28
ERMESINDE N.º 890 ANO LII/LIV 29 de fevereiro de 2012 DIRETORA: Fernanda Lage PREÇO: 1,00 Euros (IVA incluído) • Tel.s: 229757611 / 229758526 / 938770762 • Fax: 229759006 • Redação: Largo António da Silva Moreira, Casa 2, 4445-280 Ermesinde • E-mail: [email protected] A VOZ DE A VOZ DE ERMESINDE MAIS DE 50 ANOS – QUASE 900 NÚMEROS MENSÁRIO TAXA PAGA PORTUGAL 4440 VALONGO DESTAQUE “A Voz de Ermesinde” na Internet: http://www.avozdeermesinde.com/ ENTREVISTA História, atividades, atualidade e projetos do Clube Zupper Pág. III Paródia carnavalesca enraizada no gosto popular das gentes de Ermesinde, após vários anos de interrego, e devido à iniciativa da Junta de Freguesia, volta a animar o período de Carnaval. CÂMARA MUNICIPAL DE VALONGO Aprovada com apoio socialista a alteração pontual polémica ao Plano Diretor do concelho de Valongo Pág. 3 Fósseis com 300 milhões de anos em risco de se perderem (ÚLTIMA HORA: Assembleia Municipal de Valongo aprova recomendação unânime) Pág. 8 INQUÉRITO DE RUA Ermesindenses falam sobre os transportes públicos Pág. 9 MOSTRA DE TEATRO AMADOR UDRC Bela e Cabeças no Ar... entre as propostas de abertura da Mostra 2012 Pág. 11 Enterro do João revive FOTO URSULA ZANGGER

"A Voz de Ermesinde" n. 890, de 29 de fevereiro de 2012

Embed Size (px)

DESCRIPTION

"A Voz de Ermesinde" é um jornal local publicado mensalmente em papel e quatro vezes por mês na net em http://www.avozdeermesinde.com

Citation preview

Page 1: "A Voz de Ermesinde" n. 890, de 29 de fevereiro de 2012

29 de fevereiro de 2012 • A Voz de Ermesinde 1

ERMESINDEN.º 890 • ANO LII/LIV 29 de fevereiro de 2012 DIRETORA: Fernanda Lage PREÇO: 1,00 Euros (IVA incluído)• Tel.s: 229757611 / 229758526 / 938770762 • Fax: 229759006 • Redação: Largo António da Silva Moreira, Casa 2, 4445-280 Ermesinde • E-mail: [email protected]

A VOZ DEA VOZ DEERMESINDEMAIS DE 50 ANOS – QUASE 900 NÚMEROS M E N S Á R I O

TAXA PAGAPORTUGAL

4440 VALONGO

DESTAQUE“A Voz de Ermesinde” na Internet: http://www.avozdeermesinde.com/

ENTREVISTAHistória,atividades,atualidadee projetosdo ClubeZupper

Pág. III

Paródia carnavalesca enraizadano gosto popular das gentes deErmesinde, após vários anos deinterrego, e devido à iniciativada Junta de Freguesia, volta aanimar o período de Carnaval.

CÂMARA MUNICIPALDE VALONGOAprovada com apoiosocialistaa alteraçãopontual polémicaao Plano Diretordo concelhode Valongo

Pág. 3

Fósseiscom 300 milhõesde anos em riscode se perderem(ÚLTIMA HORA:AssembleiaMunicipalde Valongoaprovarecomendaçãounânime)

Pág. 8

INQUÉRITO DE RUAErmesindensesfalam sobreos transportespúblicos

Pág. 9MOSTRADE TEATRO AMADORUDRC Bela eCabeças no Ar...entre as propostasde aberturada Mostra 2012

Pág. 11

Enterro do João reviveFOTO URSULA ZANGGER

Page 2: "A Voz de Ermesinde" n. 890, de 29 de fevereiro de 2012

2 A Voz de Ermesinde • 29 de fevereiro de 2012Destaque

No dia 8 de março comemora-se novamente o Dia Interna-cional da Mulher, motivo mais que suficiente para refletir umpouco sobre a condição das mulheres em Portugal no Mundo.

«Certos princípios universais devem ser defendidos, procla-mados e promovidos, acima das culturas e das crenças. Entreestes, a Carta dos Direitos do Homem é um texto fundadorpara a humanidade inteira. E a humanidade inclui as mulheres– ou, melhor, depende delas». (1)

Em Portugal, como nas sociedades ocidentais, a situa-ção das mulheres na comunidade alterou-se profundamen-te. As mulheres conquistaram o seu espaço, mas muito ain-da está por fazer.

«Promover as mulheres não é uma forma de diminuir oshomens; é, para as nossas sociedades,a melhor garantia de equilíbrio e pro-gresso». (2)

Mas todo este progresso não se aplicaao mundo inteiro. Mais de metade da hu-manidade, homens e mulheres vivem nosofrimento. Porque são pobres, porqueestão mal alimentados, porque são doen-tes, porque são iletrados, porque são ex-plorados. Ou sofrem, pura e simplesmen-te, porque nasceram mulheres.

«Nenhuma tradição, cultura ou religiãojustifica que meninas sejam mutiladas,vendidas e prostituídas. Nem que mulhe-res sejam escravizadas, humilhadas, pri-vadas dos direitos mais fundamentais doser humano. Trata-se de situações quedizem respeito a todos nós, e ocorremtambém no seio das nossas comunida-des, muitas vezes sem que disso tenha-mos consciência». (2)

Os maus tratos infligidos às mulhe-res são universais e permanentes. A ONU reconheceu-oem Dezembro de 1993, com a Declaração sobre a Elimi-nação da Violência contra as Mulheres.

Em Janeiro de 2005 as Nações Unidas, ao definirem osObjetivos de Desenvolvimento do Milénio, afirmam que «odireito de estar ao abrigo da violência, sobretudo para as

FERNANDA LAGEDIRETORA

Ser mulherem Portugal e no Mundo

ED

ITO

RIA

L

mulheres e crianças do sexo feminino, é um direito fundamen-tal e sem o qual elas não podem ter uma vida produtiva. Entreesses objetivos, a igualdade dos sexos, a educação, a saú-de, a diminuição da mortalidade materno-infantil, a luta contraa sida, são outros tantos domínios onde a localização e o papeldas mulheres são agora determinantes». (2)

Mas voltemos ao ocidente, à nossa terra, muito foi feito, é ver-dade! Alguns até pensam que já não faz sentido comemorar oDia Internacional da Mulher, como se enganam!...

Senão vejamos:A violência doméstica em Portugal continua a vitimizar um

número muito significativo de mulheres.Durante o ano de 2011, até 11 de novembro registaram-se 23

homicídios, 39 tentativas de homicídio e 62vítimas associadas.

Apesar de possuírem um nível médio deescolaridade superior ao dos homens, emmuitas profissões continuam a ser as maisatingidas pelo desemprego.

«A discriminação remuneratória combase no sexo é tanto maior quanto mais ele-vado é o nível de qualificação da mulher.

A pensão média de velhice da mulhercorresponde apenas a 59% da do homeme a pensão média de invalidez é somente294 euros/mês». (3)

A precariedade no emprego atinge deforma significativa as mulheres. E apesarde constituírem a maioria da população,continuam a estar em minoria no poder.

Estas são algumas das muitas razõesque justificam a luta das mulheres.

Quanto às comemorações do Dia In-ternacional da Mulher, ele continua e con-tinuará a fazer sentido, quer como forma

de luta, quer como comemoração das vitórias que, ao longodos tempos, as mulheres têm alcançado.

(1) Christine Ockrent, Prefácio do “Livro Negro da Condição das Mulheres”.(2) “Livro Negro da Condição das Mulheres”, organização de Christine Ockrent,

Temas & Debates, 2007.(3) Eugénio Rosa, “A Situação da Mulher em Portugal”, no Dia Internacional da

Mulher de 2011.

IMAGEM PORTAL SOCIEDADE CIVIL MAGREB

Page 3: "A Voz de Ermesinde" n. 890, de 29 de fevereiro de 2012

29 de fevereiro de 2012 • A Voz de Ermesinde 3Destaque

• CÂMARA MUNICIPAL DE VALONGO •

Câmara de Valongo aprova alteração pontual ao PDMviabilizando para já o empreendimento da Novimovest

LC

Com o voto contrário daCoragem de Mudar, a CâmaraMunicipal de Valongo (CMV),aprovou dia 16 de fevereiro, a al-teração pontual ao PDM, que irápermitir no futuro a viabilizaçãode um empreendimento daJerónimo Martins, que segundoo entendimento dos vereadores doPS e PSD trará muitas vantagensao concelho, nomeadamente nodomínio do emprego. Tal empre-endimento, uma plataformalogística, será acompanhada de al-guns equipamentos sociais paraos trabalhadores, assegurou aquelaempresa, tais como uma crechee um refeitório.

A proposta de alteraçãopontual ao PDM do concelhode Valongo na freguesia deAlfena, aprovada pela Câmara,não foi considerada de interessepúblico pelos vereadores da Co-ragem de Mudar para quem, pri-meiro, não está assegurada a vin-da da Jerónimo Martins, segun-do, não foram dissipadas as dú-vidas sobre comportamentosespeculativos quanto à venda dosterrenos, e terceiro, esta últimadecisão da Câmara é feita ao ar-repio de anterior decisão em sen-tido contrário, sem nenhum fac-to ou situação que justificasseuma nova votação sobre o mes-mo assunto, encontrando-se as-sim ferida de irregularidade.

A Coragem de Mudar dei-xou no ar acusações de falta decoerência ao Partido Socialistaque, pelo contrário, manifestouser esta uma posição unânimeno seio do partido, sensibiliza-do pela questão social que de-corre de um empreendimentoque permitirá criar centenas depostos de trabalho direto.

A aprovação de um parecerpositivo da Câmara à alteraçãopontual do PDM foi saudada porArnaldo Soares que considerouque aquele investimento seria

Com o voto contrário da Coragem deMudar, a Câmara Municipal de Valongo(CMV), aprovou dia 16 de fevereiro, aalteração pontual ao PDM que irá permitir,no futuro, a viabilização de um empreen-dimento da Jerónimo Martins, que segun-do o entendimento dos vereadores do PSe PSD trará muitas vantagens ao conce-lho, nomeadamente no domínio do em-prego. Tal empreendimento, uma platafor-ma logística, será acompanhada dealguns equipamentos sociais para ostrabalhadores, assegurou aquela empre-sa, tais como uma creche e um refeitório.

José Luís Catarino, do PS,por sua vez, considerou terem-se dissipado as dúvidas anterior-mente colocadas pelo partido,considerando agora este ter ele-mentos para entender ser estauma mais-valia para o concelho.

Já para Maria José Azeve-do, da Coragem de Mudar, oprazo para o esclarecimento dasdúvidas tinha passado, não ha-vendo nada de novo a apresen-tar. Segundo a vereadora o pro-cesso ainda estaria a montantede uma eventual concretizaçãodo possível investimento daJerónimo Martins, sendo apenascerto que com esta decisão seabria o caminho para o fundo deinvestimento Novimovest noque respeita à questão contro-versa da aquisição dos terrenos.

O vicepresidente da Câma-ra, João Paulo Baltazar, referiuestar a Câmara consciente daimportância deste investimentoe ter, por isso mesmo, esta de-senvolvido esforços no sentidode que ficasse claro o interessereal da Jerónimo Martins noprocesso.

Às críticas de que todo oprocesso tinha andado a rebo-que dos privados, a Coragem deMudar juntou várias questõesprocessuais, apresentadas porPedro Panzina, com base na le-gislação em vigor, incluindo oCódigo Administrativo. O vere-ador da Coragem de Mudar fezquestão em que ficasse esclareci-do que um encontro propostopela Jerónimo Martins e apon-tado como tendo sido efetuadocom a Câmara, ficasse bem es-clarecido em ata, que não foi coma Câmara, mas apenas com for-ças políticas do concelho.

No final, a proposta da Câ-mara seria aprovada com os vo-tos favoráveis do PSD e PS e osvotos contrários da Coragem deMudar que, em declaração devoto, considerou que «as opçõesrelativamente ao ordenamentodo território» deveriam «ser da

iniciativa da Câmara, ao abrigode um Plano Estratégico queValongo continua a não ter», eracompletamente contra «quais-quer alterações do uso do solo»que decorressem «da exclusivainiciativa de particulares e aoabrigo de interesses próprios,por legítimos que sejam», e quese recusava a «ratificar negóci-os imobiliários especulativosentretanto tornados públicos»e que estariam «aliás, sob in-vestigação».

A declaração políticada Coragem de Mudar

Do ponto de vista político,outra intervenção importantenesta sessão camarária foi aproferida por Maria José Aze-vedo em nome da Coragem de

Mudar. Refutando algumas afir-mações contidas nas páginas do“Jornal de Notícias” em queJosé Manuel Ribeiro teria in-vocado o nome da Coragem deMudar, a vereadora desta forçaindependente afirmou não ha-

ver pré-conversações com oatual presidente da Concelhiasocialista. A vereadora frisouainda que a Coragem de Mudarnão tem disciplina partidária eque os seus autarcas só têmvínculo políticos aos eleitores.Maria José Azevedo acusouainda o líder da Concelhia soci-alista de, com isto, se preten-der criar um condicionamentodos eleitos da Coragem de Mu-dar [ver texto à parte na ediçãonet em http://www.avozdeerme-sinde.com/noticia.asp?idEdi-cao=233&id=7673&idSec-cao=2474&Action=noticia].

Outros pontosda Ordem do Dia

Algumas questões relativasao condicionamento de trânsi-

to devido a vários cortejos car-navalescos preenchiam a Ordemde Trabalhos da reunião paraalém do ponto já atrás focadodo Relatório de Ponderação so-bre uma proposta de alteração

Mas a vereação socialistapropôs entretanto a entrada naOrdem de Trabalhos desta reu-nião de uma Recomendação so-bre estratégias de investimentono concelho, no qual se defen-dia a rejeição das alteraçõespontuais ao PDM, definindo-se uma política estratégica dedesenvolvimento industrial, acriação de uma área empresariallocal, a qual aproveitando a zonaadjacente aos terrenos que têmestado em discussão para efei-tos de alteração da definição desolo, de zona ecológica para in-dustrial, deveria ser mais esten-dida, prestar atenção à situaçãoda Zona Industrial de Campo,que beneficia de excelentes aces-sibilidades, mas para a qual aCâmara não tem conseguido atrair

preparada entre todos, e nasequência de uma proposta nes-se sentido apresentada pela Co-ragem de Mudar e aprovada en-tretanto na Câmara.

Pontos antesda Ordem do Dia

Nos pontos antes da Or-dem do Dia o vereador AfonsoLobão pretendeu saber o quehavia de verdade nas notícias a-cerca do possível encerramen-to da Urgência do Hospital deValongo, tendo Fernando Meloe João Paulo Baltazar contra-posto que, pelo contrário, aqui-lo de que se tem falado é na ex-pansão deste hospital, estandoaté prevista a instalação de umaunidade de hemodiálise naque-le hospital, estando tal depen-

dente da resolução de ques-tões relacionadas com a a-cessibilidade.

O mesmo vereador tam-bém questionou um possívelaumento das rendas da habi-tação social.

Pedro Panzina questio-nou a maioria do Executivosobre a representação doconcelho nos órgãos em queeste tem assento, perguntan-do se a CMV não tem sidochamada a pronunciar-sesobre várias matérias de in-teresse regional. Desejavapor isso saber que é que, no-minalmente, representavageralmente o concelho nes-ses órgãos, e finalmente,após a resposta de FernandoMelo de que ia às vezes umàs vezes outro entre os ve-readores, que não queria con-cluir que a posição da CMVera a posição do PSD. As

matérias em discussão nessesórgãos deveriam ser dadas acponhecer a todos os vereado-res para que estes se pudessempronunciar sobre esses assun-tos e se poder formar, só aí, aposição da CMV.pontual ao PDM de Valongo.

A recomendação do PS seriaaprovada por unanimidade, ten-do Pedro Panzina consideradoque ela dava um novo contri-buto, parcial, para a definiçãopolítica estratégica que a Câmaradeveria aprovar após discussão

investimento.FOTOS URSULA ZANGGER

uma âncora para muitos outros.

Page 4: "A Voz de Ermesinde" n. 890, de 29 de fevereiro de 2012

4 A Voz de Ermesinde • 29 de fevereiro de 2012Destaque

Tradição carnavalesca do Enterro do Joãovoltou a animar povo de Ermesinde

LC

Uma multidão que se es-palhava pelas margens doLeça, pela ponte da Travageme pela Rua da Bela, junto àponte ferroviária da Linha doMinho sobre o rio, marcou napassada terça-feira, dia 21 defevereiro, a noite de Carnavalem Ermesinde, com um gran-de e inesperado sucesso des-te reviver de uma das mais in-teressantes manifestações dacultura popular local. Foi esteo epílogo de uma realização,este ano de responsabilidadeda Junta de Freguesia deErmesinde, que teve o seu pri-meiro ato no domingo, junto

à estação ferroviária deErmesinde, com a chegada, àtarde, do corpo do João à ci-dade – depois acompanhadode cortejo “fúnebre” até aolargo da feira velha para umprimeiro velório – e que, nanoite de segunda feira, teveainda ali a continuação dovelório da véspera.

Após cerca de uma déca-da de interregno – o jornal “AVoz de Ermesinde” retratou,em reportagem, textual e fo-tográfica, o evento realizadonos anos de 2001 e 2002 –,não se esperava uma tãogrande adesão popular aorelançamento da festa. Estesucesso em muito se deve à

forma como a autarquia localse rodeou de várias das co-letividades locais para levar afesta avante, entre elas a As-sociação Académica e Cultu-ral de Ermesinde (AACE), aUnião Desportiva da Bela, aUnião Desportiva e Recrea-tiva da Formiga (UDRF), aCasa do Povo de Ermesindee a Associação para o De-senvolvimento Integrado daCidade de Ermesinde ADICE)e os Bombeiros Voluntários deErmesinde, e que nos descul-pem todos os esquecidos,seja por nós seja pela organi-zação. Estas coletividadesnão só ajudaram a realizar oevento com as suas compe-

tências humanas, apoiando asvárias fases da festa, dandomassa e colorido ao cortejo demascarados, trazendo os cabe-çudos, dando corpo ao João,como ainda, e talvez principal-mente, ajudando a multiplicara notícia da festa, que correuveloz nas veias do corpo vivoda cidade de Ermesinde.

Agradecimentos maioresao senhor Magalhães e aMaria Teles (Rambóia), de-tentores da memória destadramaturgia popular, amea-çada de desaparecimento e,tal como as deixas o torna-vam bem explícito, ao já de-saparecido Abílio Teles(Rambóia), oficiante princi-

Enterro do João

pal de toda esta celebraçãoanual durante muitos e muitosanos e que deixou nas mãosda sua irmã Maria a mesmapaixão de não deixar morreresta representação tão genuí-na e interessante da criati-vidade popular.

Luís Ramalho, presidenteda Junta de Freguesia de Er-mesinde estava, ele própriosurpreendido pela grande ade-são popular que o eventoregistou e, nesse sentido, nãolamentava os quatro mil eurosde orçamento que este ano afesta consumiu, tal o potenci-al evidenciado e que o levou,inclusive, a prometer, de ante-mão, que o Enterro do João

do próximo ano será aindamais memorável.

Por outro lado é necessá-rio refletir sobre as vantagense desvantagens da realizaçãodos vários atos da festa nasmargens do Leça, num en-quadramento apertado entreas pontes rodoviária e ferro-viária sobre o Leça, a primeiratransformada num dos pal-cos, local tradicional do fes-tejo, e as possibilidades aber-tas pela proximidade do am-plo largo da feira velha deErmesinde, mas também ele li-mitado pela proximidade doLar da 3ª idade de S. Louren-ço, do Centro Social de Er-mesinde.

Primeiro dia das exéquias fúnebres do Enterro do João: chegada à estação ferroviáriade Ermesinde. Em cima, momentos do terceiro e segundo dia (velório no largo da feira).

URSULA ZANGGER

FOTOS MANUEL VALDREZ

MANUEL VALDREZ

Page 5: "A Voz de Ermesinde" n. 890, de 29 de fevereiro de 2012

29 de fevereiro de 2012 • A Voz de Ermesinde 5Destaque

Enterro do João

Se o impulso da Junta de Freguesia de Ermesinde se reveloucrucial para a ressurreição da festa, e nesse sentido a Junta merecetodo o nosso apoio, já temos dúvidas acerca do facto de que, alémdo principal impulsionador e até mentor, se ter tornado tambémprotagonista, criando-se aqui uma atmosfera favorável ao cresci-mento de algumas tentações promíscuas no que respeita à notori-edade da festa e dos seus personagens, reais ou fictícios, e anotoriedade dos atores que intervêm no campo político. Tal pode-ria ser uma tentação populista tendente a traduzir-se em bonsresultados junto do eleitorado, mas que deverá ser afastada pelosmais elementares motivos éticos, e estamos em crer que tal serácompreendido e evitado em próximas edições.

Uma outra questão que queríamos abordar era precisamente ada criatividade e espírito crítico popular e, sobretudo, a questãodos limites da tensão lúdica carnavalesca desta folia.

Manifestação popular oriunda da criatividade da gente maispobre de Ermesinde, moradora no lugar da Bela, a tradição assenta-va em grande parte numa sátira picaresca e brejeira, contendo ex-cessos de linguagem vernácula que representam uma espécie decatarse do próprio sentimento popular de marginalidade em relaçãoao sucesso de outros, e tentar adoçar ou tornar rombo este palavre-ado afiado é destruir, em grande parte, o seu carácter genuíno etentar domesticar o que até aqui era livre e, por isso mesmo, interes-sante. Essa é outra das tentações a que se deve resistir.

Sem deixar, todavia, de referir que essa expressão da mentalidadepopular também pode parir expressões da mais infeliz xenofobia... masisso só poderá ser contrariado a um nível mais profundo e demorado,que envolva uma preocupação de educação para a cidadania.

Aliada à primeira das tentações que referimos, e dela derivan-do, surge uma outra brecha por onde se pode escoar estacriatividade popular, é que dada a proximidade dos elementos liga-dos ao poder (autárquico, neste caso), pode criar-se uma espéciede barreira (psicológica ou outra) que torne muito mais difícil oexercício da crítica livre a estas mesmas entidades, branqueandoconvenientemente o exercício do poder e cerceando a crítica que,mesmo injusta, deve ter todo o livre curso para se exprimir.

Finalmente, e num último reparo: partindo daquilo que já erauma prática antiga do Enterro do João, cujas deixas gratificavamaqueles comércios que tinham permitido levar a celebração a cabo,também este ano as deixas mencionam várias empresas e negóci-os que, presume-se, terão contribuído para a sua realização. Masesta forma de agradecimento, se antes, pela sua pequena esfera,quase passava despercebida, hoje, pela sua dimensão, ameaçamtornar as deixas numa mixórdia de criatividade popular com publi-cidade pouco encapotada, destruindo por completo o que de maisinteressante podia ter a festa. Não haverá maneira de evitar estacontaminação, encaminhando a gratidão aos patrocinadores paraoutro espaço e formas de expressão? LC

Reparos

FOTOS URSULA ZANGGER

Page 6: "A Voz de Ermesinde" n. 890, de 29 de fevereiro de 2012

6 A Voz de Ermesinde • 29 de fevereiro de 2012Destaque

Enterro do João

«Deixo às moças da BelaO que penso de repenteAs minhas tesouras de podaPara fazerem a permanente.

Deixo às moças da TravagemPor estarem em segundo lugarSete arrobas de sabãoPara se poderem lavar.

Deixo às moças de VilarPor morarem lá no altinhoDeixo todas as minhas calçasPara ninguém lhes ver o ninho.

Deixo às moças das MalvinasPor terem línguas de prataDeixo mil cabos de sacholasPara ajudar na zaragata.

Deixo às moças da FeiraPor ficarem perto da MaiaDeixo-lhes cuecas de linhoPara usarem mini-saia.

Deixo às moças sozinhasPor serem das últimas a falar200 salpicões bem grossosPara se poderem consolar.

Para as moças do lugar dos MoinhosPor morarem junto à antiga feiraDeixo as minhas canastrasPara irem vender peixe para a feira.

Deixo à moças da ErmidaPorque vem mesmo a calharDeixo o meu quarto de banhoPara se poderem lavar.

Deixo às moças da Santa RitaPorque isso é bom saberDeixo-lhes a minha potente mangueiraPara quando estiverem a arder.

Nas deixas do João do ano de 2001, a quadra inicial rezava assim:

«Se há funeral cá em ErmesindeDo nosso amigo JoãoPodem agradecer ao Sr. AbílioPorque ele não ganha tostão».

E este era um agradecimento inteiramente merecido, que as dei-xas deste ano vieram aliás, corroborar:

«Se há funeral cá em ErmesindeDo nosso amigo JoãoAgradecemos ao sr. AbílioQue os fez sem um tostão».

O lugar da Bela tinha, nessas deixas, um lugar privilegiado, sen-do o único lugar de Ermesinde citado no evento:

«Para o lugar da BelaÉ um sítio que enriqueceuDeixou 5 mil contos para fazer um tanquePorque a Junta já se esqueceu».

Se é verdade que esta quadra se mantém, este ano a referência aosvários lugares de Ermesinde surge muito mais ampliada, como podeapreciar-se nas várias quadras a tal dedicadas, grande parte delas, como tal sentido brejeiro próprio deste tipo de celebrações carnavalescas:

As deixas deErmesinde

Deixo às moças da PalmilheiraPor serem das mais modernas7 mil pacotes de TidePara lavarem as pernas.

E não me esqueciDas moças da FormigaDeixo-lhes 500 camisas sem mangasPara não inchar a barriga.

Deixo às raparigas de S. PaioPor estarem perto de ArdegãesPara passearem ao domingo300 trelas de cães.

Deixo às moças da CostaIsso é que acho lindoA minha caixa de graxaPara engraxar ao domingo».

E mantêm-se as tradicionais quadras com as deixas ao padre e àigreja, à polícia, aos bombeiros, ao lar de idosos e à tradicional rivalidadede Ermesinde e Valongo, mas também agora a algumas reivindicações:

E para alguns ex-combatentesQue andam cheios de saudadeDeixo-lhes a matumbinaPara usarem à vontade.

(...)

Deixo 2 milhões de euros à JuntaPor ser gente de valiaPara arranjar e limpar as ruas da cidadeQue à Câmara competia

Deixo para alguns vereadoresDo bom senso a sementePorque pensam que só é CâmaraQuando está toda a gente

E todos os objetos que deixeiDe arte e é tudo meuSó virão para ErmesindeQuando a cidade tiver museu

Deixo a decisão ao povoQue Valongo não leve a malMas só com Câmara em ErmesindeHaverá iluminação no Natal

Por isso ao comércio da terraDeixo um pedido sentidoAjudem o enterro do JoãoE o povo será vosso amigo

E para alguma oposiçãoUma oferta de esperarDeixo indicações secretasDe onde as árvores plantar

Não queremos Santa EngráciaAqui manda S. LourençoPode até não ser verdadeMas é assim que eu penso

Por isso meus senhoresDeixem só de pensarObras no mercado e na feira velhaJá deviam começar».

O final, apoteótico, foi assim este ano:

«E agora prestem todos atençãoNão vale a pena a chorarPois queiram ou não queiramO João vai acabar.

Agora ninguém arrede péIsto não é nenhum enganoSó peço a Deus que estejamosAqui todos para o ano.

E para não haver confusãoEm vez de ser enterradoPorque não quero estar frioA minha vontade é ser cremado».

«Para a nossa igrejaTambém quero deixarDeixo 500 mil eurosPara o telhado arranjar.

Deixo para o rio LeçaPeixes e mais vantagensQue são 100 mil eurosPara limpar as margens?

Para os mais barbudosE em vez de beberemDeixo-lhes a máquina de cortar matoPara a barba desfazerem.

E para a nossa políciaPor estarmos em liberdadePodem continuar de fériasPara os ladrões roubarem à vontade.

Ao abrir estes responsosPois o juiz não erraDeixo 1 milhão de eurosAos bombeiros da nossa terra.

E nesta época de criseDeixo medicamentos para as demênciasTirem o gasóleo da limusinaE ponham-no nas ambulâncias.

Por ser lar dos idososDesses não me esqueceriaDeixo mais 2 milhões de eurosPara dar ao centro de dia.

Para a Câmara MunicipalDeixo o pedido ao Sr. PresidenteQue não gaste o dinheiro só em ValongoPorque em Ermesinde é que há gente.

Para o lugar da BelaQue é um sitio que enriqueceuDeixo 50 mil euros para fazer um tanquePorque a Junta já se esqueceu.

Deixo ao padre de ErmesindePor ser dele que a gente gostaFica com o meu tratorPara acompanhar os funerais à Costa.

Page 7: "A Voz de Ermesinde" n. 890, de 29 de fevereiro de 2012

29 de fevereiro de 2012 • A Voz de Ermesinde 7Destaque

Enterro do JoãoA “Vida do João”

Nas quadras relativas à vida do João surgem alguns elementosmuito curiosos, que ajudam a situar a origem da tradição ou dacultura subjacente a esta:

«Boas noites meus senhoresVoltamos à tradiçãoDe fazermos o funeralAo nosso amigo João.

Meus senhores e minhas senhorasAqui vos vou dizerA vida que o João passouEnquanto andou a viver.

Em Lisboa foi nascidoNo Porto foi baptizadoA sua mãe deixou-o à rodaCom o nome de João Bastardo.

Em Bragança foi criadoEm Foz Coa funileiroEm Coimbra tirou um cursoVeio para o Porto para caixeiro.

Foi trabalhar para o PinhãoNão lhe agradou a oficinaConcorreu para escrivãoE foi engenheiro em Albina.

(as deixas oficiais deste ano registam Albina, mas será, maisprovavelmente, Alfena?)

Delegado em Vila FlorJuiz de direito em AveiroEm Viana foi ferradorE em Chaves serralheiro.

Em Guimarães foi padeiroEm Moncorvo maquinistaNa Régua foi pedreiroE em Setúbal foi dentista.

Capitão em BadajozEm Vila Real ajudanteEm Lamego foi tenenteE em Braga comandante.

A Angola foi pararE em Luanda viveuFoi por lá que ficou ricoMas foi cá que morreu.

Tantas artes que ele teveE viveu de tantos modosPara que tanta riquezaPois morreu como todos.

Gozou mulheres a maisE sem criar um filhoAgora nas suas finaisFoi metido num sarilho».

Há uma evidente sobrecarga dos topónimos do Norte e, emparticular, de Trás-os-Montes. Num exercício de mera especula-ção, poderá apontar-se como transmontana a origem de alguns dosoficiantes mais destacados deste Enterro do João, que provavel-mente terão estado na guerra colonial (em Angola?), ou sido colo-nos em África. Não nos atrevemos é a apontar uma tradição doEnterro do João, Queima do Judas ou festas semelhantes, comotransmontanas, embora seja possível que, dado algum isolamentodas terras para além do Marão, por lá subsistam mais duradoura-mente algumas destas festas pagãs.

Sabe-se que prantos fúnebres carnavalescos vêm já de temposmedievais, sabe-se que muitos deles são celebrações de quaresma,muitas vezes pontuadas pela apoteose do fogo, sabe-se que não setrata de uma celebração unicamente portuguesa, encontrando-se es-palhadas por toda a Europa celebrações carnavalescas semelhantes.

O caso de Ermesinde

Mas a configuração particular do Enterro do João em Ermesindeparece apontar noutro sentido mais específico.

No seu livro “Ermesinde: Memórias da Nossa Gente”, JacintoSoares, referindo-se ao enterro do João, desenvolve uma tese muitointeressante. Entre outras coisas, cita o estudo de Ernesto Veiga deOliveira, que a este assunto dedicou um trabalho: «Sobre a realiza-ção da festa nos lugares da Triana, Carreiros e Forno (Rio Tinto),[Ernesto Veiga de Oliveira] aproveita para referir que a mesma temigual dimensão e sentidos nos seus arredores (Vale Ferreiros, VendaNova e Baguim), também do concelho de Gondomar; nos lugaresde Granja, Giesta – S. Gemil, Brás Oleiro e Pedrouços, ligados aÁguas Santas e na nossa terra é referido Vilar, Palmilheira, Travageme lugar de Ermesinde. Na sua opinião “tratar-se-ia de uma faixaentre a vertente sul dos contrafortes ocidentais da serra de Valongoe os limites administrativos do Porto, correspondendo aproxima-damente ao extremo sudeste das Terras da Maia, com um carácter

acentuado de subúrbio do Porto e muito visivelmente compreendi-da na sua esfera de influência” (...). Manuel Pinto para quem “nodesenrolar dos passos desta estranha liturgia é perfeitamente notó-ria a intenção de parodiar o sagrado”, adianta, seguindo este mesmoestudo, três interpretações para esta manifestação da cultura po-pular: “A criação de um bode expiatório da comunidade; a manifes-tação do espírito lúdico e do poder imaginativo do homem ecorporização do seu sentido parodial e, por último, um rito depassagem que introduz o jejum quaresmal”».

Jacinto Soares, rejeitando esta última linha de interpretaçãoaponta, a seguir, para o caso de Ermesinde, que conhece melhor:«Podemos afirmar que estamos perante questões de rutura social,de contestação ao “status quo”, de criação de um bode expiatório,sobre o qual é preciso zurzir de uma forma disfarçada. Este “bomboda festa” representa o grupo social a quem eles e mesmo os seusprogenitores, estiveram ligados no passado, mas que por razões devária ordem, entre as quais afetivas, não podem criticar diretamente.Resquícios inconscientes de tudo o que havia de bom nesse passado,ainda não muito longínquo, sobretudo a mesa, são geradores de sen-timentos negativos ligados à inveja, a um saudosismo não assumidoe mesmo a um compreensível complexo de afirmação social.

Não nos podemos esquecer que essas zonas, onde a paródiaacontecia, circundavam as “aldeias dos lavradores”, casas fartas,onde eles ou os seus familiares trabalharam, antes de abalarem paraoutro rumo, neste caso, o mundo ligado á indústria. Muitos destes“críticos” eram descendentes dos criados de servir (moços de ser-vir), a quem votavam agora um certo desdém que se manifestava,exteriormente, por esta via da festa (…). Não é por acaso que sãoos lavradores ricos, ingénuos, gananciosos ou liberais em demasia,os protagonistas dos versos do testamento do João.

Em Ermesinde, esta tradição, nos moldes em que a entendemoshoje, remonta aos fins do século XIX, e está ligada à passagemprimeiro dos homens e das mulheres depois, para as fábricas que aRevolução Industrial acabava de trazer para a nossa terra». LC

FOTOS URSULA ZANGGER

Page 8: "A Voz de Ermesinde" n. 890, de 29 de fevereiro de 2012

8 A Voz de Ermesinde • 29 de fevereiro de 2012Destaque

CÂMARA MUNICIPAL DE VALONGOPRÉMIO NACIONAL DE BOAS PRÁTICAS LOCAIS – CATEGORIA AMBIENTE

AVISO

DR. JOÃO PAULO BALTAZAR, Vereador com delegação de competência conferida por despacho doExmo Senhor Presidente da Câmara Municipal de Valongo, faz público que:

Em cumprimento da deliberação tomada em reunião de Câmara do dia 16 de fevereiro de 2012, na qualfoi aprovado por maioria o “Relatório de Ponderação das participações apresentadas em sede de Discus-são Pública da Proposta de Alteração ao Plano Diretor Municipal de Valongo, para o lugar de 5 Caminhos,em Alfena”, vem, nos termos do n.º 8 do artigo 77º do Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de setembro, alteradoe republicado pelo Decreto-Lei n.º 46/2009, de 20 de fevereiro, dar conhecimento público do dito Relatório,que se encontra disponível para consulta na página da internet do município, com o endereço eletrónicowww.cm-valongo/pelouros/urbanismo, bem como nos serviços administrativos de apoio ao Departamentode Planeamento e Gestão Urbanística.

Valongo e Paços do Concelho, 17 de fevereiro de 2012O Vereador,

Dr. João Paulo Baltazar

JOSÉ MANUEL PEREIRA

Os últimos dias têm registado avisita de inúmeros curiosos e forastei-ros que, em viaturas próprias se diver-tem delapidando este património geo-lógico, efetuando verdadeiros carrega-mentos de pedras, blocos e placas fos-silíferas, muito contribuindo para a im-possibilidade da recuperação de espé-cimes fossilizadas, muitas delas aindanão identificadas. Face ao exposto e natentativa de poder/dever preservar al-guns dos muitos fósseis existentes, eupróprio, nas muitas incursões efetu-adas ao local, recolhi já mais de 500fósseis para posterior estudo.

Confrontada com o atual cenário,a Câmara Municipal de Valongo ape-nas acrescenta que o seu parceiro cien-tífico foi já contactado, aguardando

PONTO DA SITUAÇÃO DA DESCOBERTA DE FÓSSEIS EM ERMESINDE

Fósseis com 300 milhões de anos deparam«com inércia da Câmara de Valongo»

Não obstante o Centro de Geologia da Faculdade de Ciências daUniversidade do Porto) ter sido informado no passado dia 18 de janeirosobre a descoberta da jazida fossilífera noticiada na última edição [empapel] do jornal “A Voz de Ermesinde” e o mesmo se ter verificado coma Câmara Municipal de Valongo na manhã do dia 2 de fevereiro, até àpresente data, pouco ou nada foi feito para evitar o acesso econsequente destruição dos milhares de fósseis de flora e fauna.

conclusões sobre a eventual importân-cia desta recente descoberta. Nestamedida, estranha-se a inércia e ino-perância dos serviços da Autarquia deValongo em, independentemente deaguardar pelos eventuais estudos doCentro de Geologia da Faculdade deCiências da Universidade do Porto, nãotomaram a iniciativa de delimitar e cer-car a área já identificada, sabendo e re-conhecendo a importância destes tes-temunhos geológicos do Paleozóico.Este incompreensível desinteresse,quando supostamente a edilidade terátécnicos superiores e dirigentes comconhecimento bastante para que sejamtomadas desde já as medidas adequa-das, conhecedores que são deste patri-mónio pelo recente trabalho efetuadoaquando do Parque Paleozóico de

Por outro lado, mês e meio após oconhecimento do Centro de Geologiada FCUP – tempo suficiente para co-locar uma equipa no terreno – apenas,e por iniciativa própria, Pedro Cor-reia, paleobotânico do Centro de Geo-logia da Faculdade de Ciências da Uni-versidade do Porto, se fez deslocar aolocal, no passado dia 16 de fevereiro,não mais deixando, na companhia dealunos universitários, de efetuar as in-tervenções necessárias de prospeção erecolha de fósseis, transportando jámuitos espécimes para análise la-boratorial e posterior identificação.Surpreendido com a dimensão da jazi-da e com a riquíssima diversidade que amesma regista, Pedro Correia refere queesta nova jazida de plantas fósseis doGzheliano inferior (Pensilvaniano su-perior) descoberta em Ermesinde, cons-titui uma nova janela para o conheci-mento da Paleobotânica do Paleozóicoportuguês.

Patrimóniopaleontológico raroaguarda proteçãodas entidadescompetentes

Em fase de conclusão da dissertaçãode Doutoramento, o investigador PedroCorreia acrescenta que as novas plantasfósseis de idade do Pensilvaniano supe-rior (Carbonífero Superior, 300 milhõesde anos) de origem continental, que fo-ram descobertas na cidade de Ermesinde,correspondem a uma nova jazida fos-silífera representada por uma flora au-tóctone, rara, bastante diversificada e

igualmente bem preservada em xistos ar-gilosos, finos e compactos. As camadasfossilíferas encontram-se estratigra-ficamente intercaladas com níveis de fáciesarenítica de origem fluvial e conglomerados(estes últimos estão no topo da baciasedimentar). Todo o conjunto estratigráficoestá materializado numa grande complexi-dade geológico-estrutural.

Flora rara,diversificadae de grande porte

Embora longe de saber qual a ver-dadeira dimensão do número de espé-cies existentes, Pedro Correia refere queneste primeiro estudo paleobotânicofoi possível elencar um conjunto de es-pécies florísticas do tipo Pteridófita,identificadas no campo. Assim, nasCalamitales regista-se grande númerode espécimes colhidos/encontrados dosgéneros Calamites, Annularia, Astero-phyllites, Calamostachys, Sphenophyllum,entre outras. Sobre os Fetos arborescentes,identificam-se várias espécies dos génerosPecopteris, Callipteridium, Alethopteris,Neuropteris, Odontopteris, Sphenopteris,Pseudomariopteris, Nemejcopteris, Poly-mophopteris, (mais raros) Eusphenop-teris, Oligocarpia, Lobatopteris, Dick-sonites, Gondomaria, entre outros.

De realçar ainda nas ConíferasCordaitales, a existência de grande nú-mero de espécimes Cordaites.

Fauna: novosinvertebrados(artrópodes)para a ciência

Podendo desde já afirmar que, dosespécimes recolhidos, a sua esmagado-ra maioria corresponde a Pteridófitas(fetos), o trabalho de campo efetuadopossibilitou já a identificação de novosinsetos. A descoberta de um fóssil coma asa de inseto da Ordem Paleodictyo-ptera (grupo ancestral/primitivo das li-bélulas atuais) de grande porte, com 10a 12 cm de comprimento, mais que umasurpreendente revelação, representa um

Paleoambiente,paleoclimae paleogeografia

De acordo com o paleobotânico doCentro de Geologia da Faculdade de Ci-ências da Universidade do Porto, a pre-sente área em estudo mostra-nos umPaleoambiente constituído por uma flo-ra rica e de grande porte (muitas dasespécies tais como as Calamites eCordaites atingiram os 30 metros de al-tura), evidenciando um clima húmi-do-tropical. No Período Carbonífero, aPenínsula Ibérica encontrava-se em la-titudes baixas perto do equador, duran-te o qual coincidiu com a amalgamaçãofinal do Pangeia.

Desta forma e na qualidade de depu-tado à Assembleia Municipal de Valongo,na sessão de 28 de fevereiro apresentei àAssembleia a aprovação de uma Reco-mendação (*) para a imediata sinalização,delimitação e guarda de toda a área emestudo, possibilitando assim que em tem-po útil, este inegável património pale-ontológico possa ser defendido, estuda-do e valorizado.

(*) [Nota de Última Hora de “AVoz de Ermesinde”]: A Recomendaçãoreferida foi aprovada por unanimidadena sessão de ontem da Assembleia Mu-nicipal de Valongo.

Nesta sessão José Manuel Pereirafez referência a outro investigador –Artur Sá, da Universidade de Trás-os--Montes e Alto Douro (UTAD) – queterá manifestado igualmente a preocu-pação por que não fosse delapidado esterico património natural da cidade deErmesinde e concelho de Valongo.

Finalmente, uma última palavraainda da responsabilidade da Redaçãode “A Voz de Ermesinde” para esclare-cer que não se revê em qualquer ato derecolha dos fósseis depositados na re-ferida jazida, ainda que com o sentidode os preservar, fazendo votos paraque a decisão tomada na sessão de on-tem da Assembleia Municipal de Va-longo, realizada em Campo, efetiva-mente permita, de imediato, a salva-guarda deste património.

Valongo, é totalmente injustificado.

novo táxon para a ciência.

FOTO JOSÉ MANUEL PEREIRA

Não se esqueça de pôr em diaa sua assinatura

de “A Voz de Ermesinde”.

Pode fazê-lo por vale postal, chequeou transferência bancária.

Informe-se: 22 974 7194

Page 9: "A Voz de Ermesinde" n. 890, de 29 de fevereiro de 2012

29 de fevereiro de 2012 • A Voz de Ermesinde 9Local

A situação dos transportesvista pelos ermesindenses

AVE

Embora uma amostragem decinco ou seis pessoas seja poucorelevante para se poder concluir emdefinitivo dos problemas trazidospelo recente aumento dos transpor-tes, e somente por aí avaliar da in-satisfação dos utentes, quer quan-to aos preços, quer quanto à quali-dade dos serviços, o inquérito derua levado a cabo pela reportagemdo jornal “A Voz de Ermesinde” napassada quarta-feira, dia 22 de fe-vereiro, junto à Praça da Estação deErmesinde, permite identificar, con-tudo, com pouca margem de erro,algumas situações de alteração decomportamento dos utentes dostransportes públicos.

Cerca de metade dos nossosinquiridos revelou, por exemplo,que tinha alterado os seus hábitosde transporte, quer renunciando aopasse, quer andando mais a pé (aspessoas mais jovens, claro), querrestringindo as suas viagens oumesmo, recorrendo, aqui e ali aoautomóvel, pelas alterações intro-

As críticas dos utentes que ou-vimos incidiram mais sobre os au-tocarros (sobretudo o serviço daSTCP). Por outro lado só o com-boio recebeu elogios (de um utente),no que será um elogio mais devidoà CP do que à Refer, entendemos.

A estação ferroviária de Erme-sinde foi, de facto, por várias ve-zes, objeto de reclamações dos u-tentes de Ermesinde, tendo vindosucessivamente a receber váriasmelhorias e permitindo, pelo me-nos, ter um serviço de informaçõesadequado quanto aos horários.

Já o problema de ser extrema-mente desconfortável, por causa dovento que a varre, vindo de norte, éuma questão que parece estar paradurar, sem solução à vista.

E já que falamos de informaçãoaos utentes, cabe aqui dizer do agra-do com que estes viram ser tambémcolocado um quadro eletrónico coma informação horária da circulaçãoda STCP, permitindo saber dali aquantos minutos há um autocarroe para onde. O único senão, por-que o serviço prestado é excelente,é o facto do referido quadro ele-

trónico estar muitas vezes avaria-do ou desligado, não dando infor-mação nenhuma.

Ainda relativamente ao descon-forto dos utentes, refira-se que oabrigo da STCP, se do ponto de vis-ta do design parece casar-se muitobem com a arquitetura moderna daestação ferroviária ali por perto, doponto de vista do conforto, talvezaquilo que os utentes mais quereri-am, estes não são bem servidos.

Mas tudo isto serão coisas me-nores comparadas com as dificul-dades trazidas pelas alterações dehorários e pelos preços.

Por exemplo, à noite, os mora-dores de Alfena deixaram de tertransporte público a partir da 01h00,não lhes restando outra alternati-va do que recorrer a transporte pró-prio, se o tiverem, a recorrer ao táxiou a ir a pé, qualquer destas umamuito má solução.

Pior que tudo será todavia oaumento brutal dos preços, que fazcom que alguns utentes necessita-dos do serviço público dele se pri-vem, com prejuízo claro da sua qua-lidade de vida.

LURDES CANDEIAS,38 anos,desempregada

Sim, uso o autocarro. Quan-do já se encontra um carri-nho de bebé dentro do au-tocarro, não autorizam a en-trada de mais nenhum. Umavez o autocarro arrancoucom os meus outros filhos eeu fiquei com o meu filho nocarrinho, na paragem. Ten-to andar cada vez mais a pé.

SERAFIM RIBEIRO,53 anos,funcionário público

Uso sempre transportes pú-blicos. Por vezes os atrasosdos transportes afetam oshorários dos trabalhadores,principalmente dos que têmturnos para cumprir. Devidoao aumento dos preços, so-mos obrigados a usar o au-tomóvel de vez em quando,mesmo que não queiramos.

SUSANA ALMEIDA,16 anos,estudante

Uso sempre o autocarro,especialmente para ir paraa escola.Eu não tenho queixas aoserviço em si, mas agoracom o aumento do preço dopasse de estudante, tivede fazer restrições e ten-tar ao máximo equilibrar ascontas.

LAURA ALVES,73 anos,reformada

Uso o autocarro, e raramen-te o comboio. Pagava 22,60euros pelo passe, e acabei desaber que vou passar a pa-gar 34,75. Tenho de andarsempre a ir para o hospitalpois tenho problemas cardí-acos e com a minha reformatorna-se difícil. Este mês jánem vou comprar o passe.

CARLOS RIBEIRO,24 anos,desempregado

Costumo usar meios detransporte públicos. Tenhoelogios só à CP e queixas aometro e aos autocarros daSTCP. O metro não está bemsinalizado, tal como os percur-sos dos autocarros. Não fizrestrições nas viagens, o au-mento dos preços custa-nos,mas é necessário.

QuestõesCONDUÇÃO DO INQUÉRITO: MARTA FERREIRA; FOTOS: URSULA ZANGGER

1- Costuma usar algum meio de transporte público?2- Tem queixas ou elogios ao serviço?3- Devido ao aumento dos preços fez alguma restrição nas suas viagens ou títulos de transporte?

zidas na oferta de transportes.

Page 10: "A Voz de Ermesinde" n. 890, de 29 de fevereiro de 2012

10 A Voz de Ermesinde • 29 de fevereiro de 2012Local

• NOTÍCIAS DO CENTRO SOCIAL DE ERMESINDE •

Drogaria DAS OLIVEIRAS de Ferreira & Almeida, Lda.

Bazar • Utilidades Domésticas • PapelariaFotocópias • Perfumaria • Tintas/Vernizes/Ferragens

Largo das Oliveiras, 4 (à Palmilheira)Telef. 22 971 5316 • 4445 ERMESINDE

Acertam-se chaves

TCalho

Rua da Bela, 375 - Telef. 22 967 25 49 - Telem. 96 433 14 27Telef. Residência 22 967 33 78 4445 ERMESINDE

entral

Belmiro Ferreira de Sousa

Agência Funerária

Rua de Luanda, n.º 217 | 4445-499 ERMESINDETel. 22 974 7204 • Tlm. 91 092 1573 | 91 218 8570

Almoço de angariação de fundosa favor do Centro Social de Ermesinde

AVE

Decorreu no passado sábado,dia 25 de fevereiro, no salão no-bre do Centro Social de Erme-sinde, mais uma iniciativa de soli-dariedade a favor da instituição,neste caso um almoço de anga-riação de fundos destinado a su-portar obras urgentes numa dasvalências da prestigiada IPSS.

Com a sala cheia como umovo de convidados que, desta ma-neira quiseram contribuir com asua presença para o bom êxitodesta iniciativa, criou-se um bomclima entre todos, para o que emmuito contribuiu a excelênciagastronómica que – como muitosbem sabem – distingue e enobrecea cozinha desta instituição.

A Direção do Centro Socialde Ermesinde, muito reconheci-da pelo apoio prestado por to-dos, agradece publicamente atodos os amigos que, mais umavez estiveram disponíveis, numagrande manifestação de solidari-edade e confiança, manifesta a

sua alegria por poder contar comeles em todas as circunstânciasem que o seu apoio se venha atornar necessário.

A Direção do Centro Soci-al de Ermesinde agradece tam-bém, muito penhoradamente, atodos aqueles que, com o seugeneroso patrocínio, ajudarama viabilizar este almoço de so-lidariedade – nomeadamente àAgripesca, Alberto Fontes, A-mérico (Batateiro), AnabelaPaiva (vinhos), Padaria do Bar-reiro, Padaria Lino, Padaria Ne-ta, Salpicarne e Talho Central.

E, muito em especial, a Dire-ção do Centro Social de Erme-sinde agradece ainda a disponi-bilidade dos seus funcionáriosque, com a sua boa vontade, em-penho e profissionalismo con-tribuíram para que este almoçofosse um êxito.

Não só todos puderam apre-ciar a qualidade da cozinha comoa decoração das mesas primavapelo esmero e o bom gosto.

A todos, bem hajam!

FOTO MANUEL VALDREZ

Participe no Fórum onlinede “A Voz de Ermesinde”.

E argumente em vez de agredir.

Acha que é capaz?

Page 11: "A Voz de Ermesinde" n. 890, de 29 de fevereiro de 2012

29 de fevereiro de 2012 • A Voz de Ermesinde 11Cultura

Um ovo e uma galinha cozinhados em lume brandoMIGUEL BARROS

“Ovo ou Galinha” foi a proposta apresentada pelo grupo deteatro da União Desportiva Recreativa e Cultural da Bela para asegunda noite (25 de fevereiro) da edição de 2012 da Mostra deTeatro Amador do Concelho de Valongo. Diante de uma casa deespetáculos do Fórum Cultural de Ermesinde despida de público –não se vislumbravam na sala mais do que quatro dezenas de cadeiraspreenchidas (!) – a jovem dupla de atores que deu corpo à peçademonstrou – em nosso entender, há que sublinhá-lo – algumasdificuldades em interpretar uma história na qual era exigido um bomdoseamento de uma mistura composta por alma e técnica. E se emrelação ao primeiro ingrediente os protagonistas tenuamente o forammostrando ao longo da noite, no que toca ao segundo quase nãosentimos o seu sabor. Claro que temos de ter a noção de que estavámos

diante de uma mostra de teatro amador – sim, sabemos disso –,onde qualquer deslize técnico é facilmente perdoado e de imediatosubstituído pela simples paixão de representar comum a qualquer“espécie” de ator, seja ele profissional ou amador, facto que só porsi faz com os aplausos finais sejam merecidos pelo duo de atores.

Paixão e coragem, há que lembrá-lo, pois só com coragem se écapaz de levar à cena numa mostra de teatro amador uma peça comum certo de grau de complexidade como foi o caso de “Ovo ouGalinha”. Nela pudemos contemplar a evolução do Homem econsequentemente da própria Humanidade, uma viagem que percor-reu os caminhos do primitivo ao moderno tendo como base elemen-tos da Natureza. Um enredo desenvolvido sob os caminhos da lin-guagem visual, uma técnica de representação sempre difícil no mundodo teatro, onde as palavras são substituídas pelos gestos que dão vidaà história. Não fosse este pormenor técnico fundamental para o su-

cesso de uma peça deste calibre não teriamos dúvidas em rotular de bomo desempenho dos dois jovens atores, não sendo assim diríamos queeste ovo e esta galinha foram cozinhados em lume brando.

FICHA TÉCNICA

UNIÃO DESPORTIVA, CULTURAL E RECREATIVA DA BELATítulo da obra original: “Ovo ou Galinha”Autor do texto original: ColetivaDramaturgia/Encenação/Coreografia/Cenografia/Figurinos:Gato Escaldado e Peúga RotaEncenação: ColetivaInterpretação: Nélson Moura, Ricardo Mesquita.

Carlos Tê no Fórum Cultural de Ermesinde

Como um bando de pardais... FICHA TÉCNICA

CABEÇAS NO AR E PÉS NA TERRA (BATATAS COM SALSICHAS)Título: “As Aventuras de João sem Medo”Encenação e adaptação: Hugo SousaCoreografia: Diana BarnabéCenografia e adereços: Sandra SilvaMáscaras: Cabeças no arAnimação e video: Ricardo SilvaDesign gráfico: André SantosInterpretação: Ana Isabel Leitão, Camila Lima, Catarina Benido,Catarina Pereira, Daniel Zuyderduyn, João Ferreira Baltazar, MariaInês Ferraz, Mariana Marques, Núria Melo e Tiago Pinto Furtado.

LC

Espetáculo com recurso cenográfico muito feliz ao video deanimação, “As Aventuras de João sem Medo” – o terceiro dosespetáculos da Mostra de Teatro Amador – é um belo exercício deteatro em que casam da forma mais harmoniosa artes de palcocomo a representação e a coreografia, com os recursos multimédia,sabiamente utilizados.

São 12 crianças em palco (dos 4 aos 15, mas a maioria muitonovinhos), que representam, interpretam vários trechos musicais– embora o calcanhar de Aquiles deste espetáculo, em nossa opi-nião, acabe por ser a música –, dançam e tornam feliz esta horamovimentada, pedagógica e cheia de humor.

Entre os pontos fortes da peça dos Batatas com Salsichassalienta-se o trabalho de video, excelente, de Ricardo Silva, a ceno-grafia, adereços e máscaras de Sandra Silva e os Cabeças no Ar e acoreografia de Diana Barnabé.

Muito interessante é que a personagem principal – João semMedo – possa ser representada por vários atores, em momentossucessivos da peça.

Segundo a sinopse, “As Aventuras de João sem Medo” é umapeça que «questiona a felicidade e o caminho a seguir para a atingir,questiona as contradições humanas e tenta explicar como a nossadeterminação e força de vontade pode mudar o mundo. Um textopara adultos representado por crianças». Na realidade, a peça en-volve-se numa atmosfera mágica e irreal, própria das histórias para

crianças, e a tensão entre o bem e o mal, a coragem e o medo, eoutros valores que ali são invocados, vai sendo maravilhosamentedestilada com o recurso a algumas figuras muito bem apanhadas,como a árvore ou o “lenhador” sem cabeça que tenta, por sua vez,várias vezes, decapitar, sem sucesso, a cabeça do João.

FOTOS ANDRÉ CARVALHO

FOTOS URSULA ZANGGER

LC

O letrista, poeta, escritor e melómano Carlos Tê esteve napassada quinta-feira, dia 23 de fevereiro, no Fórum Cultural deErmesinde, inaugurando com a sua presença, uma nova iniciativa daBiblioteca Municipal de Valongo – Café com Letras.

O autor, celebrizado pelas letras de inúmeras canções musicadase interpretadas por Rui Veloso, foi apresentado por Isaura Mari-nho, responsável da Biblioteca Municipal de Valongo, que o entre-vistou, e bem, passando depois a palavra ao público para, tambémele, dialogar com Carlos Tê.

Entre a assistência encontravam-se Fernando Melo e João Pau-lo Baltazar, presidente e vicepresidente da Câmara Municipal deValongo, que não quiseram perder o lançamento desta nova iniciati-va da Biblioteca Municipal, que se saúda.

A sessão teve a abrilhantá-la a execução de algumas canções deRui Veloso e Carlos Tê, mas que não se livrou de uma gaffe inicial,quando a primeira canção escolhida, de Rui Veloso, não tinha afinalsido da autoria de Carlos Tê.

Também Maria de Lourdes dos Anjos ajudou à festa, decla-mando versos escritos por Carlos Tê.

Durante o encontro, o célebre letrista foi revelando a sua enor-me paixão pela música, vinda desde a adolescência, a sua cumpli-cidade com Rui Veloso («uma joint venture que funcionou, apon-tou gracejando»), a sua proximidade com a cultura musicalanglófona e a importância que teve, para ele, visitar os lugares domito na Inglaterra, depois do 25 de Abril.

Carlos Tê revelou também a sua incomodidade para com opoder – daí o grande valor da liberdade trazida por Abril, que entreoutras coisas o livrou de dar com os ossos em África como acon-teceu com alguns dos seus amigos.

Lembrou como foram construídas algumas canções, o “ChicoFininho”, “A Rapariguinha do Shopping” e como essa estranhezade escrever em Português acabou por revelar-se um inesperado eincrível sucesso, ao retratar com tanta fidelidade o mundo emconvulsão que começava a povoar o nosso quotidiano. E comen-tou como os programas de caça de talentos provavelmente apenasdarão, na maior parte, para lançar fogachos de pouca duração.

FOTO MANUEL VALDREZ

Page 12: "A Voz de Ermesinde" n. 890, de 29 de fevereiro de 2012

12 A Voz de Ermesinde • 29 de fevereiro de 2012História

Há meio século atrásPortugal estava em guerra

No dia 4 de fevereiro de 1961 – há 51anos atrás – na mais importante colóniaportuguesa, tinham início as hostilidadescontra o domínio português em territórioafricano. Era o início da Guerra Colonial,que haveria de se prolongar ao longo de 13trágicos anos, até ao triunfo da últimaRevolução portuguesa, no dia 25 de Abrilde 1974. Milhares de portugueses, de nortea sul do país, seriam mobilizados para umaguerra que só admitia uma paz política.

pós a 2ª Guerra Mun-dial, e diretamente re-lacionada com o seudesenlace, que re-presentou a vitória

das democracias contra os regimesditatoriais (na Alemanha, Itália e Ja-pão) desencadeou-se uma novavaga de descolonizações a que Por-tugal ficou alheio. A recém-formadaONU reconheceu, entretanto, o di-reito à autodeterminação dos povos.Mas Portugal declarava que não ti-nha colónias, apenas “provínciasultramarinas”. O governo salazaristaafirmava que o nosso país era um«Estado unitário, formado de pro-víncias dispersas e constituídos deraças diferentes». Por isso, acaba-ria por não surpreender os mais es-clarecidos o facto de no início dadécada de 1960, Portugal ter de en-frentar uma guerra contra movimen-tos armados que se organizaramnas principais colónias portugue-sas: Angola, Moçambique e Guiné.

As hostilidades contra a pre-sença portuguesa começaram emAngola, a 4 de fevereiro de 1961, como ataque a esquadras e prisões deLuanda, provocando a morte de seispolícias e de um cabo do exércitoportuguês. Foi a Guerra declarada,iniciada pelos militantes do MPLA(Movimento Popular para a Liberta-ção de Angola) em Luanda, e a 15 de

março, a UPA (União das Populaçõesde Angola), posteriormente denomi-nada FNLA (Frente Nacional de Li-bertação de Angola) ataca centenasde fazendas no norte de Angola,massacrando centenas de fazendei-ros e provocando a generalização domedo à população portuguesa. É oprincípio de um conjunto generali-zado de violentos ataques nestacolónia. Anos mais tarde, já com apresença da UNITA (União Nacionalpara a Independência Total de Ango-la), começa uma luta de guerrilha.

Na reação ao desenrolar do con-flito, em 1961, Salazar irá proferir amáxima legitimadora da sua posiçãorelativamente à guerra que se desen-cadeava naquela colónia: "Para An-gola, já e em força".

Milhares de soldados por-tugueses, recrutados entre oshomens de quase todas as fa-mílias portuguesas, foram en-viados, sucessivamente, paraAngola e, mais tarde, para asoutras colónias onde a guerratambém haveria de surgir.

Muitos dos soldados por-tugueses mobilizados para estaguerra profundamente injustaviram a sua vida académica, fa-miliar e/ou profissional subita-mente interrompida.

Em 1963 iniciou-se a guer-ra na Guiné (provocada pelosmilitares do PAIGC – PartidoAfricano para a Independên-cia da Guiné e Cabo Vede); e,em 1964, em Moçambique,com as hostilidades desenca-deadas por parte da FRELIMO(Frente de Libertação de Mo-çambique). Entretanto, o colo-nialismo português era vee-mente criticado nas instânci-

Embora externamente a manuten-ção do colonialismo português fos-se objeto de intensas críticas até porparte dos nossos aliados, a nível in-terno, a presença portuguesa emÁfrica quase não sofreu contesta-ção até ao início da guerra colonial.

O agravamento da situação mi-litar, o livro de Spínola (“Portugal eo futuro”) e as vozes da oposiçãoforam contribuindo para o aumen-to da contestação da sociedade ci-vil e, sobretudo, entre os militares.

O conflito na Guiné-Bissau foiparticularmente doloroso para asforças portuguesas, levando oPAIGC a dominar grande parte do ter-ritório, o que esteve na base da de-claração unilateral da sua indepen-dência ainda antes do 25 de Abril (em24 de setembro de 1973), reconheci-da por vários países, sobretudo afri-canos. Também para esta colónia ogoverno salazarista mobilizou milha-res de jovens portugueses.

Apesar de Moçambique ficar amais de 13 mil quilómetros de Portu-gal, também para lá seguiram milha-res de combatentes portugueses.

As três frentes de guerra pro-vocaram fortes abalos nas finan-ças do Estado (houve anos em quemais de 40% do Orçamento de Es-tado eram despendidos com a Guer-ra), desgastando simultaneamenteas Forças Armadas, ao mesmo tem-po que colocava Portugal cada vez

MANUELAUGUSTO DIAS

nhecendo o direito à autodetermi-nação dos povos.

Felizmente surgiria o 25 de Abrilde 1974, para instaurar o actual regi-me democrático e assinar a paz comos movimentos de libertação dascolónias portuguesas, criando-se,assim, as mínimas condições paranegociar a sua independência.

Mais de meio milhão de pesso-as chegou, de repente, a Portugal.Pessoas que ficaram sem nada, al-gumas após vidas cheias de tra-balho, de preocupações, empreen-dedorismo e entrega. A descolo-nização foi profundamente injustapara elas. E também o foi, para aque-les que cá esperavam a possibili-dade de um emprego nos serviços

(públicos, bancários, seguran-ça) e que os viram ocupadospor aqueles que regressavamde África e que tinham direitoa ser integrados no mesmo tipode serviços em que se empre-gavam nas colónias.

Do número de retornadosrecenseados pelo INE em 1981,61% eram oriundos de Angola,34% de Moçambique e apenas5% das restantes colónias. Qua-se dois terços desses retornadosnasceram em Portugal (63%),embora esta proporção se inver-ta nas camadas mais jovens,75% dos menores de 20 anoseram naturais das colónias.

Os “retornados”, como fi-caram conhecidas essas pes-soas, conseguiram, apesar detodas as contrariedades, inte-grar-se na sociedade portu-guesa de uma forma verdadei-ramente notável e sem confli-tos de maior. Haverá casos se-melhantes noutros países?

mais isolado no panorama políticomundial.

A nível humano, as conse-quências foram trágicas: um milhãoe quatrocentos mil homens mobili-zados, nove mil mortos e cerca detrinta mil feridos, além de cento equarenta mil ex-combatentes so-frendo distúrbios pós-guerra.

A guerra colonial portuguesapara além de dar uma imagem ne-gativa de Portugal; significou umenorme esforço financeiro e huma-no. A igreja católica dividiu-se: se,por um lado, a hierarquia se mos-trava neutral, muitas figuras daIgreja a título individual manifes-tavam-se, publicamente, contra acontinuação desta guerra, reco-

EFEMÉRIDESFEVEREIRO

Recordo que foi no dia 6 de fevereiro de 1911, há 101 anos que o Governo Provisó-rio da República, após consulta do Supremo Tribunal Administrativo, resolveu deferiro pedido da 1.ª Junta Republicana de S. Lourenço de Asmes, de mudar o nome desta

«Attendendo ao que me representou a Junta de Parochia da freguesia de S. Lourenço de Asmes; eConformando-me com a consulta do Supremo Tribunal Administrativo:Hei por bem determinar, nos termos do Codigo Administrativo, que a referida freguesia de

S. Lourenço de Asmes, do concelho de Vallongo, districto do Porto, passe a denominar-sefreguesia de Ermezinde.

Paços do Governo da Republica, em 6 de fevereiro de 1911. = O Ministro do Interior,Antonio José de Almeida».

freguesia para o que hoje ostenta: Ermesinde.

S. LOURENÇO DE ASMES PASSA A DENOMINAR-SE ERMESINDEDiário do Governo, n.º 30, de 7 de Fevereiro de 1911

as internacionais.

Page 13: "A Voz de Ermesinde" n. 890, de 29 de fevereiro de 2012

29 de fevereiro de 2012 • A Voz de Ermesinde Desporto

AnuncieAqui

Suplemento de "A Voz de Ermesinde" N.º 890 • 29 de fevereiro de 2012 • Coordenação: Miguel Barros

Clube Zupper ambiciona tornar-senuma referência local... e nacionalClube Zupper ambiciona tornar-senuma referência local... e nacional

São ainda muito jovens mas não se inibem de colo-car bem alta a fasquia da ambição quando olhampara o futuro imediato. Eles são o Clube Zupper,

coletividade ermesindense que o nosso jornal foiconhecer de perto neste mês de fevereiro.

Ermesindevolta a entrar

na luta pelasubida!

Um mês 100 porcento vitorioso(quatro vitórias

noutros tantosjogos realizados)

fez com que aprincipal equipa

do ErmesindeSport Clube

voltassea vislumbrarbem de perto

a porta deacesso à Divisão

de Honrada Associaçãode Futebol do

Porto da próximatemporada.A turma dos

Sonhos agarrouo Castêlo da Maia

no 2º lugarda tabela

classificativa,clube com quemirá medir forças

já no próximo fimde semana num

duelo que seprevê de “vidaou de morte”!

FOTO MANUEL VALDREZ

Page 14: "A Voz de Ermesinde" n. 890, de 29 de fevereiro de 2012

A Voz de Ermesinde • 29 de fevereiro de 2012DesportoII

BILHAR

Paparugui ergueu a “primeira” Taça Bilharsindeque teve no Café Novo Espaço a equipa sensação!

MIGUEL BARROS

Terminou na noite do pas-sado dia 26 de fevereiro a 1ªEdição da Taça Bilharsinde,competição de pool portuguêsidealizada e organizada pelosempre ativo – bilharistica-mente falando – Voxx Cafféde Ermesinde, cuja fase finalteve como anfiteatro o pisoinferior do centro comercialParque Nascente (em Gon-domar). Num certame ondeparticiparam alguns dos me-lhores bilharistas nacionais daatualidade o desejado título foiganho pelos ermesindensesdo Paparugui que assim inau-

guraram a lista de campeões deuma competição que, pelo que vi-mos, tem tudo para imitar – noque toca a sucesso – a rainha dascompetições do Voxx, a SuperligaBilharsinde.

Taça Bilharsinde que decorreuno citado espaço comercial duranteuma semana – de 20 a 26 – e queatraiu os olhares de um elevadonúmero de público que ali tran-sitava e que não ficou indiferenteàs tacadas dos mais de 400 bilha-ristas participantes. No plano des-portivo, e como já vimos, o pode-roso conjunto do Paparugui levoua melhor na grande final sobre agrande surpresa da competição, aequipa do Café Novo Espaço, curi-

osamente também de Ermesinde,por 9-5. É caso para dizer que oPaparugui ficou com a taça mas

as luzes da ribalta foram todasdirecionadas para os bilharistasdo Novo Espaço, os quais para

marcarem presença no jogo maisapetecido da competição deixarampelo caminho – nas meias finais –outro gigante do bilhar português,a Academia Pedro Grilo, combi-nado este que se fez representarpelos seus melhores jogadores,casos de Bruno Fumega, JoãoSousa e do próprio Pedro Grilo.

Outrascompetições...

Paralelamente a esta novacompetição decorreram quatrooutros eventos bilharisticos or-ganizados pelo Voxx Caffé, no-meadamente a prova de 128 KOdireto, ganha por Salvador Gon-

çalves (da equipa Café NovoEspaço), a prova de 8 KO dire-to destinada às camadas jo-vens, cujo vencedor foi o con-junto do Dani Bar de Paços deFerreira, e ainda os certamesde 16 KO direto de pares,ganho pela dupla do Café S.Brás composta por FernandoNovais e Ricardo Gonçalves,e 16 KO direto apenas dispu-tado por jogadores do VoxxCaffé, que teve em MiguelSampaio o grande vencedor.

A cerimónia da entrega deprémios foi abrilhantada pelapresença do vicepresidente daFederação Portuguesa deBilhar, Adão Morais.

HÓQUEI SUBAQUÁTICO

Equipas do Clube Zupper ficaram na caudada tabela na 1ª etapa do Campeonato Nacional

A Piscina Municipal de Portode Mós foi mais uma vez o palcoescolhido pela Federação Portu-guesa de Atividades Subaquáticaspara acolher a 1ª etapa do Cam-peonato Nacional de hóquei sub-aquático de 2012. Certame quedecorreu no passado fim de se-mana de 25 e 26 de fevereiro, ten-do contado com a presença de 10equipas. Entre estas o Clube Zup-

per de Ermesinde, que este anose apresenta no Nacional comduas equipas. A dezena de con-juntos foi dividido em dois gruposde cinco, sendo que no Grupo Aficaram os Sharks, as equipas A eB do Clube de Natação da Ama-dora, o Aquacarca “B”, e o ClubeZupper “B”, ao passo que a “cha-ve” B foi composta pelos Aqua-carca “A”, Gaia Sub, NS Coimbra,

Clube de Natação da Amadora“B” e o Clube Zupper “A”.

Em relação ao filme dos doisdias de competição as boas atu-ações dos dois conjuntos zuppersnão se refletiu na classificação fi-nal, uma vez que ambos encerra-ram a tabela classificativa, os “A”no 9º lugar, e os estreantes “B”no 10º. Na 1ª fase desta etapa inau-gural o Clube Zupper “A” somou

um empate (ante os Gaia Sub) eaverbou 3 derrotas, ao passo queos jovens zuppers “B” perderamos quatro encontros disputadosdo seu grupo, embora, voltamosa frisar, dando boa réplica aosseus adversários numa demons-tração clara de que o futuro poderáser risonho para o clube de Erme-sinde. Pelo facto de terem ficadono último posto dos seus respe-

tivos grupos as duas equipas doClube Zupper discutiram entresi (no dia 26) quem escapava ao10º e último lugar da classificaçãofinal, sendo que na água os “A”levaram a melhor sobre os “B”com um resultado de 8-1.

Esta 1ª etapa do Campeo-nato Nacional foi ganha de formasurpreendente pela equipa “B”do Clube de Natação da Amadora

(CNA). No 2º posto ficaram osAquacarca “A” (equipa oriundade Carcavelos), ao passo que aencerrar o pódio ficaram os atuaiscampeões nacionais, o CNA “A”.A restante classificação ficou or-denada da seguinte forma: 4º –Aquacarca “B”; 5º – NH Coim-bra; 6º – Sharks; 7º – CNA “C”;8º – Gaia Sub; 9º – Clube Zupper“A”; e 10º – Clube Zupper “B”.

KICKBOXING

Palmilheira arrecadou três títulosregionais diante do seu público

MB

A cidade de Ermesindefoi durante um dia (11 de fe-vereiro passado) a capital dokickboxing regional ,na se-quência do acolhimento doCampeonato Regional destamodalidade (nas variantes delight-kick, semi-contact, ae-rokick e formas musicais).

Organizado conjuntamentepela Associação de Kickboxing eFull-contact da Região Norte epelo Clube Desportivo da Palmi-lheira, a competição teve lugar noPavilhão Gimnodesportivo deErmesinde, recinto que registouuma boa afluência de público aolongo de toda a jornada.

Presentes estiveram cerca deuma centena de atletas em repre-

sentação de 40 clubes filiadosna citada associação.

E um dos clubes com maisrazões para sorrir no rescaldodeste evento foi precisamenteo emblema da casa, o ClubeDesportivo da Palmilheira, quese fez representar com seisatletas, tendo três deles obti-do outros tantos títulos distri-tais. Foram eles Bruno Andra-de, no escalão de – 63 kg,Cristiano Coelho, no escalãode – 74 kg, e Maria Correia,no escalão de + 65 kg.

Satisfeito com estes resul-tados estava o mestre JoaquimFerreira, o treinador do clubeermesindense, o qual confiden-ciaria ao nosso jornal que es-tes títulos tiveram um sabormuito especial atendendo aofacto de esta ter sido a pri-meira vez que muitos dos seusatletas apareceram numa com-petição deste calibre.

HÓQUEI EM PATINS

A.D. Valongo de olhos postosno topo da classificação

Fevereiro trouxe a melhor série de resultados obtida pela Associação Desportiva deValongo no Campeonato Nacional da 1ª Divisão de hóquei em patins, época 2011/12.

Em quatro jogos realizados o combinado às ordens de Paulo Pereira triunfou por trêsocasiões e consentiu apenas um empate, resultados que deixam os valonguenses com umavista privilegiada ante os lugares de topo da classificação. Panorâmica que até podia sermelhor caso a sequência de três vitórias consecutivas obtidas nos três primeiros fins desemana do mês que agora finda (cronologicamente ante a Académica de Espinho, por 7-2, doInfante de Sagres, por 7-3, e do Juventude de Viana por 4-3) não tivesse sido interrompidapelo empate caseiro (3-3) diante da Física de Torres Vedras a 25 de fevereiro último, dia emque foi disputada a 16ª jornada do escalão máximo do hóquei patinado lusitano. E bempodemos dizer que foi um empate arrancado a ferros, alcançado pela equipa da casa nosúltimos segundos de uma partida intensa, disputada ao milímetro por duas equipas quelutaram até à exaustão pela conquista dos três pontos. Galvanizado pelo seu frenéticopúblico o Valongo inaugurou o marcador por intermédio de João Marques na cobrança deuma grande penalidade. Vantagem que no entanto duraria pouco, já que o irrequieto Físicarapidamente daria a volta aos acontecimentos por intermédio do endiabrado Ricardo Pereira,jogador que num ápice apontou três golos!

O Valongo não baixou os braços e continuou a lutar com todas as suas armas. Esforçoque seria então compensado por duas ocasiões, uma por João Souto e outra já a escassossegundos do fim por Nuno Rodrigues, que selou o resultado do encontro em 3-3.

Na classificação os valonguenses ocupam um confortável 6º lugar, com 26 pontos, muitoperto da zona de acesso à Liga Europeia da próxima temporada! Na frente continua o FCPorto, com 48 pontos somados.

Nota: Todos os resultados e classificações desta competição podem ser consultados nanossa edição online.

FOTO CD PALMILHEIRA

FOTO VOXX CAFFÉ

Page 15: "A Voz de Ermesinde" n. 890, de 29 de fevereiro de 2012

29 de fevereiro de 2012 • A Voz de Ermesinde Desporto III

ENTREVISTA COM O PRESIDENTE E O TREINADOR DE HÓQUEI SUBAQUÁTICO DO CLUBE ZUPPER

FOTO MANUEL VALDREZ

Suplemento de “A Voz de Ermesinde” (este suplemento não pode ser comercializado separadamente).Coordenação: Miguel Barros; Fotografia: Manuel Valdrez.Colaboradores: Agostinho Pinto, João Queirós e Luís Dias.

Zuppers querem voar bem altonos céus do desporto nacional

O curto tempo de vida está longe de ser um facto suficientementeforte para impedir que a jovem família “zupper” sonhe em calcarrear,num futuro muito próximo, os patamares mais altos do desportonacional. Nesse trajeto vislumbram-se algumas dificuldades – ounão fôssemos todos nós vítimas desta crise que teima em deixar--nos em paz e sossego – que no entanto não se afiguram mais doque meros obstáculos capazes de serem superados pela desmedidapaixão pelo desporto ostentada por estes homens e por estas mu-lheres, na realidade a mesma paixão que esteve na origem donascimento do Clube Zupper. Um emblema que o nosso jornal ficoua conhecer este mês bem de perto, na sequência de uma conversacom Nuno Ribeiro e António Silva, os dois sonhadores de umprojeto que, ao fim de apenas um ano e meio de vida, já se tornounum caso sério no universo do hóquei subaquático nacional.

MIGUEL BARROS

Em comum têm ambos aenorme paixão pelo desporto emgeral. Confessam-se mesmo vicia-dos no fenómeno desportivo, naverdade a razão prinicipal paraque em setembro de 2010 tives-sem dado vida ao sonho de fundarum clube onde pudessem sim-plesmente colocar em prática osentimento que ambos carre-gavam. Nuno Ribeiro e AntónioSilva, o nome dos dois homensque idealizaram e colocaram emprática o projeto batizado deClube Zupper, que com escassotempo de vida é já um veículodestacado na tarefa de levarpelos quatro cantos do país onome de Ermesinde e do pró-prio Concelho de Valongo.

Mas não só os nomes dacidade e do concelho que lhesserviu de berço têm sido elevadospelos “zupers”, já que a própriamodalidade na qual se deram aconhecer ao Mundo, o hóqueisubaquático, muito lhes temficado a dever. Hóquei que aliadoà referida paixão pelo desportofoi o pretexto, digamos assim,para a fundação do Clube Zupper.Nuno Ribeiro, que agrega em sias funções de presidente daDireção e intérprete desta mo-dalidade, faz uma curta viagem notempo para recordar o momentoem que o seu amigo e ex-pro-fessor de natação António Silva odesafiou para experimentar orecém-chegado a Portugal hóqueisubaquático. Deslocaram-seentão ao Fluvial Portuense, ondetravaram conhecimento com amodalidade e desde logo se podedizer que foi amor à primeiravista. Entusiasmados com aexperiência, não demorou muitotempo a que pusessem em práticao sonho comum que ambostransportavam: fundar um clube.

«Tínhamos os dois clubes fic-tícios, isto é, grupos de amigoscom quem praticavámos des-porto, pelo que decidimos juntar-nos e criar um clube a sério»,relembram.

Fundado o Clube Zupper, foide imediato colocado em práticao projeto de desenvolver o hóqueisubaquático na nossa cidade, con-tribuindo e muito para alcançaressa meta os conhecimentos e aexperiência de António Silva, umhomem fascinado pela água e portodas as atividades desportivasque nela se desenvolvem, como opróprio faz questão de deixar bemclaro. Monitor de natação há 16anos e atualmente coordenador daPiscina Municipal de Valongo,António Silva desde logo tentoucativar alguns ex-alunos seus danatação para experimentarem u-ma modalidade que “aterrou” emPortugal há apenas meia dúzia deanos. Ex-alunos que acederam depronto ao convite do “mestre”,experimentaram, gostaram e inte-graram posteriormente a primeiraequipa de hóquei subaquático dorecém-nascido Clube Zupper.Com algum orgulho AntónioSilva, que desde logo ficou com ocargo de treinador da equipa,refere que grande parte dosprimeiros hoquistas zuppersforam seus alunos de nataçãoquando tinham idades a rondaros 4 ou 5 anos, como é o exemplodo próprio Nuno Ribeiro.

O iníciooficialda aventura

2011 marca pois o início oficialda aventura zupper no hóqueisubaquático, com a participaçãono Campeonato Nacional. Umapresença que valeu acima de tudopelos ensinamentos adquiridospela “convivência” com as gran-

des equipas da modalidade emPortugal, o mesmo é dizer o Clubede Natação da Amadora e osAquacarca (de Carcavelos). Nemmesmo o último lugar obtidopelos zuppers no final da com-petição parece ter arrefecido oentusiasmo de fazer mais e melhornuma modalidade onde a curtoprazo querem ser grandes. Aliás,bem se poderá classificar o anode estreia do Clube Zupper naalta roda do hóquei subaquáticonacional como muito positivo,pois o interesse e curiosidade pelamodalidade cresceu a olhos vistosem Ermesinde. «A modalidadeestá a crescer imenso no seio declube. Em apenas um ano con-seguimos fazer algo inacreditável,que foi captar míudos e graúdospara a modalidade, de maneira queatualmente temos já cerca de 30atletas federados com idadescompreendidas entre os 16 e os40 anos. As pessoas vieram terconnosco para experimentar amodalidade, gostaram e ficaram».

Aumento de atletas que obri-gou a que o Clube Zupper tivesseinscrito na edição de 2012 doCampeonato Nacional não umamas duas equipas! «Esse foi onosso principal objetivo para estanova época, ter duas equipas acompetir ao mais alto nível numamodalidade que, tal como nós,está a crescer em Portugal. Aliás,quero dar os parabéns aos novosjogadores que, apenas com 2 ou3 meses de atividade estiveramnum bom plano na 1ª etapa doCampeonato Nacional de 2012[ver desenvolvimentos sobre estaprova na página ao lado]. Secompararmos a prestação danossa equipa B com o desem-penho da estreia da equipa A naépoca passada constatamos queos B estiveram bem melhor,mesmo não tendo ido além doúltimo lugar da etapa. Isso

demonstra claramente que estamosa evoluir e que temos potencial(atletas) para chegar longe namodalidade», refere António Silva.

Ambos os interlocutores nãotêm dúvidas que o futuro doszuppers está assegurado com aentrada de novos e promissoresatletas que poderão vir a dar muitasalegrias a este jovem clube, isto é,títulos nacionais, pese embora afilosofia zupper passe sobretudopor que todos os seus atletas secontinuem a divertir praticando des-porto no seio de uma grande família,a designação pela qual tanto NunoRibeiro como António Silva definemo Clube Zupper.

O que é certo é que meio a brin-car meio a sério esta família cada vezmais numerosa está aos poucos a en-raizar a modalidade em Ermesinde, eprova disso foi o sucesso da 1ª ediçãodo Torneio de Natal que o ClubeZupper realizou em dezembropassado nas piscinas do CPN.«Aquilo o que inicialmente havíamospensado como um simples torneioquadrangulgar amigável tornou-senum verdadeiro sucesso. Foi umgrande momento de hóquei, dito portodos os que aqui estiveram, de talmaneira que vamos querer repeti-lono próximo ano ainda com mais força,e quem sabe esta não seja a rampa delançamento para num futuro próximotermos aqui uma etapa do Cam-peonato Nacional. Seria espetacular»,diz Nuno Ribeiro.

Outrasmodalidadesna forja

Mas nem só de hóquei sub-aquático vivem os zuppers. Comoconfessos viciados pelo desportoque são, têm em mente elencar noclube novas modalidades. O paintballé uma delas, uma modalidade radical,por assim dizer, que aliás já faz partedo “ADN” zupper, sendo que de 15

em 15 dias os hoquistas sub-aquáticos juntam-se no “campode batalha” para dar uns tiros.«Nos nossos horizontes estáclaro levar o nome Zupper bemlonge também no paintball emprovas oficiais, mas para já estátudo muito cru». O atletismo, osurf, o bobyboard, o BTT, otriatlo ou futsal são modalidadesque foram igualmente equacio-nadas para o planeta zupper,sendo que alguns dos atuaismembros do clube vão a espaçospraticando algumas delas, aindaque por brincadeira, «mas o quepretendemos é cativar atletasque gostem dessas modalidadese que as queiram desenvolverno seio do nosso clube, e quepossam até mesmo ficar nofuturo responsáveis por essasmesmas secções. Ermesinde éuma cidade enorme, com muitagente que gosta de desporto eque neste momento está paradaem casa, e o que nós queremosé trazê-los para aqui paradesenvolver essas e outras mo-dalidades que possam surgir.

Para já podemos dizer queo futsal está muito próximo deser a próxima modalidade(oficial) do clube, uma vez queespaços para a colocar emprática até não faltam em Er-mesinde, como é o caso do rin-que do Complexo Desportivodos Montes da Costa que, aoque parece, se encontra inutili-zado, o que é uma pena. Aliás,já falámos com a Câmara deValongo para vir a poder utilizaraquele espaço e eles mostraramalguma abertura para isso podervir a acontecer. A ver vamos»,sublinha Nuno Ribeiro.

Estes são alguns dos so-nhos que por agora vão sendoidealizados pelos zuppers,que passo a passo vão le-vando a água ao seu moinho,

sendo o hóquei subaquático umbom exemplo disso. Sonhosesses que vão sendo projetados econcretizados sem apoios,conforme sublinham, ou nãoestivéssemos nós a atravessaruma crise que parece não ter fim.O clube vive apenas da carolicedos seus integrantes, carolice essaque vai chegando para pagar oaluguer da piscina do CPN – localonde os zuppers treinam sema-nalmente às 2ªs e 4ªs feiras – e asinscrições dos jogadores no Cam-peonato Nacional de hóquei sub-aquático. «É complicado angariarapoios nos dias de hoje, pois omais certo era darmos com o narizna porta (risos). E como iríamoster tantas respostas negativas issoiria acabar por desmotivar ogrupo. Por isso grão a grão vamospagando as despesas que temos,através das verbas arrecadadasdas mensalidades pagas pelosatletas (25 euros para atletastrabalhadores e 20 para estudan-tes)». Claro que carolice é umapalavra que no futuro os zup-pers vão querer apagar do seudicionário, «queremos ser umclube a sério».

Ideias e determinação nãolhes falta para atingir esse pa-tamar, e não têm dúvidas de queo nome Zupper ainda vai darmuito que falar.

«Este nome vai concertezaficar na cabeça de muita gente, evamos tentar ser uma marca noconcelho. Sem apoios mas coma dedicação e amor ao desportovamos tentar que o nome de Er-mesinde seja falado no país»,projetam.

Conforme fazem questãode frisar, querem continuar afazer jus ao nome de batismodo clube – Zupper –, que advémda palavra “super”: «Queremosser zuppers (supers) em muitacoisa ainda.

Page 16: "A Voz de Ermesinde" n. 890, de 29 de fevereiro de 2012

A Voz de Ermesinde • 29 de fevereiro de 2012Desporto

FUTEBOL

FUTEBOL

FOTO MÁRCIO CASTRO

Fevereiro pleno de vitórias recolocaErmesinde SC no trilho da subida!

MÁRCIO CASTRO*

Fazer melhor era impos-sível e nem mesmo o adeptomais ferveroso acreditava queo mês de fevereiro pudessedecorrer da forma como de-correu para a equipa princi-pal do Ermesinde, a qual emquatro partidas disputadas so-mou outras tantas vitórias! Emais do que isso voltou a vis-lumbrar com maior nitidez aporta de acesso à subida ao

escalão máximo da Associação deFutebol do Porto da próxima épo-ca, ocupando agora, ao fim de 24jornadas, o 2º lugar em parceriacom o Castêlo da Maia. Um bra-ço de ferro que poderá ser desfei-to já no próximo domingo (4 demarço), altura em que as duasequipas irão medir forças no Es-tádio de Sonhos, num duelo porcerto escaldante e decisivo para ofuturo das duas nesta competição.

Bom, mas para já registamosnestas páginas as ocorrências da

última vitória do Ermesinde, obtidano passado dia 26 no reduto doBougadense em jogo a contar paraa 24ª ronda. 2-0 foi a prenda deaniversário que os jogadores er-mesindistas deram ao treinadorVítor Leal, um score que pelo quese passou no terreno até poderiater contornos bem mais dilatados.

Num jogo (na imagem) desentido único, o guarda-redes daequipa da Trofa foi o primeiro he-rói da tarde após defender umagrande penalidade apontada por

Artur Alexandre. Antes desselance ficaram por assinalar maisduas grandes penalidades contraos visitados, a castigar faltas cla-ras sobre Nando e Paulo.

Até ao intervalo ainda houvetempo para ver o Bougadensefazer o seu primeiro remate doencontro, quando estavam de-corridos 37 minutos, e para umfora de jogo mal tirado ao ata-cante ermesindista Paulo.

Na segunda parte Armandoentrou para o lugar do capitãoPaulo e a equipa da casa tentafazer mossa na defesa contrária,criando dois lances de perigoseguidos (aos minutos 53 e 54).

O treinador do Ermesindemexe na equipa mais uma vez,com a entrada de Flávio por tro-ca com Serginho, alteração quefez com que o combinado danossa freguesia imprimisse umamaior velocidade ao jogo, já quedali em diante Flávio e Nandofizeram a cabeça em água aosdefesas da casa. E seria precisa-mente destes dois jogadores quesairia o primeiro golo da tarde,numa altura em toda a equipa do

Bougadense já defendia. Nando“abriu o livro” e entregou a Flávioque, com muita calma e classe,fez aos 65 minutos um golo debelo efeito. Com um domínio dosacontecimentos cada vez maisacentuado adivinhava-se o se-gundo tento para os forasteiros.Tento que viria a surgir ao minuto75, tendo como protagonistasFlávio e Armando, com o primeiroa assistir magistralmente o se-gundo que, num remate deprimeira, não deu hipóteses aoinspirado guardião local.

2-0, um desfecho justo paraum Ermesinde nitidiamente supe-rior a um Bougadense que luta porestas alturas – de forma deses-perada – pela permanência no se-gundo escalão distrital.

Neste encontro o Ermesindealinhou com: Rui Manuel, César,Hélder Borges, Cláudio, Joca,Marco, Medeiros (Ricardo Leça,aos 85m), Artur Alexandre,Sérgio (Flávio, aos 60m), Nandoe Paulo (Armando, aos 45m).

Este foi como já vimos oquarto triunfo consecutivo dospupilos de Vítor Leal em fe-

vereiro, mês que teve início(no dia 5) com uma magramas importante vitória caseirasobre o Balasar, por 1-0. Umasemana mais tarde (dia 12)surgiu a quinta vitória fo-rasteira da presente tempo-rada, alcançada em Vila Ca-iz, por 3-1, ao passo que a19 de fevereiro, e num jogoimpróprio para cardíacos, osverde e brancos bateram emcasa o Caíde Rei por 3-2.

A combinação destesresultados a juntar às escor-regadelas do Castêlo da Mai-a (contabilizou duas vitórias,um empate e uma derrotaao longo do mês) faz comque estas duas equipas re-partam agora o 2º lugar, com50 pontos, menos seis queo lider Perafita.

Nota: Todos os re-sultados e classificaçõesdesta competição podemser consultados na nossaedição online.

*com MB

Partida (de mau gosto) de Carnaval deu origemà primeira derrota caseira do Formiga

MB

Bem se podia dizer que de uma partida de Carnaval setinha tratado, uma partida de mau gosto para sermos maisprecisos, em relação aos factos passados no passado dia 21(precisamente dia de Carnaval) no Complexo Desportivodos Montes da Costa, data em que o Formiga conheceupela primeira vez na presente temporada a derrota diantedo seu fiél público. Tal aconteceu ante o conjunto dosLusitanos, o qual saiu de Ermesinde com um precioso tri-unfo por 1-0 quase sem saber “ler nem escrever” tamanhafoi a falta de inspiração em fazer pela vida ao longo detoda a contenda. Aliás, desinspiração que nesta partida da24ª jornada da Série 1 do Campeonato Distrital da 2ª Di-visão foi mesmo uma característica comum às duas equipas,a quem o nulo no marcador, pelo andar da carruagem,parecia interessar. Porém, um golpe de sorte quase ao cairdo pano (87 minutos) deu aos Lusitanos os três pontos emdisputa, assinalando assim a primeira queda formiguenseem sua casa.

Alguns dias mais tarde (a 26 de fevereiro) os pupilos deNuno Melo viajaram até ao terreno do Inter de Milheirósnuma partida inserida na 25ª ronda. Com a intenção de apagaras más recordações da jornada anterior o Formiga começoupor dar luta à equipa maiata que, como era previsível, atéentrou mais atrevida no terreno de jogo. Porém, ao intervaloo empate aceitava-se perfeitamente, embora por aquilo queas equipas vinham fazendo esta igualdade pecava apenaspela falta de golos.

No reatamento o Formiga ficou sem baterias! Fisicamentea equipa ermesindense foi completamente abaixo, conseguin-do apenas suster a igualdade a zero no marcador até final, jáque ofensivamente mostrou-se completamente inofensiva.

Clube precisade maishoras de treino

Na voz dos responsáveis do emblema de Ermesinde estedecréscimo exibicional – que se tem refletido nos resultados,tendo em cinco jogos disputados no mês de fevereiro o For-miga somado apenas uma vitória, diante do Salvadorense (nodia 12) por 3-0, e averbado três derrotas, ante Vila Boa deQuires (dia 5), por 2-3, Cristelo (dia 19), também por 2-3, emais recentemente diante dos Lusitanos, como já vimos –prende-se sobretudo com a deficiente condição física que osseus atletas ostentam atualmente, muito por culpa do poucotempo de treino que o clube tem disponível ao longo da se-mana. De acordo com o que nos foi dito o plantel formiguenseapenas dispõe de dois dias por semana para apurar o físicono pelado do Complexo Desportivo dos Montes da Costa,sendo que o período de utilização das citadas instalações nãoultrapassa o tempo de 1h15 em cada um desses dias! Tudosomado os formiguenses treinam apenas 2h30 por semana!Muito pouco para um escalão tão exigente como este, ondeexistem equipas que se preparam para os jogos com quatroe cinco treinos semanais, conforme nos foi dito pelos diri-gentes formiguenses, os quais esperam que na próxima épocaa Câmara de Valongo – a responsável pelo recinto dos Montesda Costa – possa dar mais horas de treino ao clube.

Voltemos a factos desportivos para referir que em termosposicionais o Formiga ocupa o 7º lugar, com 33 pontos, de umcampeonato cujo título muito dificilmente irá fugir do Mo-cidade Sangemil, clube que lidera isolado, com 54 pontos.

Nota: Todos os resultados e classificações desta com-petição podem ser consultados na nossa edição online.

Sérgio Bonifácioe Café Avenida(Ermesinde) são4ºs na primeira provada nova temporada

DAMAS

MB

Arrancou no passado dia 25 de fevereiro atemporada damista de 2012. No Centro Nortonde Matos, em Coimbra, realizou-se então o IITorneio Abertura da Federação Portuguesa deDamas, prova que contou com a presença de 34damistas em representação de oito equipas na-cionais.

Entre estas encontrava-se o Café Avenida deErmesinde, combinado que se fez representarpor quatro atletas, nomeadamente Manuel Sil-va, José Rocha, Nélson Monteiro e Sérgio Bo-nifácio.

Este último jogador conseguiu mesmo obtera melhor classificação no plano individual parao combinado ermesindense, o 4º lugar. Curio-samente o 4º posto foi igualmente a classi-ficação obtida pelo Café Avenida na vertentecoletiva, cujo título ficou na posse do GinásioVilacondense.

Individualmente o mais forte voltou a ser ojogador mais titulado das damas nacionais (eatual campeão nacional), Manuel Vaz Vieira, daequipa ACM-Coimbra.

Page 17: "A Voz de Ermesinde" n. 890, de 29 de fevereiro de 2012

29 de fevereiro de 2012 • A Voz de Ermesinde 13Música

Entrevista com Anabela Freire

“A Voz de Ermesinde” (AVE) -Comecemos pelo presente; nestemomento estás envolvida em quetrabalhos?

Anabela Freire (AF) - No presen-te ano letivo estou a lecionar no Con-servatório do Vale do Sousa – Lousada,e no Conservatório de Música deFelgueiras, onde integro a Direção Pe-dagógica. Ao mesmo tempo estou a ter-minar o Mestrado em Ensino Vocacionalde Música, na Universidade de Aveiro.

AVE - Sentes-te mais realizadacomo professora?

AF - Sinto-me muito realizada, to-dos os dias. Tenho o privilégio de fa-zer o que realmente gosto.

AVE - Enquanto flautista, sen-tes-te mais à vontade como solistaou inserida numa orquestra ou gru-po de música de câmara?

AF - Gosto muito de ambos. Nes-te momento, sinto-me mais à vontadeem música de câmara.

AVE - O meio musical é algo quete é familiar de há muito tempo?

AF - Desde a infância.

AVE - Qual foi a motivação para

a prática da Música?AF - Inicialmente, os meus pais. De-

pois, foi o puro prazer de fazer música.

AVE - Que tipo de experiências játiveste enquanto fazias música?

AF - Felizmente muitas experiên-cias boas, como tocar para um grandepúblico, em auditórios cheios, em mú-sica de Câmara, a solo com Orquestra,ou inserida numa Orquestra. Lembro-me por exemplo de tocar a “CarminaBurana” com a Orquestra do Norte, nacerca do Castelo de Óbidos, com luacheia e um ambiente mágico. Outra ex-periência que recordo muito foi ter di-rigido um Coro com músicos holande-ses, suecos, portugueses e lituanos,durante uma semana, em que aprendimuito, em Malmö, na Suécia. Tivetambém experiências engraçadas, comoconcertos de Carnaval, ou na Banda,em coretos a abanar.

AVE - Que planos tens para ofuturo?

AF - Acabar o Mestrado, continu-ar a dar aulas, porque gosto muito, terum grupo de Música de Câmara e expe-rimentar algo que ainda não tenha feito.

AVE - Que sonhos tens para estaatividade?

AF - Que haja mais desenvolvi-mento cultural do País, porque é naEducação e na Cultura que um país sedemarca perante os outros (pelo me-lhor e pelo pior).

AVE - Por falar em futuro, quemodelo de divulgação prevês para amúsica?

AF - A música é das atividades mais

divulgadas. Infelizmente limita-se muitoao estilos comerciais (pop, rock,...), quesão uma pequena fração do que devia ser oâmbito de escolha do público. O públicoportuguês é muito díspar: ou é culto, co-nhece vários géneros musicais e procuraconhecer mais, para poder escolher; ou sóconhece um ou dois géneros , e “escolhe”ouvir sempre o mesmo, porque nunca co-nheceu, nem quer conhecer, outro. Digoisto sem preconceitos, porque para mim,a Música é só uma: apenas creio que sedeve conhecer, para não se ficar limitado,e sempre à parte de experiências diferen-tes. Existem estudos que demonstram quea audição e execução musical têm diferen-tes efeitos no cérebro, conforme o géneromusical. Afetamos o nosso cérebro com amúsica que ouvimos, por isso, talvez sejamelhor escolher a que tem efeitos maisbenéficos (já agora, os compositores clás-sicos estão entre os mais benéficos, a níveldo desenvolvimento do cérebro e do siste-ma nervoso).

AVE - O que é possível fazer nomeio musical para sobreviver? Ouessa ideia está errada, a de que nãoé possível viver de forma normal pelamúsica e da música?

AF - Pode viver-se confortavelmen-te da Música, desde que se conheça omercado, se procure formação para o quese quer fazer, e se seja Bom no que se faz.No fundo, a mesma receita que para qual-quer profissão, creio. Só não podemos fi-car parados, em casa, à espera que as coi-sas aconteçam por si, ou insistir numa ati-vidade que já esteja repleta de profissio-nais desempregados, onde não háperspetiva de emprego. Não basta ter for-mação, é preciso ter perspetiva da utilida-de da formação no mercado de trabalho.

O meio musical é imenso: desdemaestro, compositor, instrumentista/cantor, professor do ensino especi-alizado ou do genérico (desde oinfantário à universidade sénior), in-vestigador, musicoterapeuta, vendedorou “luthier” de instrumentos, produ-tor musical, técnico de som, progra-mador cultural/musical, afinador depianos, etc...

AVE - Mudando de assunto, pas-semos ao meio que te rodeia, à ci-dade onde vives e que te acolhe nosteus projetos. Vives em Ermesindehá quanto tempo?

AF - Vivo cá há 30 anos.

AVE - Na generalidade, que teparece Ermesinde?

AF - É um subúrbio. Tem algumaatividade cultural, por exemplo noFórum Cultural de Ermesinde. Poroutro lado está muito perto da ofertacultural do Porto, e por isso há ummisto de desejo e apatia cultural local.

AVE - Que achas da cidade emtermos ambientais e culturais? Haviaalgo que gostasses que fosse mudado?

AF - A nível ambiental, o básico:era bom haver mais caixotes do lixonas ruas e que as pessoas os usassem,e que pudéssemos andar pelos passei-os, sem termos de estar constantemen-te atentos à porcaria canina, espalhadapelo chão.

Culturalmente: Não apenas na ci-dade, mas no País, duas coisas: aconceção de som – ainda se sente mui-to enraizado o “quanto mais alto me-

lhor!” É assim que ouço muitas apre-sentações que deviam ser musicais, emvez de devastadoras para a saúde pú-blica. Desrespeita-se frequentementeos limites de intensidade do som nosespetáculos, inclusive os que têm cri-anças no público! Isto é grave.

Por outro lado, já era hora dosagentes culturais do concelho seremmais profissionais na apresentação deespetáculos. Desde o cumprimento dehorários (quer de ensaios, quer do iní-cio dos espetáculos), ao respeito pelopúblico, principalmente os níveis deaudibilidade, mas também as apresen-tações em si serem mais cuidadas, me-nos relaxadas (para não dizer deslei-xadas). A título de exemplo, no verãopassado, durante a Expoval, houve umconvite para uma participação musi-cal de crianças e jovens no Parque daCidade de Ermesinde, que nunca maiscomeçava, porque o grupo musical queia atuar à noite se atrasou a começar oensaio; então estiveram a testar arro-gante e interminavelmente o som, e apessoa encarregue de gerir as apresen-tações não tomava nenhuma atitude,dizendo que não podia fazer nada. Queé isto?? Acham que não sabemos o queé organizar e realizar espetáculos? Oupior: que nunca vamos a espetáculosdevidamente organizados, fora da ci-dade, ou do país? As crianças, jovens epais esperaram educada e incredula-mente, e a apresentação começou umahora depois do previsto! Espero quemelhorem, profissionalizando-se.Quanto aos pais, deviam exigir respei-to, e reclamar o direito à qualidade dosespetáculos, como um todo.

Confiança

Direcção Técnica:Dr.a Cláudia Raquel Fernandes Freitas

Telefone 229 710 101Rua Rodrigues de Freitas, 1442 4445 ERMESINDE

FarmáciaCAFÉ • SNACK • RESTAURANTE

GAZELAAGENTE: TOTOBOLA e TOTOLOTO

RUA 5 DE OUTUBRO, 1171 - TELEF.: 229 711 488 - 4445 ERMESINDE

Rua Joaquim Lagoa, 15 Tel./Fax 229722617 4445-482 ERMESINDE

Dir. Técnica: Ilda Rosa Costa Filipe Ramalho

FILIPECERQUEIRA

NOTA: Na última entrevista ficou por apresentar a nota biográficadevida ao entrevistado Jorge Simões. Com as nossas desculpas, aqui fica:

Jorge Miguel Soares Simões, nascido em 1989, morador em

Ermesinde, frequentou o Colégio de Santa Joana e a Escola Secundária deErmesinde. Atualmente estuda Engenharia Informática na Faculdade deEngenharia da Universidade do Porto.

Estudou Piano e Teoria Musical durante a infância, tal como línguasno Instituto Bristol School em Ermesinde, completando o grau CPE daUniversidade de Cambridge em Língua Inglesa.

Nesta edição continuamos a apresentar entrevistas feitas a ermesindenses que tenhamalgum tipo de atividade relacionada com a música. O propósito é o de dar voz a quem temalgo de importante e interessante a dizer sobre música, seja ela de que estilo for. São pesso-as que vivem em Ermesinde e que nos dão a sua visão sobre a sua cidade como cidadãosatentos. Mensalmente, tentaremos demonstrar que em Ermesinde vivem, estudam e traba-lham pessoas com presente e futuro na música.

Este mês, Anabela Freire, licenciada em Flauta Transversal pela Escola Superior deMúsica Artes do Espectáculo. Estudou também no Conservatório de Música da CidadeInvicta, frequentando atualmente o Mestrado em Música da Universidade de Aveiro. Partici-pou em cursos de Pedagogia Musical e de Musicoterapia. Gravou para a RDP – Antena 2.

FOTO ARQUIVO FC

Page 18: "A Voz de Ermesinde" n. 890, de 29 de fevereiro de 2012

14 A Voz de Ermesinde • 29 de fevereiro de 2012Gestão

FARMÁCIA ASCENSÃO

Rua dos Combatentes, 41Telefone 22 978 3550 • Fax 22 978 3559 4445-384

DIRECTORA TÉCNICAANA MARIA C. DE ASCENSÃO CARDOSO

Licenciada em Farmácia

PÃO QUENTE E CONFEITARIAFABRICO PRÓPRIO • SALÃO DE CHÁRUA D. ANTÓNIO CASTRO MEIRELES N.º 155 • 4445 ERMESINDE • TEL. 22 975 4618 • FAX 22 974 1605

Café Snack-BarCafé Snack-BarCafé Snack-BarCafé Snack-BarCafé Snack-Bar

RestauranteRestauranteRestauranteRestauranteRestauranteR. Padre Avelino Assunção, 59-63Telefone 229 718 406 4445 ERMESINDE

Café Snack-BarCafé Snack-BarCafé Snack-BarCafé Snack-BarCafé Snack-Bar

RestauranteRestauranteRestauranteRestauranteRestauranteO Sino

Gaivota

Farmácia de SampaioDirecção Técnica - Drª Maria Helena Santos Pires

Rua da Bouça, 58 ou Rua Dr. Nogueira dos Santos, 32Lugar de Sampaio • Ermesinde

Telf.: 229 741 060 • Fax: 229 741 062

• Banho privativo

• Telefone

• TV c/ vários canais

Rua Rodrigues de Freitas, 1572 – 4445 ERMESINDE – Tel. 229 735 571

ABÊCAMILO MOREIRA

Rua da Várzea, 377 • Alfena • 4445-227 ERMESINDETelef.s 22 968 7368 / 22 968 0681 • Fax 22 968 0681

uando se fala em cresci-mento para a resoluçãodos problemas da criseque atravessamos, inevi-tavelmente teremos que

Finalmente temos as questões relacionadascom a concorrência internacional, de onde sedestaca o país continental chinês e os novospaíses emergentes (Índia, Brasil e Rússia).

Portugal encontra-se neste enclave sem

grandes possibilidades de se libertar a curtoprazo destes constrangimentos. Em primeirolugar estamos definitivamente amarrados auma zona euro que gere toda a política finan-ceira e alimenta interesses instalados, veja-se o facto de o Banco Central Europeu em-prestar aos bancos da zona euro a uma taxa

falar das empresas. Asempresas são o motor do crescimentoeconómico, sendo necessárias as condi-ções para que sobrevivam, criem o talemprego de que tanto se fala, e promo-vam o referido crescimento.

Entre as diversas condições neces-sárias à sua laboração encontram-se emprimeira linha as vias de financiamento, paraalavancar o investimento e consequen-temente a produção; também as questõesenergéticas se colocam numa posição fun-damental para que as empresas possamfuncionar. Estamos a atravessar uma faseem que a ditadura das energias fósseiscontinuam a impor e condicionar as condi-ções das regiões que delas necessitam.

JOSÉQUINTANILHA

Crescimento é a palavra chave

FOTO ARQUIVO

de 1%, e estes emprestam às empresas (aalavanca do crescimento) a taxas 5 e 6 vezesmaiores, muitas vezes com o aval do pró-prio Estado, como é o caso da linha PMECrescimento cuja taxa ronda os 5%. Quem

ganha com isto?… Sempre os mesmos.Também em relação às questões ener-

géticas verifica-se uma tentativa de esquivapara as renováveis, só que tanto num casocomo no outro se mantém um monopólio dasempresas do sistema, como as petrolíferaspor um lado, e EDP, REN, e outras pseu-

doconcorrentes, que se mantêm na linhade aumento dos preços deste bem funda-mental, incrementado pelo aumento da taxado IVA, o que agrava ainda mais o custoda energia, tão fundamental para o tal cres-cimento económico. Quem ganha comisto?… Sempre os mesmos.

Finalmente a concorrência dos paí-ses que praticam declaradamente odumping social com condições de traba-lho por vezes inumanas, de onde se des-taca o trabalho infantil e os horários es-cravos, que provocam nas economiasocidentais e designadamente em Portu-gal, uma pressão imoral sobre as condi-ções de trabalho; veja-se a redução desalários e apoios sociais aos nossoscompatriotas mais necessitados (velhos,criança e doentes), agravando a situa-ção de precaridade em que nos encon-tramos, com níveis de pobreza e desem-prego crescentes, num ciclo degene-rativo de austeridade. E quem perde comisto?… Sempre os mesmos.

Têm que se ultrapassar os pontos estra-tégicos de ação para o desbloqueio de umpovo que inclusivamente não preveem a suaregeneração, o que passará pela reflexão des-tas condições de crescimento em que asempresas estarão sempre numa posição cen-tral como forma de revitalizar e até promovero rejuvenescimento dos portugueses.

Page 19: "A Voz de Ermesinde" n. 890, de 29 de fevereiro de 2012

29 de fevereiro de 2012 • A Voz de Ermesinde 15

Crenças ou crendices – castigoquiridos nos contactos com autóctonesum tanto excluídos, emigrantes portu-gueses e de várias outras nacionalidadesmas, por baixo desse vernizengorgulhotado, conservavam, muitasvezes, a fraqueza de espírito, a ausênciade princípios de sã convivência, mal-

querenças transmitidas pelos progeni-tores, em especial o elemento feminino,diferenças antigas com outras mulheresda aldeia, palha seca prestes a originarincêndio à menor faúlha que as tocasse.

As filhas que por ali se mantive-ram não esqueceram a tendência gené-tica para a quesília, língua bem afiada edisponibilidade para a zaragata. A mor-te do tio Sincelho, no alto da serra, de-vida a um disparo da própria caçadeiraconsiderado acidental pelas autorida-des competentes, não teria ido maisalém na demanda de responsabilidadesse não houvesse contas velhas paraacertar com a tia Mércia, vizinha e damesma geração do falecido e da Cândi-da sua viúva. Não se sabe ao certo ondeterão começado os desentendimentosentre as duas mulheres, conhecido erao hábito de discutirem a cada passopor motivos de “lana caprina”, fazen-do barrela à roupa suja de incontáveisdias em que ferviam insultos e pala-vrões do mais sórdido menu conheci-

do. Ninguém testemunhou a cena por-que ele fora com a mulher para “à Quin-ta” e, quando lhe pareceram horas,mandou-a para casa que ele ia “dar unstiros”, matar um coelho para o jantar.Chamou o cão, pôs a caçadeira ao om-bro e seguiu o seu instinto pouco afi-

nado de caçador ocasional. A mulhercumpriu a ordem recebida e recolheu-se a descascar as batatas, a lavar e cor-tar as couves, a pôr a panela no fogãoque só acenderia mais tarde. Entretan-to, arrumou a casa e, como se aproxi-mava a noite e o homem não chegava,deu conta da sua inquietação às filhasjá casadas que, de pronto, a acompa-nharam à sua procura. Com o instintoa guiá-las e depois de algumas buscas,foram encontrá-lo morto, trespassadopor uma bala que, mais tarde, os peri-tos asseguraram ter partido da própriaespingarda, considerando também queo tio Sincelho, já com mais de oitentaanos, devia ter escorregado ou trope-çado e, ao tentar apoiar-se na arma,esta disparou atingindo-o no abdómen.Todavia, o parecer dos entendidos nãoevitou que as dores do luto se mistu-rassem às da inimizade com a tiaMércia e, dias após o funeral, duas fi-lhas do defunto saíram-lhe ao caminhoe agrediram-na, assacando-lhe a res-

ode o bom sensoadmitir que al-guém seja respon-sabilizado pelamorte de outrapessoa, a quiló-

metros de distância entre si e semoutra arma que não fosse adesafeição que reciprocamentemantinham?

O mesmo bom senso pode ad-mitir que o ódio que alguém mani-festa por um vizinho, na hora emque o vê morrer, venha terconsequências fatais para aquele,um quarto de século mais tarde,no mesmo local em que presen-ciou o infausto acontecimento eem circunstâncias muito idênticas?

E também que…Ele há coisas! – diz o povo com

toda a razão. E tornou-se moda afir-mar que não há coincidências. Emcerto sentido, talvez possamos acei-tar tal posição, considerando que,por mais semelhanças que encon-tremos entre dois factos ou situa-ções, eles nunca serão rigorosamen-te iguais; olhando de outro prisma,alguns acontecimentos deixam-nosperplexos, incrédulos, temerosos,porque parece ter havido entre elesuma relação de causa e consequênciaou de interferência transcendental.

Comecemos pelo caso do tioSincelho, trabalhador de mão cheia,bom reprodutor e um tanto impru-dente nos seus juízos. Enquantoviveu a tia Petronilha, sua mãe, quedispunha do usufruto de terras elameiros à morte do marido do qualnão teve filhos, foi ele que assumiuo seu manejamento, garantindo as-sim melhor sustento ao seu núcleofamiliar, ele, a mulher e umacatrefada de filhas e filhos à manei-ra antiga que, uma vez criados, to-maram seu rumo, uns para a emi-gração, outros na própria aldeia. Osprimeiros, como a grande maioriados estrangeirados, vinham à terrapassar as vacanças, no mês deAgosto, e impunham aos residen-tes um cequidiz ainda menos cui-dado do que o original, uns tiquesde gente urbanizada e finória ad-

ponsabilidade pela morte do pai. Elassabiam muito bem que a sua vítima,provavelmente, nunca tinha pegadonuma arma, ninguém a vira para aque-les lados onde o homem fora encontra-do sem vida, os seus trabalhos fazia-osali bem perto de casa e tinha o marido

muito doente a requerer toda a sua aten-ção, razões de sobra para ficar livre desuspeitas. Tê-la-ão elas acusado de as-sassínio moral, não por estas palavras,talvez algo como coisas de bruxaria,correspondendo a “trabalho” de ma-cumba noutras paragens, ou similares.O caso foi parar a tribunal e prometeter novos capítulos em tempos maisou menos próximos. Ninguém diria que,num país e numa região em que o cato-licismo sempre impregnou a vida indi-vidual e coletiva, fosse tão frequente orecurso a práticas e justificações base-adas num substrato pagão ou animista,frequentemente mais crível do que osensinamentos religiosos contrários asuperstições e quejandas.

Vinha caindo a tarde de um dia friode novembro e os moradores da aldeiadavam por terminado o “concelho”, as-sim chamado o dia de trabalho em prolda comunidade em que cada família con-tribuía com, pelo menos um homem ououtro fator de trabalho. Alguns já re-

NUNOAFONSO

gressavam dos lados da serra coma ferramenta ao ombro, conver-sando, divertidos, mau grado ocansaço. O senhor Morais con-duzia o seu trator, caminho abai-xo, com um atrelado carregadode terra onde dois ou três jovenstinham aproveitado boleia paravoltar a casa. A pressão do atre-lado sobre a máquina agrícola,potenciada pela inclinação davereda, era muito forte e o tra-vão mostrou-se incapaz de sus-ter tão grande peso. Ao descre-ver uma curva à direita, o con-dutor não conseguiu governar amáquina mas teve ainda lucidezpara gritar aos ocupantes do atre-lado que saltassem, evitando ma-les maiores. Ele é que não pôdeescapar à tragédia: foi projetadoe, na queda, encontrou a morte,enquanto o trator tombava para aribeira que corria ao fundo. Algunshomens que se encontravam nasproximidades correram para o lo-cal da queda no intento de prestarauxílio às presumíveis vítimas. In-felizmente, não puderam ajudar ocondutor mas transportaram ocorpo para casa e disponibili-zaram-se para o que fosse preci-so. Na vertente oposta, ao alto dochamado “caminho novo”, asso-mava o senhor José Lopes que pre-senciou o acidente prosseguindo,tranquilamente, em direção à al-deia. Ainda teve ocasião de expres-sar o seu contentamento por terpresenciado “ a morte do seu mai-or inimigo”, como ele se referiuao falecido com quem tivera de-sentendimentos tempos atrás.Um quarto de século depois, tra-gédia muito semelhante aconte-ceu. O homem que mostrara tantacrueza de alma perante a infeli-cidade alheia, sofreu morte idên-tica: o trator que dirigia e quetantas vezes por ali transitaraprecipitou-se, ladeira abaixo,provocando a morte do seu con-dutor. O acidente ocorreu no lu-gar donde presenciara a mortedo senhor Morais. Coincidênciaque não deixou indiferentes osmoradores da aldeia. «Ele hácada ca(t)cho de cousa!», diria omeu tio João de Deus se aindavivesse. Muitos registaram o quelhes pareceu castigo divino, queexclui sentimentos de ódio aonosso próximo. O cerne da dou-trina cristã é o amor entre os ho-mens, a reconciliação entre osque, ocasionalmente, podem terressentimentos.

Crónicas

CASA VERDE

FOTO - CANÓRIO

AGÊNCIA CENTRAL GALPGÁS

TODOS OS TRABALHOS EM FOTOGRAFIA

R. D. ANTÓNIO CASTRO MEIRELES, 58 • TEL. 229 710 288 • 4445-397 ERMESINDE

ENTREGA DE GARRAFAS DE GÁS AO DOMICÍLIO

TASCA DO ZÉ

RUA DE VILAR, 199 - TELEF. 22 967 17 39 - MONFORTE - FOLGOSA - 4445 ERMESINDE

ALMOÇOS • JANTARES

FOTO ARQUIVO

Page 20: "A Voz de Ermesinde" n. 890, de 29 de fevereiro de 2012

16 A Voz de Ermesinde • 29 de fevereiro de 2012Crónicas

CONDURIL - CONSTRUTORA DURIENSE, S.A.

GILMONTEIRO (*)

A cortiça

reio, sempre o pensei, quetemos uma forte idiossin-crasia, e grande capacidadede trabalho e inovação. So-mos um povo, sem qualquerprosápia, de indivíduos es-

pertos, e desembaraçados, para não dizerdesenrascados, dos melhores do Mundo, ain-da que pela matreirice!

Porquê o nosso atraso ancestral?! O quetêm a mais os povos mais evoluídos?

É devido ao fraco índice de escolaridade.Desde as lutas liberais, passando por cinquentaanos de obscurantismo quando, para reduziro crónico défice financeiro, foram mandadasencerrar escolas do Magistério Primário! Oanalfabetismo permanente e as estruturasobsoletas não deixaram seguir o progresso.

Os emigrantes forçados (para Angola erapreciso uma carta de chamada!) serviram comomão de obra barata no Brasil e, mais tarde, emFrança e na Alemanha, onde “abriram osolhos” e criaram fortunas, hoje publicitadas.

Quando, na Europa dos anos sessenta, aInglaterra tinha uma cobertura de mais de 50%

de crianças no ensino infantil, emPortugal, o Estado nem educadorasainda formava. Era graças às açõesreligiosas e ao ensino particular queeram dados os primeiros passos,competindo às professoras do Pri-mário a inspeção das poucas edu-cadoras dessas instituições. Só ago-ra temos pleno ensino e licenciadosempurrados para emigração!

Soube ontem, que uma enge-nheira florestal, licenciada naUTAD, e desempregada, foi esco-lhida para um posto de trabalhona Suécia. O marido, fator dos tem-pos (!), pediu o divórcio, sem omais pequeno drama ou problema.

O Douro vinhateiro ainda temmanchas de sobreiros e azinheiras.Foi graças a uma prancha de cortiçaduriense que aprendi a nadar, na re-presa do rio Corgo da Timpeira,enquanto aluno do liceu de Vila Real.

Dá para acreditar?! Fiqueicheio de vaidade ao assistir pela TV às primeirasreportagens sobre as novas utilizações da cortiça:grande criatividade, inovação; êxitos na exporta-ção; desde guarda-chuvas ou malas chiques desenhora! Agora, vi mais: transformada para com-plementos de jóias e objetos de arte. Os famososdesigners lusos descobriram na cortiça o eldoradoda criatividade. Quando da utilização para rolhas,tarros, pavimentos e isolamentos, estava longe opoder ser material das naves espaciais!

Na Instrução primária, ficava ancho quandoo professor Matos, em Provesende, falava das

produções agrícolas, e afirmava: – Portugal é o 4º produtor mundial de azeite

e o 1º na cortiça.Tenho reparado na moda dos sapatos de se-

nhora serem cada vez mais altos, graças à cortiçana planta do pé. Será que a moda pega?

Foi com Amália que decorei o fado “AiMouraria”, cantado por um ceguinho e a letralida em folheto (ainda soletrava!). Em Roalde,não havia um rádio, tinha apenas uma grafonolade agulhas de aço e sete discos, um meio partido,mas aproveitado nas espiras centrais!

Quando vi no cinema D. Dinis, de VilaReal, a fadista Amália Rodrigues, na fita “Ca-pas Negras”, fiquei deslumbrado com a sua“boca de sapo” e a estatura alta. Era uma Diva.Mas, ao saber, mais tarde, que o uso dos ves-tidos compridos era para encobrir os sapatoscom palmilhas de cortiça que a tornavam maisalta, ficou perdoada e mais venerada como can-tora e compositora de bonitos e vibrantes fa-dos que deu “cartas ao Mundo”.

(*) [email protected]

FOTO OCTÁVIO BOBONE

Page 21: "A Voz de Ermesinde" n. 890, de 29 de fevereiro de 2012

29 de fevereiro de 2012 • A Voz de Ermesinde 17Opinião

s tempos que vivemossão diariamente en-sombrados com notici-ários relacionados como que se conven-

cionou chamar de crise: crise finan-ceira que afeta a maioria dos paíseseuropeus pela via das dívidas sobe-ranas; crise económica muito con-sequência da primeira, com reflexosno desemprego que sobe todos osdias, computado em finais de 2011 emmais de um milhão de portugueses,com tendência para subir; crise norendimento disponível das famílias,mesmo daquelas não afetadas pelafalta de emprego, que mês após mêsse veem confrontadas com mais im-postos, bens de primeira necessida-de mais caros e serviços públicos comsubidas de tarifas muito acima de qual-quer taxa de inflação que se conheça.Numa palavra, vivendo num autênti-co inferno social, não vislumbrandoqualquer luz ao fundo do túnel, pro-curando nos recursos clínicos res-postas para preocupantes estados dedepressão.

Na abordagem da crise económico/financeira, os gregos vão sendo os pri-meiros a sofrer as consequências degovernos que, ou foram incompeten-tes ou politicamente irresponsáveis, ouas duas coisas, sujeitando com as suasdecisões “criminosas” milhões de ci-dadãos a viverem sob o “jugo” de go-vernos externos que a troco de euroslhes impõem as mais humilhantes deci-sões, traduzidas em governos não elei-tos e exigências de venderem o seu pa-trimónio que os “patrões” identificam,calendarizando as vendas e, qualquer

A. ÁLVAROSOUSA (*)

dia, impondo o comprador e fixando as con-dições da transação.

Os portugueses seguem atentamente osacontecimentos na Grécia e será bom queaprendam rapidamente com os erros que láse estão a cometer. É certo que já se vãoouvindo vozes a dizer o óbvio: se os proble-mas decorrem de baixas taxas de rendimen-to não será com políticas recessivas que asituação se inverterá, donde o documentoelaborado pelos doze líderes de Estados-membros europeus poder ser a primeira pe-dra de um novo edifício de decisões queefetivamente concorram para se deixar defalar de crise para se passar a falar de cresci-

mento económico. Nesta questão sempreserá avisado perguntar por que razão os por-tugueses não foram convidados a subscrevero documento. É que, se o afastamento foi dita-do pela circunstância de estarmos demasiado“colados” ao Merkozy, não teremos razõespara admitir estarmos do melhor lado.

Pela nossa parte, continuamos a pensarque a solução não está em exigir dos deve-dores que paguem as suas dívidas em curtoperíodo de meia dúzia de anos com taxasproibitivas, o que jamais acontecerá. Certoserá a inevitável bancarrota em cascata dospaíses com níveis de dívida exagerados. Ca-

minho acertado será o de reescalonar as dívi-das com pagamento ao longo de trinta, cin-quenta ou mais anos, com taxas de juro redu-zidas e com um período de carência não infe-rior a dez anos, tempo necessários para queas economias se refaçam da crise profunda ejá duradoura em que estão mergulhadas.

No interesse dos superiores interessesdos europeus e dos próprios alemães, seráinteligente que os governantes da maior eco-nomia europeia abandonem o projeto de do-minarem o continente europeu pela via docapital, a fim de evitarem uma terceira guerrae plausível derrota ditada pelos valores de-mocráticos do mundo ocidental.

Um outro assunto político que vem to-mando espaço nos “media” são as próximaseleições autárquicas e o impedimento decerca de metade dos atuais presidentes decâmara poderem recandidatar-se nos mes-mos concelhos. Ao contrário do que admiti-mos na altura em que a lei foi aprovada, pa-rece que o impedimento vai mesmo aconte-cer, restando, apenas, a dúvida sobre se osatingidos pela medida legislativa podem ounão candidatar-se em outra autarquia.

Esta restrição desde sempre provocoualgum desconforto nas máquinas partidári-as que têm nos autarcas em exercício de fun-

Crise e renovação de mandatos

FOTO URSULA ZANGGER

Clínica Médica Central de Ermesinde, Lda

Rua Ramalho Ortigão, 6 – 4445-579 ERMESINDE(SERVIÇO MÉDICO E DE ENFERMAGEM)

Seguros de SaúdeS A L P I C A R NS A L P I C A R NS A L P I C A R NS A L P I C A R NS A L P I C A R N E E E E EProdutos de Salsicharia, Lda.

LUGAR DO BARREIRO – ALFENA • 4445 ERMESINDE

Casa da EsquinaCasa da EsquinaCasa da EsquinaCasa da EsquinaCasa da EsquinaFazendas • Malhas • Miudezas • Pronto a Vestir

Rua 5 de Outubro, 1150Telefone: 229 711 669 4445 Ermesinde

ções uma forte probabilidade de ganhareleições, tendo-se assistido no início do“processo” a alguma agitação nos pre-sidentes de câmara que, argumentandoque a limitação de mandatos deveria serextensiva a outros políticos, tudo terãofeito para se manter no poder.

Mas se houvesse dúvidas quanto aoacerto da medida, o presidente da Câma-ra de Valongo dissipou-as quando em en-trevista concedida ao “Jornal de Notíci-as” de 20-02-2012, declarou: «Já não gos-to de ser presidente”. E, tendo presenteas dificuldades financeiras do município,a impossibilidade prática de fazer obra que

“encha o olho”, a exigência de reduziro número de chefias e outras limita-ções gestionárias, compreende-se odesencanto e cansaço de um autarcaque leva dezoito anos de presidência.Se a limitação de mandatos já estives-se em vigor há mais anos, pelo menosteria o mérito de evitar o desencanto esacrifício do Dr. Fernando Melo.

Com efeito, demasiado tempo emdeterminado lugar ou função gera en-fado, falta de iniciativa, acomodação,práticas rotineiras e outras inconveni-ências que a limitação de mandatos bempoderá colmatar a bem do prestígio ebom funcionamento da democracia e,no caso concreto, do Poder Autárquico.

Naturalmente que medidas “ce-gas” são suscetíveis de provocar re-sultados indesejáveis, na medida em quepossam afetar servidores da “res publi-ca” de elevado gabarito, impolutos equeridos dos eleitores. Mas o que nosdeverá preocupar é o saldo final, entre

as vantagens e as desvantagens de evitara perpetuação de pessoas em determina-dos lugares onde se joga o bem estar daspopulações, a gestão dos dinheiros pú-blicos, a tentação de privilegiar clientelaspartidárias e a dificuldade de se tornaremimunes aos lobbies que os perseguem. E,nesta medida, a prudência aconselha queo impedimento seja estendido à hipótesede presidentes impedidos de se re-candidatarem no seu conselho o possamfazer num outro qualquer.

(*) [email protected]

Page 22: "A Voz de Ermesinde" n. 890, de 29 de fevereiro de 2012

18 A Voz de Ermesinde • 29 de fevereiro de 2012

• 500g de grão-de-bico cozido;• 2 tomates pelados;• 1 cebola;• 2 dentes de alho;• 1 pimento;• 2 batatas médias;• 2 batatas-doces;• 400g de abóbora

amarela;• 1/2 repolho;• 100g de milho co-

zido;• 1 folha de louro;• sal e pimenta;• azeite.

Numa panela comum pouco de azeiterefoga-se a cebola eos alhos. Juntam-se otomate aos quartos eo pimento. Acrescen-ta-se água temperadacom sal, pimenta e louro. Adicionam-se as duas qualidades de batata, a abóbo-ra em cubos e o repolho em tiras.

Quando os ingredientes estiverem cozidos juntam-se o grão-de-bico e o mi-lho. Deixa-se ferver apenas uns minutos e serve-se bem quente.

Sugestão: pode-se adicionar também um copo de cubos de soja demolhadose hidratados.

Nota: Prato para quatro pessoas.

Lazer

5 MARÇO 1512 – Nascimento de Gerardo Mercator, grande cartógrafo flamengo(morreu em 1594).

SOLUÇÕES:

Coisas Boas

Palavras cruzadas

DiferençasDescubra as10 diferençasexistentesnos desenhos

SOLUÇÕES:

Efemérides

Veja se sabe

Descubra que rua de Ermesinde se esconde dentro destas palavras com as letrasdesordenadas: ABUÇO.

Rua da Bouça.Anagrama

01 - Sul-africano (presidente do ANC), Prémio Nobel da Paz em 1960.02 - Habitaram a zona sudeste da Península Ibérica (séc. VI a.C.).03 - Cineasta finlandês, autor de “Le Havre” (2011).04 - Afluente do Tejo, nasce na Póvoa da Galega (Mafra).05 - A que classe de animais pertence o panda gigante?06 - Em que continente fica Taiwan?07 - Em que país fica a cidade de Salvador da Baía?08 - Qual é a capital da Transnístria?09 - A abreviatura Cep corresponde a qual constelação?10 - Elemento químico metálico, duro e prateado, n.º 42 da Tabela Periódica (Mo).

Provérbio

SOLUÇÕES:

Alberto Lutuli.02 – Iberos.03 – Ari Kaurismaki.04 – Rio Trancão.05 – Mamíferos.06 – Ásia.07 – Brasil.08 – Tiraspol.09 – Cefeu.10 – Molibdénio.

Bodas em março é ser madraço. (Provérbio português)

HORIZONTAIS

VERTICAIS

HORIZONTAIS

1. Ponta; tarar. 2. Ofereço; li-cor medicamentoso. 3. Cida-de do Canadá. 4. Piedosa;curo. 5. Camareira; tranqui-lidade. 6. Partir; desfiz a cos-tura. 7. Aqui; Sua Santidade(abrev.). 8. Canta; pedra demoinho. 9. Mancha; rato. 10.Expetativas.

1. Clube desportivo universi-tário do Porto; pequena ima-gem representativa. 2. Con-tração de preposição e arti-go; nome feminino; artigo(pl.). 3. Fica na Papuásia; traz-nos a luz. 4. Antiga coligaçãopolítica de direita; escapou aodilúvio. 5. Tipo de ficheiro decorreio digital; encontrar-se. 6.Deus dos pastores; junto comoutros, arma o corpo dos ver-tebrados. 7. Planeta anão; fi-lho do Príncipe Valente. 8. Mur-ros; língua provençal. 9. So-mente; triture. 10. Alegria.

SOLUÇÕES:

VERTICAIS

1. CDUP; icone. 2. Ao; Iara; os.3. Buwai; EDP. 4. AD; Noe. 5.Xnk; estar. 6. Pan; osso. 7. Eris;Arn. 8. Sopapos; oc. 9. Ape-nas; moa. 10. Regozijo.

Sudoku (soluções)

Sudoku

148 148 148 148 148

14

81

48

14

81

48

14

8

Em cada linha,horizontal ou vertical,têm que ficar todos osalgarismos, de 1 a 9,sem nenhuma repeti-ção. O mesmo paracada um dos nove pe-quenos quadrados emque se subdivide oquadrado grande.

Alguns algaris-mos já estão coloca-dos no local correcto.

01. Boa de sabão.02. Bolso.03. Gota.04. Palhunha.05. Janela.06. Cabelo.07. Colarinho.08. Mão.09. Punho.10. Mesa.

Grão à algarvia

ILUSTRAÇÃO HTTP://WWW.PDCLIPART.ORG/

1. Cabo; pesar. 2. Dou; xarope.3. Winnipeg. 4. Pia; sano. 5.Aia; paz. 6. Ir; descosi. 7. Ca;SS. 8. Entoa; mo. 9. Nodoa;roo. 10. Esperancas.

“A Voz de Ermesinde” prossegue neste número uma série de receitas vegetarianas degrau de dificuldade “muito fácil” ou “média”.

A reprodução é permitida por http://www.centrovegetariano.org/receitas/, de acordocom os princípios do copyleft.

FOTO ARQUIVO

Page 23: "A Voz de Ermesinde" n. 890, de 29 de fevereiro de 2012

29 de fevereiro de 2012 • A Voz de Ermesinde 19

AVE

Fundador do Projeto GNU e da Fundaçãopara o Software Livre, Richard Stallman lançouo movimento do software livre em 1983 e come-çou o desenvolvimento do sistema operativoGNU (ver www.gnu.org) em 1984. GNU ésoftware livre: todos têm a liberdade de o copi-ar e redistribuir, bem como de fazer mudanças,grandes ou pequenas. O sistema GNU/Linux,basicamente o sistema operativo GNU com oLinux adicionado, é usado em dezenas de mi-lhões de computadores hoje em dia.

Ora na tarde do dia 28 de fevereiroStallman esteve em Braga, mais precisamen-te no Auditório A1 do Complexo Pedagógico1 do Polo de Gualtar da Universidade doMinho, numa iniciativa organizada peloCeSIUM, Centro de Estudantes de Engenha-ria Informática da Universidade do Minho,onde discursou sobre o tema da liberdadedo utilizador da internet, apresentando o tema“Copyright vs Community”.

Stallman abordou as polémicas questõesdas propostas legislativas em curso, taiscomo o SOPA, ACTA, PIPA e outras leis ouprojetos-lei que podem pôr em risco a liber-dade na internet.

Stallmanno SINFO

No dia seguinte, e no decurso de umainiciativa levada a cabo pelos alunos de En-genharia Informática do instituto SuperiorTécnico, em Lisboa, o SINFO (SemanaINFOrmática), Stallman esteve no Pavilhão deEngenharia Civil do campus Alameda, ondeabordou o tema “O Software Livre e a tua Li-

Tecnologias

Lançamento da versãoDreamStudio 11.10

Dick MacInnis anunciou o lançamento doDream Studio 11.10, uma distribuição Linuxbaseada em Ubuntu, com o foco no trabalhocriativo e em multimédia. Esta versão doDreanm Studio vem com o editor de videoCinelerra, uma suite completa para trabalhográfico e web design, ferramentas de fotogra-fia, fontes e várias utilidades de audio, comcentenas de efeitos disponíveis. A presenteversão fez ainda a correção de numerosos bugs.

Fonte: http://www.distrowatch.com

Mozilla vai ter lojapara apps web abertas

A Fundação Mozilla está a planear o lan-çamento da sua própria loja de apps ondedesenvolvedores poderão comercializar assuas apps web baseadas em HTML5. A Mo-zilla entende que outras lojas são muito res-tritivas, o que, acredita, tem o efeito de limi-tar a liberdade dos utilizadores e desen-volvedores e inibir a inovação.

A loja deve ser lançada no Mobile WorldCongress em Barcelona, que acontece desde27 de fevereiro e até amanhã, dia1 de março.

Fonte: http://www.h-online.com/open/news/item/Mozilla-announces-marketplace-for-open-web-apps-1440881.html

Nick Tait – da equipa de designda Canonical – apelaà colaboração no Unity

Em entrevista prestada ao Ubuntu-BR-SC, Nick Tait, da equipa de desenvolvedoresde design da Canonical, além de afirmar assuas expetativas no sucesso da próxima ver-são LTS do Ubuntu (Precise Pangolin), deuumas dicas relativas ao processo de colabora-ção com os desenvolvedores do Unity, nosentido de resolver algumas das debilidadesde que ainda sofre. As áreas mais sensíveis,segundo o gerente de projetos do Unity (am-biente de desktop desenvolvido pela Canonical)são o trabalho em um ou dois bugs oriundosdas “Alterações de design assinadas mas aindanão entregues”, disponíveis em http://peo-ple.canonical.com/~platform/design/, ou aindanos “Projetos de upstream que podem ser tra-balhados”, disponíveis em http://people.ca-nonical.com/~platform/design/upstream.html.

Fonte: http://www.noticiaslinux.com.br

Yahoo abre o códigoda ferramenta YSlow

O Yahoo mudou recentemente a licença daferramenta de análise de performance YSlowpara uma licença BSD e publicou o código com-pleto no Github. O YSlow permite que desen-volvedores web verifiquem as suas páginasrelativamente às melhores práticas projetadas,para garantir que um site web opere em veloci-dade otimizada.

Fonte: http://www.noticiaslinux.com.br

Kotlin – alternativa ao Javaagora com código aberto

A linguagem alternativa da JetBrains paraa plataforma Java, o Kotlin, foi agora lançadacomo software livre sob licença Apache 2. Asferramentas lançadas incluem o compiladorKotlin, o "Kompiler", um conjunto de me-lhorias para bibliotecas Java padrão, tais comoutilitários de conveniência para coleções deJDK, ferramentas de build (para Ant, Mavene Gradle), e um plugin para o IntelliJ IDEApara que funcione com o IDE do JetBrains.

Fonte: http://www.h-online.com/open/news/item/Java-alternative-Kotlin-now-available-as-open-source-1434434.html

berdade”. Stallman falou acerca dos objetivose filosofia do Movimento do Software Livre,e o estado e história do sistema operativoGNU que, em combinação com o núcleoLinux, é atualmente usado por dezenas demilhões de utilizadores em todo o mundo.

O SINFO, que decorre desde o dia 27 defevereiro e se prolonga até ao dia 2 de mar-ço, conta com a presença, para além deRichard Stallman, de um conjunto de perso-nalidades mundialmente reconhecidas, comoJoão Damas (um dos 14 guardiões do DNS),Paulo Taylor (fundador do eBuddy), MirkoGozzo (European General Manager da RiotGames, empresa conhecida pelo jogo Leagueof Legends), James Portnow (CEO daRainmaker Games e escritor da WebseriesExtra-Credits), Miguel Sales Dias (Directordo MLDC da Microsoft), Zeinal Bava (CEOda Portugal Telecom) e Miguel Gonçalves(Idea Starter @ Spark Agency) – entre ou-tros.

Multimédia, Inteligência Artifical eRobótica, O Futuro da Web e Inovação eEmpreendedorismo são os temas dedicadosa cada dia do evento, no qual se realizamconferências, painéis de discussão,workshops e ainda uma exposiçãotecnológica, promovendo o contacto diretoentre as empresas e os visitantes. Em qual-quer das atividades, os participantes habili-tam-se a ganhar prémios – consolas,smartphone, tablets e muitos outros.

Este evento tem como objetivos a divul-gação e debate do mercado das tecnologiasde informação que marcam a atualidade na-cional e internacional e a informática no ge-ral, algo cada vez mais presente no quotidi-ano dos portugueses.

O é aberto a todo o público interessado.Sobre o tema do software livre tam-

bém a ANSOL (Associação Nacional deSofware Livre) teve uma intervenção nodia 29, ainda dentro do grande tema,“Software na Sociedade”, um dos váriosabordados durante o evento. Os outroseram “Jogos & Multimédia”, InteligênciaArtificial & Robótica”, “Futuro da Web”e “LEIC++: Empreendedorismo”.

A série de painéis de debate Painéisde Debate teve lugar no Grande Anfitea-tro (onde conferenciou Stallman) e abor-dou os seguintes temas: “Então queresdesenvolver jogos?” (segunda, 27 feve-reiro, com a participação de JamesPortnow, Mirkko Gozzo e EduardoBarandas) – onde cada orador falou dasua experiência e percurso na indústriade modo a poder aconselhar a audiênciaem como entrar no mundo dos videojogos; “Inteligência Artificial em Portugal” (ter-ça, 28 fevereiro, com a participação deMiguel Sales Dias, Carlos Amaral, Marco

Richard Stallman, o criador do movimento de SoftwareLivre, esteve este fim do mês em Portugal, onde participouem dois importantes eventos, proferindo palestras sobrequestões de liberdades e direitos.

Barbosa e João Graça), onde os convidadosfalaram acerca do seu percurso na área deInteligência Artificial e de que forma preten-diam mudar o panorama nacional nesta área.O objetivo deste debate foi o de responder aalgumas questões como: Quais aspotencialidades da IA no mercado portugu-ês? Quais as áreas de Inteligência Artificialmais viáveis no nosso mercado? Vale a penacriar empresas e investir nesta área?; “Segu-rança na Web - Um Desafio Multi-Facetado”(quinta, 1 março, com Paulo Veríssimo, JoãoDamas, Pedro Veiga e Paulo Sousa), ondecada orador falará sobre a segurança na weba partir de diferentes pontos de vista (social,empresarial, aplicacional e tecnológico);“IST(o) é Empreendedorismo” (sexta, 2 Mar-ço, com Joaquim Sérvulo Rodrigues,António Murta, Miguel Gonçalves e Marcode Abreu), onde os convidados falarão umpouco do seu percurso até ao topo e da ex-periência de empreendedorismo que tiveram/têm.

Outros debatessobre o ACTA

Entretanto, e ainda para debater o ACTA(Anti-Counterfeiting Trade Agreement, Acor-do Comercial Anticontrafação), realizou-sena noite do passado dia 25 de fevereiro, naAcademia Contemporânea do Espectáculo,no Porto, um debate organizado pelo Blocode Esquerda, com o título “O que esconde oACTA” e que contou com a participação dasdeputadas bloquistas Catarina Martins(Assembleia da república) e Marisa Matias(Parlamento Europeu) e com o presidente daANSOL (Associação Nacional de SoftwareLivre), Rui Seabra.

Tal como o descreve a Wikipedia, o ACTAé um tratado comercial internacional que estáa ser negociado com o objetivo de estabele-cer padrões internacionais para o cumpri-mento da legislação de propriedade inteletualentre os países participantes. De acordo comseus proponentes, como resposta «ao au-mento da circulação global de bens falsifica-dos e da pirataria de obras protegidas pordireitos autorais».

Aparentando ser um complemento dotratado anterior sobre propriedade intelec-tual, Acordo TRIPs, que foi severamente cri-ticado por "defender" o domínio cultural etecnológico dos países desenvolvidos so-bre os subdesenvolvidos, o ACTA teve assuas primeiras negociações a decorrer des-de em outubro de 2007 entre os Estados Uni-dos, o Japão, a Suíça e a União Europeia,tendo sido depois integradas por Austrália,Canadá, Coreia do Sul, Emiratos Árabes Uni-dos, Jordânia, Marrocos, México, NovaZelândia e Singapura.

O tratado é bastante criticado pelo factodas negociações ocorrerem entre uma mino-ria e de forma sigilosa. E também pela existên-cia de indícios, como os documentos vaza-dos para o Wikileaks, de que o acordo planeiabeneficiar as grandes empresas com o preju-ízo dos direitos civis de privacidade e liberda-de de expressão do resto da sociedade.

Richard Stallman contra o ACTAna Universidade do Minho e naSemana Informática do Técnico

Page 24: "A Voz de Ermesinde" n. 890, de 29 de fevereiro de 2012

20 A Voz de Ermesinde • 29 de fevereiro de 2012Arte Nona

Fernando Pessoa na Banda Desenhada“Ónima - Heterónimos Pessoanos” é o título da edição em livro -

no formato invulgar de 34x14cm - de um projeto levado a efeito poralunos da turma do 2º Ano de Comunicação da Escola ProfissionalProfitecla do Porto, sob orientação do arquiteto Pedro Castro.

Nesta obra coletiva - realizada em contexto de trabalho pedagógicoda Profitecla -, surge um artigo dedicado à BD intitulado “FernandoPessoa na Banda Desenhada”, da autoria de Geraldes Lino, o qual foiconvidado por Pedro Castro – que, além de arquitecto e professornaquela escola, também tem feito banda desenhada esporadicamente.

Esse artigo, que ocupa três páginas da invulgar edição (...),embora com lacunas respeitantes a obras surgidas posteriormente,uma brasileira e outra espanhola, faz um levantamento de bandasdesenhadas surgidas em álbuns, revistas, fanzines e também nablogosfera, debruçadas sobre o poeta Fernando Pessoa.

GERALDES LINO

Embora este livro tenha sido editado em 2008,só agora decidi divulgá-lo no meu blog (http://divulgandobd.blogspot.com), considerando o fac-to de estar patente ao público uma excecionalexposição intitulada “Fernando Pessoa: Pluralcomo o Universo”, que foi organizada pelo Mu-seu de Língua Portuguesa em São Paulo, Brasil,tendo vindo para Portugal para ser exposta naFundação Calouste Gulbenkian, a partir do dia 9de fevereiro, e onde se manterá até 30 de abril.

Note-se que a exposição brasileira foi valori-zada com peças do espólio do poeta que estavamdentro duma muito falada "arca de Pessoa".

Pedro Castro, responsável pelo projeto e pelaedição, acrescentou ao meu nome a indicação "Pre-sidente do Clube Português de Banda Desenhada".

Acontece que Pedro Castro me conheceu nosanos 1980, quando eu era membro da Direçãodaquela coletividade, de que fui vicepresidentevárias vezes, alternando com Carlos Gonçalves.Por mútuo consenso, ambos decidimos nuncaconcorrer ao lugar de presidente, deixando essecargo para desenhadores, como foi o caso deEugénio Roque, José Garcês e Pedro Massano.

Obviamente, Pedro Castro desconhecia es-ses pormenores, e "elegeu-me" como presidentedo CPBD para me identificar.

“Fernando Pessoana Banda Desenhada”

Biografar figuras históricas, transformar emfiguração narrativa factos da História de Portu-gal, ou adaptar romances dos nossos maiores ro-mancistas, tem sido recorrente na Banda Dese-nhada Portuguesa.

Outro tanto não acontece no que concerne apoetas ou à própria Poesia, exceção feita a Luís deCamões e também aos Lusíadas, autor e obra bas-tante divulgados em publicações várias - álbuns erevistas - tanto em Portugal como no Brasil.

Fernando Pessoa, depreende-se da premissa,fica em plano secundário na comparação, peseembora o seu enorme prestígio em ambos os pa-íses. Apesar disso, tendo em conta a efeméridedos cento e vinte anos após a data do nascimentodo poeta em Lisboa, a 13 de junho de 1888, faztodo o sentido tentar historiar quantas e quais asobras desta forma de arte em que ele, ou os seusheterónimos, e respectivas poesias, tenham ser-vido de tema.

Em primeiro lugar, surge uma curtíssima re-ferência em duas vinhetas apenas, no episódiocaricatural "Manifesto Anti-Mantas", desenha-do a preto e branco por Jorge Mateus, sob argu-mento de Carlos Martins, na revista “SelecçõesBD” - I Série – n.º 3 - Julho 1988, cem anos (e ummês) após o nascimento de Pessoa.

Apesar do centenário ser seu, o principal pro-tagonista desta bd é, afinal, o seu amigo AlmadaNegreiros (e como figurante, um tal Ritinha, ocomum amigo Santa-Rita Pintor) aparecendo opoeta como figura secundária e de forma insólita.Tal acontece quando, a certa altura, surge a ima-gem de um locutor negro da RTP (na BD, tudo é

possível, e no que se refere a anacronismos hu-morísticos, são frequentes) a dizer, entre outrascoisas, «já vejo ali os famosos Pessoas». E, de fac-to, sentados à mesa do café, com um exemplar don.º 2 da revista “Orpheu” (em que Pessoa colabo-rou e de cuja geração fez parte) em cima do tampo,veem-se dois esqueletos, ambos com os infalíveispormenores identificativos da figura do poeta, cha-péu, óculos, bigode e lacinho, que pedem ao locu-tor: «Posso recitar um poema, posso?».

Admitindo a possibilidade de erro, estabele-ce-se esta aparição da figura de Fernando Pessoacomo sendo a primeira na BD portuguesa.Com bem maior espessura ficcional surgeuma outra, três anos depois, onde ele se apre-senta como personagem principal, "Tião eMaria: Pessoa em Apuros", publicada igual-mente na primeira série da revista “SelecçõesBD” - n.º 40, agosto de 1991. Criada total-mente por José Abrantes, a trama, de clarosentido crítico, desenvolve-se em quatro pran-chas, a preto e branco, num "gag" ondeFernando Pessoa tenta fugir por todos osmeios a uma praga de pessoanos que queremsaber tudo a seu respeito, para sobre ele es-creverem, e à conta dele ganharem fama e di-nheiro, e por isso o perseguem obsessiva-mente para onde quer que vá. De referir que acapa, a cores, desse número da revista, servede apresentação ao episódio, com a figura dopoeta em destaque.

Desopilante em absoluto é a obra que sesegue cronologicamente, publicada em Outu-bro de 2000 no n.º 1 da revista brasileira “Chi-clete com Banana”, mas em versão editada emPortugal. Da autoria de Laerte, o episódio tempor antetítulo "Piratas do Tietê", o mesmo dasérie, seguido de "O Poeta" como título, com-pletado pelo subtítulo "Com a participação es-pecial de Fernando (em) Pessoa".

São doze pranchas em que aparece al-guém, de chapéu, óculos e bigode, a falar so-zinho: «Eu não sou nada, nunca serei nada,não posso querer ser nada». Dominado peloespírito do heterónimo Álvaro de Campos emfase de profunda depressão, resolve suicidar-se,lançando-se de uma ponte, mas caindo dentro deuma canoa que o leva até próximo de um barco depiratas (do Tietê, claro) que o ouvem declamar«chamam por mim as águas, chamam por mim osmares» e sobre ele disparam, afundando-lhe a ca-noa. Insolitamente, o poeta emerge, dentro dumescafandro surgido sabe-se lá donde (da caneta doartista brasileiro, por hipótese...), e continuamentea dizer os versos de qualquer um dos seusheterónimos.

Volta a ser alvo de tentativas de destruição, àsquais sempre sobrevive incólume, sem sequer sedar conta dos ataques, absorto na sua poesia, en-quanto os piratas desesperam, com o barco quasea afundar-se, e o furibundo e frustrado capitão aberrar no fim: «Malditos poetas!!».

Em 2002, sob chancela das Íman Edições, surgeo livro “Heróis da Literatura Portuguesa”, afinalescritores, ficcionistas e poetas, todos biografa-dos pela banda desenhada. Na apresentação daextensa peça de dezoito pranchas, a preto e bran-

co, dedicada a Fernando Pessoa, lê-se: «Noequinócio do outono de 1930 vamos entrevê-lona Quinta da Regaleira, numa inconfessável des-cida aos túneis onde cresce a árvore dos Sefirotes,com saída para o mar, na Boca do Inferno. Por lápassam também o Mago Crowley (...)». É sobreeste acontecimento que Pedro Pestana Soares teceo argumento do episódio eivado de esoterismo,desenhado com garra e imaginação por JoãoChambel.

Em Cádiz, Espanha, edita-se o fanzine “RadioEthiopia”. No seu n.º 14, com data de “Outono-Inverno 2005”, foi reproduzida a banda desenha-da "Pessoa Revisited", sob a assinatura de RafaInfantes, no desenho a preto e branco, e no textoque complementa o excerto dum poema de Álva-ro de Campos, escrito em português. A apresen-tação aparece na vinheta inicial: «El joven Cam-pos ya no siente ningún apego a este mundo. Élpodria hablarnos de las conquistas de la Cienciamoderna, del arte y la metafísica. Podria, si acasoos interesara una solo de sus palabras. Pero laspalabras que sus labios pronuncian poco tienenque ver con vosotros».

«Não sou nada». Os versos do poema irãoaparecendo nas vinhetas seguintes. «Nunca sereinada». «Não posso querer ser nada». «À parteisso, tenho em mim todos os sonhos do mundo».E na última vinheta vê-se o poeta deitar fora ocaderno onde estivera a escrever, sob a legenda:«Já disse que não quero nada».

Os novos tempos trouxeram diferentestecnologias. Em vez de impressas em papel, há jámuitas bandas desenhadas que começaram, de raiz,no espaço virtual da internet. E Fernando Pessoa,com o fascínio da sua poesia e da sua personali-dade, não podia deixar de inspirar algum internautaautor de BD. Miguel Moreira tinha imaginado hámuitos anos um projeto desse género, e em abrilde 2004 fez os primeiros esboços. Mas só em 29de outubro de 2007 surge no endereço http://lmigueldsm.blogspot.com o blogue "As Aventu-ras de Fernando Pessoa, Escritor Universal" amostrar as vinhetas iniciais da homónima bandadesenhada. Colorida por Catarina Verdier, a figu-ra bem reconhecível do poeta aparece em "post"de 13 de junho de 2008, cento e vinte anos após oseu nascimento, num episódio em que, numa dasvinhetas, ele está na cama, de tronco nu, mas deóculos e chapéu, ao lado de alguém - de que só sevê um braço - e que num balão de fala, emite aonomatopeia trocista "Blá blá blá". Assim se co-meça a transformar em banda desenhada o poema"Gostava de gostar de gostar", de Álvaro de Cam-

pos, uma entre numerosas meias pranchas quevão compondo sequências com intervalos de diasentre elas, que quase fazem subentender a tradici-onal frase das antigas histórias aos quadradinhos,"continua no próximo número".

Algo diferente na sua origem, mas com resul-tados finais semelhantes, é como se pode classifi-car a banda desenhada "A Anunciação". Concebi-da por André Oliveira, que após escrever o argu-mento (um sonho de Fernando Pessoa em que opoeta sente um chamamento divino), teve a ideiade pedir a vários colaboradores - Nuno Frias,Ricardo Reis, Miguel Cabral, João Vasco Leal,para desenharem, e Cristiano Baptista para colo-rir - que concretizassem o respectivo guião emcinco pranchas, com a finalidade de que a bedêfosse reproduzida no “BDJornal”. Porém, estan-do este com a publicação suspensa, isso possibi-litou, após acordo com o seu editor e respetivosautores, que editasse no meu blogue "DivulgandoBanda Desenhada", no endereço http://divulgan-dobd.blogspot.com aquela banda desenhada ori-ginal e inédita a qual, assim, diferentemente, tevea sua estreia na blogosfera.

Continuando a navegar na internet, depara-se-nos o título "Descobrir Portugal em LínguaGestual Portuguesa (LGP), com o subtítulo "AHistória Animada/Desenhada Descobrir Portugalem Língua Gestual Portuguesa (LGP) para Cri-anças Surdas, criada, escrita, ilustrada, desenhadae realizada pelo Prof. Francisco Goulão (surdo/

/deaf) - Portugal".Não há qualquer data que indique quan-

do se deu o início deste site localizável noendereço http://profsurdogoulao9.no.sapo.pt todo feito àbase de imagens desenhadas, apresentandoalguma sequencialidade, com os diálogostransmitidos pela linguagem gestual. A in-tenção é a de falar de Portugal por aquelaforma, dando claramente ênfase às cidadesdo Porto e de Lisboa, visitadas de formaquase exaustiva. No que concerne à capital,uma das imagens que a representam éexatamente a figura do lisboeta FernandoPessoa, através do famoso retrato que delefez o seu amigo Almada Negreiros.

Na revista “Cais” n.º 131 - junho 2008,aparecem umas tantas bandas desenhadasfeitas por alunos e alunas do AR.CO - Cen-tro de Arte e Comunicação Visual. Uma des-sas bedês, em duas pranchas matizadas asépia, é assinada por Ana Filomena Pacheco,e tem o título de "O Banqueiro Anarquis-ta". Trata-se do conto escrito por FernandoPessoa em janeiro de 1922, publicado non.º 1 da revista “Contemporânea” em maiodesse ano, cujos invulgares diálogos entre obanqueiro, que assume uma atitude políticanada consentânea com a função que exerce,e um seu amigo, a novel autora parcialmen-te aproveitou, para realizar singular obra defiguração sequencial.

Por fim, é sabido, disse-o Fernando Pessoa,«Deus quer, o homem sonha, a obra nasce», ver-so pertencente ao poema "O Infante", do "MarPortuguês", tantas vezes usado como lema oujustificação, serviu de mote para a prancha inicialda bd "FP vs Bubas". Este antagonista do poeta,de nome tão estranho, é o anti-herói de estimaçãode Derradé (aliás, Dário Rui Duarte), que conti-nua o episódio inicial e o conclui, numa segundaprancha, com o próprio Bubas a recitar «Ai queprazer/Ter um livro para ler e não o fazer», napresença do tal FP.

Inédita até agora, esta banda desenhada desti-nava-se ao n.º 3 da revista de BD “HL” (HerpesLabial), cuja edição esteve prevista para outubrode 2006. Com essa data protelada “sine die”, sur-giu a hipótese de ser editada no meu blogue jáanteriormente citado, o que acaba de acontecer,constituindo assim a mais recente homenagem aFernando Pessoa pela banda desenhada,outra vezem suporte eletrónico.

(*) Autor do blog http://divulgandobd.blogspot.com

IMAGEM BLOG DIVULGANDO BD

Page 25: "A Voz de Ermesinde" n. 890, de 29 de fevereiro de 2012

29 de fevereiro de 2012 • A Voz de Ermesinde 21Arte Nona

autor:PA

ULO

PIN

TOO

ajudante de cangalheiro (1/2)

Page 26: "A Voz de Ermesinde" n. 890, de 29 de fevereiro de 2012

22 A Voz de Ermesinde • 29 de fevereiro de 2012

Dias Farmácias de ServiçoMarques Santos

VilardellOuteiro Linho

SobradoBessaCentral

Marques SantosVilardell

Marques CunhaSobradoBessaCentral

Marques SantosVilardell

Marques CunhaOuteiro Linho

BessaCentral

Marques SantosVilardell

Marques CunhaOuteiro Linho

SobradoCentral

Marques SantosVilardell

Marques CunhaOuteiro Linho

SobradoBessa

Marques SantosVilardell

Marques Cunha

Serviços

A VOZ DE

ERMESINDEJORNAL MENSAL

AbrAbrAbrAbrAbr 201 201 201 201 20122222 LLLLLua Cheia: ua Cheia: ua Cheia: ua Cheia: ua Cheia: 66666; Q. Minguante: ; Q. Minguante: ; Q. Minguante: ; Q. Minguante: ; Q. Minguante: 1313131313;;;;;LLLLLua Nova: 2ua Nova: 2ua Nova: 2ua Nova: 2ua Nova: 211111 ; Q. Crescente: ; Q. Crescente: ; Q. Crescente: ; Q. Crescente: ; Q. Crescente: 2929292929.....

EmpregoCentro de Emprego de Valongo .............................. 22 421 9230Gabin. Inserção Prof. do Centro Social Ermesinde .. 22 975 8774Gabin. Inserção Prof. Ermesinde Cidade Aberta ... 22 977 3943Gabin. Inserção Prof. Junta Freguesia de Alfena ... 22 967 2650Gabin. Inserção Prof. Fab. Igreja Paroq. Sobrado ... 91 676 6353Gabin. Inserção Prof. CSParoq. S. Martinho Campo ... 22 411 0139UNIVA ............................................................................. 22 421 9570

TelefonesCENTRO SOCIAL DE ERMESINDE

TelefonesERMESINDE CIDADE ABERTA

• SedeTel. 22 974 7194Largo António Silva Moreira, 9214445-280 Ermesinde

• Centro de Animação Saibreiras (Manuela Martins)

Tel. 22 973 4943; 22 975 9945; Fax. 22 975 9944Travessa João de Deus, s/n4445-475 Ermesinde

• Centro de Ocupação Juvenil (Manuela Martins)

Tel. 22 978 9923; 22 978 9924; Fax. 22 978 9925Rua José Joaquim Ribeiro Teles, 2014445-485 Ermesinde

ECA

LLLLLua Cheia: ua Cheia: ua Cheia: ua Cheia: ua Cheia: 88888;;;;; Q. Minguante: Q. Minguante: Q. Minguante: Q. Minguante: Q. Minguante: 1515151515;;;;;LLLLLua Nova: ua Nova: ua Nova: ua Nova: ua Nova: 2222222222; Q. Crescente: ; Q. Crescente: ; Q. Crescente: ; Q. Crescente: ; Q. Crescente: 1, 301, 301, 301, 301, 30.....

010203040506070809101112131415161718192021222324252627282930310102

AlfenaAscensão

Confiança•FormigaGarcêsMAG

Nova AlfenaPalmilheiraSampaio

Santa JoanaTravagem

AlfenaAscensão

Confiança•FormigaGarcêsMAG

Nova AlfenaPalmilheiraSampaio

Santa JoanaTravagem

AlfenaAscensão

Confiança•FormigaGarcêsMAG

Nova AlfenaPalmilheiraSampaio

Santa JoanaTravagem

QuintaSexta

SábadoDomingoSegunda

TerçaQuartaQuintaSexta

SábadoDomingoSegunda

TerçaQuartaQuintaSexta

SábadoDomingoSegunda

TerçaQuartaQuintaSexta

SábadoDomingoSegunda

TerçaQuartaQuintaSexta

SábadoDomingoSegunda

Tiragem Médiado Mês Anterior: 1100

FFFFFases da Lases da Lases da Lases da Lases da LuauauauauaMar 20Mar 20Mar 20Mar 20Mar 201111122222

Locais de vendade "A Voz de Ermesinde"

• Papelaria Central da Cancela - R. Elias Garcia;

• Papelaria Cruzeiro 2 - R. D. António Castro Meireles;

• Papelaria Troufas - R. D. Afonso Henriques - Gandra;

• Café Campelo - Sampaio;

• A Nossa Papelaria - Gandra;

• Quiosque Flor de Ermesinde - Praça 1º de Maio;

• Papelaria Monteiro - R. 5 de Outubro.

• Educação Pré-Escolar (Teresa Braga Lino)(Creche, Creche Familiar, Jardim de Infância)

• Infância e Juventude (Fátima Brochado)(ATL, Actividades Extra-Curriculares)

• População Idosa (Anabela Sousa)(Lar de Idosos, Apoio Domiciliário)

• Serviços de Administração (Júlia Almeida)

Tel.s 22 974 7194; 22 975 1464; 22 975 7615;22 973 1118; Fax 22 973 3854Rua Rodrigues de Freitas, 22004445-637 Ermesinde

• Formação Profissional e Emprego (Albertina Alves)(Centro de Formação, Centro Novas Oportunidades, Empresasde Inserção, Gabinete de Inserção Profissional)

• Gestão da Qualidade (Sérgio Garcia)

Tel. 22 975 8774Largo António Silva Moreira, 9214445-280 Ermesinde

• Jornal “A Voz de Ermesinde” (Fernanda Lage)

Tel.s 22 975 7611; 22 975 8526; Fax. 22 975 9006Largo António da Silva Moreira Canório, Casa 24445-208 Ermesinde

• N.º ERC 101423• N.º ISSN 1645-9393Diretora:Fernanda Lage.Redação: Luís Chambel (CPJ 1467), MiguelBarros (CPJ 8455).Fotografia:Editor – Manuel Valdrez (CPJ 8936), UrsulaZangger (CPJ 1859).Maquetagem e Grafismo:LC, MB.Publicidade e Asssinaturas:Aurélio Lage, Lurdes Magalhães.Colaboradores: Afonso Lobão, A. Álvaro Sou-sa, Armando Soares, Cândida Bessa, CheloMeneses, Diana Silva, Faria de Almeida, FilipeCerqueira, Gil Monteiro, Glória Leitão, GuiLaginha, Jacinto Soares, Joana Gonçalves, Jo-ão Dias Carrilho, Sara Teixeira, Joana Viterbo,José Quintanilha, Luís Dias, Luísa Gonçalves,Lurdes Figueiral, Manuel Augusto Dias, ManuelConceição Pereira, Marta Ferreira, Nuno A-fonso, Paulo Pinto, Reinaldo Beça, Rui Lai-ginha, Rui Sousa, Sara Amaral, Sara Vieira.Propriedade, Administração, Edição, Publicidade eAssinaturas: CENTRO SOCIAL DE ERMESINDE• Rua Rodrigues de Freitas, N.º 2200 • 4445-637ERMESINDE • Pessoa Coletiva N.º 501 412123 • Serviços de registos de imprensa e publi-cidade N.º 101 423.Telef. 229 747 194 - Fax: 229733854Redação: Largo António da Silva Moreira, Casa 2,4445-280 Ermesinde.Tels. 229 757 611, 229 758 526, Tlm. 93 877 0762.Fax 229 759 006.E-mail: [email protected]:www.avozdeermesinde.comImpressão: DIÁRIO DO MINHO, Rua Cidadedo Porto – Parque Industrial Grundig, Lote 5,Fração A, 4700-087 Braga.Telefone: 253 303 170. Fax: 253 303 171.Os artigos deste jornal podem ou não estarem sintonia com o pensamento da Dire-ção; no entanto, são sempre da responsabili-dade de quem os assina.

FICHA TÉCNICA

Farmácias de ServiçoPermanente

De 01/03/12 a 02/04/12

Nome_______________________________________________________________Morada___________________________________________________________________________________________________________________Código Postal ____ - __ _____________________________________________Nº. Contribuinte _________________Telefone/Telemóvel______________E-mail______________________________

Ermesinde, ___/___/____(Assinatura) ___________________

Ficha de Assinante

Assinatura Anual 12 núm./ 9 eurosR. Rodrigues Freitas, 2200 • 4445-637 ErmesindeTel.: 229 747 194 • Fax: 229 733 854

ERMESINDEA VOZ DE

AdministraçãoAgência para a Vida Local ............................................. 22 973 1585Câmara Municipal Valongo ........................................22 422 7900Centro de Interpretação Ambiental ................................. 93 229 2306Centro Monit. e Interpret. Ambiental. (VilaBeatriz) ...... 22 977 4440Secção da CMV (Ermesinde) ....................................... 22 977 4590Serviço do Cidadão e do Consumidor .......................... 22 972 5016Gabinete do Munícipe (Linha Verde) ........................... 800 23 2 001Depart. Educ., Ação Social, Juventude e Desporto ...... 22 421 9210Casa Juventude Alfena ................................................. 22 240 1119Espaço Internet ............................................................ 22 978 3320Gabinete do Empresário .................................................... 22 973 0422Serviço de Higiene Urbana.................................................... 22 422 66 95Ecocentro de Valongo ................................................... 22 422 1805Ecocentro de Ermesinde ............................................... 22 975 1109Junta de Freguesia de Alfena ............................................ 22 967 2650Junta de Freguesia de Sobrado ........................................ 22 411 1223Junta de Freguesia do Campo ............................................ 22 411 0471Junta de Freguesia de Ermesinde ................................. 22 973 7973Junta de Freguesia de Valongo ......................................... 22 422 0271Serviços Municipalizados de Valongo ......................... 22 977 4590Centro Veterinário Municipal .................................. 22 422 3040Edifício Polivalente Serviços Tecn. Municipais .... 22 421 9459

ServiçosCartório Notarial de Ermesinde ..................................... 22 971 9700Centro de Dia da Casa do Povo .................................. 22 971 1647Centro de Exposições .................................................... 22 972 0382Clube de Emprego ......................................................... 22 972 5312Mercado Municipal de Ermesinde ............................ 22 975 0188Mercado Municipal de Valongo ................................. 22 422 2374Registo Civil de Ermesinde ........................................ 22 972 2719Repartição de Finanças de Ermesinde...................... 22 978 5060Segurança Social Ermesinde .................................. 22 973 7709Posto de Turismo/Biblioteca Municipal................. 22 422 0903Vallis Habita ............................................................... 22 422 9138Edifício Faria Sampaio ........................................... 22 977 4590

Auxílio e EmergênciaAvarias - Água - Eletricidade de Ermesinde ......... 22 974 0779Avarias - Água - Eletricidade de Valongo ............. 22 422 2423B. Voluntários de Ermesinde ...................................... 22 978 3040B.Voluntários de Valongo .......................................... 22 422 0002Polícia de Segurança Pública de Ermesinde ................... 22 977 4340Polícia de Segurança Pública de Valongo ............... 22 422 1795Polícia Judiciária - Piquete ...................................... 22 203 9146Guarda Nacional Republicana - Alfena .................... 22 968 6211Guarda Nacional Republicana - Campo .................. 22 411 0530Número Nacional de Socorro (grátis) ...................................... 112SOS Criança (9.30-18.30h) .................................... 800 202 651Linha Vida ............................................................. 800 255 255SOS Grávida ............................................................. 21 395 2143Criança Maltratada (13-20h) ................................... 21 343 3333

SaúdeCentro Saúde de Ermesinde ................................. 22 973 2057Centro de Saúde de Alfena .......................................... 22 967 3349Centro de Saúde de Ermesinde (Bela).................... 22 969 8520Centro de Saúde de Valongo ....................................... 22 422 3571Clínica Médica LC ................................................... 22 974 8887Clínica Médica Central de Ermesinde ....................... 22 975 2420Clínica de Alfena ...................................................... 22 967 0896Clínica Médica da Bela ............................................. 22 968 9338Clínica da Palmilheira ................................................ 22 972 0600CERMA.......................................................................... 22 972 5481Clinigandra .......................................... 22 978 9169 / 22 978 9170Delegação de Saúde de Valongo .............................. 22 973 2057Diagnóstico Completo .................................................. 22 971 2928Farmácia de Alfena ...................................................... 22 967 0041Farmácia Nova de Alfena .......................................... 22 967 0705Farmácia Ascensão (Gandra) ....................................... 22 978 3550Farmácia Confiança ......................................................... 22 971 0101Farmácia Garcês (Cabeda) ............................................. 22 967 0593Farmácia MAG ................................................................. 22 971 0228Farmácia de Sampaio ...................................................... 22 974 1060Farmácia Santa Joana ..................................................... 22 977 3430Farmácia Sousa Torres .................................................. 22 972 2122Farmácia da Palmilheira ............................................... 22 972 2617Farmácia da Travagem ................................................... 22 974 0328Farmácia da Formiga ...................................................... 22 975 9750Hospital Valongo .......... 22 422 0019 / 22 422 2804 / 22 422 2812Ortopedia (Nortopédica) ................................................ 22 971 7785Hospital de S. João ......................................................... 22 551 2100Hospital de S. António .................................................. 22 207 7500Hospital Maria Pia – crianças ..................................... 22 608 9900

Ensino e FormaçãoCenfim ......................................................................................... 22 978 3170Centro de Explicações de Ermesinde ...................................... 22 971 5108Colégio de Ermesinde ........................................................... 22 977 3690Ensino Recorrente Orient. Concelhia Valongo .............. 22 422 0044Escola EB 2/3 D. António Ferreira Gomes .................. 22 973 3703/4Escola EB2/3 de S. Lourenço ............................ 22 971 0035/22 972 1494Escola Básica da Bela .......................................................... 22 967 0491Escola Básica do Carvalhal ................................................. 22 971 6356Escola Básica da Costa ........................................................ 22 972 2884Escola Básica da Gandra .................................................... 22 971 8719Escola Básica Montes da Costa ....................................... 22 975 1757Escola Básica das Saibreiras .............................................. 22 972 0791Escola Básica de Sampaio ................................................... 22 975 0110Escola Secundária Alfena ............................................. 22 969 8860Escola Secundária Ermesinde ........................................ 22 978 3710Escola Secundária Valongo .................................. 22 422 1401/7Estem – Escola de Tecnologia Mecânica .............................. 22 973 7436Externato Maria Droste ........................................................... 22 971 0004Externato de Santa Joana ........................................................ 22 973 2043Instituto Bom Pastor ........................................................... 22 971 0558Academia de Ensino Particular Lda ............................. 22 971 7666Academia APPAM .......... 22 092 4475/91 896 3100/91 8963393

BancosBanco BPI ............................................................ 808 200 510Banco Português Negócios .................................. 22 973 3740Millenium BCP ............................................................. 22 003 7320Banco Espírito Santo .................................................... 22 973 4787Banco Internacional de Crédito ................................. 22 977 3100Banco Internacional do Funchal ................................ 22 978 3480Banco Santander Totta ....................................................... 22 978 3500Caixa Geral de Depósitos ............................................ 22 978 3440Crédito Predial Português ............................................ 22 978 3460Montepio Geral .................................................................. 22 001 7870Banco Nacional de Crédito ........................................... 22 600 2815

ComunicaçõesPosto Público dos CTT Ermesinde ........................... 22 978 3250Posto Público CTT Valongo ........................................ 22 422 7310Posto Público CTT Macieiras Ermesinde ................... 22 977 3943Posto Público CCT Alfena ........................................... 22 969 8470

TransportesCentral de Táxis de Ermesinde .......... 22 971 0483 – 22 971 3746Táxis Unidos de Ermesinde ........... 22 971 5647 – 22 971 2435Estação da CP Ermesinde ............................................ 22 971 2811Evaristo Marques de Ascenção e Marques, Lda ............ 22 973 6384Praça de Automóveis de Ermesinde .......................... 22 971 0139

CulturaArq. Hist./Museu Munic. Valongo/Posto Turismo ...... 22 242 6490Biblioteca Municipal de Valongo ........................................ 22 421 9270Centro Cultural de Alfena ................................................ 22 968 4545Centro Cultural de Campo ............................................... 22 421 0431Centro Cultural de Sobrado ............................................. 22 415 2070Fórum Cultural de Ermesinde ........................................ 22 978 3320Fórum Vallis Longus ................................................................ 22 240 2033Nova Vila Beatriz (Biblioteca/CMIA) ............................ 22 977 4440Museu da Lousa ............................................................... 22 421 1565

DesportoÁguias dos Montes da Costa ...................................... 22 975 2018Centro de Atletismo de Ermesinde ........................... 22 974 6292Clube Desportivo da Palmilheira .............................. 22 973 5352Clube Propaganda de Natação (CPN) ....................... 22 978 3670Ermesinde Sport Clube ................................................. 22 971 0677Pavilhão Paroquial de Alfena ..................................... 22 967 1284Pavilhão Municipal de Campo ................................... 22 242 5957Pavilhão Municipal de Ermesinde ................................ 22 242 5956Pavilhão Municipal de Sobrado ............................... 22 242 5958Pavilhão Municipal de Valongo ................................. 22 242 5959Piscina Municipal de Alfena ........................................ 22 242 5950Piscina Municipal de Campo .................................... 22 242 5951Piscina Municipal de Ermesinde ............................... 22 242 5952Piscina Municipal de Sobrado ................................... 22 242 5953Piscina Municipal de Valongo .................................... 22 242 5955Campo Minigolfe Ermesinde ..................................... 91 619 1859Campo Minigolfe Valongo .......................................... 91 750 8474

Telefones de Utilidade Pública

Page 27: "A Voz de Ermesinde" n. 890, de 29 de fevereiro de 2012

29 de fevereiro de 2012 • A Voz de Ermesinde 23Serviços

AgendaAgendaAgendaAgendaAgenda 01 Mar - 31 Mar01 Mar - 31 Mar01 Mar - 31 Mar01 Mar - 31 Mar01 Mar - 31 Mar

ATÉ 27 DE MARÇOFórFórFórFórFórum um um um um VVVVVallis Longus e Fórallis Longus e Fórallis Longus e Fórallis Longus e Fórallis Longus e Fórum Culturum Culturum Culturum Culturum Cultural de Eral de Eral de Eral de Eral de Ermesindemesindemesindemesindemesinde– MOSTRA DE TEATRO AMADOR– MOSTRA DE TEATRO AMADOR– MOSTRA DE TEATRO AMADOR– MOSTRA DE TEATRO AMADOR– MOSTRA DE TEATRO AMADORMostra de teatro envolvendo catorze companhias amadorasdo concelho, das várias freguesias, com espetáculos a terlugar, de 24 de fevereiro (com três já realizados) a 27 demarço , em Valongo (Fórum Vallis Longus) e Ermesinde(Fórum Cultural).O certame encerra com uma representação do ENTREtantoTeatro (“A Bailarina Vai às Compras”), no Fórum Culturalde Ermesinde a 27 de março (Dia Mundial do Teatro).(Agenda CMV)

Desporto4 DE MARÇO, 15H00Estádio de SonhosEstádio de SonhosEstádio de SonhosEstádio de SonhosEstádio de Sonhos– Ermesinde - Castêlo da Maia– Ermesinde - Castêlo da Maia– Ermesinde - Castêlo da Maia– Ermesinde - Castêlo da Maia– Ermesinde - Castêlo da MaiaJogo a contar para a 25ª jornada do Campeonato da 1ª Divi-são, Série 1, da Associação de Futebol do Porto.11 DE MARÇO, 15H00Campo de Jogos Municipal de S. Pedro de FinsCampo de Jogos Municipal de S. Pedro de FinsCampo de Jogos Municipal de S. Pedro de FinsCampo de Jogos Municipal de S. Pedro de FinsCampo de Jogos Municipal de S. Pedro de Fins– Mocidade Sangemil - Formiga– Mocidade Sangemil - Formiga– Mocidade Sangemil - Formiga– Mocidade Sangemil - Formiga– Mocidade Sangemil - FormigaJogo a contar para a 26ª jornada do Campeonato da 2ª Divi-são, Série 1, da Associação de Futebol do Porto.18 DE MARÇO, 15H00Estádio de SonhosEstádio de SonhosEstádio de SonhosEstádio de SonhosEstádio de Sonhos– Ermesinde - Alfenense– Ermesinde - Alfenense– Ermesinde - Alfenense– Ermesinde - Alfenense– Ermesinde - AlfenenseJogo a contar para a 27ª jornada do Campeonato da 1ª Divi-são, Série 1, da Associação de Futebol do Porto.18 DE MARÇO, 15H00Complexo Desportivo Montes da CostaComplexo Desportivo Montes da CostaComplexo Desportivo Montes da CostaComplexo Desportivo Montes da CostaComplexo Desportivo Montes da Costa– Formiga - Amarante– Formiga - Amarante– Formiga - Amarante– Formiga - Amarante– Formiga - AmaranteJogo a contar para a 27ª jornada do Campeonato da 2ª Divi-são, Série 1, da Associação de Futebol do Porto.(Calendário AFP)

EXPOSIÇÃO PERMANENTEMuseu da Lousa, CampoMuseu da Lousa, CampoMuseu da Lousa, CampoMuseu da Lousa, CampoMuseu da Lousa, Campo– Centro Cultural de CampoCentro Cultural de CampoCentro Cultural de CampoCentro Cultural de CampoCentro Cultural de CampoMuseu de história das indústrias locais de extração e trans-formação da lousa, com núcleos de exposição permanente eoutros temporários. Casa do mineiro, com recriação do inte-rior de uma habitação, com zona de trabalho, repouso e cozi-nha. Exposição de trabalhos de lousa executados por alunosde escolas do concelho.(Agenda Área Metropolitana do Porto).

ExposiçõesEspetáculos

Page 28: "A Voz de Ermesinde" n. 890, de 29 de fevereiro de 2012

24 A Voz de Ermesinde • 29 de fevereiro de 2012Última

O João quis ser “cromado”...Boas noites meus senhoresVoltamos à tradiçãoDe fazermos o funeralAo nosso amigo João

TRADIÇÃO POPULAR DE ERMESINDE

FOTOS: MANUEL VALDREZ E URSULA ZANGGER

UZ UZ

UZ

UZ

MVMV

UZ

MV