantação de um PMO – adaptado de Gerhard (2004)

Page 33: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

32

A partir da análise dos passos propostos pelos diferentes autores no Quadro 1.0,

observa-se uma diferenciação na nomenclatura de cada passo, porém percebe-se a existência

de uma convergência quanto ao processo de 4 (quatro) etapas citado abaixo.

Para Mello (2008) o sucesso da implantação de um PMO passa por quatro etapas: i)

planejamento; ii) implantação; iii) operação; e iv) melhoria contínua. Demonstra-se a seguir

detalhadamente, segundo o mesmo autor, cada uma destas etapas:

a) o Planejamento é a primeira etapa do processo de implantação e possui extrema

relevância na importância do sucesso das fases subseqüentes. Em termos gerais deve ser

iniciada pela designação de um gerente de projetos com conhecimentos específicos da

realidade atual da organização. Este, através de sua análise, determina qual a realidade em

relação a implantação de um PMO e como a organização pretende suprí-la, além de

estabelecer quais as atribuições iniciais que o PMO deve ter. Geralmente, também é utilizada

a eleição de uma comissão interna para tratar destas diretrizes.

Este gerente de projetos ou comissão designada deve definir também as competências

do PMO e que os resultados alcançados devem estar bem definidos e confrontados com o

orçamento destinado à sua implantação.

Do ponto de vista da engenharia do processo e tendo como base as diretrizes iniciais

conforme acima, deve ser também definido pela comissão designada, o escopo dos trabalhos.

Estes, por sua vez, podem evoluir ao longo do processo de implantação. Todavia, é de suma

importância ter uma visão, a mais futurista e real possível, das próximas fases.

Na prática, são definidos os processos abaixo como linhas gerais desta fase: i) a

escolha do tipo e arquitetura de PMO a ser implementada; ii) a obtenção de suporte e apoio

(sponsor); iii) a definição do escopo inicial do PMO e qual escopo de esforços para fazê-lo

funcionar (piloto e operação); iv) levantamento dos custos e prazos; e) definição do

quantitativo de recursos humanos necessários e suas competências profissionais; f) elaboração

e definição de um plano de comunicação para as fases de implantação e pós-implantação; g)

levantamento dos riscos da implementação.

b) na Implantação são estabelecidas as funções iniciais, sendo que o processo de

implantação pode ser subdividido com um programa devidamente delineado em fases, de

forma a facilitar sua implementação.

Em vias de regra, nessa fase devem ser obtidos todos os recursos físicos e

instrumentais (SAO – Sistemas de Apoio Operacional , Ex: EPM - MS Project Server) e a

Page 34: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

33

adoção de projetos reais como pilotos para o funcionamento do PMO. Observa-se também

que todo o esforço e os resultados devem ser objetos de avaliações para correções e

replanejamento.

Numa visão genérica, elencam-se os seguintes procedimentos: i) criação da estrutura

do PMO (Instalações); ii) definir hardwares e softwares, assim como a interconectividade

entre eles, atentando ao dimensionamento dos mesmos de acordo com a arquitetura PMO

escolhida; iii) implementar estrutura (relatórios, análises, ferramentas, templates, etc); iv)

estabelecer projetos reais para piloto; v) avaliar a metodologias e os procedimentos

empregados na organização; vi) envolver as pessoas, o poder e a política organizacional para

efetividade da implantação.

c) a Operação é a etapa de se realizar a expansão da operação do PMO e a entrada em

operação propriamente dita. Dentro deste modelo de fases, parte da etapa de implementação

pode ser desenvolvida aqui.

Em uma visão sistêmica, a fase atual ocorre após verificados e validados os processos

e a sua respectiva alimentação e funcionamento no SAO, os meios materiais e da equipe.

Segue-se para um aumento do alcance do PMO, abrangendo um número cada vez maior de

projetos, tendo todos os seus passos acompanhados e avaliados constantemente.

Ainda nesse contexto, enquadra-se nessa fase o desenvolvimento dos serviços do PMO

através do atendimento contínuo das necessidades de negócio, ao mesmo tempo em que provê

serviços aos gerentes de projetos.

d) a Melhoria Contínua pressupõe que já foram atingidos os objetivos iniciais e a

eficácia do PMO. Desta forma, os esforços agora devem ser desenvolvidos para melhorar os

processos, atualizar os SAO’s já existentes e implantar outros, bem como atualizar os meios

de comunicação, reciclar a equipe e obter os melhores resultados das lições aprendidas.

Deve estar presente na equipe de PMO a importância do refinamento das habilidades e

papéis do PMO. Não obstante, a equipe PMO deve ter em mente a certeza de que à medida

em que o PMO amadurece, devem ser mantidos os compromissos de qualidade com a entrega

de produtos aos clientes. O ponto-chave desta fase é o feedback (MELLO, 2008).

Page 35: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

34

3.3.3 - Vantagens de implantação de um PMO

O escritório de projetos bem implantando deve permitir as organizações vantagens

competitivas, pois todos os processos, recursos, tempos coordenados possibilitam diferencias

para as empresas. Segundo o PMI (2004) as vantagens da implantação de um PMO são as

seguintes: a) Recursos compartilhados e coordenados em todos os projetos administrados; b)

Identificação e desenvolvimento de metodologia, melhores práticas e normas de

gerenciamento de projetos; c) Centralização e gerenciamento das informações para políticas,

procedimentos, modelos e outras documentações compartilhadas do projeto; d)

Gerenciamento de configuração centralizado em todos os projetos administrados; e)

Repositório e gerenciamento centralizado para riscos compartilhados e exclusivos para todos

os projetos; f) Escritório central para operação e gerenciamento de ferramentas do projeto,

como software de gerenciamento de projetos para toda a empresa; g) Coordenação central de

gerenciamento das comunicações entre projetos; h) Plataforma de aconselhamento para

gerentes de projetos; i) Monitoramento central de todos os prazos e orçamentos do projeto do

PMO, geralmente no nível da empresa; j) Coordenação dos padrões de qualidade globais do

projeto entre os gerentes de projetos e qualquer pessoal interno ou externo de qualidade ou

organização de normalização.

Na visão de Mello (2008), os resultados e benefícios de um PMO são: i) manter a

gerência/diretoria e os stakeholders informados em relação a situação dos projetos; ii)

controlar em conjunto com a área comercial o cronograma financeiro do projeto; iii)

implementar ações para manter adequada a relação Custo x Prazo x Escopo x Qualidade; iv)

promover reuniões gerenciais internas e externas para acompanhamento dos projetos; v)

suportar os gerentes de projeto nas atividades de planejamento e utilização de recursos; vi)

adequar as metodologias dinamicamente; vii) mudar o enfoque entre provedor e cliente e

direcionar as devidas responsabilidades em Riscos e Issues gerados; viii) quando implantado

em linha com a cultura e metodologias atuais da organização, auxiliar os gestores de TI e

gerentes de projetos na implantação de projetos estratégicos; ix) assegurar melhor retorno

para a empresa e satisfação de clientes; x) assegurar melhor utilização dos recursos reduzindo

custos de longo prazo; xi) aumentar a taxa de sucesso dos projetos; xii) resultados e benefícios

que não devem ser esperados; xiii) trazer “alívio imediato” para os problemas de gestão de

Page 36: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

35

projetos; xiv) resolver problemas de projetos que já encontram-se em estado crítico; e xv)

reduzir custos a curto prazo.

De acordo com Kerzner (2002) os benefícios de uma Metodologia de gestão de

projetos são incontáveis e podem ser classificados como sendo de curto ou longo prazo

Segundo o mesmo autor os benefícios de curto prazo têm foco na execução da gestão de

projetos e podem ser descritos como: i) diminuição do tempo de ciclo de vida e custos

reduzidos; ii) planejamento realista com grande possibilidade de atingir o cronograma

proposto; iii) melhor comunicação quanto ao que é esperado de cada papel envolvido e

quando é esperado; e iv) feedback: conhecimento adquirido, lições aprendidas.

No longo prazo a existência de uma metodologia de gestão traz, segundo Kerzner

(2002), os seguintes benefícios: i) maior rapidez na entrega, decorrente de controles mais

rígidos; ii) melhor gerenciamento do risco que gera uma tomada de decisão mais qualificada;

iii) aumento da confiança e satisfação do cliente; iv) o provedor auxilia o cliente no

planejamento de ações estratégicas; e v) comparações de desempenho (benchmarking)

tornam-se mais fáceis.

Page 37: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

36

3.3.4 - Tipos de PMO

Os escritórios de projetos podem assumir diversas funções e denominações, segundo a

literatura especializada no assunto (DINSMORE, 1998; VERZUH, 1999), de forma que aqui

são apresentados alguns conceitos para ampliar o entendimento e a compreensão sobre o

tema. Porém, antes de mais nada, é fundamental observar que independentemente do modelo

de escritório adotado na organização, sua implantação inicial deve ser realizada através de um

definição formal, que demonstre de forma transparente o que a organização entende como o

papel e atribuições do escritório de projetos e quais são os motivos e expectativas para a sua

implantação (MANSUR, 1999).

Conforme Quelas e Barcaui (2004), podemos dividir os PMO´s em três categorias,

denominadas Escritório de Projetos Nível 1, 2 e 3. Abaixo destacamos a análise dos níveis

categorizados pelos supramencionados autores.

É considerado como o Nível 1, o PMO que atua mais como suporte administrativo,

com função básica de dar algum suporte para os projetos da organização, e que dependem

seriamente das habilidades individuais de seus gerentes, sendo que, em sua maioria, utilizam

métodos e ferramentas próprias de controle de seus projetos.

O Escritório Nível 2 pode ainda contemplar os serviço de suporte administrativo,

porém implica necessariamente na utilização de maior conhecimento de gestão de projetos,

com a adoção maximizada de suporte, treinamento e consultoria para garantir que a

organização tenha somente uma única linguagem e cultura de gerenciamento de projetos. Nos

escritórios de Nível 2 é possível encontrar um alto nível de trabalho automatizado, a prática

de revisão dos projetos e vínculo com a estratégia da organização.

Por fim, o Escritório Nível 3 representa o que há de mais avançado na implantação de

um PMO. Ele precisamente deve estar inserido dentro da estratégia da organização, com

gestores partícipes das decisões de negócio. A força de trabalho deste nível de escritório atua

por área, com metodologia, revisões de projetos, padronização de processos, bem como

utilizando ferramentas e sistemas de tecnologia da informação.

É importante notar que dentro de uma única organização todos estes tipos de PMO

podem ser encontrados de forma isolada ou conjunta, dependendo do ambiente de

gerenciamento de projetos onde é desenvolvido o negócio.

Page 38: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

37

De qualquer maneira, é necessário desmistificarmos a idéia da existência de um único

tipo de escritório de projetos que atenda a todas as necessidades organizacionais

(CARVALHO e JÚNIOR).

Vale ressaltar que a organização que conduz projetos apenas ocasionalmente não

necessita desenvolver esforços sistemáticos para as atividades de projetos. Porém se a

atividade de projeto assume importância estratégica é necessário conduzi-la de forma

estruturada, demandando a criação de um escritório de projetos. (CARVALHO e

RABECHINI). Neste contexto os tipos de escritórios de projetos propostos por Verzuh (1999)

são: i) Centro de Excelência (Center of Excellence – CE); ii) Escritório de Suporte aos

Projetos; iii) Escritório de Gerenciamento de Projetos (Project Management Office – PMO);

iv) Escritório de Gerenciamento de Programas (Project Manegement Office – PrgMO), e v)

Escritório de Controladoria de Projetos (Accountable Project Office – APO), variando cada

qual conforme sua autoridade e função na organização.

Tamanha é a variedade de definições de modelos que Mansur (2007) destaca quatro

principais modelos de acordo com a estrutura organizacional do escritório de projetos, quer

sejam: a)Escritório Corporativo de Projetos; b)Escritório Divisional de Projetos; c) Escritório

Setorial de Projetos; e d) Escritório Departamental de Projetos.

De qualquer maneira o detalhamento abaixo destacado, que adotaremos para os fins

deste estudo de caso, trata das definições trazidas por Dinsmore (1998).

a) Equipe de Projetos Autônomos (APT – Autonomous Project Team): trata-se de

um escritório de projeto separado das operações da empresa, destinados ao gerenciamento de

um projeto ou programa específico, onde a responsabilidade quanto ao sucesso ou fracasso do

projeto é da equipe do Projeto (Vargas, 2003).

Segundo Dinsmore (1998), esta configuração de PMO ocorre tipicamente em

situações em que o projeto não tem relacionamento estreito com o restante da organização e a

empresa não tem muita experiência em gerenciamento de projetos.

Nestes casos, segundo o mesmo autor, as práticas de gerenciamento de projetos são

derivadas da experiência do gerente ou líder do projeto, não havendo um suporte por parte da

organização.

Conforme Dinsmore (1998) existem, entretanto, pontos fundamentais para o sucesso

de um APT. São eles: i) A experiência do gerente de projetos e a maturidade da equipe; e ii)

Um sponsor (patrocinador) com poder ou influência para gerenciar fatores externos ao

projeto.

Page 39: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

38

A figura abaixo foi baseada nos modelos propostos por Vargas (2003) e Dinsmore

(1998) e demonstra a posição de um APT dentro da estrutura organizacional de uma empresa.

Figura 1.0 - APT: Equipe Autônoma de Projeto – adaptado de Dinsmore (1998) e Vargas (2003).

b) Escritório de Suporte de Projetos (PSO – Project Support Office): conforme

VARGAS (2003) trata-se do escritório de projeto de esfera departamental destinado ao apoio

a diversos projetos simultâneos, fornecendo suporte, ferramentas e serviços de planejamento,

controle de prazos, custos, qualidade dentre outros. Também pode fornecer recursos técnicos,

metodologia de gerenciamento de projetos, metodologia de gestão do conhecimento,

interfaces organizacionais, tornando-se um centro de competência em projetos. Com outras

palavras:

“O PSO fornece apoio técnico e administrativo, ferramentas e serviços aos

vários gerentes de projetos simultaneamente, auxiliando no planejamento, na

programação e na condução das mudanças de escopo e no gerenciamento de custos

dos projetos. Os recursos envolvidos são alocados nos projetos, tanto interna quanto

externamente, dependendo da natureza e da estrutura contratual dos projetos.

Algumas vezes, pessoas do PSO são emprestadas durante a fase inicial ou mesmo ao

longo de um projeto. A responsabilidade pelo sucesso do projeto não reside no PSO,

mas nos gerentes dos projetos que utilizam seus serviços”. (PATAH e

CARVALHO, 2006, Pg. 156-171)

Page 40: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

39

VARGAS (2003) cita quatro pontos chave para o sucesso de um PSO: i) a utilização

de uma metodologia na qual os processos são baseados em atividades coerentes e detalhadas

sobre como fazer projetos. Esta metodologia deve ser compreendida e respeitada por todos

integrantes das equipes de projetos; ii) a utilização de interfaces, uma vez que em

organizações matriciais a comunicação em linhas horizontais e verticais é de extrema

relevância; iii) a utilização de gestão de competências, com pessoas preparadas para gerenciar

e prestar suporte técnico; e iv) utilização de Recursos técnicos, como equipamentos

(hardware), ferramentas (software) e processos de boa qualidade.

Vargas (2003) afirma que um PSO pode ser departamental ou corporativo, variando

apenas em sua colocação dentro da estrutura organizacional da empresa. A figura 2.0 e a

figura 3.0 demonstram esta variação.

Dinsmore (1998) cita que estruturas de PSO são aplicáveis em cenários em que os Gerentes

de Projetos são fortes, onde exista consciência organizacional acerca do gerenciamento de

projetos, onde haja diversos projetos ocorrendo ao mesmo tempo e onde exista a necessidade

de documentação de apoio e rastreabilidade formal dos projetos.

Segundo o mesmo autor o PSO pode ceder pessoal durante o planejamento e, até

mesmo, execução do projeto, porém a responsabilidade sobre seu resultado não é do PSO.

Outras denominações para PSO, citadas por Dinsmore (1998), são: escritório de

projetos, escritório de gerenciamento de projetos, escritório de apoio administrativo e

escritório de apoio técnico.

A figura a seguir foi baseada no modelo proposto por Vargas (2003) e demonstra a

esfera de atuação de um PSO de abrangência departamental.

Figura 2.0 - PSO de abrangência departamental – adaptado de Vargas (2003).

A figura a seguir foi baseada no modelo proposto por Vargas (2003) e demonstra a

esfera de atuação de um PSO de abrangência corporativa. Neste modelo o autor denomina o

escritório de Enterprise Project Support Office. Segundo o autor neste cenário o escritório de

projetos assume uma posição de planejamento estratégico dos projetos da organização.

Page 41: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

40

Figura 3.0 - PSO corporativo, que atende a todos departamentos – adaptado de Vargas (2003).

c) Centro em Excelência de Gestão de Projetos (PMCOE – Project Management

Center of Excellence): Um Centro de Excelência em Gestão de Projetos, segundo Dinsmore

(1998) é a referência em gestão de projetos na empresa, mas não assume a responsabilidade

pelos resultados dos projetos. Conforme o mesmo autor, este tipo de estrutura é adequado

para empresas com projetos de diferentes naturezas.

Segundo Kerzner (2002) o PMCOE assume como responsabilidade maior de

proporcionar informações às partes diretamente interessadas ao invés de comandar projetos.

Dinsmore (1999) complementa que outra missão do PMCOE é de disseminar a cultura de

gerenciamento de projetos na empresa, sendo responsável por manter as metodologias.

Kerzner (2002) cita que para algumas organizações a dedicação dos profissionais do

PMCOE deve ser exclusiva, porém é possível alcançar resultados excelentes mesmo com

tempo parcial. O mesmo autor afirma que a maioria das organizações reconhece, em algum

momento, a necessidade de transformar seu escritório de projetos em um PMCOE.

As principais exigências para que o PMCOE funcione segundo Dinsmore (1998) são:

i) Patrocínio: para ser eficaz é preciso apoio da alta gerência; ii) Liderança: neste caso, não

baseada em poder, mas em conhecimento; iii) Valor agregado: capacidade de demonstrar os

benefícios da gestão de projetos; iv) Desenvolvimento profissional: um PMCOE será bem

sucedido a medida que formar gerentes e lideranças competentes para a organização; v)

Estado-da-arte: para manter a credibilidade o PMCOE deve estar na vanguarda das práticas,

técnicas e conhecimento do gerenciamento do projetos.

Segundo Dinsmore (1998) e Kerzner (2002), um PMCOE tipicamente tem as

seguintes responsabilidades: i) treinamento; ii) padronização de processos; iii) consultoria

interna; iv) aumento da competência em gerenciamento de projetos; v) compartilhamento de

lições aprendidas ao longo de todos projetos; vi) benchmarking do Estado-da-arte em gestão

Page 42: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

41

de projetos. Outras denominações para PMCOE, citadas por Dinsmore (1998), são: centro de

competência em gerenciamento de projetos, centro de desenvolvimento profissional, centro de

processos de gerenciamento de projetos e centro de liderança em gerenciamento de projetos.

A figura a seguir foi baseada no modelo proposto por Dinsmore (1998), e demonstra a

característica do PMCOE de servir de canal de comunicação das informações entre os

projetos e as entidades externas ao gerenciamento de projetos.

Figura 4.0 – Canais de comunicação e relacionamento do PMCOE – adaptado de Dinsmore (1998).

Em suma, podemos admitir que trata-se de um benchmark referencial do estado da arte

na gestão de projetos, cuja tarefa é, em grande parte, de natureza missionária: disseminar a

idéia, converter os incrédulos e transformar os adeptos em profissionais encarregados pelas

metodologias, mantendo aberto os canais de informação entre os projetos e a comunidade

externa ao gerenciamento de projetos (Patah e Carvalho, 2006).

d) Escritório de Gerenciamento de Programas (PrgMO – Program Management

Office): ainda conforme DINSMORE (1998), o PrgMO atua a partir do gerenciamento dos

gerentes dos projetos que compõem o “programa” ou “portfólio” em questão, sendo

considerado responsável pelos resultados dos projetos. Em grandes Corporações, o PrgMO

concentra seus esforços nos projetos prioritários. Por natureza, o PrgMO compreende as

funções do PMCOE e em alguns casos as do PSO.

Como observado no parágrafo anterior, devido a sua função de gerenciamento de

programa ou portfólio, outras denominações são possíveis ao PrgMO, como: escritório de

Page 43: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

42

programas de gerenciamento de projetos, escritório de programas, escritório de portfólio de

projetos, gerência de portfólio de projetos e escritório de gerenciamento de projetos. Vale

ressaltar o conceito de Programa:

“Um grupo de projetos relacionados e gerenciados de forma coordenada

para obter benefícios e controle não disponíveis a partir de seu gerenciamento de

forma individual” (VASCONCELOS, 2007, p. 54).

Desta forma, a partir de suas atividades de: a) designação de recursos e gerenciamento;

b) recrutamento e desenvolvimento de gerentes de projeto; c) seleção e priorização de

projetos; d) alinhamentos com as estratégias de negócio; e) preparação de relatórios de

portfólios; f) adoção de metodologias e processos de gerenciamento de projetos; g)

gerenciamento de mudança e processos humanos; e h) coordenação dos gerentes dos projetos

pertencentes ao programa, o gerenciamento pelo PrgMO deve necessariamente permitir

otimização e/ou integração e custo, esforço e cronogramas, entregas integradas ou

dependentes dentre os projetos do programa, geração de benefícios incrementais e otimização

das equipes envolvidas no contexto das necessidades gerais do programa, indo muito além da

simples divisão de um projeto em componentes menores de forma a facilitar o seu

gerenciamento. Além disso, a atuação do PrgMO deve haver uma forte ênfase na geração de

benefícios, definidos no novo padrão – Project Management Institute (2006) – como “uma

melhoria na administração de uma organização, como um aumento de vendas, uma redução

de custos correntes ou redução de desperdício”. A figura abaixo mostra como o novo padrão

para gerenciamento de programas do PMI considera o gerenciamento de benefícios em um

programa (Vasconcelos, 2007).

Page 44: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

43

PATAH e CARVALHO (2006) destacam que para que um PrgMO funcione

adequadamente são necessários: poder, prioridade corporativa e controle em âmbito

organizacional.

Os PrgMO’s são aplicáveis em organizações que tenham se comprometido a gerenciar

empreendimentos prioritários por projeto, quando há maturidade organizacional adequada

para que um PMO funcione eficazmente, e quando não gerenciar por projetos signifique

fortes conseqüências negativas (DINSMORE, 1998).

e) CPO (Chief Project Officer): em algumas organizações, o desafio de coordenar

projetos complexos pode se mostrar grande demais para as variações de escritórios descritas

anteriormente. Para dar resposta a isso, empresas têm recorrido a altos executivos para uma

supervisão de alto nível de múltiplos projetos e programas importantes. Trata-se de um

profissional facilitador e politicamente amadurecido, conhecedor de projetos e de sistema. O

trabalho do CPO faz sentido em organizações que sejam globais, orientadas para

empreendimentos multidisciplinares e que exijam resultados de projetos múltiplos e

complexos no prazo previsto. Uma das atividades do CPO é cuidar e alimentar o portfólio de

projetos da organização, desde o estágio de decisão de negócios até sua implementação.

Alguns pontos importantes são fundamentais para seu sucesso: i) envolvimento nas decisões

de negócio que resultem em novos projetos; ii) planejamento estratégico de negócios; iii)

estabelecimento de prioridades e negociação de recursos para projetos; iv) supervisão da

Figura 5.0 – Gerenciamento de benéficos de um programa – adaptado de Vasconcelos (2007)

Gerenciamento de Programas

Projeto C

Projeto E

Projeto B

Projeto A

Projeto Benefício A1....n

Benefícios do Programa 1 .......n

Benefícios Coordenados

Projeto Benefício E1....n

Page 45: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

44

implementação de projetos estratégicos; v) responsabilidade pelo sistema de gerenciamento

de projetos em nível empresarial; vi) desenvolvimento da conscientização e da capacidade em

gerenciamento de projetos através da organização; vii) avaliação periódica de projetos,

incluindo a decisão de descontinuar projetos; e viii) gerenciamento de stakeholders de alto

nível, facilitação e mentoração (DINSMORE, 1998).

Cabe ressaltar mais uma vez que os cinco modelos não possuem caráter evolutivo. Na

verdade, estes modelos podem ter maior aderência a um tipo específico de organização, face

ao papel do gerenciamento de projeto no tipo de estratégia corporativa (Patah e Carvalho,

2006). Desta maneira, apresentamos a seguir o que Dinsmore (2008) considera a forma

híbrida do Escritório de Projetos.

f) Forma Híbrida: na vida real há dificuldades em se diferenciar os projetos de

acordo com os conceitos descritos anteriormente. Na prática, os escritórios são híbridos das

formas anteriores, e se materializam de várias formas dependendo da cultura, da prática

anterior da empresa e das características dos projetos existentes (Dinsmore, 1998). Exemplos:

i) o PMO incorpora as funções do PSO, PMCOE e CPO; ii) o PSO e PMCOE são uma única

unidade; e iii) o CPO e o PMCOE são combinados em uma única função.

Page 46: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

45

4 - METODOLOGIA DA PESQUISA

O projeto aplicativo, dedicado à análise de uma superintendência inserida no

organograma da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão de Minas Gerais, visa

responder ao seguinte problema de pesquisa: Qual a tipologia adequada do Escritório de

Projetos para planejar, monitorar e controlar o portfólio dos projetos estruturadores para o

alcance dos objetivos estratégicos do estado de Minas Gerais? O objetivo proposto necessita

de uma pesquisa qualitativa para sua realização pelos motivos que serão apresentados a

seguir.

4.1 - Pesquisa qualitativa

Bauer, Gaskell e Allum (2002) descrevem que a pesquisa qualitativa evita números,

lida com a interpretação das realidades sociais. Godoy (1995) identifica alguns aspectos

essenciais para os estudos que envolvem a pesquisa qualitativa, citados a seguir: 1) as

pesquisas qualitativas têm como fonte direta de dados o ambiente natural e o pesquisador é o

instrumento fundamental para uma confiável observação, seleção, análise e interpretação dos

dados coletados; 2) a pesquisa qualitativa é descritiva, preocupada com os processos, visando

à compreensão ampla do fenômeno, que é observado de maneira holística; 3) o significado

que as pessoas vinculam às “coisas e às suas vidas” é a preocupação essencial do

investigador; 4) os pesquisadores utilizam o enfoque indutivo na análise dos dados,

construindo um quadro teórico à medida que coleta os dados e os examina.

Os aspectos citados por Godoy (1995) no parágrafo anterior dão uma boa idéia de que

situações a pesquisa qualitativa é indicada. Mais detalhadamente, a pesquisa qualitativa é

importante quando se quer ter uma compreensão ampla do fenômeno que é observado de

maneira holística, quando o quadro teórico não é claro no início da pesquisa podendo ser

desenvolvido, e quando o ambiente natural é a fonte direta dos dados.

Page 47: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

46

4.2 - Estudo de caso

Fazendo-se uma revisão bibliográfica, identifica-se algumas definições para estudo de

caso: 1) o estudo de caso tem sido descrito como um termo guarda-chuva para uma família de

métodos de pesquisa cuja principal preocupação é a interação entre fatores e eventos (BELL,

1989); 2) o método de estudo de caso é um método específico de pesquisa de campo. Estudos

de campo são investigações de fenômenos à medida que ocorrem, sem qualquer interferência

significativa do pesquisador. A finalidade é compreender o objeto em estudo e ao mesmo

tempo desenvolver teorias mais genéricas a respeito dos aspectos característicos do fenômeno

observado (FIDEL, 1992); 3) o método de estudo de caso é uma abordagem monográfica. O

objetivo é reconstruir e analisar um caso sob a perspectiva sociológica. Como o método utiliza

várias técnicas de coleta de dados, parece ser mais apropriado defini-lo como uma abordagem,

embora o termo estudo de caso sugira que seja um método (HAMEL, 1993); 4) o estudo de

caso consiste em uma investigação detalhada de uma ou mais organizações, ou grupos dentro

de uma organização, com vistas a prover uma análise do contexto e dos processos envolvidos

no fenômeno em estudo. O fenômeno não é isolado do contexto onde se insere, como nas

pesquisas de laboratório, pois o interesse do pesquisador é justamente a relação entre o

fenômeno e este contexto. A abordagem de estudo de caso não é um método propriamente

dito, mas uma estratégia de pesquisa (HARTLEY, 1994).

Benbasat et al apud Jones (1998) descreve as principais características do método de

estudo caso: a) fenômeno observado em seu ambiente natural; b) dados coletados por diversos

meios; c) uma ou mais entidades (pessoa, grupo, organização) são examinadas; d) a

complexidade da entidade é estudada intensamente; e) a pesquisa é dirigida aos estágios de

exploração, classificação e desenvolvimento de hipóteses do processo de construção do

conhecimento; f) não são utilizados controles experimentais ou manipulações; g) o

pesquisador não precisa especificar previamente o conjunto de variáveis dependentes e

independentes; h) os resultados dependem fortemente do poder de integração do pesquisador;

i) mudanças podem ser feitas na seleção do caso ou dos métodos de coleta de dados à medida

que o pesquisador desenvolve novas hipóteses; j) a pesquisa envolve questões "como" e "por

que" ao invés de freqüências ou incidências; k) o enfoque são eventos contemporâneos.

Page 48: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

47

Para se discutir o método do estudo de caso três aspectos devem ser considerados: a

natureza da experiência enquanto fenômeno a ser investigado, o conhecimento que se

pretende alcançar e a possibilidade de generalização de estudos a partir do método.

Quanto à profundidade ou natureza da experiência, para Stake (In DENZIN e

LINCOLN, 2001) o que é condenado no método é justamente o aspecto mais interessante de

sua natureza: ele está epistemologicamente em harmonia com a experiência daqueles que com

ele estão envolvidos e, portanto, para essas pessoas constitui-se numa base natural para

generalização.

Quanto ao tipo de conhecimento que se pretende adquirir, Stake (In DENZIN e

LINCOLN, 2001, p. 433) apresenta a diferença entre explanação e compreensão de um

fenômeno. No Método do Estudo de Caso a ênfase está na compreensão, fundamentada

basicamente no conhecimento tácito que, segundo o autor, tem uma forte ligação com

intencionalidade, o que não ocorre quando o objetivo é meramente explanação, baseada no

conhecimento proposicional. Assim, quando a explanação, ou a busca de um conhecimento

proposicional, é o ponto principal de um estudo, o estudo de caso é uma desvantagem, mas

quando o objetivo é a compreensão, ampliação da experiência, esta desvantagem desaparece e

o método é o mais indicado.

Quanto à possibilidade de generalização a partir do método de estudo de caso, cabe

aqui uma discussão do que seja um caso. Pensa-se num caso geralmente como um único

membro de uma dada população, como uma pequena representação, ou seja, o estudo deste

caso forneceria uma base fraca de informações para generalização. Entretanto, um caso pode

ser definido como um fenômeno de certa natureza ocorrendo num determinado contexto

(MILES e HUBERMAN, 1994, p. 25). O caso é uma unidade de análise, que pode ser um

indivíduo, o papel desempenhado por um indivíduo ou uma organização, um pequeno grupo,

uma comunidade ou até mesmo uma nação. Todos esses tipos de caso são unidades sociais.

Entretanto casos também podem ser definidos temporariamente, eventos que ocorreram num

dado período, ou espacialmente, o estudo de um fenômeno que ocorre num dado local.

Portanto, um caso pode ser um fenômeno simples ou complexo, mas para ser considerado

caso ele precisa ser específico (STAKE, In DENZIN e LINCOLN, 2001, p. 436).

Page 49: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

48

4.3 - Etapas da pesquisa

O trabalho se desenvolveu em duas etapas. A primeira, essencialmente teórica, é uma

pesquisa documental dos principais autores correlacionados à gestão de projetos, mais

especificamente àqueles que tratam sobre as tipologias de Project Management Office (PMO),

ou em português, Escritório de Projetos. O referencial teórico é todo baseado neste tipo de

pesquisa.

A segunda etapa, que analisa as especificidades do escritório de projetos do governo

de Minas Gerais, se utiliza de entrevistas a gerentes dos projetos estruturadores para situar

quais atividades são realizadas pelo GERAES atualmente e quais atividades deveriam ser

realizadas por este escritório.

A partir dos resultados das entrevistas, forma comparadas as atividades realizadas por

este escritório atualmente com as tipologias típicas de escritórios de projetos resgatadas na

literatura, de forma a situar metodologicamente que tipo de escritório o GERAES se propõe a

ser.

O método de entrevista utilizado foi o semi-estruturado, de modo que os pesquisadores

puderam obter as informações sobre o problema de acordo com os conhecimentos dos

pesquisados, devido às características dos gerentes de projetos do Estado que na maior parte

dos casos não são especialistas no assunto.

Os resultados que serão apresentados a seguir, foram conduzidos de modo a se

conseguir fazer uma análise estatística, tornando o processo mais fácil e aceitável.

Page 50: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

49

5 - ANÁLISE DOS RESULTADOS DA PESQUISA

A partir da análise da pesquisa realizada e os resultados obtidos, percebe-se que há

uma unanimidade entre os entrevistados sobre algumas práticas que o GERAES deve adotar

para se tornar mais adequado aos seus princípios. São elas: i) a identificação de melhores

práticas; e ii) o aumento da competência interna em Gerenciamento de Projetos. Vide o

gráfico abaixo:

71%

86%

100% 100%

86%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Práticas de Gerenciamento de Projetos

O que o GERAES não faz, mas deveria fazer

Consultoria Interna

Desenvolvimento da conscientizaçãoe da capacidade em gerenciamentode projetos através da organização

Identificação das melhores práticas

Aumento da competência interna (àorganização) em Gerenciamento deProjetos

Treinamento nas ferramentas degerenciamento de projetos

Gráfico 3.0 – “O que o GERAES não faz atualmente, mas deveria fazer”

Tais práticas supramencionadas enquadram-se na teoria ao modelo de Escritório de

Projetos conhecido como PMCOE – Project Management Center of Excellence, que em suma

trata-se de escritório de referência em gestão de projetos na organização, mas que não assume

a responsabilidade pelos resultados dos projetos. Conforme expresso no referencial teórico

deste estudo, este tipo de estrutura é adequado para organizações com projetos de diferentes

naturezas, caso do Governo do Estado de Minas Gerais, que possui projetos voltados para os

mais diversos setores da sociedade: como transportes, defesa social, saúde, educação,

esportes, meio ambiente, etc. É também perceptível empiricamente o papel de referência que

o GERAES exerce, frente ao atual crescimento dos Escritórios de Projetos Setoriais, a

Page 51: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

50

exemplo da Assessoria de Gerenciamento de Projetos da Secretaria de Estado de Transportes

e Obras Públicas – SETOP, da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento

Sustentável – SEMAD, do Departamento de Estradas de Rodagem – DER/MG, e

Departamento de Obras Públicas – DEOP/MG. Corrobora com esta percepção a resposta do

Sr. Bernardo Tavares de Almeida, Secretário-Adjunto de Planejamento e Gestão, um dos

sponsors do Escritório de Projetos do Governo do Estado, que afirma que:

“A diretriz de montagem de escritórios descentralizados, embora não institucionalizada, passa pelo apoio metodológico, transferência de tecnologia e, em setores estratégicos, pela cessão de pessoas egressas do escritório “central” de projetos. Todavia, a criação de Escritórios descentralizados não substitui o Escritório Central, que permanece com as funções de gerenciamento de projetos para a carteira de projetos estratégicos do governo. Espera-se, com a criação de Escritórios descentralizados, maior qualidade de informação, inclusive as que alimentam o escritório central em todas as fases do gerenciamento de projetos e, consequentemente, melhores resultados nos projetos”. (Entrevista com Bernardo Tavares de Almeida, maio, 2007).

Pode-se dizer também que dois dos objetivos para a criação do GERAES, de ser

referência em gestão de projetos sem assumir a responsabilidade pelos resultados dos projetos

(DINSMORE, 1998) e ser o maior responsável de proporcionar informações às partes

diretamente interessadas (KERZNER, 2002) estão correlacionados ao PMCOE. Porém ao se

analisar a pesquisa, verifica-se muitas diferenças entre o que é feito pelo GERAES e aquilo

que pode ser feito (vide Anexo IV). A tendência de resposta para praticamente todas as

perguntas é de que o que GERAES executa está aquém daquilo que ele poderia ou deveria

fazer. Conforme já identificado também no gráfico 3.0, o desvio padrão é particularmente

relevante para as questões correlacionadas a treinamento, padronização de processos,

consultoria interna, aumento da competência em gerenciamento de projetos e identificação de

melhores práticas.

Uma análise geral nos permite dizer que é importante que o GERAES seja mais

efetivo em suas ações de liderança em conhecimento e desenvolvimento profissional de

gerentes e lideranças competentes para a organização. O PMCOE deve estar na vanguarda das

práticas, técnicas e conhecimento do gerenciamento do projetos. Os entrevistados perceberam

esta falta de liderança por parte do GERAES (Vide Gráfico 7.0 no Anexo IV).

Esta percepção dos entrevistados observada pode ser porque há atualmente uma alta

rotatividade nos quadros do GERAES. A perda de servidores capacitados na metodologia e a

Page 52: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

51

dificuldade em capacitar os substitutos no período de realização da pesquisa pode ter

influenciado na resposta dos gerentes, porém este fato não foi considerado nas entrevistas

desta pesquisa.

Por um outro prisma, os resultados da pesquisa também demonstram unanimidade

entre os gerentes de projetos sobre algumas práticas que o GERAES já realiza e deve

continuar realizando. São elas: i) acompanhamento do cronograma; ii) elaboração de

relatórios ou portifólios de projetos; iii) estabelecimento de prioridades e negociação de

recursos para projetos; iv) plano de projeto; v) supervisão da implementação de projetos

estratégicos; e vi) utilização de ferramentas de gerenciamento de projetos. Vide o gráfico

abaixo:

100%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Práticas de Gerenciamento de

Projetos

O que é unanime que o GERAES deve continuar fazendo

Acompanhamento docronograma

Elaboração de relatórios ou deportfólios de projetos

Estabelecimento de prioridadese negociação de recursos paraprojetos

Plano de Projeto

Supervisão da implementaçãode projetos estratégicos

Utilização de Ferramentas degerenciamento de projetos

Gráfico 4.0 – “O que é unânime que o GERAES deve continuar fazendo”

Dentre as práticas supramencionadas, a teoria especifica que elas pertencem a duas

modalidades de escritório de projetos. No caso do acompanhamento do cronograma, da

utilização de ferramentas de gerenciamento de projetos e da elaboração do plano de projeto,

elas são práticas vinculadas ao modelo PSO – Project Support Office (VARGAS, 2003).1

1 Verifica-se ainda pelo Gráfico 6.0, constante no Anexo IV, que outras atividade típicas de PSO não são e não deveriam ser executadas pelo GERAES.

Page 53: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

52

Já a elaboração de relatórios ou portfólio de projetos, o estabelecimento de prioridades

e negociações de recursos para projetos, bem como a supervisão da implementação de

projetos estratégicos, enquadram-se na teoria à modalidade PrgMO – Program Management

Office (VASCONCELOS, 2007).

A partir da análise específica do Gráfico 8.0 do Anexo IV, que trata das práticas de

PrgMO, verifica-se um equilíbrio entre o que é executado e aquilo que se espera executar,

exceto quanto ao aspecto de designação de recursos e gerenciamento, recrutamento e

desenvolvimento de gerentes de projetos. A amostra de entrevistados que versam sobre a

necessidade de se observar este aspecto não demonstra um consenso, por representar um

percentual em torno de quarenta por cento. Portanto, não se pode considerar que este aspecto

deva ser observado efetivamente como importante funcionalmente para o escritório. Para

reforçar esta observação, pela especificidade de ser um escritório de programas

governamental, interesses políticos influenciam decisivamente na definição dos responsáveis

pelos projetos, não cabendo necessariamente ao GERAES a gestão destes aspectos. O gerente

de projetos pode ser influenciado pelo GERAES, mas isto não ocorre de forma estruturada.

A análise até aqui já nos permite afirmar o caráter híbrido atual do GERAES, que

realiza atividades de gerenciamento de projetos que abragem as mais variadas modalidades de

PMO`s.

Aprofundando a análise da pesquisa, a percepção acima mencionada se confirma, a

partir das respostas dos entrevistados que nos permitem afirmar que o GERAES não deve

passar a realizar algumas outras práticas de gerenciamento, que se vinculam às modalidades

de PMO`s acima tratadas. Vide o gráfico abaixo:

Page 54: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

53

14%0%

43% 43%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Práticas de Gerenciamento de

Projetos

O que o GERAES não faz e não deve fezar

Acompanhamento, preparação eadministração do contrato

Serviços administrativos e financeiros

Padronização de processos

Acompanhamento dos ativos eauditoria da situação do projeto

Gráfico 5.0 – “O que o GERAES não faz e não deve fazer”

Em termos gerais, percebe-se que não há nada que o Escritório de Projetos faz

atualmente que os entrevistados consideram que não deveriam fazer, ou seja, não há

desperdício de energia com atividades que não são consideradas relevantes pelos gerentes dos

projetos e sponsors do Escritório. O que se percebe é que outras práticas deveriam ser

adotadas para tornar a atividade de gerenciamento de projetos do Escritório mais completa,

tais como a identificação de melhores práticas de gestão, as consultorias internas e os

treinamentos nas ferramentas de gerenciamento de projetos, que propiciariam um aumento da

competência interna e um maior desenvolvimento da conscientização e da capacidade em

gerenciamento de projetos através da organização.

Desta maneira sugerimos ao GERAES que passe a capitanear e a facilitar as melhores

práticas de gerenciamento de projetos para garantir o cumprimento de metas, o alcance de

benefícios esperados para o Programa dos Projetos Estruturadores e a perpetuação dos

resultados alcançados pelo Governo do Estado de Minas Gerais.

Vale ressaltar que conforme Prado, Almeida e Guimarães (2005) podemos citar a

carteira de Projetos Estruturadores do Governo do Estado de Minas Gerais como um exemplo

de programa, pelo fato de ser composto por um conjunto de projetos estruturadores de longa

duração, concebidos de forma a implementar metas estratégicas do Governo do Estado de

Minas Gerais e criar benefícios tangíveis para o Estado de Minas Gerais.

O referido programa pode e deve interligar seus projetos associados de várias formas,

como através da interdependência de atividades entre os projetos, das restrições de recursos,

das atividades de mitigação de riscos que impactam o direcionamento ou entrega de múltiplos

projetos, das mudanças de direção organizacional e da identificação de pontos de

Page 55: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

54

escalamentos para pendências, mudanças de escopo, qualidade, gerenciamento de

comunicações, riscos ou dependências e interfaces associadas. (Vasconcelos, 2007).

Conforme Vasconcelos (2007), destaca-se que o gerenciamento de programas,

conforme definido no novo padrão do Project Management Institute – PMI (2006), se

concentra nestas interdependências entre projetos e determina o encaminhamento ótimo para

o Programa. Durante o ciclo de vida do programa, uma grande quantidade de áreas são

abrangidas, porém o novo padrão ressalta três temas amplos de gerenciamento que são

essenciais para o sucesso de um programa, que sejam: i) o gerenciamento de benefícios; ii) o

gerenciamento das partes interessadas do programa; e iii) a governança do programa.

O gerenciamento de benefícios trata da definição e formalização dos benefícios

tangíveis e intangíveis esperados de um programa, bem como o planejamento, modelagem e

rastreamento de resultados intermediários e finais durante o ciclo de vida do programa. Veja a

Figura 6.0.

Identificação de Benefícios

Identificar e qualificar

objetivos de negócios

Análise de Benefícios

Derivar e priorizar

componentes

Derivar métricas de benefícios

Planejamento de Benefícios

Estabelecer Plano de Realização de Benefícios

Identificação de Benefícios

Monitorar Componentes

Manter registro dos benefícios

Reportar benefícios

Transição de Benefícios

Consolidar benefícios

coordenados

Transferir responsabilidades

Figura 6.0 – Gerenciamento de benefícios – adaptado de Vasconcelos (2007)

O gerenciamento das partes interessadas em caráter permanente (stakeholders) é

fundamental devido à influência destes agentes sobre os resultados do programa. Vale

ressaltar que devido aos inúmeros projetos que compõem um programa, as partes interessadas

incluem um grupo abrangente. Portanto é necessário que sejam gerenciadas com base num

plano de gerenciamento específico que deve contar com um plano de comunicações.

Por fim, a governança do programa é um processo amplo, que engloba desde o

desenvolvimento, a comunicação, implementação e monitoramento das políticas aos

procedimentos, estruturas organizacionais e práticas gerais associadas a um programa.

Page 56: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

55

O resultado esperado desta governança é um framework para tomada de decisões de

forma eficaz e gerenciamento de resultados com foco nos objetivos do programa.

Veja a figura 7.0 que mostra como o padrão define o contexto de governança de um

programa.

Gerenciamento das Operações

Gerenciamento por projetos

Gerenciamento de

Portfólio

Gerenciamento de Programa

Gerenciamento de Projeto

Métricas das ferramentas de processos

Planejamento Estratégico

Figura 7.0 – Governança de um progarma - adaptado de Vasconcelos (2007)

O novo padrão do PMI define um instrumento chamado Comitê de Programa, um

mecanismo formal que permite capturar as necessidades de alinhamento entre as governanças

e formar uma comunidade ou fórum onde as questões de programa podem ser gerenciadas.

Este instrumento também costuma ser chamado de comitê de governança ou Steering

Committe. Pode-se perceber estruturas semelhantes, porém peculiares, no Governo do Estado

de Minas Gerais, com a nomenclatura Comitês de Resultados.

Tendo em vista estas definições, a análise do Gráfico 9.0, que trata das práticas

associadas ao CPO – Chief Project Office, demonstra que 71% dos entrevistados consideram

que o GERAES já realiza o gerenciamento de stakeholders de alto nível, facilitação e

mentoração, ao passo que 86% dos entrevistados consideram que ele deve fazê-los. Entretanto

faz-se uma ressalva quanto a estas estatísticas, uma vez que vivenciamos desde o início de

2007 uma mudança no modelo de gestão do Governo de Minas Gerais, pelo fato da recente

Page 57: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

56

implementação de um Escritório de Gerenciamento Estratégico2, denominado Programa

Estado para Resultados, que possui dentre suas atividades a prática de gerenciamento de

stakeholders e a organização das referidas reuniões de Comitês, e que a principio trabalha de

forma muito integrada ao GERAES. Contudo este fato não foi considerado nesta pesquisa.

Pode-se concluir desta análise que o gerenciamento por projetos do Governo do

Estado de Minas Gerais atende muitos dos elementos de gerenciamento de programas

necessários e atualmente difundidos pelo Project Management Institute - PMI.

A partir da sugestão mencionada de que o GERAES passe a capitanear e a facilitar as

melhores práticas de gerenciamento de projetos para garantir o cumprimento de metas, o

alcance de benefícios esperados para o Programa dos Projetos Estruturadores e a perpetuação

dos resultados alcançados pelo Governo do Estado de Minas Gerais, segue abaixo proposta de

nova atividade a ser desempenhada pelo GERAES, para que a sua tipologia híbrida de

gerenciamento de projetos se adeque melhor aos seus princípios.

5.1 - As Melhores Práticas

Conforme Dinsmore (2005), melhores práticas podem ser consideradas como técnicas

e abordagens que funcionam efetivamente na vida real. As melhores práticas não constituem

um conjunto de regras fixas, são de fato uma coleção de técnicas e abordagens geralmente

percebida como benéficas dentro de um contexto. Em alguns casos, claramente se percebe que

práticas diferentes geram resultados melhores.

“A maior ignorância da vida é fazer as mesmas coisas todos os dias

esperando resultados diferentes”. (Albert Einstein)

No caso do GERAES, devido à enorme variedade de projetos gerenciados, é

necessária uma análise focada para a adoção de melhores práticas. Desta maneira, após a

2 O Escritório de Gestão da Estratégia (em inglês, Office of Strategic Management − OSM) é uma unidade corporativa que gere a estratégia, e todas as questões a ela relacionadas, tendo como funções precípuas a comunicação da estratégia, a tradução de planos estratégicos da organização em planos das várias unidades e departamentos, a execução de iniciativas estratégicas para passá-las para o grande plano e o alinhamento dos planos de desenvolvimento dos funcionários (com seus objetivos e incentivos) com os objetivos estratégicos(Kaplan e Norton, 2005)

Page 58: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

57

obtenção de um consenso sobre possíveis melhorias em cada projeto, práticas como melhoria

na capacidade instalada, redução de custo, engenharia de valores, confiabilidade,

gerenciamento de risco, manutenção preventiva, avaliação de risco e segurança podem ser

incorporadas nos planos de projeto, permitindo assim maior valor agregado durante as fases

de construção e operacional dos projetos.

Portanto, qual deve ser o papel do GERAES neste cenário? O que deveria fazer sobre

as melhores práticas e melhoria de valor nos projetos?

Parece óbvio que seu papel é fundamental, uma vez que o PMO diz respeito a tudo

que coloca melhorias em prática.

“Aliás, a própria missão de um PMO pode ser descrita assim: “Identificar, estimular e apoiar a utilização das melhores práticas de gerenciamento de projeto de tal forma que a organização possa implementar suas estratégias e alcançar seus objetivos”. E já que nas estruturas organizacionais convencionais não há outro lugar lógico para posicionar esta função crítica, surge o Escritório de Projetos, PMO, para facilitar a aplicação das melhores práticas de gerenciamento de projeto”. (DINSMORE, 2005, p. 39)

Ainda de acordo com Dinsmore (2005), independentemente da base de poder do PMO,

os responsáveis pelo Escritório de Projetos precisam promover amplamente as melhores

práticas em gerenciamento de projetos na organização como um todo.

O que fazer?

Se a principal razão do PMO é liderar a implementação das melhores práticas em

gerenciamento de projetos, é preciso avaliar até que ponto a organização abraça tais práticas.

Eis algumas sugestões para garantir a aplicação das boas práticas (DISNMORE, 2005): i)

identificar as melhores práticas; ii) priorizar as melhores práticas; iii) comunicar as melhores

práticas e desenvolver e especificar as melhores práticas de tal modo que se tornem de fácil

compreensão e aplicáveis e deixá-las disponíveis aos stakeholders; iv) promover as melhores

práticas, com a utilização de eventos especiais para criar sinergia na implantação de uma

prática.

Corrobora com a sugestão de adoção de eventos especiais, a resposta do entrevistado

Alexandre Massura, Empreendedor Público, Gerente do Projeto Estruturador “Minas

Page 59: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

58

Olímpica”, que destaca o fato de nunca antes ter acontecido um workshop a partir da

identificação de melhores práticas, que poderia ajudar na solução de problemas internos a

cada Projeto Estruturador e no surgimento de uma maior intersetorialidade entre os gerentes

de projetos.

Para implementar as melhores práticas, são necessários um propósito claro e

motivação das partes envolvidas. Um modo eficaz para focar atenção e gerar aceitação na

implementação das práticas de melhoria é através de um workshop com a participação dos

stakeholders principais. A realização periódica dos workshops poderia institucionalizar a

adoção da identificação das melhores práticas, de forma a avançar no processo atual de caráter

informal, quando os técnicos do GERAES, durante as reuniões de acompanhamento do

cronograma, informam esporadicamente aos gerentes sobre práticas adotadas em outros

projetos, percepção esta confirmada pela entrevistada Naide Souza de Albuquerque Roquette,

Superintendente Central de Políticas de Recursos Humanos, Gerente do Projeto Estruturador

“Ampliação e Profissionalização de Gestores Públicos”.

Seguem os passos para se articular um workshop a ser promovido pelo PMO, visando

aprimorar as práticas de gerenciamento de projeto na organização (Dinsmore, 2005): i) passo

anterior ao workshop - Selecionar o grupo de práticas para ser implementado, por exemplo, as

voltadas ao gerenciamento de riscos. Apresentar as avaliações de riscos já feitas e as ainda

pendentes. Colocar também em pauta a política de mitigação de risco. Planejar o workshop,

definir o conteúdo, seqüência e papéis, incluindo o envolvimento de especialistas necessários.

Faça previsão de dinâmica de grupo e geração de sinergia no planejamento do workshop; ii) o

workshop – Preferencialmente, execute-o fora do local de trabalho em regime de retiro, com

duração entre 02 e 03 dias. O workshop deve ser coordenado por um profissional facilitador,

familiarizado com gerenciamento de projeto e com o tópico em questão. O facilitador pode

fazer parte do quadro interno ou ser um consultor externo, assim como os técnicos peritos

podem ser profissionais internos ou de fontes externas. Busca-se a discussão ampla e a

construção de consenso. O evento finaliza com a conclusão e uma lista de próximos passos,

definição das partes responsáveis e datas propostas para completar as atividades; iii) após o

workshop – acompanhar os itens pendentes até que sejam terminados.

Justifica-se a introdução das melhores práticas de gerenciamento de projeto uma vez

que elas têm um impacto substancial nos fatores tempo, custo e qualidade dos projetos da

organização (Dinsmore, 2005). Através da promoção das melhores práticas, é possível que o

GERAES fortaleça o desempenho do Governo do Estado de Minas Gerias através da

aplicação de gerenciamento de projeto.

Page 60: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

59

6 – CONCLUSÃO

A partir da análise da pesquisa deste estudo de caso observa-se com clareza que o

Escritório de Projetos do Governo do Estado de Minas Gerais – o GERAES – enquadra-se na

tipologia de Escritório de Gerenciamento de Programas – PrgMO, entretanto realiza

atividades correlatas aos Escritórios de Suporte de Projetos – PSO, Escritório de Excelência

em Projetos – PMCOE e Escritório de Projetos de Alta Liderança – CPO.

Conclui-se com esta concreta percepção que o GERAES é um escritório híbrido,

sendo constatado que esta é a tipologia adequada para sua atuação. O GERAES atua conforme

sua realidade de escritório central de Governo e, a exemplo de muitos escritórios,

naturalmente escapa de tipologias estanques da teoria científica da administração para atender

as expectativas e alcançar os resultados dele esperado quando do planejamento de sua

implementação e fundamentalmente quando do surgimento de novas necessidades ao longo de

sua operacionalização.

Vale ressaltar que, apesar das diversas outras atividades que poderiam ser realizadas

pelo GERAES, de forma a atender a demanda existente verificada, este crescimento do

escopo do trabalho perpassa naturalmente pelo crescimento da maturidade do Escritório.

Percebe-se que para se tornar cada vez mais um centro de excelência em gerenciamento de

projetos, contribuindo para a identificação e difusão de melhores práticas e aumento da

competência dos órgãos e entidades da administração pública mineira em gestão de projetos,

torna-se necessário e imprescindível o referido amadurecimento.

Destaca-se que esta abordagem do nível de maturidade de um Project Management

Office – PMO não foi objeto desta pesquisa, pois todas as variáveis que poderiam afetar no

resultado foram desconsideradas para atender o foco do trabalho. Porém, é fundamental

ampliar o conhecimento sobre a evolução dos escritórios de projetos frente às tipologias

expressas na teoria atual, de forma que a fase de maturidade do PMO possa traduzir a

consistência da progressão das praticas adotadas.

Desta maneira, recomenda-se a elaboração de estudos adicionais relacionados ao

GERAES sobre a maturidade dos Escritórios de Projetos, visando aprofundar o embasamento

atual de novas atividades e práticas que são aplicáveis e impactantes para a geração de

melhores resultados a partir do gerenciamento intensivo e estratégico dos recursos e ações do

Governo via GERAES, para ampliar sua contribuição em tornar o Estado de Minas Gerais o

melhor para se viver.

Page 61: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

60

7 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Page 66: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

65

ANEXO I

PE - Viva Vida 54Gerente do Projeto: José Maria Borges

MENSAL Código Projeto: 54

13/8/2008 Versão: 0 Data: Planejado: Atual:

Farol

COD. ÓRGÃO GFPLIBERADO UTILIZADO

FES 3101 8.730.000,00 7.519.713,91 6.670.000,00

4101 16.241.900,00 8.955.335,68 2.808.100,00

GFP VALOR

3101 1.000.000,00

4101 1.000.000,00

Término Planejado

Tendência de Término

Término Real

30/06/08 30/06/08 30/06/08

30/06/08 30/06/08 30/06/08

30/06/08 23/06/08 23/06/08

30/06/08 02/06/08 02/06/08

30/06/08 23/06/08 23/06/08

19/12/08 19/12/08

19/12/08 19/12/08

19/12/08 19/12/08

D/R Responsável Prazo

Centro Viva Vida de Sete Lagoas implantados e aberto ao público em 02/06/2008.

4203

Dificuldade/Risco

Centro Viva Vida de Lavras implantados e aberto ao público

Centro Viva Vida de São João Del Rei implantado e aberto ao público

Centro Viva Vida de Juiz de Fora implantado aberto ao público

10/07: Inauguração dos Centros Viva Vida de São Lourenço 16/06; Lavras 21/06; Taiobeiras 26/06; Januária 27/06.10/07: Assinatura e publicação dos convênios de aquisição de equipamentos de pequeno porte: - São João Del Rei - 01/07 - Convênio no 612/08; Santa Luzia

Convênio 45/08 de 16/05/2008; Leopolidina - Convênio 571/08 de 28/06/2008; Patrocínio - Convênio 792/08 de 02/07/08; Juiz de Fora - Convênio 610/08 de

01/07/08.

DESCRIÇÃO DA SOLICITAÇÃO FINANCEIRA

Obras dos Centros Viva Vida.

Custeio dos Centros Viva Vida.

ETAPAS/ MARCOS

Centro Viva Vida de Januária implantado e aberto ao público

COMENTÁRIOS

Centro Viva Vida de Sete Lagoas implantados e aberto ao público

DIFICULDADES/ RISCOS PARA IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETOAção

SITUAÇÃO ATUAL DA AÇÃO

Emitido em:

AÇÃO ACUMULADO NO ANO SOLICITADO NO MÊS

SALDO ANUAL

☺☺☺☺Centro Viva Vida de Referência Secundária

STATUS REPORT (Relatório da Situação)

Periodicidade: Linha de Base

Centro Viva Vida de Taiobeiras implantado e aberto ao público

Estão em funcionamento 7 Centros Viva Vida: Santo Antonio do Monte, Brasília de Minas, Itabirito, Janaúba, Frutal, Capelinha e Governador Valadares.

Centro Viva Vida de Santa Luzia implantado e aberto ao público

Centro Viva Vida de São Lourenço implantado e aberto ao público

Resultados 2007

Agenda Positiva Viva Vida

03 Centros Viva Vida implantados: Janaúba, Capelinha e Frutal

711 profissionais da rede de atenção da mulher e da criança capacitados

Oficinas de implantação das diretrizes clínicas na atenção primária

realizadas em 184 municípios

Resultados 2008

06 Centros Viva Vida implantados e abertos ao público: Januária, Taiobeiras,

São Lourenço, Sete Lagoas, Lavras e Governador Valadares, totalizando 12

Centros em funcionamento

Casa de Apoio a Gestante Hospital Regional Antonio Dias de Patos de Minas

implantada

Centro Viva Vida de Janaúba

Centro Viva Vida de São LourençoCasa de apoio a Gestante

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66

Dificuldade / Risco Ação Resp. Prazo F Atualização Resp.

PLANO DE AÇÃO UAGPCD

Projeto Estruturador

Identificação do Problema Acompanhamento da Solução

Page 68: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

67

ANEXO II

Entrevista Aplicada:

1) Por que se optou por adotar inicialmente um Escritório Corporativo (central) e não

descentralizado?

2) Qual o modelo/tipologia de escritório adotado e por que?

3) Há interesse real para a criação de Escritórios descentralizados? Que tipo de apoio é dado?

Quais os principais clientes?

4) Qual é o papel realizado pelo escritório de projetos?

5) O que se espera do GERAES com a estrutura organizacional atual?

6) Dentro do que é realizado, o que pode ser implementado/melhorado? Existe alguma

lacuna no trabalho realizado pelo escritório de projetos?

7) Qual a importância do Escritório para o cumprimento dos projetos estruturadores?

8) As informações geradas pelo escritório de projetos auxiliam na tomada de decisão?

9) Quais são as características da Administração Pública que influenciam no trabalho do

escritório de projetos?

10) Como funciona a atuação dos gerentes de Projetos? (especificar para quem perguntar)

11) Quais das atividades a seguir são desempenhadas pelo escritório de projetos?

Abaixo, listamos, de acordo com a teoria, uma série de atividades que podem ou são

executadas pelos escritórios de projetos. Duas colunas foram colocadas lado a lado. A coluna

A deve ser marcada com X se, em sua opinião, tal atividade é desenvolvida atualmente pelo

escritório de projetos, e a coluna B deverá ser marcada também com X se tal atividade deve

passar a ser acompanhada pelo escritório de projetos, ou, no caso de já estar ocorrendo, se

deve continuar a ser feita.

A B

(___) (___) Plano de Projeto

(___) (___) Cronograma

(___) (___) Acompanhamento do cronograma

(___) (___) Acompanhamento do orçamento, inclusive executado

(___) (___) Acompanhamento, preparação e administração do contrato,

(___) (___) Serviços administrativos e financeiros,

(___) (___) Administração do escopo e das mudanças,

(___) (___) Utilização de Ferramentas de gerenciamento de projetos,

Page 69: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

68

(___) (___) Treinamento nas ferramentas de gerenciamento de projetos

(___) (___) Medidas de avaliação de projetos,

(___) (___) Gerenciamento da documentação,

(___) (___) Acompanhamento dos ativos e auditoria da situação do projeto,

(___) (___) Treinamento em Gestão de Projetos

(___) (___) Padronização de processos,

(___) (___) Consultoria interna,

(___) (___) Aumento da competência interna (à organização) em Gerenciamento de Projetos

(___) (___) Identificação das melhores práticas,

(___) (___) Priorização de projetos,

(___) (___) Definição e padronização de ferramentas,

(___) (___) Elaboração de relatórios ou de portfólios empresariais,

(___) (___) Defesa da causa do gerenciamento de projetos, e benchmarking do estado-da-

arte,

(___) (___) Designação de recursos e gerenciamento,

(___) (___) Recrutamento e desenvolvimento de gerentes de projeto,

(___) (___) Alinhamentos com as estratégias de negócio,

(___) (___) Desenvolvimento de Metodologias e processos de gerenciamento de projetos,

(___) (___) Definição das Responsabilidades por programas ou projetos,

(___) (___) Gerenciamento de processos humanos

(___) (___) Coordenação dos gerentes de projeto,

(___) (___) Envolvimento nas decisões de negócio que resultem em novos projetos;

(___) (___) Planejamento estratégico de negócios;

(___) (___) Estabelecimento de prioridades e negociação de recursos para projetos;

(___) (___) Supervisão da implementação de projetos estratégicos;

(___) (___) Responsabilidade pelo sistema de gerenciamento de projetos em nível

corporativo;

(___) (___) Desenvolvimento da conscientização e da capacidade em gerenciamento de

projetos através da organização;

(___) (___) Avaliação periódica de projetos, incluindo a decisão de descontinuar projetos; e

(___) (___) Gerenciamento de stakeholders de alto nível, facilitação e mentoração.

Page 70: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

69

ANEXO III

Lista de entrevistados:

� Bernardo Tavares de Almeida – Secretário-Adjunto de Estado de Planejamento e

Gestão;

� Joaquim Castro – Empreendedor Público;

� Thiago Coelho Toscano – Subsecretário de Estado de Planejamento;

� João Victor Silveira Rezende – Diretor Central de Alocação Estratégica de Recursos e

Ações;

� Raphael Guimarães Andrade – Secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico;

� Fernanda Siqueira Neves – Superintendente Central de Modernização Institucional;

� Alexandre Massura Neto – Empreendedor Público;

� Naide de Souza de Albuquerque Roquette – Superintendente Central de Políticas de

Recursos Humanos.

Page 71: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

70ANEXO IV

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Percepção dos gerentes de projetos quanto as práticas de PSO do Escritório de Projetos do Governo do Estado de Minas Gerais - Minas Gerais - 2008

O Gerente considera que o Escritório já faz

O Gerente considera que o Escritório deve continuar a fazer ou passar a fazer

Práticas típicas de um PSO

1 Acompanhamento do cronograma

2 Acompanhamento do orçamento, inclusive executado

3 Acompanhamento dos ativos e auditoria da situação do projeto

4 Acompanhamento, preparação e administração do contrato

5 Administração do escopo e das mudanças

6 Cronograma

7 Definição e padronização de ferramentas

8 Gerenciamento da documentação

9 Medidas de avaliação de projetos

10 Plano de Projeto

11 Serviços administrativos e financeiros

12 Utilização de Ferramentas de gerenciamento de projetos

Legenda:

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71

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

1 2 3 4 5 6 7 Práticas típicas de um PMCOE

-

O Gerente considera que o Escritório já faz

O Gerente considera que o Escritório deve continuar a fazer ou passar a fazer

Percepção dos gerentes de projetos quanto as práticas de PMCOE do

Escritório de Projetos do Governo do Estado de Minas Gerais – Minas Gerais 2008

Gráfico 7.0 - Percepção dos gerentes de projetos quanto às práticas de PMOCE do Escritório de Projetos do Governo do Estado de Minas Gerais - Minas Gerais - 2008

1 Aumento da competência interna (à organização) em Gerenciamento de Projetos

2 Consultoria interna

3 Defesa da causa do gerenciamento de projetos, através da liderança das práticas e do conhecimento em gestão de projetos

4 Desenvolvimento de metodologias e processos de gerenciamento de projetos

5 Identificação das melhores práticas

6 Padronização de processos

7 Treinamento nas ferramentas de gerenciamento de projetos

Legenda:

Page 73: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

72

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1 2 3 4 5 6

Práticas típicas de um PrgMO

Percepção dos gerentes de projetos quanto as práticas de PrgMO do

Escritório de Projetos do Governo do Estado de Minas Gerais - Minas Gerais -2008

O Gerente considera que o Escritório já faz

O Gerente considera que o Escritório deve continuar a fazer ou passar a fazer

Gráfico 8.0 - Percepção dos gerentes de projetos quanto às práticas de PrgMO do Escritório de Projetos do Governo do Estado de Minas Gerais - Minas Gerais - 2008

1 Alinhamento com as estratégias de negócio

2 Coordenação dos gerentes de projeto

3 Definição das responsabilidades por programas ou projetos

4 Designação de recursos e gerenciamento, recrutamento e

desenvolvimento de gerentes de projeto

5 Elaboração de relatórios ou de portfólios de projetos

6 Priorização de projetos

Legenda:

Page 74: A Tipologia Adequada Para o Escritorio de Projetos

73

Gráfico 9.0 - Percepção dos gerentes de projetos quanto às práticas de CPO do Escritório de Projetos do Governo do Estado de Minas Gerais - Minas Gerais - 2008

Legenda:

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100%

1 2 3 4 5 6 7 8Práticas típicas de um CPO

Percepção dos gerentes de projetos quanto as práticas de CPO do Escritório de Projetos do Governo do Estado de Minas Gerais - Minas Gerais - 2008

O Gerente considera que o Escrritório já faz

O Gerente considera que o Escritório deve continuar a fazer ou passar a fazer

1 Avaliação periódica de projetos, incluindo a decisão de

descontinuar projetos

2 Desenvolvimento da conscientização e da capacidade em

gerenciamento de projetos através da organização

3 Envolvimento nas decisões de negócio que resultem em novos

projetos

4 Estabelecimento de prioridades e negociação de recursos para

projetos

5 Gerenciamento de stakeholders de alto nível, facilitação e

mentoração

6 Planejamento estratégico de negócios

7 Responsabilidade pelo sistema de gerenciamento de projetos em

nível corporativo

8 Supervisão da implementação de projetos estratégicos

Práticas típicas de um CPO