A VINGANÇA POSSÍVEL A VINGANÇA POSSÍVEL DO PROJETO DO PROJETO

FRANKENSTEINFRANKENSTEIN

THE POSIBLE REVENGE OF THE THE POSIBLE REVENGE OF THE FRANKENSTEIN PROJECTFRANKENSTEIN PROJECT

Raquel WandelliRaquel Wandelli

Meio ou fim?Meio ou fim?

Vulgarizou-se o dizer que tecnologia é meio e Vulgarizou-se o dizer que tecnologia é meio e não fim em salvaguarda ao controle humano não fim em salvaguarda ao controle humano contra o determinismo tecnológico. contra o determinismo tecnológico.

No entanto, as máquinas, cada vez mais No entanto, as máquinas, cada vez mais pertubadoramente humanas, e os homens, cada pertubadoramente humanas, e os homens, cada vez mais parecidos com as máquinas em seus vez mais parecidos com as máquinas em seus padrões culturais e em suas tecnologias de padrões culturais e em suas tecnologias de inteligência, desestabilizam essa equação. inteligência, desestabilizam essa equação.

Tecnologias como imaginárioTecnologias como imaginário

. . Daniel Cabrera (2006)Daniel Cabrera (2006), , advoga o papel das novas tecnologias advoga o papel das novas tecnologias enquanto um conjunto heterogêneo de aparatos, instituições e enquanto um conjunto heterogêneo de aparatos, instituições e discursos que têm sua origem no imaginário social e formam o discursos que têm sua origem no imaginário social e formam o arcabouço simbólico da sociedade contemporânea.arcabouço simbólico da sociedade contemporânea.

Fundamento na teoria do imaginário, de Castoriades: “expressão do Fundamento na teoria do imaginário, de Castoriades: “expressão do conjunto de representações, afetos e desejos que resultam da conjunto de representações, afetos e desejos que resultam da capacidade criativa do homem em sociedade” .capacidade criativa do homem em sociedade” .

O enfoque na dimensão interpretativa das novas tecnologias O enfoque na dimensão interpretativa das novas tecnologias permite analisar as significações imaginárias da sociedade permite analisar as significações imaginárias da sociedade moderna com relação à tecnologia, à temporalidade e à moderna com relação à tecnologia, à temporalidade e à conformação do imaginário tecnológico e comunicacional conformação do imaginário tecnológico e comunicacional contemporâneo. contemporâneo.

Tecnologia como linguagemTecnologia como linguagem

Tecnologias deixam de ser definidas como mero Tecnologias deixam de ser definidas como mero instrumento do qual o homem se utiliza para se instrumento do qual o homem se utiliza para se comunicar para serem interpretadas como lugar comunicar para serem interpretadas como lugar onde os seres de linguagem se constituem e se onde os seres de linguagem se constituem e se fazem representar.fazem representar.

Como linguagem, o imaginário é uma condição Como linguagem, o imaginário é uma condição constituinte e necessária da realidade e nessa constituinte e necessária da realidade e nessa perspectiva o virtual integra o real, assim como perspectiva o virtual integra o real, assim como o simulacro integra o verdadeiro.o simulacro integra o verdadeiro.

Comunicação como lugar de Comunicação como lugar de constituição da sociedadeconstituição da sociedade

““El sistema de comunicación constitúye el El sistema de comunicación constitúye el espacio donde se producen los espacio donde se producen los significados de lo real, lo valioso y lo significados de lo real, lo valioso y lo deseable para la sociedad actual. La deseable para la sociedad actual. La comunicación no es solo el medio al comunicación no es solo el medio al través del cual sino, sobre todo, el espacio través del cual sino, sobre todo, el espacio en el cual la sociedad se imagina, se en el cual la sociedad se imagina, se piensa y se hace a sí misma.” (CABRERA, piensa y se hace a sí misma.” (CABRERA, 2006, p.16)2006, p.16)

Narrativas como mundos possíveisNarrativas como mundos possíveis

Se as narrativas contemporâneas são Se as narrativas contemporâneas são produtos midioculturais, é preciso ler as produtos midioculturais, é preciso ler as tecnologias representadas nessas tecnologias representadas nessas narrativas como crenças e esperanças narrativas como crenças e esperanças coletivas. coletivas.

As chamadas realidades ficcionais das As chamadas realidades ficcionais das realidades virtuais e midiáticas permitem realidades virtuais e midiáticas permitem entrever a urdidura de mundos possíveis.entrever a urdidura de mundos possíveis.

Fazer essas obras falarem...Fazer essas obras falarem...(Crítica à crítica)(Crítica à crítica)

As produções ensaísticas sobre obras literárias em meio As produções ensaísticas sobre obras literárias em meio eletrônico ou artes tecnológicas caracterizam-se por eletrônico ou artes tecnológicas caracterizam-se por uma análise focada no aparato e no procedimento, uma análise focada no aparato e no procedimento, pouco ou nada reveladoras sobre o sentido da obra. pouco ou nada reveladoras sobre o sentido da obra.

A função de lugar onde se forjam identidades sociais fica A função de lugar onde se forjam identidades sociais fica invisível enquanto só aparece a dimensão técnica dos invisível enquanto só aparece a dimensão técnica dos meios.meios.

Ênfase tecnicista nega diferencial dessas obras: Ênfase tecnicista nega diferencial dessas obras: indissociabilidade entre objeto do qual se fala e pelo indissociabilidade entre objeto do qual se fala e pelo qual se fala (hipertexto).qual se fala (hipertexto).

O lugar do hipertexto O lugar do hipertexto

Fenômeno resultante de uma síntese híbrida Fenômeno resultante de uma síntese híbrida entre cultura e tecnologia, resiste às entre cultura e tecnologia, resiste às classificações que colocam a máquina como classificações que colocam a máquina como mero instrumento e o homem como maquinista mero instrumento e o homem como maquinista e operador. e operador. Visto nesse lugar de intersecção entre o Visto nesse lugar de intersecção entre o processo e o produto, o autor e a obra, o processo e o produto, o autor e a obra, o conteúdo e o aparato, a escrita e a leitura, o conteúdo e o aparato, a escrita e a leitura, o hipertexto constitui-se em uma forma de hipertexto constitui-se em uma forma de estetização do mundo e de operar o estetização do mundo e de operar o conhecimento da realidade. conhecimento da realidade.

Ficção científicaFicção científica

Marcadas por visões utópicas ou distópicas do Marcadas por visões utópicas ou distópicas do mundo, as ficções científicas não apenas usam mundo, as ficções científicas não apenas usam um software e um aparato para dizer alguma um software e um aparato para dizer alguma coisa coisa

É no lugar desses constructos teicoscnoló, É no lugar desses constructos teicoscnoló, enquanto linguagem, que se produzem mundos enquanto linguagem, que se produzem mundos imaginários crivados de sentido histórico e imaginários crivados de sentido histórico e cultural, portadores de alegorias, de futuros e cultural, portadores de alegorias, de futuros e realidades possíveis realidades possíveis

Ficções científicasFicções científicas

Permitem falar sobre a nossa própria época e Permitem falar sobre a nossa própria época e sobre outras épocas, sobre os anseios, desejos, sobre outras épocas, sobre os anseios, desejos, frustrações, medos e representações que frustrações, medos e representações que habitam o imaginário coletivo em relação às habitam o imaginário coletivo em relação às novas tecnologias, como propõe Cabrera. novas tecnologias, como propõe Cabrera.

Reenviam à tecnologia como linguagem e lugar Reenviam à tecnologia como linguagem e lugar onde se produzem significados, medos e onde se produzem significados, medos e esperanças projetando cenários em torno de esperanças projetando cenários em torno de eventos científicos. eventos científicos.

PropostaProposta

Fazer uma leitura interpretativa do que obras Fazer uma leitura interpretativa do que obras utópicas e suas derivações distópicas utópicas e suas derivações distópicas caracterizadas como ficções científicas projetam caracterizadas como ficções científicas projetam sobre a relação entre sociedade, arte, ciência e sobre a relação entre sociedade, arte, ciência e tecnologia. tecnologia.

Advoga-se que como exercícios de projeção do Advoga-se que como exercícios de projeção do mundo na ficção científica são paradoxalmente mundo na ficção científica são paradoxalmente muito mais reveladoras da representação do muito mais reveladoras da representação do presente em que são engendradas do que do presente em que são engendradas do que do futuro ou mesmo do passado. futuro ou mesmo do passado.

Utopias, distopias, eutopias, Utopias, distopias, eutopias, antitopias, heterotopias...antitopias, heterotopias...

Frankenstein Frankenstein (1818), de Mary Schelley; (1818), de Mary Schelley; Admirável Mundo Novo Admirável Mundo Novo (1832), de Aldous Huxley; (1832), de Aldous Huxley; 1984 1984 (1932), de George Orwell; (1932), de George Orwell; Ensaio Ensaio sobre a cegueira sobre a cegueira (1994), de José Saramago ou a ficção científica (1994), de José Saramago ou a ficção científica em desenho animado da Disney, em desenho animado da Disney, Wal-E Wal-E (2008). (2008). Potência reveladora do presente é muito mais significativa que o Potência reveladora do presente é muito mais significativa que o caráter premonitório. caráter premonitório. Distopias deixam transparecer um olhar de horror para os avanços Distopias deixam transparecer um olhar de horror para os avanços do homem sobre a natureza e os domínios da vida pelo controle do homem sobre a natureza e os domínios da vida pelo controle tecnocrático da sociedade. tecnocrático da sociedade. Eutopias projetam em seus mundos evoluídos uma visão otimista e Eutopias projetam em seus mundos evoluídos uma visão otimista e por vezes entusiasmada com as possibilidades abertas pela por vezes entusiasmada com as possibilidades abertas pela ciência. ciência. Alegorias encerradas nessa escrita utopista ensaiam Alegorias encerradas nessa escrita utopista ensaiam compreensões valiosas sobre a relação entre o homem, a compreensões valiosas sobre a relação entre o homem, a tecnologia e a ciência traduzidas do imaginário coletivo.tecnologia e a ciência traduzidas do imaginário coletivo.

Objeto de leituraObjeto de leitura

Leitura tecnológica de Leitura tecnológica de Patchwork GirlPatchwork Girl, produzido para , produzido para fruição em meio eletrônico (1995) por Shelley Jackson, fruição em meio eletrônico (1995) por Shelley Jackson, no software Storyspace, da Eastgate no software Storyspace, da Eastgate releitura pós-moderna do Dr. Victor Frankenstein, de releitura pós-moderna do Dr. Victor Frankenstein, de Mary Schelley, que por sua vez efetua a releitura Mary Schelley, que por sua vez efetua a releitura moderna do mito Prometeu. moderna do mito Prometeu. Examina-se como essa reapropriação do imaginário do Examina-se como essa reapropriação do imaginário do século XVIII dialoga com os desejos, medos, fabulações século XVIII dialoga com os desejos, medos, fabulações e projetos do século XXI sobre máquinas e seres e projetos do século XXI sobre máquinas e seres humanos, natureza e biologia, criador e criatura. humanos, natureza e biologia, criador e criatura.

Frankenstein, o prometeu modernoFrankenstein, o prometeu moderno

Dr. Frankenstein representa o imaginário Dr. Frankenstein representa o imaginário temeroso de uma época em relação aos temeroso de uma época em relação aos avanços da ciência e da tecnologia, sobretudo avanços da ciência e da tecnologia, sobretudo na área da biologia, em grande medida na área da biologia, em grande medida relativizando as distâncias entre corpo e relativizando as distâncias entre corpo e máquina e entre criador e criatura. máquina e entre criador e criatura. Monstro coloca em xeque os poderes até então Monstro coloca em xeque os poderes até então tidos como exclusivamente divinos. Visão tidos como exclusivamente divinos. Visão amedrontada e pessimista, preocupada com as amedrontada e pessimista, preocupada com as conseqüências éticas e morais desse esgarçar conseqüências éticas e morais desse esgarçar de limites sobre os desígnios da vida.de limites sobre os desígnios da vida.

Prometeu, Frankenstein, Prometeu, Frankenstein, Patchwork Girl ?Patchwork Girl ?

Acusado de ter transmitido aos seres humanos honras que eram Acusado de ter transmitido aos seres humanos honras que eram privilégios dos deuses, dentre as quais a escrita, os remédios, a privilégios dos deuses, dentre as quais a escrita, os remédios, a adivinhação, o fogo, a memória (mãe das ciências), emblemas da adivinhação, o fogo, a memória (mãe das ciências), emblemas da racionalidade, o Prometeu da mitologia antiga foi acorrentado por racionalidade, o Prometeu da mitologia antiga foi acorrentado por ordem de Zeus às rochas escarpadas. Seu suplício foi ter o fígado ordem de Zeus às rochas escarpadas. Seu suplício foi ter o fígado comido a cada dia por uma águia, tortura perpetuada pela comido a cada dia por uma águia, tortura perpetuada pela eternidade graças à capacidade de regeneração hepática (alusivel eternidade graças à capacidade de regeneração hepática (alusivel à capacidade de regeneração do texto). à capacidade de regeneração do texto). O temor do mito Frankenstein residia na separação entre a ciência O temor do mito Frankenstein residia na separação entre a ciência e a religião que, até a Idade Media, não existia, porque o científico e a religião que, até a Idade Media, não existia, porque o científico se estabelecia pela transcendência divina. Tanto médico quanto se estabelecia pela transcendência divina. Tanto médico quanto cientista eram meros veículos do saber e do poder divinos. Com a cientista eram meros veículos do saber e do poder divinos. Com a ciência já desvinculada da religião e o poder de salvar ou tirar vidas ciência já desvinculada da religião e o poder de salvar ou tirar vidas secularizado, o Prometeu moderno representa o temor de que a secularizado, o Prometeu moderno representa o temor de que a ciência substitua de fato o deus criador. ciência substitua de fato o deus criador.

A atualização do mitoA atualização do mito

O hipertexto de Schelley Jackson reapresenta as O hipertexto de Schelley Jackson reapresenta as aporias frankensteinianas tirando-as da lógica linear e aporias frankensteinianas tirando-as da lógica linear e dicotômica do contexto anterior. dicotômica do contexto anterior. A leitura A leitura patchwork patchwork do prometeu moderno faz um do prometeu moderno faz um caminho contrário ao de Frankenstein: em vez de se caminho contrário ao de Frankenstein: em vez de se remeter ao mundo futuro ou ao passado, reconhece o remeter ao mundo futuro ou ao passado, reconhece o seu tempo em uma antiga utopia, maculando-a com o seu tempo em uma antiga utopia, maculando-a com o olhar da contemporaneidade. olhar da contemporaneidade. Patchwork atualiza o mito Prometeu no momento em Patchwork atualiza o mito Prometeu no momento em que brincar de deus e gerar a vida não é mais uma que brincar de deus e gerar a vida não é mais uma ameaça futura, mas uma possibilidade vizinha do ameaça futura, mas uma possibilidade vizinha do presente, já ensaiada pelas experiências com clones e presente, já ensaiada pelas experiências com clones e os estudos sobre o genoma. os estudos sobre o genoma.

Leitura patchworkLeitura patchwork

Suscita investigar o grau de autonomia e Suscita investigar o grau de autonomia e arbitrariedade do leitor no processo de arbitrariedade do leitor no processo de significação e mesmo de configuração da obrasignificação e mesmo de configuração da obra

Dialética entre as possibilidades de condução Dialética entre as possibilidades de condução pelo autor, as decisões e escolhas do leitor e a pelo autor, as decisões e escolhas do leitor e a incorporação do acaso à narrativa. incorporação do acaso à narrativa.

Meio eletrônico como espaço de autoria coletiva Meio eletrônico como espaço de autoria coletiva potencializador de um realinhamento radical das potencializador de um realinhamento radical das funções de autor e leitor. funções de autor e leitor.

Frankenstein digitalFrankenstein digital

Na transposição para o meio eletrônico, o Na transposição para o meio eletrônico, o que move o monstro não é mais a que move o monstro não é mais a eletricidade: a dinâmica hipertextual passa eletricidade: a dinâmica hipertextual passa a ser a energia geradora da vida. a ser a energia geradora da vida. Conseqüência dessa intertextualidade Conseqüência dessa intertextualidade transformadora: leitor é arrastado para a transformadora: leitor é arrastado para a função do médico no devir do texto como função do médico no devir do texto como obra, devir humano e monstro, devir corpo obra, devir humano e monstro, devir corpo e máquina, devir criador e criatura.e máquina, devir criador e criatura.

Aporias suturadasAporias suturadas

Frankesntein: um método de criação e Frankesntein: um método de criação e uma criatura monstra uma criatura monstra

Patchwork: objeto feito de retalhos e Patchwork: objeto feito de retalhos e método de criaçãométodo de criação

Hipertexto: produto literário e processo de Hipertexto: produto literário e processo de leituraleitura

Utopia: um olhar para o futuro, para o Utopia: um olhar para o futuro, para o passado e para o presentepassado e para o presente

A metáfora de Frankestein – A metáfora de Frankestein –

Tendo o corpo frankenstein como topos, a Tendo o corpo frankenstein como topos, a narrativa fragmentada e multiseqüencial que se narrativa fragmentada e multiseqüencial que se produz atualiza a alegoria do monstro enquanto produz atualiza a alegoria do monstro enquanto emblema típico da pós-modernidade. emblema típico da pós-modernidade.

Metáfora que não expressa mais o pavor antigo Metáfora que não expressa mais o pavor antigo de a criatura se rebelar contra o criador, mas de a criatura se rebelar contra o criador, mas antes de o criador confundir-se com a própria antes de o criador confundir-se com a própria criatura e com as tecnologias que os inventam criatura e com as tecnologias que os inventam ambos. ambos.

Cicatrizes – potência da narrativaCicatrizes – potência da narrativa

As cicatrizes da monstra protagonista de As cicatrizes da monstra protagonista de PatchworkPatchwork marcam não só os enxertos marcam não só os enxertos dos membros como também o ponto de dos membros como também o ponto de sutura entre objeto e sujeito, autor e leitor. sutura entre objeto e sujeito, autor e leitor.

O que resta do projeto totalizante da pós-O que resta do projeto totalizante da pós-modernidade, parece se realizar pelas modernidade, parece se realizar pelas cicatrizes, onde está marcada a dualidade cicatrizes, onde está marcada a dualidade de ser todo e parte ao mesmo tempo de ser todo e parte ao mesmo tempo (síndrome da perda). (síndrome da perda).

Relevo das cicatrizesRelevo das cicatrizes

Costurar a noiva em um processo de Costurar a noiva em um processo de negociação entre autores e leitores e de trocas negociação entre autores e leitores e de trocas de subjetividades é materializar a metáfora da de subjetividades é materializar a metáfora da proposta literária na procura desse todo, (que só proposta literária na procura desse todo, (que só emerge em visões-relâmpago). emerge em visões-relâmpago). Enquanto houver possibilidade de se instaurar Enquanto houver possibilidade de se instaurar essa busca está preservado o mundo do essa busca está preservado o mundo do sentido, da linguagem e da narrativa. sentido, da linguagem e da narrativa. As cicatrizes, como lugar dessas articulações, As cicatrizes, como lugar dessas articulações, apresentam-se como possibilidade da narrativa apresentam-se como possibilidade da narrativa em sua impossibilidade totalizadora. em sua impossibilidade totalizadora.