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A videira e seus ramos: tem uva por lá? Postado em 3 de maio de 2015 por rapaduraespiritual Dia Litúrgico: Domingo V (B) da Pascoa Evangelho ( Jo 15,1-8): “Eu sou a videira verdadeira e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que não dá fruto em mim, ele corta; e todo ramo que dá fruto, ele limpa, para que dê mais fruto ainda. Vós já estais limpos por causa da palavra que vos falei. Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós. Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira, assim também vós não podereis dar fruto se não permanecerdes em mim.Eu sou a videira e vós, os ramos. Aquele que permanece em mim, como eu nele, esse dá muito fruto; pois sem mim, nada podeis fazer. Quem não permanecer em mim será lançado fora, como um ramo, e secará. Tais ramos são apanhados, lançados ao fogo e queimados. Se permanecerdes em mim, e minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes, e vos será dado. Nisto meu Pai é glorificado: que deis muito fruto e vos torneis meus discípulos”. A videira verdadeira e seus ramos. Eis uma metáfora, uma linguagem figurada bem interessante, usada por Jesus para se referir a um ponto essencial no cristianismo, com certeza o mais importante, aquele vital: a união com Ele! O cristianismo autêntico não consiste, em fazer muitas coisas ou “mostrar serviço”, nem muito menos ser um sucesso, ou acumular conquistas, amealhar consensos e arrastar atrás de si multidões ou influenciar de forma irresistível a quem quer que seja. Não se trata de viver na “teologia da prosperidade”, acreditando que a bênção significa uma felicidade onde o dinheiro abundante ou as riquezas fartas abrem possibilidades e abrem o caminho ou são visto como caminho seguro da bênção. Não é questão de libertação meramente terrena, onde se as pessoas tiverem saúde, emprego e educação, bem como liberdade, seguindo os próprios caminhos o “reino” acontece. Que ninguém ou alguém se iluda a respeito de tudo isso! Jamais alguma pessoa de sã consciência pode questionar o valor da saúde, da educação, do emprego, da liberdade política, ou do valor instrumental (e não como meta) que o dinheiro tem. Jamais alguém minimamente inteligente vai duvidar da importância do trabalho, do esforço, da competência e da estratégia de um bom planejamento bem como de uma boa técnica. Um cristão que se põe como discípulo nunca perderá o sentido da dimensão auxiliar e acessória de todos estes elementos que acima referimos. Entenderá que a união com Jesus, o permanecer nele, viver por Ele e com Ele, para Ele é

A Videira e Seus Ramos

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A videira e seus ramos: tem uva por l?

A videira e seus ramos: tem uva por l?

Postado em rapaduraespiritual3 de maio de 2015

por Dia Litrgico: Domingo V (B) da Pascoa

Evangelho (Jo 15,1-8): Eu sou a videira verdadeira e meu Pai o agricultor. Todo ramo que no d fruto em mim, ele corta; e todo ramo que d fruto, ele limpa, para que d mais fruto ainda. Vs j estais limpos por causa da palavra que vos falei. Permanecei em mim, e eu permanecerei em vs. Como o ramo no pode dar fruto por si mesmo, se no permanecer na videira, assim tambm vs no podereis dar fruto se no permanecerdes em mim.Eu sou a videira e vs, os ramos. Aquele que permanece em mim, como eu nele, esse d muito fruto; pois sem mim, nada podeis fazer. Quem no permanecer em mim ser lanado fora, como um ramo, e secar. Tais ramos so apanhados, lanados ao fogo e queimados. Se permanecerdes em mim, e minhas palavras permanecerem em vs, pedi o que quiserdes, e vos ser dado. Nisto meu Pai glorificado: que deis muito fruto e vos torneis meus discpulos.A videira verdadeira e seus ramos. Eis uma metfora, uma linguagem figurada bem interessante, usada por Jesus para se referir a um ponto essencial no cristianismo, com certeza o mais importante, aquele vital: a unio com Ele! O cristianismo autntico no consiste, em fazer muitas coisas ou mostrar servio, nem muito menos ser um sucesso, ou acumular conquistas, amealhar consensos e arrastar atrs de si multides ou influenciar de forma irresistvel a quem quer que seja. No se trata de viver na teologia da prosperidade, acreditando que a bno significa uma felicidade onde o dinheiro abundante ou as riquezas fartas abrem possibilidades e abrem o caminho ou so visto como caminho seguro da bno. No questo de libertao meramente terrena, onde se as pessoas tiverem sade, emprego e educao, bem como liberdade, seguindo os prprios caminhos o reino acontece. Que ningum ou algum se iluda a respeito de tudo isso! Jamais alguma pessoa de s conscincia pode questionar o valor da sade, da educao, do emprego, da liberdade poltica, ou do valor instrumental (e no como meta) que o dinheiro tem. Jamais algum minimamente inteligente vai duvidar da importncia do trabalho, do esforo, da competncia e da estratgia de um bom planejamento bem como de uma boa tcnica.Um cristo que se pe como discpulo nunca perder o sentido da dimenso auxiliar e acessria de todos estes elementos que acima referimos. Entender que a unio com Jesus, o permanecer nele, viver por Ele e com Ele, para Ele condio de possibilidade para que haja cristianismo. O itinerrio do discipulado um construir a fidelidade a Ele, ao seu Evangelho de forma persistente, humilde, ousada, onde a radicalidade vai deitando razes profundas no que de fato alicerce e base para amadurecer e frutificar. Portanto, as bem aventuranas feitas de pobreza, humildade, servio, desprendimento, doao de vida, saber amar na gratuidade, na mansido e na pureza, ser portador da paz, ser o ltimo e o servo, tudo isso o que interessa e por estes valores se pautar o cristo. Entender que o Jesus que se segue no um mero grande lder religioso. Trata-se da Palavra Eterna, da Salvao do Pai operada por meio dele, sendo Ele mesmo a Boa Notcia, Ele a prpria salvao. A identidade do Senhor no ponto de negociao ou de flexibilizaes em nome do dilogo. A fidelidade f professada pela Igreja um cho onde se constri a prpria vida. Por ela os cristos se gastam e se assumem enquanto tais. Esta ligao com Ele inteligentemente figurada no ramo e na rvore; imagem simples que no exige grande inteligncia para ser compreendida. A simplicidade da comparao em nada danifica a profundidade da mensagem. Antes, a acentua! Por isso, eis o segredo: permanecer nele. Ele e suas palavras devem e precisam permanecer a fim de que, na condio de discpulos que buscam tudo quanto contribui para o seguimento do Mestre, os cristos havero de pedir o que para isso for necessrio. Quanto mais a fuso das vontades acontecer, tanto mais o discipulado amadurece e d os saltos de qualidade que precisa dar. E a meta? Os frutos! No pode o cristianismo ser reduzido a planos, projetos, idias, intenes, bons pensamentos e maravilhosos propsitos. So importantes, so pontos de partida, mas no de chegada, no bastam. No pode tambm o cristianismo se reduzir a palavras bonitas, ou seja, pregaes, ensinos, homilias, discursos, etc. A parte discursiva do cristianismo o meio do caminho, mas no seu fim. Eis onde deve desembocar: na vida, nas escolhas concretas assimiladas no quotidiano, no evangelho corajosa e teimosamente assumido, ainda que imperfeitamente (e qui mal e porcamente assumido), mas com nimo e determinao de superao rumo ao mais, ao melhor, sem desanimar. Frutos alimentam, do vida, so o coroamento indispensvel deste processo de cristificao, e, alis, sintoma de que a unio com Jesus genuna e no fantasiosa. Mas, h um objetivo que d sentido e valor a tudo isso. O que seria? A glria da Trindade! No uma busca de si, no auto-afirmao narcisista e vaidosa. Manter essahttp://blog.comshalom.org/rapaduraespiritual/a-videira-e-seus-ramos-tem-uva-por-la/O servo e o Senhor: no d para comparar!

Postado em rapaduraespiritual30 de abril de 2015

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Dia Litrgico: Quinta-feira da 4 semana da PscoaEvangelho (Jo 13,16-20): Em verdade, em verdade, vos digo: o servo no maior do que seu senhor, e o enviado no maior do que aquele que o enviou. J que sabeis disso, sereis felizes se o puserdes em prtica. Eu no falo de todos vs. Eu conheo aqueles que escolhi. Mas preciso que se cumpra o que est na Escritura: Aquele que come do meu po levantou contra mim o calcanhar. Desde j, antes que acontea, eu vo-lo digo, para que, quando acontecer, acrediteis que eu sou. Em verdade, em verdade, vos digo: quem recebe aquele que eu enviar, a mim recebe; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou.O servo no est acima de seu senhor e o mensageiro no est acima de quem o enviou (Jo 13, 16). Parece algo bvio! Mas, na prtica, no . Um conhecimento profundo de si que brota do conhecimento de Deus, o Senhor, vai delineando caminhos e apontando direes. A iluso humana, brotada de seu orgulho traioeiro e enganador, pode ser fonte de tanta mentira quanto de igual ou maior sofrimento! Sempre que se afastou desta conscincia sobre quem Deus e sobre quem ela , a pessoa humana trilhou caminhos extremamente equivocados e sinistros.

Na primeira leitura de hoje (At 13, 13-25), Paulo em sua pregao, lembra o que Joo Batista afirmou de si e de Quem o vir depois dele: Mas vede, depois de mim vem aquele do qual nem mereo desamarrar as sandlias (At 13, 25). Eis a humildade, aqui est a verdade! O mito do super homem super tapeao, a super tolice, o super engano. Os fatos mostram que todos quantos se arvoram em ocupar o lugar de Deus ou no ficam no seu lugar encontraram o mal e a morte, ou no mnimo, se privaram miseravelmente da vida genuna, fonte de felicidade.Que ningum se engane! Isso no algo que pode e que de fato acontece somente com os catlicos e demais cristos que esto longe da Igreja, com os ateus ou membros de outros credos religiosos no cristos. Isso pode tremendamente acontecer com os que esto dentro da Igreja, os engajados e tambm consagrados e membros do clero. De fato Jesus, falando de Judas, o traidor, afirma sem rodeios: Aquele que come o meu po levantou contra mim seu calcanhar (Jo 13, 18). Quem este que assim faz? Ora, aquele que celebra a Eucaristia e no a vive no concreto de suas escolhas quotidianas. quem prega e reza de um jeito e vive de outro. quem separa a f da vida e pode at mergulhar desgraadamente em uma duplicidade que desqualifica a sua vocao, podendo at mesmo mat-la ou estar na Igreja para simplesmente manter uma aparncia, um ganha po, um prestgio, etc. preciso ser humilde e agarrar-se verdade, por mais que seja doloroso assumi-la na efetividade da vida! Sem isso, grandes contradies podem desgastar e desbotar um projeto de cristianismo que pode e deve acontecer. No haja iluses! As lutas no so poucas, a fraqueza sempre grande e por isso, todos sejam vigilantes, a comear por si mesmos! Sim, por si mesmos, de onde brota o mal. do corao do homem que brota o pecado, porque ele pecador.Uma ltima coisa: H um conforto e uma segurana. A graa de Deus e as mediaes que o Senhor instituiu para que mantenhamos a estrada certa. Os sacramentos, a Palavra de Deus, a Tradio e o Magistrio de sua Igreja. Diz Jesus: quem recebe o que me enviar me recebe a mim; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou (Jo 13, 20). Os pastores da Igreja, epecialmente o papa e os bispos em comunho com ele, e demais mediadores que nos pastoreiam e guiam nos caminhos da salvao nos abriro as portas para um avanar decidido nesta libertao profunda e concreta, neste acolher a verdade geradora de felicidade. A obedincia, a docilidade, com o olhar fixo em Jesus sempre um segredo da fidelidade, no do sucesso, que abrir para ns as portas do Cu, j aqui na terra. Claro, plenitude, s na glria celeste, mas, se o cu estar na vontade de Deus, devemos dizer como So Felipe Neri: Eu prefiro o paraso.Multido e discpulo em torno do Po da Vida

Postado em rapaduraespiritual17 de abril de 2015

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Jo 6, 24-35.Naquele tempo, quando a multido viu que Jesus no estava ali, nem os seus discpulos, subiram s barcas e foram procura de Jesus, em Cafarnaum.Quando o encontraram no outro lado do mar, perguntaram-lhe: Rabi, quando chegaste aqui?Jesus respondeu: Em verdade, em verdade, eu vos digo: estais me procurando no porque vistes sinais, mas porque comestes po e ficastes satisfeitos. Esforai-vos no pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece at a vida eterna, e que o Filho do Homem vos dar. Pois este quem o Pai marcou com seu selo.Ento perguntaram: Que devemos fazer para realizar as obras de Deus?Jesus respondeu: A obra de Deus que acrediteis naquele que ele enviou.Eles perguntaram: Que sinal realizas, para que possamos ver e crer em ti? Que obra fazes? Nossos pais comeram o man no deserto, como est na Escritura: Po do cu deu-lhes a comerJesus respondeu: Em verdade, em verdade vos digo, no foi Moiss quem vos deu o po que veio do cu. meu Pai que vos d o verdadeiro po do cu. Pois o po de Deus aquele que desce do cu e d vida ao mundo.Ento pediram: Senhor, d-nos sempre desse po.Jesus lhes disse: Eu sou o po da vida. Quem vem a mim no ter mais fome e quem cr em mim nunca mais ter sedeA Palavra forte e nos pe contra a parede. A multido foi atrs de Jesus em busca de resolver seus problemas imediatos. Em geral, atrs de comida fcil ou de milagres que dessem um fim aos prprios sofrimentos e dificuldades. Sei l! Parece que, no fundo, existe um jogo de interesses nesta busca. No buscavam Jesus, mas os benefcios de Jesus. No estavam procura do Senhor em funo do Senhor, mas em busca das vantagens ou consolaes que isso pudesse proporcionar. Na vida da gente, acho que importante lembrar algo que faz a diferena nos relacionamentos: ningum gosta de gente interesseira. Ningum gosta de pessoas com finalidades interesseiras . Imagine s se as pessoas fossem lhe buscassem somente por causa do seu dinheiro, ou de sua simpatia, ou de seu conhecimento, de sua beleza fsica ou at mesmo de sua santidade de vida? E a? se voc um belo ou feio dia no tivesse mais dinheiro ou pouco dinheiro, se voc estivesse antiptico, ou contrasse uma doena, ou envelhecesse e no ficasse mais to belo e se voc passasse por uma fase de pecado ou fraquezas morais? Ento voc seria descartvel? Seria deixado de lado por no ser mais uma pessoa til? Estamos procurando os milagres de Jesus ou o Jesus dos milagres?

Jesus nos fala que a obra de Deus que creiamos naquele que o Pai enviou. Que vem a significar esse crer? Com certeza, no se trata de saber que Jesus existe ou existiu. No significa t-lo como um grande lder religioso ao lado de Buda, Maom, Confcio ou sei l quem. Cristo foi enviado pelo Pai para viver entre ns e nos des-velar o rosto de Deus, nos fazer participantes da graa de sermos remidos pelo seu sangue e, pela graa da justificao, viver conforme o Esprito que dele provm. Longe de ser um relacionamento distante ou casual, a relao com Jesus no pode se reduzir miseravelmente a um contato ocasional, distante, descomprometido, vago. No pode ser um relacionamento marcado pelo interesse de uma multido faminta por espetculo de prodgios ou de um discurso para simplesmente achar bonito e encantar os ouvidos. A vida em Cristo vida de discipulado, isto , de seguimento generoso, amoroso, fiel, radical, perseverante. E quando faltar generosidade, amor, fidelidade, radicalidade ou o indivduo chutar o pau da barraca, a soluo s uma: Recomear com confiana, com mais coragem ainda que antes.

Pois : Jesus nos d o po da vida! Po que alimenta, Po que faz Deus ser um conosco e ns um com Ele.

Aquele que desceu do Cu est acima de todos

Postado em rapaduraespiritual15 de abril de 2015

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Dia Litrgico: Quinta-feira da 2 semana da PscoaEvangelho (Jo 3,31-36): Aquele que vem do alto est acima de todos. Quem da terra, pertence terra e fala coisas da terra. Aquele que vem do cu est acima de todos. Ele d testemunho do que viu e ouviu, mas ningum aceita o seu testemunho. Quem aceita o seu testemunho atesta que Deus verdadeiro. De fato, aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus, pois ele d o esprito sem medida. O Pai ama o Filho e entregou tudo em suas mos. Aquele que cr no Filho tem a vida eterna. Aquele, porm, que se recusa a crer no Filho no ver a vida, mas a ira de Deus permanece sobre eleQuem vem do alto o Verbo, a Palavra, segunda Pessoa da adorvel Trindade, portanto, Deus com o Pai e o Esprito Santo. Por isso mesmo est acima de todos e ningum pode a Ele se comparar. Por isso, esse conhecimento doutrinal e, sobretudo experiencial do mistrio do Verbo que Deus e se fez carne, isto , pessoa humana sujeita s nossas fraquezas nos leva a entender algo mais profundo sobre quem Jesus Cristo. No se trata de um mero fundador de uma grande religio. Ele vem do cu e d testemunho do que viu e ouviu. D testemunho do mistrio de sua vida com as outras divinas Pessoas da Trindade Santssima. A limitao de nossa inteligncia para alcanar to altas revelaes, nos impe a postura humilde de acolher do Divino Mestre o que era possvel a ns em termos de possibilidade de compreenso: uma linguagem figurada. Da as parbolas do Reino. Aceitar o testemunho de Jesus, longe de ser uma mera atitude intelectual, uma postura superficial e circunstancial, trata-se de um envolver-se com esse testemunho que, fundamental e essencialmente trata-se de um envolver-se com o prprio Senhor, partilhando-lhe a vida. Longe de ser uma ideia romntica, se est diante de um gastar a vida por Ele, assumindo com gestos concretos e cotidianos o seu evangelho.

Esse amor do Pai ao Filho que o fez entregar tudo em suas mos, nos pem diante da mais alta revelao do mistrio do Deus uno e trino. De fato, Esse amor do Pai pelo Filho uma pessoa, a pessoa comunho e fonte de unidade: o Esprito Santo. Santo Agostinho afirmou, no seu tratado da Trindade: O Pai o que ama, o Filho o amado e o Esprito Santo o Amor. Aderir ou no a este mistrio de amor est sob o livre arbtrio de cada homem e mulher. A vida eterna, meta da vida de qualquer cristo que de fato tem f, no deve ser buscada somente s portas da morte. De fato, vive-se tal vida no aqui e no agora da vida de cada homem e mulher. Que ser a vida depois da morte? Ser o coroamento de um processo que j estava em ato durante a peregrinao terrestre. As rejeies do Filho podem acontecer de tantas maneiras quanto so as formas de enxergar a vida e o mundo. Vida eterna comea com as atitudes, os gestos concretos, as prioridades, as escolhas. Ser testemunha dessas verdades eternas nos remetem ao centro da misso da Igreja. No se trata to somente de ensinar, mas de transformar a vida e deixar-se plasmar pelo Esprito Santo que nos faz, com seu poder e graa, pessoas que do testemunho destas verdades eternas.

Jesus e sua luz de verdade

Postado em rapaduraespiritual15 de abril de 2015

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Dia Litrgico: Quarta-feira da 2 semana da PscoaEvangelho (Jo 3,16-21): De fato, Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho nico, para que todo o que nele crer no perea, mas tenha a vida eterna. Pois Deus enviou o seu Filho ao mundo, no para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele. Quem cr nele no ser condenado, mas quem no cr j est condenado, porque no acreditou no nome do Filho nico de Deus. Ora, o julgamento consiste nisto: a luz veio ao mundo, mas as pessoas amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram ms. Pois todo o que pratica o mal odeia a luz e no se aproxima da luz, para que suas aes no sejam denunciadas. Mas quem pratica a verdade se aproxima da luz, para que suas aes sejam manifestadas, j que so praticadas em Deus.

A luz veio ao mundoHoje, diante de opinies que sugere a vida moderna, pode parecer que a verdade j no existe a verdade sobre Deus, a verdade sobre os temas relativos ao gnero humano, a verdade sobre o matrimnio, as verdades morais e, por ltimo, a verdade sobre mim mesmo. Cristo no uma opinio a mais. Jesus Cristo a autntica Verdade. Negar a verdade como insistir em fechar os olhos diante da luz do Sol. Voc goste ou no, o Sol sempre estar a; mas o infeliz escolheu livremente fechar seus olhos diante do Sol da verdade. De igual forma, muitos se consomem em suas carreiras com uma tremenda fora de vontade e exigem empregar todo seu potencial, esquecendo que to somente podem alcanar a verdade sobre si, caminhando junto a Jesus Cristo.

Por outro lado, segundo Bento XVI, cada um encontra seu prprio bem assumindo o projeto que Deus tem sobre ele, para realiz-lo plenamente: no entanto, encontra em tal projeto sua verdade e, aceitando esta verdade, se faz livre (cf. Jo 8,32) (Encclica Caritas in Veritate). A verdade de cada um uma chamada a converter-se no filho ou na filha de Deus na Casa Celestial: Porque esta a vontade de Deus: tua santificao (1Tes 4,3). Deus quer filhos e filhas livres, no escravos. Em realidade, o eu perfeito um projeto comum entre Deus e eu. O perfeito no aquele modelo tpico, o pleno, absoluto, mas aquele que se pe a caminho, busca crescer, superar-se, amadurecer, no se contenta em andar, mas busca correr, no se contenta em correr, mas busca voar, no se contenta em voar baixo, mas segue progressivamente aumentando a altura e velocidade, firmeza e estabilidade de se voo rumo ao alto, mais alto, sem alto. Quando buscamos a santidade, comeamos a mostrar a verdade de Deus em nossas vidas. O Papa disse de uma forma muito bonita: Cada santo como um raio de luz que sai da Palavra de Deus (Exortao apostlica Verbum Domini).

Nossa converso a Jesus Cristo o passo da escurido luz um processo pessoal, mas necessitamos da comunidade. Alguns dias atrs, na quaresma e semana santa, todos ns sentimos convocados a continuar com Jesus em seu caminho Cruz. Agora, em pleno tempo pascoal, a Igreja nos convida a entrar com Ele nova vida, Mas quem pratica a verdade se aproxima da luz, para que suas aes sejam manifestadas, j que so praticadas em Deus (cf. Jo 3,21). Ns tambm devemos sentir hoje pessoalmente o convite feito por Jesus Quem cr nele no ser condenado, mas quem no cr j est condenado, porque no acreditou no nome do Filho nico de Deus (Jo 3,18). Deus, no fundo, no condena ningum. S deixa a pessoa fazer suas escolhas, aquelas escolhas que vo definir no somente uma vida no tempo e no espao, mas toda uma eternidade. Essa escolha decisiva e dramtica, e sempre bom no deixar para a ltima hora. Uma hora, um tempo que pode no chegar., ante a surpresa da eternidade que se abre pelo anjo da morte, que nunca avisa quando chega.

Aquele que desceu do Cu, para l subiu.

Postado em rapaduraespiritual14 de abril de 2015

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Reflexes da Palavra de Deus: At 4, 23-31; Jo 3, 7-15.A Palavra de Deus hoje, como ontem, nos convida a nascer de novo. Nascer do Esprito significa viver em constante mudana, em docilidade para voar, ir alm, superar-se, na dinmica ousada da liberdade, sempre pautada pelo verdadeiro bem que s pode vir do Sumo Bem que Deus. Por isso, Jesus fala do que ele sabe e d testemunho do que Ele viu. Entretanto, de seus lbios santos sai uma amarga constatao: vs no aceitais o nosso testemunho (Jo 3, 12). O que significa no aceitar o testemunho de Jesus? Aqui as palavras valem pouco, na minha modesta opinio. Quem decide tudo so as escolhas, as decises, as opes concretas encarnadas no concreto da vida, feito sempre de pequenas coisas. Adeso a Jesus com tais escolhas que se joga as cartadas decisivas da aceitao ou no de seu testemunho. Quem fala, Aquele que viveu o seu xodo o qual consiste no descer do Cu, de junto do Pai, para l retornar. Este movimento elptico d-nos as coordenadas da teologia do encontro, que brota da teologia da sada. H uma lgica e um mistrio nesta dinmica.Ora, a descida do Verbo encarnado profunda, pois profundo foi seu aniquilamento na encarnao e mais ainda no altar da cruz, onde o rei coroado de espinhos, na verdade, um vencedor. A luz pascal j se faz sentir nesta oferta radical que no foi, preciso insistir, uma fatalidade histrica. A esse respeito o Senhor insiste: necessrio que o Filho do homem seja levantado, para que todos os que nele crerem tenham a vida eterna (Jo 3, 14b-15). Por conseguinte, contemplamos, no crucificado, no um fracassado, mas um vitorioso. A vitria no consiste no sucesso, mas na fidelidade, no sim radical e incondicional ao Pai pela salvao da humanidade. Da vem a f dos cristos! Crer nele e experimentar nesta f slida e, assumida generosa e radicalmente, a vida eterna. No somente depois da morte, mas vida eterna agora, na histria.A Igreja testemunha de tudo isso. E quanto mais essa Igreja for comunho, for partilha de bens (em todos os sentidos) tanto mais ser sinal de genuna felicidade e de autntica paz. Lucas nos pe, nos Atos dos Apstolos, diante de uma comunidade ideal. Algum pode pensar: ela no existe! Mas, ainda que as condies e situaes minimizem ou nem sempre permitam que as coisas sejam to ideais, ao ponto de no haver necessitados entre estes que creem, os caminhos da solidariedade, partilha e generosidade sempre um irrenuncivel caminho a ser trilhado. Eis que se pode dizer como o salmista: Verdadeiros so os vossos testemunhos, refulge a santidade em vossa casa [Sl 92(93)].Nicodemos e Jesus: um aprendizado de um renascer

Postado em rapaduraespiritual12 de abril de 2015

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Reflexes da Palavra de Deus: At 4, 23-31; Jo 3, 1-8A Palavra de Deus hoje nos convida a nascer de novo. Que renascimento este? Trata-se de um renascer na gua e nos Esprito, dois elementos que indicam o batismo e a f que haver de desabrochar no corao de quem cr, levando-o a comprometer-se com o projeto de Jesus. Como se dar isso? Eis algo que s pode acontecer se Deus derramar sua graa, seu favor no corao humano. Esse renascimento no compactua com a mediocridade, com a mesmice de acomodar-se em fazer um pouco de bem. Meias medidas no compactuam com a medida do amor que no ter medidas!A ao de um cristo, em ritmo de evangelizao porque se trata de um evangelizado (que precisa sempre mais ser evangelizado) entra na dinmica vital de um avanar sem fim, de no se intimidar com os obstculos, limites e fraquezas presentes em si mesmo, nos outros, na Igreja e no mundo. Ser discpulo, ser aprendiz, por-se sempre aos ps do Mestre sempre um ponto vital e doador de sentido a quem vive na gua e no Esprito. Ser humilde e viver a prpria converso neste dispor-se a se corrigir, se transformar, avanar e jamais achar que j se caminhou o suficiente, ou se fez muito, nem mesmo pouco ou o suficiente. Esta inquietude prpria de quem vive segundo o Esprito e vive a dinmica do batismo que nos remete morte de si, para viver em Cristo Senhor. Desta feita, ser livre, para voar nas asas do vento divino, eis a meta, eis o segredo. Ora, em nasce na carne, isto , vive longe do projeto de Jesus no voar. Do cho no passar. Este articular sua vida para no se gastar muito ou atrelar-se ao mnimo, ao bsico, mantendo-se em imaturo patamar da perigosa autossatisfao. Ou ento viver um cristianismo rebocado por emoes, sinais milagrosos, vises ou coisa do gnero. Talvez foi o problema de Nicodemos.Um exemplo maravilhoso de evangelizao ousada e cristianismo maduro foi o de Pedro que aps sofrer ameaas das autoridades religiosas, longe de se intimidar ou guardar rancores, ele ora ao Senhor para que a evangelizao seja cada vez mais expresso do poder de Deus, seja anncio cheio de franqueza e ousadia.Que no falte este amadurecimento na vida dos discpulos de Jesus.Tom e sua falta de f e a bem-aventurana de ltima hora

Postado em rapaduraespiritual12 de abril de 2015

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Caro Filoteu

Depois de ter se revelado aos discpulos de Emas, s mulheres, depois das evidncias do sepulcro vazio (fato constatado por Joo e Pedro), o evangelho deste domingo in albis, domingo da misericrdia nos pe diante dos discpulos todos reunidos. Tom teve um tratamento, digamos, mais personalizado.

L estavam os pobres discpulos com medo. Medo! Mecanismo de defesa que at pode ser til em algumas situaes. No ter medo de nada perigoso. A pessoa que de nada tem medo corre riscos grandes e pode morrer mais cedo que se pensa por correr riscos nada razoveis! Bom, algumas coisas exigem, no entanto, que sejamos capazes de dar nome aos medos, saibamos super-los para que no sejamos paralisados por eles. Quais os medos que devemos superar, vencer e no sermos refns deles? Ora, vrios! Um deles, alis, o mais importante, o medo de Deus, de sua vontade, em suma de se entregar a Ele incondicional e radicalmente. Os discpulos estavam acanhados, amedrontados e chocados, acabrunhados, intimidados, sentiam-se inseguros e rfos, depois do escndalo da cruz, daquele aparente fracasso. As evidncias da ressurreio ainda no eram convincentes. Assim sendo, o efeito imediado era manter as portas fechadas. Sintomtico! Fechar as portas indica buscar proteo, em suma, percebe-se uma ameaa pairando. Insegurana no ar, ante uma atmosfera pesada e asfixiante de riscos de perseguio e morte. Alm disso, se fizeram isso com o Mestre, crucificando-O barbaramente, ento, que no fariam com os pobres discpulos seus? Note-se que o mestre sabia sair-se bem nos debates com as autoridades religiosas que lhe faziam oposio e criavam situaes ardilosas de todo naipe para confundi-LO e deix-LO em maus lenis. Com se no bastasse, acrescente-se que os milagres foram feitos convincentes e surpreendentes: curas de cegos, coxos, paralticos e at mesmo ressurreio de mortos. Mesmo assim, o desfecho cruel parecia paralisar os discpulos que pensavam lanar-se em uma aventura segura, em um mar sem ondas e sem ventos para navegar. Mas, a tempestade parecia ter levado tudo ao naufrgio. Afinal, com um Mestre poderoso em palavras e obras como foi o caso de Jesus de Nazar! Como suportar tal fim?

Medo! Portas fechadas! Tantas vezes foi assim que aconteceu com tantos cristos. Comigo, contigo, com tantos outros! Alis, quem nunca sentiu medo na vida, atire a primeira pedra! O prprio Jesus no jardim das Oliveiras quis passar por este aterrorizante sentimento. Mas, preciso dar um passo frente. preciso coragem para no fechar as portas. Hoje, ante as evidncias da ressurreio, as portas podem e devem permanecer bem abertas, nunca fechadas para Jesus. No caso dos discpulos, Jesus atravessou as portas fechadas. Era preciso. No estado em que se encontravam, no abririam as portas nunca. Afinal, to amedrontados estavam eles que tudo e todos eram suspeitos. Talvez se assombravam com a prpria sombra. Hoje no h razes para levantar suspeitas. Ou ainda h? No curso da histria, tanta coisa aconteceu e muito gente no acolheu as verdades profundas da ressurreio. No h liberdade genuna quando no h dedicao e busca da verdade. E a verdade, longe de ser, apenas fatos ou evidncias no confutveis, uma pessoa, Cristo!

Eu sou o caminho, a verdade e a vida (Jo 14, 6). E ento? o encontro se seguiu, o encontro aconteceu. Jesus se dirige com uma saudao profundamente significativa: A paz esteja convosco (Jo 20, 19). A paz mais que ausncia de conflito, ou de guerra. A paz plenitude, comunho, partilha, viver uma interao na plataforma da sobrenaturalidade da f. A paz o prprio Senhor Jesus, vivo e ressuscitado entre ns. Nos Atos dos Apstolos, narra-se que

Crescia sempre mais o nmero dos que aderiam ao Senhor pela f (At 5, 14).No uma questo de viso, no uma questo de pegar, ver, tocar, em suma, estacionar nos sinais, ou milagres. aderir, acolher, comprometer-se. Jesus mostrou aos discpulos as mos e o lado, as chagas benditas, janelas abertas para acolher o derramamento abundante das graas, bnos, luzes e infinitas cascatas do amor misericordioso de Jesus. Claro, os discpulos s podiam alegrar-se por verem o Senhor. Recebem o envio missionrio: Como o Pai me enviou, tambm eu vos envio (Jo 20, 21). Deu a entender que a misso dele continua na nossa misso, ou seja, nossa misso na verdade a misso dele. Ele age atravs de ns e em ns, por ns. Se Lhe formos fieis, com certeza, a graa divina far o resto, seremos instrumentos, canais, pontos de passagem, pontes para facilitarmos os meios para o encontro de Cristo Ressuscitado e suas poderosas graas com cada homem e cada mulher que de tais graas tanto necessitam. A vida missionria acontece na fora, no poder deste envio, sustentado pela graa do Altssimo, tendo o Esprito de Deus, o Parclito como alma e vida da evangelizao. Ele d a uno e o evangelizador entra como colaborador, parceiro visvel deste grande maestro e guia invisvel. Recebei o Esprito Santo (Jo 20, 22). Um envio que perdoa pecados. Confiada aos discpulos-apstolos, a misso de perdoar pecados mediao poderosa, uma atribuio exclusivamente divina, tendo homens frgeis como ministros. Ministrar uma paz que leva ao perdo, faz acontecer a reconciliao.

Tom, no entanto, ocupa um lugar privilegiado na cena. Sua incredulidade parece incorrigvel. Ante o testemunho carregado da mais genuna alegria pascal: Vimos o Senhor (Jo 20, 25), o desconfiado discpulo no se rende. Quer evidncias, quer provas. O trauma da cruz endureceu o seu corao, o fez indiferente, cabreiro. Pois bem, Jesus vai ao encontro do descrente fazendo-O experimentar o poder de sua ressurreio. As chagas gloriosas sero tocadas e transmitiro a paz, a confiana. Tom receber uma voltagem poderosssima de um choque decisivo na sua vida: o choque da ressurreio! Ficou eletrocutado No ser o mesmo.

Pe o teu dedo aqui e olha as minhas mos. estende tua mo e coloc-a no meu lado. E no sejas incrdulo, mas fiel (Jo 20, 27).Uma carga que sobrecarregou aquele corao gelado do mais ardente fogo do divino amor, fez acontecer uma experincia marcante, histrica, eterna. Creio que Tom, em nenhum dia de sua vida esqueceu este fato. Viveu desse choque, fonte inesgotvel de sentido e felicidade para o seu viver, doravante, de testemunha credvel e crente. O gelo derrete, a dureza d lugar docilidade. So evidncias de luz, de uma paz que o mundo no consegue dar. No encontro com o Ressuscitado, Tom, o desconfiado, retomou a f. As feridas gloriosas daquele que vive, curou as chagas da falta de f do discpulo incrdulo. A proclamao de f, aps o encontro pessoal com Jesus emblemtica: Meu Senhor e meu Deus (Jo 20, 28). Uma proclamao na divindade do Mestre. Entretanto, como nos ilustra So Gregrio Magno, a incredulidade do apstolo nos foi til, certamente. Na ltima hora, arrancou dos lbios do Salvador uma ltima bem aventurana:

Acreditaste porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem terem visto (Jo 20, 29) No somos chamados a seguir Jesus em meio a vises ou em meio a uma vida cheia de coisas notveis ou extraordinrias. Nada disso, a no ser que o Senhor queira fazer algum dos seus discpulos enveredar por este caminho, dando graas msticas particulares e dons carismticos no comuns. Os msticos ensinam, e com autoridade, que ningum deve querer nem aspirar tais graas. Seria presuno faz-lo! Afinal, o Senhor as dar a quem menos espera receb-las e mais indignos se acham para tal. Fora isso, devemos caminhar humildemente sob o divino olhar, sem querer nada a no ser aquilo que Ele deseja de ns, nas pequenas coisas, numa fidelidade cotidiana que vai dando as bases de uma perseverana madura, consistente. F! isso que importa no relacionamento com Deus. Sem f impossvel agradar-lhe (Hb 11, 6). Que esse choque da ressurreio faa sua obra em tua vida tambm, na tua vida!

Um peixe, tantos peixes e o Senhor ressuscitado com os pescadores galileus

Postado em rapaduraespiritual10 de abril de 2015

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Reflexes da Palavra de Deus: At 4, 1-12; Jo 21, 1-14A Palavra de Deus hoje nos faz recordar aqueles momentos inesquecveis, onde beira do grande lago de Genesar ou Mar da Galileia, Jesus viveu grandes experincias de sua misso, de sua vida pblica. L estavam eles, os discpulos, aqueles escolhidos por Ele. Parece que depois de tudo o que aconteceu em Jerusalm, a vida voltava sua desconcertante normalidade. Um passo atrs parecia ter sido dado e um triste retrocesso parecia encerrar de vez a grande caminhada com o Mestre que acabou na cruz. As palavras das mulheres, o tmulo vazio parecia no dizer grande coisa. O caminho da fuga parece resolver momentnea ou aparentemente o problema.Mas, a situao no definitivamente marcada por um ponto final. H reticncias e a histria continua, ou melhor, est s comeando.Pedro vai pescar e os outros vo com ele. Acho que d pra notar que, Joo,discretamente, faz uma meno evangelizao. Pescar adquire um sentido novo, ou seja, passa a ser entendido como evangelizao, ganhar almas para Deus, onde a barca a Igreja. Os pescadores eficientes, naquela noite nada apanharam. O raiar do dia trouxe uma esperana. beira do mar, l estava Ele a esperar. L estava Ele a contemplar aqueles que so alvos do seu misericordioso amor, de sua eleio soberanamente livre. A ordem de lanar as redes em outra direo passa a fazer a diferena. De fato, um prodgio aconteceu: grande quantidade de peixes aprisionados pelas redes dos galileus foi o quinho da obedincia, foi o botim da rica pesca. Fazer as coisas sob a guia e orientao do Mestre, na escuta de sua palavra, na docilidade sua voz caminho seguro de fecundidade. Aquela orientao de lanar as redes para a direita imediatamente interpretada pelo discpulo amado que est na beira do mar Quem o ama: o Senhor! (Jo 21, 7). Reconhecer uma forma de deixar-se envolver e conduzir pela presena. E essa presena cheia de vida em plenitude! O amor gera vida e faz a vida se desdobrar na dinmica da liberdade criativa, onde se ala o livre voo dos filhos de Deus. O segredo da fecundidade apostlica est fortemente apresentado neste cenrio onde o silncio acolhedor, em que o Ressuscitado tem a palavra por ser Ele a Palavra. Um mistrio enche com sua densa atmosfera aqueles olhares e ares, gerando um aquecimento interior, pulsar feliz de um corao em festa. Ele! Basta isso. Basta o Tudo e tudo se ajeita e tudo se encaminha.

Cento e cinquenta e trs grandes peixes: eis a pesca substanciosa e milagrosa. Tanto peixe indica que a salvao no para poucos; para todos!!!. A Palavra de Deus ainda seduz, arrasta, conquista. E assim sempre ser, no curso da histria da Igreja. Sempre uma renovao foi captada pelos santos que souberam com intuio delicadssima e atenda e misticamente onde gerar fecundidade no apostolado. O instante de doce mistrio transformou-se em fraterno momento de comunho. Os peixes assados, um pouco de po, a distribuio destes alimentos nos faz entender o que a Igreja chamada a ser e j o , de certa forma. As palavras do Ressuscitado neste texto so poucas e indicativas, de orientao. Mas, os gestos falam de forma eloquente, intensa, persuasiva, autoexplicativa. H uma densidade nas atitudes do Vencedor da morte que ningum ousa dizer nada. Que silncio! O mistrio exige silncio. S quem se pe no vazio inerente ao silenciar que se predispe, generosa e zelosamente, a dispor-se.A pedra rejeitada pelos construtores, desprezada passou a ser a pedra angular. Mas, Jesus permanecer ocupando o seu papel imprescindvel e doador de sentido ao que a Igreja e faz.Um fantasma no come peixe. Jesus aparece aos discpulos

Postado em rapaduraespiritual8 de abril de 2015

por Reflexes da Palavra de Deus: At 3, 11-26;Lc 24, 35-48

Diante de discpulos incrdulos e pasmos, alegres e estupefatos, Jesus atravessa as paredes, pe-se entre eles e deseja-lhes a sua paz: A paz esteja convosco (Lc 24, 36). No se trata da paz entendida como ausncia de conflitos ou dificuldades. Essa paz o prprio Cristo (cf. Ef 2, 14). Portanto, quando Jesus deseja ou melhor, ministra a paz, ele se doa a quem a recebe, d-se a Si mesmo e portanto, comunica a plenitude de dons, todos os dons.

Ante um medo incontrolvel de seus discpulos, Jesus apresenta os sinais da vitria: suas chagas benditas, atravs das quais fomos curados (cf. Is 52, 5; 1Pd 2, 24). Aquele que veste uma roupa salpicada de sangue, cujo nome Verbo de Deus (cf. Ap 19, 13), agora apresenta as chagas, verdadeiras janelas atravs das quais saem os raios benfazejos da misericrdia, da graa, do favor divino. As mos e os ps chagados, sendo que estas feridas so fendas na rocha poderosa donde sai a gua viva. Vede minhas mos e meus ps; sou eu mesmo! (Lc 24, 39). Veremos, contemplaremos e deixaremos essa viso do cu invadir as almas necessitadas de luz e de paz. Ele, nosso Senhor e Mestre, Salvador e Guia, nossa Vida e nosso Caminho, a Verdade que liberta e faz feliz nos convida, como aos seus apstolos a que o toquemos e o vejamos. No o veremos nem tocaremos como o fizeram os discpulos, mas com as mos e olhos da f. Essa revelao acontece muito frequentemente! Incrvel! Mas, isso mesmo. O ressuscitado que prometeu estar sempre conosco at o fim dos tempos (cf. Mt 28, 20) oferece estas janelas benditas, fontes de graas, mas tambm meios para que entremos nele e faamos de Jesus nossa morada. Ele prometeu: Se algum me ama, guardar a minha palavra, e meu Pai o amar, e viremos para ele, e faremos nele morada (Jo 14, 23). Assim, como Cristo vive no Pai e pelo Seu Esprito vem residir em ns, ns podemos residir nele tambm, com os afetos de nosso corao e sobretudo com o nosso compromisso com Ele. Para mostrar que no se trata de um fantasma, o Senhor prope para aqueles assustados mais um sinal de sua presena: come em sua presena. No se trata de um fantasma, nem de um morto cuja alma apareceu, no se trata nem mesmo de um anjo, mas de um Ressuscitado, cujo corpo no sofreu a corrupo do sepulcro.

Por que Ele sofreu tudo aquilo para ento ressuscitar? Quais as verdadeiras razes? Diz Jesus: era preciso que se cumprisse tudo o que est escrito sobre mim na lei de Moiss, nos profetas e nos salmos (Lc 24, 44). Ora, seu aniquilamento no cruz e toda a sua paixo no foi fruto de um conchavo poltico de grupelhos atiados pelos fariseus e outros mais incomodados com aquele nazareno que denunciava seus erros. No se est diante de uma mera fatalidade histrica! Passou tambm por tais circunstncias, mas a verdadeira razo da paixo de Cristo foi a realizao de um desgnio do Pai, bem mais amplo, bem mais vasto, objetivando levar salvao pelo sangue derramado na cruz. Quem entender essas coisas? Aqueles a quem Cristo Jesus abrir a inteligncia para entender as Escrituras (ver Lc 24, 45). E quem receber este favor? Penso, sinceramente, serem os que perseverarem na orao, na simplicidade e confiana, na humildade e obedincia.

Desta experincia forte com o ressuscitado, vem a misso. E qual a misso do cristo? Ser apstolo! Ser enviado, viver sob a guia e fora libertadora de um nome a ser anunciado, porque este nome gera converso e perdo para os pecados. Ser apstolo significa ser testemunha, mais que mestre. Se ele mestre porque de um jeito ou de outro, testemunha. Pedro, em sua pregao o afirma categoricamente: Deus o ressuscitou dos mortos e disso ns somos testemunhas (At 3, 15). Esse Jesus, que ressuscitou, foi enviado a ns para nos abenoar. Mas, tal bno, ser concedida tambm na medida em que cada um se coverter dos seus pecados (cf. At 3, 26).