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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Economia, Administração e Ciências Contábeis Departamento de Administração ESCRITÓRIO DE GERENCIAMENTO DE PROJETOS UM ESTUDO DE CASO Jefferson Leandro Anselmo Monografia apresentada à Faculdade de Economia, Administração e Ciências Contábeis, da Universidade de São Paulo, como parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em Administração de Empresas. ORIENTADOR: Prof. Antonio César Amaru Maximiano São Paulo 2002

Escritorio de gerenciamento de projetos

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULOFaculdade de Economia, Administração e Ciências Contábeis

Departamento de Administração

ESCRITÓRIO DE GERENCIAMENTO DE PROJETOSUM ESTUDO DE CASO

Jefferson Leandro Anselmo

Monografia apresentada à Faculdade deEconomia, Administração e CiênciasContábeis, da Universidade de São Paulo,como parte dos requisitos para obtenção dotítulo de Bacharel em Administração deEmpresas.

ORIENTADOR: Prof. Antonio César AmaruMaximiano

São Paulo2002

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Dedico este trabalho à memória de meu avô, Lilo.

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer a todos os que colaboraram de alguma forma com a

confecção deste trabalho. Em especial, gostaria de agradecer ao meu orientador, o Prof.

Antônio César Amaru Maximiano, a Glaucia Zenari, Joaquim Anselmo, Salete Anselmo,

Paulo Uchôa, Marta Gallego, Edson Higashi, Fernando Dias, Sérgio Alfredo, Gisele Pires

e tantos outros que me ajudaram de várias formas a alcançar os objetivos propostos.

Gostaria de agradecer também aos funcionários da Biblioteca da Faculdade de

Economia, Administração e Ciências Contábeis da Universidade de São Paulo que sempre

me assessoraram muito bem em minhas pesquisas bibliográficas.

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SUMÁRIO

1 – INTRODUÇÃO......................................................................................................... 1

1.1 – CONTEXTO E IMPORTÂNCIA ATUAL DO TEMA ........................................................ 1

1.2 – CONTRIBUIÇÕES ESPERADAS.................................................................................. 3

1.3 – OBJETIVO DO TRABALHO....................................................................................... 3

1.4 - MÉTODO DE PESQUISA ........................................................................................... 4

1.4.1 – Perguntas da Pesquisa................................................................................... 4

1.4.2 - Método de Pesquisa e Técnicas de Coleta de Dados....................................... 4

1.5 - ORGANIZAÇÃO DESTE TEXTO ............................................................................... 6

2 – GESTÃO DE PROJETOS ........................................................................................ 6

2.1 – PROJETO ............................................................................................................... 6

2.1.1 – DEFINIÇÃO E CARACTERÍSTICAS .......................................................................... 6

2.1.2 – Fatores críticos, sucesso e fracasso de projetos ............................................. 8

2.2 – GESTÃO DE PROJETOS.......................................................................................... 10

2.3 – PROJETO COMO MEIO DE IMPLEMENTAÇÃO DE ESTRATÉGIAS DE NEGÓCIO.............. 16

3 – ESCRITÓRIO DE GERENCIAMENTO DE PROJETOS ................................... 20

3.1 - DEFINIÇÃO........................................................................................................... 20

3.2 – EVOLUÇÃO.......................................................................................................... 24

3.3 – FATORES MOTIVADORES DA IMPLEMENTAÇÃO..................................................... 25

3.4 –MODELOS, FUNÇÕES E COMPOSIÇÃO INTERNA...................................................... 27

3.4.1 – Nível 1 - Escritório de Controle de Projetos................................................. 29

3.4.2 – Nível 2 - Escritório de Suporte de Projetos .................................................. 32

3.4.3 – Nível 3: Escritório Estratégico de Projetos .................................................. 35

3.4.4 – Funções dos Escritórios de Gerenciamento de Projetos ............................... 37

3.4.5 – Estrutura Interna ......................................................................................... 41

3.4.5.1 - Diretor ................................................................................................... 41

3.4.5.2 – Gerentes de Projeto ............................................................................... 42

3.4.5.3 – Outras Posições..................................................................................... 43

3.5 – VALOR PARA A ORGANIZAÇÃO ............................................................................ 45

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3.5.1 – O Valor Esperado de um EGP ..................................................................... 47

3.6 – FATORES DE SUCESSO E FATORES RESTRITIVOS ................................................... 49

3.7– IMPLEMENTAÇÃO ................................................................................................. 51

3.7.1 – Aspectos Culturais ....................................................................................... 52

3.7.2 - Fases da Implementação do EGP ................................................................. 53

3.7.2.1 – Fase I – Preparar o Terreno ................................................................... 55

3.7.2.2 – Fase II - Começar com iniciativas de curto prazo .................................. 55

3.7.2.3 – Fase III – Caminhar com soluções de longo prazo ................................. 56

3.7.2.4 – Fase IV – Manter e Aprimorar............................................................... 56

4. ESTUDO DE CASO – ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO....................................... 57

4.1 A EMPRESA, SUA ABORDAGEM DE GERENCIAMENTO DE PROJETOS E O EGP........... 57

4.2 – DESCRIÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DO ESTUDO DO CASO............................ 61

4.2.1 – Aspectos Organizacionais ............................................................................ 61

4.2.1.1 – Estrutura Organizacional ....................................................................... 61

4.2.1.2 – Relação do resultado da empresa com o resultado dos projetos.............. 62

4.2.1.3 – Utilização de gerenciamento por projetos .............................................. 62

4.2.1.4 – Grau de Maturidade............................................................................... 63

4.2.1.5 – Porte / Complexidade dos Projetos ........................................................ 63

4.2.2 – Implantação do EGP.................................................................................... 64

4.2.2.1 – Motivos para a implementação .............................................................. 64

4.2.2.2 – Grau de envolvimento da alta administração ......................................... 65

4.2.2.3 – Metodologia de implementação............................................................. 65

4.2.2.4 – Dificuldades encontradas....................................................................... 66

4.2.2.5 – Fatores críticos de sucesso identificados................................................ 66

4.2.2.6 – Próximos passos.................................................................................... 67

4.2.3 – Caracterização do EGP ............................................................................... 67

4.2.3.1 – Filosofia de atuação .............................................................................. 67

4.2.3.2 – Estratégias Organizacionais e o EGP..................................................... 68

4.2.3.3 – Grau de autoridade do executivo principal do EGP................................ 69

4.2.3.4 – Infra-estrutura ....................................................................................... 69

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4.2.3.5 – Atribuições e funções do EGP............................................................... 70

4.2.3.6 – Atuação do EGP x Tamanho e Duração dos Projetos............................. 70

5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 71

5.1 – IMPLEMENTAÇÃO DO EGP ................................................................................... 72

5.1.1 – Motivação.................................................................................................... 72

5.1.2 – Fatores facilitadores e restritivos................................................................. 73

5.1.3 – Formas de implantação ............................................................................... 74

5.2 – ATRIBUIÇÕES E FUNÇÕES DO EGP ....................................................................... 75

5.3 – RESULTADOS ALCANÇADOS ................................................................................ 78

5.4 – QUESTÕES E VISÃO DE FUTURO ........................................................................... 78

ANEXO I – ROTEIRO DE ENTREVISTA................................................................. 80

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COMENTADAS ............................................ 82

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Fluxo dos grupos de processos ......................................................................... 14

Figura 2: Distribuição do nível de atividade dos processos durante as fases do projeto .... 15

Figura 3: Relação entre os processos das fases................................................................. 16

Figura 4: Transformação de Oportunidades em Projetos.................................................. 17

Figura 5: Ciclo de Vida Estendido dos Projetos............................................................... 18

Figura 6: Transformações Orquestradas x Transformações Caóticas................................ 19

Figura 7: Escritório de Gerenciamento de Projetos - Conceito ......................................... 23

Figura 8: Evolução dos Escritórios de Gerenciamento de Projetos................................... 25

Figura 9: Modelos de EGP (CASEY & PECK, 2001)...................................................... 27

Figura 10: Modelos de EGP (CRAWFORD, 2001) ......................................................... 28

Figura 11: Modelos de EGP (KATE, 2000)..................................................................... 28

Figura 12: EGP de nível 1 de uma grande empresa italiana.............................................. 32

Figura 13: Relação entre foco de atuação e valor para a empresa ..................................... 47

Figura 14: Árvore de decisão – VME de um EGP............................................................ 48

Figura 15: Estrutura Organizacional da empresa no Brasil............................................... 58

Figura 16: Estrutura da unidade Global Services ............................................................. 59

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Processos de Gerenciamento............................................................................ 13

Tabela 2: Maturidade em Gerenciamento de Projeto x Modelo de EGP........................... 39

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CEO Chief Executive Officer

EGP Escritório de Gerenciamento de Projetos

PMBOK Project Management Body of Knowledge

PMI Project Management Institute.

PMO Project Management Office

PO Project Office.

VME Valor Monetário Esperado

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RESUMO

ANSELMO, Jefferson Leandro. Escritório de Gerenciamento de Projetos : Um estudo de

Caso, Monografia (Bacharelado em Administração de Empresas) - Departamento de

Administração da Faculdade de Economia, Administração e Ciências Contábeis. São

Paulo: Universidade de São Paulo, 2002.

Recentemente os estudos sobre a gestão de projetos têm ganhado força devido ao

aumento da complexidade do mundo dos negócios e à crescente competitividade que faz

com que as empresas tenham que responder de forma cada vez mais rápida e eficiente aos

estímulos externos. Neste contexto, as falhas na execução dos projetos muitas vezes têm

resultados desastrosos. Para evitar que essas falhas ocorram, diversos mecanismos vêm

sendo desenvolvidos, envolvendo desde novas metodologias de gerenciamento até novos

elementos organizacionais. O Escritório de Gerenciamento de Projetos é um destes

mecanismos, configurando-se como um novo elemento organizacional responsável pela

gestão de projetos dentro da empresa.

Pretende-se neste trabalho analisar, por meio de um estudo de caso comparado a

um referencial bibliográfico, a implantação e utilização de um Escritório de Gerenciamento

de Projetos como instrumento de apoio à gestão de projetos e de implementação de

estratégias organizacionais, identificando as principais dificuldades e fatores críticos de

sucesso da implantação e os principais pontos positivos e negativos da utilização.

Palavras-chave: gestão de projetos; gerenciamento de projetos; implementação de

estratégias organizacionais; escritório de gerenciamento de projetos.

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1 – INTRODUÇÃO

Este capítulo apresenta o contexto no qual se insere este trabalho, as

justificativas que motivaram a sua realização, a importância atual do tema, o objetivo

proposto, as contribuições esperadas, o método de pesquisa adotado e, por fim, a forma de

organização deste texto.

1.1 – Contexto e Importância Atual do Tema

Segundo FRAME (1995), as pessoas realizam projetos desde os primórdios da

civilização. As caçadas organizadas por nossos ancestrais pré-históricos foram projetos,

bem como a construção das Pirâmides e da Grande Muralha da China que, guardadas as

devidas proporções com relação à época em que foram realizados, podem ser comparados

a grandes projetos mais atuais como o Projeto Manhattan, que construiu a primeira bomba

atômica, ou o Projeto Apollo, que permitiu ao homem chegar à Lua.

Ainda de acordo com o mesmo autor, todos executamos projetos no nosso dia-

a-dia, a maioria deles de maneira inconsciente, e isto vem sendo feito rotineiramente há

mais de dez mil anos. Porém, o gerenciamento de projetos, como uma disciplina, é um

desenvolvimento recente e teve seu início como um subproduto dos esforços da Segunda

Guerra Mundial, com o Projeto Manhattan durante o qual foi feito um esforço consciente

de coordenar o imenso orçamento, os prazos apertados e a complexidade dos recursos. Nos

últimos anos, o gerenciamento de projetos vem tornando-se cada vez mais estudado e

utilizado.

RAD & RAGHAVAN (2000) dizem que o gerenciamento de projetos é uma

das disciplinas que mais cresce em praticamente todas as indústrias no mundo de hoje.

Seus principais objetivos giram em torno de manter um balanço lógico e eficiente entre

custo, prazo, qualidade e escopo dos objetivos ou produtos do projeto.

KATE (2000) acrescenta que o aumento da complexidade do mundo dos

negócios faz com que as empresas necessitem de uma maior capacidade de coordenar,

gerenciar e controlar suas atividades de maneira a responder mais rapidamente aos

estímulos externos. Essa coordenação e controle de atividades são o foco do gerenciamento

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de projetos e estão intimamente ligadas ao sucesso da implementação de estratégias de

negócios por meio de projetos.

Apesar do evidente aumento da utilização do gerenciamento de projetos por

parte das empresas, ainda se observam (FORMAN apud RAD & RAGHAVAN, 2000)

altos índices de falhas em projetos. Um recente estudo descobriu que dentre 8.380 projetos

de tecnologia de informação, 31,1% continham falhas que impediam totalmente que os

objetivos fossem atingidos, 52,7% estavam em processo de recuperação de falhas ocorridas

recentemente e, possivelmente, seriam completados fora do prazo e atingindo apenas

parcialmente os objetivos e 16,2% foram completados no prazo, dentro do orçamento e de

acordo com as especificações.

CRAWFORD (2000b) justifica esta aparente ineficácia no gerenciamento de

projetos dizendo que a maioria dos problemas relativos aos projetos ocorrem devido à falta

de processos adequados e padronizados de gerenciamento, ou seja, a maior causa das

falhas nos projetos não são as especificidades do que efetivamente deu errado, mas sim a

falta de procedimentos, metodologia e padrões.

KATE (2000) complementa dizendo que o gerenciamento de projetos isolados

é somente parte do que uma empresa deve fazer para ser competitiva atualmente. Também

é crítico o conhecimento do que se passa em todos os projetos da organização. A empresa

necessita assegurar-se de que os projetos mais importantes para a organização tenham

acesso privilegiado a recursos de forma a produzir os melhores resultados possíveis.

O Escritório de Gerenciamento de Projetos surge, então, como um elemento

organizacional responsável pela minimização dos problemas de falta de processos bem

definidos e padronizados, pela divulgação das melhores práticas de gerenciamento de

projetos para toda a organização e pelo fornecimento da infra-estrutura necessária para um

gerenciamento corporativo de projetos, possibilitando a diminuição dos índices de falhas e

garantindo que os projetos mais importantes para a organização sejam os mais prioritários.

Por outro lado, alguns autores, como DINSMORE (2002), discordam

mostrando que alguns estudos estão evidenciando que os Escritórios de Gerenciamento de

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Projetos (EGP) podem não ser uma solução viável para um grande número de empresas e

sua evidência nos dias de hoje pode ser fruto de um modismo passageiro.

Neste contexto, em que alguns autores relacionam ao EGP um alto potencial de

ganho para as empresas e outros o colocam como uma moda passageira, torna-se muito

importante o estudo do tema para elucidar os reais pontos positivos e negativos da

utilização do mesmo e as características de sua implementação.

Soma-se a isto, o fato de muitas empresas ainda desconhecerem os conceitos

inerentes ao assunto e a relativa falta de trabalhos acadêmicos e compilações sobre o tema,

o que torna o trabalho ainda mais interessante, tanto do ponto de vista de uma compilação

bibliográfica atual quanto como um estudo de referência para suporte à decisão de

implantação de um Escritório de Gerenciamento de Projetos.

1.2 – Contribuições esperadas

Espera-se, primeiramente, situar o leitor nos conceitos básicos de

gerenciamento de projetos. Além disso, espera-se que o referencial bibliográfico sobre

Escritório de Gerenciamento de Projetos permita uma análise criteriosa do estudo de caso

apresentado, servindo como referência para futuras implementações de EGP.

1.3 – Objetivo do Trabalho

O objetivo deste trabalho é analisar a implantação e utilização de um Escritório

de Gerenciamento de Projetos como instrumento de apoio à gestão de projetos e de

implementação de estratégias organizacionais em empresas de grande porte, identificando

as principais dificuldades e fatores críticos de sucesso da implantação, os principais pontos

positivos e negativos da utilização. Além disso, também é objetivo deste trabalho a

compilação de um referencial bibliográfico sobre o tema Escritório de Gerenciamento de

Projetos.

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1.4 - Método de Pesquisa

A seguir, são discutidos os aspectos metodológicos considerados na realização

desta pesquisa. Partindo-se do objetivo estabelecido são elaboradas as perguntas de

pesquisa, escolhido o método de pesquisa empregado e as técnicas de coleta de dados

utilizadas e definidas as fases da pesquisa, as etapas do trabalho e amostragem selecionada.

1.4.1 – Perguntas da Pesquisa

A partir do objetivo do trabalho, foram definidas as seguintes perguntas de

pesquisa:

• Quais os fatores críticos de sucesso na gestão de projetos?

• De que forma o EGP pode contribuir para a ocorrência desses fatores

críticos de sucesso?

• Quais atividades relativas a esses fatores podem ser apoiadas por funções

desempenhadas por um Escritório de Gerenciamento de Projetos?

• Como os Escritórios de Gerenciamento de Projetos são utilizados na gestão

de projetos e na implementação de estratégias de negócio?

• Qual a estrutura típica de um EGP?

• Quais as dificuldades encontradas durante a implantação desses Escritórios

e como se dá está implementação?

• Quais os benefícios e vantagens observados após esta implantação?

1.4.2 - Método de Pesquisa e Técnicas de Coleta de Dados

A fim de alcançar o objetivo proposto e de responder às perguntas de pesquisa

estabelecidas para este trabalho, é empregada uma abordagem de pesquisa descritiva. A

pesquisa descritiva envolve o exame de um fenômeno para defini-lo de maneira ampla

(DANE, 1990). Neste tipo de pesquisa, as informações são observadas, registradas,

analisadas e correlacionadas, sem serem manipuladas (CERVO & BERVIAN, 1983).

Considera-se a abordagem de pesquisa descritiva adequada a este trabalho, pois

o que se pretende é analisar os Escritórios de Gerenciamento de Projetos, a gestão de

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projetos das empresas e a forma de implementação de suas estratégias de negócio,

determinando-se o relacionamento que pode existir entre eles e a sinergia que pode ser

obtida deste relacionamento, sem contudo modificá-lo.

Para a coleta de dados neste trabalho são utilizadas as técnicas de análise

documental, de observação direta, de entrevista focalizada e estudo de caso. A técnica de

análise documental refere-se ao estudo de documentos. Considera-se aqui a definição de

documento, no seu sentido mais amplo, como sendo toda e qualquer base de conhecimento

fixada naturalmente e acessível para consulta (PÁDUA, 1997), ou seja, são considerados

como documentos os materiais que descrevem o funcionamento dos Escritórios de

Gerenciamento de Projetos, suas características, formas de implementação e relação com a

gestão de projetos. A observação direta possibilita um contato pessoal e estreito do

pesquisador com o objeto de estudo. Essa técnica permite que o pesquisador recorra a seus

conhecimentos e experiências pessoais como auxiliares no processo de compreensão e

interpretação do fenômeno estudado (LÜDKE & ANDRÉ, 1986). A entrevista focalizada

baseia-se em um roteiro pré-definido, contendo os tópicos sobre o problema que vai ser

estudado, mas o pesquisador tem liberdade para não abordar algumas questões e incluir

novas perguntas à medida que a entrevista evolui. (MARCONI & LAKATOS, 1990).

Todavia, é preciso registrar que o método empregado tem algumas limitações,

especialmente quanto ao fato de fornecer pouca base para generalizações científicas uma

vez que, por estudar um ou alguns casos, não se constitui em amostra da população e, por

isso, não há possibilidade de generalizações.

Na elaboração do roteiro de entrevista, neste trabalho, são observadas as

considerações feitas por PÁDUA (1997): formular perguntas que estimulem respostas

descritivas e analíticas, possibilitar uma flexibilidade quanto à ordem de apresentação das

questões, verificar a distribuição do tempo para cada assunto e manter o controle dos

objetivos a serem atingidos.

Será utilizado, a título de amostragem, o caso de implantação de Escritório de

Gerenciamento de Projetos de uma empresa de grande porte do setor de telecomunicações.

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1.5 - Organização deste Texto

Neste capítulo, apresenta-se o contexto do trabalho, a importância atual do

tema, o objetivo do trabalho, as contribuições esperadas e os aspectos metodológicos

empregados. O capítulo dois apresenta uma revisão bibliográfica sobre gerenciamento de

projetos, seguido de uma revisão mais aprofundada a respeito do tema Escritório de

Gerenciamento de Projetos, no capítulo três. Em seguida, no capítulo quatro, a empresa

estudada é apresentada, assim como uma análise de caso por meio do confronto entre as

informações coletadas no mesmo e a pesquisa bibliográfica. Finalmente, nos anexos, são

descritos o roteiro e o questionário utilizados na pesquisa e a bibliografia utilizada durante

o desenvolvimento deste trabalho.

2 – GESTÃO DE PROJETOS

Este capítulo define e apresenta as principais características dos projetos e da

gestão dos mesmos de forma a situar o leitor e elucidar alguns termos e definições de

maneira a tornar mais fácil a compreensão do restante do trabalho.

2.1 – Projeto

2.1.1 – Definição e características

LEWIS (2000) define projeto como um trabalho único que possui início e fim

claramente definidos, um escopo de trabalho especificado, um orçamento e um nível de

performance a ser atingido. Além disso, o mesmo autor considera que, para um trabalho

ser considerado um projeto, este precisa ter mais de uma tarefa associada, ou seja,

trabalhos constituídos de uma única tarefa não são considerados projetos.

GOODPASTURE (2000) segue a mesma linha definindo projeto como o

conjunto de tarefas únicas, interdependentes e não repetitivas, planejadas e executadas de

forma a produzir algum resultado.

NICHOLAS (1990), por sua vez, diz que projeto pode ser definido em termos

de propósito, estrutura organizacional, complexidade, interesse e ciclo de vida:

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1. Um projeto envolve um propósito, produto ou resultado único e definível,

geralmente especificado em termos de requerimentos de custo, prazo e

performance;

2. Os projetos “cortam” as linhas funcionais da organização, já que para sua

execução são necessárias habilidades, competências e talentos de múltiplos

profissionais de diferentes funções. A complexidade do projeto muitas

vezes surge dessa necessidade de times multifuncionais;

3. Todo projeto é único no sentido que gera algo diferente em algum ponto do

que já foi feito anteriormente. Mesmo em projetos de “rotina”, como a

construção de uma casa, variáveis como o terreno, o acesso a casa, leis de

zoneamento, mercado de trabalho e serviços públicos certamente irão variar

de uma construção para outra, tornando o projeto de cada construção único.

Desta forma, um projeto é essencialmente diferente das atividades normais

de produção de uma empresa, na medida que essas atividades são

geralmente repetitivas e contínuas enquanto um projeto é, como definido,

temporário e único;

4. Dado que um projeto é diferente do que já foi feito anteriormente, a

incerteza e o risco são inerentes a ele;

5. Projetos são empreendimentos temporários, ou seja, possuem início e fim

definidos. O fim é alcançado quando os objetivos do mesmo são atingidos,

quando se torna claro que esses objetivos nunca serão alcançados ou quando

a necessidade de que os objetivos sejam atingidos não mais existir;

6. Finalmente, o projeto é um processo de trabalho para atingir uma meta.

Durante esse processo, existem fases distintas. O conjunto dessas fases é

chamado de ciclo de vida do projeto.

MEREDITH & MANTEL (1985) dizem que um projeto pode ser dividido em

sub-tarefas que precisam ser executadas para se alcançar os objetivos. O mesmo é

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complexo o suficiente para que a execução dessas sub-tarefas requeira uma coordenação

cuidadosa e controle em termos de duração, precedência, custo e performance. O próprio

projeto precisa ser coordenado perante outros projetos sendo executados

concomitantemente.

Os mesmos autores dizem que assim como entidades orgânicas, os projetos

possuem um ciclo de vida. De um começo vagaroso, o nível de atividade vai se

desenvolvendo até um pico, começando então a declinar e, finalmente, terminar.

O Project Management Institute (PMI, 2000), resume essas definições:

• Projeto é um empreendimento temporário realizado de forma

progressiva para criar um produto ou serviço único;

• Do fato dos projetos serem temporários decorre o fato dos mesmos

possuírem obrigatoriamente início e término definidos. O fato dos

projetos serem temporários, não necessariamente significa que sejam

curtos;

• Os projetos possuem uma elaboração progressiva. Os resultados dos

mesmos precisam ser progressivamente elaborados. A elaboração

progressiva do resultado do projeto precisa ser cuidadosamente

coordenada com o processo de definição de escopo.

2.1.2 – Fatores críticos, sucesso e fracasso de projetos

Robert L Kimons, um consultor norte americano, enumera nove componentes

de projetos de sucesso, no artigo Picking Projects For Profitability da revista PM Network

de dezembro de 2001:

1. Definição adequada e precisa do escopo;

2. Boa definição e priorização das razões para se fazer o projeto;

3. Entendimento dos riscos potenciais que podem afetar o projeto;

4. Um bom plano de gerenciamento desses riscos;

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5. Projeto adequado para medir a performance, durante o andamento do

projeto, de cada um dos indicadores associados aos objetivos;

6. A confecção de um plano de execução logo após a definição da estratégia

do projeto;

7. Início imediato da execução de um plano de recuperação quando detectados

desvios do realizado em comparação com o projetado;

8. Incorporação rápida de cada mudança aprovada de escopo;

9. Relatórios de status periódicos adaptados aos interesses dos interessados no

projeto.

Com relação às causas de fracasso, CRAWFORD (2001) diz que o gestor de

projetos que for incumbido de gerenciar um projeto sem nenhuma metodologia,

procedimento e processo formais para apoiá-lo, terá grandes problemas para manter o

projeto sob controle. Quando gestores de projetos conseguem atingir o sucesso nestas

condições, muitas vezes é fruto de um heróico esforço individual e não de algo que a

empresa pode com certeza reproduzir e institucionalizar. Algumas das outras razões pelas

quais um projeto pode falhar incluem:

• Gestores de projetos que não têm uma visão corporativa de planejamento,

controle, habilidades e ferramentas para o gerenciamento de projetos muitas

vezes não conseguem visualizar o contexto no qual seus projetos estão

inseridos, não conseguindo priorizar os recursos de acordo com as

necessidades corporativas;

• Planos de recuperação dificilmente podem ser implantados a tempo em

projetos que não são ativamente acompanhados e gerenciados durante sua

execução;

• Falha no treinamento dos gestores de projetos: muitas organizações

simplesmente promovem técnicos competentes para o cargo de gestor

quando, na realidade, deveriam possibilitar entendimento e

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desenvolvimento das habilidades necessárias no gerenciamento de projetos,

antes da promoção;

• Falta de apoio da alta administração para os gestores de projetos. Existe

(ROBERT & FURLONGER apud CRAWFORD, 2001) uma alta

correlação entre a falta de um patrocínio e apoio formal da alta

administração e a falha em projetos;

• As organizações muitas vezes não possuem um único responsável pelo

gerenciamento de projetos, desta forma, não existe um “culpado” na alta

administração para as falhas em gerenciamento de projetos.

Como veremos mais adiante, a gestão de projetos tem como objetivo garantir o

sucesso do mesmo, realizando as tarefas necessárias para esse sucesso e evitando as

armadilhas que podem levar ao fracasso.

2.2 – Gestão de Projetos

Apesar de, como mencionado na introdução, as pessoas estarem rotineiramente

envolvidas em projetos desde os primórdios da civilização, a natureza destes projetos

mudou (NICHOLAS, 1990). Os projetos modernos envolvem grande complexidade

técnica e requerem uma alta diversidade de habilidades. Para lidar com esta nova e

complexa natureza das atividades ligadas aos projetos modernos e com a incerteza inerente

a essa complexidade, novas formas de gestão se desenvolveram. A moderna administração

ou gestão de projetos é uma delas.

O gerenciamento de projetos, como uma área distinta de prática gerencial, é

relativamente novo e seus métodos não são muito conhecidos por grande parte dos

gerentes (NICHOLAS, 1990). Seu início data da década de 50, com os militares

americanos, mas somente no final dos anos 80 começou a se espalhar fora da esfera

militar.

A gestão de projetos provê a empresa de ferramentas poderosas que melhoram

a habilidade da organização para planejar, organizar, executar e controlar as atividades de

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maneira a conseguir atingir os resultados esperados dentro do prazo e custo previstos,

mesmo em projetos de grande complexidade (MEREDITH & MANTEL, 1985).

Gerenciamento de Projetos pode ser definido também como sendo a aplicação

de conhecimentos, habilidades, ferramentas e técnicas nas atividades do projeto de forma a

atingir os resultados necessários. LEWIS (2000) coloca que o gerenciamento de projetos

consiste no planejamento, programação e controle das atividades que precisam ser

executadas para que os objetivos do projeto sejam atingidos.

FRAME (1995) diz que a gestão de projetos também está baseada em muitos

dos princípios da administração geral, por isso, também envolve negociação, solução de

problemas, política, comunicação, liderança e estudo de estrutura organizacional. Este

último item é muito importante para a gestão de projetos, pois reflete o modo como a

organização lida com a mesma.

O Project Management Institute (PMI, 2000), novamente, consolida as

definições dos autores dizendo que a gestão de projetos consiste em decisões que são

tomadas ao longo de toda a vida do projeto, estabelecendo tarefas de planejamento,

organização, execução e controle e está estruturada basicamente sobre quatro variáveis

principais: escopo, prazo, custo e risco.

RAD & RAGHAVAN (2000), acentuam a importância dos processos no

gerenciamento de projetos dizendo que, no passado, o foco da gestão de projetos estava em

alocar pessoal competente para assegurar o sucesso do projeto e, apesar dessa abordagem

ser necessária, o pensamento atual diz que procedimentos, processos, políticas e

ferramentas mais formalizadas são vitais para o planejamento e gerenciamento dos

projetos.

NICHOLAS (1990) complementa dizendo que as soluções para problemas

impostos por demandas que mudam rapidamente e por tecnologias complexas precisam ser

de alguma forma complexas ou adaptativas às novas condições. Como resposta a essas

demandas, novas abordagens de gerenciamento surgiram adotando a abordagem sistêmica

ou por processo. Essas teorias utilizam conceitos gerais de sistemas e análise de sistemas

na tarefa de gerenciamento.

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A elaboração dos processos de gerenciamento de projetos é crucial para a boa

gestão dos mesmos. CRAWFORD (2000b) diz que a grande maioria dos fracassos em

gestão de projetos se deve à falta de processos ou processos mal formulados.

O PMI (2000) consolida novamente considerando que a gestão de projetos é,

na verdade, um conjunto de processos que são definidos como uma série de ações para se

obter um resultado. Esses processos podem ser agrupados em cinco grupos de um ou mais

subprocessos.

A tabela 1 ilustra os cinco grupos, com seus principais subprocessos. É

importante notar que cada subprocesso pode ser dividido novamente nos cinco principais

grupos de subprocessos até chegarmos ao nível de atividade. Os processos em negrito são

considerados pelo PMI (2000) como sendo processos principais e os demais como

processos de apoio.

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GruposÁrea

Iniciação Planejamento Execução Controle Fechamento

Integração • Elaboração do Planodo Projeto

• Execução doPlano do Projeto

• Controle deMudanças

Escopo

• Iniciação doProjeto

• Planejamento doEscopo

• Definição do Escopo

• Verificação doEscopo

• Contr. de Mud. DeEscopo

Prazo

• Definição deatividades

• Sequenciamento deAtividades

• Estimativa deduração deatividades

• Elaboração docronograma

• Controle doCronograma(reprogramações)

Custo

• Planejamento dosrecursos

• Elaboração doorçamento

• Controle dos custos

Qualidade • Planejamento daQualidade

• Quality Assurance • Controle daQualidade

RecursosHumanos

• PlanejamentoOrganizacional

• Recrutamento

• Desenvolvimentodo Time doProjeto

Comunicação • Planej. dacomunicação

• Distribuição dainformação

• Relatório dedesempenho

• Fechamentoadministrativo

Risco

• Planejamento dogerenc. do risco

• Identificação dosriscos

• Análise qualitativa equantitativa dosriscos

• Planejamento dasrespostas ao risco

• Monitoramento econtrole dos riscos

Suprimento

• Planej. dossuprimentos

• Planej. das solicitações

• Solicitações• Seleção de

fornecedores• Administração de

contratos

• Fechamento doscontratos

Tabela 1: Processos de Gerenciamento

Os processos de iniciação definem restrições, pré-requisitos e outras

informações para o início dos processos de planejamento e execução. Durante os processos

de iniciação, todas as informações relevantes para o planejamento devem ser levantadas,

analisadas e relacionadas.

Os processos de planejamento definem e refinam os objetivos do processo

principal, além de confeccionar o plano de trabalho para alcançar esses objetivos. Utilizam

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como base as informações coletadas e compiladas pelos processos de iniciação,

trabalhando essas mesmas informações de maneira a planejar o trabalho a ser executado

durante os processos de execução.

Os processos de execução coordenam pessoas e outros recursos para

encaminhar a execução do projeto. Esses processos seguem o plano produzido pelos

processos de planejamento e têm como resultado o próprio resultado do projeto ou parte

dele.

Os processos de controle asseguram que os objetivos do projeto serão

alcançados e que o plano do projeto seja seguido ou então atualizado. Os processos de

controle também mensuram os processos de execução.

Os processos de fechamento formalizam o término do projeto ou processo

principal.

As interações entre esses processos são ilustradas nas Figuras 1, 2 e 3, de

autoria do PMI (2000).

Figura 1: Fluxo dos grupos de processos

A Figura 1 mostra o fluxo dos processos no projeto. Assim, os processos de

iniciação geram resultados para os de planejamento, que geram resultados para os de

execução, que passam pelos de controle, que alimentam novamente o planejamento e a

execução e, finalmente, alimentam os processos de fechamento. Este fluxo é aplicável

Iniciação Planejamento

Controle Execução

Fechamento

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tanto ao projeto como um todo como a partes do projeto, desta forma, cada fase de um

projeto pode ter seus processos enquadrados nos cinco grupos e o relacionamento entre

eles será o mesmo da figura acima.

Figura 2: Distribuição do nível de atividade dos processos durante as fases do projeto

A figura 2 mostra o nível de atividades dos processos em função do tempo.

Assim, no início dos projetos os processos de iniciação consomem a maioria dos recursos.

Com o decorrer do tempo, os processos de planejamento começam a consumir mais

recursos, seguidos dos processos de execução e, finalmente, dos processos de fechamento.

Os processos de controle têm uma atuação mais uniforme durante todo o ciclo de vida do

projeto.

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Figura 3: Relação entre os processos das fases

A figura 3 acima ilustra a aplicação da figura 1 em todas as fases do projeto. Conforme

dito antes, cada fase pode ter seus processos divididos nos cinco grupos e o relacionamento

entre eles se dará de acordo com a Figura 1.

2.3 – Projeto como meio de implementação de estratégias de

negócio

GONSALEZ & RODRIGUES (2002) dizem que a implementação de

estratégias de negócios envolvem:

• Mudanças nos parâmetros da operação dos processos atuais da empresa;

• Implementação de novas competências, tecnologias ou processos;

• Tem natureza tangível ou natureza intangível.

Estas ações de implementação sempre podem ser traduzidas em projetos e

administradas como tal, com prazo, escopo, produtos e qualidade definidos. A figura a

seguir ilustra a transformação de oportunidades organizacionais em ações estratégicas e

sua implementação como projetos:

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Figura 4: Transformação de Oportunidades em Projetos

O projeto para implementação de uma ou mais estratégias organizacionais tem

sempre por objetivo levar a empresa de um posicionamento atual para um outro

posicionamento mais vantajoso no futuro. Isto leva ao que os autores denominaram

necessidade de ciclo de vida ampliado dos projetos para a evolução contínua da empresa.

A figura a seguir ilustra esse ciclo:

Resultados

ProjetoImplementação

Ação

Análise de Viabilidade

Oportunidades

Novas Tecnologias

Concorrência PosicionamentoMercado Objetivos

Metas

Situação Prevista

Resultados

Situação Atual

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Figura 5: Ciclo de Vida Estendido dos Projetos

O ciclo de elaboração de estratégias, ação, análise de viabilidade, projeto e

implementação é repetido para cada novo projeto de mudança organizacional, o que, se

analisado como um todo, acarreta um aumento expressivo da complexidade do

gerenciamento destes projetos, pois este gerenciamento irá envolver:

• Projetos em diferentes níveis de “maturidade ou diferentes fases de

“evoluções”;

• Projetos que partem de vários ângulos de “posicionamento” da

empresa: infra-estrutura, organização, tecnologia, etc.;

• Projetos diferentes que disputam os mesmos recursos;

• Projetos diferentes que facilitam ou dificultam a implementação de

outros;

• Projetos que contribuem de forma diferente para os objetivos do

negócio.

Este aumento de complexidade e de alcance do gerenciamento de projetos leva

a um controle mais formal e centralizado para permitir uma transformação da empresa

Iniciação Plan. Exec. Contr. Final..

Ciclo de Vida Tradicional

Posicionamento Atual

Estratégias de negócio

Ação

Análise de Viabilidade

Projeto

Implementação

Novo posicionamento

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atual na organização do futuro de maneira orquestrada, ordenada e administrada e não

caótica. A figura abaixo ilustra esse fato:

Figura 6: Transformações Orquestradas x Transformações Caóticas

Assim, fica evidente que é necessário uma coordenação entre os diversos

projetos de iniciativas estratégicas da empresa de forma a tornar a ação mais próxima

possível da intenção, obtendo os melhores resultados. Para isso, é necessário promover:

• O alinhamento entre as iniciativas;

• O alinhamento das iniciativas com a estratégia da empresa;

• Resultados obtidos próximos aos esperados;

• Reconhecimento da dinâmica da mudança.

Como será visto mais adiante, o Escritório de Gerenciamento de Projetos pode

atuar como esse elemento de organização dessas iniciativas estratégicas organizacionais.

OrganizaçãoHoje

Organizaçãono futuro

Projetos

TransformaçãoOrquestrada

TransformaçãoCaótica

Intenção

Ação

Resultado

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3 – ESCRITÓRIO DE GERENCIAMENTO DE PROJETOS

Este capítulo define e apresenta as principais características do objeto de

estudo deste trabalho, o Escritório de Gerenciamento de Projetos, de forma a situar o leitor

nos conceitos relativos ao mesmo. Primeiro serão apresentadas as definições a respeito do

tema, em seguida os principais tipos e funções existentes, além dos pré-requisitos e

benefícios esperados em cada um desses tipos. Por último, serão descritos os aspectos

relevantes de sua implementação.

3.1 - Definição

A definição de Escritório de Gerenciamento de Projetos na literatura é um tanto

quanto imprecisa. CASEY & PECK (2001) dizem que esta imprecisão deriva do fato de

que EGP significa coisas diferentes para pessoas diferentes já que existem diferentes tipos

de Escritórios de Gerenciamento de Projetos e que cada um tem seu conjunto de vantagens

e desvantagens. Por isso, não é objetivo desta seção a busca de uma definição única e

precisa para o tema, mas sim a busca das principais definições.

RAD & RAGHAVAN (2000) definem o tema como a entidade organizacional

que provê o foco institucional nos procedimentos de gerenciamento de projetos. Ainda de

acordo com os mesmos autores, ele funciona como um mecanismo para a continuidade

organizacional das experiências e lições aprendidas durante o processo de gerenciamento

de projetos. Além disso, facilita a integração das atividades de gerenciamento de projetos

com as políticas e procedimentos organizacionais, facilita a consistência freqüentemente

desejada nas políticas, procedimentos e ferramentas de gerenciamento de projetos e,

finalmente, atua como um centro corporativo de competência em gerenciamento de

projetos.

Com esta definição, os autores enfatizam o caráter corporativo, de defensor dos

procedimentos definidos e das boas práticas de gerenciamento de projetos dentro da

organização. DUGGALL (2001) também define Escritório de Gerenciamento de Projetos

nesta mesma linha, descrevendo-o como uma estrutura formalizada que é direcionada

diretamente ao suporte à comunidade de gerenciamento de projetos da empresa. A função

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do mesmo, neste caso, seria trazer ordem e padronização para as práticas possivelmente

caóticas e diversificadas de gerenciamento de projetos. Para isso, devem ser definidos

processos e padrões repetitíveis, além do controle para verificação do cumprimento desses

processos e padrões. Essas definições e controle também seriam de responsabilidade do

EGP.

CRAWFORD (2000a), por sua vez, define EGP como um provedor de serviços

e processos completos para gerenciamento de projetos. O autor deixa em aberto o que

significa o termo “serviços e processos completos para gerenciamento”, porém, pode-se

assumir que sejam os serviços e processos necessários para que a empresa consiga realizar

com sucesso o gerenciamento de seus projetos, ou seja, que envolvam, pelo menos, o

planejamento, organização, direção e controle de escopo, prazo, custo e risco. CLELAND

& IRELAND (2000) reforçam esta definição descrevendo o tema como um grupo de

suporte que provê serviços para os gerentes de projetos, gestores seniores e gerentes

funcionais trabalhando em projetos. Dizem ainda que o escritório não substitui o gerente

do projeto, apenas prepara informações e relatórios de apoio.

Com estas definições, os autores enfatizam o caráter de provedor de recursos e

serviços para gerenciamento de um Escritório de Gerenciamento de Projetos, ou seja, seria

de sua responsabilidade atuar como um “repositório” de serviços, profissionais, processos,

métodos e ferramentas de auxílio.

Mais uma abordagem para a definição do tema é dada por MORNINGSTAR

(1999) que diz que o EGP é uma entidade responsável pela definição de um método

padronizado de avaliar e priorizar projetos e de alocar e gerenciar os recursos necessários

para a execução desses projetos. Desta forma, a função de gestão de porta fólio que um

Escritório de Gerenciamento de Projetos pode desempenhar é enfatizada pelo autor.

BRIDGES & CRAWFORD (2001) também colaboram para definir o tema

dizendo que o EGP surge para definir a infra-estrutura e o suporte necessário para se

organizar uma empresa "projetizada". Uma empresa "projetizada", neste contexto, pode ser

definida como aquela cuja estrutura organizacional está voltada para projetos e não para

funções departamentais.

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Os autores completam a definição dizendo que EGP também é um “escritório”

ou “divisão”, física ou virtual, no qual trabalham profissionais conhecedores de

gerenciamento de projetos e que servem às necessidades organizacionais de gerenciamento

de projetos. CRAWFORD (2001) acrescenta dizendo que, além disso, o mesmo também

atua como centro de excelência em gestão de projetos dentro da organização.

Com essas definições, os autores enfatizam a função de “repositório” defendida

por CRAWFORD (2000a), além de acrescentar a função de definidor de infra-estrutura de

gerenciamento de projetos para empresas "projetizadas".

KATE (2000) define o Escritório como uma unidade do negócio focada na

eficiência do gerenciamento de projetos e programas dentro da organização. Não foge,

portanto, das outras definições já expostas acima pois para garantir a eficiência do

gerenciamento de projetos e programas, o EGP deveria atuar corporativamente, definindo

padrões, processos, ferramentas, indicadores de desempenho e priorização, além de servir

de fonte de recursos e boas práticas de gerenciamento de projetos.

Todos os autores vistos até agora tratam o tema como uma unidade

organizacional única, outros, porém, como ARCHIBALD (1992) e KEZNER (1992)

tratam o mesmo como uma entidade que não é corporativa, mas sim parte integrante do

time de cada projeto. KEZNER (1992) diz que o time do projeto é uma combinação do

Escritório de Gerenciamento de Projetos e os empregados funcionais. Diz ainda que o

mesmo é uma coleção de funções de gerenciamento de projetos que auxiliam os gerentes

de projetos durante a execução de seus trabalhos. Os dois autores concordam e

complementam dizendo que o EGP é a parte do time do projeto responsável pelo suporte

às tarefas do gerente.

De acordo com o exposto, pode-se então agrupar as possíveis definições de

Escritório de Gerenciamento de Projetos como segue:

• Elemento organizacional de caráter corporativo e de definição,

uniformização e defesa de padrões, processos e ferramentas de

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gerenciamento de projetos (RAD & RAGHAVAN, 2000 e DUGGALL,

2001);

• Elemento organizacional de caráter corporativo que atua como

repositório ou provedor de serviços, profissionais, processos, métodos e

ferramentas de auxílio ao gerenciamento de projetos (CRAWFORD,

2000a e CLELAND & IRELAND, 2000);

• Elemento organizacional de caráter corporativo que atua no auxílio na

gestão de porta fólio (MORNINGSTAR, 1999);

• Parte integrante dos times de projetos e responsável pelo auxílio aos

gerentes de projeto (ARCHIBALD, 1992 e KEZNER, 1992)

Para se verificar a aplicabilidade do EGP na gestão de projetos corporativos e

na implementação de estratégias organizacionais, assume-se uma definição híbrida. A

figura abaixo, uma adaptação feita a partir da definição de GONSALEZ & RODRIGUES

(2002), ilustra essa definição:

Figura 7: Escritório de Gerenciamento de Projetos - Conceito

Resultados Resultados Resultados

ProjetoA

ProjetoB

ProjetoC

EGP

Alta AdministraçãoPatrocinadora dos Projetos

Necessidades doNegócio

Produtos doNegócio

Metodologia,Serviços,Treinamento,Documentação,Alinhamento

Acompanhamento,Relatórios de Progresso,Controle de Recursos

Consolidação dos relatórios econtroles

EstratégiasOrganizacionais

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Assim, pode-se definir o EGP como sendo a entidade organizacional

formalmente estabelecida responsável por:

• Definir, uniformizar e defender padrões, processos, métricas e

ferramentas de gerenciamento de projetos;

• Oferecer serviços de gerenciamento, treinamento e documentação de

projetos;

• Garantir o alinhamento das iniciativas à estratégia organizacional;

• Receber os relatórios de progresso e acompanhamento dos projetos e

enviar para os patrocinadores os relatórios consolidados.

O Escritório poderia, desta forma, atuar como auxiliador da implementação das

estratégias organizacionais, além de atuar na gestão dos projetos da empresa.

3.2 – Evolução

GONSALEZ & RODRIGUES (2002) descrevem a evolução histórica do

Escritório de Gerenciamento de Projetos dizendo que o mesmo pode ser encontrado como

entidade relativamente bem definida desde meados dos anos 60, nos grandes projetos

militares, aeroespaciais e de construção civil. Pode-se denominar esses escritórios como

Escritórios de Controle de Projetos, pois os especialistas em projetos da época possuíam

apenas funções de controle e de ações corretivas, ou seja, o foco era a detecção e correção

de problemas.

No final da década de 70 até meados da década de 80, com o surgimento dos

primeiros softwares de gestão “amigáveis”, o escritório mudou para expandir sua cobertura

inicial para outros projetos de áreas diferentes, porém, ainda isolados. Para isso, membros

das áreas funcionais, não especialistas em projetos, foram alocados nos escritórios que

assumiram a função de suporte aos projetos.

No final da década de 80 e meados da década de 90, as ferramentas de gestão

(e todas as demais ferramentas computacionais) sofreram uma verdadeira revolução,

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facilitando o trabalho de controle e suporte dos escritórios de projetos. Com isso,

gradativamente, o foco de atuação dos escritórios foi mudando de projetos relativamente

simples e isolados para um ambiente de multi-projetos e projetos complexos, de funções de

controle e suporte para um gerenciamento global e alinhado com as estratégias

organizacionais. A figura a seguir, adaptada de GONSALEZ & RODRIGUES (2002),

ilustra essa evolução:

Figura 8: Evolução dos Escritórios de Gerenciamento de Projetos

3.3 – Fatores Motivadores da Implementação

CRAWFORD (2001) diz que a grande maioria dos fatores que motivam a

implantação de um Escritório de Gerenciamento de Projetos são relacionados com as

causas principais de fracasso dos projetos ou dos objetivos organizacionais. Dentre essas

razões, o autor cita:

• Gerentes de Projetos não conscientes das diretrizes estratégicas da

organização ou que não conseguem guiar seus projetos de acordo com

estas diretrizes. Isto faz com que os projetos sejam gerenciados

Escritórios deControle de Projetos

Escritórios de Suportea Projetos

Escritórios deGerenciamento de Projetos

1960 1970 1980 1990

Especialistas em Controle deProjetos

Áreas funcionais participamdo Gerenciamento de

Processos de Gerenciamento

Grandes projetosmilitares,

aeroespaciais econstrução civil

Especialistas / FerramentasEspecíficas

Primeiros softwares degestão “amigáveis”

Software deGerenciamento em PCs

Ênfase emGerenciamento de

Projetos

Projetos de diferentesáreas e isolados

Multiprojetos /integração / Projetos

complexos

Foco em Controle / Reativo Foco Estratégico / Pró-ativo

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individualmente, fazendo com que a probabilidade de não se alcançar

os objetivos organizacionais fique mais alta;

• Os projetos não são ativamente monitorados e gerenciados durante sua

execução, fazendo com que as decisões de interromper o projeto ou

então de recuperação de projetos mal conduzidos sejam tomadas tarde

demais, quando boa parte dos recursos e imagem da organização foram

consumidos;

• Falha no treinamento adequado dos gestores de projetos;

• Falta de comprometimento e entendimento da importância dos projetos

por parte da alta administração;

• Falta de procedimentos, processos e ferramentas definidos e

divulgados.

GONSALEZ & RODRIGUES (2002) complementam dizendo que os projetos

podem ser meios para a implementação de estratégias empresariais e, por isso, necessitam

de um controle mais elaborado, que inclui a verificação de alinhamento com essas

estratégias. Essa necessidade de alinhamento, bem como os fatores a seguir, são

motivadores da implementação de um EGP:

• Carência de estrutura organizacional e competências específicas nas

empresas em gerenciamento de projetos;

• Crescente complexidade e diversidade do porta fólio de projetos das

empresas;

• Gerenciamento de projetos e porta fólio mais eficazes.

BIGELOW (2002) destaca como fator motivador de implementação a

proporcionalidade que algumas pesquisas estão verificando entre a implantação do

Escritório de Gerenciamento de Projetos e o aumento das taxas de sucesso dos projetos

organizacionais. Segundo a autora, o relatório da pesquisa CHAOS 2001 do Standish

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Group mostra claramente que os índices de sucesso dos projetos aumentaram mais de 30%

se comparados com os índices de 1994, quando a pesquisa foi iniciada, e esse aumento se

deve basicamente às melhoras no gerenciamento introduzidas pela implementação de

Escritórios de Gerenciamento de Projetos, principalmente em indústrias de alta tecnologia.

3.4 –Modelos, Funções e Composição Interna

A maior parte dos autores divide os modelos de EGP em três principais tipos.

CRAWFORD (2001) nomeia-os de escritórios de projetos de nível 1 – Escritório de

Controle de Projetos, nível 2 – Escritório de projetos de uma área do negócio, e nível 3 –

Escritório Estratégico de Projetos. KATE (2000), por sua vez, denomina-os Escritório de

Suporte de Projetos, Escritório de Projetos e Programas e Escritório de Governança de

Projetos e Programas. Uma outra nomenclatura é dada por CASEY & PECK (2001) que os

denomina escritório de nível 1 - Estação Meteorológica, escritório de nível 2 - Torre de

Controle e escritório de nível 3 – Repositório de Recursos

As figuras a seguir, adaptadas de CASEY & PECK (op.cit.), CRAWFORD

(op.cit.) e KATE (op.cit.), ilustram a divisão dos Escritórios em modelos.

Figura 9: Modelos de EGP (CASEY & PECK, 2001)

EstaçãoMeteorológica

Torre deControle

Repositório deRecursos

Projetosmulti-

funcionais

ProjetosGrandes efuncionais

ProjetosMédios efuncionais

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Figura 10: Modelos de EGP (CRAWFORD, 2001)

Figura 11: Modelos de EGP (KATE, 2000)

O que distingue um modelo de EGP de outro são os diferentes graus de

autoridade, responsabilidade e funções (GONSALEZ & RODRIGUES, 2002).

Apesar da diferença de nomenclatura, a maioria das funções associadas a cada

tipo (ou nível) de EGP se mantém relativamente constante perante os vários autores

citados. Para os objetivos deste trabalho, os modelos de Escritórios possíveis também serão

divididos em três.

CEO

TI Operações Finanças EscritórioEstratégico de

Projetos

Desenvolv.Aplicações

Sistemas Escritório deprojetos de uma área

do negócio

ProjetosEscritório de

Controle de Projetos

Escritório deSuporte de Projetos

Escritório deProjetos eProgramas

Escritório deGovernança de

Projetose Programas

Gerenciamento

Corporativode Projetos

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1. Nível 1 – Escritório de Controle de Projetos;

2. Nível 2 – Escritório de Suporte de Projetos;

3. Nível 3 – Escritório Estratégico de Projetos

É interessante notar que, apesar desta divisão de modelos, tipos diferentes de

Escritórios podem ser utilizados ao mesmo tempo em áreas distintas da organização ou

mesmo dentro da mesma área (CASEY & PECK, 2001). BRIDGES & CRAWFORD

(2001) reforçam dizendo que um EGP pode existir em qualquer um dos níveis ou até

mesmo nos três níveis, simultaneamente, dependendo das necessidades da empresa. Esses

modelos podem também se misturar, fazendo com que as fronteiras entre eles sejam muito

tênues. (KATE, 2000)

A questão para a maioria das organizações que lidam com projetos muitas

vezes não é se a empresa deve ou não implantar um Escritório de Gerenciamento de

Projetos, mas sim onde e de que tipo (BRIDGES & CRAWFORD, 2001). Ter um EGP

funcionando em local ou maneira incorreta é tão ruim quanto não ter um EGP, já que isto

pode reduzir ou mesmo eliminar os pontos positivos de sua implantação (CRAWFORD,

2001). Evidencia-se, assim, a importância de definir claramente cada um dos três modelos

propostos.

3.4.1 – Nível 1 - Escritório de Controle de Projetos

Um EGP de nível 1 é utilizado para controle de projetos grandes ou médios e é

responsável, basicamente, pela emissão de relatórios do projeto e de acompanhamento de

indicadores previamente estabelecidos (GONSALEZ & RODRIGUES, 2002).

Os escritórios deste nível geralmente se encarregam de projetos únicos e

relativamente complexos, como um projeto de adequação de softwares para o ano 2000

(CRAWFORD, 2001). É de sua responsabilidade o acompanhamento e elaboração de

relatórios a respeito dos projetos, sem, contudo, influenciar a forma como estão sendo

conduzidos. (CASEY & PECK, 2001).

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2002

KATE (2000) diverge deste conceito enumerando as seguintes funções para um

Escritório de Nível 1:

• Atua como um facilitador do fluxo de informações entre os projetos e

programas;

• Abre linhas de comunicação entre os gerentes de projetos e programas e

a organização;

• Auxilia na eliminação de esforços duplicados e projetos e programas

conflitantes;

• Auxilia no alinhamento dos projetos e programas com a estratégia

organizacional;

• Atua como fonte de experiências e competências em práticas de gestão

de projetos.

A autora expande as funções definidas pelos demais autores, acrescentando as

funções de alinhamento dos projetos com a estratégia organizacional e de auxílio na

eliminação de esforços duplicados. Neste sentido, algumas das funções propostas pela

autora seriam funções de um EGP de Nível 2 - Escritório de Suporte de Projetos e não de

Nível 1 – Escritório de Controle de Projetos.

Resumindo, um EGP de Nível 1 seria responsável pelo controle dos projetos,

monitorando e obtendo informações para a confecção de relatório de status, sem

influenciar no gerenciamento do projeto.

As funções deste nível de Escritório são enumeradas abaixo: (CASEY &

PECK, 2001)

• Confecção de relatórios de progresso;

• Confecção de relatórios de custos e orçamento;

• Confecção de relatórios de identificação e acompanhamento de riscos

identificados;

• Manter uma base de dados de ações históricas e lições aprendidas;

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• Confecção de relatórios de performance segundo indicadores pré-

estabelecidos;

• Monitorar os resultados do projeto.

No geral, um Escritório deste nível trabalha controlando as atividades de dia-a-

dia dos projetos para ajudar os gestores a assegurar que o time do projeto alcance suas

metas, resultados e orçamento estipulados (BRIDGES & CRAWFORD, 2001).

CASEY & PECK (2001) complementam dizendo que, apesar das funções de

um EGP de nível 1 parecerem simples, elas fazem com que o mesmo defina a freqüência,

formato, método de entrega e todas as ferramentas necessárias para os relatórios de

planejamento.

Os autores adicionam dizendo que se o Escritório não tiver o apoio necessário

para assegurar a cooperação dos gerentes de projetos, sua atuação será ineficiente e

encontrará muitas barreiras nos projetos. Essa situação é um exemplo clássico de controle

sem autoridade. Por isso, os gerentes de projetos têm de ser conscientizados da importância

do EGP e de alguma maneira, suas avaliações têm de envolver a colaboração dos mesmos

com o Escritório.

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2002

A figura abaixo, adaptada de GINEVRI & MANCINI (2001) mostra um EGP

de nível 1 implementado numa grande indústria italiana para melhorar o desempenho do

projeto de adequação dos softwares da empresa para o ano 2000.

Figura 12: EGP de nível 1 de uma grande empresa italiana

3.4.2 – Nível 2 - Escritório de Suporte de Projetos

Um Escritório de Gerenciamento de Projetos de Nível 2, também chamado de

Escritório de Suporte de Projetos, é geralmente utilizado para controle de projetos grandes

Gerente doProjeto

Suporte -Time doProjeto

Gerenciamentodo Projeto e

Riscos

Gerenciamento deInformação

Gerente doEGP

Time deProjeto 1

Time deProjeto 2

Gerente doProjeto

Gerente do

Outros timesde Projeto

Suporte técnico para manutenção de aplicativos

Suporte sistêmico para arquitetura distribuída

Consultoria para aspectos jurídicos e de seguro

Suporte técnico para planejamento e execução de testes

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ou de um número um pouco maior de projetos pequenos e médios. É responsável (CASEY

& PECK, 2001) também por:

• Todas as funções de um EGP de nível 1;

• Fornecer treinamento em gerenciamento de projetos;

• Estabelecer e verificar o cumprimento de padrões e métricas de

gerenciamento de projetos;

• Possibilitar o alinhamento dos projetos às estratégias do departamento

ou divisão;

• Controlar e armazenar as lições aprendidas e outros elementos e

relatórios gerados pelos projetos;

• Padronizar ferramentas de gerenciamento;

• Definir, implementar e controlar mecanismos de controle de

mudanças;

• Assumir o papel de mentor para projetos com problemas.

BRIDGES & CRAWFORD (2001) complementam dizendo que, geralmente,

um Escritório de Nível 2 está localizado no nível departamental ou de divisão da empresa,

enquanto que um de Nível 1 está localizado no nível operacional ou de projetos. Além

disso, dentre suas responsabilidades, um EGP de Nível 2 deve assessorar os Escritórios de

Nível 1, se existirem, e os projetos da organização, garantindo o alinhamento com os

objetivos da divisão ou departamento.

Os autores consideram muito importante notar que, para implantar esse nível

de EGP, a organização provavelmente precisa integrar e coordenar o gerenciamento de

recursos, relatórios, orçamentos e manter a consistência de processos nos projetos. Em um

Escritório de Nível 1, a mera aplicação de controles e o monitoramento já gera um valor

considerável porque ajudam os projetos, se considerados de maneira isolada, a gerar os

resultados necessários no prazo e no custo orçados. A partir do nível 2, o EGP também tem

essa finalidade, porém, tem também que se preocupar com questões que extrapolam o

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projeto considerado de maneira isolada. A preocupação com a eficiência na gestão dos

recursos entre os diversos projetos e a integração de tempo e orçamento entre os mesmos

devem estar sempre presentes.

CRAWFORD (2001) colabora colocando que o principal valor adicionado por

um EGP de Nível 2, se comparado com o de Nível 1, é a possibilidade de implantação de

um padrão de excelência de gestão de projetos em nível departamental ou divisional e não

somente no nível de projeto. Um Escritório de Nível 2 adiciona ao seu leque de

responsabilidades a preocupação com a coordenação de e entre múltiplos projetos, o que

inclui:

• Gerenciamento de recursos entre os projetos;

• Adequação de cronogramas e orçamentos;

• Atuação como mentor;

• Fonte de recursos e competência em gerenciamento de projetos.

KATE (2000) concorda, desta vez, com a definição dos demais autores

explicitando as funções que considera de responsabilidade de um Escritório de Nível 2:

• Prover as mesmas funções de um Escritório de Controle de Projetos;

• Prover análises e relatórios das atividades dos projetos;

• Prover mentoração e assessoramento para os gerentes de projetos e

programas baseados numa metodologia de gerenciamento mais

estruturada;

• Auditar projetos e programas.

Resumindo as definições, basicamente, um EGP de Nível 2 difere de um de

Nível 1 principalmente pelo poder de influir no andamento dos projetos por meio de

mentoração e definição de metodologias, técnicas, métricas e ferramentas a serem

utilizadas. Com um EGP de Nível 2, a empresa começa a tratar o gerenciamento

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Escritório de Gerenciamento de Projetos – Um Estudo de Caso pág. 35 de 89

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corporativo de projetos como um elemento importante em sua estrutura. (CASEY &

PECK, 2001).

3.4.3 – Nível 3: Escritório Estratégico de Projetos

Um Escritório Estratégico de Projetos opera no nível corporativo, coordenando

e definindo políticas para todos os projetos dentro da organização, gerenciando o porta

fólio corporativo e prestando auxílio aos Escritórios de nível 1 e 2, se existirem. Neste

nível, um EGP geralmente é considerado um centro de excelência em gerenciamento de

projetos, guiando e ajudando os gerentes de projetos e demais membros dos times dos

projetos a alcançar seus resultados de maneira mais eficiente. (BRIDGES & CRAWFORD,

2001)

Os autores acrescentam dizendo que, neste nível de EGP, as funções principais

giram em torno de:

• Padronização do gerenciamento de projetos;

• Identificação, priorização e seleção de projetos;

• Gerenciamento corporativo de recursos;

• Educação continuada dos gestores de projetos;

• Implantação e manutenção de um sistema de informações de

gerenciamento de projetos;

• Alinhamento dos projetos à estratégia corporativa;

• Desenvolvimento profissional e dos planos de carreira dos profissionais

de gerenciamento de projetos da organização.

KATE (2000) diz que um EGP de Nível 3 tem como responsabilidade:

• Prover todas as funções de um Escritório de Nível 2;

• Determinar e publicar toda a metodologia e processos de gerenciamento

de projetos a serem seguidos;

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2002

• Determinar e disponibilizar as ferramentas de gerenciamento de

projetos a serem utilizadas;

• Assegurar o alinhamento dos projetos e programas às estratégias do

negócio.

Segundo os autores citados, a principal diferença entre os Níveis 2 e 3 dos

Escritórios de Gerenciamento de Projetos é o caráter corporativo do segundo contra um

caráter departamental do primeiro.

CRAWFORD (2001) não discorda desta definição ao colocar o exemplo:

considere uma organização com várias unidades de negócio, vários departamentos de

suporte tanto nas unidades de negócio quanto no nível corporativo. Um EGP de nível 2

provavelmente não teria autoridade, nem conhecimento suficiente, para priorizar os

projetos na perspectiva corporativa, muito menos para alinhar esses projetos aos objetivos

corporativos que podem incluir metas de rentabilidade, estratégias de penetração de

mercado, expansão de linha de produtos, expansão geográfica, diminuição de custos, entre

outros. Somente um elemento organizacional em nível corporativo, pode prover a

coordenação e o nível de visão necessária para selecionar, priorizar e monitorar os projetos

e programas, fazendo-os contribuir para o cumprimento da estratégia organizacional. E

este elemento é o Escritório Estratégico de Projetos.

O autor acrescenta a lista abaixo de funções e características de um EGP de

nível 3 à definição:

• Desenvolver, documentar e armazenar uma metodologia padronizada

de gestão de projetos, que deve ser composta também de um conjunto

consistente de ferramentas e processos para os projetos;

• Baseado na experiência de projetos anteriores, o EGP pode validar o

que foi assumido em relação a recursos humanos, custo e prazo durante

os processos de planejamento;

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2002

• Atuar como um centro de competência e uma biblioteca de planos de

projetos anteriores;

• Atuar como centro de consultoria em gerenciamento de projetos;

• Atuar como centro de análise e revisão de projetos, como um centro de

gerenciamento do conhecimento em gestão de projetos onde

informações a respeito dos objetivos dos projetos, orçamentos,

progresso e história são armazenados, tanto durante o ciclo de vida do

projeto como depois, na forma de lições aprendidas.

O autor observa que é claro que, no mundo real, nada funciona precisamente da

forma como foi descrita, em qualquer Nível de Escritório de Gerenciamento de Projetos.

Muitos Escritórios são modelos híbridos em relação aos níveis apresentados. O importante

desta divisão é observar que é um erro definir um EGP de nível 3 e ocupá-lo

exclusivamente com tarefas operacionais de projetos ou então, o contrário, definir um EGP

de nível 1 e ocupá-lo com tarefas estratégicas. Primeiramente, deve-se definir quais são os

objetivos e, somente depois, que tipo de EGP seria o mais adequado.

3.4.4 – Funções dos Escritórios de Gerenciamento de Projetos

As funções expostas nos modelos de EGP descritas acima variam em função do

grau de maturidade em gerenciamento de projetos, das necessidades da organização, do

quanto a empresa depende de projetos para obter resultados e dos benefícios esperados.

Essas funções podem ser relativas à processos e tecnologia e às pessoas (GONSALEZ &

RODRIGUES, 2002).

RAD & RAGHAVAN (2000) têm a mesma opinião dizendo que as tarefas

principais que podem ser atribuídas a qualquer EGP podem ser divididas nas categorias de

Processos e Pessoas. As funções relativas aos Processos, basicamente, cobrem as

atividades necessárias para planejar e executar os processos e procedimentos necessários

para assegurar a correta implementação da metodologia de gerenciamento de projetos

definida pelo EGP. As funções relativas às Pessoas cobrem as atividades que são

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Escritório de Gerenciamento de Projetos – Um Estudo de Caso pág. 38 de 89

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necessárias para selecionar, manter e gerenciar as pessoas inseridas num ambiente de

gerenciamento de projetos. Uma ênfase no balanceamento entre ambas as funções é um

fator de sucesso para o EGP. Ao contrário, o desbalanceamento entre as funções é uma das

principais causas de falhas na implementação.

Com relação ao relacionamento entre o grau de maturidade em gestão de

projetos com os modelos de EGP, a tabela abaixo, adaptada de GONSALEZ &

RODRIGUES (2002), exemplifica o mesmo. Para o estabelecimento do grau de

maturidade em gerenciamento de projetos da organização, utilizou-se um paralelo com os

níveis de maturidade de produção de software, o Capability Maturity Model – CMM.

Grau de Maturidade Modelo de EGP recomendado

Inicial• Não há processos de gerenciamento

de projetos em operação;• Processos são vistos como únicos e

há problemas de custos, qualidade eprazo;

• Não há documentação – liçõesaprendidas não são aproveitadas.

Modelo simplificado de EGP ou um estágioembrionário do mesmo. Algo que introduzaa cultura de Gerenciamento de Projetos naorganização.

Repetitivo• Há processos de gerenciamento de

projetos para planejamento, previsãode prazos, acompanhamento eestimativas de custos;

• Utilizam-se softwares degerenciamento de projetos;

• Os dados não estão integrados;• Resultados não são evidentes;• Falta visão geral dos projetos.

EGP de Nível 1 – Escritório de Controle deProjetos.

Definido• Abordagem padronizada de

gerenciamento de projetos;• Sistemas de gerenciamento de

projetos bem definidos,documentados e padronizados;

• Gasta-se muito tempo com modelos,em detrimento da análise e solução

EGP de Nível 2 – Escritório de Suporte deProjetos.

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de problemas.Gerenciado

• Processos de gerenciamento deprojetos integrados, avaliados econtrolados;

• Alta gerência interligada ao fluxo deinformações dos principais projetos;

• Alta taxa de sucessos em projetos;• Banco de dados consolidado.

EGP de Nível 3 – Escritório Estratégico deProjetos.

Otimizado• Processos continuamente

aperfeiçoados;• Sistemas atendem às necessidades da

alta gerência e da linha;• Informações confiáveis podem ser

transferidas de um projeto a outro eanalisadas de um ponto de vistacorporativo;

• Recursos otimizados não só emtermos de projetos mas em termosempresariais.

EGP de Nível 3 em conjunto com umCentro de Gerenciamento da TransformaçãoOrganizacional, uma espécie de maestro dastransformações organizacionais e da relaçãoda organização com o restante da rede naqual ela está inserida.

Tabela 2: Maturidade em Gerenciamento de Projeto x Modelo de EGP

Com relação à lista de funções exercidas pelo EGP, RAD & RAGHAVAN

(2000) enumeram as funções relativas aos processos e tecnologia:

• Suporte Administrativo

o Manutenção das programações e cronogramas;

o Produção, consolidação e distribuição de relatórios;

o Manutenção da Sala do Projeto (Visibility Room ou War Room);

o Suporte na escolha e operação de softwares;

o Arquivamento de documentação e gerenciamento de

informações;

o Controle de mudanças;

o Suporte na operação de Softwares.

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2002

• Consultoria e orientação em gerenciamento de projetos

o Auxílio na elaboração de propostas comerciais;

o Assistência na fase inicial dos projetos;

o Assistência ao longo da execução dos projetos;

o Auxílio na recuperação de projetos com problemas;

o Auxílio na elaboração de planejamento de riscos;

o Mentoração e gerenciamento sênior.

• Desenvolvimento de metodologia de gerenciamento de projetos

o Concretizar uma metodologia para gerenciamento de projetos;

o Recomendar e implementar mudanças na metodologia existente;

o Identificar, desenvolver e garantir a aderência a padrões e

procedimentos;

o Monitorar e implementar melhores práticas de gerenciamento;

o Manter uma base de dados dos projetos com lições aprendidas.

• Alinhamento às estratégias organizacionais

o Alinhamento às estratégias corporativas e departamentais;

o Implementação de estratégias organizacionais;

o Priorização de projetos;

o Gerenciamento de porta fólio.

As funções relativas às pessoas incluem:

• Disponibilização de pessoal especializado em gerenciamento de

projetos

o Identificação das habilidades requeridas;

o Recrutamento, desenvolvimento e a permanência dos gerentes

de projetos;

o Desenvolvimento de plano para identificação e utilização de

recursos, capacidades e competências;

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• Treinamento em gerenciamento de projetos

o Coordenar e conduzir programas de treinamento

(Gerenciamento de Projetos Básico e Avançado, Preparação

para o Exame de Project Management Professional – PMP,

Habilidades em Software de Gerenciamento de Projetos);

o Transferir conhecimento por meio de mentoração.

• Atuação na resolução de conflitos

o Definição clara das funções e responsabilidades do gerente de

projetos face ao gerente funcional;

• Atuação como gestor da carreira de gestor de projetos

o Definição de planos de carreira;

o Acompanhamento do desenvolvimento dos profissionais.

• Atuação para “encaixar” os papéis de gerenciamento de projetos na

estrutura organizacional.

3.4.5 – Estrutura Interna

CRAWFORD (2001) diz que um EGP, independente do nível, pode ser

composto das seguintes posições, que geralmente podem ser ocupadas por um conjunto

reduzido de pessoas: Diretor, Gerente, Mentor, Planejador, Especialista em Metodologias,

Bibliotecário ou especialista em documentação, Coordenador de Suporte Administrativo,

Coordenador de Comunicações, Coordenador de Controle de Mudanças e Coordenador de

Gerenciamento de Risco. É claro que um EGP de nível mais baixo não terá a maioria das

posições acima enquanto um de nível mais elevado provavelmente contará com a maior

parte delas.

3.4.5.1 - Diretor

Se a organização está preparada para implantar um EGP de Nível 3 e fazê-lo

ser a força central por detrás de seus esforços de gerenciamento de projetos, ela irá

necessitar de um diretor para assumir a liderança do Escritório. Esta posição promove a

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visualização do EGP por parte de toda a organização. Qualquer projeto que atravesse os

limites departamentais estará no campo de atuação do diretor. Dentre as tarefas do Diretor,

que podem ser executadas pelo restante do time do EGP, porém, sempre sob supervisão

direta do mesmo, estão:

• Desenhar e implementar um modelo de EGP que traga benefícios ao

negócio;

• Desenvolver um programa de métricas para avaliar o sucesso do EGP;

• Atuar como “embaixador” do EGP, estabelecendo contatos, resolvendo

conflitos e defendendo os interesses do escritório;

• Desenvolver e comunicar a missão, visão, escopo e benefícios do EGP;

• Buscar comprometimento da alta administração;

• Priorizar os recursos do EGP;

• Desenvolver as habilidades de gerenciamento de projetos dos gestores

de projetos da organização;

• Gerenciar o orçamento do EGP.

3.4.5.2 – Gerentes de Projeto

O objetivo dos gerentes de projeto é conseguir completar com sucesso seus

projetos. Isto inclui a iniciação, planejamento, execução, controle, comunicação e

fechamento dos seus projetos. O Gerente de Projeto também é responsável por manter o

patrocinador do projeto e o diretor do EGP cientes do progresso dos seus projetos e de

qualquer outra informação relevante a respeito dos mesmos.

Coordenação e comunicação com os gerentes funcionais e com seus pares

dentro do Escritório também são essenciais para assegurar que seus projetos estão sendo

executados com visibilidade e suporte.

Além disso, os gerentes de projetos atuais, que deveriam ser profissionais e

pró-ativos, deveriam se sentir como “sócios” do negócio e buscar também atingir os

objetivos da organização e não apenas “fazer seu trabalho bem feito”. Em qualquer projeto,

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o gerente de projetos faz mais que meramente reportar problemas: ele ou ela tem o poder

de tomar decisões, resolver problemas e levar os mesmos para a alta administração

somente em último caso.

3.4.5.3 – Outras Posições

Dentre os papéis que serão executados pelos demais membros de um EGP

estão (CRAWFORD, 2001):

• Suporte administrativo: tarefas administrativas e de suporte aos

projetos, geração de relatórios e suporte no uso de softwares. Estas

tarefas incluem as posições de Planejador, Especialista em

Metodologias e Coordenador de Suporte Administrativo;

• Competências em processos e nas melhores práticas: treinamento,

controle de qualidade, desenvolvimento de metodologias ou processos,

auditoria em projetos para verificação do cumprimento de

metodologias, mentoração dos gerentes de projetos. Essas funções

incluem as posições de Diretor, Mentor, Especialista em Metodologias,

Bibliotecário ou especialista em documentação, Coordenador de

Comunicações, Coordenador de Controle de Mudanças e Coordenador

de Gerenciamento de Risco;

• Serviços de biblioteca e armazenagem de informações: Relatórios de

projetos, padrões, métodos e lições aprendidas que precisam ser

armazenadas nos bancos de dados dos projetos. Numa organização de

grande porte, a manutenção de um banco de dados como este pode se

tornar um trabalho de tempo integral. Essa função exclui a posição de

Bibliotecário e especialista em documentação;

• Gerenciamento de Recursos: numa organização com um número

significante de projetos em execução, a responsabilidade pelo

gerenciamento de recursos pode se tornar um trabalho de tempo

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Escritório de Gerenciamento de Projetos – Um Estudo de Caso pág. 44 de 89

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integral. Gerentes de projetos , ao invés de “pedir, emprestar ou tomar”

recursos onde quer que eles possam ser encontrados, se voltam para o

Gestor de Recursos do EGP para assistência. Esse gestor prioriza as

requisições e trabalha com o Diretor para “encaixar” as competências

necessárias com as competências oferecidas pelos recursos, tendo

sempre interesse em manter a priorização guiada pelas estratégias

corporativas. Esta função geralmente é exercida por Gerentes do EGP.

Com relação a este assunto, KATE (2000) coloca que dentro do contexto de

um EGP, podem existir um número grande de papéis que contribuem para o sucesso do

mesmo. Os papéis contidos no EGP e suas respectivas responsabilidades dependem do tipo

e da fase de implementação. Cada papel pode ser visto em todos os estágios ou modelos

mencionados anteriormente, com diferentes responsabilidades em cada modelo. Por

exemplo, o Diretor do EGP provavelmente iria existir em todos os modelos ou pelo menos

nos modelos de Nível 2 e 3, porém, pode ser somente um facilitador de comunicação no

Nível 1 ou um responsável pela implementação de estratégias organizacionais no Nível 3.

Abaixo a autora descreve alguns destes papéis:

• Analista de Projetos: provê suporte para as tarefas de geração de

relatórios a respeito da atividade dos projetos. Esta pessoa pode revisar

os planos dos projetos e outros documentos de forma a garantir a

consistência com outros projetos;

• Consultor de Projetos: realiza consultoria e mentoração em

gerenciamento de projetos. Este indivíduo precisa ter muita experiência

em gerenciamento de diferentes tipos de projetos e possuir um profundo

conhecimento de administração geral de forma a poder aconselhar os

gerentes de projetos. O consultor de projetos pode trazer valor para a

organização muito rapidamente assegurando que as informações

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apropriadas são disponibilizadas para os gestores dos projetos,

melhorando seus níveis de eficácia;

• Gerentes de projetos e programas: são freqüentemente encontrados em

Escritórios mais desenvolvidos e se reportam ao Diretor do EGP. Esses

indivíduos realizam a gestão ou consultoria para os gestores dos

projetos dentro da organização;

• Treinador de Gerenciamento de Projetos: realiza o treinamento

necessário para desenvolver as competências em gerenciamento de

projetos requeridas pela organização;

• Diretor do EGP: é a liderança do EGP. Possui as mesmas funções

descritas por CRAWFORD (2001) acima.

3.5 – Valor para a Organização

KATE (2000) diz que a implementação de um EGP pode trazer muitos

benefícios para a organização. Enquanto os modelos de Escritórios variam de organização

para organização, os benefícios são comuns dentro de todas as várias formas encontradas.

Alguns dos benefícios podem ser observados em um período curto de tempo enquanto

outros somente serão observados no longo prazo. Os benefícios são claramente

demonstrados, mostrando que os projetos são finalizados no prazo, dentro do orçamento e

baseado nas expectativas dos clientes mais freqüentemente do que eram antes da

implantação do EGP. O uso de ferramentas de feedback, baseado nos relatórios gerados

pelo Escritório, pode mostrar os resultados tangíveis do processo aos interessados. A lista

abaixo cita alguns dos benefícios mais comuns encontrados após a implantação de um

EGP:

• Informação pode ser obtida e disseminada entre os projetos e unidades

de negócio, ajudando na comunicação;

• Clientes recebem informações uniformizadas para melhorar o padrão de

comunicação;

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Escritório de Gerenciamento de Projetos – Um Estudo de Caso pág. 46 de 89

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• Gerentes de programas e projetos recebem suporte enquanto continuam

a aprender e crescer dentro de seu ramo de atuação, resultando em um

gerenciamento de projetos mais eficiente e efetivo por parte da

organização;

• A gerência é apta a priorizar o trabalho baseado em informações

disponibilizadas para todos os interessados, resultando na correta

alocação dos recursos entre os projetos;

• A gerência é capaz de focar seu esforço em projetos que requerem

maior intervenção e são mais importantes para a organização;

• Riscos e problemas são identificados mais rapidamente e podem ser

resolvidos mais eficientemente;

• As ferramentas e técnicas de gerenciamento de projetos são

compartilhadas entre todos os envolvidos.

A autora considera que dentre essas contribuições, a mais importante é a

distribuição e compartilhamento de informações a respeito dos projetos perante todos os

interessados. Quanto mais as pessoas souberem a respeito do que está acontecendo na

organização, mais capazes elas serão para contribuir para o seu sucesso. O EGP precisa

preocupar-se em facilitar a comunicação, deixar a informação fluir em todos os níveis da

organização e entre os clientes que estão se beneficiando dos projetos e programas.

Quanto mais próximo do estratégico estiver o foco de atuação do Escritório de

Gerenciamento de Projetos, maior o valor para a organização do mesmo (GONSALEZ &

RODRIGUES, 2002). A figura a seguir, adaptada do trabalho dos autores, ilustra essa

colocação.

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Figura 13: Relação entre foco de atuação e valor para a empresa

Assim, quanto mais próximo da visão estratégica do negócio estiver o EGP,

maior valor será adicionado à organização pois o foco de atuação do mesmo será a

maximização do valor da empresa e da taxa de sucesso de suas iniciativas estratégicas

enquanto que, quanto mais próximo do operacional, maior o foco em redução de custos e

execução. De qualquer forma, o valor sempre existirá, seja ele em forma de redução de

custos ou em aumento do valor da organização.

3.5.1 – O Valor Esperado de um EGP

GOODPASTURE (2000) coloca que com os projetos amarrados diretamente a

objetivos e resultados, pode parecer simples justificar a implantação de um EGP, mas isto

geralmente não é tão simples quanto parece, pois a relação entre esses objetivos e

Foco em redução doscustos de execução

Gerentes de Projetos eEquipe

Educação e Treinamento

Suporte aos Gerentes de Projeto

Desenvolvimento Metodológico

Avaliação de Maturidade eOportunidades

Centro deCompetências

VisãoEstratégicado Negócio

Valor

Foco no valor daempresa

WBS, Modelos, Planos,Etc

Melhores Práticas

Feedback

Gestão do conhecimento

Porta fólio

Operacional

Estratégico

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resultados e a atuação do EGP não é clara. Uma maneira de resolver esse problema é pelo

cálculo do valor monetário esperado de se implementar um Escritório. O valor monetário

esperado (VME) é o valor em dinheiro de um resultado esperado ponderado pela

probabilidade deste resultado ocorrer. Árvores de decisão são freqüentemente utilizadas

para mostrar e organizar as escolhas possíveis e avaliar os resultados. Elas são uma boa

ferramenta analítica para o processo de decisão quando os elementos de decisão são

discretos e relativamente pouco numeroso. A figura abaixo ilustra uma árvore simples para

o cálculo do VME de um projeto.

Figura 14: Árvore de decisão – VME de um EGP

Neste caso, o valor esperado (VE) de um EGP é o valor do resultado do projeto

em cada uma das situações ponderado pela sua respectiva probabilidade, ou seja:

VE[EGP] = Valor(Projeto dentro do prazo e custo) * P1 + Valor(50% acima

do custo) * P2 + Valor(100% acima do custo) * P3

Assim, o EGP é justificado somente quando VE[EGP] + Custos operacionais

do EGP > VE[Sem EGP], ou seja, somente quando o valor esperado do EGP mais os

custos operacionais do mesmo é maior que o valor esperado sem a implantação do EGP.

VE[EGP]

VE[Sem EGP]

Projeto dentro do Prazo e Custo

50% acima do custo

100% acima do custo

Projeto dentro do Prazo e Custo

50% acima do custo

100% acima do custo

P1

P2

P3

P4

P5

P6

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3.6 – Fatores de Sucesso e Fatores Restritivos

BRIDGES & CRAWFORD (2000) descrevem os fatores de sucesso e os

fatores restritivos da implantação de um EGP. Os fatores de sucesso listados são:

• Manter o processo simples;

• Foco em valor;

• Planejamento;

• Patrocínio da alta administração;

• Comunicação.

Com relação à simplicidade do projeto, os autores dizem que a implementação

tem de ser realista e começar com o básico, com as coisas mais simples. Deve-se procurar

atender a todas as questões mais fáceis e básicas primeiramente, para depois pensar em

tarefas mais complexas. Não se deve tentar, logo de início, otimizar cada aspecto do

gerenciamento de projetos. Com isto, o valor do EGP será percebido de maneira mais

rápida.

A questão do foco em valor vai ao encontro do exposto no item de

simplicidade do processo. Deve-se procurar gerar o maior valor possível no menor espaço

de tempo. Para isso, deve-se procurar as coisas mais simples, porém, mais importantes para

a organização.

O planejamento é necessário para ajudar a criar a expectativa correta dos

interessados em relação ao EGP, ou seja, não permitindo que seja criada uma expectativa

que não seja realista. Além disso, o planejamento facilita a comunicação e o controle da

implementação.

O patrocínio da alta administração, por sua vez, também é indispensável. Os

autores dizem que não importa o que você faça, sem o apoio da alta administração, você

falhará.

A comunicação também segue a mesma linha. A melhor idéia do mundo não

leva a lugar nenhum se você a guardar com você. As pessoas gostam de serem informadas

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sobre o que está acontecendo com o que lhes interessa. Deixe todos os interessados saber

como o EGP e as novas práticas de gerenciamento irão ajudá-los. Assim, será mais fácil

conseguir o apoio das pessoas.

Os autores também enumeram os fatores que levam ao fracasso da

implementação de Escritórios:

1. Fazer tudo de uma vez;

2. Procrastinar;

3. Esquecer os principais interessados;

4. Demandar antes de prover;

5. Trabalhar no vácuo.

Com relação ao primeiro aspecto, os autores consideram que existem três

fatores na implementação de um Escritório de Gerenciamento de Projetos: pessoas,

processos e ferramentas. Obviamente, mudar as três coisas ao mesmo tempo é uma tarefa

muito complexa, que deve ser evitada se possível. Ao mudar o ambiente de ferramentas

deve-se manter o processo e ao mudar o processo, deve-se usar as mesmas ferramentas.

Uma abordagem dividida em fases possibilita isto.

No tocante a procrastinação, os autores sugerem que, uma vez tomada e

comunicada a decisão de implantar um EGP, esta deve ser levada até o final pois

hesitações podem acarretar uma perda de confiança das pessoas no processo.

O terceiro aspecto é o esquecimento de interessados-chave. Assim como deve

ser feito com a alta administração, deve-se envolver os interessados no EGP desde o início,

determinando-se suas necessidades, expectativas e objetivos. Entendendo o problema

nestes três diferentes níveis garantirá um maior apoio à implantação.

Outro aspecto de insucesso é quando o EGP é visto como uma entidade que

apenas demanda informações e não provê nenhum serviço, ou seja, apenas realiza auditoria

nos projetos. Ele precisa ser visto como uma entidade que primeiro provê serviços aos

interessados, auxilia e facilita o cumprimento das tarefas de gerenciamento de projetos.

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Caso isto não seja feito, o apoio necessário para a implantação dificilmente será

encontrado.

O último aspecto, trabalhar no vácuo, pode ser considerado uma decorrência

dos itens acima e significa não conseguir a colaboração necessária para a implantação. Se a

equipe de implantação do EGP estiver realizando o trabalho sem a colaboração das

pessoas, ela provavelmente terá que “re-inventar a roda” muitas vezes, pois experiências já

obtidas por terceiros não serão compartilhadas. Isto deve ser evitado.

DINSMORE (2002), acrescenta alguns pontos que podem levar ao fracasso da

implementação:

1. Falta de pressão externa: a mudança é geralmente iniciada por algo

externo à organização como, por exemplo, uma mudança drástica do

mercado, um contrato recém fechado, uma lei nova aprovada, etc. Se

essa pressão não existir e a companhia em si se encontrar em um

momento de estabilidade, então tentar melhorar as coisas gastando com

a implantação de um EGP provavelmente não dará resultados;

2. Falta de insatisfação interna: se a pressão externa for suficiente, as

pessoas na organização ficam mais insatisfeitas com o modo atual de

trabalho pois vêem que é necessário mudar. Essa insatisfação é muito

importante pois, sem ela, a proposta de mudança dos métodos de

trabalhos atuais não será levada a sério;

3. Falta de um plano viável. O Escritório pode assumir inúmeras formas e

modelos. Se os mesmos não estiverem adaptados ao contexto da

empresa e um plano de execução viável não for concebido, o esforço de

implantação irá falhar.

3.7– Implementação

Este item trata da implementação do EGP: os fatores culturais envolvidos e a

metodologia de implantação proposta pelos autores.

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3.7.1 – Aspectos Culturais

GONSALEZ & RODRIGUES (2002) dizem que muitos autores mostram o

ceticismo que muitas vezes ocorre na implementação de um EGP, que é visto como uma

entidade meramente burocrática, repleta de controles e papeladas inúteis e de alto custo. Os

mesmos autores, citando Bernstein1 lamentam esta visão, pois na verdade, se corretamente

implantado, o EGP pode representar um alívio no complicado processo de gerenciamento

de projetos.

A implantação de um EGP é também, portanto, um processo de gestão de

mudanças organizacionais (CRAWFORD, 2000). Saber lidar com as resistências, requer

saber executar a mudança cultural na empresa necessária para vencer essas resistências.

O mesmo autor define a cultura organizacional como a representação do que as

pessoas acreditam a respeito de seu trabalho, seus pares, e seus pensamentos a respeito do

gerenciamento. Também inclui as regras de negócio formais, processos de trabalho,

escritos ou não, e as crenças, valores e práticas organizacionais relativas ao processo de

decisão, estilo de gerenciamento, comunicação, reconhecimento, relações com clientes,

qualidade e envolvimento dos funcionários. A cultura organizacional precisa ser entendida

e estudada para que as mudanças necessárias para a implantação de um EGP tenham como

ser feitas.

DINSMORE2 apud GONSALEZ & RODRIGUES sugerem algumas atividades

operacionais para tornar a mudança cultural possível:

• Validação e motivação inicial:

o Pesquisas e entrevistas para definir uma linha de referência para

o projeto de implementação do EGP;

1 BERNSTEIN, Sally. Project Offices in practice. Project Management Journal, Dezembro de 2000,

vol. 30., no. 4, p 4-7.2 DINSMORE, Paul C. Implementing Project Office Cultural Change. PM Network, Agosto de 2001,

p. 22-23.

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o Apresentações para a alta administração;

o Seminários para validação;

• Treinamento e desenvolvimento:

o Seminários para os gerentes de projetos e pessoas-chave em

temas como liderança, gerenciamento de projetos complexos,

seminário sobre o PMBOK3;

• Treinamento no local de trabalho:

o Definição e priorização dos projetos que serão utilizados como

piloto durante a implementação;

• Infra-estrutura e sistemas de suporte:

o Interface com os desenvolvedores de software;

o Alinhamento das ferramentas e metodologias;

• Mapeamento da competência profissional:

o Pesquisa para definir uma metodologia de avaliação de

competências;

o Entrevistas com profissionais e consolidação dos resultados;

o Estabelecimento de programas de desenvolvimento individuais.

3.7.2 - Fases da Implementação do EGP

BRIDGES & CRAWFORD (2000) consideram que, dado que a implementação

das mudanças culturais necessárias para a implementação do EGP é uma tarefa muito

difícil, a implantação seja feita em partes.

VALERIANO4 apud GONSALEZ & RODRIGUES sugere quatro fases para

se implementar um EGP: projeto, implantação, implementação e melhoria contínua.

3 O PMBOK, Project Management Body of Knowledge é uma publicação do PMI – Project

Management Institute.4 VALERIANO, Dalton. Gerenciamento Estratégico e Administração por Projetos, São Paulo,

Makron Books, 2001, p.27

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Estima as durações das fases em dois meses para o projeto, seis meses a um ano para a

implantação e mais um ou dois anos até a implementação total.

O autor aponta que a implementação do EGP deve ser encarada como um

projeto específico, com designação de um gerente de projetos que poderá, ou não, vir a ser

o futuro responsável pela direção do EGP. Durante a elaboração do projeto deve-se

determinar qual a necessidade da organização e como ela pretende ou pode supri-las, quais

as atribuições iniciais do escritório de projetos e aquelas que serão deixadas para o futuro.

Devem ser consideradas as partes interessadas, em especial, os clientes, e o custo /

benefício da instalação do EGP. Ao término da fase de projeto devem estar definidos o

objetivo, os recursos necessários para a operação, a estrutura, modelo e funcionamento do

EGP, treinamento para os gerentes e equipes, prazos e custos das fases seguintes.

Na fase de implantação, deve-se buscar a obtenção dos recursos necessários

para se dar início ao funcionamento do EGP. O autor sugere que sejam feitos treinamentos

seguidos de aplicação em projetos reais, que sirvam como piloto. O esforço e os resultados

devem ser objetos de avaliações para correções de rumo. Uma vez implantado o EGP,

inicia-se o trabalho de ampliação do alcance do mesmo, abrangendo cada vez mais

projetos. Também nesta fase é importante que os procedimentos sejam acompanhados e

avaliados. Em seguida, vem a fase de melhoria contínua, onde os trabalhos são

direcionados para a melhoria dos processos, atualização de software e meios de

comunicação e reciclagem da equipe.

BRIDGES & CRAWFORD (2000) adotam uma abordagem que visa gerar

valor o mais rápido possível, ao mesmo tempo que considera soluções de longo prazo para

aprimorar o gerenciamento de projetos para a implementação do EGP. Assim, os autores

recomendam fazer um esforço consciente e planejar deliberadamente para gerar valor

imediato e atender o mais rapidamente possível as necessidades do negócio. A chave é

manter a implementação simples, focada na obtenção de valor e o plano de implantação

bem estruturado.

Apesar do foco no curto-prazo ser o começo, soluções de longo prazo precisam

ser consideradas e os passos iniciais dados não podem impossibilitar essas soluções. As

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soluções de longo prazo lidam com esforços de maturidade permanentes que irão resultar

em valor de longo-prazo para a organização não apenas uma vez, mas de forma perene,

graças aos processos repetitíveis e padronizados gerados.

Para que isso seja possível, os autores propõem quatro fases distintas: preparar

o terreno; começar com iniciativas de curto prazo; caminhar com soluções de longo prazo;

manter e aprimorar.

3.7.2.1 – Fase I – Preparar o Terreno

Nesta fase são definidas as iniciativas de curto prazo que serão tomadas e os

objetivos de longo prazo. Deve ser feito um estudo da situação atual e das metas e

objetivos a serem alcançados. Estudar a empresa em relação a um modelo de maturidade

em gerenciamento de projetos pode ser uma boa maneira de se entender a situação atual do

ambiente de gerenciamento de projetos da empresa. Ainda nesta fase são feitas reuniões

com as partes interessadas, a determinação das funções e da equipe do EGP e a preparação

da estratégia de comunicação. A fase acaba com a aprovação dos planos feitos e da

continuidade do processo.

3.7.2.2 – Fase II - Começar com iniciativas de curto prazo

Nesta fase se inicia a operação do EGP com a alocação da equipe, início das

atividades de comunicação e a divulgação para a organização do EGP e de suas

responsabilidades.

Dois esforços são realizados para demonstrar o valor imediato do EGP na

empresa: as iniciativas de curto prazo identificadas na fase anterior e o acompanhamento

de projetos. É importante demonstrar, desde cedo, soluções imediatas como:

• Catalogação dos projetos;

• Suporte para novos projetos;

• Treinamentos para as equipes de projeto;

• Identificação e implementação de metodologias;

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• Estabelecimento de modelos;

• Consolidação de relatórios e indicadores;

• Elaborações de modelos e padrões.

A fase termina quando as iniciativas de curto prazo já deram resultado e estão

consolidadas.

3.7.2.3 – Fase III – Caminhar com soluções de longo prazo

O objetivo desta fase é gerar valor para a empresa por meio da melhoria das

práticas de gerenciamento de projetos e no desenvolvimento dos profissionais ligados a

esse gerenciamento. Alguns exemplos de fatores críticos de sucesso nesta fase são:

• Desenvolvimento e customização contínua de processos e

metodologias;

• Desenvolvimento de um programa fixo de treinamento;

• Gerenciamento de recursos;

• Desenvolvimento de relatórios e métricas detalhadas;

• Implantação de ferramentas;

• Criação de planos de carreira para a área de gerenciamento de projetos;

• Gerenciamento estratégico de porta fólio;

• Planejamento de mudanças organizacionais e de transição.

3.7.2.4 – Fase IV – Manter e Aprimorar

Nesta fase o EGP já está funcionando e a organização já reconheceu seu valor.

Deve-se portanto, conduzir as atividades diárias, refinando continuamente o sistema de

gerenciamento de projetos e procurando sempre novas oportunidades de gerar valor para a

empresa por meio de implementação mais rápida e com menor custo das estratégias

organizacionais.

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4. ESTUDO DE CASO – ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO

Neste capítulo são realizadas a descrição e análise dos dados coletados durante

o estudo de caso, bem como a comparação destes dados com os dados da pesquisa

bibliográfica apresentada nos capítulos 2 e 3. Primeiramente, são apresentadas a empresa

estudada e sua abordagem de gerenciamento de projetos. Em seguida, são apresentadas a

descrição da análise e a interpretação gerada pela comparação dos dados observados com a

pesquisa bibliográfica, abordando cada um dos itens do roteiro da entrevista (vide Anexo I

para o roteiro completo).

O estudo de caso foi conduzido numa grande empresa do setor de

telecomunicações..

4.1 A Empresa, sua Abordagem de Gerenciamento de Projetos

e o EGP

A empresa estudada é líder mundial no mercado de telecomunicações e está

presente no Brasil desde 1924. No ano de 2001, antes da crise do setor de

telecomunicações, o país ocupava a posição de terceiro maior mercado da empresa, com

faturamento de aproximadamente R$ 4 bilhões. Sua participação no mercado nacional

girava em torno de 40% em telefonia móvel e 35% em telefonia fixa.

Mais de 40% das ligações interurbanas e internacionais do país são realizadas

através de sistemas e equipamentos da empresa que, juntamente com suas subsidiárias,

possuíam, em 2001, aproximadamente 3.800 funcionários espalhados pelo território

nacional. A empresa mantém negócios com as 10 maiores empresas operadoras de

telecomunicações do mundo.

Sua missão é entender as oportunidades e necessidades de seus clientes e

prover soluções de comunicação de maneira mais rápida e melhor do que qualquer

competidor. Fazendo isso, a empresa acredita que será gerado um retorno econômico

competitivo para seus acionistas.

Seu negócio está voltado para o fornecimento de sistemas e infra-estrutura de

redes de telecomunicações para as operadoras e para a implantação desses sistemas e infra-

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estrutura. As contas dos clientes são agrupadas em KAMs (Key Account Managers) que

são compostos por vários contratos. Cada contrato é relacionado à prestação de um serviço

e/ou fornecimento de equipamentos e sistemas. Os projetos desenvolvidos na empresa são

voltados para a implantação de centrais telefônicas e instalação e implantação de redes de

telecomunicações.

A receita está, portanto, ligada diretamente à venda dos projetos de

implantação para os clientes, o que evidencia a importância do gerenciamento de projetos

dentro da organização. A figura a seguir ilustra a estrutura organizacional da empresa no

país:

Figura 15: Estrutura Organizacional da empresa no Brasil

President

KAMs

Strategic Bus.Dev.

GlobalServices

Solutions &Product Mkt.

Finance &Administr.

HumanResources

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Embora os projetos sejam atualmente agrupados por conta, dificultando a

análise individual dos mesmos, surgiu um movimento na empresa de administrar cada

contrato como um projeto independente, permitindo acompanhar sua lucratividade, custo,

qualidade, prazo, risco, etc. No início deste ano de 2002, a presidência da empresa reforçou

a orientação voltada para projetos e deu força a esse movimento, porém, a estrutura

organizacional da empresa ainda não se ajusta a essa nova visão. A unidade organizacional

responsável pelo Gerenciamento de Projetos está localizada dentro da unidade de Global

Services. A figura a seguir ilustra a estrutura da unidade Global Services.

Figura 16: Estrutura da unidade Global Services

Global Services

StrategicPartners

Special Projects

BusinessSupport

NWRollout /Business dev &

Sales Report

Service mkt &Portfolio manag.

Project Manag.Office

SystemDeployment

SystemImplementation

NWRollout Prof.Serv. &System Integr.

CustomerServices

RegionalTraining Center

ProfessionalServices

SystemIntegration

RSDC

ELS

NetworkSupport Group

HardwareServices

Prof.Serv &System Integration

& Sales Support

Customer Services& EducationBusiness dev.Sales Report

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A estrutura da empresa para lidar com seus projetos é claramente matricial,

pois o gerente de projetos monta a sua equipe a partir de recursos das linhas. Estão,

portanto, presentes os conflitos típicos deste tipo de estrutura organizacional.

A necessidade de implementação do EGP surgiu com a demanda por uma

padronização na metodologia de desenvolvimento dos projetos da organização. Cada área

tinha a sua metodologia, ou não tinha metodologia alguma, e o esforço para manutenção

destas metodologias era muito grande. Além disso, não era possível saber ao certo qual a

situação de cada projeto, se estava sendo lucrativo ou não. A unificação das metodologias

surgiu com a criação de uma que atendesse a todos os casos.

Além da criação da nova metodologia, a empresa percebeu que o

desenvolvimento de competência em gerenciamento de projeto também era um fator

competitivo importante. Assim, o EGP surgiu como uma forma de implementar uma

metodologia única e de difundir a competência em gerenciamento de projetos por toda a

empresa. O escritório deveria ter uma equipe própria, com formação específica em

gerenciamento de projetos.

A implementação do Escritório iniciou-se em 1999 com foco na disseminação

da metodologia de gerenciamento de projetos. Essa implementação foi conduzida como um

projeto no início, mas alguns problemas ocasionados por processos de reorganização na

empresa interromperam essa abordagem.

O EGP na empresa é considerado como um elemento em implementação, que

atravessa uma fase de consolidação de abordagem e definição de rumos. O patrocínio da

alta gerência, a sensibilização dos KAMs, e a demonstração dos benefícios do EGP são

fatores que estão sendo trabalhados atualmente.

Em resumo, a empresa tem uma estrutura formal chamada Project

Management Office que de fato agrega sob sua estrutura os gerentes de projeto, guarda a

metodologia de gerenciamento, procura difundi-la e provê suporte na aplicação da mesma.

Essa estrutura teve uma evolução relativamente rápida desde a construção de uma

metodologia uniforme até hoje (cerca de 2 a 3 anos) apoiada por uma recente diretriz

mundial de valorização da disciplina de gerenciamento de projetos. Em momentos onde o

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patrocínio da alta administração foi forte, o EGP teve bom desenvolvimento. Problemas

causados por reestruturações organizacionais fizeram com que a direção não ficasse clara e

a velocidade de implementação se reduzisse. A introdução do EGP na empresa sem um

plano de desenvolvimento e estruturação e sem uma visão clara de atribuição e futuro,

gerou resistências por parte das áreas operacionais que até hoje não conseguem enxergar

claramente os benefícios.

4.2 – Descrição, Análise e Interpretação do Estudo do Caso

Para a análise e interpretação do estudo do caso, a ordem dos itens estabelecida

no roteiro da entrevista (Anexo I) será seguida e, para cada item, serão expostas as

informações do caso comparadas com as respectivas informações bibliográficas. Espera-se,

desta forma, que seja possível estabelecer uma relação clara entre o que foi efetivamente

praticado na empresa e o que a literatura diz a respeito do assunto em questão.

4.2.1 – Aspectos Organizacionais

4.2.1.1 – Estrutura Organizacional

A empresa está hoje numa fase de transição. Ainda pode ser considerada uma

empresa muito departamental, em linha, mas já existe um movimento para mudar o foco da

organização para uma organização por projetos. A estrutura de poder ainda está nas linhas

e a matriz existente para os projetos ainda é muito fraca.

Essa estrutura atual da empresa não colabora, por uma série de fatores, com

essa mudança de foco que visa tornar a empresa mais voltada para projetos. Dentre esses

fatores, muito ligados aos apresentados por CRAWFORD (2001), pode-se enumerar:

1. Inexistência de um único responsável pelo gerenciamento de projetos, dado

que a estrutura matricial fraca da empresa não permite uma clara distinção

de responsabilidades;

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2. A estrutura de poder está localizada nos departamentos funcionais que

cedem os profissionais para o projeto e não no gerente de projeto, o que

dificulta o engajamento dos profissionais nos objetivos propostos;

3. O EGP está localizado três níveis hierárquicos abaixo da presidência,

dificultando o acesso à alta administração e diminuindo o poder de ação

estratégica do mesmo, com a conseqüente perda de valor para a

organização conforme dizem GONSALEZ & RODRIGUES (2002);

4.2.1.2 – Relação do resultado da empresa com o resultado dos projetos

A relação entre o resultado da empresa e o resultado dos projetos é forte. A

receita é gerada por meio de venda de soluções integradas de infra-estrutura e por meio da

implantação destas soluções para as operadoras. Mesmo numa venda de produtos, os

serviços associados, geralmente projetos de implantação, fazem parte da oferta.

Essa alta relação entre o resultado da organização e o resultado dos projetos

pode ter tido certa influência sobre a decisão da alta administração de incentivar a

administração por projetos dentro da organização e pode também ser um fator motivador

de mudanças na estrutura organizacional de forma a facilitar que esse reposicionamento de

foco seja efetivamente implementado.

4.2.1.3 – Utilização de gerenciamento por projetos

Como já foi dito anteriormente, a iniciativa de gerenciamento por projetos na

empresa surgiu junto com o EGP e até muito recentemente esteve restrita a ele. Todas as

demais áreas da empresa administravam e eram avaliadas de acordo com critérios

funcionais. A própria estrutura organizacional da empresa favorece essa administração

funcional.

Esse fato pode evidenciar o relativo insucesso do EGP, até então, em

demonstrar para a organização os problemas da administração funcional de uma empresa

cuja receita é dependente de projetos. O EGP pode assumir um papel de liderança na

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transformação do estilo de gerenciamento da empresa com o recente apoio recebido da alta

administração que planeja difundir o gerenciamento por projetos.

4.2.1.4 – Grau de Maturidade

Na escala proposta por meio de uma analogia com o modelo para medição do

grau de maturidade em desenvolvimento de software, o Capability Maturity Model

(CMM), a empresa estaria no nível 2 (Repetitivo), partindo para o nível 3 (Definido) visto

que:

1. Existem processos de gerenciamento de projetos definidos;

2. Existem ferramentas de controle;

3. Os dados dos projetos não estão integrados;

4. Os resultados ainda não são evidentes;

5. Falta visão integrada dos projetos;

6. Procura-se implantar uma abordagem padronizada de gerenciamento.

De acordo com a literatura, o modelo de EGP recomendado neste nível de

maturidade seria o de nível 1: Escritório de Controle de Projetos. Efetivamente, como

também será visto mais adiante, o EGP implantado na empresa é um tipo intermediário

entre o de nível 1 o de nível 2 – Escritório de Suporte de Projetos, pois o mesmo atua

também na definição dos processos e metodologias, além dos elementos de controle do

EGP de nível 1. Esse fato pode ser considerado uma das causas dos problemas de

implementação do EGP que serão vistos no tópico seguinte.

4.2.1.5 – Porte / Complexidade dos Projetos

Os projetos da empresa possuem complexidade e porte variáveis, com foco em

implementação de equipamentos e soluções de redes de telecomunicações. Desta forma,

podem existir projetos grandes, como um turnkey de cinqüenta milhões de reais, ou um

projeto, de instalação, de apenas quinhentos mil reais.

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Para os autores estudados, o porte ou complexidade do projeto não seria um

fator restritivo para a implantação do EGP. GONSALEZ & RODRIGUES (2002) dizem

que isso ocorre porque o Escritório habilitaria a empresa a administrar com eficiência

projetos de natureza diversa no nível corporativo ou projetos de diferentes portes em

programas específicos.

4.2.2 – Implantação do EGP

4.2.2.1 – Motivos para a implementação

A necessidade de implantação do EGP no Brasil surgiu em 1999 com a

demanda por uma metodologia padronizada de gerenciamento de projetos. Conforme já

citado, cada unidade de negócios ou até mesmo cada gerente de projeto tinha sua própria

metodologia e o esforço para a manutenção deste grande número de metodologias era

muito grande. A unificação surgiu com a criação de uma metodologia que procurava

atender a todos os casos. Depois da criação dessa metodologia, a empresa percebeu que o

desenvolvimento de competências em gerenciamento de projetos era um fator competitivo

importante. Assim, o EGP surgiu na empresa como uma forma de implementar uma

metodologia única de gerenciamento de projetos e de criar e difundir competências.

Essa motivação vai ao encontro ao que diz CRAWFORD (2001) no item 3.3 –

Fatores Motivadores da Implementação. Outros autores, porém, colocam como condição

necessária para o sucesso do EGP a existência e a maturidade dos processos de

gerenciamento, ou seja, a implantação e consolidação da metodologia deveriam vir antes

da implementação do EGP. Na empresa, iniciou-se a implementação da metodologia e,

durante o andamento do processo, antes que a metodologia estivesse totalmente absorvida

pela empresa, iniciou-se a implementação do EGP. Houve um entendimento de que a

existência do escritório favoreceria o processo de disseminação da metodologia.

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Escritório de Gerenciamento de Projetos – Um Estudo de Caso pág. 65 de 89

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2002

4.2.2.2 – Grau de envolvimento da alta administração

O apoio da alta administração foi relativamente alto em 1999, durante as fases

iniciais do processo de implantação, porém, caiu em 2000 e 2001, reaparecendo somente

em Janeiro de 2002. Esses altos e baixos do envolvimento da alta administração estão

relacionados, talvez não por coincidência, com os altos e baixos na implementação do

EGP. Quando o apoio da alta administração foi alto, o escritório conseguiu se desenvolver

e agregar valor, quando este apoio foi baixo, a performance do EGP foi menor.

Dado o consenso da literatura estudada de que o patrocínio da alta

administração é fator crítico de sucesso na implementação de Escritórios de

Gerenciamento de Projetos, este fato observado na empresa apenas confirma o que os

autores estudados na revisão bibliográfica indicaram.

4.2.2.3 – Metodologia de implementação

A implantação do EGP foi tratada como um projeto. Primeiramente, na

iniciação, definiu-se o Escritório e buscou-se o apoio dos interessados-chave. Após isso,

realizou-se todo o planejamento necessário para a implementação. Somente quando o

escritório e seus objetivos estavam bem definidos, as pessoas-chave alinhadas e todo o

planejamento feito é que se iniciou a implementação do EGP.

Esta metodologia adotada está de acordo com muito do exposto no item 3.7

(implementação), pois a empresa, indo ao encontro da literatura, procurou preparar o

terreno para a implantação, realizar um bom planejamento e manter e aprimorar o

Escritório após a implantação.

Talvez o único ponto onde se pode observar alguma discrepância com a

literatura é a busca por iniciativas de curto prazo e rápida implementação. Apesar da

empresa ter feito com que o EGP, no início, exercesse suas funções em apenas dois

projetos, todas as funções do EGP já eram exercidas, ou seja, a implantação do escritório

buscou estabelecer a totalidade das funções do mesmo logo no início, ao invés de começar

com funções de mais rápida implantação.

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Esse fato pode indicar o porquê do EGP da empresa ser enquadrado na

categoria de Nível 2 – Escritório de Suporte de Projetos e não de Nível 1 – Escritório de

Controle de Projetos, como a literatura sugere, no que tange ao nível do EGP em função do

grau de maturidade em gerenciamento de projetos da empresa.

4.2.2.4 – Dificuldades encontradas

As maiores dificuldades encontradas na implantação do Escritório de

Gerenciamento de Projetos na empresa estão ligadas à cultura e à resistência das pessoas

com relação às mudanças organizacionais necessárias. Principalmente em épocas onde o

apoio da alta administração foi menos explícito, as pessoas geravam grandes resistências

ao trabalho do EGP não seguindo os processos recomendados e não colaborando com os

trabalhos de implantação da metodologia e desenvolvimento de competências.

Novamente, os fatos levam a uma confirmação do que a literatura diz a respeito

das dificuldades de implantação de um EGP: um dos maiores desafios é vencer a

resistência das pessoas.

Aparentemente, o Escritório lidou com essas dificuldades procurando o apoio

da alta administração, o que, apesar de válido e importante, poderia ter sido

complementado com outras ações descritas na literatura.

4.2.2.5 – Fatores críticos de sucesso identificados

Para a empresa, o principal fator crítico de sucesso identificado na implantação

foi o apoio da alta administração. Novamente, apesar de válido e importante, esse fator não

é o único descrito pelos autores estudados o que pode indicar que o processo de

implantação do EGP na empresa poderia ter tido maior sucesso caso houvesse um estudo

mais aprimorado, buscando identificar todos os fatores críticos de sucesso do processo de

implantação.

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4.2.2.6 – Próximos passos

O principal desafio do EGP da empresa atualmente é a expansão de suas

atividades para toda a organização, seguindo diretrizes da alta administração e procurando

alcançar e influenciar também as interfaces do gerente de projetos: fornecedores, clientes,

colaboradores, etc. Além disso, assim que a empresa começar a ser gerenciada por

projetos, o EGP deve começar a ter uma atuação mais estratégica e menos operacional do

que hoje, realizando também a gestão do porta fólio de projetos. Esses desafios estão,

assim como foi feito na implantação do Escritório, sendo tratados como um projeto.

O fato de a empresa buscar a melhoria contínua de seu EGP é um ponto

positivo, segundo a revisão bibliográfica, pois um dos fatores críticos de sucesso de um

EGP é a correta manutenção de suas atividades e o constante aprimoramento de suas

funções, buscando agregar cada vez mais valor para a empresa.

4.2.3 – Caracterização do EGP

Neste tópico serão abordados os aspectos intrínsecos ao EGP da empresa: sua

filosofia de atuação, a relação entre o mesmo e as estratégias organizacionais, o grau de

autoridade de seu executivo principal, sua infra-estrutura, suas atribuições e a relação entre

elas e o tamanho ou complexidade dos projetos em que atua.

4.2.3.1 – Filosofia de atuação

O EGP da empresa atua como um provedor de serviços, metodologias e

recursos, além de exercer funções de orientação, não tendo autoridade para modificar o

andamento dos projetos a não ser por meio de negociações e convencimento do gerente de

projeto e dos gerentes de linha associados. Com certeza essa falta de autoridade do

Escritório influi negativamente em suas funções, não permitindo que o mesmo gere mais

valor para a organização.

Para que o EGP possa realizar suas funções de medição e de orientação,

periodicamente os gerentes de projetos enviam relatórios de status com base nos quais o

EGP realiza as suas análises e recomendações e encaminha informações para a alta

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Escritório de Gerenciamento de Projetos – Um Estudo de Caso pág. 68 de 89

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administração. Um dos problemas atuais do Escritório é a baixa qualidade desses relatórios

enviados pelos gerentes de projeto e a sua incapacidade, derivada da falta de autoridade, de

cobrar informações mais precisas.

Essa filosofia de atuação (provedor de serviços e aconselhamento) é

largamente discutida pelos autores que fizeram parte do referencial bibliográfico e

demonstra que o EGP da empresa está caracterizado como um Escritório posicionado entre

o nível 1 – Escritório de Controle de Projetos e o nível 2 – Escritório de Suporte de

Projetos, ou seja, exerce todas as funções de um Escritório do nível 1, porém, apenas parte

das funções de um Escritório do nível 2.

O EGP poderia se tornar rapidamente um Escritório de Suporte de Projetos

completo caso o problema da falta de autoridade fosse resolvido, porém, a própria estrutura

atual da empresa dificulta essa resolução, pois não permite fácil acesso à alta

administração.

O Escritório poderia atuar também de maneira mais completa e precisa, caso as

informações fornecidas pelos projetos fossem mais completas. No entanto, a própria forma

de comunicação (envio de relatórios periodicamente, sem contato entre o EGP e os

projetos) dificulta a minimização desta falha. Este é claramente um problema cultural e de

percepção do EGP por parte dos projetos já que os componentes dos projetos

aparentemente não vêem valor nas funções do EGP e não estão familiarizados com um

gerenciamento por projetos, não dando importância para as informações passadas ao

Escritório. O problema cultural, de acordo com a pesquisa bibliográfica, é um dos maiores

entraves ao sucesso do EGP e os problemas observados vão ao encontro a essa

constatação.

4.2.3.2 – Estratégias Organizacionais e o EGP

A relação entre as Estratégias Organizacionais da empresa e as funções do EGP

é muito fraca. Apenas as ações estratégicas que envolvem gerenciamento de projetos

incluem, de alguma forma, o EGP. Todas as demais ações são implementadas sem

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Escritório de Gerenciamento de Projetos – Um Estudo de Caso pág. 69 de 89

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nenhuma relação com o EGP. Isso demonstra o caráter operacional do atual EGP e um

espaço para a evolução do mesmo de maneira a gerar mais valor.

4.2.3.3 – Grau de autoridade do executivo principal do EGP

O grau de autoridade do principal executivo do Escritório de Gerenciamento de

Projetos é baixo, pois é reflexo da estrutura organizacional da empresa e da própria falta de

autoridade do EGP como um todo. Sua área de atuação se restringe somente ao grupo que

faz parte do Escritório.

Da mesma forma que se pode concluir no item anterior, esse baixo grau de

autoridade do executivo do EGP está claramente associado aos problemas no desempenho

das funções do Escritório.

4.2.3.4 – Infra-estrutura

O EGP da empresa possui aproximadamente setenta pessoas ligadas a ele.

Desses, 63 são gerentes de projeto espalhados pela organização e 7 são lotados e alocados

no EGP. Compõe o grupo o Gerente do EGP, o responsável pela definição dos processos,

um responsável pelos serviços de suporte, dois gerentes de projeto que auxiliam o gerente

na execução das funções do EGP nos projetos, um assistente e um estagiário.

Observa-se, com base nos dados apresentados acima, que grande parte das

pessoas lotadas no EGP são, na verdade, gerentes de projeto e não profissionais

preocupados em disponibilizar para a empresa os serviços que o EGP provê. A literatura

diz que o Escritório é maior quando o EGP tem a função de alocar recursos ao projeto e,

conseqüentemente, os gerentes de projetos estão a ele vinculados.

Existe uma gama de ferramentas disponíveis para o EGP. Dentre elas, pode-se

citar a Intranet corporativa que contém ferramentas, textos de apoio e a descrição da

metodologia de gerenciamento de projetos da empresa. Todas as ferramentas estão

disponíveis para todos os membros do EGP que utilizam a Intranet também para

comunicação interna.

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Escritório de Gerenciamento de Projetos – Um Estudo de Caso pág. 70 de 89

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4.2.3.5 – Atribuições e funções do EGP

A grande maioria das atribuições e funções do Escritório de Gerenciamento de

Projetos da empresa já foi mencionada anteriormente. De maneira resumida, essas

atribuições e funções são:

1. Alocação dos gerentes de projetos: o EGP é, em teoria, responsável

pela alocação dos gerentes nos projetos e pela avaliação dos mesmos.

Porém, na realidade, têm-se encontrado problemas para uma avaliação

mais precisa do trabalho dos gerentes por causa dos problemas de

colaboração do restante da empresa com o trabalho do Escritório;

2. Guardião da metodologia, processos e ferramentas: o EGP é

responsável pelo desenvolvimento e pela utilização das metodologias,

processos e ferramentas de gerenciamento de projetos definidas.

Novamente, porém, têm-se encontrado problemas para isso devido aos

fatores já relatados;

3. Suporte para aplicação da metodologia e estruturação do projeto;

4. Orientação com relação a técnicas de gerenciamento de projetos;

5. Padronização da metodologia de gerenciamento de projetos.

4.2.3.6 – Atuação do EGP x Tamanho e Duração dos Projetos

Existe uma relação formal e documentada entre as funções/requerimentos do

EGP e o tamanho, complexidade ou duração dos projetos. Isso demonstra uma

preocupação da empresa em adaptar o modo de gestão ao tamanho ou complexidade dos

projetos. Em linhas gerais, projetos mais curtos e menos complexos demandam menos

controle e projetos maiores ou mais complexos demandam maior controle. A preocupação

é muito válida na medida em que se não forem observadas essas especificidades relativas

ao tamanho dos projetos pode-se consumir toda a margem com o controle do EGP.

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Escritório de Gerenciamento de Projetos – Um Estudo de Caso pág. 71 de 89

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5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

O tema gerenciamento de projetos vem obtendo cada vez mais evidência no

cenário empresarial atual. Essa evidência, comprovada pelo crescimento exponencial dos

associados ao PMI – Project Management Institute, se deve, dentre outras coisas, ao

aumento da complexidade, dinâmica e competitividade do mundo dos negócios.

Esse aumento faz com que as empresas necessitem de maior capacidade de

coordenar, gerenciar e controlar suas atividades de forma a responder e se adaptar

rapidamente aos estímulos externos. Essa coordenação e controle de atividades são o foco

do gerenciamento de projetos e estão intimamente ligadas com o sucesso da

implementação de estratégias.

Neste contexto, pode-se definir projeto como uma forma de planejamento,

organização, execução e controle de ações visando a implementação de estratégias. Assim,

quanto melhor os projetos forem administrados, mais cedo os benefícios esperados serão

atingidos. Por outro lado, o fracasso ou ineficiência sistemática nessa administração pode

levar a uma perda considerável da competitividade da empresa.

O Escritório de Gerenciamento de Projetos (EGP) se insere no contexto

apresentado, propondo a existência de um elemento organizacional responsável por pensar

todo o gerenciamento corporativo de projetos, potencializando os ganhos de sua utilização.

Este trabalho foi realizado de forma a analisar a implantação e utilização de um

EGP como instrumento de apoio à gestão de projetos e de implementação de estratégias

organizacionais em empresas de grande porte, identificando as principais dificuldades e

fatores críticos de sucesso da implantação e os principais pontos positivos e negativos da

utilização.

Para isso, realizou-se uma revisão bibliográfica sobre o tema e também sobre

os conceitos mais gerais de gerenciamento de projetos, de forma a subsidiar de maneira

mais completa o entendimento das funções e objetivos do Escritório. Essa revisão foi

seguida de um estudo de caso realizado em uma grande empresa do setor de

telecomunicações.

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A comparação, realizada no capítulo 4, do referencial bibliográfico com o

estudo de caso possibilitou um melhor entendimento dos aspectos ligados ao EGP, de

forma a subsidiar as considerações finais aqui expostas.

Essas considerações seguirão a seguinte estrutura:

• Implementação do EGP:

o Motivação;

o Fatores facilitadores e restritivos;

o Formas de implantação;

• Atribuições e Funções do EGP;

• Resultados alcançados;

• Questões e visão de futuro.

5.1 – Implementação do EGP

5.1.1 – Motivação

Dentre os aspectos motivadores da implantação de um EGP estão:

• Parece haver uma relação entre a proporção do faturamento da empresa

que é gerado por meio de projetos e o grau de sensibilização da

empresa com relação ao Escritório de Gerenciamento de Projetos. Isso

foi explicitado algumas vezes durante as entrevistas para a obtenção dos

dados e também esteve presente na análise apresentada;

• A necessidade de padronização de metodologia de gerenciamento de

projetos. No caso e na literatura é freqüente a relação do EGP com a

criação e manutenção de uma metodologia única de gerenciamento de

Projetos. A literatura não recomenda a abordagem utilizada no caso,

devido ao grande potencial de resistências que ela pode trazer frente à

percepção de intervenção do EGP nos projetos. Como pode-se observar

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Escritório de Gerenciamento de Projetos – Um Estudo de Caso pág. 73 de 89

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no caso, essa resistência efetivamente aconteceu e continua a acontecer

na empresa;

• A necessidade de gerenciamento e análise de porta fólio, também muito

citada no referencial bibliográfico, mas não importante para o caso;

• O monitoramento da situação e do andamento dos projetos também é

considerado uma motivação importante, neste caso, mais citado no

estudo bibliográfico do que no caso propriamente dito. Isso se deve,

provavelmente, ao fato da empresa ainda não ter atingido uma

maturidade suficiente para exercer essa função;

• A otimização da utilização de recursos nos projetos é também citada na

literatura como um motivador importante para a implementação de um

EGP. No caso, porém, este não foi um motivo importante.

5.1.2 – Fatores facilitadores e restritivos

Basicamente, os fatores que ajudam ou atrapalham na implantação de um

Escritório de Gerenciamento de Projetos são os mesmos que facilitam ou atrapalham

qualquer processo de mudança organizacional e também cultural. Esses fatores, de acordo

com a literatura e com o caso estudado, envolvem principalmente a cultura da organização

visto que a implementação do EGP deve ser encarada como parte de um processo de

mudança cultural e organizacional da empresa.

Com base no caso, pode-se perceber que, por diversos fatores, o processo de

implementação não foi coordenado como um todo, mas sim composto de várias ações

distribuídas no tempo e geralmente relativas às condições presentes no momento em que

foram tomadas. Esta ação reativa pode ser considerada como um dos principais fatores

restritivos na implementação do EGP do caso.

As resistências à implementação do EGP ocorrem principalmente devido a

sensação de perda de poder por parte das áreas funcionais e pela possível atuação como

“auditor” que o EGP pode assumir.

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Escritório de Gerenciamento de Projetos – Um Estudo de Caso pág. 74 de 89

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Pode-se perceber também que alguns dos fatores facilitadores estão ligados ao

estágio em que se encontra a organização em termos de utilização dos processos de

gerenciamento de projetos e ao grau de maturidade destes processos. Quanto mais

desenvolvido estiver o gerenciamento de projetos da empresa, mais facilmente os

profissionais diretamente influenciados pela implantação do EGP perceberão os benefícios

desta implantação e criarão menos resistências.

Outros fatores facilitadores citados pela literatura são:

• Manter o processo simples;

• Foco em valor;

• Planejamento;

• Patrocínio da alta administração;

• Comunicação.

No caso, todos os fatores acima foram incluídos, em maior ou menor grau.

Pode-se perceber claramente que, dentre esses fatores, o que mais influiu na implantação

do EGP da empresa foi o patrocínio da alta administração (ou a falta dele, no caso).

Para finalizar, um último aspecto restritivo observado é a dificuldade de

expressar em termos monetários as vantagens de se implementar um EGP. Técnicas

simples como o Valor Monetário Esperado podem ser utilizadas, porém, dado o caráter

essencialmente subjetivo das mudanças organizacionais e culturais necessárias, o desafio

continua sendo grande, mesmo com o desenvolvimento de novas e melhores ferramentas.

5.1.3 – Formas de implantação

A literatura indica que uma forma de implantação por fases é a mais indicada.

Reforça também que o EGP deve evoluir em suas atribuições e complexidade, iniciando-se

como um consolidador de informações podendo evoluir para um modelo mais complexo de

gerenciamento de recursos ou de implementação de ações estratégicas da organização.

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Duas dimensões desta evolução devem ser consideradas: a do aumento de

atribuições e complexidade, que parece ser consenso, e a de como o EGP deve se instalar

fisicamente dentro da estrutura organizacional. Sendo uma entidade organizacional

autônoma, como já discutido, o EGP deve ter sua equipe determinada, assim que se decida

por sua existência, para depois se elaborar os detalhes de sua atuação ou deve o EGP ter

seus processos, papéis e responsabilidades determinados para depois ser constituído ? Ou

seja, deve o EGP ter uma existência física para depois ter suas regras de atuação elaboradas

ou deve-se detalhar as regras de atuação para depois ser constituído ? A literatura parece

privilegiar a segunda abordagem. Se por um lado estabelecer os processos, níveis de

serviço, interfaces com áreas funcionais, etc, de antemão parece ser mais seguro, por outro

lado, o tempo para a implementação será maior e o valor para a organização será percebido

de maneira mais tardia, podendo gerar resistências ao longo do tempo. O estudo do caso

demonstrou a importância de se gerar valor rapidamente, porém, demonstrou também que

a implementação sem o devido planejamento de definições de processos pode fazer com

que as resistências sejam maiores ainda.

Assim, a abordagem que parece ser mais apropriada tem dois direcionamentos:

discussão das diretrizes básicas do EGP e implementação do EGP como um projeto

organizacional.

5.2 – Atribuições e Funções do EGP

Pode-se consolidar as atribuições e funções de EGP observadas na literatura e

no estudo de caso da seguinte forma:

Funções relativas à processos:

• Suporte Administrativo (cronogramas, softwares, controle de

mudanças, manutenção de salas de projetos, etc);

• Consultoria e orientação em gerenciamento de projetos;

• Desenvolvimento de metodologia de gerenciamento de projetos;

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• Alinhamento com as estratégias organizacionais e implementação de

ações estratégicas.

As funções relativas às pessoas incluem:

• Disponibilização de pessoal especializado em gerenciamento de

projetos;

• Treinamento em gerenciamento de projetos;

• Atuação na resolução de conflitos;

• Atuação como gestor da carreira de gestor de projetos;

• Atuação para “encaixar” os papéis de gerenciamento de projetos na

estrutura organizacional.

Os pontos acima, analisados em conjunto com as informações do caso,

demonstram que o EGP estudado possui basicamente atribuições de suporte aos projetos

(tanto atribuições de suporte ligadas às pessoas quanto ligadas aos processos), sem,

contudo possuir as atribuições de mudança dos projetos. Claramente esta posição diminui o

valor gerado para a organização o que pode ser melhorado, caso essa atual posição seja

apenas parte de um processo de evolução do EGP que faria com que o mesmo tivesse papel

cada vez mais estratégico gerando, portanto, maior valor.

As atribuições do EGP também são derivadas do porte e modelo (tipo) do

mesmo e do porte dos projetos nos quais o EGP vai exercer suas atividades visto que

projetos pequenos ou com pequenas margens não suportam uma estrutura de controle ou

de suporte muito grande.

Com relação ao porte e ao modelo do EGP, constata-se no caso e na literatura,

que é importante para a evolução e para a sobrevivência do Escritório que sua estruturação

seja feita na forma de uma entidade autônoma e próxima à alta administração. Quanto mais

próxima do topo da pirâmide se der a estruturação, mais poder o mesmo terá para exercer

suas funções e mais valor será gerado para a organização.

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A estrutura interna do EGP é determinada pelas atribuições do mesmo e a

equipe deve ter forte foco em gerenciamento de projetos e ser composta por especialistas

nos diversos processos de gerenciamento de projetos. No caso apresentado, o foco das

atribuições é em metodologia e administração dos gerentes de projetos e, conforme o EGP

evolui, espera-se que novas competências venham a ser integradas.

Além disso, a literatura indica e o caso confirma que o patrocínio da alta

administração é fator crítico de sucesso para a implementação do EGP. Alguns aspectos

que tornam imprescindível a participação da alta administração no processo de

implementação do EGP incluem:

• Dificuldade de se obter o Valor Monetário Esperado (VME) do EGP;

• Os benefícios da implementação de um EGP geralmente são percebidos

no longo prazo enquanto que os custos são imediatos;

• Conflitos gerados com a introdução de um novo grupo (o grupo do

EGP) que disputará poder com os grupos já estabelecidos. Esses

conflitos precisam ser administrados por níveis mais altos da

administração.

A discussão do modelo mais adequado para desempenhar as funções que o

EGP deve possuir precisa considerar um outro aspecto gerador de conflitos: a distinção

entre a metodologia completa de gerenciamento de projetos da empresa e a adaptação desta

metodologia em casos específicos. O EGP deve tratar de vários projetos de vários portes e

tipos, fornecendo metodologia de gerenciamento de projetos que sirva de guia para as

equipes sem, todavia, interferir no papel dos especialistas em metodologias específicas

para os projetos e sem “afogar” os projetos menores com burocracia desnecessária. Caso

contrário, o EGP pode sofrer resistência das equipes técnicas dos projetos e também dos

gestores dos mesmos. Assim, na definição do modelo de EGP, o grau de influência do

mesmo em cada projeto deve ser cuidadosamente estudado, documentado e divulgado.

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5.3 – Resultados Alcançados

Em linhas gerais, o Escritório de Gerenciamento de Projetos da empresa

estudada conseguiu alcançar seus objetivos iniciais que eram a unificação da metodologia

de gerenciamento de projetos e a atuação como gestor de recursos ligados ao

gerenciamento de projetos.

Como foi visto no estudo apresentado, efetivamente essa uniformização de

metodologias aconteceu e a alocação dos gerentes de projeto passou a ser feita pelo

Escritório. Porém, existia a intenção inicial, correta no entender dos autores estudados, de

expandir-se gradativamente as funções do EGP de forma a possibilitar que as atividades do

mesmo pudessem gerar maior valor para a empresa. Essa expansão de funções ocorreu de

forma medíocre pois até o momento o Escritório não conseguiu apoio, visibilidade e

percepção de valor suficiente para que essa intenção se concretizasse.

Possivelmente num futuro próximo, com a confirmação e concretização da

intenção da alta administração de tornar a administração por projetos uma prática comum

na empresa, o EGP ganhe novo fôlego e força política para se expandir, porém, caso essa

visão da cúpula da empresa não se concretize, dificilmente o Escritório conseguirá avançar

no aumento de suas atribuições.

5.4 – Questões e Visão de Futuro

Algumas importantes questões surgiram no decorrer deste estudo e que, por

não serem objetivos deste trabalho, não foram aprofundadas. Uma das questões principais

pode ser traduzida na falta de uma metodologia viável de quantificação do valor de um

EGP para ajudar na justificativa de sua implementação. Apesar do método de Valor

Monetário Esperado, descrito neste estudo de forma sucinta, ser uma alternativa, sua

aplicação é ainda muito difícil e muitas vezes subjetiva.

Além da importância da quantificação de valor, observou-se que o Escritório

leva a uma maior transparência no gerenciamento de projetos corporativo, fazendo com

que possíveis acordos informais dentro da organização se revelem ou fiquem

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impossibilitados. Essa característica reforça o cuidado que se deve ter com a implantação

do EGP já que boa parte da dinâmica operacional da empresa pode estar baseada nesses

acordos informais.

Soma-se a essas e outras questões que ficaram em aberto neste trabalho, uma

visão de futuro para melhor explorar o potencial do EGP. Essa visão leva o Escritório a

assumir uma posição de centro de gerenciamento da adaptação e transformação

organizacional que envolveria: o gerenciamento de porta fólio, programas e projetos,

gerenciamento integrado das mudanças organizacionais, gestão do conhecimento, centro

de serviços de gerenciamento e implementação de estratégias. Essa posição faria com que

o EGP atuasse como um catalisador da implementação de estratégias organizacionais, um

coordenador das diferentes disciplinas necessárias para a implementação de estratégias.

Desta forma, o futuro do EGP estaria mais relacionado à coordenação de

processos e com o “fazer acontecer” do que com a execução propriamente dita. Para poder

exercer essa coordenação, o EGP precisaria possuir as habilidades multidisciplinares

inerentes a esse trabalho de coordenação de esforços de diferentes fontes e conseguir

reconhecimento e legitimidade para essa atuação de “orquestrador” dos processos de

mudança organizacional.

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ANEXO I – ROTEIRO DE ENTREVISTA

1. Aspectos Organizacionais: (a finalidade deste item é obter os dados

necessários para caracterizar a organização e o gerenciamento de

projetos dentro da organização)

a. Estrutura organizacional;

b. Relação do resultado da empresa com o resultado dos

projetos: Quão dependente do resultado dos projetos é o

resultado operacional da empresa ?;

c. Utilização de gerenciamento por projetos: A empresa utiliza

gerenciamento por projetos ? Em que situação ? Qual a forma ?;

d. Grau de maturidade;

e. Porte / complexidade dos projetos: Existe uma tendência de

porta/complexidade nos projetos da empresa ? Qual o grau de

homogeneidade/heterogeneidade dos projetos ?;

2. Implantação do Escritório de Gerenciamento de Projetos: (a

finalidade deste item é obter os dados necessários para caracterizar a

implantação do EGP na empresa.)

a. Motivos para a implementação;

b. Grau de envolvimento da alta administração;

c. Metodologia de implementação;

d. Dificuldades encontradas;

e. Fatores críticos de sucesso;

f. Próximos passos;

3. Caracterização do Escritório de Gerenciamento de Projetos: (a

finalidade é caracterizar o EGP, definindo seu modelo, filosofia,

composição, etc.)

a. Filosofia de atuação;

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b. Relação entre o esforço de implementação de estratégias

organizacionais e o EGP: (As estratégias organizacionais são

implementadas através do EGP ?)

c. Grau de autoridade do executivo principal do EGP;

d. Infra-estrutura: Pessoas, espaço físico, ferramentas, etc.;

e. Atribuições/funções do EGP;

f. Relação entre tamanho/duração dos projetos e forma de

abordagem do EGP.

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2002

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COMENTADAS

ARCHIBALD, Russel D. Managing High-Tecnology Programs And Projects, 2. ed. Nova

Iorque: John Wily & Sons Inc., 1992

O autor defende dois tipos de Escritórios de Gerenciamento de Projetos: um

por projeto (para projetos grandes) e um central. O EGP Central pode ser utilizado como

fonte de aprimoramento de técnicas de gerenciamento, repositório de recursos e

coordenação geral de projetos.

BIGELOW, Deborah, It´s Proportional: Project Offices Improve Project Success Rates,

PM Network, [S.l.: s.n], v. 16, n. 1, Janeiro de 2002.

A autora fala das pesquisas que mostram a proporcionalidade existente entre a

implantação de um EGP e a taxa de sucesso dos projetos da organização.

BLOCK, Thomas R. The Seven Secrets of a Successful Project Office. Disponível em

http://www.systemcorp.com/framesite/downloads/block_sevensecrets.html, Acesso em

29 mar. 2002.

O autor apresenta os objetivos de longo prazo de um Escritório de

Gerenciamento de Projetos, bem como sete fatores críticos de sucesso do mesmo. Os

fatores são bem detalhados e explicitados.

BLOCK, Thomas R., FRAME, J. Davidson. Evolution of Project Office. Disponível em

http://systemcorp.com/framesite/downloads/block_2.html, Acesso em 29 mar. 2002.

Os autores tratam da evolução do Escritório de Gerenciamento de Projetos,

passando por todos os pontos relevantes deste histórico.

BRIDGES, Dianne N., CRAWFORD, J. Kent. How to Startup and Rollout a Project

Office. In: Proceedings of the Project Management Institute Annual Seminars &

Symposium, Houston, 2000.

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2002

Os autores falam sobre a implantação e execução dos trabalhos de um

Escritório de Gerenciamento de Projetos.

BRIDGES, Dianne N., CRAWFORD, J. Kent. A Project Office – Where and Waht Type.

In: Proceedings of the Project Management Institute Annual Seminars & Symposium,

Nashville, Novembro de 2001.

Os autores conceituam EGP como um provedor de infra-estrutura e suporte

para embasar uma empresa “projetizada”. Discutem, além disso, os tipos de Escritórios

possíveis, classificando-os em três tipos em ordem ascendente de responsabilidades e

autoridade: Nível 1 (Project Support), Nível 2 (Office Support) e Nível 3 (Enterprise

Support).

CASEY, William, PECK, Wendi. Choosing the Right PMO Setup, PM Network, [S.l.: s.n],

v. 15, n. 2, Fevereiro de 2001.

Os autores falam da implantação e dos possíveis modelos de Escritórios de

Gerenciamento de Projetos e dissertam a respeito da configuração ideal de escritório de

gerenciamento de projetos para cada empresa.

CLELAND, David L. & IRELAND, LEWIS R. Project Manager´s Portabler Handbook,

New York: McGraw-Hill, 2000

Dentre outras coisas, os autores definem EGP, explicitam a importância do

tema dentro do contexto de gerenciamento de projetos na atualidade, os benefícios de um

EGP, quais os objetivos de sua implantação e quais as principais funções do mesmo. Além

disso, os autores ainda discutem acerca da influência do gerenciamento de projetos na

gestão de mudanças na empresa e na capacidade da mesma se adequar ao ambiente.

CRAWFORD, J. Kent. Making a Place for Success, Project Management Best Pratices

Report, Junho de 2000, 2000

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O artigo trata de uma entrevista com o autor, CRAWFORD, que discute

algumas questões a respeito da implementação de um Escritório de Gerenciamento de

Projetos, sua definição e funções.

CRAWFORD, J. Kent. Improving Organizational Productivity with a Project Office,

Contract Management, [S.l.: s.n], v. 40, n. 6, Junho de 2000.

O autor explicita a relação entre o EGP e os processos de gerenciamento de

projetos. Além disso, são explicitadas as razões pelas quais o gerenciamento de projetos

está em evidência atualmente, são apresentadas algumas estatísticas, identificados os

problemas pelos quais as empresas estão passando hoje e que seriam solucionados com um

processo de gerenciamento de projetos mais robusto e o papel do EGP no auxílio para a

implementação desses processos. Em seguida, o autor descreve e explica três tipos ou

níveis básicos de EGP: Escritório de Controle de Projetos, Escritório Departamental de

Projetos e Escritório Corporativo de Projetos, bem como seis componentes básicos de todo

EGP, e sete passos importantes para a implantação, também descritos por BLOCK (1998).

Ao final são citados os benefícios de um EGP.

CRAWFORD, J. Kent. The Strategic Project Office: Business Case and Implementation

Strategy. Disponível em http://www.pmsolutions.com, Acesso em 14 abr. 2002.

O autor descreve o histórico dos escritórios de gerenciamento de projetos e sua

evolução para a área estratégica da organização. Além disso, por meio de estudo de casos,

exemplifica a estratégia de implantação proposta para o escritório.

DANE, F.C.. Research Methods. Belmont, California : Brooks/Cole, 1990

O autor apresenta diversas metodologias de pesquisa, definindo-as e

contextualizando-as.

DINSMORE, Paul C. Sixteen Reason Not To Implement a Project Office, PM Network,

[S.l.: s.n], v. 16, n. 2, Fevereiro de 2002.

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2002

O autor fala, inicialmente, de três barreiras clássicas às iniciativas de mudanças

nas organizações: falta de pressão externa, insatisfação interna e falta de um plano factível.

Além disso, são discutidos dezesseis pontos ou razões para não se implantar um EGP numa

organização. Finalmente é feita uma contraposição com as razões que levam a implantação

do EGP e a advertência de que as potenciais barreiras à implantação de um EGP devem

ser cuidadosamente estimadas antes do início da implantação do mesmo.

DUGGAL, Jack S. Building a Next Generation PMO. In: Proceedings of the Project

Management Institute Annual Seminars & Symposium, Nashville, Novembro de 2001.

Inicialmente, o autor explicita o conceito de EGP e suas funções. Em seguida,

são feitas comparações entre o que o autor chama de EGP tradicional e a Próxima Geração

de EGPs, cuja principal característica é o foco na estratégia e valores culturais da empresa.

FRAME, J. Davidson. Managing Projects In Organizations, São Francisco : Jossey-Bass

inc., 1995

O autor conceitua projetos e gerenciamento de projetos, além de discutir seus

principais aspectos.

GINEVRI, W., MANCINI, L. A “Project Office” Experience in a Big Organization. In:

Proceedings of the Project Management Institute Annual Seminars & Symposium,

Nashville, Novembro de 2001.

Os autores descrevem a implantação de um EGP numa grande organização

italiana para um projeto específico na área de tecnologia da informação. O EGP foi

implantado com o objetivo de reduzir os riscos e melhorar os resultados do projeto. São

explicitados o modelo de processo implantado, a base de conhecimentos gerada, a

organização do projeto, o plano de contingência, as lições aprendidas e conclusões sobre a

implementação.

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2002

GONSALEZ, Fábio, RODRIGUES, Ivete, Implementação de Escritórios de

Gerenciamento de Projetos, Monografia (MBA em Projetos) – Departamento de

Administração da Faculdade de Economia, Administração e Ciências Contábeis. São

Paulo: Universidade de São Paulo, 2002.

Os autores falam sobre o papel dos projetos e do gerenciamento de projetos na

implementação das estratégias organizacionais, discutem e exemplificam o conceito de

Escritório de Gerenciamento de Projetos, sua estrutura e seu caráter estratégico.

GOODPASTURE, John C., The Project Office: Finding Pearls and Avoiding Perils. In:

Proceedings of the Project Management Institute Annual Seminars & Symposium,

Houston, Setembro de 2000.

O artigo faz uma introdução ao conceito de EGP, explicando suas funções e

responsabilidades e avaliando o mesmo em termos de benefícios e perigos. Faz ainda uma

pequena explanação sobre a cadeia de valor para projetos, como calcular o valor esperado

de um EGP, a estrutura organizacional da empresa adequada ao mesmo e algumas

considerações a respeito de planejamento de porta fólio.

KATE. J, Program Office: An Enterprise View, _______, 2000

O autor trata Escritório de Gerenciamento de Projetos como um catalisador no

processo de obtenção de resultados no negócio. Inicia, justificando a necessidade do

mesmo e definindo-o. Passa, então, a analisar os fatores que devem ser levados em

consideração antes da implantação do EGP, evidenciando que não existe uma configuração

ideal para o mesmo e que sua implantação é feita de maneira evolutiva podendo passar por

até três estágios. Finaliza, expondo as funções do EGP, as armadilhas potenciais de sua

implementação e os benefícios gerados pelo mesmo.

KENDALL, Gerald I. New Executive Demands of Projects and the PMO. In: Proceedings

of the Project Management Institute Annual Seminars & Symposium, Nashville,

Novembro de 2001.

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O artigo diz que as melhores práticas, geralmente aceitas, estão sempre um

passo atrás do que os melhores em seus mercados estão fazendo, pois se eles são os

melhores, fazem alguma coisa diferente do “geralmente aceito como melhor”. Com essa

perspectiva, a implantação de um EGP é analisada como uma forma de se minimizar o

conflito de assumir abordagens tradicionais e assumir abordagens não tradicionais. Para

isso, o EGP deve se focar em procurar ativamente o não-tradicional para a resolução de

problema e ao mesmo tempo treinar continuamente os colaboradores em áreas tradicionais

de gerenciamento de projetos garantindo a inovação da abordagem não tradicional e a

minimização de custos da abordagem tradicional e geralmente aceita como a melhor.

KEZNER, Harold. Project Management: a systems approach to planning, scheduling and

controlling. 4. ed., New York: Van Hostrand Reinhhold, 1992.

O autor defende Escritórios de Gerenciamento de Projetos diretamente ligados

ao time dos projetos. Define também as responsabilidades do EGP, sua posição no

organograma da empresa, bem como seu tamanho ideal e os problemas relativos ao perfil

profissional dentro do Escritório.

LEWIS, James P. The Project Manager´s Desk Reference, 2. ed., Boston : MacGraw-Hill,

2000.

O autor define e conceitua projeto, apresenta e detalha os aspectos de

planejamento, organização, execução e controle relativos aos projetos e expõe alguns

modelos de avaliação.

LÜDKE, M. & André, M.E.D.A.. Pesquisa em Educação: abordagens qualitativas, São

Paulo : Pedagógica e Universitária, 1986.

Os autores apresentam, dentre outras coisas, definições e considerações a

respeito de metodologia de pesquisa.

MARCONI, M.A. & LAKATOS E.M. Ténicas de Pesquisa, São Paulo : Atlas, 1990

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2002

Os autores apresentam estudos sobre as principais técnicas de pesquisa

comumente utilizadas.

MEREDITH, Jack R., MANTEL, Samuel J, Project Management – A Managerial

Approach, Nova Iorque : John Wiley & Sons, Inc., 1985

Os autores descrevem o conceito de projetos, o histórico do gerenciamento de

projetos, seus componentes, funções, características, fatores críticos de sucesso e pontos

fracos. Descrevem em detalhe também as funções específicas do gerenciamento de

projetos (Prazo, Custo, Escopo e Risco).

MORNINGSTAR, David. The Project Office: A Great Idea Whose Time Has come –

Again. Disponível em http://www.systemcorp.com, Acesso em 28/03/2002.

O autor apresenta a idéia de que o EGP atual nada mais é, em essência, do que

uma versão atualizada das metodologias de controle utilizadas antes da propagação dos

microcomputadores. O que é realmente novo, para ele, são as novas abordagens e usos do

Escritório, além disso, são descritas algumas funções do mesmo.

NICHOLAS, John M. Managing Business and Engineering Projects: concepts and

implementation, Nova Jersey: Prentice-Hall, 1990

O autor apresenta as principais características de projetos e gestão de projetos.

PÁDUA, E.M.M Metodologia de Pesquisa: abordagem teórico-prática, Campinas :

Papirus, 1997

O autor apresenta diversas metodologias de pesquisa, definindo-as e

contextualizando-as.

PMI, A Guide to the Project Management Body of Knowledge (PMBOK guide), 2000 ed.,

Project Management Institute, 2000

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O texto define e conceitua projetos e gerenciamento de projetos, dividindo este

último em onze áreas de conhecimento e definindo, para cada uma delas, os processos

associados. Faz também uma referência às principais técnicas e ferramentas utilizadas na

gestão de projetos.

RAD, Parviz F. e RAGHAVAN, Asok Establishing an Organizational Project Office. In:

AACE International Transactions, 2000

Os autores evidenciam a importância do tema com base em exemplos e

definem EGP com base em trabalhos anteriores. Além disso, são descritas a estrutura

interna e as funções principais do EGP. As funções são divididas em relativas à processos e

relativas à pessoas. Discutem ainda o posicionamento organizacional do EGP dada a

organização da empresa e os fatores críticos de sucesso para sua implementação nas

possíveis estruturas.

ROBERT, J. and FURLONGER, J., Sucessful IS Project Management, Gartner Group, 18

de Abril de 2000.

Os autores falam das características do gerenciamento de projetos de sistemas

de informação e os fatores críticos de sucesso do mesmo.

YOUNG, D. Allen. Project Office Startup. PM Network, [S.l.: s.n], v. 15, n. 2, Fevereiro de

2001.

O autor discute os aspectos a serem considerados na implementação de um

Escritório de Gerenciamento de Projetos, incluindo os fatores-chave de sucesso e os pontos

a serem evitados.