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Cruz das Almas, BA Novembro, 2009 89 ISSN 1809-5011 Autores Aristoteles Pires de Matos 1 Eng. Agrônomo, Ph.D., [email protected] Domingo Haroldo Reinhardt 1 Eng. Agrônomo, Ph.D., [email protected] Nilton Fritzons Sanches 1 Eng. Agrônomo, M.Sc., [email protected] Luiz Francisco da Silva Souza 2 Eng. Agrônomo, D.Sc. Fernando Antonio Teixeira 3 Técnico Agrícola José Elias Júnior 3 Eng. Agrônomo, [email protected] Denise Coelho Gomes 3 Eng. Agrônomo, [email protected] Produção de Mudas Sadias de Abacaxi Introdução O abacaxizeiro, Ananas comosus (L) Merril var. comosus Leal & Coppens, está exposto a diversos problemas fitossanitários que causam prejuízos variáveis a depender da parte da planta afetada, da região produtora e da época de produção. Alguns agentes atacam as raízes, outros o talo e a base das folhas e outros o fruto, causando, geralmente, danos econômicos significativos. Entre esses agentes, aqueles que atacam as mudas revestem-se de especial importância, haja vista que, por ser o abacaxizeiro uma cultura de propagação vegetativa, é bastante comum a prática da compra e venda de mudas de abacaxi entre os produtores, muitas vezes sem a fiscalização das entidades credenciadas para esta função. A movimentação de mudas de abacaxi tem sido responsável pela dispersão de pragas e doenças, seja dentro de uma mesma região produtora, seja de uma região para outra. Foi por meio de mudas infectadas que a fusariose, doença de etiologia fúngica, causada por Fusarium subglutinans f. sp. ananas, foi acidentalmente introduzida em diversas regiões produtoras de abacaxi do Brasil na década de setenta. De maneira similar, pragas de importância econômica da cultura do abacaxizeiro como a cochonilha Dysmicoccus brevipes, vetor do vírus causador da murcha associada à cochonilha (“pineapple mealybug wilt vírus”), o ácaro alaranjado, Dolichotetranychus floridanus, a broca do fruto, Strymon megarus e a broca do talo, Castnia inveria volitans continuam sendo veiculadas em mudas contaminadas Uma vez introduzida numa determinada região, a praga pode assumir importância econômica bastante elevada uma vez que, de maneira geral, no novo habitat não existem inimigos naturais e sob condições ambientais favoráveis pode ocorrer a multiplicação acentuada da praga, resultando em perdas elevadas na produção. As mudas de abacaxi comercializadas para a instalação de novos plantios são as convencionais, especialmente aquelas do tipo filhote, que são oriundas de plantios conduzidos prioritariamente para a produção de frutos. Assim sendo, o sistema de produção empregado não objetiva a produção de mudas, razão pela qual as mesmas podem não apresentar as características ideais para plantio, notadamente quanto aos aspectos fitossanitários. A utilização de mudas sabidamente sadias constitui a única maneira eficiente para evitar a introdução acidental de pragas e doenças em regiões indenes, além de assegurar a qualidade do material propagativo utilizado e, consequentemente, o bom desenvolvimento do plantio e baixa incidência de problemas fitossanitários. Especificamente para o abacaxi, este problema pode ser superado mediante a produção de mudas sadias a partir de caules de plantas que já produziram frutos. Tipos de Mudas do Abacaxizeiro Completando o seu ciclo reprodutivo, o abacaxizeiro naturalmente produz alguns tipos de mudas como as coroas, filhotes, filhotes rebentões e rebentões, as quais são consideradas mudas convencionais. Por outro lado, é possível produzir mudas de 1 Pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, Cruz das Almas, BA 2 Pesquisador aposentado da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, Cruz das Almas, BA 3 Secretaria de Agricultura, Agropecuária e Desenvolvimento do Estado do Tocantins, Palmas, TO

Abacaxi Circular 89

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Cruz das Almas,BA

Novembro, 2009

89

ISSN 1809-5011

AutoresAristoteles Pires de Matos1

Eng. Agrônomo, Ph.D.,[email protected]

Domingo Haroldo Reinhardt1

Eng. Agrônomo, Ph.D.,[email protected]

Nilton Fritzons Sanches1

Eng. Agrônomo, M.Sc.,[email protected]

Luiz Francisco da Silva Souza2

Eng. Agrônomo, D.Sc.

Fernando Antonio Teixeira3

Técnico Agrícola

José Elias Júnior3

Eng. Agrônomo,[email protected]

Denise Coelho Gomes3

Eng. Agrônomo,[email protected]

Produção de Mudas Sadias de Abacaxi

Introdução

O abacaxizeiro, Ananas comosus (L) Merril var. comosus Leal & Coppens, estáexposto a diversos problemas fitossanitários que causam prejuízos variáveis adepender da parte da planta afetada, da região produtora e da época de produção.Alguns agentes atacam as raízes, outros o talo e a base das folhas e outros o fruto,causando, geralmente, danos econômicos significativos. Entre esses agentes,aqueles que atacam as mudas revestem-se de especial importância, haja vista que,por ser o abacaxizeiro uma cultura de propagação vegetativa, é bastante comum aprática da compra e venda de mudas de abacaxi entre os produtores, muitas vezessem a fiscalização das entidades credenciadas para esta função. A movimentaçãode mudas de abacaxi tem sido responsável pela dispersão de pragas e doenças, sejadentro de uma mesma região produtora, seja de uma região para outra. Foi por meiode mudas infectadas que a fusariose, doença de etiologia fúngica, causada porFusarium subglutinans f. sp. ananas, foi acidentalmente introduzida em diversasregiões produtoras de abacaxi do Brasil na década de setenta. De maneira similar,pragas de importância econômica da cultura do abacaxizeiro como a cochonilhaDysmicoccus brevipes, vetor do vírus causador da murcha associada à cochonilha(“pineapple mealybug wilt vírus”), o ácaro alaranjado, Dolichotetranychus floridanus,a broca do fruto, Strymon megarus e a broca do talo, Castnia inveria volitanscontinuam sendo veiculadas em mudas contaminadas

Uma vez introduzida numa determinada região, a praga pode assumir importânciaeconômica bastante elevada uma vez que, de maneira geral, no novo habitat nãoexistem inimigos naturais e sob condições ambientais favoráveis pode ocorrer amultiplicação acentuada da praga, resultando em perdas elevadas na produção.

As mudas de abacaxi comercializadas para a instalação de novos plantios são asconvencionais, especialmente aquelas do tipo filhote, que são oriundas de plantiosconduzidos prioritariamente para a produção de frutos. Assim sendo, o sistema deprodução empregado não objetiva a produção de mudas, razão pela qual as mesmaspodem não apresentar as características ideais para plantio, notadamente quantoaos aspectos fitossanitários.

A utilização de mudas sabidamente sadias constitui a única maneira eficiente paraevitar a introdução acidental de pragas e doenças em regiões indenes, além deassegurar a qualidade do material propagativo utilizado e, consequentemente, o bomdesenvolvimento do plantio e baixa incidência de problemas fitossanitários.Especificamente para o abacaxi, este problema pode ser superado mediante aprodução de mudas sadias a partir de caules de plantas que já produziram frutos.

Tipos de Mudas do Abacaxizeiro

Completando o seu ciclo reprodutivo, o abacaxizeiro naturalmente produz algunstipos de mudas como as coroas, filhotes, filhotes rebentões e rebentões, as quaissão consideradas mudas convencionais. Por outro lado, é possível produzir mudas de

1Pesquisador da Embrapa Mandioca e FruticulturaTropical, Cruz das Almas, BA

2Pesquisador aposentado da Embrapa Mandioca eFruticultura Tropical, Cruz das Almas, BA

3Secretaria de Agricultura, Agropecuária eDesenvolvimento do Estado do Tocantins, Palmas, TO

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2 Produção de Mudas Sadias de Abacaxi

abacaxizeiro a partir de plantas que já produziramfrutos, a partir de gemas axilares na base de cadafolha. Estas mudas resultantes do desenvolvimentode gemas axilares são consideradas mudas nãoconvencionais, e podem ser produzidas em viveiros acampo, em casa de vegetação ou em laboratório. Umadescrição sucinta dos diversos tipos de mudas doabacaxizeiro, tanto convencionais (Figura 1) quantonão convencionais (Figura 2), é a seguir apresentada:

CoroaEntre as mudas convencionais a coroa é a queapresenta menor vigor, além de possuir ciclo maislongo do plantio à colheita. Apesar de apresentaremmaior uniformidade no que se refere a tamanho epeso, permitindo, assim, plantios também maisuniformes, as coroas são mais suscetíveis apodridões, principalmente as causadas pelos fungosChalara paradoxa (= Thielaviopsis paradoxa), agenteda podridão-da-base, e Phytophthora nicotianae var.parasitica, agente da podridão-do-olho. Uma outradesvantagem da coroa é a pouca disponibilidade comomaterial de plantio no Brasil devido ao fato da mesmaacompanhar o fruto na comercialização in natura.

Filhote ou “muda de cacho”Menos uniforme que as coroas, os filhotes apresentamvigor e ciclo intermediário entre estas e o rebentão.Produzidos em grande número, principalmente navariedade Pérola, os filhotes são de fácil colheita e demaior uniformidade que os rebentões.

Filhote rebentãoEste é o tipo de muda de produção mais limitada. Decaracterísticas intermediárias entre os filhotes e osrebentões, os filhotes rebentões podem ser usadospara plantio tanto juntamente com os filhotes quantocom os rebentões.

RebentãoOs rebentões são mais vigorosos que as coroas e osfilhotes e proporcionam ciclo mais curto. Por outrolado, sua remoção da planta-mãe é mais difícil que asdemais e apresentam menor uniformidade no que dizrespeito ao tamanho e peso. É a muda de maiordisponibilidade na variedade Smooth Cayenne,portanto uma das mais utilizadas para instalação deplantios desta variedade. Na variedade Pérola adisponibilidade de rebentões é muito baixa. Osrebentões são as mudas mais sensíveis à ocorrênciade floração natural precoce.

Fig. 1. Tipos de mudas convencionais do abacaxizeiro.

Fig. 2. Mudas proveniente de secção do talo.

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Mudas de seccionamento do caule. Tambémdenominada plântula, esta é uma muda produzida emviveiro ou em casa de vegetação, a partir de secçõesde talo ou caule de plantas cujos frutos já foramcolhidos. Semelhante à coroa no que se refere ao cicloe uniformidade, as mudas de secção de taloapresentam como principal vantagem ser livre depragas e doenças, especialmente a fusariose.

Muda micropropagada. Esta muda é obtida emlaboratório mediante técnicas de cultura de tecidosvegetais. Por serem obtidas em ambiente asséptico,as mudas micropropagadas (Figura 3) apresentamexcelente sanidade, entretanto seu custo ainda émuito elevado o que confere à técnica um usolimitado. Por outro lado, seu elevado potencial de

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3Produção de Mudas Sadias de Abacaxi

multiplicação faz da micropropagação a principaltecnologia de produção de material propagativo dasnovas variedades de abacaxi geradas em programasde melhoramento genético desta cultura.

Fig. 3. Mudas oriundas de cultura de tecidos.

Produção de Mudas Sadias de Abacaxi

Produção de mudas por seccionamentodo talo, sob condições de campoO método de seccionamento do caule consiste naprodução de mudas (plântulas) a partir dodesenvolvimento de gemas axilares presentes nasinserções das folhas com o talo (caule) da planta doabacaxizeiro. Quando o talo é seccionado e as secçõesenviveiradas em leiras, as gemas axilares sedesenvolvem dando origem a mudas. O seccionamentodo talo permite o exame visual das suas partesinternas e, portanto, a detecção de pontos deinfecção, permitindo o descarte de todo o materialafetado por pragas e doenças, em especial afusariose, característica esta fundamental ao sucessodo referido processo.

Essa técnica de produção de mudas pode constituiratividade bastante rentável e contribuir para a ofertade mudas de qualidade e sanidade excelentes ao longode todo o ano, mudas estas destinadas a plantios emáreas tradicionais e/ou novas áreas ou regiõesprodutoras.

O processo inicia-se com a seleção das plantasmatrizes, ainda na fase de produção, marcando-seaquelas mais vigorosas e com frutos característicos davariedade. A obtenção das plantas matrizes deve serprocedida imediatamente após a colheita dos frutos

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antes que o processo de emissão dos rebentões sejaintensificado, assim como antes que ocorra a reduçãodo vigor do talo e das gemas axilares. As plantasmatrizes previamente selecionadas são arrancadas,em seguida são cortadas e eliminadas a parte inferiordo talo com o sistema radicular e o pedúnculo,efetuando-se também o desbaste das folhas,mantendo-se as bainhas (Figura 4). A manutenção dasbainhas é necessária haja vista que as mesmas servemde proteção para as gemas axilares contra a radiaçãosolar excessiva, contribuindo para a brotação dasmesmas. Os talos assim preparados sãoimediatamente transportados para uma área próximado local onde será instalado o viveiro realizando-se,sem demora, o seccionamento dos mesmos, seja emsecções longitudinais ou em discos transversais. Parao seccionamento dos talos pode-se usar uma guilhotinamanual, um facão ou até uma serra circular elétricaou motorizada (Figura 5).

Fig. 4. Talos preparados para o seccionamento.

Fig. 5. Seccionamento longitudinal do talo por meio deguilhotina manual.

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O seccionamento propriamente dito consiste nadivisão da parte útil do talo, mediante cortestransversais, em pedaços de cerca de 10 cm decomprimento. Estes pedaços são submetidos a doiscortes longitudinais resultando em quatro secções detalo. Em se optando por discos em lugar das secçõeslongitudinais, os mesmos devem ter 2 cm a 3 cm deespessura.

O tamanho da secção do talo depende do nível detecnologia a ser aplicado durante o processo, uma vezque quanto menor as secções de talo maior aexigência de tecnologias. Deve-se atentar para o fatode que é imprescindível a presença de, pelo menos,uma gema intumescida por cada secção de talo.Secções muito pequenas brotam preferentemente sobcondições de casa de vegetação. Pedaços muitograndes reduzem bastante o rendimento de secçõespor talo, assim como acentuam a dominância apical,mantendo dormente a maioria das gemas, resultandodesta maneira na brotação de apenas uma a duasgemas por secção de talo. Pedaços pequenos desecção de talo geralmente têm baixas taxas debrotação e, devido a menor quantidade de reservas, odesenvolvimento vegetativo da plântula é mais lentocom conseqüente aumento no período de temponecessário para que a mesma alcance tamanho e pesoideais para plantio.

Durante a operação de seccionamento do talo, deve-se estar atento para detectar e eliminar todas assecções que apresentarem problemas fitossanitários,em especial sintomas da fusariose (Figura 6). Sempreque se seccionar um talo infectado deve-se desinfetarimediatamente a ferramenta, utilizando para tantoágua sanitária, de maneira a evitar contaminação dostalos subsequentes via a ferramenta contaminada.

Imediatamente após o corte, as secções de talodevem ser submetidas a um tratamento pré-plantio,mergulhando-as em uma calda fungicida, de maneira aprotege-la de infecção por agentes patogênicos. Demaneira similar, o tratamento das secções de talo énecessário sempre que se constatar a presença depragas como a cochonilha do abacaxi e o ácaroalaranjado. Para o tratamento das secções de talodeve-se utilizar apenas defensivos agrícolasregistrados para este fim, adquiridos mediantereceituário agronômico, conforme regulamentado pelaLei 7802 de 11 de Julho de 1989. Os produtosfitossanitários atualmente registrados para uso nacultura do abacaxizeiro são apresentados na Tabela 1,elaborada de acordo com o Agrofit, 2009. Entretanto,em face da ocorrência de registro de novos produtos,assim como a retirada de outros, recomenda-seconsultar periodicamente o Agrofit para manter-sesempre atualizado quanto aos produtos registrados.

Os canteiros de produção de mudas por secção de talodevem ser instalados próximos de fonte de água, demaneira a facilitar o suprimento adicional de água viairrigação, em solos preferentemente de texturaarenosa ou média (arenoso ou areno-argiloso), bemdrenados, longe de abacaxizais que apresentemincidência de pragas e doenças, evitando-se áreas deelevada ocorrência de planas infestantes. Devem serde largura igual ou inferior a 1,20 m a fim de facilitaros tratos culturais, comprimento variável, a dependerdas dimensões de área, e altura de 10 cm.Aproximadamente uma semana antes do plantio dassecções de talo é recomendável incorporar um adubofosfatado ao solo, como por exemplo o superfosfatosimples a 10 g por metro quadrado. As plantasinfestantes devem ser mantidas sob controle,preferentemente por catação manual. Em se optandopelo uso de herbicidas, utilizar apenas os registradospara a cultura do abacaxi, e que não causem danos àsplântulas.

As secções longitudinais de talo podem ser plantadastanto em posição horizontal quanto vertical, porémesta última é a mais comumente utilizada. Oespaçamento utilizado é de 10 cm x 10 cm, ou seja,uma densidade de 100 secções por cada metroquadrado. As secções devem ser enterradas a cercade um terço de seu tamanho com o ladocorrespondente à localização das gemas voltado parao leste (Figura 7). Este cuidado se faz necessário paraevitar a exposição das gemas axilares à incidência

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Fig. 6. Seleção de secções quanto aos problemas fitossanitários.

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Tabela 1. Defensivos agrícolas registrados para uso na cultura do abacaxi (Agrofit, acesso em 08/02/2009).

* - Em adequação a lei nº 7.802/89

direta dos raios solares no período da tarde, quegeram temperaturas mais elevadas que podem afetara brotação das gemas. No caso específico dos discos,os mesmos devem ser plantados horizontalmente eenterrados em toda a sua espessura. É importanteobservar o posicionamento dos discos assegurandoque as gemas sejam direcionadas para cima.

Caso os viveiros sejam estabelecidos em períodos deinsolação elevada, é recomendável cobrir os canteiros,utilizando-se ripados rústicos cobertos por materiaisdisponíveis na propriedade, tais como folhas de

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Fig. 7. Canteiros de produção de mudas por secção de talo.

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palmeiras, palha, plástico, sombrite entre outros. Acobertura deve ser colocada entre 50 cm e 1,0 m acimados canteiros, e mantida do primeiro ao terceiro mês apóso plantio, ou seja durante a brotação e o desenvolvimentoinicial das gemas e retirada em torno de um mês antes dotransplantio.

A brotação das gemas e início do desenvolvimento dasplântulas ocorre entre a sexta e a oitava semanas após oplantio das secções, a depender da variedade, tamanho dasecção, idade da planta matriz e das condiçõesambientais, entre outras características.

As necessidades nutricionais para sustentar a brotaçãodas gemas axilares e o crescimento inicial das plântulassão supridas pela secção do talo. Considerando que essasreservas são proporcionais ao tamanho da secção de taloe variam de acordo com a cultivar, torna-se necessário osuprimento externo de nutrientes. O início destesuprimento depende do tamanho da secção de talo,ocorrendo geralmente a partir do momento em que asplântulas atingem 4 cm a 5 cm de altura, ou seja entreseis e oito semanas após o plantio das secções. Osfertilizantes nitrogenados e potássicos são normalmenteaplicados na forma de adubações foliares, com freqüênciasemanal ou quinzenal. A fonte de N predominantementeutilizada é a uréia, enquanto o potássio pode ser supridopelo sulfato de potássio, nitrasto de potássio ou cloreto depotássio. Tanto os adubos nitrogenados como ospotássicos são utilizados nas concentrações de 0,2% a1% do produto comercial. Fertilizantes foliares completos,ou seja, aqueles contendo N-P-K + micronutrientes,também podem ser utilizados de acordo com asrecomendações do fabricante, que correspondem demaneira geral a aplicações cujas concentrações variam de0,2% a 1% do produto comercial.

Durante a condução do viveiro, principalmente emperíodos em que as condições ambientais sejamfavoráveis à incidência de pragas e doenças deve-seproceder a tratamentos fitossanitários das mesmas,especialmente no que diz respeito à podridão da base damuda, causada por Chalara paradoxa (= Thielaviopsisparadoxa), assim como à cochonilha D. brevipes e aoácaro alaranjado, D. floridanus. Em sendo necessário,recomenda-se a aplicação dos mesmos produtos utilizadosno tratamento pré-plantio, obedecendo-se os mesmosprocedimentos legais.

Como medida de controle cultural, deve-se procederinspeções regulares e criteriosas dos viveiros, a intervalossemanais, erradicando e destruindo todas as plântulas e

secções afetadas. A destruição deve ser preferentementepor enterrio ou, como segunda opção, pela queima.

Quando do preparo do solo para instalação do viveiro, adepender da comunidade de plantas infestantes, pode sernecessário o controle das mesmas mediante a aplicaçãode herbicidas. Durante a condução do viveiro geralmenteocorre a re-infestação pelas plantas daninhas, entretanto,neste caso, não se pode recorrer ao uso de herbicidasdevido ao seu efeito fitotóxico sobre as plântulas emdesenvolvimento. Assim sendo, deve-se proceder a capinacom enxada nas ruas entre as leiras, e a catação manual,ou monda, nos canteiros de produção de mudas. Umaoutra técnica eficiente de controle das plantas infestantesconsiste no uso de cobertura morta ou “mulch” logo apósa aplicação de herbicida. Além de controlar o mato, acobertura morta protege o solo contra as intempéries,reduzindo seus efeitos erosivos, e melhora suascaracterísticas químicas, físicas e biológicas, reduzindotambém a perda de água por evaporação.

Durante o período de baixa precipitação, quandogeralmente ocorre déficit hídrico, o viveiro deve serirrigado, fornecendo-se ao menos 80mm de água por mês,incluindo-se as chuvas. O sistema de irrigação utilizadopode ser o disponível na propriedade, recomendando-se,entretanto, a aspersão convencional ou a microaspersão.Independentemente do sistema utilizado, o mesmo deveser adequadamente dimensionado de modo a nã promoverexcessivo respingo e acúmulo de terra no “olho” dasplântulas. O suprimento adicional de água deve ser feito,preferencialmente, nas horas mais frescas do dia,sobretudo no período próximo do pôr do sol.

Quando atingirem o tamanho adequado para o plantio nolocal definitivo (mínimo de 30 cm), as plântulas sãoarrancadas do solo, juntamente com o resto do pedaço decaule que, em seguida, deve ser eliminado. Nessa ocasião,deve ser feito um exame visual rigoroso da sanidade dasmudas, descartando aquelas que apresentem algumproblema fitossanitário como a fusariose. O plantio dasmudas no local definitivo deve ser feito o mais rápidopossível, evitando-se que elas sofram desidratação.

O rendimento ou a produção de mudas sadias a partir desecções de talo é influenciado por diversos fatores, entreos quais se destacam a cultivar, o tamanho da secção, odesenvolvimento e vigor do caule e as práticas culturaisaplicadas. A cultivar Smooth Cayenne, por possuir umtalo mais volumoso com maior número de gemas axilares,é geralmente mais produtiva do que a ‘Pérola’. Trabalhosefetuados na Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical

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7Produção de Mudas Sadias de Abacaxi

resultaram na obtenção de cinco a oito mudas/talo dacultivar Smooth Cayenne, quando o mesmo foi cortadoem quatro partes longitudinais, cada uma de 10 cm decomprimento, enquanto para a cultivar Pérola, nasmesmas condições, o rendimento foi bem menor, de trêsa quatro mudas/caule. De maneira geral, quanto maior asecção do talo, maior o número de plântulas obtidas porsecção, porém o número de plântulas por caule é menor.Quando se utiliza o seccionamento do talo em discos, orendimento pode ser de quatro a oito mudas/caule, mas asplântulas tendem a ter crescimento mais lento.

Um hectare de viveiro com 500 a 550 mil secçõesplantadas em espaçamento de 10 cm x 10 cm pode gerar

de 400 a 450 mil mudas aptas para comercialização, numperíodo de seis a dez meses após o plantio. Destamaneira, a produção de mudas sadias de abacaxi a partirde secções de talo pode representar uma fonte de rendaadicional para o abacaxicultor, especialmente paraaqueles em cujas propriedades existe água de boaqualidade e em quantidade suficiente para irrigar o viveironos períodos de déficit hídrico. Por outro lado, deve-se terem mente que a produção de mudas por secção de talo éuma atividade laboriosa, exigente em insumos e mão deobra, notadamente nas fases de colheita, preparo eseccionamento dos talos, e no preparo e plantio doscanteiros (Tabela 2).

Tabela 2. Coeficientes técnicos para produção de mudas de abacaxi em um hectare de viveiro (Dados baseados emtrabalhos experimentais realizados na Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, considerando-se o espaçamento de0,10 x 0,10 m, canteiros de 25 m x 0,10 m e caminhos de 0,50 m de largura entre os canteiros).

*Pode ser substituído pelo nitrato de potássio ou cloreto de potássio.

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8 Produção de Mudas Sadias de Abacaxi

Produção de mudas por seccionamentodo talo, sob condições de teladoEsse método de produção de mudas não convencionaisde abacaxi representa uma melhoria no método desecção de talo. O primeiro passo consiste também naseleção de plantas que apresentem as característicasda variedade e que serão utilizadas no processo depropagação. Após a colheita dos frutos, essas plantasselecionadas são removidas do solo, eliminando-se asraízes e o pedúnculo. Em seguida as folhas sãoremovidas do talo a partir da base. Esta prática

Na eventualidade de se seccionar um talo infectadoeste deve ser descartado e a ferramentaimediatamente desinfestada mediante imersão emuma solução de NaHClO4 a 2%. Constatando-seinfestação por pragas como a cochonilha e o ácaroalaranjado deve-se proceder a imersão das secçõesem uma calda inseticida. O período de imersão dassecções, seja em calda fungicida ou na inseticida, é decinco minutos. Após o tratamento com pesticida esecagem do produto, as secções são plantadas em

Fig. 8. Sequência de procedimentos desde a obtenção do talo, remoção das folhas, seccionamento e tratamento pré-plantio.

Fig. 9. Secções de talo em substrato de areia lavada (A) e serragem (B) em condições de casa de vegetação.

possibilita uma avaliação acurada da sanidade do talo,especialmente quanto à infecção pelo agente causalda fusariose. Após a remoção das folhas os talos sãoimersos em uma solução de hipoclorito de sódio(NaHClO4) e em seguida seccionados longitudinal etransversalmente gerando secções de cerca de 5 cmde comprimento, as quais passam por nova avaliaçãoquanto à infecção por F. subglutinans f.sp. ananassendo, em seguida, tratadas por imersão numa caldafungicida (Figura 8).

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bandejas contendo areia lavada, com as gemas paracima e mantidas em casa de vegetação.Microaspersores instalados na casa de vegetaçãosuprem as necessidades ideais de umidade para odesenvolvimento das gemas axilares. A utilização deserragem como substrato, além de conservar aumidade em níveis adequados, tem se mostradoeficiente para a brotação das gemas axilares (Figura9).

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Ao atingir cerca de 2 cm de altura as plântulas sãoremovidas das secções e transplantadas para tubetescontendo composto orgânico, e mantidas sobcondições de casa de vegetação. Durante odesenvolvimento das plântulas devem ser realizadasadubações nitrogenadas e potássicas, via foliar, aintervalos quinzenais (uréia e cloreto de potássio, 5%).Inspeções devem ser realizadas semanalmente nosentido de assegurar a qualidade das plântulas, tantocom referência às características agronômicas quantoaos aspectos fitossanitários. Aplicações preventivasde pesticidas podem ser necessárias para controlarpragas e doenças.

A brotação das gemas tem início em torno de oito diasapós o plantio das secções em substrato de areialavada. O transplantio para tubetes contendocomposto ocorre entre 30 e 45 dias após o plantio das

Fig. 10. Secções de talo com brotações, plântulas em estádio de transplantio para tubetes e plântula em estádio de transplantiopara o campo.

secções. Cada secção produz de três a cincoplântulas, resultando numa produção média de 30plântulas por talo, embora o rendimento estejadiretamente relacionado com a cultivar, odesenvolvimento do talo, a época e as práticasculturais. Seis a dez meses após o plantio das secçõesde talo as plântulas atingem 25 a 30 cm decomprimento, com um sistema radicular bastantedesenvolvido, e estão prontas para serem levadas aocampo para o plantio definitivo (Figura 10). Essasmudas, como acontece com as oriundas de secção detalo em canteiros, apresentam desenvolvimento inicialmais lento do que as mudas convencionais erequerem um bom preparo de solo. O suprimentoadicional de água via irrigação pode ser necessáriopara promover um desenvolvimento melhor e maisrápido e minimizar os impactos da exposição àscondições de campo.

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O emprego do método de produção de mudas emtelado apresenta as seguintes vantagens: 1) permite aprodução de 30 plântulas, em média, por talo,enquanto no método convencional são produzidas emtorno de oito plântulas; 2) a técnica convencional desecção do talo permite a produção de cerca de450.000 plântulas por hectare enquanto usando-se atécnica da produção de mudas em ambiente protegido,esta mesma quantidade pode ser obtida em apenas umtelado; 3) a condução de todo o processo sobcondições de casa de vegetação reduzsignificativamente a ocorrência dos problemasfitossanitários que ocorrem freqüentemente emcondições de campo; 4) a condução das plântulas emtubets, em casa de vegetação, dispensa as práticas dopreparo do solo e dos leirões, atividades necessárias

para a implantação do sistema convencional deprodução de mudas por secção do talo; 5) aocorrência de plantas infestantes é muito maiselevada em viveiros conduzidos sob condições decampo em comparação com a condução sobcondições controladas de telado; 6) no métodoconvencional de produção de mudas por secção dotalo o controle das plantas infestantes é realizadomediante aplicação de herbicidas enquanto no métodoconduzido em casa de vegetação, aquela prática,quando necessária, é realizada manualmente,constituindo, portanto numa prática de preservaçãoambiental; 7) as plântulas produzidas em teladoapresentam um sistema radicular bastantedesenvolvido.

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Produção de mudas pormicropropagação, sob condições delaboratórioVisando aumentar e acelerar a taxa de multiplicaçãoe, ao mesmo tempo, diminuir o potencial ou atémesmo evitar a disseminação de pragas e doenças viamudas convencionais, técnicas de cultura de tecidostêm sido empregadas para a propagação in vitro doabacaxizeiro. Em laboratório, num espaço físicoreduzido e sob condições de temperatura eluminosidade controladas, pode-se produzirrapidamente grandes quantidades de mudas deabacaxizeiro, geneticamente uniformes e de excelentesanidade, sejam de cultivares recomendadas ou denovos genótipos gerados pela pesquisa (Figura 11).

encontradas, relacionadas com a forma, coloração,arquitetura e densidade das folhas, altura das plantase peso e coloração dos frutos. A freqüência edistribuição dessas variações somaclonais parecemestar relacionadas com a variedade, fonte deexplante, número de subcultivos e quantidades dereguladores de crescimento no meio de cultura.

Empregando-se a metodologia adequada e adepender da variedade, num período de um ano e seismeses, pode-se obter aproximadamente 50.000mudas, a partir de uma única planta.Comparativamente, no caso da propagação vegetativatradicional e iniciando-se, também, com uma plantaque produza em média oito mudas, seriam necessáriossete anos e seis meses para se conseguir cerca de32.000 plantas.

Mudas oriundas de cultura de tecidosnecessitam de um período de aclimatização antes deserem levadas para p plantio em local definitivo.

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Fig. 11. Produção de mudas de abacaxi pelo processo demicropropagação.

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No entanto, apesar destas vantagens, dois aspectosdevem ser considerados com respeito à produçãodestas mudas: o custo elevado e o surgimento devariações somaclonais. Efetivamente, o preçorelativamente alto destas mudas permite apenas queos agricultores adquiram matrizes, para posteriormultiplicação. Quanto às variações somaclonais, ouseja, o surgimento de características indesejáveis quepropiciam a formação de plantas anormais doabacaxizeiro, a mais freqüente é a presença deespinhos nas extremidades das folhas de variedadestipo Cayenne. Entretanto, outras variações já foram

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11Produção de Mudas Sadias de Abacaxi

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