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A tomada de consciência dos conhecimentos sobre a visão humana na aplicação de Projetos de Iluminação nos novos ambientes humanizados de Unidade de Terapia Intensiva Adulta - (UTI-A) dezembro/2014 1 ISSN 2179-5568 Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014 dezembro/2014 A tomada de consciência dos conhecimentos sobre a visão humana na aplicação de Projetos de Iluminação nos novos ambientes humanizados de Unidade de Terapia Intensiva Adulta - (UTI-A) Antônio Aleixo Pinheiro Ribeiro - [email protected] Especialização em Iluminação e Design de Interiores Instituto de Pós-Graduação e Graduação - IPOG Belo Horizonte / agosto / 2013 Resumo Esta pesquisa visa evidenciar a importância de uma iluminação adequada em ambientes hospitalares, do tipo UTI-A, para a recuperação do paciente, bem como para o melhor desempenho de trabalho dos profissionais imersos nesses locais. Para tal intento, buscou-se discutir e referenciar bibliografias que abordam a questão das UTIs-A a fim detalhar como elas surgiram, bem como apresentar o que preconiza a legislação e/ou normas técnicas sobre construção desse ambiente com essa finalidade. Em seguida, buscou-se elucidar a necessidade da iluminação adequada, seja ela natural ou artificial para o bom desempenho do corpo humano e, consequentemente, para a saúde dos enfermos e dos profissionais da área da saúde, embasando-se em pesquisas com pacientes e trabalhadores de UTIs-A em um hospital de Belo Horizonte. Com base nisso, foram apresentados exemplos que comprovam que a iluminação precisa seguir parâmetros de aceitabilidade biológica e social, bem como seguir parâmetros normativos que respeitem o ciclo cicardiano. De acordo com as pessoas pesquisadas e em consonância com as UTIs-A analisasadas, nota-se que apesar de ser necessária uma iluminação hospitalar adequada,ainda faltam, em Belo Horizontes, hospitais que respeitem essa premissa,isto é, a iluminação ainda não tem sido objeto de preocupação nas edificações hospitalares. Palavras-chave: Iluminação hospitalar. UTI-Adulto. Ciclo circadiano. Design humanizado. 1. Introdução Os ambientes hospitalares, apesar de existirem há bastante tempo e apesar de, na maioria dos casos, respeitarem projetos de engenharia e de arquitetura em sua construção, bem como seguir o que preconiza o alvará de funcionamento das prefeituras de que fazem parte e outros registros legais de funcionamento, se mostram, geralmente, com falhas no que diz respeito a aspectos de iluminação. Essa situação se justifica pelo fato de as fontes de luz existentes nos recintos hospitalares, mais especificamente as UTIs Unidades de Terapia Intensiva não beneficiarem o profissional da saúde ou outro profissional que trabalhe no ambiente hospitalar, tampouco o paciente e quem o acompanha. Isso quer dizer que uma iluminação adequada é fundamental

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A tomada de consciência dos conhecimentos sobre a visão humana na aplicação de Projetos de Iluminação

nos novos ambientes humanizados de Unidade de Terapia Intensiva Adulta - (UTI-A) dezembro/2014 1

ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014 dezembro/2014

A tomada de consciência dos conhecimentos sobre a visão humana

na aplicação de Projetos de Iluminação nos novos ambientes

humanizados de Unidade de Terapia Intensiva Adulta - (UTI-A)

Antônio Aleixo Pinheiro Ribeiro - [email protected]

Especialização em Iluminação e Design de Interiores

Instituto de Pós-Graduação e Graduação - IPOG

Belo Horizonte / agosto / 2013

Resumo

Esta pesquisa visa evidenciar a importância de uma iluminação adequada em ambientes

hospitalares, do tipo UTI-A, para a recuperação do paciente, bem como para o melhor

desempenho de trabalho dos profissionais imersos nesses locais. Para tal intento, buscou-se

discutir e referenciar bibliografias que abordam a questão das UTIs-A a fim detalhar como

elas surgiram, bem como apresentar o que preconiza a legislação e/ou normas técnicas sobre

construção desse ambiente com essa finalidade. Em seguida, buscou-se elucidar a

necessidade da iluminação adequada, seja ela natural ou artificial para o bom desempenho

do corpo humano e, consequentemente, para a saúde dos enfermos e dos profissionais da

área da saúde, embasando-se em pesquisas com pacientes e trabalhadores de UTIs-A em um

hospital de Belo Horizonte. Com base nisso, foram apresentados exemplos que comprovam

que a iluminação precisa seguir parâmetros de aceitabilidade biológica e social, bem como

seguir parâmetros normativos que respeitem o ciclo cicardiano. De acordo com as pessoas

pesquisadas e em consonância com as UTIs-A analisasadas, nota-se que apesar de ser

necessária uma iluminação hospitalar adequada,ainda faltam, em Belo Horizontes, hospitais

que respeitem essa premissa,isto é, a iluminação ainda não tem sido objeto de preocupação

nas edificações hospitalares.

Palavras-chave: Iluminação hospitalar. UTI-Adulto. Ciclo circadiano. Design humanizado.

1. Introdução

Os ambientes hospitalares, apesar de existirem há bastante tempo e apesar de, na maioria dos

casos, respeitarem projetos de engenharia e de arquitetura em sua construção, bem como

seguir o que preconiza o alvará de funcionamento das prefeituras de que fazem parte e outros

registros legais de funcionamento, se mostram, geralmente, com falhas no que diz respeito a

aspectos de iluminação.

Essa situação se justifica pelo fato de as fontes de luz existentes nos recintos hospitalares,

mais especificamente as UTIs – Unidades de Terapia Intensiva – não beneficiarem o

profissional da saúde ou outro profissional que trabalhe no ambiente hospitalar, tampouco o

paciente e quem o acompanha. Isso quer dizer que uma iluminação adequada é fundamental

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para a melhora de alguém que está em tratamento e para o bom desempenho de quem está

desempenhando algum tipo de trabalho.

Em outras palavras, a iluminação não é apenas o oposto á escuridão, mas é, ou deve ser, uma

incidência de luz que respeite o período do dia, as capacidades mentais do indivíduo bem

como permita que o corpo responda satisfatoriamente à carga de luz que recebe.

Desse modo, é preciso conhecer como surgiram os ambientes hospitalares do tipo UTIs para

que se perceba a necessidade de luz adequada a esse tipo de estabelecimento.

O passo inicial para a formação de UTIs - Unidades de Terapia Intensiva - foi dado em 1854,

durante a guerra da Crimeia, uma Republica independente da Ucrânia, situada na área

setentrional do Mar Negro. A enfermeira Florence Nightingale percorria as enfermarias dos

batalhões com uma lanterna na mão, proporcionando claridade no ambiente e permitindo

melhores cuidados aos doentes. Naquela ocasião, a enfermeira monitorou e selecionou os

enfermos de acordo com a gravidade de cada patologia apresentada. Em seguida, separou

aqueles que precisavam de atendimento mais intensivo (graves) dos que estavam em estado

menos graves, conseguindo reduzir a taxa de mortalidade naquela época de 40% para 2%. A

partir de então, iniciou-se o conceito de Unidade de Terapia Intensiva e Florence Nightingale

passou a ser conhecida como “A Dama da Lâmpada”. FRANCISCO, (2008).

Figura 1: A Dama da Lâmpada

Fonte: FRANCISO (2008)

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Daquela época para os anos de 1920, a medicina avançou significativamente, oportunidade

em que o neurocirurgião Waler Dandy (1926) criou a primeira Unidade de Terapia Intensiva

do mundo, localizada na cidade de Boston, USA. Esta unidade possuía seis leitos neuro-

pediátricos. (SOBRATI - História da UTI).

Desse ponto em diante, a Unidade de Terapia Intensiva – Adulto (UTI-A) foi criada e então

definida como área crítica destinada à internação de pacientes graves, que requerem atenção

de profissionais especializados de forma continua e cuja estrutura apresenta-se com materiais

específicos e com tecnologia necessária para proporcionar assistência ao paciente de forma

holística, desde o diagnóstico à sua reabilitação. No Brasil, entende-se por UTI-A um

ambiente hospitalar destinado à assistência de pessoas com idade acima de 18 anos, podendo

admitir de 15 a 17 anos, se definidos nas normas da instituição (RDC 07, 2010). Esta mesma

norma recomenda que as UTIs tenham a disponibilidade de uma equipe supervisionada por

um médico intensivista, para cada 10 leitos. (RDC 07, 2010)

Segundo observações advindas das mídias televisionadas e escritas atualmente, dentro do

processo político econômico, junto com a alta taxa demográfica, diferenças das camadas

sociais, impropriedades administrativas entre outros, as construções de hospitais e

principalmente das áreas destinadas às UTI-A, também chamadas popularmente por Centro de

Tratamento Intensivo (CTI), ficaram a dever nas suas finalidades, no que tange ao conforto

visual e atendimento humanizado. Vale ressaltar que e ntende-se como Centro de Terapia

Intensiva (CTI) o agrupamento, numa mesma área física, de mais de uma Unidade de Terapia

Intensiva, segundo RDC 07 (2010).

Os espaços reservados para as UTI-A mantêm um padrão, conforme observações anteriores e

pesquisas – formulários em anexo – obtidos com os circulantes desta área, como pacientes,

acompanhantes e funcionários. Respeitando algumas exceções, diversos hospitais da região

metropolitana de Belo Horizonte apresentam esse caráter arquitetural. São espaços

normalmente retangulares, com entrada de luz natural por umas das laterais, sendo o

atendimento ao paciente dividido em boxes separados por cortinas, preservando a

individualização. Em relação à iluminação, esta é pontual e dimerizada, sendo, geralmente

controlada – nem sempre de modo automatizado –, atendendo às necessidades diárias. Ao

centro, tem-se, normalmente, uma área reservada aos atendentes e a equipamentos de

assistência móvel.

Ressalta-se que a rede de hospitais nesta cidade foi construída em meados dos anos 30 e vem

se adequando conforme as novas técnicas construtivas. Dentro das oportunidades de reforma

destes hospitais, estas técnicas de humanização aos pouco são empregadas. Esta pesquisa foi

feita consultando a história de alguns dos mais velhos hospitais de Belo Horizonte

Desse modo, desde o final do século passado os profissionais da área procuram abandonar

conceitos antigos de técnicas construtivas hospitalares e passaram a atuar em projetos mais

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representativos para construções hospitalares, obedecendo a conceitos de humanização e

padrões de design baseados em evidências visando o bem-estar dos usuários.

Devido a isso é que Ferrari (2013) afirma que 70% das UTIs brasileiras não preenchem os

critérios de humanização essenciais. (FERRARI, 2013). É ainda Ferrari quem diz:

Humanizar a UTI significa cuidar do paciente como um todo, englobando o contexto

familiar e social... Estas intervenções visam, sobretudo tornar EFETIVA A

ASSISTÊNCIA DO INDIVÍDUO CRITÍCAMENTE DOENTE, considerando como

um todo bio-psico-socio-espiritual. (FERRARI, 2013).

Já Bitencourt (2013), presidente da ABDEH -Associação Brasileira para o Desenvolvimento

do Edifício Hospitalar-, evidencia que o conceito de Design Baseado em Evidências passa

longe da maioria dos hospitais brasileiros:

Lume Arquitetura: O que é conceito de Design Baseado em Evidências? Fábio

Bitencourt: Este conceito surge da própia medicina que, no final da década de 90,

traz à tona as discussões sobre a promoção de resultados da aplicação de conceito e

de práticas teurapêuticas a partir de evidências científicas adivindas da pesquisa e da

prática, e concidera seu uso conciente, colaborando para que erros e vícios do

passado sejam corrigidos e os ambientes se tornan mais resolutivos. Todos os

processos podem ser explicados e, alguns deles, se dão pela experiência. O design

baseado em evidências foi obtido por meio de boas experiências observadas em

hospitais, que podem trazer melhorias para o desenvolvimento dos projetos de

arquitetura e, por consequência, dos próprios hospitais. (BITENCOURT, 2013: 08).

Nesse sentido, procedimentos sintetizados sobre as relações da iluminação, homem e

arquitetura, e do ambiente deverão ser priorizados de modo a valorizar o conforto dos

usuários deste espaço quando a iluminação é adequada dentro do processo que respeite o

estado de assimilação do corpo humano coadjuvado com a luz solar, desde o nascente até o

poente, (relação fotópica) e, do anoitecer até o início dos primeiros raios da claridade do dia

(relação escotópica). Essas duas relações são percebidas pelos cones, sensores que captam as

cores, e os bastonetes, sensores que captam a baixa luminosidade, os quais fazem

comunicação entre a visão e o cérebro. Tais sensores capacitam os reflexos perceptivos do

corpo humano quando os seus relógios biológicos são acionados.

A vantagem é que com os estudos do efeito da luz no corpo humano

foram descobertos diversos meios de produção de hormônios, que

ajudam o sistema endócrino, regulador do meio interno a enviar as

informações até as células pelo sangue, provocando diversas reações”.

(CARNEIRO, 2011: 76)

De acordo com MARTAU (2009), o ideal de uma iluminação nestes ambientes é privilegiar a

luz natural, deixando os relógios biológicos sincronizados entre os ritmos circadianos (por

influência da luz solar, através de hormônios). O ciclo circadiano regula todos os ritmos

fisiológicos do corpo humano, de modo que a digestão, o sono, o crescimento, a renovação

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das células, a temperatura do corpo, o ritmo cardíaco, a pressão arterial e o cérebro dependem

deste ciclo. (CARNEIRO, 2011: 74)

Desse modo, o dia é um fenômeno solar, pois, sabe-se que durante a luz do dia (luminância

refletida pela atmosfera, nuvens, relevo, e arquitetura do entorno, sem a penetração direta dos

raios do sol) o cérebro comanda informações para produção do cortisol, hormônio relacionado

ao dia, e, ao escurecer, é produzida a melatonina, hormônio relacionado à noite. A radiação

solar é, pois, a principal fonte alimentar para organismos dos seres vivos. Ela é responsável

por diversos fenômenos, como a fotossíntese, a metabolização da glicose e a síntese de

diversos hormônios do ser humano, entre eles o da vitamina D. (CARNEIRO, 2011: 73).

Contudo, é através do nervo óptico que as manifestações da energia luminosa são levadas

diretamente ao cérebro, que tem a capacidade de discernir e julgar as possibilidades

favoráveis ou adversas, possibilitando atitudes de defesa ou aceitação pelo corpo humano.

Esses fatores, conhecidos como neuro-fotópico, são produzidos pela penetração direta da luz

solar, ou mesmo da chamada luz artificial e foram apontados como responsáveis pelas causas

e efeitos que podem amenizar o estresse no paciente e no profissional de saúde, os quais

permanecem por longos periódos no espaço destinado às UTI-A. (FIGEIRÓ, 2010 apud

MARTAU, 2009).

A percepção visual permite o conhecimento das medidas de grandezas, de intensidade

luminosa, de cores entre outras medidas. A percepção visual é, então, um processo

coadjuvado pelo cérebro, pois de acordo com Pedrosa (2010) o cérebro realiza permanente

trabalho de avaliação, análise e correção das imagens visuais recebidas. Tal correção é feita

em estágio de pré-consciência, influenciado pelo acervo de nosso conhecimento relativo ao

mundo objetivo.

Desse modo, cada individuo harmoniza sensações diferenciadas do ambiente através de seu

cérebro, que busca experiências cognitivas específicas, elevando ou minimizando os agentes

aliviadores ou estressores. Esses agentes podemser causados devido à longa permanência do

paciente que tem a visão sempre voltada para o teto, de modo que se evidencie uma patologia

associada a cores, já que, dependendo da cor ambiente, o paciente se sente aliviado ou não.

Esses mesmo agentes são percebidos por todos os usuários desse ambiente (COSTI, 2004).

Assim, humanizar este espaço possibilitará um rapida resposta do cérebro, a qual resultará em

um processo de conforto, rapidez no tratamento. (FERRARI, 2013).

É preciso ressaltar ainda que o olho não tem capacidade de receber diretamente a luz do sol,

razão pela qual o ciclo circadiano, assim como as diversas faces de influências climáticas

impactuam a vida e suas manifestações. Devido a essas e outras influências (alimentação, por

exmplo), a natureza dos seres pode ser modificada pelas condições de iluminação, o que traz

modificação no processo metabólico.

A descoberta de um terceiro sistema de fotorreceptores dentro do olho (...). O

dogma era que todos esses fotorreceptores fazem detecção de luz, enquanto as outras

células da retina apenas processam sinais visuais. No entanto, diversas linhas de

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investigações levaram à descoberta de que o olho dos vertebrados, incluindo os seres

humanos, contém uma outra classe de fotorreceptores com base num pequeno

número de células ganglionares da retina. Esses neurônios especializados detectam

irradiância ambiental e regulamentam uma ampla gama de fisiologia e

comportamento, incluindo a regulação do relógio biológico 24h, sono, atenção,

humor e até mesmo o tamanho da pupila. (CAITANO, 2013).

A sinalização das mudaças, por sua vez, ocorre fora do organismo e é feita pelo Núcleo

Supraquiasmático, que retém neurônios responsáveis pela “regulagem do ciclo ou das

mudanças adaptativas, necessárias às condições ambientais”. (CARNEIRO, 2011). Os seres

vivos, portanto, mostram oscilações no comportamento e nas funções orgânicas, e quem atua

nesses mecanismos são os relógios biológicos, os quais têm a Cronobiologia como a ciência

responsável por estudar esses fatores.

Pesquisas empíricas na áreas da Cronobiologia (SHANANHAN E CZEISLER,

2000) demonstraram a influência da luz no comportamento e nas respostas

fisiológicas das pessoas, e são baseadas principalmente na iluminância na retina

(ARIES at al., 2002 e ZONNEVELDT e ARES,2002) e não mais e medições da

iluminação no ambiente.( MARTAU, 2009).

De acordo com Martau (2009), a relação entre iluminação, homem e arquitetura no

desempenho humano se faz através do sistema visual, do perceptivo, e do circadiano.

Em 2002 David Berson (Berson, Dunn, Motaharu,2002) foi quem detectou a

relação da luz com um outro tipo de fotoreceptor na retina dos mamiferos. (...) Este

fotoreceptor, embora não esteja relacionado com a visão, converte a luz recebida

pelo olho em sinais elétricos que serão interpretados pelo cérebro”. (MARTAU,

2002)

“A descoberta do terceiro fotorreceptor revolucionou as pesquisas que estudam os espectros, a

intensidade, a duração e o tipo de luz que influencia as respostas biológicas’ (EDELSTENIN

et al., 2008). A ABNT ISO/CIE 8995-1 (2013: 22) apresenta referência à iluminação artificial

que atende apenas a requisitos visuais e pode estar inadequada para atender os requisitos de

estimulação biológica. ( BERGEMANN, VAN DER BELD E TENNER, 1997).

Quanto a pesquisas na área da Cronobiologia, Shananhan e Czeisler (1997) demonstram em

seus estudos a influência da luz no comportamento e nas respostas fisiológicas das pessoas e

não mais em medições da iluminação no ambiente.

No que diz respeito a essas descobertas, um estudo elaborado por Designer Especialista em

Iluminação indica áreas que possibilitam maior penetração da luz natural, pontua áreas que

necessitam de maior ou menor iluminância e até mesmo de uma iluminação de conforto.

Além disso, o estudo mostra a necessidade do retrofit dos aparelhos de iluminação, apresenta

um planejamento de manutenção e privilegia,no projeto, a pessoa e o ambiente hospitalar.

Dessa maneira, o estudo buscando resultados para melhor conforto de todos os usuários,

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possibilitando um retorno financeiro a curto prazo, um menor custo/paciente, uma maior

rotatividade de leitos, e uma queda na taxa de absenteísmo, fatores esses que vêm a

acrescentar substancialmente os valores de humanização dados à iluminância pela NBR

ISO/CIE 8995-1 (2013).

Por fim, a importância deste assunto está no fato de que os conhecimentos centenários da

medicina, principalmente na relação luz/corpo humano, não estão sendo absorvidos na

construção de ambientes hospitalares destinados às UTI-A. Para se afirmar essa ideia, partiu-

se da hipótese de que o uso de conceitos cognitivos dos sensores fotoreceptivos podem

reduzir o tempo de tratamento do paciente, conforme estudos apresentados por diversos

autores, afinal otimizar o ambiente para os procedimentos elaborados pelos profissionais de

saúde, que cuprem turnos de trabalhos sem cronometrar o fator - dia ou noite, desregulando

seu relógio biológico, os leva a um indíce maior de absenteísmo (FIGUEIRÓ, 2010).

O objetivo geral deste trabalho é, portanto, contemplar futuras construções ou retrofites do

ambiente de uma UTI-A, em Belo Horizonte, tendo como objetivos específicos produzir o

projeto luminotécnico dentro do conceito de conforto humanizado:

Valorizar a iluminação natural para usuários e profissionais do estabelecimento de

saúde da UTI-A;

Mostrar como a radiação luminosa natural, principalmente, e a artificial são recebidas

pelo olho humano;

Evidenciar como o cérebro processa as informações recebidas pelo olho, capacitando o

corpo humano no que diz respeito à distinção de as cores do espectro e da

programação de varias funções, como a do ciclo circadiano.

Trazer benefícios aos usuários com um sistema de iluminação artificial apropriado,

com facilidades de acesso por automação.

2. Metodologia de Pesquisa

A metodologia adotada foi a pesquisa bibliográfica, com foco na identificação de quais

pacientes tratados em centros de tratamentos intensivos projetados com técnicas diretamente

ligadas ao reconhecimento da capacidade regenerativa do corpo humano, através do

recebimento da luz solar, e/ou técnicas de um projeto luminotécnico apresentado por um

Designer Especialista em Iluminação, terão uma recuperação confortável, rápida,

consequentemente com menos custo, e maior rotatividade dos leitos para os pacientes.

Para isso, contactar visualmente o espaço exterior é fator importantíssimo para suprir as

necessidades biológicas. A sensação é de conforto, pricipalmente se o ângulo visual

contemplar um paisagismo natural. (LAM, 1977, apud MARTAU, 2009).

Ainda segundo Martau (2009), “funcionários de um shopping centers, privados de contato

visual com o exterior, tinham maiores índice de estresse, depressão e ansiendade que

trabalhadores de loja de rua”.

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Para evidenciar a questão da iluminação, partimos de exemplo de uma pesquisa publicada na

revista Science, conforme Bitencourt (2013), a qual comparou pacientes pós-cirúrgicos que

tinham uma visão de árvores com pacientes que tinham uma visão de uma parede de tijolos.

Para os contempladores da natureza, foram necessários menos analgésicos, sofreram

complicações menores (tais como febre, náuseas e prisão de ventre) e ficaram uma média de

0,74 menos dias no hospital. Baseando-se nas regras do design por evidência, podermos fazer

um paralelismo entre um quarto de recuperação hospitalar e os leitos no ambiente de UTI-A.

A figura 2 mostra a possibilidade projetual de como deve ser o quarto hospitalar do futuro.

Figura 02: Sala de Recuperação: Como deverá ser o quarto do hospital do futuro

Fonte: DZUBOW (2013)

Uma outra situação em relação às pesquisas do efeito da iluminação natural e artificial é um

hospital no exterior, numa região de clima oposto ao do Brasil, mas de resultados coincidentes

no benefício do tratamento dos pacientes, visitantes, e profissionais da saúde.

Numa pesquisa realiza no Hospital de Yale – New Haven/USA, foi perguntado aos

clientes o que mais lhes agradava no hospital em que estavam internados. A

resposta, com pequenas variações, foram quase unânimes: “as janelas”. A

observação do exterior, da dinâmica da vida urbana que lhes era permitido

visualizar, além das condições naturais da chuva, do vento, das modificações do

desenho das nuvens, foram os aspectos mais relevantes e destacados.

(BITENCOURT, 2013)

O layout do ambiente de uma UTI-A, assim como a iluminação deverão ser desenvolvidos

prestigiando o conforto de todos - pacientes, profissionais do atendimento e até mesmo os

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acompanhantes que porventura possam estar ao lado dos enfermos, transmitindo sensações de

conforto. A iluminação natural ou artificial deve contemplar não somente o ambiente, mas

também o seu impacto nos efeitos biológicos, psicológicos, bacteriológicos, assim como a

iluminação correta respectiva ao uso dos aparelhos biomédicos.

O sistema de iluminação artificial, num ambiente de UTI-A, deve seguir alguns parâmetros;

O uso de iluminação natural reduz o tempo de internação, ajuda na sua recuperação e

proporciona um estado de conforto;

A iluminação geral deverá ser no mínimo 50% menor do que nas áreas do campo

visual dos leitos e ilhas de serviços dos atendentes;

A iluminação de atendimento médico nos boxes ou células com leitos deverá ser

indireta, com temperatura de cor acima de 6500°K e IRC entre 80 e 90. Normalmente

estes atendimentos são acompanhados por equipamentos que têm a iluminação

própria;

A iluminação nos leitos para deleite dos pacientes deverá ser indireta, possibilitando

até mesmo leitura, e um bom atendimento pelos enfermeiros. A temperatura deve estar

perto dos 4000°K;

A altura de trabalho para o cálculo de iluminação é considerada pela altura dos leitos;

A variação de luz, principalmente em níveis mais baixos, jogos de luz produzindo

efeitos entre claros e escuros deixam os pacientes mais dispersos;

Fontes de iluminação por condução de fibras óticas têm um ótimo resultado para

iluminação de relaxamento. A grande variedade de cenas conforta os pacientes,

deixando-os relaxados e despreocupados com o tratamento (COSTI, 2004);

Todo o sistema de iluminação deverá ser automatizado controlado à distância, sendo

permitido aos pacientes no último estágio de recuperação controlar a sua iluminação

de acordo com sua necessidade.

Se as edificações hospitalares forem processos de construção baseados em evidência e/ou

projetos humanizados voltados diretamente para a saúde do paciente e dos profissionais que

transitam nesta área, haverá benefícios de adequadção dos amibentes UTI-A. Essas

preocupações são, a princípio, de alto custo, sendo este o principal fator para a não adequação

destes ambientes, justificados apenas por interesses políticos. No entanto, o seu

custo/benefício é muito satisfatório, havendo um retorno rápido, não só financeiro, mas

também uma recuperação física e psicológica de seus usuários. A elaboração do projeto

arquitetônico que satisfaça os critérios técnicos compatíveis com as funções dos pacientes,

assistentes da saúde e que atendam as demandas das tecnologias médicas, tendo ainda que

respeitar regras e a posturas do código de obra municipal são, dessa forma, de suma

importância. O projeto, por conseguinte, se torna complexo e caro, muitas vezes

incompatíveis com o projeto de humanização e processos de construção baseados em

evidência.

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Entretanto, é necessário evidenciar quais são consequências desses benefícios. Para o

paciente: rápida recuperação, menor tempo de tratamento, redução do estresse e ansiedade,

inclusive de seu acompanhante, melhor conforto resultando num melhor sono e um

tratamento com menos dor; Para os funcionários: menos estresse, mais conforto visual, menos

absenteísmo; Para o hospital: melhor custo/benefício, redução da estadia na UTI, menor

consumo de medicamentos, menor custo com manutenção do ambiente, melhor relação com

os profissionais de saúde. ((BITENCOURT apud BITENCOUR, 2011).

Percebe-se, assim, que a luz solar é indispensável para a manutenção da vida na terra. A

sincronização e os ritmos circadianos entre o claro e o escuro são mantidos pelo relógio

biológico no cérebro. Segundo Figueiró (2010), este relógio biológico controla outros relógios

do nosso corpo, incluindo fígado, pâncreas, hipófise e vários outros órgãos.

Embora a visão não aconteça nos olhos, e sim no cérebro, o que também vale para a luz, esta

é recebida nos olhos pela íris que a quantifica. Desse modo, a fóvea – que está localizada no

cérebro e é formada por células nervosas conhecidas como fotorreceptoras, sendo eles os

cones (neurotransmissores que trabalham com as cores sob luz do dia) e os bastonetes

(neurotransmissores que trabalham com baixa luminosidade) – transmite a imagem

visualizada para o cérebro. Os cones são responsáveis pela visão colorida e são sensíveis à

visão fotópica, isto é, a luz do dia. Os bastonetes captam imagens em baixa luminosidade e

são a visão escotópica. Um terceiro fotorreceptor converte as informações recebidas levando-

as ao cérebro. Na base do cérebro está localizada o hipotálamo, onde se encontra a glândula

pineal responsável pela produção da melatonina, que regula diversos órgãos, tecidos e células.

O núcleo supraquiasmático responsável pela produção e controle da melatonina, que é um

neuro transmissor produzido ao escurecer - quanto mais escuro estiver o ambiente, melhor a

produção. Por outro lado, esta produção é interrompida com a chegada da claridade do dia. A

esta alternância, chamamos de ciclo circadiano, que é base para os ciclos biológicos do corpo

humano.

Percebe-se, portanto, que não há dúvidas de que a luz solar alimenta nosso organismo por

diversos meios, o que colabora no crescimento, na percepção e nas funções psicológicas,

biológicas, sociais e, espirituais. Por causa disso, iluminação natural é importante também nos

UTIs para que as pessoas que transitam nesses ambientes tenham uma melhor resposta física,

biológica e social aos reflexos luminosos que recebem.

3. Discussão teórica

A norma brasileira ABNT NBR 5413 – Iluminância de Interiores (1992) até o dia 21 de

março de 2013 foi a fonte de referência para projetos de iluminação artificial de interiores

para atividades profissionais, esportivas e espaços públicos. A UTI não foi diretamente

mencionada e o designer de iluminação tinha apenas os dados da tabela 1 – a seguir – como

referência.

Classe C Iluminância (luz) Tipo de Atividade

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Iluminação adicional para

tarefas visuais difíceis

10000 – 15000 - 20000 Tarefas visuais muito

especiais, cirurgia

Tabela 1 – Iluminâncias por classe de tarefas visuais

Fonte: ABNT NBR 5413 (1992)

Como podemos perceber, as normatizações que precedem os projetos de iluminação no

interior das UTI-A não são específicas para estes casos. Na NBR 5413, há uma nota

determinando que “fica ao critério do projetista avançar ou não nos valores das classes/tipos

de atividades adjacentes, dependendo das características do local/tarefa”. Essa situação leva o

Designer de Iluminação a preocupar-se com um Design Baseado em Eficiência, conforme a

proposta da ABDEH, cujo presidente cita o “Hospital Lourenço Jorge da rede pública, entre

outros como um dos pioneiros a deixar a UTI inteiramente aberta à iluminação natural, e,

ainda ter uma boa iluminação artificial”.

Embora as citações acima indiquem hospitais de outros estados, os hospitais brasileiros,

inclusos os de Belo Horizonte, estão na mesma situação no que diz respeito ao layout

humanizado nos espaços de UTI-A, conforme palestra apresentada por Douglas Ferrari

(2013), da Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva (SOBRATI).

Segundo Sallouti (2013: 28-30),“que estuda e colhe relatos desde 2006 sobre o conforto

visual e o relaxamento da iluminação propiciada por meio da fibra ótica, a recuperação de

pacientes tem melhorado com iluminação adequado”.

Embora os trabalhos apresentados por esse autor sejam feitos em outras áreas de atividades

médicas, como: Odonto-Pediatria, Ginecologia, Terapia Ocupacional, os resultados obtidos

para estas atividades podem ser transferidos para a área de UTI-A. Sallouti (2013) afirma que

“A linha de pesquisa não visa definir a fibra ótica como ferramenta para cura de doenças, mas

sim como elemento de contribuição na humanização do espaço, auxiliando na melhoria

comportamental e no bem-estar dos pacientes”. Outro aspecto interessante do uso da fibra

ótica como fonte de luz é que a automatização é feita diretamente na fonte, diminuindo o

custo operacional e de manutenção do sistema.

Como exemplo dessa situação, segue a figura 3, sala Delivery Room do Hospital São Luiz,

unidade de Itaim, que apresenta uma proposta diferenciada no atendimento de gestantes. A

fibra ótica foi aplicada com possibilidade de alternância de luz colorida (RGB).

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Figura 3 – Sala Delivery Room do Hospital São Luiz

Fonte: Fasa Fibra Ótica

A figura 4 apresenta uma sala de ressonância magnética, também servida de iluminação por

fibra ótica com opção de cores. A alternância de cores relaxa os pacientes fazendo com que o

tratamento fique mais rápido, o que faz com que haja o aumento de atendimentos diário, além

do conforto visual por parte dos profissionais plantonistas.

Figura 4 – Sala de ressonância magnética

Fonte: Fasa Fibra Ótica

As intervenções apresentadas por Sallouti e declaração escrita da ginecologista e obstetra do

Hospital São Luiz vão ao encontro dos objetivos deste trabalho. Isto é, confirmam que as

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técnicas e procedimentos lumínicos têm uma posição priorizada para um bom projeto

humanizado de iluminação nos espaços de UTI-A.

Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), a RDC nº 50, de 21 de

fevereiro de 2002, em seus parágrafos: 1.2.1. Arquitetura e 1.2.1.2.3 Elétrico / Eletrônica

apontam: Proposição dos pontos de Alimentação; Iluminação e Sinalização. O projeto do

espaço de UTI-A deve contemplar os índices luminotécnicos para melhor aptidão de seus

usuários.

Vale ressaltar que, em substituição da ABNT NBR 5461 (1992), entra a ABNT ISO/CIE

8995-1 (2013). Esta nova norma, além de especificar o índice limite de ofuscamento e o

índice de reprodução de cores, faz menção às tarefas e atividades no ambiente de UTI.

A tabela 2 – a seguir – apresenta os requisitos para o planejamento da iluminação da UTI-A

de uma maneira generalizada, sem contemplar a individualidade do paciente, seu

acompanhante ou o profissional da saúde.

Ambientes (áreas),

Tarefas ou

Atividades.

Iluminância

(Em, lux)

Índice limite de

Ofuscamento

URG

IRC ou Ra

Observações

UTI

Iluminação Geral 100 19 90 No nível do Piso

Exame Simples 300 19 90 No nível do Leito

Exame e Tratamento 1000 19 90 No nível do Leito

Observação Noturna 20 19 90

Tabela 2 – Especificações da Iluminância

Fonte: ABNT ISO/CIE 8995-1 (2013)

Esta nova norma veio para somar e determinar regras básicas para o cálculo de iluminação e

adequação de layout nos espaços utilizados para os usuários de uma UTI-A.

6. Conclusão

Desde os primórdios da humanidade o ser humano vem usufruindo da principal fonte natural

de luz e calor, o sol. Este com uma temperatura de 5.502º C em sua superfície, emite

espectros de ondas eletromagnéticas visíveis ao olho humano, que levam cerca de 8 segundos

para chegarem até a terra. Mesmo sabedores de que o sol é a fonte de vida na terra e de

muitos benefícios são gerados por esta fonte gratuita, o homem continua menosprezando

essas informações.

Por essa razão, edificações hospitalares não têm seguido normas relativas à iluminação

adequada a esse tipo de construção e também não têm considerado a necessidade de luz

natural para o bom desempenho do ciclo de vida humano, bem como para a saúde do homem.

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Devido a isso, é provável que o tempo de internação dos pacientes em UTIs-A possa ser

aumentado, já que há um prejuízo luminoso, que, por sua vez diminui a sensação de bem estar

do enfermo e, muitas vezes, causa algum tipo de aborrecimento ou estresses no próprio

enfermo ou no indivíduo que o acompanha ou mesmo nos profissionais de saúde, como

apontam as pesquisas realizadas.

Assim, é necessário que sejam consideradas as necessidades humanas de exposição à

iluminação natural e, se isso não for possível, que a iluminação artificial possa estar em

proporções adequadas, respeitando sempre o ciclo cicardiano, uma vez que as respostas

sociais, psicológicas e hospitalares do indivíduo se pautam em suas condições biofísicas.

Essas, por sua vez, se relacionam imediatamente a fatores externos, como a iluminação do

ambiente.

Por fim, seguir normalizações de iluminação em construções hospitalares é mais do que uma

regra de edificação, mas é uma mostra de respeito às necessidades do ser humano.

Referências

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TORMANN, Jamile. Caderno de iluminação: arte e ciência. 2 ed. Rio de Janeiror: Editora

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RITTER, Vivian. Percepção visual aplicada à iluminação. Pós-graduação em Iluminação e

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NASCIMENTO, Alan nascimento. Grandezas e cálculo luminotécnico. Pós- graduação em

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Anexo

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